
pucherrão, em dia certo e determinado, para cujo efeito, pelo hábito
transmitido a eles pelos guaranis, todos se prestam voluntariamente. No dia
aprazado, se apresentam todos munidos de suas foices de roça e machados, e
no dia seguinte de madrugada começam o trabalho com afã, trabalhando
todos em comum, cada um no seu eito, durante todo o dia, cada qual
empenhando-se por distinguir-se dos outros no trabalho; ao pôr do sol
concluem com o pucherrão, e se dirigem ao paiol, onde os espera lauta ceia
com bebidas alcoólicas, e um caramanchão ornado de muitas moças, para o
fandango, acompanhado de canto em dueto de melodias melancólicas, usadas
pelos sertanejos.
Interessante anotar o vínculo que o atencioso cronista faz do caboclo com os indígenas.
Com efeito, aquele descende da miscigenação deste com o branco europeu (proveniente de São
Paulo e Paraná – mercadores de mulas e estancieiros) e do elemento negro, trazido como escravo
nas estâncias agropastoris
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CASTRO. Evaristo Affonso de. Notícia Descritiva da Região Missioneira. Cruz Alta: Tipografia do Comercial.
Cruz Alta, 1887, p. 276.
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Baseados em listagens de posseiros de diversas regiões, podemos elencar os sobrenomes das famílias de alguns
destes nacionais, dando dicas de sua proveniência. 1) Zona de Pinhal, Jaboticaba, Braga; Guarda Florestal Felicio
Antônio Bueno. Obs.: Não possui data, mas podemos fixá-la por 1917: Borges, Barboza, Bueno, Pôncio, Almeida,
Câmara. Lima, Belizário, Arruda, Silva, Lopes, Oliveira, Rodrigues, Machado, Prestes, Simão, Santos, Vellozo,
Rosa, Gomes de Castro. 2) Zona da Fortaleza – Pilão de Pedra, Barreiro (atual Seberi): Ribeiro, Moura, Gomes da
Costa, Rodrigues Amaral, Oliveira, Silva, Prestes, Santos, de Paula, Barros, Pereira, Machado, Almeida. 3) Rincão
da Guarita (Costa do Rio Guarita, Gramado, Pari = Tenente Portela, Rio Turvo, Quebra-Dente, Linha Esmael) sob
a guarda de Fermino Santa Helena: Vieda, Pompeu, Borges, Oliveira, Jordão, Silva, Corrêa, Carneiro, Maia, Arruda,
Castro, Celcio, Bueno, Machado, da Luz, Mendonça, de Lima, Camargo, Fragoso, Soares, Carvalho, Padilha,
Almeida, Santos, Pinto, Ferreira, Proença, Batista, Campos, Cesario, Moura, Xavier, Souza, Reis, da Costa,
Pacheco, Rosa, Simplicio, da Silva, Mariano, Valentin, Farias, Constancio, Fagundes, Nunes, Leiria, Silvestre,
Caetano, Cruz, Malaquias, Ferraz, Pinheiro, Martino, Bitencourte, Lisboa, Leite, Jordão, Gomes, Verdum, Abreu,
Xindangue (indígena?), Camilo, Chagas, Marques, Meireles, Tavares, Miranda, Dias, Gonçalves, Godoi, Amaro,
Inocencio, Nascimento, Pedroso, Campos, Moraies, Dores, Galvão, Dutra. Região de Nonoai – Serra do Rio da
Várzea, Costa do Uruguai. (“Relação de indivíduos a quem foi concedido licença para fazerem roça em matos do
domínio do Estado”, pelo Guarda Florestal Orestes Braguirolli, julho 1917): Oliveira, Santos, Rocha, Inácio,
Machado, Martins, Mello, Silva, Serpa, Paz, Ferreira, Linhares, Almeida, Padilha, Balbino, Anjos, Camargo, Alves,
Vargas. Região das Águas do Mel (Iraí) – Nominata de pessoas que pagaram lotes em serviços de abertura de
estrada e organização do povoado de Águas do Mel – 1917 -1920: Mariano, Fão, Gonçalves, Dias, Cavalheiro,
Brito, Meira, Antunes, Oliveira, Ferreira, Poncio, Silva, Ribeiro, Bueno, Rodrigues, Mendes, Silveira, Amaral,
Santos, Fernandes, Costa, Lima, Marques, Martins, Conceição, Borges, Saraiva, Quadros, Araújo, Castanho,
Moraes, Gabriel, Porfirio, Barroso, Vaz, Brasil Arruda, Pires, Pereira, Monteiro, Lopes...
Chama a atenção o fato de muitos destes sobrenomes serem os mesmos das famílias pioneiras da região.
Como o caso dos “pioneiros paulistas do povoamento da Palmeira”, alferes Athanagildo Pinto Martins e o Capitão
Antônio da Rocha Loures (cfme. Santo Antônio da Palmeira. Mozart Pereira Soares, p, 108). Como também de