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RESUMO
A linguagem se tornou, no século XX, a questão central da filosofia, existindo vários
tipos de abordagem, como por exemplo, a Hermenêutica, a Fenomenologia, a Filosofia
Analítica, o Estruturalismo entre outras. Outro modo de analisá-la é por meio da relação que se
estabelece entre as estruturas biológicas e a linguagem levada a termo por pesquisas das áreas
de “teorias da mente”: neurociências, genética comportamental e psicologia evolucionista.
Entre vários autores que trabalham com esta concepção, destaca-se Steven Pinker. Entre
as várias obras produzidas como “Tábula Rasa” (2004) e “Como a Mente Funciona” (2004),
destaca-se “O Instinto de Linguagem” (2002), onde o autor defende a tese em favor do
desenvolvimento da língua como adaptação evolutiva, existindo uma vinculação profunda entre
aquilo que é chamado de “mente” e o cérebro.
Para Pinker a linguagem não é um artefato cultural que aprendemos da maneira como
aprendemos informar as horas ou como o governo funciona. Ao contrário, é nitidamente uma
peça da constituição biológica de nosso cérebro. A linguagem é uma habilidade complexa e
especializada, que se desenvolve na criança sem nenhum esforço consciente ou instrução
formal, manifestando-se sem que se perceba sua lógica subjacente, que é qualitativamente a
mesma em todo o indivíduo.
Por essas razões, alguns cognitivistas descreveram a linguagem como uma faculdade
psicológica, um órgão mental, um sistema neural ou um módulo computacional. Pinker prefere
utilizar o termo “instinto”. Ele transmite a idéia de que as pessoas sabem falar mais ou menos da
mesma maneira que as aranhas sabem tecer teias. As aranhas sabem tecer teias não porque uma
aranha genial inventou ou aprendeu o processo. Elas o fazem porque têm cérebro de aranha, o
que as impele a tecer e lhes dá competência para fazê-lo com sucesso. Pensar a linguagem como
instinto inverte o senso comum, especialmente como é vista pelas ciências humanas e sociais.
Para Pinker a linguagem não é uma invenção da cultura, assim como tampouco a postura ereta o
é.
O trabalho de Pinker foi profundamente influenciado por Noam Chomsky, um dos
primeiros lingüistas a revelar a complexidade do sistema e talvez o maior responsável pela
moderna revolução na ciência cognitiva e na ciência da linguagem. Mas Chomsky é um pouco
cético em relação a possibilidade da seleção natural darwiniana poder explicar as origens do
órgão da linguagem que ele propõe. Pinker afirma que se o olho humano é produto da adaptação
– ou seja, se se trata de algo eficaz, do ponto de vista funcional que se desenvolveu por
intermédio da seleção natural –, então a mente humana, em essência, também o é. Pinker
emprega esse ‘darwinismo’ na expansão das teorias de Chomsky rumo a um território
adaptacionista.
Fica explícito nesta tese que o autor defende a existência de um vínculo entre aquilo que
é chamado de “instinto” e “mente”, uma vez que seu trabalho procura refletir sobre o modo de
como a “mente” cria a linguagem.
Neste texto procuramos refletir sobre a realidade da linguagem fundada na noção de
“instinto” conforme apresentada por Steven Pinker.