“escola elementar”, somente apresentou este modelo no século XVIII, com as instituições de
caridade no comando:
Nos Países Baixos, as escolas diaconais dos pobres e os orfanatos tiveram
assim, relativamente cedo, seu equipamento específico; na França, as escolas
urbanas dos Frades das Escolas Cristãs dispunham de um local e de um
mobiliário apropriados ao ensino simultâneo e Jean-Baptiste de La Salle
inspirou-se, em suas diretivas, nas experiências realizadas nas escolas das
paróquias-piloto da capital, a partir do século XVII (JULIA, 2001, p. 13).
Entretanto, ao pesquisar sobre o mobiliário escolar no século XIX e XX (entre 1836 –
1914), foi possível identificar mudanças significativas com relação aos séculos passados.
Desse modo, concorda-se com Dominique Julia quando ele, ao abordar as práticas escolares,
afirma que inventariar sistematicamente as práticas, a partir de cada período, permitiria
entender as modificações que ocorrem de geração em geração, geralmente insensíveis
(JULIA, 2001).
Conforme o estado da arte
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, realizado no decorrer da investigação, não se verificaram
registros de pesquisas realizadas sobre este mobiliário na história da educação de Santa
Catarina, nem tampouco no Brasil, dado fundamental para um maior esforço na concretização
do presente trabalho.
Ao debruçar-se sobre a materialidade da história da educação, tanto brasileira como
catarinense, percebe-se que não basta descrever as carteiras, seus tamanhos, cores, materiais,
quantidades, posições ou até mesmo função. É necessário entendê-las a partir de seus usos
sociais, na complexidade dos elementos que envolvem a escola.
Como bem expõem José Maria Díaz e José Luis Huerta
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sobre os objetos escolares:
Formam parte de un orden, de una gramática de la comunicación escolar, de
una lógica educativa interna, que en unos casos ha sido impuesta de forma
jerárquica y autoritaria, pero en otros esa vida interna, esa cultura escolar de
alma propia, ha sido construida a partir de la personalidad, la formación y el
proyecto pedagógico del maestro como tal o del equipo que hayan formado.
En todo caso, los objetos del interior de la escuela no son neutros, sino que
nos dicen y desvelan mucho más de lo inmediato, de lo que se percibe a
primera vista (DÍAZ & HUERTA, 2008, p. 395).
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Pesquisa cuja finalidade é realizar uma metodologia de caráter inventariante e descritivo da produção
acadêmica e científica sobre o tema que busca investigar, à luz de categorias e facetas que se caracterizam
enquanto tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser analisado (FERREIRA,
2002, p. 258).
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Optou-se por manter a língua original de todos os textos citados no trabalho, com tradução em nota de rodapé.
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Formam parte de uma ordem, uma comunicação da escola primária, uma lógica interna de ensino, que em
alguns casos tem sido imposta de forma hierárquica e autoritária, mas em outros,essa vida interior, essa cultura