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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Programa Integrado de Pós-graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
COLONIZAÇÃO VEGETAL EM ÁREAS DE SEDIMENTAÇÃO
RECENTE NA VÁRZEA DA AMAZÔNIA CENTRAL
SAMMYA AGRA D’ANGELO
Manaus, Amazonas
Setembro, 2009
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i
SAMMYA AGRA D’ANGELO
COLONIZAÇÃO VEGETAL EM ÁREAS DE SEDIMENTAÇÃO
RECENTE NA VÁRZEA DA AMAZÔNIA CENTRAL
Orientadora: Dra. Maria Teresa Fernandez Piedade
Co-orientador: Dr. Florian Wittmann
Manaus, Amazonas
Setembro, 2009
Dissertação apresentada ao Programa
Integrado de Pós-graduação em Biologia
Tropical e Recursos Naturais do
convênio INPA/UFAM, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,
área de concentração em BOTÂNICA.
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ii
D182 D'Angelo, Sammya Agra
Colonização vegetal em áreas de sedimentação recente na várzea da
Amazônia Central / Sammya Agra D'Angelo.--- Manaus: [s.n.], 2009.
xv, 103 f. : il.
Dissertação (mestrado)-- INPA/UFAM, Manaus, 2009
Orientador: Maria Teresa Fernandez Piedade
Co-orientador: Florian Wittmann
Área de concentração: Botânica
1. Inventário florístico. 2. Sucessão vegetal. 3. Banco de sementes. I. Título.
CDD 19. ed. 634.95
Sinopse:
A inundação influencia a riqueza e distribuição de espécies nas florestas de várzea.
Devido ao processo de deposição de sedimentos, novas áreas de sedimentação
recente estão constantemente surgindo e sendo colonizadas em processos de sucessão
primária. Foi estudada a vegetação do estrato herbáceo e arbóreo em uma área de
constante perturbação, por meio da caracterização do banco de sementes do solo, da
composição de espécies, e análise granulométrica, com objetivo de conhecer a sua
composição e diversidade florística, e descrever processos de sucessão em uma ilha
recentemente formada no baixo Rio Solimões.
Palavras-chave:
Composição vegetal, pioneiras, sucessão, banco de sementes.
iii
AGRADECIMENTOS
À Deus, que sempre está ao nosso lado mesmo quando só lembramos de pedir.
À minha orientadora Dra. Maria Teresa Fernandez Piedade, pela paciência, ajuda e acima de
tudo, por estar presente nos momentos mais críticos dessa minha pequena jornada;
Ao Dr. Florian Wittmann, amigo e chefe nas medidas certas, pela orientação e literais
discussões tão bem vindas para elaboração desse trabalho;
Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em convênio com a Universidade Federal
do Amazonas, pelo apoio oferecido para a realização do curso de mestrado em Botânica;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão
da bolsa de estudos;
Aos Projetos INPA/Max-Planck, PRONEX (FAPEAM/CNPq/2007, MTF Piedade) e
Universal (CNPq/2007, MTF Piedade) pelo financiamento e suporte logístico para as
atividades de campo e de laboratório;
À Embrapa Amazônia Ocidental, pelas análises de solo, em especial ao Estevão e à Mirilete;
Ao curso de Botânica, representado pela Dra. Maria Lúcia Absy; às secretárias Neide, Gyselle
e Jéssica; e aos colegas de turma, Ayumi, João Victor, Jinny e Rosângela;
A todos os professores do curso, em especial aos que participaram do processo de avaliação,
professores Antônio Webber, Flávio Luizão, Gil Vieira, Jean-Louis Guillaumet, José Luis
Camargo e a professora Zilvana Loulenço. Além dos professores colaboradores Dr. Arnildo
Pott (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS) e Dr. Sidinei Magela
(Universidade Estadual de Maringá - EM).
À Astrid Wittmann, grande “amiga de fé e irmã camarada”, que me ajudou a achar o caminho
certo no meio das confusões da dissertação;
À Lúcia Helena, Nando, Anne e Auristela, meus irmãos de coração nos momentos felizes e
difíceis da minha vida;
iv
Aos amigos Ana, Tito, Sarita, Pati, Emílio, Wilson, Bill, Susan, Cacá e Tia Dadá, que
confiaram e apoiaram antes e durante;
À Aline Lopes, “auxiliar” para assuntos não tão aleatórios, sou muito grata por toda ajuda
para análise estatística dos dados. “Quebrou verdadeiros galhos de Samaúma”;
Aos técnicos,
Celso Rabelo Costa, pela orientação de campo, amizade e, sobretudo por suportar meus
inúmeros lamentos; Valdeney de Araújo Azevedo, por ser tão “jeitoso” com nosso trabalho e
incansável companheiro de campo; Mário Luiz Picanço, pela força bruta e determinação;
Francisco da Fonseca da Silva; Luis Cosmo Furtado da Silva; José Carlos (Carlito) Freitas,
todos de grande ajuda durante os diversos e literais atoleiros desse trabalho;
Aos amigos do Projeto INPA/Max-Planck e “agregados”,
Joneide, Wallace, Rafael, Dr. Jochen Schöngart, Dr. Junk, Juliana, Edivaldo, Tati, Lúcia,
Terezinha, Rubens Piedade, Cristiane Ferreira, Sônia, Maria Astrid, Daniel, Manoela,
Christiane Lopes, companheiros de trabalhos que de alguma maneira me ajudaram no
decorrer desse trajeto.
E a todos que por algum descuido, dado meu recesso mental, tenha esquecido de mencionar,
mas que acreditaram e torceram por mim.
Meu muitíssimo obrigado
v
Aos meus pais João D’Angelo e Zuleide Agra
que indiscutivelmente são a base de toda minha existência
Aos meus sobrinhos queridos
Camila (Gigante) e João (Jonny Queda) e
meus irmãos Marilyn e Ariel.
E principalmente,
à Hermógenes Neto
meu companheiro das horas certas, incertas e mais que estressadas
e
à minha razão de viver,
Rebeca,
a filha que amo “tanto, tanto que nem alcanço”.
Dedico
À memória de minha mãe Rosinha (vó materna) que me criou, ensinou a rezar e foi uma das pessoas mais
inteligentes e guerreiras que conheci
Ofereço
vi
RESUMO
As áreas alagáveis são áreas de alta diversidade biológica e possuem uma grande
variedade de habitats em um gradiente que oscila entre aquático e terrestre. Os movimentos da
água, erosão e deposição de sedimentos influenciam fortemente a estrutura da comunidade
vegetal, pois afetam a estabilidade do habitat. O conhecimento sobre presença, densidade e
composição florística do banco de sementes nas áreas alagáveis é primordial para identificar a
riqueza das espécies potencialmente disponíveis para a regeneração do ecossistema. Neste
trabalho, estudou-se a vegetação dos estratos herbáceo e arbóreo em uma ilha em processo de
deposição na várzea das cercanias de Manaus, a Ilha Nova. O estudo teve a duração de dois
anos e nele foi feita a caracterização granulométrica do solo, do banco de sementes e da
estrutura das espécies de plantas estabelecidas, com o objetivo de conhecer a sua composição
e diversidade florística, e descrever os processos de sucessão da ilha. As coletas de dados
foram feitas durante a fase terrestre do ciclo hidrológico em 24 parcelas estabelecidas na
superfície da ilha, para medidas de estrutura arbórea e biomassa de herbáceas. Em 12 pontos
da parte de maior declive, ao Norte da ilha, foi coletado substrato em três profundidades (0,5
m; 1 m e 1,5 m), a fim de caracterizar o banco de sementes; a germinação foi acompanhada
em casa de vegetação no INPA, Manaus, durante quatro meses, nos quais foram feitas a
contagem e identificação de todos os indivíduos germinados. Foram calculados índices de
valor de importância e de similaridade florística entre as parcelas e as plantas germinadas.
Para os testes estatísticos foi usado o pacote estatístico Systat 12.0, o PCOrd 4.0 e
Comunidata. A Ilha Nova é composta predominantemente de plantas arbóreas pioneiras como
Cecropia sp. e Salix martiana, e as espécies herbáceas Echinochloa polystachya e Paspalum
fasciculatum. O substrato da ilha apresenta maior percentual de areia, o que favorece a
germinação de espécies que toleram altas taxas de sedimentação. Grupamentos de Cecropia
sp., e indivíduos de Alchornea castaneifolia e Pseudobombax munguba foram encontradas na
porção leste da Ilha, que recebe sedimentos mais finos, enquanto na porção oeste, com
sedimentos mais grossos foram encontrados grupamentos de Salix martiana. Ao contrário das
arbóreas as espécies herbáceas não mostraram relação com a granulometria. O processo de
sucessão primária nas áreas de várzea tem início com as pioneiras herbáceas, seguidas das
arbóreas, uma sequência de colonizadoras tardias, até ser atingido o estádio clímax. Pela baixa
representatividade florística das espécies secundárias tardias em relação às pioneiras,
incluindo a alta densidade apresentada pelo grupo das herbáceas, a ilha encontra-se em
estádios ainda iniciais de sucessão primária. Na amostragem em profundidade foram
encontradas sementes viáveis, porém, menos de 20 % da composição florística foi similar à
vegetação encontrada na superfície da Ilha. Enquanto que na superfície da Ilha Nova
predominavam espécies de Poaceae, no banco de sementes predominavam Cyperaceae. Não
houve diferença significativa na abundância e riqueza de espécies nas três profundidades
avaliadas, e a maior proporção de germinação ocorreu até a terceira semana de observação. O
estudo mostra a existência de um banco de sementes na várzea, com diásporos pequenos que
podem ser facilmente dispersados pelo vento e pela água. As sementes não perdem sua
viabilidade quando enterradas a 1,5 m de profundidade, e lá podem permanecer por mais de
um ano, o que pode indicar a formação de um banco de sementes persistente.
vii
ABSTRACT
The Amazon floodplains are areas of high biodiversity presenting a variety of habitats,
which range from permanently aquatic to almost terrestrial. Water currents and oscillations,
and the erosion and deposition of sediments affect the habitat stability and strongly influence
the structure of plant communities. Information on the presence, density and the floristic
composition of seed banks is essential for identifying species richness and regeneration
patterns in this ecosystem. The present study investigated the herbaceous and arboreal
vegetation of a young island (Ilha Nova) subjected to sediment deposition in the várzea near
the city of Manaus. Species richness and vegetation structure, seed banks, and soil texture
were investigated over a two years period in order to better understand the processes of plant
succession in this peculiar environment. Structure and biomass of the herbaceous and arboreal
community was inventoried in 24 plots during the terrestrial period. To characterize the seed
bank, substrate samples were collected at 0.5, 1.0, and 1.5 m depth in each 12 points of the
North of the island, where slope was comparatively high, and transported to the greenhouse of
the INPA, Manaus. Germination of seeds present in these samples was monitored during a
period of four months, and seedlings were quantified and determined in species and/or
morpho-species. Total Importance Values (TIV) and the floristic similarity between
vegetation plots and germinated plants were determined. The statistical analyses were
performed using the computer programs Systat 12.0, 4.0, PCOrd and Comunidata. The
vegetation of Ilha Nova is mainly composed of the pioneer trees Cecropia sp. and Salix
martiana, and of the herbaceous species Echinochloa polystachya and Paspalum
fasciculatum. The substrate is mainly composed of sand, which favors germination of species
that tolerate high sedimentation rates. The tree species Cecropia sp., Alchornea castaneifolia,
and Pseudobombax munguba concentrated on the eastern part of the island, which is
characterized by fine-grained substrates, whereas S. martiana concentrated on the western
part of the island, were substrate grain-sizes are relatively coarse. Conversely, the distribution
of herbaceous species was not related to substrate texture. In the várzea, primary succession
initiates with pioneer herbaceous plants, which are replaced by pioneer trees. In later
successional stages, pioneer trees are replaced by secondary forest, and succession tends to
reach the community climax. As the present inventory was poor in secondary tree species, the
high abundance of herbaceous and pioneer tree species suggests that the Ilha Nova is still
under development of primary successions. All investigated substrate depths contained viable
seeds; however, floristic similarity between germinated plants and the island’s standing
vegetation was less than 20%. The seed bank was dominated by Cyperaceae, whereas the
island’s vegetation was dominated by Poaceae. Abundance and species richness showed no
significant relation to substrate depth, and germination was highest in the first three weeks of
the germination experiment. These results confirm the existence of seed banks in the várzea,
with it seeds mostly being small and thus most probable to be dispersed by water and wind.
Seeds remain viable even when buried by sediments of 1.5 m depth and over periods > 1 year,
thus indicating a permanent seed bank.
viii
SUMÁRIO
Ficha catalográfica......................................................................................................................ii
Sinopse .......................................................................................................................................ii
Agradecimentos.........................................................................................................................iii
Dedicatória .................................................................................................................................v
Resumo......................................................................................................................................vi
Abstract.....................................................................................................................................vii
Lista de Tabelas..........................................................................................................................x
Lista de Figuras .........................................................................................................................xi
1. Introdução...............................................................................................................................1
2. Objetivo Geral ........................................................................................................................6
2.1 Objetivos Específicos ...........................................................................................................6
3. Hipóteses ................................................................................................................................6
4. Material e Métodos.................................................................................................................7
Capítulo 1: Levantamento florístico e o processo de sucessão em uma ilha recém sedimentada
de várzea do rio Solimões na Amazônia Central......................................................................10
Resumo.....................................................................................................................................10
1. Introdução.............................................................................................................................11
2. Material e Métodos...............................................................................................................15
3. Resultados.............................................................................................................................22
4. Discussão..............................................................................................................................33
5. Conclusões............................................................................................................................40
Capítulo 2: Composição do banco de sementes do solo em uma ilha jovem da várzea da
Amazônia Central.....................................................................................................................41
Resumo.....................................................................................................................................41
1. Introdução.............................................................................................................................42
2. Material e Métodos...............................................................................................................44
3. Resultados.............................................................................................................................49
4. Discussão..............................................................................................................................58
5. Conclusões............................................................................................................................64
ix
Considerações finais.................................................................................................................65
Referências bibliográficas ........................................................................................................67
Anexo 1 ....................................................................................................................................82
Anexo II....................................................................................................................................86
x
Lista de Tabelas
Capítulo 1: Levantamento florístico e o processo de sucessão em uma ilha recém
sedimentada de várzea do rio Solimões na Amazônia Central.
Tabela 1 – Lista de espécies arbóreas com suas respectivas famílias, mostrando sua ocorrência
nas 24 parcelas, abundância e o Índice de Valor de Importância (IVI) na Ilha Nova, Rio
Solimões, Amazônia Central.....................................................................................................23
Tabela 2 – Número de indivíduos por espécie, distribuídas em cinco classes de diâmetro: (1)
DAP < 5; (2) DAP 5-9,9; (3) DAP 10-19,9; (4) DAP 20-29,9 e (5) DAP >
30; e a diversidade
em cada classe diamétrica na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.............................24
Tabela 3 – Número de indivíduos por espécie, distribuídas em quatro classes de altura: (1) <
5; (2) < 10; (3) < 15 e (4) < 20, e a diversidade em cada classe na Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central.....................................................................................................................25
Tabela 4 – Valores de biomassa (g) das espécies herbáceas em cada uma das parcelas (1m
2
)
amostradas em novembro de 2008 na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central. As
parcelas 1 a 8 (área 1), 9 a 16 (área 2), e 17 a 24 (área 3), estão localizadas, respectivamente,
na parte leste, central e oeste da área amostral..........................................................................28
Tabela 5 – Percentual de areia, silte e argila, e classificação textural do solo nas 24 parcelas da
Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central............................................................................29
Capítulo 2: Composição do banco de sementes do solo em uma ilha jovem da várzea da
Amazônia Central.
Tabela 1 – Lista das 31 espécies e morfotipos encontradas no banco de sementes de solo no
período de 4 meses, n° de indivíduos, com seus respectivos índices de velocidade de
germinação (IVG), nas amostras obtidas nas profundidades A (0,50 m), B (1 m) e C (1,5 m)
na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.......................................................................50
xi
Tabela 2 – Riqueza e abundância (n° de indivíduos) de espécies, e granulometria nos pontos
de coleta para as diferentes profundidades: 0,5 m; 1 m e 1,5 m na Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central.....................................................................................................................51
Tabela 3 – Número de indivíduos germinados em cada ponto de coleta, nas profundidades A
= 0,5 m, B = 1 m e C = 1,5 m na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.......................54
Tabela 4 – Germinação acumulada (%) durante os 4 meses de observação nas amostras de
solo coletadas a 0,5 m, 1 m e 1,5 m na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central..............56
xii
Lista de Figuras
Introdução
Figura 1 – Área de estudo mostrando a localização da Ilha da Marchantaria em relação à Ilha
Nova, ambas localizadas no Rio Solimões 3º15’S, 59º55’O a 20 km de Manaus, AM. Por
convenção, Lado A e Lado B, ao Norte e Sul da Ilha Nova, respectivamente. (Imagem
Landsat TM; Fonte: INPE, 2002)...............................................................................................7
Figura 2 – (a) Estágio inicial de sucessão em uma ilha jovem no rio Solimões (“Ilha Nova”),
entre a comunidade paraná do Curari e a Ilha da Marchantaria (b) Agricultura de subsistência
em vários locais da Ilha (Foto: 19 de dezembro de 2007)..........................................................8
Figura 3 – Altura dos barrancos da Ilha Nova no limite máximo de 8 m (Lado A) e 6 m (Lado
B), quando a cota de inundação foi de 17,81 m acima do nível do mar, no dia 10 de outubro
de 2007........................................................................................................................................9
Figura 4 – Valores médios mensais do nível das águas do Rio Negro (metros acima do nível
do mar), tributário do Rio Amazonas, desde a data aproximada do surgimento da Ilha Nova
em 1990 até 2007 e no ano de coleta em 2008. Fonte: Porto de Manaus...................................9
Capítulo 1: Levantamento florístico e o processo de sucessão em uma ilha recém
sedimentada de várzea do rio Solimões na Amazônia Central.
Figura 1 – Vegetação em três locais da Ilha Nova na Amazônia Central: área 1 ocupada com
predominância de herbáceas e em parte por espécies arbóreas; área 2 ocupada com
predominância de espécies arbóreas e em parte por herbáceas; área 3 ocupada por espécies
herbáceas e arbóreas, sem predominância aparente de estratos vegetais..................................16
Figura 2 - Esquema ilustrativo do estabelecimento das 24 parcelas (1,5 ha) de 625 m2
distando da margem do rio, sentido Norte-Sul, 20, 70, 70, 120, 70 e 120 m, até os sítios 1, 2,
3, 4, 5 e 6, respectivamente. A linha pontilhada se refere a divisão das três áreas citadas
xiii
anteriormente. Área de cultivo ( ). Em detalhe a direita, as 24 parcelas georefenciadas em
cada canto do quadrado (parcela) na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central. Como
exemplo, estão em destaque na imagem, três pontos georefenciados das parcelas 01, 09 e 17.
(Imagem Landsat TM; Fonte: INPE, 2009)..............................................................................17
Figura 3 – Marcação das parcelas com trena e demarcação do quadrado, com estacas e fita
plástica, na área amostral – Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central................................17
Figura 4 – Coleta de amostras para biomassa, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central,
com (a) uma armação em tubo PVC de 1 m
2
e (b) uma tesoura de poda para retirada de todo
volume vegetal acima da superfície do solo.............................................................................19
Figura 5 – Coleta de solo a 10 cm de profundidade, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia
Central. Em (a) detalhe do trado retirando a amostra do solo e (b) retirada do material do trado
para armazenar no saco plástico................................................................................................20
Figura 6 – Percentual de indivíduos por espécie nas 3 áreas da Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central: área 1, com as parcelas 1 a 8; área 2, parcelas 9 a 16; e área 3, com as
parcelas 17 a 24. A categoria outras representa as espécies com menos de 10 indivíduos (< 1
%)..............................................................................................................................................22
Figura 7 – Número de indivíduos das diferentes espécies, distribuídas em cinco classes
diamétricas: (1) DAP < 5; (2) DAP 5-9,9; (3) DAP 10-19,9; (4) DAP 20-29,9 e (5) DAP > 30,
na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.......................................................................24
Figura 8 – Número de indivíduos das diferentes espécies, distribuídas em quatro classes de
altura: (1) < 5; (2) < 10; (3) < 15; e (4) < 20 m de altura, na Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central.....................................................................................................................25
Figura 9 – Percentual de biomassa por espécie nas áreas: 1 (parcelas 1 a 8); 2 (parcelas 9 a 16)
e 3 (parcelas 17 a 24) na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central. A categoria outras se
refere às 10 espécies que apresentaram menos de 10 % de biomassa em cada sítio................26
xiv
Figura 10 – Indivíduos de Echinochloa polystachya em decomposição, no início da fase
terrestre, presos ao tronco de árvores da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central...........27
Figura 11 – Abundância de espécies arbóreas com relação ao (a) % de areia, (b) % de silte e
(c) % de argila, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central..............................................30
Figura 12 – Correlação entre espécies arbóreas, presentes na Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central, e percentual de argila no eixo 1 da MDS. Relação negativa Eixo 1 x argila
(p < 0,0001)...............................................................................................................................30
Figura 13 - Abundância de herbáceas com relação ao (a) % de areia, (b) % de silte e (c) % de
argila, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central............................................................31
Figura 14 – Relação não significativa entre a distância (DIST) das parcelas e a composição
(COMP) de árvores e herbáceas (teste de Mantel e Bray-Curtis), na Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central.....................................................................................................................32
Figura 15 – Número de espécies presentes nas 24 parcelas (1,5 ha) da Ilha Nova, Rio
Solimões, Amazônia Central. Na categoria “outras” estão incluídas as 19 famílias
representadas por uma única espécie e as 8 espécies não identificadas....................................33
Capítulo 2: Composição do banco de sementes do solo em uma ilha jovem da várzea da
Amazônia Central.
Figura 1 - Área de estudo mostrando a localização da Ilha da Marchantaria (escala) em
relação à Ilha Nova, ambas localizadas no Rio Solimões 3º15’S, 59º55’W a 20 km de
Manaus, Am. (Imagem Landsat TM; Fonte: INPE, 2002 e 2009, respectivamente)................45
Figura 2 – Extremidade Oeste com predominância de Cynodon dactylon (a) e extremidade
Leste sem vegetação aparente (b), na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central................45
xv
Figura 3 – Pontos de coleta de solo a cada 300 m de distância, com três profundidades
diferentes: A (0 a 50 cm), B (51 a 100 cm) e C (101 a 150 cm) e três réplicas em cada coleta,
para amostragem do banco de sementes da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.......46
Figura 4 – Casa de vegetação do projeto INPA/Max-Plank, localizada no campus I – Bosque
da Ciência (INPA). ...................................................................................................................47
Figura 5 – Casa de vegetação do projeto INPA/Max-Plank em Manaus, Amazonas, com 105
bandejas (21 x 34,5 x 7 cm) com solo para germinação, dos 12 pontos coletados na Ilha Nova,
Rio Solimões, Amazônia Central, sob 70 % de radiação solar.................................................48
Figura 6 – (a) msp 6 (semente com 1 mm de comprimento), morfotipo observado até a
germinação e (b) msp 3 (semente com 3 mm de comprimento), morfotipo desaparecido antes
de ser identificado na amostragem do banco de sementes da Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central.....................................................................................................................49
Figura 7 – Riqueza de espécies germinadas, na amostragem do banco de sementes da Ilha
Nova, Rio Solimões, Amazônia Central, em relação ao tipo de solo. (a) e (b) representam a
diferença significativa entre os diferentes tipos de solo............................................................52
Figura 8 – Abundância de espécies na amostragem do banco de sementes da Ilha Nova, Rio
Solimões, Amazônia Central em relação ao percentual de (a) areia, (b) silte e (c) argila........53
Figura 9 – (a) Abundância e (b) riqueza das famílias Cyperaceae e Poaceae na amostragem do
banco de sementes da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central........................................55
Figura 10 – Número de indivíduos germinados durante os 4 meses de experimento, nas
profundidades 0,5 m, 1 m e 1,5 m da amostragem do banco de sementes da Ilha Nova, Rio
Solimões, Amazônia Central.....................................................................................................55
1
1. Introdução
A Amazônia é caracterizada por grandes extensões de floresta densa, com uma grande
diversidade florística e elevada biomassa, genericamente denominada de floresta tropical
úmida ou floresta tropical pluvial (Schubart, 1983).
A floresta associada à bacia do rio Amazonas é a maior floresta tropical no mundo e
tem grande significado ecológico. Abriga em torno de 30.000 espécies de plantas, sendo
assim a mais diversa comunidade de plantas na Terra (Wagner, 2007). Basicamente, a
vegetação da Amazônia pode ser dividida na vegetação dos terrenos holocênicos,
freqüentemente inundados, e na vegetação de terra firme (Schubart, 1983), em terrenos mais
antigos que o Holoceno.
Além dos sistemas aquáticos e terrestres, existe um grupo intermediário de ambientes
com características comuns a ambos os sistemas, chamado de áreas úmidas. O termo se refere
a ambientes cujos solos são periodicamente ou permanentemente encharcados ou cobertos
com uma camada rasa de água, e estima-se que cerca de 20 % da Bacia Amazônica pertençam
a essa categoria (Junk, 1993; 1998). As áreas úmidas podem ser submetidas a diferentes
regimes hídricos, o que permite reuni-las em dois grupos: (i) aquelas onde as condições
ecológicas são relativamente estáveis, como em pântanos, e (ii) aquelas onde as condições
ecológicas são muito dinâmicas, com os sistemas oscilando entre condições puramente
aquáticas a puramente terrestres (Junk et al., 1989; Junk, 1996; 1998). Áreas periodicamente
inundadas pelo transbordamento lateral de rios e lagos, e/ou pela precipitação direta, ou pela
água do subsolo (Junk et al., 1989), pertencem ao segundo grupo e constituem as áreas
alagáveis, que cobrem 6 % da área da Bacia Amazônica brasileira, o que corresponde a
300.000 km
2
(Junk, 1993; Junk & Piedade, 2004).
As áreas alagáveis são consideradas de alta diversidade biológica, importantes
corredores de filtragem da terra firme, reservatórios de água potável, sítios de retenção da
água durante a inundação, e ambientes importantes na regulação do sistema fluvial e
preservação dos corpos de água (Junk, 1997; Junk et al., 2000). Além disso, suas florestas
favorecem a deposição de sedimentos suspensos na água e preservam as margens dos
principais rios amazônicos contra a erosão lateral, servindo como reservatório alimentar para
muitas espécies de peixes, base protéica para as populações locais. Servem também como
refúgio para muitas espécies raras de animais, e habitats para várias espécies de plantas e
animais endêmicos e extremamente adaptados às oscilações periódicas do nível da água.
2
Adicionalmente, as áreas alagáveis amazônicas possuem um alto valor recreacional e, por
serem ricas em recursos naturais, são as regiões rurais mais densamente povoadas na
Amazônia, tanto historicamente como no presente (Junk, 1997; Junk, et al., 2000).
O pulso de inundação, característico das planícies de inundação em regiões tropicais, é
a principal força que determina os processos dentro das áreas alagáveis, mantendo seu
equilíbrio dinâmico, sendo responsável pela existência, produtividade e interações de sua
biota (Junk et al., 1989; Junk, 1996; 1997). Esse pulso pode ser de curta ou longa duração,
previsível ou imprevisível, de grande ou pequena amplitude (Junk et al., 1989). Nas áreas
alagáveis dos grandes rios da Amazônia Central, o pulso de inundação é previsível e tem uma
amplitude média de 10 m (Junk, 1989a). A existência de um pulso de inundação regular desde
o Terciário favorece o desenvolvimento de várias adaptações anatômicas, morfológicas e
metabólicas para as plantas. A grande variedade de habitats aliada a essas múltiplas
adaptações resulta em uma grande diversidade de espécies nesses ambientes (Junk, 1989a;
1999).
No período de inundação, a matéria orgânica produzida na fase terrestre é transferida
para a fase aquática e pode ser aproveitada pelos organismos aquáticos, tanto na forma direta
pelo consumo desta matéria, quanto na forma indireta, pelo aproveitamento de nutrientes
reciclados durante sua decomposição. O mesmo ocorre na seca, com o material produzido na
fase aquática (Junk, 1998).
A história do período Quaternário da região Amazônica é caracterizada pela deposição
de sedimentos provenientes dos Andes e pela influência das mudanças do nível do mar (Irion
et al., 1994; 1995). Isso inclui pelo menos três diferentes tipos de processos de sedimentação
em larga escala. Um é a sedimentação próxima à área dos Andes e os outros são as formações
de áreas inundáveis no Brasil ocidental e a sedimentação nos principais vales do Rio
Amazonas. Além da sedimentação, também podem ser consideradas como importantes fases
desse período as alterações geoquímicas das superfícies nas áreas não alcançadas pela água. O
sistema de drenagem dos rios mudou rapidamente, tanto sob influência dos movimentos
tectônicos, como pelo resultado da acumulação de sedimentos. Durante o período de subida
do nível do mar, como por exemplo, nas eras interglaciais do Pleistoceno e Holoceno,
extensas áreas da Amazônia ocidental foram dominadas pelo sistema aquático de água doce.
Durante a descida do nível do mar, como durante as eras glaciais, as áreas inundáveis eram
geologicamente inativas e estavam erodidas próximo aos canais principais (Irion et al., 1995).
A relação entre a hidroquímica e a geologia das áreas de captação dos grandes rios
amazônicos se reflete na formação de suas planícies inundáveis (Sioli, 1968) e resulta em
3
grandes diferenças na fertilidade da água, dos solos e da sua produtividade natural (Furch,
1997; Junk, 1998). Por essa razão, as planícies inundáveis associadas aos grandes rios foram
classificadas em dois tipos principais: as várzeas e os igapós (Prance, 1979).
Os igapós constituem a menor fração de áreas alagáveis, apenas 2 %
(aproximadamente 100.000 Km
2
) da bacia, e são alagados por rios de águas pretas ou claras,
ácidas e pobres em nutrientes e material suspenso; estes rios são originados em áreas
geologicamente antigas do escudo das Guianas e do Brasil Central (Sioli, 1968; 1991; Prance,
1979; Junk, 1993). Essas áreas possuem formações de rochas Pré-cambrianas já bastante
erodidas e aplainadas, formando amplas regiões de areias brancas, pobres em argilo-minerais
(Klinge et al., 1983; 1984; Furch, 1997; Junk, 1998).
As florestas de várzea perfazem 4 % (aproximadamente 200.000 km
2
) da bacia
amazônica e são alagadas por rios de água branca ou barrenta, com pH próximo da
neutralidade e ricas em nutrientes e material suspenso; estes rios são originados na região
oeste da bacia, nas regiões montanhosas dos Andes e nas áreas pré-Andinas (Sioli, 1968;
Prance, 1979; Furch, 1984; Junk, 1984). Os solos dessas áreas são formados, principalmente,
por rochas sedimentares alcalinas, relativamente recentes e, portanto, ainda sujeitas a intensos
processos erosivos que produzem grande quantidade de sedimentos ricos em argilo-minerais,
que contém elementos como K, Ca, Mg e Na (Junk, 1993; 1998; Furch, 1997).
1.1 Ambientes de várzea
A várzea é um sistema complexo composto de lagos, águas represadas, canais de rios,
diques, ilhas, furos e paranás (Irion et al., 1983; Junk, 1983). A formação da várzea pode ser
explicada da seguinte maneira: 75.000 anos atrás, o nível do mar esteve cerca de 100 m
abaixo do nível atual por cerca de 50.000 anos (Fairbridge, 1961). Em conseqüência do
rebaixamento do nível do mar, o rio Amazonas e seus tributários formaram vales. A
subseqüente subida do nível do mar, até o seu nível atual, provocou um represamento dos rios
nos seus próprios vales, tendo efeito no vale do Amazonas até o sopé dos Andes. Depois os
rios começaram a encher seus vales afogados com sedimentos recentes conforme sua carga
sedimentária. Foi alcançado um novo equilíbrio que inclui amplos processos de sedimentação
e erosão na própria várzea, que está sendo modificada permanentemente pela atividade do rio
(Junk, 1980). Assim, a várzea pode ser considerada como uma extensão geoquímica dos
Andes (Irion et al., 1997).
4
Na maioria dos lagos de várzea, os sedimentos são estratificados e depositados na
forma de pequenos sulcos. Na enchente, a água entra através dos canais, transportando uma
carga de grãos finos, como silte e argila (0,062 a 0,004 mm e <0,004 mm, respectivamente, de
acordo com escala de Wentworth, 1922) para dentro da bacia dos lagos; depois na cheia, com
a correnteza alta, são transportados sedimentos relativamente grossos, como a areia (> 0,062
mm, escala de Wentworth, 1922), para dentro da bacia dos lagos. Quando o nível da água
diminui e a água é lentamente drenada pela correnteza, são depositados os grãos finos de
materiais suspensos que ainda estão presentes na água do lago (Irion et al., 1997). Em geral, a
sedimentação é mais alta e a textura do substrato é mais grossa perto dos canais dos rios,
enquanto a sedimentação é menor e a textura do substrato é mais fina longe dos rios, onde a
água perdeu sua turbulência.
A várzea é fundamental para a região devido às atividades econômicas nela
desenvolvidas, como a agricultura e bovinocultura. Além disto, esses ambientes são de grande
importância ecológica para os peixes e, conseqüentemente, para a pesca, já que muitos frutos
das espécies arbóreas são fontes de alimento para espécies de peixes comerciais existentes na
região (Goulding, 1980; Junk, 1989b; 1998). O extrativismo madeireiro é também de grande
relevância nas várzeas com uma produção anual de madeira em tora girando ao redor de 3
milhões de metros cúbicos ou 10% da produção da Amazônia legal (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, 2000).
1.2 Vegetação da várzea
A vegetação inundável está inserida em um gradiente de diferentes níveis de
inundação, que definem habitats desde permanentemente aquáticos, nas cotas mais baixas, até
totalmente terrestres, nas cotas mais altas (Junk, 1989a). Nestas áreas, a inundação anual
média é de 10 m, entretanto, pode alcançar até 15 m (Junk & Howard-Williams, 1984; Junk,
1989a; Irion et al., 1995; Junk & Weber, 1996), o que, conforme a altura de relevo
considerada, corresponde a um tempo de inundação que chega a 270 dias por ano (Wittmann
et al., 2002; 2004). Assim, algumas espécies de plantas herbáceas e arbóreas podem
permanecer mais de seis meses com seus sistemas radiculares, porções inferiores dos caules
ou troncos, ou até a planta inteira sob condições de submersão, enquanto que nos meses
restantes do ano predominam as condições de ambiente terrestre com regimes de seca
variáveis (Junk, 1993; Parolin, 2000; Piedade et al., 2000).
5
Todo ano na várzea Amazônica são depositadas novas áreas sujeitas à colonização
vegetal. Apesar da influência da inundação na riqueza e distribuição de espécies nas florestas
de várzea e da influência da sedimentação e as características físicas do solo no
estabelecimento de diferentes tipos florestais (Wittmann et al., 2004), ainda não se sabe como
os bancos de sementes contribuem para a colonização de áreas abertas em ambientes
alagáveis. Devido à dinâmica intrínseca a esses sistemas, novas áreas de sedimentação recente
estão constantemente surgindo e sendo colonizadas em processos de sucessão primária.
A dinâmica de formação de ilhas é o mais claro exemplo da velocidade de deposição
sedimentar em áreas alagáveis de várzea. As plantas herbáceas são as primeiras a surgir no
processo de sucessão (Worbes et al., 1992). As gramíneas aquáticas, como Echinochloa
polystachya, Paspalum fasciculatum e P. repens, são adaptadas à dinâmica de deposição de
sedimentos e formam extensos grupamentos monoespecíficos, cuja propagação é
predominantemente vegetativa, formando novas rebrotas nas camadas superiores dos
sedimentos, o que acelera os processos de deposição de novas cargas sedimentares (Piedade et
al., 2005b), e garante a estabilidade do sistema para a posterior colonização por espécies
arbóreas.
Para melhor entender os aspectos ecológicos que afetam os processos de
estabelecimento e sucessão inicial da vegetação nas áreas inundáveis dos grandes rios
amazônicos, foi estudada a colonização vegetal de uma ilha de aproximadamente 15 anos, na
várzea do rio Solimões, nas cercanias de Manaus.
6
2. Objetivo Geral
Para saber se existe um banco de sementes e como ele contribui para o processo de
sucessão na várzea da Amazônia Central, este trabalho se propôs a investigar a composição
de espécies do banco de sementes do solo e identificar as plantas já estabelecidas na superfície
de uma ilha jovem no rio Solimões / Amazonas.
2.1 Objetivos Específicos
(1) Monitorar a germinação no banco de sementes;
(2) Realizar levantamento florístico das espécies herbáceas e arbóreas estabelecidas no
sítio amostral;
(3) Determinar a similaridade florística entre o banco de sementes e a vegetação já
estabelecida;
(4) Descrever, com base nos resultados obtidos, o processo de sucessão que ocorre em
uma ilha recém sedimentada de várzea do rio Solimões.
3. Hipóteses
H
1
– O banco de sementes em áreas de várzea é formado por espécies herbáceas e arbóreas.
H
2
– É possível encontrar sementes viáveis em diferentes profundidades do perfil de solo.
H
3
– Quanto maior a profundidade, menor a germinação.
H
4
– Há similaridade florística entre as espécies encontradas no banco de sementes e as
espécies encontradas na Ilha.
7
4. Material e Métodos
4.1 Área de estudo
É denominado rio Solimões o trecho do rio Amazonas compreendido pela sua porção
brasileira, desde a fronteira do Peru até a desembocadura do rio Negro; este rio apresenta
marcada flutuação de nível da água nas cercanias da cidade de Manaus (Irion et al., 1983),
com amplitude média de 10 m (Junk, 1989a). Em função desta flutuação, o rio Solimões
permanentemente deposita sedimentos em algumas áreas, enquanto que em outras ele erode as
margens. Como resultado da recorrente deposição de sedimentos, novas praias e ilhas são
constantemente formadas (Junk, 1983), de tal maneira que ao longo do curso do rio Solimões
são encontradas ilhas de várias dimensões (Piedade, 1988).
A área de estudo localiza-se em uma ilha jovem do rio Solimões nas coordenadas
3º15’S, 59º55’O, entre a comunidade paraná do Curari (município do Careiro da Várzea) e a
Ilha da Marchantaria, distando cerca de 20 km da cidade de Manaus, Amazonas (Figura 1).
Para efeito do presente estudo essa ilha será denominada de “Ilha Nova”.
Figura 1 – Área de estudo mostrando a localização da Ilha da Marchantaria em relação à Ilha Nova, ambas
localizadas no Rio Solimões 3º15’S, 59º55’O a 20 km de Manaus, AM. Por convenção, Lado A e Lado B, ao
Norte e Sul da Ilha Nova, respectivamente. (Imagem Landsat TM; Fonte: INPE, 2002).
Rio Solimões
Rio Negro
Manaus
20 Km
*
Ilha da Marchantaria
3º15’S e 59º55’O
*
Lado A
Lado B
N
Manaus
Ilha Nova
8
As coletas de dados foram feitas durante o período da seca, quando a maior parte do
terreno da Ilha Nova fica exposta. O acesso à área de estudo foi por via fluvial em canoas de
alumínio equipadas com motor de popa.
Com base em análises temporais de Landsat TM (Fonte: Inpe), a Ilha Nova surgiu por
volta do ano de 1994, e sua vegetação, notadamente nas porções mais baixas, encontra-se nos
primeiros estágios de sucessão. É possível evidenciar interferência antrópica nessa ilha,
caracterizada pela presença de cultivos de subsistência, porém sem áreas de pastagem (Figura
2 a, b).
Figura 2 – (a) Estágio inicial de sucessão em uma ilha jovem no rio Solimões (“Ilha Nova”), entre a comunidade
paraná do Curari e a Ilha da Marchantaria; (b) Agricultura de subsistência em vários locais da Ilha (Foto: 19 de
dezembro de 2007).
Em outubro de 2007 (10 de outubro - 17,81 m acima do nível do mar – cota rio Negro,
snph.am.gov.br), a ilha tinha cerca de 3 km de comprimento e menos de 1 km de largura, com
declives (barrancos) máximos de 8 m de altura no lado Norte e 6 m no lado Sul, que
convencionalmente foram denominados de Lado A e Lado B, respectivamente (Figura 3). No
Lado B o declive era bastante tênue, formando uma praia, típica da porção de deposição
recente da ilha.
a b
9
Figura 3 – Altura dos barrancos da Ilha Nova no limite máximo de 8 m (Lado A) e 6 m (Lado B), quando a cota
de inundação foi de 17,81 m acima do nível do mar, no dia 10 de outubro de 2007.
O clima da região é caracterizado como quente e úmido, correspondente ao clima Am
- clima de monção na classificação climática de Köppen-Geiger. Usando como referência os
dados obtidos para a Ilha da Marchantaria, a temperatura média mínima diária é de 23° C e de
32° C para a temperatura média máxima; a precipitação média anual é de 2100 mm, com 75%
das chuvas localizadas no chamado inverno, de dezembro a maio. A umidade relativa do ar é
de 75,6% a 86,7% (Piedade, 1988). A amplitude média do rio Solimões durante o período de
1990 a 2007 foi de 11 m e no ano de 2008 foi de 10,19 m (cota Rio Negro sobre o nível do
mar, snph.am.gov.br). O pico de inundação ocorreu em junho e julho, e o pico das águas
baixas entre outubro e novembro (Figura 4).
15
18
21
24
27
30
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
meses
Nível do rio (m.a.n.m.)
1990 a 2007
2008
Figura 4 – Valores médios mensais do nível das águas do Rio Negro (metros acima do nível do mar), tributário
do Rio Amazonas, desde a data aproximada do surgimento da Ilha Nova em 1990 até 2007 e no ano de coleta em
2008. Fonte: Porto de Manaus.
Lado A Lado B
10
Capítulo 1: Levantamento florístico e o processo de sucessão em uma ilha recém
sedimentada de várzea do rio Solimões na Amazônia Central
Resumo
A várzea é um sistema complexo composto de lagos de áreas inundáveis, águas
represadas, ilhas, etc. Na maioria dos lagos de várzea, os sedimentos são estratificados e
depositados na forma de pequenos sulcos. Devido a essa dinâmica, áreas recém sedimentadas
estão sendo colonizadas em processos de sucessão primária. Em pesquisa realizada nas
proximidades de Manaus, Amazonas, 3º15’S, 59º55’O, foi feito um levantamento florístico
para descrever o processo de sucessão na Ilha Nova, uma ilha recém sedimentada de várzea
do rio Solimões. A ilha foi observada durante 2 anos (desde outubro de 2007) e as coletas de
dados foram feitas em outubro e novembro de 2008, durante o início da fase terrestre na
região. Foram marcadas 24 parcelas para medidas de DAP (> 2 cm), altura, biomassa e coletar
solo (10 cm de profundidade). Para os testes estatísticos foi usado o pacote estatístico Systat
12.0, o PCOrd 4.0 e Comunidata. Grupamentos monoespecíficos de Salix martiana
predominam no lado oeste da ilha que recebe sedimentos mais grossos, enquanto que em sua
porção leste, onde são depositados grãos mais finos, ocorrem grupamentos de Cecropia sp.,
indivíduos de Alchornea castaneifolia e Pseudobombax munguba, além das herbáceas
Paspalum fasciculatum e Echinochloa polystachya. O percentual de grãos finos influencia a
composição do estrato arbóreo, porém, não mostra nenhuma relação para herbáceas. As
herbáceas ocorreram principalmente nas áreas que passam mais tempo submersas, enquanto a
maioria das espécies arbóreas se concentra na porção menos inundada da Ilha Nova. O
processo de sucessão primária nas áreas de várzea tem início com as gramíneas, seguidas de
espécies arbóreas pioneiras, e finalmente espécies clímax. A Ilha Nova possui
aproximadamente 15 anos de idade e é composta principalmente por espécies pioneiras
arbóreas como S. martiana e Cecropia sp., e as herbáceas P. fasciculatum e E. polystachya,
caracterizando os primeiros estádios de sucessão primária nessas áreas.
Palavras-chave: composição florística, herbáceas, sucessão ecológica.
11
1. Introdução
A principal característica das áreas alagáveis que as distingue de outras áreas úmidas é
seu período de inundação. Enquanto pântanos, brejos e outras áreas úmidas são
permanentemente ou semi permanentemente inundados, grande parte das áreas alagáveis são,
durante certo período, áreas secas (Junk & Welcomme, 1990). A natureza híbrida/anfíbia
entre os ecossistemas aquáticos e terrestres dessas áreas resulta em uma grande variedade de
habitats em um gradiente que oscila entre aquático e terrestre. Conseqüentemente, o número
de nichos ecológicos nos rios de áreas alagáveis é muito grande e muda continuamente com o
tempo (Junk & Welcomme, 1990). Além disso, a diversidade de espécies nessas áreas é
relativamente grande, devido às mudanças que ocorrem entre a fase terrestre e a fase aquática.
As áreas mais altas da várzea são cobertas por árvores capazes de suportar inundações
durante alguns meses, sem apresentar injúrias (Junk, 1983). Muitos estudos (Klinge et al.,
1983; 1995; Worbes, 1983; 1997; Revilla, 1991; Parolin, 2000) estimaram a riqueza de
árvores nas áreas alagáveis da Amazônia Central em 250-300 espécies. Contudo, Wittmann et
al. (2004) registraram 200 espécies com DAP (diâmetro a altura do peito) > 10 cm em uma
área de 5,24 ha, indicando, que a riqueza arbórea desses ambientes é maior. De fato, quando a
análise florística foi expandida para 62,34 ha em 10 regiões de várzea espalhadas na bacia
Amazônica foram registradas mais de 900 espécies tolerantes à inundação (Wittmann et al.,
2006). Esses resultados indicam que as florestas de várzea na Amazônia são as florestas
alagáveis mais ricas em espécies de todo o mundo. Nas florestas de várzea alta a estrutura e
riqueza de espécies arbóreas com mais de 150 espécies por hectare são quase similares
àquelas de terra firme não inundada (Wittmann & Junk, 2003).
A distribuição de espécies arbóreas e a estrutura da comunidade das florestas de várzea
dependem de diferentes topografias, alturas de relevo e duração da inundação (Junk, 1989a;
Ayres, 1993). Isto influencia processos ecofisiológicos nas plantas pois estas requerem
adaptações especiais para as condições de hipoxia e/ou anoxia periódicas desses ambientes
(Armstrong, 1979; Crawford et al., 1987; Vartapetian et al., 1987; Wittmann et al., 2004).
A composição de espécies arbóreas e a estrutura florística da várzea variam ao longo
do gradiente de inundação; unidades típicas de vegetação e comunidades florestais se
estabelecem em diferentes níveis de inundação. Na Amazônia Central as florestas de várzea
começam a se estabelecer com a coluna de água medindo menos de 7 m, o que corresponde a
um tempo de inundação médio superior a 230 dias por ano (Junk, 1989a). Devido à dinâmica
hidrológica e geomorfológica dos rios, essas florestas podem ser separadas em várias
12
comunidades diferindo na idade, fisionomia e composição de espécies (Wittmann & Junk,
2003).
As plantas herbáceas de várzea da Amazônia constituem um grupo vegetal chave
nesses sistemas, devido à sua produtividade primária e produção de biomassa (Camargo &
Florentino, 2000). Essa alta taxa de produção contribui para um grande estoque de nutrientes
na biomassa, tendo um papel fundamental na ciclagem de matéria e fluxo de energia (Piedade
et al. 2001). Além disso, essas são as comunidades de plantas mais produtivas registradas
(Junk, 1986). Apenas uma espécie da várzea Amazônica, que cresce principalmente durante a
fase aquática, Echinochloa polystachya, apresenta produção primária líquida anual em torno
de 100 t ha
-1
e valores de biomassa até 80 t ha
-1
(Piedade et al., 1991). Valores
aproximadamente tão altos foram encontrados para Paspalum fasciculatum, o qual cresce
principalmente na fase terrestre (Furch & Junk, 1992).
Muitas das principais herbáceas aquáticas encontradas nos trópicos são endêmicas da
América do Sul (Howard-Williams & Junk, 1977). Embora ocorram em faixas relativamente
pequenas nos diferentes corpos de água da região, dada sua elevada capacidade de
crescimento, estas espécies contribuem de forma expressiva para os estoques de carbono e
nutrientes desses sistemas, particularmente durante os processos de decomposição, sendo,
portanto, fundamentais para o enriquecimento da biota aquática (Piedade et al., 2005b).
A alta diversidade de plantas herbáceas na várzea do Rio Amazonas se deve, dentre
outros fatores, aos processos de sedimentação e erosão que resultam em uma grande
variedade de habitats; alta fertilidade de sedimentos e água, favorecendo o crescimento das
plantas; adaptações às flutuações de nível da água, permitindo tolerância à inundação e à seca;
resistência das sementes e esporos contra a inundação e seca; ciclos reprodutivos curtos; altas
taxas de reprodução e alta produção primária (Junk & Piedade, 1993b; 1994).
Essas plantas estão agrupadas em categorias, ou grupos ecológicos. Os principais
grupos amostrados na região são plantas flutuantes livres, e plantas enraizadas (Junk, 1986;
Pompêo & Moschini-Carlos, 2003). Muitas das espécies enraizadas podem adotar,
temporariamente, um hábito flutuante livre, ou podem colonizar outras plantas flutuantes. Isso
ocorre, por exemplo, em Paspalum repens, Leersia hexandra, Eleocharis variegata,
Oxycaryum cubense e Polygonum ferrugineum. O hábito flutuante livre permite uma ótima
utilização da luz, e oferece uma vantagem quando começa o período de cheia. Essas espécies
são levadas pelo vento e pela correnteza, facilitando a rápida colonização de outras áreas
inundadas. Claro que essas adaptações também possuem desvantagens. Quando a água
13
retrocede, muitos bancos de vegetação saem das áreas inundadas e morrem pela dessecação
(Junk, 1986).
A diversidade de espécies na várzea está relacionada às drásticas alterações geradas no
ambiente pelo pulso monomodal de inundação que impõe às plantas adaptações especiais ao
período de baixa disponibilidade ou ausência de oxigênio (Piedade & Junk, 2000; Parolin et
al., 2004; Wittmann et al., 2006). Isso pode ser facilmente evidenciado pela existência de
espécies que têm seu principal crescimento na fase aquática, ou na fase terrestre (Junk &
Piedade, 1997).
1.1 Processo de sucessão
O termo sucessão tem sido empregado para denotar uma sequência de espécies ou
mudanças bióticas ao longo do tempo, que podem levar a um estado relativamente estável, o
clímax (Clements, 1916; Whittaker, 1953; Odum, 1971; Niering, 1987; Ricklefs, 1996).
Segundo Odum (1983), esse estádio é a comunidade final ou estável em uma seqüência de
desenvolvimento, “sere”, que se encontra em equilíbrio dentro de si mesma e com o habitat
sico. Em sistemas úmidos, de condições ecológicas mais estáveis, como em pântanos, a idéia
de espacialidade é geralmente incorreta no que diz respeito à sucessão temporal, pois esses
sistemas dependem de mudanças no nível da água, devido a fatores climáticos ou edáficos.
Porém, nas florestas de várzea são observadas tanto mudanças espaciais, quanto ao longo do
tempo (Niering, 1987).
De acordo com Margalef (1963) e Odum (1969), durante o processo de sucessão são
restaurados os atributos para amadurecer o ecossistema, como por exemplo, alta diversidade
de espécies, complexidade estrutural, ciclagem mineral fechada e equilíbrio entre a produção
e respiração da comunidade. Considerando ilhas recém formadas como substratos abertos à
colonização, a substituição natural e ordenada de comunidades vegetais que aí se verifica
constitui um processo de sucessão primária (Odum, 1971; Ricklefs, 1996; Gotelli, 2007).
As perturbações influenciam o processo de sucessão pela mudança de recursos
disponíveis e pela eficiência de recrutamento. Devido às diferenças na composição de
espécies, diversidade florística, tipos de solo, e natureza e grau de perturbação, os processos
de sucessão são bastante variáveis em todos os trópicos úmidos (Bazzaz & Pickett, 1980). A
topografia e o tipo de solo influenciam a diversidade de espécies, a hierarquia de dominância,
a forma de crescimento e a dinâmica florestal (Richards, 1952; Ashton, 1964; Whitmore,
14
1978; Hubbell, 1979).
Nos diferentes estádios do processo de sucessão, têm-se inicialmente as pioneiras, e
uma seqüência de colonizadoras tardias, até ser atingido o estádio seral mais estabilizado,
denominado de clímax. As espécies pioneiras possuem crescimento rápido, e necessitam de
luz e áreas abertas para se estabelecer (Whitmore, 1976; Harcombe, 1977; Brokaw, 1987;
Swaine & Whitmore, 1988; Whitmore, 1989; Baskin & Baskin, 1998; Melo et al., 2004). Em
áreas inundáveis as pioneiras toleram períodos de seca seguidos de inundação e de
sedimentação, característicos das praias (Oliveira, 1998). As sementes são geralmente
pequenas, com pouca reserva energética, e a produção de sementes tende a ser contínua,
independente da estação, sendo os propágulos eficientemente dispersos pelo vento ou animais.
Já as espécies clímax são de crescimento mais lento, possuem sementes grandes com grande
quantidade de reserva, produzidas periodicamente em resposta a um estímulo climático, e o
estabelecimento ocorre em condições de sombra (Whitmore, 1976; Harcombe, 1977; Brokaw,
1987; Swaine & Whitmore, 1988; Whitmore, 1989; Baskin & Baskin, 1998; Melo et al.,
2004).
Worbes et al. (1992) descreveram estágios sucessionais em florestas de várzea, desde
o estabelecimento de espécies pioneiras sobre solos recentemente depositados, até estágios
clímax, com árvores que chegam a idades entre 100 e 300 anos. O processo inicial de
sucessão primária nessas áreas alagáveis se dá em áreas com altas taxas de sedimentação ao
longo das margens dos rios, e pode avançar rapidamente, dominado pela comunidade de
gramíneas (Worbes, 1997; Piedade et al., 2001), que podem ser muito persistentes (Budowski,
1961), além de outras espécies pioneiras herbáceas. Por sua vez, estas herbáceas também
reduzem a turbulência da água, e favorecem a sedimentação, o que vai facilitar o futuro
estabelecimento de espécies arbustivo-arbóreas.
Após as gramíneas, esses habitats passam a ser colonizados por poucas espécies
pioneiras arbustivo-arbóreas de crescimento rápido, que toleram altas e prolongadas
inundações e se estabelecem nos barrancos de solos recém sedimentados, como Salix sp.; a
seguir se estabelece um estádio secundário inicial dominado por espécies de Cecropia sp. e
Alchornea sp. (Huber, 1910; Junk, 1984, 1989a; Worbes, 1986, 1997; Worbes et al., 1992;
Kalliola et al., 1991; Parolin et al., 2002; Wittmann & Junk, 2003), Crataeva sp. e Vitex sp.
(Worbes et al., 1992). Estas plantas iniciam o processo de colonização arbórea nas áreas de
várzea, aproveitando-se do aparecimento de sedimentos recém expostos, onde crescem
rapidamente aumentando sua densidade (Oliveira, 1998).
15
Em um período de tempo relativamente curto o estágio de pioneiras sofre uma
transição para um estágio secundário tardio rico em espécies arbóreas, dominado por
Pseudobombax sp., onde a idade máxima das árvores pode chegar a 80 anos (Junk, 1984;
Worbes et al., 1992; Worbes, 1997). O estágio clímax da várzea baixa é dominado por
espécies tolerantes à sombra, como Piranhea trifoliata, que chega a até 400-600 anos de idade
(Worbes et al., 1992; Worbes, 1997; Worbes & Junk, 1999).
Embora as florestas inundadas da Amazônia não sejam homogêneas, os fatores
ambientais chave, como tipo de solo e água, responsáveis pelas diferenças entre elas, têm sido
pouco detalhados por ecólogos e fitogeógrafos (Goulding, 1980). Sabe-se que a substituição
das comunidades está relacionada a um número diferencial de dias de alagação ao qual cada
faixa do relevo é submetida ao longo do ano, devido ao pulso de inundação (Piedade et al.,
2005a). Por outro lado, numerosos tipos florestais têm sido descritos baseados nos valores de
biomassa, estrutura e florística (Klinge et al., 1990). Entretanto, poucos são os estudos
integrando a fisionomia, estrutura, composição florística, e o regime hídrico das florestas
alagáveis, especialmente nos estágios iniciais de estabelecimento das comunidades herbáceas.
Este trabalho se propõe a estudar o processo de sucessão na Ilha Nova, recém
depositada de várzea do rio Solimões. Para isso, serão taxonomicamente identificadas as
plantas herbáceas e arbóreas já estabelecidas em parcelas distribuídas na superfície dessa ilha.
2. Material e Métodos
2.1 Levantamento da vegetação
2.1.1 Estabelecimento de parcelas
Para caracterizar a vegetação foram estabelecidas na Ilha Nova (ca. 3 km X 1 km) três
áreas com características vegetacionais visualmente distintas: Área 1, com predominância de
espécies herbáceas e algumas espécies arbóreas; Área 2, com predominância de espécies
arbóreas e algumas herbáceas; e Área 3 composta de herbáceas e espécies arbóreas (Figura 1).
16
Figura 1 – Vegetação em três locais da Ilha Nova na Amazônia Central: área 1 ocupada com predominância de
herbáceas e em parte por espécies arbóreas; área 2 ocupada com predominância de espécies arbóreas e em parte
por herbáceas; área 3 ocupada por espécies herbáceas e arbóreas, sem predominância aparente de estratos
vegetais.
Em cada uma das três áreas foram marcados dois sítios de 2500 m
2
cada (total de seis
sítios de 50 x 50 m na área inventariada), sendo estes divididos em quatro parcelas de 625 m
2
(25 x 25m), totalizando 24 pontos de coleta (1,5 hectares). Os sítios foram marcados sentido
Leste-Oeste, com distâncias entre 20 m e 120 m, de cada sítio para a margem do rio (Figura
2). Cada um dos 24 pontos de coleta foi georeferenciado com auxílio de um GPS (Global
Positioning System) da marca Garmin eTrex Vista®.
Em outubro de 2008, quando maior parte da Ilha estava emersa, as parcelas foram
marcadas (Figura 3), com o cuidado de manter distância das margens e das áreas de cultivo,
para evitar efeito de borda na coleta de dados. A medição das parcelas foi feita com trena e a
demarcação com quatro estacas, uma em cada canto, ligadas por fita plástica colorida para
delimitar o quadrado.
Área 2Área 1 Área 3
17
Figura 2 - Esquema ilustrativo do estabelecimento das 24 parcelas (1,5 ha) de 625 m
2
distando da margem do rio,
sentido Norte-Sul, 20, 70, 70, 120, 70 e 120 m, até os sítios 1, 2, 3, 4, 5 e 6, respectivamente. A linha pontilhada
se refere à divisão das três áreas citadas anteriormente. Área de cultivo ( ). Em detalhe a direita, as 24 parcelas
georefenciadas em cada canto do quadrado (parcela) na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central. Como
exemplo, estão em destaque na imagem, três pontos georefenciados das parcelas 01, 09 e 17. (Imagem Landsat
TM; Fonte: INPE, 2009).
Figura 3 – Marcação das parcelas com trena e demarcação do quadrado, com estacas e fita plástica, na área
amostral – Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Manaus
1
2
3
4
5
6
25
m
25
m
6 sítios de 50 x 50
m
01
09 17
1
23
margem do rio
18
2.1.2 Inventário florístico e estimativa de biomassa
O inventário florístico e a determinação de biomassa foram realizados em outubro e
novembro de 2008, respectivamente. Após o estabelecimento das parcelas foram registradas
todas as espécies de herbáceas e árvores encontradas. Alguns indivíduos foram identificados
no campo e fotografados. Quando a identificação não era possível, foram coletados ramos
vegetativos e/ou reprodutivos, com auxílio de tesoura de poda, depois prensados em jornal,
acondicionados em sacos plásticos e embebidos em álcool 70%, para posterior identificação,
por meio de consultas bibliográficas especializadas ou através do Herbário do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus. As espécies foram ordenadas nas
famílias reconhecidas pelo sistema do Angiosperm Phylogeny Group II (APG II, 2003). Os
nomes científicos, bem como sua autoria, foram confirmados de acordo com o banco de dados
eletrônico do Missouri Botanical Garden (http://www.tropicos.org/). Para as espécies
arbóreas, foram contados e medidos todos os indivíduos acima de 2 cm de DAP, e estimada a
altura.
Em estudos de comunidades herbáceas, observa-se que a estimativa da densidade e
cobertura pode ser de difícil interpretação devido a problemas de distinção entre plantas
individuais (Matias et al., 2003). Por esse motivo, foi escolhida, para essas espécies, a
determinação de biomassa, que consiste na coleta e pesagem do material expresso em g/m
2
,
kg/ha e t/ha, método tradicionalmente usado nesses casos (Moore & Chapman, 1986; Coombs
& Hall, 1989).
Na região central de cada uma das 24 parcelas (25 x 25 m) foram coletadas amostras
de 1 m
2
, com auxílio de uma armação em tubo PVC como gabarito (Figura 4a). Esse gabarito
foi colocado no solo, e todo material vegetal delimitado em seu perímetro interno, acima da
superfície, foi coletado e acondicionado em saco plástico, devidamente identificado, e depois
separado por espécie, descartando-se as partes mortas (Figura 4b).
19
Figura 4 – Coleta de amostras para biomassa, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central, com (a) uma
armação em tubo PVC de 1 m
2
e (b) uma tesoura de poda para retirada de todo volume vegetal acima da
superfície do solo.
As amostras foram transportadas para o Laboratório de Ecofisiologia de plantas do
projeto Inpa/Max Planck em Manaus, onde foram acondicionadas em sacos de papel e em
seguida levadas para a estufa de circulação fechada (HERAEUS e MEMMERT), à
temperatura de 70° C, onde foram mantidas até atingir peso constante (peso seco). Em
seguida, foram pesadas em uma balança semi-analítica (Bel Mark 1000) com capacidade de
1000 g e 200 mg, máxima e mínima, respectivamente.
2.1.3 Lista de espécies presentes no sítio amostral
Além da análise da estrutura e determinação de biomassa, foi registrada a ocorrência
de todas as espécies de herbáceas e arbóreas presentes nos 1,5 hectares inventariados, para
posterior elaboração de uma lista de plantas da área. A identificação das plantas para esse
propósito seguiu o mesmo procedimento descrito acima.
2.2 Coleta de solo
Em cada uma das parcelas de 25 x 25 m foram coletadas, com o auxílio de um cilindro
de 15 cm de diâmetro, cinco amostras de solo a 10 cm de profundidade (Figura 5a e 5b),
porção de solo considerada suficiente para representar a gleba, as quais foram misturadas para
formar uma amostra composta. Ao todo foram coletadas 24 amostras de solo, que foram
a
b
20
encaminhadas para o Laboratório de Análises de Solos e Plantas (LASP) da Embrapa
Amazônia Ocidental, onde foi feita a análise granulométrica (areia, silte e argila).
Figura 5 – Coleta de solo a 10 cm de profundidade, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central. Em (a)
detalhe do trado retirando a amostra do solo e (b) retirada do material do trado para armazenar no saco plástico.
2.3 Análise de dados
Para as análises estatísticas foi utilizado o pacote estatístico Systat 12.0, o PCOrd 4.0 e
COMUNIDATA.
2.3.1 Comunidade arbórea:
A análise da composição florística e da estrutura foram feitas a partir dos resultados
obtidos com número de indivíduos, de espécies, de gêneros e de famílias que ocorreram na
área estudada, como também os resultados de DAP e altura da comunidade arbórea. A
estrutura horizontal foi analisada com o uso de critérios que indicam a ocupação do solo pela
espécie. Os parâmetros estudados foram: abundância absoluta (número de plantas de cada
espécie, em relação à unidade de área), e abundância relativa (percentagem da abundância
absoluta na composição florística do povoamento); dominância absoluta (área basal total de
cada espécie), e dominância relativa (percentagem da área basal de cada espécie em relação à
área basal da composição florística do povoamento); freqüência absoluta (percentual do
número de parcelas em que ocorre uma espécie, dividido pelo número total de parcelas
amostradas) e a freqüência relativa (percentual da freqüência absoluta, dividida pela
a b
21
freqüência absoluta das parcelas) (Curtis & McIntosh, 1951). Também foi calculado o Índice
de Valor de Importância das espécies (IVIE, soma da abundância, dominância e freqüência
relativas) (Curtis & McIntosh, 1951).
Para avaliar a relação entre densidade de indivíduos e o sedimento foi feita uma
Regressão Linear Simples. A diversidade de Shannon-Weaver (1953) foi estimada com os
valores de riqueza de espécies arbóreas:
onde: N = número total de indivíduos; S = número de espécies (riqueza); p
i =
freqüência de
cada espécie, para i variando de 1 a S (Riqueza).
Para comparar a composição florística no inventário das diferentes parcelas estudadas,
foi usado o Índice de similaridade florística (Sørensen, 1951):
Cs = 2c/(a+b+2c) • 100
Para testar a relação entre os gradientes de solo e a composição de espécies foi
realizada uma correlação de Pearson das variáveis ambientais com os eixos obtidos no
escalonamento multidimensional (MDS). No MDS foram utilizadas as distâncias de Bray-
Curtis (abundância) para a composição de espécies e a distância euclidiana para os gradientes
de solo. Foi realizado ainda um Teste de Mantel para analisar se a composição florística
variava com a distância entre as parcelas.
2.3.2 Comunidade herbácea:
Para o cálculo de biomassa das espécies herbáceas foi usado o peso seco. Para testar a
relação entre os gradientes de solo e a composição de espécies foi realizada uma correlação de
Pearson das variáveis de granulometria com os eixos obtidos no escalonamento
multidimensional (MDS). No MDS foram utilizadas as distâncias de Jaccard (presença-
ausência) para a composição de espécies e a distância euclidiana para os gradientes de solo.
Foi realizado ainda um Teste de Mantel para analisar se a composição florística variava com a
distância entre as parcelas.
22
2.3.3 Análise de solo
A determinação da granulometria foi através da dispersão total, utilizando o método da
pipeta com 20 g de terra fina seca ao ar (TFSA), segundo os procedimentos da Empresa
Brasileira para Pesquisa Agropecuária, Embrapa (1997). Optou-se pelo método da pipeta, por
se tratar de um método simples, de baixo custo operacional e que, de acordo com Suguio
(1973), é o mais apropriado para a análise granulométrica de sedimentos finos, os quais
correspondem às características do solo dos perfis estudados.
3. Resultados
3.1 Comunidade arbórea
Comparando as três diferentes áreas (0,5 ha cada), como mostrado anteriormente na
Figura 1 (Cap. 1), a riqueza de espécies arbóreas variou de três a sete espécies por área, sendo
que a área 1 apresentou maior proporção de Alchornea castaneifolia (23 %) e Cecropia sp.
(75 %), e nenhum indivíduo de Salix martiana. A área 2 foi caracterizada pela população de
Cecropia sp. (92 %) e, como na anterior, nenhum indivíduo de S. martiana. A área 3 foi
caracterizada pela população de S. martiana (98 %), e nenhum indivíduo de Cecropia sp.
(Figura 6).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
% de indivíduos
Área 1 Área 2 Área 3
outras
Salix
P. munguba
Cecropia
Alchornea
Figura 6 – Percentual de indivíduos por espécie nas 3 áreas da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central: área
1, com as parcelas 1 a 8; área 2, parcelas 9 a 16; e área 3, com as parcelas 17 a 24. A categoria outras representa
as espécies com menos de 10 indivíduos (<
1 %).
23
Na área delimitada para o levantamento florístico foram amostradas oito espécies
arbóreas, pertencentes a oito famílias. Destas espécies, Alchornea castaneifolia e Cecropia sp.
apresentaram 67 % de freqüência absoluta, Pseudobombax munguba 46 % e Salix martiana
33 %. As outras espécies possuíram menos de 22 % de freqüência absoluta, com apenas um
ou dois indivíduos por parcela (Tabela 1).
Nos 1,5 ha inventariados, as espécies predominantes no estrato arbóreo (IVI > 30)
foram Cecropia sp. (959), S. martiana (512) e A. castaneifolia (100), representando 97 % dos
indivíduos (Tabela 1). As outras espécies apresentaram menos de 10 % do IVI.
Tabela 1 – Lista de espécies arbóreas com suas respectivas famílias, mostrando sua ocorrência nas 24 parcelas,
abundância e o Índice de Valor de Importância (IVI) na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Família Espécie Ocorr. Abund. IVI
Urticaceae Cecropia sp. 16 959 178,78
Salicaceae Salix martiana 8 512 49,13
Euphorbiaceae Alchornea castaneifolia 16 100 35,15
Malvaceae Pseudobombax munguba 11 41 21,26
Lamiaceae Vitex cymosa 5 6 8,71
Tiliaceae Apeiba aspera 2 3 3,52
Lauraceae Nectandra sp. 1 1 1,73
Moraceae Maclura tinctoria 1 1 1,73
Total 1623 300
Todos os indivíduos inventariados apresentaram DAP < 40 cm e altura < 20 m. Os
valores médios obtidos, das espécies com IVI > 30, para o parâmetro DAP ( 2 cm) e altura
da copa foram de 6,76 cm e 5,78 m para Cecropia sp., 2,71 cm e 4,27 m para S. martiana e
10,24 cm e 6,38 m para A. castaneifolia.
A maior abundância de indivíduos, cerca de 60 %, pertence à menor classe de
diâmetro (DAP < 5), apresentando, conseqüentemente, poucos indivíduos nas classes de
diâmetros maiores (Figura 7).
24
1030
345
199
43
6
0
200
400
600
800
1000
1200
12345
Classes de DAP
No. de Indivíduos
Figura 7 – Número de indivíduos das diferentes espécies, distribuídas em cinco classes diamétricas: (1) DAP <
5; (2) DAP 5-9,9; (3) DAP 10-19,9; (4) DAP 20-29,9 e (5) DAP > 30, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia
Central.
Na primeira classe diamétrica predominaram as espécies Salix martiana e Cecropia
sp., sendo esta última a mais abundante nas classes restantes. Não foram encontrados
indivíduos de S. martiana com DAP > 6 cm, nem da espécie Alchornea castaneifolia com
DAP > 30 cm. A classe 5, com diâmetro menor que 40 cm, foi representada apenas por
indivíduos de Cecropia sp. e Pseudobombax munguba. As classes de DAP 1, 2 e 3 foram
similares quanto ao número de espécies que possuíam, entre 5 a 6 espécies por classe
diamétrica, mas diferiram quanto à diversidade, ou seja, algumas espécies estavam presentes
apenas em uma classe de diâmetro (Tabela 2).
Tabela 2 – Número de indivíduos por espécie, distribuídas em cinco classes de diâmetro: (1) DAP < 5; (2) DAP
5-9,9; (3) DAP 10-19,9; (4) DAP 20-29,9 e (5) DAP > 30; e a diversidade em cada classe diamétrica na Ilha
Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Espécie classe 1 classe 2 classe 3 classe 4 classe 5
Cecropia sp. 466 312 150 27 4 959
Salix martiana 511 1 512
Alchornea castaneifolia 34 21 33 12 100
Pseudobombax munguba 16 10 9 4 2 41
Vitex cymosa 213 6
Apeiba aspera 3 3
Nectandra sp 1 1
Maclura tinctoria 1 1
N° de espécies por classe de DAP 6563 2
25
Considerando as medidas de altura, a classe 1 (< 5 m) apresentou o maior número de
indivíduos, aproximadamente 50 %, enquanto as outras classes de maior altura apresentam
poucos indivíduos (Figura 8).
869
567
163
24
0
200
400
600
800
1000
1234
Classes de Altura
No. indivíduos
Figura 8 – Número de indivíduos das diferentes espécies, distribuídas em quatro classes de altura: (1) < 5; (2) <
10; (3) < 15; e (4) < 20 m de altura, na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
A espécie Cecropia sp. foi dominante em todas as classes de altura, seguida por Salix
martiana nas classes 1 e 2. Não houve indivíduos de S. martiana com altura > 8 m. A classe
4, com altura menor que 20 m, foi representada apenas por indivíduos de Cecropia sp. e
Alchornea castaneifolia. As classes de altura 1, 2 e 3 foram similares quanto ao número de
espécies componentes mas diferiram quanto à diversidade (Tabela 3).
Tabela 3 – Número de indivíduos por espécie, distribuídas em quatro classes de altura: (1) < 5; (2) < 10; (3) < 15
e (4) < 20, e a diversidade em cada classe na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Espécie classe 1 classe 2 classe 3 classe 4
Cecropia sp.
474 318 144 23
959
Salix martiana
337 175
512
Alchornea castaneifolia
34 55 10 1
100
Pseudobombax munguba
22 13 6
41
Vitex cymosa
24
6
Apeiba aspera
12
3
Nectandra sp.
1
1
Maclura tinctoria
1
1
N° de espécies por classe de altura 5752
26
3.2 Comunidade herbácea
A riqueza de herbáceas variou de 3 a 4 espécies por área (Figura 9), com dominância
de Echinochloa polystachya na área 1. Apesar dessa dominância, foram observados muitos
indivíduos dessa espécie em decomposição presos nos troncos das árvores (Figura 10). Nas
demais áreas predominaram a espécie Paspalum fasciculatum, chegando a valores de 100 %
de biomassa por m
2
. A espécie Gynerium sagittatum foi encontrada na porção da ilha com
maior correnteza, sendo mais abundante nas parcelas mais afastadas da margem, localizadas
no sítio 5 (Figura 2), representando, juntamente com P. fasciculatum e E. polystachya, a
vegetação herbácea neste local.
0
20
40
60
80
100
% Biomassa
Área 1 Área 2 Área 3
outras (10)
E. crassipes
G. sagittatum
E. polystachya
P. fasciculatum
Figura 9 – Percentual de biomassa por espécie nas áreas: 1 (parcelas 1 a 8); 2 (parcelas 9 a 16) e 3 (parcelas 17 a
24) na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central. A categoria outras se refere às 10 espécies que apresentaram
menos de 10 % de biomassa em cada sítio.
27
Figura 10 – Indivíduos de Echinochloa polystachya em decomposição, no início da fase terrestre, presos ao
tronco de árvores da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Na biomassa o estrato herbáceo foi caracterizado, principalmente, pela presença de
gramíneas, e as espécies predominantes foram Paspalum fasciculatum e Echinochloa
polystachya, presentes em 63 % e 50 % das parcelas, respectivamente (Tabela 4). Ambas as
espécies foram responsáveis por mais de 80 % da biomassa apresentada nas parcelas,
enquanto Gynerium sagittatum por 10 % e as outras espécies com menos de 5 %.
28
Tabela 4 – Valores de biomassa (g) das espécies herbáceas em cada uma das parcelas (1m
2
) amostradas em
novembro de 2008 na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central. As parcelas 1 a 8 (área 1), 9 a 16 (área 2), e
17 a 24 (área 3), estão localizadas, respectivamente, na parte leste, central e oeste da área amostral.
Espécies
Parcelas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 total
1
981,56 982
2
121,39 52,07 173
3
143,26 11,34 0,14 155
4
382,73 383
5
272,62 3,44 276
6
432,00 432
7
463,56 464
8
94,79 145,25 36,48 37,16 314
9
1.090,80 43,12 1.134
10
233,32 728,34 40,51 1.002
11
308,43 2,45 43,47 9,01 363
12
617,43 312,91 35,20 966
13
445,60 446
14
252,16 252
15
159,26 159
16
369,16 369
17
191,28 191
18
1.893,96 198,40 120,00 2.212
19
994,80 62,96 1.058
20
549,01 2.021,85
2.571
21
526,60 0,95 528
22
618,96 0,31 619
23
416,88 417
24
1.334,52 22,99 1.358
Total
9405,1 4440,7 2164,8 272,6 182,9 157,9 84,0 52,1 37,2 11,3 9,0 3,8 1,0 0,1
Espécies: 1= (Poaceae) Paspalum fasciculatum; 2= Echinochloa polystachya; 3= Gynerium sagittatum; 4=
(Pontederiaceae) Eichhornia crassipes; 5= (Polygonaceae) Polygonum ferrugineum; 6= (Poaceae) Brachiaria cf
humidicola; 7= Cucurbitaceae 2; 8= Cucurbitaceae 1; 9= (Fabaceae) Cymbosema roseum Benth.; 10= (Poaceae)
Oryza sp.; 11= (Commelinaceae) Commelina schomburgkiana; 12= (Asteraceae) Mikania micrantha; 13=
Convolvulaceae 1; 14= (Cucurbitaceae) Luffa operculata.
A parte destacada na tabela delimita as 3 áreas amostradas na Ilha Nova.
3.3 Análise de solo e sua relação para espécies arbóreas e herbáceas
A maioria das parcelas apresentou maior percentual de grãos finos (silte). Apenas as
parcelas localizadas na extremidade do lado oeste da ilha apresentaram maior proporção de
areia (Tabela 5). As espécies dominantes nos solos com mais silte foram Cecropia sp. e
Echinochloa polystachya, e as parcelas de solos arenosos apresentaram dominância de Salix
martiana e Paspalum fasciculatum.
29
Tabela 5 – Percentual de areia, silte e argila, e classificação textural do solo nas 24 parcelas da Ilha Nova, Rio
Solimões, Amazônia Central.
Parcelas
% areia % silte % argila
Classificação do solo
1 7,44 65,81 26,75 Franco Argila Siltosa
2 2,24 67,01 30,75 Franco Argila Siltosa
3 3,39 69,91 26,70 Franco Argila Siltosa
4 14,57 64,13 21,30 Franco Siltosa
5 0,99 66,01 33,00 Franco Argila Siltosa
6 0,86 59,00 40,15 Franco Argila Siltosa
7 0,69 57,51 41,80 Argila Siltosa
8 0,69 62,86 36,45 Franco Argila Siltosa
9 4,35 69,45 26,20 Franco Siltosa
10 3,76 65,14 31,10 Franco Argila Siltosa
11 2,85 69,00 28,15 Franco Argila Siltosa
12 4,86 67,04 28,10 Franco Argila Siltosa
13 0,83 68,17 31,00 Franco Argila Siltosa
14 1,26 70,74 28,00 Franco Argila Siltosa
15 0,53 68,57 30,90 Franco Argila Siltosa
16 0,76 69,94 29,30 Franco Argila Siltosa
17 5,36 72,39 22,25 Franco Siltosa
18 5,88 73,42 20,70 Franco Siltosa
19 14,78 66,92 18,30 Franco Siltosa
20 11,63 69,22 19,15 Franco Siltosa
21 61,15 33,55 5,30 Franco Arenosa
22 87,89 10,46 1,65 Areia
23 87,43 11,77 0,80 Areia
24 68,69 28,16 3,15 Franco Arenosa
Em destaque o percentual da fração granulométrica mais distribuída nas parcelas.
As quantidades de silte e areia mostraram não influenciar a abundância da vegetação
arbórea (Figura 11a e 11b). Porém, houve uma relação entre a abundância de espécies e a
percentagem de argila, conforme a Figura 11c. A análise inferencial confirmou uma relação
entre a quantidade de argila e a composição de espécies arbóreas, representada pelo eixo 1 do
MDS (p<0,001, Figura 12). O percentual de areia segue um padrão de ordenação, porém as
espécies vão se substituindo conforme há um aumento no percentual de argila, ou seja, a
composição de espécies se modifica ao longo do gradiente (Figura 12). As parcelas com grãos
30
mais grossos contém um grupamento monoespecífico de Salix martiana, enquanto as outras
espécies ficam restritas àquelas onde há predominância de grãos mais finos.
Figura 11 – Abundância de espécies arbóreas com relação ao (a) % de areia, (b) % de silte e (c) % de argila, na
Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
0102030405
0
% ARGI L
A
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
EIXO1
Figura 12 – Correlação entre espécies arbóreas, presentes na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central, e
percentual de argila no eixo 1 da MDS. Relação negativa Eixo 1 x argila (p < 0,0001).
(c)
(a) (b)
31
Ao contrário do que ocorreu para as árvores, não houve relação significativa da
vegetação herbácea com a granulometria (p>0,05), quando usado o teste inferencial do eixo 1
do MDS, embora houvesse uma impressão visual de que haveria uma relação entre a
quantidade de silte e a composição de espécies (Figura 13).
Figura 13 - Abundância de herbáceas com relação ao (a) % de areia, (b) % de silte e (c) % de argila, na Ilha
Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Não houve relação significativa entre a distância entre as parcelas e a similaridade
florística das parcelas, nem para as herbáceas nem para as espécies arbóreas (p>0,05), o que
mostra que a distribuição das parcelas foi suficiente para garantir a independência amostral
(Figura 14).
(a) (c)
(
b
)
32
0 100 200 300 400 500 600 700 80
0
DIST
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
COMP
Figura 14 – Relação não significativa entre a distância (DIST) das parcelas e a composição (COMP) de árvores e
herbáceas (teste de Mantel e Bray-Curtis), na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
3.4 Levantamento de espécies que ocorreram na Ilha Nova
A lista das espécies presentes nas 24 parcelas (1,5 ha) amostradas encontra-se no
Anexo 1. Nesse levantamento foram encontradas 34 famílias, 57 gêneros e 96 espécies, com
oito destas não identificadas. As famílias com maior riqueza específica foram: Poaceae, com
15 espécies (16 %), Cucurbitaceae e Cyperaceae, com 10 (10 %), Asteraceae e Fabaceae, com
cinco (5 %), Euphorbiaceae, Lamiaceae, Onagraceae e Solanaceae, com três (3 %),
Amaranthaceae, Convolvulaceae, Lauraceae, Malvaceae, Salicaceae e Verbenaceae, com duas
(2 %). As demais famílias (19) foram representadas por apenas uma espécie (Figura 15). O
habitat foi caracterizado pela presença de 12 espécies no estrato arbóreo e 84 espécies de
hábito herbáceo.
33
15
10
10
5
5
3
3
3
3
2
2
2
2
2
27
2
0 5 10 15 20 25 30
POACE
CUCUR
CYPER
ASTER
FABAC
EUPHO
LAMIA
ONAGR
SOLAN
AMARA
CONVO
LAURA
MALVA
SALIC
VERBE
outras
No. de espécies
Figura 15 – Número de espécies presentes nas 24 parcelas (1,5 ha) da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia
Central. Na categoria “outras” estão incluídas as 19 famílias representadas por uma única espécie e as 8 espécies
não identificadas.
4. Discussão
Analisando as três áreas da Ilha Nova (Figura 1), há uma clara diferença na
composição de espécies. A área 1, na extremidade leste da ilha, pode ser considerada como
área de transição de espécies, com predominância de Cecropia sp., seguida por Alchornea
castaneifolia. Considerando que as idades máximas calculadas para Cecropia latiloba e Salix
martiana não ultrapassam 20 anos (Worbes et al., 1992), e que a espécie Alchornea
castaneifolia inicia o processo de colonização juntamente com S. martiana (Junk, 1984), é de
se supor que Cecropia está substituindo A. castaneifolia no processo de sucessão da Ilha
Nova. Dessa maneira, após o estabelecimento de A. castaneifolia, possivelmente devido à
maior retenção de sedimentos e matéria orgânica, o ambiente fica mais propício ao início da
colonização por Cecropia sp. que se estabelece, aumenta localmente em densidade, passando
a caracterizar um estádio intermediário no gradiente sucessional.
A área 2, parte central e região mais elevada, portanto menos inundada, pode ser
definida como a porção mais antiga da ilha. Nessa parcela foram encontradas árvores com as
maiores alturas e os maiores diâmetros, possivelmente representando o estádio sucessional
34
mais avançado existente na Ilha. Confirmando essa hipótese nessa área ocorre um grupamento
monoespecífico de Cecropia sp. A espécie Cecropia latiloba cresce em elevações desde mais
baixas a médias no gradiente de inundação, com preferência por locais de baixa correnteza e
pouca sedimentação, ocorrendo em grupamentos monoespecíficos ou como dominante
(Klinge et al., 1995; Parolin et al., 2002).
Na área 3 ficam as parcelas da extremidade oeste da Ilha, caracterizada por
grupamentos de S. martiana, que pode indicar o primeiro estádio da sucessão arbórea. As
descrições disponíveis de zonação e sucessão da vegetação mostram que a ocorrência de
Cecropia depende da colonização anterior por Salix, que é a primeira colonizadora lenhosa
em áreas alagáveis sujeitas a altas taxas de sedimentação (Terborgh & Petren 1991; Kalliola
et al., 1991; Worbes et al., 1992). De acordo com Oliveira (1998) a espécie de Salix que
ocorre às margens do Rio Solimões, na Amazônia Central, corresponde à descrição feita por
Leybold em 1855, portanto, Salix martiana. Esta espécie, citada em Parolin et al. (2002)
como Salix humboldtiana, ocorre principalmente em locais baixos sujeitos a longos períodos
de inundação, com altas taxas de sedimentação e pouca perturbação antropogênica (Parolin et
al., 2002), além de facilitar o estabelecimento de outras espécies no processo de sucessão
vegetal (Wilson, 1999).
Alguns estudos com comunidades de plantas têm indicado um aumento gradual na
riqueza de espécies durante o processo de sucessão. As famílias dos indivíduos arbóreos
encontradas no levantamento florístico não apresentaram alta riqueza de espécies. Contudo,
97 % dos indivíduos pertenceram a três dessas famílias. Algumas espécies tiveram ampla
distribuição na área estudada, enquanto que outras se distribuíram de forma restrita e com
elevados valores de densidade relativa, caracterizando uma formação de agrupamentos
distintos. Isso sugere que o tempo de colonização na ilha ainda não é suficiente para
evidenciar uma relação entre um aumento da riqueza e o processo de sucessão.
As espécies Alchornea castaneifolia e Cecropia sp. estão presentes no mesmo número
de parcelas, porém, A. castaneifolia está distribuída ao longo de toda a área de estudo,
enquanto Cecropia sp. está restrita à região leste e central da ilha. A parcela com maior
diversidade (cinco espécies) também apresentou maior abundância da espécie mais dominante
(Cecropia sp.). O grupamento e alta abundância de Cecropia sp., cerca de 60 %, estão
relacionados a fase inicial do processo de sucessão no qual a Ilha Nova se encontra. Diferente
do estudo de Worbes et al. (1992), que comparando diferentes áreas de estádio sucessional
mais avançado, encontraram uma diversidade maior nas parcelas com poucos indivíduos das
espécies mais abundantes.
35
Em Queiroz et al. (2006), que estudaram a estrutura e diversidade da flora da
Caatinga, na Paraíba em uma área em processo de sucessão intermediária, com tendência ao
estádio secundário, o IVI variou entre as espécies amostradas. No levantamento feito no
presente estudo, o índice de valor de importância se destacou, principalmente, para Cecropia
sp., com cerca de 60 %, sendo assim a espécie mais abundante da Ilha. As espécies Cecropia
sp., Salix martiana e Alchornea castaneifolia, que obtiveram o IVI > 30, são importantes
pioneiras no processo de colonização de áreas alagáveis. Apesar de Pseudobombax munguba
ocupar cerca de 50 % das parcelas, possui apenas 7 % de IVI. Contudo, S. martiana que
ocupa 30 % das parcelas apresentou cerca de 20 % de IVI. Esta espécie formou grupamentos
monoespecíficos, sem a presença de outra espécie arbórea e estava concentrada na região
oeste da ilha, área de maior correnteza. Igual fenômeno foi observado por Oliveira (1998) em
sítios próximos a área deste estudo, onde registrou que as árvores de S. martiana se encontram
nas cotas mais baixas (entre 23 e 25 m). Finalmente, indivíduos adultos da espécie Vitex
cymosa foram encontrados nas parcelas centrais da área amostral, juntamente com indivíduos
de A. castaneifolia e o grupamento de Cecropia sp., apesar de que no trabalho de Worbes et
al. (1992) apenas plântulas dessa espécie foram encontradas ao longo da margem. Diferenças
locais de correnteza e o tamanho relativamente reduzido da ilha podem explicar essas
diferenças.
Um maior número de indivíduos nas menores classes de diâmetro foi encontrado nessa
ilha jovem, já que se trata de uma área no início de seu processo de formação e sedimentação.
De fato, em outros estudos avaliando a florística e a colonização em áreas alagáveis foi
encontrado o mesmo padrão observado na área de estudo (Wittmann & Junk, 2003; Andrade
et al., 2008; Marinho, 2008). Além disso, esse padrão parece ser bastante comum, pois ocorre
em diferentes biomas e aparece em vários estudos clássicos sobre a dinâmica florestal em
processo de regeneração natural (por exemplo, Lieberman et al., 1985; Primack et al. 1985;
Hubbell & Foster 1986; Lamprecht, 1986; Gentry, 1988; Clark & Clark 1992; Laurance et al.
2004; Queiroz et al., 2006).
Cecropia sp. e Salix martiana são as principais espécies pioneiras do estrato arbóreo
que formam grupamentos monoespecíficos em áreas de várzea (Parolin et al., 2002). Essas
espécies foram mais abundantes na menor classe diamétrica. De acordo com Worbes et al.
(1992) e Oliveira (1998), considerando que a espécie S. martiana possui um crescimento
radial médio de 0,97 cm/ano, os indivíduos dessa espécie presentes na área amostral possuem
menos de 3 anos de idade, uma vez que o maior diâmetro encontrado foi de 5,4 cm. Também
Worbes (1985), por meio da análise e contagem de anéis de crescimento, verificou que
36
algumas plantas aparentam mais idade por ficarem mais tempo submersas. Porém, isso não
ocorreu na área de estudo, já que 1 ano antes da coleta de dados de estrutura durante a
listagem de espécies presentes na Ilha Nova, os indivíduos de Salix martiana ainda estavam
no início de seu crescimento.
Assim como observado para os valores de diâmetro, o maior número de indivíduos foi
encontrado pertencendo às menores classes de altura. Esse padrão já foi observado em
florestas alagáveis, como salientado por Schöngart et al.(2000). Nas classes 1 e 2 (menor que
5 m e menor que 10 m de altura, respectivamente) as principais espécies foram S. martiana e
Cecropia sp. As espécies Alchornea castaneifolia e Cecropia sp., que ocorreram nas quatro
classes, foram as únicas com indivíduos maiores de 15 m.
A única espécie representada em todas as classes de diâmetro e altura foi Cecropia sp.
O DAP e a altura dos indivíduos não caracterizam uma área de forte intervenção antrópica e
podem indicar um processo de sucessão primária.
Os estádios pioneiros da sucessão primária das áreas alagáveis amazônicas são,
freqüentemente, representados por muitas espécies herbáceas (Junk, 1986), dotadas de grande
capacidade de adaptação e amplitude ecológica. A maioria é capaz de suportar longos
períodos de seca, comuns a esses ambientes, transformando-se em formas terrestres, com
adaptações anatômicas, fisiológicas e fenotípicas. As árvores ocorrem em baixa abundância
na vegetação sucessional inicial, devido à competição (Harcombe, 1977), ausência de
dormência prolongada, e escassez de dispersores devido ao habitat tão pouco diversificado
(Bazzaz & Peckett, 1980; Oliveira, 1998).
As gramíneas iniciam os primeiros estádios de sucessão na várzea da Amazônia
Central (Ellenberg, 1988; Worbes et al., 1992), sendo as espécies mais importantes nesse
sentido as gramíneas perenes Echinochloa polystachya e Paspalum fasciculatum (Worbes et
al., 1992), dotadas de grandes colmos (Piedade & Junk, 2000). Essas plantas enraizadas
estabilizam os bancos de areia e argila durante a subida das águas e ajudam a impedir a erosão
(Irion et al, 1997; Piedade & Junk, 2000). Essas espécies que produzem elevadas quantidades
de biomassa (Junk & Piedade, 1993a; 1997), estavam presentes em mais de 50 % das parcelas
monitoradas. O alto valor de biomassa para essas duas herbáceas está relacionado ao ciclo de
vida dessas espécies; enquanto P. fasciculatum maximiza seu crescimento durante a fase
terrestre ficando em forma dormente durante a inundação, E. polystachya tem seu ciclo de
vida associado à fase aquática, sendo a fase terrestre de rebrota e menor biomassa. Por esse
motivo na fase do ciclo hidrológico analisada, o percentual de biomassa obtido para P.
fasciculatum foi maior do que aquele de E. polystachya. Essas duas espécies podem ocupar as
37
mesmas áreas durante a fase terrestre, como foi observado nas parcelas deste estudo e no
trabalho de Conserva (1998).
Herbáceas aquáticas e semi-aquáticas crescem em grandes quantidades na várzea e
mostram altas taxas de produção e de valores de biomassa (Junk & Piedade, 1993b). Elevadas
densidades de Paspalum fasciculatum ocorrem principalmente em áreas de depósitos de
sedimentos recentes marginais a rios e lagos (Conserva, 1998), similares àquelas encontradas
nas parcelas da extremidade oeste da Ilha Nova, onde a espécie contribuiu com mais de 60 %
à biomassa total. Entretanto, a planta pode ocorrer também em posições mais elevadas do
gradiente, desde que não haja sombreamento por espécies de porte mais elevado, como, por
exemplo, árvores (Conserva & Piedade, 1998; 2001). Essa situação foi observada nas parcelas
da porção central da área amostral, onde P. fasciculatum ocorreu com 100 % de freqüência.
Essa planta semi-aquática, cujo período vegetativo principal é durante a fase terrestre, tem
colmos que suportam dormentes de dois a três anos de inundação contínua (Junk & Howard-
Williams, 1984), e asseguram o sucesso na propagação vegetativa na fase terrestre
subseqüente (Junk, 1970). A espécie P. fasciculatum possui alta produção de biomassa (Junk
& Piedade, 1993a; 1997) e valores que chegam até 57 t.ha
-1
.ano
-1
(Junk & Piedade, 1993b), da
qual 50 % é decomposta durante a fase aquática (Junk & Weber, 1996). As coletas na área de
estudo foram realizadas durante a fase terrestre, quando os caules crescem a um ritmo
constante (Junk & Piedade, 1993a), o que pode explicar a alta biomassa de P. fasciculatum na
Ilha Nova. Em toda a área amostral essa espécie contribuiu com cerca de 50 % da biomassa
total obtida, sendo a espécie herbácea dominante em 90 % das parcelas onde ocorreu.
A espécie Echinochloa polystachya é considerada altamente produtiva dentre as
gramíneas (Piedade et al., 1991; Morison et al., 2000). Seu ciclo de vida é sincronizado com a
subida do nível da água e a fase aquática do ciclo hidrológico (Piedade et al., 1992; Piedade,
1993), contudo, essa espécie cresce tanto na fase aquática quanto na fase terrestre (Junk &
Piedade, 1993a). Quando o nível da água começa a diminuir, as plantas parcialmente
submersas começam a se decompor em sua porção basal; esse processo progride de forma que
na fase terrestre apenas partes remanescentes dos colmos da velha geração cobrem os
sedimentos e destes uma intensa rebrota tem início. Provavelmente por esse motivo, essa
espécie apresentou menos da metade do percentual de biomassa medida para P. fasciculatum.
Mesmo assim, foi dominante em aproximadamente 70 % das parcelas coletadas. Em Morison
et al. (2000), durante a fase terrestre, foram registrados valores de 11,64 t.ha
-1
para a espécie
E. polystachya, a qual pode acumular uma biomassa de até 80 t.ha
-1
.ano
-1
(Piedade et al.,
1991). Os maiores valores de biomassa para E. polystachya foram encontrados nas parcelas
38
do lado leste da ilha, porção da área amostral mais próxima da margem do rio, com solo
bastante úmido no início da fase terrestre. Isso pode estar relacionado com o fato dessa
espécie ocupar o limite inferior da faixa de distribuição da vegetação enraizada da várzea,
próximo ao limite da linha da água (Piedade et al., 1997). Essas áreas acabam sendo
dominadas por E. polystachya, pois, além de seu rápido crescimento, grande quantidade de
material da espécie proveniente da geração anterior colapsa e se decompõe, cobrindo a
superfície do solo, inibindo o crescimento de espécies concorrentes (Piedade et al., 1992).
De acordo com Wantzen & Junk (2000), em áreas alagáveis poucas espécies
representam grande parte da biomassa e abundância, enquanto muitas espécies são
representadas somente por poucos indivíduos por unidade amostral. Os ciclos de vida curtos e
as altas taxas de reprodução da vegetação desses ambientes permitem a colonização rápida de
áreas perturbadas e a reposição de perdas populacionais (Junk & Piedade, 1993b; 1994).
Durante a seca quase nenhuma vegetação flutuante é encontrada nos rios. Somente
com o aumento do nível da água, quando a conexão com as águas isoladas é restabelecida, é
que grandes quantidades de plantas flutuantes aparecem nos rios (Junk, 1970). Na Ilha Nova
foram encontradas algumas espécies livre flutuantes, como Eichhornia crassipes, Salvinia
auriculata e Azolla filiculoides, o que sugere a transição da fase aquática para terrestre.
Contudo, no fim da estação seca brotos de espécies arbóreas pioneiras, como Pseudobombax
munguba, Cecropia latiloba e Salix martiana, como também pedaços de gramíneas perenes,
podem se desenvolver entre a comunidade de herbáceas pioneiras. De acordo com Junk
(1986), durante a cheia, os campos são ocupados pelas gramíneas aquáticas como
Hymenachne amplexicaulis e Paspalum repens, e pelas plantas livre flutuantes.
O adensamento de espécies herbáceas em algumas parcelas dificulta o estabelecimento
de espécies arbóreas e arbustivas pioneiras na área, como Cecropia sp. Salix martiana e
Alchornea castaneifolia; estas, por sua vez, são substituídas por espécies de competitividade
maior (Junk, 1989a). Segundo Puhakka et al. (1993), essas mesmas espécies arbóreas citadas
não toleram sombra, o que sugere que o sombreamento que elas propiciam favorece o
estabelecimento de outras espécies de árvores. As espécies arbóreas encontradas na Ilha
Nova, como Cecropia sp., S. martiana, A. castaneifolia, P. munguba e Vitex cymosa, ainda
não atingiram porte suficiente para sombrear o solo e diminuir a biomassa de herbáceas. Na
área de estudo, indivíduos de S. martiana com a altura máxima de 8 m e 5 cm de DAP
estavam cercados de expressivas quantidades das gramíneas E. polystachya e P. fasciculatum.
A mesma situação foi observada por Oliveira (1998), com indivíduos de S. martiana com
mais de 10 m de altura circundados pelas mesmas espécies herbáceas.
39
A perturbação decorrente das altas taxas de erosão e sedimentação, e também o
tamanho dos grãos de sedimentos afetam a distribuição de plantas (Junk 1989a). A maioria
das parcelas apresentou maior percentual de grãos finos, porém isso influenciou apenas a
vegetação arbórea, ficando clara a preferência, por exemplo, da espécie S. martiana por solos
arenosos. Bancos de areia nos rios da Amazônia são menos colonizados por plantas herbáceas
do que bancos argilosos (Junk & Piedade, 1997); isso se deve à maior capacidade de retenção
da água em solos argilosos do que em solos arenosos (Junk, 2000).
As espécies invasoras têm sobrevivido através dos tempos devido à sua habilidade de
resistir a inúmeras condições climáticas adversas, tolerando altas e baixas temperaturas,
ambientes secos e úmidos e variações no suprimento de oxigênio (Christoffoleti & Caetano,
1998). Uma das principais características de solos inundados é a falta de oxigênio
(Armstrong, 1978) e esse é provavelmente o fator limitante mais importante no crescimento e
sobrevivência de plantas angiospermas em tais habitats (ap Rees et al., 1987). Algumas
espécies de plantas de áreas alagáveis podem sobreviver por semanas ou meses sob condições
de baixa concentração ou ausência de oxigênio (Crawford, 1982). Esse período varia de
acordo com a espécie e as condições impostas pela anoxia (Crawford et al., 1987). A espécie
Salix martiana possui um sistema radicular profundo que permite melhor fixação e
capacidade de suportar condições adversas como a correnteza da água, por sua vez, pode
precisar de mais oxigênio que as outras, o que explicaria a necessidade de se estabelecer em
solos arenosos. Isso pode explicar o fato de que essa espécie produz raízes adventícias
próximas à superfície do solo (Parolin et al., 2002), suprindo assim sua necessidade por
oxigênio.
A análise global das espécies presentes na Ilha Nova indica que a representatividade
das famílias observadas no campo está de acordo com o constatado para restingas herbáceas
do sul do Brasil (Klein et al., 2007), onde se verifica predominância de Poaceae, Cyperaceae,
Asteraceae e Fabaceae, variando apenas na ordem de importância. Este padrão parece ser
decorrente do sistema aberto de entrada de material alóctone favorecido pelas cheias, devido à
oscilação do nível da água, juntamente com o material inorgânico como areia, silte e argila,
material de origem orgânica na forma de detritos coloniza esses ambientes. Dessa forma,
também frutos e sementes atingem a área, podendo então colonizar esses ambientes abertos.
A deposição e a remoção periódica de liteira e do banco de sementes afeta o
recrutamento de sementes e plântulas e, por essa razão, influencia na seleção de espécies
capazes de sobreviver nessas áreas (Rodrigues, 1992), favorecendo assim a presença de
espécies pioneiras (Metzger et al., 1997). Apesar das herbáceas geralmente serem vistas como
40
invasoras, esse grupo de plantas é fundamental no processo de sucessão, atuando no primeiro
estádio de colonização do ambiente alterado ou aberto à colonização.
Devido a seu relevo baixo, a Ilha Nova passa grande parte do ano submersa, o que
pode influenciar a composição de espécies e a velocidade do processo de sucessão que nela
está se processando. Estudando dois tipos de ilhas, Piedade et al. (2005a) sugerem que a
colonização deve estar ligada à ocorrência de ciclos maiores de secas que, deixando o banco
arenoso ou argiloso exposto por um tempo mais prolongado, podem acelerar o processo de
colonização inicial.
Os estudos de comunidades de plantas herbáceas e florestas inundáveis próximas à
região de Manaus indicam que há estádios serais específicos, os quais tendem a se estabilizar
ao longo do gradiente de inundação. Eles começam com plantas herbáceas anuais, passam
para comunidades herbáceas perenes, são depois substituídos por diferentes espécies arbóreas
pioneiras, e finalmente por espécies clímax (Worbes, et al., 1992; Junk & Piedade, 1997;
Worbes, 1997).
5. Conclusões
A riqueza de espécies e a biomassa de herbáceas diminuem de acordo com a idade da
ilha, em função do sombreamento promovido pelas árvores.
A idade estimada para a Ilha Nova, cerca de 15 anos, parece ser confirmada pela
composição de espécies encontrada, sua abundância e o IVI dos indivíduos, indicando que a
vegetação dessa ilha se encontra ainda nos primeiros estádios de sucessão, dominada por
espécies pioneiras.
A composição sedimentar, a alta densidade e biomassa de espécies herbáceas
colonizadoras iniciais e a baixa representatividade florística das espécies secundárias tardias
em relação às pioneiras indicam que a Ilha Nova se encontra ainda em um processo de
sucessão primária.
Não houve relação entre granulometria, ocorrência e ausência de espécies herbáceas.
Contudo, a espécie arbórea Salix martiana encontra-se restrita a substratos arenosos e as
demais arbóreas aos substratos de granulometrias mais finas.
41
Capítulo 2: Composição do banco de sementes do solo em uma ilha jovem da várzea da
Amazônia Central
Resumo
Os ambientes de várzea são áreas relativamente jovens e estão em constante processo
de sedimentação e erosão. Todo ano na várzea Amazônica são depositadas novas áreas
sujeitas a colonização de espécies. Em outubro de 2007, durante o início da fase terrestre na
Ilha Nova, 3º15’S, 59º55’O, Rio Solimões, nas proximidades de Manaus, Amazonas, foram
realizadas coletas de solo, nos gradientes horizontal e vertical, para identificar a composição
do banco de sementes dessa área recém sedimentada de várzea. Foram marcados 12 pontos, e
três profundidades em cada um deles (A = 0-0,5 m; B = 0,51-1 m; C = 1,01-1,5 m). As
amostras foram transportadas para Casa de Vegetação - Inpa/Manaus, onde foram espalhadas
para germinar, e observadas durante 16 semanas. Para os testes estatísticos foi usado o pacote
estatístico Systat 12.0. O banco de sementes analisado foi composto de 2024 plantas e 31
espécies, basicamente herbáceas, com predominância de Cyperaceae e Poaceae. Ao contrário
do que foi observado na composição atual da Ilha Nova, o banco de sementes apresentou
maior riqueza para a família Cyperaceae do que para Poaceae, além disso, das 96 espécies que
compunham a vegetação da Ilha, apenas seis germinaram no banco de sementes. A espécie
mais abundante e com maior índice de velocidade de germinação foi Sphenoclea zeylanica
(Sphenocleaceae). Não houve diferença significativa na abundância e riqueza de espécies nas
três profundidades avaliadas. Porém, mais de 40 % dos indivíduos germinaram na
amostragem de solo coletada a 0,5 m de profundidade. A maior proporção de germinação
ocorreu na terceira semana de observação, com 50 %, 50 % e 30 % de emergência nos
estratos 0,5 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente. A Ilha Nova apresentou um banco de sementes
viáveis em estratos de até 1,5 m de profundidade, que podem estar enterradas por mais de um
ano e, por conseguinte, podem caracterizar o banco de sementes como persistente.
Palavras-chave: comunidade vegetal, herbáceas, sucessão vegetal, demografia de plantas,
ecologia vegetal.
42
1. Introdução
A germinação de sementes é a reativação do crescimento do embrião resultando no
rompimento do tegumento da semente e na emergência da plântula (Malavasi, 1988). Esse
processo é geralmente afetado por quatro fatores importantes: hidratação, aeração,
temperatura e luz (Bewley & Black, 1982). O tempo necessário para a semente germinar, após
as condições favoráveis serem estabelecidas, pode estar associado com a estratégia de
regeneração (Garwood, 1996). As áreas inundáveis da Amazônia Central são submetidas a
oscilações médias de nível da água de 10 metros, definindo uma fase aquática e uma fase
terrestre às quais a biota deve se adaptar (Junk et al., 1989). Assim, nesses ambientes o tempo
disponível para a germinação das plantas é curto, reduzido à fase terrestre. Como essa fase é
fundamental para a eficiência do estabelecimento, esse curto tempo deve ser eficientemente
usado para o crescimento de plântulas (Parolin et al., 2003).
O requerimento de luz para germinação permite às sementes germinarem na água, ou
próximo à superfície do solo, e assegura que sementes pequenas não germinem em
profundidades nas quais suas reservas serão inutilmente usadas no crescimento da plântula em
direção à superfície. Isso se constitui em um mecanismo para manter o banco de sementes
dormentes no solo (Frankland et al., 1987).
Denomina-se banco de sementes a reserva de propágulos vegetativos viáveis, inclusive
sementes, presentes no solo, tanto em profundidade quanto em sua superfície, capazes de
recompor uma vegetação local, dando continuidade ao ciclo de vida das espécies vegetais
(Almeida-Cortez, 2004; Baskin & Baskin, 1998; Christoffoleti & Caetano, 1998; Roberts,
1981; Fernández-Quintanilla et al., 1991). O banco de sementes é também um arquivo de
informações das condições ambientais e práticas culturais anteriores, sendo importante para a
avaliação do potencial de infestação das plantas invasoras no presente e no futuro (Templeton
& Levin, 1979). A relação direta entre o histórico da área e o sistema de produção adotado
pode causar grandes variações na composição e na densidade do banco de sementes (Vilar,
2006).
O banco de sementes tem uma composição variável, podendo ser formado por
sementes alóctones (originadas de outros locais) e/ou autóctones (sementes das espécies do
local) (Almeida-Cortez, 2004), e pode ser classificado como temporário ou persistente
(Almeida-Cortez, 2004; Christoffoleti & Caetano, 1998; Thompson & Grime, 1979).
Banco de sementes temporário é composto de sementes de vida curta, as quais não
apresentam dormência e são dispersas por curtos períodos de tempo durante o ano, enquanto
43
no banco persistente as sementes possuem um ou mais anos de idade, e permanecem
enterradas no solo ano após ano (Garwood, 1989; Thompson & Grime, 1979; Walck et al.,
1996).
De acordo com Grime (1979), a maioria dos bancos de sementes do solo consiste de
sementes enterradas; entretanto, algumas sementes estão na superfície do solo (Roberts, 1981)
ou na liteira, detritos, ou húmus (Komarova, 1985). As sementes podem cair em fendas no
solo, ter partículas levadas pelo vento, ou serem cobertas por sedimentos durante a inundação
(Baskin & Baskin, 1998).
A dinâmica em um banco de sementes é influenciada diretamente pela sucessão de
entrada e saída de sementes ao longo do tempo (Simpson et al., 1989). Isto é o que determina
a densidade populacional de uma espécie na comunidade, como reserva de sementes ou de
plantas, mesmo que a correlação entre elas seja baixa (Rice, 1989).
Em áreas alagáveis amazônicas a sucessão começa com plantas aquáticas em águas
abertas e leva diretamente, após alguns estádios, para a floresta inundada. Devido à estreita
relação entre a vegetação e os corpos de água adjacentes, predomina em ambientes alagáveis a
sincronia da abscisão de frutos com os níveis altos das águas, sendo os mecanismos de
dispersão de propágulos relacionados às síndromes de dispersão (Piedade et al., 2006).
As síndromes de dispersão são definidas com base nas características estruturais dos
frutos e sementes. Podem também ser classificados os agentes de dispersão em abióticos
(vento, água, peso) e bióticos (mamíferos, aves, répteis, peixes, formigas) (Almeida-Cortez,
2004). As principais síndromes de dispersão associadas a áreas alagáveis são: hidrocoria, com
sementes dispersas pela água; ictiocoria, dispersas por peixes; anemocoria, dispersão pelo
vento e ornitocoria, por pássaros (Pijl, 1982; Gottsberger, 1978; Goulding, 1980; Goulding,
1983; Oliveira & Moreira, 1992; Kubitzki & Ziburski 1994; Griz et al., 2002). Esses
mecanismos, além de propiciarem a colonização dos novos habitats formados pela deposição
do rio ou decorrentes da remoção da cobertura vegetal pela correnteza, favorecem o
desenvolvimento de plantas jovens em locais mais propícios a elas.
As sementes podem ser dispersas por um ou mais de um dispersor. Segundo Junk
(1989a), provavelmente todas as sementes e frutos são consumidos pelo menos
ocasionalmente, ou em parte, por uma ou mais das numerosas espécies de peixes da
Amazônia, porém não se sabe quanto esse consumo e a dispersão estão correlacionados.
Nas florestas inundáveis a maioria dos diásporos que cai na água mantém-se flutuando
por períodos de tempo variáveis antes de afundar para o solo, onde irá permanecer (Kubitzki
& Ziburski, 1994). De um vasto número de sementes presentes no solo após a dispersão,
44
apenas uma fração minúscula germina para formar plântulas (Harper, 1977). Assim, a
propagação vegetativa tem uma importante função, particularmente nas espécies que formam
agrupamentos monoespecíficos (Worbes, 1997).
Alguns habitats são considerados arriscados para sobrevivência de plantas,
principalmente espécies anuais. As condições podem ser tão severas em alguns anos que
todos os indivíduos morrem antes de terem a chance de se reproduzir (Baskin & Baskin,
1998). Uma maneira das espécies sobreviverem em ambientes de risco é terem um banco
persistente de sementes (Cohen, 1966).
O papel de um banco de sementes na colonização de um novo local em áreas alagáveis
é considerado insignificante, já que estes locais são formações de depósitos recentes, com
sedimentos derivados da parte mais baixa do chão da floresta antiga, a qual possui uma
vegetação diferente. Conseqüentemente, a colonização depende da chegada dos propágulos,
disponíveis após a recuada das águas (Kalliola et al., 1991). Esta dinâmica, contudo, até o
momento não foi devidamente acompanhada.
Sabe-se que espécies pioneiras se estabelecem após a remoção ou perturbação da
floresta. Entretanto, não está claro se as espécies pioneiras resultam das sementes presentes no
solo, ou daquelas dispersadas para o local após remoção das espécies clímax (Baskin &
Baskin, 1998). Como não se tem informação suficiente sobre a fenologia de dispersão de
sementes e germinação nos trópicos, principalmente para herbáceas em áreas alagáveis, é
difícil afirmar se as sementes nas amostras de solo são provenientes de bancos de sementes
persistentes, temporários, ou persistentes e temporários. Além disso, sementes de espécies
pioneiras que germinam em amostras de solo podem ter muitos meses ou anos de idade, ou
podem ter sido dispersadas recentemente (Baskin & Baskin, 1998).
Este estudo determinou a composição do banco de sementes do solo de uma ilha
recentemente depositada na várzea do Rio Solimões, Ilha Nova, e sua similaridade com as
espécies já estabelecidas na área de estudo.
2. Material e Métodos
2.1 Coletas de solo
As coletas de dados foram feitas em uma ilha jovem do rio Solimões 3º15’S, 59º55’O,
45
Ilha Nova, cerca de 20 km SE da cidade de Manaus, Amazonas (Figura 1).
Figura 1 - Área de estudo mostrando a localização da Ilha da Marchantaria (escala) em relação à Ilha Nova,
ambas localizadas no Rio Solimões 3º15’S, 59º55’W a 20 km de Manaus, Am. (Imagem Landsat TM; Fonte:
INPE, 2002 e 2009, respectivamente).
Para estudo da composição florística do banco de sementes foram realizadas coletas no
mês de outubro de 2007. As amostras foram retiradas apenas nos dois lados (barrancos) Norte
e Sul da ilha. Não foram feitas coletas nas extremidades da Ilha, enquanto em uma ponta
estava completamente coberta pela espécie Cynodon dactylon – Poaceae, a outra estava com o
substrato exposto (Figura 2).
Figura 2 – Extremidade Oeste com predominância de Cynodon dactylon (a) e extremidade Leste sem vegetação
aparente (b), na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
a
b
Ilha da Marchantaria
Rio Solimões
*
Rio Solimões
Rio Ne
g
ro
Manaus
46
A cada 300 m foram marcados os locais para coleta de solo, totalizando 12 pontos,
seis em cada lado da Ilha. A distância entre os pontos de coleta foi medida com trena, e os
pontos marcados com uma estaca de madeira (piquete) presa ao solo.
Sendo os declives pouco pronunciados, foi possível coletar no máximo em 3 (três)
níveis, denominados A, B e C, a 0 a 50 cm, 51 a 100 cm e 101 a 150 cm, respectivamente, em
relação ao nível do rio. Não foi possível a coleta a 150 cm no primeiro ponto, pois este estava
próximo do platô. Também foram registradas as distâncias da margem até o ponto de coleta,
assim como a vegetação em um raio de aproximadamente 5 m.
As amostras de solo foram retiradas com auxílio de uma pá de corte e um gabarito de
madeira, com a dimensão 20 X 30 X 5 cm (largura x comprimento x altura), permitindo a
padronização das amostras coletadas nos três níveis, eliminando anteriormente a camada de
folhiço (Figura 3).
Figura 3 – Pontos de coleta de solo a cada 300 m de distância, com três profundidades diferentes: A (0 a 50 cm),
B (51 a 100 cm) e C (101 a 150 cm) e três réplicas em cada coleta, para amostragem do banco de sementes da
Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
300 m
A
B
C
6 pontos
50 cm
100 cm
150 cm
N
S
A
30 cm
5 cm
20 cm
47
As amostras coletadas foram armazenadas em sacos plásticos de 5 Kg devidamente
identificados, e transportados à casa de vegetação do Projeto Inpa/Max Planck, no Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), na cidade de Manaus.
2.2 Emergência de plântulas – casa de vegetação
A casa de vegetação (Figura 4) está localizada no campus I – Bosque da Ciência
(INPA) possui a dimensão de 150 m
2
, com temperatura variando entre 26-36 °C e umidade
relativa que chega até 70 %. Apresenta cobertura e revestimento lateral de tela de polietileno
“sombrite” (Conserva, 2006).
Figura 4 – Casa de vegetação do projeto INPA/Max-Plank, localizada no campus I – Bosque da Ciência (INPA).
As três amostras de cada profundidade foram misturadas originando uma amostra
composta. Da amostra composta foram retiradas três subamostras. Essas subamostras foram
espalhadas em bandejas plásticas (21 cm largura x 34,5 cm comprimento x 7 cm altura) e
deixadas na casa de vegetação sob 70 % de radiação solar (Figura 4). Após a montagem do
experimento com banco de sementes, o restante das amostras de solo foi encaminhado para o
Laboratório de Solos da Embrapa Ocidental, para análise granulométrica (areia, silte e argila).
48
Figura 5 – Casa de vegetação do projeto INPA/Max-Plank em Manaus, Amazonas, com 105 bandejas (21 x 34,5
x 7 cm) com solo para germinação, dos 12 pontos coletados na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central, sob
70 % de radiação solar.
O método usado para estimar a composição do banco de sementes foi o de emergência
de plântulas. O experimento foi conduzido durante 124 dias, com irrigações feitas de acordo
com a necessidade, e a germinação foi monitorada inicialmente a cada dois dias; após os
primeiros 30 dias as observações foram semanais. Foi observado tanto o aparecimento de
sementes e/ou sementes germinadas, quanto de plântulas proveniente de propagação
vegetativa (estolões). As plântulas foram contadas e identificadas com auxílio de literatura e
outros bancos de dados digitais. Quando a identificação não foi possível, os exemplares foram
transferidos para outro recipiente para desenvolvimento e posterior identificação.
2.3 Análises de dados
Na contagem de indivíduos foi considerada cada planta acima da superfície do solo,
resultando em valores de densidade e riqueza de espécies presentes no banco de sementes. A
partir desses dados também foi calculada a germinação acumulada nos quatro meses de
1 2
3
4
5
6
7
8
9
10
1112
49
observação, usando como valor percentual (100 %) o total de indivíduos germinados até o fim
do experimento. Além disto, foi também calculada a velocidade de germinação para as
espécies identificadas.
Para as análises estatísticas foi utilizado o pacote estatístico Systat 12.0. A Regressão
Linear Simples foi utilizada para verificar a relação entre a riqueza de espécies germinadas e a
porcentagem de areia, silte e argila do solo; a correlação de Pearson para verificar a relação
entre a riqueza de espécies e a ordem dos pontos amostrados. Para avaliar se a riqueza de
espécies variava com a profundidade de coleta e o tipo de solo, foi utilizada Anova. O teste de
Tukey (p< 0,05) foi utilizado para avaliar as diferenças significativas entre os níveis de
profundidade. Para analisar a estrutura da comunidade de plântulas germinadas foi feito um
ordenamento das espécies pelo gradiente de areia, silte e argila do solo.
3. Resultados
Em todas as bandejas com as amostras de solo ocorreu germinação. Alguns indivíduos
não entraram em fase reprodutiva após a germinação e não puderam ser identificados, outros
só foram observados até a germinação (Figura 6a). Devido ao tamanho e à fragilidade das
plântulas, algumas espécies foram perdidas antes de serem identificadas (Figura 6b). Tais
espécies foram agrupadas em morfotipos (msp). No total foram registradas 2024 plantas e 31
espécies (incluindo os morfotipos), todas pertencentes ao estrato herbáceo (Tabela 1).
Figura 6 - (a) msp 6 (semente com 1 mm de comprimento), morfotipo observado até a germinação e (b) msp 3
(semente com 3 mm de comprimento), morfotipo desaparecido antes de ser identificado na amostragem do
banco de sementes da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
ab
50
A abundância variou de 1 a 1000 indivíduos por espécie (Tabela 1). As espécies
menos abundantes, com no máximo 15 indivíduos, representaram 64,5 % da composição do
banco de sementes, enquanto as espécies mais abundantes, com mais de 30 indivíduos,
representaram apenas 35,5 %, com destaque para Sphenoclea zeylanica com 1115 indivíduos,
e com o maior índice de velocidade de germinação. De acordo com a lista de espécies
presentes na área de estudo (Anexo 1, do Capítulo 1), apenas seis espécies das 96 atualmente
estabelecidas na Ilha Nova (Tabela 1) germinaram no banco de sementes do solo.
Tabela 1 – Lista das 31 espécies e morfotipos encontradas no banco de sementes de solo no período de 4 meses,
n° de indivíduos, com seus respectivos índices de velocidade de germinação (IVG), nas amostras obtidas nas
profundidades A (0,50 m), B (1 m) e C (1,5 m) na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Família Espécie
No.
Índiv.
IVG
A
IVG
B
IVG
C
IVG total
Sphenocleaceae
Sphenoclea zeylanica
1115 27,39 19,81 7,77 54,97
Poaceae Steinchisma laxa 160 1,24 0,79 1,21 3,24
Oryza sp. 10 0,06 0,11 0,11 0,27
Echinochloa polystachya
1 0,06 0,00 0,00 0,06
Cyperaceae
Fimbristylis cf quinquangularis
66 2,05 0,66 0,45 3,16
Cyperus surinamensis
65 1,08 0,33 0,41 1,82
Cyperus sp. 5 14 0,45 0,03 0,09 0,57
Cyperus sp. 11 8 0,34 0,00 0,00 0,34
Oxycaryum cubense 3 0,05 0,00 0,00 0,05
Cyperus sp. 14 2 0,00 0,09 0,00 0,09
sp. 33 2 0,11 0,00 0,00 0,11
Cyperus ferax 1 0,06 0,00 0,00 0,06
Cyperus sp. 20 1 0,00 0,00 0,04 0,04
sp. 23 1 0,03 0,00 0,00 0,03
Fimbristylis cf dichotoma 1 0,00 0,00 0,01 0,01
Loganiaceae Spigelia anthelmia L. 89 0,25 0,57 0,83 1,65
Onagraceae
Ludwigia decurrens
74 0,97 0,77 0,61 2,35
Ludwigia densiflora
54 1,35 0,70 0,38 2,44
Briófita “musgo” 68 0,00 0,00 1,35 1,35
Scrophulariaceae Lindernia crustacea 5 0,02 0,00 0,03 0,05
Stemodia hyptoides 1 0,00 0,00 0,04 0,04
Pteridaceae Ceratopteris pteridoides 1 0,00 0,00 0,02 0,02
Indet msp 3 148 0,61 0,84 0,81 2,25
Indet msp 6 80 0,33 0,37 0,46 1,16
Indet msp 7 30 0,07 0,12 0,14 0,33
Indet msp 8 10 0,02 0,09 0,02 0,14
Indet msp 9 6 0,02 0,02 0,02 0,06
Indet msp 1 4 0,00 0,00 0,17 0,17
Indet msp 5 2 0,00 0,00 0,05 0,05
Indet msp 11 1 0,00 0,00 0,01 0,01
Indet msp 12 1 0,00 0,00 0,01 0,01
Espécies em azul também estavam presentes na cobertura vegetal atual da Ilha Nova.
Espécies com n° indivíduos > 30 estão em destaque na coluna “No. ìndiv.”.
51
A riqueza variou de 4 a 10 espécies por profundidade em cada ponto de coleta (Tabela
2). Com a análise granulométrica foi obtida a classificação textural do solo e o percentual de
grãos de areia, silte e argila para cada profundidade e ponto de coleta (Tabela 2).
Considerando os três níveis de profundidade, 43 % dos indivíduos germinaram de 0-0,5 m, 33
% de 0,51-1 m e 24 % de 1,01-1,5 m de profundidade. Em relação à granulometria, 73 % da
germinação ocorreu no substrato com maior percentual de areia, sendo que deste, 23 %, 44 %
e 33 % a 0,5 m, 1 m e 1,5 m de profundidade, respectivamente.
Tabela 2 – Riqueza e abundância (n° de indivíduos) de espécies, e granulometria nos pontos de coleta para as
diferentes profundidades: 0,5 m; 1 m e 1,5 m na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Ponto Prof m)
Dist m)
Riqueza No. Ind. Textura do solo
% areia % silte % argila
1
0,5 1,80 10 151 Franco Arenosa 72,37 22,38 5,25
1 5,25 8 240 Areia 87,53 11,32 1,15
2
0,5 1,18 6 34 Franco Siltosa 44,29 50,41 5,30
1 1,54 4 8 Franco Siltosa 34,54 53,46 12,00
1,5 2,50 9 44 Franco Arenosa 59,95 32,85 7,20
3
0,5 0,80 6 42 Franco Siltosa 11,47 69,53 19,00
1 1,24 6 15 Franco Arenosa 69,64 24,71 5,65
1,5 2 9 77 Franco Arenosa 64,99 33,31 1,70
4
0,5 1,12 4 15 Franco Siltosa 14,57 68,93 16,50
1 1,53 7 28 Franco Arenosa 71,54 24,96 3,50
1,5 3,15 7 33 Areia 93,89 4,51 1,60
5
0,5 1,92 8 38 Franco Arenosa 70,02 26,23 3,75
1 3,34 10 28 Franco Arenosa 73,97 20,98 5,05
1,5 5,47 8 42 Franco Arenosa 71,93 25,22 2,85
6
0,5 1,58 6 18 Franca 41,56 47,44 11,00
1 3,5 6 19 Franco Arenosa 71,19 25,61 3,20
1,5 6,77 5 15 Franco Arenosa 55,41 41,19 3,40
7
0,5 1,44 6 19 Areia 92,54 7,41 0,05
1 1,86 10 62 Areia 87,46 12,44 0,10
1,5 2,37 8 24 Areia 94,95 3,10 1,95
8
0,5 1,88 8 46 Franco Arenosa 58,86 33,79 7,35
1 3,41 5 16 Franco Arenosa 62,91 32,09 5,00
1,5 5,14 5 19 Areia 92,25 6,31 1,45
9
0,5 2,45 8 34 Areia 92,14 6,71 1,15
1 12,5 8 40 Areia Franca 76,20 21,25 2,55
1,5 16,4 6 26 Franco Arenosa 58,97 35,58 5,45
10
0,5 1,6 8 431 Franco Siltosa 35,32 55,28 9,40
1 4 6 162 Areia 89,74 9,01 1,25
1,5 6,8 5 118 Areia 92,43 6,32 1,25
11
0,5 5,32 9 31 Areia Franca 80,67 17,18 2,15
1 9,44 5 32 Areia 92,01 7,24 0,75
1,5 14,8 6 40 Areia Franca 79,20 19,20 1,60
12
0,5 8,93 5 19 Areia 93,90 5,75 0,35
1 23,8 4 10 Areia 92,12 7,68 0,20
1,5 39,6 10 48 Areia 89,76 8,99 1,25
Pontos de coleta com maior percentual de areia em destaque na coluna “% areia”.
52
De acordo com essa classificação textural, houve uma diferença significativa entre a
riqueza de espécies germinadas nas bandejas com substrato franco arenoso e o substrato
franco siltoso (p=0,016). O solo franco arenoso apresentou uma riqueza significativamente
maior que o solo franco siltoso (Figura 7). Porém, quando analisada a relação entre o
percentual de grãos de areia, silte e argila e a riqueza de espécies, não houve relação
significativa (p>0,05).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Riqueza de espécies
c
c
c
ac
bc
Areia Areia
Franca
Franco
Arenosa
Franca Franco
Siltosa
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Riqueza de espécies
c
c
c
ac
bc
Areia Areia
Franca
Franco
Arenosa
Franca Franco
Siltosa
Figura 7 – Riqueza de espécies germinadas, na amostragem do banco de sementes da Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central, em relação ao tipo de solo. (a) e (b) representam a diferença significativa entre os diferentes
tipos de solo.
Não houve efeito da profundidade de coleta do solo e a riqueza de espécies
germinadas (p>0,05). Quando analisada cada profundidade separadamente, também não
houve diferença significativa entre a riqueza de espécies e a porcentagem de areia, silte ou
argila (p>0,05).
Não houve relação entre a abundância de indivíduos germinados e o tipo de solo ou
com o percentual de areia, silte e argila (p>0,05). Quando analisada cada profundidade
separadamente, houve relação significativa a 1 m de profundidade entre a abundância de
espécies e o percentual de areia, silte e argila (p=0,016; p=0.014; p =0,03, respectivamente).
53
A abundância aumentou proporcionalmente com o percentual de areia (Figura 8a) e
inversamente com a percentagem de silte e argila (Figura 8b,c).
0 102030405060
Silte (%)
0
20
40
60
80
100
120
0 5 10 15
Argila (%)
0
20
40
60
80
100
120
30 40 50 60 70 80 90 100
Areia (%)
0
20
40
60
80
100
120
Abundância
0 102030405060
Silte (%)
0
20
40
60
80
100
120
0 5 10 15
Argila (%)
0
20
40
60
80
100
120
30 40 50 60 70 80 90 100
Areia (%)
0
20
40
60
80
100
120
Abundância
Figura 8 – Abundância de espécies na amostragem do banco de sementes da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia
Central em relação ao percentual de (a) areia, (b) silte e (c) argila.
Cerca de 1 a 400 indivíduos de cada espécie germinaram em cada amostra coletada,
0,07 m
2
, com a espécie Sphenoclea zeylanica apresentando maior abundância por
profundidade e por ponto de coleta (Tabela 3). A maioria das espécies germinou em diferentes
profundidades e diferentes substratos. Apenas três espécies de Cyperaceae, Cyperus ferax,
Oxycaryum cubense e sp. 23 ocorreram em substratos com maior percentual de grãos finos.
(a) (b)
(c)
54
Tabela 3 – Número de indivíduos germinados em cada ponto de coleta, nas profundidades A = 0,5 m, B = 1 m e C = 1,5 m na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Ponto 6 Ponto 7 Ponto 8 Ponto 9 Ponto 10 Ponto 11 Ponto 12
ESPÉCIES
A B A B C A B C A B C A B C A B C A B C A B C A B C A B C A B C A B C
C. ferax 1
C. surinamensis 1 1 22 2 2 2 2 2 1 5 2 1 1 14 2 2 2 1
O. cubense 3
Cyperus sp 5 2 1 1 2 1 7
Cyperus sp 11 8
Cyperus sp 14 1 1
Cyperus sp 20 1
F. cf dichotoma 1
F. cf quinquangularis 35 11 3 1 3 1 3 4 1 1 3
sp 23 1
sp 33 2
S. anthelmia L. 1 2 10 3 2 2 4 2 1 4 2 17 4 2 12 1 2 2 1 2 6 4 3
L. decurrens 12 2 1 4 5 5 5 11 5 1 3 5 7 4 4
L. densiflora 20 5 4 1 1 1 2 12 2 1 5
E. polystachya 1
Oryza sp 1 2 1 1 2 3
S. laxa 9 7 7 3 7 12 5 11 10 13 13 4 4 7 8 2 4 9 8 2 5 3 1 1 3 1 1
C. pteridoides 1
L. crustacea 3 1 1
S. hyptoides 1
“musgo” 51 17
S. zeylanica 68 216 16 14 1 11 5 8 1 1 14 17 21 13 415 143 110 11 10 3 5 12
msp 1 1 1 1 1
msp 3 1 1 2 3 1 8 4 1 5 3 3 4 24 5 3 7 1 2 1 2 1 3 2 9 13 20 11 1 7
msp 5 2
msp 6 1 2 4 2 5 3 3 2 1 1 8 4 7 1 2 4 5 1 1 4 3 1 1 1 2 1 10
msp 7 1 1 1 8 2 2 5 1 2 1 2 1 2 1
msp 8 3 2 1 2 2
msp 9 2 2 2
msp 11 1
msp 12 1
55
As famílias mais representativas foram Cyperaceae e Poaceae, com cerca de 170
indivíduos cada uma (Figura 9a). Porém, comparando a riqueza dessas famílias, Cyperaceae é
representada por 11 espécies e Poaceae apenas com três espécies presentes no banco de
sementes (Figura 9b).
0
50
100
150
200
Cyperaceae Poaceae
No. de Indivíduos
0
5
10
15
Cyperaceae Poaceae
No. de Espécies
Figura 9 – (a) Abundância e (b) riqueza das famílias Cyperaceae e Poaceae na amostragem do banco de
sementes da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
A maior proporção de germinação ocorreu na terceira semana de observação, onde foi
constatada emergência em torno de 50 % nas coletas a 0,5 m e 1 m, e 30 % em 1,5 m, com
pequenas oscilações até a 14ª. semana, com percentual máximo de 13 %, depois diminuindo
nas últimas semanas (Figura 10).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718
Semanas
No. indivíduos germinados
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 10 – Número de indivíduos germinados durante os 4 meses de experimento, nas profundidades 0,5 m, 1 m
e 1,5 m da amostragem do banco de sementes da Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
.
(a)
(b)
56
A germinação acumulada permite visualizar a distribuição desse fenômeno ao longo
do tempo, o que possibilita identificar o início e o fim desse processo para cada espécie nas
diferentes profundidades de coleta (Tabela 4). Os resultados individuais dos percentuais
específicos de germinação acumulada desde a primeira observação, com 18 dias até o fim do
experimento, com 124 dias, encontram-se no anexo II (Figuras 11 a 19).
Tabela 4 – Germinação acumulada (%) durante os 4 meses de observação nas amostras de solo coletadas a 0,5
m, 1 m e 1,5 m na Ilha Nova, Rio Solimões, Amazônia Central.
Semanas
Prof.
(m)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0,5 0 0 51 62 72 78 80 80 80 81 81 84 84 92 92 94 96 100
1 0 0 45 55 64 69 72 72 72 75 78 80 80 90 90 93 96 100
1,5 0 0 28 36 43 55 61 61 61 65 69 72 72 84 86 92 93 100
As 11 espécies da família Cyperaceae (Anexo II - Figura 11) começaram a germinar
aproximadamente 1 mês após o início do experimento. Destas, sete alcançaram 100 % de
germinação até 35 dias (Anexo II - Figura 11a.. ..11k). As espécies Cyperus ferax, Cyperus
sp. 11, Oxycaryum cubense, sp. 23 e sp. 33 foram observadas apenas no tratamento 0,50 m,
Cyperus sp. 14 a 1 m, e as espécies Cyperus sp. 20 e Fimbristylis cf dichotoma a 1,5 m de
profundidade. As espécies C. surinamensis, C. sp. 5 e F. quinquangularis foram observadas
nas três profundidades estudadas. A espécie C. ferax (Anexo II - Figura 11a) com 1 indivíduo
e sp. 33 (Anexo II - Figura 11b), com 2, alcançaram 100 % de germinação no período de 18
dias em 0,50 m. A espécie Cyperus sp.11 (Anexo II - Figura 11c) com 8 indivíduos germinou
de 20 a 35 dias, e a espécie sp. 23 (Anexo II - Figura 11d) com 1 indivíduo germinou com 35
dias; ambas em 0,50 m. A espécie Oxycaryum cubense (Anexo II - Figura 11e) com 3
indivíduos germinou desde 33º. até o fim do experimento com 124 dias, no 0,50 m. A espécie
Cyperus sp. 14 (Anexo II - Figura 11f), com apenas 2 indivíduos, germinou com 22 dias no
tratamento de 1 m de profundidade. As espécies Cyperus sp. 20 (Anexo II - Figura 11g) e
Fimbristylis dichotoma (Anexo II - Figura 11h) germinaram em 26 e 124 dias,
respectivamente, ambas em 1,5 m, e com apenas 1 indivíduo. As espécies Cyperus
surinamensis (Anexo II - Figura 11i) com 65 indivíduos e Fimbristylis quinquangularis
(Anexo II - Figura 11j) com 66, germinaram desde o 18º. dia. A espécie C. surinamensis
57
apresentou 44, 10 e 11 indivíduos que germinaram até 114, 124 e 93 dias, respectivamente,
em 0,5 m, 1 m e 1,5 m. E F. quinquangularis apresentou 39, 17 e 10 indivíduos que
germinaram até 35, 78 e 93 dias, respectivamente, em 0,5 m, 1 m e 1,5 m. A espécie Cyperus
sp. 5 (Anexo II - Figura 11k) apresentou 14 indivíduos; destes, 11 e 2 indivíduos germinaram
em 0,5 m e 1,5 m, respectivamente, desde o 18º. até o 33º. dia, e um indivíduo germinou com
33 dias em 1 m.
A família Poaceae (Anexo II - Figuras 12a, 12b e 12c) está representada por 3
espécies. Apenas E. polystachya (Anexo II - Figura 12a) germinou antes do primeiro mês,
com 18 dias no substrato coletado a 0,50 m de profundidade. Indivíduos de Oryza sp. (Anexo
II - Figura 12b) chegaram a 100 % de germinação com 93 dias, sendo que 3 indivíduos
começaram a germinar com 28 dias em 0,5 m; 3 com 18 dias em 1 m; e 4 indivíduos com 20
dias em 1,5 m. E a espécie Steinchisma laxa (Anexo II - Figura 12c) germinou durante todo o
experimento, apresentando 66, 45 e 49 indivíduos em 0, 5 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente.
A espécie Sphenoclea zeylanica (Sphenocleaceae) germinou durante todo o
experimento em 0,5 m, 555 indivíduos germinaram até 93 dias, em 1 m e 1,5 m, 392 e 168
indivíduos, respectivamente, germinaram até 124 dias (Anexo II - Figura 13).
A espécie Spigelia anthelmia (Loganiaceae) começou a germinar com 18 dias, e
somente chegou a 100 % de germinação no fim do experimento, com 12, 38 e 39 indivíduos,
em 0,5 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente (Anexo II - Figura 14).
A família Onagraceae (Anexo II - Figura 15a, b) germinou durante todo o
experimento. A espécie L. decurrens chegou a 100 % de germinação em 0,5 m e 1,5 m,
apenas no fim do experimento (Anexo II - Figura 15a), com 30 e 19 indivíduos,
respectivamente; 25 indivíduos germinaram até 107° dia, no tratamento de 1 m de
profundidade. A espécie L. densiflora (Anexo II - Figura 15b) apresentou 29, 18 e 7
indivíduos que germinaram até 124, 63 e 20 dias, respectivamente, em 0,5 m, 1 m e 1,5 m.
Uma espécie de briófita germinou apenas em 1,5 m durante todo o experimento
(Anexo II - Figura 16).
As espécies da família Scrophulariaceae (Anexo II - Figura 17a, b) não apresentaram
germinação em 1 m. Lindernia crustacea foi a última espécie a germinar no banco de
sementes, com 2 indivíduos em 107 dias em 0,5 m, e 3 indivíduos de 78 a 114 dias em 1,5 m
(Anexo II - Figura 17a). E a espécie Stemodia hyptoides apresentou apenas um indivíduo que
germinou com 26 dias (Anexo II - Figura 17b).
A espécie Ceratopteris pteridoides (Pteridaceae) apresentou apenas 1 indivíduo que
germinou com 41 dias no substrato coletado a 1,5 m de profundidade (Anexo II - Figura 18).
58
Das nove espécies sem identificação (Anexo II - Figura 19a.. 19i), quatro germinaram
em 1,5 m. As espécies msp 1 (Anexo II - Figura 19a) e msp 5 (Anexo II - Figura 19b) com
100 % de germinação em 37 dias, com 4 e 2 indivíduos, respectivamente; e as espécies msp
11 (Anexo II - Figura 19c) e msp 12 (Anexo II - Figura 19d), com apenas um indivíduo em
107 dias. As espécies msp 3 e msp 6 germinaram desde 1 primeira observação feita com 18
dias. Com 32, 63 e 53 indivíduos, msp 3 (Anexo II - Figura 19e) germinou até o fim do
experimento, nos tratamentos 0,5 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente; e msp 6 (Anexo II -
Figura 19f) com 27 indivíduos até os 124 dias em 0,5 m e 1 m, e com 26 indivíduos em 1,5 m
em 107 dias. A espécie msp 7 apresentou 8 indivíduos em 0,5 m de 71 a 124 dias; 11
indivíduos em 1 m de 43 a 124 dias; e 11 indivíduos em 1,5 m de 43 a 107 dias (Anexo II -
Figura 19g). A espécie msp 8 apresentou 2 indivíduos em 0,5 m de 93 a 124 dias; 6
indivíduos em 1 m de 33 a 124 dias; e 2 indivíduos em 1,5 m de 71 a 93 dias (Anexo II -
Figura 19h). A espécie msp 9 apresentou apenas 2 indivíduos em cada tratamento. No 0,5 m e
1 m germinaram em 93 dias; e em 1,5 m germinaram de 93 a 124 dias (Anexo II - Figura 19i).
4. Discussão
Devido ao seu alto grau de perturbação, as áreas alagáveis possuem um grande número
de plantas ruderais com ciclos de vida curtos que produzem bancos de sementes resistentes à
inundação no sedimento (Junk, 2005). Plantas aquáticas podem ter sementes com grande
longevidade (Harper, 1977), e plantas terrestres, principalmente espécies herbáceas de ciclo
de vida curto, com poucas adaptações à inundação, podem ocupar solos aluviais expostos
recentemente durante curtos períodos de tempo (Junk & Welcomme, 1990).
Diferenças de regimes hídricos podem selecionar diferentes comunidades de plantas se
o banco de sementes possuir potencial para o seu desenvolvimento (Casanova & Brock,
2000). Esse banco é, em parte, composto de sementes produzidas na área, e de sementes
provenientes de outros lugares via dispersão (Harper, 1977). Na maioria das plantas aquáticas
é mais comum a propagação vegetativa do que o mecanismo de propagação por sementes
(Frankland et al., 1987), e isso parece ter um importante papel na colonização ou restauração
das áreas alagáveis (Crawford, 1992). Esse aspecto, contudo, depende do ciclo de crescimento
da espécie. Assim, plantas como Echinochloa polystachya, cujo ciclo de vida é associado à
fase aquática do ciclo hidrológico, têm a propagação vegetativa como mecanismo mais
59
freqüente (Junk, 1970). Já para Paspalum fasciculatum, que cresce principalmente na fase
terrestre, as sementes são produzidas no período de águas altas, o que aumenta a amplitude de
distribuição através da dispersão pela água (Conserva & Piedade, 2001). Entretanto, as duas
plantas têm abundante produção de sementes e propagação vegetativa; esta última, certamente
por conferir maior probabilidade de sobrevivência dos descendentes e rápida proliferação das
espécies, quando em condições favoráveis (Grime, 1979).
A emergência de plântulas observada no presente estudo foi fortemente concentrada
nas primeiras seis semanas das 18 acompanhadas, após o que apenas 30 % germinaram,
indicando clara diminuição do processo. Ter Heerdt et al. (1996), em um experimento sobre
banco de sementes após remoção do solo com água e peneira para separação das sementes,
usaram o método de emergência de plântulas, e observaram que a germinação ocorreu até no
máximo seis semanas. Após esse tempo, foi necessário secar e revolver o solo para receber
mais água e continuar o experimento por mais seis semanas. O método de separação de
sementes pode ser mais prático se o volume da amostra é pequeno e as sementes são
relativamente grandes (Fay & Olson, 1978; Ter Heerdt et al., 1996).
No banco de sementes da Ilha Nova, predominaram as famílias Sphenocleaceae (que
possui apenas uma espécie, Sphenoclea zeylanica), Cyperaceae e Poaceae. A espécie S.
zeylanica apresentou maior velocidade de germinação, o que permite inferir que essa espécie
possui o lote de sementes mais vigorosas. A rápida germinação pode ser uma importante
adaptação das espécies das áreas alagáveis para as condições ambientais, favorecendo o
estabelecimento durante a curta fase terrestre (Piedade et al., 2005a; Wittmann et al., 2007),
de forma que, quando ocorre nova alagação, as plântulas jovens já apresentam um tamanho
suficiente para tolerá-la. O predomínio de sementes de gramíneas, de espécies arbustivas e de
herbáceas no banco de sementes de florestas tropicais reflete o importante papel dessas
formas de vida na composição da vegetação nos primeiros estádios da sucessão (Young et al.,
1987).
Não houve germinação de espécies arbóreas no banco de sementes da Ilha.
Visualmente tampouco foram observadas sementes pertencentes a essa categoria; assim, ou
essas sementes não estavam realmente presentes ou, se presentes, não eram viáveis. A
ausência de espécies arbóreas no banco de sementes pode estar relacionada com o fato dessas
sementes, geralmente, não tolerarem grandes períodos de inundação, uma vez que a Ilha Nova
fica totalmente submersa por longos períodos, e com solo encharcado a maior parte do ano.
Além disso, as sementes de muitas das espécies pioneiras são produzidas em grande
quantidade e facilmente transportadas pelo vento, aproveitando, assim, melhor o espaço acima
60
da superfície do solo, sem necessariamente manter um banco de sementes. De acordo com
Oliveira (1998), estudando populações de Salix martiana, em função das condições instáveis,
é necessária uma seca prolongada, ou inundações não muito intensas, para que ocorra o
estabelecimento dessa espécie. Kubitzki & Ziburski (1994), demonstraram em experimentos
de germinação de sementes de espécies de várzea, como Vitex cymosa e Cecropia sp., que a
germinação ocorreu prontamente depois da exposição do solo.
O período de frutificação até o fim da inundação permite a colonização de Vitex e
Cecropia, em áreas recém sedimentadas e, ao mesmo tempo, evita que os diásporos sejam
enterrados no estrato mais profundo do sedimento onde não poderiam germinar (Kubitzki &
Ziburski, 1994). Oliveira (1998) mencionou que a viabilidade de sementes de S. martiana é de
no máximo 48 h após a dispersão. A espécie Cecropia sp. da várzea possui uma viabilidade
transitória e germina tanto na luz quanto sob condições de pouca luminosidade (Kubitzki &
Ziburski, 1994). As espécies arbóreas pioneiras que possuem sementes pequenas produzem-
nas em grandes quantidades, o que permite a ocupação de mais microsítios disponíveis
(Parolin, 2001).
A maioria das espécies encontradas no banco de sementes não foi encontrada no
levantamento feito na superfície da ilha. Uma das razões pode estar relacionada ao fato de
sementes de algumas espécies serem tolerantes à submersão em longo prazo, porém, suas
plântulas não (Scarano et al., 1997). Thompson & Grime (1979), estudando a variação
sazonal de um banco de espécies herbáceas de diferentes habitats na região de Sheffield
(Inglaterra), ao coletar 3 cm de solo em fragmentos de floresta dominada por espécies
decíduas (Totley Wood), relacionaram a falta de correspondência entre a vegetação e as
espécies germinadas com a pouca produção de sementes de algumas espécies, ou ainda com a
sazonalidade dessa produção.
A família Cyperaceae apresentou abundância similar à de Poaceae, porém a riqueza de
Cyperaceae foi maior no banco de sementes, enquanto gramíneas predominaram na superfície
da ilha, apresentando intensa propagação vegetativa. A composição do banco de sementes
depende da produção e composição da presente e futura comunidade de plantas, além da
longevidade das sementes de cada espécie sob condições locais (Lima Júnior et al., 2005).
Muitas sementes recebem condições favoráveis para germinar próximo à superfície do solo
(Harper, 1959), como provavelmente ocorreu com as gramíneas na área de estudo; outras
devem precisar estar enterradas até chegarem às condições favoráveis de germinação, o que
poderia explicar a predominância de Cyperaceae no banco de sementes. Cyperaceae também
são importantes componentes da Zona de transição aquática/terrestre (ATZZ) (Junk et al.,
61
1989), faixa caracterizada por plantas de germinação rápida e ciclos de vida curtos. Dessa
forma, é possível que algumas dessas Cyperaceae já tenham se estabelecido, estabilizado os
sedimentos e auxiliado a recomposição dos ambientes (Matias et al., 2003), tendo
desaparecido após o estabelecimento das gramíneas. Dado que elas aparecem em porções bem
profundas, é de se esperar que suas sementes tenham grande longevidade no banco de
sementes de áreas alagáveis, provavelmente possuindo algum mecanismo de dormência inata
que impede a germinação logo após a dispersão, aumentando sua viabilidade mesmo que elas
forem enterradas por muito tempo (Thompson & Grime, 1979).
Houve uma grande variação no número de sementes germinadas em relação ao
número de espécies. Apesar da diminuição do percentual de germinação conforme o aumento
da profundidade, não houve relação significativa da profundidade com a riqueza de espécies,
nem com a abundância. Vários autores, em diferentes ambientes, relacionaram a redução da
densidade e da riqueza de espécies no banco de sementes com o aumento da profundidade do
solo, sendo significativamente maior na camada mais superficial do que nas outras, como por
exemplo, em florestas tropicais do Suriname (Holthuijzen & Boerboom, 1982), e Panamá
(Darlling et al., 1997), em áreas de capoeira (Lopes et al., 2006) ou em pastagens (Milton,
1936, 1939; Luzuriaga et al., 2005). Quanto maior a profundidade onde se encontram as
sementes, menores serão os efeitos da temperatura, porém, menor será a taxa de germinação
(Grime et al., 1981; Thompson & Grime, 1983; Fenner, 1985). Contudo, quando analisada
cada profundidade separadamente, a abundância foi significativamente maior a 1 m de
profundidade no substrato com maior percentual de areia. A diminuição da abundância do
banco de sementes nos solos argilosos pode indicar a preferência das herbáceas por solos
arenosos, ou que as sementes são preferencialmente depositadas junto com a areia onde
diminui a energia da água.
Whitmore (1983) afirma que a maioria das sementes de pioneiras capazes de germinar,
em florestas tropicais, encontra-se nos primeiros 5 cm de profundidade do solo superficial.
Segundo Sarukhán (1974), que analisou a dinâmica de banco de sementes de espécies
selecionadas, mesmo espécies taxonomicamente relacionadas e explorando o mesmo habitat,
apresentaram consideráveis diferenças quanto ao tamanho e a longevidade de sementes
enterradas. No presente estudo a maioria das espécies encontradas no banco de sementes
germinou ao longo de todo o experimento, nas três profundidades coletadas, principalmente
em solos com maior percentual de areia.
No banco de sementes da área de estudo não foi possível a observação adequada dos
diásporos. Na maioria dos casos, quando registrada a germinação, a plântula já estava
62
formada. Pela composição de espécies da Ilha, tanto da vegetação atual, quanto do banco de
sementes, possivelmente os mecanismos de dispersão preponderantes para os diásporos dos
primeiros estádios sucessionais em ambientes da várzea da Amazônia Central são anemocoria
e hidrocoria. Segundo Cook (1997), em plantas aquáticas, geralmente a dispersão pelo vento é
considerada uma desvantagem, já que os diásporos são provavelmente levados para ambientes
terrestres e não aquáticos. Apesar disso, espécies como Gynerium sp. são dispersadas pelo
vento (Cook, 1987). Uma alta proporção de frutos ou sementes de espécies arbóreas
permanece flutuando na superfície da água até que haja a dispersão (Kubitzki, 2000), e cerca
de 80 % de espécies colonizadoras de áreas inundáveis têm suas sementes dispersas pela água
e pelo vento (Puhakka et al., 1993).
Pela dificuldade de visualização dos diásporos em conjunto com a germinação
espalhada no tempo, pode-se presumir que o banco de sementes da Ilha Nova seja formado de
diásporos pequenos, o que, por sua vez, pode caracterizar seu banco de sementes como
persistente. Talvez a variação de germinação se deva ao tipo de solo e a profundidade. Para
Thompson & Grime (1979) é mais provável que os bancos persistentes sejam formados por
diásporos pequenos e com o envoltório liso.
Observando a distribuição temporal da germinação, a maioria dos indivíduos
apresentou o fenômeno espalhado no tempo. Esta situação caracteriza uma grande variação de
germinação, ou seja, sob condições naturais, a germinação pode se estender de dias a meses,
desde que os diásporos se mantenham viáveis no substrato em que se encontram (Borghetti &
Ferreira, 2004). Ainda segundo esses autores, espécies que apresentam esse tipo de
comportamento tendem a estabelecer bancos de sementes persistentes, comuns em ambientes
que apresentam estresses. Em contraste, sementes com germinação rápida e uniforme, o que
reflete uma variação de germinação pequena, em geral se estabelecem bancos de sementes
transitórios, de curta duração. Estudos de Gorresio-Roizman (1993) no banco de sementes de
trechos de florestas pluviais tropicais em São Paulo indicaram no banco de sementes
transitório predomínio de sementes grandes, com curta longevidade, altas taxas de
recrutamento de plântulas e elevada taxa de mortalidade, enquanto o banco persistente era
composto predominantemente por sementes de espécies arbóreas (Almeida-Cortez, 2004).
Kalliola et al. (1991) e Puhakka et al. (1993) consideram insignificante a contribuição
de um banco de sementes na colonização de uma nova praia porque os sítios são novas
formações deposicionais. Em conseqüência, a colonização depende da chegada de propágulos
disponíveis quando a água retrocede. Contudo, outros fatores são relevantes para a velocidade
dos processos sucessionais. Por exemplo, em praias arenosas, a sucessão é lenta devido às
63
condições ambientais desfavoráveis, ou seja, altas temperaturas na superfície exposta, falta de
nutrientes, e rápida percolação da água. Sedimentos de grãos mais finos permitem uma rápida
colonização por plantas herbáceas (Piedade & Junk, 2000).
Durante o tempo do experimento e na época de maior precipitação, nos meses de
janeiro a março, foi necessária a drenagem do excesso de água das bandejas. No período
menos chuvoso, foi mantida uma lâmina de água para evitar o ressecamento do solo. Para
Anderson (1972a) o enterro das sementes pelo lodo e sua remoção pelo movimento da água
são fatores que precisam ser considerados na tentativa de explicação da não germinação de
todas as sementes potencialmente viáveis. Anderson (1972b), trabalhando com gramíneas de
áreas inundadas, também concluiu que quanto mais longo o período de inundação, maiores
seriam os danos às plantas. Segundo Rumpho & Kennedy (1981), o prolongamento do
período anaeróbico natural por embebição pode resultar em morte das sementes. Porém, essa
condição de anaerobismo total que pode ser prejudicial para algumas espécies, para outras
pode ser um mecanismo de manter sementes viáveis, por tempos variáveis, como por
exemplo, evitando a rápida decomposição.
Algumas bandejas com grande percentual de germinação e grupamentos
monoespecíficos de plântulas, ao fim do experimento, tiveram muitos indivíduos
desaparecidos ou mortos. Por serem plantas herbáceas que acompanham o ciclo hidrológico e
terem ciclos de vida curtos, essas plantas podem ter alcançado seu limite de germinação e
permanência no substrato, ou, talvez a competição intraespecífica entre as plantas pode ter
interferido na sobrevivência de indivíduos menos hábeis da população (Haddad et al., 2000).
Grandes áreas da Amazônia são anualmente inundadas (Goulding, 1988). Segundo
Junk (1986), a taxa de sedimentação nos rios ou nos canais de rios pode chegar a 1 m/ano.
Considerando a idade da Ilha Nova como tendo aproximadamente 15 anos de estabelecimento
(1994 a 2008 – análise de imagens Landsat), e uma altura máxima de 8 m acima da lâmina de
água (17,81 metros sobre o nível do mar – no dia 31 de outubro de 2007), com uma taxa de
deposição linear, pode-se postular uma sedimentação de aproximadamente 0,5 m/ano.
Tomando como base essa taxa de sedimentação, embora não seja possível afirmar a idade ou
o tempo que em as sementes ficaram enterradas no substrato, as sementes presentes nas
profundidades de 0,5 m, 1 m e 1,5 m, poderiam estar enterradas há 1, 2 e 3 anos,
respectivamente. Desta forma, se for considerada a definição de Thompson & Grime (1979),
de que um banco de sementes onde alguns propágulos possuem mais de 1 ano de idade, indica
a composição de um banco de sementes persistente, na Ilha Nova e, por conseqüência, em
outras áreas de colonização de várzea, o banco de sementes pode ser assim categorizado.
64
5. Conclusões
Existe um banco de sementes viáveis no solo, em estratos de 0,5 a 1,5 m de
profundidade, com grande número de plântulas desenvolvidas a partir dele, especialmente nos
primeiros 18 dias após a exposição dos sedimentos.
O banco de sementes foi composto exclusivamente por espécies herbáceas que
germinaram até a 16ª semana de acompanhamento.
Quanto maior a profundidade menor germinação.
A germinação foi maior no substrato com maior percentual de areia.
A maior riqueza encontrada no banco de sementes foi de Cyperaceae seguida de
Poaceae, enquanto que na vegetação da Ilha Nova ocorre o inverso.
Considerando todas as espécies germinadas a partir do banco de sementes, estas são
diferentes da vegetação estabelecida na Ilha Nova. Ao contrário do esperado, a similaridade
florística entre o banco de sementes e a vegetação da Ilha Nova é extremamente baixa (cerca
de 10%).
Devido às altas taxas de sedimentação, e considerando a idade da Ilha Nova, o banco
de sementes pode ser denominado persistente.
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A natureza híbrida/anfíbia entre os ecossistemas aquáticos e terrestres das áreas
alagáveis resulta em uma grande variedade de habitats em um gradiente que varia desde
aquático até terrestre. Essas são áreas de alta diversidade biológica e sua vegetação favorece a
deposição de sedimentos suspensos na água. Na maioria dos lagos de várzea, os sedimentos
são estratificados e depositados na forma de pequenos sulcos. A sedimentação é mais alta e a
textura do substrato é mais grossa perto dos canais dos rios, enquanto a sedimentação é menor
e a textura do substrato é mais fina longe dos rios, onde a água perdeu sua turbulência.
Os movimentos da água, erosão e deposição de sedimentos, influenciam fortemente a
estrutura das comunidades de plantas, pois afetam a estabilidade do habitat (Salo et al., 1986).
O conhecimento da densidade e da composição florística do banco de sementes nas áreas
alagáveis é primordial para identificar a riqueza das espécies e sua regeneração no bioma,
durante a sedimentação. Os pulsos das cheias podem também condicionar os ciclos de
produção de frutos da vegetação.
Espécies colonizadoras podem apresentar duas estratégias para ocupar rapidamente
locais abertos: (1) sementes pequenas, típicas de diversas espécies de herbáceas, que
permanecem dormentes no solo até que um evento imprevisível promova a germinação; (2)
sementes grandes que geminam e permanecem como plantas jovens no sub-bosque, prontas
para continuarem a crescer tão logo haja abertura de uma clareira (Almeida-Cortez, 2004).
A área de estudo é uma ilha recém sedimentada que fica submersa durante a maior
parte do ano, com baixa riqueza de espécies no estrato arbóreo. A comunidade vegetal é
composta predominantemente de herbáceas como as gramíneas Echinochloa polystachya e
Paspalum fasciculatum, e espécies do estrato arbóreo como Salix martiana e Cecropia sp..
Também foram registrados alguns indivíduos do estádio secundário tardio, como
Pseudobombax munguba e Crataeva benthamii, porém, nenhum representante do estádio
sucessional clímax. A abundância e o índice de valor de importância indicam os primeiros
estádios de sucessão na Ilha, com predominância de espécies pioneiras. A baixa
representatividade florística das espécies secundárias tardias em relação às pioneiras,
incluindo a alta densidade apresentada pelo grupo das herbáceas, indica que a Ilha Nova se
encontra em estádio de sucessão inicial.
A deposição de sedimentos prepara novos habitats para sucessão primária (Kalliola et
al., 1987; Junk & Piedade, 1997). Planícies arenosas ou argilosas surgem no leito dos rios
durante a seca. Suas laterais podem ter declives profundos ou discretos. Na cheia, essas
66
planícies ficam submersas e podem mudar rapidamente devido à deposição de novos
sedimentos ou erosão pela forte correnteza. As taxas de sedimentação são geralmente de 1-5
mm por ano, podendo chegar à deposição de 50-100 cm por ano próximo aos canais de rios
(Irion et al., 1997).
O processo de sucessão nas áreas alagáveis está relacionado ao tempo em que o
ambiente fica submerso. Em geral os sedimentos ficam pouco tempo expostos e aptos para
receber as sementes dispersadas. Diante disso, é muito importante a manutenção de um banco
de sementes que possam germinar na seca. As sementes de diferentes tamanhos são
adequadas a diferentes estratégias de germinação e diferentes condições de estabelecimento
(Foster & Janson, 1985).
O banco de sementes apresentou sementes viáveis no solo, com predominância de
herbáceas de diásporos pequenos, o que sugere a existência de um banco de sementes
persistente. Os diásporos possivelmente são dispersos pelo vento e pela água, da mesma
forma que foi observado por Kalliola et al. (1991), em 81% das espécies colonizadoras das
várzeas da Amazônia peruana. Além disso, muitas herbáceas e algumas espécies arbóreas
também se propagam vegetativamente, e podem rebrotar de pedaços de ramos, algumas vezes
ocupando rapidamente uma área a partir de poucas plântulas. A incorporação de novas
sementes ao banco possivelmente varia amplamente ao longo do ano e entre anos, e a
sucessão é provavelmente regulada por esses padrões sazonais de ingresso de sementes
(Young, et al., 1987) e da dinâmica hidrológica e sedimentar dos ambientes de várzea.
O substrato da Ilha Nova apresenta maior percentual de areia, o que favorece a
germinação de espécies tolerantes a condições mais adversas, como altas taxas de
sedimentação, incidência de luz direta, etc . A vegetação encontrada na superfície da ilha é
diferente da composição do substrato em profundidade, provavelmente devido à falta de
condições favoráveis de germinação. Do total de 96 espécies registradas na Ilha, apenas 6 %
foram encontradas no estudo do banco de sementes do solo. Isto mostra que o banco de
sementes do solo não pode predizer a vegetação local, visto que ele é composto por sementes
que germinam dentro de um ano ou por sementes que permanecem no solo mais que um ano.
Contudo, as espécies das sementes enterradas, permanecem à espera de condições favoráveis
para germinar na superfície, e auxiliam na estabilização do sistema para composição da
vegetação futura dos estádios de sucessão.
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Anexo 1 – Lista de espécies encontradas em 1,5 ha em dezembro de 2007 e outubro de 2008 na Ilha Nova, Rio
Solimões, Amazônia Central. Hábito: (H) estrato herbáceo e (A) estrato arbóreo. Ocorrência (número de parcelas
em que aparece a espécie).
Espécie Háb. Ocorr. Riqueza
AMARANTHACEAE
2
Alternanthera sessilis (L.) R. Br. H 1
Alternanthera sp. H 1
APOCYNACEAE 1
Sarcostemma clausum (Jacq.) Schult. H 3
ARACEAE 1
Pistia stratiotes L. H 2
ASTERACEAE 5
Ambrosia artemisiifolia L. H 7
Eclipta alba (L.) Hassk. H 3
Egletis viscosa (L.) Less. H 2
Mikania micrantha Kunth H 10
cf Viguiera H 1
AZOLLACEAE 1
Azolla filiculoides Lam. H 3
BORAGINACEAE
1
Heliotropium indicum L. H 4
CAPPARACEAE 1
Crataeva benthamii Eichler
A
1
COMMELINACEAE
1
Commelina schomburgkiana Klotzsch H 2
CONVOLVULACEAE 2
Ipomoea sp. H 15
sp. 1 H 1
CUCURBITACEAE 10
Luffa operculata (L.) Cogn. H 1
Gurania cf lobata H 1
cf Melothria pendula H 5
sp. 26 H 2
sp. 48 H 4
sp. 49 H 6
sp. 50 H 4
sp. 63 H 1
sp. 90 H 2
sp. 91 H 1
83
Continuação Anexo I
CYPERACEAE 10
Cyperus surinamensis Rottb. H 6
Cyperus cf digitatus H 6
Cyperus cf luzulae H 1
Cyperus sp. 6 H 4
Cyperus sp. 27 H 3
Cyperus sp. 57 H 2
Cyperus sp. 82 H 1
Cyperus sp. 83 H 1
Fimbristylis cf quinquangularis H 7
sp. 54 H 1
EUPHORBIACEAE 3
Alchornea castaneifolia (Humb. & Bonpl. ex Willd.) A. Juss.
A
19
Caperonia castaneifolia (L.) A. St.-Hil. H 5
Phyllanthus fluitans Benth. ex Müll. Arg. H 1
FABACEAE 5
Senna reticulata (Willd.) H.S. Irwin & Barneby H 8
Mimosa cf setosa H 1
Neptunia oleracea Lour. H 4
Aeschynomene sp. H 4
Cymbosema roseum Benth. H 1
HYDROCHARITACEAE
1
Limnobium laevigatum (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Heine H 1
LAMIACEAE 3
Hyptis brevipes Poit. H 1
Vitex cymosa Bert.
A
8
sp. 70 H 1
LAURACEAE 2
Nectandra amazonum Nees
A
8
sp. 1
A
1
MALVACEAE 2
Apeiba aspera Aubl.
A
11
Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand
A
18
MENISPERMACEAE
1
Odontocarya tamoides (DC.) Miers H 1
MORACEAE 1
Maclura tinctoria D. Don ex Steud.
A
6
84
Cont. Anexo I
ONAGRACEAE
3
Ludwigia decurrens Walter H 2
Ludwigia densiflora (Micheli) H. Hara H 10
Ludwigia helminthorrhiza (Mart.) H. Hara H 4
PASSIFLORACEAE 1
Passiflora sp. H 1
PLANTAGINACEAE 1
Scoparia dulcis L. H 1
POACEAE 15
Cynodon dactylon (L.) Pers. H 2
Echinochloa crus-galli var. crus-pavonis (Kunth) Hitchc. H 1
Echinochloa polystachya (Kunth) Hitchc. H 18
Gynerium sagittatum (Aubl.) Beauv. H 8
Hymenachne amplexicaulis (Rudge) Nees H 11
Paspalum fasciculatum Willd. ex Flüggé H 20
Paspalum repens P.J. Bergius H 14
Brachiaria cf brizantha H 8
Luziola cf subintegra H 1
Setaria cf geniculata H 1
Sorghum cf arundinaceum H 2
Oryza sp. H 5
sp. 16 H 3
sp. 75 H 2
sp. 81 H 1
POLYGONACEAE 1
Polygonum ferrugineum Wedd. H 7
PONTEDERIACEAE 1
Eichhornia crassipes (Mart.) Solms H 10
RUBIACEAE 1
Oldenlandia lancifolia (Schumach.) DC. H 2
SALICACEAE 2
Laetia corymbulosa Spruce ex Benth.
A
6
Salix martiana Leyb.
A
9
SALVINIACEAE
1
Salvinia auriculata Aubl. H 4
SCROPHULARIACEAE 1
Stemodia hyptoides Cham. & Schltdl. H 1
85
Cont. Anexo I
SOLANACEAE 3
Physalis angulata L. H 6
Solanum americanum Mill. H 1
Solanum sp. H 2
SPHENOCLEACEAE 1
Sphenoclea zeylanica Gaertn. H 7
URTICACEAE
1
Cecropia sp.
A
21
VERBENACEAE
2
Phyla betulaefolia (Kunth) Greene H 8
Phyla sp. H 2
VITACEAE 1
sp. 65 H 1
INDETERMINADA 8
msp 1 H 4
msp 2 H 6
msp 3 H 4
msp 4 H 1
msp 5 H 1
msp 6 H 1
msp 7 H 2
msp 8 H 1
86
Anexo II – Percentual de germinação acumulada das 31 espécies encontradas no banco de
sementes dos substratos coletados a 0,5 m, 1 m e 1,5 m, na Ilha Nova, Rio Solimões,
Amazônia Central, durante os 124 dias de experimento (Figura 11-19).
Cyperus ferax
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11a – Germinação acumulada da espécie Cyperus ferax (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 18 dias a 0,50 m
de profundidade.
sp 33
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11b – Germinação acumulada da espécie sp 33 (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de observação,
nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 18 dias a 0,50 m de
profundidade.
87
Cyperus sp 11
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11c – Germinação acumulada da espécie Cyperus sp 11 (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 35 dias a 0,50 m
de profundidade.
sp 23
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11d – Germinação acumulada da espécie sp 23 (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de observação,
nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 35 dias a 0,50 m de
profundidade.
88
Oxycaryum cubense
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11e – Germinação acumulada da espécie Oxycaryum cubense (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias a 0,50
m de profundidade.
Cyperus sp 14
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11f – Germinação acumulada da espécie Cyperus sp 14 (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 22 dias a 1 m de
profundidade.
89
Cyperus sp 20
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11g – Germinação acumulada da espécie Cyperus sp 20 (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 26 dias a 1,5 m
de profundidade.
Fimbristylis cf dichotoma
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11h – Germinação acumulada da espécie Fimbristylis cf dichotoma (Cyperaceae) ao longo dos quatro
meses de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124
dias a 1,5 m de profundidade.
90
Cyperus surinamensis
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11i – Germinação acumulada da espécie Cyperus surinamensis (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses
de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação a 114, 124 e 93
dias, nas profundidades 0,50 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente.
Fimbristylis cf quinquangularis
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11j – Germinação acumulada da espécie Fimbristylis cf quinquangularis (Cyperaceae) ao longo dos
quatro meses de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em
35, 78 e 93 dias, nas profundidades 0,50 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente.
91
Cyperus sp 5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 11k – Germinação acumulada da espécie Cyperus sp 5 (Cyperaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 33 dias, nas três
profundidades.
Echinochloa polystachya
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 12a – Germinação acumulada da espécie Echinochloa polystachya (Poaceae) ao longo dos quatro meses
de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 18 dias a 0,5
m de profundidade.
92
Oryza sp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 12b – Germinação acumulada da espécie Oryza sp (Poaceae) ao longo dos quatro meses de observação,
nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em93 dias, nas três
profundidades.
Steinchisma laxa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 12c – Germinação acumulada da espécie Steinchisma laxa (Poaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias, nas
três profundidades.
93
Sphenoclea zeylanica
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 13 – Germinação acumulada da espécie Sphenoclea zeylanica (Sphenocleaceae) ao longo dos quatro
meses de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 93 dias
a 0,5 m e em 124 dias a 1 m e 1,5 m.
Spigelia anthelmia
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 14 – Germinação acumulada da espécie Spigelia anthelmia (Loganiaceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias, nas
três profundidades.
94
Ludwigia decurrens
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 15a – Germinação acumulada da espécie Ludwigia decurrens (Onagraceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 30, 25 e 19 dias
a 0,5 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente.
Ludwigia densiflora
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 15b – Germinação acumulada da espécie Ludwigia densiflora (Onagraceae) ao longo dos quatro meses de
observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 29, 18 e 7 dias a
0,5 m, 1 m e 1,5 m, respectivamente.
95
briófita
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 16 – Germinação acumulada de uma espécie de briófita ao longo dos quatro meses de observação, nas
diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias a 1,5 m.
Lindernia crustacea
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 17a – Germinação acumulada da espécie Lindernia crustacea (Scrophulariaceae) ao longo dos quatro
meses de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 107
dias a 0,5 m e em 114 dias a 1,5 m.
96
Stemodia hyptoides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 17b – Germinação acumulada da espécie Stemodia hyptoides (Scrophulariaceae) ao longo dos quatro
meses de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 26 dias
a 1,5 m.
Ceratopteris pteridoides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0102030405060708090100110120130
Dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 18 – Germinação acumulada da espécie Ceratopteris pteridoides (Pteridaceae) ao longo dos quatro meses
de observação, nas diferentes profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 41 dias a 1,5
m.
97
msp 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19a – Germinação acumulada da espécie msp 1 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 37 dias a 1,5 m.
msp 5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19b – Germinação acumulada da espécie msp 5 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 37 dias a 1,5 m.
98
msp 11
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19c – Germinação acumulada da espécie msp 5 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 107 dias a 1,5 m.
msp 12
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19d – Germinação acumulada da espécie msp 5 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 107 dias a 1,5 m.
99
msp 3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19e – Germinação acumulada da espécie msp 3 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias nas três profundidades.
msp 6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19f – Germinação acumulada da espécie msp 6 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias a 0,5 m e 1 m, e 107 dias a 1,5 m.
100
msp 7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19g – Germinação acumulada da espécie msp 3 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias a 0,5 m e 1 m, e em 107 dias a 1,5
m.
msp 8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
% de Germinação Acumulada
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19h – Germinação acumulada da espécie msp 3 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 124 dias a 0,5 m e 1 m, e em 93 dias a 1,5
m.
101
msp 9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10 0
0 102030405060708090100110120130
No. de dias
0,5 m
1 m
1,5 m
Figura 19i – Germinação acumulada da espécie msp 3 ao longo dos quatro meses de observação, nas diferentes
profundidades (0,50 m, 1 m e 1,5 m). Com 100 % de germinação em 93 dias a 0,5 m e 1 m, e em 124 dias a 1,5
m.
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