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ambiental, mas que, ainda assim, permite o surgimento do chamado comportamento
intencional, em algum momento. Pode-se afirmar, então, que, quando o
comportamento é proposital, a agressividade é intencional e sua fonte é a
experiência instintiva, fazendo parte, portanto, da expressão primitiva do amor.
O autor propõe, ainda, várias formas de expressão da agressividade, em
função dos estágios do desenvolvimento do ego. No estágio inicial ou de ausência
de concernimento, existente apenas enquanto estado teórico, a criança existe como
pessoa, com propósitos, mas ainda sem concernimento quanto aos resultados.
Nesse caso, o que é destruído nos momentos de excitação é exatamente aquilo que
ela valoriza nos momentos de tranqüilidade, ou seja, o amor excitado permite o
ataque imaginário à mãe, fazendo com que a agressividade integre o amor.
No estágio do concernimento, já há uma integração de tal ordem que é
possível o reconhecimento da existência da mãe como pessoa, o que determina o
sentimento de concernimento com relação às suas manifestações instintivas, tanto
concretas quanto ideativas. Esse sentimento provoca o aparecimento da culpa,
decorrente de dano supostamente causado à mãe nos momentos de excitação, que
por sua vez mobiliza um sentimento pessoal de reparação. É esse processo que
permite a transformação da agressividade em atividade social construtiva.
A raiva, sentimento que aparece nesse estágio, decorre, basicamente, da
frustração, em razão da impossibilidade de se evitar a frustração em todas as
experiências, o que acaba provocando situação dicotômica com relação à sua
manifestação. Por um lado, podem aparecer impulsos agressivos desprovidos de
culpa, em se tratando de respostas agressivas à experiência frustrante. De outro,
podem surgir impulsos agressivos carregados de culpa, quando são dirigidos ao
objeto amado. A frustração leva para a longe a culpa, mas acaba provocando, como
mecanismo de defesa, a separação do objeto bom do objeto mau, o que representa
uma perda valiosa para o amor, que é o seu componente agressivo e faz com que
as reações agressivas sejam mais explosivas.
No estágio da personalidade total, em que ocorrem as relações
interpessoais, a agressividade se expressa em situações triangulares, como
decorrência de conflitos conscientes ou inconscientes.
Winnicott (1987), ao escrever sobre a natureza e origens da tendência
anti-social, esclarece sobre a dificuldade em se identificar as origens da
agressividade, quando ela se manifesta, tendo em vista que, de todas as tendências