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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
ATENÇÃO À SAÚDE
ADRIANA LEMOS DE SOUSA NETO
ANÁLISE DOS INCIDENTES TRANSFUSIONAIS IMEDIATOS
NOTIFICADOS AO HEMOCENTRO REGIONAL DE
UBERLÂNDIA
UBERABA-MG
2010
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ADRIANA LEMOS DE SOUSA NETO
ANÁLISE DOS INCIDENTES TRANSFUSIONAIS IMEDIATOS
NOTIFICADOS AO HEMOCENTRO REGIONAL DE UBERLÂNDIA
Dissertação apresentada à Universidade Federal
do Triângulo Mineiro como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Atenção à
Saúde.
Orientadora: Profª Drª Maria Helena Barbosa
Linha de Pesquisa: O trabalho na saúde e na
enfermagem
Eixo Temático: Organização e avaliação dos
serviços de saúde
UBERABA-MG
2010
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ADRIANA LEMOS DE SOUSA NETO
ANÁLISE DOS INCIDENTES TRANSFUSIONAIS IMEDIATOS NOTIFICADOS AO
HEMOCENTRO REGIONAL DE UBERLÂNDIA
Dissertação de Mestrado, apresentada à Universidade Federal do Triângulo Mineiro
como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Atenção à Saúde. Área
de concentração: Saúde e enfermagem.
Aprovada em 16 de dezembro de 2010.
_______________________________________
Profª. Drª. Maria Helena Barbosa
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Orientadora
_______________________________
Profª. Drª. Ana Lúcia De Mattia
Universidade Federal de Minas Gerais
Membro
___________________________________
Prof. Dr. Hélio Moraes de Souza
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Membro
AGRADECIMENTOS
A Deus, misericordioso, que abençoa e protege a minha vida.
À minha mãe, Dalva, pelo apoio e compreensão, sempre.
À minha irmã Renata e ao meu cunhado Otávio, pelo carinho.
Ao Hemocentro Regional de Uberlândia, pela concessão das Fichas de Notificação
das instituições de saúde por ele atendidas.
Aos colegas de trabalho do Hemocentro Regional de Uberlândia, pelo auxílio e
ensinamento diário.
À Fundação Hemominas, pelo apoio financeiro.
Aos meus colegas mestrandos, pelo convívio neste período; em especial à Karynne,
ótima companhia nas viagens para Uberaba.
À Professora Doutora Maria Helena Barbosa, orientadora deste estudo, pelo valioso
ensino, paciência e dedicação.
Obrigada pela confiança.
“Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência,
então, não é um modo de agir, mas um hábito.”
Aristóteles
RESUMO
SOUSA NETO, Adriana Lemos. Análise dos incidentes transfusionais imediatos
notificados ao Hemocentro Regional de Uberlândia. 2010. 78f. Dissertação (Mestrado
em Atenção à Saúde) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), 2010.
A transfusão de sangue é indispensável no tratamento de alguns pacientes,
entretanto, não é isenta de riscos. Além da possível transmissão de doenças infecto
contagiosas pelo sangue, podem ocorrer incidentes transfusionais imediatos e
tardios. Este estudo teve como objetivo analisar os incidentes transfusionais
imediatos notificados ao Hemocentro Regional de Uberlândia, do período de
dezembro de 2006 a dezembro 2009. Trata-se de um estudo epidemiológico
retrospectivo, com abordagem quantitativa. Os dados foram obtidos de 202 fichas
de notificação e investigação de incidentes transfusionais (FITs) provenientes das 42
instituições de saúde atendidas pelo Hemocentro Regional de Uberlândia (MG).
Para obtenção dos dados utilizou-se um instrumento construído a partir dos dados
existentes na FIT constituído de informações referentes aos aspectos
sóciodemográficos e clínicos dos receptores e dados relacionados à transfusão
sanguinea. Para o processamento e análise dos dados utilizou-se o software
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Realizou-se análise descritiva
para identificar os tipos de incidentes transfusionais imediatos, tipos de
hemocomponentes liberados, manifestações clínicas ocorridas e história pregressa
de hemotransfusão. Para verificar se houve associação entre cada tipo de
hemocomponente transfundido e os diferentes tipos de incidentes transfusionais
imediatos identificados, utilizou-se o teste exato de Fisher. Este estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Hemominas, parecer n. 259.
Verificou-se que a incidência de notificações de incidentes transfusionais imediatos
encaminhados ao Hemocentro Regional de Uberlândia no período estudado foi de
0,24%, e a reação febril não hemolítica foi o tipo mais frequente de incidente
transfusional imediato (56,4%). Observou-se que o concentrado de hemácias foi o
hemocomponente liberado em maior quantidade (64,6%) no período estudado. As
manifestações clínicas mais frequentes nas FITs analisadas foram calafrios (26,9%)
e febre (21,6%). Houve associação estatisticamente significativa (p< 0,05) entre o
concentrado de plaquetas e reação febril não hemolítica e entre plasma fresco
congelado e reação febril não hemolítica. A maioria (73,3%) dos receptores que
apresentaram incidentes transfusionais imediatos, havia recebido transfusões
prévias e em 36,5% das FITs houve registro de incidentes transfusionais pregressos.
Os resultados desse estudo apontam para a possibilidade da ocorrência de
subnotificação de incidentes transfusionais imediatos e para a necessidade de
intensificação e continuidade dos programas de treinamento aos profissionais de
saúde que atuam diretamente na assistência aos pacientes. Espera-se que estes
achados possam subsidiar a implementação de novos programas de capacitação
profissional com foco nas ações em hemovigilância as quais englobem prevenção,
identificação e registro dos incidentes transfusionais imediatos, com vistas a garantir
a qualidade e segurança transfusional.
Palavras-chave: transfusão de sangue; segurança; vigilância
ABSTRACT
SOUSA NETO, Adriana Lemos. Analysis of immediate transfusion incidents reported to
the Regional Blood Bank of Uberlandia. 2010. 78f. Dissertation (Master's Degree in
Health Attention) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba (MG), 2010.
Blood transfusion is imperative in treating some patients, however, it is not
free of risks. Besides the possible transmission of contagious infectious diseases by
blood transfusion, incidents can occur immediately and in late time. This study aimed
to examine the immediate transfusion incidents reported to the Regional Blood Bank
of Uberlandia during the period of December 2006 to December 2009. This is a
retrospective epidemiological study with a quantitative approach. Data was obtained
from 202 transfusion incidents notification files (FITs) from the 42 health institutions
attended by the Regional Blood Bank of Uberlandia (MG). To obtain the data we
used an instrument constructed from the data in the FIT consistent of information
regarding social-demographic and clinical data of the receptors and the ones related
to the transfusion. For the processing and data analysis the software Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) was used. Descriptive analysis was used to
identify the immediate transfusion incident types, types of blood components
released, clinical manifestations occurred and history of blood transfusion and to
check whether there were associations between each type of blood components
transfused and the different types of immediate transfusion incident identified, the
Fisher's precise test was used. This study was approved by the Hemominas Ethics
Research Foundation, Opinion number 259. It was checked that the incidence of
immediate transfusion incident reports forwarded to the Regional Blood Bank of
Uberlandia in the period studied was 0.24%, and febrile nonhemolytic reaction was
the most frequent type of immediate transfusion incident (56.4%). It was observed
that the concentration of erythrocytes released in blood components was the largest
amount (64.6%) during the study period. The most frequent clinical manifestations
analyzed in FITs were chills (26.9%) and fever (21.6%). There was a statistically
significant association (p <0.05) between platelet concentrates and febrile
nonhemolytic reaction, and between fresh frozen plasma and febrile nonhemolytic
reaction. The majority (73.3%) of the receivers that presented immediate transfusion
incident had received previous transfusions and in 36.5% FITs transfusion incidents
were reported earlier. The results of this study point to the possibility of
underreporting of incidents immediate transfusion and point to the need for
strengthening and continuity of training programs for health professionals who work
directly in patient care. The data can support the implementation of new professional
training programs with focus in actions on blood-vigilance, with emphasis on
prevention, identification ad registration of immediate transfusion incidents, with view
to increasing the quality and safety of blood transfusion.
Key words: blood transfusion; safety; surveillance
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Incidência das notificações de incidentes transfusionais
imediatos do Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-
2009...............................................................................................................
38
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição de hemocomponentes segundo o tipo, liberados pelo
Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia-MG, 2007-2009...................
37
Tabela 2 – Distribuição das notificações segundo a procedência. Uberlândia-
MG, 2007-2009..................................................................................................
39
Tabela 3 – Distribuição dos tipos de hemocomponentes identificados nas
FITs analisadas. Uberlândia–MG, 2007-2009...................................................
41
Tabela 4 – Distribuição dos Incidentes transfusionais imediatos notificados
pelo Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-2009...........
42
Tabela 5 – Associação entre transfusão de concentrado de hemácias e os
tipos de Incidentes transfusionais imediatos notificados pelo Hemocentro
Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-
2009...................................................................................................................
48
Tabela 6 – Associação entre transfusão de concentrado de plaquetas e os
tipos de Incidentes transfusionais imediatos notificados pelo Hemocentro
Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-2009.......................................
49
Tabela 7 – Associação entre transfusão de plasma fresco congelado e os
tipos de Incidentes transfusionais imediatos notificados pelo Hemocentro
Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-2009.......................................
50
Tabela 8 Manifestações clínicas identificadas nos receptores que
apresentaram incidentes transfusionais imediatos notificados pelo
Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-2009...................
52
Tabela 9 – Transfusões prévias registradas nas FITs recebidas pelo
Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-2009...................
53
Tabela 10 – História de incidentes transfusionais registrados nas FITs
recebidas pelo Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-
2009...................................................................................................................
54
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................10
1 – INTRODUÇÃO....................................................................................................11
1.1 Incidentes Transfusionais................................................................................13
1.1.1 Incidentes Transfusionais Imediatos.........................................................14
1.2 Sistemas de Hemovigilância............................................................................23
1.2.1 Hemovigilância no Brasil...........................................................................26
1.3 Justificativa do estudo......................................................................................29
2 – OBJETIVOS........................................................................................................30
3 – MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................31
3.1 Tipo de estudo.................................................................................................31
3.2 Campo de estudo ............................................................................................31
3.3 População........................................................................................................32
3.4 Período retrospectivo de análise .....................................................................33
3.5 Coleta de dados...............................................................................................33
3.5.1 Procedimentos..........................................................................................33
3.6 Tratamento dos dados.....................................................................................35
3.7 Variáveis do estudo.........................................................................................36
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................37
5 – CONCLUSÃO......................................................................................................55
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................57
6 – REFERÊNCIAS...................................................................................................58
APÊNDICES..............................................................................................................65
APÊNDICE 1 – FIT CODIFICADA.........................................................................66
APÊNDICE 1-A – Instrumento de coleta de dados................................................69
ANEXOS ...................................................................................................................74
ANEXO 1 – Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes Transfusionais ....75
ANEXO 2 – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa da
Fundação Hemominas...........................................................................................78
10
APRESENTAÇÃO
No curso de graduação em enfermagem, pude conhecer a realidade de
pessoas com agravos à saúde que buscam atendimento de qualidade em
instituições de saúde, com vistas ao restabelecimento físico e psicológico necessário
às atividades do cotidiano.
Neste contexto, houve destaque para a importância dos serviços e
profissionais de saúde na promoção e recuperação da saúde da população.
Desde 2007, em atuação profissional como enfermeira no Hemocentro
Regional de Uberlândia, pertencente à Fundação Centro de Hematologia e
Hemoterapia de Minas Gerais (Fundação Hemominas), me dediquei ao cuidado com
os pacientes que necessitam de assistência hemoterápica.
Diante à observação da ocorrência de incidentes transfusionais imediatos em
receptores de hemocomponentes atendidos no ambulatório transfusional do
Hemocentro Regional de Uberlândia e instituições de saúde às quais o hemocentro
distribui hemocomponentes, surgiram algumas inquietações: esses incidentes
transfusionais tem sido notificados? Quais os tipos de incidentes transfusionais
imediatos mais ocorrentes? Quais as manifestações clínicas apresentadas com
maior freqüência pelos receptores que apresentaram reação transfusional? Qual
hemocomponente mais envolvido no desenvolvimento do incidente transfusional
imediato?
Deste modo, este trabalho pretende analisar os incidentes transfusionais
imediatos notificados ao Hemocentro Regional de Uberlândia no período de
dezembro de 2006 a dezembro de 2009.
Espera-se que os resultados encontrados possam subsidiar o
desenvolvimento de novos estudos sobre os eventos adversos apresentados por
receptores de hemocomponentes, contribuir para a segurança e qualidade da
assistência nas instituições que realizam terapia transfusional e agregar novos
conhecimentos aos profissionais de saúde que atuam nessa área.
11
1 – INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a preocupação em garantir a qualidade dos serviços de
saúde e a segurança dos clientes tem sido alvo de interesse mundial.
Qualidade em saúde é um sistema de partes e elementos interdependentes
que tem importância no alcance de melhores resultados para os clientes, e a
introdução de programas de avaliação e certificação em saúde contribuiu para a
melhora progressiva dos padrões de qualidade e desenvolvimento institucional
(NOVAES, 2007).
A complexidade das organizações de saúde envolve práticas profissionais
interdisciplinares, cuja meta comum é fornecer serviços e produtos de qualidade que
satisfaçam os clientes e as expectativas da sociedade. Um dos serviços que
integram essa estrutura é a hemoterapia, que representa uma especialidade
indispensável no tratamento das doenças hematológicas e de inúmeras outras
condições clínicas e cirúrgicas (HADDAD, 2007).
Na hemoterapia, a qualidade inicia-se no processo de captação de doadores
e estende-se até o receptor do sangue, assegurada a rastreabilidade dos
hemocomponentes e hemoderivados desde o processo inicial até o processo final
(OLIVEIRA et al., 2006).
Embora haja relatos antigos na história da medicina que descrevem as
tentativas de tratar pacientes com sangue, a terapia transfusional é relativamente
recente e veio a se desenvolver apenas a partir do início do século passado (BIHL et
al., 2007).
A existência de diferentes tipos sanguíneos entre as pessoas: A, B, AB e O foi
descoberta na primeira década do século XX. Em 1917, a descoberta de
anticoagulantes e preservantes permitiu o início do processo de armazenamento e
de estocagem do sangue. Em 1926, surgiu, em Moscou, o primeiro Centro de
Hematologia e Transfusão de Sangue e, na década de 30, centros de transfusões
haviam sido instalados por todo o mundo (BRASIL, 2004a).
Os componentes do sangue têm propriedades especiais e podem ser
separados para tratar as necessidades específicas de cada cliente. O sangue
12
utilizado em terapia deve ser obtido exclusivamente por meio de doações de
pessoas conscientes e solidárias (BUENO, 2007).
No Brasil, especialmente na rede pública, os serviços de hemoterapia são
estruturados em rede, com diferentes níveis de complexidade, a depender das
atividades que executam. Serviços mais completos executam todas as etapas do
ciclo do sangue, que correspondem à captação de doadores, à triagem clínica, à
coleta de sangue, ao processamento de sangue em hemocomponentes, às análises
sorológicas e imunohematológicas no sangue do doador, ao armazenamento, à
distribuição desses produtos e à transfusão (BRASIL, 2008).
As transfusões de componentes do sangue são, normalmente, um meio eficaz
de corrigir temporariamente a deficiência de hemácias, plaquetas ou de fatores de
coagulação (CALLERA et al., 2004). Em algumas situações clínicas, a transfusão
pode representar a única maneira de salvar uma vida, ou de melhorar rapidamente
uma grave doença. No entanto, o processo transfusional, mesmo em contextos de
indicação precisa e administração correta, envolve risco sanitário com a ocorrência
potencial de incidentes transfusionais, sejam eles imediatos ou tardios. Esses
incidentes variam de leve a grave e podendo envolver risco de morte (ATTERBURY;
WILKINSON, 2000).
Os profissionais envolvidos na prescrição e administração de
hemocomponentes devem ser capacitados a identificar os sinais e sintomas de um
incidente transfusional para manejarem-no e instituir medidas para prevenir futuros
incidentes (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO, 2008).
Nesse contexto, torna-se evidente a necessidade de notificação dos
incidentes transfusionais imediatos e tardios como instrumento indispensável para
que sejam estabelecidos os riscos existentes no ato transfusional e ações sejam
definidas para minimizar esses riscos (PROIETTI; CIOFFI, 2008).
13
1.1 Incidentes Transfusionais
O risco de transmissão de doenças não é a única complicação possível das
transfusões uma vez que podem ocorrer eventos metabólicos, imunológicos e
hidroeletrolíticos indesejados (BRASIL, 2007).
Nas últimas décadas, tem sido realizado um grande esforço em evitar a
transmissão de doenças pelo sangue com seleção adequada do doador, melhoria
nos testes sorológicos realizados e técnicas de inativação viral dos
hemocomponentes. No entanto, não tem sido observado o mesmo esforço quanto
aos incidentes transfusionais imediatos advindos das transfusões (ALBAINE;
LONGO; GONZALEZ, 2004).
Cardona (2001) ressalta que as reações transfusionais não infecciosas
dividem-se em imunológicas e não imunológicas. Entre as não imunológicas estão,
por exemplo, a sobrecarga volêmica, a hipotermia e a hipercalemia. Já as reações
imunológicas mais importantes são as hemolíticas agudas, as febris, as alérgicas e
lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão.
As incompatibilidades aos diversos tipos de grupos sanguineos,
ocasionalmente, podem causar reações, devido ao grande número de antígenos na
superfície das células de cada indivíduo, de modo que as células de um doador
geralmente possuem antígenos diferentes das do receptor. Tais antígenos podem
suscitar o desenvolvimento de anticorpos e estes causar reações hemolíticas e não
hemolíticas. Além disso, o plasma do doador pode conter proteínas estranhas ao
receptor (CONTRERAS; MOLLISON, 1990).
Essas reações podem variar em gravidade de leve a fatal, o que justifica a
criação de sistemas de vigilância, avaliação e acompanhamento da utilização do
sangue (CALLERA et al., 2004).
Apesar de alguns incidentes transfusionais não poderem ser evitados, a
monitorização e intervenção precoces permitem uma diferença efetiva na
recuperação do paciente (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO, 2008).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os
incidentes transfusionais são agravos ocorridos durante ou após a transfusão de
14
sangue e a ela relacionados. São classificados em imediatos ou tardios, de acordo
com o tempo decorrido entre a transfusão e o tempo do incidente (BRASIL, 2004b).
Os incidentes transfusionais imediatos ocorrem durante a transfusão ou até
24 horas após, e os notificáveis são a reação hemolítica aguda, a reação febril não-
hemolítica, as reações alérgicas (leve, moderada, grave), sobrecarga volêmica,
reação por contaminação bacteriana da bolsa, edema pulmonar não cardiogênico
(TRALI), reação hipotensiva e hemólise não-imune (BRASIL, 2004b).
Incidentes transfusionais que ocorrem após 24 horas da transfusão são
denominados de tardios e dentre eles estão a reação hemolítica tardia, as doenças
infecciosas, a púrpura pós-transfusional, a doença enxerto versus hospedeiro
relacionada à transfusão, aloimunização e sobrecarga de ferro (BRASIL, 2007).
Nesse contexto, surge o sistema de hemovigilância com objetivo importante
de oferecer aos pacientes e profissionais de saúde segurança na terapia
transfusional. Os riscos e benefícios da transfusão devem ser considerados e
quando surgirem eventos adversos, importa que sejam reconhecidos, eficazmente
tratados e não ignorados (MCCLELLAND, 1998).
1.1.1 Incidentes Transfusionais Imediatos
Um incidente transfusional imediato muitas vezes não pode ser determinado
apenas pela história clínica ou sinais e sintomas isolados, mas requer avaliação
laboratorial (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO, 2008).
Muitos sinais e sintomas clínicos são comuns a mais de um tipo de incidente
transfusional imediato, daí a necessidade do reconhecimento precoce. A interrupção
imediata da transfusão e a avaliação clínica e laboratorial são processos essenciais
na assistência segura e de qualidade ao paciente (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO,
2008).
Os incidentes transfusionais imediatos podem ser classificados em quatro
graus, de acordo com a gravidade. O grau I refere-se à ausência de risco de morte
imediato ou a longo prazo, o grau II à morbidade a longo prazo, o grau III ao risco de
morte imediato e o grau IV à morte (BRASIL, 2003).
15
Para melhor entendimento, os diferentes tipos de incidentes transfusionais
imediatos estão descritos a seguir.
Ressalta-se que a classificação dos tipos de incidentes transfusionais
utilizada neste estudo segue o disposto no Manual Técnico de Hemovigilância de
2003 e na Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes Transfusionais.
Reação Hemolítica Aguda
A reação hemolítica aguda (RHA), habitualmente, deve-se à incompatibilidade
dentro do sistema ABO, com hemólise intravascular das hemácias incompatíveis
transfundidas devido à presença de anticorpos pré-formados na circulação do
paciente (BRASIL, 2007).
Aproximadamente 86% das reações hemolíticas são originadas por
incompatibilidade ABO, e dessas 89% são em consequência de erro humano
(CARDONA, 2001).
A reação hemolítica aguda é temida na prática transfusional por sua
gravidade e alto índice de mortalidade. Ocorre, principalmente, devido a erros de
identificação de amostras de sangue dos pacientes e apresenta uma incidência de
1:33.000 (OLIVEIRA; COZAC, 2003).
A severidade do quadro clínico está diretamente relacionada com o volume de
sangue incompatível transfundido (DAVENPORT, 2007). Assim, o volume de sangue
incompatível transfundido é importante na determinação da gravidade e prognóstico
da reação (LARRONDO, 1997).
O quadro clínico é composto por dor na área da infusão, eritema, dor lombar,
dor torácica por formação de micro-êmbolos, febre alta, calafrios, taquicardia,
taquipneia, fatiga, ansiedade, náuseas, diarreia, dor abdominal, hipotensão, choque,
coagulação intravascular disseminada (CIVD), hemoglobinúria (VÁZQUEZ;
VASSALLO; STORINO, 2002).
O tratamento consiste em reverter o quadro clínico, interromper,
imediatamente, a transfusão e iniciar hidratação endovenosa com soluções
16
expansoras para restabelecer a pressão arterial e induzir a diurese (VÁZQUEZ;
VASSALLO; STORINO, 2002).
Reação febril não hemolítica
A reação febril não hemolítica constitui a complicação que se registra com
maior frequência, de 0,5 a 1% do total das transfusões (CANTE et al., 1999).
Na reação febril não hemolítica, há um aumento da temperatura corporal
acima de 1ºC em relação à temperatura inicial, durante ou após a transfusão de
sangue, sem outra explicação, acompanhado de tremores e calafrios. Além desses
sintomas, pode haver também aumento da frequência respiratória, alteração da
pressão arterial e ansiedade (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO, 2008).
Os leucócitos presentes nos hemocomponentes são a principal causa da
reação febril não hemolítica (BRASIL, 2007).
A febre é um sintoma comum em outros tipos de reações transfusionais,
como a hemolítica e a contaminação bacteriana. Por esse motivo, o diagnóstico de
reação febril não hemolítica é de exclusão, uma vez afastada a hipótese de reação
hemolítica ou contaminação bacteriana, pois nos três casos o início da reação é logo
após a instalação da transfusão (ANGULO, 2007).
Bakdash;Yazer (2007) afirmam que as plaquetas, mais frequentemente que
as hemácias, são responsáveis por desencadear a reação febril não hemolítica, pois
são armazenadas em temperatura ambiente, o que favorece a ativação de
leucócitos e liberação de citocinas. Contudo, deve-se afastar a possibilidade de
contaminação bacteriana e hemólise (BRASIL, 2008).
Diante de suspeita de reação febril não hemolítica, deve-se interromper a
transfusão imediatamente e o tratamento da reação, iniciado. A utilização de
antipiréticos e outras medicações conforme o quadro clínico do paciente estão
indicados (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO, 2008).
A utilização de filtros para leucodepleção é uma prática eficaz na prevenção
da reação febril não hemolítica (CANTE et al., 1999).
17
O uso de hemocomponentes desleucocitados, ou seja, que passaram por
processo de leucorredução, antes de armazenados ou mesmo antes da transfusão
tem sido um recurso viável e eficaz na redução de ocorrência de incidentes
transfusionais imediatos, principalmente na prevenção da reação febril não
hemolítica. Na França, após a implantação do sistema de leucorredução de
concentrado de hemácias, houve redução de 40% das reações febris não
hemolíticas (HERVE, 2000).
Mesmo com a redução dos leucócitos nos hemocomponentes, nem todas as
reações febris não hemolíticas podem ser evitadas. A pré-medicação pode ser
utilizada em pacientes que já apresentaram história de reação febril não hemolítica
(LARISON; COOK, 2006). Embora não existam estudos clínicos que apoiem essa
conduta, a pré-medicação tem sido utilizada empiricamente por muitos anos com
eficácia (HEDDLE, 2007).
No entanto, de acordo com o Manual Técnico de Hemovigilância, Brasil
(2007), a pré-medicação está indicada somente para pacientes com história de
múltiplas ou graves reações transfusionais, sendo a pré-medicação universal um
tratamento inadequado, pela possibilidade de mascarar ou retardar uma reação por
hemocomponente contaminado.
Cardona (2001) destaca ainda, como medida de prevenção para pacientes
que apresentaram história de reação febril não hemolítica, o uso de plaquetas de
apenas um doador, o que pode ser feito por meio de realização de plaquetaférese,
processo que permite a extração de plaquetas apenas de um doador, em quantidade
até dez vezes maior do que a obtida de uma doação de sangue total (plaqueta
randômica).
Heddle (2007) ressalta que as reações febris não hemolíticas normalmente
não ameaçam a vida, no entanto o desconforto pode tornar o paciente apreensivo e
relutante às transfusões subsequentes. Afirma ainda que essas reações em
pacientes politransfundidos podem ocorrer com mais facilidade, pelo fato de o
paciente ter sofrido um processo de aloimunização, estando sensibilizado por
transfusões anteriores e, portanto, mais susceptível a reações em transfusões
subsequentes.
18
Reação alérgica
A reação alérgica é comum, ocorrendo com frequência de 1:200 transfusões
(VÁZQUEZ; VASSALLO; STORINO, 2002).
A reação alérgica ocorre devido à ação dos anticorpos do receptor contra as
proteínas plasmáticas do hemocomponente (BRASIL, 2007), sendo caracterizada
por prurido, urticária, eritema, pápulas, tosse, rouquidão, dispneia, sibilos,
hipotensão e choque. A maioria das reações alérgicas é benigna e pode cessar sem
tratamento, sendo indicado anti-histamínico na persistência dos sintomas (BRASIL,
2008).
Pode ser dividida em três estágios, conforme a gravidade das manifestações
clínicas (BRASIL, 2008):
Reação leve: prurido, urticária, pápulas.
Reação moderada: além das manifestações apresentadas na reação leve,
pode ocorrer tosse, rouquidão, dispnéia, sibilos, náuseas e vômitos.
Reação grave: além das manifestações apresentadas nas reações leves e
moderadas, pode ocorrer hipotensão e choque.
Cante et al. (1999) destacam que as reações alérgicas se caracterizam pela
presença de lesões maculopapulosas pruriginosas. Quando há quadro de severa
hipotensão de difícil tratamento, perda de consciência, dispneia e sibilância,
considera-se reação anafilactóide.
Nos casos de reação alérgica, a transfusão deve ser interrompida, mas pode
ser continuada quando a reação for controlada, nos casos leves. Essa é a única
reação que permite a administração do restante da unidade de sangue que pode ter
provocado a reação (SAMPAIO, 2007).
Em receptores com história prévia de reação alérgica, geralmente se tenta a
remoção do plasma de componentes sanguíneos, como as hemácias e plaquetas
lavadas. Também é comum a pré-medicação com anti-histamínicos (LARISON;
COOK, 2006).
19
Sobrecarga volêmica
A sobrecarga volêmica relacionada à transfusão deve-se à infusão rápida de
hemocomponentes ou a transfusões maciças. Há aumento da pressão venosa
central (PVC), aumento no volume sanguíneo pulmonar e diminuição da capacidade
pulmonar, sendo as crianças e idosos mais susceptíveis (BRASIL, 2007).
A sobrecarga volêmica é um risco comum entre idosos, crianças e os
pacientes com comprometimento cardíaco ou renal, além dos pacientes com anemia
crônica, nos quais o hematócrito é baixo, mas seu volume plasmático é normal
(VÁZQUEZ; VASSALLO; STORINO, 2002).
Os efeitos da sobrecarga volêmica são dispneia, tosse, cianose, ortopneia,
desconforto no peito, cefaleia, agitação, taquicardia, hipertensão sistólica e
eletrocardiogramas anormais (LARISON; COOK, 2006).
A terapia consiste em reduzir rapidamente a hipervolemia com utilização de
diuréticos intravenosos e suportes respiratório e cardíaco para o paciente receptor
(LARISON; COOK, 2006).
O receptor deve ter os sinais vitais avaliados durante a transfusão para que
sinais e sintomas de sobrecarga volêmica sejam detectados precocemente e
pacientes susceptíveis devem ser transfundidos lentamente (POPOVSKY, 2007).
A prevalência de sobrecarga volêmica relacionada à transfusão ainda não é
conhecida, mas estima-se que possa ocorrer em um de cada 708 receptores
(FABRON JR, 2007).
Contaminação bacteriana
Os hemocomponentes podem ser contaminados por estocagem ou
manipulação inadequada, antissepsia ineficaz do braço ou bacteremia do doador,
causando reação no receptor, que apresentará os sinais e sintomas de febre alta,
calafrios, tremores, vômitos e náuseas, hipotensão e choque (BRASIL, 2007).
20
Ubiali; Santis (2007) afirmam que todos os hemocomponentes são passíveis
de contaminação bacteriana, no entanto os concentrados de plaquetas são mais
susceptíveis à proliferação de germes, por serem armazenados entre 20º e 24ºC em
bolsas que permitem troca de gases. Ramírez-Arcos; Goldman; Blajchman (2007)
ressaltam que a contaminação bacteriana de plaquetas constitui um grande risco de
reação transfusional.
A conduta imediata com o receptor de sangue contaminado está voltada para
a correção do quadro clínico e na identificação do tipo de bactéria envolvida, a fim
de determinar o tipo de antibiótico a ser utilizado. A transfusão deve ser interrompida
imediatamente e outras unidades do hemocomponente podem ser instaladas após a
melhora do quadro clínico do receptor (UBIALI; SANTIS, 2007).
Borges; Vidigal; Chaves (2004) afirmam que a contaminação do
hemocomponente pode ter diversas causas, no entanto os principais quadros
ocorrem por bactérias gram-negativas, que resistem às temperaturas de
refrigeração. O exame laboratorial inclui cultura do hemocomponente das bolsas e
da amostra de sangue do receptor (BRASIL, 2007).
Larison; Cook (2006) destacam que as culturas do sangue do receptor devem
ser obtidas tão logo seja possível, para detecção de microrganismos aeróbicos e
anaeróbicos.
Bihl et al. (2007) apontam algumas medidas para reduzir o risco de
contaminação bacteriana nas diferentes etapas da cadeia de transfusão, como uma
seleção criteriosa do doador, treinamento contínuo e processamento adequado dos
produtos do sangue para garantir elevados padrões de qualidade e segurança dos
mesmos; antissepsia adequada do braço do doador, desvio de 30 a 40ml do sangue
inicial para o saco de amostra, afim de evitar o risco de contaminação por bactérias
da pele e desenvolvimento de tecnologia em métodos rápidos de detecção de
bactérias e redução de patógenos.
Além disso, destaca-se a importância da certificação de que os componentes
sanguíneos são infundidos dentro dos limites máximos de tempo permitidos, como
por exemplo, o prazo de quatro horas comumente estabelecido para infusão de
concentrado de hemácias (LARISON; COOK, 2006).
21
Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão (TRALI - Transfusion Related
Acute Lung Injury)
A lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão é um incidente transfusional
imediato grave e não infeccioso que deve ser considerado sempre que houver
dificuldade respiratória durante uma transfusão ou até 6 horas após a transfusão e
sua investigação deve ser pautada na análise rigorosa dos doadores e doações
envolvidos (FUNG et al., 2003).
O edema pulmonar não cardiogênico, caracterizado por lesão pulmonar
aguda relacionada à transfusão ou TRALI (Transfusion Related Acute Lung Injury)
está associado, na maioria dos casos, com a existência de anticorpos anti-
leucocitários no plasma do doador. Esses anticorpos são dirigidos contra antígenos
do sistema HLA ou contra antígenos presentes em granulócitos (BRASIL, 2007).
Acredita-se que a maioria dos doadores implicados em TRALI são mulheres
multíparas, o que deve estar associado à formação de anticorpos pela mãe, após
exposição à aloantígenos paternos presentes nos leucócitos fetais (FABRON JR,
2007).
Manifesta-se com sintomas respiratórios, variando desde dispneia e hipóxia
até insuficiência respiratória severa. Podem ainda ocorrer febre, tremores,
hipotensão leve ou moderada e taquicardia (BRASIL, 2007). Esses sintomas
geralmente ocorrem nas primeiras duas horas da transfusão. Ao contrário da
sobrecarga volêmica, os pacientes com TRALI têm pressão venosa central normal
(KOPKO; POPOVSKY, 2007).
A real incidência da TRALI não é conhecida. As estatísticas mencionam taxas
variando de 1/1300 a 1/5000 transfusões. No entanto, essa reação é subnotificada
em virtude da dificuldade de sua identificação (BRASIL, 2007).
A TRALI é cinco a sete vezes mais provável de ocorrer em decorrência da
transfusão de plasma (STAINSBY et al., 2006).
A TRALI pode ser diferenciada de edema pulmonar cardiogênico pela
ausência de distensão da veia jugular direita e pressão atrial normal (BAKDASH;
YAZER, 2007).
22
No Reino Unido, de 1996 a 2003 foram relatadas 36 mortes e 93 casos de
grande morbidade de TRALI, o que a tornou a mais importante causa de mortalidade
e morbidade associadas à transfusão (STAINSBY et al., 2006).
Não existe tratamento específico para TRALI, sendo o mesmo voltado para a
manutenção do equilíbrio hemodinâmico do receptor e suporte ventilatório (FABRON
JR, 2007).
Reação hipotensiva
De etiologia ainda não bem estabelecida, a reação hipotensiva relacionada à
transfusão é caracterizada por hipotensão ocorrida durante ou após o término da
transfusão, na ausência de sinais e sintomas de outras reações transfusionais. O
receptor apresenta queda na pressão sistólica e diastólica, ansiedade, mal estar e
sudorese, mas sem febre (BRASIL, 2007).
Deve haver adequada vigilância para detectar precocemente uma reação
hipotensiva. Dentre as medidas adotadas está a aferição dos sinais vitais do
paciente antes do início da transfusão, após 15 minutos e ao término da transfusão.
Se ocorrer uma reação hipotensiva durante a transfusão, a mesma deve ser
interrompida imediatamente e o paciente tratado com soluções expansoras e outras
medidas de suporte necessárias (ARNOLD; HUME, 2007).
Reação hemolítica não imune
A reação transfusional hemolítica não imune é rara e está relacionada à
obtenção, armazenamento e preparo inadequados do hemocomponente que
possam ser a causa da hemólise (BRASIL, 2007). A reação é oligossintomática,
devendo-se observar a presença de hemoglobinúria e hemoglobinemia (BRASIL,
2008).
23
O diagnóstico é baseado no descarte da possibilidade de hemólise por
causas imunológicas, repetir exames de tipagem do sistema ABO, avaliar a
hemoglobinemia e realizar testes de hemólise (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO,
2008).
1.2 Sistemas de Hemovigilância
Na década de 90, surge o sistema de hemovigilância tem o objetivo de
melhorar a qualidade e aumentar a segurança das transfusões de sangue, tendo em
conta que abrange a investigação de todas as atividades da cadeia de utilização do
sangue, desde a captação dos doadores até a transfusão do hemocomponente
(FABER, 2004a).
A hemovigilância pode ser inserida como um mecanismo de avaliação e
alerta, com o objetivo de direcionar ações que ampliem e aprimorem a segurança
nas transfusões sanguíneas, com particular ênfase nos incidentes transfusionais. As
informações sobre os efeitos indesejáveis e/ou inesperados da utilização de
hemocomponentes são recolhidas e avaliadas, a fim de prevenir seu aparecimento
ou recorrência (BRASIL, 2007).
Além de atuar como sistema de alerta, a hemovigilância apresenta como
estratégia a vigilância epidemiológica, com ênfase na manutenção de registros dos
doadores e hemocomponente transfundido, tornando possível analisar e interpretar
os dados referentes às reações adversas e analisar as tendências atuais e futuras. A
vigilância epidemiológica permite também calcular a incidência de reações adversas
e verificar o impacto das medidas preventivas implantadas (HERVÉ et al., 2000).
A França foi pioneira em hemovigilância, com o primeiro sistema implantado,
em busca da melhoria das relações com os hospitais, através de uma completa
rastreabilidade dos componentes do sangue e da notificação obrigatória, em nível
nacional, de qualquer intercorrência associada à transfusão de sangue (HERVÉ et
al., 2000).
24
Estabelecido por lei em 1993, o sistema de hemovigilância francês foi
implantado em 1994, através da Agência Francesa do Sangue, com um sistema de
monitoramento do sangue organizado a partir de dois fundamentos básicos: a
rastreabilidade dos produtos sanguíneos do doador até o receptor e a notificação
compulsória de todas as reações transfusionais (FERNANDES, 2001).
A rede de hemovigilância varia muito de um país a outro, o que está
relacionado aos sistemas de saúde de cada país e à percepção social e política
imputada aos riscos transfusionais (BRASIL, 2007).
Na Europa, há uma diversificação na organização dos programas de
transfusão de sangue (FABER, 2000), o que também ocorre na hemovigilância,
havendo variação de conceitos e processos, como por exemplo, a notificação
voluntária versus obrigatória, hemovigilância centralizada ou descentralizada,
reações relatáveis e comunicação de quase-erros (FABER, 2004b).
Diversos países europeus implantaram sistemas de hemovigilância de
diferentes formas os quais, posteriormente, organizaram-se em uma rede. Em 1998,
Bélgica, França, Luxemburgo, Portugal e Holanda, começaram a trabalhar em
conjunto na área de Hemovigilância formando a European Haemovigilance Network
(EHN). Atualmente, outros países integraram-se à rede: Dinamarca, Finlândia,
Grécia, Irlanda, Noruega, Croácia, Suíça, Reino Unido e Canadá na América do
Norte também se associaram ao EHN (FABER, 2005).
A formação dessa rede de hemovigilância teve como objetivos favorecer o
intercâmbio de informações entre os países membros, instituir um sistema de alerta
precoce entre eles, incentivar ações conjuntas entre os membros e realizar
atividades educativas relativas à hemovigilância. Foram discutidas definições
importantes e normatizados processos de atendimento, realizados estudos
epidemiológicos de doadores e receptores, além da compilação e análise dos dados
europeus e organização anual de seminários de hemovigilância (FABER, 2004b).
No Reino Unido, o sistema de hemovigilância teve início em 1996, com o
Serious Hazards of Transfusion (SHOT), em que a notificação era voluntária,
confidencial e somente para reações graves. Após 10 anos de sua implantação,
foram notificadas 2630 reações transfusionais e publicados oito relatórios anuais que
visaram à melhoria na transfusão sanguínea. (STAINSBY et al., 2006).
25
Flesland (2007) afirma que a hemovigilância se torna ainda mais importante
quando os dados produzidos são utilizados para comparar a situação de um país
com outros.
A hemovigilância pode ser uma ferramenta de ajuda na segurança da
terapêutica transfusional, e sua adequada implantação depende da qualidade dos
dados gerados pelos serviços de saúde (FERNANDES, 2001).
Stainsby (2004) salienta que os sistemas de hemovigilância não tem poderes
para implementar mudanças, mas para fazer recomendações baseadas nas
evidências obtidas. Torna-se claro assim, a necessidade da percepção dos
profissionais de saúde quanto ao seu papel na identificação e notificação dos
incidentes transfusionais.
Talvez a maior contribuição dos sistemas de hemovigilância seja incentivar a
concessão de recursos, tais como educação e tecnologia, para que a transfusão
possa ser realizada com segurança (STAINSBY, 2004).
Allain (2003) afirma que tais sistemas têm como missão conscientizar os
profissionais de saúde envolvidos na terapia transfusional quanto ao papel essencial
que desempenham na segurança transfusional.
Sousa et al. (2009) destacam que o conhecimento sobre as diferentes
complicações transfusionais já foi alcançado, sendo os atuais riscos da transfusão
de sangue associados a erros na administração de hemocomponentes com reações
imunológicas consequentes, especialmente a TRALI, que é uma das mais
importantes causas de morbidade e mortalidade. Afirmam ainda que, no entanto, a
execução de medidas corretivas e preventivas não vem se desenvolvendo no
mesmo ritmo. Deve-se dar maior ênfase à hemovigilância ativa, por meio da
rastreabilidade e conhecimento do destino final de cada hemocomponente e
implementação de medidas preventivas e corretivas, que desempenham um papel
crucial na melhoria da qualidade e segurança das transfusões.
Como um processo de qualidade, a hemovigilância precisa ser incorporada de
forma profunda e sólida, aos sistemas de gestão da qualidade das instituições, como
os centros de sangue, as empresas de fabricação de hemoderivados e também nos
hospitais (FABER, 2004b).
26
1.2.1 Hemovigilância no Brasil
No Brasil, o surgimento da hemoterapia como uma questão de política pública
e interesse social foi uma consequência das doenças transfusionais e de sua ligação
com a coleta remunerada. As preocupações crescentes com as necessidades de
captação, estocagem e distribuição de sangue despertaram a atenção dos
especialistas (PIMENTEL, 2006).
A hemoterapia brasileira se caracterizou como especialidade médica na
década de 40. Em dezembro de 1942 foi inaugurado o primeiro Banco de Sangue no
Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro (JUNQUEIRA; ROSENBLIT;
HAMERSCHLAK, 2005).
Em 1965, a Comissão Nacional de Hemoterapia (CNH) foi definida como um
órgão permanente do Ministério da Saúde, incumbido de fazer cumprir os postulados
da Política Nacional de Sangue, e realizou o primeiro trabalho normativo existente
no País, emitindo regularmente portarias e instruindo decretos que versaram desde
o registro dos serviços executores da atividade hemoterápica até a exportação de
plasma humano (BRASIL, 2004a).
Visando à organização das atividades no campo da medicina transfusional no
Brasil, em 1980, o Governo Federal teve como iniciativa a criação do Programa
Nacional de Sangue e Hemoderivados (PRÓ-SANGUE) que teve como diretrizes a
não comercialização do sangue, atendimento universalizado à população e
qualidade na prestação de serviço e como estratégias, a implantação de uma rede
de hemocentros nas capitais e nas regionais de saúde do interior dos estados e a
prática da doação voluntária não remunerada de sangue, dentre outras (SOUZA;
SANTOS, 2007).
Em 2000, iniciaram-se no Brasil amplas discussões sobre o processo de
vigilância transfusional e, no ano de 2001, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
- ANVISA criou o sistema de hemovigilância, com o objetivo de direcionar ações que
ampliem e aprimorem a segurança nas transfusões sanguíneas, com ênfase
específica nos incidentes transfusionais (BRASIL, 2007).
27
Embora seja recente, o Brasil, juntamente com a Argentina, o Chile e a Costa
Rica foram os primeiros países a regulamentarem a prática hemoterápica na
América Latina (BRASIL, 2007).
Hoje, no Brasil, os serviços de hemoterapia são regidos pelas normas
técnicas contidas na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) N.º 153, de 04 de
junho de 2004.
No entanto, ainda são pouco disponíveis as estatísticas que expressam a
realidade das complicações transfusionais no Brasil. Acredita-se que esses riscos
sejam baixos, mas existem. Mesmo quando a qualidade do sangue é controlada, a
única prática totalmente segura em transfusão é a que não é realizada (BUENO,
2007).
Assim, a colaboração de todas as partes envolvidas na medicina
transfusional, incluindo sistemas de hemovigilância em todo o território nacional, é
fundamental para garantir a segurança no fornecimento de sangue (BIHL et al.,
2007).
O que se vê, atualmente, é uma somatória de dificuldades quanto à indicação
de hemocomponentes, identificação e manejo dos incidentes transfusionais por
médicos e equipe de enfermagem, o que interfere de forma negativa na qualidade
da assistência prestada.
Visando garantir que os recursos hemoterápicos sejam adequadamente
aplicados, muitos países, inclusive o Brasil, instituíram os Comitês Transfusionais,
constituídos por profissionais de saúde que se reúnem periodicamente para definir e
avaliar a prática transfusional em suas instituições (KUTNER, 2007).
No item A.5 da RDC nº 153 de junho de 2004, consta a necessidade de os
serviços de saúde que tenham hemoterapia constituírem um comitê transfusional
multidisciplinar que tenha como função o monitoramento da prática hemoterápica na
instituição.
Compete ao comitê transfusional a elaboração, implantação e avaliação de
normas e rotinas técnico-operacionais, objetivando a redução da incidência e da
gravidade das reações transfusionais, viabilizando medidas imediatas de controle e
a capacitação do quadro dos profissionais envolvidos nesses procedimentos. Além
disso, o comitê transfusional de cada instituição deve elaborar regimento interno
28
para o serviço, cooperar com os órgãos de vigilância na esfera municipal, estadual e
federal, e notificar os casos diagnosticados como incidentes transfusionais (BUENO,
2007).
De acordo com Kutner (2007), a maior responsabilidade do comitê
transfusional deve ser atuar, com papel central, na promoção e monitorização do
uso seguro e efetivo do sangue e de seus componentes.
No Brasil, a notificação dos incidentes transfusionais é realizada por meio de
um instrumento resumo de investigação e conclusão de caso, denominado Ficha de
Notificação de Incidentes Transfusionais (FIT), criado pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (BRASIL, 2003).
A hemovigilância pode ser uma importante ferramenta de ajuda na segurança
da terapêutica transfusional, e sua adequada implantação guarda uma relação com
a formação dos comitês transfusionais e notificação das reações transfusionais
através da utilização da Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes
Transfusionais (FIT) e manejo adequado dos sinais, garantindo sucesso na
investigação e possibilitando a implementação de ações preventivas e corretivas de
incidentes advindos da transfusão sanguínea.
A hemovigilância implementada dentro do comitê transfusional pode atuar
também na análise das indicações de transfusão, nos efeitos e no acompanhamento
dos procedimentos inerentes ao processo, e com isso terá embasamento científico
para definir as diretrizes da política transfusional da instituição, resultando na
utilização dos hemocomponentes de maneira mais ética e criteriosa e,
consequentemente, na redução do custo operacional e dos riscos concernentes à
hemoterapia (BUENO, 2007).
Apesar de ser nítido o esforço na formação continuada dos profissionais e dos
serviços de transfusão de sangue sobre temas relacionados, incluindo os efeitos
adversos da transfusão de sangue, é evidente a necessidade de incluir na estrutura
curricular das instituições de ensino superior da área de saúde abordagem sobre
medicina transfusional, com ênfase na necessidade de aumentar a segurança na
prática hemoterápica (SIBINGA, 2007).
É necessário, portanto, que os profissionais de saúde conheçam os princípios
da prática transfusional e sejam capazes de manejar as reações transfusionais
29
adversas, que variam desde febre autolimitada até hemólise intravascular grave
(OLIVEIRA; COZAC, 2003).
1.3 Justificativa do estudo
O conhecimento dos aspectos singulares da reação transfusional, seus
sintomas, complicações associadas e formas de prevenção, possibilita a sua
identificação e a construção de práticas mais seguras na administração dos
componentes sanguíneos, com vistas à construção de procedimentos que validem
essas práticas e possam a ela ser incorporados.
Esse estudo poderá contribuir na prática hemoterápica por fornecer subsídios
para a criação de protocolos de identificação, manejo e prevenção dos incidentes
transfusionais imediatos, o que implicará maior qualidade da assistência aos
pacientes que necessitam de terapia transfusional.
Frente ao exposto, este estudo pretendeu responder à seguinte questão:
Qual a incidência e tipos de incidentes transfusionais imediatos e sua relação
com os hemocomponentes transfundidos, notificados ao Hemocentro Regional de
Uberlândia, no período de dezembro de 2006 a dezembro de 2009?
30
2 – OBJETIVOS
Objetivo Geral
Analisar os incidentes transfusionais imediatos notificados ao Hemocentro
Regional de Uberlândia do período de dezembro de 2006 a dezembro 2009.
Objetivos Específicos
Verificar a incidência de notificações de incidentes transfusionais imediatos no
período estudado.
Identificar os tipos de incidentes transfusionais imediatos, os tipos de
hemocomponentes liberados e as manifestações clínicas registradas.
Verificar se há associação entre os tipos de incidentes transfusionais
imediatos ocorridos e o(s) tipo(s) de hemocomponente(s) transfundido(s).
Identificar a frequência de história pregressa de hemotransfusão.
Identificar a ocorrência de incidente transfusional prévio entre os receptores
que apresentaram incidente transfusional imediato.
31
3 – MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo, com abordagem
quantitativa.
Segundo Pereira (2008), os estudos epidemiológicos que abordam os
serviços de saúde são realizados com objetivos diversos, entre os quais conhecer a
situação, com o intuito de identificar problemas, assim como investigar suas
causas, propor soluções compatíveis e avaliá-las com os métodos usados em
epidemiologia.
3.2 Campo de estudo
O estudo foi realizado no Hemocentro Regional de Uberlândia, o qual é
responsável pela distribuição e controle de hemocomponentes a 42 instituições de
saúde dos municípios de Uberlândia, Patrocínio, Prata, Araguari, Coromandel,
Monte Alegre, Tupaciguara e Monte Carmelo. Essas instituições incluem as
agências, as assistências e o ambulatório transfusional do próprio Hemocentro
Regional de Uberlândia.
Segundo a RDC nº151 (Brasil, 2001), Hemocentro Regional caracteriza-se
como instituição de âmbito regional, de natureza pública, para atuação
macrorregional na área hemoterápica e/ou hematológica e atende às agências
transfusionais, assistências e ambulatórios transfusionais, assim definidos:
- Agência transfusional: aquela com localização preferencialmente intra-hospitalar,
com a função de armazenar, realizar testes de compatibilidade entre doador e
receptor e transfundir os hemocomponentes liberados.
32
- Assistências transfusionais: instituições de assistência à saúde que não têm
serviços de hemoterapia; recebem hemocomponentes do serviço distribuidor e são,
por esse motivo, responsáveis pelo ato transfusional.
3.3 População
A população deste estudo constituiu-se de 202 Fichas de Notificação e
Investigação de Incidentes Transfusionais (FITs), recebidas pelo Hemocentro
Regional de Uberlândia, no período de dezembro de 2006 a dezembro de 2009, que
atenderam aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos nesse estudo.
Critérios de inclusão
Foram incluídas as FITs recebidas no período estudado, notificadas pelo
Comitê Transfusional do Hemocentro à Diretoria Técnico-Científica da Fundação
Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Fundação Hemominas),
para posterior envio da cópia da FIT à Câmara Técnica de Hemoterapia (Nível
Estadual).
Ressalta-se que a procedência dessas FITs foi dos municípios atendidos pelo
Hemocentro Regional de Uberlândia, que incluem: Uberlândia, Patrocínio, Prata,
Araguari, Coromandel, Monte Alegre, Tupaciguara e Monte Carmelo, totalizando 42
instituições de saúde atendidas.
Critérios de exclusão
Foram excluídas as FITs não enviadas à Diretoria Técnico-Científica em Belo
Horizonte por estarem com preenchimento incompleto e não terem sido concluídas
pelos Comitês Transfusionais de origem, local no qual o incidente transfusional
imediato ocorreu.
33
3.4 Período retrospectivo de análise
Foram analisadas as FITs recebidas do período de dezembro de 2006 a
dezembro de 2009, considerado como período retrospectivo de análise neste
estudo.
A determinação deste período de busca de dados se deu por considerar que
a partir de dezembro de 2006 substituiu-se a FIT simplificada e adotou-se o modelo
de FIT completo, fornecido pela ANVISA (BRASIL, 2003) e adaptado pela Fundação
Hemominas, e pelo fato do Comitê Transfusional do Hemocentro Regional de
Uberlândia, implantado em 2005 de forma incipiente, ter se reestruturado a partir de
dezembro de 2006.
Para facilitar a busca e organização dos dados das FITs, estabeleceram-se os
seguintes períodos:
2007: incluiu de dezembro de 2006 a dezembro de 2007.
2008: incluiu de janeiro de 2008 a dezembro de 2008.
2009: incluiu de janeiro de 2009 a dezembro de 2009.
3.5 Coleta de dados
3.5.1 Procedimentos
Os dados foram obtidos das FITs provenientes das 42 instituições de saúde,
atendidas pelo Hemocentro Regional de Uberlândia, as quais foram notificadas à
Diretoria Técnico Científica da Fundação Hemominas, no período de dezembro de
2006 a dezembro de 2009.
Para nortear a obtenção desses dados, utilizou-se um instrumento de coleta
de dados específico para este fim (Apêndice 1).
34
Instrumento de Coleta
O instrumento de coleta de dados foi construído a partir dos dados existentes
na FIT (Anexo 1), os quais foram codificados (Apêndice 1) e, posteriormente,
inseridos em uma planilha eletrônica (Apêndice 1-A) do programa Excel® para
Windows XP®.
O instrumento de coleta de dados constituiu-se de informações referentes aos
aspectos sociodemográficos e clínicos dos receptores e aspectos relacionados à
transfusão.
Os dados referentes aos aspectos sociodemográficos e clínicos dos
receptores incluíram a procedência (unidade e município onde ocorreu a transfusão),
idade, gênero (masculino e feminino) e diagnóstico clínico.
Os dados relacionados à transfusão incluiram o tipo de transfusão (autóloga
ou homóloga), indicação transfusional, manifestações clínicas apresentadas pelo
receptor, tipo de hemocomponente transfundido, tipo de incidente transfusional
imediato, história pregressa de hemotransfusão e história de incidentes
transfusionais prévios.
Ressalta-se que esses itens constam no modelo de FIT fornecido pela
ANVISA (BRASIL, 2003).
Os incidentes transfusionais imediatos foram considerados segundo a
classificação adotada pela ANVISA (BRASIL, 2003) em: reação hemolítica aguda,
reação febril não hemolítica, reação alérgica, contaminação bacteriana, sobrecarga
volêmica, edema pulmonar não cardiogênico/TRALI, reação hipotensiva, hemólise
não imune e outros.
35
Aspectos éticos
A coleta de dados iniciou-se após a aprovação do projeto de pesquisa pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Fundação Hemominas, sob parecer número
259 (Anexo 2).
Ressalta-se que se garantiu o sigilo quanto à identificação dos sujeitos da
pesquisa por meio de numeração das FITs, cujos dados foram inseridos no
instrumento de coleta de dados (Apêndice 1).
3.6 Tratamento dos dados
Os dados foram inseridos em uma planilha eletrônica do programa Excel®
para Windows XP® e foram transportados para o programa Statistical Package for
the Social Sciences (SPSS) versão 16.0 para Windows XP® para processamento e
análise.
Para calcular a incidência de reações transfusionais imediatas no período
estudado, utilizou-se a seguinte fórmula:
Incidência = número de “casos novos” em determinado período x constante
número de pessoas expostas ao risco, no mesmo período
Pereira (2008) afirma que a incidência de determinado evento é o número de
casos novos que surgiram em determinado período de tempo.
Para identificar os tipos de incidentes transfusionais imediatos, tipos de
hemocomponentes liberados, manifestações clínicas ocorridas e história pregressa
de hemotransfusão, utilizou-se estatística descritiva com frequência absoluta,
relativa e média.
Para verificar se houve associação entre cada tipo de hemocomponente
transfundido e os diferentes tipos de incidentes transfusionais imediatos notificados,
utilizou-se o teste exato de Fisher.
O teste exato de Fisher é aplicado para testar a hipótese de que duas
variáveis, apresentadas em uma tabela 2 x 2, estão associadas (VIEIRA, 2003).
36
Os resultados foram considerados significativos em nível de significância de
5% (p < 0,05), conferindo-se a estes, 95% de confiança de que estejam corretos.
3.7 Variáveis do estudo
Variável Desfecho
- Tipos de incidentes transfusionais imediatos. Foram considerados os
seguintes incidentes, segundo Brasil (2003): reação hemolítica aguda, reação
alérgica, reação febril não hemolítica, sobrecarga volêmica, edema pulmonar não
cardiogênico (TRALI), reação por contaminação bacteriana da bolsa, reação
hipotensiva e hemólise não imune.
Variáveis Explicativas
- Sociodemográficas e clínicas que incluiram:
Gênero do receptor: masculino e feminino.
Procedência: refere-se ao local em que se realizou a notificação do
incidente transfusional. Incluíram-se os municípios de Uberlândia,
Patrocínio, Prata, Araguari, Coromandel, Monte Alegre, Tupaciguara e
Monte Carmelo, atendidos pelo Hemocentro Regional de Uberlândia.
Diagnóstico clínico apresentado pelo receptor: os diagnósticos foram
agrupados em neoplasias, anemia em doenças crônicas, anemia
aguda pós-hemorrágica, anemias aplásticas, defeitos de coagulação e
anemias hemolíticas, segundo a Organização Mundial da Sáude.
História pregressa de hemotransfusão: registro de ocorrência ou não
de hemotransfusão prévia.
História de incidente transfusional imediato prévio: registro de
ocorrência ou não de incidente transfusional prévio.
37
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período de dezembro de 2006 a dezembro de 2009, o Hemocentro
Regional de Uberlândia distribuiu 83951 unidades de hemocomponentes às 42
instituições por ele atendidas e ao ambulatório transfusional do respectivo
hemocentro. Verificou-se que o concentrado de hemácias foi o hemocomponente
liberado em maior quantidade pelo hemocentro, 54253 (64,6%) unidades
distribuídas (tabela 1).
Quanto ao período da liberação dos hemocomponentes, observou-se que
30039 (35,8%) foram liberados em 2007, 28763 (34,3%) em 2008 e 25149 (29,9%)
em 2009.
Tabela 1: Distribuição de hemocomponentes segundo o tipo, liberados
pelo Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia-MG, 2007-2009.
Tipo de Hemocomponente n %
Concentrado de hemácias 54253 64,6
Concentrado de plaquetas 18411 22,0
Plasma fresco congelado 9678 11,5
Crioprecipitado 1609 1,9
Total 83951 100,0
Verificou-se que a maioria dos hemocomponentes distribuídos foi concentrado
de hemácias, corroborando com estudo realizado por Costa (2006), no qual avaliou
a distribuição de hemocomponentes em um hospital universitário no sul do Brasil.
Ressalta-se que, dos hemocomponentes liberados pelo Hemocentro Regional
de Uberlândia, possivelmente nem todos foram transfundidos, considerando o
processo de devolução do hemocomponente ao serviço de hemoterapia, quando em
condições adequadas de armazenamento.
Foram notificados, no presente estudo, 202 incidentes transfusionais
imediatos. Destes, 38 (18,8%) foram notificados em 2007, 90 (44,6%) em 2008 e 74
(36,6%) em 2009.
38
Verificou-se que a incidência de notificações de incidentes transfusionais
imediatos no período estudado foi de 0,24%. A maior incidência de notificações
ocorreu em 2008, conforme figura 1.
0,12%
0,29%
0,31%
0,00%
0,05%
0,10%
0,15%
0,20%
0,25%
0,30%
0,35%
2007 2008 2009
Anos
Porcentagem
Figura 1: Incidência das notificações de incidentes transfusionais imediatos
do Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia (MG), 2007-2009.
Esse aumento na incidência, observado em 2008, provavelmente, deve-se ao
fato de, naquele período, ter ocorrido maior divulgação e atuação dos comitês
transfusionais nas instituições de saúde. Naquele período também ocorreram
treinamentos oferecidos pelo hemocentro aos profissionais de saúde envolvidos na
hemoterapia, os quais foram orientados sobre a necessidade de melhoria na
segurança transfusional, na identificação, manejo e notificação dos possíveis
incidentes transfusionais imediatos.
Isso aponta para a importância de programas continuados de treinamento,
como por exemplo, os programas de educação continuada.
Silva; Seiffert (2009) afirmam que o levantamento das necessidades é
fundamental para a projeção da programação da educação continuada, quando se
deve tomar como ponto de partida as dificuldades reais do campo de atuação
profissional e favorecer o envolvimento dos sujeitos no desenvolvimento da
programação.
39
Larison; Cook (2006) destacaram que as taxas de ocorrência dos diversos
tipos de incidentes transfusionais, juntamente com seus sinais e sintomas, são úteis
para a determinação exata do tipo de incidente ocorrido.
Observou-se que dentre os municípios que recebem hemocomponentes do
Hemocentro Regional de Uberlândia, participaram do processo de notificação no
período estudado, os municípios: Uberlândia com 196 (97,0%) notificações; Araguari
com três (1,5%) notificações, Monte Alegre de Minas com duas (1,0%) e Patrocínio
com uma (0,5%) notificação.
Do total de notificações do período estudado, 121 (59,9%) foram provenientes
de um hospital público de ensino que atende pacientes de alta complexidade de
Uberlândia e região, e 51 (25,2%) foram do ambulatório transfusional do
Hemocentro Regional de Uberlândia, conforme tabela 2.
Tabela 2: Distribuição das notificações segundo a procedência. Uberlândia-MG, 2007-
2009.
Unidades de Saúde n %
Hospital público de ensino de Uberlândia 121 59,9
Ambulatório do Hemocentro Regional de Uberlândia 51 25,2
demais unidades de saúde - Uberlândia 24 11,9
unidades de saúde - Araguari 3 1,5
unidades de saúde - Monte Alegre de Minas 2 1,0
unidades de saúde - Patrocínio 1 0,5
Total 202 100,0
O maior número de notificações originadas em um hospital público de ensino
pode ter ocorrido por ser o mesmo referência para o atendimento de alta
complexidade, responsável pela assistência à saúde da população do município de
Uberlândia e região, além de ser o serviço em que ocorre o maior número de
transfusões.
40
Do total de 42 instituições atendidas pelo Hemocentro Regional de
Uberlândia, 18 (42,8%) possuem comitê transfusional implantado, inclusive as
unidades de saúde de Araguari, Monte Alegre de Minas e Patrocínio.
Acredita-se que o menor número de notificações nas unidades de saúde de
Araguari, Monte Alegre de Minas e Patrocínio comparado ao Hemocentro Regional
de Uberlândia e o hospital público de ensino de Uberlândia, deve-se, provavelmente,
à menor frequência de hemotransfusões nas referidas instituições.
Quanto às variáveis sociodemográficas dos receptores que apresentaram
reações transfusionais, verificou-se que 102 (50,5%) foram de receptores do sexo
masculino, e 99 (49,0%) feminino e em uma (0,5%) FIT analisada não houve
identificação do sexo do receptor.
Nota-se que não houve predominância entre os sujeitos quanto ao gênero,
corroborando com resultados da pesquisa realizada por Callera et al. (2004).
Com relação ao diagnóstico médico para indicação das hemotransfusões,
observou-se que 79 (39,1%) apresentavam diagnóstico de neoplasia, 47 (23,3%)
anemia em doenças crônicas, 34 (16,8%) anemia aguda pós-hemorrágica, 16 (7,9%)
síndrome mielodisplásica, 13 (6,4%) anemia aplástica, seis (3,0%) defeitos de
coagulação e cinco (2,5%) apresentavam anemias hemolíticas. Duas FITs (1%) não
informavam o diagnóstico do paciente.
O número elevado de receptores com diagnóstico clínico de neoplasia
corrobora com outros estudos em que houve maior ocorrência de notificações entre
pacientes oncológicos (MARTINEZ et al., 1997; COSTA, 2006).
Jurado (1997) afirma que é muito comum a transfusão de sangue em
pacientes com câncer, devido à depressão da medula óssea com diminuição da
produção de células sanguíneas resultantes do tratamento específico para essa
doença. Assim, em decorrência de múltiplas transfusões esses pacientes ficam mais
susceptíveis a desenvolver reações transfusionais.
A maioria das reações notificadas no período estudado 198 (98,0%) ocorreu
em transfusões homólogas e quatro (2,0%) decorreram de transfusões autólogas.
Vieira; Poli (2007) afirmam que apesar de a transfusão autóloga ter sido
descrita em 1920, somente ganhou importância na década de 80, com o risco de
41
transmissão do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) por meio da transfusão de
sangue. Entretanto, a falta de conhecimento sobre sua eficácia, o envolvimento de
vários profissionais nos cuidados com o paciente, a falta de padronização das
práticas clínicas e os custos dos procedimentos contribuem para a subutilização da
transfusão autóloga.
Com relação aos tipos de hemocomponentes, observou-se que o concentrado
de hemácias apresentou maior frequência 107 (53%) entre as FITs analisadas nesse
estudo, conforme tabela 3.
Tabela 3: Distribuição dos tipos de hemocomponentes identificados nas FITs
analisadas. Uberlândia–MG, 2007-2009.
Tipo de Hemocomponente n %
Concentrado de hemácias 107 53,0
Concentrado de plaquetas 78 38,6
Plasma fresco congelado 8 4,0
Concentrado de hemácias e plasma
fresco congelado
5
2,5
Concentrado de hemácias e
concentrado de plaquetas
4
2,0
Total 202 100,0
Nota-se que o concentrado de hemácias foi o hemocomponente identificado
com maior frequência nas FITs, comparado aos demais. Isto provavelmente se
deve por considerar o amplo consumo de concentrado de hemácias, principalmente
pelos hospitais que atendem pacientes politraumatizados com hemorragia aguda e
pacientes que necessitam submeter-se à procedimentos cirúrgicos.
Esse resultado diverge dos resultados encontrados em outras investigações,
com metodologia similar, nas quais o concentrado de plaquetas foi o
hemocomponente identificado com maior frequência nas notificações
(SIEGENTHALER et al., 2005; MICHLIG et al., 2003; STAINSBY et al., 2004;
RASONGLÈS et al., 2009; COSTA, 2006; RAMOS et al., 2003; YAILÉN;
HERNÁNDEZ; RODRÍGUEZ, 2004; CALLERA et al., 2004).
42
Verificou-se que houve registro de plasma fresco congelado em oito (4,0%)
FITs analisadas.
Em estudo realizado por Siegenthaler et al. (2005), observou-se que o plasma
fresco congelado foi o hemocomponente registrado com menor frequência nas FITs.
Entretanto, não se investigou se havia associação entre os hemocomponentes com
cada tipo de incidente transfusional imediato notificado.
O Hemocentro Regional de Uberlândia liberou 1609 unidades de
crioprecipitado no período estudado, mas não houve caso notificado de reação
transfusional com esse hemocomponente.
Com relação aos tipos de incidentes transfusionais imediatos notificados,
verificou-se que a maioria, 114 (56,4%) foi reação febril não hemolítica, conforme
tabela 4.
Tabela 4: Distribuição dos Incidentes transfusionais imediatos notificados pelo
Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-2009.
Tipo de incidente transfusional imediato n %
Reação febril não hemolítica 114
Reação alérgica leve 49
Tipo não identificado
11
5,3
Reação alérgica moderada 7 3,5
Contaminação bacteriana
5
2,5
Reação alérgica leve e reação febril não
hemolítica
5
2,5
Reação alérgica grave
3
1,5
Sobrecarga volêmica
3
1,5
Reação hemolítica aguda 3
1,5
Reação febril não hemolítica e contaminação
bacteriana
2
1,0
Total 202 100,0
Nota-se que entre os tipos de incidentes transfusionais notificados, a maioria,
114 (56,4%), apresentou reação febril não hemolítica.
43
Resultados semelhantes foram evidenciados em pesquisas de metodologia
similar, nas quais a ocorrência de reação febril não hemolítica foi maior comparada
aos demais incidentes notificáveis (SIEGENTHALER et al., 2005; MICHLIG et al.,
2003; CALLERA et al., 2004; RAMOS et al., 2003; GAUVIN et al., 2006). Entretanto,
resultados divergentes foram encontrados em outros estudos com metodologia
similar que observaram ser a reação alérgica o incidente mais notificado, seguido da
reação febril não hemolítica (REBIBO et al., 2004; CLIMENT-PERIS; VÉLEZ-
ROSARIO 2001; BALLESTER et al 2006; KELLER-STANISLAWSKI et al., 2009).
A reação febril não hemolítica é um diagnóstico de exclusão, visto que os
sinais e sintomas inespecíficos podem ter muitas outras causas. A febre, um dos
sinais característicos desse tipo de reação, pode ser causada por outro tipo de
reação ou outra enfermidade subjacente. Outros achados, como a história pregressa
de transfusão, de transplante, gravidez e terapia medicamentosa são importantes
para a precisão do diagnóstico (LARISON; COOK, 2006). Assim, torna-se muitas
vezes complexo o diagnóstico dessas reações.
Nota-se que houve três casos de reação hemolítica aguda, corroborando com
estudo de metodologia similar realizado na Suíça, no qual evidenciou-se seis casos
de reação hemolítica aguda, que resultaram de transfusão de sangue com
incompatibilidade do sistema ABO, em 233 incidentes transfusionais notificados no
período de três anos (MICHLIG et al., 2003).
Ressalta-se que devida atenção deve ser dada à reação hemolítica aguda por
se tratar de um incidente grave e evitável. As quatro principais causas de erros
evitáveis são: a identificação imprópria da amostra, identificação imprópria do
paciente, erro na identificação do anticorpo e erro nos procedimentos de prova
cruzada. Os dois primeiros são geralmente erros da equipe médica ou de
enfermagem, enquanto os dois últimos do serviço de hemoterapia (LARISON;
COOK, 2006).
Em estudo de Regan e Taylor (2002), verificou-se que foram notificados 97
casos de reações hemolíticas agudas em dois anos no Reino Unido, dos quais
houveram quatro mortes e 29 casos de morbidade imediata. Os autores também
descreveram em seu estudo medidas que foram introduzidas para melhorar a
segurança transfusional, como a implementação de protocolos para evitar erros
44
transfusionais, relatórios anuais de hemovigilância, pulseiras com códigos para
identificar pacientes e investimento na formação e treinamento dos profissionais
envolvidos em hemotransfusão.
O Brasil possui um sistema de hemovigilância em fase de consolidação e
aperfeiçoamento, que logrou avanços com o envolvimento, ainda que incipiente, das
instituições de saúde do país e pela crescente divulgação das informações extraídas
das notificações de reações transfusionais por meio da publicação anual de
relatórios e boletins de hemovigilância. Observam-se altas taxas de subnotificação
e há problemas na qualidade do preenchimento da ficha de notificação e na
qualidade do diagnóstico da reação (BRASIL, 2009).
A grande diferença do número de notificações de reação hemolítica aguda
entre o Brasil e o Reino Unido pode sugerir a subnotificação de incidentes
transfusionais imediatos no nosso país. O Reino Unido possui um consolidado
sistema de hemovigilância, denominado Serious Hazards of Transfusion (SHOT)
que, por meio da análise das notificações, elabora relatórios dos eventos mais
comuns, seguido de orientações e padronizações para todos os serviços e
profissionais de saúde do país, com o objetivo de minimizar os erros transfusionais
(PROIETTI; CIOFFI, 2008).
Já no Brasil, os serviços e profissionais de saúde parecem temer que a
notificação possa denegrir a boa imagem dos serviços de hemoterapia e hospitais
existentes no país (PROIETTI; CIOFFI, 2008).
Apesar de não ser objetivo deste estudo a análise do registro de exames de
hemocultura, verificou-se que em 39 (19,3%) notificações houve realização de
hemocultura em amostra de sangue do receptor, e em 24 (11,8%) notificações havia
registro de resultado de hemocultura em amostra da unidade do hemocomponente.
Observou-se que cinco notificações de incidentes transfusionais imediatos
estavam relacionadas à contaminação bacteriana de hemocomponentes. Dentre as
cinco notificações, apenas uma estava relacionada à transfusão de plaquetas, o que
difere do encontrado na literatura, onde o concentrado de plaquetas representa o
hemocomponente que oferece maior risco de contaminação comparado ao
concentrado de hemácias, plasma fresco congelado ou crioprecipitado (UBIALI;
SANTIS, 2007).
45
Kuehnert; Roth; Haley; et al (2001) afirmam que devido à maior temperatura
de armazenamento, as plaquetas são mais frequentemente contaminadas por
bactérias do que as hemácias ou plasma fresco congelado.
Mathai (2009) afirma que quanto maior o tempo de armazenamento das
plaquetas, maior é o número de microrganismos presentes na unidade do
hemocomponente, e maior o risco de reação transfusional.
Embora não tenha sido objetivo deste estudo, destaca-se que das cinco
notificações concluídas como contaminação bacteriana, em três notificações
confirmou-se, laboratorialmente, crescimento bacteriano do hemocomponente.
Destas, duas estavam contaminadas por Staphilococcus aureus e uma por
Citrobacter koseri.
O Staphilococcus aureus é um coco gram-positivo capaz de sobreviver por
longos períodos em objetos inanimados secos. Os seres humanos constituem o
principal reservatório desse microrganismo, que coloniza as narinas, a pele e a
orofaringe do homem. São geralmente transmitidos de pessoa a pessoa
principalmente por meio de contato (TALLY; BARG, 2002).
O Citrobacter koseri é um microrganismo gram-negativo oportunista que
infecta mais comumente recém-nascidos e imunodeprirmidos. Pode provocar sepse
e infecção no sistema nervoso central, com possível surgimento de abscessos
cerebrais e meningite neonatal (TOWNSEND, GONZALEZ-GOMEZ, BADGER,
2006).
Outro achado neste estudo foi a verificação, em duas notificações, da
ocorrência de reação febril não hemolítica e contaminação bacteriana,
simultaneamente. Entretanto, não houve registro de coleta de exame para realização
de hemocultura dos receptores e dos hemocomponentes em ambos os casos, não
havendo, pois, como confirmar a contaminação.
Surge o questionamento quanto à veracidade de ter ocorrido os dois tipos de
incidentes. Percebe-se que pode haver dúvidas em alguns casos, diante da
complexidade do quadro do paciente, bem como falta de exames complementares
para um diagnóstico efetivo.
Brecher; Hay (2005), em estudo que avaliou as notificações de reação por
contaminação bacteriana de hemocomponentes do sistema de hemovigilância dos
46
Estados Unidos, entre os anos 1976 a 1998, constataram que na maioria das mortes
por sepse houve presença de bactérias gram-negativas.
Stainsby et al (2006) destacaram a importância da contaminação bacteriana
de plaquetas como uma causa redutível de mortalidade e morbidade. Nos dez anos
de relatórios analisados pelo SHOT, houve 25 casos de sepse bacteriana
relacionados às plaquetas que resultaram em sete mortes. A maioria foi devido a
bactérias contaminantes da pele, e na maioria dos casos as plaquetas tinham sido
armazenadas por três ou mais dias.
Não houve notificação de TRALI no período estudado, o que sugere a
possibilidade de subnotificação, visto que esse tipo de reação é pouco
diagnosticada.
Fabron Jr. (2007) afirma que a TRALI é facilmente confundida com outras
situações de insuficiência respiratória aguda, como por exemplo, a síndrome de
angústia respiratória (SARA), sobrecarga de fluidos e insuficiência cardíaca
congestiva. Acredita-se que esse tipo de incidente deva acontecer com maior
frequência que o relatado.
Kopko; Popovsky (2007) ressaltam que devido à escassez de estudos e à
multiplicidade de termos utilizados na área de saúde, provavelmente, criou-se a
impressão de que as reações pulmonares não cardiogênicas não são clinicamente
importantes. Somente nos últimos 20 anos houve maior valorização da lesão
pulmonar com base imunológica.
Stainsby et al (2009), em estudo que avaliou casos de TRALI no Reino Unido,
verificaram que o plasma fresco congelado e o concentrado de plaquetas estavam
mais frequentemente relacionados com o desenvolvimento de TRALI do que o
concentrado de hemácias. Além disso, na maioria dos casos de TRALI, os doadores
envolvidos eram do sexo feminino.
Triulzi (2006) sugere que a não utilização de plasma de doadores do sexo
feminino pode reduzir substancialmente o número de casos de TRALI.
Considerando que a ocorrência de TRALI é estimada entre 1:1.300 e 1:5000,
concluímos que, seguramente, casos não foram identificados ou, mais
provavelmente, não notificados.
47
Um aspecto a ser considerado, quanto aos incidentes transfusionais
imediatos, é a possibilidade de ocorrência simultânea de dois tipos diferentes de
incidentes após a transfusão de um ou mais tipos de hemocomponentes (BRASIL,
2007). Assim, é possível notificar uma ou mais reações na FIT (COSTA, 2006).
No presente estudo, cinco indivíduos apresentaram simultaneamente reação
febril não hemolítica e reação alérgica. A ocorrência desses dois tipos de reação é
evento comum, portanto a utilização de meios para se prevenir as duas reações
pode ser considerada no preparo de um mesmo hemocomponente (BRASIL, 2007).
Ressalta-se que em 11 (5,3%) FITs não foram identificados os tipos de
incidentes transfusionais imediatos, o que provavelmente ocorreu por dificuldade em
se classificar o incidente baseado nos sintomas apresentados e na ausência de
realização de exames laboratoriais que permitissem concluir os casos. Entretanto,
apesar de registradas como inconclusivas, essas FITs foram concluídas e
encaminhadas à diretoria técnico-científica da Fundação Hemominas.
Para facilitar a visualização dos resultados e discussão, optou-se por
apresentar separadamente em tabelas (5, 6 e 7), a associação entre as variáveis
estudadas: tipos de incidentes transfusionais imediatos e os hemocomponentes
transfundidos (concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e plasma fresco
congelado), a seguir.
48
Tabela 5: Associação entre transfusão de concentrado de hemácias e os tipos de Incidentes
transfusionais imediatos notificados pelo Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG,
2007-2009.
Concentrado de Hemácias
Sim Não Total (n =202)
Incidentes
transfusionais
imediatos
n
% n % p n
%
Sim 3 100,0 0 0,0 0,263 3 1,5Reação hemolítica
aguda
Não
113 56,8 86 43,2 199 98,5
Sim 64 55,2 57 44,8 0,146 121 59,9Reação febril não
hemolítica
Não 52 64,2 29 35,8 81 40,1
Sim 30 25,9 24 74,1 0,751 54 26,7Reação alérgica
leve
Não
86 58,1 62 41,9 148 73,3
Sim 5 71,4 2 28,6 0,701 7 3,5Reação alérgica
moderada
Não 111 56,9 84 43,1 195 96,5
Sim 1 33,3 2 66,7 0,576 3 1,5Reação alérgica
grave
Não
115 57,8 84 42,2 199 98,5
Sim 2 66,7 1 33,3 1,000 3 1,5Sobrecarga
volêmica
Não 114 57,3 85 42,7 199 98,5
Sim 4 57,1 3 42,9 1,000 7 3,5Contaminação
bacteriana
Não 112 57,4 83 42,6 195 96,5
49
Tabela 6: Associação entre transfusão de concentrado de plaquetas e os tipos de Incidentes
transfusionais imediatos notificados pelo Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG,
2007-2009.
Concentrado de Plaquetas
Sim Não Total (n =202)
Incidentes
transfusionais
imediatos
n
% n % p n
%
Sim 0 0,0 3 100,0 0,270 3 1,5Reação hemolítica
aguda
Não
83 41,7 116 58,3 199 98,5
Sim 59 48,8 62 51,2 0,009 121 59,9Reação febril não
hemolítica
Não 24 29,6 57 70,4 81 40,1
Sim 21 38,9 33 61,1 0,748 54 26,7Reação alérgica
leve
Não
62 41,9 86 58,1 148 73,3
Sim 2 28,6 5 71,4 0,702 7 3,5Reação alérgica
moderada
Não 81 41,5 114 58,5 195 96,5
Sim 2 66,7 1 33,3 0,569 3 1,5Reação alérgica
grave
Não
81 40,7 118 59,3 199 98,5
Sim 0 0,0 3 100,0 0,270 3 1,5Sobrecarga
volêmica
Não 83 41,7 116 58,3 199 98,5
Sim 2 28,6 5 71,4 0,702 7 3,5Contaminação
bacteriana
Não 81 41,5 114 58,5 195 96,5
50
Tabela 7: Associação entre transfusão de plasma fresco congelado e os tipos de Incidentes
transfusionais imediatos notificados pelo Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG,
2007-2009.
Plasma fresco congelado
Sim Não Total (n=202)
Incidentes
transfusionais
imediatos
n
% n % p n
%
Sim 0 0,0 3 100,0 1,000 3 1,5Reação hemolítica
aguda
Não
12 6,0 187 94,0 199 98,5
Sim 3 25,0 118 75,0 0,015 121 59,9Reação febril não
hemolítica
Não 9 11,1 72 88,9 81 40,1
Sim 4 7,4 50 92,6 0,737 54 26,7Reação alérgica
leve
Não
8 5,4 140 94,6 148 73,3
Sim 0 0,0 7 100,0 1,000 7 3,5Reação alérgica
moderada
Não 12 6,2 183 93,8 195 96,5
Sim 1 8,3 2 91,7 0,169 3 1,5Reação alérgica
grave
Não
11 5,5 188 94,5 199 98,5
Sim 1 8,3 2 91,7 0,169 3 1,5Sobrecarga
volêmica
Não 11 5,5 188 94,5 199 98,5
Sim 2 16,7 5 83,3 0,058 7 3,5Contaminação
bacteriana
Não 10 5,1 185 94,9 195 96,5
Verificou-se que das 202 FITs analisadas, houve associação estatisticamente
significativa (p= 0,009) entre concentrado de plaquetas e reação febril não hemolítica
e entre o plasma fresco congelado e reação febril não hemolítica (p= 0,015).
51
O Manual Técnico de Hemovigilância (2007) destaca que a reação febril não
hemolítica é observada mais frequentemente com a infusão de concentrado de
plaquetas, o que também foi verificado neste estudo.
Heddle (2007) ressalta que a frequência de reação febril não hemolítica com
transfusão de concentrado de hemácias e concentrado de plaquetas depende do
processamento do hemocomponente. O processo de leucorredução, o tempo e as
condições de armazenamento do hemocomponente podem influenciar a liberação
de maior quantidade de citocinas pelos leucócitos, além do diagnóstico clínico e da
história transfusional dos receptores.
A associação estatisticamente significativa entre plasma fresco congelado e
reação febril não hemolítica observada nesse estudo divergiu do resultado obtido na
pesquisa de Michlig et al., (2003), em que o plasma fresco congelado apresentou
associação estatisticamente significativa com a reação alérgica.
Isto se justifica, na presente investigação, por ter se realizado a verificação de
associação entre incidentes transfusionais e hemocomponentes dentro de um grupo
de notificações e não a comparação entre grupos que apresentaram ou não
incidentes transfusionais segundo os hemocomponentes transfundidos. Isto aponta
para que estudos desta magnitude sejam realizados futuramente.
Ressalta-se que não houve associação estatisticamente significativa entre o
concentrado de hemácias e as reações apresentadas, mesmo este sendo o
hemocomponente liberado em maior quantidade.
Na Tabela 8, a seguir, encontram-se as manifestações clínicas apresentadas
pelos receptores nas notificações estudadas.
52
Tabela 8: Manifestações clínicas identificadas nos receptores que
apresentaram incidentes transfusionais imediatos notificados pelo
Hemocentro Regional de Uberlândia. Uberlândia–MG, 2007-2009.
Manifestações clínicas n %
Calafrios 117 26,9
Febre 94 21,6
Urticária 54 12,4
Taquicardia 40 9,2
Dispneia 30 7,0
Cianose 21 4,8
Náuseas 17 4,0
Hipertensão 14 3,2
Prurido 13 2,9
Vômitos 10 2,3
Dor lombar 6 1,4
Choque 5 1,1
Cefaleia 4 0,9
Edema facial 3 0,7
Dor torácica 2 0,5
Edema palpebral 2 0,5
Dor em opressão no dorso 1 0,2
Icterícia 1 0,2
Edema agudo de pulmão 1 0,2
Total 434* 100,0
*Média = 2,1 manifestações clínicas por FIT
Nota-se que calafrios e febre foram as manifestações clínicas apresentadas
com maior frequência pelos receptores, o que corrobora com os achados do estudo
de Michlig et al. (2003). Apesar de serem característicos de reação febril não
hemolítica, febre e calafrios são comuns em outros incidentes, como reação por
contaminação bacteriana e TRALI (MAZZEI; POPOVSKY; KOPKO, 2008).
É necessário que o profissional de saúde esteja apto a diferenciar, por meio
de uma avaliação clínica criteriosa e exames laboratoriais, o tipo de incidente
53
transfusional imediato apresentado pelo receptor, com vistas a um tratamento e
prevenção adequados.
Embora não tenha sido objetivo deste estudo, observou-se que a inspeção
visual do hemocomponente não contribuiu na etiologia das notificações, visto que
em 83 (41,1%) incidentes transfusionais imediatos, a inspeção foi realizada e houve
verificação de normalidade aparente da bolsa do hemocomponente transfundido.
A inspeção visual do hemocomponente contribui na suspeita de reação
transfusional, em geral do concentrado de hemácias. Quando se trata de
concentrado de hemácias, a inspeção também tem seu papel, mas é bem menos
eficaz, pois alterações relativamente grosseiras não são detectadas, em parte pela
própria característica visual desse hemocomponente. (UBIALI; SANTIS, 2007).
Quanto ao processo de investigação para classificação e confirmação da
ocorrência de reação transfusional, observou-se que em 154 (76,2%) notificações
houve coleta de amostra de sangue dos receptores após a identificação das
manifestações clínicas, com envio ao serviço de hemoterapia para realização de
exames imuno-hematológicos, e em 48 (23,8%) dos casos de incidentes tais
exames não foram realizados.
Quanto à ocorrência de transfusões prévias, verificou-se que 148 (73,3%) dos
receptores recebeu transfusões sanguíneas prévias, conforme tabela 9.
Tabela 9: Transfusões prévias registradas nas FITs recebidas pelo Hemocentro
Regional de Uberlândia (Uberlândia–MG, 2007-2009).
Transfusões prévias n %
Sim 148 73,3
Não 24 11,9
Ignorado 30 14,8
Total 202 100,0
Observou-se que a maioria dos receptores havia recebido transfusões
anteriores, corroborando com estudos de metodologia similar, nos quais a incidência
de reação transfusional é também maior em pacientes politransfundidos (MARTINEZ
et al., 1997; RAMOS et al., 2003).
54
Cardona (2001) afirma que a terapia transfusional pode acarretar muitas
complicações, entretanto, a maioria ocorre em pacientes que requerem múltiplas
transfusões.
Os indivíduos politransfundidos podem desenvolver um processo chamado
aloimunização, em que há formação de anticorpos quando exposto a contato com
determinado antígeno. Assim, em futura exposição ao mesmo antígeno, o organismo
reage imunologicamente. Essa resposta parece estar relacionada a fatores
genéticos, visto que existem receptores que a apresentam com uma mínima
exposição enquanto outros não apresentam a mesma reação, apesar de múltiplos
contatos com sangue de diferentes doadores (CARDONA, 2001).
Com relação à história de incidentes transfusionais prévios, observou-se que
88 (43,6%) não apresentaram incidentes prévios, 72 (35,6%) receptores já haviam
apresentado incidentes transfusionais prévios, e em 42 (20,8%) FITs foi marcada a
opção “ignorado” no que refere a incidentes transfusionais prévios (tabela 10).
Tabela 10: História de incidentes transfusionais registrados nas FITs recebidas pelo
Hemocentro Regional de Uberlândia (Uberlândia–MG, 2007-2009).
História de incidentes transfusionais
prévios
n %
Sim 72 35,6
Não 88 43,6
Ignorado 42 20,8
Total 202 100,0
É importante conhecer a história transfusional dos receptores e a ocorrência
de incidentes transfusionais anteriores, o que poderá contribuir na prevenção de
novos incidentes por meio de estratégias como a pré-medicação e a utilização de
hemocomponentes que passaram por processo de redução de fatores causadores
das reações.
55
5 – CONCLUSÃO
O presente estudo permitiu evidenciar as seguintes conclusões:
Quanto à incidência de notificações de incidentes transfusionais
imediatos no período estudado
Foram analisadas 202 FITs, notificadas ao Hemocentro Regional de
Uberlândia no período de dezembro de 2006 a dezembro de 2009.
A incidência de notificações de incidentes transfusionais imediatos
encaminhados ao Hemocentro Regional de Uberlândia no período de dezembro de
2006 a dezembro de 2009 foi de 0,24%. Essa incidência variou no decorrer desse
período: 0,12; 0,31 e 0,29, em 2007, 2008 e 2009, respectivamente. Os valores
observados sugerem alto índice de subnotificação.
Quanto aos tipos de incidentes transfusionais imediatos, os tipos de
hemocomponentes liberados e as manifestações clínicas
A reação febril não hemolítica foi o tipo mais frequente (56,4%) de incidente
transfusional imediato no período estudado.
O concentrado de hemácias foi o hemocomponente mais liberado (64,6%) no
período estudado.
Verificou-se que as manifestações clínicas mais freqüentes nas FITs
analisadas foram calafrios (26,9%) e febre (21,6%).
Quanto à associação entre os tipos de incidentes transfusionais
imediatos e os tipos de hemocomponentes transfundidos
Houve associação estatisticamente significativa (p<0,05) entre concentrado
de plaquetas e reação febril não hemolítica e entre plasma fresco congelado e
reação febril não hemolítica.
Quanto à história pregressa de hemotransfusão
Evidenciou-se que a maioria (73,3%) receptores, tinha história de transfusões.
Quanto à ocorrência de incidente transfusional prévio
56
Verificou-se que 35,6% dos receptores apresentaram registro de incidentes
transfusionais prévios.
57
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados desta pesquisa apontam para a necessidade de maior atuação
em hemovigilância e divulgação dos Comitês Transfusionais, visto que ainda é
pequeno o número de notificações, o que sugere subnotificação e desconhecimento
acerca da identificação, manejo e prevenção dos incidentes transfusionais.
Assim, torna-se evidente a necessidade de adoção de medidas educacionais,
preventivas e corretivas direcionadas que contribuam para o aumento da segurança
e eficácia da terapia transfusional.
Sabe-se que estas sugestões se constituem num desafio; porém, é preciso
que os profissionais de saúde que atuam em hemoterapia estejam envolvidos neste
processo para que se obtenha êxito nas ações.
Ressalta-se que algumas limitações do presente estudo podem ser
apontadas, como o fato de não ter sido considerada a possível pré-medicação dos
pacientes que apresentaram os incidentes, nem ter sido verificado o processamento
dos hemocomponentes envolvidos, que visam reduzir a possibilidade de ocorrência
de incidente transfusional imediato, como, por exemplo, a leucorredução. Contudo,
tais limitações não comprometem os resultados obtidos nesta pesquisa, e podem ser
objetos de novas pesquisas.
Espera-se que os resultados desta pesquisa posam subsidiar o
desenvolvimento de novos estudos sobre os eventos adversos apresentados por
receptores de hemocomponentes, contribuir para a segurança e qualidade da
assistência nas instituições que realizam terapia transfusional e agregar novos
conhecimentos aos profissionais de saúde que atuam nessa área.
58
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65
APÊNDICES
66
APÊNDICE 1 – FIT CODIFICADA
Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes Transfusionais Imediatos
NOTIFICAÇÃO
A
Nº DA FICHA:
B
DATA DA NOTIFICAÇÃO:
03
TIPO DE INCIDENTE: ( ) imediato ( ) tardio
D
TIPO DE TRANSFUSÃO: 1 ( ) homóloga 2 ( )
autóloga
IDENTIFICAÇÃO
C
PACIENTE ( APENAS AS INICIAIS)
E
DATA DE NASCIMENTO:
07
Nº PRONTUÁRIO
08
Nº DO CARTÃO SUS
G
SEXO: 1( ) masculino
2 ( ) feminino
H
DIAGNÓSTICO CLÍNICO (CID de internação):
HISTÓRIA TRANSFUSIONAL
I
INDICAÇÃO DA TRANSFUSÃO:
K
TRANSFUSÕES PRÉVIAS: 1( ) ATÉ 5 2( )ENTRE 5 E 10 3( )ENTRE 10 E 20 4( )MAIS DE 20 5( )Qte. ignorada 6( )NÃO HOUVE
7(
) IGNORADO
L
HISTÓRIA DE INCIDENTES TRANSFUSIONAIS PRÉVIOS: 1( ) Sim 2( ) Não 3( ) Ignorado
HEMOCOMPONENTES RELACIONÁVEIS COM A NOTIFICAÇÃO
M
TIPO DE
HEMOCOMPONENTE
15
Nº DO HEMOCOMPONENTE
16
DATA DE
EXPIRAÇÃO
17
DATA DA ADMINISTRAÇÃO
LOCAL ONDE FOI REALIZADA A TRANSFUSÃO
N
UNIDADE DE SAÚDE:
O
ESPECIFICAR O SETOR:
1( ) CENTRO CIRÚRGICO
6( ) TRANSPLANTE MEDULA
OSSEA
11( ) PEDIATRIA
2( ) RECUPERAÇÃO PÓS OPERATÓRIA
7( ) MEDICINA INTERNA 12( )NEONATOLOGIA
3( ) CENTRO OBSTÉTRICO
8( ) CLÍNICA CIRÚRGICA 13( ) HEMATOLOGIA
4( ) EMERGÊNCIA
9( ) CTI
14( ) AMBULATÓRIO DE
TRANSFUSÃO
5( )TRANSFUSÃO DOMICILIAR
10( ) OUTROS ESPECIFICAR:
20 DATA DA OCORRÊNCIA DO INCIDENTE TRANSFUSIONAL: 21
HORA:
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS/LABORATORIAIS DO INCIDENTE TRANSFUSIONAL
Q1( ) CALAFRIOS W8( ) CIVD AB13( ) HEMOGLOBINÚRIA
R2( ) USEAS X9( ) DISPNÉIA AC14( ) ICTERÍCIA
S3( ) DOR LOMBAR
Y10( ) EDEMA AGUDO DE
PULMÃO
AD15( )URTICÁRIA
T4( ) CHOQUE Z11( ) SOROCONVERSÃO AE16( )VÔMITOS
U5( ) FEBRE AA12( ) HIPERTENSÃO AF17( )TAQUICARDIA
V6( ) CIANOSE
AG dor torácica
AH dor em opressão o dorso
AI prurido
AJ eritema facial
AK cefaléia
AL edema palpebral
7( ) OUTROS ESPECIFICAR:
AM
TIPO DE INCIDENTE SUSPEITO:
24
OBSERVAÇÕES
67
INVESTIGAÇÃO
25
Tipo do hemocomponente:
26
Nº do hemocomponente:
EXAMES IMUNOEMATOLÓGICOS – AMOSTRA PACIENTE
Pré-transfusional
Pós - transfusional
27
ABO/Rh
1 AN 1 AV
28
PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
2 AO
2 AW
29
ANTICORPO(S) IDENTIFICADO(S)
3 AP 3 AX
30
PROVA DE COMPATIBILIDADE
1-compatível 2–nãocompatível 3– inconclusivo 4-não realizou 9-ignorado
4 AQ 4 AY
31
AUTO-CONTROLE
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
5 AR 5 AZ
32
ANTIGLOBULINA DIRETA / COOMBS DIRETO
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
6 AS 6 BA
33
ELUATO
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
7 AT 7 BB
34
ANTICORPO(S) IDENTIFICADO(S) NO ELUATO
8 AU 8 BC
EXAMES IMUNOEMATOLÓGICOS – AMOSTRA BOLSA
Pré-transfusional
Pós - transfusional
35
ABO/Rh
1 BD
1 BE
36
TESTE DE HEMÓLISE:
1- positivo 2- negativo 3- inconclusivo 4-não realizou 9- ignorado
2 BF
2 BG
BH HEMOCULTURA– AMOSTRA PACIENTE
37
CRESCIMENTO BACTERIANO:
1( ) positivo 2 ( ) negativo 3 ( ) inconclusivo 4 ( ) não realizou 5 ( ) ignorado
38
BI MICROORGANISMO(S) ISOLADO(S):
BJ HEMOCULTURA– AMOSTRA BOLSA
39
CRESCIMENTO BACTERIANO:
1( ) positivo 2 ( ) negativo 3 ( ) inconclusivo 4 ( ) não realizou 5 ( ) ignorado
40
BK MICROORGANISMO(S) ISOLADO(S):
41
BL INSPEÇÃO VISUAL DA BOLSA: 1 ( ) NORMAL 2 ( ) ANORMAL 3 ( ) NÃO REALIZADA/DISPONÍVEL
42
BM TIPODEANORMALIDADE:
INSTITUIÇÃO FORNECEDORA DO HEMOCOMPONENTE
43
DISTRIBUÍDO POR:
44
HEMOCAD/CODVISA:
45
TIPO DE INSTITUIÇÃO:
46
PROVAS PRÉ-TRANSFUSIONAIS REALIZADAS NA INSTITUIÇÃO DE ORIGEM DOS HEMOCOMPONENTES: ( ) Sim ( )Não
68
CONCLUSÃO
47
TIPO DO HEMOCOMPONENTE:
57
Nº DO HEMOCOMPONENTE:
48
BN PROVÁVEL GRAU DE CORRELAÇÃO COM A
TRANSFUSÃO:
1( ) CONFIRMADA 2 ( ) DESCARTADA 3 ( ) INCONCLUSIVA
49
BO TIPO DE INCIDENTE IMEDIATO:
1( ) Reação hemolítica aguda
2( ) Reação febril não hemolítica
3( ) Reação alérgica ( ) leve ( ) moderada ( ) grave
4( ) Sobrecarga volêmica
5( ) Contaminação bacteriana
6( ) Edema pulmonar não cardiogênico / TRALI
7( ) Reação hipotensiva
8( ) Hemólise não imune
9( ) Outros. Especificar:
50
BP GRAVIDADE
GRAU:
1( ) I – AUSÊNCIA DE RISCO DE VIDA IMEDIATO OU A LONGO PRAZO
2( ) II – MORBIDADE A LONGO PRAZO
3( ) III – RISCO DE VIDA IMEDIATO
4( ) IV – MORTE
51
PROVÁVEL LOCAL (INSTITUIÇÃO OU SETOR) DA NÃO CONFORMIDADE
52
HÁ SUSPEITA DE REAÇÃO ADVERSA OU QUEIXA TÉCNICA REFERENTES AOS PRODUTOS DE SAÚDE
EMPREGADOS NO PROCEDIMENTO. Ex: bolsa, equipo,kit imunematológico, kit sorológico e outros ( ) SIM ( ) NÃO
53
EM CASO AFIRMATIVO, HOUVE NOTIFICAÇÃO? ( ) SIM ( ) NÃO
54
EM CASO AFIRMATIVO, QUAL O Nº DA NOTIFICAÇÃO DA TECNOVIGILÂNCIA?
55
OBSERVAÇÕES E CONCLUSÃO DO RESPONSÁVEL PELA HEMOVIGILÂNCIA
Por que aconteceu?
Assinatura do responsável pela hemovigilância (Comitê Transfusional) no local
69
APÊNDICE 1-A – Instrumento de coleta de dados
Nº da
Ficha
Ano
notif.
Iniciais
do pac.
Tipo de
transf.
Data de
nasc.
Idade Sexo
Diag.
clínico
Indicação
da transf.
Transf.
prévias
transf.
Prévias
Incid.
transf.
prévios
Tipo de
hemo-
componente
transf.
Unid.
Saúde
Setor
70
Nº da
Ficha
Município
MC
calafrios
MC
náuseas
MC
dor
lombar
MC
choque
MC
febre
MC
cianose
MC
CIVD
MC
dispnéia
MC
edema
agudo
de
pulmão
MC
soroconversão
MC
hipertensão
MC
hemoglobinúria
MC
icterícia
71
Nº da
Ficha
MC
urticária
MC
vômitos
MC
taquicardia
MC dor
torácica
MC dor
em
opressão
no dorso
MC
prurido
MC
eritema
facial
MC
cefaléia
MC
edema
palpebral
Tipo de
incidente
suspeito
ABO/Rh
pré-
paciente
PAI pré
paciente
anticorpos
ident. Pré
prova de
compatibilidade
pré
72
Nº da
Ficha
Auto-
controle
pré
Coombs
direto
pré
Eluato
pré
Anticorpos
identidicados
no eluato pré
ABO/Rh
pós-
paciente
PAI pós
paciente
anticorpos
ident. Pós
prova de
compatibilidade
pós
Auto-
controle
pós
Coombs
direto
pós
Eluato
pós
Anticorpos
identidicados
no eluato
pós
ABO/RH
bolsa
pré
ABO/RH
bolsa
pós
73
Nº da
Ficha
teste de
hemólise
bolsa
pré
teste de
hemólise
bolsa
pós
Hemocultura
paciente
Microorganismos
isol. Pac.
Hemocultura
bolsa
Microorganismos
isol. bolsa
Inspeção
visual da
bolsa
Tipo de
anormalidade
na inspeção
Grau de
correlação
com a
transfusão
Tipo de
incidente
imediato
Gravidade
74
ANEXOS
75
ANEXO 1 – Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes
Transfusionais
Ficha de Notificação e Investigação de
Incidentes Transfusionais Imediatos
NOTIFICAÇÃO
01
Nº DA FICHA:
02 DATA DA NOTIFICAÇÃO:
03
TIPO DE INCIDENTE: ( ) imediato ( ) tardio
04
TIPO DE TRANSFUSÃO: ( ) homóloga ( ) autóloga
IDENTIFICAÇÃO
05
PACIENTE ( APENAS AS INICIAIS)
06
DATA DE NASCIMENTO:
07
Nº PRONTUÁRIO
08
Nº DO CARTÃO SUS
09
SEXO: ( ) masculino
( ) feminino
10
DIAGNÓSTICO CLÍNICO (CID de internação):
HISTÓRIA TRANSFUSIONAL
11
INDICAÇÃO DA TRANSFUSÃO:
12
TRANSFUSÕES PRÉVIAS:( ) ATÉ 5 ( )ENTRE 5 E 10 ( )ENTRE 10 E 20 ( )MAIS DE 20 ( )Qte. ignorada ( )NÃO HOUVE ( ) IGNORADO
13
HISTÓRIA DE INCIDENTES TRANSFUSIONAIS PRÉVIOS: ( ) Sim ( ) Não ( ) Ignorado
HEMOCOMPONENTES RELACIONÁVEIS COM A NOTIFICAÇÃO
14
TIPO DE
HEMOCOMPONENTE
15
Nº DO HEMOCOMPONENTE
16
DATA DE
EXPIRAÇÃO
17
DATA DA ADMINISTRAÇÃO
LOCAL ONDE FOI REALIZADA A TRANSFUSÃO
18
UNIDADE DE SAÚDE:
19
ESPECIFICAR O SETOR:
( ) CENTRO CIRÚRGICO ( ) TRANSPLANTE MEDULA OSSEA
( ) PEDIATRIA
( ) RECUPERAÇÃO PÓS OPERATÓRIA ( ) MEDICINA INTERNA
( )NEONATOLOGIA
( ) CENTRO OBSTÉTRICO ( ) CLÍNICA CIRÚRGICA
( ) HEMATOLOGIA
( ) EMERGÊNCIA ( ) CTI
( ) AMBULATÓRIO DE TRANSFUSÃO
( )TRANSFUSÃO DOMICILIAR
( ) OUTROS ESPECIFICAR:
20 DATA DA OCORRÊNCIA DO INCIDENTE TRANSFUSIONAL: 21
HORA:
22
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS/LABORATORIAIS DO INCIDENTE TRANSFUSIONAL
( ) CALAFRIOS ( ) CIVD ( ) HEMOGLOBINÚRIA
( ) NÁUSEAS
( ) DISPNÉIA ( ) ICTERÍCIA
( ) DOR LOMBAR ( ) EDEMA AGUDO DE PULMÃO ( )URTICÁRIA
( ) CHOQUE
( ) SOROCONVERSÃO ( )VÔMITOS
( ) FEBRE
( ) HIPERTENSÃO ( )TAQUICARDIA
( ) CIANOSE
( ) OUTROS ESPECIFICAR:
23 TIPO DE INCIDENTE SUSPEITO:
76
24
OBSERVAÇÕES
INVESTIGAÇÃO
25
Tipo do hemocomponente:
26
Nº do hemocomponente:
EXAMES IMUNOEMATOLÓGICOS – AMOSTRA PACIENTE
Pré-transfusional
Pós - transfusional
27
ABO/Rh
28
PESQUISA DE ANTICORPOS IRREGULARES
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
29
ANTICORPO(S) IDENTIFICADO(S)
30
PROVA DE COMPATIBILIDADE
1-compatível 2–nãocompatível 3– inconclusivo 4-não realizou 9-ignorado
31
AUTO-CONTROLE
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
32
ANTIGLOBULINA DIRETA / COOMBS DIRETO
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
33
ELUATO
1- positivo 2– negativo 3– inconclusivo 4- não realizou 9- ignorado
34
ANTICORPO(S) IDENTIFICADO(S) NO ELUATO
EXAMES IMUNOEMATOLÓGICOS – AMOSTRA BOLSA
Pré-transfusional
Pós - transfusional
35
ABO/Rh
36
TESTE DE HEMÓLISE:
1- positivo 2- negativo 3- inconclusivo 4-não realizou 9- ignorado
HEMOCULTURA– AMOSTRA PACIENTE
37
CRESCIMENTO BACTERIANO:
( ) positivo ( ) negativo ( ) inconclusivo ( ) não realizou ( ) ignorado
38
MICROORGANISMO(S) ISOLADO(S):
HEMOCULTURA– AMOSTRA BOLSA
39
CRESCIMENTO BACTERIANO:
( ) positivo ( ) negativo ( ) inconclusivo ( ) não realizou ( ) ignorado
40
MICROORGANISMO(S) ISOLADO(S):
41
INSPEÇÃO VISUAL DA BOLSA: ( ) NORMAL ( ) ANORMAL ( ) NÃO REALIZADA/DISPONÍVEL
42
TIPODE ANORMALIDADE:
INSTITUIÇÃO FORNECEDORA DO HEMOCOMPONENTE
43
DISTRIBUÍDO POR:
44
HEMOCAD/CODVISA:
45
TIPO DE INSTITUIÇÃO:
46
PROVAS PRÉ-TRANSFUSIONAIS REALIZADAS NA INSTITUIÇÃO DE ORIGEM DOS HEMOCOMPONENTES: ( ) Sim ( )Não
77
CONCLUSÃO
47
TIPO DO HEMOCOMPONENTE:
57
Nº DO HEMOCOMPONENTE:
48
PROVÁVEL GRAU DE CORRELAÇÃO COM A TRANSFUSÃO:
( ) CONFIRMADA ( ) DESCARTADA ( ) INCONCLUSIVA
49 TIPO DE INCIDENTE IMEDIATO:
( ) Reação hemolítica aguda
( ) Reação febril não hemolítica
( ) Reação alérgica ( ) leve ( ) moderada ( ) grave
( ) Sobrecarga volêmica
( ) Contaminação bacteriana
( ) Edema pulmonar não cardiogênico / TRALI
( ) Reação hipotensiva
( ) Hemólise não imune
( ) Outros. Especificar:
50
GRAVIDADE
GRAU:
( ) I – AUSÊNCIA DE RISCO DE VIDA IMEDIATO OU A LONGO PRAZO
( ) II – MORBIDADE A LONGO PRAZO
( ) III – RISCO DE VIDA IMEDIATO
( ) IV – MORTE
51
PROVÁVEL LOCAL (INSTITUIÇÃO OU SETOR) DA NÃO CONFORMIDADE
52
HÁ SUSPEITA DE REAÇÃO ADVERSA OU QUEIXA TÉCNICA REFERENTES AOS PRODUTOS DE SAÚDE
EMPREGADOS NO PROCEDIMENTO. Ex: bolsa, equipo,kit imunematológico, kit sorológico e outros ( ) SIM ( ) NÃO
53
EM CASO AFIRMATIVO, HOUVE NOTIFICAÇÃO? ( ) SIM ( ) NÃO
54
EM CASO AFIRMATIVO, QUAL O Nº DA NOTIFICAÇÃO DA TECNOVIGILÂNCIA?
55
OBSERVAÇÕES E CONCLUSÃO DO RESPONSÁVEL PELA HEMOVIGILÂNCIA
Por que aconteceu?
Assinatura do responsável pela hemovigilância (Comitê Transfusional) no local
78
ANEXO 2 – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em
Pesquisa da Fundação Hemominas
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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