Texto 30 / Lazer e deficiência
• Trabalho e Tempo Livre
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O
professor Vinícius Saviolli, coorde-
nador de lazer, recreação e esportes
na APABB - Associação de Pais, Ami-
gos e Pessoas com Deficiência, de Funcio-
nários do Banco do Brasil e da Comunidade
Associação dos Pais e Amigos do Banco do
Brasil, em São Paulo, acha muito importan-
te o lazer sem fins terapêuticos para pes-
soas portadoras de deficiência: "A vida de
uma pessoa portadora de deficiência é toda
ela um processo de reabilitação. Dessa
forma, o lazer sem fins terapêuticos faz,
inclusive, com que melhore o rendimento
nas terapias realizadas durante a semana,
além de melhorar a auto-estima”.
Conquistando afeto e inclusão
Por meio de uma série de eventos de
lazer, como tardes no clube, danceterias,
passeios e festas, as famílias da Apabb
puderam perceber a importância dessas ati-
vidades para o desenvolvimento dos seus
filhos, e a demanda cresceu, como conta
Vinícius Saviolli. "As atividades de lazer,
sobretudo os acampamentos, começaram a
dar espaço para os portadores de deficiên-
cias se colocarem, terem iniciativas autô-
nomas, tornando-os mais independentes.
Partimos do pressuposto que esses jovens
podem fazer tudo, dentro de uma proposta
de lazer descompromissada com o desem-
penho ou metas, com o único objetivo de
dar satisfação."
Projeto Carona
Outra experiência com recreação para
portadores de deficiência que está dando
certo é o Projeto Carona, também em São
Paulo. Inicialmente, o serviço oferecido era
o transporte de pessoas com limitações físi-
cas. Por solicitação de pais que tinham difi-
culdades de levar os filhos com deficiências
para participar de programas culturais e de
lazer, os organizadores começaram a de-
senvolver esse lado e, hoje, realizam pas-
seios e acampamentos em grupo todos os
finais de semana.
As resistências iniciais, quase sempre
por parte dos pais, são semelhantes às que
acontecem na Apabb, nas primeiras vezes
que os filhos participam sozinhos do pro-
gramas. "Eles descobrem coisas que podem
fazer sem os pais, descobrem que podem
divertir-se longe das famílias", conta Roque
José da Rocha Filho, responsável pela área
de recreação do Projeto Carona. "A partir
daí, a família percebe que a superproteção
é desnecessária, que o filho tem capacida-
des que desconhecia."
Fazendo amigos
“Quando a proposta é voltada para a
satisfação do grupo, começam a se estabe-
lecer relações de amizade, que é uma das
dificuldades da vida desses adolescentes e
jovens", ressalta Vinícius. "Eles começam a
sair juntos, telefonar-se, trocar informações,