
ARQUITETURA E MÚSICA | Interseções Polifônicas : : : F r e d e r i c o A n d r é R a b e l o
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Passagem em escala ascendente ou descendente, sem interrupção, que se obtém, nos instrumentos de arco, na
harpa e no piano, deslizando um dedo, ou por outras técnicas, no trombone, no xilofone, etc.
Como é típico na música de Xenakis, o processo não está totalmente “determi-
nado”, já que nem todas as partes se encaixam e contribuem para esse modelo por ele
explicado. De fato, algumas passagens chegam mesmo a contradizer o padrão geral. A
peça, portanto, apenas caminha para um final definido e determinado, como era de
se esperar em uma música estocástica.
Figura 41 – Notação da peça Metastasis, Xenakis (1954). Dis-
ponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/
seminario/musica/acaso.htm.> Acesso em: 07 jul. 2006.
A peça começa com dois ataques de clusters cromáticos, o primeiro nos instru-
mentos de corda mais graves, seguidos dos mais agudos, imediatamente após,
ambos os grupos instrumentais se dispersam rapidamente por meio de um
glissando, com alguns instrumentos parando de tocar, enquanto outros con-
tinuam. Toda a obra foi concebida de acordo com um processo generalizado
de transformação textural: uma troca da extensão do registro e da densidade
mediante movimentos sonoros contínuos, primeiro em uma direção limita-
da de depois para uma mais extensa.(2001, p.67, tradução nossa).
mônica e estrutural” (TIBURCIO, 2002, p. 77).
A composição de Xenakis que alcançou maior notoriedade foi justamente sua
primeira peça estocástica Metastasis, de 1954, para orquestra de 61 músicos; provavel-
mente por ter servido como modelo para a construção do Pavilhão Philips. A compo-
sição está baseada no deslocamento constante de uma linha reta gerando superfícies
reversas, representado na música por um glissando
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contínuo. A contração e a ex-
pansão do registro e a densidade através do movimento contínuo são ilustrações das
leis estocásticas (ouvir faixa 31).
Nas próprias palavras de Xenakis: