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meados do séc. XIV A.E.C., extinguindo com esta nação. Agora pressionavam as
fronteiras egípcias enquanto seu soberano “contemplava o sol”. A região também
enfrentava pressão militar vinda do leste, de Assur. Amenófis IV continuava
concentrado na religião e, embora Nefertiti tenha assumido o poder por breve
período de tempo, os súditos não agüentaram ver o Egito sucumbir debaixo da
indiferença do faraó
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.
Um usurpador, o general Haremhab, resolveu tomar o poder antes que a devoção
religiosa de Amenófis IV levasse o Egito à total decadência. Com isso inaugurou
uma nova dinastia. Amenófis foi morto e Nefertiti também, e Tutancamon, seu filho,
morreu muito jovem. Haremhab restabeleceu Tebas como capital e Amon à categoria
de divindade oficial. Não teve sucesso contra Hatti e Assur, mas conseguiu manter
Canaã sob seu controle. Seus sucessores foram: Ramsés I, Sethos I, Ramsés II que
reinaram entre 1290 – 1224 A.E.C.
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e aqui já chegamos aos anos em que
identificamos o êxodo.
Os povos do mar, originários de Caftor (Creta), começaram a penetrar por Canaã
vindos do litoral. Aproveitando um Egito enfraquecido foram assumindo
naturalmente a hegemonia, mas não tiveram muito sucesso, pois não eram a única
grandeza política que tentava aproveitar o “vácuo de poder” deixado pelo Egito para
se firmar politicamente.
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Um importante documentário sobre este período que antecede em um século ao período do
êxodo, e ajuda a compreender que ocorreu no Egito após o reinado de Ecnatom foram anos de
ameaças e disputas políticas para se restaurar a antiga soberania do Egito. O resumo deste
documentário pode ser encontrado em
http://www.discoverychannel.com/convergence/nefertiti/nefertiti.html
.
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Há um consenso entre muitos comentaristas bíblicos de que Ramsés II (1290 – 1224
A.E.C.) teria sido o faraó do Êxodo, de acordo com o texto de Ex. 1:1 e 2:3, o que nos ajuda a situar o
ano zero de Israel de acordo com o relato de Ex. 12:2; todavia encontramos conflitos sobre isto nos
autores consultados. SCHWANTES, Op. Cit., p. 31, aponta o surgimento de Israel a partir de 1200
A.E.C., coincidindo com o início da invasão de Canaã pelos povos do mar, no final da 19
ª
dinastia do
Egito. PIXLEY, Jorge. História de Israel a partir dos pobres, p. 13, por sua vez, declara que “a data
que colocamos para o começo da história de Israel foi o ano de 1220 a.C., a data estimada do êxodo”.
Isto deixa o ano zero fora do período de Ramsés II (1290-1224 A.E.C.) e o coloca dentro do período
de Mernepta (1224-1204 A.E.C.). É sabido que a primeira vez em que Israel é mencionado como
grandeza política ou nacional é na estela de Mernepta, no seu 5
º
ano de reinado (por volta justamente
do ano 1220 A.E.C.). LOMBARD, Op. Cit., p. 35, alude que “[ ...] este Israel do século XIII não
pode representar o conjunto das doze tribos, mas pode ser um grupo tribal que não esteve no Egito e
que se juntou depois às tribos que deixaram o Egito com Moisés [...] ”, provavelmente em Siquém, de
acordo com Js 24. Diante da polêmica fico fortemente inclinada a duvidar do ano de 1220 ou 1200
como o ano zero de Israel, pois se Israel é mencionado como grandeza em 1220, provavelmente já
houvesse alguma espécie de constituição significativa desta nação antes disso, pois, de acordo com
DREHER, Juízes, p. 21, o tribalismo em Israel aconteceu durante um período de 200 anos, indo de
1250 à 1050 A.E.C.