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D: Visual, bastante. Corpo... [pausa]
Entrevistadora: Deixa eu fazer uma... deixa eu refazer a pergunta aí pra você
entender. Como é que foi essa coisa de escrever de si na escola? Escrever de si na sala,
junto com os colegas? Como foi essa relação de escrever em sala para a professora, com
colegas? O que vocês lembram disso lá no primeiro ano? Como é que foi?
Ah! Foi difícil.
Entrevistadora: Foi fácil... Foi Difícil?
Por um lado. Agora, pelo outro, a gente pôde conhecer melhor um ao outro, sabe.
Tudo, que nem, a gente trazia as fotos, todo mundo sentava junto pra olhar, dava risada,
contava os momentos. Então acho que por esse lado foi bem legal. Agora, tinha gente que
ficava meio apreensado, sabe, por não saber o que falava, o que tava acontecendo. Porque
muita gente já passou por coisas ruins na vida, aí eu acho que foi isso.
Entrevistadora: Como foi escrever de si na escola?
L: Ah, então, eu acho que foi difícil também. Porque tem coisas que, querendo ou
não, na escola você não é a mesma pessoa que você é lá fora. Você tenta ser, mas tem
coisas que você tem que esconder por ser seus amigos. Não assim... Tem gente aqui, por
exemplo, eu com a C, a gente se conhece desde que a gente era criança. Então, dela é uma
amizade fora daqui. Mas tem gente que é só aqui que você vê. Você entendeu? E tem gente
que não entende o que tá passando lá fora. [Gente] que zoa com você, que tira sarro da sua
cara. Então você fica com medo das coisas que você vai colocar, que não vai. Que
querendo ou não, todo mundo vai ver sua obra. Fica um passa-passa... E se você coloca
uma coisa que ninguém vai entender? Que que vai acontecer? Todo mundo vai zoar com
você, vão acabar tirando sarro da sua cara. E você não sabe aonde vai parar isso. Que um
fala pra outro, [que] fala pra outro, [que] fala pra outro... Então, quando você vai fazer, tem
que tomar cuidado, principalmente aqui na escola, saber o que você vai colocar, as fotos
que você vai colocar... Por que que você acha que foi difícil?! Mas foi legal porque você
conta, vê o dos outros, todo mundo vê, você aprende, você conhece mais as pessoas que tá
perto de você.
Entrevistadora: E vamos aproveitar essa fala da L aí. E quando vocês trazem essa
foto, vocês vão passando, repassando, vocês vão olhando a própria história e vão vendo a
história dos outros, né? Que vocês tiveram a oportunidade de interagir e olhar as fotos dos
colegas. E aí, qual foi a sensação ao olhar a própria história e olhar a história dos outros?
[pausa]
Entrevistadora: É muito diferente, é igual? Quando vocês tiveram essa oportunidade
aí de interagir e de trocar, como que foi essa história de olhar a própria história e olhar a
história dos outros?
J: Em alguns aspectos foi diferente, em outros foi semelhante, né?! A gente vê que,
quando a gente era criança, a gente tinha as mesmas brincadeiras, o mesmo pensamento, a
mesma inocência. Agora já não. Tem diferenças que são pessoais em relação à família, a
tudo. São bem pessoais, né? Diferentes são as pessoais. E as semelhantes são as
brincadeiras, os pensamentos, a atitude de quando a gente era criança.
Entrevistadora: E aí, D ?