MASIERO, C.M.T. A resiliência em pessoas com lesão medular que estão no mercado de
trabalho. Uma abordagem psicossomática. Dissertação de mestrado, pelo Núcleo de
Psicossomática e Psicologia Hospitalar, do Programa de Estudos Pós-graduados em
Psicologia Clínica da PUC-SP, 2008.
RESUMO
Introdução: A aquisição de uma deficiência física por lesão medular, pode ocasionar o
quadro de paraplegia, exigindo, muitas vezes, o uso de cadeira de rodas para locomoção.
Além da mobilidade reduzida e de outras conseqüências clínicas, as pessoas com lesão
medular podem ter que lidar com os impactos emocional e social da aquisição dessa
deficiência. Estudos epidemiológicos apontam que a maioria das pessoas que sofrem a lesão
medular são jovens adultos, do sexo masculino, fazendo com que o retorno ao trabalho seja
um tema de extrema importância. Para justificar a relevância deste trabalho, soma-se à última
informação, o atual movimento pela inclusão profissional de pessoas com deficiências,
promovido pela “lei de cotas”. A mobilidade reduzida e a existência de barreiras físicas e
atitudinais podem constituir-se como fatores de risco para o desenvolvimento esperado para
esses adultos, uma vez que podem sofrer alterações nos seus papéis familiares, sociais e
profissionais. Nessa perspectiva, torna-se importante o estudo da resiliência dessas pessoas,
que envolve os recursos de enfrentamento de adversidades e a habilidade de adaptação
positiva, que traduzem a capacidade de algumas pessoas de lidarem com as adversidades e
aprenderem com elas. O retorno ao trabalho pode representar a retomada do processo do
desenvolvimento pessoal, após a aquisição da lesão medular. Objetivos: levantar as
características sócio-demográficas e de resiliência de uma amostra de 60 pessoas com lesão
medular, comparar essas características entre os 30 participantes da amostra que estavam
trabalhando e os 30 que não estavam e levantar os aspectos psicológicos da amostra, a partir
dos resultados dos fatores de resiliência. Método: para a coleta de dados utilizamos um
“Questionário de Dados Sócio-demográficos” e o “Questionário de Resiliência Adultos
Reivich-Shatté/Barbosa”. Os dados foram submetidos a análise estatística permitindo a
descrição das características sócio-demográficas e de resiliência da amostra, bem como a
comparação dessas características nos dois grupos. A partir da análise desses dados, pudemos
levantar alguns aspectos psicológicos da amostra. Resultados: A amostra apresentou
características condizentes com os estudos epidemiológicos sobre a população de pessoas com
lesão medular, com relação ao sexo, faixa etária e forma de aquisição da lesão. Os resultados
para os fatores de resiliência permitiram levantar alguns aspectos psicológicos da amostra. Na
comparação entre os grupos, não encontramos diferenças significantes para os fatores de
resiliência, contudo, os dados apontaram que as barreiras físicas, as barreiras atitudinais e a
dificuldade para autonomia são fatores que dificultam o retorno dessas pessoas ao trabalho.
Encontramos indicativos que sugerem a importância do trabalho do psicólogo em auxiliar
essas pessoas a elaborarem suas emoções para desenvolverem melhor os fatores de resiliência
e conseguirem retomar seu percurso de desenvolvimento pessoal, incluindo a capacidade da
construção de uma nova identidade profissional.
Palavras-chave: deficiência física, resiliência, inclusão profissional.