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livro brasileiro sobre irrigação consultado. O Manual de Irrigação, tradução do material do
Bureau of Reclamation, realizada no âmbito do PRONI, é uma exceção, mas, por já
assumir uma filosofia básica de operação e distribuição, não detalha estes conceitos da
mesma forma que a bibliografia européia.
No Rio Grande do Sul, existem muitos sistemas coletivos de distribuição de água
para a lavoura de arroz, que são operados por particulares e alimentados a partir de
reservatórios ou por instalações de recalque. Pode-se, preliminarmente, definir que a
lógica desses sistemas coletivos de irrigação é o comando por montante, tendo em vista
que o manejo da tomada de água da barragem ou da estação de recalque é a principal
forma de alteração da vazão. A partir da alteração da vazão, as operações necessárias vão
sendo executadas de montante para jusante. O controle pode ser definido como de jusante,
realizado pela manutenção de um nível constante a jusante das tomadas, supostamente
relacionado com uma vazão necessária, a partir da operação das estruturas de controle
(comportas transversais ou trancas). Considerando este nível, são abertas as tomadas de
água. Os irrigantes, na maior parte dos casos privados, podem exercer o controle local,
alterando a abertura das bocas nas taipas. Também poderia ser considerado que o controle
é de montante, se o gestor busca manter um nível constante à montante das estruturas
transversais, independente do nível do canal junto às tomadas dos irrigantes.
A distribuição poderia ser considerada como sendo de vazão fixa, com frequência
anual. Observa-se, na realidade, que a vazão inicial é mais elevada, reduzindo-se na
medida em que as perdas por infiltração estabilizam. A lógica de aumento ou redução da
vazão depende do manejo da lavoura, que pode ser alterada repentinamente na ocorrência
de pragas ou pela definição da necessidade de adubação de cobertura, entre outros tratos
culturais, bem como acidentes por ocorrência de chuvas intensas, que podem exigir a
interrupção da irrigação por um curto período ou a exigência de um volume maior de água
para retomar a condição de inundação.
O controle da água na parcela é realizado pela abertura ou fechamento de bocas no
lado oposto ao da entrada da água, retirando a água para os canais de drenagem ou
esgotos da lavoura. Em muitas situações, o canal de drenagem de uma lavoura será o canal
de irrigação de outra parcela, sendo que não são raros os casos de bombeamento da água
da água drenada para alimentar canais de irrigação mais elevados ou outras parcelas de
forma direta. A complexidade deste sistema, aliada a simplicidade das estruturas, indica
uma natural baixa eficiência no uso da água.