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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU
JOSÉ FELICIO FREZZA
MODELOS DE FATURAMENTO EM
TELECOMUNICAÇÕES DECORRENTES DA
CONVERGÊNCIA DE REDES E SERVIÇOS
PUC CAMPINAS
2007
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMB
IENTAIS
E DE TECNOLOGIAS
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
GRÃO-CHANCELER
Dom Bruno Gamberini
MAGNÍFICO REITOR
Prof. Pe. Wilson Denadai
VICE-REITOR
Prof
a
. Dra. Ângela de Mendonça Engelbrecht
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof
a
. Dra. Vera Engler Cury
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE
TECNOLOGIAS
Prof. Dr. Orandi Mina Falsarella
COORDENADORES DO PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM TELECOMUNICAÇÕES
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GESTÃO DE REDES DE TELECOMUNICAÇÕES
Prof. Dr. Omar Carvalho Branquinho
Prof. Sérgio Roberto Pereira
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JOSÉ FELICIO FREZZA
MODELOS DE FATURAMENTO EM
TELECOMUNICAÇÕES DECORRENTES DA
CONVERGÊNCIA DE REDES E SERVIÇOS
Dissertação apresentada como exigência para
obtenção do Título de Mestre em Engenharia
Elétrica, ao Programa de Pós-Graduação na área
de concentração Gestão de Redes de
Telecomunicações, Pontifícia Universidade Católica
de Campinas.
Orientadora: Prof
a
. Dra. Marta Rettelbusch de
Bastos
PUC CAMPINAS
2007
Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e
Informação – SBI – PUC-Campinas
t384 Frezza, José Felicio
F896m Modelos de faturamento em telecomunicações decorrentes da convergência de redes e
serviços / José Felicio Frezza. - Campinas: PUC-Campinas, 2007.
149p.
Orientadora: Marta Rettelbusch de Bastos.
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências
Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Pós-Graduação em Engenharia Elétrica.
Inclui bibliografia.
1. Telecomunicações. 2. Televisão a cabo. 3. Faturas. 4. Redes de informação. 5. Internet
(Redes de computação). I. Bastos, Marta Rettelbusch de. II. Pontifícia Universidade Católica
de Campinas. Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias. Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica. III. Título.
22.ed.CDD – t384
BANCA EXAMINADORA
Presidente e Orientadora: Prof
a
. Dra. Marta Rettelbusch de Bastos
Examinador: Prof. Dr. João Marcos Travassos Romano
Examinador: Prof. Dr. Omar Carvalho Branquinho
Campinas, 1 de março de 2007.
A minha esposa Maria Ivanete e meus filhos Artur e Flávia
pela paciência, compreensão e apoio.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela força e vontade para trilhar os caminhos que me levaram a concluir este Mestrado.
À Prof
a
. Dra. Marta Rettelbusch de Bastos
Pela amizade, paciência, dedicação e perseverança na orientação desta dissertação.
Aos demais membros das bancas examinadoras de qualificação e defesa:
Prof. Dr. Amilton da Costa Lamas, da PUC-Campinas e Fundação CPqD;
Prof. Dr. Omar Carvalho Branquinho, da PUC-Campinas e
Prof. Dr. João Marcos Travassos Romano, da UNICAMP pelas revisões e sugestões de melhorias.
À Fundação CPqD, em especial:
Ao Diretor de Soluções em Billing Eng. Edvaldo Paro pelo apoio à realização do trabalho e
Ao Gerente de Serviços em Billing Eng. Eduardo Hideo Kawabata pelo incentivo.
Ao Sérgio Antônio do Rio de Almeida Braga
Pelo incentivo para que iniciasse esta caminhada e encorajamento durante todo o curso.
À Cleida Aparecida Queiroz Cunha
Pela orientação nos trabalhos de pesquisa.
Ao MSc. Oclair Gallacini Prado
Pelo incentivo, paciência, revisões e contribuições.
Ao MSc. José Domingos Favoretto Júnior
Pelas relevantes contribuições relativas aos estudos das tendências de mercado.
A todos os demais colegas da Fundação CPqD que de algum modo contribuíram para a realização
deste trabalho.
Aos colegas de curso pelo companheirismo, enriquecedoras trocas de idéias e incentivo recebido ao
longo do curso.
Aos que prestigiaram a defesa, aos familiares e amigos que incentivaram e torceram pela conclusão
deste trabalho.
”Convergência telecom-mídia é um processo
global e inevitável, viabilizada pelas plataformas
digitais e demandada pelos clientes. A
convergência resulta em benefícios para a
sociedade em competição e inovação e traz
mudanças de paradigmas para o setor de
comunicações”.
Mário César Pereira de Araújo – Presidente da
TIM Participações (ARAÚJO, 2006).
RESUMO
FREZZA, José Felicio. Modelos de faturamento em telecomunicações decorrentes da
convergência de redes e serviços. 149f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Redes de
Telecomunicações) Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Centro de Ciências Exatas,
Ambientais e de Tecnologias, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas,
2007.
O setor de Telecomunicações está mudando seus paradigmas em decorrência das
tecnologias que utilizam o Protocolo Internet (IP). Essa tecnologia está cada vez mais
permeando as redes de Telecomunicações, criando as chamadas Redes de Nova Geração
(NGN). A convergência de redes e serviços está modificando as cadeias de valor em
Telecomunicações, criando nova geração de serviços convergentes. As empresas
Operadoras Fixas, Móveis, TV por assinatura e prestadoras de Serviços de Valor
Adicionado estão se associando para oferecerem serviços convergentes a seus usuários.
Este trabalho apresenta e analisa alguns modelos de prestação de serviços e faturamento,
abordando as mudanças que vêm ocorrendo no setor de Telecomunicações. É realizada
uma análise das mudanças nos relacionamentos entre as entidades que fazem parte da
cadeia de valor e os requisitos necessários à Nova Geração de Sistemas de Suporte ao
Negócio (NGBSS), considerando novos cenários e modelos de negócios propiciados pela
convergência de redes e serviços. Este trabalho também apresenta uma visão de
faturamento sob a ótica do cliente, analisando perfis de uso e tendências de novos serviços
convergentes.
Palavras-Chave
Modelos de Faturamento; Convergência de Redes e Serviços; Telecomunicações.
ABSTRACT
FREZZA, José Felicio. Telecom billing models for convergent networks and services.
149f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Redes de Telecomunicações) Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica, Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnológias, Pontifícia
Universidade Católica de Campinas. Campinas, 2007.
The Telecommunications sector is changing its paradigms in consequence of the
technologies that use the Internet Protocol (IP) that are more and more permeating all the
Telecommunications networks, creating the New Generation Network (NGN). The services
and networks convergence are modifying the value chain in Telecommunications, creating
new generations of convergent services. The wired and mobile telecommunications
companies, paid TV companies and Value-Added Services providers are associating to offer
converged services to their customers. This work presents and analyses some services and
billing models, showing the changes that are occurring in the Telecom industry, as well as
analyzes the changing at the relationship among some entities that participate in the value
chain and the necessary requirements to New Generation of Business Support Systems
(NGBSS), considering new scenarios and business models propitiated by services and
networks convergence. This paper also presents a billing customer view, analyzing some
use profiles and the new convergence services trends.
Key Words
Billing Models; Networks and Services Convergence; Telecommunications
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - ARQUITETURA DE REDES MÓVEIS MULTISERVIÇOS ................................................ 54
FIGURA 2 - A CONVERGÊNCIA NA TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÕES......................................... 58
FIGURA 3 - CADEIA DE VALOR CONVERGENTE........................................................................ 59
FIGURA 4 - FASES DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS ............................................................ 64
FIGURA 5 - EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS SISTEMAS SEGUNDO GARTNER RESEARCH............. 66
FIGURA 6 - MODELO DE BILLING SEGUNDO A GBA ................................................................ 70
FIGURA 7 - CICLO DE VIDA NGOSS ...................................................................................... 72
FIGURA 8 - MAPA DE APLICAÇÕES TELECOM APLICATION MAP (TAM)..................................... 73
FIGURA 9 - MODELO DE NEGÓCIO SUPORTADO PELO ETOM................................................... 75
FIGURA 10 - ESTRUTURA DOS PROCESSOS DE NEGÓCIO DO ETOM - NÍVEL 1.......................... 77
FIGURA 11 - MODELO DE ARQUITETURA DA IPDR.ORG........................................................... 79
FIGURA 12 - MODELO DE NEGÓCIO COMPARTILHADO E SUBSIDIADO POR PATROCINADORES ..... 82
FIGURA 13 - MODELO DE BILLING PARA IMS.......................................................................... 86
FIGURA 14 - RELACIONAMENTOS DOS SISTEMAS DE FATURAMENTO ........................................ 88
FIGURA 15 - MIGRAÇÃO DE SERVIÇOS PARA PLATAFORMAS IP.............................................. 132
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - MODELO TRADICIONAL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS .......................................... 37
QUADRO 2 - MODELO DE FRANSMAN PARA O SETOR DE INFOCOMUNICAÇÕES....................... 38
QUADRO 3 - DEGRAUS DE DISTÂNCIA.................................................................................... 98
QUADRO 4 - FUTUROS MODELOS DE TARIFAÇÃO DE SERVIÇOS ............................................. 121
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - GRÁFICO DE PERFIL DE TRÁFEGO HMM PARA SERVIÇOS DE VOZ......................... 99
GRÁFICO 2 - GRÁFICO DE PERFIL DE TRÁFEGO SEMANAL PARA SERVIÇOS DE VOZ ................. 100
GRÁFICO 3 - GRÁFICO DE PERFIL DE TRÁFEGO LOCAL E LDN............................................... 135
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1G =
Primeira Geração de Tecnologia de Telefones Sem Fio
2G =
Segunda Geração de Tecnologia de Telefones Sem Fio
2,5G =
Segunda Geração e meia de Tecnologia de Telefones Sem Fio
3G =
Terceira Geração de Tecnologia de Telefones Sem Fio
4G =
Quarta Geração de Tecnologia de Telefones Sem Fio
3GPP =
3
rd
Generation Partnership Project
3GPP2 =
3
rd
Generation Partnership Project 2
ADSL =
Asymmetric Digital Subscriber Line
ANATEL =
Agência Nacional de Telecomunicações
ATM =
Asynchronous Transfer Mode
BINA =
Identificação do número originador (B informa o número de A)
CDMA =
Code Division Multiple Access
CDR =
Call Detail Record/Charged Detail Record
CIR =
Committed Information Rate
CLEC =
Competitive Local Exchange Carrier
CODEC =
Codificador e Decodificador
COFINS =
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CRM =
Customer Relationship Management
CSCF =
Call Session Control Function
CSP =
Código de Serviço de Prestadora
CVP =
Conexão Virtual Permanente
DDD =
Discagem Direta à Distância
DDI =
Discagem Direta Internacional
DDC =
Discagem Direta a Cobrar
DDR =
Discagem Direta a Ramal
DSL =
Digital Subscriber Lines
DTH =
Direct to Home
EBP =
Electronic Billing Presentation
EBPP =
Electronic Billing Presentation and Payment
ECT =
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo
EDGE =
Enhanced Data Rate for GSM Evolution
EDI =
Electronic Data Interchange
EVDO =
Evolution Data Only/Evolution Data Optimized
FCC =
Federal Communications Commission
GBA =
Global Billing Association
GPS =
Global Positioning System
GPRS =
General Packet Radio Service
GSM =
Global System for Mobile
HMM =
Horário de Maior Movimento
HSS =
Home Subscriber Server
HTTP =
HyperText Transfer Protocol
IAD =
Integrated Access Device
IAB =
Internet Arquitecture Board
IANA =
Internet Assigned Numbers Authority
IAP =
Provedores de Aplicação Internet
IBGE =
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMP =
Internet Control Message Protocol
ICMS =
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de
Serviços
IETF =
Internet Engineering Task Force
IMS =
IP Multimedia Subsystem
InterNIC =
Internet Network Information Center
IP =
Internet Protocol
IPDR =
Internet Protocol Data Record
IPTV =
Internet Protocol Television
IRTF =
Internet Research Task Force
ISP =
Provedores de Serviço Internet
ITU-T =
International Telecommunications Union Telecommunications
Standardization Sector
ISO =
International Standardization for Organization
ISS =
Intelligent Support Systems
ISSQN =
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
Kbps =
Kilo Bits por Segundo
LBS =
Location-Based Services
LDN =
Longa Distância Nacional
LDI =
Longa Distância Internacional
LGT =
Lei Geral das Telecomunicações
LO =
Linha Ocupada
LP =
Linha Privada
MCS =
Multimedia Communication Server
MMDS =
Multichannel Multipoint Distribution Service
MMS =
Multimedia Message Service
MOS =
Mean Opinion Score
MPLS =
Multi Protocol Label Switching
MVNO =
Mobile Virtual Network Operators
NGN =
New Generation Network Arquitecture
NGOSS =
New Generation Operations Systems and Software
NGBSS =
New Generation Business Support Systems
NR =
Não Responde.
OS =
Ordem de Serviço
OSI =
Open Systems Interconnection
PABX =
Private Automatic Branch eXchange
PCM =
Pulse Code Modulation
PDA =
Personal Digital Assistant
PIS =
Programa de Integração Social
PNAD =
Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios
QoS =
Quality of Service
RDSI =
Rede Digital de Serviços Integrados
RFC =
Request For Comments
RFC-Editor =
Request For Comments Editor
RFI =
Request for Information
RFP =
Request for Proposal
RTPC =
Rede de Telefonia Pública Comutada
SCM =
Serviço de Comunicação Multimídia
SGBD =
Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados
SIP =
Session Initiation Protocol
SLDA =
Serviço por Linha Dedicada para Sinais Analógicos
SLDD =
Serviço por Linha Dedicada para Sinais Digitais
SLE =
Serviço Limitado Especializado
SME =
Serviço Móvel Especializado
SMP =
Serviço Móvel Pessoal
SMS =
Short Message Service
STFC =
Serviço Telefônico Fixo Comutado
SVA =
Serviços de Valor Adicionado
TCP =
Transmission Control Protocol
TCP/IP =
Transmission Control Protocol/Internet Protocol
TDM =
Time Division Multiplexing
TDMA =
Time Division Multiple Access
TI =
Tecnologias da Informação
UMTS =
Universal Mobile Telecommunications System
URL =
Universal Resource Locator
USB =
Universal Serial Bus
VAS =
Value Added Service
VoIP =
Voice over Internet Protocol
VPN =
Virtual Private Network
WAP =
Wireless Application Protocol
WEB =
Rede Internet
Wi-Fi =
Wireless Fidelity
WLAN =
Wireless Local-Area Network.
WLL =
Wireless Local Loop
XDR =
External Data Representation Standard
xDSL =
Digital Subscriber Lines
X-VNO =
Virtual Network Operator
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................22
1.1 Visão Geral....................................................................................................22
1.2 Justificativa para o desenvolvimento do trabalho.....................................27
1.3 Objetivos do trabalho...................................................................................28
1.4 Resultados esperados .................................................................................29
1.5 Delimitação da pesquisa..............................................................................30
1.6 Estrutura da pesquisa..................................................................................30
2 METODOLOGIA UTILIZADA ............................................................................32
2.1 Estudo de padrões .......................................................................................32
2.2 Estudo de casos ...........................................................................................33
2.3 Análise do processo de faturamento..........................................................34
2.4 Organização da dissertação ........................................................................34
3 CONVERGÊNCIA DE REDES E SERVIÇOS EM TELECOMUNICAÇÕES......36
3.1 Transformações do setor de telecomunicações segundo Fransman......36
3.1.1 Modelo tradicional de prestação de serviços em telecomunicações .......37
3.1.2 Modelo de Fransman para o setor de “infocomunicações”......................38
3.2 Rede Internet.................................................................................................39
3.2.1 Custo de manutenção da rede Internet ...................................................41
3.3 Evolução das redes de telecomunicações fixas........................................41
3.3.1 Serviços em meios de acesso com fio ....................................................42
3.3.1.1 Provedores Internet..........................................................................42
3.3.2 Planos de numeração..............................................................................43
3.3.3 Regulamentação de serviços em redes com fio......................................43
3.3.3.1 Serviço telefônico fixo comutado (STFC) .........................................43
3.3.3.2 Serviços de comunicação de dados.................................................44
3.3.4 Telefonia IP e Voz sobre IP em redes fixas.............................................46
3.3.4.1 Softphones .......................................................................................46
3.3.4.2 PABX Asterisk..................................................................................47
3.4 Evolução das redes de telecomunicações sem fio ...................................47
3.4.1 Tendências dos meios de acesso ...........................................................49
3.4.2 Regulamentação de serviços em redes sem fio......................................50
3.4.2.1 Serviços móveis de comunicação de voz.........................................50
3.4.3 Serviços de valor adicionado...................................................................52
3.4.3.1 Categorias de serviços de valor adicionado.....................................52
3.4.4 Arquiteturas das redes móveis para multisserviços.................................53
3.4.5 Serviços de voz sobre IP em redes sem fio ............................................55
3.5 Evolução em redes de TV por assinatura...................................................55
3.5.1 Acesso à Internet e telefonia em redes de TV por assinatura .................56
3.5.1.1 Triple play.........................................................................................56
3.5.1.2 Quadruple play e multiplay...............................................................57
3.5.2 Convergência de TV com telecom...........................................................57
3.5.3 TV sobre redes IP....................................................................................59
3.6 Convergência através da arquitetura IMS ..................................................60
3.6.1 Perfis de comunicação utilizando IMS.....................................................62
4 PADRONIZAÇÕES EM TELECOMUNICAÇÕES .............................................63
4.1 Ciclos tecnológicos......................................................................................63
4.2 Evolução tecnológica dos sistemas de informação..................................65
4.3 Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL)..................................67
4.4 Recomendações ITU-T.................................................................................68
4.4.1 Recomendação Y.100.............................................................................68
4.5 Processos segundo a GBA..........................................................................69
4.6 Modelos do TeleManagement Forum..........................................................71
4.6.1 Nova geração de sistemas de operação e software (NGOSS) ...............71
4.6.2 Mapa de aplicações (TAM)......................................................................73
4.6.3 Mapa dos processos de negócio (eTOM)................................................74
4.7 Modelos de faturamento e interconexão do IPDR.org ..............................78
4.7.1 Modelo de negócio compartilhado e subsidiado por patrocinadores.......82
4.8 Modelos de faturamento e interconexão segundo 3GPP..........................84
4.8.1 Billing na arquitetura IMS; .......................................................................85
5 MODELOS DE FATURAMENTO DECORRENTES DA CONVERGÊNCIA DE
REDES E SERVIÇOS ...............................................................................................87
5.1 Processos de faturamento...........................................................................87
5.2 Modelo de faturamento pós-pago ...............................................................89
5.2.1 Gerência de relacionamento de clientes .................................................91
5.2.1.1 Produtos e serviços..........................................................................91
5.2.2 Mediação.................................................................................................96
5.2.3 Tarifação .................................................................................................96
5.2.3.1 Tarifação de serviços de voz............................................................97
5.2.3.2 Tarifação de comunicação de dados..............................................101
5.2.3.3 Tarifação de TV..............................................................................102
5.2.4 Faturamento ..........................................................................................102
5.2.4.1 Faturas eletrônicas.........................................................................105
5.2.4.2 Co-Billing........................................................................................106
5.2.5 Arrecadação ..........................................................................................106
5.2.6 Cobrança...............................................................................................108
5.2.7 Informações contábeis ..........................................................................108
5.2.8 Sistema de interconexão .......................................................................109
5.3 Modelo de faturamento pré-pago..............................................................110
5.4 Evolução dos modelos de tarifação..........................................................111
5.5 Tendências em modelos de faturamento .................................................114
5.5.1 Análise de novas tecnologias gerando futuros modelos de negócio .....114
5.5.2 Análise de futuros cenários e modelos de faturamento.........................116
5.6 Visão do futuro em telecomunicações .....................................................124
5.6.1 Panorama das telecomunicações nos próximos anos...........................125
5.6.2 Panorama dos atuais serviços gratuitos................................................127
5.6.3 Evolução para IMS ................................................................................128
5.6.3.1 Visão de futuros serviços ...............................................................129
5.7 Análise do faturamento sob o ponto de vista do cliente ........................130
5.7.1 Migração de serviços em ambientes corporativos.................................131
5.7.2 Perfil de tráfego .....................................................................................133
5.7.2.1 Perfil de tráfego corporativo para serviços local e LDN..................134
5.7.2.2 Perfil de tráfego de serviços 0800..................................................135
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................138
7 REFERÊNCIAS ...............................................................................................141
8 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ................................................................148
1 INTRODUÇÃO
1.1 Visão Geral
As empresas Operadoras de telefonia fixa vêm muitos anos oferecendo serviços
de comutação e transmissão de voz e dados. Oferecem também meios de acesso
para redes públicas, como a rede Internet e meios de transmissão para redes de
dados privadas. Os serviços de acesso à Internet em banda larga se difundiram com
a utilização da tecnologia Asymmetric Digital Subscriber Line (ADSL
1
) na rede fixa.
As empresas de telefonia móvel, com a evolução das redes e dos terminais móveis,
passaram a oferecer serviços de acesso à Internet. Iniciaram com os serviços
Wireless Application Protocol (WAP
2
), com uma banda de tráfego pequena, e
tarifado por tempo de acesso, o que tornou o serviço caro e de pouca penetração.
Hoje existem terminais que ficam conectados o tempo todo na Internet com tarifação
por volume de uso, o que abre possibilidades de maior penetração desses serviços.
As Operadoras móveis ofertam atualmente uma série de planos de serviços para
vários perfis de uso.
As empresas de TV por assinatura que tradicionalmente oferecem os serviços de
canais de TV abertos, fechados e sob demanda (Pay per View), passaram a oferecer
serviços interativos, jogos e acesso à Internet. Estão, também, se associando a
empresas de Telecomunicações para oferecerem serviços de comunicação de voz.
1
Linha de assinantes digital assimétrica é uma tecnologia que permite tráfego de dados e voz em
redes fixas com pares de fios trançados.
2
É um protocolo que permite usuários acessarem informações instantaneamente via terminais sem
fio (Handheld Wireless Devices).
23
A Internet é uma rede de comunicação de dados que tem crescido enormemente
nos últimos anos e influenciado o setor de Telecomunicações. Ela tem propiciado
uma convergência dos meios de acesso a serviços de dados com os meios de
acesso a serviços de voz. Com isto, os próprios serviços de voz e dados, também
estão convergindo e sendo oferecidos através dos mesmos meios de acesso, tais
como:
Acessos fixos com fio (rede metálica) para serviços de voz;
Acessos fixos com fio e modems Asymmetric Digital Subscriber Line (ADSL) para
serviços de voz e dados (Internet) simultaneamente na mesma linha;
Acessos fixos discados a provedores de Internet (Dial-up
3
);
Acessos fixos sem fio (Wireless Local Loop - WLL) para serviços de voz e dados,
que são terminais celulares confinados em uma área definida, sem a
funcionalidade de roaming
4
;
Acessos sem fio (Wireless Fidelity - Wi-Fi
5
) para serviços de dados, que são
utilizados por computadores portáteis (Notebooks e Personal Digital Assistant
PDA
6
);
3
É uma forma de acesso à Internet, onde os usuários utilizam um modem conectado a um
computador e uma linha telefônica para discar para um provedor de Internet e estabelecer uma
conexão modem-a-modem através da qual são roteadas as mensagens para a Internet.
4
Mudança de um dispositivo móvel sem fio de um ponto de acesso para outro, sem a perda da
conexão ou interrupção do fornecimento de serviço.
5
Refere-se a redes locais com conexões Ethernet sem fio. Protocolos definidos nas recomendações
802.11. Este termo é promulgado pela Wi-Fi Alliance, associação internacional sem fins lucrativos,
formada em 1999 para certificar a interoperabilidade de produtos Wireless Local Area Network
(WLAN).
6
Pequeno computador portátil que oferece ferramentas de trabalho de escritório. Também
referenciado em inglês como handheld.
24
Acessos celulares móveis 2G
7
, 2,5G
8
e 3G
9
, com serviços de voz e dados, tais
como: serviço de comunicação de mensagens de textos curtos (Short Message
Service - SMS), serviço de mensagens multimídia (Multimedia Message Service -
MMS) e serviço de acesso móvel à Internet (Wireless Application Protocol -
WAP);
Acessos via cabos coaxiais (Cable Modem), para serviços de voz, dados e TV;
Acessos com fibra ótica para serviços de voz, dados e TV;
Acessos via satélite para serviços de voz, dados e TV.
As tecnologias têm possibilitado que acessos de voz, dados e TV sejam feitos
através de qualquer meio de acesso em qualquer tipo de rede, tais como: rede
metálica, redes aéreas, TV a cabo, TV via satélite ou fibra óptica. Na verdade, está
ocorrendo uma convergência entre todas as redes, possibilitando o acesso a
serviços através de quaisquer meios. Um exemplo é a tecnologia de Voz sobre IP
(Voice over Internet Protocol - VoIP) que tem permitido a comunicação de voz
através de diversos tipos de meios de acesso.
Usando a rede Internet, dependendo da banda de tráfego disponível, é possível
acessar a rede de telefonia fixa e de telefonia móvel para serviços de voz, ou ouvir
uma emissora de rádio que esteja provendo a transmissão de sua programação via
7
Segunda geração da tecnologia de comunicação móvel sem fio. Tecnologia digital, com sistemas
TDMA, CDMA e GSM. Permite serviços SMS e WAP com baixa velocidade de comunicação de
dados.
8
Segunda geração de tecnologia de comunicação sem fio com maiores velocidades de comunicação
de dados. Tecnologia digital com sistemas CDMA2000_1xRTT e GPRS com velocidades de 144
Kbps, incluindo mensagens com imagens paradas.
9
Terceira geração da tecnologia de comunicação sem fio. Refere-se a avanços na comunicação de
voz, dados e imagens. Sistemas CDMA2000_1xEV-DV e UMTS. Velocidade de transmissão de até 2
Mbps com equipamento parado e diminuindo até 144 Kbps com equipamento se deslocando a
velocidades de 100 Km/h.
25
Internet, ou assistir vídeos que as redes de TV estejam disponibilizando, além de
uma infinidade de outros serviços de dados.
Exemplificando, é possível fazer uma ligação telefônica de voz, utilizando-se um
aparelho telefônico fixo, um celular, um equipamento Personal Digital Assistant
(PDA), aparelhos telefônicos IP ou utilizando-se um softphone
10
em um computador
(notebook, laptop, desktop, servidores etc.), lançando mão de tecnologias que
transmitem Voz sobre IP (VoIP - Voz over Internet Protocol).
vários anos, nos Estados Unidos, existem empresas que oferecem
conjuntamente os serviços de telefonia, comunicação de dados, TV a Cabo
analógica e TV Digital, utilizando-se de diversos meios de acesso como pares de fios
metálicos, fibras ópticas ou cabos coaxiais, dependendo das facilidades de rede e
demanda dos clientes.
As tecnologias permitem o envio de mensagens de texto e imagens originadas em
computadores para aparelhos celulares, embora hoje apenas algumas Prestadoras
disponibilizem estes serviços e apenas para textos, pois o faturamento deste tipo de
serviço é um aspecto importante que ainda não está totalmente resolvido. Na
verdade esta convergência de redes e serviços está afetando as formas tradicionais
de faturamento dos serviços, além de possibilitarem o oferecimento de uma gama de
novos serviços.
O comércio eletrônico móvel (m-commerce), oferecendo serviços como trocar o
toque de chamada (ring tone) de um celular por um outro como o hino de um time de
futebol ou comprar um refrigerante numa máquina e pagar através da conta
telefônica são exemplos de serviços denominados de valor adicionado. A oferta de
serviços de valor adicionado está aumentando a cada dia. São serviços que podem
utilizar informações providas por entidades denominadas de provedores de
conteúdo.
10
São softwares que implementam um terminal telefônico em um microcomputador, capaz de realizar
chamadas telefônicas utilizando tecnologia VoIP.
26
Na prestação de serviços de valor adicionado, fazem parte dos modelos de negócios
outras entidades, tais como: patrocinadores, prestadores de serviços e provedores
de conteúdo, cada qual com contratos específicos. Este fator aumenta a
complexidade dos modelos de negócio e dificulta o acompanhamento e a
transparência na prestação dos serviços e na distribuição de suas receitas. É
necessário que cada uma destas entidades acompanhe e controle, com
transparência a prestação dos serviços, bem como a tarifação, o faturamento, a
arrecadação e a distribuição das receitas, ou seja, as remunerações e repasses
destes serviços.
Para os serviços de voz, existe regulamentação definida pela Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL), contendo regras, valores de tarifas e valores de
remunerações de rede, dentre outros. Essa regulamentação define as regras para
serviços prestados através da utilização de redes de mais de uma Operadora, bem
como repasses de valores devidos. São exemplos destes serviços, chamadas a
cobrar ou não entre Operadoras, chamadas de celulares quando estão fora da área
de cobertura de suas próprias empresas (Roaming), bem como uma empresa
Operadora contratar outra Operadora para realizar o faturamento de seus serviços,
quando utilizados pelos clientes desta outra Operadora (Co-billing).
Os serviços de dados, assim como os serviços de valor adicionado, não dispõem de
regulamentação bem definida como os de voz.
Este trabalho apresenta as influências que o mundo da Informática, principalmente
os protocolos IP, estão ocasionando nas Telecomunicações, mostrando as
mudanças decorrentes das convergências que estão ocorrendo nas redes e nas
prestações de serviços, focando aspectos de modelos de negócio e faturamento.
São também abordados e analisados novos requisitos e funcionalidades para os
modelos e sistemas de tarifação, faturamento e distribuição de receitas, incluindo os
serviços de valor adicionado.
27
1.2 Justificativa para o desenvolvimento do trabalho
Este trabalho foi motivado pelo fato de existir carência de trabalhos na área de
faturamento em Telecomunicações. Assim sendo, neste trabalho são mostradas as
diversas redes e serviços existentes e suas tendências de evoluções, mostrando
alguns modelos de negócio sob duas óticas: a das Operadoras e Prestadoras de
serviços e a dos usuários dos serviços.
Este trabalho procura mostrar que a convergência dos mundos da Informática com o
de Telecomunicações está gerando mudanças que afetam os atuais modelos de
negócio, assim como os sistemas de faturamento. As futuras tecnologias
convergentes poderão causar impactos em toda a cadeia de prestação de serviço,
gerando novas cadeias de valor.
Procura-se mostrar uma visão da crescente necessidade de adequação e
capacitação dos sistemas, com flexibilidade para tratar grande variedade de
requisitos exigidos pelos modelos de negócio que têm surgido no mercado de
Telecomunicações.
Existe hoje uma diversidade de serviços oferecidos aos usuários que está
aumentando a cada dia, principalmente em telefonia móvel. Nas tecnologias mais
recentes, os aparelhos celulares e PDA estão se tornando cada vez mais
conectados à Internet, possibilitando acesso à quase todos os serviços que eram
disponíveis apenas através de outros meios de acesso, como os computadores
pessoais. Este fato está cada dia mais obrigando as Operadoras a mudarem seus
modelos de negócios para oferecerem serviços em parceria com outros prestadores
de serviços, como é o caso dos provedores de serviços de valor adicionado.
Um aspecto importante nestes novos cenários é o da distribuição das receitas
obtidas na prestação de um serviço, visto que existem várias entidades envolvidas
nesta prestação e cada uma destas deve ser remunerada proporcionalmente, de um
modo transparente.
A convergência de redes fixas, móveis e de TV, bem como a oferta de serviços de
valor adicionado, está gerando a necessidade de monitoramento do uso destes
28
serviços por todas as entidades envolvidas na sua prestação, visando ao controle da
receita a ser recebida, paga ou repassada. Isto exige sistemas adequados para
atender estes requisitos e realizar este controle.
1.3 Objetivos do trabalho
O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos de faturamento a serem
considerados em cenários de telecomunicações, visto que os modelos de negócios
estão mudando em decorrência da convergência de redes e serviços, inclusive com
o surgimento de novos serviços convergentes e de valor adicionado.
Os objetivos específicos do trabalho são:
Descrever e analisar as principais tecnologias de rede, através das quais torna-
se possível o oferecimento de serviços de Telecomunicações ao usuário e
mostrar que elas estão migrando para a utilização do protocolo Internet,
possibilitando a convergência das redes;
Descrever as principais regras de negócio atualmente vigentes para tarifação de
serviços de telecomunicações utilizadas por empresas de telefonia fixa, móvel e
TV por assinatura;
Caracterizar o que são serviços de valor adicionado e de conteúdo, mostrando
aspectos relevantes na tarifação e no faturamento destes serviços;
Descrever e analisar possíveis modelos de negócios incluindo parcerias, que
estão surgindo entre Operadoras, Patrocinadores, Prestadores de serviços e
Provedores de conteúdo, focando no faturamento e distribuição de receitas entre
as entidades envolvidas e considerando aspectos sistêmicos a serem tratados
pelos sistemas de faturamento (billing
11
);
11
Palavra que significa faturamento em português, mas em inglês possui um conceito mais amplo,
englobando outros aspectos como: mediação, tarifação, faturamento, arrecadação, cobrança, planos
de serviços, dentre outros.
29
Analisar alguns possíveis futuros cenários de prestação de serviços e modelos
de negócio, discutindo aspectos de faturamento nestes cenários; e
Analisar o faturamento sob a ótica do cliente, mostrando novas tecnologias em
ambientes corporativos e perfis de tráfego.
1.4 Resultados esperados
Por meio da análise de modelos, pretende-se dar uma visão de negócio,
considerando os vários aspectos relacionados ao faturamento e distribuição de
receita dos serviços, incluindo remunerações de redes e repasses entre as
entidades participantes.
Este trabalho pretende fornecer um melhor entendimento dos aspectos de
faturamento e distribuição de receitas aos usuários, profissionais de negócio, às
áreas de operação e aprovisionamento de serviços e às áreas gestoras da
tecnologia de informação sobre o que existe no mercado e as tendências das
tecnologias de redes e de serviços;
Provêem-se subsídios para que as empresas Operadoras, Patrocinadores,
Prestadores de Serviço e Provedores de Conteúdo possam analisar a adequação
dos seus sistemas aos possíveis modelos de negócio que estão surgindo a cada dia
neste segmento de mercado, assim como nortear a elaboração de planos e projetos
que visem suprir as necessidades do mercado.
Este trabalho contribui para mostrar a evolução dos mecanismos de faturamento,
conforme a disponibilização dos recursos para prestação dos serviços e o
conhecimento dos perfis de uso. Mostra o processo de faturamento atual e as
tendências de mercado e uma visão de futuro do setor de Telecomunicações.
Apresenta também análises sob a ótica do cliente, proporcionando uma abordagem
com diversas visões do tema.
30
1.5 Delimitação da pesquisa
A pesquisa considerou os modelos e padrões recomendados pelos principais
organismos internacionais até o presente momento, bem como o acompanhamento
dos fóruns e congressos de discussão e o estudo do estado da arte dos sistemas
atuais de faturamento.
A pesquisa se limitou ao estudo dos sistemas de faturamento mais conhecidos, não
realizando pesquisas junto às Operadoras e Prestadoras para avaliação do grau de
atendimento das necessidades de negócio que cada sistema está proporcionando,
bem como o grau de satisfação de cada Prestadora com seus respectivos sistemas
de faturamento.
No entanto, esta área das Telecomunicações avança rapidamente, e é possível
afirmar que houve mais inovações tecnológicas em Telecomunicações na última
década do que se considerado desde a invenção do telefone.
1.6 Estrutura da pesquisa
A pesquisa foi realizada pelo acompanhamento dos principais organismos
internacionais de padronização, participação nos principais fóruns de discussão do
assunto no Brasil e exterior e pelo estudo das funcionalidades apresentadas pelos
principais fornecedores internacionais de soluções de faturamento.
Foram consideradas consultorias e levantamentos sobre os processos de
faturamento das empresas, feitos junto a Operadoras fixas, móveis e clientes, assim
como análise dos estudos de casos de operadoras apresentados em diversos
congressos e outros meios de publicação.
Foi de relevante importância à experiência do autor adquirida em especificação e
implantação de sistemas de faturamento em empresas Operadoras nacionais e
internacionais, considerando-se todas as fases da implantação, desde o
levantamento de requisitos e identificação de lacunas (gaps) para atendimento aos
planos de negócio das empresas, especificações de melhorias e customizações dos
31
sistemas, configurações e parametrizações dos serviços, testes, acompanhamento
de produção e manutenção dos sistemas.
2 METODOLOGIA UTILIZADA
Neste capítulo são indicados os métodos usados neste trabalho, que incluem estudo
de normas e práticas, acompanhamento dos organismos de padronização em
Telecomunicações, entrevistas e estudo de casos reais, bem como uma análise de
modelos e serviços.
2.1 Estudo de padrões
Foram realizados estudos das normas e recomendações definidas pelos principais
organismos nacionais como a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e
internacionais como o 3
rd
Generation Partnership Project (3GPP
12
), Global Billing
Association (GBA
13
), Internet Engineering Task Force (IETF
14
), IPDR.org
15
,
International Telecommunications Union Telecommunications Standardization
Sector (ITU-T
16
) e TeleManagement Forum (TM Forum
17
), dentre outros. Foram
12
Fórum de padronização criado por empresas em 1998, que visa padronizar a criação, envio e
reprodução de arquivos multimídia em telefones celulares e outros aparelhos sem fio. É responsável
pela continuação do desenvolvimento do GSM e pela arquitetura IMS. Disponível em:
<http://www.3gpp.org/>.
13
Organização sem fins lucrativos constituída apenas por Operadoras e Prestadoras de serviços de
Telecomunicações. Visa auxiliar as empresas associadas em questões relativas a Billing. Disponível
em: <http://www.gba.org/>.
14
Sub-comitê da Internet Arquitecture Board (IAB) que realiza a manutenção de problemas
construtivos e também a implementação de novas tecnologias. Disponível em: <http://www.ietf.org/>.
15
Organização internacional sediada nos Estados Unidos que define modelos de interconexão e
padrões de registro de serviços relacionados com IP. Disponível em: <http://www.ipdr.org/>.
16
Principal organismo internacional de padronização em Telecomunicações. Disponível em:
<
http://www.itu.int/ITU-T/index.phtml>.
33
pesquisadas informações relacionadas a faturamento e distribuição da receita, com
remunerações e repasses a todas as entidades relacionadas na prestação de
serviços, em especial serviços de valor adicionado, tais como:
As regras existentes hoje para a realização da tarifação e faturamento
observando os aspectos de impostos, bem como as remunerações e repasses de
serviços telefônicos e de TV;
Estudo dos modelos de negócios de parcerias que estão sendo contratados hoje
entre empresas telefônicas, de TV e prestadores de serviços, incluindo os de
serviços de valor adicionado;
Estudo de serviços convergentes envolvendo várias redes que estão sendo
oferecidos ou que poderão vir a ser oferecidos através dos meios de
Telecomunicações;
Estudo das recomendações de organismos ou entidades internacionais que
visem à padronização da prestação de serviços e seu faturamento.
2.2 Estudo de casos
O estudo de casos reais é um método padrão de estudos empíricos em várias
ciências. É um método para obtenção de informações e estabelecimento de normas
e procedimentos que foram utilizados.
Desta forma, foram considerados também casos apresentados em congressos,
relatórios de consultorias e entrevistas para obtenção de informações de casos reais
nacionais e internacionais de implantação de sistemas de faturamento e de
distribuição de receitas.
17
Organismo internacional constituído por empresas fornecedoras do setor de Telecomunicações
que tem por objetivo acelerar a disponibilidade de interoperabilidade dos produtos de gerência de
redes. Disponível em: <
http://www.tmforum.org/>.
34
2.3 Análise do processo de faturamento
Este trabalho analisa os processos de faturamento atuais das Operadoras e
Prestadoras de Serviços de Telecomunicações, enfocando aspectos relativos às
novas funcionalidades que os modelos de negócios, decorrentes da convergência de
redes e serviços, estão requerendo dos sistemas. São realizadas comparações e
análises baseadas nos modelos de processos recomendados pelos organismos de
padronização.
2.4 Organização da dissertação
Este documento contém uma lista de siglas e abreviaturas que visam auxiliar o
entendimento ao leitor.
O capítulo 1 é a Introdução, onde é fornecida uma visão geral, com os objetivos do
trabalho, a justificativa e os resultados esperados, mostrando os fatores que
motivaram este estudo. São também apresentadas a estruturação da pesquisa e
suas delimitações.
Neste capítulo 2 estão apresentadas a metodologia de trabalho aplicada e a
estrutura desta dissertação.
O capítulo 3 trata da evolução das redes de Telecomunicações e as tecnologias que
estão propiciando a convergência entre estas redes. Aborda os conceitos e
arquiteturas de convergência das redes fixas móveis e de TV, bem como as novas
tecnologias que estão permitindo a integração de serviços independentemente das
redes de acesso. o também discutidos conceitos da arquitetura de rede IP
Multimedia Subsystem (IMS).
No capítulo 4 são apresentados os padrões de modelos de faturamento e
distribuição de receitas dos serviços de Telecomunicações propostos pelas
principais organizações internacionais de padronização. São abordadas
características da Nova Geração de Sistemas de Operação e Software (NGOSS) e
da Nova Geração de Sistemas de Suporte ao Negócio (NGBSS). Estão também
35
apresentados modelos aplicados para o compartilhamento de receitas de serviços
de valor adicionado.
O capítulo 5 aborda a evolução dos modelos de faturamento decorrentes da
convergência das redes e serviços. Descreve os principais módulos dos sistemas de
faturamento, comentando suas principais funcionalidades. São feitas análises de
futuros modelos de negócio com os respectivos serviços e da aplicabilidade destes
modelos. São apresentados alguns novos cenários de serviços que estão se
viabilizando com a convergência de redes e serviços. Estão mostradas as mudanças
nos modelos de negócio que esta convergência tecnológica está causando e são
feitas associações de cenários de serviços com possíveis modelos de negócios.
Este capítulo também aborda o tema faturamento, apresentando a questão sob a
ótica dos clientes, mostrando novas tecnologias em ambientes corporativos,
conceitos de perfil de tráfego e análises de contratações de serviços.
No capítulo 6 são apresentadas as conclusões obtidas neste estudo, bem como
propostas para novos estudos.
Finalmente, nos capítulos 7 e 8 são apresentadas, respectivamente, as referências
e as bibliografias consultadas e utilizadas neste estudo, sendo que algumas são dos
principais fóruns de padronização e congressos do setor de Telecomunicações.
3 CONVERGÊNCIA DE REDES E SERVIÇOS EM TELECOMUNICAÇÕES
Este capítulo mostra como a tecnologia IP, oriunda do setor de Informática, está
influenciando o setor de Telecomunicações ao que tange a redes fixas, sem fio e de
TV (FREZZA, 2007a). São abordadas as características de faturamento dos serviços
e aspectos dos modelos de negócios que estão mudando com as Redes de Nova
Geração (NGN) (FERREIRA, 2005). São mostradas as evoluções que estão
ocorrendo com as tecnologias de comutação por circuitos em função da tecnologia
IP de comutação por pacotes.
As redes sem fio (wireless) estão abordadas quanto à evolução das tecnologias de
comunicações móveis e dos terminais de acesso, os celulares, bem como a
evolução dos serviços oferecidos por estas tecnologias. Estão descritas as principais
características das redes móveis de segunda geração (2G e 2,5G), de terceira
geração (3G) e a futura quarta geração (4G), bem como outros tipos de acessos e
serviços de valor adicionado.
Estão também abordadas neste capítulo, as evoluções das redes privadas de
distribuição de TV por assinatura, que atualmente oferecem acessos banda larga
para Internet e serviços de telefonia utilizando VoIP, conhecidos como Triple Play, e
estão ampliando a cada dia a gama de serviços prestados.
A seguir será apresentado um modelo proposto por Fransman (2001a) que servirá
de base para análises das transformações que vêm ocorrendo no setor de
Telecomunicações.
3.1 Transformações do setor de telecomunicações segundo Fransman
O setor de Telecomunicações vem se aproximando cada vez mais do setor de
Informática. Os meios de acesso móveis hoje têm a capacidade de processamento
de muitos computadores tradicionais. Fransman (2002), para mostrar a convergência
37
da área de Informática com a de Telecomunicações, cunhou o termo
“infocomunicações”.
A seguir, são apresentados dois modelos operacionais do setor de
Telecomunicações propostos por Fransman (2001b). O primeiro modelo representa
como as empresas de Telecomunicações tradicionalmente operavam, enquanto o
segundo representa as mudanças que vêm ocorrendo no setor com a explosão do
uso da Internet.
3.1.1 Modelo tradicional de prestação de serviços em telecomunicações
O modelo apresentado no QUADRO 1 representa a organização tradicional do setor
de Telecomunicações para a prestação de serviços.
QUADRO 1 - Modelo tradicional de prestação de serviços
CAMADA ATIVIDADE EXEMPLOS
III
Camada de Serviços Voz, Fax, 0800.
II
Camada de Rede Rede de circuito comutada
I
Camada de Equipamentos e
Sistemas (Camada Física)
Centrais, Sistemas de
Transmissão, Equipamentos de
propriedade do Cliente.
Neste modelo em três camadas, nota-se que os serviços tradicionalmente prestados
pelas empresas de Telecomunicações são os de voz.
A camada I é a que permite os serviços de acesso telefônico. É formada por
equipamentos, tais como: centrais de comutação e sistemas de transmissão,
incluindo equipamentos de usuários como aparelhos telefônicos fixos e móveis.
A camada II é a de rede, que oferece os serviços de transporte de voz e que
tradicionalmente é constituída pela rede de comutação de circuitos.
A camada III é a que mostra os serviços oferecidos pelas Operadoras de
Telecomunicações, principalmente os de voz, fax e os serviços 0800.
38
3.1.2 Modelo de Fransman para o setor de “infocomunicações”
O setor de telecomunicações vem sofrendo grandes mudanças a partir da
digitalização da rede e do interfaceamento das redes de comutação por circuito com
as redes de comutação por pacotes, o que foi viabilizado pela utilização de
interfaces que utilizam o Protocolo Internet (IP).
Nos anos 90, o aumento explosivo do uso da Internet implicou uma re-configuração
do setor de telecomunicações. A Internet criou um novo paradigma para
entendimento da informação e dos problemas e soluções de comunicação.
O QUADRO 2 apresenta um modelo em camadas segundo Fransman (2001b), que
mostra o impacto das transformações no setor de telecomunicações.
QUADRO 2 - Modelo de Fransman para o setor de “infocomunicações”
CAMADA ATIVIDADE
EXEMPLO DE
EMPRESAS
VI Clientes -
V
Camada de Aplicação e Empacotamento
de Conteúdo
(ex: web design, serviços de informação
on-line, serviços de difusão etc.).
Bloomberg, Reuters, AOL,
Time Warner
IV
Camada de Navegação e Middleware
(ex: browsers, portais, busca, segurança,
pagamento eletrônico etc.).
Yahoo, Netscape
III
Camada de Conectividade
(ex: acesso à Internet, hospedagem web
Internet).
Provedores de Serviço
Internet (ISP), Provedores
de Aplicação Internet
(IAP).
Interface IP
II
Camada de Rede
(ex: rede de fibra óptica, acesso rádio,
acesso ADSL, Ethernet, RDSI, ATM etc.).
AT&T, BT, NTT,
WorldCom
I
Camada de Equipamentos e Sistemas
(ex: centrais, roteadores, equipamentos
de transmissão, servidores, softwares
básicos etc.).
Nortel, Lucent, Cisco,
Nokia.
Comparando-se os modelos dos dois quadros anteriores, observa-se que as
empresas se restringiam tradicionalmente a prestar serviços das camadas I e II. A
39
Internet permitiu expandir as telecomunicações incluindo serviços em outras
camadas e também aumentando a abrangência das camadas I e II.
A camada I atualmente comporta equipamentos da rede de comutação por pacotes,
assim como terminais capazes de transmitir voz e dados. A voz é transmitida
digitalizada, não se diferenciando da transmissão de dados.
Da camada II, além da rede de comutação por circuitos, agora fazem parte diversas
redes de dados e a utilização de comutação por pacotes. O acesso à Internet
através da rede de circuitos permitiu grande capilarização e larga adoção da
Internet.
O QUADRO 2 mostra uma interface IP, representando que, independentemente dos
meios físicos utilizados, o protocolo IP disponibiliza uma interface de prestação de
serviços de rede para os protocolos das camadas superiores.
A camada III representa a conectividade à Internet através da rede de
Telecomunicação utilizando-se dos provedores de acesso a Internet e seus serviços.
A camada IV representa a navegação na rede provida por vários softwares de
usuários e de provedores, assim como de diversas funcionalidades necessárias para
aplicações de conteúdo.
A camada V representa as próprias aplicações com conteúdo para o usuário.
Finalmente, a camada VI representa o usuário dos serviços, ou seja, é o cliente de
um provedor de serviço.
Todos os serviços providos pelas camadas III a V dependem de hardware e software
computacional, que têm sido integrados às Telecomunicações.
3.2 Rede Internet
A Internet é uma rede que possui um conjunto de protocolos desenvolvidos para
permitirem que computadores compartilhem recursos dentro da rede. Como os
protocolos Transmission Control Protocol (TCP) e Internet Protocol (IP) são os mais
40
conhecidos, é comum se referir a TCP/IP para referenciar toda a família de
protocolos. A Internet é constituída por sub-redes interconectadas por gateways,
constituindo uma rede única (COMER, 2006). A documentação da Internet está
baseada em documentos denominados Request for Comments (RFC), disponíveis
na Internet em Request for Comments Editor (RFC-EDITOR
18
).
A Internet não é controlada por nenhum órgão governamental ou comercial, mas sim
por organizações voluntárias. Pode-se citar a Internet Arquitecture Board (IAB
19
) cujo
objetivo principal é coordenar a organização geral da Internet, o Internet Network
Information Center (INTERNIC
20
) criado para distribuir endereços IP, a Internet
Assigned Numbers Authority (IANA
21
) autoridade para designação de números para
Internet, a Internet Research Task Force (IRTF
22
) responsável por atividades de
pesquisa, a Internet Engineering Task Force (IETF) e a World Wide Web Consortium
(W3C
23
) para desenvolvimento de padrões e diretrizes.
Hoje as tecnologias oriundas da Internet estão permeando todas as outras redes de
telecomunicações, as redes fixas, as redes móveis e as redes de TV por assinatura,
possibilitando a convergência entre todas as redes, e isto está mudando o cenário
mundial de telecomunicações.
18
Disponível em: <http://www.rfc-editor.org/>
19
Disponível em: <http://www.iab.org/>
20
Disponível em: <http://www.internic.net/>
21
Disponível em: <http://www.iana.net/>
22
Disponível em: <http://www.irtf.org/>
23
Disponível em: <
http://www.w3.org/>
41
3.2.1 Custo de manutenção da rede Internet
O custo de interconexão e manutenção da rede Internet é mantido por cada
integrante da rede. Quando uma organização se interliga a rede Internet, ela é
responsável pelos seus equipamentos e pela sua interconexão com algum outro
da rede. Se não possuir equipamentos capazes de prover os serviços Internet, então
se conecta a um provedor e remunera este pelos seus serviços.
O custo de instalação, interconexão e manutenção da rede Internet são lineares e
proporcionais ao número de nós e interconexões de cada integrante da rede,
portanto o custo é distribuído entre todos os integrantes, onde cada um é
responsável pela sua parte. Os serviços prestados pela Internet em geral não são
cobrados pelo uso. No entanto, isto não significa que sejam gratuitos.
3.3 Evolução das redes de telecomunicações fixas
Neste tópico estão apresentados os principais serviços de telecomunicações
prestados em redes fixas, que compreendem redes com fio ou com interfaces
aéreas denominadas Wireless Local Loop (WLL), que são redes onde os terminais
são móveis e similares aos terminais celulares, no entanto não podem se deslocar
fora de um certo raio de abrangência. Também estão comentados os aspectos de
regulamentação, mostrando as inovações e tendências de serviços nestas redes.
A rede fixa inicialmente era apenas analógica e cada chamada estabelecida
ocupava um meio sico entre a origem e o destino, com a digitalização foram sendo
substituídos os enlaces analógicos entre centrais por enlaces digitais que utilizam a
codificação Pulse Code Modulation (PCM) e mais recentemente estes estão sendo
substituídos por backbones IP de nova geração denominadas New Generation
Network (NGN).
42
3.3.1 Serviços em meios de acesso com fio
Historicamente os serviços de acesso oferecidos pelas Operadoras do Sistema de
Telefonia Fixo Comutado (STFC), eram apenas analógicos, tais como o transporte
de voz utilizando aparelhos fixos residenciais e comerciais, bem como o aluguel de
linhas analógicas.
Atualmente a voz digitalizada passou a ser apenas um tipo de dado transportado. A
digitalização da rede possibilitou o oferecimento de serviços como o de linhas de
assinante digital assíncrona através de modems Asymmetric Digital Subscriber Line
(ADSL) que permite a transmissão de voz e dados simultaneamente a velocidades
tipicamente de 256 Kbps a 2 Mbps.
O computador, hoje, passou a ser um terminal de acesso que, estando conectado à
Internet com ou sem fio, permite a utilização de serviços de voz e dados. Existem
aplicativos que permitem conversação via Internet, utilizando Voz sobre IP (VoIP),
navegação na Internet, download e upload de todo tipo de dado, vídeo conferência,
video streaming com imagens em tempo real ou gravadas etc.
Em acessos ADSL de maior banda, já existem transmissões de canais de TV. Isto
pode significar uma grande mudança nos mercados de fornecimento de serviços de
imagem. Significa que um usuário pode adquirir os serviços de canais fechados e
filmes, tanto das empresas de TV por assinatura, quanto através das empresas de
telecomunicações. Por outro lado, as empresas de TV também estão oferecendo
serviço de telefonia, como será visto adiante.
3.3.1.1 Provedores Internet
Para acessar a Internet utilizando-se de um serviço Banda Larga, é necessário a
contratação de um provedor Internet com o qual a Operadora fixa tenha estabelecido
parceria, senão o usuário se conecta a rede Internet, mas não tem acesso aos
serviços oferecidos por esta, como uso de navegadores (browsers), dentre outros.
A banda disponível é controlada pelo provedor de Internet, e pode ser variável em
função dos recursos técnicos dos provedores e de seus planos de negócio. Por
43
exemplo, é possível oferecer gratuitamente uma banda de 64 Kbps, e para
velocidades superiores pagar uma assinatura ao provedor, assim como, é possível
que apenas durante a obtenção de um filme (download) a banda seja aumentada e o
pagamento seja apenas por este volume de tráfego.
3.3.2 Planos de numeração
O Plano de Numeração Nacional o regras oficiais definidas pela Agência Nacional
de Telecomunicações (ANATEL) através do Regulamento de Numeração do STFC
(ANATEL, 1998b) e do Regulamento de Numeração para o SMP (ANATEL, 2002a).
Estes regulamentos definem univocamente a identificação dos acessos de usuário
na rede de telecomunicações e adequaram o país para o modelo de
Telecomunicações que se implantou com a privatização do sistema TELEBRÁS. É a
base para identificação dos serviços de comunicação de voz tratados pelos sistemas
de faturamento.
3.3.3 Regulamentação de serviços em redes com fio
A seguir são apresentadas as regulamentações da ANATEL para serviços de
Telecomunicações em redes com fio, que compreendem Serviços Telefônicos Fixo
Comutado (STFC) e os serviços de comunicação de dados, que estão autorizados
pelas regulamentações do Serviço Limitado Especializado (SLE) e do Serviço de
Comunicação Multimídia (SCM).
3.3.3.1 Serviço telefônico fixo comutado (STFC)
A ANATEL ampliou as definições da Lei Geral de Telecomunicações para o STFC
publicando o Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado (ANATEL, 2005d).
São modalidades de serviços do STFC:
44
Local: destinada à comunicação entre pontos fixos determinados, situados em
uma mesma Área Local
24
ou em localidades distintas que possuam tratamento
local;
Longa Distância Nacional (LDN): destinada à comunicação entre pontos fixos
determinados, situados em áreas locais distintas no território nacional e que não
pertençam a localidades que possuam tratamento local;
Longa Distância Internacional (LDI): destinada à comunicação entre um ponto
fixo situado no território nacional e outro ponto no exterior.
3.3.3.2 Serviços de comunicação de dados
Os serviços de comunicação de dados estão previstos na edição da Lei Geral de
Telecomunicações (LGT) (BRASIL, 1997). Os serviços de comunicação de dados
eram classificados na modalidade de Serviço Limitado Especializado (SLE)
(ANATEL, 1997). A ANATEL, no entanto, não emite mais outorgas para a
modalidade de SLE, pois a partir de 2001, foi aprovado o Regulamento para o
Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) (ANATEL, 2001b), que prevê a
ampliação e modernização dos serviços de comunicação de dados, e substitui o SLE
para redes e circuitos.
Alguns serviços de comunicação de dados estão regulamentados e classificados
como SLE e SCM, tais como: Serviços por Linha Dedicada para Sinais Digitais
(SLDD), Frame Relay, Troca Eletrônica de Documentos (EDI), Link de Fibra Óptica e
serviços Multiprotocol Label Switching (MPLS). Como se trata de serviços
estratégicos para as Prestadoras e Operadoras de Telecomunicações, e pelo fato da
não obrigatoriedade de disponibilizar publicamente os valores comercializados por
estes tipos de serviços, estas empresas não fornecem seus planos de negócio e
24
Segundo ANATEL: Área geográfica contínua de prestação de serviços, definida pela ANATEL
segundo critérios técnicos e econômicos, onde é prestado o STFC na modalidade Local”.
45
tarifas praticadas para os clientes, a menos se for em resposta a uma tomada de
preço, RFP, RFI ou edital de concorrência pública.
Empresas aprovadas pela ANATEL para prestação do SCM, podem prestar serviços
privados de telefonia utilizando-se a tecnologia Voz sobre IP.
Um dos serviços de comunicação mais tradicionais oferecidos para transporte de
dados é o aluguel de linhas privadas (LP) analógicas e digitais, conhecidos como
Serviço por Linha Dedicada para Sinais Analógicos (SLDA) e Serviço por Linha
Dedicada para Sinais Digitais (SLDD). São linhas comutadas permanentes entre um
ponto de origem conhecido como ponta A e um ponto de destino conhecido como
ponta B.
O faturamento dos serviços SLDA e SLDD leva em consideração a distância entre a
ponta A e a ponta B, que é dividida em 8 intervalos denominados degraus. No caso
de SLDD outro parâmetro usado pelo faturamento é a velocidade de transporte dos
dados.
O protocolo Frame Relay é um meio de acesso físico onde é oferecido também um
protocolo de enlace ponto-a-ponto, responsável pelo transporte de pacotes
bidirecionais de dados. É definido nas recomendações da série X do ITU-T (ITU-T,
1988-2006c).
O faturamento do serviço Frame Relay leva em consideração a distância em
degraus entre as pontas A e B, a velocidade de transmissão do enlace e um
parâmetro que é taxa de transmissão mínima garantida pelo enlace, conhecida como
Committed Information Rate (CIR), que no máximo é igual ao valor de transmissão
do enlace, mas tipicamente é a metade.
O protocolo Asynchronous Transfer Mode (ATM) é um serviço de comunicação de
dados oferecido tipicamente para grandes velocidades, onde o meio físico é de
fibras ópticas e o enlace é provido pelo protocolo ATM (SOARES, 1995). O protocolo
ATM está definido nas recomendações da série Q do ITU-T (ITU-T, 1988-2006b).
O faturamento do serviço ATM leva em consideração a distância entre as pontas A e
B medida em degraus, a velocidade das portas de acesso e a velocidade das
conexões.
46
O serviço MultiProtocol Label Switching (MPLS) é uma solução versátil para
endereçamento nas redes atuais, quando o requisitos: velocidade, escalabilidade,
gerência da qualidade de serviço e gerenciamento do tráfego. O MPLS foi
padronizado pela IETF (IETF, 2001), para resolver uma série de problemas das
redes IP suportadas por redes ATM e Frame Relay.
O faturamento dos serviços MPLS é feito levando-se em consideração a velocidade
do enlace. Os preços não possuem uma relação direta com as distâncias envolvidas,
mas sim com a disponibilização de recursos dos provedores nas localidades de
atendimento.
O serviço de acesso à Rede Internet, através de um enlace de conexão entre os
equipamentos de um usuário e algum da rede Internet, possibilitando o acesso
aos serviços providos pela rede Internet, pode ser provido por vários tipos de
comunicação de dados. É faturado levando-se em consideração o meio físico
disponibilizado para o enlace e sua velocidade de transmissão.
3.3.4 Telefonia IP e Voz sobre IP em redes fixas
O conceito de Voz sobre IP (VoIP) não é o mesmo que Telefonia IP. VoIP é a
tecnologia ou técnica de se transformar a voz de modo convencional em pacotes IP
para ser transmitida por uma rede de dados, enquanto Telefonia IP é um conceito
mais amplo, é a mudança da forma de comutação da origem com o destino,
passando de um enlace digital permanentemente comutado, para a utilização de
pacotes através de uma rede. A Telefonia IP usa VoIP e vem sendo implementada
em etapas, denominadas de primeira onda, segunda onda e terceira onda
(REITTER, 2004).
3.3.4.1 Softphones
Pode-se utilizar VoIP através de softphones, que são softwares que podem ser
executados em processadores de uso geral ou em hardwares dedicados, como um
microcomputador, um PDA ou um terminal móvel e que convertem voz em pacotes
47
de dados IP. Permitem chamadas telefônicas entre dois ou mais computadores, ou
entre computadores e telefones da Rede de Telefonia Pública Comutada (RTPC),
utilizando os recursos internos dos microcomputadores como microfones e alto-
falantes, ou recursos externos conectados via interface Universal Serial Bus (USB).
Existem atualmente vários fornecedores de softphones, inclusive as próprias
Operadoras de Telecomunicações conjuntamente com provedores de acesso.
3.3.4.2 PABX Asterisk
O Asterisk é um software de código aberto, que implementa um Private Automatic
Branch eXchange (PABX) completo. Prove todas as funcionalidades de um PABX
usando VoIP e trata vários protocolos, permitindo interoperar com quase todos os
equipamentos telefônicos padronizados. (ASTERISK, 2006). Softwares como este
estão facilitando a cada dia a integração de ambientes de Informática com
Telecomunicações (SPÄTH, 2004; LOSCHWITZ, 2006).
Este software gera registros de uso de serviço de forma semelhante aos
equipamentos PABX tradicionais.
3.4 Evolução das redes de telecomunicações sem fio
Neste tópico são abordados os serviços prestados em redes sem fio e a
convergência da prestação destes serviços através dos diversos meio de acesso
sem fio.
As Operadoras do Serviço Móvel Celular (SMC) e posteriormente do Serviço Móvel
Pessoal (SMP), mais notadamente do que as Operadoras do STFC passaram a
oferecer novos serviços com a digitalização da rede e a evolução dos terminais
móveis (handset). Em poucos anos, passou-se dos serviços de voz analógicos de
primeira geração (1G), para os serviços digitais de voz e dados de segunda geração
(2G e 2,5G) e, atualmente, a terceira geração (3G) permite comunicação de voz,
48
dados e imagens. Já existe, inclusive, o conceito do que poderá ser a quarta
geração (4G) de serviços móveis, convergindo diferentes protocolos.
Com a segunda geração (2G) de terminais móveis, as Prestadoras passaram
também a oferecer Serviços de Valor Adicionado (SVA), sendo que nas faturas de
algumas Prestadoras de SMP consta a sigla em inglês Value Added Services (VAS),
como os serviços de mensagens curtas de texto denominado Short Message
Services (SMS) e o acesso a Internet através de um protocolo especial para
terminais móveis denominado Wireless Application Protocol (WAP), inicialmente com
uma velocidade baixa e serviços como leitura de e-mails, depois com envio de e-
mails e finalmente navegando pela Internet nos endereços que disponibilizam suas
páginas neste formato.
Na geração 2,5 G, estão os serviços de comunicação multimídia (Multimídia
Message Services MMS) que permitem a captura de músicas, visualização de
imagens e filmes semelhantes às câmeras fotográficas digitais. Os terminais
Smartphones possuem aplicativos como jogos que funcionam no celular, mesmo
que este não esteja conectado à rede, ou seja, dão ao terminal características de
computador. Há, também, os serviços baseados em localização Location Based
System (LBS), que conseguem identificar com precio a posição geográfica de um
celular. Isto permite uma grande variedade de novos serviços: como localização em
mapas para orientação no trânsito, busca de restaurantes ou taxes mais próximos,
identificação de que o celular saiu de alguma área delimitada etc.
Outros meios de acesso sem fio que estão se difundindo são o Wireless Location
Area Network (WLAN) ou Wireless Fidelity (Wi-Fi). São equipamentos de
comunicação instalados tipicamente em computadores, Personal Digital Assistant
(PDA) e terminais celulares que permitem o estabelecimento de conexões sem fio
com pontos de acesso Wi-Fi denominados hotspots. Através destas conexões sem
fio podem acessar Redes Locais (Intranet) e Internet, bastando que estejam em
algum local que disponha de ponto de acesso Wi-Fi, tal como aeroportos ou hotéis.
A tecnologia Wi-Fi permite o acesso sem fio em distâncias de algumas centenas de
metros. Em algumas cidades foram implantados projetos de instalação de rios
pontos de acesso Wi-Fi para oferecer acesso Internet sem fio. Entretanto, para
49
regiões maiores, o número de células passa a ser muito grande e o gerenciamento
muito complexo. Para solucionar estes problemas, está sendo desenvolvida e
padronizada uma tecnologia complementar, que permite o acesso num raio de até
50 Km, denominada WiMAX.
3.4.1 Tendências dos meios de acesso
Hoje algumas empresas estão ofertando serviços tipicamente de redes fixas em
meios de acesso sem fio, sendo que o aparelho é similar a um aparelho móvel
celular, no entanto, apenas pode se movimentar dentro de uma área delimitada. São
os serviços conhecidos como Wireless Local Loop (WLL), ou seja, a última milha
sem fio.
A tendência atual é que aparelhos móveis operarem como fixos quando estão dentro
de uma área confinada, como por exemplo, em uma residência, usando protocolos
do tipo Bluetooth, e operarem como aparelhos móveis quando estão fora dessa
área. Com isto, o usuário teria apenas um aparelho que funcionaria como fixo e
móvel e cujos diferentes serviços poderiam ser prestados por empresas Operadoras
distintas. Outra tendência é que os terminais 3G também se tornem em pouco tempo
uma TV de bolso, onde o usuário adquire apenas o conteúdo que deseja. Hoje já
existem para cópia (download) os conteúdos de noticiários ao vivo, gols de futebol,
trailers de filme e programas humorísticos, dentre outros.
Com os recursos destes terminais, estão surgindo a cada dia mais entidades na
cadeia de valor de prestação de serviços, além das Prestadoras de
Telecomunicações. São entidades que prestam serviços tais como impressão de
fotos, em que os usuários enviam fotos digitais através dos próprios aparelhos
celulares para uma empresa imprimir em papel e entregar na residência do cliente.
Os jovens são um importante nicho neste mercado, pois exigem e consomem
novidades. O celular é um sistema de comunicação completo que se tornou
indispensável para este público. Existem Planos de Negócios focados nestes nichos.
50
3.4.2 Regulamentação de serviços em redes sem fio
As regulamentações da ANATEL para serviços de Telecomunicações em redes sem
fio compreendem o Serviço Móvel Pessoal (SMP), que é a sucessão do Serviço
Móvel Comutado (SMC) que foi descontinuado, e o Serviço Móvel Especializado
(SME).
O Serviço Móvel Pessoal é definido como sendo:
Serviço de Telecomunicações móvel terrestre de interesse coletivo
sucedâneo do Serviço Móvel Celular que possibilita a comunicação
entre estações móveis e de estações móveis para outras estações,
observadas as disposições constantes da regulamentação (ANATEL,
2002b).
O Serviço Móvel Especializado é definido como sendo:
Serviço de Telecomunicações móvel terrestre de interesse coletivo
que utiliza sistema de radiocomunicação, basicamente, para a
realização de operações tipo despacho e outras formas de
Telecomunicações (ANATEL, 2005a).
3.4.2.1 Serviços móveis de comunicação de voz
Visando o melhor entendimento dos aspectos de faturamento, estão apresentadas
nesta seção, as definições dos serviços móveis ou “Valores de Comunicação (VC),
como sendo os valores devidos, por unidade de tempo, pela realização de
comunicação”, nas seguintes modalidades:
Comunicação Móvel Fixo (VC-1): valor devido pelo usuário, por unidade de
tempo, pela realização de chamada a Código de Acesso do STFC, associado à
área geográfica interna à Área de Registro de origem da chamada. Pode também
ser aplicado à comunicação Fixo-Móvel quando a Área de Tarifação origem do
Serviço Telefônico Fixo Comutado estiver contida na Área de Registro destino do
Serviço Móvel Celular/Pessoal.
Comunicação Móvel Móvel (VC): valor devido pelo usuário, por unidade de
tempo, pela realização de comunicação destinada a usuário do SMP, SMC, SME
ou outros serviços de Telecomunicações de interesse coletivo que vier a ser
51
autorizado pela ANATEL, que se encontre registrado na Área de Registro de
origem da chamada;
Comunicação em Roaming Móvel-Fixo (VC-1 em Roaming): valor devido pelo
usuário, por unidade de tempo, pela realização de chamada fora da sua Área de
Mobilidade, destinada a Código de Acesso do STFC associado à área geográfica
interna à Área de Registro de origem da chamada;
Comunicação em Roaming Móvel-Móvel (VC em Roaming): valor devido pelo
usuário, por unidade de tempo, pela realização de chamada fora da sua Área de
Mobilidade, destinada a usuário do SMP, SMC, SME ou outros serviços móveis
de Telecomunicações de interesse coletivo que vierem a ser autorizados pela
ANATEL, que se encontre dentro da Área de Registro de origem da chamada.
Define também outros serviços, como:
Adicional por chamada - AD: valor fixo cobrado por chamada recebida ou
originada, quando o usuário estiver localizado fora de sua Área de Mobilidade;
Habilitação: valor cobrado do usuário de um Plano de Serviço, no ato de ativação
de sua estação móvel;
Assinatura: valor mensal por acesso, devido pelo usuário, por ter ao seu dispor o
SMP, nas condições previstas em um Plano de Serviço.
Valor de comunicação 2 (VC-2) - é aplicado à comunicação Móvel-Fixo ou Fixo-
Móvel quando a Área de Tarifação do Serviço Telefônico Fixo Comutado não
estiver contida na Área de Registro do Serviço Móvel Celular/Pessoal e
identificadas por Código Nacional com primeiro dígito idêntico. No SMP necessita
escolha de Prestadora através do Código de Seleção da Prestadora (CSP).
Valor de comunicação 3 (VC-3) - é aplicado à comunicação Móvel-Fixo ou Fixo-
Móvel quando a Área de Tarifação do Serviço Telefônico Fixo Comutado não
estiver contida na Área de Registro do Serviço Móvel Celular/Pessoal e
identificadas por Código Nacional também distinto. No SMP necessita de escolha
de Prestadora através do CSP.
52
3.4.3 Serviços de valor adicionado
Até agora, foram tratados os meios de acesso e os serviços de acesso e
transmissão. Utilizando-se destes meios, é possível oferecer outra categoria de
serviços, os de valor adicionado.
A conceituação de serviço, segundo o artigo 60 parágrafo 1 da Lei Geral de
Telecomunicações (BRASIL, 1997), é “transmissão, emissão ou recepção, por fio,
radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de
símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer
natureza”. A ANATEL define os serviços de Telecomunicações no Regulamento de
Serviços de Telecomunicações, aprovado através da Resolução 73 (ANATEL,
1998a).
A Lei Geral de Telecomunicações no artigo 61 define que “Serviço de Valor
Adicionado (SVA) é a atividade que acrescenta, a um serviço de Telecomunicações
que lhe suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas ao
acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de
informações” (em inglês Value Added Service - VAS). Segundo esta definição o SVA
não é um serviço de Telecomunicações.
Pode-se dizer também que os “Serviços de Valor Adicionado (SVA) são os que
contêm algum tipo de conteúdo, ou seja, algo que o usuário considera útil para si”
(FREZZA, 2003b).
3.4.3.1 Categorias de serviços de valor adicionado
No oferecimento dos serviços de conteúdo, o meio de acesso utilizado não é o
principal aspecto a ser considerado e sim o próprio conteúdo.
Nesta categoria de serviços, pode-se encontrar grande variedade. Atualmente os
serviços oferecidos pela Internet são possíveis de serem oferecidos também para
celulares ou televisão, fazendo-se as devidas adaptações para os respectivos meios
de acesso. A seguir estão destacadas algumas das principais áreas de interesse
para ofertas de serviços de valor adicionado:
53
Entretenimentos: jogos, especialmente os que funcionam off-line (que são
recebidos pela rede, no entanto funcionam com o aparelho móvel desconectado
da rede);
Financeiros: serviços bancários e de cartões de crédito;
Informações: serviços de busca para identificação de restaurantes próximos,
cinemas, filmes, profissionais liberais, ações em bolsa etc;
Localização: identificação da localização geográfica de um terminal para serviços
de segurança, ou para envio de táxis mais próximos etc;
m-Commerce: aquisição de produtos via celular, com pagamento via conta
telefônica. Por exemplo, compra de um refrigerante em máquina, discando um
número específico no celular. Este serviço está disponível em uma Operadora
nacional;
Micro-pagamentos: realização de pagamentos de pequeno valor com o celular,
tornando-o uma carteira eletrônica. Um exemplo é adquirir passagens de ônibus
circular e realizar o pagamento com o celular.
A tarifação desses tipos de serviços de valor adicionado pode envolver
funcionalidades específicas.
3.4.4 Arquiteturas das redes móveis para multisserviços
Atualmente as redes móveis prestam vários serviços, sendo alguns de valor
adicionado, através de plataformas específicas. Estas plataformas são integradas às
redes móveis, porém cada uma presta o seu serviço de modo isolado.
Na FIG.1 estão representadas conjuntamente algumas destas plataformas, onde um
terminal móvel pode acessar a Internet através de acesso Wi-Fi, assim como através
de acesso aéreo acessar os serviços de comunicação de mensagens de texto,
mensagens multimídia, Internet, redes de dados com serviços tipo correio eletrônico
(e-mail) e serviços de localização (LBS) (FREZZA, 2005).
54
Usuários
Rede
sem Fio
Elementos
de Rede
Roteador de
Pacotes
Internet WAP
Mensagens SMS
Acesso
Wi-Fi
Web Server
Sistemas de
Localização
Servidores de
Aplicação
Mediador Billing
Pós-Pago
Billing
Pré-Pago
Provedores
de Serviços
e Produtos
Multimídia MMS
Usuários
Rede
sem Fio
Elementos
de Rede
Roteador de
Pacotes
Internet WAP
Mensagens SMS
Acesso
Wi-Fi
Web Server
Sistemas de
Localização
Servidores de
Aplicação
Mediador Billing
Pós-Pago
Billing
Pré-Pago
Provedores
de Serviços
e Produtos
Multimídia MMS
FIGURA 1 - Arquitetura de redes móveis multiserviços
Cada plataforma registra o uso dos serviços e envia para faturamento, que pode ser
pós-pago ou pré-pago. O faturamento pré-pago exige interfaces para debitar os
valores de uso dos serviços em tempo real.
Os serviços Short Message Service (SMS) são os de envio e recepção de
mensagens curtas de texto entre terminais celulares móveis ou entre estes e
aplicações específicas em microcomputadores através da Internet.
Os serviços Multimedia Message Service (MMS) são os de envio e recepção de
mensagens multimídia entre terminais celulares móveis. Podem ser arquivos
contendo fotos, vídeos, músicas ou outros tipos (PICHON, 2002).
Os serviços WAP são os de acesso a informações disponibilizadas em formato
especial para serem visualizadas em telas pequenas como de terminais celulares
móveis, semelhante à Internet.
55
3.4.5 Serviços de voz sobre IP em redes sem fio
Os terminais celulares móveis atualmente possuem processadores e permitem a
instalação de aplicativos, se assemelhando aos microcomputadores. Os programas
podem ser jogos, utilitários ou quaisquer outros, inclusive do tipo softphones, ou
seja, são programas que permitem a comunicação de voz através do canal de
comunicação de dados dos celulares, utilizando a tecnologia VoIP.
Atualmente é possível selecionar, em um terminal celular móvel, se a
comunicação será da forma tradicional, pela rede móvel de comutação de voz, ou
por meio de VoIP via rede de dados. Atualmente ainda não são oferecidos
comercialmente os modelos de negócio para o uso desta tecnologia pelas
Prestadoras para os assinantes.
3.5 Evolução em redes de TV por assinatura
O serviço de TV por assinatura é destinado à distribuição de sinais de vídeo e áudio
para assinantes e regulamentado pela Anatel (2001c). O nome TV por assinatura é
utilizado para caracterizar a prestação de serviços de TV em que o assinante paga
uma mensalidade para ter acesso à programação. Eles são prestados em 4
modalidades de tecnologia ou tipo de outorga: TV a Cabo, Multichannel Multipoint
Distribution Service (MMDS), Direct To Home (DTH) e TV por Assinatura (TVA),
conforme definidos na Lei Geral de Telecomunicações (BRASIL, 1997).
Os canais são oferecidos ao assinante obedecendo a critérios estabelecidos pelas
prestadoras e são disponibilizados por meio de pacotes de assinatura mensal. Os
canais abertos o disponibilizados da mesma forma como na TV convencional. Os
canais podem ser classificados nas categorias: variedades, notícias, filmes, cultura,
esporte, infantil e adulto.
A TV analógica pública atual é monodirecional, ou seja, as transmissões ocorrem
apenas no sentido das emissoras para os usuários, e estes não podem influenciar
na programação que assistem, exceto selecionando outro canal. Na TV digital por
assinatura, dependendo da tecnologia, pode haver um canal de interatividade onde
56
o usuário seleciona o que deseja assistir, como é o caso de filmes e outras
programações adquiridas pelo sistema de pagamento individual (Pay per View),
assim como possibilita jogos e acesso à Internet.
Pode demorar ainda alguns anos, mas a tendência é também a integração da rede
de TV aberta com outras redes, proporcionando serviços convergentes.
3.5.1 Acesso à Internet e telefonia em redes de TV por assinatura
Como as redes de TV por assinatura já são digitalizadas, a evolução para tecnologia
IP não é uma mudança complexa. A incorporação de equipamentos provedores de
banda larga permite o oferecimento destes serviços. Com isto, as prestadoras de TV
por assinatura estão se tornando provedoras de acesso banda larga.
Por outro lado, como a regulamentação do STFC exige outorga para prestação do
serviço de telefonia, as prestadoras de TV por assinatura estão se associando com
Operadoras de telefonia e, através da utilização da tecnologia VoIP, passaram a
oferecer os serviços de transmissão de voz através das redes de TV por assinatura.
3.5.1.1 Triple play
O termo triple play é utilizado pelo marketing das empresas, significando a prestação
de três tipos de serviços: Internet em banda larga, TV por assinatura (canais
tradicionais e interativos) e Telefone utilizando VoIP (NERY, 2005).
Triple play é comercializado geralmente em um modelo de negócio combinando os
serviços de modo que o preço da aquisição de um pacote com os três serviços
juntos seja menor que a soma da aquisição dos mesmos serviços individualmente.
As prestadoras de TV por assinatura estão adotando a estratégia de se tornarem
triple play prestando serviços de deo, depois banda larga e depois telefonia. As
operadoras de telefonia fixa, também para tornarem-se triple play, estão fazendo o
caminho inverso utilizando a rede metálica (pares de fios de cobre) para acesso ao
assinante. Onde prestavam serviços de telefonia, passaram a oferecer acesso
57
banda larga (ADSL) e agora passando a oferecer Vídeo sobre IP utilizando o
protocolo Internet Protocol Television (IPTV).
3.5.1.2 Quadruple play e multiplay
Quadruple play é o triple play acrescido de mobilidade, no qual o aprovisionamento
de serviços de comunicações sem fio foi introduzido como um outro meio para envio
de vídeo, Internet e voz. O agrupamento de outros serviços juntos ao triple ou
quadruple play é conhecido como multiplay. Neste caso, pode englobar serviços dos
tipos: segurança de redes, monitoramento residencial e e-mail, dentre outros.
Por outro lado, algumas empresas de TV por assinatura estão oferecendo produtos
e serviços incorporando os conceitos de portabilidade e mobilidade, estendendo o
conceito de serviços ofertados apenas dentro de casa para onde quer que o usuário
esteja. Têm-se como exemplo, um equipamento que, instalado junto ao
decodificador (Set-top Box), envia a programação em tempo real pela Internet
através de um microcomputador ou PDA a este conectado. No microcomputador,
basta uma conexão de banda larga com a utilização de um software apropriado e o
usuário poderá assistir e controlar a programação de sua televisão de qualquer lugar
(AGÊNCIA ESTADO, 2006).
Outra tecnologia que está sendo testada pelas empresas de TV por assinatura é a
transmissão utilizando WiMAX. Acredita-se que esta tecnologia num futuro próximo
poderá ser uma tecnologia disruptiva para transmissão de dados e poderá fazer
pelos serviços de dados o que o celular fez pela voz. O custo do chip WiMAX poderá
cair muito, principalmente se for incorporado aos microcomputadores portáteis
(laptops), a exemplo do que ocorreu com a tecnologia Wi-Fi (AGÊNCIA ESTADO,
2006).
3.5.2 Convergência de TV com telecom
A convergência na geração de conteúdo, nos meios de transmissão e dispositivos
de acesso à informação, é um processo que está ocorrendo em todos os meios de
58
difusão de informação, viabilizados por diversas tecnologias. A FIG. 2 apresenta este
processo de convergência entre alguns meios de transmissão de informação
(ARAÚJO, 2006).
FIGURA 2 - A convergência na Transmissão de Informações
FONTE - Araújo (2006)
A cadeia de valor tradicional do setor de mídia produz conteúdo, empacota e
distribui, não possuindo relacionamento direto com o usuário. Por outro lado, a
cadeia de valor tradicional de Telecomunicações não produz conteúdo, entretanto
realiza a operação das redes e oferece serviços de acesso, possuindo um
relacionamento direto com os usuários dos serviços. O processo de convergência
está criando uma nova cadeia de valor convergente, que está unindo desde a
produção do conteúdo até o usuário deste conteúdo. A FIG. 3 apresenta esta cadeia
de valor convergente.
59
FIGURA 3 - Cadeia de valor convergente
A TV digital blica ou privada apresenta uma série de oportunidades para novos
negócios, propiciadas pela convergência de serviços. Podem ser citados serviços
relacionados com interatividade, mobilidade e portabilidade, tais como: novos
serviços SMS, comércio via TV (T-commerce), serviços bancários pela TV (T-
banking), jogos interativos pela TV, dentre outros. Isto implicará em novos modelos
de negócios, com novos atores, formando novas cadeias de valores.
Outro aspecto importante é que a TV digital, principalmente a pública, pode
proporcionar Inclusão Digital, com serviços de acesso a Internet e ensino à distância.
3.5.3 TV sobre redes IP
A transmissão de TV através de redes IP, utilizando o protocolo Internet Protocol
Television (IPTV), ainda não é um serviço muito difundido no Brasil, embora alguns
provedores estejam oferecendo. Em alguns países este serviço é oferecido
comercialmente em áreas limitadas.
60
Empresas de alta tecnologia estão se apresentando como provedoras de vídeo por
Internet (IPTV), tentando competir com empresas de TV abertas e por assinatura,
bem como empresas de Telecomunicações.
O usuário poderá não apenas assistir a programação predeterminada dos canais de
TV aberta ou por assinatura, mas selecionar via Internet a qualquer dia e hora o
conteúdo digital que deseja, como: programas, novelas, filmes, noticiários etc. Este
conteúdo será recebido por conexão em banda larga.
No Brasil as Prestadoras de telefonia móvel oferece alguns canais de deo. No
entanto, os terminais móveis necessitam possuir esta funcionalidade para ser
possível o uso do serviço. As Operadoras fixas estão iniciando o oferecimento de
canais de TV para usuários de banda larga através de seus provedores de Internet,
visando competir com empresas móveis celular, com empresas de TV por assinatura
e com outros provedores via Internet. Outro segmento de mercado que será
fortemente atingido com a IPTV será o de vídeo locadoras.
A convergência de redes e serviços inclui a necessidade de avaliar a extensão de
obrigações regulatórias a serem, ou não, impostas aos prestadores dos novos
serviços. A área de Tecnologia da Informação (TI), tradicionalmente não regulada,
está se confundindo cada dia mais, com os serviços de Telecomunicações e de
Mídia, que estão sujeitos a forte regulamentação. Serão necessárias
regulamentações dos serviços IPTV, em questões relacionadas às leis civis, direitos
de propriedade intelectual, tributação, competição e outros.
3.6 Convergência através da arquitetura IMS
A evolução dos negócios em Telecomunicações vem apontando para a linha de
redes e serviços convergentes utilizando meios de comunicação multimídia,
suportados sobre redes IP. Os serviços de voz serão apenas um tipo dentre os
vários serviços suportados pelas redes. Os serviços deverão ser prestados
independentemente da rede de acesso.
61
Atualmente existe uma série de provedores de serviços independentes (conhecidos
como: players over the top), que usam redes de terceiros (como Operadoras Fixas)
para oferecerem seus serviços. A arquitetura IP Multimedia Subsystem (IMS) surgiu
como estratégia de proteção das Operadoras fixas e móveis para criar, manter e
gerenciar com exclusividade, todos os serviços que utilizam suas redes. É uma
arquitetura funcional organizada em camadas com funções lógicas e interfaces bem
definidas entre cada componente. É um avanço no conceito de redes de nova
geração (NGN).
A arquitetura IMS concentra as informações dos serviços em uma base de dados
denominada Home Subscriber Server (HSS) e separa as camadas de controle dos
serviços da camada de redes, o que viabiliza a criação de uma rie de novos
serviços, uma vez que permite que múltiplas aplicações tratem as diversas redes
como fazendo parte de uma única infra-estrutura. IMS possibilita uma nova geração
de tecnologia em comunicação, permitindo serviços de comunicações pessoais
independentes de localização, terminal utilizado, meio de transmissão (fixo ou
móvel) e tecnologia de acesso. Permite comunicações multimídia simultaneamente
através de dois ou mais meios, como: voz, áudio, vídeo, imagens ou dados (NERY,
2006).
A prestação de serviços pode ser segmentada nas etapas de envio, transporte,
armazenamento, entrega e sinalização. Os serviços podem ser classificados como:
Conversação, Mensagens, Recuperação de informação sob controle do usuário,
Distribuição com controle de início e ordem de apresentação pelos usuários e
Distribuição sem controle pelos usuários.
Uma sessão multimídia pode possuir diversos componentes que para efeito de
faturamento são tratados separadamente, tais como: Voz (ex: chamadas
telefônicas), Áudio em tempo real (ex: áudio-conferência), Áudio (streaming) sendo
enviado continuamente (ex: rádio via Internet), Vídeo em tempo real (ex: vídeo-
conferência), Vídeo (streaming) sendo enviado continuamente (ex: câmera via
Internet), Transferência de Dados (download/upload) (ex: recepção ou envio de
arquivos via rede), Dados Interativos (ex: navegação Internet via browser),
Comunicação de Dados sem especificação de conteúdo, apenas o transporte (ex:
62
comunicações de dados ponto-a-ponto), Mensagem (ex: SMS, MMS) e Correio
Eletrônico (ex: e-mail) dentre outros.
A arquitetura IMS poderá causar uma grande mudança no modo de vida das
pessoas, modificando formas de trabalho, comunicação, movimentação e diversão.
Por exemplo, a viabilidade da criação de perfis de comunicação conforme tratado a
seguir.
3.6.1 Perfis de comunicação utilizando IMS
Através da tecnologia IMS, será possível especificar um mesmo identificador para
um telefone instalado em um computador (softphone), um telefone celular com
conexão de dados ou aplicações de videoconferência, sendo que todos podem
chamar ao mesmo tempo quando for recebida uma solicitação e, no momento em
que a solicitação for atendida por qualquer um desses terminais, os demais são
informados e param de chamar.
A tecnologia IMS possibilitará a criação do conceito de Perfil de Comunicação de um
usuário, onde será possível um usuário programar os horários nos quais deseja
receber chamadas em cada um de seus terminais. Por exemplo, pela manhã recebe
chamadas em seu computador utilizando um softphone, à tarde recebe em seu
telefone celular, e a noite utiliza um serviço de atendimento automático com envio de
mensagem de voz por meio de correio eletrônico.
A arquitetura IMS está sendo definida pelo 3GPP (3GPP, 2006b) em conjunto com
outras entidades de padronização e é recomendada por vários fóruns internacionais
de Telecomunicações. No capítulo 4 são abordas algumas das principais
organizações de recomendações de faturamento em Telecomunicações.
4 PADRONIZAÇÕES EM TELECOMUNICAÇÕES
Este capítulo apresenta os principais organismos internacionais de padronização em
Telecomunicações e seus modelos para sistemas de faturamento. Os modelos
contemplam os serviços oferecidos atualmente, bem como prevêem possíveis novos
serviços que estão se viabilizando com as novas tecnologias de rede.
Primeiramente, é apresentada uma visão de como as novas tecnologias geram
ciclos tecnológicos que influenciam os processos vigentes na prestação dos serviços
de Telecomunicações e a evolução que os sistemas têm tido para atender estas
demandas.
4.1 Ciclos tecnológicos
De tempos em tempos surgem novas tecnologias que, dependendo de suas
características e vantagens sobre as tecnologias vigentes, as vão substituindo mais
cedo ou mais tarde. Em Telecomunicações estas mudanças têm ocorrido numa
velocidade muito grande, se comparadas com outros setores. A tecnologia de
transmissão de Voz sobre IP é uma destas tecnologias que está revolucionando o
setor de Telecomunicações.
Segundo Perez (2002), pesquisadora da Britain's University of Sussex, as novas
tecnologias geralmente passam por uma fase inicial após o seu surgimento que é
um período de instalação (Installation Period), onde engenheiros, empresários e
investidores tentam encontrar as melhores oportunidades criadas pela nova
tecnologia. São atraídos capitais que levam ao surgimento de uma “bolha” de
desenvolvimento chamada de revolução tecnológica.
O segundo período é um período de implantação (Deployment Period), onde as
empresas líderes tornam-se maiores e mais lentas. A ênfase não é mais na
tecnologia pura, mas sim em como torná-la de fácil uso, confiável e segura. Este é
64
ainda um período bom, no qual a tecnologia penetra todos os segmentos da
sociedade.
Estes dois períodos de uma revolução tecnológica são separados por um período
chamado de “ponto de ajuste” (Turning Point), um tempo crucial para que as
realizações das diretrizes tomadas determinem se uma revolução tecnológica irá
atender as expectativas. Na FIG. 4 se vê a representação destas fases.
FIGURA 4 - Fases das revoluções tecnológicas
FONTE - Perez (2002)
Os organismos de padronização são importantes para as novas tecnologias, pois se
cada empresa desenvolve produtos e serviços incompatíveis entre si, isto impacta
na adoção da tecnologia.
A seguir são analisadas as mudanças sistêmicas que vêm ocorrendo no
desenvolvimento dos próprios sistemas de informações na área de
Telecomunicações, especialmente os de faturamento, sob o ponto de vista da
Tecnologia de Informação (TI).
65
4.2 Evolução tecnológica dos sistemas de informação
Os primeiros softwares de aplicações foram desenvolvidos utilizando-se apenas as
funções disponibilizadas pelos sistemas operacionais e implementavam
internamente todo o gerenciamento dos dados, regras, fluxos e serviços. Depois, as
aplicações começaram a gerenciar seus dados utilizando-se de Sistemas
Gerenciadores de Bancos de Dados (SGBD), o que se tornou à forma clássica de
desenvolvimento de sistemas. Posteriormente, as regras de parametrização dos
sistemas também foram separadas das aplicações em si, dando maior flexibilidade e
portabilidade às aplicações.
Mais recentemente estão surgindo aplicações onde os fluxos de informações e os
próprios serviços estão sendo desvinculados das aplicações em si, ou seja, uma
mesma aplicação pode controlar vários tipos de serviços. Isto mostra como os
sistemas estão evoluindo tecnologicamente, tornando-se cada vez mais flexíveis e
parametrizáveis, buscando cada vez menos customizações específicas.
A FIG. 5 representa, segundo o Gartner Research (MORO, 2005), as características
de evolução do desenvolvimento de sistemas de Tecnologia da Informação (TI).
66
FIGURA 5 - Evolução tecnológica dos sistemas segundo Gartner Research
FONTE - Moro (2005)
Quanto aos sistemas de faturamento das empresas Operadoras, pode-se considerar
como primeira geração às soluções desenvolvidas internamente pelas próprias
Operadoras, geralmente baseadas em computadores mainframe.
A segunda geração foram as soluções de mercado desenvolvidas e comercializadas
por grandes empresas, que tinham como característica a tarifação de serviços a
partir de tabelas parametrizáveis, porém possuíam regras de negócio pré-
determinadas, o que limitava as parametrizações dos serviços e geralmente
necessitavam de customizações específicas por cliente. Posteriormente estes
sistemas foram se tornando mais flexíveis, porém ainda baseados em tabelas
parametrizáveis.
Uma terceira geração de sistemas surgiu para o atendimento de serviços
convergentes em redes fixas e móveis com tarifação pré e pós-paga. É uma geração
de sistemas mais flexíveis, que permitem a tarifação de serviços e produtos através
67
de definições com expressões lógicas. Possuem completa integração ou mesmo a
unificação das plataformas de Faturamento e da Gerência de Relacionamento de
Clientes (CRM) incluindo o Atendimento a Clientes (FONSECA, 2004).
O incremento ou alteração de funcionalidades nos sistemas de faturamento se torna
inevitável devido à velocidade com que as tecnologias evoluem. A flexibilidade para
tratar novos produtos e serviços deve ser uma de suas principais características.
A seguir são tratados aspectos de padronização e regulamentação de faturamento
pelos principais organismos do setor.
4.3 Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL)
A ANATEL é o órgão nacional responsável por toda a regulamentação de prestação
de serviços de Telecomunicações no país, bem como responsável por definir e
aprovar todos os planos de serviços das Operadoras e Prestadoras. É responsável
também pela regulamentação de interconexão dos serviços.
As regras de tarifação, remunerações e repasses de valores, entre as entidades
participantes no oferecimento dos serviços de voz e dados do STFC e SMP, estão
definidas e regulamentadas pela ANATEL (2001a; 2005b).
A ANATEL aprovou em dezembro de 2005, e entrou em vigor em primeiro de janeiro
de 2006, o Regulamento de Tarifação do Serviço Telefônico Fixo Comutado
Destinado ou Uso do Público em Geral STFC Prestado no Regime Público
(ANATEL, 2005c), que alterou alguns critérios de tarifação. Uma das principais
alterações é a mudança do tempo mínimo de tarifação dos serviços de Longa
Distância Nacional com origem fixa, de um minuto para 30 segundos com
incrementos de 6 segundos (um décimo de minuto), ficando igual aos serviços com
origem em terminais móveis.
68
4.4 Recomendações ITU-T
O International Telecommunications Union Telecommunications Standardization
Sector (ITU-T) é o mais importante organismo internacional de padronização para
Telecomunicações. O ITU-T publica recomendações sobre todos os aspectos de
serviços de Telecomunicações e para faturamento possui a série D de
recomendações (ITU-T, 1988-2006a). No Brasil as recomendações do ITU-T são
referendadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), que
representa o Brasil no ITU-T.
O ITU-T também recomenda trabalhos desenvolvidos pelo TeleManagement Forum,
abordado no item 4.6. Em especial podem ser citadas da série M as recomendações
M.3050, M.3050.0, M.3050.1, M.3050.2, M.3050.3 e M.3050.4 (ITU_T, 2004) que
tratam o Mapa de Operações de Telecomunicações, denominado enhanced
Telecommunications Operations Map (eTOM).
O ITU-T possui várias recomendações sobre qualidade dos serviços (QoS) em
Telecomunicações, definidas na rie P, especialmente a P.800 (ITU-T, 1996), que
define níveis de qualidade para comunicações de voz, denominados Mean Opinion
Score (MOS). Este é um critério que poderá se tornar importante em tarifação, como
será visto no capítulo 5.
4.4.1 Recomendação Y.100
O ITU-T em 1998 publicou a recomendação Y.100 (ITU-T, 1998b), onde se previa
uma Infra-estrutura de Informações Globais, mostrando uma tendência de
convergência no oferecimento de serviços digitais. Apresenta também um modelo
incremental de cadeia de valor para Serviços de Valor Adicionado (SVA).
Esta recomendação prevê uma série de funcionalidades possíveis de serem
oferecidas aos usuários como SVA e que o passíveis de faturamento, tais como:
tipo de método de acesso; tipo de endereçamento na rede; nível e método de
compressão de dados; informar aos usuários os custos dos serviços requisitados e
os métodos de pagamentos disponíveis antes do uso dos serviços; informar as
69
fontes de dados disponíveis para acesso; conversão de dados para portabilidade
entre sistemas; portabilidade de dados entre sistemas sem conversão; identificação
padronizada de objetos e dados; internacionalização de informações possibilitando
acesso em várias línguas; realização de testes de interoperabilidade; controle de
latência para gerenciar tempo máximo de transporte; retenção de acesso quando o
usuário perde comunicação por mobilidade no tempo e no espaço; gerenciamento
de prioridades na utilização de serviços; privacidade e garantia de entrega ao
destinatário correto; uso de criptografia; qualidade de serviço; seleção de rotas pelo
usuário; formas de busca de informações; definição do nível de segurança da
informação; garantia de integridade da informação.
Dentre as funcionalidades citadas na recomendação, algumas são utilizadas
atualmente. No entanto, vê-se que as tecnologias ainda podem ser evoluídas,
oferecendo novos serviços aos usuários.
4.5 Processos segundo a GBA
A Global Billing Association (GBA) é uma organização sem fins lucrativos, focada em
empresas Operadoras e provedores de serviços, cuja missão é buscar soluções de
problemas de modo criativo e que não sejam comercialmente oferecidas por
provedores de soluções comerciais. Procura auxiliar com conhecimentos, nas áreas
de redes e análises de desempenho de sistemas para as comunidades de
faturamento em todo o mundo.
A GBA procura auxiliar provedores de serviço, através da divulgação de
conhecimentos e lidera iniciativas de compartilhamento de informações entre seus
associados, com os objetivos de:
Maximizar a eficiência de todo o processo de faturamento;
Analisar os impactos de novos serviços e tecnologias, compreendendo os
problemas.
Promover a divulgação do faturamento e sua importância junto aos executivos.
70
A GBA divulga um modelo de módulos que compõem um sistema de faturamento,
conforme mostrado na FIG. 6.
FIGURA 6 - Modelo de Billing segundo a GBA
25
O modelo de faturamento da GBA identifica os principais módulos que constituem
um sistema de faturamento. Mostra que os clientes realizam suas solicitações às
Operadoras e Prestadoras de serviço. As solicitações são registradas nos Sistemas
de Atendimento a Clientes (Customer Care) e Gerência de Relacionamento de
Clientes (CRM). No caso da solicitação requerer a execução de algum serviço, é
gerada uma Ordem de Serviço (OS) que é executada com o apoio dos Sistemas de
Suporte a Operação (OSS), representada pelo módulo de Processamento de Ordens
de Serviço (Order Processing).
O uso dos serviços é coletado e identificado pelo módulo de Mediação (Mediation),
depois os serviços são tarifados pelo módulo de Tarifação (Rating/Guiding), são
aplicados descontos e geradas as faturas pelo módulo de Faturamento
(Billing/Discounting), depois os clientes podem realizar o pagamento através do
módulo de Pagamentos (Payment Processing), sendo que o controle dos
pagamentos é realizado pelo módulo de Arrecadação (Collections Processing).
25
Os nomes originais dos módulos estão citados no texto em inglês.
71
Todos as interfaces entre os módulos são passíveis de Auditoria (Audit Stream)
visando Garantia de Receita.
Nota-se que a tarifação e o faturamento tem um relacionamento com os módulos de
CRM, de onde são obtidas as informações de clientes, tal como: nome, endereço,
planos de serviço etc.
A seguir são analisados os modelos de faturamento segundo outro importante fórum
na área de padronização em Telecomunicações, o TeleManagement Forum.
4.6 Modelos do TeleManagement Forum
O Telecommunication Management Forum (TM Forum) é um consórcio global sem
fins lucrativos focado em soluções para Sistemas de Suporte à Operação (OSS) e
Sistemas de Suporte ao Negócio (BSS), do qual participam tanto Operadoras quanto
provedores de soluções de faturamento para as empresas de Telecomunicações.
Um dos objetivos deste fórum é mapear todos os processos das empresas
Operadoras, visando uma padronização das soluções apresentadas pelos
fornecedores, de modo que as empresas possam substituir sistemas sem necessitar
de uma enorme customização, principalmente das interfaces, conforme ocorre hoje.
Os BSS estão evoluindo incorporando funcionalidades inteligentes e estão
recebendo a denominação de Intelligence Support Systems (ISS).
4.6.1 Nova geração de sistemas de operação e software (NGOSS)
O TM Forum possui o programa New Generation Operations Systems and Software
(NGOSS) que foca na automação dos processos de negócio (TMFORUM, 2005b). É
uma estrutura acordada com o setor de Telecomunicações, dirigida e gerenciada
pelo TM Forum para:
Modelagem e automação de processos de negócio;
Definição de arquitetura de sistema;
72
Definição de Modelo de Informação e de Dados;
Interfaces de Interação e possui uma Metodologia definida.
A FIG. 7 representa o ciclo de vida do NGOSS.
FIGURA 7 - Ciclo de vida NGOSS
O ciclo de vida é constituído de quatro fases: na primeira são realizadas
especificações no contexto de negócio, na segunda o especificados os requisitos
de sistema, a terceira é a implementação dos sistemas e última é a implantação da
solução. Os provedores de serviço participam dos requisitos de negócio e da
implantação da solução para atender seus requisitos, enquanto os fornecedores
especificam e implementam os sistemas.
O NGOSS é estruturado em quatro partes:
Estrutura de processos de negócio, definida pelo enhanced Telecom Operations
Map (eTOM);
73
Estrutura de Informação Empresarial, definida no Shared Information and Data
Model (SID);
Estrutura de aplicações, definida no Telecom Aplications Map (TAM);
Estrutura de Integração de Sistemas, definida no Technology Neutral Architecture
(TNA);
4.6.2 Mapa de aplicações (TAM)
O mapa mostrado na FIG. 8 apresenta as aplicações e suas respectivas gerências
em uma empresa Prestadora.
FIGURA 8 - Mapa de aplicações Telecom Aplication Map (TAM)
Pode-se observar no mapa a coluna das aplicações relacionadas ao faturamento,
nos níveis do cliente, de serviços, dos recursos e com relação aos fornecedores e
74
parceiros. Esta FIG. 8 mostra algumas das principais gerências dos sistemas de
faturamento.
4.6.3 Mapa dos processos de negócio (eTOM)
Com a crescente competição dos mercados de serviços de Telecomunicações
atuais, os provedores de serviço requerem processos automatizados. Muitos estão
mudando de um ambiente intensivo em operações manuais, inconsistente e
inflexível, para um ambiente que proporcione melhoria significativa no foco do
cliente, qualidade de serviço, custos e tempo de resposta para o mercado. A missão
do TM Forum é possibilitar a automação fim-a-fim dos processos de
Telecomunicações e operações de serviços, através do eTOM.
O mapa dos processos de negócio especificado pelo enhanced Telecom Operations
Map (eTOM) na recomendação GB921 (TMFORUM, 2005a), é um modelo que
procura mapear todos os processos de uma Operadora, com detalhamentos em
diversos níveis, visando a padronização. O eTOM contribui com a representação de
um modelo de negócio que é praticado pelas empresas e que está em constante
atualização. Nos aspectos operacionais, trata do aprovisionamento, da garantia da
receita e do faturamento. Este item procura mostrar especificamente onde os
processos de faturamento (billing) se enquadram no contexto das empresas de
Telecomunicações.
A FIG. 9 ilustra o modelo de relacionamentos de uma empresa prestadora de
serviços de Telecomunicações.
75
FIGURA 9 - Modelo de negócio suportado pelo eTOM
A cadeia de valor está composta das seguintes entidades:
Cliente - A cadeia de valor existe para servir as necessidades do cliente. O
cliente não só representa os indivíduos como também negócios.
Empreendimento (Empresa) - O empreendimento é a essência da cadeia de
valor; é o ponto central de execução e é responsável pela cadeia de valor. O
empreendimento também é responsável pela plataforma operacional e infra-
estrutura pelas quais os outros sócios empresariais podem colaborar entregando
os bens e serviços ao cliente.
Provedor (Fornecedor) - Os provedores interagem com o empreendimento
provendo bens e serviços que são agrupados pelo empreendimento para
entregar seus bens e serviços ao cliente. O empreendimento é ressaltado pela
habilidade de entrega de seus provedores.
Intermediário - O intermediário executa uma função em nome do
empreendimento que é uma parte das exigências operacionais do
empreendimento. Existem três categorias típicas de intermediários: vendas;
aprovisionamento; e informação e comunicação.
Complementar - O complementar provê produtos adicionais e serviços para
estender as capacidades da cadeia de valor. Normalmente os bens e serviços do
complementar constroem na infra-estrutura provida pelo empreendimento.
76
Desta forma, o modelo de negócio definido pelo eTOM possui as características
necessárias para que a comercialização dos serviços possam ser oferecidas através
de contratos firmados entre as partes e que devem suportar a qualidade exigida para
a prestação do serviço aos clientes das empresas.
O propósito do eTOM é continuar a estabelecer uma visão para a indústria competir
com sucesso através da implementação de processos direcionados para uma
abordagem de gerenciamento de operações. Isto inclui garantir a integração entre os
sistemas de suporte a operações vitais, preocupados com a entrega de serviços e
suporte. O foco do eTOM é nos processos de negócio usados pelos provedores de
serviço, nas ligações entre estes processos, na identificação das interfaces, nas
informações dos clientes, serviços e redes, assim como, os tratamentos pelos
múltiplos sistemas.
A FIG. 10 mostra a visão conceitual da estrutura dos processos de negócio do eTOM
no nível 1. Esta visão provê um contexto global que diferencia estratégia e ciclo de
vida dos processos de operação em dois grandes agrupamentos, vistos como duas
caixas. Também diferencia as áreas funcionais fundamentais em cinco camadas
horizontais, sendo uma administrativa do empreendimento.
77
FIGURA 10 - Estrutura dos Processos de Negócio do eTOM - nível 1
A FIG. 10 mostra sete agrupamentos de processos verticais. São os processos fim-
a-fim que são exigidos para apoiar os clientes e gerenciar o negócio. O eTOM
apresenta os processos operacionais de Aprovisionamento (Fulfilment), Garantia da
Receita (Assurance) e Faturamento (Billing) conhecidos como FAB. Os processos de
Operações de Apoio & Disponibilidade estão separados e tratam dos processos de
tempo-real, tal como, suporte imediato (on-line) aos clientes.
Os processos verticais de Estratégia & Compromisso, assim como os processos
verticais dos Gerenciamentos do Ciclo de Vida do Produto e de Infra-estrutura
também estão especificados separadamente no eTOM. Como não suportam o
cliente diretamente, são intrinsecamente diferentes dos processos de operações e
trabalham em ciclos de tempo de negócio diferentes.
78
Os agrupamentos em processos horizontais na FIG. 10 distinguem-se dos processos
de operações funcionais, por exemplo: comercialização versus vendas,
desenvolvimento de serviço versus configuração de serviço, dentre outros. Estes
processos habilitam, suportam e dirigem os processos operacionais.
4.7 Modelos de faturamento e interconexão do IPDR.org
A organização Internet Protocol Organization conhecida como: IPDR.org é uma
organização não governamental que visa padronizações para oferta de serviços
baseados em protocolo IP. É composta por representantes dos principais
fornecedores de equipamentos e sistemas nesta área.
A IPDR.org tem sua importância quanto a padronização dos registros de uso dos
serviços providos por IP (IPDR.org, 2004b; 2004c), que são usados pelos sistemas
de faturamento, e a definição de interfaces entre sistemas (IPDR.org, 2004a).
A IPDR.org definiu um modelo no qual os usuários de serviços IP geram eventos
que são coletados por mediadores e transformados em registros de uso de serviços
IP conhecidos como Internet Protocol Data Record (IPDR) (IPDR.org, 2002).
O nome IPDR é decorrente de Call Detail Records (CDR) que são os registros de
uso de serviços de voz, no entanto a sigla IPDR está reservada para os padrões de
registros de dados especificados pela IPDR.org. Por isto, sigla XDR é utilizada para
os registros de uso de quaisquer serviços de dados. Por outro lado o 3GPP tem
atribuído uma conotação mais ampla a sigla CDR, significando Charged Detail
Record (CDR), ou seja, englobando quaisquer serviços tarifáveis de
Telecomunicações.
A organização IPDR.org definiu a interface de saída do mediador para envio de
IPDR aos Sistemas de Suporte ao Negócio (BSS) como interface D. Por exemplo,
para o Faturamento.
Definiu também como interface E a interface entre os Sistemas de Suporte ao
Negócio (BSS) e o sistema de Encontro de Contas (Settlement System) que realiza
a divisão de receita (revenue sharing), ou seja, o acerto de contas entre todos os
79
participantes, recebendo das entidades devedoras, dividindo e distribuindo as
receitas e remunerações as entidades credoras participantes da prestação dos
serviços.
A FIG. 11 ilustra o modelo de prestação de serviços definido pela IPDR.org.
FIGURA 11 - Modelo de arquitetura da IPDR.org
Os sistemas Mediadores, Suporte ao Negócio (BSS) e Encontro de Contas
(Settlement System), o sistemas geralmente pertencentes a Empresas
Operadoras de Telecomunicações (EOT).
Este modelo pode tornar-se mais complexo com o oferecimento de serviços de valor
adicionado (SVA), onde as Operadoras de Telecomunicações podem se associar a
outras entidades. Os modelos de faturamento para serviços de valor adicionado
(SVA) precisam contemplar outras entidades que componham a cadeia de valor do
serviço, tais como: provedores do conteúdo em si, distribuidores de conteúdo e
provedores de aplicações que preparam e adaptam este conteúdo possibilitando seu
oferecimento comercial. Podem também fazer parte desta cadeia entidades que
patrocinem parcial ou totalmente a oferta de determinados serviços, geralmente com
a inclusão de propagandas.
80
Os Provedores de Serviços são as entidades que criam e mantêm os serviços.
Utilizam-se dos meios da Operadora para a disponibilização dos serviços aos
usuários. Eles também monitoram e gerenciam a utilização dos serviços providos,
para possibilitar o respectivo faturamento perante a Operadora.
As entidades Patrocinadoras também realizam o monitoramento e o
acompanhamento do uso dos serviços, geralmente consultando as informações da
Operadora, pois necessitam desses dados para o acompanhamento de todo o
processo e gerenciamento dos valores de patrocínio.
Cada entidade participante da cadeia de valor necessita ter visão clara e
transparente do volume de uso dos serviços para viabilizar o gerenciamento das
receitas e despesas, de acordo com os contratos firmados.
Os serviços de valor adicionado (SVA) requerem novos requisitos nos processos de
tarifação. Para estes, necessidade de analisar qual a informação que está sendo
utilizada pelo usuário, ou seja, tarifar pelo conteúdo efetivamente usado pelo cliente.
Exemplificando, se o usuário adquire uma música, filme ou toque diferente para seu
aparelho celular, a tarifação é diferenciada para cada música, filme ou toque.
Na medida em que a cadeia de valor para o oferecimento de serviços de valor
adicionado torna-se mais complexa, as empresas Prestadoras de serviços de
Telecomunicações passam a necessitar mais de parcerias para a viabilização do
oferecimento de outros serviços. Sendo assim, torna-se visível a necessidade de um
controle rigoroso na administração destes parceiros, bem como a utilização de
ferramentas de controle das receitas que permita a todos envolvidos saber
exatamente como andam os seus negócios. Somente assim se pode garantir a
permanência de todos envolvidos na cadeia produtiva da prestação do serviço,
permitindo, por exemplo, que novos serviços sejam desenvolvidos e que serviços
deficientes sejam retirados da oferta o quanto antes, não afetando os resultados
gerais das receitas provenientes dos serviços de valor adicionado.
O sistema de Encontro de Contas (Settlement System) deve garantir o
gerenciamento das cadeias de valores. Este deve receber todos os registros de uso
dos serviços, incluindo os serviços de valor adicionado, identificar a qual tipo de
parceiro e de serviço este registro se refere, bem como identificar a quantidade de
81
utilização, caso não esteja explícita. Este sistema pode também tarifar os registros
de uso, depois identifica e aplica as regras de negócio que regem as parcerias, por
exemplo: os percentuais ou valores para divisão dos resultados e respectivos
repasses às entidades credoras.
Com isto é possível criar uma visão para cada parceiro, e nesta, detalhamentos para
cada serviço, onde são expostos os resultados do uso por parte dos consumidores.
Os parceiros têm condições de saber como estão seus resultados, quanto têm a
receber ou pagar no final de cada período de acerto de contas, assim como quais
serviços estão com maior ou menor utilização e rentabilidade. Permitindo assim, o
gerenciamento e o planejamento estratégico, possibilitando a visão dos planos de
negócio, investimentos, receitas e despesas.
Por parte das Operadoras de Telecomunicações, fica mais fácil identificar os
parceiros ou serviços deficientes para, eventualmente, melhor investir em
campanhas de marketing ou até tomar decisões de eliminar ou alterar um serviço ou
um parceiro da cadeia de valor, construída para a prestação do serviço ao
consumidor final. Desta maneira, pode-se garantir a evolução do negócio tanto dos
Prestadores de Serviço quanto de seus parceiros, permitindo um planejamento mais
simples das ações futuras.
Cada entidade precisa ter uma visão clara e transparente do uso dos serviços para
poder gerenciar as receitas e analisar a prestação dos serviços de acordo com os
contratos firmados.
Este modelo foca a empresa Operadora, como sendo a entidade que realiza o
gerenciamento do compartilhamento da receita entre as entidades participantes, mas
o sistema também pode ser focado como fazendo parte de qualquer outra entidade.
A seguir, é abordado um modelo de faturamento e interconexão que mostra os
relacionamentos entre algumas destas entidades. Estes modelos foram estudados
pelos grupos de estudos da organização IPDR.org.
82
4.7.1 Modelo de negócio compartilhado e subsidiado por patrocinadores
A FIG. 12 apresenta um modelo que inclui outras entidades, onde não
necessariamente todas precisam existir, gerando assim alguns modelos de negócio
de serviços de valor adicionado. Estes modelos representam o oferecimento de
serviços comerciais de compra e venda através de um portal, que pode ser
acessado utilizando aparelhos celulares móveis, ou seja, o comércio móvel (m-
commerce) ou utilizando meios eletrônicos, o comércio eletrônico (e-commerce).
Como meios eletrônicos pode-se considerar o uso da Internet, e neste caso estes
modelos representam sistemas de quaisquer prestadores de serviços e não somente
de empresas Operadoras de Telecomunicações.
FIGURA 12 - Modelo de negócio compartilhado e subsidiado por patrocinadores
Estes modelos representam usuários utilizando serviços de conteúdo através de
vários meios de acesso ao serviço, tais como: computador, celular e TV dentre
outros. O serviço é prestado por um provedor de serviço. No caso de um celular, por
exemplo, o serviço é provido através dos meios de uma Prestadora móvel (SMS,
WAP etc). No caso de computador, o meio pode ser a Internet. No caso de TV por
83
assinatura o meio pode ser um canal interativo, acessado através de controle remoto
ou teclado.
A Operadora de Telecomunicações provedora do meio de acesso ao usuário é quem
realiza a Mediação dos serviços, ou seja, o registro e a coleta das informações de
uso dos serviços. Esses dados são enviados para os Sistemas de Suporte ao
Negócio (BSS), pela interface D. O sistema de Faturamento é o responsável pela
geração das faturas e envio aos usuários, bem como pela arrecadação dos
pagamentos efetuados. São consideradas, nas tarifações dos serviços, as
participações dos Patrocinadores, valorando cada serviço de acordo com os planos
de negócio.
O Sistema de Faturamento é o que realiza a cobrança e a arrecadação do usuário
final. Estas informações são passadas para o Sistema de Encontro de Contas
através da interface E.
O Sistema de Encontro de Contas (Settlement System) realiza a divisão da receita
(revenue sharing) entre todas as entidades participantes, conforme os contratos
firmados. Com os valores arrecadados dos usuários e os valores recebidos dos
patrocinadores, é realizado o acerto com os repasses aos provedores de serviços e
de conteúdo.
O provedor de serviços pode ou não ser o detentor do conteúdo por ele provido, ou
seja, ele pode adquirir o conteúdo de um outro provedor, e provê o serviço de
acesso a este conteúdo via tecnologias como: SMS, WAP, TV por assinatura etc.
Este é o modelo de alguns jogos de entretenimento, no qual uma aplicação provê o
jogo de adivinhação, mas a informação que este jogo usa é obtida de uma outra
entidade.
As plataformas de serviços pré-pago estão ligadas aos sistemas de negócio da
empresa. Na verdade, elas são geralmente ligadas aos elementos de rede que
controlam o acesso do usuário, pois necessitam de um processamento em tempo
real para, por exemplo, abortar o uso do serviço durante a prestação, caso o crédito
disponível para mantê-lo se esgote.
84
Os patrocinadores realizam o monitoramento do uso dos serviços subsidiados e
suas propagandas. O valor do subsídio pode ser um percentual sobre o uso ou fixo
definido em contrato.
Nestes modelos, todas as entidades devem ter visão clara e em tempo real do que
esta acontecendo, com total transparência para o sucesso nas parcerias.
4.8 Modelos de faturamento e interconexão segundo 3GPP
O 3rd Generation Partnership Project (3GPP) é um organismo internacional de
recomendação, criado para definir a terceira geração dos Sistemas de
Telecomunicações Móveis Universais (UMTS). Atualmente é o responsável pela
especificação e recomendação da arquitetura IMS, a qual se uniram vários outros
organismos.
A arquitetura IMS foi inicialmente definida pelo fórum 3G.IP, a partir de 1999 e em
2003 foi incorporada pelo 3GPP. Em 2005 aderiu o 3GPP2
26
para definir padrões
para as Operadoras CDMA, depois foi incorporado pelo Telecom & Internet
Converged Services & Protocols for Advanced Networks (TISPAN) organismo da
ETSI para padronização da convergência de redes fixas. Finalmente o Packet Cable
Multimedia que define padrões para redes a cabo também incorporou como padrão.
O ITU-T e o IETF também recomendam os padrões IMS.
O primeiro padrão surgiu com o release 5, quando foram incorporadas aplicações
multimídia baseadas no protocolo Session Initiation Protocol (SIP) (IETF, 1999)
(IETF, 2002), bem como, o suporte para as redes GSM e GPRS. O release 6 incluiu
26
É um fórum de padronização que visa desenvolver especificações para a geração de
comunicações sem fio CDMA2000. Disponível em: <
http://www.3gpp2.org/.
85
a integração com as redes sem fio WLAN, WiMAX e redes CDMA2000
27
. O release
7 vai incluir adaptações para rede fixas e redes a cabo.
4.8.1 Billing na arquitetura IMS;
A arquitetura IMS permite uma efetiva convergência de redes e serviços para muitos
serviços de Telecomunicações. O 3GPP apresenta em sua recomendação TS
32.240 (3GPP, 2006c) uma arquitetura para a próxima geração de faturamento, que
contempla serviços pré-pagos e pós-pagos prestados através da arquitetura IMS.
A recomendação TS 22.115 (3GPP, 2006a) discute aspectos de tarifação e
faturamento dos serviços IMS. A FIG. 13 apresenta as entidades e seus
relacionamentos, cada uma com atribuições específicas relativas ao processo de
faturamento, mostrando os fluxos de tratamento de informações na prestação de
serviços e faturamentos pré-pago e pós-pago na arquitetura IMS.
27
É uma família de padrões de Telecomunicações móveis de terceira geração (3G) que usa o
CDMA. Possui os padrões de interface de rádio: CDMA2000 1x, CDMA2000 1xEV-DO (somente
dados) e CDMA2000 1xEV-DV (dados e voz) recomendados pelo ITU-T.
86
FIGURA 13 - Modelo de Billing para IMS
FONTE - 3GPP (2006)
Os detalhamentos do funcionamento de todas as entidades envolvidas no
faturamento de serviços providos pela arquitetura IMS estão no conjunto de
recomendações do 3GPP, em especial, nas recomendações citadas anteriormente.
5 MODELOS DE FATURAMENTO DECORRENTES DA CONVERGÊNCIA
DE REDES E SERVIÇOS
O capítulo 3 mostrou a convergência que está ocorrendo nas redes e na prestação
dos serviços de Telecomunicações. O capítulo 4 apresentou alguns dos principais
órgãos de padronização em Telecomunicações. Este capítulo apresenta uma visão
mais detalhada dos principais conceitos, funcionalidades e características de cada
módulo dos sistemas de faturamento, que pode não ser unânime entre todas as
empresas de Telecomunicações, contudo, se baseia na experiência do autor e em
estudos das principais recomendações da área de faturamento. É mostrado que o
surgimento de tecnologias convergentes de redes e serviços em Telecomunicações
representa uma revolução tecnológica. São abordadas as mudanças, nos modelos
de negócio e conseqüentemente nos sistemas de informação, que estão sendo
geradas pela convergência de redes e serviços.
5.1 Processos de faturamento
Baseado no modelo de faturamento da GBA, apresentado no item 4.5, que mostra
uma visão sistêmica dos principais módulos de faturamento, no Mapa de Aplicações
em Telecomunicações (TAM), apresentado no item 4.6.2, que mostra as principais
aplicações de faturamento, nos níveis de Recursos, Serviços, Clientes e
Fornecedores/Parceiros, assim como analisando os processos de faturamento
baseados no modelo eTOM, apresentado no item 4.6.3, foi possível elaborar,
segundo a visão do autor, um modelo mais detalhado, mostrando os principais
módulos de um Sistema de Faturamento e seus principais relacionamentos, com o
objetivo de facilitar a compreensão das funcionalidades de cada módulo, conforme
apresentado na FIG. 14.
88
FIGURA 14 - Relacionamentos dos sistemas de faturamento
Pode-se observar na FIG. 14, na horizontal, as quatro Gerências de Operações do
modelo eTOM, onde estão mostrados os principais processos eTOM relacionados
ao faturamento, sendo que alguns processos estão mais detalhados que na
recomendação. Os processos realçados são os que compõem efetivamente os
sistemas de faturamento. Estão detalhados também alguns dos principais fluxos
entre os processos. Observa-se que Impressão é um processo que pode ser
terceirizado para outros fornecedores ou realizado pela própria Prestadora.
Os clientes o os usuários finais que adquirem os produtos e usam os serviços,
realizando os respectivos pagamentos. É para a satisfação dos clientes que as
empresas trabalham, pois as receitas das empresas de Telecomunicações vêm
essencialmente dos clientes, de forma direta ou indireta. De forma direta, através do
faturamento e arrecadação dos produtos e serviços. De forma indireta, pelo uso de
seus recursos de rede por clientes de outras Prestadoras, neste caso recebendo as
89
respectivas remunerações via contratos de interconexão e co-billing com outras
empresas. Por outro lado, no caso de clientes de uma empresa utilizarem recursos
de outra, esta também deve repassar os valores arrecadados via interconexão e co-
billing.
O processo de Faturamento é um processo de fundamental importância nas
Operadoras. No entanto, pode apresentar um percentual de falha. Para corrigir
essas falhas, são desenvolvidas ações denominadas de Garantia da Receita. As
interfaces entre os diversos módulos o passíveis de Auditoria e são pontos de
controle fundamentais nos processos de Garantia da Receita.
5.2 Modelo de faturamento pós-pago
Este item aborda o processo de Faturamento Pós-pago, realçando as características
da Nova Geração de Sistemas de Operação e Software (NGOSS) e da Nova
Geração de Sistemas de Suporte ao Negócio (NGBSS).
Os serviços pós-pagos (off-line) são os serviços faturados posteriormente à sua
prestação, ou seja, enviando-se aos clientes uma fatura com a discriminação dos
serviços e respectivos valores utilizados em um determinado período.
Os sistemas de tarifação pós-pagos devem ser capazes de valorar qualquer tipo de
produto e serviço, bem como gerar faturas de cobrança para aos clientes. Podem-se
considerar como produtos em Telecomunicações os bens de consumo adquiridos
individualmente. Como serviços, podem-se considerar os bens de consumo que
possuam como unidade de medida um volume utilizado (tempo, dados etc).
Os modelos de tarifação devem ser flexíveis e adequados às necessidades de cada
tipo de empresa em função dos serviços prestados. Devem levar em consideração
parâmetros relacionados com os recursos alocados na prestação dos serviços, bem
como as características dos mercados consumidores.
Como foi visto através dos modelos de compartilhamento de receitas do IPDR.org,
no item 4.7, os serviços de valor adicionado aumentam o número de entidades
participantes na prestação de serviços em Telecomunicações, aumentando também
90
a complexidade dos processos de compartilhamento de receitas oriundas de
faturamento, interconexão e co-billing.
As empresas, baseadas em suas características e expectativas de mercado,
definem a maneira como vão atuar no mercado elaborando seus Planejamentos
Estratégicos e especificam seus Planos de Negócio, onde definem os produtos e
serviços a serem oferecidos. As formas de oferecimento para venda ou contratação
dos produtos e serviços são os Planos de Serviços que, no caso do STFC, SMC e
SMP devem ser aprovados pela ANATEL.
A ANATEL define para as Operadoras do STFC e Prestadoras de SMC e SMP,
planos básicos de comercialização dos serviços. No entanto, cada Operadora ou
Prestadora pode submeter à aprovação quaisquer outros planos que beneficiem os
consumidores.
Podem-se classificar os serviços de Telecomunicações, segundo o modo de
faturamento, em três categorias: Recorrentes, Não Recorrentes e de Uso.
Serviços Recorrentes são os faturados periodicamente e a periodicidade é em geral
mensal, como por exemplo: assinaturas e aluguéis. Os serviços recorrentes são
faturados baseados em informações de clientes, fornecidas pelos sistemas de
atendimento a clientes, como produtos e serviços contratados, planos de serviços
associados e informações relacionadas ao último faturamento.
O sistema de Atendimento a Clientes, quando realiza a venda de algum produto que
requeira que serviços técnicos sejam executados, gera uma ou mais Ordens de
Serviço (OS) que o enviadas para os Sistemas de Suporte a Operação (OSS)
executarem. Estes sistemas gerenciam a execução dos serviços. Após a conclusão
dos serviços, o sistema de Atendimento a Clientes é informado e mantém um
registro histórico de todos os produtos e serviços associados a cada cliente. O
sistema de Faturamento também é informado para que inicie as cobranças dos
serviços recorrentes, assim como dos serviços eventualmente realizados.
Serviços Eventuais ou Não Recorrentes são os faturados uma única vez, por
exemplo: instalação e manutenção. São serviços faturados a partir de informações
da conclusão do aprovisionamento dos serviços através do encerramento das
91
Ordens de Serviços. Estas informações são provenientes dos Sistemas de Suporte à
Operação (OSS), responsáveis pela execução. Cada serviço executado é tarifado
segundo o respectivo Plano de Serviço de cada cliente e disponibilizado para
geração da fatura.
Serviços de Uso são os faturados em função de seu uso, por exemplo: chamadas
telefônicas e volume de dados trafegados. Estes serviços são faturados em função
do processamento dos registros de uso dos serviços, denominados Call Detail
Record (CDR) para serviços de voz e XDR para registro detalhado do uso de
qualquer outro serviço. O 3GPP está re-definindo a sigla CDR para abranger
quaisquer tipos de serviços como Charged Detail Record (CDR).
5.2.1 Gerência de relacionamento de clientes
Os sistemas de Atendimento a Clientes (Customer Care) e a Gerência de
Relacionamento de Clientes (CRM) são os sistemas responsáveis pela manutenção
de dados de Clientes, pelos Produtos e Serviços comercializados para cada um e
pelos respectivos Planos de Serviços contratados. Muitas destas informações são
também utilizadas pelos sistemas de faturamento para a geração de faturas. Estas
informações podem ser mantidas únicas apenas nos sistemas de Atendimento a
Clientes e consultadas pelos sistemas de faturamento para a geração de faturas ou
serem duplicadas nos sistemas de faturamento. Isto explica o fato de alguns
sistemas de faturamento serem únicos, também atendendo às funcionalidades de
Atendimento aos Clientes. No mínimo, vê-se a necessidade de forte integração entre
estes dois sistemas. Este é um ponto importante e fonte de perdas de receitas que
deve ser avaliado nos processos de garantia de receita.
5.2.1.1 Produtos e serviços
O cadastro dos Produtos e Serviços, bem como dos Planos de Serviços disponíveis
para comercialização, podem ser mantidos por um módulo específico independente,
sendo consultado tanto pelo sistema de Atendimento ao Cliente como pelo
Faturamento, assim como pode ser parte de um destes sistemas sendo consultado
92
pelo outro. Este cadastro deve possuir informações de todos os produtos básicos e
suplementares, dos Serviços e de suas formas de comercialização através dos
Planos de Serviços.
Os Produtos Básicos são produtos necessários para viabilizar a prestação de outros
serviços de Telecomunicações, tais como: linhas telefônicas fixas, aparelhos
celulares, decodificadores de TV a cabo, decodificadores e antenas de TV via
satélite, dentre outros. Não necessariamente precisam ser de uma mesma empresa
para viabilizar a prestação de outros tipos de serviço. Como se visto adiante,
podem ser empresas parceiras, de terceiros ou Prestadoras dos tipos Competitive
Local Exchange Carrier (CLEC
28
), Mobile Virtual Network Operators (MVNO
29
) ou
Operadoras de Longa Distância (Carriers).
As empresas do tipo CLEC são Operadoras fixas que não possuem rede em uma
determinada região de concessão, então compram serviços por atacado das
Operadoras que atendem a região e revendem a seus clientes, com mais vantagens
e benefícios que a própria Operadora local. Ou seja, quando um usuário deixa de
ser cliente da Operadora local e passa a ser cliente de uma Operadora CLEC, nada
muda em termos de rede. O cliente continua com o mesmo número fixo, conectado a
mesma rede local e apenas os registros de uso de serviços passam a ser enviados
para Operadora CLEC para faturamento e arrecadação. Este tipo de empresa existe
nos Estados Unidos com o apoio da Federal Communications Commission (FCC)
que obriga as Operadoras com redes fixas a venderem serviços para Operadoras
CLEC, para viabilizar a concorrência. No Brasil este tipo de empresa não se
estabeleceu.
28
Empresa de Telecomunicações que compete com outra empresa estabelecida. Muitas destas
empresas utilizam a rede da própria empresa estabelecida, comprando minutos de uso, isto é
conhecido como unbundled. Esta concorrência existe nos Estados Unidos onde é garantida pelo
órgão regulador de Telecomunicações americano Federal Communications Commission (FCC). No
Brasil há regulamentação mas não existem.
29
Operadoras Virtuais de Redes Móveis, ou seja, alugam redes de outras Operadoras para
prestarem os serviços móveis.
93
As empresas do tipo MVNO o similares às empresas CLEC que para serviços
móveis, ou seja, são Prestadoras de serviços móveis que não possuem redes e
compram tempo na rede aérea (air time) ou alugam as redes das Prestadoras
móveis locais e revendem serviços. Este tipo de empresa ainda não existe no Brasil,
que também não possui regulamentação a respeito, mas já existem na Europa e nos
Estados Unidos (FERREIRA, 2006).
Os Produtos Suplementares são produtos que somente podem ser comercializados
se o cliente possuir um produto básico, por exemplo: modems para serviços de
banda larga, assim como identificadores de chamada para linhas fixas, denominados
BINA, que significa B informa o número de A. São produtos que somente podem ser
comercializados se o cliente possuir uma linha fixa.
Fazem parte dos planos de serviços quaisquer mecanismos definidos pelas áreas de
marketing, tais como planos de tarifação alternativos, promoções, descontos, bônus,
franquias, brindes e pacotes de produtos e serviços (MOHERDAUI, 2006).
Os critérios para aplicação de quaisquer dos mecanismos citados podem levar em
consideração qualquer atributo dos clientes. Isto implica que estes módulos devem
ser flexíveis e de fácil parametrização (MATURO, 2004).
Os Planos de Serviços e quaisquer de seus mecanismos possuem períodos de
vigência quando são ofertados ao mercado, sendo que seus mecanismos podem ser
válidos ou aplicáveis em períodos diferentes, ou até mesmo por períodos
indeterminados.
As Promoções são definidas como:
Conjuntos de técnicas e de atividades utilizadas para estimular a
venda de produtos ou serviços. Podem ser dirigidas tanto aos
consumidores como aos revendedores ou à força de venda e inclui
recursos como prêmio, desconto, concurso, brinde, demonstração
etc (AURÉLIO, 1999).
Uma promoção pode ser aplicável a um conjunto de clientes ou a todos os clientes,
indistintamente. Por exemplo, no dia das mães somente estas recebem algum
benefícios ou todos os clientes pedem ser beneficiados, tal como, tarifar apenas 10
minutos em ligações realizadas neste dia, independente da duração.
94
A adesão de um cliente a um plano de serviço pode depender de várias
características, tais como: sua localização, se pessoa sica ou jurídica, seu volume
de produtos e serviços contratados. As Operadoras costumam classificar seus
clientes em pequenos, médios e grandes, em função dos valores de faturamento de
cada um. Em função disto, existem nas Operadoras áreas específicas para
tratamento diferenciado de clientes.
Os planos de tarifação são parte dos planos de serviço e se aplicam a todos os
produtos e serviços, definindo seus valores e formas de aplicação. A precificação
dos produtos e serviços é atribuição das áreas de negócio, como marketing e
vendas.
Os Descontos são créditos em faturas que são concedidos em função de vários
requisitos, tais como, volume de uso ou quantidades contratadas. Podem ser
percentuais simples, escalonados ou progressivos. O desconto simples é a
aplicação de um percentual determinado. Nos escalonados, o percentual é definido
em função do volume e aplicado sobre todo o volume. Nos progressivos, para cada
faixa de volume utilizada é aplicado um percentual diferente em função do próprio
volume.
As Franquias são tarifações diferenciadas em função de algum volume de serviços
de uso contratado ou utilizado, tal como o volume de tráfego, considerando a
quantidade de chamadas ou o total de minutos utilizados. As franquias podem ser
aplicadas no início do volume de tráfego, por exemplo, os primeiros 100 minutos são
gratuitos, ou pode ser aplicada após um volume definido, por exemplo, após 100
minutos aplicar tarifas reduzidas em 50%. As franquias também podem ser aplicadas
em serviços recorrentes ou eventuais, por exemplo, se o cliente adquirir determinado
produto, tal como um aparelho celular, lhe são franqueadas a habilitação e as 6
primeiras assinaturas.
Os Bônus são prêmios ou vantagens concedidos aos clientes em função de algum
critério, como aquisição de produtos ou uso de serviços. Existem planos de
bonificação desenvolvidos para fidelização dos clientes, que vão melhorando os
prêmios ou vantagens em função da quantidade de produtos ou serviços utilizados.
Estes planos geralmente possuem um período de aquisição e um período de
95
utilização. Os sistemas responsáveis pelo gerenciamento deste tipo de plano devem
realizar o controle sobre os bônus.
Em Telecomunicações existem outros tipos de bonificações mais simples, como por
exemplo, na tarifação de serviços de voz, a cada 2 minutos de duração de uma
chamada telefônica o cliente ganha um minuto gratuito. Estes tipos de bonificação
trazem maior complexidade aos planos de tarifação.
Os Brindes são quaisquer produtos ou serviços que não façam parte do portifólio de
produtos e serviços oferecidos pela empresa em questão. Por exemplo, no caso de
Operadoras e Prestadoras de serviços telefônicos, brindes podem ser quaisquer
outros produtos não relacionado com Telecomunicações. Isto permite uma gama de
produtos e serviços muito grande. Podem também ser brindes relacionados aos
produtos adquiridos, como no caso de um cliente adquirir um acesso de banda larga
e ganhar um curso de Informática para aprender ou melhorar a utilização do produto
adquirido. No exemplo, o curso não faz parte do portifólio de produtos da empresa
de Telecomunicações, mas é patrocinado por ela.
Os Pacotes de produtos e serviços são maneiras de oferecer vários produtos e
serviços conjuntamente, sendo que o valor geralmente não está discriminado para
cada item do pacote, mas somente o valor total do pacote. Pode-se oferecer
conjuntamente, por exemplo:
Um produto básico, como uma linha fixa telefônica, um aparelho celular ou um
decodificador de TV por assinatura, com a instalação ou habilitação “gratuita” em
que o valor da assinatura mensal está incluído no pacote.
Vários produtos suplementares, como identificador de número chamador, canais
Premium etc. Pode-se, por exemplo, elaborar opções de pacotes com escolha de
3 produtos suplementares quaisquer dentre um conjunto de 10 possíveis.
Quantidades definidas de vários tipos de serviços de uso, possíveis de serem
acessadas através dos produtos básicos. Por exemplo: para aparelhos celulares,
oferecer uma franquia de minutos de serviços de chamadas locais destinadas a
fixo ou móvel (VC-1), ou em caso de TV fechada, oferecer alguns filmes pagos
(pay-per-view) mensais incluídos no preço do pacote.
96
Brindes, sorteios e concursos incluídos nos pacotes.
Geralmente a aquisição dos pacotes, quando envolvem vendas de produtos, como
aparelhos celulares subsidiados, é realizada através de um contrato de filiação com
prazo mínimo definido e multa em caso de rescisão.
5.2.2 Mediação
Os mediadores são sistemas de fundamental importância, responsáveis por diversas
funcionalidades, dentre elas: a coleta ou aquisição dos registros de uso de serviços
gerados pelas centrais telefônicas ou PABX, tratamento das informações dos
registros segundo regras de negócio, identificação de serviços, verificação de
duplicidade, correlação entre registros de uso coletados em diferentes equipamentos
de rede que estejam relacionados com a prestação de um mesmo serviço,
formatação e envio a todos os sistemas de suporte ao negócio que necessitam
destas informações, tais como: tarifação, faturamento, interconexão, fraude, análises
de inteligência corporativa (data warehouse), dentre outros.
A função de coleta dos registros de uso dos serviços pode ser realizada diretamente
pelos equipamentos mediadores ou utilizando equipamentos específicos
denominados coletores, que o responsáveis pela captura dos registros gerados
em diversos tipos de equipamentos de rede e envio aos mediadores.
5.2.3 Tarifação
O módulo de Tarifação é responsável pela valoração dos serviços de uso, segundo
os planos de tarifação de serviços associados com cada serviço de cada cliente.
Para isto, consulta o módulo CRM e demais sistemas de suporte ao negócio para
obter as informações de clientes. Os planos de tarifação de serviços fazem parte dos
planos de negócio, comercializados pelas empresas Operadoras e Prestadores de
Serviço.
A tarifação necessita ser flexível para permitir fácil parametrização e configuração
segundo os planos de serviços das empresas, bem como possibilitar a utilização de
97
todas as informações de clientes. Os planos de serviços contêm as precificações
das tarifas e regras de aplicação de promoções ou qualquer outro mecanismo que
possa influenciar na valoração.
5.2.3.1 Tarifação de serviços de voz
No Brasil, a ANATEL regulamenta a prestação dos serviços STFC (ANATEL, 2005d)
e SMP (ANATEL, 2002b) nas modalidades Locais, LDN e LDI.
Tradicionalmente, as Operadoras dos serviços de Telecomunicações tarifam os
serviços de voz baseadas nos recursos de rede envolvidos nas prestações dos
serviços, em função do tempo e da distância. As regras de tarifação do STFC estão
definidas pela ANATEL no Regulamento de Tarifação do Serviço Telefônico Fixo
Comutado (STFC) destinado ao uso público em geral (ANATEL, 2005c).
Os serviços de voz referem-se aos tipos de chamadas local, nacional e internacional,
considerando os tipos de meios de acesso envolvidos, se fixos ou móveis, assim
como, se o terminal pagador é o de origem ou o de destino da chamada. Quanto ao
tempo, é considerada a duração o horário em que as chamadas são realizadas,
denominados de grupos horários, majorando-se os preços nos horários onde a
demanda é maior e reduzindo os preços nos horários de baixa demanda. A duração
representa o tempo durante o qual os recursos ficaram alocados.
A distância entre os pontos de origem e destino em uma ligação telefônica implica na
quantidade de recursos envolvidos, devido ao sistema hierárquico de
entroncamentos entre centrais telefônicas. No Brasil, estas distâncias foram
padronizadas para os serviços Locais e LDN em degraus, onde cada degrau
corresponde a um intervalo de distâncias entre os centros de áreas tarifárias. Uma
área tarifária é uma região geográfica definida pela ANATEL, que contém algumas
localidades, onde uma localidade é definida como sendo o centro da área tarifária.
Estas informações estão disponíveis no endereço da ANATEL, no sistema
denominado Área-Área. O QUADRO 3 apresenta os degraus de distância no Brasil:
98
QUADRO 3 - Degraus de distância
DEGRAU Distância
Local Dentro de uma mesma Localidade
Área Local Para localidades próximas definidas pela ANATEL
1 Para localidades cujos centros de área distam menos de 50 Km
2 Para localidades cujos centros de área distam de 50 Km a 100 Km
3 Para localidades cujos centros de área distam de 100 Km a 300 Km
4 Para localidades cujos centros de área distam acima de 300 Km
Para os serviços Locais são consideradas as chamadas com origem e destino
dentro de uma mesma localidade, definidos pela ANATEL (2005c) no Regulamento
de tarifação do serviço telefônico fixo comutado (STFC) destinado ao uso do público
em geral, prestado no regime público. Os serviços locais também podem ser entre
localidades de uma mesma Área Local definidas pela ANATEL (2004) no
Regulamento sobre áreas locais para o serviço telefônico fixo comutado (STFC)
destinado ao uso do público em geral.
Para os serviços LDN são estabelecidos quatro degraus, em função das distâncias
entre seus centros de área, conforme o QUADRO 3.
Para serviços LDI são definidos preços por cada país ou grupo de países, em função
dos recursos necessários para acessá-los, como cabos submarinos, satélites e
outros.
Outro critério usado em tarifação de serviços de voz originados em terminais fixos é
o horário do dia em função do tipo de dia (útil, sábado, domingo e feriado) em que a
chamada é realizada, denominado de grupo horário ou modulação horária. Os
grupos horários são classificados em cinco tipos segundo o perfil de uso em cada
horário: Normal, Diferenciado ou Pico, Reduzido, Super Reduzido e Misto quando
uma chamada está em mais de um grupo horário. Isto se justifica devido o perfil de
tráfego de serviços de voz se concentrar em dias úteis e as chamadas em horários
comerciais, com picos pela manhã e pela tarde, chamados de Horário de Maior
Movimento (HMM), conforme mostrado no GRAF. 1.
99
Estudo da HMM
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Horas
Qtd Dur. Minutos Valor
GRÁFICO 1 - Gráfico de perfil de tráfego HMM para serviços de voz
Observa-se no GRAF. 1 um perfil de uso horário típico de serviços de voz, com picos
de movimento às 11:00h e às 17:00h nitidamente presentes, quanto ao número de
chamadas e minutos.
O GRAF. 2 apresenta um típico perfil diário de consumo, onde se observa a
característica de tráfego de cada dia da semana. Neste tipo de análise, quanto maior
é o volume de tráfego considerado mais constante é o perfil semanal observado.
100
Movimento Mensal
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
19-
jul
20-
jul
21-
jul
22-
jul
23-
jul
24-
jul
25-
jul
26-
jul
27-
jul
28-
jul
29-
jul
30-
jul
31-
jul
1-
ago
2-
ago
3-
ago
4-
ago
5-
ago
6-
ago
7-
ago
8-
ago
9-
ago
10-
ago
11-
ago
12-
ago
13-
ago
14-
ago
15-
ago
16-
ago
17-
ago
18-
ago
Dias
Qtd Dur. Minutos Valor
GRÁFICO 2 - Gráfico de perfil de tráfego semanal para serviços de voz
No GRAF. 2, os picos de consumo ocorrem durante os dias úteis, o que está dentro
de um perfil normal de consumo de serviços de voz.
Estes critérios de tarifação estão sofrendo grande impacto com as redes de nova
geração NGN e serviços de Voz sobre IP (VoIP). A NGN desvinculou a gerência das
chamadas dos serviços de transporte. Com isto, as Prestadoras estão migrando os
tráfegos internos das redes comutadas para redes IP, fazendo com que a distância
deixe de ser um critério significativo. Os serviços de voz sobre IP que hoje estão
sendo oferecidos por Prestadoras autorizadas pela ANATEL para prestarem serviços
SCM também contribuem para que a distância e o horário deixem de ser
significativos. A maioria das empresas que oferecem serviços VoIP, possuem planos
com valoração flat, ou seja, valor fixo por minuto. Algumas apenas possuem planos
com mensalidade fixa e sem tarifação por volume.
As Operadoras de redes fixas estão oferecendo terminais pré-pagos que funcionam
com cartões, para os quais a tarifação é on-line. Este tipo permite, inclusive que
cada usuário possua seu cartão e possa controlar melhor seus gastos com telefonia.
Estes terminais são oferecidos em planos sem assinaturas ou com assinaturas
reduzidas. No entanto, o valor do minuto tem sido maior que nos planos básicos
101
oferecidos. Dependendo do perfil de tráfego, este tipo de terminal pode ser
desvantajoso para o usuário.
O usuário, para decidir ou não sobre a adesão a um plano de serviços, deve levantar
seu perfil de tráfego, sumarizando os minutos mensais de uso de cada serviço,
simular a aplicação das tarifas dos planos desejados e analisar os resultados
obtidos.
Os serviços com origem móvel levam em consideração a localização do terminal
móvel para originar ou receber uma ligação e, se o móvel não estiver na sua área de
habilitação, podem ser faturados serviços adicionais de deslocamentos conforme os
planos de serviços aderidos pelos clientes.
Nos sistemas para prover os serviços SMC e SMP existem atualmente plataformas
para tarifação on-line de terminais pré-pagos, cujos critérios o semelhantes aos
terminais pós-pagos, dependendo basicamente dos planos de serviços aderidos
pelos clientes. Nestes casos, as Prestadoras não geram faturas, mas simplesmente
demonstrativos de uso dos serviços quando solicitados pelos clientes.
5.2.3.2 Tarifação de comunicação de dados
Quanto à comunicação de dados, as Operadoras prestam os serviços de acesso e
transmissão, assim como alugam seus meios de transmissão. Dentre os serviços
mais comuns de comunicação de dados estão o aluguel de linhas privativas para
Serviços de Linhas Dedicadas para Sinais Digitais (SLDD) e a transmissão de dados
utilizando os protocolos ATM, Frame Relay e MPLS.
A tarifação dos serviços de comunicação de dados pode ser pelo uso ou de modo
recorrente com um valor mensal fixo. Para a definição dos preços, utilizam-se
critérios, tais como: tipo do meio de acesso, distância entre origem e destino,
protocolo utilizado, velocidade de transmissão e volumes de bytes transmitidos e
recebidos. A tarifação destes serviços não considerava as informações que estavam
sendo trafegadas pela rede, ou seja, os conteúdos. Com a independência e a
convergência de redes na prestação dos serviços, está se tornando necessária a
análise do conteúdo para alguns serviços.
102
5.2.3.3 Tarifação de TV
Os sistemas de faturamento de TV são semelhantes aos de Telecomunicações,
sendo que os planos de serviços geralmente são compostos de pacotes com
assinaturas diferenciadas conforme os grupo de canais escolhidos; existem os
grupos básicos e diferenciados com canais de filmes ou internacionais. São também
tarifadas outras programações específicas, segundo o uso, tais como: filmes,
campeonatos esportivos etc.
Nos sistemas de TV a cabo existe um canal de retorno pelo próprio meio de acesso,
por onde o cliente solicita a aquisição das programações específicas. Nos sistemas
de TV via satélite, as programações solicitadas ficam gravadas em um cartão e são
enviadas para a empresa Prestadora de serviços de TV, por meio de ligações
telefônicas para números 0800, que são gratuitas para os clientes.
5.2.4 Faturamento
O módulo de faturamento é a parte central do processo de faturamento, que consiste
na geração das faturas. O processamento para geração de faturas é denominado de
ciclo de faturamento. As empresas possuem geralmente vários ciclos, gerando parte
das faturas em cada um deles, sendo geralmente a data de vencimento da fatura um
dos critérios para determinar qual o ciclo de geração da fatura. Faturas podem ser
geradas com diversas periodicidades, sendo que a mais comum é a mensal.
Os serviços de uso, uma vez valorados, são selecionados pelo módulo de
Faturamento e Descontos para a elaboração das faturas. Este módulo é responsável
pelas Promoções, Descontos, Franquias, Bônus ou qualquer outra característica
constante nos planos de negócio a serem concedidas aos clientes. Este dulo
também é responsável pela aplicação dos impostos federais, estaduais e municipais
segundo as leis de cada país, estado, município e localidade.
Para a geração de uma fatura, são necessários vários tipos de informações, tais
como:
103
Informações de clientes, como nome, endereço, produtos e serviços adquiridos,
planos de serviços aderidos etc. São informações mantidas pelo CRM, que
podem ser diretamente consultadas, como também podem ser duplicadas no
módulo de faturamento. Esta solução é geralmente utilizada por questões de
desempenho quando os sistemas não são plenamente integrados.
Informações de produtos e serviços recorrentes. Em cada ciclo de faturamento
são calculados os itens recorrentes de cada produto ou serviço, em função das
datas de ativação, cancelamento e do último período faturado. Caso a ativação
tenha ocorrido posteriormente ao início do período que está sendo tratado pelo
ciclo ou tenha ocorrido o cancelamento antes do final do período tratado pelo
ciclo, são geradas cobranças na fatura com valores proporcionais aos períodos
em que os produtos ou serviços ficaram disponíveis para uso, denominado pró-
rata. Os serviços de comunicação de dados são faturados com valores mensais
fixos, tais como: ATM, Frame Relay, SLDA, SLDD etc. Para alguns destes
serviços, onde medições de tráfego, também pode ser faturado o volume de
uso separadamente.
Serviços não recorrentes ou eventuais são os faturados uma única vez em
função de algum serviço prestado pela empresa, via uma ordem de serviço ou
não. Têm-se como exemplo cobranças em faturas geradas via ordens de serviço,
os casos de instalação ou mudança de endereço de telefone fixo e TV por
assinatura. Como exemplos de outros serviços eventuais, têm-se chamadas para
o serviço de auxílio à lista que foram completadas por solicitação do usuário,
chamadas para envio de telegramas em parceria com a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafo (ECT) etc.
Serviços de uso, que são os serviços de voz e dados faturados em função dos
volumes de utilização. O ciclo de faturamento seleciona para cada fatura os
serviços utilizados desde a fatura anterior. Nos serviços de voz os volumes são
as durações das ligações e as tarifas são em função dos planos de serviços. Nos
serviços de dados, os volumes são medidos de acordo com o tipo de serviço.
Podem ser em bytes trafegados, em segmentos de 64 bytes, em tempo de uso,
ou mesmo em hits, que é o número de hipertextos acessados em páginas
Internet, dentre outros.
104
Informações de inadimplência para geração de multas e juros sobre os valores
anteriores não recebidos.
Informações tributárias são todos os impostos federais, estaduais e municipais,
incidentes nos serviços prestados pelas empresas de Telecomunicações, que
variam por serviço e por país. No Brasil os principais tributos federais são o
Programa de Integração Social (PIS
30
) e a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS
31
). O tributo estadual é o Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e para alguns serviços também
se aplica o imposto municipal Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza
(ISSQN). Nos Estados Unidos, existem também impostos diferenciados para
condados e tribos indígenas. Na Bolívia, existe apenas um único imposto federal
com cálculo simples.
As empresas de Telecomunicações no Brasil aplicam os impostos de maneira
diferente de outros países, cuja fórmula é aplicação simples da somatória de
impostos: Valor Bruto = Valor Líquido x Somatório de Impostos. A fórmula
empregada no Brasil é a seguinte: Valor Bruto = Valor quido * (1/(1-somatória dos
impostos)), o que torna o valor final dos impostos superiores. Como exemplo, estão
considerados os impostos de um serviço DDD no estado de São Paulo, têm-se
então: PIS = 0,65%, COFINS = 3%, ICMS = 25%, o que resulta em uma soma de
28,65%. Pela fórmula, o imposto aplicado neste caso é de 40,1542%.
As faturas geradas podem ser impressas e enviadas aos clientes ou distribuídas de
forma magnética, dependendo de cada cliente. As faturas ficam também disponíveis
nos sistemas (Customer Care) para eventuais alterações em função de reclamações
dos clientes, inclusive sendo possível a geração de segunda via da fatura.
Fazem parte, também, do processo de faturamento, a impressão e o envio das
faturas aos clientes. Até o momento, a quase totalidade dos clientes recebe faturas
30
É uma contribuição criada pela Lei Complementar 07/1970.
31
Tributo federal que se destina a financiar a seguridade social, denominado de Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social. Instituído pela Lei Complementar 70 de 30/12/1991.
105
em papel, sendo que apenas os grandes clientes recebem as faturas ou os
detalhamentos em meio magnético. No Brasil, este processo tem um agravante
porque as faturas são Notas Fiscais, o que implica em numerações de regime
especial e procedimentos especiais em caso de re-impressão, descarte ou qualquer
outro tipo de inutilização das mesmas. O envio é realizado geralmente em parceria
com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo (ECT).
Algumas Operadoras apresentam a seus clientes a possibilidade de visualização de
suas faturas em meio eletrônico, incluindo detalhamentos de faturas “em aberto”, ou
seja, que ainda não foram geradas, para o acompanhamento dos gastos mensais já
utilizados e que serão faturados na próxima fatura. A apresentação pode ser
acessada por computador ou terminal móvel via Internet com utilização de senha,
assim como pelo envio de e-mails pelas empresas de Telecomunicações. Os
sistemas responsáveis pela apresentação de faturas são denominados de Electronic
Billing Presentation (EBP).
5.2.4.1 Faturas eletrônicas
A fatura é uma das mais importantes vias de comunicação com os clientes. Caso
esta seja complexa, com os serviços prestados e os valores faturados não
apresentados de forma clara, isto gera uma desconfiança dos clientes e muitas
vezes questionamentos e reclamações das próprias faturas. A fatura também é um
importante meio de propaganda utilizado pelo marketing das empresas.
A disponibilização de faturas detalhadas através de meios eletrônicos, bem como a
possibilidade de pagamento eletrônico das mesmas, são funcionalidades oferecidas
pelos sistemas denominados de Eletronic Billing Presentation and Payment (EBPP).
Estes sistemas podem disponibilizar, através de acesso eletrônico, os serviços
utilizados antes de serem faturados, os créditos e débitos vigentes, o detalhamento
das faturas, bem como possibilitar o pagamento das mesmas de forma eletrônica.
Quanto às faturas, existe a tendência de serem únicas, convergentes e
independentes das Operadoras utilizadas. Neste sentido, ocorreu no Brasil uma
106
importante alteração nos processos de faturamento que viabilizou a concorrência
entre Operadoras de Longa Distância, o co-billing conforme será tratado a seguir.
5.2.4.2 Co-Billing
A escolha da Operadora de Longa Distância para a execução de serviços de
transporte de voz, através do uso do Código de Seleção de Prestadora (CSP),
implicou em uma mudança de relacionamento entre as Operadoras de
Telecomunicações. A dificuldade das Operadoras de longa distância em
conhecerem e manterem informações dos clientes das demais empresas
Operadoras fez com que apenas tarifassem seus serviços, como chamadas
realizadas através da seleção de seu código CSP, e enviasse estes serviços para as
Operadoras Locais gerarem faturas conjuntas aos seus clientes.
Com este processo, denominado de co-billing, as empresas Operadoras locais
geram faturas de seus serviços conjuntamente com serviços das demais Operadoras
utilizadas, embora por questões de impostos as faturas de cada empresa possui
uma numeração específica. Atualmente, em países como Brasil e Estados Unidos,
existem acordos de co-billing entre as Operadoras fixas e móveis com praticamente
todas as Operadoras de Longa Distância.
Este processo gerou novas interfaces entre empresas Operadoras para envio dos
registros de uso de serviços de voz (CDR) tarifados, bem como recepção de
repasses dos valores faturados e arrecadados por outras empresas. Esses
relacionamentos tornaram-se ainda mais complexos com a prestação de serviços de
valor adicionado.
5.2.5 Arrecadação
Os sistemas EBP podem também disponibilizar a funcionalidade de pagamento
eletrônico das faturas, neste caso denominado de Electronic Billing Presentation and
Payment (EBPP). Esta funcionalidade pode ser disponibilizada via cartões de
crédito, instituições financeiras ou outros mecanismos disponibilizados por empresas
107
especializadas. Existem sistemas EBPP que possibilitam a visualização de faturas
de grandes empresas por unidade do organograma funcional, segundo as contas
contábeis ou por funcionários. Estes sistemas podem também permitir que as
ligações particulares de cada funcionário sejam marcadas diferentemente das de
serviço pelo próprio funcionário.
No Brasil, as faturas são notas fiscais e os pagamentos são sempre realizados
através de instituições bancárias ou empresas conveniadas, tais como casas
lotéricas. Para isto, são utilizados quaisquer meios disponibilizados pelas instituições
bancárias, tais como: caixas eletrônicos e endereços bancários na Internet.
No Brasil, o pagamento das faturas pelos clientes é realizado apenas no valor
integral, da mesma e através de quaisquer mecanismos disponibilizados pelas
instituições bancárias, inclusive de forma eletrônica, assim como por cartões de
crédito, no caso de débito automático. Para o mecanismo de débito automático em
conta corrente ou cartão de crédito, a Federação Brasileira dos Bancos
(FEBRABAN) definiu padrões de arquivos (layouts) onde as instituições financeiras
comunicam a entrada ou retirada de clientes em débito automático. também,
padrões de arquivos para envio de faturas em bito automático e recepção das
confirmações ou não destes débitos. Cada instituição financeira também envia para
as Operadoras, via arquivos padronizados, as informações de faturas quitadas na
instituição.
Em outros países, como os Estados Unidos, as faturas não são notas fiscais e se
assemelham com as faturas de cartões de crédito, podendo ser pagas com valores
diferentes do total devido. As faturas podem ser quitadas em instituições financeiras
ou nas próprias empresas Operadoras, que recebem em cheque, espécie, ou
debitam em cartões de crédito como lojas varejistas.
Em países como a Bolívia, a fatura telefônica é gerada e enviada para pagamento,
conjuntamente com faturas de outros serviços, de empresas de setores diferentes de
Telecomunicações. As instituições financeiras, ao receberem, repassam os valores
para as devidas empresas.
A arrecadação é o módulo do sistema de faturamento responsável pelo controle de
recebimento das faturas, independente da forma de pagamento. Cada fatura
108
recebida é marcada como recebida e a este mecanismo denomina-se baixa. A
arrecadação informa os valores arrecadados para todos os demais sistemas ou
módulos que necessitem destes dados. O sistema de Contabilidade necessita
destas informações para realizar a própria contabilidade. O Sistema de Encontro de
Contas para realizar os repasses devidos as demais empresas, baseado nos valores
arrecadados e não nos faturados. As faturas não recebidas são informadas ao
módulo de Cobrança.
5.2.6 Cobrança
A Cobrança é o dulo responsável pela aplicação de sanções em caso de
inadimplência por não pagamento ou pagamento em atraso. Estas sanções podem
ser multas e juros, a serem faturados na próxima fatura ou, dependendo do tempo
de inadimplência, de aviso ou cancelamento do oferecimento dos serviços. Este
módulo é também responsável pelas cobranças judiciais ou de qualquer outro tipo
que venha a ser feita pela empresa, bem como a colocação e retirada de nomes de
clientes inadimplentes em listas específicas como o Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC).
Os sistemas de faturamento são responsáveis pela disponibilização das informações
faturadas e arrecadas aos sistemas de contabilidade das empresas. As informações
de faturas geram as expectativas de receitas e as informações de arrecadação são a
receita propriamente.
5.2.7 Informações contábeis
Os sistemas de faturamento não são sistemas contábeis, no entanto, o os
principais fornecedores de informações para os sistemas contábeis. São fornecidas
informações de previsão de receita para períodos futuros, informações dos totais
faturados, arrecadados e não arrecadados. O nível de detalhamento das
informações depende dos sistemas contábeis e tem que permitir a apropriação dos
valores nas respectivas contas contábeis das empresas.
109
5.2.8 Sistema de interconexão
O sistema de Interconexão ou Encontro de Contas é responsável pelo
processamento de todos os serviços de uso, visando o acerto de contas entre todas
as entidades participantes na prestação dos serviços. Para os serviços de telefonia
do STFC, SME, SMC e SMP, as regras estão bem definidas pela ANATEL. No
entanto, para os Serviços de Comunicação Multimídia (SCM), incluindo os Serviços
de Valor Adicionado (SVA), são acordados pelo mercado.
O sistema de Encontro de Contas é o responsável por todo o relacionamento de
uma empresa Prestadora de serviços de Telecomunicações com as demais
empresas Prestadoras. Nos serviços onde redes ou recursos de mais de uma
empresa são utilizados, é necessário gerar um relatório mostrando para todos os
serviços, os valores a crédito, quando clientes de outras empresas utilizaram
recursos desta, e valores a débito, quando clientes desta utilizaram recursos de
outras.
No caso de serviços voz, o relatório gerado pelo Encontro de Contas chama-se
Demonstrativo de Tráfego (DETRAF). Ele é gerado por cada uma das empresas
Prestadoras, com relação a todas as demais com que esta possui interconexão. Este
relatório contém informações de quantidade de chamadas, totais de minutos e
valores, estratificadas por serviço, degrau e grupo horário. Com base nestes
relatórios, são feitos os acertos entre as Prestadoras ou, no caso de não haver
acordo, são trocados os CDR para que cada uma refaça os cálculos considerando
também os dados da outra empresa. A ANATEL regulamenta e define os valores
das tarifas de interconexão para os serviços do STFC.
Para outros serviços, incluindo os de conteúdo como foi visto no item 4.7, estes
sistemas ficam ainda mais complexos, realizando o compartilhamento das receitas
entre todas as entidades envolvidas, o que depende de contratos entre as partes.
Algumas empresas, para conhecer melhor o perfil de seus clientes, incluindo a
realização de simulações e análises de novos planos de marketing, utilizam-se de
sistemas estatísticos para processos de análise utilizando inteligência corporativa,
denominados de Data Warehouse.
110
5.3 Modelo de faturamento pré-pago
Os serviços pré-pagos (on-line) têm como característica uma plataforma de
gerenciamento e controle do acesso ao serviço que é responsável pelo faturamento
de modo pré-pago dos serviços. Este mecanismo é bem conhecido para aparelhos
celulares móveis pré-pagos, embora já existam serviços pré-pagos também para a
rede fixa. O mecanismo de faturamento pré-pago é o seguinte:
O usuário realiza a operação de inclusão de créditos na plataforma de controle
de serviços, geralmente através de procedimentos automatizados utilizando o
mesmo meio de acesso ao serviço, seja terminal fixo ou móvel, ou utilizando o
atendimento ao cliente. Este crédito pode ser realizado de diversas maneiras, tais
como:
o Adquirindo-se em lojas varejistas ou bancas credenciadas um cartão
com senha no valor do crédito e enviando estes dados à plataforma via
chamada telefônica;
o Através de máquinas disponibilizadas pelas Prestadoras de telefonia
que aceitam dinheiro em espécie;
o Utilizando-se de instituições financeiras, como bancos e cartões de
crédito, que disponibilizam este serviço até pela Internet.
O usuário pode realizar consultas de crédito, utilizando-se de serviços como
SMS, enviando solicitação de saldo e recebendo mensagem com a informação,
ou consultando o Atendimento a Clientes da empresa.
Quando o usuário solicita utilizar um serviço, a plataforma verifica o saldo e
demais características do usuário e libera ou não dependendo do serviço
solicitado. Então, monitora a utilização do serviço em tempo real, tarifando o
tempo de utilização de acordo com o plano de serviço do usuário e debitando os
valores tarifados de seu saldo. Caso o saldo termine, a utilização dos serviços é
interrompida em tempo real.
111
Existem serviços como, por exemplo, uma chamada telefônica de um aparelho
celular móvel deslocado como romeiro na área de outra Prestadora (em
roaming), onde tecnicamente fica muito complexa a monitoração em tempo real
de utilização da chamada, pela Operadora da qual o usuário é cliente. Por isto, o
monitoramento é realizado pela Prestadora na qual o celular móvel está
deslocado, que envia as informações ao rmino da chamada à Prestadora da
qual o usuário é cliente, para o devido débito no saldo. Nestes casos as
Prestadoras apenas liberam a utilização do serviço caso o cliente possua um
saldo compatível, segundo os planos de serviço da empresa.
As plataformas de gerenciamento dos serviços on-line geram os registros de uso de
serviços e enviam aos mediadores, pois estes são utilizados por diversos outros
sistemas, tais como: interconexão, fraude, geração de demonstrativo de utilização,
data warehouse, dentre outros.
5.4 Evolução dos modelos de tarifação
Este tópico apresenta uma visão da seqüência de modelos tarifários que geralmente
são empregados, desde o lançamento de produtos e serviços, quando não se
conhece o comportamento dos usuários, até quando o mercado está estável.
Historicamente foi o que ocorreu com a tarifação dos Serviços de Valor Adicionado
(PRICING and billing..., set. 2002), que utilizou alguns dos modelos de tarifação
tratados a seguir:
1. Gratuita Significa oferecer os serviços sem faturamento. Inicialmente os
primeiros conteúdos oferecidos foram gratuitos. Esta forma de oferecimento
permite avaliar a aceitação dos conteúdos pelos clientes.
2. Tarifa por período, ou assinatura Uma maneira simples de tarifar é a aplicação
de uma tarifa de forma pré-paga com valor fixo por período, sem controle de
utilização, ou seja, o usuário realiza o pagamento antecipado pelo direito de uso,
geralmente mensal, e utiliza o tempo que desejar durante o período. Não é
necessário existir neste caso a identificação do cliente, apenas do meio de
acesso, que pode ser e-mail, número de telefone etc.
112
3. Tarifa flat por tempo – A tarifação por tempo é a aplicação de uma tarifa de forma
pré-paga com valor fixo por um determinado período de tempo. Neste caso existe
a medição de tempo de uso, ou seja, o usuário realiza o pagamento antecipado e
tem direito à utilização por um tempo determinado, por exemplo, algumas horas
de uso não contínuas. Não necessita de identificação de cliente, apenas do meio
de acesso.
4. Tarifa flat por volume Outra forma simples de tarifar é a aplicação de uma tarifa
de forma pré-paga com valor fixo por volume. Neste caso, existe a medição de
utilização, ou seja, o usuário realiza o pagamento antecipado e tem direito a
acessar um determinado volume de conteúdo. Também não necessita de
identificação de cliente, apenas do meio de acesso.
5. Subscrição É quando o cliente se identifica e se inscreve para utilização dos
serviços. Neste caso podem ser aplicadas às formas de tarifações anteriores de
modo pós-pago.
6. Baseado em uso por tempo ou volume Este é um tipo de tarifação onde são
utilizadas medições de tempo ou volume de uso, e as tarifas são aplicadas em
função da utilização. É o modelo mais comum de tarifação, utilizado nos serviços
legados com atributos determinados.
7. Baseado em planos de negócio com categorias diferenciadas de tarifas Este
é um tipo de modelo de tarifação estratificado pelo uso, na qual são utilizadas
medições de tempo e volume de uso, sendo que as tarifas podem variar em
função dos perfis de utilização. Ou seja, podem existir, por exemplo, pacotes com
volumes de uso, nos quais quanto maior o volume de uso menor o preço unitário,
ou pacotes com um determinado volume de uso incluído e o volume ultrapassado
é tarifado separadamente etc. Ou seja, este modelo pode utilizar qualquer
atributo de cliente e permite uma infinidade de variações com descontos,
franquias, promoções, bônus etc.
8. e-Commerce É o comércio através de meios eletrônicos. Por exemplo, a
utilização da Internet para aquisição de produtos e serviços. Utilizam-se hoje
diversas formas de pagamento, como cartão de crédito, boleto bancário, depósito
bancário direto ao vendedor ou indireto através de serviços prestados por
113
intermediários ou ainda utilizando-se de empresas que prestam especificamente
serviços de pagamento.
9. m-Commerce É o comércio através de meios de acesso móveis, ou seja, é a
utilização de terminais celulares móveis para aquisição de produtos e serviços
comercializados para este meio de acesso. No Brasil, por exemplo, podem-se
adquirir desde toques de chamada até refrigerantes em máquinas específicas
fazendo uma chamada e fornecendo o código da máquina e o tipo de refrigerante
desejado, sendo que os valores da chamada e do produto adquirido são
faturados na conta telefônica do móvel, ou debitados on-line no caso de pré-
pagos.
10. Micro-pagamentos: A idéia deste modelo de tarifação é uma ampliação do m-
commerce para tornar os terminais móveis uma espécie de carteira para
pequenos pagamentos. Hoje na Alemanha é possível a aquisição de passagens
de ônibus urbanos deste modo. O valor é debitado dos créditos no caso de pré-
pago, ou faturado em conta futura no caso de terminais pós-pago.
11. Publicidade: Os modelos de comércio eletrônico ou através de telefonia móvel
permitem publicidade. Isto é um fator importantíssimo que pode mudar a
composição das cadeias de valor dos produtos comercializados. Tem ocorrido
uma migração de verbas de publicidade de outros setores, como o de TV e
revistas, para a Internet.
Em geral, a cadeia de valor para prestação dos SVA, pode ser composta em parte
por Telecomunicações e parte por outras entidades de outros setores.
Atualmente são vários os critérios utilizados em tarifações de conteúdo. Podem ser
citados: o tempo e o volume de utilização, o tipo de cliente com seu perfil de uso, o
tipo de conteúdo que está sendo adquirido, sendo que neste caso é relevante o
contexto de uso de cada aplicação ou serviço, bem como os provedores envolvidos
na prestação dos serviços (FREZZA, 2002; 2003a).
Estes modelos apresentados não são estáticos, pois a cada dia estão surgindo
novos modelos de negócio com diferentes modelos de tarifação de conteúdo. No
entanto, acredita-se que o comércio eletrônico, onde parte do custo dos produtos e
114
serviços pode ser absorvida pela publicidade, é um modelo que deverá se expandir
muito nos próximos anos. Hoje, existem lojas que fecharam seus espaços físicos de
atendimento direto ao público, mas mantiveram as lojas virtuais na Internet, o que
reduziu os custos fixos e viabilizou o negócio.
5.5 Tendências em modelos de faturamento
Neste tópico estão apresentados alguns possíveis cenários de prestação de serviços
que estão a cada dia mais se viabilizando tecnologicamente. São abordados sob os
pontos de vista de usuários e de faturamento.
As novas tecnologias convergentes podem gerar mudanças tão acentuadas quanto
a Internet causou no modo de vida das pessoas. Podem mudar o modo de trabalho,
de comunicação, de deslocamentos e até de entretenimentos.
5.5.1 Análise de novas tecnologias gerando futuros modelos de negócio
Esta análise aborda vantagens e desvantagens de algumas tecnologias que estão
disponíveis atualmente ou estão em fase final de aprimoramento. São discutidos
seus impactos em cinco diferentes áreas de negócios existentes no Brasil, como a
telefonia fixa, a móvel, a TV por assinatura, a radiodifusão e a TV aberta.
A telefonia fixa está hoje com demanda estagnada e a competição é limitada,
existindo mais no setor corporativo para grandes clientes. Sua receita é baseada em
assinaturas e tráfego de voz. Ela está regulamentada pela LGT e concessões de
STFC, com regras rígidas e obrigações de qualidade e universalização.
A telefonia móvel, ao contrário da fixa, está com alto crescimento, possui grande
competição e grande parte da base é de celulares pré-pagos. Regulamentada pela
LGT e concessões SMP, está evoluindo para serviços 3G. Possui regras rígidas,
com obrigações de cobertura e qualidade.
A TV paga hoje possui baixa penetração e é limitada devido à renda da população.
Sua receita é baseada em assinaturas e serviços pay per view. É regulamentada
115
pela LGT e está sujeita a leis específicas de cabos nas cidades, bem como normas
de MMDS, DTH e TV por assinatura. Possui obrigações de divulgação de conteúdo
nacional e restrições ao capital estrangeiro.
A radiodifusão e a TV aberta hoje são analógicas, porém estão migrando para
tecnologia digital. Estão sendo realizados testes com rádios digitais e, quanto a TV
digital, o país está em processo de adequação e implantação de modelos digitais
que visem à inclusão digital dos cidadãos. O modelo atual de receita é a partir de
publicidades e patrocínios. A radiodifusão e a TV aberta são regulamentadas por leis
específicas de radiodifusão, imprensa e direitos autorais. Possuem obrigações de
geração e divulgação de conteúdo nacional e restrições ao capital estrangeiro.
A convergência entre fixo e móvel representa uma ameaça tanto para a telefonia fixa
quanto para a móvel, dependendo de qual venha a dominar. VoIP é outra ameaça
para ambas, por parte de empresas que oferecem serviços de voz gratuitos ou não
através de softphones via Internet. A telefonia tradicional é ameaçada também pelas
empresas de TV por assinatura que podem oferecer banda larga e telefonia em suas
redes a cabo ou via satélite.
A telefonia fixa tem como aliadas contra a telefonia móvel as tecnologias WLL, Wi-Fi
e WiMAX, pois permitem redução de custos utilizando infra-estrutura aérea. A
tecnologia IPTV permite que as redes telefônicas fixas ofereçam TV para assinantes
com banda larga, o que já está ocorrendo, por enquanto de modo gratuito. A
telefonia móvel também está oferecendo canais de TV através das redes móveis
3G. Estas tecnologias representam ameaças para as Prestadoras de TV por
assinatura.
A tecnologia MVNO possibilita a criação de empresas que alugam recursos das
empresas de telefonia móvel para oferecimento de seus serviços. Ou seja, permite
que as empresas de TV por assinatura, radiodifusão e TV aberta, ofereçam seus
serviços através dos meios de acesso providos pelas redes móveis. Isto representa
uma ameaça para telefonia móvel, no entanto favorece as empresas das áreas de
rádio e TV.
Todas as tecnologias convergentes possuem suas vantagens e desvantagens com
relação aos diversos tipos de Prestadoras, o que obriga os órgãos reguladores à
116
definição de regras que não favoreçam um ou outro segmento de mercado, mas sim
o desenvolvimento do país.
5.5.2 Análise de futuros cenários e modelos de faturamento
Como tratado no item 5.2, o faturamento dos serviços de voz se baseia atualmente
nos recursos de redes envolvidos na prestação dos serviços. O faturamento
identifica os serviços de uso através da numeração dos recursos utilizados, pois o
plano de numeração telefônico nacional, fornece informações como: tipo dos meios
de acesso, áreas tarifárias, localidades, empresas, dentre outras. As tecnologias
convergentes poderão mudar estes paradigmas.
Neste item estão abordados cenários futuristas, porém reais e não muito distantes
de nossos dias, visando a uma análise das tendências dos serviços de voz. São
consideradas chamadas originadas e terminadas nos seguintes tipos de terminais de
acesso:
Terminal fixo ligado à Rede de Telefonia Pública Comutada (RTPC);
Terminal móvel ou smartphone da rede celular SMP;
Softphone, instalado em um microcomputador com acesso banda larga. Hoje,
para interfuncionamento com as redes fixas e móveis, necessitam de parcerias
com Operadoras de Telecomunicações, para encaminhamento do tráfego através
de uma Operadora Carrier.
Terminal fixo IP, acessado via rede de TV a cabo (triple play). Prestadoras de TV
por assinatura oferecem em parceria com Operadoras Carrier, os serviços de
TV por assinatura, banda larga e telefonia utilizando VoIP;
Terminal móvel com serviço VoIP, usando o acesso via conexão de dados.
Será considerado que o usuário destino possui uma única identificação,
independentemente do tipo de meio de acesso utilizado na recepção, o que é viável
com a arquitetura IMS. A decisão de qual terminal realizará a terminação de uma
chamada será dependente da configuração de atendimento feita pelo próprio usuário
117
de destino por meio de seu gerenciador de perfil para comunicação pessoal. É
possível que vários terminais toquem simultaneamente e, quando a chamada for
atendida em qualquer um, os demais terminais são informados e cessarão. Observa-
se que esta possibilidade tecnológica, para ser implantada, necessitará de
regulamentações, pois afeta alguns atuais serviços sob concessões.
Neste contexto, são possíveis vários cenários de utilização de serviços de voz. Estão
abordados alguns aspectos de tarifação e faturamento destes tipos de serviços de
voz. O objetivo é mostrar que os atuais modelos poderão sofrer grandes
transformações com as tecnologias convergentes.
Uma mudança importante é que o usuário originador não sabe em qual tipo de
terminal a chamada será completada. Isto implica que ele não pode ser o único
responsável a pagar uma chamada, independentemente dos meios utilizados em
sua terminação. Hoje quando um usuário faz uma chamada de um terminal fixo para
outro terminal fixo local ou um celular local, conhece as tarifas aplicadas a cada um
dos serviços.
Inicialmente, será considerado o cenário de uma chamada originada em um
softphone e terminada em outro softphone. Neste caso, um modelo possível de
faturamento poderia ser gratuito, visto que está utilizando apenas recursos Internet,
que já estão sendo remunerados independentemente do uso de aplicações de voz.
Extrapolando a idéia da gratuidade dos serviços de voz entre computadores, se um
dia todos os terminais de voz forem conectados a Internet, não se cobraria mais o
serviço voz. Vê-se que isto não é possível, pois a utilização de cada serviço na
Internet consome banda de transmissão, que precisa ser provida. No entanto, outros
critérios podem ser utilizados para tarifação destes serviços, como a própria banda
de transmissão usada, isto caso o provedor de rede conheça o serviço.
O segundo cenário é uma chamada originada em um softphone e terminada na rede
fixa ou na rede móvel. Neste caso, a Operadora da rede fixa ou móvel necessita ser
remunerada pela utilização de seus recursos. No entanto, como o originador não
possui a informação de qual rede foi utilizada, seria justo que o usuário destino
também seja tarifado com relação à remuneração da rede de terminação. Ou seja,
podem existir três modelos possíveis neste caso; um onde apenas o originador é
118
faturado, outro onde apenas o usuário destino é faturado e outro no qual o serviço é
proporcionalmente faturado para ambos, em função dos meios utilizados.
O terceiro cenário é uma chamada originada em um softphone e terminada em um
terminal móvel VoIP utilizando o canal de acesso de dados deste terminal, ou seja
sem usar os recursos de voz da rede SMP. Neste caso, um modelo seria a
Operadora móvel ser remunerada apenas pelo tráfego de dados utilizado em sua
rede e não pelo tráfego de voz. Outro seria pelo monitoramento do tempo de uso do
serviço de voz.
O quarto cenário é uma chamada originada em um softphone e terminada em um
equipamento fixo IP, instalado em uma rede de TV a cabo. São usados recursos de
voz de uma Operadora de Telecomunicações como interconexão, além dos recursos
de rede da Prestadora de TV a cabo. Neste caso, a Operadora de
Telecomunicações deve ser remunerada por realizar a interconexão com a RTPC,
pois a Prestadora de TV geralmente não possui concessão para prestação de STFC.
A Prestadora de TV a cabo poderia ser remunerada pelo tráfego de dados cursado
em sua rede ou pelo tráfego específico dos serviços de voz.
Analisando-se os cenários acima, nota-se que os conceitos de tarifação de serviços
de voz, como chamadas Locais, DDD, VC, VC-R, VC-1, VC-2 e VC-3 perdem um
pouco o sentido, pois os recursos e serviços utilizados em função de tempo e
distância não são completamente válidos nestes cenários.
O conceito de que o terminal origem é o pagador das chamadas, e o destino é o
pagador apenas de chamadas a cobrar, também está comprometido com a
possibilidade do destino escolher o terminal de atendimento dos serviços de voz.
A duração da chamada é um critério que pode ser utilizado nos cenários que
envolvem o tempo de uso de recursos das redes fixa e móvel, no entanto quando
apenas recursos de redes IP estão envolvidos, como no primeiro cenário proposto,
até este critério pode ser questionado.
O critério de volume de tráfego de dados necessita de medições, que podem ser
onerosas quando usado em larga escala e separando o tráfego por serviço. Este
critério é utilizado pelos provedores de acesso à banda larga, para medir o volume
119
total de uso por período, mas não é separado por serviço. Os atuais planos
oferecidos pelos provedores de acesso geralmente prevêem a cobrança do tráfego
excedente ao contratado.
Um novo critério que poderia ser utilizado em todos estes cenários é a qualidade dos
serviços prestados, sob o ponto de vista dos usuários envolvidos. Podem-se citar
como características perceptíveis nos serviços de voz: chamadas com baixo volume,
com ruído, com eco, fala entrecortada ou com períodos de silêncio absoluto entre
falas, onde um usuário não percebe os sons mais baixos presentes no outro lado da
chamada, longo tempo entre a emissão da fala e a audição pelo outro lado, como
em chamadas via satélite, dentre outras. Todas estas características possíveis de
estarem presentes numa chamada necessitam serem quantificadas para gerar um
índice de qualidade do serviço prestado, que poderia ser usado como critério de
tarifação.
O tema qualidade dos serviços é tratado por diversos órgãos de padronização sob
diversas óticas. Podem ser citadas as recomendações do ITU-T: P.562 (ITU-T,
2000), P.800 (ITU-T, 1996), P.831 (ITU-T, 1998a), P.862 (ITU-T, 2001b), G.1010
(ITU-T, 2001a) e Y.1541 (ITU-T, 2006); a recomendação TR 23.802 do 3GPP
(3GPP, 2005); as recomendações do ETSI: TS-101-329-5 v1.1.2 (ETSI, 2002a) e
TS-101-329-2 v2.1.3 (ETSI, 2002b); assim como a dissertação de Magro (2005). No
entanto, este é um assunto que ainda deve receber muitas contribuições,
principalmente sobre como utilizar os parâmetros definidos para os serviços como
critérios para tarifação, ficando proposto como objeto para novos estudos.
O QUADRO 4 apresenta uma combinação de tipos de serviços de voz, gerando
cenários (alguns futuristas) de possíveis serviços. Os cenários o constituídos por
chamadas de voz, originadas em todos os cinco tipos de meio de acesso citados
anteriormente, sendo que cada chamada será destinada e recebida por cada um dos
diferentes terminais. Foram considerados os Serviços Locais, Longa Distância
Nacional (LDN) e Longa Distância Internacional (LDI), considerando também
chamadas originadas de romeiros (em roaming) e destinadas a romeiros. O
QUADRO 4 também apresenta análises de possíveis critérios de tarifação e
faturamento envolvido nestes cenários. Quando algum critério não for usado, está
120
representado por “n” ou “nenhum” e quando for opcional o seu uso está
representado por “s/n”. Os critérios tratados são:
Usuário pagador da chamada: pode ser o originador (A), o destino (B), ambos
(AB) ou nenhum, neste caso, gratuito o serviço para ambos;
Degraus: são definidos em função do serviço e da distância entre os terminais de
acesso. No serviço local, existem as áreas locais definidas pela ANATEL (2004).
No serviço de Longa Distância Internacional (LDI), a distância é tratada por país
ou por grupo país. No serviço de Longa Distância Nacional (LDN), existem os
degraus 1, 2, 3 e 4, conforme o QUADRO 3 do item 5.2.3.1.
Grupo horário (GH): são definidos em função do tipo de serviço, tipo de dia e do
horário em que as chamadas são realizadas: Normal (N), Diferenciado (D),
Reduzido (R), Super Reduzido (SR);
Tipo do destino: significa que a chamada é tarifada em função do tipo do meio de
acesso que está recebendo a chamada, como terminais fixos ou móveis.
Duração: é o tempo que o serviço ficou sendo prestado, o tempo total de
conversação, estão descontados os tempos para estabelecimento e liberação
dos serviços.
Unidade: mostra a unidade em que é medida a duração do serviço. “Nenhum”
significa que pode não ser medida.
Assinatura: significa que o serviço pode ou não ser faturado em função de
valores recorrentes.
Velocidade: significa que a velocidade da banda de transmissão ou recepção de
pelo menos um dos terminais pode ou não ser utilizada como critério de tarifação.
QoS - Qualidade do serviço: significa que a medida do nível de qualidade
oferecida na prestação do serviço pode ou não ser utilizada como critério de
tarifação e faturamento.
121
QUADRO 4 - Futuros modelos de tarifação de serviços
Tipo do
Meio de
Acesso
Origem
Tipo do
Meio de
Acesso
Destino
Serviços/Su
b-serviços
Paga-
dor
Degrau
GH
Tipo do
Des-
tino
Dura-
ção
Uni-
dade
Assina-
tura
Veloci
-dade
QoS
Local A
Local/
Área
N/R s s
Pulso /
Min.
s/n n s/n
LDN - DDD A 1/2/3/4
N/R/
SR/D
s s Min n n s/n
Fixo
LDI - DDI A
País /
Grupo
N/
R
s s Min n n s/n
Fixo Cabo
(VoIP)
LDN - DDD A 1/2/3/4
N/R/
SR/D
s s Min n n s/n
Local – VC-
1/
VC-R
A 1 N/R s s Min s/n n s/n
LDN – VC-
2/3
VC-2R/3R
A 2/3 N/R s s Min n n s/n
Móvel
LDI –
Normal
ou Roaming
A
País /
Grupo
N/R s s Min n n s/n
Móvel
(Dados)
LDN A/AB n N/R n s Min n s/n s/n
Fixo
Softphone
(Dados)
LDN/LDI A/AB n N/R n s Min n s/n s/n
Local A
Local/
Área
N/R s s
Pulso /
Min.
s/n n s/n
LDN - DDD A 1/2/3/4
N/R/
SR/D
s s Min s/n n s/n
Fixo
LDI - DDI A
País /
Grupo
N/R s s Min s/n n s/n
Fixo Cabo
(VoIP)
LDN A 1/2/3/4
N/R/
SR/D
s s Min s/n n s/n
Local – VC-
1/
VC-R
A 1 N/R s s Min s/n n s/n
LDN – VC-
2/3
VC-2R/3R
A 2/3 N/R s s Min s/n n s/n
Móvel
LDI –
Normal
ou Roaming
A
País /
Grupo
N/R s s Min s/n n s/n
Móvel
(Dados)
LDN A/AB n N/R n s Min s/n s/n s/n
Fixo Cabo
(VoIP)
Softphone
(Dados)
LDN / LDI A/AB n N/R n s Min s/n s/n s/n
Local – VC1
A 1 N/R s s Min s/n n s/n
LDN - VC2/3
A 2/3 N/R s s Min n n s/n
Fixo
LDI A
País /
Grupo
N/R s s Min n n s/n
Fixo Cabo
(VoIP)
VC1/2/3 A 1/2/3 N/R s s Min n n s/n
Local -
VC/VCR
A 1 N/R s s Min s/n n s/n
LDN – VC-
2/3
VC-2R/3R
A 2/3 N/R s s Min n n s/n
Móvel
LDI – Normal
ou Roaming
A
País /
Grupo
N/R s s Min n n s/n
Móvel
(Dados)
LDN A/AB n N/R n s Min s/n s/n s/n
Móvel
(Voz)
Softphone
(Dados)
LDN/LDI A/AB n N/R n s Min s/n s/n s/n
122
Tipo do
Meio de
Acesso
Origem
Tipo do
Meio de
Acesso
Destino
Serviços/Su
b-serviços
Paga-
dor
Degrau
GH
Tipo do
Des-
tino
Dura-
ção
Uni-
dade
Assina-
tura
Veloci
-dade
QoS
Local/LDN A/B/AB
1/2/3/4
n s s Min s/n n s/n
Fixo
LDI A/B/AB
País n s s Min s/n n s/n
Fixo Cabo
(VoIP)
Local/LDN
A/AB/
nenhum
1/2/3 n s s Min s/n n s/n
Local/LDN A/B/AB
1/2/3 n s s Min s/n n s/n
Móvel
LDI A/B/AB
País n s s Min s/n n s/n
Móvel
(Dados)
Local/LDN
A/AB
nenhum
n n n s/n
Min. /
nenhum
s/n s/n s/n
Móvel
(Dados)
Softphone
(Dados)
Local/
LDN/LDI
A/AB
nenhum
n n n s/n
Min. /
nenhum
s/n s/n s/n
Fixo
Local/
LDN/LDI
A/B/AB
País/
nenhum
n s s Min s/n s/n s/n
Fixo Cabo
(VoIP)
Local/
LDN/LDI
A/B/AB
nenhum
País/
nenhum
n s s Min s/n s/n s/n
Móvel
Local/
LDN/LDI
A/B/AB
País/
nenhum
n s s Min s/n s/n s/n
Móvel
(Dados)
Local/
LDN/LDI
A/B/AB
nenhum
n n n s/n
Min. /
nenhum
s/n s/n s/n
Softphone
(Dados)
Softphone
(Dados)
Local/
LDN/LDI
A/B/AB/
nenhum
n n n s/n
Min. /
nenhum
s/n s/n s/n
O QUADRO 4 é uma análise não exaustiva de como poderiam ser afetados os
critérios de tarifação dos principais serviços de voz no caso de uma ampla
convergência de redes e serviços, inclusive utilizando a arquitetura IMS (FREZZA,
2007b).
O pagador da chamada poderá continuar sendo o originador nos casos em que
envolve apenas as redes fixas e móveis, exceto chamadas a cobrar que não foram
consideradas nestes cenários. No entanto, quando a origem ou o destino da
comunicação é via rede de dados, seja usando um terminal móvel ou a Internet, a
tarifação das chamadas poderá ser mais complexa e depender de outros fatores,
como marketing e publicidade, a serem acordados entre todas as entidades
participantes da prestação dos serviços.
A distância poderá continuar como hoje quando envolver apenas as redes fixas e
móveis, no entanto, quando envolve comunicação de voz via dados, passa a não
fazer mais sentido, pois os recursos, como roteadores, não são usados em função
da distância e sim pela topologia da rede, o que é praticamente inviável de ser
utilizado, devido à dinamicidade da rede de dados.
123
O grupo horário de realização das chamadas é outro fator com características
diferentes entre as redes de telefonia e a Internet, portanto na convergência do uso
destas redes, este critério não deverá não ser utilizado até se conhecer o perfil de
comportamento destes novos cenários.
O tipo de destino é um critério muito importante hoje. As diferenças tarifárias de
chamadas para fixos ou móveis são significativas, este critério com a convergência
das redes, onde o originador não saberá mais se está ligando para um fixo ou
móvel, deverá causar uma mudança grande nos modelos tarifários. Quando a
origem ou destino é através de terminais via comunicação de dados torna-se ainda
mais complexo a utilização de critérios deste tipo. Contudo, a tecnologia IMS prevê a
informação de tipo de terminal.
A duração é um critério que deve permanecer, pois significa o tempo de utilização
dos recursos usados. A unidade de medida deverá continuar sendo o minuto, com
subdivisão em décimos de minuto, ou seja, 6 segundos. Entretanto, quando a
comunicação for apenas de dados, ela poderá ser substituída pelo volume de dados
trafegados.
Atualmente, dentre os serviços de voz, apenas o serviço local de fixo para fixo é
tratado como assinatura e possui uma franquia de uso incluída no valor da
assinatura. No entanto, nos serviços de comunicação de dados são comuns este
tipo de faturamento e é possível que venha a ser utilizado nestas condições.
A velocidade de acesso é um dos critérios de tarifação utilizados atualmente em
meios de comunicação de dados e está relacionada com a banda efetiva de tráfego
disponível, que é um fator diretamente associado à qualidade dos serviços. Embora
a velocidade geralmente seja usada para o faturamento do meio de comunicação a
qual a aplicação VoIP esteja sendo executada, ela também poderá ser um critério de
tarifação utilizado para a própria comunicação de voz através de VoIP.
A qualidade de serviço (QoS) é um critério utilizado para comunicações de dados, e
a qualidade da prestação dos serviços de voz percebida pelo cliente, é um critério
que deverá passar a ser utilizado nas comunicações de voz.
124
Pode-se observar a partir do QUADRO 4, que apenas a duração e a qualidade do
serviço são critérios passíveis de utilização na tarifação de uso dos serviços de voz
em todos os cenários e que mesmo estes critérios, em alguns cenários, podem não
ser utilizado. Com isto, pretendeu-se mostrar que os modelos de faturamento
atualmente utilizados sofrerão grande impacto das novas tecnologias. A seguir é
apresentada uma visão mostrando as tendências futuras do setor de
telecomunicações.
5.6 Visão do futuro em telecomunicações
As empresas Operadoras de Telecomunicações investiram muito na infra-estrutura
de suas redes e continuam investindo. Com a digitalização das redes, tornou-se
possível prover uma série de serviços que antes eram providos por outras redes,
assim como a criação e oferta de novos serviços. O oferecimento de serviços de
vídeo e TV através das redes de Telecomunicações já são realidade.
Por outro lado, está surgindo uma série de empresas, algumas com concessões de
SCM pela ANATEL, prestando serviços de comunicação de voz e imagem através
da Internet. Elas utilizam a infra-estrutura das Operadoras, como acessos de banda
larga ADSL, e dependendo do serviço não existe remuneração do uso destes meios.
Os serviços gratuitos de Voz sobre IP através de softphones são um exemplo. Este
tipo de serviço deve aumentar consideravelmente nos próximos anos na medida em
que mais fornecedores de aplicativos de Informática vão incluindo opções de
comunicação de texto, voz e imagens em seus pacotes de softwares.
Os aplicativos de comunicação via computador permitem uma quantidade de
serviços maior que as redes fixas e móveis. São possíveis comunicações através de
texto (chat), voz e imagens em tempo real, assim como é possível saber se o
destinatário está ou não conectado em algum aplicativo de seu computador, com
isto, pode-se escolher o tipo de comunicação, tais como: solicitar conversação via
computador, deixar mensagens de voz em caixa postal, enviar mensagens de texto
tipo e-mail ou tipo SMS para o celular, dentre outras.
125
As aplicações em computadores se interfuncionam com as redes fixas e móveis
podendo realizar ou receber chamadas de voz destas redes, porém neste caso as
redes são remuneradas e as chamadas não são gratuitas. Este tipo de comunicação
causou impactos no volume e nas tarifas dos serviços LDI via STFC e SMP, que
são serviços relativamente caros devido aos recursos alocados em chamadas
internacionais. Este tráfego que deixou de usar as redes fixas e móveis é
percebido também nos serviços LDN, na medida em que as pessoas se acostumam
ao seu uso e aceitam uma qualidade geralmente menor em função de tarifas
também menores ou gratuitas. Este tipo de comunicação deve causar um
significativo impacto nos volumes de tráfego das redes fixas e veis nos próximos
anos.
5.6.1 Panorama das telecomunicações nos próximos anos
Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), realizada
anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativas a
Telefones Fixos e Celulares, Microcomputadores, Internet, Rádio e Televisão, os
meios de Telecomunicações com maior penetração, são a Televisão e o dio com
cerca de 90% dos domicílios, a Telefonia atinge cerca de 72% dos domicílios e
apenas 20% possuem microcomputadores, sendo que destes apenas uma parte
possui acesso a Internet, o que corresponde a 15% dos domicílios. Ou seja, o Brasil
é um país onde as Telecomunicações e a Informática têm muito a crescer.
O Brasil possui hoje cerca de 188 milhões de habitantes segundo o IBGE e estima-
se que 32 milhões de brasileiros, correspondentes a 21% da população com idade
maior que 10 anos, tenham acessado a Internet, no entanto, apenas 22 milhões
possuem acessos e destes cerca de 15 milhões estão realmente ativos. Os usuários
com Banda Larga são cerca de 5 milhões e este número vem crescendo nos últimos
anos em taxas maiores que 50% ao ano e deverão continuar crescendo em taxas
ainda maiores nos próximos anos. Alguns fatores devem contribuir para isto, como a
tecnologia WiMAX para facilitar o acesso, a redução nos custos devido ganho de
escala e programas governamentais de incentivo a inclusão digital.
126
O número de terminais telefônicos fixos em serviço está estagnado em cerca de 39
milhões e vem apresentando uma pequena redução. Esta tendência deverá
permanecer nos próximos anos. Alguns fatores têm contribuído para isto, como a
grande popularização dos celulares móveis, a entrada no mercado de empresas com
outras tecnologias oferecendo acessos VoIP e empresas oferecendo pacotes de
serviços multiplay em outras redes, como as de TV por assinatura. Existe uma
ameaça ao negócio das Operadoras fixas caso permaneçam apenas oferecendo
telefonia fixa tradicional. No entanto, novas tecnologias e a arquitetura IMS poderá
viabilizar a prestação de uma série de novos serviços ampliando o negócio.
As Operadoras fixas deverão criar modelos de negócios ainda inexplorados para
aumentar suas receitas oferecendo também multiplay, sendo banda larga através de
acessos ADSL ou WiMAX e se associando a provedores de serviços e conteúdo
para o oferecimento de TV por assinatura e outros serviços utilizando Internet
Protocol Television (IPTV).
As Prestadoras de serviços móveis, praticamente dobraram em três anos o número
de acessos móveis, passando de 50 milhões para 100 milhões e deverá continuar á
tendência de crescimento se estabilizando próximo aos 150 milhões. Nos próximos
quatro anos deverá também dobrar o faturamento, pois, além da continuidade de
expansão do número de usuários, deverá ser implantada da rede de terceira
geração, com oferta de serviços multiplay, incluindo vídeo e TV. A integração de
acessos fixos e móveis deverá se concretizar nos próximos anos.
O uso crescente de IP permeando todas as redes e o aumento do uso de diferentes
aplicativos na Internet deverá estimular o surgimento de identificações pessoais do
tipo Universal Resource Locator (URL)
32
, substituindo a necessidade de uso de
números telefônicos.
Os provedores e agregadores de conteúdo passarão a fazer parte da cadeia de
valor de Telecomunicações e deverão representar cerca de 25% das receitas totais
32
URL significa Localizador Universal de Recursos, é o endereço de um recurso (ou
pessoa) disponível em uma rede.
127
do setor. Este total de receitas que vem aumentando ano a ano deverá continuar
aumentando, pois o setor está em expansão de número de usuários e de ofertas de
novos serviços.
Nos próximos anos podem surgir operadoras virtuais, denominadas Virtual Network
Operator (X-VNO), que utilizam a infra-estrutura das operadoras fixas ou móveis
para prover seus serviços. Isto depende de regulamentação, que é um fator
determinante para surgimento deste tipo de empresa no Brasil.
5.6.2 Panorama dos atuais serviços gratuitos
Quanto aos serviços gratuitos na Internet, pode-se considerar que as redes podem
não garantir a banda necessária e a qualidade pode ficar comprometida. Isto poderia
ser compensado com sofisticados processamentos nos terminais. No entanto, os
provedores de acesso à Internet somente podem garantir banda para os serviços
que conhecem, e serviços gratuitos tipo VoIP ainda o proprietários e o seu tráfego
não pode ser identificado pelos provedores.
Serviços de deo podem transferir grande quantidade de informação. Se os
provedores não identificam estes serviços, não podem estratificar o uso e tratá-los
separadamente, inclusive fazendo planos tarifários flexíveis que usem volume,
tempo, serviços e eventos das sessões, de acordo com o perfil de utilização dos
usuários.
Um provedor de serviços Internet quando identifica os serviços, pode combiná-los e
integrá-los gerando diferentes outros serviços. Pode-se argumentar que a
comunidade da rede Internet será sempre mais ágil na geração de novos serviços.
No entanto, um provedor de acesso Internet não pode garantir estabilidade,
qualidade, segurança e facilidade de uso para serviços que não identifica. Ou seja,
estes serviços continuarão a existir e até crescerão nos próximos anos, mas sem
uma garantia de qualidade.
128
5.6.3 Evolução para IMS
existem aplicações VoIP gratuitas disponíveis na Internet e também sendo
disponibilizadas na geração 3G de celulares. Apesar disto, as Operadoras e
Prestadoras precisam conhecer e gerenciar o tráfego em suas redes. Isto se
torna possível com a arquitetura IMS.
A arquitetura IMS é uma resposta para as Operadoras controlarem e gerenciarem os
serviços prestados através de seus recursos. No entanto, a implantação desta
arquitetura não é simples; pelo contrário, é bem complexa e poderá ainda demorar
alguns anos. No entanto, algumas funcionalidades previstas para serem implantadas
com o IMS poderão ser antecipadas, como a integração entre os terminais fixos e
móveis.
Está sendo previsto, pelas características da arquitetura IMS, que alguns serviços
migrem para esta arquitetura e que outros continuem sendo oferecidos nas mesmas
plataformas específicas de hoje. Os primeiros serviços previstos para migração para
a arquitetura IMS são os baseados em sessão, como: conexões VPN
33
de voz,
áudio-conferência, despacho de áudio (Push-to-talk, que é comunicação
unidirecional, onde apenas um fala por vez), despacho de vídeo (Push-to-video, que
é envio de vídeo unidirecional), jogos interativos entre usuários (Interactive Gaming)
e comunicações via mensagens de texto (Instant Messaging). O serviço de
transmissão contínua de deo (Video Streaming), apeasr de o ser baseado em
sessão, também está previsto para migração.
Os serviços que o prestados por equipamentos e aplicações dedicadas, como:
telefônica pública, difusão de TV, mensagens de texto (SMS) ou multimídia (MMS) e
acesso a Internet, dentre outros, são mais difíceis de serem migrados devido aos
recursos dedicados.
33
Rede privativa virtual: rede que utiliza a infra-estrutura de uma rede pública, tal qual a Internet,
para fornecer recursos para a criação de uma rede privativa, com segurança.
129
5.6.3.1 Visão de futuros serviços
A arquitetura IMS poderá propiciar para ao usuário alguns serviços que hoje ainda
não são possíveis com as tecnologias disponíveis. A seguir estão relacionados
alguns dos possíveis futuros serviços (GORTON, 2005):
Identificador de chamadas na TV Quando o usuário estiver assistindo TV e o
telefone fixo tocar, aparece o nome e a foto da pessoa na TV (caso seja uma
pessoa cadastrada, senão aparecerá apenas o número originador). Poderá
também aparecer um menu com várias opções sobre direcionamento da
chamada, a ser selecionado pelo controle remoto da TV, como por exemplo:
1. Desviar para caixa postal de voz (voice mail);
2. Encaminhar para celular;
3. Caso a chamada tenha sido originada em terminal móvel. Enviar
automaticamente mensagem SMS para o originador chamar em outro
horário;
4. Outras possibilidades configuráveis.
Transferência de chamada em andamento Transferir uma chamada
estabelecida ou uma chamada de áudio-conferência de um terminal fixo para um
móvel ou vice-versa.
Compartilhamento de arquivos Acesso simultâneo a arquivos por vários
usuários, através de diversos tipos de terminais, tais como: micro computador,
celular, PDA etc.
Terminal único fixo e móvel Possuir apenas um terminal, com um único
número, que funcione como fixo (tarifas de fixo) quando estiver na residência ou
no trabalho e como celular móvel em outros locais.
Contas distintas Utilizar o mesmo terminal móvel para uso pessoal e negócio,
com contas separas.
130
Gerenciador de perfil de comunicações pessoais – Gerenciar o perfil de recepção
de chamadas, podendo acessar através de microcomputadores, celular ou
Televisão, para alterar o perfil de atendimento, configurando atendimento em
terminais fixos, móveis, smartphones, softphones (em microcomputadores),
caixas postais de voz etc. Utilizar vários critérios, tais como: horas do dia, tipo de
dia (útil, sábado, domingo e feriado), linha ocupada (LO), linha não responde
(NR) etc. Ativar avisos de recepção de chamadas, através da abertura de janelas
em micro computador (pop-up), janelas de comunicadores via mensagens
instantâneas (Instant Messaging - IM) ou correio eletrônico (e-mail) quando
receber chamadas de usuários específicos. Verificar registros (log) de chamadas
recebidas, atendidas, perdidas e originadas. Editar lista de contatos cadastrados.
Configurar perfil de encaminhamento de chamadas recebidas usando serviço
“siga-me”.
Pode-se observar, pelos exemplos apresentados, como serão os novos serviços
convergentes. O faturamento terá que atender novas funcionalidades, possibilitando
ao cliente sempre uma forma clara de identificação dos serviços utilizados e das
tarifas aplicadas.
A seguir será mostrado uma outra ótica do faturamento, não mais sob o ponto de
vista das Operadoras, Prestadoras e Provedores de serviços, mas sim sob a ótica de
quem usa os serviços, ou seja, o cliente.
5.7 Análise do faturamento sob o ponto de vista do cliente
Nos itens anteriores foram mostrados como são prestados os serviços de
Telecomunicações, como estão evoluindo as redes, as formas tradicionais de
faturamento dos serviços e o quanto elas podem se alterar com a convergência das
redes e as novas tecnologias que estão chegando a cada dia com maior velocidade.
Este item, no entanto, pretende mostrar sob uma ótica diferente, como os clientes
adquirem, usam e vêem as formas pelas quais pagam pelos serviços (FREZZA,
2007c).
131
5.7.1 Migração de serviços em ambientes corporativos
Em ambientes corporativos várias medidas estão sendo tomadas para a redução de
despesas com Telecomunicações, tais como: uso da rede interna de dados para
transporte do tráfego interno de voz utilizando VoIP; fidelização de uma Operadora
no uso de serviços com CSP, ou seja, as corporações utilizam os CSP das
Operadoras contratadas com melhores tarifas regionais ou nacionais; contratação de
Prestadoras específicas para prestação de serviços móveis locais (VC-1), dentre
outras medidas. Para isto, é importante que as organizações gerenciem seus
recursos e conheçam seus perfiz de tráfego, para que possam definir e implantar as
melhores tecnologias tanto para comunicação de voz quanto de dados.
Este item uma visão de como as novas tecnologias podem alterar os cenários de
Telecomunicações nas organizações corporativas. A FIG. 15 apresenta uma
maneira de migração dos serviços convencionais de voz, prestados por vários
Private Automatic Branch eXchange (PABX) de uma mesma empresa, interligados
através de troncos E1 com as Operadoras fixas. A inovação tecnológica consiste em
instalar equipamentos Integrated Access Device (IAD) nos troncos de conexão com
as Operadoras possibilitando desviar o tráfego para uma Plataforma IP (Backbone
IP) controlada e gerenciada pelo equipamento Multimedia Communication Server
(MCS) utilizando o protocolo Session Initiation Protocol (SIP). Esta configuração
permite tanto o encaminhamento do tráfego para entrega em outros pontos de
acesso às Operadoras, quanto o encaminhamento para terminais de outras
tecnologias tipo Wi-Fi, WiMAX, rede móvel ou diretamente a terminais telefônicos IP.
Neste contexto é possível migrar independentemente cada um dos serviços.
Inicialmente pode-se migrar o tráfego interno da empresa utilizando a plataforma de
comunicação de dados da própria empresa, isto dependendo do perfil de tráfego
pode reduzir os custos com serviços telefônicos em mais de 50% como é típico
verificar em empresas de vários setores.
O tráfego Local destinado à rede fixa também pode ser desviado, embora deva
continuar sendo encaminhado para Operadora local, este caso pode não gerar
benefícios financeiros, no entanto, onde concorrência sempre é possível
negociações.
132
Os tráfegos LDN e LDI quando desviados para a plataforma IP, podem ser
entregues nas respectivas localidades de destino das chamadas, isto transforma os
serviços LDN e LDI em Locais e reduz o valor dos serviços de tarifas LDN e LDI para
tarifas Locais, representando uma significativa economia. No caso de serviços VC-1,
estes podem ser entregues diretamente a Prestadora local de destino, sem que esta
precise remunerar as Operadoras fixas com as tarifas de interconexão, isto pode
também reduzir os custos.
Um cálculo de viabilidade de projetos de implantação de VoIP, como o mostrado,
pode ser realizado em função da quantificação da economia a ser realizada com a
implantação do projeto, comparada com o custo do próprio projeto. Este cálculo
representa o retorno de investimento do projeto.
Entretanto a característica mais importante desta plataforma é que ela pode conectar
vários tipos de terminais de acesso, interligados através de várias tecnologias,
permitindo uma série de novos serviços que ficam apenas restritos pelas
características de cada terminal. Por exemplo, são possíveis serviços tipo videofone
apenas entre terminais que tenham câmeras e visores. Esta plataforma realiza este
controle através do MCS.
FIGURA 15 - Migração de serviços para plataformas IP
133
Para clientes corporativos, é possível escolher as melhores opções, baseado em
análises de volume e perfil de tráfego, tal como, decidir ou não a implantação de
projetos e realizar negociações diretas com as Operadoras para obter melhores
tarifas. Essas negociações podem ser feitas diretamente com gerentes de contas
das Operadoras, ou através de concorrência pública utilizando Editais, Requisições
de Propostas (Request for Proposal - RFP) ou Pregões. Nestas concorrências
empresas com maiores volumes de tráfego m conseguido significativas reduções
nas tarifas com relação aos planos básicos.
5.7.2 Perfil de tráfego
Um dos principais meios de relacionamento entre o cliente e a Prestadora de
serviços de Telecomunicações é a fatura. Pela fatura, o cliente pode levantar seu
perfil de tráfego e selecionar, dentre as tecnologias e respectivos métodos de
tarifação e os planos de serviços ofertados pelo mercado, o que melhor lhe atende.
O perfil de tráfego é a quantificação da utilização de cada tipo de serviço, obtendo
uma visão da totalização de quantidade de chamadas, de minutos e dos valores
gastos com cada tipo de serviço. O conhecimento do perfil de tráfego de cada cliente
permite que sejam contratados os melhores planos de serviços disponíveis, visando
obter o melhor custo benefício com os serviços.
O perfil de tráfego varia de acordo com o tipo de organização, tais como: setor
bancário, fabril, comércio exterior etc. O conhecimento do perfil de uso de tráfego de
uma empresa é básico para se analisar a implantação de quaisquer projetos visando
melhorias nas redes ou redução de custos em Telecomunicações.
O perfil de uso horário, conforme mostrado no GRAF. 1 do item 5.2.3.1, é uma
importante informação de tráfego usada para analisar se é compensatório um plano
com tarifas que variam por grupos horários ou se é melhor uma tarifa flat
independente de horário.
Considerando as tecnologias de telefonia disponíveis hoje no mercado, é
apresentado um método para redução de custos em Telecomunicações. Esse
método é constituído por: levantamento do perfil de tráfego; elaboração de
134
ferramentas de simulações e negociações com as Operadoras. Nas consultorias
onde este método foi aplicado nos últimos dois anos, os clientes conseguiram
significativa redução de custos.
A seguir, são apresentados dois exemplos, que mostram resultados de
levantamentos de perfil de tráfego utilizados como insumo para elaboração de
ferramentas de análise e simulação, visando à renegociação dos planos de serviços.
5.7.2.1 Perfil de tráfego corporativo para serviços local e LDN
A TAB. 1 apresenta um exemplo típico de perfil de tráfego corporativo de uma
empresa. Foram atribuídas algumas tarifas apenas para realização de comparação e
simulação de custos entre os serviços. As tarifas não possuem relação com
nenhuma Operadora específica. Esta TAB. 1 é uma ferramenta de simulação, no
qual as tarifas propostas podem ser comparadas com os planos de serviços vigentes
e servem de parâmetro para negociações com as Operadoras.
TABELA 1 - Perfil de tráfego local e LDN
Serviços Chamadas Minutos Valor (R$) Tarifas % Minutos % Valor
Local 238.509 721.622,0 72.162,24
0,10
56,48% 23,03%
DDD 91.288 290.042,2 58.008,44
0,20
22,70% 18,52%
DDI 2.005 9.126,5 9.126,45
1,00
0,71% 2,91%
VC1 100.089 185.798,4 130.058,88
0,70
14,54% 41,52%
VC2 3.188 6.824,5 6.824,45
1,00
0,53% 2,18%
VC3 13.728 34.082,2 34.082,23
1,00
2,67% 10,88%
0300 6.183 30.108,9 3.010,89
0,10
2,36% 0,96%
Total 454.991 1.277.605,0 313.273,57
100,00% 100,00%
O GRAF. 3 apresenta graficamente os valores da TAB. 1. Esta forma de
apresentação permite a visualização das dimensões de uso e de custo dos serviços.
135
Perfil de Tráfego
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
Local DDD DDI VC1 VC2 VC3 0300
Serviços
Quantidades
Chamadas
Minutos
Valor (R$)
GRÁFICO 3 - Gráfico de perfil de tráfego local e LDN
Nota-se pelo GRAF. 3, que embora o serviço mais utilizado seja o de chamadas
locais para fixos, o serviço de maior relevância financeira é o de chamadas locais
para móveis (VC-1). Na verdade o serviço VC-1 representa apenas 25,74% do
volume de minutos do serviço local fixo, enquanto que em valor é 80% maior.
Observa-se também através do GRAF. 3, que o tempo médio de uma chamada de
serviço local fixo ou DDD, é da ordem de três minutos, enquanto que para serviço
móvel é cerca de dois minutos.
5.7.2.2 Perfil de tráfego de serviços 0800
Este item apresenta um perfil hipotético de tráfego de serviços 0800, onde um cliente
possui parte de seu tráfego sendo provido por uma Operadora, que será
denominada de A, e outra parte provida por outra Operadora que será denominada
de B, conforme a TAB. 2.
136
TABELA 2 - Perfil de tráfego 0800
Serviços 0800 Chamadas
Totais de
Minutos
% Minutos
Valores
Obtidos
Tarifas
Aplicadas
Local/DDD - Operadora A 1.587.758 3.660.635,2 56,36% 366.063,52 0,1000
Local/DDD - Operadora B 1.096.777 1.674.743,2 25,79% 184.221,75 0,1100
Móvel - Operadora A 182.085 959.638,2 14,78% 671.746,74 0,7000
Móvel - Operadora B 99.498 199.633,4 3,07% 119.780,04 0,6000
Total 2.966.118 6.494.650,0 100,00% 1.341.812,05
Conforme se pode observar, 71,14% do tráfego está com a Operadora A e 28,86%
está com a Operadora B. Pode-se constatar também que 82,15% são chamadas
para 0800 originadas em telefones fixos e 17,85% são originadas em terminais
móveis. Aplicando-se as tarifas mostradas na última coluna foram obtidos os
respectivos valores apresentados na coluna Valores Obtidos.
Será considerada a hipótese de que se deseja migrar todo o tráfego para uma das
empresas. À primeira vista pode parecer que, como o maior tráfego é de origem fixa,
deve-se migrar para a empresa A, com melhores tarifas fixas. Entretanto, realizando
uma simulação conforme mostrada no TABELA 7, se que a melhor opção é a
empresa B, pois o valor total dos serviços com origem em terminais móveis é muito
significativo.
TABELA 3 - Simulação de tarifas 0800
Serviços
0800
Totais de
Minutos
Valores
Tarifas
Empr. A
(R$/min)
Simulação
Empresa A
Tarifas
Empr. B
(R$/min)
Simulação
Empresa B
Valor de
Dife-
rença
% Dife-
rença
Local/DDD -
Operadora A
3.660.635,2
366.063,52
0,1000
366.063,52
0,1100
402.669,87
-36.606,35
-10,00%
Local/DDD -
Operadora B
1.674.743,2
184.221,75
0,1000
167.474,32
0,1100
184.221,75
-16.747,43
-9,09%
Móvel –
Operadora A
959.638,2
671.746,74
0,7000
671.746,74
0,6000
575.782,92
95.963,82
14,29%
Móvel –
Operadora B
199.633,4
119.780,04
0,7000
139.743,38
0,6000
119.780,04
19.963,34
16,67%
Total 6.494.650,0
1.341.812,05
1.345.027,96
1.282.454,58
62.573,38
4,66%
A TAB. 3 mostra que uma redução de R$ 0,10 no valor da tarifa dos serviços
originados em móveis representa uma economia de R$ 95.963,82, enquanto que o
aumento de R$ 0,01 nos serviços originados em fixos representa um aumento de R$
137
36.606,35. Observa-se que embora a tarifa de serviços originados em fixo, que são
56,36% do tráfego, esteja aumentando, a redução da tarifa dos serviços originados
em móveis, que são apenas 14,78% do tráfego, implica em um valor total menor.
Este exemplo pretende mostrar que a análise do perfil de tráfego é um fator
determinante na escolha de planos de serviços.
6 CONCLUSÃO
Neste capítulo estão apresentadas as conclusões obtidas neste trabalho e
comentados os pontos fortes e fracos, bem como indicadas as linhas de estudos
futuros.
Este trabalho procurou mostrar as mudanças nos modelos de negócio de
Telecomunicações que têm ocorrido e continuarão ocorrendo num ritmo ainda mais
intenso nos próximos anos. Este ritmo é determinado pelo mercado e pela
depreciação dos investimentos realizados nas atuais tecnologias. Procurou-se
também mostrar os impactos que estas transformações estão trazendo para os
prestadores e clientes dos serviços de Telecomunicações.
A convergência dos setores de Telecomunicações e de Informática, impulsionada
pela Internet, tem viabilizado o acesso aos mesmos serviços através de diversos
meios e utilizando diversos tipos de terminais. As redes de computadores com fio e
sem fio, as redes telefônicas fixas e móveis e as redes de TV por assinatura estão
convergindo na prestação dos serviços de Telecomunicações, tornando-se multiplay.
Isto está gerando uma nova cadeia de valor com o oferecimento de serviços
convergentes.
A utilização da NGN e a convergência das redes e dos meios de acesso têm
possibilitado a prestação de nova gama de serviços convergentes, incluindo novos
serviços de valor adicionado. A arquitetura IMS promete a integração de vários
serviços e a criação de muitos outros que hoje ainda nem são cogitados. Novos
modelos de negócio estão surgindo a cada dia, com a inclusão de novas entidades
em parcerias para o oferecimento de novos serviços. Os serviços de valor
adicionado envolvendo comunicação de voz, dados, imagens e vídeo, começam a
se destacar e ganhar importância no conjunto de serviços de Telecomunicações.
Foram apresentadas as principais tecnologias das redes fixa, móvel e TV utilizadas
atualmente na prestação de serviços de Telecomunicações e analisadas as
possíveis evoluções tecnológicas em cada uma delas, mostrando a viabilidade da
139
convergência entre elas, assim como, o quanto cada nova tecnologia auxilia ou
prejudica cada tipo de empresa em Telecomunicações.
A tarifação e o faturamento de serviços prestados pelas redes NGN e por redes
convergentes representam uma mudança de paradigma para os sistemas de
faturamento. Alguns serviços requerem funcionalidades de análise de conteúdo,
monitoramento de uso, análise da qualidade de serviço, remuneração e repasse
para toda a cadeia de valor envolvida. Tais funcionalidades exigem flexibilidade dos
sistemas de faturamento e interconexão, bem como integração com outros sistemas,
tanto das próprias Prestadoras quanto das demais entidades participantes. A
dinamicidade do setor exige sistemas de faturamento de terceira geração que se
propõem a atender estes requisitos, ainda que cada Operadora ou Prestadora de
Telecomunicações possua suas próprias peculiaridades.
Foram abordadas as principais funcionalidades de cada um dos módulos que
compõem os sistemas de faturamento, relacionando-os com os modelos propostos
pelos principais fóruns de padronização, mostrando seus principais inter-
relacionamentos, assim como os relacionamentos com outras entidades.
Foram tratadas as tendências de futuras tecnologias, gerando futuros cenários de
prestação de serviços e seus modelos de negócio. Estes cenários foram analisados
sob os aspectos de tarifação e faturamento, mostrando que os critérios utilizados
atualmente podem sofrer grande impacto destas novas tecnologias. Foi apresentada
também uma visão de futuro do setor de Telecomunicações nos próximos anos,
incluindo possíveis novos serviços que poderão se viabilizar com as novas
tecnologias.
Finalmente foi mostrado o faturamento sob outra ótica, a do cliente. Foi apresentada
uma visão de novas tecnologias em ambientes corporativos e abordada a
importância da análise do perfil de tráfego pelos clientes.
Este trabalho abrangeu um tema vasto e não se aprofundou em detalhamentos de
aspectos operacionais. Sugere-se para estudos futuros, a análise do modelo de
negócio de cada uma das novas tecnologias, explorando as diversas possibilidades
de prestação de serviços e seus respectivos faturamentos. Podem também ser
140
analisados novos critérios para tarifação, como a qualidade de serviço percebida
pelo cliente.
A realização de auditorias em todas as interfaces dos módulos dos sistemas de
faturamento faz parte da área de Garantia de Receita e não foi abordada neste
trabalho, ficando também como sugestão para estudos futuros.
Espera-se que este trabalho possa proporcionar melhor compreensão dos aspectos
relacionados ao faturamento de serviços de Telecomunicações, tanto aos
profissionais da área, quanto aos usuários de serviços de Telecomunicações.
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