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Del Olmo (2000) sugere que José Gomes de Gouvêa tinha se tornado o
homem mais poderoso da Vila, devido ao plantio e produção de açúcar até finais dos
oitocentos. Conta-nos ainda que sua ascensão de fato, se deu por conta da criação
de porcos para o comércio do toucinho, cujo produto era vendido para a Bahia e até
exportado para Buenos Aires. Além disso, o Senhor José Gomes de Gouvêa,
mesmo não sendo produtor de café, possuiu considerável número de escravos
sendo que: em 1782, possuía 12 escravos; em 1792 já eram 31, e em 1801, já como
Capitão-Mor, possuía 54 escravos
9
. Dentre os bens do Capitão José Gomes de
Gouvêa despontava ainda a sociedade numa embarcação, que transportava as
mercadorias produzidas naquela cercania para a Bahia e Rio de Janeiro
10
.
A influência dos Gomes e Gouvêa, e de outros potentados locais, se fez
sentir também na produção e no comércio. Naquele período, além da agricultura de
subsistência (milho e feijão), a criação de porcos
11
, e a plantação de fumo figurou
como um dos mais importantes produtos comerciáveis da região de São Luiz do
Paraitinga. A criação de porcos predominou entre os grandes proprietários, e a
plantação de fumo entre os pequenos lavradores, pois segundo Del Olmo:
A grande vantagem do fumo estaria, [...] na facilidade de seu cultivo
pelo baixo custo de produção que, praticamente, dispensava
investimentos. O tabaco podia ser cultivado por qualquer pessoa que
tivesse acesso a um pedaço de terra, e seus rendimentos em São
Luís, embora não chegassem a rivalizar com os decorrentes de
produtos nobres dos mercados coloniais, eram razoáveis. No
mínimo, permitiu a muitos pequenos lavradores a possibilidade de ter
em suas mãos um produto bem aceito no comércio colonial que, no
limite, os inseria no sistema de trocas mercantis. (2000:70)
A produção de fumo concentrava-se com os pequenos lavradores pelo fato
dos grandes proprietários não se preocuparem em rivalizar com seus concorrentes
menores, uma vez que, sempre havia a possibilidade deles adquirirem a colheita
para revender. Segundo Del Olmo (2000), em 1805 na embarcação do Capitão José
9
Segundo Carvalho Franco (1997), nos áureos tempos vale paraibano do café, as grandes
propriedades possuíam em média 100 escravos.
10
O comércio para o Rio de Janeiro passou a se realizar majoritariamente após a vinda da corte
portuguesa para o Brasil em 1808 (DEL OLMO: 2000).
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Quando da vinda do príncipe regente ao Brasil o capitão-general Franca e Horta solicitando aos
capitães-mores, todos os víveres do país, encaminha o pedido de envio de “[...] porcos vivos,
toicinho, carne de porco salgado, milho, feijão a Cunha e São Luís [...]” (Candido apud Documentos
interessantes para servir à história de São Paulo, vol. LVII. p. 67)