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Entrevista nº 10 – 01/11/2006
Tiago
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, 19 anos, branco, estampador, entrevistado no Grupo São Lucas.
O pai nasceu em São José do Rio Pardo-SP, estudou até a 2ª do ensino médio, aposentado
devido ao alcoolismo. A mãe nasceu em Dracena-SP, estudou até a 6ª série do ensino
fundamental e é ajudante de laboratório. Ambos são católicos, Tiago, também.
Os tios dos dois lados da família abusam do álcool.
Tiago nasceu no bairro da Mooca, São Paulo, SP e depois mudou-se para Francisco
Morato. Vive com a mãe, as irmãs e o padrasto, nenhum deles apresenta consumo abusivo.
Os pais são divorciados.
Considera-se uma pessoa tímida, bebia para mudar de humor. Não acredita que sua
dependência foi influenciada pelos parentes alcoólicos.
Aos nove ou dez anos de idade, teve o primeiro episódio de embriaguez, por curiosidade,
consumiu cerveja em festa da família, juntamente com seu primo.
O consumo progressivo deu-se principalmente nas festas de família e na escola.
Foi dependente “cruzado”, álcool e drogas (maconha e cocaína).
Terminou o namoro recente porque a moça não acreditava em Deus.
Procurou auxílio por pressão dos pais, acreditava que não tinha problema algum. Decidiu
freqüentar o AA por livre-vontade, embora não acreditasse no programa. Ingressou no
grupo pensando que não era dependente.
Afirma que por ser jovem, a manutenção da sobriedade é mais difícil. Em alguns
momentos, pensa que beber e divertir-se são coisas desejáveis para si. Por isso evita
“baladas”, acredita serem armadilhas que podem reconduzi-lo a beber. Segundo suas
palavras um maior tempo de sobriedade, fornecerá mais firmeza para, futuramente,
enfrentar essas situações e manter-se sóbrio.
Para Tiago o alcoolismo é uma doença que acaba com a vida da pessoa e com a família.
Entrevista 11 – 29/11/2006
Márcia, 43 anos, branca, auxiliar de limpeza, entrevistado no Grupo São Lucas.
Pais católicos, nascidos na cidade de São Manoel, interior do estado de São Paulo. Pai
marceneiro, teve por volta de dois anos de estudo em ambiente rural, a mãe foi empregada
doméstica e estudou o mesmo tempo. Os avós maternos nasceram na Itália e vieram para o
Brasil ainda pequenos, os avós paternos têm ascendência espanhola e nasceram no Brasil.
Os tios maternos morreram todos de câncer na garganta, devido à bebida.
O pai era diabético e gostava de beber, foi um homem muito carinhoso, Márcia demonstra
muito carinho ao falar do pai, o mesmo não ocorre com a mãe.
Concluiu o ensino médio e começou a beber por volta dos 16 anos, para provocar ciúmes
em um namorado que a proibia de beber.
Para Márcia cumprir as obrigações justificava a busca do prazer através do consumo de
álcool.
Sempre foi uma pessoa tímida.
O desenvolvimento do alcoolismo esteve ligado a relacionamentos afetivos, namoros,
casamento, afastamento das filhas. A recuperação está ligada aos laços afetivos com as
filhas e com a neta.
Segundo Márcia, o alcoolismo é uma doença, reconhecemos o dependente pelos sintomas
de abstinência e distúrbios de personalidade: impaciência, intolerância, nervosismo etc.
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Filho de Lúcio (entrevista nº 8)