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É inegável que os nossos planos urbanos não têm dado a devida atenção à base biofísica que os recebe e mantém,
e nossas cidades, como seus produtos, têm nos mostrado claramente essa dicotomia. Assim, é necessário reconhecer que a
retomada da unidade entre o homem e a natureza repousa em ações impregnadas da realidade física e social do lugar.
Lugares projetados devem dar atenção especial à geologia, às declividades, às condições do solo de suscetibilidade a
erosão, à pavimentação e drenagem como a base biofísica que interage com os processos naturais e sociais, dentre estes os
valores paisagísticos, históricos, hídricos, orestais, faunísticos, residenciais, institucionais e recreativos.
Os lugares, por meio de seus componentes vivos - terra, água, ar, animais -, estabelece trocas. Assim, pode o meio
ambiente fazer essa troca de maneira intencionalmente direcionada, tornando-se mais adequado ao homem e a todos os seres
vivos que o formam?
A resposta pode ser sim, mas seu êxito dependerá do esforço apreendido de conhecer o meio biofísico, seus componentes
e suas interações como requisito prévio do planejamento e das opções.
O lugar da natureza na cidade não pode se limitar ao abastecimento, ao lazer e ao ócio. Para além desses ambientes,
devem-se somar todos os lugares onde os processos naturais frágeis, de proteção e notáveis manifestam-se, respeitando-os.
É preciso identicar zonas de inundação, solos alagadiços, encostas íngremes, áreas de proteção dos rios, córregos e lagos, para
evitar assoreamentos e contaminações e garantir a capacidade hídrica supercial e a do lençol freático mais profundo.
As áreas úmidas, lugares onde se acumulam as águas das chuvas, possuem uma função biológica complexa no sistema,
responsável pela recarga e puricação do lençol freático. São também o lugar de reprodução de comunidades bióticas, a exemplo
dos pássaros, fundamentais à manutenção do equilíbrio ambiental e fontes de ar puricado.
Para que haja uma urbanização sustentável, é necessário identicar, no lugar, as funções de proteção ao homem, além das
hostis e a dos ambientes raros, valiosos e vulneráveis. Dos lugares que beneciam o homem, podem-se destacar a acumulação
e puricação da água, a dispersão da contaminação atmosférica, a melhoria climática, o controle da erosão, os solos férteis e a
riqueza da ora e da fauna. Das hostilidades, citam-se as inundações, as secas, os desmoronamentos de encostas, a deserticação
do solo, a elevação da temperatura, a poluição, a extinção de recursos e a exposição aos raios ultravioletas. Os lugares relativos
às zonas de interesse ecológico por sua raridade, valor e vulnerabilidade têm as matas virgens, cumeeiras, talvegues, alagados,
solos frágeis e áreas que apresentam monumentos naturais.
Os contextos põem à prova a sustentabilidade urbana como fruto de uma relação direta entre espaço natural e social,
centrada na conservação das condições ecológicas, porém adequando-as às comunidades. Existem na atualidade inúmeros
estudos que ilustram que as soluções naturais de investigação, conhecimento, respeito e manutenção da vegetação natural e