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André Luiz da Paz
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São Paulo
2010
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André Luiz da Paz
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Dissertão apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Comunicação da
Universidade Paulista UNIP para a
obtenção do título de mestre em
Comunicação.
Orientador: Prof. Dr. Geraldo Carlos do
Nascimento
São Paulo
2010
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Paz, André Luiz da
Ciência e Comunicação: a linguagem cienfica nas revistas não
acadêmicas. / André Luiz da Paz. o Paulo, 2010.
103 f. il. Color.
Dissertação (mestrado) Apresentado ao Instituto de Ciências
Sociais e Comunicação da Universidade Paulista, São Paulo, 2010.
Área de Concentração: Configurações de linguagens e produtos
audiovisuais na cultura midiática.
Orientação: Profº Drº Geraldo Carlos do Nascimento
1. Revista. 2. Divulgação Científica. 3. Linguagem. 4. Mídia.
I. Título.
André Luiz da Paz
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Dissertão apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Comunicação da
Universidade Paulista UNIP para a
obtenção do título de mestre em
Comunicação.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________
___ / ___ / ___
Prof. Dr. Geraldo Carlos do Nascimento
Universidade Paulista -
UNIP
____________________________________________
___ / ___ / ___
Profª. Dra. Malena Segura Contrera
Universidade Paulista -
UNIP
____________________________________________
___ / ___ / ___
Profª. Dra. Martha Marques Ferreira Vieira
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares -
IPEN
AGRADECIMENTOS
Inicio essa série de agradecimentos pela vida, essa obra perfeita criada por
DEUS que nos possibilita o desenvolvimento e o crescimento nessa grande escola
chamada TERRA
A minha esposa Sonia Seiko Ushikoshi da Paz, meus cunhados Jane Midori
Ushikoshi e Yoshio Ikeuti, que com toda paciência oriental, souberam compreender
os momentos difíceis, comuns a todos estudantes nessa fase da vida. A minha filha
Carolina Miyuki Ushikoshi da Paz, luz e razão das motivações que me impulsionam
em minha trajetória. Minha e Maria José Santos, que com toda sua simplicidade,
soube educar-me e conduzir-me pelos caminhos da vida.
Aos meus compadres Juan Santiago Bravo Garces, Maria Angélica Bravo
Riquelme e a todos nossos familiares no Chile, que direta ou indiretamente
contribuíram para que eu pudesse chegar até aqui.
Ao meu orientador Prof. Dr. Geraldo Carlos Nascimento, por haver
proporcionado muito mais que orientação, um grande vínculo de amizade e respeito.
As professoras Dra. Malena Segura Contrera, Dra. Solange Wajnman e Dra. Janette
Brunstein, as quais conduziram os ensinamentos de forma brilhante, brindando-me
com suas amizades, admiração e respeito.
Aos meus chefes e colegas de trabalho no IPEN:
Dr. José Carlos Bressiani, Dra. Martha Marques Ferreira Vieira, Dr. Afonso
Rodrigues de Aquino, Dra. Ana Maria Pinho Leite Gordon, Dra. Ivone Mulako Sato,
Dra. Margarida Mizue Hamada, Dra Elaine Arantes Jardim Martins, Dra. Maria
cia Gili Massi, Msc. Celso Huerta Gimenes;
À UNIVERSIDADE PAULISTA, coordenadores e colegas:
professores José Carlos Frota, Pedro de Sousa Filho e Msc. Justino de Mattos
Ramos Netto;
Ao GRUPO EDUCACIONAL FLAMINGO:
Sr. Francisco Assis de Carvalho Pinto, Ana Margarida Estefanutto Pinto e Msc.
Natalício Candido da Silva;
Aos editores das revistas:
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL - Sr. Ulysses Capozzoli;
SUPER INTERESSANTE Sr. Sergio Gwercman e Sra. Adriana Meneguello
Por toda atenção, explicações e cortesia.
Ao NÚCLEO JOSÉ REIS - Prof. Osmir Nunes
Por toda atenção, explicações e cortesia.
E aos demais colegas pelo inquestionável apoio e troca de experiências e
conhecimentos e por esse grande vínculo de amizade, convivência e respeito por mais
de vinte anos.
A todos,
MUITO OBRIGADO!!!
A mensagem de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala,
cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas
humanas. A estrada de ferro não introduziu movimento, transporte, roda ou
caminhos na sociedade humana, mas acelerou e ampliou a escala das
funções humanas anteriores, criando tipos de cidades, de trabalho
totalmente novos. Isto se deu independentemente do fato de que a ferrovia
estar operando numa região tropical ou setentrional, sem nenhuma relação
com o fato ou conteúdo do veículo ferroviário. O avião, de outro lado,
acelerando o ritmo de transporte, tende a dissolver a forma ferroviária da
cidade, da política e das associações, independentemente da finalidade para
qual é utilizado.
Marshall Mcluhan
RESUMO
O presente trabalho analisou as revistas de divulgação científica (não
acadêmicas) Galileu, Scientific American Brasil e Super Interessante, editadas entre os
meses de janeiro a dezembro de 2008, com o propósito de verificar como este tipo de
mídia impressa se utiliza de textos, imagens, gráficos, infográficos e layouts, uma vez
que estas linguagens são responsáveis pelo entendimento da prodão científica e
assumem relevante papel na divulgação de informações, trazendo a público assuntos
que muitas vezes seriam conhecidos apenas por cientistas, fazendo assim uma ponte
entre o conhecimento científico produzido nas universidades e os cidadãos. Para o
desenvolvimento da investigação, foram criados modelos metodológicos a partir de
quatro vetores básicos (as noções de ciência, de curiosidades, de religião e de
publicidade), presentes em cada uma das edições. O resultado das análises, por um
lado mostrou o comportamento midiático das revistas, sua forma de ver, interpretar e
divulgar aquilo que entendem por ciência e, por outro lado, a contribuição que cada
uma delas presta à sociedade estimulando a educação e à formação de novas
gerações de pesquisadores, o que acabaria garantindo a longo prazo, a sobrevivência
da atividade científica.
Palavras-chaves: Revista, Divulgação Científica, Linguagem, Mídia
ABSTRACT
Science communication magazines Galileu, Scientific American Brasil and
Superinteressante published between January and December 2008 were analyzed
aiming to verify how this media employs text, images, graphics, infographics and
layouts, since these languages are responsible for the scientific production
understanding and have a relevant role in the information dissemination. These
magazines present an approach bringing subjects that otherwise would be restricted to
scientists, building then a bridge between the scientific knowledge produced in the
academy and the society. Methodological models were developed for the study
considering four basic vectors science, curiosity, religion and advertisement present
in each edition. The result of the analysis presents the media behavior of the
magazines, their way of seeing, interpreting and disclosing what they understand as
science and, on the other side, the contribution of each one to the society by stimulating
education and encouraging a new generation of scientists, then assuring in a long term
the survival of the scientific activity.
Keywords: Journal, Science Communication, Language, Media
FIGURAS E FOTOS
01
Pirâmide de interesses....................................................................................
18
02
Galileu
Capas
2008...................................................................................
36
03
150 anos de história
p.48.............................................................................
43
04
150 anos de história
p.49.............................................................................
44
05
Jesus
p.46....................................................................................................
45
06
Scientific American
Exemplar nº 1................................................................
49
07
Scientific American
Capas
2008................................................................
51
08
Scientific American Brasil
Capas
2008......................................................
57
09
lulas fotovoltaicas
p.34 e 35.....................................................................
64
10
Muy Interesante - Capas
2008....................................................................
71
11
Super Interessante
Edições 00, 01, 02 e 03
1987.....................................
74
12
Super Interessante
Edição 260 de dezembro de 2008................................
76
13
Super Interessante
Capas
2008................................................................
79
14
Freud
p.62....................................................................................................
86
15
Divã
p.60.......................................................................................................
87
TABELAS
01
Conclusões preliminares
Galileu
jan a dez 08...........................................
39
02
Galileu
Principais temas
dez 08................................................................
45
03
Galileu Outros temas
dez 08......................................................................
46
04
Conclusões preliminares -
Scientific American Brasil
jan a dez 08..............
60
05
Scientific American Brasil
Principais temas
fev 08....................................
66
06
Scientific American Brasil
Outros temas
fev 08.........................................
67
07
Conclusões preliminares
Super Interessante
jan a dez 08.......................
82
08
Super Interessante
Principais temas
jul 08...............................................
88
09
Super Interessante
Outros temas
jul 08....................................................
88
GRÁFICOS
01
Galileu
média anual 08.................................................................................
40
02
Galileu
Dez 08..............................................................................................
47
03
Scientific American Brasil -
média anual 2008................................................
61
04
Scientific American Brasil
fev 08..................................................................
68
05
Super Interessante -
média anual 2008...........................................................
83
06
Super Interessante
jul 08..............................................................................
89
07
Galileu, Scientific American Brasil e Super Interessante Média anual 2008..........
91
SUMÁRIO
Introdução
........................................................................................................................
01
Capitulo I
1.1.
Jornalismo científico e divulgação científica.....................................................
10
1.2.
Breve histórico da divulgação científica............................................................
12
1.3.
A divulgação científica no Brasil.......................................................................
15
1.4.
Público interessado pela divulgação científica.................................................
17
1.5.
Diferentes necessidades de informação...........................................................
20
1.6.
Estratégias comunicacionais para atingir públicos específicos........................
22
1.7.
A linguagem......................................................................................................
24
1.8.
O discurso.........................................................................................................
27
Capitulo II
2.1.
Revista Galileu................................................................................................
33
2.2.
Seções..............................................................................................................
34
2.3.
Pautas...............................................................................................................
35
2.4.
Capas................................................................................................................
36
2.5.
Conclusões preliminares...................................................................................
39
2.6.
Revista Scientific American
(USA).............................................................
49
2.7.
Pautas...............................................................................................................
50
2.8.
Capas................................................................................................................
51
2.9.
Revista Scientific American Brasil................................................................
54
2.10.
Seções................................................,,,...........................................................
55
2.11.
Pautas...............................................................................................................
56
2.12.
Capas................................................................................................................
57
2.13.
Conclusões preliminares...................................................................................
60
2.14.
Revista Muy Interesante
(Espanhola)........................................................
70
2.15.
Pautas...............................................................................................................
70
2.16.
Capas................................................................................................................
71
2.17.
Revista Super Interessante............................................................................
74
2.18.
Seções..............................................................................................................
76
2.19.
Pautas...............................................................................................................
78
2.20.
Capas................................................................................................................
79
2.21.
Conclusões Preliminares...............................................................................
82
Capitulo III
3.1.
Considerações finais.....................................................................................
91
3.2.
Referências bibliográficas.............................................................................
96
Anexos...........................................................................................................
102
Introdução
Este trabalho é um estudo das revistas de divulgação científica (não acadêmicas)
Galileu, Scientific American Brasil e Super Interessante por meio de suas linguagens
1
.
O corpus foi selecionado a partir das revistas editadas entre os meses de janeiro a
dezembro de 2008, com o propósito de verificar como este tipo de dia impressa se
utiliza das linguagens texto, imagem, gráfico, infográfico, cor e layout.
Trata-se de um estudo qualitativo-descritivo que se justifica pela importância da
compreensão das linguagens convocadas, uma vez que estas são responsáveis pelo
entendimento da produção científica e assumem relevante papel na divulgação de
informações, trazendo a público assuntos que muitas vezes seriam conhecidos apenas
por cientistas, fazendo assim, uma ponte entre o conhecimento científico produzido nas
universidades e os cidadãos. Este trabalho não tem a pretensão de provar se as
revistas são ouo de divulgação científica, mas mostrar como a concepção de ciência
é utilizada em cada uma delas.
As discussões se iniciam, no primeiro capítulo, a partir de noções básicas de
jornalismo, divulgação científica e público-alvo. No segundo capítulo, efetuou-se a
apresentação das revistas e as análises resultantes das decupagens realizadas. A
avaliação desta investigação coube ao terceiro capítulo onde foram analisadas em
conjunto a visão e o comportamento das respectivas revistas.
Para a viabilização das análises, foram construídos modelos metodológicos a
partir de quatro vetores básicos, quais sejam: as noções de ciência, de curiosidades, de
religião e de publicidade. Alguns pesquisadores na área de divulgação científica, tais
como Wilson da Costa Bueno (1984), Gloria Kreinz (1998, 1999, 2000), José
_____________________
1 O que se entende por linguagem aqui, em sentido genérico é o modo de exposição.
01
Reis(1998-1999), Manuel Calvo Hernandes(1970,1999), Warren Burkett (1990), Jon D.
Miller, Gabriel Almond (Scientists and Jornalist: Reporting Science As News American
association for the Advancement of Science, 1986) e, na área de linguagem Maria do
Socorro Nóbrega (1987,1988) , Patrick Charaudeau, Michel Pêcheux (1983, 1988,
1992, 1994, 2004), serviram de referência para construção dos referidos modelos.
A seqüência metodológica utilizada para a construção desta investigação foi:
a) Levantamento das noções básicas de jornalismo, divulgação científica e público;
b) Decupagem de todas as edições das três revistas selecionadas;
c) Construção dos modelos metodológicos com base nas rubricas apresentadas por
cada uma das revistas;
d) Fichamento de cada assunto de capa, com o propósito de verificar sua construção
e identificação do tipo de linguagem apresentada e,
e) Análise dos conteúdos e conclusão da investigação.
Para as decupagens serem efetuadas foi preciso construir alguns modelos de
análises baseado nas próprias rubricas das revistas, orientados para os seguintes
vetores:
1) A noção de ciência
Entende-se por ciência um nero do conhecimento que precisa de provas para
sustentar suas hipóteses e, assim, aproximar-se mais da realidade. Segundo o
professor Frank Usarki
2
(2002), a ciência pode ser definida como: uma maneira
específica de se aproximar da realidade e de adquirir conhecimento sobre ela.
_____________________
2 Frank Usarki é doutor em Ciências da Religião pela Universidade de Hannover (Alemanha), professor e pesquisador do
programa de Pós Graduação em Ciências da Religião da PUC-SP.
02
No contexto da iniciação científica, Israel Belo Azevedo (2001, p.82), estabelece
que [a ciência pode ser entendida como] um texto escrito para ser publicado em um
periódico especializado e tem por objetivo comunicar os dados de uma pesquisa, seja
ela experimental, quase experimental ou documental.
De acordo com o princípio de divisão de trabalho, ciências diferentes têm seus
enfoques particulares, ou seja, elas o especializadas em investigar certos segmentos
da realidade.
Na perspectiva de um viés lingüístico e na tentativa de caracterizar o discurso de
divulgação científica, Maria do Socorro Nóbrega (1987), explica que um texto (discurso)
científico autêntico se revela sempre, pela escolha de conceitos e construção de frases
com a necessidade de mostrar apenas a face objetiva das coisas, onde as palavras
funcionam como mediadoras que formalizam o raciocínio científico.
Segundo Nóbrega
3
, o ideal de intelectualizão e características formais da
língua científica se revelam pela precisão semântica, onde cada conceito ou noção tem
um único significado, ou seja, cada palavra corresponde a uma só coisa. O discurso
científico (língua científica) se desenvolve na ordem do escrito (língua escrita), desta
forma se especializa e organiza sua seqüência através de textos, listas, fórmulas e
quadros que são instrumentos de representação do pensamento formal. Integram-se
ainda ao sistema da língua científica números, letras, símbolos, expressões
ideográficas (sinais) e abreviações na continuidade da frase, o que pressupõe uma
cultura científica pvia do leitor, conferindo ao texto uma feição particular (neutralidade
emotiva) onde o autor se apaga, quase se anula à interpelão do leitor. Assim, a
ciência parece falar sozinha.
_____________________
3 Maria do Socorro Nóbrega é doutora em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo
(1989), pos-doutorado pela Universidade de Bourgogne (1997) e aperfeiçoamento em Advanced English pela University of Chicago
(2003) . Professora da Escola de Comunicação e Artes (ECA/USP) com experiência na área de Comunicação, com ênfase em
Jornalismo e Editoração. Atuando principalmente nos seguintes temas: Discurso e História, História e Ficção, Jornalismo Literário,
Narrativa, Narrativa Jornalistica e Reprodução do Discurso de Outrem.
03
A pretensão da ciência, pode-se dizer, é melhor conhecer o mundo, descobrir
realidades e conceitos novos que exigem nomeação. Na ciência, as relações
semânticas tendem a ser identificadas por meio de um significante único. A realidade
que o pesquisador tenta descrever é marcada pelo sistema (semiológico) da língua e
por uma atividade científica, uma axiomática objetiva e verificável por outros sistemas
(sistema epistemológico). O nome científico é, portanto uma construção que resulta de
operação experimental. Isso explica seu caráter monossêmico (por oposão a
polissemia dos termos da língua comum) não cumulativo de um termo científico: a
sinonímia é, em princípio, impossível. Ao contrário de outras palavras, o nome
científico se singulariza pelo seu modo de designação específica. É mono-referencial
(corresponde a uma só noção, a um só referente)
4
.
Assim, com base nesses conceitos lingüísticos de discurso de divulgação
científica (aqui apresentados resumidamente), procurou-se tornar mais evidente a
identificão dos pressupostos de ciência empregados nas revistas alvo desta
investigação.
2) A noção de curiosidade científica
A curiosidade científica, segundo de Aurélio Buarque de Holanda (1986, p.512)
É o desejo de aprender, conhecer, investigar determinados assuntos; interesses.
Segundo Nóbrega (1987), no discurso de vulgarização científica (que mais se
aproxima a curiosidade científica) uma característica básica onde o vulgarizador se
esforça para fazer com que o leitor comum compreenda o sentido do termo
especializado.
_____________________
4 Tais noções de ciência são predominantes nas revistas de divulgação científica.
04
Assim, a vulgarização consiste em um trabalho de mediação entre especialistas
e não especialistas, um campo de práticas culturais diversificadas tomando a ciência e
a técnica como objeto, um trabalho de simplificação e tradução de informações
complexas de modo a torná-las accessíveis a um grande mero de pessoas, uma
operação de relações blicas, de promoção e de marketing por parte da comunidade
científica, um tipo de laser onde domina a curiosidade, a pesquisa, a criatividade e a
invenção pessoal.
O público alvo, ou seja, aquele que possui maior interesse por textos de
vulgarização científica é constituído por professores e educadores que desejam
estimular e motivar pessoas em formação ou adultos, pais que pretendem familiarizar
os filhos com o meio tecnológico e científico, mediadores (editores, jornalistas,
escritores, fotógrafos, repórteres, cronistas que m acesso à informação e que atuam
na orientação de assuntos ou temas da atualidade), cientistas e especialistas (uma
vez que é deles que depende a circulação de informações), associões de
consumidores, usuários, amadores que podem exigir um aperfeiçoamento das
técnicas de vulgarização e os sindicatos e militantes, tendo em vista sua formação
profissional e escolha de trabalho.
Nóbrega ainda afirma que o objetivo da vulgarização científica é tornar acessível
a informação científica e técnica, democratizando o saber, desenvolvendo uma atitude
científica e uma atitude técnica em relação ao real, familiarizando com o trabalho
científico e técnico (exigências profissionais, institucionais).
A vulgarização científica tem seu enfoque centrado na difusão, informação,
motivação, sedução, iniciação e mobilização e é resultante da ação dos mediadores em
livros, revistas, jornais, rádio e tv, vídeos, conferências, cursos, exposições, etc. Entre
eles, um ponto comum que são as representações como modo de conhecimento.
Essas representações podem ser modelos de organização de conhecimento sobre um
assunto, ligados à prática e à experiência social dos indivíduos ou ângulo sob o qual é
possível discutir sobre as diversas práticas de vulgarização científica e técnica.
05
A divulgação científica pode ter mais de um objetivo, mas sempre um objetivo
principal em função do qual é feita a adaptação da linguagem para a informação tornar-
se acessível a o especialistas. Para isso são adotados os seguintes processos: a
seleção de informações (o que supõe redão); esquematização em função dos
critérios estabelecidos e contextualizão mais ampla das informações visando atender
os interesses de não especialistas, seja em função da divulgação ou em função de seus
efeitos buscando se atingir a uma forma de lInguagem compreensível.
A vulgarizão científica encontra alguns desafios: O primeiro é o destinatário a
comunicação está centrada sobre o não especialista. Começa por uma explicitação do
conhecimento que se quer iniciar e suscitar no leitor. Isto supõe que sejam conhecidas
as representações que ele tem e sobre as quais dispõe e as operações mentais que
processa para integrar novas informações. O segundo é o conhecimento científico e a
concepção desse conhecimento (os obstáculos são numerosos, desde a retenção da
informação a o menosprezo pela popularizão da ciência). O terceiro é a distância
que existe entre a complexidade crescente dos conhecimentos científicos e
tecnológicos e a proliferação de meios que visam facilitar a comunicação e, por último,
o pensamento científico e a redução do real O recorte do real e o modo de
conhecimento (os métodos da ciência e outras abordagens de conhecimento: simbólico,
artístico, estético, etc).
Assim, com base nesses conceitos lingüísticos de discurso de divulgação
científica e na noção de curiosidade científica (aqui apresentados resumidamente),
procurou-se tornar mais evidente a identificação dos pressupostos de ciência
empregados nas revistas alvo desta investigação.
06
3) A noção de religião e esoterismo
A relação entre religião e ciência assume muitas formas, posto que os dois
campos são amplos. A religião e a ciência empregam diferentes métodos para se dirigir
a questões semelhantes.
Enquanto a ciência se utiliza do todo científico que se apóia numa abordagem
objetiva para mensurar, calcular e descrever o universo natural, físico e material, a
religião se utiliza de métodos geralmente mais subjetivos (ou intersubjetivos na
comunidade), baseando-se nas noções variáveis de autoridade, idéias que acredita-se
terem sido reveladas, intuição, crença no sobrenatural, na fé, na experiência individual,
ou uma combinão destas para compreender o universo.
Historicamente, a ciência tem tido uma relação complexa com a religião;
doutrinas religiosas por vezes influenciaram o desenvolvimento científico, enquanto o
conhecimento científico tem surtido efeitos sobre crenças religiosas. Um ponto de vista
moderno, descrito por Stephen Jay Gould
5
(1999 p.69) como magistérios o-
sobrepostos - é que a ciência e a religião lidam com aspectos fundamentalmente
distintos da experiência humana, e desta forma, quando cada uma delas permanece
em seu próprio domínio, elas coexistem de maneira pacífica.
Usarki (2002) define o conceito de religião a partir de quatro elementos:
1) Religiões constituem sistemas simbólicos com plausibilidades próprias;
2) Do ponto de vista de um indivíduo religioso, a religião caracteriza-se como a
afirmação subjetiva da proposta de que existe algo transcendental, algo extra-empírico,
algo maior, mais fundamental ou mais poderoso do que a esfera que nos é
imediatamente acessível através do instrumentário sensorial humano;
_____________________
5 - Stephen Jay Gould (1941 - 2002) foi paleontólogo, biólogo evolucionista, e historiador da ciência. Também foi um dos mais
influentes escritores americanos e amplamente lido de ciência popular de sua geração. Foi docente na Universidade Harvard e
trabalhou no Museu Americano de História Natural de Nova Iorque. Nos últimos anos de sua vida, também ensinou biologia e
evolução na New York University. Sua maior contribuição para a ciência foi a teoria do equilíbrio pontuado, que ele desenvolveu
com Niles Eldredge, em 1972. Fez campanha contra o criacionismo e propôs que ciência e religião devem ser consideradas duas
áreas distintas, ou "magistério", cuja autoridade não se sobrepõe.
07
3) Religiões se compõem de várias dimensões: particularmente temos que pensar na
dimensão da fé, na dimensão institucional, na dimensão ritualista, na dimensão da
experiência religiosa e na dimensão ética;
4) Religiões cumprem funções individuais e sociais. Elas dão sentido para a vida,
alimentam esperanças para os futuros próximos ou remotos, sentidos esse que
algumas vezes transcende o da vida atual, e com isso tem a potencialidade de
compensar sofrimentos imediatos. Religiões podem ter funções políticas, no sentido de
legitimar e estabilizar um governo ou de estimular atividades revolucionárias. Além
disso, religiões integram socialmente, uma vez que membros de uma comunidade
religiosa compartilham a mesma cosmovisão, seguem valores comuns e praticam sua
fé em grupos.
Outra visão conhecida como a tese do conflito, afirma que a religião e a ciência
inevitavelmente competem pela autoridade sobre a natureza da realidade, de forma
que a religião está gradualmente perdendo a guerra contra a ciência ao passo que as
explicações científicas tornam-se mais poderosas e gerais. Independente da existência
de um conflito, o que é mais importante do ponto de vista das revistas de divulgação
científica é o conhecimento e o grau de abordagem que pode variar de acordo com a
cultura onde estejam inseridos.
4) A noção de publicidade
Nesta investigão, a publicidade não representa a introdução de novos
conhecimentos, mas, uma vez que as revistas analisadas apresentam grande
quantidade de anúncios publicitários, ocupando muitos espaços que poderiam ser
usados para a divulgação de artigos de cunho científico, tornou-se evidente sua
apresentação e análise.
A publicidade, é a atividade profissional dedicada à difusão pública de idéias
associadas a empresas, produtos ou serviços, especificamente, propaganda comercial.
08
É um termo que engloba diversas áreas de conhecimento que envolvem difusão
comercial de produtos, em especial atividades como o planejamento, criação,
veiculação e produção de peças publicitárias.
Para William Outhawaite
6
(1996), a publicidade é a tentativa deliberada de uns
poucos de influenciar as atitudes e o comportamento de muitos pela manipulação da
comunicação simbólica.
Para rbara R. Lewis e Dale Littler
7
(2001), a publicidade pode ser entendida
como algo mais brando, sem o caráter de influenciador. Então a definem como
apresentão pública, de naturezas persuasivas, possíveis por meio de repetição, e
sua natureza expressiva, no grau em que apresenta uma empresa, seus produtos ou
serviços.
Hoje, todas as atividades humanas se beneficiam com o uso da publicidade.
Profissionais liberais, tais como advogados, médicos e engenheiros divulgam por meio
dela seus produtos e serviços; os artistas anunciam suas exposições, seus discos, seus
livros, etc; a própria ciência vêm utilizando os recursos da publicidade para promover
suas descobertas e seus congressos por meio de cartazes, revistas, jornais, filmes,
Internet e outros.
A publicidade passou a ser alvo desta investigação uma vez que nas revistas
analisadas o tamanho do espaço dedicado a essa atividade chamou a atenção por ser
muito grande, espaço este que poderia estar sendo usado para a divulgação de artigos
científicos ou outras atividades afins, e principalmente porque aponta para o público
leitor, neste caso em particular, heterogêneo e consumidor dos produtos alí veiculados.
_____________________
6 William Outhawaite, professor de sociologia na Faculdade de Geografia, Política e Sociologia e Faculdade de Ciência
Humanas e Sociais da Universidade de Newcastle, Inglaterra.
7 Barbara R. Lewis é professora na Manchestes Scool Management na Inglaterra e Dale Littler é doutor pela Manchester
University, professor da Manchester Business School.
09
Capitulo I
1.1.
Jornalismo Científico e Divulgação Científica
O jornalismo científico pode ser entendido como:
Um caso particular de divulgação científica e refere-se a processos,
estratégias, técnicas e mecanismos para veiculação de fatos que se situam no
campo da ciência e da tecnologia. Desempenha funções ecomicas,
político-ideológicas e sócio-culturais importantes e viabiliza-se, na prática,
através de um conjunto diversificado de gêneros jornalísticos. (Bueno, 1984).
Bueno
8
ainda ressalta que não se deve confundir divulgação científica, por vezes
denominada popularização ou vulgarização da ciência, com disseminação científica,
que "pressupõe a transferência de informações científicas e tecnológicas, transcritas
em códigos especializados, a um público seleto, formado por especialistas". Reuniões
científicas - de que apenas os cientistas participam - e periódicos especializados fazem
parte desse universo, pelo qual são poucos - em relação ao público geral - os
interessados.
Tanto disseminar como divulgar informações com origem na ciência e tecnologia
são formas de difusão científica, complementa Bueno. A divulgação científica implica a
recodificão da linguagem científica, de modo a apresentar a informação com origem
na ciência em uma linguagem não-especializada, tornando seu conteúdo acessível ao
público em geral.
_____________________
8 - Wilson da Costa Bueno é especialista em comunicação rural pela USP, especialista em Jornalismo Científico. Mestre e doutor
em Comunicação pela USP. É professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP Universidade
Metodista de São Paulo (mestrado e doutorado) e professor de Jornalismo (Jornalismo Científico, Jornalismo e Saúde, Jornalismo
em Agribusiness e Meio Ambiente) da Escola de Comunicações e Artes da USP.
10
Divulga-se ciência não apenas por meio da imprensa, mas ainda via histórias em
quadrinhos, fascículos, livros, incluindo os diticos, rádio, televisão e internet, entre
outras possíveis formas impressas e eletrônicas
9
.
Segundo Gloria Kreinz (2000: 74) "O ato de divulgar ciência equivaleria, portanto,
a transformar em linguagem pública o discurso cifrado ou especializado do produtor de
conhecimento, ou cientista." Deste modo, considera-se, também, como gêneros de
divulgação científica o ensino de ciências, desde o nível básico até os mais avaados
(como cursos de extensão, especialização, pós-graduação etc.), e eventos (congressos,
seminários, feiras de ciência etc.), desde que abertos a um público amplo e não
necessariamente familiarizado com os códigos próprios do mundo acadêmico-científico.
Tradicionalmente, a divulgação científica é identificada com o jornalismo
científico, de tal forma que José Reis, que segundo o Núcleo José Reis
10
certamente
a maior expressão do jornalismo científico em nosso país", vincula um conceito ao
outro:
"Por divulgação [científica] entende-se aqui como o trabalho de comunicar ao
público, em linguagem acessível, os fatos e princípios da ciência, dentro de
uma filosofia que permita aproveitar o fato jornalisticamente relevante como
motivação para explicar os princípios científicos, ostodos de ação dos
cientistas e a evolução das idéias científicas." (Reis - 1999: 62)
A ciência é divulgada, no entanto, por outros meios. Em discurso proferido na
Academia Brasileira de Ciências em 1976, intitulado "Importância da Divulgação
Científica", José Reis delineia alguns outros atributos da popularização da ciência e
afirma que o conhecimento científico pode ser transmitido, em linguagem acessível ao
público dito leigo, por diferentes veículos:
_____________________
9 Exemplos de meios de divulgação científica: 1 - Manual do Cientista do Franjinha (revista em quadrinhos); 2 Oceanos
(fascículos); 3 - A Ciência Médica de House (Livro); 4 Livros didáticos; 5 Rádio Unesp FM (rádio); 6 Discovery Channel (TV);
7 A Ciência Hoje (Internet). Ver anexo 1.
10 O cleo José Reis de Divulgação Científica é um núcleo de estudo fundado em 1992 voltado a divulgação científica
formado pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo com o o objetivo de dar prosseguimento ao trabalho
do pesquisador e jornalista José Reis (1907-2002).
11
"A divulgação científica radicou-se como propósito de levar ao grande público,
além da notícia e interpretação dos progressos que a pesquisa vai realizando,
as observações que procuram familiarizar esse público com a natureza do
trabalho da ciência e a vida dos cientistas. Assim conceituada, ela ganhou
grande expansão em muitos países, não na imprensa, mas sob forma de
livros e, mais refinadamente, em outros meios de comunicação de massa."
(Reis - 1998: 78).
O conceito de jornalismo científico, além de seguir os preceitos da divulgação
científica, deve incluir o de jornalismo, atualidade, universalidade, periodicidade e
difusão (Bueno, 1984: 21). As discussões mais recentes na área - e igualmente entre
os divulgadores não-jornalistas - têm abarcado velhas questões ainda pendentes, como
as dificuldades de comunicação entre cientistas e jornalistas e a recodificação da
mensagem da ciência em um discurso adequado ao público leigo, e também novos
temas, especialmente ligados à ética e à responsabilidade do jornalista ou divulgador
na transmissão das informações, oriundas sobretudo dos vertiginosos avanços da
genética e da informática, entre outros campos do conhecimento científico mais
suscetíveis à polêmica.
1.2.
Breve Histórico da Divulgação Científica
As origens da divulgação científica e, mais especificamente, do jornalismo
científico são incertas. " A data do nascimento da divulgação científica tem sido objeto
de especulação. Situam-no alguns no século XVII, quando começou a surgir a moderna
ciência e o conhecimento dos sistemas do mundo passou a fazer parte da educação
das pessoas. Representativo desse esforço de espalhar a ciência seria o livro de
Bernier le Bovier de Fontenelle Entretiens sur la pluralitè des mondes, publicado em
1686." (Reis, in Kreinz e Pavan (org.), 1998: 75).
12
José Reis, em um texto intitulado "Antigüidade da divulgação científica", escrito
em 1984, revê a origem da divulgação da ciência: "Science Writing, afirmando não ser
um fenômeno moderno. Segundo Morris (1966), data de pelo menos 5.000 anos.
Prossegue o divulgador científico: "Em 3.000 a.C. um médico egípcio divulgou como
tratar de uma pessoa que quebra o nariz." (op.cit.: 170).
Quanto ao jornalismo científico, conta Warren Burkett (1990: 27-8) que foi o
alemão Henry Oldenburg
11
, secretário da Royal Society, o primeiro a divulgar ciência
de forma jornalística, ao fundar, em 1665 a publicão Philosophical Transactions,
periódico que mais tarde seria assumido pela sociedade para a qual trabalhava,
traduzindo textos em vários idiomas para o inglês e o latim, Oldenburg divulgou quase
duzentas cartas do pai da microscopia, o holandês Antoni Van Leeuwenhoeck
12
.
Manuel Calvo Hernando (1970: 17) coloca, entretanto, a Gazette de France,
lançada por Teofrasto Renaudot em 1631, como um dos primeiros jornais a ter
publicado notícias de temas científicos (ele não precisa, porém, qual teria sido o
periódico pioneiro na divulgação científica). O jornalista espanhol ainda cita o Journal
des avants, também francês, criado por Denis de Sallo um ano antes do Transactions
de Oldenburg, e a Acta Eduditorum, fundada em 1682 por Otto Mencke, na cidade de
Leipzig, Alemanha. Tais periódicos não eram, porém, dedicados exclusivamente à
difusão da ciência.
No continente americano, a primeira publicação a noticiar assuntos relacionados
à ciência foi, segundo Burkett (op.cit.: 28), o Publick Occurrences de Boston (EUA), ao
relatar casos de varíola. Em 1752, Benjamin Franklin escreveu sobre suas experiências
com papagaios e relâmpagos na Pennsylvania Gazette, que ele próprio publicava.
_____________________
11 Henry Oldenburg (1619 1677) foi um teólogo alemão conhecido como diplomata e folósofo natural. Foi uma das principais
inteligências européias do século XVII. Foi secretário da Royal Society.
12 Antony Van Leeuwenhoek (1632 1723) foi cientista e construtor de microscópio, tendo contribuído para a biologia celular.
Descreveu a estrutura celular dos vegetais, chamando as células de glóbulos. Foi o primeiro a observar e descrever fibras
musculares, bactérias, protozoários e fluxo sanguíneo nos capilares sanguíneos de peixes.
13
O jornalismo científico ainda engatinhava mesmo durante o século XIX, quando
surgiram invenções como o barco a vapor (1807), a locomotiva (1830), o telégrafo
(1844) e o telefone (1876), mencionadas com pouco destaque nos jornais.
Paralelamente, prossegue Burkett, a divulgação e o jornalismo em ciência foram
ganhando novos rumos, com a criação das primeiras revistas dedicadas apenas a
assuntos científico-tecnológicos.
Em 1818, foi fundado o American Journal of Science. Em 1845, também nos
EUA, criou-se a Scientific American, voltada a discutir invenções e patentes. Nature
surgiu na Inglaterra, em 1869, atraindo noveis cientistas como autores. No entanto,
não se trata de publicações jornalísticas num sentido estrito, pois se encontram num
estágio intermediário entre o que Bueno denomina disseminação científica e a
divulgação científica propriamente dita, voltada à popularização da ciência. Jornalistas e
cientistas trabalham conjuntamente, e a linguagem não é hermética como a de revistas
especializadas nem recodificada o suficiente para um nível mais adequado a um
público amplo.
Nesta linha, sucederam-se outras publicões. Burkett destaca as norte-
americanas, como a Popular Science Monthly, de 1872, e a Science News, de 1878.
Com o apoio de Thomas A. Edison, o redator free-lancer John Michels, que escrevia
sobre reuniões das sociedades científicas para The New York Times, lançou a revista
Science, em 1880. Após ter passado pelas mãos de Alexander Graham Bell, que a
comprou de Michels, a Science foi finalmente adquirida pela American Association for
the Advancement of Science (AAAS), em 1883.
Ao final do século XIX a divulgação científica começou a sofrer pelo excesso de
sensacionalismo, especialmente nos jornais, entre os quais Burkett cita os de William
Randolph Hearst e Joseph Pulitzer. No século XX, ao passo que se continuava essa
tendência, ciência, política e guerra começaram a se misturar, refletindo-se no conteúdo
do noticiário. "A I Guerra Mundial foi caracterizada como a guerra dos químicos quando
14
os cientistas (e engenheiros) descobriram novos modos de produzir material de guerra.
(...) A II Guerra mundial tornou-se a guerra dos físicos por sua contribuição em dividir o
átomo para derivar bombas de fissão e poder nuclear" (op.cit.: 33). Os jornalistas
científicos do período por um lado tornaram-se mais instruídos que seus antecessores;
glamourizavam, porém, as descobertas científicas.
1.3.
A Divulgação Científica no Brasil
Não se sabe ainda, com precisão, quando se deu início à divulgação e ao
jornalismo científico no Brasil. Muito de sua história se confunde com a carreira de José
Reis (1907-2002), formado biólogo pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em
1929. Três anos depois, simultaneamente ao seu trabalho como cientista no Instituto
Biológico, de São Paulo, começou a divulgar ciência na revista Chácaras e Quintais.
Em 1947 passou a escrever na Folha da Manhã, que daria origem à atual Folha de
S.Paulo, da qual foi diretor de redação entre 1962 e 1967. Ainda na Folha, assinou a
coluna dominical Periscópio desde 1999 até sua morte em 2002, abordando temas
variados da ciência, na forma de artigos. Trata-se do jornalista brasileiro que por mais
tempo escreveu, sem interrupções, para o mesmo veículo de imprensa.
Tendo José Reis como principal exemplo - pois, embora com antecessores, ele é
considerado o primeiro a divulgar ciência no Brasil de maneira sistemática e contínua -
o jornalismo científico no Brasil tem sua história mais ligada a nomes do que a
publicações. Destaca-se ainda o trabalho de Rômulo Argentière, no jornal paulistano O
Tempo (diário que teve curta duração, entre os anos 40 e 50), Andrejus Korolkovas,
responsável pela são Atualidade científica do jornal O Estado de S. Paulo, nos anos
60, e Julio Abramczyk, na Folha de S.Paulo desde 1959, hoje com a coluna dominical
Plantão.
15
As revistas brasileiras de divulgação e jornalismo em ciência surgiram apenas a
partir dos anos 80. A pioneira foi Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), fundada em 1982. Quatro anos depois, a Editora Abril
lançou a Super Interessante. Em 1990 foi criada Globo Ciência, pela Editora Globo,
desde 1998 intitulada Galileu. Enquanto as duas últimas m maior alcance popular e
textos redigidos na grande maioria por jornalistas, as matérias de Ciência Hoje são
escritas também por cientistas, a exemplo das principais publicações estrangeiras,
como Nature e Science.
Com os recentes avanços da ciência, particularmente em áreas como a genética
e a informática, novas questões tiveram de ser colocadas em debate. Queses éticas
afluem na ciência e no noticiário, e o divulgador científico - jornalista ou não - figura
como responsável por aquilo que divulga.
No livro El nuevo periodismo de la ciencia (1999: 35-47), Calvo Hernando
relaciona algumas das funções da divulgão científica, entre as quais:
a) A criação de uma consciência científica coletiva, a fim de que a ciência não se
restrinja aos campos do poder, reforçando a democracia na sociedade;
b) A função de coesão entre os grupos sociais, incluindo a melhoria das relações en-
tre os cientistas e oblico;
c) O fator de desenvolvimento cultural;
d) O incremento da qualidade de vida;
e) Uma política de comunicação científica, em especial porque vivemos numa socie-
dade cada vez mais dependente do conhecimento tecnológico;
f) A "comunicação-risco", ou seja, aquela que provê informações sobre os riscos a
que estamos expostos, como os problemas do meio ambiente e o consumo e tráfi-
co de drogas;
g) A função de complemento ao ensino;
h) O aprendizado de comunicar.
16
Calvo Hernando (1999) sintetiza tais funções em dois grandes objetivos da
divulgação e do jornalismo em ciência: um vinculado ao conhecimento, que é
comunicar ao público os avanços científicos, e o segundo objetivo de estudar as
conseqüências desse progresso.
As discussões envolvendo divulgação científica m se dirigido, enfim, para a
necessidade de o divulgador e o jornalista apresentarem uma postura crítica em relação
aos procedimentos de produção da ciência, sobretudo os que dizem respeito ao campo
da bioética (particularmente experiências com reprodução humana e alterações
genéticas, além das que podem causar danos ambientais), e participar ao blico dos
processos pela democratização da ciência.
1.4.
Público Interessado pela Divulgação Científica
Uma vez passado pelo breve histórico da divulgação científica e compreendido
como as coisas suscedram no Brasil, resta-nos conhecer o blico que se interessa por
temas relacionados a divulgação científica. Para o diretor do Public Opinion
Laboratory e professor de ciência política na Northern Illinois University, Jon D. Miller
(Friedman, S. Scientists and Joornalists: Reporting Science As News, in Friedman,
S.M, Dunwoody, S e Rogers C.L. (org), 1986: 55-69), que durante os últimos dez anos
conduziu uma série de pesquisas sobre o interesse do público pela ciência e tecnologia,
não está claro qual o público interessado em jornalismo científico, cabe ao jornalista
distinguir qual é o seublico. Conhecendo sua audiência, o repórter pode direcionar o
texto que o interesse deste público requer uma mensagem que pode diferir muito
daquela do leitor comum de jornal ou revistas.
Para Miller, o fator mais importante que afeta a recepção da informação científica
por um indivíduo parece ser o interesse. Na vida urbana contemporânea, a competão
pelo tempo é intensa já que a quantidade de assuntos e atividades disponíveis é
imensa.
17
Devido à grande oferta de temas, o leitor se vê obrigado a fazer escolhas,
conscientes ou o. O interesse especializado é importante porque reflete a
participação política do cidadão e implica nas diferenças na recepção da informação
científica. Verificou então que metade dos cidadãos adultos não acompanham
nenhuma atividade política; com relação à ciência, dentre os cidadãos que tem uma ou
mais áreas de interesse, poucos se disseram capazes de se dedicarem a mais de três
assuntos.
Gabriel Almond (Friedman, S. Scientists and Joornalists: Reporting Science As
News, in Friedman, S.M, Dunwoody, S e Rogers C.L. (org), 1986: 57-60), preocupado
com o pequeno número de americanos adultos interessados por política externa, os
descreveu da seguinte forma (como se fosse uma pirâmide): No topo, encontram-se os
governantes, logo abaixo, os lideres formadores de opinião e autores de políticas
científicas, mais abaixo, os indivíduos com grande interesse em determinada área,
conhecimento acerca de seu funcionamento e percepção de informações relevantes,
constituíram um público atento (jovens, predominantemente homens e com boa
formação). Outro segmento importante seriam os interessados, que possuem menos
familiaridade com o funcionamento da nomenclatura científica (homens um pouco mais
velhos e com pior formação). É a partir desse segmento que emergem os atentos
dependendo do estímulo que tiverem. O maior segmento seria no entanto o dos
desinteressados. Representamos a seguir a pimide imaginada por Almond.
18
Figura 01 Pirâmide de interesses
Figura do autor
Quando as políticas são definidas no pequeno circulo dos governantes e dos
líderes formadores de opinião não muita participação no processo.
pelo menos três situações em que a população tende a participar de forma
mais ativa. A primeira ocorre quando rias divergências entre os cientistas líderes
de opinião as diferentes tendências vão se manifestar no sentido de informar e
sensibilizar os cidadãos pertencentes ao público atento e assim, influenciar os que
tomam as decisões a segunda quando consenso entre cientistas lideres e
formadores de opinião mas os governantes rejeitam alguma demanda. Os cientistas
então tentam mobilizar a opinião pública para exigir dos governantes uma discussão
sobre determinada política; e a terceira quando alguns poucos assuntos são
referendados através de votação direta, especialmente a vel estadual.
No Brasil, segundo Nóbrega(1987), o público interessado por divulgação
científica é aquele que possui maior interesse por textos de vulgarização, podendo ser
identificados como:
19
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- Os professores e educadores que desejam estimular e motivar pessoas em
formação ou adultos, que podem ser entendidos como líderes e formadores de opinião;
- Os pais que pretendem familiarizar os filhos com o meio tecnológico e científico
- Público atento;
- Os mediadores (editores, jornalistas, escritores, fotógrafos, repórteres, cronistas
que m acesso à informação e que atuam na orientação de assuntos ou temas da
atualidade) - líderes, formadores de opinião;
- Os cientistas e especialistas, uma vez que é deles que depende a circulação de
informações - líderes, formadores de opinião;
- Às associações de consumidores, usuários e amadores que podem exigir um
aperfeiçoamento das técnicas de vulgarização -blico interessado;
- Os sindicatos e militantes, tendo em vista sua formação profissional e escolha
de trabalho - público interessado e,
- A parcela da população que pode ser entendida como público desinteressado.
1.5.
Diferentes Necessidades de Informação
Segundo Miller (1986), os governantes m necessidades específicas de
informação científica. A freqüência dos assuntos concernentes à ciência tem crescido
nos últimos anos, exigindo dos governos muitas análises, julgamentos comparativos e
alternativos. A informação referente aos problemas e alternativas das políticas
científicas geralmente vem dos cientistas líderes e formadores de opinião. Estas
demandas acabam influindo nos outros grupos da sociedade.
20
Os cientistas lideres e formadores de opinião, por sua vez, tem necessidades
de informação científica semelhante à dos governantes, só que em maior escala. Eles
têm que se informar com precisão dos trabalhos científicos que estão em andamento.
Esta informação tem origem nas sociedades, na comunidade científica, nos comitês e
grupos. O tamanho da comunidade científica, das necessidades de informação e do
número de veículos de comunicão especializados em ciência aumentou nos anos
pós-guerra.
Miller ainda salienta que o blico atento tem de estar informado a respeito das
controvérsias sobre as quais sua opinião será solicitada. Se os cientistas líderes e
formadores de opinião querem mobilizar a população em torno de algum assunto
científico é imprescindível que o público atento esteja informado sobre as implicações
e alternativas de tal política. É importante que este público atento tenha uma boa
compreensão sobre conceitos básicos utilizados na construção do discurso científico.
Estas necessidades básicas de informação científica para o público atento tem
sido negligenciadas até recentemente. A informação disponível nos meios de grande
circulação é muito generalizada enquanto que os meios especializados se tornaram
muito técnicos para grande parte desse público.
Neste contexto surgiu uma nova série de publicações e programas de TV
(Discovery Channel, National Geografic, etc) para suprir as necessidades de
informação. Este público estaria situado entre as revistas Scientific American e
National Geografic. Para falar a este segmento deve se seguir uma linha não técnica
e um formato simples e ilustrativo. A visão consensual dos educadores é a de que todo
cidadão deve ser informado para poder participar do processo democrático da
construção das políticas científicas. Logo, os propósitos da comunicão cienfica são:
aumentar a cultura científica e a disseminação de informações relevantes para a segu-
21
rança, riscos e resíduos de usinas atômicas ou chuvas acidas são exemplos de
assuntos relacionados diretamente com políticas científicas atuais ou emergentes.
Tal afirmação complementa-se com o pensamento de Bueno quando afirma que
esse propósito da comunicação científica refere-se a processos, estratégias, técnicas e
mecanismos para veiculação de fatos que se situam no campo da ciência e da
tecnologia, desempenhando funções econômicas, político-ideológicas e sócio-culturais
importantes e viabiliza-se, na ptica, através de um conjunto diversificado de neros
jornalísticos. Essas práticas contribuem para aumentar a cultura da populão.
O aumento da cultura científica da população é um objetivo complexo e a longo
prazo, entretanto, o grande público possui pouca familiaridade com assuntos científicos
básicos. A não formação da cultura científica durante a fase escolar causa uma falta de
interesse e falhas de vocabulário que vão atrapalhar uma posterior melhoria. Na
América Latina, mais especificamente no Brasil, o desinteresse por temas ligados à
ciência são claramente percebidos. Parece evidente que pessoas com uma cultura em
ciências se adaptem melhor a ciência constituída, mas não é bem assim que acontece,
há um longo caminho até a sustentação de determinada política. A informação
destinada a influenciar a sustentão das políticas científicas deve focalizar o assunto e
promover uma discussão inteligente sobre as alternativas dando ao público atento
uma informação sofisticada, porem, tendenciosa, não se conseguirá sucesso na
mobilização destes cidadãos.
1.6.
Estratégias Comunicacionais para Atingir Públicos Específicos
A grande maioria das pessoas atentas e interessadas em políticas científicas não
passariam num teste envolvendo conhecimentos científicos elementares. São pessoas
aptas a discutir políticas científicas, mas, quando se trata de elementos científicos
básicos como radião ou DNA, não demonstram o mínimo vel de entendimento.
22
Já que essas pessoas participam da formulação de políticas científicas, é
importante que seus conhecimentos sejam incrementados o quanto antes. Este
segmento de público é interessado e receptivo e, portanto, mais fácil de se alcançar.
Miller (1986), acredita que o incremento da cultura científica do público atento é
prioritário, mas, não descarta a importância de se dar atenção aos outros segmentos da
população. O público interessado a partir do seu interesse por ciência tem
conhecimentos ainda mais beis do que o blico atento. O público interessado
faz maior uso da TV do que da mídia impressa e tende a assistir mais TVs comerciais
do que às públicas (educativas). A eficiência é maior com a informação ilustrativa.
Os esforços para incrementar a cultura científica dos desinteressados
enfrentam grandes barreiras. A principal delas é persuadir este segmento da
importância de possuir uma cultura científica. Aumentar apenas o volume dos artigos é
inócuo se não for primeiro cultivado o interesse pelo assunto e na transmissão de
informações relevantes para as políticas científicas os veículos de informação geral
(jornais, telejornalismo e revistas semanais) são úteis para colocar um assunto em
pauta ou situá-lo dentro de uma controvérsia. Para o público atento, estes meios de
comunicação o são as melhores fontes de informação científica, mas podem servir
para chamar a atenção sobre determinado assunto ou simplesmente funcionar como
boletins informativos. Para informações mais sofisticadas, detalhadas e
contextualizadas, os meios especializados (revistas e programas de TV) constituem a
melhor fonte.
Apesar do aumento das informações disponíveis para o público atento este
parece estar buscando informações cada vez mais sofisticadas. Este público não é
receptivo a informações que dêem ênfase maior a um dos lados da questão; por outro
lado, em razão das deficiências de formação em elementos básicos das construções
científicas, este público apresenta dificuldade em acompanhar matérias excessivamente
técnicas.
23
O público interessado fica marginalizado do processo de formulação das
políticas e os estudos mostram a indisposição deste grupo em participar mesmo quando
oportunidade. Miller (1986), não considera como prioridade investir em mais
informação para o blico interessado. Considera, no entanto, que determinados
indivíduos, dependendo de seu interesse, podem fazer uso da informação direcionada
ao blico atento. A proporção do público interessado que de fato participa do
processo de formulação das políticas científicas é, no entanto, muito pequena.
Em relação ao público desinteressado, dentro das circunstâncias normais,
qualquer intenção de se levar informações relevantes para a formulação de políticas
científicas será inócua. Nos casos em que assuntos relativos as políticas científicas são
levadas a referendo popular, o blico desinteressado te grande importância.
Alguns estudos relativos ao envolvimento deste segmento em questões técnicas como
energia nuclear indicam que o público desinteressado tende a seguir a opinião dos
líderes. Assim, uma possível solução para aumentar a cultura científica e o tamanho do
público interessado em ciências é o aumento da educão científica durante a vida
escolar. Se o interesse em ciências for estimulado desde cedo e se for aplicado
juntamente ao aprendizado dos processos científicos básicos, haverá uma grande
receptividade para a comunicão científica. Se estes anos de formação passarem
sem o desenvolvimento do interesse na ciência ou se for criado um temor ou dificuldade
sobre assuntos científicos, qualquer esforço posterior será pouco eficaz.
1.7.
A Linguagem
Quando se pensa em linguagem, percebe-se que trata-se de um campo muito
extenso onde as inúmeras teorias ora se complementam ora se confrontam, pode-se
perceber a não constituição de um corpo uniforme. Pesquisas de diferentes orientões
teóricas dedicam-se ao estudo do discurso de divulgação científica com pressupostos
diferenciados e formulões teóricas distintas.
24
Kreinz
13
(1999 p.15) define as diferentes concepções de gênero discursivo, como
uma re-enunciação de discursos-origem elaborado por e para especialistas em
discurso destinado ao grande público
14
.
Esta re-enunciação tem a função de condensar termos científicos específicos
que se apresentam como obstáculos ao entendimento global do discurso-fonte.
Em linhas gerais, podemos considerar que o discurso de divulgação busca
propiciar ao leitor o contato com o universo científico, caracterizado por apresentar um
discurso hermético, por meio de uma linguagem que lhe seja mais simples e familiar.
As descobertas da ciência geram novos conhecimentos, à medida que permitem
a compreensão dos fenômenos da natureza e fornecem alternativas para o
aproveitamento sustentável dos recursos e contribuem para a melhoria da qualidade de
vida da sociedade contemporânea.
Uma etapa de fundamental importância para a pesquisa científica é a divulgação
desses novos conhecimentos, que é proporcionada pela divulgação cientifica que,
considerada como um processo de difusão de pesquisas e teorias em âmbito geral,
caracteriza-se pela re-enuncião de um discurso-fonte elaborado por especialistas
e destinado a seus pares, em um segundo discurso, reformulado por um divulgador e
destinado ao grande público
.
Nesse sentido, Authier-Revuz (1990), realiza um trabalho consagrado ao estudo
do discurso de divulgação sob a ótica da heterogeneidade mostrada apontando que a
principal função destinada à divulgão é o estabelecimento da comunicação ciência-
público, ou seja, é colocar de forma acessível ao público os novos conhecimentos
resultantes das pesquisas científicas.
_____________________
13 - Glória Kreinz é professora titular da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Professora convidada da Universidade de
São Paulo, Pesquisadora e Professora do Núcleo José Reis de Divulgação Científica da ECA/USP.
14 Grande público refere-se aos leitores de divulgação científica, não cientistas, conforme assinalado por Martins (2005), em
nota de rodapé.
25
Como a língua dos cientistas acaba por se tornar uma língua estrangeira para
o grande público, há, no discurso de divulgação científica, uma prática de reformulação
de um discurso-fonte para um discurso midiático em função dos leitores, receptores
diferente daquele a quem se endereçava o discurso científico.
No Brasil existem muitas revistas técnicas especializadas como, Ciência Hoje,
Pesquisa Fapesp, Eletrônica ComCiência que cumprem a função de divulgação
científica, entretanto, visam atender às necessidades da pesquisa e permitir a troca de
experiências entre os pesquisadores.
Esses discursos de divulgação científica costumam apresentar formato e
vocabulário pouco familiar ao grande público, sendo que apenas uma pequena parcela
da população brasileira tem acesso integral ao seu conteúdo.
Como a divulgação de novos conhecimentos é de fundamental importância para
a pesquisa, destacam-se três revistas (de maior circulação nacional) de divulgação
científica não especializada, Galileu, Scientific American Brasil e Super Interessante,
com conteúdos específicos dirigidos ao grande público, traduzindo de forma que se
pretende clara e objetiva, informações oriundas da produção científica especializada.
Essas publicações assumem relevante papel na divulgão da ciência,
contribuindo para a educação e formação de recursos humanos, pois, trazem a público,
assuntos que muitas vezes seriam conhecidos apenas por cientistas, fazendo assim,
uma ponte entre o conhecimento científico produzido nas universidades e os cidadãos.
Essas afirmações concordam com o pensamento do pesquisador Carlos
Vogt
15
(2008) que salienta a importância de se formar cidadãos em temas de ciência,
pois, isso garante o estímulo à formação de novas gerações de pesquisadores, a
aceitação e, portanto, a sobrevivência no longo prazo da atividade científica.
_____________________
15 - Carlos Vogt é doutor em ciências pela Unicamp, professor titular no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp desde
1986 é linista, foi reitor da Unicamp de 1990 a 1994, e presidente da Fapesp até agosto de 2007, quando assumiu a Secretaria
de Ensino Superior do Estado de São Paulo.
26
1.8.
O Discurso
Segundo Martins
16
(2000), a Análise do Discurso, desenvolvida nos anos 60 na
École Française dAnalyse du Discours, surge como uma tentativa de remediar as
insuficiências da análise do conteúdo (analyse du contenu - Maingueneau - 1991) que
estava sendo utilizada pelas Ciências Humanas principalmente nos Estados Unidos.
Para Maingueneau
17
(1991) A Análise do Discurso tem por objetivo apreender
os materiais verbais como textos, tomando por base que estes são opacos recusando
projetá-los diretamente sobre uma realidade extradiscursiva, uma vez que é dicil
descobrir a verdadeira intenção de seu autor.
Dessa forma, a interpretação que é realizada deve levar em consideração o
modo de organização e funcionamento do discurso (narrativo, descritivo ou
argumentativo), as modalidades que uma palavra assume no texto (uma mesma
palavra pode funcionar objetivamente ou subjetivamente, segundo a intenção do
jornalista) e ainda as estratégias de interlocução social e histórica do sujeito
comunicante.
A análise do discurso, teorias de Patrick Charaudeau
18
e Michel Pêcheux
19
(2004)
- ambas correntes da lingüística francesa - que estudam a perspectiva da linguagem à
luz da enunciação discursiva e que tendem a um aprofundamento da articulação entre
discurso e a condição de produção deste mesmo discurso.
_____________________
16 Claudia Fátima Morais Martins, é doutora em letras neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001). Atuando
principalmente nos seguintes temas: ANÁLISE DO DISCURSO, JORNAIS E REVISTAS DA DÉCADA DE 90, Patrick Charaudeau e
Michel Pêcheux.
17 Dominique Maingueneau é professor de lingüística na Universidade de Paris. Realiza pesquisas principalmente na análise do
discurso com vários trabalhos publicados; é co-autor do Dicionário de Análise do Discurso (2002).
18 Patrick Charaudeau, é professor de ciência da linguagem na Universidade de Paris e diretor do Centro de Análise do
Discurso.
19 Michel Pêcheux (1938-1983) foi um filósofo francês que com seu estudo, originou uma linha filosófica conhecida como
Análise do Discurso.
27
O contrato jornalístico obedece a duas finalidades: informar e seduzir. Para
Charaudeau (2004), informar significa expor os fatos de maneira objetiva e séria. Para
ele, a sedução se encontra no discurso de maneira a envolver o leitor pelo prazer e
convencê-lo a adquirir um produto.
As principais estratégias para cooptar o blico leitor são colocadas logo de
início no título e subtítulo dos artigos e se disseminam no texto de maneira a utilizar o
discurso descritivo. Nas revistas Galileu e Super Interessante, a estratégia utilizada
consiste na sedução do leitor por meio de um enunciado (título) que lhe desperte a
curiosidade pelo tema, passando-se logo em seguida ao desenvolvimento de um
discurso narrativo.
Na revista Scientific American Brasil, por exemplo, os enunciados também
cumprem a função de sedução do leitor mas o discurso assume características
descritivas e argumentativas uma vez que o contrato jornalístico emprega termos
axiológicos (que demonstram a opinião do escritor uma vez que esses termos estão
ligados diretamente a um julgamento de valor apreciativo ou depreciativo).
Cabe, então, a pergunta: qual a fuão da linguagem freqüentemente
apresentada por essas revistas? A resposta que logo nos vem em mente é a da
informação, mas, além de informar, esse tipo de linguagem constrói um sentido, uma
significação maior que ultrapassa a informação pura e simples. Esse tipo de linguagem
contribui também para a edificão de um sentido e para a criação de um contrato de
comunicação.
Dessa forma, a linguagem utilizada pressupõe a existência de um gênero
informativo, de um contrato de fala que estabeleça a autenticidade e a seriedade do
texto e de um público-alvo a quem esse discurso seja destinado, estabelecendo assim
as estratégias discursivas.
28
Assim, alguns princípios devem ser explorados para que se possa realizar esta
abordagem discursiva, tais como, a enuncião discursiva (Maingueneau, 1991-3 &
Charaudeau, 1983-92), o contrato de comunicação jornalística (Charaudeau, 1994), a
presença de subjetividade no discurso que se diz objetivo (Kerbrat-Orecchioni, 1980) e
o modo argumentativo de organização do discurso (Charaudeau, 1992). Para a
realização deste ensaio, se fez necessário adotar alguns termos recorrentes na área de
pesquisa de Análise do Discurso. São eles:
Argumentação:
Utilizando a definição de Maigueneau (1991), a argumentação constitui um dos
fatores privilegiados da coerência discursiva. Ela pressupõe uma ação finalizada, um
encadeamento estruturado de argumentos ligados por uma estratégia global que tem
por objetivo conseguir a adesão de um público à tese defendida pelo sujeito
comunicante (enunciador). Trata-se, portanto, de um tipo de interação verbal que se
destina a modificar as convicções de um indivíduo e que trabalha diretamente não
sobre os outros indivíduos, mas sobre a própria organização do discurso que deve
possuir um efeito persuasivo. O enunciador que argumenta se dirige a seu destinatário
de modo a criar uma rede de argumentos da qual o seu interlocutor não possa escapar.
Ato de linguagem:
O ato de linguagem é entendido como resultado de uma encenação discursiva
feita por sujeitos que agem (JE e TU), com uma matéria linguagística semântico-formal
que se organiza em contratos e estratégias de comunicação. Essa mise en scène
linguagística depende de diversos tipos de organização que constituem os
componentes da competência lingüística do sujeito. É essa competência lingüística que
o sujeito comunicante empregará para a construção da mise en scène discursiva.
(Charaudeau, 1983)
29
Estratégias de sedução:
Consiste na arte de seduzir, utilizando o discurso e procurando envolver o
público pelo prazer. Charaudeau (1992)
Adjetivos axiológicos:
Na definição de Catherine Kerbrat-Orecchioni (1980), os valores axiológicos
constituem uma categoria lexical que es intimamente ligada às apreciações do
enunciador. Assim, os adjetivos axiológicos refletem um julgamento de valor apreciativo
ou depreciativo em relação a um determinado objeto, dentro dos campos da ética,
estética e da pragmática. Para que o enunciador atribua um valor positivo ou negativo a
um determinado elemento ou indivíduo, não deve ser negligenciada a importância do
contexto, visto que um grande número de adjetivos pode funcionar tanto como neutros
quanto avaliativos.
Contrato de fala:
Para Charaudeau (1988), o contrato de fala é definido como sendo um conjunto
de situações de práticas sócio-linguagísticas que são o resultado das condições de
produção e de interpretão do ato de linguagem. O contrato de fala é constituído por
um faire sérieux, em que a objetividade dos fatos e das informações devem ser
respeitadas, e por um seduzir, que faz com que os dados sejam apresentados de
maneira acessível e agradável.
* * *
30
A partir das definições de alguns dos termos utilizados pela teoria da Análise do
Discurso podemos refletir sobre alguns de seus pressupostos. A argumentação constitui
um dos fatores privilegiados da coerência discursiva. Ela pressupõe, na verdade, uma
ão complexa finalizada, um encadeamento estruturado de argumentos ligados por
uma estratégia global objetivando convencer um público da tese defendida pelo
enunciador. Como tipo de interação verbal destinada a modificar as convicções de um
sujeito, a argumentação apresenta uma característica peculiar: ela não age diretamente
sobre o indivíduo (como se lhe desse uma ordem), mas, ao contrário, sobre a
organização do próprio discurso, de modo que este efetue um efeito persuasivo: o
enunciador que argumenta se dirige a seu co-enunciador da mesma maneira que este
último é suscetível de contra-argumentar, utiliza-se de sua capacidade racional para
fechá-lo em uma rede de argumentos dos quais não possa escapar.
Com relação a propaganda/publicidade, várias são as estratégias empregadas
para convencer/seduzir o público leitor. Uma delas se encontra na utilizão de
determinados tipos de termos (adjetivos/substantivos/verbos) e na modalização. Neste
sentido, às revistas Galileu e Super Interessante encontram-se mais adequadas, uma
vez que apresentam um grande número de propagandas.
Catherine Kerbrat-Orecchioni (1980) aborda as questões da modalização e da
subjetividade nos adjetivos. Em primeiro lugar, ela define o que vem a ser uma unidade
lexical: cest una catégorie lexicale, en un sens, subjective, puisque les mots de la
langue ne sont jamais que des symboles substitutifs et interprétatifs de choses. Para
Kerbrat-Orecchioni, a lingüística repete e demonstra que as produções discursivas não
saberiam fornecer um analogon da realidade, uma vez que essas produções dividem a
sua maneira, o universo referencial, impondo uma forma particular à essência do
conteúdo, organizando o mundo por abstração generalizante em classes de palavras
sobre a base semântica. Logo, as palavras não representam os objetos da realidade,
porque as línguas o são capazes de exprimir, no interior das palavras, o conteúdo
desses objetos.
31
Kerbrat-Orecchioni diz que trata-se, dessa forma, da utilização coletiva das
palavras e o que interessa, neste caso específico, é o uso individual do código comum.
O problema que se coloca, então, é o da verbalização de um objeto real ou imaginário e
a escolha das unidades para representá-lo. A partir dessa reflexão, observamos que
dois tipos de formulão discursiva, isto é, uma objetiva e outra subjetiva. O discurso
objetivo tenta reduzir toda e qualquer marca da existência de um enunciador; o discurso
subjetivo, no qual o enunciador está presente explicitamente, tem a sua presença
marcada através do pronome pessoal eu e/ou através de dêiticos.
Kerbrat-Orecchioni declara que essas considerações são necessárias para que
se tome consciência de que o eixo de oposição objetivo/subjetivo não é dicotômico, e
sim gradual. Considera, ainda, que todas as unidades lexicais apresentam uma carga
mais ou menos forte de subjetividade. Assim, é possível considerar que a análise de
textos de jornais e revistas fornece um material rico para o estudo da
produção/recepção de textos escritos e das estratégias e intenções discursivas
envolvidas no processo da escrita. Por isso, quando o escritor/jornalista se depara com
um tema, ele tenta mascarar ao máximo o seu ponto de vista, sem conseguir tal
empreendimento na maioria das vezes, visto que a sua opinião é passível de ser
recuperada através das marcas que ele deixa gravadas em seu discurso, quer por
intermédio de substantivos ou adjetivos, que para Kerbrat-Orecchioni não se prestam à
objetividade, quer através das marcas de enuncião.
De maneira mais geral, o discurso tem por objetivo convencer/seduzir o seu
público alvo - o leitor - das categorias avaliativas por ele introduzidas: este mostra a
legitimidade de seus argumentos, de suas estratégias enunciativas no próprio texto com
o objetivo de cooptar o seu co-enunciador.
Capítulo II
32
2.1.
Revista Galileu
A revista Galileu é uma publicação mensal da Editora Globo. Começou com o
nome de Globo Ciência em agosto de 1991. Na época, segundo o site da Galileu, o
editorial, apresentava alguns compromissos com seus leitores:
Divulgar informações científicas em forma de reportagens aprofundadas e
minuciosas, bem como notas com as informações mais relevantes que digam
respeito à ciência e à tecnologia, que vão da informática à eletrônica, dos
carros sofisticados aos mais avançados aviões, da exploração do espaço aos
progressos nas telecomunicações, da luta em favor da preservação da
natureza à perseguição da cura para as doenças do corpo e da mente.
Essas diretrizes nortearam a revista até setembro de 1998. Nesse mês foi
lançada a edição número 86, rebatizada de Galileu, nome escolhido em virtude de
uma estratégia de marketing. A revista também passou por mudanças no visual e
ampliou o leque de temas abordados em suas páginas.
Uma nova remodelagem de lay-out ocorreu em junho de 2004. Ela veio
acompanhada de uma alteração na maneira como as matérias eram produzidas e
chegavam ao leitor. Mais enxutas e com menos páginas, que passaram a concentrar
mais informações em menos espaço, com uso freqüente de infográficos e recursos de
edição que tinham como meta facilitar a compreensão dos temas.
Ainda em 2004, a revista sofreu mudanças editoriais passando a produzir uma
série de reportagens sobre temas como os maiores crimes da história, esoterismo e
paranormalidade, ficção científica e cérebro.
Segundo a Galileu, o atual projeto editorial da revista tem como objetivo
proporcionar ao leitor o prazer de conhecer e aprender, ao mesmo tempo que divulga
conhecimento científico e curiosidades por meio de uma leitura acessível.
33
Esse conhecimento engloba informações variadas e interessantes, das
cotidianas às mais abstratas. Nas edões da revista, os editores procuram diagnosticar
em uma pauta as notícias mais interessantes do s, que serão analisadas e
explicadas em detalhes por seus especialistas. A revista está organizada com as
seguintes seções:
2.2.
Seções
Enter Porta de entrada da edição é o local em que são abordadas as
notícias mais interessantes do mês. Os temas preferenciais são
astronomia, ecologia, arqueologia, religião, sde, pesquisa científica
e tecnologia.
Cult Livros, filmes, games, exposições e espetáculos formam o cardápio
de sugestões culturais da revista.
Horizontes O astrofísico Marcelo Gleiser compartilha com os leitores o seu vasto
conhecimento sobre o planeta e o universo.
Por dentro De máquinas a esquemas nacionais de seguraa, a Galileu procura
explicar, com textos e infográficos, o funcionamento das coisas.
Consumo Uma coletânea de equipamentos selecionados sempre de acordo com
um tema.
Sem dúvida
Por carta ou e-mail, os leitores enviam questões, e a redação procura
responder.
Eureca Traz a vida e a obra dos principais cientistas da história.
Peregrino Viajante que passou pelos cantos mais inóspitos e menos
explorados do mundo, Arthur Veríssimo conta suas experiências.
34
2.3.
P
autas
As principais pautas que encabeçaram as capas de janeiro a dezembro de 2008
foram:
s Edição Pautas
Janeiro 198 para viver segundo a Bíblia hoje?
Fevereiro 199 O que nos torna bons ou maus.
Março 200 Deciframos os mistérios de Lost.
Abril 201 Mal.com O lado sombrio da internet.
Maio 202 Ele precisa ser sacrificado?
Junho 203 A química do desejo.
Julho 204 Aprender a morrer A lição final.
Agosto 205 O real efeito da lei seca.
Setembro 206 Reconstruindo Jesus.
Outubro 207 Como sobreviver a um desastre.
Novembro
208 Seja feliz agora.
Dezembro
209 A nova era do espiritismo.
35
2.4.
Capas
198 -
Janeiro de 2008
199 -
Fevereiro de 2008
200
Março de 2008
201 -
Abril de 2008
36
202 -
Maio de 2008
203 -
Junho de 2008
204 -
Julho 2008
205 -
Agosto 2008
37
206 -
Setembro de 2008
207
Outubro de 2008
208 -
Novembro de 2008
209 -
Dezembro de 2008
Figura 02 Galileu Capas 2008
Imagens: Internet: http://revistagalileu.globo.com
38
2.5.
Conclusões Preliminares
Com relação ao comportamento apresentado pela revista Galileu durante o
intervalo compreendido entre janeiro a dezembro de 2008 e, com base nos
pressupostos ora estabelecidos, observou-se o que demonstravam os indicadores
mensais desta investigação:
Mês
Rúbrica Conteúdo
Discurso
Linguagem
Público
Visual
Ciência
Curiosidade
Religião
Publicidade
198
Jan Religião Dá para viver segundo a Bíblia hoje? O N E/G
1 11,1 47,5 20 21,4
199
Fev Comportamento
O que nos torna bons ou maus? O N
E/G
12-4 11,1 69,7 11,1
8,1
200
Mar Ficção Deciframos os mistérios de Lost O N
E/G
1-4 6,7 78,6 0 14,7
201
Abr Internet Do mal.com O N
E/G
1-2 24,3 56,3 2,2 17,2
202
Mai Pesquisa Ele precisa ser sacrificado? O N
E/G
1-2 0 83 0 17
203
Jun Sexo A química do desejo O N
E/G
1-2 22,2 47,4 11,1
19,3
204
Jul Comportamento
Aprender a morrer A lição final O N
E/G
1 0 85,1 1,1 13,8
205
Ago Drogas O real efeito da lei seca O N
E/G
1-2-4 1,9 78,7 0 19,4
206
Set História Reconstruindo Jesus O N
E/G
1-2 0 61,9 15,5
22,6
207
Out Neurociência Como sobreviver a um desastre? O N
E/G
1-4 7,3 60 0 32,7
208
Nov Comportamento
Seja feliz agora O N
E/G
2-4 15,5 67,5 0 17
209
Dez Religião A nova era do espiritismo O N
E/G
1-2-4 6,7 51,3 22,2
19,8
Tabela 01 Galileu Jan a Dez 08
Discurso
Linguagem
Público
Visual
O
Objetivo
A
Argumentativa
E -
Estudantes
1 -
Foto
S -
Subjetivo
D
Descritiva
G
Grande público
2 -
Figura
N
Narrativa
3
Gráfico
4 -
Infográfico
A revista apresentou reportagens variadas que abordavam temas de religião,
comportamento, ficção, Internet, sexo, drogas, história e neurociência, através de
discursos objetivos, tendo o contrato jornalístico obedecido as finalidades de informar e
39
seduzir o que para Charaudeau (2004), significa expor os fatos de maneira objetiva e
séria, uma vez que a sedução se encontra no discurso de maneira a envolver o leitor
pelo prazer da leitura.
O desenvolvimento dos conteúdos se deram através de uma linguagem narrativa
que transmitiram informações, ao mesmo tempo que criaram um sentido ou uma
significação para o contrato de fala, estabelecendo estratégias discursivas,
autenticidade e seriedade aos textos, com um certo ar de mistério e sedução.
8,9
65,6
6,9
18,6
0
10
20
30
40
50
60
70
Ciência Curiosidade Religião Publicidade
Média Anual - Galileu - 2008
Gráfico 01 Galileu Anual 08
No que diz respeito a ciência enquanto produção do conhecimento, o índice
anual registrou 8,9%. Isso demonstra que durante o ano, mesmo que sucintamente,
foram publicados temas neste sentido, entretanto, quando observado os índices de
curiosidade e publicidade, percebe-se com clareza que esse tipo de publicação
(ciência), deixou de ser a preocupação primeira da revista.
O carro chefe da Galileu é a publicação de curiosidades do mundo científico, o
que constitui seu maior índice (65,6%), confirmando que seu atual projeto editorial está
40
centrado na divulgação de variadas informações, das cotidianas às mais abstratas.
Foram variados temas, apresentados por jornalistas e algumas vezes discutidos por
especialistas das áreas.
Os assuntos de religião também se fizeram presentes (6,9%). Pode-se dizer que
uma preocupação dos editores em estar atrelando ciência e religião envoltos num
clima de mistério e sedução indo ao encontro do espírito de religiosidade da populão
brasileira; assim, mantendo cativo o leitor ávido por este tipo de publicão.
O segundo maior índice é o de publicidade (18,6%), demonstrando que por se
tratar de uma revista de grande circulação e já conhecida em âmbito nacional, converte-
se numa importante ferramenta de divulgação publicitária e, desta forma, amortiza seus
investimentos em qualidade e diagramação. Os anúncios veiculados foram muitos
variados o que pressupõe um público também variado e heterogêneo.
O conjunto desses índices, por um lado revela a forma de como a revista vê,
interpreta e transmite aquilo que entende como ciência e, por outro lado, apresenta os
leitores com seus diferentes níveis de entendimento, ou seja: tudo o que a revista
divulga, seja por meio de textos ou discursos estéticos, não deixa de ser ciência, uma
vez que sua maior preocupação (segundo a proposta editorial) é a divulgação de todo
tipo de informações e desta forma, são inseridos os conceitos e valores da ciência.
No que diz respeito aos leitores, quando confrontado com o projeto editorial,
percebe-se tratar-se de público atento e interessado (Gabriel Almond, 1986), em um
nível médio de entendimento, com curiosidades sobre o mundo científico, mas que
ainda não despertaram para um maior aprofundamento de seus conhecimentos.
Os índices mensais demonstram que o principal foco da Galileu não é a
divulgação de assuntos científicos, enquanto produção de conhecimento. A revista
possui uma maneira peculiar de ver e apresentar aquilo que entende como ciência,
deixando claro que não a vê como fim, mas, como meio, ou seja, a apresenta com um
certo ar de mistério e sedução, através de uma linguagem narrativa sem aprofundamen-
to técnico, transformando informações em curiosidades do mundo científico. Para isso,
41
utiliza-se de diagramação, fotos, figuras, caixas de textos e layouts, que aguça o
interesse ao mesmo tempo que cria um discurso estético, de modo que seus leitores,
possam entender o mundo onde vivem.
A análise deste corpus midiático indicou que por um lado a revista possui
características negativas como a superficialidade com que trata os assuntos e a
quantidade de publicidade existente, ocupando um espaço muito grande, que poderia
estar sendo usado para a divulgação de conhecimentos, deixando a impressão de se
tratar de uma revista tipicamente publicitária e, por outro lado, também pontos
positivos como a publicação de variado assuntos sem que seja privilegiado temas de
cunho nacional ou internacional. Outro ponto positivo é a linguagem vulgarizada que
facilita o entendimento do grande blico e de estudantes em fase de amadurecimento
para a vida acadêmica e profissional.
Assim, com base no conjunto de indicadores apresentados pode-se concluir que
a Galileu faz uma divulgação científica de acordo com sua maneira de ver e entender a
ciência, diferente de uma revista de divulgão científica propriamente dita. Pode ser
entendida como uma revista de curiosidades que transmite conhecimentos do mundo
científico. Sua importância e contribuão para a sociedade está no sentido de ser um
primeiro passo ou um primeiro contato de estudantes e amesmo a população leiga
com o mundo das ciências, transmitindo conhecimentos, mesmo que de forma
incipiente, formando cidadãos em temas de ciência, o que segundo Vogt (2008),
garante o estímulo à formação de novas gerações de pesquisadores e, portanto, a
sobrevivência ao longo prazo da atividade científica.
A seguir, apresenta-se uma das edições da Galileu analisada por esta
investigação:
Revista Galileu
A edição 209 de dezembro de 2008, traz como tema de capa A
nova era do espiritismo, abordando como as novas influências
estão reinventando a doutrina no Brasil e, perguntando se o fruto
dessa metamorfose ainda pode carregar o nome da corrente criada
por Allan Kardec há 150 anos?
42
O repórter Pablo Nogueira comenta que o espiritismo voltou às manchetes com força
em 2008, graças ao sucesso do filme "Bezerra de Menezes - Diário de um Espírito". Por
meio dele, quase 500 mil brasileiros relembraram (ou conheceram) a história do
chamado "Kardec brasileiro", dium e maior nome da doutrina no País no final do
século 19.
Para Nogueira, esse histórico que narra a consolidação dos fundamentos do
espiritismo por aqui, serve de contraponto para uma tendência que gera polêmica: a
mistura do espiritismo com outras correntes filosóficas e a medicina holística que
trabalha corpo e mente simultaneamente. Enquanto, segundo o IBGE, 2,4 miles de
brasileiros declaram-se espíritas, outros cerca de 30 milhões - de acordo com
estimativas da Federação Espírita Brasileira - simpatizam com as idéias da doutrina. E
os últimos, cada vez mais, estão misturando correntes de pensamento orientais (como
hinduísmo, ioga e tai-chi-chuan), terapias energéticas ou a força do pensamento
positivo em seus rituais e práticas. A partir d o repórter levanta a seguinte questão: o
espiritismo irá incorporar essas influências ou os tradicionalistas acabarão mantendo as
coisas separadas?
Criada 150 anos pelo professor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou
Allan Kardec (1804-1869), a doutrina espírita surgiu graças à curiosidade e ao fascínio
pela possibilidade de comunicação com os mortos. Quando chegou ao Brasil, anos
depois, o espiritismo encontrou terreno fértil. O sincretismo da mistura entre europeus e
africanos acabou impulsionando o movimento.
Fig. 03 150 anos de histórias p. 48
43
Fig. 04 150 anos de história p. 49
Quem havia visto um pai-de-santo incorporado em um terreiro não tinha muita
dificuldade para crer no depoimento de um médium, afirma o repórter Nogueira.
Nogueira ainda diz que nos dias de hoje, quem entra em um centro espírita no
Brasil encontra uma mistura de hospital espiritual e centro de estudos. Ali, os
tratamentos se resumem ao atendimento com passes (em que o dium repassa ao
atendido a energia dos espíritos e a sua), à ingeso de água fluidificada (na qual
fluidos medicamentosos são adicionados por espíritos desencarnados), e às
desobsessões (nas quais o dium incorpora espíritos que interferem na vida de
alguém).
Além disso, há centros onde outras manifestações, como a psicografia, são
presenciadas. Quem quiser pode desenvolver sua própria mediunidade. Todos os
atendimentos são de graça e tudo é embalado pela divulgação dos livros de Kardec e
de autores como Chico Xavier, segundo recomendações da Federação Espírita
Brasileira.
44
Na abertura do tema uma imagem de Jesus
Cristo, com um olhar sereno e com o seguinte enunciado: A
nova era do espiritismo, indicando pistas do conteúdo que
via seguir. Trata-se de um texto narrativo onde o contrato
jornalístico expõe os conteúdos de forma objetiva,
envolvendo o leitor pelo prazer de conhecer mais detalhes
sobre o assunto. Quando observado o texto, imagens e
layout, percebe-se a constituição de uma linguagem estética
dirigida a estudantes e ao grande público, que se limita a
apresentar e comentar o assunto em questão, mas, não faz
maiores aprofundamentos técnicos sobre eles.
Fig. 05 Jesus p. 46
A reportagem apresenta recursos visuais com fotos e ilustrações que induzem o
leitor ao texto. Ao final há referências intituladas Vá fundo onde são apresentados os
livros e enderos eletrônicos que deram origem ao texto. A bibliografia recomendada
pela matéria foi: Espiritismo à Brasileira. Sandra Stoll, Edusp, 2003; O Grande
Mediador. Bernardo Lewgoy, Edusc, 2004.
Esta edição de Galileu apresenta a seguinte organização:
Principais temas:
Páginas
Rubrica Conteúdo Local
%
90
Religião
(Capa) A nova era do espiritismo
46 - 53
8,9
Como a influência de novas crenças está mudando a cara da doutrina fundada pelo francês
francês Allan Kardec no século 19.
O homem de Albania
54 - 61
8,9
Quem é João de Deus, o médium que, com suas supostas curas e cirurgias espirituais, está
atraindo estrangeiros do mundo inteiro e mudando a rotina e a economia de uma
Pequena cidade no interior de Goias.
Zoologia
Sem estribo
62 - 69
8,9
Fotógrafo britânico captura
imagens inusitadas de equinos soltos em seus habitats natu rais.
Da Mongólia a Utha, da Islândia a Índia.
Gonzo Reporter
Perdido no espaço
70 - 77
8,9
Fome, enjoo, perda de controle... Conheça algumas das sensações proporcionadas por um
vôo que simula gravidade zero. Nós testamos.
Matemática
O último enigma do cubo mágico
78 - 83
6,7
A solução de um dos jogos mais famosos do mundo, desde a década de 1980, agora virou
obsessão para pesquisadores no mundo inteiro.
Tabela 02 Galileu - Principais temas dez 08
45
Outros temas:
Páginas
Rubrica Conteúdo Local
%
90
Enter
Sumário 3 1,1
Da redação 4 1,1
Correio -
Fale com a gente
6
1,1
Vida
12 - 13
2,2
Como é o trabalho dos negociadores, pessoas que lidam com criminosos em assal tos e
sequestros.
Ambiente
Estamos em guerra
14
0,55
Arte Desenhos no ar
16 0,55
Animais Revolução dos bichos
18 19
2,2
Educação O que você vai ser quando crescer
20 0,55
Fotografia Olhos vidrados
22 23
2,2
Religião Comporte-se, você essendo observado
24 - 25
2,2
3 mundos
26 - 27
2,2
Mudam as modalidades e os países, mas a paixão incontrolável de seus torcedores é a
mesma em qualquer lugar.
Ciência
28 - 29
2,2
Conheça a história da neurocientísta que conseguiu curar o próprio cérebro depois que
sofreu um derrame.
Espaço
-
Blocos de construção
30 1,1
Pesquisa
-
Contra a excluo
32 1,1
Climatologia
-
Viagem ao passado
34 1,1
10 mais
36 - 37
2,2
Nada de planos mirabolantes e fugas espetaculares. A lista dos crimes mais mal
executados da história.
Sem dúvida
40 - 42
3,3
Como são demarcadas as reservas indígenas? Sem resposta: que rota o homo sapiens fez
para sair da África?
História
44 1,1
Como o home sapiens se espalhou para fora da África
E-mais
Tecnorama
38 1,1
As tecnologías que bombaram em 2008 e as promessas para o ano que vem.
Horizontes
45 1,1
Gleiser fala sobre a união de ciência e espiritualidade.
Eureca
84 - 85 2,2
O alemão que abriu caminho para as descobertas de Darwin.
Consumo
86 - 87
2,2
Eletrodomesticos, bonecas, celulares e outros produtos customizados do seu jeito.
Cult
88 - 89
2,2
O Best seler "Marley e eu" chega aos cinemas.
Peregrino
90 1,1
Veríssimo investiga as curas de Jão de Deus.
Publicidade
Na capa e contra-capa. (3 folhas) 3,3
No interior da revista. (voltadas a anúncios em geral) 16,5
Tabela 03 Galileu - Outros temas dez 08
A análise dos indicadores deste corpus midiáticos possibilitou uma visão mais
clara do comportamento da revista durante esta edição. No que diz respeito aos
pressupostos ora estabelecidos, observou-se que a edição como um todo, se adapta
perfeitamente a estes indicadores.
46
6,7
51,3
22,2
19,8
0
10
20
30
40
50
60
Ciência Curiosidade Religião Publicidade
Galileu - Dezembro - 2008
Gráfico 02 Galileu Dez 08
Ciência No mês de dezembro de 2008 o índice (6,7%) equiparou-se ao mês de
março. Entretanto, quando observado como uma sequência anual, percebe-se que
ciência enquanto produção do conhecimento, não é a principal preocupação da revista.
Curiosidade Este índice continua elevado (51,5%), fortalecendo ainda mais o
objetivo editorial da revista que é a divulgão de informações variadas, das cotidianas
às mais abstratas.
Religião Este foi o maior índice do ano (22,2%) Talvez pela proximidade das festas
natalinas, onde as pessoas assumem um clima mais religioso.
Publicidade A publicidade alcançou o índice de 19,8 % neste mês. Uma vez que se
trata de uma revista de grande circulação e conhecida em âmbito nacional, converte-
se numa importante ferramenta de divulgão publicitária, tendo em vista a variedade
de anúncios veiculados.
47
Observou-se que o tema de capa desta edição de Galileu trata de um assunto de
cunho religioso, sem nenhum aprofundamento técnico teológico científico, apresentado
por meio de uma linguagem narrativa, com o objetivo de convencer e seduzir o seu
público alvo. Na texto, obervou-se também, um contrato de fala com características de
objetividade dos fatos e das informações o que o torna sedutor e agradável.
Com relação ao visual, a reportagem esilustrada com fotos que apresentam
Jesus e históricos da religião espírita no Brasil, despertando no leitor curiosidades
sobre a religião ao mesmo tempo que caracteriza-se como um discurso estético.
Os demais temas apresentados, seguem uma tendência de divulgão de
curiosidades para variados assuntos, comprovando que temas ligados à ciência,
enquanto produção do conhecimento, não é a preocupação da revista.
A análise deste corpus midiático aponta ainda para leitores atentos e
interessados constituídos por estudantes e o grandeblico (Gabriel Almond, 1986).
48
2.6.
Revista Scientific American
(USA)
A Revista Scientific American é a mais tradicional revista de divulgação científica
do mundo.
Segundo o site da revista (acessado em 17,18 e 19 de
abril de 2008), desde sua criação nos Estados Unidos em 1845 a
Scientific American vem antecipando todos os avanços da ciência
em linguagem clara e acessível, colaborando significativamente
para a compreensão do impacto produzido pela ciência e pelas
inovações tecnológicas no cotidiano e na construção de
estratégias para o futuro.
Ao lado - Figura 06 Scientific American - Exemplar nº 1
A revista começou a ser publicada semanalmente a partir de 28 de agosto de
1845. Em 1859 teve início a uma nova série numerada a partir do volume um. Em 1921
a revista passou a ser mensal, sendo publicada assim até os dias de hoje.
No Brasil é editada pela Editora Duetto com o nome de Scientific American
Brasil. A versão brasileira é uma tradução da Scientific American mundial e apresenta
todas as reportagens e artigos que estão sendo veiculados em todo o mundo, com
mínimas diferenças da versão internacional.
A seguir, será apresentada a versão mundial, a título ilustrativo, referente ao
período de dezembro de 2007 a novembro de 2008, que corresponde ao período de
janeiro a dezembro de 2008 da versão nacional. Essas publicões não farão parte da
análise ora em questão. O objetivo aqui é apenas mostrar a revista que dá origem a
Scientific American Brasil.
49
2.7.
Pautas
s Edição Pautas
Dezembro
2007
297
Are we living with aliens cells?
Será que estamos vivendo com células alielígenas?
Janeiro
2008
298
A grand plan for solar energy
Um grande plano para a energia solar
Fevereiro
2008
299
The future of physics
O futuro da física
Março
2008
300
The end of cosmology
Fim da cosmologia
Abril
2008
301
The shocking colors of alien plants
A cor das plantas em outros mundos
Maio
2008
302
The chaotic birth of planets
Origem caótica dos sistemas planetários
Junho
2008
303
Ethics and economics of climat change
Ética e economia de alterações climáticas
Julho
2008
304
Prehistoric migrations
Migrões pré-históricas
Agosto
2008
305
Running out of water
A crise da água potável
Setembro
2008
306
The future of privacy
O futuro da privacidade
Outubro 307
Forget the big bang: Now its the big bounce
Esqueça o big bang: Agora é o grande salto
Novembro
308
Plugging into the brais
Ligando para o cérebro
Dezembro
309
Secrets of saturns strangest moon
Segredos da estranha lua de saturno
50
2.8.
Capas
297 -
Dezembro de 2007
29
8
-
Janeiro de 2008
299
Fevereiro de 2008
30
0
Março de 2008
51
301 -
Abril de 2008
302
- M
aio de 2008
303 -
Junho de 2008
304
-
Julho de 2008
52
305 -
Agosto de 2008
30
6
-
Setembro de 2008
307 -
Outubro de 2008
30
8
-
Novembro de 2008
Figura 07 Scientific American e Scientific American Brasil Capas - 2008
Fonte: www.sciam.com
53
2.9.
Revista Scientific American Brasil
A revista Scientific American Brasil é a versão brasileira da mais tradicional
revista de divulgação científica do mundo a Scientific American. Segundo Ulisses
Capozolli (editor da Scientific American no Brasil), a revista foi lançada em 2002 pela
Duetto Editorial com o objetivo de atender ao leitor mais exigente de informação
científica de ponta; considera-se a revista indispensável à atualização dos interessados
em pesquisa e desenvolvimento científico.
A Scientific American é publicada em vinte países e em dezesseis idiomas e isso requer um
esforço diferenciado para se fazer uma mesma revista com idiomas diferentes. Além
das variações gráficas em diferentes lugares do planeta, ainda existe a questão cultural,
com públicos mais crítico.
Em todo o mundo, não obstante, a revista tende a seguir um padrão único, com
design simples e boa diagramação. Aqui no Brasil é adaptada ao país, trazendo
reportagens e artigos sob medida para leitores brasileiros, em linguagem adequada
tanto para especialistas como para leigos, com mínimas diferenças das outras versões
internacionais.
O trabalho editorial é feito por profissionais de várias nacionalidades. Em cada
país, parcerias que administram a publicão e distribuição dos exemplares. Seus
parceiros responsáveis seguem um padrão de publicação com base na revista-mestre
dos Estados Unidos (Nova York), tendo o acompanhamento dos editores responsáveis.
No Brasil está sob a supervisão e distribuição da Duetto Editorial, empresa
sediada em São Paulo, que cuida da publicidade, planejamento e atendimento aos
assinantes. A publicão é de responsabilidade da Ediouro, Segmento-Duetto Editorial
Ltda, empreendimento conjunto das editoras Segmento e Ediouro, sob licença da
Scientific American, Inc. A revista esestruturada com as seguintes seções:
54
2.10.
Seções
Matérias Apresenta matérias de cunho científico em linguagem clara e
acessível, objetivando atender ao leitor mais exigente por
pesquisa, desenvolvimento científico e informação científica de
ponta. (Física, Química, Biologia, Medicina, Ecologia, Psicologia,
Materiais, etc)
Bloco de notas Apresenta notas rápidas, perfis e curiosidades científicas.
Artigos Artigos que são analisados discutidos e apresentados por
editores e colaboradores da revista no Brasil e no exterior
(traduzidos).
Perfil Apresenta um pesquisador de renome internacional e seu
trabalho.
Ponto de vista Colunistas apresentam e discutem temas ligados a ciência.
Cartas Editores respondem a cartas dos leitores atendendo a
solicitações ou dúvidas.
Memória Apresentação de fatos importantes ocorridos há algum tempo
atrás.
55
2.11.
Pautas
As principais pautas que encabeçaram as capas de janeiro a dezembro de 2008
foram:
s Edição Pautas
Janeiro 68 Janela para o universo extremo.
Fevereiro 69 Energia solar.
Março 70 O futuro da física.
Abril 71 O fim da cosmologia.
Maio 72 A cor das plantas em outros planetas.
Junho 73 Origem caótica - A gênese dos planetas.
Julho 74 A seta cósmica do tempo.
Agosto 75 Migrações pré-históricas.
Setembro 76 A crise da água potável.
Outubro 77 A janela para o universo extremo.
Novembro 78 O retorno do universo eterno.
Dezembro 79 Novas estratégias para a vacina da AIDS.
56
2.12.
Capas
68 -
Janeiro de 2008
69 -
Fevereiro de 2008
70
Março de 2008
71 -
Abril de 2008
57
72 -
Maio de 2008
73 -
Junho de 2008
74 -
Julho de 2008
75 -
Agosto de 2008
58
76 -
Setembro de 2008
77 -
Outubro de 2008
78 -
Novembro de 2008
79 -
Dezembro de 2008
Figura 08 Scientific American Brasil - 2008
Fonte: Internet: www.sciam.com.br
59
2.13.
Conclusões Preliminares
A análise deste corpus midiático nos permitiu observar o que demonstraram os
indicadores mensais no que se referem aos pressupostos desta investigação e o
comportamento apresentado pela revista durante o intervalo compreendido entre
janeiro a dezembro de 2008, os quais são apresentados a seguir:
Mês
Rúbrica Conteúdo
Discurso
Linguagem
Público
Visual
Ciência
Curiosidade
Religião
Publicidade
68 Jan Cosmologia Janela para o universo extremo O A-D E/G 2-3 61,3 29 0 9,7
69 Fev Física Energia Solar O A-D E/G 1-2-3 61,2 28,1 0 10,7
70 Mar Física O futuro da física O A-D E/G 1-2-3 44,8 45,4 0 8,8
71 Abr Cosmologia O fim da cosmologia O A-D E/G 2-3 32,8 59,7 0 7,5
72 Mai Cosmologia A cor das plantas em outros planetas O A-D E/G 2-3 53,2 39,2 0 7,6
73 Jun Cosmologia Origem caótica dos planetas O A-D E/G 2-3 57,5 35,4 0 7,1
74 Jul Cosmologia A seta cósmica do tempo O A-D E/G 2-3 67,3 25,1 0 7,6
75 Ago Paleontologia Migrações Pré-históricas O A-D E/G 1-2-4 36,8 53,6 0 9,6
76 Set Ecologia A crise da água potável O A-D E/G 1-2-4 61,5 27,1 0 11,4
77 Out Informática Privacidade ameaçada O N E/G 1-2 0 90,3 0 9,7
78 Nov Cosmologia O retorno do universo eterno O A-D E/G 2-3 42,9 45,5 0 11,6
79 Dez Medicina Novas estratégias para a vacina da aids O A-D E/G 1-2-4 27,6 62,8 0 9,6
Tabela 04 Scientific Amercan Brasil Jan a Dez 08
Discurso
Linguagem
Público
Visual
O
Objetivo
A -
Argumentativa
E -
Estudantes
1 -
Foto
S -
Subjetivo
D -
Descritiva
G
Grande público
2 -
Figura
N -
Narrativa
3
Gráfico
4 -
Infográfico
A revista apresentou reportagens variadas que abordavam temas de cosmologia,
física, paleontologia, ecologia, informática e medicina.
60
45,7
45,1
0
9,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Ciência Curiosidade Religião Publicidade
Scientific American Brasil - Média Anual - 2008
Gráfico 03 Scientific American Brasil Anual 08
No que diz respeito a ciência enquanto produção do conhecimento, o índice
anual registrou 45,7% demonstrando que esse tipo de publicão se manteve constante
durante o ano.
As publicações de curiosidades do mundo científico, também ocuparam um lugar
significativo (45,1%), demonstrando que durante o ano de 2008 o propósito da revista
foi am da divulgação de ciência, divulgando também curiosidades numa proporção
muito próxima.
O índice de religião demonstra que esse tipo de publicação, por mais
interessante que seja o mistério que o envolve, o fez parte da proposta editorial da
revista.
No decorrer do ano, a revista também veiculou publicidade (9,2%), mas toda
publicidade veiculada dizia respeito a eventos acadêmicos: cursos, congressos, livros,
etc. Não foram observados outros tipos de anúncios. Isso constitui uma estratégia que
de certa forma privilegia um determinado público, ao mesmo tempo que explica o
caráter editorial da revista, que é direcionada a estudantes, especialistas, profissionais
e a leigos interessados por temas científicos.
61
Os conteúdos foram apresentados e discutidos pelos próprios autores utilizando-
se de discursos objetivos e uma linguagem descritiva e argumentativa, com certo grau
de aprofundamento técnico e científico, tendo o contrato jornalístico obedecido as
finalidades de informar e seduzir o que para Charaudeau (2004), significa expor os
fatos de maneira objetiva criando um sentido ou uma significação para o contrato de
fala, estabelecendo estratégias discursivas, autenticidade e seriedade aos textos, uma
vez que a sedução se encontra no discurso de maneira a envolver o leitor pelo prazer
da leitura. Todos os temas apresentados eram tradões da publicação norte
americana com circulação mundial.
O conjunto dos indicadores, por um lado, revela a forma de como a revista vê,
interpreta e transmite aquilo que entende como ciência e, por outro lado, apresenta os
leitores com seus diferentes níveis de entendimento, ou seja: tudo o que a revista
divulga, conforme os índices apresentados, seja por meio da textos ou por meio de
discursos estéticos, não deixa de ser ciência, neste caso, em particular, trata-se de uma
revista já conhecida mundialmente como uma revista de divulgação científica; os textos
são produzidos com certo grau de aprofundamento técnico e, mesmo quando se trata
de curiosidades, estão inseridos conceitos e valores da ciência.
No que diz respeito aos leitores, quando observado o projeto editorial e o que
revelam os índices, percebe-se tratar-se de estudantes, pesquisadores e o grande
público com curiosidades sobre o mundo científico, mas com um certo grau de
entendimento daquilo que procuram ler. Numa classificão, ainda que sucinta, pode-
se dizer tratar-se de curiosos, estudantes e profissionais de nível superior. Esses
índices ainda revelam a preocupação da revista em divulgar a publicidade de eventos e
bibliografias acadêmicas.
A análise deste corpus midiático indica que por um lado a revista possui
características positivas a começar pela publicação de assuntos que eso sendo
veiculados em todo o mundo, o que contribui para que seus leitores tenham contato
com conteúdos diferenciados e, compreendam melhor o mundo onde vivem.
62
Outra característica importante é a publicidade de eventos e temas acadêmicos,
o que desperta no leitor o interesse em participar e aprimorar-se profissionalmente. Por
outro lado, também possui sua característica negativa que é o não privilegiar as
publicações de assuntos nacionais e, quando o faz, esse não recebe tanta importância
quanto os internacionais. Por fim, a linguagem mais técnica acaba indo ao encontro de
um público mais seleto, inserido na vida profissional ou em fase de transição de suas
leituras para revistas de divulgão científica de cunho estritamente acadêmico.
Assim, com base nas edições mensais e em seus indicadores, pode-se concluir
que a revista Scientific American Brasil é uma revista que transmite conhecimentos
científico e possui características técnicas em sua linguagem (estica ou o) que a
mantém como uma revista de divulgação científica não acadêmica. Sua importante
contribuição à sociedade reside no fato de que traz a blico aquilo que é produzido
nas universidades, por meio de uma linguagem acessível (apesar de contar com maior
aprofundamento técnico), contribuindo assim na formação de cidadãos em temas de
ciência.
A seguir, será apresentada uma das edições analisada por esta investigação:
Revista Scientific American Brasil
Na edição número 69, de fevereiro de 2008 a
Scientific American Brasil traz como tema de capa A
energia solar onde Ken Zweibel, James Mason e Vasilis
Fthenakis apresentam um resumo de seus estudos:
Uma substituição geral das usinas a carvão, petróleo, gás
natural e energia nuclear para usinas de energia solar
poderia fornecer 65% da energia elétrica e 35% da
energia total consumida pelos Estados Unidos por volta
de 2050.
63
Para que isso fosse possível, uma vasta área de células fotovoltaicas teria de
ser construída no sudoeste americano. O excesso de energia coletado durante o dia
seria armazenado na forma de ar comprimido em cavernas subterrâneas para ser
retirada durante a noite. Seriam construídas também grandes usinas concentradoras de
energia solar.
Uma rede de transmissão de corrente contínua forneceria energia elétrica solar
para todo o país. Mas seriam necessários US$ 420 bilhões em subsídios de 2011 a
2050 para consolidar a infra-estrutura e torná-la economicamente competitiva.
A matéria é uma tradão da revista norte americana Scientific American,
publicada nos Estados Unidos em janeiro de 2008. O tema apresentado A energia
solar está dividido em duas etapas: a primeira discute as perspectivas para a energia
solar e a segunda apresenta as potencialidades da energia solar no Brasil.
Em sua abertura, na primeira etapa,
uma foto de células fotovoltaicas que capturam
os raios solares, com o seguinte enunciado:
Perspectivas para a Energia Solar. Na
segunda etapa, uma foto de uma usina eólica
que transforma a força dos ventos em energia.
A linguagem utilizada é descritiva e
argumentativa e o contrato jornalístico expõe
os conteúdos de forma objetiva, envolvendo o
leitor pelo prazer de conhecer mais detalhes
sobre a energia solar e suas alternativas. Por
tratar-se de um texto com linguagem técnica, é
acompanhado de infográficos que além de
ilustrar, procura dar um melhor entendimento
ao leitor.
Figura 09 Células fotovoltaicas p. 34 e 35
64
A reportagem esacompanhada por ilustrações e infográficos que induzem o
leitor ao texto. Quando observado o conteúdo, imagens e layout, percebe-se a
constituição de uma linguagem dirigida a estudantes, pesquisadores e ao grande
público interessado em temas científicos. A reportagem não se limita apenas em
apresentar e comentar o assunto em questão, procura se orientar por critérios objetivos
e técnicos.
Ao final referências intituladas Para conhecer mais onde são apresentados
os livros e endereços eletrônicos que deram origem ao texo. Neste caso a bibliografia
recomendada pela matéria, na primeira etapa é:
Lighting the way: toward a sustainable energy future. Inter Academy Concil, 2007
(Disponível em www.interacamyconcil.net).
Scheer, Hermann. Energy autonomy: the economic, social and technological case for
renewable energy, Earthscan Publications, 2007;
The National Solar Radiation Data Base. National Renewable Energy Laboratory, 2007
(http://rredc.nrel.gov/solar/old_data/nsrdb);
The U.S. Departament of Energy Solar Arica Iniciative
(www1.eere.energy.gov/solar/);
Trapmann, W. Estimates of maximum underground wirking gás storage capacity in the
United States, Energy Information Administration, Office of Oil and Gas, Setembro 2006;
Zweibel, Ken. The terawatt challenge for thin film photovoltaic em Thin Film Solar Cells:
Fabrication, Characterization and applications. Editado por Jeff Poortmans e Vladimir
Archipov. John Willey & Sons, 2005;
Na Segunda etapa:
Goldemberg, José. Energia, meio ambiente e desenvolvimento, Edusp, 2003;
Um dado interessante é que os autores não são jornalistas, são pesquisadores:
65
Na primeira etapa Ken Zweibel, James Mason e Vasilis Fthenakis. Zweibel é
presidente do Prime Satar Solar, em Golden, Colorado e, durante 15 anos, foi
administrador da parceria em película fina PV do Renewable Energy Laboratory.
Mason é diretor da Solar Energy Campaign e do Hydrogen Research Institute em
Farmingdale, Nova York. Fthenakis é chefe da Photovoltaic Environmental Research
Center, do Brookhaven National Laboratory e é professor e diretor do Center for Life
Cycle Analysis da Columbia University.
Na segunda etapa José Goldemberg que é doutor em ciências físicas pela
Universidade de São Paulo, foi presidente da Companhia Enertica de São Paulo
(Cesp), presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
Secretário de Ciência e Tecnologia, Secretário do Meio Ambiente da Presidência da
República e Ministro da Educão, tendo sido professor da Universidade de Paris,
Princeton e da Universidade de Stanford. É membro da Academia Internacional de Meio
Ambiente em Genebra, consultor do programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento e autor de vários livros sobre física nuclear, energia e meio ambiente.
Esta edição de fevereiro apresenta a seguinte organização:
Principais temas:
Páginas
Rubrica Conteúdo Local %
98
Grandes idéias
(Capa) Perspectiva para a energia solar
34 - 43 10,2
No ano de 2050 a energía solar poderá detectar o fim da dependência do petróleo
e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Potencialidades do Brasil
44 - 45 2
Eletricidade com uso de celulas..... Ainda são muito eficiente, mas...
Medicina
Domar vasos, estratégia para combater o cancer
46 - 53 8,2
Colocar em ordem os caóticos vasos sanguíneos de um tumor, pode ser a
oportunidade para atacá-lo. Surpreendentemente, as drogas capazes de destruir
a vasculatura podem fazer os reparos e ajudar a reverter as condições que
provocam complicações cardiovasculares e cegueira.
Saúde pública
Controvérsias sobre o fluor
54 - 61 8,2
Pesquisas recentes sugerem que o tratamento da cárie com fluoreto em excesso
pode ser perigoso.
Fisiologia
O refinado instrumento humano
62 - 69 8,2
A julgar pelo tamanho, nosso sistema fonador não surpreende como instrumento
musical. Mas como os cantores conseguem produzir sons tão fascinantes?
Ciências da Terra
Migração de plumas
70 - 75 6,1
considerado fontes fixa de material pastoso no interior do planeta, hotspots
ganham mo vimento e integram deslocamento de placas.
Engenharia
Nano-engenhos com autogeradores
76 - 81 6,1
Máquinas nanométricas necessitam de fontes de energia ainda menores.
Critérios não suficientemente claros, além de abuso por parte de alguns
pesquisadores, distorcem autoria de publicações, com prejuí-
sos que vem sendo sintomaticamente desconsiderados.
66
98
Ciência aplicada
Células sanguíneas à venda
82 - 83 2
Um banco de sangue é muito mais que um simpkes embalador.
Neurocirurgia
Estimulação cerebral profunda. Realidade por trás da ficção
84 - 89 6,1
Implante de eletrodos tem sucesso no tratamento de depressão refratária.
Publicação acadêmica
Artigos científicos e atropelos éticos
90 - 93 4,1
Critérios não suficientemente claros, além de abuso por parte de alguns
pesquisadores, distorcem autoria de publicações, com prejuísos que vem sendo
sintomaticamente desconsiderados.
Tabela 05 Scientific American Brasil - Principais temas fev 08
Outros temas:
Páginas
Rubrica
Conteúdo Local %
98
Sões
Sumário 3 - 5 3,1
Ponto de vista 6 1
Cartas 8 2
Memória 10 1
Bloco de notas (Medicina) Vida nova para a terapía nica
12 1
Bloco de notas (Ciências dos alimentos)
Sal enriquecido com ferro e vitaminas.
13
1
Bloco de notas (Astronomia)
Estrela de neutrons bizarra.
16
1
Bloco de notas (Evolução) Gene da linguagem.
18 1
Bloco de notas (sica) Flexo do tempo
19 1
Bloco de notas (Paleontologia)
Paleontologia
20
1
Bloco de notas (Pesticidas, obesidade, biologia, números)
21 1
Pesticidas, obesidade, biologia, números
Bloco de notas (Curtas, neurociência, agricultura)
22 1
Curtas, neurociência, agricultura
O que aconteceu com
25 1
Perfil: Richard Wrangham
32 - 33 2
Nossos ancestrais hominideos nunca poderiam ter comido alimentos crus em quantidade
suficiente para criar nosso rebro, grande e faminto de calorias. O segredo da evolução
é o cozimento.
Fato ou ficção?
94 1
O infinito vem em tamanhos diferentes.
Pergunte ao especialista
95 1
Como nos lembramos de cheiros por tanto tempo e os neurônios olftativos sobrevivem
apenas cerca 60 dias?
Por que os pássaros migratórios voam em formação V?
Como funciona?
96 - 97 2
A máquina perpétua de recolocação?
ARTIGOS - Telescópio
26 - 27 2
Luzes no céu
ARTIGOS - Fórum
28 1
Redes eficientes contra mosquitos.
ARTIGOS -
Antigravidade
29 1
O que há com nomes em latim.
ARTIGOS - Desenvolvimento sustentável
30 1
Saúde básica para todos.
ARTIGOS -
Observatório
98 1
Nuances da linguagem regional do Brasil
Publicidade
Na capa e contra-capa. (3 folhas) 3,1
No interior da revista. (voltadas a anúncios tecnológicos)
7,6
Tabela 06 Scientific American Brasil - Outros temas fev 08
67
A análise dos indicadores deste corpus midiáticos possibilitou uma visão mais
clara do comportamento da revista durante esta edição. No que diz respeito aos
pressupostos ora estabelecidos, observou-se que a edição como um todo, se adapta
perfeitamente a eles.
61,2
28,1
0
10,7
0
10
20
30
40
50
60
70
Ciência Curiosidade Religião Publicidade
Scientific American Brasil - Fevereiro - 2008
Gráfico 04 Scientific American Brasil Fev 08
Ciência Este foi o maior índice observado no período (61,2%), igualando-se ao mês
anterior. Observou-se que este índice demonstra a preocupação da revista em divulgar
ciência enquanto produção de conhecimento. Os temas apresentados foram discutidos
por pesquisadores e especialistas das áreas.
Curiosidade Este foi o segundo maior índice do período (28,1%), um pouco abaixo
do s anterior. Demonstrando que a revista também se preocupa em divulgar as
curiosidades do mundo científico.
Religião Durante o período, não foi observada nenhuma informação de cunho
religioso.
68
Publicidade O índice de publicidade foi relativamente pequeno (10,7%), um pouco
acima que o mês anterior. É curioso observar que toda publicidade veiculada na revista
diz respeito a eventos acadêmicos: cursos, congressos, livros, etc. Não foram
observados outros tipos de publicidade.
Observou-se que o tema de capa tratava de um assunto de física, com certo
aprofundamento técnico e científico, o que pode ser percebido pela colocação de
palavras, gráficos e a própria linguagem descritiva e argumentativa. O contrato
jornalístico cumpriu seu papel informando e expondo os fatos de maneira objetiva de
forma a convencer e seduzir o seu público alvo. Observou-se também no texto, um
contrato de fala que se sustenta na objetividade dos fatos e nas informações o que o
torna sedutor e agradável.
Com relação ao visual, a reportagem está ilustrada com figuras, gráficos e
infogficos que apresentam células fotovoltaicas que captam a energia solar,
despertando no leitor curiosidades sobre energias alternativas, originando um discurso
estético.
Os demais temas são apresentados como divulgão variada de curiosidades do
mundo científico, comprovando que temas diversos, também fazem parte do universo
da revista. Percebe-se ainda uma tendência para assuntos que envolvem a física e a
astrofísica.
A análise deste corpus midiático indica que o objetivo editorial da revista em
atender ao leitor mais exigente de informação científica de ponta, indispensável à
atualização, pesquisa e desenvolvimento científico, vai ao encontro dos interesses
desses leitores, constituídos por público atento e interessado, o que pode ser traduzido
como profissionais, estudantes e o grande público.
69
2.14.
Revista Muy Interesante
(Espanhola)
Apresentamos a seguir, a tulo ilustrativo, as publicões da revista espanhola
Muy Interesante, que foi a base para a criação da Super Interessante referente ao
período de janeiro a dezembro de 2008. Essas publicaçõeso farão parte da análise
ora em queso. O objetivo aqui é apenas mostrar a revista que deu origem a Super
Interessante.
2.15.
Pautas
As principais pautas que encabeçaram as capas da revista Muy Interesante de
janeiro a dezembro de 2008 foram:
Mês Edição Pautas
Janeiro 320 La mente del criminal (A mente de um criminoso)
Fevereiro 321 Satán (Satã)
Março 322 A la conquista de marte (A conquista de marte)
Abril 323 Amor en pareja (Amor entre casais)
Maio 324 La crisis de los 35 (A crise dos 35)
Junho 325 Los supermanitas (As super ajudas)
Julho 326 Cazafantasmas (Caça fantasmas)
Agosto 327 El aroma del sexo (O aroma do sexo)
Setembro 328 Así será el final (Assim será o final)
Outubro 329 Casos sin resolver (Casos sem solução)
Novembro
330 ¡Graza, adios! (Gordura, adeus!)
Dezembro
331 Las megabestias (Os mega animais)
70
2.16.
Capas
320 -
Janeiro de 2008
321
-
Fevereiro de 2008
322
-
Março de 2008
323
-
Abril de 2008
71
324
Maio de 2008
325
Junho de 2008
326
-
Julho de 2008
327
A
gosto de 2008
72
328 -
Setembro de 2008
329
Outubro de 2008
330
-
Dezembro de 2008
331
-
Dezembro de 2008
Figura 10 Muy Interesante e Super Interessante capas - 2008
Fontes: http://super.abril.com.br e www.muyinteresante.es
73
2.17.
Revista Super Interessante
Em 1987 à Editora Abril comprou os direitos da revista espanhola Muy Interesante
para publicá-la no Brasil em forma integral, apenas fazendo traduções, o que já era feito
na Alemanha, França e Itália. Então descobriram que os fotolitos espanhóis eram
maiores que os brasileiros o que os obrigou a desenvolver suas próprias reportagens,
nascendo assim à revista Super Interessante.
A revista começou (edição zero) com a publicação de revistinhas de vinte páginas
distribuídas dentro de outras revistas da Editora.
O número um da Super Interessante trouxe como matéria de capa os
supercondutores. Esta edição e sua reimpressão esgotaram-se muito rapidamente.
Logo após o lançamento, cerca de cinco mil pessoas passaram a assi-la.
Edição 00
Setembro de 1987
Edição 01
Outubro de 1987
74
Edição 02
Novembro de 1987
Edição 03
Dezembro de 1987
Figura 11 Edições 00, 01, 02 e 03
Fontes: http://super.abril.com.br
Em 1995 a Super Interessante reformou seu projeto gráfico passando a ter mais
infogficos. Em 1998, para comemorar os dez anos de publicão, a revista lançou um
CD com a maioria das matérias lançadas. Em 2002, ao comemorar quinze anos,
lançou a colão completa com todas suas edições deste 1987, em formato digital e em
CD-ROM.
Em setembro de 2007 à Editora resolveu abrir o conteúdo da revista
gratuitamente na web. Com essa medida, todas as edições, desde a primeira até a
atual, podem ser consultadas.
Depois de muitos anos publicando apenas artigos na área de ciências exatas e
biológicas, a revista passou a publicar também artigos de ciências humanas e sociais e,
75
logo, não demorou muito e a linha editorial passou a abordar assuntos ligados religião,
esoterismo, e curiosidades deixando de aprofundar-se em assuntos cnicos, o que
segundo Sergio Gwercman
20
o é mais a preocupação da revista no momento atual.
A revista anualmente, no s de dezembro, laa
uma edição especial onde são abordados conteúdos
sobre ecologia, aquecimento global, desmatamento,
poluição, entre outros.
Figura 12 Super Interessante - Edição 260 de dezembro de 2008 - ao lado.
2.18.
Seções
A revista esestruturada com as seguintes seções:
Desabafa Seção de cartas dos leitores
Agora escuta Editorial da revista, sempre escrito pelo Redator-Chefe.
Colaboradores
Amostra de alguns dos profissionais que ajudaram na corrente
edição da revista. Trata-se das fotos dos colaboradores em
questão, os seus respectivos nomes e funções na revista e uma
descrição da colaboração prestada na edição.
Super papo Conversas com pessoas diferenciadas relacionadas com a
ciência, muitas vezes, pessoas pouco conhecidas. É uma
entrevista de entrada, quase numa cópia de outras revistas com
entrevistas na "entrada", mas com muito mais conteúdo.
_____________________
20 Sergio Gwercman é o editor da revista Super Interessante, entrevistado em 05 de fevereiro de 2010.
76
Essencial São matérias com pouco "visual", sem grande preocupação com
design, mas contendo uma matéria quase como de capa, para ler
em pouco tempo.
Supernovas Notícias mais novas da ciência. A coluna Ciência Maluca traz
hilárias descobertas inúteis.
Superpôster Super Pôster traz um ster com fatos e pessoas interligados
(como os ETs da ficção e os personagens dos Simpsons).
Conexões As ligam dois assuntos diferentes em 5 partes.
Superrespostas
Respostas a perguntas geralmente enviadas por leitores. Inclui
seções como Quem Foi?, que conta a história de alguém
geralmente pouco lembrado; a coluna Surreal (antes conhecida
Superfantástico), que cria hipóteses perguntando "E se...", com
situações como"...a lua o existisse?", "...Hitler tivesse
vencido?" e "...a Terra girasse pro outro lado?"
Superfetiche Novidades de cultura: livros, filmes, sites. Tem também "Os mais
do mês", que conta o melhor de algum assunto no mês.
Supertech Equipamentos novos e interessantes. Hoje é parte de
Superfetiche.
Retrô Lembraas de desenhos, jogos, artistas e roupas que fizeram
história nos anos 60, 70, 80 e 90. Antes de ser extinta em abril de
2006, era parte do superfetiche.
Supermanual Guia do Sobrevivente" é o subtítulo. Criada em junho de 2005,
ensina como sobreviver em situações como "o para quedas não
abre" e "escapar de feras.
Zoom Coleção de imagens de um tema só, geralmente misturando arte
com ciência.
77
2.19.
Pautas
As principais pautas que encabeçaram as capas de janeiro a dezembro de 2008
foram:
s Edição Pautas
Janeiro 248 Personalidade Por que você é assim?
Fevereiro 249 Jerusalém A cidade mais importante da história.
Março 250
A cadeia como você nunca viu O dia a dia dos presos brasileiros.
Abril 251 O Brasil surreal que D. João encontrou.
Maio 252 Médiuns o que a ciência tem a dizer sobre a mediunidade.
Junho 253 Os novos mistérios de Indiana Jones.
Julho 254 Terapia funciona?
Agosto 255 Não estamos sozinhos.
Setembro 256 Inteligência Qual o tamanho da sua?
Outubro 257 Ciência contra o crime.
Novembro
258 Ansiedade.
Dezembro
259 Quem escreveu a Bíblia?
78
2.20.
Capas
248 -
Janeiro de 2008
249 -
Fevereiro de 2008
250 -
Março de 2008
251 -
Abril de 2008
79
252 -
Maio de 2008
253
Junho de 2008
254 -
Julho de 2008
255
Agosto de 2008
80
256 -
Setembro de 2008
257
Outubro de 2008
258 -
Novembro de 2008
259
Dezembro de 2008
Figura 13 Super Interessantes Capas - 2008
Fonte: Internet: http://super.abril.com.br
81
2.21.
Conclusões Preliminares
Com relão ao comportamento apresentado pela revista durante o intervalo
compreendido entre janeiro a dezembro de 2008 e, com base nos pressupostos ora
estabelecidos, observou-se o que demonstravam os indicadores mensais desta
investigação:
Mês
Rúbrica Conteúdo
Discurso
Linguagem
Público
Visual
Ciência
Curiosidade
Religião
Publicidade
248
Jan Comportamento Personalidade Por que você é assim? O N E-G 1-2 16,3 44,1
0 39,6
249
Fev Hisria
Jerusalém A cidade mais importante da
história
O N
E-G
2 11,3 40,6
10,2 37,9
250
Mar Comportamento
A cadeia como você nunca viu, O dia-a-dia
dos presos brasileiros
O N
E-G
1 4,1 34,3
3,1 38,5
251
Abr Hisria O Brasil surreal que Dom João encontrou O N E-G 2 3,3 51,4
0 45,3
252
Mai Religião
Médiuns, O que a ciência tem a dizer sobre a
mediunidade
O N
E-G
1 4,7 40,3
9,4 45,6
253
Jun Ficção Os novos mistérios de Indiana Jones O N E-G 2 0 65,1
0 34,9
254
Jul Comportamento Terapia funciona? O N E-G 2 0 50,3
1,7 48
255
Ago Ficção Não estamos sozinhos O N E-G 2 9,4 45,7
4,7 40,2
256
Set Psicologia Inteligência Qual o tamanho da sua? O N E-G 2 4,7 48,4
0 46,9
257
Out Medicina Ciência contra o crime O N E-G 1-2 12,2 37,7
0 50,1
258
Nov Comportamento Ansiedade O N E-G 2 0 47,1
1,7 51,2
259
Dez Religião Quem escreveu a Bíblia? O N E-G 2
0 49,4
5,7 44,9
260
Dez Ecologia O fim dos oceanos O N E-G 2
Tabela 07 Super Interessante Jan a Dez 08
Discurso
Linguagem
Público
Visual
O
Objetivo
A -
Argumentativa
E -
Estudantes
1 -
Foto
S -
Subjetivo
D -
Descritiva
G
Grande público
2 -
Figura
N -
Narrativa
3
Gráfico
4 -
Infográfico
82
Durante o ano de 2008 a revista Super Interessante apresentou reportagens
variadas que abordaram temas de comportamento, história, religião, ficção, psicologia,
medicina e ecologia, através de um discurso objetivo, tendo o contrato jornalístico
obedecido as finalidades de informar e seduzir o que para Charaudeau (2004), significa
expor os fatos de maneira objetiva e séria, uma vez que a sedução se encontra no
discurso de maneira a envolver o leitor pelo prazer da leitura.
O desenvolvimento dos conteúdos se deu através de uma linguagem narrativa
que transmitiu informações, ao mesmo tempo que criou um sentido ou uma significação
para o contrato de fala, estabelecendo estratégias discursivas, autenticidade e
seriedade aos textos com um certo ar de mistério e sedução.
5,5
47,8
3
43,7
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Ciência Curiosidade Religião Publicidade
Média Anual - Super Interessante - 2008
Gráfico 05 Super Interessante Anual 2008
No que diz respeito a ciência enquanto produção do conhecimento, o índice
anual registrou 5,5%. Isso demonstra que durante o ano, ainda que sucintamente;
foram publicados temas neste sentido, entretanto, quando observado os índices de
curiosidade e publicidade, percebe-se com clareza que esse tipo de publicão
(ciência), deixou de ser a preocupação da revista.
83
O carro chefe da Super Interessante é a publicação de curiosidades do mundo
científico, o que constitui seu maior índice (47,8%), seguido, com muita proximidade,
pela publicidade. Esse índice confirma que o atual projeto editorial da revista es
centrado na divulgação de informações variadas e interessantes, das cotidianas às
mais abstratas.
Quando observado o índice de religião (3%), percebe-se que existe, ainda que
sucintamente, a preocupação dos editores em estar relacionando o mistério que existe
entre a ciência e a religião, atrelado ao espírito de religiosidade da população brasileira,
mantendo cativo o leitor ávido por este tipo de publicação.
A publicidade é o segundo maior índice (43,7%), demonstrando que trata-se de
uma revista de grande circulação, já conhecida em âmbito nacional, o que a converte
numa importante ferramenta de divulgação publicitária e, desta forma, amortiza seus
investimentos em qualidade, diagramação, etc. Os anúncios veiculados foram muitos
variados o que pressupõe um público mais heterogêneo.
Os assuntos foram apresentados através de uma linguagem narrativa, mas, não
receberam maiores aprofundamentos técnicos. Os temas apresentados foram variados,
discutidos por jornalistas e algumas vezes por especialistas das áreas. Observou-se um
contrato de fala com características de objetividade dos fatos e das informações o que
o torna sedutor e agradável.
O conjunto desses índices, por um lado, revela a forma de como a revista vê,
interpreta e transmite aquilo que entende como ciência e, por outro lado, apresenta os
leitores com seus diferentes níveis de entendimento, ou seja, tudo o que a revista
divulga, seja por meio de seu discurso narrativo ou estético, não deixa de ser ciência,
mesmo que não haja aprofundamento técnico, uma vez que a maior preocupação da
revista (segundo a proposta editorial), é a divulgação de variadas informações
(curiosidades), onde estão inseridos conceitos e valores da ciência.
84
No que diz respeito aos leitores, percebe-se tratar-se de curiosos sobre o
mundo científico, e estudantes em um vel médio de compreensão, que ainda não
despertaram para um maior aprofundamento de seus conhecimentos.
Frente ao exposto, com base nos índices mensais, fica claro que a Super
Interessante é uma revista que divulga conhecimentos através de curiosidades do
mundo científico, utilizando-se de um repertório jornalístico (diagramação, figuras,
caixas de textos e layouts), despertando no leitor a curiosidade sobre os conteúdos ao
mesmo tempo que constitui um discurso estético.
A revista não vê da ciência como fim, mas, como meio, o que para Sergio
Gwercman, editor da Super, es de acordo com o atual projeto editorial que visa a
divulgação de matérias variadas, com a intenção de que os seus leitores entendam
melhor o mundo onde vivem.
A análise deste corpus midiático indica que por um lado a revista possui
características positivas como a publicão de todo tipo de curiosidades utilizando-se
de uma linguagem dirigida a jovens estudantes em fase de amadurecimento para a vida
acadêmica e profissional, sem que seja privilegiado assuntos de cunho nacional ou
internacional e, por outro lado, características negativas como a superficialidade com
que trata os assuntos e a quantidade de publicidade.
Assim, pode-se concluir que a revista Super Interessante é uma revista que
divulga conhecimentos do mundo científico. Possui uma importante contribuição a
sociedade no sentido de servir como um primeiro passo ou um primeiro contato de
estudantes e a mesmo para a população leiga com o mundo das ciências,
transmitindo conhecimentos, mesmo que de forma incipiente.
A seguir, apresentamos uma das edições analisadas por esta investigação:
85
Revista Super Interessante
Na edição número 254 de julho de 2008 a Super
Interessante apresenta a terapia como matéria de capa,
com a seguinte pergunta: Terapia funciona? Segundo o
artigo nunca tanta gente consultou um psicólogo para falar
de sua vida no divã. Mas será que vale a pena gastar
tempo e dinheiro contando sua vida íntima a um estranho?
A repórter Denize Guedes diz:
Milhares de pessoas estão insatisfeitas com o que são e como estão. Querem
se livrar das fobias, manias obsessivas, conseguir dormir direito, ter forças
para sair da cama pela manhã, deixar para trás dificuldades sexuais ou
simplesmente achar a vida mais interessante.
Cada vez mais pessoas resolvem desabafar seus problemas
acomodados num divã em busca de terapias. O mero de
psicólogos deu um salto de 48% desde o ano 2000, de 123 mil para
182 mil. Sem contar o número de psicanalistas, psiquiatras e outros
profissionais, como os filósofos clínicos.
Figura 14 - Freud p. 62
Segundo Guedes, a quantidade de pessoas que procuram terapia também deve
aumentar, já que, em abril, o governo tornou obrigatório os planos de saúde oferecerem
12 sessões anuais de psicoterapia a todos os conveniados. Se antes ir a psicólogos
era coisa de problemáticos, hoje falar da experiência parece ser um bom jeito de
engatar conversas com amigos no bar.
86
Na abertura há uma figura de um divã feito de
palavras, com o seguinte enunciado: A cura pela
palavra Nunca tanta gente consultou um psicólogo para
falar de sua vida no divã.
Figura 15 - Divã p. 60 (ao lado)
Mas será que vale a pena gastar tempo e dinheiro contando nossa intimidade
a alguém que mal conhecemos? Assim são indicadas pistas do conteúdo que virá a
seguir.
Trata-se de um texto narrativo onde o contrato jornalístico expõe os conteúdos
de forma objetiva, envolvendo o leitor pelo prazer de conhecer mais detalhes sobre a
terapia.
Na reportagem algumas ilustrações feitas com letras, que ajudam o leitor a
compreender melhor o texto. Quando observado o conteúdo, fotos e layout, percebe-se
a constituição de uma linguagem dirigida a estudantes e ao grande blico. A
reportagem se limita a apresentar e comentar sobre o assunto em questão, mas, não
faz maiores aprofundamentos técnicos sobre eles.
referências intituladas Para saber mais onde o apresentados os livros e
enderos eletrônicos que deram origem ao texto, são elas:
Cordioli, Aristides Volpato. Psicoterapias, Abordagens Atuais, Artmed, 2008;
Evans, Dylan. Placebo, Oxford, EUA, 2004;
Freud, Sigmund. Estudos Sobre a Histeria, Imago, 2006;
Yalom, Irvin. Os desafios da terapia, Ediouro, 2007.
Esta edição apresenta a seguinte organização:
87
Principais temas:
Páginas
Rubrica Conteúdo Local %
114
Capa
Terapia funciona?
60 - 69 8,7
Vale a pena gastar tempo e dinheiro contando sua vida intima a um estranho?
Gente
QI nas alturas
70 - 73 3,5
Atores, músicos e uma estrela pornô provam que há vida inteligente nos lugares mais
improváveis.
Saúde
O café nosso de cada dia
76 - 81 5,3
Nosso reporter descobriu na cafeína uma droga barata, eficiente - e nada inofensiva.
Comportamento
Quebrando a banca
86 - 91 5,3
De computadores hight tech a teorias matemáticas: nenhum truque é baixo demais na
hora de enganar os cassinos.
Especial
Concurso de beleza
94 - 98 4,4
O mundo das mísses é mais movimentado (e menos brega) do que você imagina.
Cultura
Cientologia
100-104 4,4
Como uma seita estranha, inventada por um escritor de ficção científica, conquistou as
estrelas de Hollywood.
Tabela 08 Super Interessante Principais temas jul 08
Outros temas:
Páginas
Rubrica Conteúdo Local %
114
Superpapo O francês Luc Ferry explica por que está na moda amar os filhos. 17 - 19 2,6
Essencial
Nossas descobertas de petróleo o coisa de Deus ou do Diabo?
29 - 30 1,7
Supernovas Está gripado, veja de quem é a culpa. 32 - 33 1,7
Superrespostas Balas de bazuca, três-oitão e fuzil. Entenda o que é o calibre de armas de fogo. 44 - 45 1,7
E se... ...o salário mínimo subisse para R$ 1.000,00? 58 - 59 1,7
Superfetiche
O cinema que você o conhece em três livros especiais.
106 0,9
Todo mês
Ciência maluca ½ folha. 34 0,4
Conexões ½ folha. 34 0,4
ster 42 - 43 1,7
Pa pum da folha. 46 0,3
Pergunta sem resposta .
46 0,3
Como surgiu. da folha. 50 0,3
Três perguntas para entender. 52 0,3
Quem foi.
54
0,9
Zoom
82 -
85
3,5
5 luxos e 1 lixo. ¼ da página. 110 0,2
Livros
0 0
Tech 112 0,9
Manual. 114 0,9
Publicidade
Na capa e contra-capa. (3 folhas)
2,6
No interior da revista. (voltadas a anúncios em geral)
45,4
Tabela 09 Super Interessante Outros temas jul 08
A análise dos índices deste corpus midiáticos possibilitou uma visão mais clara
do comportamento da revista durante esta edição. No que diz respeito aos
pressupostos ora estabelecidos, observou-se que a edição como um todo, se adapta
perfeitamente a eles.
88
0
50,3
1,7
48
0
10
20
30
40
50
60
Ciência Curiosidade Religião/Esoterismo Publicidade
Super Interessante - Julho - 2008
Gráfico 06 Super Interessante Jul 08
Ciência Este índice (0%), apenas confirma que os temas de ciência (enquanto
produção do conhecimento) o são a principal preocupação da revista no momento
atual. Seu projeto editorial visa a divulgação de variadas informações, o que pode ser
entendido como curiosidades do mundo científico.
Curiosidade Este índice (50,3%), confirma o projeto editorial da revista: a divulgação
de variadas informações (curiosidades do mundo científico), das cotidianas as mais
abstratas.
Religião O índice de religião (1,7%), demonstra uma tendência dos editores por
assuntos de cunho religioso. É sabido que o espírito de religiosidade da população
brasileira é muito marcante, logo, discutir ciência e religião acaba indo ao encontro
desses anseios e, consequentemente, mantém cativo o leitor ávido por este tipo de
publicação.
89
Publicidade Este índice (48%), superior ao mês anterior, demonstra que esta é uma
revista de grande circulação e conhecida em âmbito nacional, convertendo-se assim,
numa importante ferramenta de divulgação publicitária. São veiculados diferentes tipos
de anúncios.
* * *
Por meio de uma linguagem narrativa e sem aprofundamento técnico científico é
apresentado o tema de capa. Trata-se de um assunto de cunho psicológico que traz
consigo um contrato de fala que tem como objetivo convencer e seduzir o seu público
alvo.
Com relação ao visual, a reportagem traz ilustrações que apresentam o
comportamento humano descrito em um divã, originando um discurso estético e
despertando no leitor o interesse pela psicologia.
Os demais temas apresentados, seguem uma tendência de divulgação de
curiosidades o que segundo Sergio Gwercman, editor da Super, está de acordo com o
atual projeto editorial, uma vez que à ciência, enquanto produção do conhecimento, não
é a preocupação da revista.
A análise deste corpus midiático indica que a revista se preocupa em divulgar
informações variadas o que pode ser entendido como curiosidades do mundo científico.
Dentro dessas informações ou curiosidades, estão inseridos conceitos de ciência, ainda
que de forma insipiente. Essas forma de ver e interpretar o mundo científico vai ao
encontro dos anseios de seus leitores, constituídos por público atento e interessado, o
que pode ser traduzido como estudantes e o grande público.
90
Capítulo III
3.1.
Considerações Finais
Os resultados apresentados pelas analises, com base nos vetores estabelecidos,
são:
45,7
8,9
5,5
45,1
65,6
47,8
0
6,9
3
9,2
18,6
43,7
0
10
20
30
40
50
60
70
Ciência Curiosidade Religo Publicidade
Média Anual - SAB/GALILEU/SUPER - 2008
SAB GALILEU SUPER
Gráfico 07 SAB/Galileu/Super Interessante Anual 08
A Scientific Arican Brasil, durante o ano de 2008, foi a maior divulgadora de
assuntos ligados à ciência (45,7%). Todos os temas de capa analisados durante a
amostragem, eram traduções para a língua portuguesa de assuntos científicos que
foram veiculados em todo o mundo por meio da revista Scientifc American. Esses
assuntos foram apresentados e discutidos pelos próprios autores. Os temas de cunho
nacional, também foram apresentados e discutidos por editores brasileiros e
eventualmente por cientistas convidados, mas, o receberam o mesmo destaque que
os internacionais. A revista apresentou uma linguagem descritiva e argumentativa o
que caracteriza uma orientão por critérios objetivos e técnicos.
91
Ao observar os índices de ciência para as revistas Galileu (8,9%) e Super
interessante (5,5%) percebe-se claramente que assuntos ligados à produção do
conhecimento deixaram de ser suas preocupações. É interessante observar que ambas
possuem objetivos editoriais semelhantes e, seus temas de capa, são narrativas
envoltas em misrios e superficialidade, apresentados por jornalistas e eventualmente
discutidos por especialistas das áreas.
No que diz respeito a curiosidades do mundo científico, a Galileu aparece como
a revista que mais publicou assuntos com essa característica (65,6%), seguida pela
Super Interessante (47,8%) e pela Scientific American Brasil (46,1%). Mesmo sendo
curiosidades, a Scientific American Brasil aborda apenas temas compreendidos por sua
tendência editorial, enquanto a Galileu e a Super Interessante, apresentam variados
assuntos, dos cotidianos aos mais abstratos.
Quando são observadas as três revistas, percebe-se a tendência editorial que
apresentam:
Revista
Tendência
Galileu
Curiosidades em geral.
Scientific American Brasil
Física, astrofísica e cosmologia.
Super Interessante
Curiosidades em geral.
Com relação ao visual, a Galileu e a Super Interessante foram as revistas que
mais fizeram uso desses recursos. Se utilizaram de enunciados, diagramação, figuras,
fotos, caixas de textos, e layouts de forma mais incisiva, enquanto a Scientific American
Brasil os utilizou de forma mais sutil. Todas elas trabalharam seus discursos no sentido
de despertar nos leitores o interesse sobre os conteúdos.
92
A Galileu foi a revista que mais publicou assuntos de religião (6,9%),
acompanhada pela Super Interessante (3%). Ambas mantém a característica de
superficialidade suspense e mistério, sem o devido aprofundamento técnico que
normalmente acompanham esses estudos. Foram apresentados apenas experiências
vividas por seus repórteres ou a narrativa de alguma publicação religiosa. A Scientific
American Brasil, durante o período dessa amostragem, não apresentou nenhuma
informação de cunho religioso
No que diz respeito a publicidade, a Super Interessante disparadamente aparece
como a maior divulgadora publicitária. Veiculou basicamente 235% a mais que a Galileu
e 475% a mais que a Scientific American Brasil. Como se trata de uma revista
consagrada entre o grande público e com grande circulação em âmbito nacional, se
converte em uma importante ferramenta de divulgação publicitária. Foram veiculados
todo tipo de anúncios, desde tênis, automóveis, celulares, etc. Esse índice ainda revela
que a revista possui grande penetração nas diversas camadas da população tendo um
público leitor bem heterogêneo. A Scientific American Brasil veiculou 9,2% de
publicidade. Esse índice mostrou-se pequeno com relação às outras revistas, sendo
veiculado apenas eventos acadêmicos (cursos, congressos, livros, etc). Não foram
observados outros tipos de publicidade. Isso demonstra que a revista possui uma
penetração maior nos meios acadêmicos e que seu blico leitor pode ser considerado
mais homogêneo com relação aos das outras revistas.
Frente ao exposto e, com base nos indicadores apresentados, pode-se concluir
que as revistas Galileu e Super Interessante são revistas que divulgam conhecimentos
através de curiosidades do mundo científico, não se utilizando da ciência como fim, mas
como meio. Seus atuais projetos editoriais visam a divulgação de assuntos variados
com a inteão de que os seus leitores, atentos e interessados, o que pode ser
entendido como estudantes em um nível médio de compreensão e o grande público,
possam entender melhor o mundo onde vivem, mesmo que de maneira insipiente.
93
Essas revistas possuem características negativas: a superficialidade com que
cada assunto é tratado e a impreso de serem revistas meramente publicitárias, dado
a grande quantidade de anúncios veiculados. Essa característica também constitui seu
ponto positivo, uma vez que são publicados curiosidades variadas do mundo científico,
sem que seja privilegiado assuntos de cunho nacional ou internacional.
A Scientific American Brasil diferencia-se das demais por possuir características
de linguagem mais técnica e por tratar-se de uma revista de divulgação científica
mundialmente conhecida, sendo, entre as três a que mais se aproxima das publicões
acadêmicas.
Seu objetivo editorial visa atender ao leitor mais exigente por informação
científica, o que segundo a própria revista é indispensável à atualização, pesquisa e
desenvolvimento científico, indo ao encontro dos anseios de seus leitores, constituídos
por público atento e interessado, o que pode ser entendido como estudantes,
pesquisadores e o grande público em um vel superior de compreensão. Sua
característica positiva é o maior aprofundamento técnico no tratamento dos assuntos e,
seu ponto negativo é o não privilégio dos assuntos de cunho nacional.
Cada uma das publicações analisadas apresenta, uma contribuição a sociedade
e assume relevante papel na divulgação da ciência, contribuindo para a educação e
formação, ao longo prazo das novas gerações de pesquisadores. Todas levam a
público assuntos que muitas vezes seriam conhecidos apenas por cientistas, fazendo
assim, uma ponte entre o conhecimento científico produzido nas universidades e os
cidadãos.
A contribuição dessas revistas em formar cidadãos em temas de ciência é muito
importante pois estimulam à formação de novas gerações de pesquisadores, e assim, a
sobrevivência a longo prazo da atividade científica.
94
O estudo do comportamento e das características de cada uma das revistas-alvo
desta análise trouxe como contribuição a aquisição de novos conhecimentos no campo
da comunicação e um maior entendimento das linguagens apresentadas, bem como as
políticas do meio editorial ocultas numa primeira observação, mas, presentes em cada
uma delas.
Para se atingir os objetivos propostos para a realização desta investigação foi
necessário a construção de modelos metodológicos a partir de quatro vetores básicos
que nortearam a sequência do trabalho, tendo como base os assuntos de capa e as
rubricas apresentadas por cada uma das revistas. Também se fez necessário a
entrevista a alguns editores, o que contribuiu muito para o entendimento e o
fechamento das análises.
A decupagem de todas as edições das três revistas e o fichamento dos assuntos
de capa a luz das teorias convocadas, possibilitaram o desenvolvimento das análises,
bem como, a identificação das construções e dos tipos de linguagens utilizadas em
cada revista, além da adaptação das rubricas aos vetores metodológicos. Isso
demandou um tempo muito grande e impossibilitaram a viabilização de outros temas,
uma vez que as possibilidades de análise deste assunto são inumeráveis.
Assim, deixa-se como sugestão para futuras investigações: a análise das
fotografias, ilustrações, gráficos e infográficos que compõem cada uma das edições
mensais; a análise da relão da interatividade da revista com seus leitores (cartas dos
leitores); o estudo da aceitabilidade da revista nos diversos meios; o interesses e
preferências dos leitores por assuntos específicos ou generalidades; a contribuição que
cada uma das revistas presta à sociedade na difusão de informações científicas; e, por
último, o estudo comparativo entre as duas maiores revista de divulgação científica do
mundo: a Scientific American e a National Geografic.
95
3.2.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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19/04/08 28 e 29/04/08 20/05/08 27/05/08 10/06/08 26/06/08 20/08/08 08
e 09/09/08 04/11/08 20/11/08 19/02/09 28/03/09 27/07/09 26/08/09.
REVISTA SUPER INTERESSANTE, http://super.abril.com.br, acesso em 23 e 30/04/08
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Paulo, Annablume, 2006
101
Anexos
Anexo 1
Divulgação científica - Diferentesdias
Este anexo pretende mostrar que a divulgação científica pode ser feita em diferentes
mídias:
Manual do Cientista do Franjinha
Ensina mais de 20 experiências, mostra grandes gênios da história e
como funciona o corpo humano.
Fonte: www.monica.com.br
Oceanos, Fascículo 1 de 4
Mudanças climáticas, desafios ambientais, geopolítica, pescas e
riquezas marinhas...
Editora: Duetto
Fonte: www.sciam.com
A ciência médica de house - A verdade por trás dos diagnósticos
(livro)
Andrew Holts, ex repórter de saúde da CNN pesquisou as doenças
incomuns e os tratamentos pouco ortodoxos com o Dr. House se depara
no programa Editora: Best Seller
Fonte: http://publifolha.folha.com.br
102
Livros didáticos
Editora: Scipione São Paulo, 2006
Fonte: www.scipione.com.br
Radio Unesp FM 105,7 Mhz Bauru/SP
Apresenta entrevistas com pesquisadores abordando o mundo
científico e assuntos da atualidade.
Terças feira 18:15h. Fonte: www.unesp.br
Discovery Channel
Apresenta vários canais de divulgação científica (Animais, Historia,
Saúde, Mega construções, etc.).
Diariamente pela TV a Cabo. Fonte: www.discoverybrasil.com
Internet: A ciência Hoje
Página da Internet sobre ciência
http://cienciahoje.uol.com.br/
103
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
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Baixar livros de Farmácia
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Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
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