partido. Manteve estreitos laços de amizade com a família imperial, não só com o
Imperador Pedro II, mas também com a princesa Isabel e com o Conde d’Eu
395
com
quem travou amizade durante a Guerra do Paraguai
396
, tornando-se um constante
freqüentador das festas oferecidas pelo casal.
O pernambucano Joaquim Nabuco, por sua vez, era visto como afável e bem–
falante, descrito muitas vezes como um dândi.
397
Filho de político influente, o senador e
conselheiro José Thomás Nabuco de Araújo, cursou a faculdade de direito em São
Paulo e passou sua mocidade dividido entre a Corte, Recife e a Inglaterra. Candidatou-
se à Câmara em 1881, mas não obteve vitória. Em 1883 escreveu “O Abolicionismo”,
que iria credenciá-lo como figura máxima deste movimento, embora hoje em dia esta
posição esteja sendo questionada pela historiografia
398
. Em 1884 foi eleito deputado. Era
visto como liberal e monarquista.
José do Patrocínio nascera em Campos. Filho de um padre e uma escrava, vivera
sempre na dependência de ajuda de pessoas influentes.
399
Formou-se farmacêutico, mas
foi nas páginas de jornal que se tornou conhecido. Em 1881, saído da Gazeta de
Notícias, passou a escrever na Gazeta da Tarde, um jornal francamente abolicionista,
que seria adquirido por ele em 1882. Em 1887, fundou o “Cidade do Rio”. Era defensor
ferrenho da república.
395
JUCÁ, op. cit, p.30
396
No Registro de Correspondência de Rebouças, que se encontra na Fundação Joaquim Nabuco, ele
assinala no dia 06/04/1891, que seu primeiro encontro com o Conde d’Eu aconteceu em Uruguaiana em
11/09/1865
397
O estilo dândi se constituíra na Europa em meados do século XIX. Era um estilo de vida marcado por
uma excentricidade que visava instaurar a aristocracia do requinte Dedicavam-se com afinco às roupas e
acessórios, apreciavam jóias e por vezes maquiagem. A extravagância da moda dândi diminuiu no correr
do século, mas o termo seguiu nomeando o chique vaidoso. in ALONSO, op. cit, pp. 18-30
398
Joselice Jucá, por exemplo, no seu livro André Rebouças: reforma e utopia no contexto do Segundo
Império, expõe essa situação da seguinte forma: “O papel desempenhado por Nabuco entre os
abolicionistas tem sido, na verdade, bastante distorcido. Sua marcante capacidade de liderança, sua
origem aristocrática e sua reputação de brilhante orador colocaram-no numa posição de destaque no
cenário político da monarquia, particularmente na campanha abolicionista. Portanto, com esta “visão
patriótica”, ufanista, observa-se uma tendência para concentrar-se toda a atenção no desempenho de
Nabuco, considerado o símbolo maior da campanha da Abolição e das suas conquistas.
Em conseqüência, grande parte dos demais abolicionistas como Joaquim Serra, Wenceslau Guimarães,
André Rebouças e José do Patrocínio (...), não receberam a devida atenção dos historiadores, no sentido
da identificação de seus papéis no contexto da Abolição. Com freqüência, as suas contribuições
individuais como pensadores sociais não têm sido esclarecidas pelos historiadores, e as suas atividades,
diluídas no todo, indistintamente, algumas vezes confundidas com o próprio pensamento de Nabuco.”
JUCÁ, op. cit, p.60
399
RUBEM, Iram, “A voz do dono e o dono da voz: a trajetória sinuosa de ambos, da Abolição à
República”, in SANTOS, Cláudia R. Andrade et alii (org.) Estudos, vol. I, Série Grupo de Pesquisa
LEPH:Curitiba, 2006, p. 78