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forma seria por meio do consumo, um consumo estimulado pela diversificação
e pela redução do ciclo do produto
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.
A tecnoestrutura
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e a sociedade anônima são também manifestações
da concentração das empresas nos principais centros econômicos. “A
sociedade anônima também ajusta-se admiravelmente às necessidades da
tecnoestrutura” (GALBRAITH, 1997, p. 102).
Tanto a tecnoestrutura como os conglomerados econômicos são os
primeiros acordes para instalação definitiva das empresas multinacionais no
cenário mundial. Começa a formação das grandes multinacionais, sendo este
um fenômeno, que no pós-guerra, inicia-se primeiramente nos Estados Unidos
e vai-se disseminado do Atlântico para o Pacífico.
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O modelo do ciclo do produto, esquema elaborado por Vernon (1966), pode ser pensado
em três estágios. No primeiro, a empresa multinacional produz e vende o produto no próprio
mercado de origem e exporta para alguns países no estrangeiro. Com a maturação da
tecnologia do produto, a redução dos custos de produção ganha importância e a competição no
estrangeiro passa a ser uma ameaça. No estágio seguinte, a empresa multinacional instala
uma unidade de produção no estrangeiro para atender principalmente ao mercado do país em
questão. Os contínuos melhoramentos na qualidade e os aperfeiçoamentos incrementais
podem fazer com que a produção da filial passe a ser exportada para a matriz, revertendo o
fluxo comercial que originou o modelo. Em um hipotético estágio final, os custos de produção
do país no estrangeiro deixam de ser competitivos e a produção é transferida para outro país
onde eles são comparativamente menores.
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No passado, a liderança na empresa identifica-se com o empresário – o indivíduo que unia a
propriedade ou o controle do capital com a capacidade de organizar os outros fatores de
produção e, na maioria dos contextos, com a capacidade de fazer inovações. Com advento da
sociedade anônima moderna, o surgimento da organização exigia pela tecnologia e pelo
planejamento moderno e a separação entre o dono do capital e o controle da empresa, o
empresário não mais existe como pessoa individual na empresa industrial amadurecida.
Conversões cotidianas, exceto nos manuais de Economia, reconhecem essa alteração. Elas
substituem o empresário, como força direcional da empresa, pela administração. Esta é uma
entidade coletiva e imperfeitamente definida; nas grandes companhias, abrange o presidente
da Diretoria, o presidente da empresa, os vice-presidentes como importantes equipes ou
responsabilidade departamental, os ocupantes de outros cargos relevantes e, talvez, chefes de
divisões ou de departamentos não incluídos acima. Inclui, porém, somente pequena proporção
dos que, como participantes, contribuem com as informações para as decisões de grupo. Este
último grupo é muito grande; estende-se desde os funcionários mais graduados da organização
até encontrar-se, no perímetro externo, com os escriturários e operários, cuja função é ajustar-
se mais ou menos mecanicamente às ordens ou à rotina. Abrange todos os que trazem
conhecimentos especializados, talento ou experiência às tomadas de decisão de grupo. Este, e
não o restrito grupo de diretores, é a inteligência orientadora – o cérebro – da empresa. Não há
um nome para todos os que participam da tomada de decisão de grupo ou para a organização
que eles formam. Proponho dar a essa organização o nome de Tecnoestrutura (GALBRAITH,
1997, p. 96, grifo nosso).