Apesar da importância do livro didático para a educação, diversos autores ainda tem
certo descuido com o conteúdo científico apresentado. Muitas vezes há incoerência nos
conteúdos, falta de encadeamento nos temas abordados, conteúdos sem quaisquer
justificativas [9], ausência da história da ciência. Ou seja, os resultados da construção humana
são apresentados de forma descontextualizada.
Ao longo do tempo, os livros didáticos de Matemática foram escritos sem muita preocupação
com as questões pedagógicas: um autor tomava um livro anterior e acrescentava ou retirava alguma
informação, às vezes repetia o mesmo procedimento sobre o texto anterior ou optava simplesmente
por modificar a ordem de apresentação do conteúdo, e assim os títulos se sucediam [10]. Com a
avaliação do Ministério da Educação (MEC) esse quadro começa a se modificar, mas ainda percebem-
se alguns problemas em relação à abordagem de determinados conteúdos, conforme se pode ler no
Guia do MEC [11]:
• As equações e inequações têm tido tratamento formal, sem que se perceba
preocupação com a construção do significado da linguagem algébrica e sua
articulação com situações do contexto físico, social e cultural.
• O tratamento da Geometria tem sido estereotipado, privilegiando a
nomenclatura e a apresentação de formas canônicas. As sistematizações são
inadequadas, pois partem dos conceitos de ponto, reta e plano, sem se preocupar
com a exploração de conceitos e de propriedades geométricas. Não se explora
também a potencialidade deste campo da matemática para descrever o mundo e
resolver problemas mais concretos.
• Em Geometria, não há equilíbrio nem inter-relação entre as representações
experimental, intuitiva e formal. As demonstrações nem sempre são claras e,
freqüentemente, apresentam erros. Alem disso, não surgem naturalmente como
um desenvolvimento e refinamento de considerações intuitivas.
• A introdução das unidades de medida é comumente feita por meio de
sistemas completos e de regras para transformação de unidades, não havendo
exploração da dimensão real dessas unidades e das relações entre elas, nem
ênfase nas mais usuais. Também não há uma construção gradativa dos conceitos
de área e volume distribuídos pelos ciclos do Ensino Fundamental….
Esse perfil traçado pelo MEC, acerca da qualidade dos livros didáticos de Matemática, exige
que o professor tenha critérios rigorosos para selecionar o livro a ser adotado. Este professor deveria
ter a capacidade de identificar e, eventualmente, corrigir os erros que possam conter nesse material
para evitar prejuízos ao ensino.
Outro fator importante a ser considerado é a característica perecível do livro escolar.
Mudanças nos métodos ou nos programas de ensino determinam sua substituição, fatos da
atualidade também lhe impõem mudanças e, assim, o livro feito para ser usado em certa série
ou grau de ensino vai sendo descartado à medida que cumpre sua finalidade escolar imediata.
Diante desse quadro, é importante que o professor, em sua etapa de formação, seja
capacitado para realizar uma análise crítica dos livros didáticos, de forma a selecionar aqueles