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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
CRITÉRIOS COMPORTAMENTAIS UTILIZADOS POR TÉCNICOS
NA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESPORTIVO DE
FUTEBOLISTAS DAS CATEGORIAS DE BASE
Hugo César Reis Câmara
Natal (RN)
2009
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Hugo César Reis Câmara
CRITÉRIOS COMPORTAMENTAIS UTILIZADOS POR TÉCNICOS NA
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESPORTIVO DE FUTEBOLISTAS DAS
CATEGORIAS DE BASE
Dissertação elaborada sob orientação do
Profº. Drº. João Carlos Alchieri e apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em
Psicologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Psicologia.
Natal (RN)
2009
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Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
(CCHLA).
Câmara, Hugo César Reis.
Critérios comportamentais utilizados por técnicos na avaliação do desempenho esportivo de futebolista
das categorias de base / Hugo César Reis Câmara, 2009.
124 f . : il.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de
Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Psicologia, 2009.
Orientador: Prof.º
Dr.º João Carlos Alchieri.
1. Psicologia - Esporte. 2. Futebol - Avaliação comportamental. 3. Desempenho esportivo. I. Alchieri,
João Carlos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BSE-CCHLA CDU 159.9:796.332
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
A dissertação “Critérios Comportamentais Utilizados por Técnicos na Avaliação do
Desempenho Esportivo de Futebolistas das Categorias de Base”, elaborada por Hugo César
Reis mara foi considerada aprovada por todos os membros da Banca Examinadora e aceita
pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia, como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Psicologia.
Natal (RN), 19 Junho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. João Carlos Alchieri (UFRN, Orientador)
_______________________________________________
Prof. Dr. Benno Becker Junior (ULBRA/RS, Membro Externo)
_______________________________________________
Prof. Dr. João Roberto Liparotti (UFRN, Membro Interno)
5
“Se quiserdes cultivar vossa inteligência, cultivai as forças que ela deve governar. Exercitai
continuamente o vosso corpo, tornai-o robusto e são, para torná-lo sábio e inteligente. Fazei-o
trabalhar, correr, viver sempre em movimento.
Que em se fazendo um homem pelo vigor físico, ele será também pelo espírito”.
(Jean Jacques Rousseau).
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Dedico este sonho, primeiramente a DEUS por ter sempre me guiado pelos melhores
caminhos, afastado-me dos sombrios e colocado pessoas maravilhosas em minha vida.
Aos meus avós, JOSÉ FERNANDES CÂMARA (in memorian) e MARIA DE
LOURDES REIS CÂMARA (in memorian) por toda educação que passaram, por todo carinho
que tiveram, por todos os conselhos que deram e por toda a compreensão que sempre tiveram
comigo.
A minha linda filha, LUNA CLARA, por dar-me sempre alegria ao acordar e por
dar um sentido maior a minha vida.
À minha tia, MAGDA (in memorian) por ter sido minha mãe em potencial, sempre
preocupada e disposta a fazer de tudo para que eu fosse feliz.
Aos meus pais, CLÉIA MARIA E FRANCISCO LIMA por terem me dado a vida
e a liberdade que eu precisei para tomar minhas decisões.
Ao meu tio, CARLOS por sempre me acolher (não em seu lar como em seu
coração) e me incentivar nessa jornada.
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AGRADECIMENTOS
A DEUS, por ter me dado a vida, por ter permitido desde sempre e até hoje que eu
assimilasse novos conhecimentos e conseguisse repassá-los adiante, e por ter ajudado-me em
todas as horas, nas mais difíceis erguendo-me e nas mais alegres prendendo meus pés ao chão.
Ao meu orientador, ALCHIERI (Tchê), por ter acreditado em meu potencial e valorizado-
me, permitindo-me adentrar em uma área de conhecimento até então distante de mim,
possibilitando meu ingresso no mestrado e incentivando meus estudos (sempre com bom humor).
Ao mestre, paie amigo, LIPAROTTI pela dedicação e compreensão que teve e pelos
conhecimentos passados em toda minha trajetória acadêmica, por ter aparecido quando eu mais
precisava, provocando-me com suas questões, por ter despertado o interesse pela pesquisa e pela
Educação Física, por ter acreditado em meu potencial e em meu trabalho, e, sobretudo, por ter
sido meu orientador nos estudos e na vida.
Ao professor BENNO BECKER JUNIOR, por ter me honrado em aceitar fazer parte
dessa banca, fato que deu e dará muito mais credibilidade a este trabalho.
Ao professor DIETMAR MARTIN SAMULSKI, em ter aceitado ser leitor de meu
trabalho no Seminário de Dissertação e pelas valiosas contribuições para que o mesmo fosse bem
aceito perante a comunidade científica.
Ao professor ALEXANDRE LUIZ GONÇALVES DE REZENDE, por ter dado
importantes contribuições na elaboração do questionário.
Aos professores ANDRÉ LUÍS SANTOS DE PINHO, DAMIÃO NÓBREGA DA SILVA
E FLÁVIO HENRIQUE MIRANDA DE ARAÚJO FREIRE, pelo tempo disponibilizado para
8
responder às dúvidas e pelas importantes discussões metodológicas e estatísticas a respeito deste
trabalho.
A ELMA, por ter me auxiliado no agendamento das entrevistas, na coleta, na
categorização e tabulação dos dados desse trabalho.
A ANDREA, pelo tempo que passou comigo auxiliando-me nas traduções dos textos para
a língua inglesa.
A KATYUCE, por ter dedicado grande parte de seu tempo a mim, até mais do que a ela
mesma, por ter estado sempre ao meu lado (apoiando-me e incentivado-me) quando tudo parecia
estar perdido e por ter dado-me forças para continuar e vencer; por ter compreendido meus
momentos de angústias e aflições. Sem ela não teria conseguido nem ingressar no Mestrado.
Aos amigos de longa data, ALBERTO, FELIPE-TSÉ (Tsé), MARCELO RÉGIS,
SUZANA e RECY e os de não tão longa, DANI, MANU, BIANCA e JOANA por terem, mesmo
que à distância, estado presentes durante toda essa trajetória, dividindo angústias e alegrias, pelas
brincadeiras, pelas horas de conversa e por terem sempre me apoiado quando mais precisei.
Aos meus colegas de mestrado, em especial à dupla brilhante de mestrandos que
ingressou orientada pelo o mesmo orientador que eu, ALYSON (uma das pessoas mais
inteligentes que tive a oportunidade de conhecer) e a REMERSON (uma das pessoas mais
esforçadas e disciplinadas que convivi) pelos momentos de descontração e pelos exemplos de
pessoas que são. Além dos também colegas de mestrado, CARLA, DANI, FELIPE, ISABEL E
SAMIA pelas colaborações no entendimento da Psicologia, pelo incentivo nos momentos de
angústia e pelas correções, livros emprestados, sugestões e críticas nesse trabalho.
9
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq pela bolsa
concedida, a qual ajudou-me a concluir com êxito mais essa etapa em minha carreira acadêmica.
Aos técnicos que colaboraram com a pesquisa, respondendo às perguntas, sem os quais
este trabalho não seria possível.
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CRITÉRIOS COMPORTAMENTAIS UTILIZADOS POR TÉCNICOS NA AVALIAÇÃO
DO DESEMPENHO ESPORTIVO DE FUTEBOLISTAS DAS CATEGORIAS DE BASE
RESUMO: Atualmente uma das maiores preocupações na área esportiva é identificar, selecionar,
descobrir e revelar talentos no futebol. Como motivos principais verificam-se a busca por
recursos diretos ou indiretos para jogadores, clubes, meios de comunicação, marcas esportivas e
seus patrocinadores. Contudo, grandes salários o uma exceção e não uma regra, pois a maioria
dos jogadores profissionais no Brasil recebe 1 salário mínimo por mês. Sabe-se também que nos
clubes profissionais, diariamente, chegam vários jogadores para tentar ser um jogador de futebol
profissional, entretanto, a maioria dos clubes – quase que a totalidade – não apresenta um aspecto
metodológico, sistemático e analítico para selecionar os jogadores promissores. Os processos
seletivos (“peneiras” ou “peneirões”) desenvolvidos pelos observadores técnicos (“olheiros”)
resumem-se na observação do desempenho esportivo de um grande grupo de jogadores em um
período de tempo de alguns minutos dado a cada jogador. Neste período o comportamento alvo é
a habilidade com a bola. Caso sejam identificados jogadores promissores nessa seleção, estes são
encaminhados ao clube para uma nova observação, a qual se conduzida pelo técnico
responsável pela categoria de base em questão. Entende-se por categorias de base, as categorias
amadoras (não profissionais), que deverão servir de “base” para a formação do plantel (elenco)
dos clubes profissionais. E que são: sub-13 (abaixo de 13 anos), sub-15 (abaixo de 15 anos), sub-
17 (abaixo de 17 anos) e sub-20 (abaixo de 20 anos). A ausência de critérios comuns e
indicadores de desempenho entre estes profissionais podem obstaculizar a avaliação de jogadores
promissores, bem como ser uma atividade onerosa para o clube. Esse estudo propõe identificar,
caracterizar e categorizar os critérios e os métodos de avaliação comportamentais, utilizados por
técnicos das categorias de base do Rio Grande do Norte (RN) para avaliar o desempenho
esportivo de jovens futebolistas, com a finalidade de comparar os critérios de avaliação do
desempenho esportivo de jovens futebolistas, utilizados por técnicos com diferentes tempo de
experiência na função. A proposta teve 2 estudos piloto, no primeiro (junho e julho de 2007)
foram entrevistados 29 técnicos, sendo 17 da categoria sub-13 e 12 da categoria sub-17. Os dados
foram tabulados e organizados em planilhas com vistas à descrição, sendo elaborado um conjunto
de descritores do comportamento. E no segundo (maio e junho de 2008), com as reformulações
realizadas com base nas observações, análises e descritores encontrados no primeiro, foram
entrevistados 14 técnicos da categoria sub-15. Após os resultados encontrados nos pilotos, pôde-
se delinear o estudo em questão, que contou com 46 técnicos de categorias de base do RN. E a
partir dos resultados encontrados demonstram que a característica de maior importância, segundo
os entrevistados foi o comportamento; a 2ª característica considerada mais importante foi a
motivação; a foi a habilidade; a foi a condição física e a última foi a afiliação. E ao analisar
os resultados em relação aos métodos de avaliação de desempenho esportivo utilizados pelos
técnicos, notou-se claramente que a maioria utiliza apenas a observação para selecionar jovens
futebolistas. Portanto, nota-se que precisa haver uma sistematização na seleção desses
futebolistas, uma vez que complexidade na verificação de aspectos e características
envolvidas, para que se possa evitar avaliações e seleções equivocadas e resultados pouco
significativos.
Palavras-chave. Futebol, Avaliação Comportamental, Desempenho Esportivo.
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BEHAVIORAL CRITERIAS USED BY COACHES ON EVALUATION OF SPORTIVE
PERFORMANCE OF SOCCER PLAYERS OF BASE CATEGORIES
ABSTRACT: Currently one of the major concerns in sports is to identify, select, discover and
reveal talents in soccer. As principal reasons is perceived the search direct or indirect for
resources for players, clubs, media, sports brands and their sponsors. However, high salaries are
an exception and not a rule, because the majority of professional players in Brazil receives 1
minimum salary per month. It is also known that on professional clubs, daily, arriving several
players to try to be a professional soccer player, however, the majority of clubs - almost all - does
not present methodological, systematic and analytical aspects to select promising players. The
selective processes ("sieves" or "big sieves") developed by technical observers (“olheiros")
summarized in the observation of the sportive performance of a big group of players in a period
of few minutes given to each player. In this period the target behavior is the ability with the ball.
If promising players are identified on that selection, they are referred to the club for a new
observation, which will be conducted by the responsible coach of base category in question. It is
understood by base categories, the amateur categories (not professional), to serve as a "base" for
the formation of the cast of professional clubs. What are sub-13 (under 13 years), sub-15 (under
15 years), sub-17 (under 17 years) and sub-20 (under 20 years). The absence of common criterias
and performance indicators of these professionals may hamper the evaluation of promising
players, and be a costly activity for the club. This study proposes to identify, characterize and
categorize the criterias and methods of behavioral evaluation, used by coaches of base categories
of Rio Grande do Norte (RN) to evaluate the sportive performance of young soccer players, with
the purpose of to compare the criterias of evaluation of sportive performance of young soccer
players, used by coaches with different time of experience in function. The proposal had 2 pilot
studies, the first (June and July, 2007) were interviewed 29 coaches, 17 of category sub-13 and
12 of category sub-17. The data were tabulated and organized into spreadsheets in order to
describe, and developed a set of descriptors of behavior. And the second (May and June, 2008),
with revisions made based on observations, analysis and descriptions found in the first, were
interviewed 14 technical of category sub-15. After the results found in pilots, it was possible to
outline the study in question, which had 46 coaches base categories of the RN. And from the
results show that the characteristic of greatest importance, according to the interviewees was the
behavior, the 2nd most important characteristic considered was the motivation, the 3rd was the
ability and the 4th was the physical condition and the last was the affiliation. And by analyzing
the results to the methods of evaluation of sportive performance used by coaches, it was noted
clearly that most uses only the observation to select young soccer players. Therefore, needs a
systematization to the selection of soccer players, since there is complexity in the verification of
characteristics and aspects involved with purpose to avoid wrong evaluations and selections and
the results negligible.
Key-words. Soccer, Behavioral Evaluation, Sportive Performance.
12
Índice
LISTA DE FIGURAS____________________________________________________ 14
LISTA DE GRÁFICOS__________________________________________________ 15
LISTA DE TABELAS___________________________________________________ 16
1 INTRODUÇÃO_______________________________________________________ 18
2 REVISÃO DE LITERATURA__________________________________________ 21
2.1 O futebol de campo___________________________________________________ 21
2.1.1 Categorias de base__________________________________________________ 22
2.1.2 Contexto histórico-geográfico-cultural__________________________________ 23
2.2 A psicologia no Esporte_______________________________________________ 26
2.2.1 Áreas de atuação da Psicologia no Esporte_______________________________ 31
2.2.1.1 Esporte de alto desempenho__________________________________________ 31
2.2.1.2 Esporte escolar ou educação__________________________________________ 31
2.2.1.3 Esporte recreativo__________________________________________________ 31
2.2.1.4 Prevenção, saúde e reabilitação_______________________________________ 32
2.2.2 Características psicológicas do jogador de alto desempenho_________________ 32
2.2.3 Treinadores de alto desempenho (“Experts Coaches”)_____________________ 33
2.2.4 Psicologia no Esporte, o futebol_______________________________________ 35
2.3 O talento esportivo___________________________________________________ 36
2.4 Seleção de talentos nos esportes________________________________________ 37
2.4.1 Seleção e orientação esportiva_________________________________________ 38
2.4.1.1 Aptidões hereditárias_______________________________________________ 39
2.4.1.2 Análise genotípica do indivíduo_______________________________________ 40
2.4.1.3 Critérios de seleção_________________________________________________ 41
2.4.1.3.1 Idade dos jogadores______________________________________________ 41
2.4.1.3.2 Capacidades avaliadas____________________________________________ 42
2.4.1.3.3 Objetivos da seleção______________________________________________ 42
2.4.1.3.4 Idade anatômica_________________________________________________ 43
2.4.2 Seleção de talentos nos esportes coletivos________________________________43
2.5 Observadores técnicos (“Olheiros”)____________________________________ 44
13
3 OBJETIVOS_________________________________________________________ 47
3.1 Objetivo geral_______________________________________________________ 47
3.2 Objetivos específicos__________________________________________________ 47
3.3 Justificativa_________________________________________________________ 47
4 MATERIAL E MÉTODO______________________________________________ 49
4.1 Tipo de pesquisa_____________________________________________________ 49
4.2 Critérios de inclusão__________________________________________________ 49
4.3 Estudos piloto_______________________________________________________ 49
4.4 População e amostra__________________________________________________ 50
4.5 Instrumentos de coleta de dados________________________________________ 50
4.6 Procedimentos de coleta de dados_______________________________________ 51
4.7 Instrumentos e procedimentos para análise de dados_______________________ 52
5 RESULTADOS_______________________________________________________ 53
5.1 Resultados dos estudos piloto__________________________________________ 53
5.2 Resultados do estudo_________________________________________________ 58
6 DISCUSSÃO_________________________________________________________ 90
7 CONCLUSÕES_______________________________________________________ 96
8 REFERÊNCIAS______________________________________________________ 98
9 APÊNDICES________________________________________________________ 103
9.1 Glossário__________________________________________________________ 103
ANEXOS_____________________________________________________________117
14
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Áreas da perícia no esporte ____________________________________________ 30
Figura 2: Características avaliadas na seleção de futebolistas, medidas e testes____________41
15
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Características observadas por técnicos da categoria sub-13________________ 53
Gráfico 2: Características observadas por técnicos da categoria sub-17________________ 54
Gráfico 3: Características observadas por técnicos da categoria sub-13 (ajustado)________ 55
Gráfico 4: Características observadas por técnicos da categoria sub-17 (ajustado)________ 55
Gráfico 5: Percentuais de técnicos por faixa etária________________________________ 59
Gráfico 6: Percentuais de técnicos por nível de escolaridade________________________ 61
Gráfico 7: Percentuais de técnicos por tempo de experiência________________________ 62
Gráfico 8: Percentuais de técnicos por tempo no clube_____________________________ 63
Gráfico 9: Percentuais de técnicos por tempo de experiência como jogador_____________ 65
Gráfico 10: Percentuais de técnicos e os aspecto de condição física___________________ 67
Gráfico 11: Percentuais de técnicos e fundamentos técnicos_________________________ 71
Gráfico 12: Percentuais de técnicos e aspectos táticos defensivos_____________________ 73
Gráfico 13: Percentuais de técnicos e aspectos táticos ofensivos______________________ 74
Gráfico 14: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e condição física__________ 76
Gráfico 15: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e motivação______________78
Gráfico 16: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e afiliação_______________ 79
Gráfico 17: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e comportamento__________81
Gráfico 18: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e fundamentos técnicos_____83
Gráfico 19: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e visão de jogo____________84
Gráfico 20: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos defensivos_86
Gráfico 21: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos ofensivos__87
Gráfico 22: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e métodos de avaliação_____ 89
16
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Número de técnicos da categoria sub-15 e nível de escolaridade_____________ 56
Tabela 2: Número de técnicos da categoria sub-15 e aspectos de condição física_________ 57
Tabela 3: Número de técnicos da categoria sub-15 e habilidade______________________ 58
Tabela 4: Número de técnicos da categoria sub-15 e métodos de avaliação_____________ 58
Tabela 5: Número de técnicos por faixa etária____________________________________ 59
Tabela 6: Número de técnicos por nível de escolaridade____________________________ 60
Tabela 7: Número de técnicos por tempo de experiência____________________________ 61
Tabela 8: Número de técnicos por tempo no clube_________________________________ 63
Tabela 9: Número de técnicos por tempo de experiência como jogador_________________ 64
Tabela 10: Número de técnicos e registro profissional (CONFEF/CREFs)______________ 66
Tabela 11: Número de técnicos e os aspectos de condição física______________________ 67
Tabela 12: Número de técnicos e aspetos do comportamento________________________ 69
Tabela 13: Número de técnicos e fundamentos técnicos____________________________ 70
Tabela 14: Número de técnicos e aspectos táticos defensivos________________________ 72
Tabela 15: Número de técnicos e aspectos táticos ofensivos_________________________ 73
Tabela 16: Número de técnicos e métodos de avaliação que utilizam__________________ 75
Tabela 17: Número de técnicos por tempo de experiência e condição física_____________ 76
Tabela 18: Número de técnicos por tempo de experiência e motivação_________________ 77
Tabela 19: Número de técnicos por tempo de experiência e afiliação___________________ 79
Tabela 20: Número de técnicos por tempo de experiência e comportamento_____________ 80
Tabela 21: Número de técnicos por tempo de experiência e fundamentos técnicos________ 82
Tabela 22: Número de técnicos por tempo de experiência e visão de jogo_______________ 84
17
Tabela 23: Número de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos defensivos____ 85
Tabela 24: Número de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos ofensivos ____ 87
Tabela 25: Número de técnicos por tempo de experiência e métodos de avaliação________ 88
18
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos dois séculos, sabe-se que, no Brasil e no mundo, uma das maiores
preocupações na área futebolística é identificar, selecionar, descobrir e revelar talentos. Como
motivos principais verificam-se a busca por recursos que direta ou indiretamente criam
expectativas para jogadores (em 2008 - em lista publicada por uma das revistas mais
conceituadas no mundo esportivo - a France Football, o jogador mais bem pago do mundo foi o
inglês David Beckham que recebeu 32,4 milhões de Euros por ano, que igualando 1 Euro a 2,899
Reais, cerca de 93.927.600 Reais por ano ou 257.336 Reais por dia; o segundo lugar foi do
jogador Lionel Messi com 28,6 milhões de Euros/ano; e o terceiro lugar foi para Ronaldinho com
19,6 milhões de Euros/ano. (France Football, 2009). Em 2009, tiveram 2 das maiores
negociações do futebol mundial (Cristiano Ronaldo vendido do Manchester United ao Rela
Madrid por 94 milhões de Euros e tornando-se a transação mais cara de um jogador de futebol de
todos os tempos e Kaká vendido do Milan ao mesmo Real Madrid por 65 milhoes de Euros e
tornando-se a terceira maior transação de jogador da história do futebol, ficando atrás de
Cristiano Roaldo e de Zinedine Zidane). (Agência EFE) . Assim como para clubes (na temporada
2003/2004: o Manchester United era o clube mais rico do mundo, com faturamento de
248.000.000 de Euros; em segundo estava o Real Madrid - 226.000.000 de Euros; e em terceiro
estava o Milan - 213.400.000 de Euros. (Estadão, 2005). Os 20 clubes mais ricos do mundo são
da Europa, meios de comunicação, marcas esportivas (a parceria entre a FIFA e a Adidas para a
Copa de 2006, foi estimada em US$ 351.000.000) e seus patrocinadores (por exemplo, Sansung
com o Chelsea foi acertada em cerca de R$ 243.000.000) (Último segundo esportes, 2005). Além
19
de gerar recursos para os profissionais que trabalham na área, como treinadores. E na lista dos
mais bem pagos o primeiro, do ano de 2008, foi Luiz Felipe Scolari (Felipão) com 12,5 milhões
de Euros/ano, seguido por José Mourinho com 11 milhões de Euros/ano. (France Football, 2009).
Devido à divulgação maciça da mídia todos os dias chegam, nos clubes de futebol, vários
jovens que tentam vislumbrar a possibilidade de ser um jogador de futebol profissional no futuro.
Entretanto a maioria dos clubes não apresenta um aspecto metodológico, sistemático e analítico
para selecionar os jogadores promissores, apesar de compreenderem que investir nas Categorias
de Base é a forma mais adequada para se trabalhar.
Os processos seletivos (“peneiras” ou “peneirões”) que ainda são utilizados para essa
seleção (realizada pelos observadores técnicos - “olheiros”), resumem-se na observação do
desempenho de um grande grupo de jogadores em um período de tempo de alguns minutos dado
a cada jogador. Neste período o comportamento-alvo é a habilidade com a bola. Caso sejam
identificados jogadores promissores nessa seleção, estes são encaminhados ao clube para uma
nova observação, a qual será conduzida pelo técnico responsável pela categoria de base em
questão. O problema que surge diante de tais fatos é: será que indicadores e concordância
entre os critérios comportamentais utilizados pelos técnicos, mais e menos experientes, das
categorias de base? A resposta para esse questionamento é importante, pois caso não haja
concordância entre esses critérios, muitos jovens promissores podem estar sendo perdidos no
meio desse percurso.
Sabe-se que os padrões de comportamento e a organização da estrutura psicológica de
cada indivíduo pode influenciar na performance do mesmo. Segundo Corrêa et al (p. 448, 2002).
“…em toda ação, presente em um jogo de futebol, existe um envolvimento psíquico, sendo esse
consciente ou não”
20
Segundo Vallerand & Colavecchio (1988) in Corrêa et al (2002), a influência do momento
psicológico (alteração positiva ou negativa nos aspectos cognitivos, emocionais, fisiológicos e
comportamentais, causada por um acontecimento isolado ou uma série de acontecimentos) sobre
o desempenho depende de variáveis situacionais e individuais, como o nível de ansiedade e de
motivação, assim como da própria natureza da tarefa que está sendo executada. Dessa forma, o
grau de facilidade e de dificuldade de uma ação esportiva também influencia o desempenho
esportivo. Além disso, em um estudo realizado por Corrêa et al (2002) em que foram
entrevistados experientes em futebol (ex-jogadores, preparadores físicos, treinadores, jogadores
em atividade) foram citados fatores que dizem respeito à influência da confiança, da motivação e
da preparação psicológica no desempenho esportivo.
Então, esse estudo propõe identificar os perfis sócio-profissionais dos técnicos das
categorias de base do RN e verificar que critérios comportamentais eles utilizam para avaliar o
desempenho esportivo dos jovens futebolistas que participam de processos seletivos em seus
clubes. Para tentar elucidar melhor a questão proposta é preciso identificar que características
estes técnicos descrevem como mais importantes para um futebolista da categoria de base e que
métodos eles utilizam para avaliar tais características.
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O Futebol de Campo
A história do futebol é enigmática, pois os estudiosos não chegaram a um consenso, até o
momento, sobre sua origem. No Japão e na China, mais de 4000 anos, havia jogos em que se
confrontavam grupos de homens em volta de uma bola de couro. Há, ainda, relatos que os Gregos
e, em seguida, os Romanos praticavam jogos com bola que autorizavam tanto o uso dos pés como
o das mãos, em partidas encarniçadas. outros estudos garantem que na idade Média a famosa
soulecausou muitos estragos, por ser um jogo muito explosivo, que deixava alguns jogadores
quase mortos no fim do encontro.
Outros achados relatam um jogo pré-futebolístico” (tlachtli) - como escreveu em seu
livro, Campos (2000) no México pré-colombiano. Segundo o autor, o jogo da bola, nesse
período e local, possuía significação cósmica, em que o campo simbolizava o céu noturno e a
partida representava o antagonismo luz e treva. Cada equipe tinha 10 (dez) ou mais jogadores, a
bola era uma bexiga inflada e a trave era um anel de pedra entalhado. O autor revela ainda que os
jogadores podiam usar todas as partes do corpo, a exceção de mãos e antebraços, para manejar a
bola. Os seja, partes do corpo como cotovelo e braço, que hoje não podem ser utilizadas para tal
manejo, na época eram permitidas.
Porém, a grande maioria afirma que foi na Inglaterra, em suas escolas, que o futebol
nasceu e desenvolveu-se. Além de ter o primeiro clube a ser criado, o Sheffield, no ano de 1862.
E pouco depois, muito rapidamente, o futebol, estendeu-se por toda a Europa, tornando-se um
esporte muito importante. (Deshors, 1998).
22
Mas, independente de onde tenha surgido, o futebol de campo é um esporte à parte no
Brasil, pois envolve pessoas de todos os níveis sociais, raças e religiões. Além disso, o futebol é o
esporte mais praticado no mundo, envolvendo mais de 200 milhões de pessoas, 191 (cento e
noventa e um) países (A ONU, órgão internacional para a paz e os direitos humanos envolve
apenas 185) e 4,1 milhões de clubes. (Liparotti et al, 2002).
Diante da evolução esportiva em treinos aprimorados e estudos fisiológicos realizados e
apesar de ser o esporte coletivo mais estudado no mundo, ainda existem pouquíssimos estudos
em seu âmbito, especialmente, no que se refere à psicologia do esporte. Cozac (2004, p.144) faz
um breve comentário sobre o futebol brasileiro: “O nosso futebol, por mais pentacampeão que
possa ser dentro de campo, disputa a quinta divisão mundial diante do atraso em termos de
concepção e treinamento. Um dia a terra seca. Os craques não são eternos. A paixão do brasileiro
pela bola, talvez.” E é pra que esta terra não seque que aprofundaremos o conhecimento científico
no futebol nos tópicos que seguem.
2.1.1 Categorias de Base
Entende-se por categorias de base, as categorias amadoras (não profissionais), que servem
de “base” para a formação do plantel (elenco) dos clubes profissionais. E que são sub-13 ou
mirim (abaixo de 13 anos), sub-15 ou infantil (abaixo de 15 anos), sub-17 ou juvenil (abaixo de
17 anos) e sub-20 ou juniores (abaixo de 20 anos). Ou seja, o que delimita a categoria é a idade
superior e não a inferior, assim meninos de 13 anos, por exemplo, podem participar da categoria
sub-15 ou sub-17 dependendo do regulamento específico da competição.
23
2.1.2 Contexto histórico-geográfico-cultural
É comum vermos pessoas, principalmente nascidas entre as décadas de 40 e 50
compararem o futebol jogado por volta da década de 70 com o futebol moderno (década de 90 em
diante), elogiando o futebol do passado e enaltecendo a criatividade e a técnica apurada de seus
futebolistas; e por outro lado, criticando o futebol moderno por sua truculência e pouca técnica o
que estaria debilitando o “espetáculo das multidões”. Entretanto, sabe-se que tudo evolui e no
quesito treinamento físico-fisiológico o futebol deu um salto grandioso. E atualmente, muitos
estudiosos da área acreditam que a parte física é responsável por aproximadamente 70% para se
ter um time competitivo e vencedor.
A técnica perdeu espaço e está sendo possível verificar futebolistas com pouca técnica em
grandes clubes, pois os mesmos ganham espaço, devido as suas fortes capacidades físicas.
Diferenças, atualmente, ainda são perceptíveis quando observamos as diferentes nações em
disputa e seus respectivos campeonatos. Podemos perceber, por exemplo, que em Países como
Alemanha e Itália os futebolistas possuem características físicas surpreendentes com relação à
estatura e massa muscular. no Brasil e em praticamente todos os países da América Latina,
Portugal e Espanha, os futebolistas são tecnicamente melhores e fisicamente piores, basta
observarmos os dados das competições internacionais que serão citados nesse momento.
Das dezoito Copas do Mundo realizadas até o momento, seleções da América do Sul
foram campeãs ou vice-campeãs em 13 (treze) oportunidades, enquanto as Européias foram
campeãs ou vice-campeãs em 23 (vinte e três) oportunidades das 36 (trinta e seis) possíveis,
sendo que Alemanha e Itália foram responsáveis por somar 13 (treze) participações em finais das
23 dos Europeus. Portugal e Espanha não estiveram presentes em nenhuma delas. Nos Jogos
Olímpicos (Olimpíadas), das 25 (vinte e cinco) realizadas até o momento, as seleções da Europa
sagraram-se 18 (dezoito) vezes campeãs e 18 (dezoito) vezes vice-campeãs e as Sul-americanas
24
conseguiram vencer a competição por 4 (quatro) vezes o Brasil não conseguiu nenhuma e
foram vice-campeãs em 5 (cinco) oportunidades. (Fifa, 2009).
A seleção Argentina é uma exceção latina, pois consegue unir futebolistas de extrema
força física com futebolistas altamente técnicos. É observar os resultados da Copa
Libertadores da América, em que nas 49 (quarenta e nove) edições realizadas até o momento, os
clubes argentinos venceram 21 (vinte e uma) e foram vice-campeões em outras 8 (oito)
oportunidades, ou seja, chegaram à final em 59,2% das vezes que disputaram a competição. (Bola
na área, 2009).
no futebol brasileiro, nota-se que existem diferenças regionais, onde o futebol do sul e
do sudeste possui jogadores fisicamente mais fortes embora tecnicamente mais fracos, enquanto
que o futebol do centro-oeste, norte e nordeste possui futebolistas tecnicamente melhores e mais
fracos fisicamente.
E ao observar os campeonatos mundiais das categorias de base (mundial sub-17 e mundial
sub-20) percebe-se que bastante equilíbrio entre as seleções Européias e as Sul-americanas. É
verificar que dos 12 (doze) mundiais sub-20 realizados, 6 (seis) foram vencidos por seleções
Européias e (seis) por seleções Sul-americanas, sendo que estas levam uma pequena vantagem
sobre as Européias por terem 4 (quatro) vice-campeonatos contra 3(três). E observando os 12
(doze) mundiais sub-17, as seleções Européias têm 2 (dois) campeonatos e 5 vice e as Sul-
americanas têm 3 (três) campeonatos e 2 (dois) vices (Fifa, 2009).
As diferenças existentes no futebol brasileiro talvez possam ser explicadas pelas histórias
dos Estados e seus respectivos imigrantes e dos primeiros habitantes pós-descobrimento. Nesse
contexto, sabemos que a região nordeste teve uma ocupação maciça de portugueses e africanos,
os quais posteriormente ocupariam as regiões norte e centro-oeste enquanto que a parte sul-
sudeste foi ocupada por imigrantes vindos da Alemanha e Itália, principalmente.
25
Para uma melhor visualização do parágrafo acima, o estudo levará em conta os
campeonatos brasileiros (Série A e B), a Copa do Brasil e o principal campeonato de categorias
de base do País, a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Dos 38 (trinta e oito) campeonatos
brasileiros da série A, os clubes da região Sudeste foram campeões em 29 (vinte e nove)
oportunidades, os da região Sul foram em 7 (sete) e os da região Nordeste em 2 (duas). E
observando o campeonato brasileiro da série B, dos 30 (trinta) realizados, os clubes da região
Sudeste foram campeões em 12 (doze) oportunidades, os da região Sul foram em 9 (nove) e os
das regiões Centro-oeste, Nordeste e Norte em 3 (três). E quando se verificam os resultados da
Copa do Brasil, das 20 (vinte) edições realizadas, os clubes da região Sudeste foram campeões
em 12 (doze) oportunidades, os da região Sul foram em 7 (sete) e os da região Nordeste em 1
(uma), no ano passado com o Sport Recife-PE.
No principal campeonato das categorias de base do País (Copa São Paulo de Futebol
Junior), quando se observam os resultados, das 40 (quarenta) edições realizadas, mostram a
ampla e indiscutível superioridade dos clubes da região Sudeste que foram campeões em 35
(trinta e cinco) oportunidades contra 5 (cinco) dos clubes da região Sul (Bola na área, 2009).
Quando comparado aos demais esportes, o futebol se destaca não por ter mais países
envolvidos em sua maior entidade (Fédération Internationale de Football Association-FIFA) que
a Organização das Nações Unidas (ONU), mas por ser o esporte que menos muda regras desde
sua criação, por sempre ter tido resistência à abrir suas portas aos cientistas e estudiosos, por ter
em muitos países supersticiosos e místicos envolvidos, entre outras (Liparotti et al, 2002).
Se preparadores físicos que saíram da academia com o intuito de levar os conhecimentos
adquiridos em no mínimo 4 (quatro) anos para dentro dos clubes de futebol já tiveram dificuldade
em ser aceitos, imaginem como é a aceitação por parte de dirigentes e técnicos com relação a um
Psicólogo do Esporte. Felizmente outros esportes, como vôlei, basquete, tênis e golfe abriram
26
suas portas aos Psicólogos do Esporte e com os resultados obtidos a tendência é que os clubes de
futebol notem a importância desses profissionais. Para que se tenha um melhor entendimento da
atuação de um Psicólogo do Esporte, será abordado um pouco sobre essa área de conhecimento
que ainda tem sido pouco estudada no Brasil e no mundo.
2.2 Psicologia no Esporte
Segundo o Colégio Oficial de Psicólogos (n.d), a Psicologia no Esporte tem como eixo
básico e fundamental, a Psicologia Científica, da qual se constitui como uma área de aplicação.
Por outro lado, esta disciplina apóia-se, embora em menor proporção, nos conhecimentos
específicos provenientes das Ciências do Esporte, que perfilam o âmbito de aplicação e os
conhecimentos complementares adequados para o desenvolvimento da área. Para Becker Junior.
In Cozac (2004), a Psicologia do Esporte deve ter por finalidade investigar e intervir nas
variáveis que estejam ligadas ao ser humano que pratica determinada modalidade esportiva e ao
seu desempenho.
Pode-se entender que este campo de aplicação da Psicologia tem um grande histórico de
antecedentes, quando considerados o interesse da ciência e da filosofia pelo corporal e esportivo.
Pode-se dizer que suas raízes estão na Psicologia Experimental de Wundt e nos trabalhos de
laboratório, centrados no estudo dos tempos de reação e nas respostas motoras. Por outro lado,
para encontrar as primeiras resenhas documentadas que explicitamente se referem à Psicologia
aplicada ao esporte, deve-se referir ao começo do Século XX. Estas contribuições produziram-se,
igualmente, em outras áreas de conhecimento e diversos países, tais como: a antiga URSS,
Alemanha e Estados Unidos. Embora o conhecimento sobre as contribuições dos países do leste
europeu ser limitados, pode-se mencionar os trabalhos realizados na década de 20 por Rudik ou
Puni, que partindo de uma metodologia experimental de laboratório, centravam-se na realização
27
de avaliações psicológicas de jogadores em certas variáveis (tempo de reação, inteligência,
personalidade, entre outras). Essa orientação modificar-se-ia com o tempo, centrando-se mais em
esportes específicos e sua vertente aplicada, com uma crescente atenção na preparação
psicológica do jogador para a competição. (Colégio Oficial de Psicólogos (n.d)).
Em outro continente, encontramos as contribuições de psicólogos norte-americanos, como
as do pioneiro Roberts-Griffith (o pai da Psicologia do Esporte), que fundou o primeiro
laboratório de psicologia do esporte nos EUA. Griffith dedicou boa parte de seu trabalho a
investigação experimental em laboratório (tempos de reação, habilidades motoras, aprendizagem,
entre outras), complementando-o com contribuições mais aplicadas - inclusive foi contratado em
1925 por uma equipe esportiva da Universidade de Illinois, e em 1932 por uma equipe
profissional de beisebol - mediante suas observações de campo e de suas entrevistas com
treinadores e jogadores, com o objetivo de estudar os fatores psicológicos implicados no esporte.
Na Europa ocidental antes do inicio da II Guerra Mundial na Alemanha, encontramos alguns
estudos sistemáticos em Psicologia do Esporte, interessados no papel dos fatores psicológicos,
especialmente os motivacionais e emocionais, sobre o desempenho e a competição esportiva.
(Colégio Oficial de Psicólogos, n.d; Shaw, D. F.; Gorley, T.; Corban, R. M, 2005).
Em conjunto podemos dizer que o momento crucial para a formalização desta disciplina
foi a celebração do I Congresso Mundial de Psicologia do Esporte, realizado em Roma no ano de
1965. Neste, contribuíram de forma significativa alguns espanhóis como Cagigal, Ferrer-
Hombravella ou Roig, considerados como os iniciadores da Psicologia do Esporte na Espanha; o
primeiro ligado à criação, em Madrid, do Instituto Nacional de Educação Física (INEF) em 1967
e os demais, vinculados ao Centro de Investigação Médico-Esportiva criado em Barcelona no ano
de 1964 e relacionado com o INEF.
28
A partir dos núcleos de trabalho nos INEFs de Madrid e Barcelona, e, posteriormente, por
meio da criação de associações profissionais (locais onde se agrupavam pessoas da área, tanto em
sua vertente acadêmica ou de investigação como na aplicada) e apoiando-se na celebração de
congressos nacionais (Barcelona-1986 e Granada-1988), criou-se a Federação Espanhola de
Associações de Psicologia do Esporte. Como pontos importantes, que facilitaram a conformação
atual, são possíveis identificar a promoção de unidades de investigação e docência em distintas
universidades e a constituição de algumas sessões nos colégios profissionais de psicólogos, eixos
que em conjunto foram responsáveis pela existência de investigação, docência, difusão,
promoção e intervenção profissional em Psicologia do Esporte. E nos últimos anos (final do
Século XX e início do Século XXI) encontram-se cursos de especialização em Psicologia do
Esporte, caminho esse iniciado na Universidade Autônoma de Barcelona (Colégio Oficial de
Psicólogos, n.d).
Segundo Barreto (2003), no Brasil, essa área de atuação tem crescido muito nos últimos
anos, apesar da resistência por parte de dirigentes, treinadores e até jogadores desinformados,
principalmente no futebol como veremos mais adiante. Em 1979, a Sociedade Brasileira de
Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação (SOBRAPE) foi fundada e teve como
seu primeiro presidente o professor Benno Becker Junior, que em 1986 viria a ser fundador e
presidente da Sociedade Sul-americana de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da
Recreação (SOSUPE). Em 1983 foi criada, pelo professor João Alberto Barreto, a Sociedade de
Psicologia do Esporte do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ), a qual foi a primeira entidade
estadual a ser legalizada no Brasil, sendo filiada à SOBRAPE. Desde então a Psicologia do
Esporte têm ganhado terreno e tendo pesquisadores e professores de renome internacional, como:
Becker Junior, Dietmar Samulski, João Carvalhaes, Athayde Ribeiro da Silva, Dante de Rose,
Regina Brandão, Katia Rubio, João Alberto Barreto, Antonio Roberto Santos e Suzy Fleury.
29
Recentemente (outubro de 2008) houve em Belo Horizonte-MG-Brasil um evento
envolvendo o IX Congresso Sul-americano de Psicologia do Esporte (maior evento de Psicologia
do Esporte da América do Sul) e o XIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte, cujo tema
central foi “talento e excelência esportiva”. Neste evento estiveram presentes alguns dos maiores
nomes da Psicologia do Esporte no mundo, como: Dietmar Martin Samulski (presidente do
evento), Benno Becker Junior (presidente de honra da Sociedade Sul-americana de Psicologia do
Esporte, da Atividade Física e da Recreação-SOSUPE), Carlos Ferres (ex-presidente da
SOSUPE), Enrique Aguayo (vice-presidente da SOSUPE-Chile), Marcelo Roffé (vice-presidente
da SOSUPE-Argentina), Joaquin Dosil (presidente da Sociedad Iberoamericana de Psicología del
Deporte-SIPD), Gershon Tenenbaum USA - Flórida), Michael Kellmann (University of Brisbane
- Austrália).
Sobre este evento especificamente pode-se verificar que dos 85 trabalhos apresentados, 47
(55%) eram do Sudeste e destes 40 (85%) eram de Minas Gerais. Do Nordeste apenas 3 (4%)
trabalhos, tendo sido 2 (do autor) de Natal, RN. Se observarmos em que área da Psicologia os
estudos encontravam-se, percebemos que dos 85 trabalhos apresentados, 19 (22%) tratavam de
estudos de perfis de treinadores, jogadores e população em geral (inclusive os 2 trabalhos do
autor). A segunda área que mais teve estudos foi a motivação, com 15 (18%) trabalhos
apresentados; ao passo que 19 (22%) destes estudos referiam-se ao futebol de campo. Os outros
estudos foram da área de validação, adaptação e tradução, da área de futsal e da área de natação
cada uma com 8 (9%) trabalhos apresentados. Tendo em vista os relatos apresentados acima,
pode-se perceber que a Psicologia do Esporte é ainda uma área de pouca investigação no Brasil e
por isso há a necessidade de serem realizados mais estudos nesse âmbito (Anais, 2008)
A Psicologia no Esporte representa uma das disciplinas das Ciências do Esporte e
constitui um campo da Psicologia Aplicada. Segundo Nitsch (1989) in Samulski (2006), a
30
Psicologia no Esporte analisa as bases e efeitos psíquicos das ações esportivas, considerando por
um lado análises de processos psíquicos básicos (cognição, motivação, emoções) e, por outro, a
realização de tarefas práticas de diagnóstico e de intervenção. A função da Psicologia no Esporte
consiste na descrição, explicação e no prognóstico das ações esportivas, com o fim de
desenvolver e aplicar programas, cientificamente fundamentados, de intervenção levando em
consideração os princípios éticos (Nitsch 1986, in Samulski, 2006). Sabe-se que as habilidades
psicológicas, são consideradas essenciais para a obtenção de um alto desempenho na competição
e no treinamento. Estas habilidades incluem: motivação, estabelecimento de metas, atitude
positiva, imaginação e treinamento mental, não podendo deixar de incluir as habilidades
interpessoais (Samulski, 2002).
A figura 1 representa o papel que as habilidades psicológicas têm no alto desempenho
esportivo, e sua inter-relação com as áreas do esporte.
Figura 1 – Áreas da perícia no esporte
Fonte: Janelle, C.M., Hillman, C.H., & Hatfield, B.D. (2000: 6, 21-29.) in Samulski, 2006.
31
2.2.1 Áreas de Atuação da Psicologia do Esporte
Segundo Samulski (2006), existem 4 (quatro) grandes áreas de atuação para o psicólogo
no esporte, as quais serão citadas e detalhadas a seguir.
2.2.1.1 Esporte de alto desempenho
Visa, sobretudo, analisar e modificar os fatores psíquicos determinantes do desempenho
em esportes, com a finalidade de melhorar o desempenho e aperfeiçoar o processo de
recuperação. Investiga os seguintes fatores: esportes e personalidade, agressão no esporte,
interação entre treinador/jogador, estresse psicológico na competência, treinamento psicológico
(treinamento mental, de concentração, motivação e controle do estresse), assessoria psicológica
para jogadores e treinadores, diagnóstico psicológico do desempenho esportivo, coaching,
excelência esportiva, planejamento da carreira esportiva, influência da família nas carreiras dos
jogadores, doping psicológico.
2.2.1.2 Esporte Escolar ou Educação
Parte do principio de que se analisa, por um lado, os processos ensino-aprendizagem, e
por outro, processos de educação e socialização. Os principais temas de investigação neste campo
são as análises da interação entre o professor de Educação Física e o aluno, possibilidades do
professor, estresse na aula de Educação Física, comportamentos agressivos dos alunos,
importância dos processos de socialização, e motivação para a aprendizagem e desempenho.
2.2.1.3 Esporte Recreativo
Trata-se de análises do comportamento recreativo de grupos de diferentes faixas etárias,
classes sócio-econômicas e atuações profissionais com relação a diferentes motivos, interesses e
32
atitudes. Nos últimos anos, tem sido investigado o fenômeno da animação nos esportes de tempo
livre.
2.2.1.4 Prevenção, Saúde e Reabilitação
São investigações sobre as possibilidades preventivas e terapêuticas do esporte, bem como
o sentido de regulação psíquica por meio de condutas esportivas (terapia para o movimento, jogos
e dança). Nesse contexto se desenvolvem e aplicam programas psicológicos de prevenção, terapia
e reabilitação para pessoas portadoras de limitações físicas, mentais e sociais.
2.2.2 Características psicológicas do jogador de alto desempenho
Segundo Samulski (2006), pode-se afirmar que as diferentes características psicológicas
de um jogador de alto desempenho são:
- continuidade e qualidade do treinamento (incluindo treinamento simulado);
- estabelecimento de metas;
- manipulação da concentração e da ansiedade;
- diálogo interno; e
- utilização da imaginação e da preparação mental.
Resultados de alguns estudos realizados indicaram que jogadores de alto desempenho,
quando comparados aos demais, utilizam mais as habilidades mentais, empregando estas durante
o treinamento e competição (Wilson, 1999 in Samulski, 2006). Ainda segundo o citado autor,
o jogador de alto desempenho é mais eficiente e efetivo em reconhecer e responder perante uma
situação de jogo estruturada, demonstrando uma adequada capacidade para enfrentar e utilizar
apropriadamente estratégias e táticas durante as diferentes situações de jogo. Como também,
consegue perceber de uma forma mais eficiente e efetiva a informação proveniente do meio
33
ambiente (campo de jogo, companheiros de equipe, adversários e árbitros), por meio de
estratégias de observação adequadas. Todos esses elementos levam o jogador a uma tomada de
decisão mais acertada para solucionar um determinado problema da competição, demonstrando
um alto grau de atenção e coordenação que dificilmente vai ser influenciado por seu estado
emocional.
2.2.3 Treinadores de alto desempenho (“Expert Coaches”)
Os resultados de diferentes estudos demonstram que treinadores que têm confiança em
seus jogadores representam um impacto positivo nos desempenhos dos mesmos. As expectativas
do treinador estão baseadas em suas próprias observações e confiança em determinadas
características e habilidades que compõem o talento individual de seus comandados. Estas
expectativas criadas auto-afirmam o êxito para futuros desempenhos (Samulski, 2006).
Segundo Simões in Lobo (1973), numa pesquisa realizada em 1972 na Inglaterra pelos
Psicólogos Robert Cooper e Roy Payne, com 17 (dezessete) equipes da primeira divisão Liga
Inglesa de Futebol, observou-se que os treinadores de maior sucesso estavam preocupados
exclusivamente com o momento. O estudo sugere que isso significa que a personalidade deles é
fortemente voltada para a tarefa. Os psicólogos concluem dizendo que o treinador precisa saber
comandar jogadores de personalidade forte os de personalidade “autodirigida”, além de manter-se
sempre motivado mesmo diante de exercícios ou treinamentos monótonos,
De acordo com Durand-Bush (2000) in Samulski (2006), os campeões olímpicos e
mundiais manifestam um alto grau de autoconfiança no início de suas carreiras atléticas. Pode-se
afirmar que isto é produto da confiança que pais e treinadores demonstraram neles, como
jogadores e pessoas. Um aspecto crítico para os treinadores é criar as condições necessárias para
34
desenvolver um ambiente que evite as comparações sociais e uma alta motivação para o
desenvolvimento de técnicas e habilidades (Chaumeton & Duda, 1998 in Samulski, 2006).
Para Leonhardt in Rubio (2003), uma exigência cada vez maior sobre o treinador
(principalmente no caso do futebol). E é nesse aspecto que o Psicólogo do Esporte pode ser
fundamental para que o treinador consiga ter em mãos jogadores campeões, que formem uma
equipe vitoriosa para que tal treinador obtenha sucesso. o treinador da categoria de base não
sofre as mesmas pressões do treinador da categoria profissional, entretanto as preocupações e os
cuidados a serem tomados com jogadores entre 11 e 20 anos são outros. Nesse período (pré-
adolescência e adolescência) os treinadores têm em suas mãos garotos que estão no período das
maiores transformações (física e psicológica) de suas vidas, Nesse contexto, a ajuda de um
Psicólogo no Esporte pode ser importante, auxiliando o treinador a tomar decisões, expressar-se e
compreender esses jovens jogadores.
Sabe-se que jogadores que participam, prematura ou tardiamente, no esporte tornam-se
dependentes e focalizados em obter a vitória e melhorar o desempenho.
As principais características dos treinadores de alto desempenho são:
- acreditar nos seus jogadores;
- desenvolver relações baseadas no respeito e na confiança;
- estimular o pensamento crítico;
- oferecer oportunidades para a diversão e para a criatividade;
- manter canais de comunicação efetivos e permitir um ambiente adequado para a tomada
de decisões e solução de problemas próprios da competição.
Cada uma destas características determina e contribui para o desenvolvimento de
jogadores experientes. Experiências positivas no esporte, criadas ou planejadas pelo treinador,
aumenta a autoconfiança e motivação no jogador, contribuindo para o desenvolvimento (físico,
35
emocional e intelectual) adequado dos mesmos. Finalmente, é oportuno dizer que o treinador de
alto desempenho não prepara o jogador para a competição, como também, o prepara para a
vida (Samulski, 2006). No próximo tópico começará a ser abordada a psicologia no esporte
específica ao futebol, o que poderá clarear idéias a respeito do tema em um esporte de alta
competitividade, complexidade, audiência e de difícil acesso.
2.2.4 Psicologia no Esporte, o futebol
Falar em Psicologia no Esporte é uma tarefa dificílima, pois se para muitos Psicólogos
e Profissionais de Educação Física - que têm um bom entendimento sobre comportamento e
aspectos físico-fisiológicos, respectivamente - tendem a não saber exatamente como deve atuar o
Psicólogo do Esporte, os leigos então sabem muito menos. O futebol, como muitos sabem - ou
por serem torcedores fanáticos, ou por conviverem com torcedores desse tipo, ou por meio da
mídia - é o esporte que todo mundo (principalmente os brasileiros) diz-se um profundo
“entendedor”. A mídia mesmo veicula que no Brasil 180.000.000 (cento e oitenta milhões) de
técnicos de futebol. Sabendo-se da dificuldade que a ciência e os cientistas têm em adentrar no
mundo futebolístico surgem algumas questões sobre o psicólogo do esporte no futebol: por que
um clube de futebol precisaria de um? Para que serviria? Quais seriam as suas atribuições? Onde
faria seus atendimentos? Entre outras.
E quando se é uma psicóloga do esporte no futebol? Será que essa profissional terá espaço
para desempenhar suas funções no meio machista desse esporte? Esse parece ser mais um aspecto
“complicador”. Outra questão que vários leigos que trabalham no meio do futebol questionam é a
de o psicólogo ou qualquer outra pessoa que venha a trabalhar com futebol ter tido experiência
como jogador. Ou seja, se foi jogador eles entendem que essa pessoa saberá trabalhar com eles,
caso contrário, a mesma estará desqualificada para trabalhar na área.
36
Outro aspecto muito comum em alguns psicólogos despreparados é o de se utilizar da
psicologia clínica para tentar auxiliar jogadores e técnicos, tentando levá-los à sala ou ao
consultório. Isso acaba por desnortear a Psicologia do Esporte em Psicologia no Esporte.
Essa área de conhecimento no Brasil teve como pioneiro o psicólogo João Carvalhaes,
que de acordo com Waeny & Azevedo (2003), trabalhava com Psicotécnica e Psicologia
Aplicada ao Esporte desde o inicio da década de 50. Isso provavelmente contribuiu para que ele
fosse convocado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que realizasse testes
psicólogicos e desse a “fibra” necessária aos jogadores durante o período de preparação na Copa
do Mundo de 1958, realizada na Suécia. Após a Copa do Mundo, João Carvalhaes foi citado, em
vários jornais de circulação na época, como um dos responsáveis pelo título. Depois (1964)
surgiram publicações sobre o tema, escritas por Emilio Mira y López e Athayde Ribeiro da Silva.
Uma tentativa de se relacionar características psicológicas aos futebolistas foi de Melo
(1997), que citou - mas citou e tentou brevemente justificar - por posição de jogo, quais as
“qualidades psicológicas” necessárias para esses futebolistas. E usou termos como coragem,
liderança, calma, concentração, iniciativa, garra, combatividade, persistência, maturidade,
decisão, sociabilidade e agressividade. A seguir serão apresentados aspectos relativos ao
“talento” esportivo, sua respectiva seleção e outros aspectos relevantes a essa temática.
2.3 O Talento Esportivo
Considera-se talento esportivo o indivíduo que por meio de suas condições herdadas e
adquiridas, possui uma aptidão especial para o desempenho esportivo, acima da população em
geral (Böhme, 1999 in Silva, 2003). Os traços psicológicos - definidos geneticamente na pessoa
denominada talentosa - também devem fazer parte da análise, que atuam como co-formadores
das capacidades motoras, conferindo-lhes a estabilidade psicossomática requerida para a prática
37
do esporte competitivo (Prudêncio, 2006). Vale lembrar que alguns destes traços psicológicos
atuam de maneira positiva para a formação e consolidação da personalidade do indivíduo, que
futuramente irão contribuir para obtenção de altos desempenhos esportivos; incluindo-se entre
esses traços: o “espírito agonístico”, entendido como a combatividade, o controle emocional, a
alta concentração e a capacidade para mantê-la por um período de tempo prolongado, assim como
determinação para superação de limites (Prudêncio, 2006).
2.4 Seleção de Talentos nos Esportes
A seleção de talentos nos esportes é recomendada por muitos autores (Bompa, 2002; Filin
& Volkov, 1998; Gomes, 2002; Moskotova, 1997; Torreles & Alcaraz, 2003; Gomes & Erichsen,
2004) e treinadores. Pois se sabe que quando tal seleção existe, de forma criteriosa, em um clube
esportivo ou escola esportiva, as chances de se encontrarem jogadores excepcionais aumentam
inúmeras vezes quando comparada a observação pura e simples.
Uma característica particular do atual período de desenvolvimento dos esportes é a busca
universal, cientificamente fundamentada, de jovens talentosos, os quais muitas vezes são capazes
de receber grandes cargas de treinamento e elevados ritmos de aperfeiçoamento esportivo (Filin
& Volkov, 1998). Com a seleção moderna das crianças e dos adolescentes nas escolas esportivas,
o processo pedagógico é de grande importância, e sua etapa inicial predetermina todo o processo
posterior do aperfeiçoamento esportivo. (Filin & Fomin, 1980 in Gomes, 2002). Porém, a
avaliação objetiva das capacidades individuais ocorre na base das observações das crianças e dos
adolescentes, assim como não existe nenhum outro critério de aptidão esportiva” (Gomes, 2002;
Gomes & Erichsen, 2004). Ou seja, tal avaliação é realizada de maneira subjetiva, que os
critérios para tal avaliação são escassos.
38
A prática evidencia que elevadas realizações esportivas mostram indivíduos que possuem
uma combinação ótima em determinadas características, que pode ser entendida de forma quase
utópica como uma perfeição indiscutível de capacidades especiais, a qual ao jogador uma
significativa vantagem em relação a outros colegas, mas sem nenhuma característica especial em
destaque. (Nikolic & Paranosic, 1984 in Moskotova, 1997). E são indivíduos com estas
capacidades especiais que os profissionais responsáveis pela captação de jogadores buscam.
2.4.1 Seleção e Orientação Esportiva
Para entender o processo de seleção de talentos esportivos é importante compreender a
diferença existente entre o sistema de seleção esportiva e o sistema de orientação esportiva. O
sistema de seleção esportiva pode ser definido também como sendo um sistema de medidas
organizacionais e metodológicas que incluem métodos pedagógicos, psicológicos, sociológicos e
médico-biológicos de investigação. E com base nestes, detectam-se as capacidades dos jovens,
para especializarem-se em uma determinada modalidade esportiva, ou em grupo de modalidades.
(Filin & Volkov, 1998). O objetivo principal é o estudo total e a revelação das capacidades, que
devem corresponder, em grande escala, às exigências de um ou outro tipo de esporte. Alguns
especialistas utilizam o termo revelação das aptidões esportivas. Por isso, entende-se o sistema de
determinação dos meios e métodos, como também a avaliação das aptidões e capacidades do
indivíduo, o que é de grande significado para o sucesso da especialidade esportiva em questão
(Gomes, 2002). Destas capacidades, verificou-se que os jogadores que se destacavam em
competições de nível internacional possuíam veis altos de desenvolvimento das qualidades
morais e psicológicas, além de domínio da técnica e da tática. Ou seja, teoricamente, essas são as
capacidades ou características importantes a serem avaliadas em um processo seletivo de jovens
futebolistas. (Gomes & Erichsen, 2004).
39
E o sistema de orientação esportiva é um sistema de medidas organizacionais e
metodológicas que permite indicar a especificidade do jovem jogador em uma determinada
modalidade esportiva (Filin & Volkov, 1998). A orientação e seleção esportiva pressupõem a
solução de um conjunto de tarefas diagnósticas e prognósticas, as quais respeitam as formas
individuais de manifestação das particularidades funcionais do aparelho locomotor e do sistema
nervoso central, os quais desempenham um papel de destaque na especialização esportiva e no
desenvolvimento das capacidades motoras, individualmente consideradas (Moskotova, 1997).
É lógico que na orientação e seleção esportiva é necessário selecionar os "tipos genéticos"
que possuem o desenvolvimento dos aspectos relacionados às capacidades psicomotoras e físicas
adiantados. (Moskotova, 1997). Sabendo-se da dificuldade de compreensão do tema abordado, e
visando um maior entendimento do que já foi escrito anteriormente, a seguir este estudo
aprofundará as discussões sobre as aptidões hereditárias, importantes para questionar e discutir
sobre seleção de talentos.
2.4.1.1 Aptidões hereditárias
As capacidades esportivas dependem muito das aptidões hereditárias, que se mostram
diferentes na estabilidade e na conservação, por isso durante o prognóstico destas capacidades,
convém atentar primeiramente para os sinais instáveis que condicionam os êxitos na atividade
esportiva futura. Atualmente, sabe-se que o papel da hereditariedade é condicionado por sinais
reveladores máximos devido à presença de altas exincias no organismo do praticante (Matveev,
1983 in Gomes, 2002).
Sabe-se que as manifestações individuais das capacidades motoras são bastante variáveis
em função da constituição genética, da idade, do sexo, da maturação das funções psicomotoras,
40
das diferenças sociais, culturais e étnicas dos grupos e das populações demográficas. (Moskotova,
1997). Para prognosticar as direções do desenvolvimento individual das capacidades motoras e a
sua mutabilidade sob ação das condições de vida, educação e treinamento especial, é
indispensável considerar as diferenças genotípicas e fenotípicas individuais, conforme sexo e
idade. (Moskotova, 1997). “As diferenças genotípicas individuais são determinadas pelas
particularidades hereditárias do organismo” (Moskotova, 1997, p. 18), as quais dependem dos
genes herdados dos pais. Já
“as diferenças fenotípicas individuais são determinadas pela variabilidade de adaptação
das características morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas do organismo,
como resultado das influências do meio exterior (sócio-econômico, climático, geográfico,
etc.), no qual se desenvolve um ser humano ou uma população concreta. (Moskotova,
1997, p. 18).
É importante ressaltar que “cada organismo, de acordo com as leis da herança genética e
sob a influência do meio exterior, desenvolve-se individualmente”. (Filin & Volkov,
1998, p. 15).
2.4.1.2 Análise Genotípica do Indivíduo
O prognóstico dos valores definitivos das características motoras tem que considerar os
níveis de suas interdependências e a possibilidade de se modificarem em função dos fatores
ambientais. A biometria - ramo da ciência que estuda e analisa os dados estatísticos referentes à
hereditariedade, à evolução e aos fenômenos do metabolismo e nutrição dos seres vivos - facilita
a análise genotípica das características finais entre os menores, sendo útil na seleção esportiva e
no diagnóstico. (Moskotova, 1997).
41
2.4.1.3 Critérios de Seleção
Os critérios utilizados na seleção de jogadores devem estar relacionados com três
aspectos: a idade dos jogadores, as capacidades avaliadas e os objetivos da seleção. Tais critérios
são importantes por determinarem a qualidade de uma seleção esportiva. (Torrelles & Alcaraz,
2003). Nesse sentido, Gomes & Erichsen (2004) propõem as seguintes capacidades ou
características a serem avaliadas, em seu sistema de seleção de talentos para o futebol, como
também os testes que utilizam para realizar tais avaliações, descritos na figura 2.
Figura 2 – Características avaliadas na seleção de futebolistas, medidas e testes
Testes antropométricos Testes de habilidade
Peso e Estatura Teste da parede
Dimensões de segmentos Passe rasteiro - 10, 15 e 20m (precisão)
Dobras cutâneas e porcentuais de gordura Precisão no chute a gol, com deslocamento
Estágios de Crescimento e desenvolvimento Técnico-tático
Raio X Cabeceio
Escala de Taner Chute
Testes físicos Condução
Resistência Geral - 1000m Cruzamento
Velocidade cíclica e acíclica- 20m Domínio
Força de membros superiores - arremesso medicine ball Drible
Força de membros inferiores - salto rão (6 saltos) Inteligência de jogo
Testes Psicológicos Passe
Manifestações psicossomáticas - CI (Cornel Index)
Ansiedade traço-estado – IDATE
Estados de Humor – POMS
Fonte: Gomes & Erichsen, adaptado por Câmara, 2009.
2.4.1.3.1 Idade dos jogadores
O processo de crescimento do jogador faz aparecer uma série de capacidades (físicas e
psicológicas) e diversos níveis de manifestação das mesmas, que caracterizam cada uma das
42
diferentes etapas que compõem este processo. Portanto, de acordo com a idade do jogador, as
diferentes capacidades a serem observadas, testadas e valorizadas terão maior ou menor
importância. (Torrelles & Alcaraz, 2003).
2.4.1.3.2 Capacidades Avaliadas
O termo capacidades avaliativas refere-se aos aspectos técnicos, táticos e psicológicos que
se manifestam durante o desenvolvimento da atividade esportiva de um jogador de futebol. Para
tanto, tal aspecto deve observar seu nível de manifestação em relação à idade (ver sub-item
anterior) e aos objetivos que regem a seleção. (Torrelles & Alcaraz, 2003).
2.4.1.3.3 Objetivos da Seleção
A seleção de talentos esportivos deverá ser definida, segundo Torreles & Alcaraz (2003),
sempre pelos seguintes objetivos:
- captação de jogadores, com idade entre 9 e 16 anos, com aptidão para seguir um
processo de formação – a longo prazo – como jogador de alto desempenho;
- captação de jogadores em etapa profissional, que pela idade, finalizaram seu período
de formação, que apresentem um alto desempenho imediato e que suportem ser exigidos
ao máximo, para corresponderem a objetivos a curto prazo;
- captação de jogadores com aptidão para seguir um processo de formação, e que além
disso, apresentem um alto nível de desempenho em relação à sua idade; e
- jogadores entre 16 e 19 anos que cumprem a passagem de sua etapa de formação para a
de alto desempenho.
Com esse intuito é possível incluir jogadores de menor idade que cumpram ambos os
requisitos, mesmo sendo pouco comum a existência de jogadores que, além de manifestar um alto
43
nível de desempenho, disponham de altos níveis nas capacidades que lhes permitam seguir num
processo de formação. (Torrelles & Alcaraz, 2003). Em um processo de seleção de talentos no
futebol de base, o objetivo deveria ser captar jogadores correspondentes ao terceiro item. Porém,
caso não se encontre jogadores suficientes com essas características, a seleção deve ser
complementada com jogadores do primeiro item, que, por meio de um trabalho adequado,
tenham possibilidade de manifestar futuramente - um alto nível de desempenho. (Torrelles &
Alcaraz, 2003).
2.4.1.3.4 Idade Anatômica
A idade anatômica refere-se aos vários estágios de crescimento anatômico que podem ser
reconhecidos ao identificarmos determinadas características e não deixa dúvida quanto às
complexidades do crescimento e do desenvolvimento. Também auxilia na explicação sobre os
motivos de algumas crianças aprimorarem o desenvolvimento motor e as habilidades com maior
rapidez do que outras. (Bompa, 2002).
A criança com melhor desenvolvimento anatômico adquirirá mais habilidades com maior
rapidez do que a criança menos desenvolvida. Embora muitas crianças sigam padrões de
crescimento similares, variações. O clima, a latitude, o relevo (montanhoso versus
plano) e o ambiente (urbano versus rural) podem influenciar bastante o índice de
desenvolvimento do jovem. Por exemplo, crianças de países de clima quente apresentam
amadurecimento sexual, emocional e físico muito mais rápido. Em consequência, o
desempenho esportivo pode ser mais veloz entre os 14 e 18 anos de idade nesses países do
que em países de clima mais frio. Da mesma forma, crianças que vivem em grandes
altitudes tendem a ser mais eficazes em esportes de resistência do que as outras, que
vivem em baixas altitudes. (Bompa, 2002, p. 14).
2.4.2 Seleção de Talentos nos Esportes Coletivos
Nos esportes coletivos, as perspectivas dos jogadores devem ser determinadas baseando-
se na análise das qualidades específicas, garantindo com êxito a solução dos objetivos técnico-
44
táticos no processo da atividade esportiva. O prognóstico incontestável das capacidades das
crianças nos jogos esportivos realiza-se na base do estudo do complexo das propriedades
individuais da personalidade: características morfofuncionais do jogador, estado dos órgãos e
sistemas analisadores do organismo; nível do desenvolvimento das qualidades físicas (de
preferência, a de velocidade e força); capacidades de coordenação, de controle dos esforços
neuromusculares, de solução operativa dos objetivos motores e pensamento tático; escolha e
realização das recepções e meios de condução da competição esportiva; e direção dos seus
estados emocionais em situações extremas. (Gomes, 2002). É preciso que haja uma intervenção
profissional na seleção de talentos, principalmente no futebol, que tem como principais
responsáveis por esta seleção, os observadores técnicos ("olheiros"), como será descrito a seguir.
2.5 Observadores Técnicos ("olheiros")
Segundo estudo realizado por Silva (2005, p. 64), "a linha de produção e montagem dos
Programas de Revelação das Aptidões e Capacidades Esportivas sobrevive da matéria-prima,
jogadores de alto nível. Estes são revelados pelos "olheiros" e treinados sem critérios e normas".
Segundo Silva (2005) os "olheiros" têm dois perfis:
- os que percebem pela sensação (os cinco sentidos); ou
- os que percebem pela intuição, que é uma forma indireta e utiliza o inconsciente,
associando às percepções do mundo exterior.
Os olheiros, segundo o mesmo autor podem julgar, também, de duas maneiras:
- pelo pensamento, em sua forma analítica e racional; ou
- pela forma mais humana, o sentimento.
As quatro possibilidades citadas acima (duas a duas) mesclam-se e, dependendo das
combinações, o "olheiro" pode ser mais ou menos produtivo; relata ainda que por não existir uma
45
bateria de testes padronizada, o resultado da seleção de talentos depende do avaliador. Se ele for
mais sensorial, menor será sua capacidade preditiva; quanto menos sensorial, maior intuição terá.
O "garimpo", no futebol brasileiro, tem nichos com formas históricas e culturais de revelar
"talento". O modelo é semelhante em todo o Brasil, onde em minutos, "olheiros" batem o martelo
e afirmam: aquele jogador é craque. Fazem uma avaliação "simplista", a qual potencializa
carências, privações e lacunas nestes jogadores. (Silva. 2005).
Em 2006, Câmara estudou testes de habilidade para seleção de talentos no futebol e
conseguiu obter a reprodutibilidade de 2 dos 5 propostos por ele, que foram: o teste de habilidade
com bola e cones (agilidade, drible, condução e velocidade) e o teste de controle de bola (pés,
coxas e cabeça). Os testes que o autor não obteve êxito foram: o teste de tiro livre de 11m, o teste
de tiro livre de 22m e o teste de condução e chute. Os testes propostos neste estudo foram
baseados nas observações e na vivência que o autor tinha em processos seletivos do qual
participava e percebia a dificuldade em se selecionar jovens com critérios bem definidos. Por isso
considerou um dos princípios mais importantes do treinamento esportivo para elaboração desses
testes, o qual é denominado especificidade.
Também em 2006, Figueiredo, Silva e Malina sugeriram algumas avaliações a serem
realizadas em jovens, como: estado de crescimento e desempenho esportivo-motor (avaliação
antropométrica, avaliação força, avaliação aeróbia, avaliação anaeróbia e agilidade). Além de
habilidades motoras específicas do futebol: teste de domínio e controle da bola com o pé, teste de
condução e velocidade, teste de precisão do remate (chute) e teste de destreza no passe.
Figueiredo (2002) in Figueiredo; Silva; Mailna (2006) realizou um estudo com descritores
de diferenças entre jogadores de 13 e 14 anos apontados por 12 (doze) treinadores sub-14. E
obteve que 7 treinadores apontaram a estatura, 6 a força, 5 a massa corporal, 4 a velocidade, 3 a
resistência, 3 outras capacidades físicas, 1 a capacidade tática e 1 a coordenação.
46
É notório que ainda é preciso ter critérios e testes específicos também por posições de
jogo, já que as características que jogadores de cada posição devem possuir são diferentes.
No atual paradigma, é difícil comprovar o grau de eficiência dos 'olheiros', onde se
constata que 'pseudotalentos', na idade adulta não "explodem", e jogadores medianos, na idade
madura, se tornam 'craques'". (Silva, 2005, p. 65). O autor conclui dizendo que "...'olheiros' não
possuem conhecimentos e, a posteriori, não agregam valor ao processo, desenvolvendo, cem
anos, o mesmo modo de avaliação". (Silva, 2005, p. 65). Portanto, para que ocorra uma avaliação
mais adequada na seleção de talentos, os conhecimentos mais importantes serão tratados neste
estudo, permitindo que haja uma melhor compreensão da complexidade que envolve tal seleção.
Diante das evidências científicas e da problemática apresentadas, esse estudo propõe,
como citado anteriormente, identificar, caracterizar, categorizar e avaliar critérios
comportamentais e métodos, utilizados por técnicos das categorias de base do Rio Grande do
Norte. Assim como se diferenças entre técnicos mais e menos experientes, em relação às
características que avaliam e aos métodos que utilizam para tal avaliação.
47
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Identificar, caracterizar e categorizar os critérios e métodos de avaliação
comportamentais, utilizados por técnicos das categorias de base do Rio Grande do Norte, para
avaliar o desempenho esportivo de jovens futebolistas.
3.2 Objetivos Específicos
- Descrever o perfil sócio-profissional dos técnicos de futebol das categorias de base do
Rio Grande do Norte;
- Identificar e descrever os principais critérios, bem como os métodos de avaliação
comportamental utilizados pelos técnicos das categorias de base;
- Verificar possível concordância entre os critérios comportamentais utilizados, para
avaliação de futebolistas das categorias de base, por técnicos com diferentes tempos de
experiência;
- Identificar comportamentos e reconhecer habilidades.
3.3 Justificativa
O interesse por esse tema veio a partir da formação em Educação Física e da atuação
profissional enquanto preparador físico e técnico de categorias de base de futebol e integrante do
Grupo de Estudos em Futebol do Rio Grande do Norte (atual Ciência no Futebol), quando sempre
observava a ausência de critérios e indicadores de desempenho sistemáticos por parte dos
48
profissionais (observadores técnicos e técnicos). Assim, se for possível identificar quais as
características mais importantes dos jovens futebolistas a serem avaliadas nas categorias de base,
será possível selecionar ou criar testes adequados para tentar minimizar os erros nos processos
seletivos realizados pelos clubes e sistematizar as avaliações objetivando a subjetividade,
buscando quantificar as avaliações qualitativas
Além da relevância pessoal/profissional e da científica, ainda, uma relevância social
sobre este tema, que famílias que apresentam uma vulnerabilidade econômico-social e de um
baixo nível escolar estão investindo tudo que têm na formação desses candidatos a futuros atletas
sem saber em quais critérios os mesmos serão avaliados e quais as habilidades são necessárias
para que seus filhos obtenham êxito/sucesso em um processo seletivo
49
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Tipo de pesquisa
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritivo transversal, com grupo único, de campo,
observacional, diagnóstico e de caráter censitário.
4.2 Critérios de inclusão
poderiam participar do estudo, técnicos que entre os anos de 2007 e 2009 treinaram
clubes de futebol em campeonatos estaduais do Rio Grande do Norte em uma das 4 (quatro)
categorias de base (sub-13 ou mirim, sub-15 ou infantil, sub-17 ou juvenil e sub-20 ou juniores)
do Estado.
4.3 Estudos piloto
A proposta teve 2 (dois) estudos piloto, o primeiro realizado em junho/julho de 2007, com
29 (vinte e nove) técnicos das categorias sub-13 e sub-17, cujos dados coletados foram tabulados
e organizados em planilhas com vistas à descrição, sendo elaborado um conjunto de descritores
do comportamento.
Como foram verificados alguns problemas nas respostas e na forma de aplicação, além de
se conseguir categorizar as características descritas pelos técnicos e colocá-las em questões
fechadas, resolveu-se realizar outro estudo piloto aplicando as adequações realizadas no
questionário e no modo de aplicação. E nesse segundo estudo piloto, realizado em maio/junho de
2008, já com as reformulações realizadas com base nas observações, análises e descritores
50
encontrados no primeiro estudo, foram entrevistados 14 (quatorze) técnicos da categoria sub-15 e
sub-20.
4.4 População e amostra
Os 2 (dois) estudos piloto, realizados em junho/julho de 2007 (sub-13 e sub-17) e
maio/junho de 2008 (sub-15 e sub-20), foram de caráter censitário. Assim como esse estudo, que
buscou atingir a totalidade (Censo) dos técnicos das equipes que participaram dos campeonatos
estaduais de futebol das 4 (quatro) categorias de base (sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20)
existentes no Estado do Rio Grande do Norte.
No primeiro estudo piloto, foram entrevistados 29 (vinte e nove) técnicos, no segundo
foram entrevistados 14 (quatorze) técnicos e no estudo atual, 46 (quarenta e seis) técnicos, com
médias de idade e tempo de experiência como técnico, respectivamente iguais a 43,4 anos e 10,6
anos e desvios-padrões, respectivamente iguais a 11,74 anos e 8,20 anos de um total de 54
(cinquenta e quatro possíveis), mas os 8 (oito) não foram localizados (não-resposta). Daí, foi se
buscar, nos estudos pilotos, as respostas destes oito técnicos que não foram localizados com o
intuito de saber se suas respostas destoavam das respostas dos demais técnicos para saber se eles
interfeririam nos resultados desse estudo caso conseguissem ser entrevistados, inviabilizando a
inferência e não permitindo a generalização para os técnicos das categorias de base do RN.
Analisando tais respostas, percebeu-se que as mesmas não divergiam e por isso pôde-se
considerar este estudo censitário.
4.5 Instrumentos de coleta de dados
Inicialmente, no primeiro estudo piloto, utilizou-se um questionário semi-estruturado.
no segundo estudo piloto utilizou-se um questionário estruturado elaborado a partir dos dados
51
coletados e categorizados no primeiro estudo piloto. Por fim, um novo questionário foi gerado,
com base nos dois estudos piloto, e utilizado no estudo atual.
O questionário do primeiro estudo piloto conteve somente questões abertas, pois não se
tinha parâmetros de quais características os cnicos poderiam avaliar em seus jogadores. o
questionário do segundo estudo piloto conteve questões abertas, fechadas dicotômicas e fechadas
de múltiplas escolhas com múltiplas respostas. O questionário final continha questões abertas
(tempo de experiência como técnico, tempo de experiência como técnico no clube, dentre outras),
fechadas dicotômicas (foi jogador profissional de futebol e motivação) e fechadas de múltiplas
escolhas com múltiplas respostas (aspectos de condição física, de habilidade, dentre outras).
Para visualizar os questionários utilizados nos 3 (três) estudos ver ANEXOS.
4.6 Procedimentos de coleta de dados
No primeiro estudo piloto, o próprio autor deste trabalho foi responsável pelas entrevistas,
as quais foram realizadas nos estádios de futebol onde ocorreram os jogos, antes ou após os
mesmos. E o entrevistado respondeu de próprio punho ao questionário.
No segundo estudo, o autor contratou entrevistadores, os quais foram treinados por ele e,
em duplas mistas (um entrevistador e uma entrevistadora), que ficaram responsáveis pela coleta
de dados conforme o estudo piloto antes ou após os jogos, nos Estádios onde os mesmos
ocorreram. A idéia de duplas mistas ocorreu por três motivos: primeiro, se fosse um
entrevistador do sexo masculino poderia haver uma maior rejeição a responder à pesquisa;
segundo, se fosse só a entrevistadora do sexo feminino poderia correr o risco de sofrer assédio; e
terceiro a entrevista pode ser mais rápida e eficiente quando um integrante da dupla pergunta
enquanto o outro faz as anotações.
52
No estudo atual, o autor teve que contatar os técnicos por telefone e marcar entrevistas em
diversos locais (residências, locais de trabalho e locais de estudo) e horários, como melhor
conviesse ao entrevistado. Além de conseguir algumas entrevistas indo aos locais dos jogos do
campeonato estadual sub-15 de futebol do ano de 2009, o qual teve início em abril do mesmo
ano. As entrevistas foram realizadas em dupla, sendo composta por um entrevistador e uma
auxiliar, com exceção de uma entrevista realizada por telefone.
4.7 Instrumentos e procedimentos para análise de dados
Foram utilizados os softwares SPSS (Statistical Package for the Social Science) for
Windows 11.0 e o Microsoft Excel 2007 para análise e tabulação dos dados, gerando gráficos e
tabelas, gerando estatísticas descritivas com totais, percentuais, medidas de tendência central
(média) e de dispersão (desvio-padrão). Como o estudo pôde ser considerado censitário, não foi
necessário realizar testes estatísticos para verificar a possível generalização da amostra para a
população. Então a inferência foi realizada com base nas estatísticas descritivas tabuladas em
números e em percentuais.
53
5 RESULTADOS
5.1 Resultados dos Estudos piloto
Com os resultados obtidos no primeiro estudo piloto tentou-se comparar as características
avaliadas, no processo de seleção de jovens futebolistas, por técnicos com mais e menos tempo
de experiência na função. Além de, também, comparar as características avaliadas pelos técnicos
de duas diferentes categorias de base, a sub-13 e sub-15.
Os resultados são apresentados abaixo:
Gráfico 1 – Características observadas por técnicos da categoria sub-13
54
Gráfico 2 – Características observadas por técnicos da categoria sub-17
Como várias das respostas categorizadas possuíam a mesma característica e isso
dificultava o entendimento, resolveu-se ajustá-los e categorizá-los tomando os formatos dos
gráficos 3 e 4.
55
Gráfico 3 – Características observadas por técnicos da categoria sub-13 (ajustado)
Gráfico 4 – Características observadas por técnicos da categoria sub-17 (ajustado)
56
Os resultados (dados ajustados) encontrados no Estudo piloto demonstram que os técnicos
da categoria sub-13 com 2 anos ou menos de experiência (6 técnicos) observam em seus
jogadores, as características de habilidade e comportamento, habilidade e vontade e outras;
enquanto que os com experiência entre 2 e 5 anos (3 técnicos), observam habilidade e condição
física, habilidade e comportamento e outras; já os com experiência entre 5 e 10 anos (3 técnicos),
observam a habilidade e o comportamento; e os com 10 anos ou mais de experiência (5 técnicos),
observam a habilidade, o comportamento, habilidade e condição física, habilidade e vontade e
outras.
Por sua vez os técnicos da categoria sub-17 com 2 anos ou menos de experiência (3
técnicos), observam em seus jogadores, diversas características (outras); os com experiência entre
5 e 10 anos (2 técnicos), observam habilidade, condição física e coletividade e outras; e os com
10 anos ou mais de experiência (7 técnicos), observam a habilidade, o comportamento, habilidade
e condição física, habilidade e comportamento, habilidade, condição física e coletividade e
outras.
No segundo Estudo piloto os resultados serão apresentados em 4 (quatro) tabelas.
Na tabela 1, como se pode perceber, dos 14 técnicos entrevistados, 1 (um) possuía ensino
fundamental incompleto, 1 (um) possuía ensino médio incompleto, 14 (quatorze) possuía ensino
médio completo e 2 (dois) possuía ensino superior incompleto.
Tabela 1 – Número de técnicos da categoria sub-15 e nível de escolaridade
Escolaridade f
Ensino Fundamental Incompleto 1
Ensino Médio Incompleto
1
Ensino Médio Completo
10
Ensino Superior Incompleto 2
57
Na tabela 2, como se pode perceber, dos 14 (quatorze) técnicos, 8 (oito) descreveram a
estatura, 2 (dois) descreveram a massa muscular, 3 (três) descreveram a resistência, 4 (quatro)
descreveram a velocidade e 1 (um) descreveu a impulsão vertical como um aspecto importante da
característica condição física a ser avaliado em um processo seletivo de futebolistas das
categorias de base. Ou seja, a maioria dos técnicos considera a estatura o aspecto mais importante
de condição física a ser avaliado em um processo seletivo.
Tabela 2 – Número de técnicos da categoria sub-15 e aspectos de condição física
Condição Física f
Estatura
8
Massa Muscular
2
Resistência
3
Velocidade
4
Impulsão Vertical 1
Na tabela 3, como se pode perceber, dos 14 (quatorze) técnicos, 6 (seis) descreveram o
chute como um aspecto importante da habilidade a ser avaliado em um processo seletivo de
futebolistas das categorias de base, 12 (doze) descreveram o passe, 10 (dez) descreveram o
domínio, 6 (seis) apontaram a condução, 6 (seis) descreveram o drible, 7 (sete) descreveram o
controle, 10 (dez) descreveram os aspectos táticos e 10 (dez) descreveram a visão de jogo. Ou
seja, o aspecto considerado mais importante de se avaliar em um processo seletivo foi o passe,
seguido por domínio, aspectos táticos e visão de jogo.
58
Tabela 3 – Número de técnicos da categoria sub-15 e habilidade
Habilidade f
Chute
6
Passe
12
Domínio
10
Condução
6
Drible
6
Controle
7
Aspectos táticos
10
Visão de jogo 10
Na tabela 4, como se pode perceber, dos 14 (quatorze) técnicos, 11 (onze) afirmaram
utilizar apenas a observação como todo de avaliação em um processo seletivo de futebolistas
das categorias de base, nenhum afirmou utilizar apenas testes e 3 (três afirmaram utilizar
observação associada a testes. Ou seja, a maioria dos técnicos afirmaram utilizar apenas a
observação em um processo seletivo.
Tabela 4 – Número de técnicos da categoria sub-15 e métodos de avaliação
Métodos de Avaliação f
Observação
11
Testes
0
Observação e testes 3
5.2 Resultados do estudo
Resultados obtidos nesse estudo serão disponibilizados abaixo em tabelas e gráficos para
facilitar o entendimento. A apresentação dos resultados iniciará (tabelas de 1 a 6 e gráficos de 1 a
6) com resultados referentes ao perfil dos técnicos e posteriormente (tabelas 7 a 15 e gráficos 7 a
15) serão descritos e ilustrados as características que eles observam quando realizam os processos
seletivos (peneiras ou peneirões).
A tabela 5 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 7 (sete)
possuem idade entre 20 (vinte) e 29 (vinte e nove) anos, 10 (dez) possuem idade entre 30 (trinta)
59
e 39 (trinta e nove) anos, 15 (quinze) possuem idade entre 40 (quarenta) e 49 (quarenta e nove)
anos, 10 (dez) possuem idade entre 50 (cinquenta) e 59 (cinquenta e nove) anos e 4 (quatro)
possuem idade acima de 60 (sessenta) anos. Ou seja, a faixa etária que predomina é dos 30 aos 59
anos, onde estão contidos 35 técnicos.
Tabela 5 – Número de técnicos por faixa etária
Faixas Etárias f F%
20 – 29 7 15,2
30 – 39 10 21,7
40 – 49 15 32,6
50 – 59 10 21,7
60 ou mais 4 8,7
TOTAL 46 100
No gráfico 5 pode-se perceber a informação da tabela 5 em percentuais, dos quais 76%
dos técnicos estão entre 30 e 59 anos.
Gráfico 5 – Percentuais de técnicos por faixa etária
60
A tabela 6 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 5 (cinco)
possuem nível fundamental incompleto, 6 (seis) possuem nível fundamental completo, 5 (cinco)
possuem nível médio incompleto, 16 (dezesseis) possuem nível médio completo, 3 (três)
possuem nível superior incompleto (considerados somente os que abandonaram seus cursos), 5
(três) possuem nível superior cursando (considerados somente os que continuam cursando seus
cursos), 4 (um) possui nível superior completo (considerados somente os que concluíram a
graduação, mas não fizeram nenhuma pós-graduação) e 2 (dois) possuem nível especialização
(considerados somente os que concluíram a graduação e concluíram ao menos uma pós-
graduação). Ou seja, a escolaridade que conteve a maioria dos técnicos foi o nível médio
completo, que apresentou 16 técnicos.
Tabela 6 – Número de técnicos por nível de escolaridade
Escolaridade f f%
Fundamental Incompleto 5 10,9
Fundamental Completo 6 13,0
Médio Incompleto 5 10,9
Médio Completo 16 34,8
Superior Incompleto 3 6,5
Superior Cursando 5 10,9
Superior Completo 4 8,7
Especialização 2 4,3
TOTAL 46 100
No gráfico 6 pode-se perceber a informação da tabela 6 em percentuais, dos quais 34,87%
dos técnicos apresentam nível médio completo.
61
Gráfico 6 – Percentuais de técnicos por nível de escolaridade
A tabela 7 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 4
(quatro) possuem menos de 3 (três) anos de experiência como técnico, 16 (dezesseis) possuem
entre 3 (três) e 6 (seis) anos de experiência, 6 (seis) possuem entre 7 (sete) e 10 (dez) anos de
experiência e 20 (vinte) possuem mais de 10 (dez) anos de experiência como técnico. Ou seja,
pode-se perceber claramente que duas gerações bem definidas de técnicos no Rio Grande do
Norte. A primeira é a dos veteranos, que ainda é a maior parcela, com 20 técnicos possuindo mais
de 10 anos de experiência. E a segunda, com uma parcela significativa, 16 técnicos possuindo
entre 3 e 6 anos de experiência.
Tabela 7 – Número de técnicos por tempo de experiência
Tempo de Experiência como técnico (anos) F f%
Menos de 3 4 8,7
Entre 3 e 6 16 34,8
Entre 7 e 10 6 13,0
Mais de 10 20
43,5
TOTAL 46 100
62
No gráfico 7 pode-se perceber a informação da tabela 7 em percentuais, dos quais 43,5%
dos técnicos possuem mais de 10 anos de experiência.
Gráfico 7 – Percentuais de técnicos por tempo de experiência como técnico
A tabela 8 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 9 (nove)
estavam sem clube, 18 (dezoito) estavam no clube atual menos de 3 (três) anos como cnico,
8 (oito) estavam no clube de 3 (três) a 6 (seis) anos, 4 (quatro) estavam no clube de 7 (sete) a 10
(dez) anos e 7 (sete) estavam no clube mais de 10 (dez) anos como técnico. Ou seja, pode-se
perceber que a maioria (18 técnicos) ou está sem clube ou está há menos de 3 anos no clube e que
9 (nove) técnicos estavam sem clube. Isso demonstra que há uma alta rotatividade dos técnicos e
uma instabilidade de emprego nas categorias de base dos clubes de futebol do Rio Grande do
Norte. Um resultado como esse, de alta rotatividade, é muito comum nas categorias profissionais,
63
mas nas categorias de base, chama muita atenção, que esses treinadores são responsáveis pela
formação de jovens futebolistas.
Tabela 8 – Número de técnicos por tempo no clube
Tempo que está nesse clube (anos) f f%
Sem clube 9 19,6
Menos de 3 18 39,1
Entre 3 e 6 8 17,4
Entre 7 e 10 4 8,7
Mais de 10
7 15,2
TOTAL 46 100
No gráfico 8 pode-se perceber a informação da tabela 8 em percentuais, dos quais 39,1%
dos técnicos estavam no clube a menos de 3 anos.
Gráfico 8 – Percentuais de técnicos por tempo no clube
Em relação à questão sobre ter atuado ou não profissionalmente como jogador, temos que
dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 27 (vinte e sete) ou 58,7% foram jogadores
profissionais de futebol e 19 (dezenove) 41,3% não foram. Ou seja, pode-se perceber que apesar
64
da maioria (27 técnicos) ter sido jogador profissional, esse não é um fator determinante para que
se exerça a profissão de treinador de futebol no Rio Grande do Norte, que um elevado número
(19 técnicos) não foi jogador profissional e trabalha na área.
A tabela 9 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 2 (dois)
possuem menos de 3 (três) anos de experiência como jogador, 10 (dez) possuem de 3 (três) a 6
(seis) anos, 4 (quatro) possuem de 7 (sete) a 10 (dez) anos e 30 (trinta) possuem mais de 10 (dez)
anos de experiência como jogador. Ou seja, pode-se perceber que a maioria (30 técnicos) possui
mais de 10 anos de experiência como jogador (amador ou profissional).
Tabela 9 – Número de técnicos por tempo de experiência como jogador
Tempo de Experiência como jogador (anos) f f%
Menos de 3 2 4,3
Entre 3 e 6 10 21,7
Entre 7 e 10 4 8,7
Mais de 10
30 65,2
TOTAL 46 100
No gráfico 9 pode-se perceber a informação da tabela 10 em percentuais, dos quais 65,2%
dos técnicos possuem mais de 10 anos de experiência como jogador (amador ou profissional).
65
Gráfico 9 – Percentuais de técnicos por tempo de experiência como jogador
Para finalizar a parte dos resultados em relação ao “perfil” dos técnicos, resolveu-se
pesquisar qual o número de técnicos que estaria atualmente habilitado (registro junto ao Conselho
Federal de Educação Física-CONFEF pelo Sistema CONFEF/CREFs). Também se verificou em
que tipos de habilitações (Provisionado ou Graduado) os técnicos se incluíam, que pela lei
9.696/98, a qual trata da regulamentação da Educação Física no Brasil, Profissionais de Educação
Física legalmente habilitados têm por obrigatoriedade registrarem-se junto ao CONFEF. E para
tanto, é preciso que se saiba que dois tipos de Profissionais têm direito a esse registro, os
graduados em Curso Superior de Educação Física e os não graduados em Educação Física que
tinham exercido a profissão pelo menos 3 (três) anos antes da aprovação da Lei em 1998, ou
seja, profissionais que até 1995 já trabalhavam na área e que fizerem um curso de atualização
promovido pelo Sistema CONFEF/CREFs.
66
Então, como se verificou nesse estudo que apenas 6 (seis) dos 46 (quarenta e seis)
técnicos tinham curso superior concluído (sem ou com especialização) decidiu-se investigar sobre
a legalidade do exercício profissional.
A tabela 10 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 2 (dois)
apresentam-se registrados como graduados e 5 (cinco) apresentam-se registrados como
provisionados no Sistema CONFEF/CREFs. O que faz com que os resultados sejam ainda mais
preocupantes tendo em vista a possível deficiência em conhecimentos que esses profissionais
possam ter.
Tabela 10 – Número de técnicos e registro profissional (CONFEF/CREFs)
Regularização Profissional f f%
Não tem 39 84,8
Provisionado 5 10,9
Graduado 2 4,3
TOTAL 46 100
Os resultados a seguir ilustram as características observadas pelos técnicos quando
realizam os processos seletivos.
A tabela 11 permite visualizar que dos 46 (trinta e um) técnicos entrevistados, 29 (vinte e
nove) descreveram a estatura como um aspecto da característica condição física a ser avaliado em
um processo, 16 (dezesseis), descreveram a impulsão vertical, 18 (dezoito) descreveram a massa
muscular, 10 (dez) descreveram o percentual de gordura, 26 (vinte e seis) descreveram a
resistência e 34 (trinta e quatro) descreveram a velocidade como um aspecto da característica a
ser avaliado em um processo seletivo. Ou seja, pode-se perceber que o aspecto da característica
de condição física mais descrita foi a velocidade (34 técnicos), seguido da estatura (29 técnicos) e
da resistência (26 técnicos).
67
Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada técnico podia
citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas respostas.
Tabela 11 - Número de técnicos e os aspectos de condição física
Condição Física f f%
Estatura 29
63,0
Impulsão vertical 16
34,8
Massa muscular 18
39,1
Percentual de gordura 10
21,7
Resistência 26
56,5
Velocidade 34
73,9
Outras 0 0,0
No gráfico 10 pode-se perceber a informação da tabela 11 em percentuais, dos quais
73,9% dos técnicos descreveram a velocidade como o aspecto da característica de condição física
a ser avaliado em um processo seletivo, seguido pela estatura com 63% e da resistência com
56,5% dos técnicos descrevendo-as.
Gráfico 10- Percentuais de técnicos e os aspectos de condição física
68
Em relação à questão sobre a característica motivação para realização das atividades
profissionais, temos que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 39 (trinta e nove) ou
84,8% disseram ter a motivação dos jogadores como um dos critérios de seleção e 7 (sete) ou
15,2% disseram não utilizá-lo. Ou seja, com um número surpreendentemente alto de treinadores
afirmando que essa característica é importante, é evidente a necessidade de uma sistematização
do processo de identificação da mesma.
Em relação à questão sobre a característica afiliação, temos que dos 31 (trinta e um)
técnicos entrevistados, 11 (onze) ou 23,9% afirmaram que os contatos sociais (falta de
companheirismo e coletividade) fora de campo seriam um aspecto da característica afiliação
importante de seleção de futebolistas das categorias de base e 16 (dezesseis) ou 34,8% afirmaram
que a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais (individualismo dentro
de campo) seria um aspecto importante de tal característica para a essa seleção. Ou seja, pode-se
perceber que o aspecto mais importante nessa característica está relacionado ao que se passa
dentro das quatro linhas do campo. Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no
questionário, cada técnico podia citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas
respostas.
A tabela 12 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 45
(quarenta e cinco) afirmaram que o respeito aos colegas de clube é um aspecto importante da
característica comportamento no processo seletivo de futebolistas das categorias de base, 41
(quarenta e um) afirmaram que o respeito aos horários é um aspecto importante para tal processo
e 46 (quarenta e seis) afirmaram que o respeito à comissão técnica é um aspecto importante do
comportamento no processo seletivo de futebolistas das categorias de base. Ou seja, pode-se
perceber que a característica comportamento (disciplina) precisa ter sua avaliação sistematizada,
minimizando as subjetividades no processo de seleção desses jovens.
69
Vale reforçar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada técnico podia
citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas respostas.
Tabela 12 - Número de técnicos e aspectos do comportamento
Comportamento f f%
Respeito aos colegas de clube/equipe 45
97,8
Respeito aos horários 41
89,1
Respeito à comissão técnica 46
100,0
Para uma melhor apresentação dos resultados na tabela 13, resolveu-se remover da
característica habilidade, dois aspectos, a visão de jogo e os aspectos táticos que possuem
subitens e detalhá-los posteriormente, deixando na tabela 13 apenas os fundamentos técnicos da
modalidade em questão.
Portanto, a tabela 13 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos
entrevistados, 31 (trinta e um) descreveram o chute como um fundamento técnico importante a
ser considerado em um processo seletivo de jovens futebolistas, 30 (trinta) descreveram a
condução, 29 (vinte e nove) descreveram o controle, 34 (trinta e quatro) descreveram o domínio,
31 (trinta e um) descreveram o drible e 43 (quarenta e três) descreveram o passe como sendo um
fundamento técnico importante da característica habilidade em um processo seletivo de
futebolistas das categorias de base. Ou seja, pode-se perceber que o fundamento técnico mais
descrito pelos técnicos foi o passe, com quase a totalidade dos técnicos descrevendo-o. Outras
observações importantes a se fazer sobre esse resultado foi em relação ao elevado número de
respostas no fundamento técnico domínio e ao, relativamente, baixo número de respostas no
fundamento técnico drible, que é considerado informalmente como a maior habilidade de um
jogador. Além de, normalmente, os jogadores que o realizam com maestria terem os mais altos
70
salários e os melhores contratos (dos três mais bem pagos, dois - Messi e Ronaldinho - o
conhecidos como grandes “dribladores”).
Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada técnico podia
citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas respostas.
Tabela 13 - Número de técnicos e fundamentos técnicos
Habilidade f f%
Chute 31
67,4
Condução 30
65,2
Controle 29
63,0
Domínio 34
73,9
Drible 31
67,4
Passe 43
93,5
No gráfico 11 pode-se perceber a informação da tabela 13 em percentuais, dos quais
93,5% dos técnicos descreveram o passe como o fundamento técnico da característica habilidade
a ser avaliado em um processo seletivo, seguido pelo domínio com 73,9% dos técnicos
descrevendo-o.
71
Gráfico 11 - Percentuais de técnicos e fundamentos técnicos
Em relação à questão do aspecto visão de jogo da característica habilidade, temos que dos
46 (quarenta e seis) cnicos entrevistados, 34 (trinta e quatro) ou 73,9% descreveram a visão de
jogo em relação ao deslocamento da bola e 43 (quarenta três) ou 93,5% descreveram a visão de
jogo em relação ao deslocamento do companheiro como importantes a serem avaliadas em uma
seleção de futebolistas. Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada
técnico podia citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas respostas.
Em relação à questão sobre os aspectos táticos, temos que dos 46 (quarenta e seis)
técnicos entrevistados, 44 (quarenta e quatro) descreveram algum aspecto tático defensivo e 46
(quarenta e seis) descreveram algum aspecto tático ofensivo como critérios para seleção de
futebolistas, o que nos leva a crer, apesar da pequena diferença, que ocorre devido a uma maior
valorização do setor de ataque nas formações das equipes. E consequentemente jogadores de
posições mais ofensivas tendem a ser mais observados e levar vantagem nas seleções realizadas
72
pelos clubes. Basta observar os jogadores mais bem pagos do mundo que foram citados
anteriormente. Na questão referente a essa tabela, no questionário, cada cnico podia citar mais
de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas respostas.
A tabela 14 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 37
(trinta e sete) descreveram a antecipação como um aspecto tático defensivo importante a servir
como critério de seleção de futebolistas das categorias de base, 31 (trinta e um) descreveu a
cobertura, 34 (trinta e quatro) descreveram o desarme e 38 (trinta e oito) descreveram a marcação
como aspecto tático defensivo importante no processo seletivo. Ou seja, pode-se perceber que
entre os aspectos táticos defensivos, a marcação foi o mais descrito pelos técnicos, seguido pela
antecipação. No questionário, cada técnico podia citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era
de múltiplas respostas.
Tabela 14 - Número de técnicos e aspectos táticos defensivos
Aspectos táticos defensivos f f%
Antecipação 37
80,4
Cobertura 31
67,4
Desarme 34
73,9
Marcação 38
82,6
No gráfico 12 pode-se perceber a informação da tabela 14 em percentuais, dos quais
82,6% dos técnicos descreveram a marcação como o mais importante aspecto tático defensivo a
ser observado em um processo seletivo de futebolistas das categorias de base, seguido pela
antecipação com 80,4% dos técnicos assinalando-a.
73
Gráfico 12 - Percentuais de técnicos e aspectos táticos defensivos
A tabela 15 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 33
(trinta e três) descreveram a assistência como um aspecto tático ofensivo importante a servir
como critério de seleção de futebolistas das categorias de base, 41 (quarenta e um) descreveram a
criatividade, 28 (vinte e oito) descreveram a desmarcação, 30 (trinta) descreveram o drible
progressivo e 36 (trinta e seis) descreveram o preenchimento dos espaços vazios como aspecto
tático ofensivo importante no processo seletivo. Ou seja, pode-se perceber que entre os aspectos
táticos ofensivos, a criatividade foi o mais apontado pelos técnicos.
Tabela 15 - Número de técnicos e aspectos táticos ofensivos
Aspectos táticos ofensivos f f%
Assistência 33
71,7
Criatividade 41
89,1
Desmarcação 28
60,9
Drible progressivo 30
65,2
Preenchimento dos espaços vazios 36
78,3
74
No gráfico 13 pode-se perceber a informação da tabela 15 em percentuais, dos quais
89,1% dos técnicos descreveram a criatividade como o mais importante aspecto tático ofensivo a
ser observado em um processo seletivo de futebolistas das categorias de base.
Gráfico 13 - Percentuais de técnicos e aspectos táticos ofensivos
Finalizada a apresentação dos resultados referentes às características observadas pelos
técnicos quando realizam os processos seletivos, será apresentada nesse momento, a tabela 16, a
qual ilustrará quais os métodos de avaliação são utilizados por esses técnicos para realização de
tais processo seletivos.
Então, a tabela 16 permite visualizar, que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados,
40 (quarenta) afirmaram utilizar apenas a observação (avaliação subjetiva) para avaliar os
desempenhos esportivos dos jovens futebolistas que participam de processos seletivos das
categorias de base dos clubes de futebol; 4 utilizam a observação aliada à verificação da estatura;
75
e 2 utilizam a observação aliada a testes de habilidade. Ou seja, pode-se perceber que o método
de avaliação maciçamente mais utilizado no processo de seleção desses jovens é o subjetivo, o
qual conta com 87% dos técnicos entrevistados nesse estudo.
Tabela 16 - Número de técnicos e métodos de avaliação que utilizam
Métodos de avaliação f f%
Observação 40
87,0
Observação e Verificação de Estatura 4 8,7
Observação e Testes de Habilidade 2 4,3
TOTAL 46
100
Outras análises feitas tomaram por base cruzamentos da variável tempo de experiência
como técnico (anos) e as características e seus respectivos aspectos como serão descritos a seguir.
Na tabela 17, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, 2 descreveram a estatura como um aspecto da característica condição física a ser
levado em consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base, 1 a impulsão
vertical, 1 a massa muscular, 2 o percentual de gordura, 2 a resistência e 3 a velocidade; dos 16
técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 11 descreveram a estatura, 4 a impulsão vertical, 6 a
massa muscular, 3 o percentual de gordura, 11 a resistência e 12 a velocidade; dos 6 técnicos com
experiência entre 7 e 10 anos, 5 descreveram a estatura, 4 a impulsão vertical, 3 a massa
muscular, 1 o percentual de gordura, 3 a resistência e 5 a velocidade; e dos 20 técnicos com mais
de 10 anos de experiência, 11 descreveram a estatura, 7 a impulsão vertical, 8 a massa muscular,
4 o percentual de gordura, 10 a resistência e 14 a velocidade. O que revela que a velocidade foi o
aspecto mais descrito em todas as faixas de tempo de experiência, seguida da estatura.
76
Tabela 17 - Número de técnicos por tempo de experiência e condição física
Estatura
Impulsão
vertical
Massa
muscular
Percentual
gordura
Resistência
Velocidade
< 3 2 1 1 2 2 3
3 a 6 11 4 6 3 11 12
7 a 10 5 4 3 1 3 5
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 11 7 8 4 10 14
TOTAL 29 16 18 10 26 34
No gráfico 14 pode-se perceber a informação da tabela 17 em percentuais, onde se pode
visualizar que no aspecto velocidade, 75% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência,
75% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 83,3% dos técnicos com experiência entre 7 e
10 anos e 70% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência a descreveram como aspecto
importante da característica condição física no processo seletivo de jovens futebolistas.
Gráfico 14 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e condição física
Na tabela 18, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, 4 descreveram a motivação para realização de atividades profissionais como uma
77
característica a ser levada em consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de
base; dos 16 técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 15 a descreveram como importante; dos 6
técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, 3 a descreveram como importante; e dos 20 técnicos
com mais de 10 anos de experiência, 17 a descreveram como uma característica importante na
seleção de jovens futebolistas. O que revela que a motivação só não foi descrita como importante,
pela maioria, na categoria dos técnicos com experiência entre 7 e 10 anos.
Tabela 18 - Número de técnicos por tempo de experiência e motivação
Sim Não
< 3 4 0
3 a 6 15 1
7 a 10 3 3
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 17 3
TOTAL 39 7
No gráfico 15 pode-se perceber a informação da tabela 18 em percentuais, onde se pode
visualizar que 100% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência, 93,8% dos técnicos com
experiência entre 3 e 6 anos, 50% dos técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 85% dos
técnicos com mais de 10 anos de experiência, descreveram a motivação para realização de
atividades profissionais como uma característica importante a ser avaliada no processo seletivo
de jovens futebolistas.
78
Gráfico 15 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e motivação
Na tabela 19, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, nenhuma descreveu os contatos sociais como um aspecto da característica afiliação a
ser levado em consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base e 2
descreveram a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais; dos 16
técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 4 descreveram os contatos sociais e 5 a percepção das
relações com os demais nas atividades profissionais; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10
anos, 1 descreveu os contatos sociais e 1 a percepção das relações com os demais nas atividades
profissionais; e dos 20 técnicos com mais de 10 anos de experiência, 6 descreveram os contatos
sociais e 8 a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais. O que revela que
o aspecto da característica afiliação mais importante, independente dos tempos de experiência dos
técnicos, é a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais, ou seja, uma
maior preocupação com o coletivo ou coletividade dentro de campo que fora dele.
79
Tabela 19 - Número de técnicos por tempo de experiência e afiliação
Contatos
Sociais
Percepção das relações com os
demais nas atividades profissionais
< 3 0 2
3 a 6 4 5
7 a 10 1 1
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 6 8
TOTAL 11 16
No gráfico 16 pode-se perceber a informação da tabela 19 em percentuais, onde se pode
visualizar que 50% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência, 31,3% dos técnicos com
experiência entre 3 e 6 anos, 16,7% dos técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 40% dos
técnicos com mais de 10 anos de experiência descreveram a percepção das relações com os
demais nas atividades profissionais como aspecto importante da característica afiliação no
processo seletivo de jovens futebolistas.
Gráfico 16 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e afiliação
80
Na tabela 20, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, todos descreveram o respeito aos colegas de clube como um aspecto da característica
comportamento a ser levado em consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias
de base, 3 o respeito aos horários e todos descreveram o respeito à comissão técnica; dos 16
técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 15 descreveram o respeito aos colegas de clube como
um aspecto da característica comportamento a ser levado em consideração no processo seletivo
de futebolistas das categorias de base, 15 o respeito aos horários e todos descreveram o respeito à
comissão técnica; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, todos descreveram o respeito
aos colegas de clube como um aspecto da característica comportamento a ser levado em
consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base, todos o respeito aos
horários e todos descreveram o respeito à comissão técnica; e dos 20 técnicos com mais de 10
anos de experiência, todos descreveram o respeito aos colegas de clube como um aspecto da
característica comportamento a ser levado em consideração no processo seletivo de futebolistas
das categorias de base, 17 o respeito aos horários e todos descreveram o respeito à comissão
técnica. O que revela que o respeito à comissão técnica foi o aspecto mais descrito em todas as
faixas de tempo de experiência, chegando à unanimidade em todas as categorias de tempo de
experiência.
Tabela 20 - Número de técnicos por tempo de experiência e comportamento
Respeito aos
colegas
Respeito aos
horários
Respeito à
comissão técnica
< 3 4 3 4
3 a 6 15 15 16
7 a 10 6 6 6
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 20 17 20
TOTAL 45 41 46
81
No gráfico 17 pode-se perceber a informação da tabela 20 em percentuais, onde se pode
visualizar que o aspecto respeito à comissão técnica obteve a unanimidade em todas as categorias
de tempo de experiência na característica comportamento, sendo considerada essencial no
processo seletivo de jovens futebolistas.
Gráfico 17 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e comportamento
Na próxima tabela, dois aspectos (visão de jogo e aspectos táticos) foram retirados para
melhor detalhamento em tabelas seguinte, que se subdividem em subitens. Portanto, serão
apresentados apenas os fundamentos técnicos do futebol inicialmente e os demais nas próximas
tabelas.
Na tabela 21, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, nenhum descreveu o chute como um aspecto da característica habilidade a ser levado
em consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base, 1 a condução, 1 o
82
controle, nenhum o domínio, 2 o drible e 2 o passe; dos 16 técnicos com experiência entre 3 e 6
anos, 7 descreveram o chute, 11 a condução, 11 o controle, 12 o domínio, 10 o drible e 15 o
passe; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, 5 descreveram o chute, 4 a condução, 4
o controle, 3 o domínio, 6 o drible e todos o passe; e dos 20 técnicos com mais de 10 anos de
experiência, 19 descreveram a estatura, 14 a condução, 13 o controle, 19 o domínio, 13 o drible e
todos o passe. O que revela que o passe foi o aspecto mais descrito em todas as faixas de tempo
de experiência, chegado à unanimidade em 2 categorias de tempo de experiência.
Tabela 21 - Número de técnicos por tempo de experiência e fundamentos técnicos
Chute Condução Controle Domínio Drible Passe
< 3 0 1 1 0 2 2
3 a 6 7 11 11 12 10 15
7 a 10 5 4 4 3 6 6
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 19 14 13 19 13 20
TOTAL 31 30 29 34 31 43
No gráfico 18 pode-se perceber a informação da tabela 21 em percentuais, onde se pode
visualizar que no aspecto passe, 50% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência, 93,8%
dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 100% dos técnicos com experiência entre 7 e 10
anos e 100% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência o descreveram como aspecto
importante da característica habilidade no processo seletivo de jovens futebolistas.
83
Gráfico 18 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e fundamentos técnicos
Na tabela 22, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, todos descreveram o deslocamento da bola como um aspecto da característica visão
de jogo a ser levado em consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base e
2 descreveram o deslocamento do companheiro como aspecto importante para tal processo; dos
16 técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 10 descreveram o deslocamento da bola e todos o
deslocamento do companheiro; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, 4 descreveram
o deslocamento da bola e todos o deslocamento do companheiro; e dos 20 técnicos com mais de
10 anos de experiência, 16 descreveram o deslocamento da bola e 19 o deslocamento do
companheiro. O que revela que das 4 categorias de tempo de experiência, em 3 o deslocamento
do companheiro foi o aspecto mais descrito. A exceção ficou por parte da categoria com menos
de 3 anos de experiência, em que o aspecto mais descrito dói o deslocamento da bola.
84
Tabela 22 - Número de técnicos por tempo de experiência e visão de jogo
Deslocamento
da bola
Deslocamento
do companheiro
< 3 4 2
3 a 6 10 16
7 a 10 4 6
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 16 19
TOTAL 34 43
No gráfico 19 pode-se perceber a informação da tabela 22 em percentuais, onde se pode
visualizar que o aspecto deslocamento do companheiro, 50% dos técnicos com menos de 3 anos
de experiência, 100% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 100% dos técnicos com
experiência entre 7 e 10 anos e 95% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência o
descreveram como aspecto importante no processo seletivo de jovens futebolistas.
Gráfico 19 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e visão de jogo
85
Na tabela 23, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, todos descreveram a antecipação como um aspecto tático defensivo a ser levado em
consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base, 2 a cobertura, 2 o
desarme e 2 a marcação; dos 16 técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 14 descreveram a
antecipação, 9 a cobertura, 12 o desarme e 13 a marcação; dos 6 técnicos com experiência entre 7
e 10 anos, 4 descreveram a antecipação, 5 a cobertura, 4 o desarme e 5 a marcação; e dos 20
técnicos com mais de 10 anos de experiência, 15 descreveram a antecipação, 15 a cobertura, 16 o
desarme e 18 a marcação. O que revela, apesar da pouca diferença numérica, que as 2 categorias
com menos tempo de experiência descreveram a antecipação como sendo o aspecto tático
defensivo mais importante, diferentemente das 2 categorias com mais tempo de experiência, que
descreveram como aspecto tático defensivo mais importante a marcação.
Tabela 23 - Número de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos defensivos
Antecipação
Cobertura Desarme Marcação
< 3 4 2 2 2
3 a 6 14 9 12 13
7 a 10 4 5 4 5
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 15 15 16 18
TOTAL 37 31 34 38
No gráfico 20 pode-se perceber a informação da tabela 23 em percentuais, onde se pode
visualizar que no aspecto tático defensivo antecipação, 100% dos técnicos com menos de 3 anos
de experiência e 87,5% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, sendo o aspecto mas
importante para os técnicos com menos de 7 anos de experiência. Já no aspecto tático defensivo
marcação, 83,3% dos técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 90% dos técnicos com mais de
10 anos de experiência a descreveram como aspecto tático defensivo mais importante no processo
seletivo de jovens futebolistas.
86
Gráfico 20 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos defensivos
Na tabela 24, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, 2 descreveram a assistência como um aspecto tático ofensivo a ser levado em
consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base, todos a criatividade, 1 a
desmarcação, 2 o drible progressivo e 3 o preenchimento dos espaços vazios; 16 técnicos com
experiência entre 3 e 6 anos, 14 descreveram a assistência, 15 a criatividade, 7 a desmarcação, 10
o drible progressivo e 11 o preenchimento dos espaços vazios; dos 6 técnicos com experiência
entre 7 e 10 anos, 3 descreveram a assistência, 5 a criatividade, 3 a desmarcação, 3 o drible
progressivo e 5 o preenchimento dos espaços vazios; e dos 20 técnicos com mais de 10 anos de
experiência, 14 descreveram a assistência, 17 a criatividade, 17 a desmarcação, 15 o drible
progressivo e 17 o preenchimento dos espaços vazios. O que revela que a criatividade foi o
aspecto tático ofensivo mais descrito em todas as faixas de tempo de experiência, sendo
unanimidade nos técnicos com menos de 3 anos de experiência.
87
Tabela 24 - Número de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos ofensivos
Assistência
Criatividade
Desmarcação
Drible
progressivo
Preenchimento
espaços vazios
< 3 2 4 1 2 3
3 a 6 14 15 7 10 11
7 a 10 3 5 3 3 5
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 14 17 17 15 17
TOTAL 33 41 28 30 36
No gráfico 21 pode-se perceber a informação da tabela 24 em percentuais, onde se pode
visualizar que no aspecto tático ofensivo criatividade, 100% dos técnicos com menos de 3 anos
de experiência, 93,8% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 83,3% dos técnicos com
experiência entre 7 e 10 anos e 85% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência a
descreveram como aspecto importante no processo seletivo de jovens futebolistas.
Gráfico 21 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos ofensivos
88
Outra análise realizada foi verificada no cruzamento entre a variável tempo de experiência
como técnico (anos) e os métodos de avaliação que os técnicos das categorias de base utilizam
para selecionar jovens futebolistas para seus clubes, os quais serão descritos a seguir.
Na tabela 25, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, todos descreveram a observação como o método de avaliação que utilizam no
processo seletivo de futebolistas das categorias de base; dos 16 técnicos com experiência entre 3
e 6 anos, 14 descreveram a observação como método de avaliação que utilizam e 2 a observação
aliada à verificação da estatura; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, todos
descreveram a observação como método de avaliação utilizado; e dos 20 técnicos com mais de 10
anos de experiência, 16 descreveram a observação como método de avaliação utilizado, 2 a
observação aliada à verificação da estatura e 2 descreveram a observação aliada a testes de
habilidade. O que revela que o método mais utilizado independentemente do tempo de
experiência dos técnicos é a observação (avaliação subjetiva).
Tabela 25 - Número de técnicos por tempo de experiência e métodos de avaliação
Observação
Observação e verificação
da estatura
Observação e testes
de habilidade
< 3 4 0 0
3 a 6 14 2 0
7 a 10 6 0 0
Experiência
como
técnico
(anos)
> 10 16 2 2
TOTAL 40 4 2
No gráfico 22 pode-se perceber a informação da tabela 25 em percentuais, onde se pode
visualizar que o método de avaliação observação é utilizado por 100% dos técnicos com menos
de 3 anos de experiência, 87,5% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 100% dos
técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 80% dos técnicos com mais de 10 anos de
experiência como método de avaliação do desempenho esportivo de jovens futebolistas. E a
89
maior diversidade de respostas em relação ao método de avaliação utilizado foi encontrada nos
técnicos com mais de 10 anos de experiência.
Gráfico 22 - Percentuais de técnicos por tempo de experiência e métodos de avaliação
90
6 DISCUSSÃO
A partir dos resultados encontrados no primeiro estudo piloto podemos concluir que
quanto maior o tempo de experiência, maior a heterogeneidade de respostas, o que pode apontar
que cada um adota uma “filosofia de trabalho” diferente. Percebemos ainda que a característica
mais citada pelos técnicos em ambas as categorias é a habilidade, citada por 11 técnicos da sub-
13 e por 6 da sub-17; seguida, na sub-13, pela característica comportamento, que foi citada 5
vezes e pela categoria outras, na sub-17, citada 5 vezes.
Já de acordo com os resultados encontrados no segundo estudo piloto, o aspecto da
condição física mais descrita foi a estatura, o de habilidade foi o passe e o método de avaliação
mais utilizado pelos técnicos da categoria sub-15 é a observação. E depois de todos os ajustes
realizados no instrumento de coleta de dados, após os dois estudos piloto, os resultados mais
relevantes do estudo atual são:
- Em relação ao perfil sócio-profissional dos técnicos de futebol das categorias de base
do Rio Grande do Norte, temos que a faixa etária em que se situa a maior parte dos técnicos, é a
de 40 até 49 anos; que a maior parte possui ensino médio completo, seguida, das faixas etárias de
30 a 39 e de 50 a 59, que empataram em segunda posição; que a maior parte dos técnicos possui
mais de 10 anos de experiência, mas há uma boa parcela dos entrevistados que possuem entre 3 e
6 anos de experiência, o que demonstra haver 2 grupos bem distintos o da velha guarda”, que
comandou os últimos 20 anos do futebol do RN e o da “nova geração” assumindo o comando nos
gramados do RN; que a maior parte dos técnicos está a menos de 3 anos no clube e que uma
grande parte está desempregada, o que demonstra haver uma alta rotatividade nos clubes de
futebol do RN; que a maior parte dos técnicos foi jogador profissional de futebol, embora uma
91
grande parcela destes não ter sido, o que demonstra que ter sido jogador profissional não é um
fator determinante para atuar nessa área; que a maior parte dos técnicos o possui registro junto
ao Sistema CONFEF/CREFs, e estão consequentemente exercendo a profissão ilegalmente de
acordo com a regulamentação da profissão do Profissional de Educação Física.
- Em relação às características comportamentais que os técnicos utilizam para avaliar o
desempenho esportivo de jovens futebolistas das categorias de base do Rio Grande do Norte,
temos que o aspecto da condição física mais descrita foi a velocidade, seguido pela estatura na
segunda posição e a resistência na terceira, o que em parte corrobora com o que nos revela a
literatura (Weineck, 2000; Gomes & Ecichsen, 2004), onde os aspectos que deveriam ser
prioritariamente levados em consideração nesta característica são a velocidade e a estatura,
seguidos de massa muscular e impulsão vertical, e por último resistência e percentual de gordura.
Para tanto, a mais plausível e aceita na comunidade científica justificativa refere-se ao fato dos
primeiros aspectos serem fortemente determinados geneticamente e pouco treináveis e dos
últimos pouco determinados geneticamente e muito treináveis; no que se refere à motivação,
temos que a maior parte dos técnicos relatou que a mesma é importante no processo de seleção, o
que revela a necessidade de se avaliar tal característica de maneira sistemática e com auxílio de
um teste específico levando em conta - principalmente - a faixa etária e o nível de escolaridade
dos jovens futebolistas; em relação à característica afiliação, observou-se que a maior parte dos
entrevistados não acha importante avaliar tal característica no período de seleção de futebolistas;
na característica comportamento, notou-se que os aspectos respeito aos colegas de clube e
respeito aos horários quase atingiram a totalidade de respostas e que o aspecto respeito à
comissão técnica, o que demonstra a importância de se avaliar esses aspectos com mais
propriedade e sistematização que a simples observação; em relação à habilidade, temos que o
aspecto mais descrito foi o passe, obtendo quase a unanimidade de respostas, mas vale ressaltar
92
ainda, que todos os aspectos dessa característica foram descritos por mais de 63% dos
entrevistados, o que reforça a importância em se sistematizar a avaliação desses aspectos
respaldada por testes de habilidade, além da mera observação, possibilitando avaliações mais
precisas e pautadas no âmbito científico; na questão referente à visão de jogo, a maior parte dos
técnicos, com mais de 70% das respostas, descreveu que esse aspecto é importante tanto em
relação à bola quanto em relação ao companheiro; no que concerne aos aspectos táticos
defensivos, mais de 67% considerou algum dos itens, tendo a marcação sido o mais descrito e a
cobertura o menos descrito, o que revela a importância em se avaliar os aspectos táticos
defensivos com cautela e rigor; e por último, os aspectos táticos defensivos, em que mais de %
considerou algum dos itens, tendo a criatividade sendo o item mais descrito e a desmarcação o
item menos descrito, o que demonstra a necessidade em se avaliar de forma eficiente esses
aspectos.
- Em relação aos métodos comportamentais utilizados pelos técnicos utilizam para
avaliar o desempenho esportivo no processo seletivo, temos que o a maior parte dos entrevistados
utiliza apenas a observação para selecionar tais futebolistas, e isto é algo problemático, que
essa subjetividade gera uma dificuldade para que os técnicos justifiquem suas escolhas por um
jogador em detrimento do outro. Essa ausência de sistematização faz com que dêem respostas do
tipo: eu o escolhi porque jogou bem. Sem parâmetros sistemáticos e sem nenhum fundamento
científico.
E quando se observou e comparou os critérios comportamentais utilizados pelos técnicos
com diferentes tempos de experiência pôde-se verificar que:
- Na característica condição física não houve diferenças entre os aspectos mais
descritos pelos técnicos, que priorizaram a velocidade, seguida da estatura e da resistência,
divergindo nos últimos aspectos, onde os técnicos com menos de 3 anos de experiência,
93
descreveram o percentual de gordura como omais importante e os demais técnicos consideram
a massa muscular.
- Na característica motivação, os técnicos com experiência entre 7 e 10 anos destoaram
dos demais por apresentarem 50% das respostas como favoráveis à observação desta
característica no processo seletivo de jovens futebolistas.
- A característica afiliação não parece ser de fundamental importância no processo
seletivo, pois em nenhuma faixa de tempo de experiência, a mesma conseguiu superar os 50%.
- A característica comportamento obteve como aspecto principal, em todas as faixas de
tempo de experiência, o respeito à comissão técnica, seguida pelo respeito aos colegas de clube e
pelo respeito aos horários. Mas todos os aspectos tiveram mais de 70% de respostas.
- Na característica habilidade, o passe foi o aspecto mais descrito em todas as faixas de
tempo de experiência, e a partir daí os outros aspectos divergiram de categoria pra categoria de
tempo de experiência. Então, o 2º aspecto mais descrito para os com menos de 3 anos de
experiência e os técnicos com experiência entre 7 e 10 anos foi o drible, enquanto para os
técnicos com experiência entre 3 e 6 anos e os com mais de 10 anos de experiência foi o domínio.
O 3º aspecto mais descrito também divergiu entre as faixas de tempo de experiência, onde para os
técnicos com menos de 7 anos de experiência foi o controle, enquanto os com tempo de
experiência iguais ou maiores que 7 anos foi o chute. Ou seja, não nenhuma relação do tempo
de experiência com as habilidades descritas pelos técnicos.
6º - No aspecto visão de jogo, os técnicos com menos de 3 anos de experiência divergiram
dos demais, pois priorizaram o deslocamento da bola em detrimento do deslocamento do
companheiro, descrito pelos técnicos com 3 ou mais anos de experiência.
- Nos aspectos táticos defensivos, os técnicos com menos de 7 anos de experiência
descreveram a antecipação como item mais importante no processo seletivo, diferentemente dos
94
técnicos com 7 ou mais anos de experiência, que descreveram a marcação. o mais descrito
para a categoria com experiência entre 7 e 10 anos foi a cobertura, diferentemente das demais que
teve o desarme como o 2º item mais descrito. Isto demonstra que assim como nos outros aspectos
da característica habilidade, não uma relação entre o tempo de experiência e os aspectos
táticos defensivos descritos pelos técnicos.
8º - Nos aspectos táticos ofensivos, os técnicos de todas as categorias de tempo de
experiência descreveram a criatividade como o item mais importante desse aspecto no processo
seletivo. Assim, o preenchimento dos espaços vazios, foi o item mais descrito por técnicos de
todas as faixas de tempo de experiência, exceto a faixa entre 3 e 6 anos, que descreveu a
assistência. E o item mais descrito para todas as faixas foi o drible progressivo, exceto a entre
3 e 6 anos de experiência, a qual teve o preenchimento dos espaços vazios como item mais
descrito. Ou seja, assim como a característica habilidade e os aspectos tático defensivos não
para se estabelecer nenhuma relação lógica entre o tempo de experiência dos técnicos e os
aspectos táticos defensivos.
- Com relação aos métodos de avaliação utilizados pelos técnicos das categorias de
base do Rio Grande do Norte para avaliar o desempenho esportivo dos jovens futebolistas,
percebe-se que uma maior variabilidade entre os métodos utilizados na faixa de tempo de
experiência que contém os técnicos com mais de 10 anos de experiência, que utilizam a
observação, a observação aliada a verificação da estatura e a observação aliada a testes de
habilidade. É importante lembrar que nenhum dos técnicos afirmou utilizar os 3 métodos de
avaliação, apesar da faixa de experiência ter contido-os. Ou seja, o que os referenciais teóricos
(Gomes; Erichsen, 2004; Torrelles; Alcaraz, 2003) recomendam seria o método mais adequado,
que conseguiria abarcar uma grande quantidade de informações, e consequentemente
95
permitiria avaliações mais precisas sobre o desempenho esportivo dos futebolistas das categorias
de base.
96
7 CONCLUSÕES
Durante o processo de realização do primeiro estudo piloto, pôde-se perceber que para a
realização mais adequada deste estudo, deve-se evitar que os entrevistados respondam por si
mesmos ao questionário (como feito), que a maioria tem dificuldade para ler e analisar as
questões. Diante de tais dificuldades, no segundo estudo piloto, algumas modificações foram
implantadas, como: as entrevistas eram realizadas por duas duplas mistas de entrevistadores
(contratados e treinados pelo autor). Cada dupla ia ao encontro dos técnicos e o entrevistava e
anotava as respostas, tornando a entrevista mais dinâmica.
No estudo atual em relação ao perfil sócio-profissional pôde-se constatar que a idade da
maioria (76%) dos técnicos das categorias de base do tem entre 30 e 59 anos de idade,
demonstrando certa maturidade, possui nível médio completo e não possui registro profissional
junto ao Sistema CONFEF/CREFs. O que é preocupante tendo em vista a baixa qualificação e o
exercício ilegal da profissão. Também se verificou que existem 2 grupos bem definidos em
relação ao tempo de experiência como técnicos, um bem experiente (mais de 10 anos como
técnico), com técnicos veteranos e outro iniciante (entre 3 e 6 anos de experiência). Percebeu-se
também a alta rotatividade dos técnicos em seus clubes, pois a maioria (58,7%) ou está sem clube
ou está a menos de 3 anos no clube atual.
Em relação aos critérios comportamentais utilizados pelos técnicos das categorias de base
do RN, constatou-se que a característica de maior importância, segundo os entrevistados foi o
comportamento, que teve mais de 89% em seus 3 aspectos, chegando à unanimidade de respostas
dos técnicos no aspecto respeito à comissão técnica e a 97,8% no aspecto respeito aos colegas de
97
clube; a segunda característica considerada mais importante, quando analisados os resultados, foi
a motivação, a qual contou com 84,8% dos técnicos a descrevendo como importante no processo
de seleção de jovens futebolistas nas categorias de base; a terceira foi a habilidade, com todos os
aspectos sendo descritos por mais de 63% dos técnicos entrevistados; a quarta foi a condição
física, com 3 dos 6 aspectos sendo descritos por mais de 56% dos técnicos e a quinta e última foi
a afiliação, cujo aspecto mais descrito foi a percepção das relações com os demais nas atividades
profissionais que obteve 34,8% das respostas dos entrevistados, demonstrando que a maioria dos
treinadores não importância ao fator grupo ou coletivo nem dentro nem fora de campo para
selecionar os jovens futebolistas.
E ao analisar os resultados em relação aos métodos de avaliação de desempenho esportivo
utilizados pelos técnicos das categorias de base do RN, percebe-se que a maioria (87%) utiliza
apenas a observação para selecionar jovens futebolistas para seus clubes. Portanto, nota-se que
precisa haver uma sistematização no processo seletivo de jovens futebolistas nas categorias de
base, pois utilizar apenas a avaliação subjetiva em um campo de conhecimento em que a
complexidade e amplitude de características e aspectos envolvidos são tão altas tende a gerar
avaliações e seleções equivocadas e com poucos resultados comprovadamente significativos.
98
8 REFERÊNCIAS
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103
9 APÊNDICES
9.1 Glossário
Afiliação:
Disposição da personalidade que reflete um desejo ou necessidade de se juntar a um
grupo. Ou oportunidades que envolvem fazer amigos ou manter as amizades existentes, que
são percebidas como confirmação social de alguém que é aceito ou valorizado. (Barbanti, 2003).
Necessidade que o indivíduo tem em ser aceito e estimado por outro, ou seja, de
estabelecer relações afetivas. (Pestana; Páscoa, 1998). Ou necessidade social que se manifesta no
desejo de ser amado e aceitado pelos demais e, portanto, integrado ao grupo que garantias de
apoio e proteção. (Galimberti, 2002).
Antecipação:
Concepção de um ato futuro, de um evento ou de uma experiência. Ou seja, ato de um
futebolista reagir rapidamente ultrapassando seu adversário e impedindo que bola chegue a este.
Ou seja, é a capacidade que o jogador tem de antever situações e tomar a frente do adversário,
colocando-se entre ele e a bola. (Barbanti, 2003).
Aspectos:
Qualidade ou característica peculiar.
104
Aspectos Táticos:
Refere-se ao sistema de ações planejadas e de alternativas de decisões que permitem ao
jogador ordenar um conjunto de ações a curto prazo com objetivos limitados de tal forma que o
sucesso no esporte contra um ou mais adversários se torna possível. Ou seja, são ações planejadas
de decisão que possibilitam ao jogador visualizar um conjunto de alternativas para uma tomada
de decisão a curto prazo, levando-o a ter êxito no esporte.
No futebol, os aspectos táticos referem-se a todos os padrões de interação da equipe como
um todo (defensivamente e ofensivamente). Ou seja, os aspectos táticos podem ser subdivididos
em defensivos e ofensivos. Neste caso, o sucesso tático é principalmente dependente da
capacidade dos jogadores de selecionar a opção mais vantajosa na mudança de situações
complexas para padrões simples.
Para o desenvolvimento dos aspectos táticos é necessário conduzir uma análise das
variáveis relevantes e de suas inter-relações e refinar o pensamento tático dentro do contexto do
treinamento tático. (Barbanti, 2003).
Aspectos Táticos Defensivos:
Aspectos táticos com preocupações defensivas, normalmente realizados pela equipe que
está sem a posse da bola.
Podem ser subdivididos em: antecipação, cobertura, desarme e marcação. (Frisselli &
Mantovani, 1999).
Aspectos Táticos Ofensivos:
Aspectos táticos com preocupações ofensivas, normalmente realizados pela equipe que
está com a posse da bola.
105
Podem ser subdivididos em: assistência, criatividade, desmarcação, drible progressivo e
preenchimento dos espaços vazios. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Assistência:
Passe para a finalização (chute a gol, arremate).
Atividades Profissionais:
Jogar futebol de campo.
Avaliação:
Julgamento, classificação e interpretação do mérito para tomada de decisão baseada em
uma síntese de elementos quantitativos, impressões subjetivas e outras espécies de evidência.
(Barbanti, 2003).
Características:
Atributo que caracteriza algo ou alguém. No caso desse trabalho, caracteriza o jogador
avaliado. (Mesquita & Duarte, 1996).
Categorias de Base:
Categorias amadoras (não profissionais), que são deverão servir de “base” para a
formação do plantel (elenco) dos clubes profissionais. E que são: sub-13 ou mirim (abaixo de 13
anos), sub-15 ou infantil (abaixo de 15 anos), sub-17 ou juvenil (abaixo de 17 anos) e sub-20 ou
juniores (abaixo de 20 anos).
106
Chute:
Fundamento técnico mais simples e talvez o mais importante do futebol.
Ação de tocar a bola com o pé, golpeando a mesma de diversas maneiras e em várias
trajetórias, visando desviar ou dar trajetória à mesma, que pode estar parada ou em movimento.
(Frisselli & Mantovani, 1999).
Possui subdivisões quanto à direção e ao sentido (ao parceiro-passe, ao adversário-chute a
gol). E também, quanto à região do corpo, podendo ser com o pé, coxa, peito e cabeça. E tendo a
região do dividida em parte interna, externa (trivela, três dedos), dorso (peito do pé),
calcanhar, ponta (bico) e planta (sola).
Observação: Nesse trabalho foi considerado o chute em direção ao gol (finalização ou
arremate).
Cobertura:
Ação que consiste em colocar-se em posição de ajudar um companheiro que pode ser
driblado ou ultrapassado por um adversário. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Comissão Técnica:
Equipe de profissionais responsáveis pelos jogadores de futebol.
Uma comissão cnica básica é composta por: técnico, preparador físico, treinador de
goleiros, massagista e roupeiro. Mas na maioria dos clubes mais estruturados, a comissão técnica
é composta por: técnico, auxiliar técnico, preparador físico, auxiliar de preparação física,
fisiologista, treinador de goleiros, médico, fisioterapeuta, psicólogo do esporte, nutricionista,
massagista e roupeiro. Frisselli & Mantovani, 1999).
107
Comportamento:
Conjunto de normas extremamente complexas de relações ou respostas de um organismo
aos estímulos recebidos do seu meio. (Barbanti, 2003). Ou respostas ou conjunto de respostas de
um jogador a uma situação (conjunto de estímulos). (Pestana & Páscoa, 1998).
Condição Física:
Condição física pode ser observada em relação ao desempenho físico em geral (condição
física geral) ou em relação à capacidade de desempenho em um evento esportivo específico
(condição física específica). Ou, nesse trabalho, pode estar relacionada ao estado que denota o
grau de desenvolvimento das características motoras, antropométricas ou cineantropométricas,
como: estatura, impulsão vertical, massa muscular, percentual de gordura, resistência e
velocidade. (Barbanti, 2003).
Condução:
Ação de progredir com a bola por todos os espaços disponíveis no campo. Movimentar-se
(deslocar-se) com a bola, seja caminhando ou correndo. Pode-se conduzir a bola com as seguintes
regiões do pé: interna, externa, dorso (peito do pé), ponta (bico) e planta (sola). (Frisselli &
Mantovani, 1999).
Contatos Sociais:
No caso desse trabalho, reflete o desejo ou necessidade de um jogador se juntar ou não a
um grupo, refletindo as relações (individualista ou coletivista) fora de campo. (Barbanti, 2003).
108
Controle:
Ato de manter a bola sob o seu raio de ação visando realizar a ação técnica subseqüente.
Ou seja, geralmente os jogadores o executam com o objetivo de dificultar a roubada de bola, por
parte do adversário ou para ajeitar (arrumar, melhor posicionar) a bola para que o passe, ou o
chute saia mais preciso.
Pode utilizar-se qualquer parte do corpo para controlar a bola (em um jogo, devem-se
respeitar as regras, e, portanto não poderá ser utilizada nenhuma parte dos membros superiores do
ombro para baixo). (Frisselli & Mantovani, 1999).
Criatividade:
No esporte, é a habilidade que o atleta possui para produzir ações esportivas originais e
adaptáveis a diversas situações, visando obter êxito em benefício próprio ou para sua equipe.
(Samulski, 2002).
Esse termo tem sido descrito por expressões como originalidade, imaginação e
espontaneidade. (Barbanti, 2003).
Critérios:
Medidas ou padrões pré-estabelecidos que servem como normas para avaliar ou julgar a
efetividade do programa desenvolvido, o progresso do aluno ou – no caso desse trabalho -
selecionar futebolistas. (Barbanti, 2003).
Desarme:
Capacidade que um jogador possui de tomar a bola do adversário.
Conhecido também como “roubada de bola”.
109
Desempenho Esportivo:
Resultado obtido em relação a um comportamento observável e temporário no domínio
motor, o qual é influenciado por fatores pessoais e situacionais, na realização de uma
determinada tarefa. Ou seja, resultado que um jogador obtém quando realiza uma ação ou que a
equipe obtém em um jogo ou após o mesmo. (Barbanti, 2003).
Desmarcação:
Ação que consiste em o jogador iludir ou escapar da vigilância do adversário, quando a
sua equipe está de posse de bola. Ou seja, ficar em uma situação favorável dentro das ações do
jogo para receber a bola de seu companheiro. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Domínio:
Ação de diminuir a velocidade da bola. Ou seja, quando a bola vem é o ato de amortecer,
“matar” ou receber a bola. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Drible:
Ato ou recurso que um jogador utiliza para, de posse da bola, executa com o objetivo de
ultrapassar o adversário sem perder o controle da mesma, livrando-se do marcador. (Frisselli &
Mantovani, 1999; Barbanti, 2003).
Drible Progressivo:
Drible em direção ao gol (meta) adversária, buscando aproximar-se o máximo possível da
trave da outra equipe.
110
Estatura:
Maior indicador do desenvolvimento corporal e comprimento ósseo, sendo importante na
verificação de doenças, estado nutricional e na seleção de atletas.
Sua medida é realizada com o avaliado em posição ortostática, pés descalços e unidos,
com seus calcanhares em contato com o instrumento de medida. Ao final de uma inspiração o
cursor toca o ponto mais alto da cabeça (vértex), que deve estar orientada no plano de Frankfurt.
Para efeitos comparativos, verificar a estatura em um mesmo período do dia, pois a
mesma pode sofrer variações no decorrer do dia. (Petroski, 2003; Barbanti, 2003).
Fundamentos técnicos:
Habilidades básicas que possibilitam e subsidiam a prática do esporte. Estas habilidades
são específicas para cada esporte.
Futebolistas:
Jogadores de futebol de campo.
Habilidade:
Grau de qualidade de coordenação de movimentos característicos em ões esportivas e
combinação complexa destes movimentos em uma determinada modalidade esportiva, os quais
são adquiridos e desenvolvidos por meio de repetições de movimentos e treinamentos contínuos.
(Barbanti, 2003).
111
Impulsão Vertical:
Ato de aplicar forças contra o solo para impulsionar o corpo verticalmente no ar (saltar).
(Barbanti, 2003).
Marcação:
Ato de impedir, obstruir ou parar as ações técnicas e táticas do adversário. Ou seja, é a
ação, do futebolista que está sem a posse da bola, de aproximar-se do futebolista que está da
posse da mesma para tentar efetuar a antecipação ou o desarme.
A marcação pode ser individual ou por zona. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Massa Muscular:
Quantidade da massa corporal determinada pelos músculos, ou seja, é a massa corporal
sem os líquidos, vísceras, ossos e gordura.
Métodos:
Processos sistemáticos, procedimentos ou modos de agir/proceder, organizados de
aquisição de conhecimento e que conduzem a um determinado resultado. (Dicionário Aurélio;
Barbanti, 2003).
Motivação:
Caracterizada como um processo dirigido a uma meta e que depende da interação entre a
personalidade (expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente
(felicidades, tarefas atraentes, desafios, influências sociais). (Samulski, 2002). E a motivação para
a prática esportiva, depende da interação E, portanto, é um fator importante na busca de qualquer
112
objetivo pelo ser humano. Tanto que os treinadores, tanto nos treinamentos quanto nas
competições, reconhecem constantemente essa característica como uma das principais. (Becker
junior., 2000).
Passe:
Movimentação de bola entre companheiros da mesma equipe, ou seja, é um chute” com
direcionamento a um companheiro de equipe. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Possui subdivisões quanto à distância: curto e longo (lançamento e cruzamento-linha de
fundo). E também, quanto à região do corpo, podendo ser com o pé, coxa, peito e cabeça. E tendo
a região do pé dividida em parte interna, externa (trivela, três dedos), dorso (peito do pé),
calcanhar, ponta (bico) e planta (sola).
Peneira (s) ou Peneirão (ões):
Processos seletivos de jogadores, que normalmente contam com um elevado número de
jovens para serem observados em curtos espaços de tempo.
Nos clubes mais estruturados têm-se percebido que esses processos seletivos ocorrem no
período de 1 (uma) a 2 (duas) semanas, dando aos jovens um tempo maior para mostrarem seu
potencial.
Percentual de Gordura:
Quantidade, em escalas percentuais, da massa corporal determinada pela gordura, ou seja,
é a massa corporal sem os líquidos, vísceras, ossos e massa muscular.
113
Percepção:
Consiste em filtrar e analisar as informações que chegam para que possamos entender as
características e relações do mundo, e dessa forma fazê-lo previsível com o intuito de nos
organizarmos e nos adaptarmos a ele. (Schubert, 1981 in Samulski, 2002). No caso desse
trabalho, é a percepção por um jogador, dos comportamentos de outros jogadores, que revelam
suas atitudes, refletindo as relações (individualista ou coletivista) dentro de campo. (Barbanti,
2003).
Preenchimento dos Espaços Vazios:
Capacidade de se ocupar espaços que, no momento, estiverem desocupados por terem
sido abandonados pelo futebolista que está de posse de bola e seu marcador. (Frisselli &
Mantovani, 1999).
Processo Seletivo ou Seleção:
Ver “Peneira (s) ou Peneirão (ões)”.
Resistência:
Capacidade de resistir à fadiga do organismo como um todo e de cada um de seus
sistemas isoladamente. (Weineck, 2000). Ou a capacidade de sustentar uma dada carga de
trabalho o máximo possível sem fadiga. (Barbanti, 2003).
Respeito:
Tratamento com reverência, acatamento ou cumprimento dado a pessoas, situações ou
ocasiões. (Dicionário Aurélio).
114
Teste:
Instrumento utilizado para obter informações sobre um dado específico ou uma
característica sobre um indivíduo ou grupo. Ou o instrumento ou procedimento que mede a
capacidade, os fatores constitucionais, antropométricos, motores e psicológicos. A prontidão para
aprender, a motivação para realizações e as experiências de movimentos podem ser detectadas
desde idades bem precoces. (Barbanti, 2003).
Teste coletivo:
Aplicado simultaneamente a vários jogadores por um ou mais observadores (avaliadores).
(Barbanti, 2003).
Teste de aptidão:
Destinado a diagnosticar ou a prognosticar o potencial de desenvolvimento, presente ou
futuro, do jogador avaliado no processo seletivo. (Barbanti, 2003).
Teste de desempenho:
Exige uma combinação de respostas motoras e psicológicas por parte do jogador avaliado.
(Barbanti, 2003).
Teste individual:
Aplicado isoladamente em um jogador de cada vez, permitindo maior detalhamento nas
análises e avaliações. (Barbanti, 2003).
115
Teste objetivo:
Planejado e organizado com itens para os quais as respostas podem ser antecipadamente
estabelecidas e cujos escores não são afetados pela opinião ou julgamento dos observadores
(avaliadores). Opõe-se ao teste subjetivo, em que diferentes observadores podem atribuir
diferentes escores ou classificações ao mesmo teste. (Barbanti, 2003).
Teste padronizado:
Elaborado de acordo com certas técnicas que visam dar ao teste, qualidades desejadas de
precisão e validade. Além de permitir a comparação dos resultados de um jogador com os de
outro ou com os de grupos de referência. (Barbanti, 2003).
Teste prognóstico:
Utilizado para predizer o êxito do jogador avaliado como futebolista. (Barbanti, 2003).
Teste subjetivo:
A atitude, opinião ou impressão geral do observador (avaliador) é um dos determinantes
do escore obtido pelo jogador. (Barbanti, 2003).
Velocidade:
Capacidade de realizar movimentos cíclicos, acíclicos e ações com bola em alta
velocidade. (Weineck, 2000).
Visão de Jogo:
Capacidade de observação de situações durante o jogo.
116
Pode ser subdividida em: deslocamento da bola e em deslocamento do companheiro.
Visão de Jogo em relação ao deslocamento da bola:
Capacidade que o jogador possui, quando está sem a posse da bola, de observar a
trajetória e velocidade da bola quando a mesma vem de um passe, lançamento ou cruzamento.
Visão de Jogo em relação ao deslocamento do companheiro:
Capacidade que o jogador possui, quando está com a posse da bola, de observar um
companheiro que está em deslocamento para que assim, ele possa tomar a decisão mais correta
sobre o que fazer.
117
ANEXOS
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 1 (1º Estudo piloto)
118
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA
TÍTULO: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL NO DESEMPENHO
ESPORTIVO DE ATLETAS PROFISSIONAIS
Nome: ________________________________________________________________
Telefone: ______________________________________________________________
Data de nascimento: _______/_______/___________
Clube/Equipe atual: _____________________________________________________
1) Tempo (anos) que está, como técnico, nesse clube/equipe: ___________________
2) Qual seu Nível de Escolaridade? ________________________________________
______________________________________________________________________
3) Foi atleta Profissional de Futebol? _____________________________________
4) Tempo (anos) de experiência:
4.1. Como Jogador (amador e/ou profissional) de Futebol: _______________
4.2. Como Técnico de Futebol: ______________________________________
5) Quais características você observa em um jogador de futebol, no treino, quando o mesmo
chega em seu clube para ser avaliado por você?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
6) Que critérios (meios) você utiliza para avaliar (perceber, verificar) cada uma das
características que foram apontadas por você na questão anterior?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
119
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 2 (2º Estudo piloto)
120
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA
TÍTULO:
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL NO DESEMPENHO ESPORTIVO
DE FUTEBOLISTAS DAS CATEGORIAS DE BASE
Nome: ________________________________________________________________
Telefone: ______________________________________________________________
Data de nascimento: _______/_______/___________
Clube / Equipe atual: ___________________________________________________
1) Tempo (anos) que está, como técnico, nesse clube/equipe: ___________________
2) Qual seu Nível de Escolaridade? ________________________________________
______________________________________________________________________
3) Foi jogador Profissional de Futebol?
S
N
4) Tempo (anos) de experiência:
4.1. Como Jogador (amador e/ou profissional) de Futebol: _______________
4.2. Como Técnico de Futebol: ______________________________________
5) Quais características você observa em um jogador de futebol, no treino, quando o mesmo
chega em seu clube para ser avaliado por você?
Condição física
О Estatura О Massa muscular О Resistência
О Velocidade О Impulsão vertical
Vontade
О Briga pela bola О Determinação
121
Coletividade
О Ser companheiro О Não ser individualista
Comportamento
О Disciplina quanto a horários О Respeito à comissão técnica О Respeito aos atletas
Habilidade
О Chute О Passe О Domínio
О Condução О Drible О Controle
О Aspectos táticos:
defensivos:
antecipação
cobertura
desarme
marcação
ofensivos:
assistência
criatividade
desmarcação
drible progressivo
preenchimento dos espaços vazios
О Visão de jogo:
profundidade
distância
deslocamento do companheiro
deslocamento da bola
Outras. Quais? _____________________________________________________
6) Que critérios (métodos, formas ou meios) você utiliza para avaliar (perceber, verificar)
cada uma das características que foram apontadas por você na questão anterior?
Observação
Testes
Quais? ________________________________________________________________
Observação e Testes.
Quais? ________________________________________________________________
122
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 3 (Estudo final)
123
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA
TÍTULO:
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE CRITÉRIOS COMPORTAMENTAIS NO
DESEMPENHO ESPORTIVO DE FUTEBOLISTAS DAS CATEGORIAS DE BASE
1) Tempo que está, como técnico: _________________________________________________
2) Tempo que está, como técnico, nesse clube/equipe: ________________________________
3) Foi jogador profissional de futebol?
S
N
4) Tempo de experiência como jogador amador e/ou profissional de futebol: _____________
5) Quais características você observa em um jogador de futebol, quando o mesmo chega em
seu clube para ser avaliado por você?
5.1.
Condição física
5.1.1. О Estatura 5.1.2. О Impulsão vertical 5.1.3. О Massa muscular
5.1.4. О Percentual de gordura 5.1.5. О Resistência 5.1.6. О Velocidade
6.1.7. О Outras. Quais? _________________________________________________________________
5.2.
Motivação
5.2.1. О Para realização de atividades profissionais
5.3.
Afiliação
5.3.1. О Contatos sociais
5.3.2. О Percepção das relações com os demais nas atividades profissionais
5.4.
Comportamento
5.4.1. О Respeito aos colegas de clube/equipe 5.4.2. О Respeito aos horários
5.4.3. О Respeito à comissão técnica
5.5.
Habilidade
5.5.1. О Chute 5.5.2. О Condução 5.5.3. О Controle
5.5.4. О Domínio 5.5.5. О Drible 5.5.6. О Passe
5.5.7. О Visão de jogo:
5.5.7.1. deslocamento da bola
5.5.7.2. deslocamento do companheiro
124
5.5.8. О Aspectos táticos:
5.5.8.1. defensivos 5.5.8.2. ofensivos:
5.5.8.1.1.
antecipação 5.5.8.2.1.
assistência
5.5.8.1.2.
cobertura 5.5.8.2.2.
criatividade
5.5.8.1.3.
desarme 5.5.8.2.3.
desmarcação
5.5.8.1.4.
marcação 5.5.8.2.4.
drible progressivo
5.5.8.2.5.
preenchimento dos espaços vazios
5.6.
Outras. Quais? _________________________________________________________
6) Que métodos você utiliza para avaliar cada característica apontada por você na questão
anterior?
6.1.
Condição física
6.1.1. О Estatura
___________________________________________________________
6.1.2. О Impulsão vertical
_____________________________________________________
6.1.3. О Massa muscular
______________________________________________________
6.1.4. О Percentual de gordura
_________________________________________________
6.1.5. О Resistência
_________________________________________________________
6.1.6. О Velocidade
_________________________________________________________
6.1.7. О Outras. Quais? _________________________________________________________________
6.2.
Motivação
6.2.1. О Para realização de atividades profissionais
___________________________________
6.3.
Afiliação
6.3.1. О Contatos sociais ____
___________________________________________________
6.3.2. О Percepção das relações com os demais nas atividades profissionais
__________________
6.4.
Comportamento
6.4.1. О Respeito aos horários
_________________________________________________
6.4.2. О Respeito aos colegas de clube/equipe
_______________________________________
6.4.3. О Respeito à comissão técnica
_____________________________________________
125
6.5.
Habilidade
6.5.1. О Condução
__________________________________________________________
6.5.2. О Controle
___________________________________________________________
6.5.3. О Domínio
___________________________________________________________
6.5.4. О Drible
_____________________________________________________________
6.5.5. О Chute
_____________________________________________________________
6.5.6. О Passe
_____________________________________________________________
6.5.7. О Visão de jogo:
6.5.7.1. deslocamento da bola
____________________________________________
6.5.7.2. deslocamento do companheiro
______________________________________
6.5.8. О Aspectos táticos:
6.5.8.1. defensivos:
6.5.8.1.1. antecipação
____________________________________________
6.5.8.1.2. cobertura
_____________________________________________
6.5.8.1.3. desarme
______________________________________________
6.5.8.1.4. marcação
_____________________________________________
6.5.8.2. ofensivos:
6.5.8.2.1. assistência
____________________________________________
6.5.8.2.2. criatividade
____________________________________________
6.5.8.2.3. desmarcação
___________________________________________
6.5.8.2.4. drible progressivo
_______________________________________
6.5.8.2.5. preenchimento dos espaços vazios
_____________________________
Nome: ________________________________________________________________________
Telefone: _____________________________________________________________________
E-mail: _______________________________________________________________________
Data de nascimento: _______/_______/___________
Nível de escolaridade: ___________________________________________________________
Clube/Equipe atual: ____________________________________________________________
Categoria (s) que treina: ________________________________________________________
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