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com relação ao futuro profissional. Afinal, segundo BROM (2006:118), ”quem
perde o vínculo social do trabalho, sobretudo em países como o Brasil, arrisca-se
a experimentar desestabilizações de toda sorte — sociais, materiais, emocionais
e psíquicas — que levam a uma crescente degradação de sua situação”. Neste
sentido, os analistas afirmaram que “muitas pessoas próximas, que trabalharam
durante vários anos juntos, ao serem demitidas, enfrentaram muitas dificuldades
para se recolocar e, em alguns casos, adoeceram gravemente”.
Outra decisão estratégica da empresa, importante para este trabalho,
figurou no início da década de 90: a instalação no exterior de dependências
próprias, com pessoal próprio, visando estabelecer relacionamento próximo com
seus principais clientes internacionais, em um ambiente, a partir de então, global,
reforçando CASTELLS (2005:297), para quem, ”havendo uma economia global,
também deveria existir um mercado de trabalho e uma força de trabalho global”.
Essa também foi uma decisão que trouxe conseqüências para os
trabalhadores, visto que alguns tiveram de se transferir, em geral com (ou sem)
suas famílias, para outros países, muitas vezes para ambientes completamente
desconhecidos (e nem sempre receptivos)
40
, intensificando o movimento de
trabalhadores circulando por nações e continentes, ilhas e arquipélagos e
expressando boa parte do funcionamento do mercado mundial de força de
trabalho (IANNI, 1996:183). CASTELLS (2005:304), discordando parcialmente de
IANNI no tocante à expressão “mercado mundial da força de trabalho”, afirma
”embora não haja um mercado de trabalho global unificado e, conseqüentemente,
não exista uma força de trabalho global, há, na verdade, interdependência global
40
Estes trabalhadores podem ter encontrado situações adversas, chamadas por IANNI (1996:171), “aspectos
mais evidentes da questão social presente na sociedade global”, tais como: ressurgência de movimentos
raciais, nacionalistas, religiosos, separatistas, xenófobos, fundamentalistas...