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ocorrer universalmente, segundo Pujals (2008, pp. 46,78), então comprova-se teoricamente
o que já se tem observado na prática, que o caminho trilhado para a conversão de um
muçulmano a outra religião é longo e árduo, como identifica Dennett (1993, p. 9), devendo
o muçulmano convertido a Cristo ser objeto de apoio, compreensão, empatia e acolhida
dos cristãos para consigo, conforme identifica Marsh a seguir:
O que o mundo muçulmano mais necessita hoje é de pessoas que saibam
colocar-se no lugar dos cristãos que antes foram muçulmanos; que
possam apreciar seus problemas, compartilhar de seus sofrimentos e
fazê-los sentir que são compreendidos e aceitos realmente pelos centros
cristãos. Com freqüência, existe um tremendo abismo entre o missionário
com sua casa confortável e seu automóvel moderno e o homem que
enfrenta o ostracismo em cada momento do dia, ou a jovem casada com
um muçulmano. Nos países muçulmanos, o novo cristão enfrenta
literalmente a perda de todas as coisas por amor de Cristo.
Freqüentemente, perde seu lar, trabalho, posição na comunidade, status,
família e às vezes zombaria e em certas ocasiões até sua integridade
física é comprometida. É visto como um traidor de sua pátria. Rejeitado
por sua comunidade, com freqüência é olhado com receio pelos cristãos,
que se mostram relutantes em recebê-lo em sua igreja local. É de suma
importância que ele sinta que os lares cristãos estão abertos. Que tenha
certeza de que será bem recebido a qualquer momento e que encontre
alguém com quem possa fazer compartilhar seus problemas e orar. Aqui
também a principal lição que o missionário pode tirar é aprender a ouvir
toda a história até o final (Marsch, 1993, p. 89).
Este relato revela quão grandes são os obstáculos a serem enfrentados por um
muçulmano que considere a possibilidade da conversão ao Cristianismo, pois a integração
no Islã pesa-lhe contrariamente à conversão, visto que “É com razão que os muçulmanos
não consideram o Islam apenas como um ideal abstrato destinado à adoração imaterial. O
Islam é um código de vida, uma força ativa que se manifesta em todos os campos da vida
humana”, como indica Abdalati (2008, p. 137).
Embora o Corão expresse alguma consideração para com judeus e os cristãos,
revela também uma crítica aguda a ambos, ao afirmar que os mesmos rejeitaram os livros
sagrados anteriores enviados por Deus a eles, a saber, a Bíblia Hebraica e os Evangelhos,
respectivamente, pelo que se tornaram ímpios, segundo o registro da 2ª Surata, nos versos
87-89 (Alcorão Sagrado, 1975, p. 11). Especificamente aos cristãos, o livro sagrado
islâmico afirma na 57ª Surata, no verso 27, que são um grupo de apóstatas, alguns por
sincera e enganosa tradição e outros por verdadeira corrupção (Alcorão Sagrado, 1975, p.
407); e, por fim, destaca-se aqui a afirmação corânica de que a divisão da cristandade é
uma evidência do juízo de Deus sobre a apostasia cristã, conforme a 5ª Surata, verso 14