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ou à transmissão de conteúdos, mas como algo capaz de atingir a pessoa como um todo, na
“dimensão corporal, relacional, intelectual, afetiva, volitiva, intuitiva, imaginária, simbólica,
experiencial”. Este processo tem como pressuposto um projeto educativo com uma opção
metodológica específica com vistas à sua eficácia.
O “retorno às fontes” proposto pelo Vaticano II, por si só, provocou a necessidade de
formação. Era preciso adequar-se a um modo de celebrar e de ser igreja que, remota e
progressivamente, havia passado por modificações e desvios significativos. Coube ao
movimento litúrgico retomar o elo com as fontes bíblicas e patrísticas para dar um significado
original à liturgia da igreja. Esse “salto qualitativo” do Concílio, segundo Martín (1997, p.
305), representou a passagem de uma situação de assistência passiva dos fiéis e de uma
atuação estereotipada dos ministros para uma “situação de participação ativa, sincronizada e
altamente expressiva através da linguagem e do simbolismo”.
Levando-se em conta o processo de ensino e aprendizagem próprio da formação
litúrgica, Martín descreve duas tarefas específicas da formação à vida cristã que têm lugar na
liturgia e que constituem o núcleo da formação litúrgica. A primeira tarefa é a de iniciação no
mistério da salvação ou mistagogia
3
que parte das experiências concretas da iniciação cristã
na vida e/ou na realidade vivida e celebrada, mais do que, propriamente, de uma experiência
antropológica ou transmissão de noções. Por outro lado, algumas situações de ensino e
aprendizagem têm apresentado relatos bem sucedidos sobre a formação litúrgica partindo da
experiência antropológica e da transmissão de noções. É o caso específico do Laboratório
Litúrgico
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que parte de dados antropológicos na etapa de sensibilização a determinado
elemento ritual para posteriormente aprofundá-lo e vivenciá-lo. O objetivo está sempre
dirigido a três aspectos essenciais, a saber, o gesto ou ação ritual, o sentido teológico e a
atitude espiritual que a experiência ritual torna evidente.
A segunda tarefa, em estreita relação com a primeira, refere-se à aprendizagem na ação
litúrgica. Por meio da celebração litúrgica “se ensaiam e se aprendem” atitudes que têm valor
3
Introdução progressiva e gradual na vida litúrgica da comunidade cristã, nos sacramentos ou mistérios sagrados
nos quais se realiza a obra de nossa salvação (Cf. MARTÍN, 1997, p. 307). O termo será melhor detalhado no
segundo capítulo desta dissertação.
4
Segundo Buyst; Silva (1995), o laboratório litúrgico é uma técnica utilizada para a formação na qual faz-se um
corte de um determinado rito ou elemento litúrgico para ser vivenciado pessoal e comunitariamente, explorando
criativamente todas as possibilidades, tomando consciência do sentido teológico, dos sentimentos e das atitudes
espirituais envolvidas, em vista de uma participação cada vez mais autêntica. Maiores detalhes sobre a técnica,
ver: BUYST, I. Símbolos na liturgia. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 2003. (Anexo. Laboratório Litúrgico: uma
técnica a serviço da formação litúrgica. p. 85-88); ORMONDE, D. Laboratório Litúrgico: o que é, como se faz,
por quê? In: CENTRO DE LITURGIA. Formação litúrgica: como fazer? 3.ed. São Paulo: Paulus, 2005. p. 36-
41; BARONTO, L. E. P. Laboratório litúrgico: pela inteireza do ser na vivência ritual. São Paulo: Paulinas,
2006.