podemos ter conhecimento parcial de sua cultura. Aqueles que estão engajados na tarefa vital
de fundar a identificação cultural, não podem alcançar um resultado significativo sem o
conhecimento das artes. Através da poesia, dos gestos, da imagem, as artes falam aquilo que
a história, a sociologia, a antropologia etc., não podem dizer porque elas usam um outro tipo de
linguagem, a discursiva, a científica, que sozinhas não são capazes de decodificar nuances
culturais. Dentre as artes, a arte visual, tendo a imagem como matéria-prima, torna possível a
visualização de quem somos, onde estamos e como sentimos. A arte na educação como
expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o
desenvolvimento. Através das artes é possível desenvolver a percepção e a imaginação,
apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar
a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi
analisada. "Relembrando Fanon", eu diria que a arte capacita um homem ou uma mulher a não
ser um estranho em seu meio ambiente nem estrangeiro no seu próprio país. Ela supera o
estado de despersonalização, inserindo o indivíduo no lugar ao qual pertence.
Arte-Educação e a consciência de cidadania
Contudo, não é só incluindo arte no curriculum que a mágica de favorecer o crescimento
individual e o comportamento de cidadão como construtor de sua própria nação acontece.
Além de reservar um lugar para a arte no curriculum, o que está longe de ser realizado de fato,
até mesmo pelos países desenvolvidos, é também necessário se preocupar como a arte é
concebida e ensinada. Em minha experiência tenho visto as artes visuais sendo ensinadas
principalmente como desenho geométrico, ainda seguindo a tradição positivista, ou a arte nas
escolas sendo utilizada na comemoração de festas, na produção de presentes estereotipados
para os dias das mães ou dos pais e, na melhor da hipóteses, apenas como livre expressão. A
falta de preparação de pessoal para ensinar artes é um problema crucial, nos levando a
confundir improvisação com criatividade. A anemia teórica domina a arte-educação que está
fracassando na sua missão de favorecer o conhecimento nas e sobre artes visuais, organizado
de forma a relacionar produção artística com apreciação estética e informação histórica. esta
integração corresponde à epistemologia da arte. O conhecimento das artes tem lugar na
interseção da experimentação, decodificação e informação. Nas artes visuais, estar apto a
produzir uma imagem e ser capaz de ler uma imagem são duas habilidades interrelacionadas.
Leitura Visual
Em nossa vida diária, estamos rodeados por imagens impostas pela mídia, vendendo produtos,
idéias, conceitos, comportamentos, slogans políticos etc. Como resultado de nossa
incapacidade de ler essas imagens, nós aprendemos por meio delas inconscientemente. A
educação deveria prestar atenção ao discurso visual. Ensinar a gramática visual e sua sintaxe
através da arte e tornar as crianças conscientes da produção humana de alta qualidade é uma
forma de prepará-las para compreender e avaliar todo o tipo de imagem, conscientizando-as
de que estão aprendendo com estas imagens. Um currículo que integre atividades artísticas,
história das artes e análise dos trabalhos artísticos levaria à satisfação das necessidades e
interesses das crianças, respeitando ao mesmo tempo os conceitos da disciplina a ser
aprendida, seus valores, suas estruturas e sua específica contribuição à cultura. Dessa forma,
realizaríamos um equilíbrio entre as duas teorias curriculares dominantes: aquela centrada na
criança e a centrada na disciplina(matéria). este equilíbrio curricular começou a ser defendido
no reino Unido pelo Basic Design Movement durante os anos 50, quando Harry Thubron, Victor
Pasmore, Richard Hamilton, Richard Smith, Joe Tilson e Eduardo Paolozzi desenvolveram sua
arte de ensinar a arte. Eles associaram atividades artísticas com o ensino dos princípios do
design e informação científica sobre o ver, tudo isso com ajuda da tecnologia. Seus alunos
estudavam gramática visual, sua sintaxe e seu vocabulário, dominando elementos formais, tais