191
HISTÓRICO DA ESCOLA:
A Escola Municipal Paulo Freire, localizada na Rua Soares de Miranda, 77, no bairro do
Fonseca, foi criada no dia 06 de janeiro de 2004, através do decreto nº 9180 /04, e publicado no
Diário Oficial de 07/01/04. Assim, tudo ainda está sendo construído: nosso Projeto Político
Pedagógico, nosso Regimento, nossos Planos de Cursos, nossos fazeres, enfim, nossa história.
Estávamos diante de uma situação bastante diferente das demais escolas da rede pública
municipal de Niterói, pois não apenas iniciamos um novo ano letivo em 2004, mas iniciamos uma
história, construindo um sonho. Nossas aulas não começaram na época prevista para toda rede
(09/02/04) devido às obras de adequação do prédio que foi adquirido pela Prefeitura Municipal de
Niterói, no qual funcionou o antigo Colégio Brasil, escola particular e de grande reputação em
Niterói.
Desde o ano de 2003, foi se criando uma expectativa em torno de sua inauguração. Na verdade, a
escola não “existia” até fevereiro daquele ano. Ela foi se formando com a chegada dos
profissionais – em sua grande maioria, aprovados no último concurso – e dos alunos selecionados
na pré-matrícula
24
, cujos pais dormiram e se aglomeraram em filas intermináveis na tentativa de
garantir uma vaga para seus filhos.
Assim, estávamos (e ainda estamos) diante de um campo fértil de possibilidades e contradições:
temos um grupo de professores novos na rede, alguns sem qualquer prática pedagógica em
escolas. Esse fato era, dialeticamente, nossa grande possibilidade e nosso grande problema.
Sendo um grupo novo podia criar novas relações de trabalho diferentes de outras escolas, mas a
inexperiência também provocava uma certa insegurança tanto nos professores como na equipe
técnico-pedagógica.
Embora o adiamento do início das aulas tenha nos causado transtornos em relação ao
cumprimento dos 200 dias letivos previsto pela LDB 9394/96, ele também nos deu a possibilidade
de discutirmos, refletirmos e deliberarmos sobre que tipo de escola sonhávamos, e qual seria, de
fato, a escola que construiríamos. Para isso, discutimos os eixos para o Encontro do Ensino
Fundamental (com vista ao Fórum de Debates do Plano Municipal de Educação de Niterói):
Currículo, Ciclos, Alfabetização, Educação Inclusiva, Avaliação, Gestão Democrática e Valorização
do Magistério, além de outros temas pertinentes ao nosso fazer na escola como Educação Infantil
e Planejamento.
Todas as discussões foram altamente proveitosas. Primeiro porque pudemos afinar o discurso na
tentativa de podermos afinar também a prática pedagógica em nossa escola; segundo porque a
absoluta maioria dos professores não conhecia a rede (somente uma professora já era da rede),
sendo necessária uma atualização desses profissionais no contexto de Niterói, principalmente no
que dizia respeito ao Ciclo, pois sabíamos que o Sistema de Ciclos em Niterói havia sido
implantado em 1999, mas não foi implementado de fato, ou seja, se fazia necessário uma ampla
discussão sobre questões pontuais relacionadas a ele, como por exemplo, concepções de
aprendizagem, de avaliação, de currículo, de trabalho coletivo, além de uma profunda
sensibilização para a questão das diferenças. Isso porque, temos em nossas escolas alunos das
classes populares e muitas vezes não nos damos conta disso ou fazemos de conta que eles não
existem, assim como a presença de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) que
podem ser encarados como o extremo dessas diferenças.
Como um espaço ainda num movimento instituinte, todos que a ela chegaram, trouxeram consigo
sonhos e esperanças. Cada um tinha e tem seu próprio projeto de escola e de organização do
trabalho na/da escola e isso se constituiu como um grande desafio para todos nós. Nesse sentido,
a proposta de elaboração do PPP e da organização da escola a partir de conselhos de
professores, de funcionários, de alunos e de pais, (e não apenas o tradicional Conselho Escola
Comunidade, que em alguns casos são apenas formalmente instituídos, porém não funcionam de
fato) está se configurando como uma novidade.
Outros elementos podem ser levantados como inovadores na rede municipal de Niterói,
como por exemplo, as turmas bilíngües para atendimento aos surdos, as classes hospitalares, os
24
Segundo critérios estabelecidos pela Fundação Municipal de Educação, como por exemplo, morar próximo à escola.