
DISCUSSÃO
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(DIÁZ-MARSÁ, 2000; KUMPL, 2000; FASSINO et al., 2001b; FASSINO et al.,
2002b).
O traço Autodirecionamento (ITC) diminuído nos pacientes com AN, em
relação ao grupo controle, parece ser um consenso nos estudos que utilizam o ITC
em pacientes com AN (KLUMP et al., 2000; FASSINO et al., 2001a; FASSINO et al.,
2001b; FASSINO et al., 2002; DIÁZ-MARSÁ, 2000). Karwautz et al. (2003)
correlacionam tais achados do ITC à presença de transtornos de personalidade.
No ITC, o traço de personalidade Esquiva ao Dano e Autodirecionamento
podem ser importantes marcadores da vulnerabilidade para o desenvolvimento de
estados de ansiedade e depressão, segundo estudos de Cloninger, Svrakic,
Przybeck (2005, 2006), em população psiquiátrica. Para os autores, a melhora dos
sintomas reflete, também, na melhora destes fatores, o que sugere que estas
dimensões são modificáveis e variáveis ao se avaliar personalidade.
Em nossa população, verificamos alterações nos dois traços de personalidade
(ITC), Esquiva ao Dano e Autodirecionamento, semelhança que ocorreu,
provavelmente, por tratar-se de uma população psiquiátrica, com comorbidade,
transtornos de humor e ansiedade. No entanto, ao excluirmos de nosso estudo
pacientes com sintomatologia depressiva grave, estes dois traços permaneceram
alterados, podendo sugerir um padrão mais estável e persistente de personalidade
desses pacientes e/ou a influência do transtorno de humor e transtorno ansioso.
Na amostra de pacientes com AN, não encontramos diferenças significativas
entre o grupo experimental e o grupo controle com relação ao traço de
temperamento Busca de Novidade, que se traduz numa menor impulsividade, com
tendência a evitar situações novas (CLONINGER, 1993; SVRAKIC et al., 1993). Na
literatura (KLEIFIELD et al., 1994; KLUMP et al., 2000) não há um consenso entre os