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CAPÍTULO CINCO
FARINHA BRANCA, SUOR NEGRO
O escravismo macacuano através dos
registros de batismo da Freguesia da Santíssima
Trindade de Sant´Anna de Macacu – Séc. XIX
O escravismo brasileiro, do ponto de vista da historiografia, nos últimos trinta
anos tem sido analisado por uma gama de novas interpretações oriundas do acesso a
arquivos, novas epistemologias e metodologias.
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Uma profusão de trabalhos
monográficos, muitos dos quais produzidos com abordagens em âmbito regional,
trouxeram revisões de anteriores análises modelares e dos grandes esquemas
explicativos da escravidão. Toda essa complexidade, essas novas nuances acerca do
viver escravo, não mais compreendido como dicotomizado entre senhores e cativos,
talvez possa ser sintetizada citando-se Faria, no tocante a que ser escravo
não era trabalhar, comer, dormir acorrentado a grilhões silenciosos.
Em termos figurativos, é a ponta de um véu que, já levantada, deixa
entrever uma comunidade não fechada em si mesma, que em seu dia-
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Alguns exemplos são: AMANTINO, Marcia. Os escravos fugitivos em Minas Gerais e os anúncios
do Jornal “O Universal”
– 1825 a 1832. In: LOCUS Revista de História, v. 12, nº 02. Juiz de Fora:
UFJF, 2006; AMANTINO, Marcia.
O mundo das feras. Os moradores do sertão oeste de Minas Gerais –
Século XVIII. São Paulo: Anablume, 2008; ANDRADE, Marcos Ferreira de.
Rebeldia e resistência: as
revoltas escravas na província de Minas Gerais
. Belo Horizonte, FAFICH/UFMG, Dissertação de
mestrado, 1996; CHALHOUB, Sidney.
Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da
escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990; ENGEMANN, Carlos.
De laços e nós. Rio
de Janeiro: Apicuri, 2008; FLORENTINO, Manolo; FRAGOSO, João et alli.
O Antigo Regime nos
trópicos
: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI a XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2001; FREITAS, Marcos Cezar de (Org),
Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo:
Contexto, 1998; GÓES, José Roberto.
A paz das senzalas. Famílias escravas e tráfico atlântico, Rio de
Janeiro, c. 1790 - c.1850. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977; IVO, Isnara Pereira & PAIVA,
Eduardo França.
Escravidão, mestiçagem e histórias comparadas. São Paulo: Anablume; Belo
Horizonte: PPGH-UFMG; Vitória da Conquista: Edunesb, 2008; KARASCH, Mary C.
A vida dos
escravos no Rio de Janeiro
, 1808 – 1850. São Paulo: Cia das Letras, 2000; LARA, Silvia Hunold.
Campos da Violência: escravos e senhores na Capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1988; LIBBY, Douglas Cole.
Transformação e Trabalho em uma economia escravista.
Minas Gerais no século XIX. SP: Brasiliense, 1988; MARTINS, José de Souza.
O cativeiro da terra.
São Paulo: Hucitec, 1996; SCHWARTZ, Stuart.
Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru, São Paulo:
EDUSC, 2001; SILVA, Eduardo.
As camélias do Leblon e a abolição da escravatura. Uma
investigação de história cultural. São Paulo: Companhia das Letras, 2003; SILVA, Eduardo & REIS,
João.
Negociações e conflitos: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras,
1989; SLENES, Robert W.
Na senzala, uma flor: Esperanças e recordações na formação da família
escrava – Brasil Sudeste, século XIX. RJ: Nova Fronteira, 1999; SOUSA, Jorge Prata de.
Escravidão:
ofícios e liberdade no Rio de Janeiro
: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 1998.
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LIMA, Henrique Espada. Sob o domínio da precariedade: escravidão e os significados da liberdade
de trabalho no século XIX.Topoi: Revista de História. Rio de Janeiro: UFRJ, Volume 6, número 11, jul-
dez, 2005, p.298.