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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
I
NSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Programa de Pós-Graduação em História
Linha de pesquisa: Cultura e Representações
DANIELA MARZOLA FIALHO
CIDADES VISÍVEIS:
Para uma história da cartografia como documento de identidade urbana.
VOL. 1
Porto Alegre
2010
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D
ANIELA MARZOLA FIALHO
CIDADES VISÍVEIS:
Para uma história da cartografia como documento de identidade urbana.
Vol. 1
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em História da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul como
requisito parcial à obtenção do título de
Doutor em História. Linha de Pesquisa:
Cultura e Representações.
ORIENTADORA:
DRA. SUSANA BLEIL DE SOUZA
Porto Alegre
2010
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D
ADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
F438c Fialho, Daniela Marzola
Cidades visíveis : para uma história da cartografia como documento
de identidade urbana / Daniela Marzola Fialho ; orientação de Susana
Bleil de Souza. – 2010.
2 v. : il.
Tese (doutorado)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-
Graduação em História, Porto Alegre, RS, 2010.
1. História urbana : Cartografia. 2. Cidades :
Porto Alegre (RS) : Mapas. 3. História da cultura. 4.
Identidade urbana. I. Souza, Susana Bleil de. II.
Título.
CDU: 711.42:528
Bibliotecária Responsável
Elenice Avila da Silva – CRB-10/880
D
ANIELA MARZOLA FIALHO
CIDADES VISÍVEIS:
Para uma história da cartografia como documento de identidade urbana.
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em História da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul como
requisito parcial à obtenção do título de
Doutor em História. Linha de Pesquisa:
Cultura e Representações.
Aprovada pela Banca Examinadora em 22 de abril de 2010
_________________________________________________
Profa. Dra. Susana Bleil de Souza – PPG História/UFRGS
Orientadora
_______________________________________________
Profa. Dra. Célia Ferraz de Souza – PROPUR/UFRGS
_______________________________________
Prof. Dr. Charles Monteiro – História/PUC/RS
_____________________________________________
Profa. Dra. Maria Luiza Martini – PPG História/UFRGS
________________________________________
Profa. Dra. Miriam Rossini – FABICO/UFRGS
P
ara minha Mãe
Norma Marzola
A
GRADECIMENTOS
M
eus agradecimentos à Sandra Jatahy Pesavento (in memoriam), por ter me
incentivado a fazer este doutorado e ter sido minha primeira orientadora. Agradeço-lhe
também por todas as oportunidades de crescimento pessoal e intelectual, por sua confiança
e pelas aventuras que vivemos juntas cujas lembranças sempre levarei pela vida afora.
À minha orientadora, Susana Bleil de Souza, por me acompanhar firmemente nos
momentos seguintes desse trabalho.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em História desta Universidade por
ter acolhido meu trabalho. Agradeço também aos funcionários deste PPG, especialmente à
Marília.
Aos Professores Drs. Célia Ferraz de Souza, Charles Monteiro, Maria Luiza Martini e
Miriam Rossini por terem aceitado fazer parte da banca de defesa de tese.
Um agradecimento especial ao Prof. Dr. Jacques Leenhardt, por sua orientação ao
longo do ano em que realizei estágio de doutorado “sanduíche” na École des Hautes Études
en Sciences Sociales, em Paris. Agradeço por sua acolhida, pelos horizontes que abriu ao
meu trabalho e pela honra de poder assistir e participar de seu seminário.
Agradeço ainda aos amigos que conheci na École, participando do Seminário de
Jacques Leenhardt, e que me acolheram com sua amizade: Colette Grandclaudon, Edgard
Vidal e Jean-Noël Larrieu.
Aos amigos da Maison du Brésil, agradeço a solidariedade e o apoio no trabalho de
pesquisa, o alegre companheirismo das viagens e a convivência na Cité Universitaire e fora
dela: Karina Alves de Toledo, Amilcar Torrão Filho, Biagio Avena, Patrícia Reinheimer,
Gisela Cardoso, Renata Simões, Valéria Cristina da Costa, Isabela Jubé Wastowski, Valéria
Ernestânia Chaves, André, Luiz Fernando da Silva Mello e Eliane Mello.
Agradeço aos meus amigos e colegas da Faculdade de Arquitetura: Jo Carlos
Freitas Lemos, Helena Cabeda Petrucci, Silvana Jung Stumpfs, César Vieira, Cláudio
Fischer, Giovanna Santini, Maria Cristina Dias Lay, Tarcisio Reis, Jorge Haussen, Inês
Martina Lersch e Edson Krebs. Agradeço também na Faculdade de Arquitetura pela
colaboração no trabalho junto à COMGRAD-ARQ no início de meu doutorado à Airton
Darold, Jacqueline Johnsson e Berenice Camargo.
A
os colegas e amigos do GT de História Cultural: Nádia dos Santos Weber, Débora
Krebs, Claudia Musa Fay e Alessander Kerber, Alexandre Herculano, Monica Velloso e
Maria de Fátima Costa.
Meus agradecimentos aos colegas da diretoria da ADUFRGS: Cláudio Scherer,
Maria Luiza Holleben, Elizabeth de Carvalho Castro, Maria Cristina da Silva Martins, Paulo
Artur Konzen, Maria da Graça Saraiva Marques e Ana Paula Ravazzolo, pela compreensão
e pelo apoio recebido. Agradeço também aos companheiros de lides sindicais que se
tornaram grandes amigos: Regina Witt, Cida Livi, Lúcio Hagemann, Lúcio Vieira, Eduardo
Rolim, Eliane Leão, Tânia Hirochi, Beatriz Couto, João Eduardo, Silvia Balinsky, Edson
Lindner, João Vicente e Félix Gonzalez.
Devo agradecer também a alguns amigos de outras “tribos”: Vicky Martinez, Thirza
Vasconcelos, Isabella Barin e Lúcia Medeiros.
Quanto à realização da minha pesquisa, agradeço a colaboração científica de
Catherine Bousquet-Bressolier, que tão gentilmente me recebeu; ao pessoal da Biblioteca
do Museo del Risorgimento em Bologna, Itália, pela ajuda em relação ao material sobre
Zambeccari; à Maria Dulce de Faria, por sua ajuda no setor de cartografia da Fundação
Biblioteca Nacional; à equipe da ONG Viver Cidades, no Rio de Janeiro, por me abrirem as
portas de sua biblioteca; à equipe do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho pela
disponibilidade e simpatia com que sempre me atenderam; ao pessoal do Arquivo Histórico
da Arquidiocese de Porto Alegre, pela ajuda nas biografias; e a Maria Tereza Fortini Albano
pela sua ajuda junto à mapoteca da SMOV.
Por fim, agradeço a compreensão e o incentivo de minha família: Norma, Barata,
Cristiano, Fernanda e Aguilar.
Esta pesquisa contou com apoio financeiro da CAPES, que financiou o estágio de
doutorado em Paris, a quem também agradeço.
E
o ESPLENDOR dos mapas, caminho abstrato para a imaginação concreta,
Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha.
O que de sonho jaz nas encadernações vetustas,
nas assinaturas complicadas (ou tão simples e esguias) dos velhos livros.
(Tinta remota e desbotada aqui presente para além da morte,
O que de negado à nossa vida quotidiana vem nas ilustrações,
O que certas gravuras de anúncios sem querer anunciam.
Tudo quanto sugere, ou exprime o que não exprime,
Tudo o que diz o que não diz,
E a alma sonha, diferente e distraída.
Ó enigma visível do tempo, o nada vivo em que estamos!)
Fernando Pessoa, 1933
1
.
(Ficções do Interlúdio/ Poesias de Álvaro de Campos)
1
PESSOA, Fernando. Obra Poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p.386-387.
R
ESUMO
O
objetivo geral desta de tese é problematizar as relações entre a história urbana e a
cartografia, mais especificamente, os mapas da cidade de Porto Alegre arrolados como
campo e fontes de pesquisa. O tema é a cartografia enquanto produção histórica da cidade
e as ferramentas teóricas usadas envolvem “questões” da História Cultural. Centra-se numa
problematização que busca “perverter” a maneira clássica de se descrever e analisar as
mudanças urbanas, de modo a mostrar que cidades são produzidas como ideário de
representação, registro de memória, inventário do imaginário, narrativa histórica da
geografia e da paisagem urbana. Vistos como discursos, os mapas produzem as
identidades e as mudanças do espaço urbano ao longo do tempo, dando visibilidade a
significados a então invisíveis, ainda que não ocultos, possibilitando, assim, outras
práticas e políticas de intervenção urbana.
Palavras-chave: Cartografia Urbana. História Cultural. História da Cartografia. Porto Alegre
(RS).
A
BSTRACT
The overall objective of this thesis is to problematize the relationship between urban history
and cartography, in particular, maps of the city of Porto Alegre listed as sources and field of
research. The theme is the cartography while historical production of the city and the
theoretical tools used involve “issues” of Cultural History. It focuses on a problematization
that seeks to "subvert" the classic way to describe and analyze the urban changes in order to
show that cities are produced there as ideas of representation, memory register, inventory of
imagery, historical narrative of geography and urban landscape. Seen as speeches, maps
produce identities and urban space changes over time, giving visibility to previously invisible
meanings, although not hidden, thus allowing, other practices and policies of urban
intervention.
K
eywords: Urban Cartography. Cultural History. History of Cartography. Porto Alegre (RS).
L
ISTA DE ABREVIATURAS
A
HEX Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro.
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa.
BNF – Bibliothèque Nationale de France, Paris.
FBN – Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
ICC – Instituto Cartográfico da Catalunha, Barcelona.
IHGB – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro.
IHGRS – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
MAPCO – Map and Plan Collection Online.
NYPL – New York Public Library, New York.
SMOV – Secretária Municipal de Obras e Viação de Porto Alegre, Porto Alegre.
USP Universidade de São Paulo, São Paulo.
S
UMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
……………………………………………...
1
4
1.1 OBJETIVOS, DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE
E
STUDO..................................................................................................
19
1.2 DOS CAPÍTULOS E ALGUNS PRESSUPOSTOS…………..................
20
2 DA HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA URBANA.......................
23
2.1 PRÉ-HISTÓRIA, EGITO E MESOPOTÂMIA..........................................
26
2.2 GRÉCIA...................................................................................................
29
2.3 ROMA......................................................................................................
31
2.4 CHINA.....................................................................................................
33
2.5 IDADE MÉDIA.........................................................................................
35
2.6 RENASCIMENTO...................................................................................
42
2.6.1 A questão das projeções......................................................................
49
2.6.2 O Novo Mundo e o Brasil......................................................................
53
2.7 O SÉCULO DO ATLAS..........................................................................
58
2.8 SÉCULO XVIII E XIX...............................................................................
62
2.9 A CARTOGRAFIA ATUAL.....................................................................
65
3 DA GRAMÁTICA CARTOGRÁFICA DAS CIDADES............
68
3.1 DESCONSTRUINDO OS MAPAS..........................................................
76
3.1.1 Grafismo, Geometria e Figuração........................................................
77
3.1.2 Mapas e Escrita.....................................................................................
85
3.1.3 A Imagem Cartográfica.........................................................................
90
4
DO TEMPO E DO ESPAÇO CARTOGRÁFICOS: A
POESIA DOS MAPAS URBANOS.........................................
98
4.1 DOS MAPAS E DA MEMÓRIA...............................................................
100
4.2 DOS MAPAS E DO ESQUECIMENTO...................................................
104
4.3 DOS MAPAS E DO PLANEJAMENTO URBANO.................................
107
4.4 DO GOVERNO DA CARTA....................................................................
110
4
.4.1 Dos Mapas e da Identidade Nacional..................................................
112
5
DAS PLANTAS DAS CIDADES OU COMO A HISTÓRIA
SE CONTA – MAPAS DE PORTO ALEGRE (1772-1889)....
1
15
5.1 OS MAPAS DE PROPRIEDADE DO SOLO (1772-1825) 1
15
5.2 O CARTÓGRAFO REVOLUCIONÁRIO.................................................
127
5.2.1 A Porto Alegre de Zambeccari.............................................................
141
5.2.2 Do Desenho da Planta de 1833............................................................
150
5.2.3 Das Leituras do Mapa...........................................................................
159
5.3 A PORTO ALEGRE DO IMPÉRIO..........................................................
163
5.3.1 A Cartografia no Império......................................................................
165
5.3.2 Do desenho da Planta de 1838.............................................................
172
5.3.3 Um cartógrafo Legalista.......................................................................
184
5.3.4 Das Leituras do Mapa...........................................................................
189
5.4 A PORTO ALEGRE DE L. P. DIAS........................................................
191
5.4.1 O Cartógrafo Provinciano.....................................................................
193
5.4.2 Do desenho da Planta de 1839.............................................................
200
5.4.3 Das Leituras do Mapa...........................................................................
215
5.5 A PORTO ALEGRE DE CONRADO JACOB NIEMEYER.....................
220
5.5.1 O Cartógrafo Condecorado..................................................................
222
5.5.2 Da “Carta Corographica do Império do Brasil”..................................
226
5.5.3 Do desenho da Planta de 1844.............................................................
235
5.5.4 Das Leituras do Mapa...........................................................................
239
5.6 A PORTO ALEGRE DE ANTONIO ELEUTHERIO DE CAMARGO......
242
5.6.1 O Cartógrafo Eminente.........................................................................
244
5.6.2 Da Cartografia da Província.................................................................
245
5.6.3 Do desenho da Planta de 1868.............................................................
257
5.6.4 Das Leituras do Mapa ..........................................................................
264
5.7 A PORTO ALEGRE DE UM CARTÓGRAFO ANÔNIMO......................
269
5.7.1 Os Cartógrafos ‘Oficiais’......................................................................
271
5.7.2 Do desenho da Planta de 1872.............................................................
274
5.7.3 Das Leituras do Mapa...........................................................................
284
5.8 A PORTO ALEGRE DO MAPA INEXISTENTE......................................
287
5
.8.1 Da Cartografia de Manoel José Nunes de Azevedo...........................
289
5.8.2 Do desenho da Planta de 1876.............................................................
290
5.8.3 Das Leituras do Mapa...........................................................................
295
5.9 A PORTO ALEGRE DE HENRIQUE BRETON......................................
299
5.9.1 O Cartógrafo Singular...........................................................................
300
5.9.2 Do desenho da Planta de 1881.............................................................
302
5.9.3 Das Leituras do Mapa...........................................................................
314
5.10 A PORTO ALEGRE DE JOÃO CÂNDIDO JACQUES...........................
315
5.10.1 O Cartógrafo do Colégio Militar...........................................................
316
5.10.2 Do desenho da Planta de 1888..
...........................................................
318
5.10.3 Das Leituras do Mapa...........................................................................
329
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................
331
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...................................................
346
SITES CONSULTADOS.....................................................................
363
FONTE DAS ILUSTRAÇÕES.............................................................
365
ANEXOS (
VOLUME 2 – ACOMPANHA CD COM IMAGENS TESE)
ANEXO 1 – FICHA TÉCNICA DAS PLANTAS EXISTENTES ESTUDADAS......
394
ANEXO 2 – RELAÇÃO DOS MAPAS ENTRE 1831 E 1845................................
434
ANEXO 3 RELAÇÃO DOS CARTÓGRAFOS DOS MAPAS ENTRE 1831 E
1
845.......................................................................................................................
453
ANEXO 4 MAPAS DE PORTO ALEGRE: RELAÇÃO ENTRE AS
L
EGENDAS ..........................................................................................................
458
14
1 - INTRODUÇÃO
C
ada vez mais as relações entre História e Imagem têm proporcionado uma
ampliação desses campos de estudos. As fontes da história, tradicionalmente focadas no
documento escrito, “defrontam-se com as outras linguagens pelas quais se representa o real
e que se tornam também o objeto da história”
1
. Enquanto linguagem, os mapas das cidades
e das paisagens urbanas são imagens com potencialidade de serem arroladas como campo
e fonte de pesquisa, possibilitando situar a investigação nas relações entre a história urbana
e a cartografia
Adotar como tema de pesquisa a cartografia como uma produção da história da
cidade, faz com que se tenha de entrelaçar uma série de questões que são centrais no
debate contemporâneo. As ferramentas teóricas colocadas por essa temática envolvem
categorias de análise tais como representação, memória, imaginário, imagem e produção
histórica do espaço urbano, categorias essas tratadas e usadas em diferentes perspectivas
teóricas e que encontram, na História Cultural, uma forma específica de se relacionarem.
Daí o modo de exposição adotado aqui, pondo em jogo diferentes autores numa espécie de
decupagem e edição dos seus “achados”, à maneira de composição benjaminiana.
Segundo Pesavento
2
, “a presença da História Cultural assinala, pois, uma reinvenção
do passado, reinvenção esta que se constrói na nossa contemporaneidade, em que o
conjunto das ciências humanas encontra seus pressupostos em discussão”. Ainda segundo
a autora, “(...) em termos gerais, pode-se dizer que a proposta da História Cultural seria,
pois, decifrar a realidade do passado por meio das suas representações, tentando chegar
àquelas formas, discursivas e imagéticas, pelas quais os homens expressaram a si próprios
e o mundo”
3
.
Nessa perspectiva, os mapas da(s) cidade(s) enquanto fontes de pesquisa nos
remetem a vários campos temáticos dentro da História Cultural: 1) são imagens, e enquanto
e como tais podem e devem ser analisados na sua especificidade, mas também como um
texto que se a ler; 2) contêm elementos alfabéticos, comportando uma escrita manifesta
que também dá margem a uma análise discursiva; 3) produzem uma identidade da(s)
cidade(s) por eles tratados, ao estabelecerem um determinado recorte do espaço contido
1
PESAVENTO, Sandra J. (Org.). Escrita, Linguagem, Objetos. leituras de história cultural. Bauru: EDUSC, 2004.
p.8
2
PESAVENTO, Sandra J. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004a. p.16
15
num tempo; e 4) pretendem re-tratar a(s) cidade(s), o que remete, então, aos estudos e às
i
ndagações que são feitos sobre o urbano e sobre as paisagens construídas sobre as
cidades (reais e imaginárias).
Como representação do mundo, a carta é uma construção imaginária (da realidade),
mas que tem o poder não de orientar o olhar e a percepção (do real) como também de
criar a paisagem urbana que representa.
Essa tese procurou, assim, examinar, descrever e analisar as mudanças urbanas
produzidas pelos modos de cartografar a cidade, tomando como fonte os mapas da cidade
de Porto Alegre até o final do Império. Nesse sentido, o problema desta tese, ao transformar
o tema escolhido em objeto de pesquisa, foi o de analisar a maneira como a cartografia se
constitui num instrumento de construção visual do imaginário das cidades. Tendo em conta
que os mapas são vistos, aqui, como discursos que produzem os objetos de que falam
4
,
tratou-se de perseguir as identidades e as mudanças urbanas que as plantas da cidade
mostram ao longo do tempo, no seu contexto histórico, geográfico e paisagístico. Em suma,
responder a uma indagação: que cidades essas cartas produzem?
Teixeira
5
, em sua Cartografia Urbana, faz a descrição usual dos mapas, ao dizer que
“os mapas, cartas e plantas (...) mostram os traçados urbanos de cidades
ou de partes de cidades (entendendo-se aqui por cidade qualquer núcleo
urbano independentemente do seu tamanho). Através destas cartas,
podemos observar o traçado das cidades, a natureza dos seus espaços
urbanos, a estrutura de quarteirão e a estrutura de loteamento, a
localização de edifícios e de funções, bem como observar as características
físicas do sítio e as suas relações com o território”.
Harley
6
refere criticamente essa forma de definir a cartografia urbana nos seguintes
termos:
“A percepção usual da natureza dos mapas é de que eles o um espelho,
uma representação gráfica de algum aspecto do mundo real. A definição
encontrada em vários dicionários e glossários de cartografia confirma esta
visão. Dentro das restrições da técnica de pesquisa, da habilidade do
cartógrafo e do código dos signos convencionais, o papel dos mapas é
apresentar um depoimento factual acerca da realidade geográfica. Embora
3
PESAVENTO, Sandra J. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004a. p.42.
4
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do saber. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987
5
TEIXEIRA, Manuel C. A cartografia no estudo da história urbana. Urbanismo2 de Origem Portuguesa, Lisboa,
2, set. 2000. Disponível em: <http://revistas.ceurban.com/numero2/textos/textos1/textos1.htm>. Acesso em: 10
mar. 2010.
6
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Image: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.3-4.
16
os cartógrafos escrevam acerca da arte assim como da ciência da
ca
rtografia, a ciência sombreou a competição entre as duas abordagens. O
corolário é que quando historiadores acessam mapas, as suas estratégias
interpretativas são moldadas por essa idéia do que os mapas são ditos ser.
Na nossa cultura ocidental, pelo menos desde o Iluminismo, a cartografia
tem sido definida como ciência factual. A premissa é de que o mapa deve
oferecer uma janela transparente sobre o mundo. Um bom mapa é um
mapa acurado”.
A partir dessa crítica, o autor se coloca uma questão: “há, no entanto, uma resposta
alternativa à questão ‘o que é um mapa?’”, Harley
7
responde que, “para os historiadores,
uma definição apropriada seria a de que um mapa é uma construção social do mundo
expressa por meio da cartografia” (grifos meus). Assim, longe de ser um simples espelho da
natureza, do que é verdadeiro ou falso, os mapas, segundo este autor, reescrevem o
mundo como nenhum outro documento em termos de relações de poder e de práticas
culturais, preferências e prioridades” (grifos meus). E acrescenta: “O que lemos num mapa é
tanto uma relação com um mundo social invisível e uma ideologia quanto uma relação com
os fenômenos vistos e medidos na natureza”. Por isso mesmo, os mapas mostrariam
sempre “muito mais do que uma soma de um conjunto de técnicas”. É precisamente esta
constatação que faz o autor dizer que “a aparente duplicidade dos mapas sua qualidade
de escorregadio – não é um desvio idiossincrático de um ilusório mapa perfeito. Pelo
contrário, está no coração da representação cartográfica”.
Ainda mais: ao fazer a introdução das maneiras de interpretar os mapas da América
descritos no livro de Buisseret
8
, Harley
9
propõe
“(...) que os mapas sejam discutidos como textos em vez de um espelho da
natureza. Os mapas são textos no mesmo sentido que outros sistemas de
sinais pinturas, impressos, teatro, filmes, televisão, música são textos.
Mapas também compartilham muitas preocupações comuns com o estudo
do livro, exibindo uma função textual no mundo e sendo ‘sujeitos a controle
bibliográfico, interpretação e análise histórica’. Mapas são uma linguagem
gráfica a ser decodificada. Eles o uma construção da realidade, imagens
carregadas com intenções e conseqüências, as quais podem ser estudadas
nas sociedades de nosso tempo. Como os livros, eles são tamm produto
7
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.4.
8
BUISSERET, David. From sea charts to satellite images: interpreting North Amaerican history through maps.
Chicago: The University of Chicago Press, 1990.
9
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.4.
17
de ambos: a mente individual e os valores culturais mais amplos, em
s
ociedades particulares”.
O conceito de mapa pode ser ainda mais extensivo, num sentido explicitado por
David Buisseret
10
quando tenta explicar porque havia tão poucos mapas na Europa em 1400
e tantos por volta de 1650:
“Uma vez que comecemos a procurar sinais de mapas não apenas na
produção daquilo que, desde sempre, tem sido reconhecido como mapa,
mas tamm na emergência de outras formas de imagem locacional, então
podemos traçar de forma mais convincente as raízes daquilo que, de outro
modo, pareceria um inexplicável florescimento da cartografia. Quando o
povo medieval esculpia orbes, modelava palácios ou desenhava planos
elaborados de abadias, eles estavam se movendo para um tipo de imagem
locacional que apenas mais tarde encontrou a sua plena expressão. Este
impulso de mapeamento precoce necessita ser procurado no início da
Europa moderna, quando vistas olho de pássaro, desenhos arquitetônicos,
modelos de fortificação e, ainda, diagramas militares exemplificam a
necessidade emergente de entender e controlar o mundo pela
produção de imagens locacionais do mesmo” (Grifos meus).
Entende-se que essa abordagem extensiva, que relaciona História e Imagem,
permite ir muito além da questão da representação da cidade pelo mapa, numa linguagem
concreta de dominação, conhecimento e governo do território. Tomada como “imagem
locacional”, a cartografia da cidade relaciona-se, efetivamente, com a paisagem urbana.
Nesse sentido, tem de ser vista como uma unidade geográfico-cultural, dirigida não para
a descrição contingente das realidades físicas e humanas da cidade, mas também para a
construção de um imaginário do “lugar”, ou seja, do território das idealidades coletivas. O
desafio, então, é reconstruir um itinerário das paisagens urbanas constituídas pelos mapas
de uma cidade, levando em conta, ainda, a transformação dos modos de leitura dessas
paisagens.
Buisseret
11
, de certa forma, alerta para isso, ao mostrar a relação entre cartografia
e sociedade. Diz ele que:
“Eventualmente, por volta de 1500, uma consciência precoce dos mapas
veio penetrar as elites de muitas partes da Europa Ocidental, (...), e depois
daquele tempo, cada novo desenvolvimento social teve sua contrapartida
cartográfica. Assim, cartografias da Reforma e da Contra-Reforma, da
1
0
BUISSERET, David. The Mapmaker´s Quest: depicting New Worlds in Renaissance Europe. Oxford: Oxford
University Press, 2003. p.xii.
11
BUISSERET, David. The Mapmaker´s Quest: depicting New Worlds in Renaissance Europe. Oxford: Oxford
University Press, 2003. p.xii.
18
Revolução Militar, da expansão da Europa no mundo, e assim por diante.
Aq
ui, tentamos analisar essas cartografias não apenas em termos dos
mapas produzidos, como em termos das mudanças da sociedade que
deram origem a eles. Assim, invertendo a ordem normal de procedimento,
(...), esperamos mostrar como a cartografia tem influenciado e
exemplificado o curso da história da Europa moderna de várias maneiras
insuspeitadas até agora”.
Por outro lado, e mais especificamente em relação à questão da paisagem urbana, é
interessante lembrar a emergência da “paisagem” descrita por Schama
12
:
“A própria palavra landscape [paisagem] nos diz muito. Ela entrou na língua
inglesa junto com herring [arenque] e bleached linen [linho alvejado], no
final do culo XVI, procedente da Holanda. E landschap, como sua raiz
germânica, Landschaft, significava tanto uma unidade de ocupação humana
- uma jurisdição, na verdade - quanto qualquer coisa que pudesse ser o
aprazível objeto de uma pintura. Assim, certamente não foi por acaso que
nos campos alagados dos Países Baixos, cenário de uma formidável
engenharia humana, uma comunidade desenvolveu a idéia de uma
landschap, que, no inglês coloquial da época, se tornou landskip. Seus
equivalentes italianos, o ambiente idílico e pastoril de riachos e colinas
cobertas de dourados trigais, eram conhecidos como parerga e constituíam
os cenários auxiliares dos temas comuns da mitologia clássica e das
escrituras sagradas. Nos Países Baixos, contudo, o desenho e uso da
paisagem por parte do homem - sugerido pelos pescadores, vaqueiros,
caminhantes e cavaleiros que povoam os quadros de Esaias van de Velde,
por exemplo - era a história, espantosamente auto-suficiente”.
Nesse sentido, os mapas, como a pintura, enquadram e fixam uma paisagem urbana
histórica, ou seja, um imaginário do “lugar” que supõe um determinado modo de leitura.
Mas, como “somos mais livres do que imaginamos”
13
, mostrar as determinações históricas
do que somos é mostrar o que é possível fazer, já que há muitas coisas com as quais ainda
podemos romper.
1
2
SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p.20-21.
13
FOUCAULT, 1979. Apud MOREY, M. Introducción: la cuestión del método. In: FOUCAULT, M. Tecnologías del
yo y otros textos afines. Barcelona: Paidós, 1991, p.44.
19
1.1 - OBJETIVOS, DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
E
sta tese partiu de um objetivo geral que é o de examinar as relações entre a história
urbana e a cartografia. É, pois, a partir desse recorte amplo que o objeto deste estudo foi
definido e delimitado. Para tanto, parti de uma problematização envolvendo meu objeto de
pesquisa.
Castro
14
chama a atenção para as diferentes tradições cartográficas, as quais explica
da seguinte maneira:
“Através da história, mapas foram produzidos em diversas sociedades.
Egípcios, chineses, astecas e nativos da Polinésia fizeram mapas que
variavam em simbolismo, escala e materiais, com diferentes propósitos.
Cada uma dessas tradições cartográficas representava a cultura da
sociedade onde se originou. Nem sempre os mapas foram um produto do
empirismo geográfico, tal como nosso senso comum os imagina. Embora
em alguma medida respondam a exigências práticas, seria um erro reduzi-
los a uma mera representação geográfica. (...)”.
Se os mapas não são uma “mera representação geográfica”, que forma de
representação eles constituem? E, ainda mais, que forma de representar é essa que varia,
como afirma o autor, “em simbolismo, escala e materiais, com diferentes propósitos”?
Ao examinar, descrever e analisar as mudanças urbanas produzidas pelos diferentes
modos de cartografar a cidade, tive em conta que esses modos não apenas são históricos,
mas delimitam tanto o espaço territorial mais amplo como o nosso próprio espaço no
território delimitado. Tomados como um problema de pesquisa, isto é, problematizados, os
modos de cartografar a cidade e os artefatos históricos produzidos nessa prática – os
mapas não puderam mais ser vistos como reflexos gráficos do desenvolvimento urbano,
mas como discursos que produzem as cidades que eles desenham. E isto colocou uma
outra questão de pesquisa, complementar à primeira: que mudanças urbanas, isto é, que
identidades urbanas são criadas pelos mapas históricos de uma cidade e que efeitos eles
produziram? Ou seja: como definiram as posições geográficas dos diversos segmentos da
população urbana? Como fixaram as “vocações” dos seus diferentes bairros? Como
favoreceram, assim, um determinado desenvolvimento urbano? Em outras palavras, que
1
4
CASTRO, Celso. Uma viagem pelos mapas do Rio. In: CZAJKOWSKI, Jorge (Org.). Do Cosmógrafo ao
Satélite: mapas da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Centro de Arquitetura e Urbanismo, Secretaria
20
imagens criaram e propuseram à cidade, ao condicionarem determinados modos de leitura
d
e sua paisagem?
A partir da definição dessa problemática de pesquisa, trabalhei com os mapas de
Porto Alegre, perseguindo as identidades e as mudanças urbanas que os mapas dessa
cidade produzem e mostram ao longo do tempo. Porto Alegre é fundada no século XVIII e a
primeira planta que existe é do século XIX. Pode-se, no entanto encontrar uma quantidade
razoável de mapas que retratam a cidade e/ou partes dela. Nesse contexto, foram adotados
dois delimitadores. O primeiro diz respeito à área de abrangência do mapa, ou seja, as
plantas analisadas mostram a cidade como um todo. O segundo delimitador é temporal e
decidiu-se escolher um momento histórico importante para definir essa questão, portanto as
plantas da cidade de Porto Alegre que foram estudadas vão da fundação da cidade, em
1772, até o final do Império, em 1889.
1.2 - DOS CAPÍTULOS E ALGUNS PRESSUPOSTOS
O Capítulo 1 – “Da História da Cartografia Urbana“ – trata da história da cartografia
urbana tal como ela é narrada habitualmente, a partir de pressupostos técnicos e científicos,
mostrando, ao mesmo tempo, como ela afetou a cartografia brasileira em geral e os mapas
da cidade de Porto Alegre. Este capítulo não se encerra em si mesmo, pois parte dessa
história está relacionada com a dos mapas da cidade aqui estudados.
O Capítulo 2 Da Gramática Cartográfica das Cidades trata da história dos
significados, das diferentes interpretações cartográficas da cidade. Para isso, procurou-se
ver como, ao longo da história, a prática de cartografar foi significada e regulada pelos
discursos da cartografia e da história. Este capítulo, portanto, tratou da questão
metodológica, ao dar visibilidade às gramáticas sintaxe e semântica utilizadas na feitura
dos mapas.
Ao longo do tempo, os mapas das cidades mostraram suas ruas, seus prédios,
Igrejas, pontes, seu espaço abrangente, seus limites geográficos e políticos. Suas culturas
urbanas foram, assim, modeladas, formatadas pelo modo como o espaço foi organizado. E
foi a cartografia, como uma gramática do espaço, que ordenou, classificou, normatizou e
M
unicipal de Urbanismo, 2000. Exposição de julho a setembro de 2000, realizada no Centro de Arquitetura e
21
organizou o espaço urbano, de acordo com regulações cartográficas definidas
h
istoricamente, isto é, de acordo com as regras dominantes em determinado tempo e lugar.
Por isso a cartografia, aqui, é vista como um dispositivo criado para produzir efeitos
específicos e por isso, também, este estudo pretende indagar não “o que ela é” ou “o que
ela significa”, mas como ela faz o que faz, ou seja, como ela funciona como uma prática
política e cultural.
Em relação à questão do discurso, Peter Turchi
15
estabelece, como o próprio título de
sua obra diz --“Maps of the Imagination: The Writer as a Cartographer --, uma
identificação entre o escritor e o cartógrafo. No livro, o autor “compara a maneira que um
escritor guia o leitor através do mundo imaginário de uma estória, uma novela ou um poema
com a maneira com que os fazedores de mapas mapeiam o mundo físico
16
”. Concluindo
que: “Perguntar por um mapa é dizer, ‘conte-me uma história’”
17
. Assim, e invertendo a
lógica de Turchi, o mapa produzido pelo cartógrafo não foi tomado, aqui, como um meio ou
um modo de contar uma história, mas é, ele mesmo e por si mesmo, um discurso, uma
história.
O capitulo 3 Do Tempo e do Espaço Cartográficos: a Poética dos Mapas
Urbanos trata da questão da cartografia como representação, as relações de
representação, o que levou à discussão das questões relacionadas ao imaginário, à
identidade, à memória e ao esquecimento. Nesse contexto, não se engloba apenas o que se
poderia chamar uma representação textual do território, mas também aquelas
representações projetuais (planos urbanísticos) da cidade, que podem não se configurar em
sua totalidade, mas que também são representações da cidade que produzem seu
imaginário enquanto planejamento urbano. Ainda no contexto deste capítulo, trato “Do
Governo da Cartaonde abordei as questões das relações de poder que estabelecem
determinada Carta e não outra, e fazem com que ela seja reconhecida na sua época,
tornando-se instrumento de governo. A Carta, enquanto forma generalizada e homogênea
de normatização e controle do espaço, produz, assim, uma identidade da cidade ou da
nação.
O último capítulo – “Das Plantas das Cidades ou Como a História se conta– trata
de como tudo isso se conjuga na produção das identidades, ou seja, das subjetivações de
determinados espaços urbanos, neste caso Porto Alegre de seus mapas.
U
rbanismo do Rio de Janeiro. p.8.
15
TURCHI, Peter. Maps of the Imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004.
16
TURCHI, Peter. Maps of the Imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004. Orelha do livro.
17
TURCHI, Peter. Maps of the Imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004. p.11.
22
Nesse sentido, afirmar que os mapas são documentos fundamentais para o estudo
d
o passado é muito pouco, que os processos históricos são intersectados e produzidos
por eles. Podemos ver neles desde tratados territoriais até o futuro (planejado) das cidades.
E, como imagens, permitem e direcionam suas leituras.
Segundo W. Bolle,
“A ‘imagem é a categoria central da teoria benjaminiana da cultura:
‘alegoria’, ‘imagem arcaica’, ‘imagem de desejo’, fantasmagoria’, imagem
onírica’, ‘imagem de pensamento’, ‘imagem dialética’ com esses termos
se deixa circunscrever em boa parte a historiografia benjaminiana. A
imagem possibilita o acesso a um saber arcaico e a formas primitivas de
conhecimento, às quais a literatura sempre esteve ligada, em virtude de sua
qualidade mítica e mágica. Por meio de imagens no limiar entre a
consciência e o inconsciente é possível ler a mentalidade de uma época.
É essa leitura que se propõe Benjamin enquanto historiógrafo. Partindo da
superfície, da epiderme de sua época, ele atribui à fisiognomia das cidades,
à cultura do cotidiano, às imagens do desejo e fantasmagorias, aos
resíduos e materiais aparentemente insignificantes a mesma importância
que às ‘grandes idéias’ e às obras de arte consagradas. Decifrar todas
aquelas imagens e expressá-las em imagens ‘dialéticas coincide, para ele,
com a produção de conhecimento da história”
18
.
Bolle
19
afirma ainda que “para o autor das teses ‘Sobre o Conceito de História’, a
tarefa do historiador consiste no resgate e na redenção do passado. (...). A história, segundo
Benjamin, torna-se ‘objeto de uma construção, cujo lugar não é o tempo homogêneo e
vazio’, mas ‘uma determinada época’, ‘uma determinada vida’, ‘uma determinada obra’;
esses elementos são ‘arrancados do curso homogêneo da história’”.
Dentre esses elementos, podem-se situar também os mapas. Ler a história nos
mapas é o empreendimento que esta tese propõe, pois, como diz Le Goff, onde o homem
passou e deixou alguma marca da sua vida e inteligência, está à história”.
20
É, portanto,
nos mapas e planos em que a cidade de Porto Alegre foi re-tratada, ao longo do tempo, que
as suas histórias se dão a ‘ler’.
1
8
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna: representação da história em Walter Benjamin. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.42,43.
19
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna: representação da história em Walter Benjamin. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.25,26.
20
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1994. p.107.
23
2 – DA HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA URBANA
O
s mapas têm ligações íntimas com a história desde a pré-história até os nossos
dias, e m um grande impacto no mundo em que vivemos. Eles produziram e mudaram o
mundo por eles mostrado, ao longo do tempo, desenhando e cartografando a economia e a
política das nações. Em sua produção, eles nos contam muito acerca das pessoas e dos
poderes que se exercitaram na sua criação. E dizem e impõem a sua verdade dos lugares
que mostram. Além disso, a representação do mundo através dos mapas apresenta
evidências históricas da necessidade humana de descrever, situar-se e controlar o mundo,
domesticando-o e tornando-o “familiar”, conhecido, um espaço habitável.
Denis Wood expõe, de forma bastante poética, como o mundo dos mapas foi
construído:
Uma cornucópia de imagens, atordoante em sua variedade: este é o mundo
dos mapas. Gravetos e pedras, pergaminho e folha de ouro, papel e tinta...
nenhuma substância escapou de ser usada para formar uma imagem do
mundo em que vivemos. Como os pássaros e as abelhas nós os fizemos
dançar nos gestos do nosso viver; desde o nascimento da linguagem nós os
esboçamos nos sons da nossa fala. Nós os desenhamos no ar e os
traçamos na neve, nós os pintamos em pedras e os inscrevemos nos ossos
de mamute. Nós os cozinhamos em barro e os entalhamos em prata, nós os
imprimimos em papel, ... em t-shirts
21
.
Salienta, ainda, a perenidade dos mesmos e os sentimentos que evocam:
Muitos deles se foram; bilhões perdidos no fazer ou evaporados com as
palavras que os trouxeram à vida. A chegada da onda alisou a areia onde
eles estavam desenhados, o vento os apagou da neve. Pigmentos
desbotaram, o papel apodreceu ou foi consumido pelas chamas. Muitos
simplesmente não podem ser encontrados. (...). E quando falamos do ‘velho
mapa da Europa’ que também desapareceu estamos falando de
certezas com as quais crescemos, não de um pedaço de papel. E contudo...
e, no entanto é difícil, no final, separar essas certezas daquele mesmo
pedaço de papel, o qual não apenas descreve aquele mundo, mas o dota
com uma ‘realidade’ que todos nós aceitamos
22
.
2
1
WOOD, Denis. The Power of Maps. New York: Guilford, 1992. p.4
22
WOOD, Denis. The Power of Maps. New York: Guilford, 1992. p.4
24
Assim, os mapas que sobraram e as notícias que temos de outros perdidos nos
m
ostram não apenas uma história. É dessa ‘realidade’ produzida e, ainda mais, aceita por
todos nós que é preciso tratar. E isso inclui os modos históricos de sua produção, que não
se reduzem à tecnologia, mas que expressam interesses econômicos e políticos, abrindo
‘uma janela para o passado’, para usar as palavras de Silberman
23
.
No entanto, ao longo da história da cartografia, a questão técnica parece prevalecer,
a partir mesmo da questão de como representar o globo terrestre em um plano. Nessa
circunstância, o problema técnico se aproxima da arte, na melhor tradição grega da techné
o desenho, a pintura e a cartografia necessitam de artes para representar o mundo
tridimensional em duas dimensões. E isto porque, como afirma Turchi, “o mapa nos mostra,
concisamente, algo que ninguém jamais viu”. Foi preciso, portanto, arte para transformar
uma superfície curva e irregular numa superfície plana, para tornar possível “ver” um
continente inteiro, as fronteiras políticas dos estados, ou os nomes dos lugares. Segundo
Turchi, “as cores da terra foram cuidadosamente selecionadas para criar um ‘esquema matiz
de elevação’. Esta imagem ‘clara’ é, então, uma representação artística de certas
características naturais e políticas. É uma construção intelectual”
24
.
Essa “construção intelectual” transparece na cartografia urbana de rias formas,
conforme os diferentes mapas. Neles podemos ver a cidade como um todo, muitas vezes
abstraída do seu contexto geográfico. Vemos os nomes de ruas, praças e bairros, a
demarcação de suas fronteiras e, em alguns casos, suas edificações.
Daí não se poder separar arte de cartografia. Aliás, aspectos significativos da
cartografia, como o desenho ornamental e o letreiro, sempre estiveram relacionados a
desenvolvimentos gráficos e artístico-culturais. Essa relação, que se estabeleceu ao longo
da história tanto da cartografia como da arte, tem a ver com as relações estabelecidas
historicamente entre arte e ciência, arte e tecnologia. A arte da cartografia sublinha a
complexa mescla de arte e ciência que pode ser encontrada no mapa e no fazer mapas. Os
desenvolvimentos, na história da cartografia, não reconhecem nenhuma demarcação
histórica ou artística entre o ornamental e o científico, mas incorporam, ao longo do tempo,
culturas e realizações técnicas passadas. Pode-se ainda observar o papel do artista no fazer
mapas, o impulso cartográfico no artista, o caráter iconográfico dos mapas e as fontes do
desenvolvimento de alguns elementos cartográficos como a cor, o letreiro e os símbolos.
Considerados como documentos científicos, os mapas são vistos e supostos como
objetivos e neutros. quando tomados como objetos estéticos, eles são conformados por
2
3
SILBERMAN, Robert B. Maps and Art: The pleasure and power of worldviews. In: SILBERMAN, Robert Bruce.
World Views: maps and art. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999. p.27
25
várias escolhas formais, incorporando, assim, valores culturais e crenças políticas ao
f
igurarem e reconfigurarem o espaço. E isto porque a arte e a cartografia inventam e dão
ciência dos espaços, ao produzirem o mundo e seus lugares. Ou seja: interpretam e
arquitetam, à sua maneira, o espaço.
Tradicionalmente, os mapas cativam por sua concepção artística ou por suas bases
técnicas, mas o fascínio torna-se maior quando as duas coisas são levadas em conta ao
mesmo tempo, aumentando ainda mais a força com que revelam universos culturais em
constante transformação e conflito. Os mapas responderiam, assim, à necessidade de
descrever, entender e controlar o mundo.
Para Yi-Fu Tuan, a fusão arte/técnica é tornada possível pelo material. Nas suas
palavras,
“mapas desenhados na areia, apenas para responder uma questão prática,
tem muito pouco ou nenhum valor artístico. No entanto, tão logo são
desenhados em um material mais durável – barro, madeira, papiro, ou papel
o impulso artístico encontra expressão. É como se os seres humanos
fossem incapazes de inscrever linhas, ângulos, quadrados e rculos sem
serem engolfados na estética de configuração e design. Este impulso é
ainda mais poderoso quando a cor, a representação pictórica da topografia
e os traços feitos pelo homem o adicionados
25
.
Trata-se, então, para este autor, de “adicionar” arte à técnica. E não é de admirar sua
tentativa de juntar elementos que foram, historicamente, separados. Desde que essa
separação foi definida, a grande maioria dos autores tem se dedicado a estabelecer uma
“ponte” entre esses dois opostos. A tradição de pensamento ocidental tratou, primeiro, de
separar arte e técnica como dois pólos opostos. Estabelecida essa separação como
verdadeira, tratou-se, então, de tentar unir o que foi separado e definido como uma
oposição. Seja adicionando um pólo ao outro, como o faz ingenuamente Yi-Fu-Tuan, seja
pela sofisticação de um movimento dialético, como fazem os marxistas. Em todos os casos,
a tentativa tem se mostrado infrutífera, ainda que tenha produzido inúmeros efeitos nas
práticas de pensar e fazer mapas.
No cerne dessa questão encontra-se, sem dúvida, o problema da representação.
Como bem salienta Christian Jacob, a história da cartografia
“(...) não pode fazer economia de uma questão fundamental: porque
recorremos à representação gráfica do espaço? As respostas variam
2
4
TURCHI, Peter. Maps of the imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004. p.85.
25
TUAN, Yi-Fu. Maps and art: identity and utopia. In: SILBERMAN, Robert Bruce. World views: maps & art.
Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999. p.11.
26
segundo as culturas e as sociedades, mas não poderiam se reduzir
s
omente às finalidades práticas – a viagem, o ponto de referência, a gestão
territorial”
26
.
Em sua concepção, o mapa, essa imagem/representação,
“o traçado cartográfico é um gesto performático que cria o espaço mais do
que o representa. Ele elabora um novo objeto intelectual onde os
significados, os efeitos cognitivos e os usos potenciais não resultam
somente da adição das informações locais, das medidas, das marcas de
referência empíricas mobilizadas em sua gênese. As modalidades de
apropriação visual e as operações intelectuais que constroem os
significados do mapa não se reduzem a uma gramática geral da percepção
dos signos, mas se apóiam em categorias culturais, em esquemas de
aprendizado e de semantização fortemente contextualizados, em campos
de saberes e crenças sobre a materialidade e a finitude do mundo e, mais
fundamentalmente, na atitude do espírito humano de dominar e modelar
este mundo
27
.
Concluindo o seu raciocínio, Christian Jacob afirma que:
“O mapa é, deste modo, uma interface. Por um lado, um objeto simbólico
que gera um sentimento de reconhecimento e de pertencimento entre os
que dominam os códigos e, por outro lado, uma tela sobre a qual se projeta
a enciclopédia de uma sociedade, sua vio de mundo, sua memória sua
axiologia e sua própria organização
28
.
É, pois, dessas diversas enciclopédias sociais que se pretende, neste capitulo,
mostrar um panorama.
2.1 – PRÉ-HISTÓRIA, EGITO E MESOPOTÂMIA
A moderna antropologia supõe, segundo Morales, que “as idéias geométricas de
espaço e sua representação podem ter surgido na Idade da Pedra”
29
. Os povos da Pré-
História não possuíam escrita, mas registravam em suas pinturas e gravuras cenas do seu
2
6
JACOB, Christian. Quand les Cartes Réfléchissent. Espaces Temps Les Cahiers, Paris, n. 62/63, 1996. p.37.
27
JACOB, Christian. Quand les Cartes Réfléchissent. Espaces Temps Les Cahiers, Paris, n. 62/63, 1996. p.37.
28
JACOB, Christian. Quand les Cartes Réfléchissent. Espaces Temps Les Cahiers, Paris, n. 62/63, 1996. p.37.
29
MORALES, Mário Ruiz. Ensayo Historico de Cartografia Urbana. Mapping Interactivo, Madrid, n.71, jul./ago.
2001.Disponible en: <http://www.mappinginteractivo.com/plantilla-ante.asp?id_articulo=67#>. Acesso em: 10
mar. 2009.
27
cotidiano. Geralmente o tema das cenas mais representado é o da caça. Várias dessas
p
inturas mostram uma preocupação em mostrar relações de distância e profundidade. Pode-
se encontrar também cenas que tentam mostrar o tempo através de uma sucessão de
acontecimentos, e desenhos que tentam mostrar o espaço. Miller
30
e Morales
31
concordam
que o mapa de cidade mais antigo conhecido é o plano mural de Çatal-Hüyük, datado de
cerca de 6200 a.C., encontrado na província de Konya, a oeste da Turquia. Como descreve
Morales, “no muro aparece uma planta de um núcleo urbano do neolítico (provavelmente o
mesmo Çatal-Hüyük) e figura, também, por trás das vivendas, o perfil de uma montanha
com dois promontórios, um dos quais é associado por Mellaart
32
com o vulcão Hasan-Dag
em erupção”
33
. Em relação a esta última imagem, há uma discussão se a figura interpretada
por Mellaart como um vulcão não seria um leopardo. Parece ser incontroverso, contudo, que
as formas colocadas junto ao vulcão/leopardo são muito semelhantes ao traçado da cidade
neolítica de Çatal-Hüyük (fig.1), com suas casas de formas retangulares colocadas lado a
lado. Outra imagem cartográfica da pré-história, datada, segundo Morales, entre os séculos
XV e XX a.C., é a Pedra de Bedolina (fig.2) ou petroglifo, localizada em Capo di Ponte, Itália.
Hipóteses existem de que o mapa desta pedra seja a representação da paisagem
circundante.
F
ig.1- Imagem da planta de Çatal-Hüyük Fig.2- Imagem esquemática da Pedra de Bedolina
Segue-se, pela cronologia, o antigo império do Egito (2780-2380 a.C.), cujos
co
nhecimentos geométricos são visíveis de partida pelas pirâmides que construíram.
Devido às cheias do Nilo, os egípcios desenvolveram fortemente a agrimensura (fig.3), pois
a cada nova inundação eles eram obrigados a reconstituir os limites dos campos, sendo
necessário para tanto registros cadastrais, que são registros cartográficos. Foram os
3
0
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000.
31
MORALES, Mário Ruiz. Ensayo Historico de Cartografia Urbana. Mapping Interactivo, Madrid, n.71, jul./ago.
2001.Disponible en: <http://www.mappinginteractivo.com/plantilla-ante.asp?id_articulo=67#>. Acesso em: 10
mar. 2009.
32
Trata-se do arqueólogo britânico J. Mellaart, que em 1961 abriu um canteiro de escavação em Çatal-Hüyük e
em 1967 publica um livro sobre os seus achados.
28
egípcios que fizeram o que é considerado o primeiro mapa topográfico-geológico conhecido,
o
Papiro de Turin (fig.4). Este papiro mostra os caminhos de acesso a minas de ouro da
Núbia.
F
ig.3 – Mural egípcio com imagens de agrimensores Fig. 4 – Papiro de Turin
a Mesopotâmia nos legou várias tabuletas de barro, com amostras de sua
capacidade cartográfica. Eles nos deixaram não representações de cidades, como
também do território por eles conhecido e um mapa-múndi (fig.5). Uma delas, descoberta na
cidade de Nuzi (Ga-Sur) é uma representação que mostra a Babilônia junto ao rio Eufrates,
e três faixas que representam os mares que separam os países. Segundo a História da
Cartografia
34
, ela “nos a idéia que os babilônios tinham do mundo, concebido como uma
massa discoidal, cujo contorno define o mar, sob a abóbada celeste”. Indo além na
interpretação, diz-se que “o grande historiador Bagrow mostrou a semelhança desta
concepção com a visão cosmológica do esquimó”. Em relação à cartografia urbana, pode-se
ver um plano (18x21cm.) de cidade de Nippur (fig.6), de cerca de 2000 a.C. e considerado o
mais antigo dos planos desenhados em escala. Neste plano, pode-se identificar, pelo
menos, o rio Eufrates, o templo de Enlil e as muralhas da cidade.
F
ig. 5 – mapa-múndi babilônico Fig. 6 – Plano de Nippur
3
3
MORALES, Mário Ruiz. Ensayo Historico de Cartografia Urbana. Mapping Interactivo, Madrid, n.71, jul./ago.
2001.Disponible en: <http://www.mappinginteractivo.com/plantilla-ante.asp?id_articulo=67#>. Acesso em: 10
mar. 2009. p.1
34
HISTÓRIA da Cartografia. Rio de Janeiro: Codex, 1967. Sem autor, apresentação de José Aguilar. p.16.
29
2.2 – GRÉCIA
D
a Antiga Grécia não se possui evidências cartográficas diretas, mas sim grandes
avanços sobre o conhecimento geográfico da Terra e o desenvolvimento matemático
necessário para a sua representação. Os gregos, segundo Morales, deram um impulso
decisivo para o progresso da ciência ao assentar as bases para o posterior desenvolvimento
cartográfico, com concepções muito mais profundas, abstratas e racionais que todas as
precedentes”
35
. Cabe citar a evolução das idéias sobre a forma da Terra desde Anaximandro
e Hecateu de Mileto (séc. VI a.C.) até Claudio Ptolomeu (séc. II) passando por Heródoto
(séc. V a.C.), Demócrito, Platão, Aristóteles (séc. IV a.C.), Dicearco (séc. III a.C.),
Erastóstenes (séc. III a.C.) e Estrabão (séc. I a.C.). Deve-se aos gregos a afirmação de que
a Terra é redonda. No livro História da Cartografia Homero (séc. VIII e IX a.C.) também é
citado, levando-se em conta que o poeta da Ilíada e da Odisséia não apenas mencionava
em seus poemas os diferentes lugares onde a ação transcorria como também descrevia sua
concepção do que seria a forma da Terra.
A tradição grega, conforme Jacob (1996), atribuía a Anaximandro de Mileto (fig.7),
discípulo de Tales de Mileto, o primeiro mapa da terra habitada. Fala-se aqui da tradição
grega, pois, ”de sua obra, nós possuímos fragmentos, vestígios esparsos de um tratado
Sobre a Natureza, recortados, reescritos e interpretados pelos estratos da tradição
doxográfica antiga: a partir da escola de Aristóteles, com efeito, filósofos e físicos fazem do
reexame da tradição um dos instrumentos de sua própria reflexão”
36
. Para Jacob, o
pensamento de Anaximandro é analógico e metafórico, pois, ao definir como seria a Terra,
ele a descreve como um volume cilíndrico semelhante a um pedaço de coluna, onde a altura
é igual a um terço de sua largura. O importante é que com essa descrição ele tornou a Terra
um objeto mensurável. O mapa de Anaximandro “salienta as mesmas operações mentais
que a figura e a metáfora. Não se trata mais de uma imagem mental ou discursiva, mas de
uma projeção gráfica sobre uma tabuleta. O mapa se inscreve em um processo global de
modelização do cosmos, (...)”
37
.
Em relação a mapas de cidades, Miller afirma que “evidência de planejamento
ortogonal é encontrada nas cidades gregas da Ásia Menor, onde um padrão de grelha
3
5
MORALES, Mário Ruiz. Ensayo Historico de Cartografia Urbana. Mapping Interactivo, Madrid, n.71, jul./ago.
2001.Disponible en: <http://www.mappinginteractivo.com/plantilla-ante.asp?id_articulo=67#>. Acesso em: 10
mar. 2009.
36
JACOB, Christian. Quand les Cartes Réfléchissent. Espaces Temps Les Cahiers, Paris, n. 62/63, 1996. p.38.
37
JACOB, Christian. Quand les Cartes Réfléchissent. Espaces Temps Les Cahiers, Paris, n. 62/63, 1996. p.41
30
(grade) é usado como meio de levantamento topográfico um método seguidamente
a
tribuído a Hippodamus de Mileto, em 479 a.C.”
38
.
Hecateu teria incluído “em seu tratado Périplos, de acordo com testemunho de
Heródoto, um mapa que é o segundo dos conhecidos no mundo heleno”
39
.
Fig. 7 – Reconstituição do modelo de
H
omero e do de Anaximandro
Fig. 8 – Reconstituição do mapa de Dicearco
Heródoto e Estrabão, historiadores em suas respectivas épocas, nos deram as
notícias desses primeiros mapas. Dicearco (fig.8)
“foi autor de uma célebre carta e criador de um sistema simplificado de
coordenadas geográficas mediante o traçado de uma linha diretriz,
eqüidistante do sul e do norte, divisória da superfície da Terra em uma parte
setentrional e outra meridional, aproximadamente iguais. Esta linha, à qual
Dicearco chamou ‘diafragma’ e que se alongava de Oriente a Ocidente,
passava por Cádiz, Sicília, o Peloponeso e a ilha de Rodes; e a outra
perpendicular, de Norte a Sul, cruzava a Terra à altura desta última. Ambas
estavam divididas em ‘estádios’, e a dimensão da circunferência total
terrestre é calculada em 300.000”
40
.
Erastóstenes (fig.9) mediu a longitude da Terra com notável precisão e foi ele quem
desenvolveu o sistema de paralelos e meridianos como referência para a medida de pontos
sobre a superfície terrestre.
3
8
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 9.
39
HISTÓRIA da Cartografia. Rio de Janeiro: Codex, 1967. Sem autor, apresentação de José Aguilar. p.24.
40
HISTÓRIA da Cartografia. Rio de Janeiro: Codex, 1967. Sem autor, apresentação de José Aguilar. p.24.
31
Fig. 9 – Reconstituição do mapa de Erastóstenes
F
ig. 10 – Reconstituição de mapa de Ptolomeu,
de manuscrito
Claudio Ptolomeu foi um pensador grego reconhecido pelos seus trabalhos em
astrologia, astronomia e cartografia (onde ficou conhecido por ser um dos primeiros
cartógrafos, se não o primeiro, a usar escala em mapas). Em sua obra Planisphaerium ele
estava preocupado com a projeção estereográfica da esfera da Terra em um plano. Seu
maior trabalho Geografhia, em oito livros, tenta mapear o mundo conhecido dando
coordenadas a mais de 8000 lugares e contribuindo com o sistema de latitude e longitude.
Nesta obra, ele apresenta sua maneira de resolver a representação da terra em um plano.
Os mapas de Ptolomeu (fig.10) eram geralmente fiéis à visão de mundo do grande geógrafo,
perpetuando tanto seus acertos quanto seus erros. Seu engano mais significativo foi o
cálculo errado do comprimento de um grau de longitude, o que tornou a Eurásia mais
extensa. Considerado o pai da Cartografia, mapas seus são feitos baseado em seu livro.
Viveu em Alexandria e dirigiu a famosa biblioteca de 150 a 127 a.C.
2.3 – ROMA
Dos Romanos, alguma cartografia é conservada. De caráter eminentemente
pragmático, eles abandonaram o pensamento grego e não se preocuparam com a questão
da representação da Terra por projeções mais adequadas. “Eles trasladaram as terras ao
plano, tal como a descobriram em sua falsa óptica, arriscando mesmo a situar os povos em
lugares errados, embora assinalando com exatidão as distâncias entre eles”
41
. rios de
seus mapas eram o que se convenciona chamar ‘Itinerários’. os numéricos, que eram
4
1
HISTÓRIA da Cartografia. Rio de Janeiro: Codex, 1967. Sem autor, apresentação de José Aguilar. p.37.
32
listas de lugares com as distâncias entre eles, e os g
ráficos. O mais famoso é o itinerário
chamado Tabula Peutingeriana (fig.11), que é atribuído a Cartorius que o teria construído no
séc. IV e da qual nos chegou uma cópia feita no séc. XII ou XIII. De origem militar, temos os
chamados ‘Notitia dignitatum’ (fig.12), que representavam planos de encraves urbanos.
F
ig. 11 – Imagem da Tabula Peutingeriana Fig. 12 – – Imagem da Notitia dignitatum
No que concerne às cidades,
“s
ob o comando romano, o mapeamento foi designado aos topógrafos da
terra (agrimensores), que dividiam a terra por meio de centuriações
(baseado em um sistema de quarteirões; em cidades, estes quarteirões
eram chamados insulae, ou quadras), uma forma estabelecida através do
império, como indicado em tratados Latinos antigos
42
.
Uma das plantas de cidade desta época que apresenta este traçado é a famosa
Forma Urbis Romae (fig.13), uma planta de Roma da qual se conhecem fragmentos, que
mostram edificações importantes:
“Embora desenhado em escala, algumas inconsistências aparecem,
algumas devidas a características particulares tais como arcos de
aquedutos, que são mostrados em elevação mais do que em plano. Assim,
os romanos juntaram-se á tradição pictórica do fazer mapas para fazer
mapas de levantamento topográfico desenhados em escala. Como outros
projetos de edifícios monumentais e de reformas institucionais, este mapa
em grande escala, e outros anteriores gravados sob Augustus e
Vespasiano, tinha a intenção de comunicar de outra forma a grandeza e a
glória do Império Romano”
43
.
4
2
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 9
43
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 9.
33
F
ig. 13 – Forma Urbis Romae (fragmento)
Fig. 14 – Reconstituição do mapa de
Agrippa
Julio César teria encarregado à feitura de um mapa do Império, que foi iniciado pelo
General Agrippa (fig.14). O mapa foi colocado em um rtico que se ergueu em sua honra
por iniciativa de sua irmã Vipsania Polla, que o completou após a morte do general.
2.4 – CHINA
De acordo com Thrower, os mapas chineses estão entre os mais antigos
O primeiro levantamento topogfico da China (Yü Kung) é contemporâneo
com o primeiro relatório de atividade cartográfica grega, a de Anaximandro
(VI séc. B.C.). (...)Nosculos seguintes, há notáveis paralelos entre a
literatura geográfica chinesa e aquela da Grécia e do Oeste latino,
(especialmente escritores Romanos tardios). (...) Os mapas foram
largamente utilizados na dinastia Han (207 B.C. 220 A.C.) por
governantes, militares e eruditos. Aparentemente o grid retangular (um
sistema de coordenadas de quadrados iguais), que é sico para grande
parte da cartografia cientifica na China, foi formalmente introduzido pelo
astrônomo Chan Heng, um contemporâneo de Ptolomeu
44
.
4
4
THROWER, Norman J.W. Maps & Civilization: cartography in culture and Society. 2. ed. Chicago: The
University of Chicago Press, 1999. p. 27-28.
34
Para ele, foi “durante a dinastia Chin (265-420) que se estabelecerão as bases para
a
cartografia oficial chinesa. Com a expansão posterior do território chinês, fizeram-se
mapas em diferentes escalas”
45
.
Steinhardt relata que o mais antigo plano de cidade chinesa “sobrevive numa placa
de bronze incrustada com ouro e prata descoberta na década de 1970 numa tumba de um
Rei Zhongshan chamado Cud no moderno Condado de Pingshan, Hebei”
46
(fig.15). Pela
forma como foi descoberto, estima-se que o mapa tenha sido feito na “segunda ultima
década do séc. 400 BC.”
47
.
F
ig. 15 – Desenho do mapa com inscrição em chinês moderno.
De acordo com Thrower os trabalhos cartográficos chineses, ao longo do tempo,
podem ser
Exemplificados por um mapa da China datado do ano 1137 (fig. 16). O
mapa em questão tem uma malha retangular com uma escala de mil li
(cerca de 36 milhas) para cada quadrado. (...) O mapa foi esculpido em
pedra. (...) Outro marco da cartografia chinesa, aproximadamente do
mesmo período é o primeiro mapa impresso (fig.17) conhecido feito cerca
de 1155, que é predecessor do primeiro da Europa em três séculos. (...) O
ponto culminante da cartografia chinesa nativa se deve a Chu Ssu-Pen
(1273-1337) e seus sucessores, cuja tradição cartográfica se estendeu até
o séc. XIX. Os cartógrafos no tempo de Chu Ssu-Pen conheciam os
4
5
THROWER, Norman J.W. Maps & Civilization: cartography in culture and Society. 2. ed. Chicago: The
University of Chicago Press, 1999. p. 30-33.
46
STEINHARDT, Nancy Shatzman. Mapping the Cinese City: The Image and the Reality. In: BUISSERET, David
(Ed.). Envisioning the City: six studies in urban Cartography. Chicago: The University of Chicago Press, 1998.
p.11.
47
STEINHARDT, Nancy Shatzman. Mapping the Cinese City: The Image and the Reality. In: BUISSERET, David
(Ed.). Envisioning the City: six studies in urban Cartography. Chicago: The University of Chicago Press, 1998.
p.11.
35
princípios de geometria e possuíam instrumentos que facilitavam suas
a
tividades cartográficas
48
.
A partir do séc. XVI, com a chegada dos jesuítas à Ásia, “os registros cartográficos
da região estiveram à disposição dos europeus e foram incorporados em seus mapas
regionais e mundiais”
49
.
F
ig. 16 – Mapa China 1137 Fig. 17 – Mapa impresso chinês de 1155
2.5 – A IDADE MÉDIA
Na Europa e no mundo islâmico, durante o período correspondente à Idade Média no
mundo ocidental, o conhecimento geográfico
50
continuou se desenvolvendo, assim como a
técnica cartográfica. Do legado bizantino, cabe citar o mosaico de Madaba (cerca de 565),
que contém planos de cidades, sendo um deles a cidade de Jerusalém (fig. 18). O mundo
islâmico foi afetado pela tradução para o árabe da obra de Ptolomeu, sendo o nome de Al
Idrisi, autor da Tabula Rogeriana do século XII, bastante conhecido.
4
8
THROWER, Norman J.W. Maps & Civilization: cartography in culture and Society. 2. ed. Chicago: The
University of Chicago Press, 1999. p. 30-33.
49
THROWER, Norman J.W. Maps & Civilization: cartography in culture and Society. 2. ed. Chicago: The
University of Chicago Press, 1999. p. 38.
50
Sendo que, para rios autores, entre eles Morales (2006), na Europa teria havido um atraso, já que inclusive
a esfericidade da Terra foi considerada herética, por não se adequar aos ensinamentos da Bíblia.
36
F
ig. 18 – Jerusalém no mosaico de Madaba.
A visão cosmológica medieval é vinculada a uma visão cristã do Universo, regida
pela Bíblia, e que em função da vida de Cristo, concebe Jerusalém como o centro da Terra.
Desta época são originários os mapas do tipo T-O. O primeiro destes mapas (T e O) se
atribui a Isidoro de Sevilla (fig.19) no século VII, do qual não se conhece o original, mas sim
cópias posteriores. Nestes mapas (fig.20) o O é a circunferência que envolve todo o mapa e
representa a Terra cercada pelo mar. O T representava os três rios que saíam do paraíso
terreno e dividia, por sua vez, a terra nos três continentes conhecidos: Europa, Ásia e África.
Grande parte desses mapas tinha como centro a cidade de Jerusalém. Sua expressão
máxima são os mapas-múndi de Ebstorf e Hereford, ambos do final do séc. XIII.
F
ig. 19 – Mapa T-O de Isidoro de Sevilla Fig. 20 – Cosmologia T-O – Mapa de Metz
O mapa de Hereford (fig.21) está na Catedral de Hereford, na Inglaterra. Produzido
entre 1290 e 1300, é o mapa medieval inglês mais velho a ter sobrevivido e o maior, mais
detalhado e mais perfeito mapa medieval preservado no mundo. Nele, Jerusalém es
localizada no centro do mapa (imagem de Jesus), o leste está no topo e o norte à esquerda.
Suas legendas contam não só os nomes de cidades, rios, montanhas e ilhas, mas também
contém dados cosmológicos, zoológicos, históricos, teológicos e etnográficos.
37
Existiram também mapas de itinerários, como o de Matthew Paris (fig.22), de cerca
d
e 1252, um mapa itinerário de Londres a Jerusalém. Neste mapa há uma representação de
Londres (fig. 23) que, de acordo com uma tradição pictórica anterior, é desenhada como
uma cidade murada, mas distinguida por alguns marcos como a catedral de St. Paul e a
Tower Bridge. Essa questão da distinção através dos marcos é importante ser mencionada,
pois, em representações anteriores, as cidades eram mostradas de forma indistinta: eram
representadas com as muralhas, o castelo e a Igreja, mas o mesmo desenho era repetido
para diferentes cidades.
F
ig. 21 – Mapa de Hereford Fig. 22 – Itinerário de Matthew Paris
F
ig. 23 – Londres no Itinerário de Matthew Paris
Um importante desenvolvimento desta época foram os mapas portolanos,
promovidos pelos avanços técnicos da navegação marítima, seu objetivo era guiar os
navegadores de porto a porto. Pelo século XIV, os exploradores careciam de orientação
para se deslocarem num mundo pouco conhecido e cada vez mais disputado. Por isso, as
cartas marítimas – portulanos – passaram a ter um caráter prático, pois seu objetivo
principal era servir à navegação. As principais escolas foram à italiana e a espanhola (catalã
38
e de Maiorca). Dessa forma, eram desenhados com muitas linhas de rumo e poucas
r
epresentações geográficas - basicamente o litoral e os pontos do interior que poderiam ser
vistos do mar, e servir como referência aos navegantes que raramente perdiam a costa de
vista. As cartas portulanos não possuíam coordenadas geográficas, mas retas direcionais
(linhas de rumo) que partiam de uma rosa dos ventos principal e se entrecruzavam com
linhas de outras rosas dispostas ao redor daquela. Este traçado permitia calcular os pontos
de diferentes rotas com o auxílio da bússola, uma novidade tecnológica da época. Nos
portulanos, freqüentemente o Norte aparece à direita e o Oeste na parte superior. Mesmo
não possuindo marcações de latitude e longitude, os portulanos eram eficientes cartas de
navegação. Sua atualização era contínua, a partir de informações obtidas dos diários de
bordo e pela determinação de distâncias e posições através da leitura da bússola. Naquela
época, cada navio levava um cartógrafo para atualização e aperfeiçoamento dos portulanos
com a feitura do traçado dos novos lugares descobertos, e para orientação pessoal do
capitão. Dois exemplos interessantes (fig.24 e 25) são a Carta Pisana (c. 1290) e o Atlas
Catalão (1375), este último feito por Cresques Abraham. Os árabes também fizeram mapas
Portulanos. No império Otomano, o capitão Piri Reis (1470-1554) foi um cartógrafo que fez
mapas portulanos. Em alguns mapas Portulanos podem-se ver representações de cidades,
principalmente de cidades costeiras (fig.26 e 27).
F
ig. 24 – Carta Pisana Fig. 25 – Atlas Catalão
Fig. 26 – Damasco no portulano de Petrus Roselli (1462)
F
ig. 27 – Veneza no Mapa de Cantino
(1502)
39
Entre cartógrafos e artistas se estabeleceram, ao longo da história da cartografia,
u
ma série de relações. No começo, eram artistas que também trabalhavam com a
cartografia. Os primeiros desses artistas/cartógrafos, segundo Buisseret, foram os irmãos
Limbourgs e os irmãos Van Eick. Supõe-se que os irmãos Limbourgs (Paul, Hermann e
Jean) nasceram entre 1370 e 1380 e teriam morrido por volta de 1416. Teriam vindo de
Nimwegen (hoje Flandres), mas são geralmente referidos como alemães. O que os distingue
é o fato de terem trabalhado para Jean, Duc de Berry (1340-1416), e feito sob sua
encomenda o livro Trés Riches Heures. Este manuscrito é um clássico exemplo do Livro das
Horas medieval, uma coleção de textos litúrgicos para cada hora do dia. Sua estrutura
continha um calendário de estações e, em cada mês, um castelo foi retratado contra um
fundo de atividade rural. Mas o que impressiona é a fidelidade com que os edifícios são
retratados. Como afirma Buisseret, “cada castelo nas ries é representado com tal
fidelidade que parece como se os Limbourgs estivessem tentando nos oferecer guias
topográficos destes grandes edifícios”
51
. Nessas figuras, podemos reconhecer entre outros o
Palais de la Cité – Paris (junho), o Castelo de Saumur (fig.28) que ilustra o mês de
setembro, o Louvre (fig.29)– residência real em Paris (outubro) e o Castelo de Vincennes
(dezembro).
F
ig. 28 – Limbourgs – setembro Fig. 29 – Limbourgs – outubro
Vários exemplos da obra dos irmãos Limbourgs ilustram bem esse estilo inovador e
suas ligações com a cartografia. Na parte do Livro de Horas que trata do Ciclo de Ofícios e
5
1
BUISSERET, David. The Mapmaker´s Quest: depicting New Worlds in Renaissance Europe. Oxford: Oxford
University Press, 2003. p. 30.
40
de Santos, São Miguel é retratado em sua luta com o dragão, no alto da Abadia do Mont
S
aint Michel (fig.30), também meticulosamente retratado. Um exemplo importante é o Plano
de Roma (fig.35) – folio 141 v do Livro de Horas –, que não seria uma imagem muito comum
neste tipo de livro. Segundo Buisseret, o Duc de Berry possuía vários mappae mundi, nos
quais os irmãos talvez tenham se inspirado neste Plano de Roma, os principais
monumentos da cidade podem ser identificados, tendo sido dispostos segundo sua
distribuição geográfica.
Ainda conforme Buisseret,
“o trabalho dos Limbourgs mantém uma relação próxima com o dos irmãos
Van Eick. (...). Jan Van Eick (1390 1441) era tamm um mestre do
‘realismo’ topográfico, produzindo pinturas (fig.31) cujos detalhes parecem
nos levar direto ao mundo dos Países Baixos do início do século quinze.
(...). Mais notavelmente ainda, ele teria ‘pintado’ um globo terrestre, que o
seu quase contemporâneo, o historiador Bartolomeo Facio, descreve como
‘o mais perfeito trabalho do nosso tempo, no qual se pode distinguir o
apenas os lugares e os continentes, mas tamm as distâncias que os
separam’. Se realmente o globo era trabalho de Van Eick, é uma
demonstração a mais da forma como um pintor reconhecido estava
simultaneamente ‘vendo’ o mundo em termos cartográficos”.
52
Fig. 30 – Limbourgs– Mont Saint Michel F
ig. 31 – Van Eick – A virgem do Chanceler Rolin
Pode-se dizer, portanto, que quase não havia distinção entre o fazer artístico e o
fazer cartográfico desses artistas, na medida mesma em que se capta, nesses
5
2
BUISSERET, David. The Mapmaker´s Quest: depicting New Worlds in Renaissance Europe. Oxford: Oxford
University Press, 2003.p. 31-32.
41
artistas/cartógrafos, uma mudança na maneira de desenhar e apreender o espaço de uma
f
orma prática, experimental.
Também se conservam desta época vistas e plantas de cidades. Segundo Miller
53
:
“Durante a Idade Média, encontramos um legado considerável de mapas de
cidade como vinhetas em manuscritos, mapas das Terras Sagradas no
tempo das cruzadas e mapas de cidades italianas tanto celebrativos como
territoriais, ligados ao revivescimento da vida urbana Romana nas
comunidades do medieval tardio. Outros mapas eram de forma laudatória,
tais como a vista do culo nono de Verona, que pode estar ligada ao
poema métrico ‘Versus de Verona’, um panegírico à cidade. Homenagens
(encômia) em elogio a cidades italianas, datadas do século XII, equiparam-
se a mapas de cidades contemporâneos. Exemplos incluem mapas de
Milão em manuscritos, um afresco na parede de uma capela em Santo
Antônio de Pádua, e um mapa ilustrando uma louvação popular cívica como
a Mirabilia Urbis Romae, 1143”.
É de se destacar que, nesta época, a cartografia estava quase que restrita aos
detentores de poder, aos homens cultos e aos navegantes. Uma das razões para isso é a
inexistência da impressão, o que tornava difícil a divulgação de livros e mapas devido à
haver poucas cópias feitas, principalmente, pelos monges copistas.
Em suma, a tradição historiográfica da cartografia, da pré-história ao final da Idade
Média, é bastante descritiva, como acabamos de ver. Mas é possível ver, nessa descrição,
elementos daquela enciclopédia social de que fala Christian Jacob. Assim, as pinturas pré-
históricas definem uma enciclopédia da construção do imaginário de um determinado lugar,
ao constituírem um território de idealidades e valores coletivos. Já o conhecimento
matemático do antigo Egito definiu uma enciclopédia agrimensora, com vistas a controlar e
tirar proveito das enchentes do Nilo. Por sua vez, os gregos antigos criaram uma
enciclopédia de conceitos abstratos para o conhecimento geográfico da Terra, inventando-a
como um objeto mensurável. A partir daí, definiram, matematicamente, a longitude e a
latitude da terra, o sistema de paralelos e meridianos e usaram escalas para mapear o
mundo, criando todo um processo de modelização do cosmos. Os romanos, com interesses
de conquista e dominação militares, desprezaram, nesse quesito, as invenções gregas,
constituindo uma enciclopédia pragmática feita por “itinerários” numéricos e gráficos do
plano, com efeitos nas plantas das cidades, divididas em quarteirões ou quadras. A
enciclopédia chinesa, por seu lado, é definida pelos conhecimentos de geometria
(quadrícula retangular) e pela astronomia. Mas é, sobretudo o domínio dos materiais que vai
5
3
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 9.
42
definir sua cartografia: o mapa em pedra de 1137 e o mapa impresso de 1155, três séculos
a
ntes do primeiro mapa impresso europeu.
O predomínio do Cristianismo na Idade Média forja uma enciclopédia que tem como
centro Jerusalém, fazendo com que, nos primeiros mapas dessa época, todos os caminhos
se definissem em relação a essa cidade santa. Nos últimos séculos da Idade Média, a
produção de mapas se diversifica, atendendo a interesses diversos, correspondendo à
fragmentação existente entre burgos e entre feudos. As plantas das cidades começam a dar
relevância a seus castelos e monumentos, para mostrar sua grandiosidade e poder, num
‘realismo’ topográfico ao qual não escapam grandes pintores da época, como Van Eick. As
cartas marítimas os portulanos --, de caráter eminentemente prático, mostram-se abertas
a atualizações e acréscimos, constituindo-se em registro (prova) de ‘descobertas’ de lugares
e de conquista de novos territórios.
2.6 – O RENASCIMENTO
Vários fatores devem ser levados em consideração para explicar o desenvolvimento
cartográfico que aconteceu na Renascença. Dentre eles, podemos destacar: 1) a
transmissão e a tradução da Geographia de Ptolomeu; 2) a aparição da imprensa na
Europa, que permitiu a difusão dos livros e posteriormente dos mapas; 3) as viagens
ultramarinas levadas a cabo pelos europeus; e 4) o relaxamento dos laços que atavam o
pensamento científico ao pensamento religioso.
A obra de Ptolomeu chegou à Itália com a queda de Constantinopla, de onde vieram
também outros manuscritos e documentos científicos. Os mapas e as idéias geográficas de
Ptolomeu foram, então, redescobertos.
Tanto Lucia Nuti quanto Naomi Miller ressaltam que “uma das primeiras coleções
conhecidas de mapas de cidades apareceram em três manuscritos da Geografia de
Ptolomeu. Produzido em Florença, na segunda metade do séc. XV estes mapas de cidades
foram anexados ao mapa do mundo e aos mapas regionais”
54
. Como aponta Miler “todos
esses três manuscritos são baseados na tradução de Jacopo d’Angelo da Geografia do
5
4
MILLER, Naomi. Mapping the City: Ptolemy’s Geography in the Renaissance. In: BUISSERET, David (Ed.).
Envisioning the City: six studies in Urban Cartography. Chicago: The University of Chicago Press, 1998. p.34.
43
grego para o latim, completada em 1406. Além disso, compartilham o mesmo escriba, o
co
pista francês Ugo Comelli da Meziéres e o mesmo artista, Pietro del Massaio”
55
.
Segundo Nuti os três manuscritos o conhecidos por o Vaticanus, o Urbinas e o
Parisinus. Os dois primeiros estão guardados na Biblioteca Apostólica Vaticana e o
Parisinus está na Biblioteca Nacional Francesa. Nesses manuscritos “os pintores haviam
inserido representações de cidades significativas para o mundo mediterrâneo, seja na época
antiga quanto na medieval: Milão (fig.32), Florença, Roma, Veneza, Constantinopla,
Damasco, Jerusalém (fig.33), Alexandria e Cairo”
56
. Estas nove cidades estavam nos três
manuscritos, no Parisinus foi acrescentada a cidade de Adrianópolis. no Urbinas também
com dez cidades em vez de Adrianópolis foi adicionada Volterra. Para Nuti “havia nascido
um modo ainda não autônomo, mas apenas como apêndice a uma coleção de cartas
geográficas, o primeiro embrião, o primeiro esboço incerto de Atlas de cidades, isto é, uma
seqüência de representações validas por si só, independente de um texto escrito”
57
.
F
ig. 32 – Milão, Parisinus Fig. 33 – Jerusalém, Parisinus
Com o advento da impressão em Ulm, de 1482-86, um primeiro mapa Ptolomaico foi
impresso (fig.34). Nesta edição, destaca-se o mapa do mundo, onde se observa uma
vontade de utilizar uma projeção cartográfica adequada e uma grande melhoria nos detalhes
geográficos.
5
5
MILLER, Naomi. Mapping the City: Ptolemy’s Geography in the Renaissance. In: BUISSERET, David (Ed.).
Envisioning the City: six studies in Urban Cartography. Chicago: The University of Chicago Press, 1998. p.34.
56
NUTI, Lucia. Ritratti di Città: Visione e memoria tra medievo e Settecento. Veneza: Marsilio, 1956. p.22.
57
NUTI, Lucia. Ritratti di Città: Visione e memoria tra medievo e Settecento. Veneza: Marsilio, 1956. p.23.
44
F
ig. 34 – Mapa do Mundo de Ptolomeu, versão impressa em Ulm em 1482-86
É importante salientar que, nesta época, os cartógrafos continuaram a produzir
mapas utilizando as técnicas medievais, nomeadamente os mapas portulanos, convivendo
com a projeção de Ptolomeu e, mais tarde, com a projeção de Mercator.
Apesar disso e de acordo com Miller
58
,
“Poucos trabalhos tiveram tanto impacto na arquitetura e no planejamento
urbano da Renascença como os Ten Books on Architecture de Vitruvius,
redescobertos no início do século quinze. Escritos na era de Augusto, é o
único tratado de arquitetura sobrevivente que registra as práticas
construtivas dos antigos. No Livro I, Vitruvius discute o plano da cidade, o
seu sítio e seu layout com muralhas circulares fechadas e torres,
desenhadas estritamente para propósitos defensivos. Para os arquitetos da
Renascença, a sua forma geométrica refletia o ideal Platônico da harmonia
e da perfeição cósmica. Mas de longe o maior ímpeto na troca de mapas
deu-se com a invenção da imprensa, que permitiu uma distribuição
estendida de trabalhos até então raros”.
Buisseret mostra os avanços dessa cartografia e sua relação com os artistas em
diversos pontos da Europa. Para este autor, a questão da emergência da produção dos
mapas é relacionada com o que os historiadores da arte há muito tempo apontam:
“(...) houve uma grande mudança estistica na arte ocidental Européia entre
1400 e 1500. Quer a chamem de ‘advento do novo realismo’ ou ‘a chegada
da Renascença’, ou mesmo ‘a idade das descobertas’, todos concordam
que um grande vento de mudança soprou ao longo do século quinze. O que
5
8
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 10.
45
não foi tão bem compreendido é que este novo modo de ‘ver’ o mundo
a
plicava-se também à produção de mapas, onde novos estilos surgiram,
desenvolvidos por pintores muito tempo reconhecidos como inovadores.
Era como se a pintura e o mapeamento fossem simplesmente meios
diferentes de representar artisticamente a mesma realidade, de um novo
ponto de vista”
59
.
Reforçando essas idéias, Silberman, por sua vez, afirma que: uma história da arte
poderia ser escrita, ao se traçar a história da pintura em relação com a história dos mapas.
No Ocidente, a história da arte da renascença até a ascensão do modernismo parece
realmente correr paralela à história da cartografia
60
.
O florentino Leon Battista Alberti (1404 1472) que, além de arquiteto, foi pintor,
escultor, autor, poeta, dramaturgo, matemático e filósofo, foi o autor da primeira análise
cientifica da perspectiva, no tratado De Pictura, que marcou uma etapa decisiva na história
da arte renascentista ao passar da prática experimental à teorização dos princípios da
perspectiva. “A invenção da perspectiva por Brunelleschi, no início do século XV, e sua
exposição por Alberti possibilitaram este grande salto para uma cartografia mais
rigorosamente metodológica, uma cartografia preocupada com relações de proporção, isto
é, com desenhos mensuráveis”
61
. Em sua obra Descriptio Urbis Romae, Alberti fez o
primeiro levantamento da cidade de Roma (fig.36) e seus monumentos, e propôs uma
solução matematicamente baseada para delinear a cidade.
F
ig. 35 – Plano de Roma - Limbourgs Fig. 36 – Plano de Roma segundo Alberti
5
9
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 29.
60
SILBERMAN, Robert Bruce. Maps and art: the pleasures and power of worldviews. In: SILBERMAN, Robert
Bruce. World views: Maps & art. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999. p.35.
61
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 10.
46
“O próprio mapa de Alberti não sobreviveu, mas foi feita uma reconstrução,
n
o século XIX, com base nas suas notas, que deram um resultado
altamente acurado (Fig.36). Em cartografia, como tamm na pintura,
Alberti descreveu, com efeito, técnicas que iriam servir a muitos fazedores
de mapas e artistas nos séculos que se seguiram”
62
.
Leonardo da Vinci (1452 1519), assim como Alberti, dedicou-se também à cartografia,
delineando grandes áreas de território “tanto planimetricamente quanto em termos de vista
de olho de pássaro”. No entanto, seu estudo para a renovação de Milão (fig.37), de 1508, é
pouco conhecido.
“O sketch grosseiramente circular, em cima, mostra três quartos do
perímetro da cidade, e a rápida vista de olho de pássaro, em baixo,
posiciona os principais edifícios, incluindo o castelo e o leprosário (hospital
para doenças contagiosas). Leonardo usou claramente ambos os ângulos
ao formular sua imagem da cidade e a mudança a ser feita. Produziu,
também, uma vista puramente planimétrica (rigorosamente vertical) de
Imola, em 1502, num celebrado grande esforço para o seu tempo. Muitas
décadas seriam necessárias antes que muitos planejadores de cidades
pudessem segui-lo, a fim de mostrar, por exemplo, todas as feições de uma
cidade desta maneira”
63
.
A importância do Plano de Imola (fig.38) na história da cartografia suscitou uma série
de comentários, entre eles o de Miller:
“Um mapa militar estritamente desenhado em escala, o Plano de Imola é o
primeiro de tais mapas desde a era Romana, muito embora admita também
convenções medievais, tais como a direção dos ventos. Colocado no
interior de um círculo, com uma circunferência marcada por 64 graus, o
mapa de Leonardo presta homenagem aos princípios cosmológicos de uma
antiga era, ao mesmo tempo em que efetua uma revolução no
mapeamento. Neste plano iconográfico, Imola é representada como se vista
de um número infinito de pontos de vista”
64
.
6
2
SILBERMAN. Robert Bruce. Maps and art: the pleasures and power of worldviews. In: SILBERMAN, Robert
Bruce. World views: Maps & art. Minneapolis:University of Minnesota Press, 1999. p.34.
63
BUISSERET, David. The Mapmaker´s Quest: depicting New Worlds in Renaissance Europe. Oxford: Oxford
University Press, 2003. p. 35-36.
64
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 10.
47
F
ig. 37 – Milão, Leonardo da Vinci Fig. 38– Imola, Leonardo da Vinci
Outros artistas também estiveram ligados tanto à pintura quanto à cartografia:
Raphael Sanzio (1483 - 1520) plano idealizado de Roma a pedido do Papa Leão X;
Michelangelo Buonarroti (1475 -1564) planos para a fortificação de Florença; Albrecht
Dürer (1471 - 1528) desenho de um mapa-mundo e de duas esferas celestiais; Augustin
Hirschvogel (1503 - 53) grande plano de Viena; Pierre Pourbus (1524 - 84) grande carta
de Bruges; Cornelis Anthonisz (1499 – 1556) – Plano de Amsterdan (fig.39).
Os vários planos de cidades italianas do século XV, entre elas Florença, Nápoles,
Roma e Gênova, mostram uma crescente consciência das relações de escala. Mas um
mapa que supera em muito as representações cartográficas da época: trata-se do mapa de
Veneza de Jacopo de Barbari (fig.40), de 1500. Suas dimensões (4 x 9 pés), em seis blocos
de xilogravura, mostram uma
“cidade recriada como uma obra de arte, num tributo à sua prosperidade e
poder. (...) O plano de Veneza (o delineamento das ruas e dos edifícios
desenhados em contorno, como uma planta baixa) foi desenhado apenas
dois anos antes do iconográfico mapa de Imola de Leonardo da Vinci, de
1502. Em ambos, vários croquis de diferentes pontos de vista foram
traçados, numa estrutura de perspectiva que pode ter sido calculada a partir
de plantas baixas da cidade similares àquelas usadas pelas autoridades de
Veneza para a manutenção de ruas e canais”
65
.
Schulz em seu trabalho sobre o mapa de Jacopo de Barbari afirma que “a xilografia
de Veneza foi sempre considerada pelos críticos em primeiro lugar pelas suas qualidades
48
estéticas, pela grandiosidade da composição, pela segurança da projeção perspectivada
q
ue mostra a cidade tomada de um ponto de vista não alcançado pelos contemporâneos de
Jacopo – e a abundância de detalhes verossímeis
66
.
F
ig. 39 – Amsterdã de Cornelis Anthonisz Fig. 40 – Detalhe de Veneza de Jacopo de Barbari (1500)
Por outro lado, as explorações de novas rotas pelos portugueses e o descobrimento
da América estimularam a produção cartográfica e seu desenvolvimento. O mais antigo
globo terrestre data de 1492 e foi executado pelo alemão Martín Behaim, de Nuremberg,
que mostra o mundo um pouco antes da ‘descoberta’ de Colombo. Neste globo, aparece
o Cabo da Boa Esperança, ‘dobrado’ por Bartolomeu Dias em 1487, possibilitando o
surgimento de um novo caminho marítimo para as Índias, definido por Vasco da Gama em
1498.
Cabe destacar as grandes inovações cartográficas de um flamengo chamado
Gerhard Kremer (1512-1594), conhecido como Mercator. A principal delas foi dada a
conhecer em 1569, com a publicação de um grande mapa do mundo desenhado com a
projeção cartográfica que leva seu nome. Este mapa (fig.41), denominado Nova et aucta
orbis Terrae descriptio ad usam navigantium emendate accomodata, ajudou a resolver, em
grande parte, os problemas da representação da terra conjugados com os da navegação.
6
5
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 10.
66
SCHULZ, Juergen. La grande veduta “a volo d’ucello” di Jacopo de Barbari. In: ROMANELLI, Giandomenico et
al. A volo d’ucello: Jacopo de Barbari e le rappresentazioni di città nell’Europa del Rinascimento. Veneza:
Arsenale, 1999. p.60.
49
F
ig. 41 – Mapa de Mercator de 1569
2.6.1 – A questão das projeções
Na Renascença, tornou-se necessário que as informações arranjadas e mostradas
na superfície dos mapas, ao descreverem o mundo conhecido, fossem ‘corretas’, que
“navegar é preciso
67
. Esta preocupação se intensificou na Renascença quando Galileu
afirmou que a Terra era redonda (e se movia). Uma vez
“reconhecido o mundo como uma esfera, havia o problema adicional de
como representar um objeto esférico sobre uma superfície plana -- o
chamado ‘problema da projeção’. Ptolomeu o tinha ‘resolvido’ pensando em
cada hemisfério como um cone (fig.42). O cone tem a vantagem de poder
ser representado em uma superfície plana por linhas paralelas, embora
curvas, correspondendo ao equador e às outras linhas da latitude; as linhas
dos meridianos serão retas e convergentes. Esse tipo de representação
correspondia bem à realidade para as regiões próximas do equador, mas a
6
7
PESSOA, Fernando. Obra Poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p. 15.
50
distorção era considerável nas latitudes intermediárias -- justamente a área
e
m que se deu boa parte da navegação marítima nos séculos XIV e XV”
68
.
A Terra redonda era uma concepção que já vinha dos gregos, por isso pode-se dizer
que
“A matematização do espaço geográfico teve início com a Geografia de
Ptolomeu, traduzida para o árabe e mais tarde retraduzida para o latim
durante a Renascença. O passo importante consistiu em ver o mundo não
como uma esfera (fig.43), mas como uma esfera dotada das
propriedades matemáticas da esfera, sobretudo a possibilidade de ser
representada pelos 360 graus do círculo. Os graus do círculo podiam definir
as linhas de latitude e longitude da Terra, fornecendo um quadro comum de
referência em que poderia ser inserido qualquer novo território que fosse
descoberto. então é que o “mundo de papel” passou a ser o esquema
conceitual em termos do qual o mundo percebido pelos sentidos podia ser
compreendido”
69
(Grifo meu).
F
ig. 42 – Projeção Cônica de Ptolomeu Fig. 43 – Projeção esférica de Ptolomeu
Mas antes da redescoberta de Ptolomeu, a representação era feita através dos
portulanos. No entanto; essa mudança se deveu principalmente, como afirmou Edgerton
70
,
porque
“Os portulanos (fig.44 e 45) não forneciam uma estrutura geométrica para a
compreensão do mundo inteiro. A grade ptolemaica, por outro lado,
propunha uma unidade matemática imediata. Os locais mais distantes
podiam ser precisamente fixados uns com relão aos outros por
coordenadas imutáveis, de modo que a sua distância proporcional, bem
como os seus relacionamentos direcionais, ficassem evidentes... O sistema
ptolemaico deu aos florentinos um instrumento cartográfico perfeito e
6
8
OLSON, David R. O Mundo no Papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. São
Paulo: Ática, 1997. p. 224.
69
OLSON, David R. O Mundo no Papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. São
Paulo: Ática, 1997. p.223, 224.
70
Apud HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992. p.224.
51
expandível para o acúmulo, a verificação e a correção de conhecimento
g
eográfico. E, sobretudo, forneceu à geografia os mesmos princípios
estéticos de harmonia geométrica que os florentinos exigiam de toda a sua
arte”.
F
ig. 44 – Portulanos – rumos / rosa dos ventos Fig. 45 – Detalhe Portulano
É bem como disse Harvey
“A objetividade na representação espacial veio a ser um atributo valorizado
porque a precisão da navegação, a determinação dos direitos de
propriedade da terra (em oposição ao confuso sistema de direitos e
obrigações legais que caracterizava o feudalismo), as fronteiras políticas, os
direitos de passagem e de transporte, etc. passaram as ser um imperativo
econômico e político. Muitas representações cartográficas para propósitos
especiais, tal como os mapas com guias dos portos (portulanos) usados
pelos navegadores e os mapas territoriais usados pelos proprietários de
terras, existiam, mas a importação do mapa ptolemaico parece ter
desempenhado um papel crucial na descoberta e no uso do perspectivismo
na Renascença”
71
·.
A questão da perspectiva realmente tinha conexão com a representação de
Ptolomeu - que o mundo conhecido na Grécia Antiga ocupava 180º (metade) do globo no
sentido leste-oeste. E, no sentido norte-sul, a maior parte do mundo conhecido se
concentrava no hemisfério Norte –, pois, segundo Harvey:
“A ligação com o perspectivismo estava no seguinte: ao projetar a grade na
qual situar lugares, Ptolomeu imaginara como o globo como um todo seria
visto por um olho humano que o visse de fora. Isso tem uma série de
implicações. A primeira é a capacidade de ver o globo como totalidade
apreenvel. Como disse o próprio Ptolomeu, o alvo “da corografia é lidar
separadamente com uma parte do todo”, ao passo que “a tarefa da
geografia é apreender o todo em sua justa proporção”. A geografia, e não a
corografia, se tornou uma missão da Renascença. Uma segunda implicação
7
1
HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992. p.223.
52
é que os princípios matemáticos podiam ser aplicados, tal como na óptica, a
t
odo o problema da representação do globo numa superfície plana
72
.
É, portanto, na antiga Grécia que se inicia a tradição de tornar o espaço geográfico
inteligível, enquadrando-o matematicamente. E quando, na Renascença, Galileu ‘descobriu’
que a terra é redonda (“e se move”), não foi suficiente representá-la na forma esférica: foi
preciso que essa representação esférica fosse dotada das propriedades matemáticas da
esfera, para que o mundo fizesse sentido e se tornasse compreensível no Ocidente.
Em 1569, uma nova solução surgiu, uma nova forma de matematização do espaço.
Pedro Nunes (Petrus Nonius, 1492-1577), um matemático
português, tinha
descoberto que em um globo uma linha de rumo loxodrômica, definida pela
manutenção de uma direção constante na bússola, produzia uma espiral
terminando no pólo. Este foi o problema que se apresentou a Gerard
Mercator (1512-1594), um protestante holandês que concebeu os meios
para imprimir mapas que pudessem ser afixados a esferas, bem como um
mapa do mundo (de 1569) com os meridianos espaçados no sentido dos
pólos, aumentando na representação o espaço daquelas regiões. Sua
solução implicava representar a esfera não como um cone, mas como um
cilindro, pois o cilindro também pode ser representado em uma superfície
plana. Desse modo, não só a Terra pode ser representada sobre uma
superfície plana, vivel ao primeiro olhar, também as linhas de rumo são
retas, de modo que uma rota fixada na bússola pode ser traçada com uma
régua (Boas, 1962, p.206-9). Além disso, pequenas cartas contendo
detalhes de uma área particular podiam ser incluídas no mapa do mundo,
porque o quadro de referências espaciais era o mesmo. E estas cartas
detalhadas serviam para a navegação”
73
.
Trata-se da projeção de Mercator (fig.46), com que todos estamos familiarizados.
Resolvia-se, assim, toda uma rie de problemas que há séculos vinham sendo colocados,
tais como a representação do globo terrestre numa superfície plana e as relações de
proporção e de escala. Tal representação incluía também o perspectivismo, por um lado, e o
detalhamento produzido pelos portulanos, de outro. E tudo isso numa projeção
matematicamente correta e harmoniosa, “clara e distinta”, científica e, por isso mesmo,
aparentemente desinteressada, como convinha ao sujeito europeu e navegador do século
XVI. Quanto às especiarias das Índias e aos territórios do Novo Mundo, constituem-se
apenas em efeitos ‘naturais’ dessa racionalidade matemática superior e bela.
7
2
HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1992. p.224.
73
OLSON, David R. O Mundo no Papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. São
Paulo: Ática, 1997. p. 224-225.
53
F
ig. 46 – Projeção de Mercator
2.6.2 – O Novo Mundo e o Brasil
O mapa, como produção visual do espaço, permite a conexão com outros espaços
do mundo, localizando-nos e posicionando-nos relativamente a eles, ou seja, colocando-nos
em rede. É essa constatação que faz Olson afirmar que:
“Os mapas o, talvez, o meio mais evidente de nos colocar no papel, a nós
e ao mundo. Não nos detivemos o suficiente no fato de que nossas
representações têm como nos dizer, nos ditar, o que somos e onde
estamos. Não estamos em parte alguma até que nossa localização seja
identificada no mapa; se quisermos realmente saber onde estamos,
teremos de encarar o mapa; ele nos dionde estamos - como se já não o
soubéssemos”.
74
A observação irônica de Olson no final do período parece remeter para a inutilidade
do mapa, quando se trata de saber onde estamos. E, no entanto, só sabemos onde estamos
quando nossa localização é identificada no mapa. Afinal, o que os mapas podem dizer de
nós? Acaso não trazemos em s o lugar que nos constitui como somos? Certamente, mas
sabemos isso verdadeiramente quando localizados no mapa. Daí os mapas das cidades
e dos países se constituírem em dispositivos de governo e, como tais, são representações
visuais que regulam o modo como vemos e significamos o mundo. E esse modo
eurocêntrico e ocidental de ser faz com que conheçamos e identifiquemos e
7
4
OLSON, David R. O Mundo no Papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. São
Paulo: Ática, 1997. p.09-10
54
localizemos o que está no mapa. É o que mostra Mary Pratt
7
5
, ao comentar os relatos de
viajantes britânicos do período vitoriano:
“Como regra, na ‘descoberta’ de lugares como o Lago Tanganika, o
explorador se dirigia à região e perguntava aos habitantes locais se eles
conheciam algum grande lago na área, etc., contratava-os para levá-lo até
lá, após o qual, sob sua orientação e apoio, ele descobria o que eles
sabiam. Assim, a descoberta consistia de um gesto através do qual se
convertia saberes locais (discursos) em saberes europeus associados com
as formas e relações de poder européias. A ‘descoberta’ em si não tem
nenhuma existência própria. Ela se torna ‘real’ depois que o viajante
retorna ao seu país e a transforma em textos. Aqui a linguagem torna-se
encarregada de criar o mundo da forma mais individual possível”.
Para Castro
76
, ‘mapas’ e ‘descobrimentos’ estavam intimamente relacionados. De
fato, não se pode dizer que um lugar está realmente descoberto, que ele existe, a ele
“entrar no mapa”. O mapa funciona, então, como um certificado de existência, uma “certidão
de nascimento”.
Nos séculos XV e XVI, a necessidade de melhorar os sistemas de informação
náutica e de aumentar e sistematizar os dados recolhidos nos territórios ‘descobertos’, a fim
de explorá-los economicamente, produziu toda uma matematização dos espaços
geográficos. Como disse Boyer
77
, “pelo c. XVI, a cartografia passou das mãos de artistas
especulativos e se moveu para o território do topógrafo, onde as leis matemáticas e ópticas
governaram a sua forma”. Os navegadores portugueses e espanhóis aplicavam-se no
levantamento minucioso das rotas marítimas e no desenvolvimento de instrumentos para a
navegação, assim como na investigação e exploração das riquezas do Novo Mundo. A vinda
de cartógrafos, cronistas e viajantes, insere-se, pois, nessa busca de conhecimentos
necessários à manutenção de uma hegemonia nos mares e à administração desses novos
territórios. E através das suas produções, impuseram, ao longo daqueles séculos e nos
seguintes, determinadas representações que imprimiram diferentes e interessados
significados às terras e às gentes desse Novo Mundo.
O primeiro mapa a mostrar o Novo Mundo parece ter sido o mapa portulano de Juan
de La Cosa (fig.47), feito em 1500 para os Reis Católicos. Este mapa reflete os resultados
7
5
apud Silva. SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. O Currículo como Fetiche: a poética e a política do texto curricular.
Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 63.
76
CASTRO, Celso. Uma viagem pelos mapas do Rio. In: CZAJKOWSKI, Jorge (org.). Do Cosmógrafo ao
Satélite: mapas da cidade do Rio de Janeiro. Rio de janeiro: Centro de Arquitetura e Urbanismo, Secretaria
Municipal de Urbanismo, 2000. Exposição realizada no Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, de
julho a setembro de 2000. p.10.
77
BOYER, M. Christine. The city of collective memory: its historical imagery and architectural entertainments.
Cambridge, MIT, 1994. p.207.
55
dos descobrimentos realizados na América no final do século XV. Tendo Juan de La Cosa
(
1449-1510) viajado junto com Colombo em 1492, 1493 e 1498, seu mapa, concluído em
1500 no Porto de Santa Maria, mostra detalhes dessas viagens. À maneira ocidental de ser
e conceber, pode-se dizer que sendo este mapa o primeiro a retratar a América, ele pode
ser tomado como sua “certidão de nascimento”. Vale lembrar que, conforme notícia do
Correio do Povo
78
, um mapa apresentado pelo colecionador Liu Gang, datado de 1763, seria
uma cópia de um mapa de 1418, resgatando a teoria de que o marinheiro chinês Zheng He
descobriu a América setenta anos antes de Colombo. Para além da celeuma, importa
ressaltar que Juan de La Cosa foi um dos cartógrafos que fizeram parte da famosa ‘Casa de
Contratácion’ (1503-1790), fundada em Sevilha em 1503, para administrar e controlar todo o
comércio com as Índias e que funcionou também como organismo cientifico e educativo,
pois ali se formavam pilotos para a navegação e era elaborada a cartografia.
F
ig. 47 – Portulano de Juan de La Cosa Fig. 48 – Mapa de Cantino (parte)
Como bem diz Black, “os mapas do mundo, ou de uma região do mundo, dividem o
seu espaço de terra (embora não geralmente os mares) em termos de controle territorial e
autoridade política: o mapa como afirmação de soberania”
79
. Os mapas do Novo Mundo,
dessa época, feitos por cartógrafos portugueses e espanhóis, eram segredos de Estado e
muitos, em virtude dessa política, não sobreviveram.
Nesses primeiros mapas, a demarcação territorial era feita com a colocação de
bandeiras dos países colonizadores, colocadas nos territórios dos quais detinham a
propriedade. Isto pode ser visto no Mapa de Cantino (fig.48), de 1502, primeiro mapa onde o
Brasil aparece e onde está demarcado o Tratado de Tordesilhas. O uso das bandeiras ou
7
8
MAPA traz teoria sobre América. Correio do Povo, Porto Alegre, 18 jan. 2006. Nacional/Internacional. p.10.
56
escudos para afirmar a propriedade do território pode ser visto ainda nos mapas de Jorge
R
einel (1521), Diogo Homem (1558), Bartolomeu Velho (1561), entre outros.
O mapa de 1507 de Martin Waldseemüller (fig.49) é o mapa que denomina a
América como tal, em homenagem a Américo Vespúcio. A maioria dos mapas até 1590
apenas delineia o continente que, ao longo do tempo, vai sendo desenhado em sua
totalidade. O mapa de Sebastian Münster (fig.50) de 1540 é o primeiro a mostrar a América
Latina por inteiro. rios cartógrafos e seus mapas, durante o século XVI, foram ‘revelando’
a América do Sul para o resto do mundo, na configuração que os interesses das nações
colonizadoras e que as possibilidades técnicas foram permitindo (conforme as informações
que eram trazidas de cada nova expedição): os italianos Jerônimo Marini (Orbis Universalis,
1512), Paolo Forlani e Agnese Battista (Atlas Portolano, 1544); o turco Piri Ibn Haji Mehmed
(mapa de Piri Reis, 1513); o francês Pierre Desceliers (fig.51) Mapa-múndi de 1542 e
América Meridional, 1550 ; o alemão Gemma Frisius (Tabula Nova Totius Orbis, 1529); os
portugueses Lopo Homem, Jorge Reinel, Diogo Homem, Bartolomeu Velho, Vaz Dourado e
Lázaro Luis; e os espanhóis Diego Ribero, Alonso de Santa Cruz, Sebastian Cabot, Juan
Bellero, Diego Gutierrez.
Fig. 49 – Detalhe mapa Waldseemüller, 1507 F
ig. 50 – Mapa de Sebastian Münster, 1540
Vários mapas que mostram o novo mundo estão no Atlas Miller, realizado em 1519
por Lopo Homem (fig.52), Pedro Reinel e o seu filho Jorge Reinel, com iluminuras de
António de Holanda. A concepção geográfica que aí é mostrada é a de um globo em que as
terras predominam sobre as águas, pois, para além dos três continentes conhecidos dos
Antigos, afinal um quarto continente, a América. Das iluminuras, desprende-se o exótico
— podemos ver nas mesmas elefantes, camelos, a fauna americana, o pau-brasil, as
cidades portentosas da Ásia, os nativos e seus costumes.
7
9
BLACK, Jeremy. Maps and Politics. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p. 12.
57
Fig. 51 – Mapa de Pierre Desceliers, 1542 F
ig. 52 – Mapa de Lopo Homem, 1519
A primeira representação de uma cidade da América data de 1521. Trata-se de uma
vista panorâmica de Tenochtitlán (fig.53), a cidade que foi criada durante o reino de
Montezuma I. Mostra seu traçado em forma de cruz, seus muitos canais e alguns templos. A
cidade do Rio de Janeiro, fundada em 1565, teve sua primeira representação por Jacques
de van de Claye (fig.54), em 1579.
Fig. 53 – Tenochtitlan, 1521 F
ig. 54 – Rio de Janeiro, Jacques Van de Claye, 1579
58
2.7 – O SÉCULO DO ATLAS
N
o final do século XVI, começou a fase dos Atlas. O primeiro Atlas publicado foi o de
Abraham Ortelius chamado Theatrum Orbis Terrarum (fig.55) cuja primeira edição é de
1570. Entre sua primeira e última edição, de 1612, ele foi reproduzido mais de 40 vezes e
traduzido em seis línguas. Este período pode ser chamado de a ‘Idade dos Atlas’ e houve
vários cartógrafos que se dedicaram à impressão dos mesmos: Hondius, Janssonius, Blaeu,
Visscher e outros. Mercator (fig.57) também elaborou um importante atlas que foi publicado
pela primeira vez em 1595 e foi reeditado, posteriormente, primeiro por Hondius e, depois,
por Janssonius. Em 1635, o Atlas Major (fig.56) foi feito pela família Blaeu. Ele é um dos
atlas mais belamente decorados do culo XVII e foi feito com o trabalho conjunto de
cartógrafos e artistas.
Fig. 55 – A. Ortelius, R
ussiae, Moscoviae et Tartariae
descriptio, Theatrum Orbis Terrarum, 1570
Fig. 56 – Joan Blaeu, Africae Nova Descriptio, Atlas
Major, 1667
Um dos Atlas de cidades mais famosos de cidades, e aparentemente o primeiro a ser
publicado, é o Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun e Franz Hogenberg (fig.58). Era um
Atlas composto de seis volumes editados entre 1572 e 1617, e continha 546 vistas de olho
de pássaro e perspectivas de cidades, principalmente européias.
“O que poderia ser mais agradável do que, em sua própria casa, longe de
todos os perigos, contemplar nestes livros a forma universal da terra...
ornamentada com o esplendor de cidades e fortes, e, através de olhar as
imagens e ler os textos que as acompanham, adquirir conhecimento que
59
somente poderia ser adquirido por longas e difíceis viagens? Georg Braun,
C
ivitates Orbis Terrarum, 1581
80
.
Joan Blaeu (1569-1673) também produziu um Atlas de Cidades que foi publicado em
dois volumes na Holanda, em 1649.
Devido à influência do Civitates, foi produzido, conforme Morales,
“um outro trabalho o Theatrum Europaeum, ou Topografias, um conjunto de
planos e vistas de cidades menos conhecido que os anteriores, mas mais
ambicioso e sistemático. A obra foi elaborada em Paris pelo gravador e
editor alemão formado em Paris, M. Merian (1593-1650) e por seu filho de
mesmo nome. Seus 21 volumes apareceram entre os anos de 1640 e
1688
81
.
F
ig. 57 – G. Mercator, Septentrionalium Terrarum
Descriptio, 1595
Fig. 58Georg Braun, Paris, Civitates Orbis Terrarum,
1572
No século XVII, quando os atlas prosperaram, pode-se encontrar também alguns
exemplos de pintores/cartógrafos como Jacques Callot (1592 - 1635), David Vingboons
(1576 - 1632), Johannes Vingboons (1616/17 - 70), Jan Van Goyen (1595 1656), Pieter
Saenredam (1597 1665) e Gaspar Andriaans Van Wittel (1653 1736). Apesar de que, a
partir do final do culo XVI, a mescla pintores/cartógrafos começa a se tornar diferente.
Como diz Buisseret:
“Na arte européia do final do século XVI e do século XVII, a penetração da
cartografia é freqüentemente sentida. (...). Mas isto não quer dizer que os
pintores fossem de algum modo cartógrafos; simplesmente a cartografia
havia penetrado de tal forma as mentes das pessoas em algumas regiões,
8
0
BRAUN apud MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 7.
81
MORALES, Mário Ruiz. Ensayo Historico de Cartografia Urbana. Mapping Interactivo, Madrid, n.71, jul./ago.
2001.Disponible en: <http://www.mappinginteractivo.com/plantilla-ante.asp?id_articulo=67#>. Acesso em: 10
mar. 2009.
60
particularmente na Holanda, que os mapas eram usados naturalmente na
f
orma normal de representação
82
.
Dentre estes pintores, destacam-se El Greco (fig.59) e Jan Vermeer. El Greco (1541
1614), em sua pintura Vista e Plano de Toledo” (c.1610), mostra a cidade de duas
maneiras: uma vista panorâmica de Toledo por trás de suas muralhas e, no primeiro plano
do quadro, um homem segurando o mapa da cidade.
Fig. 59 – El Greco, Vista e Plano de Toledo
F
ig. 60 – Jan Vermeer, A Arte de
Pintar
Jan Vermeer (1632 1675), por sua vez, tem várias pinturas nas quais utiliza o
mapa como elemento decorativo e simbólico: “O Astrônomo”, “Mulher lendo uma carta”,
“Soldado e Moça rindo” e “Vista de Delft”. Um de seus trabalhos, “A Arte de Pintar” (Fig. 60),
para Svetlana Alpers ilustra de forma emblemática essa mescla entre pintura e cartografia
na arte holandesa. Esta tela
“(...) figura como uma espécie de sumário e afirmação do que se fez. A
relação equilibrada, porém intensa, de um homem e uma mulher, a
conjunção de superfícies minuciosamente trabalhadas, o espaço doméstico
– eis a matéria prima da arte de Vermeer. Aqui, porém, tudo tem um
estatuto paradigmático, devido não apenas ao seu título histórico, mas
também à formalidade de sua apresentação Se esse mapa é apresentado
como pintura, a que noção de pintura ele corresponde? Vermeer sugere
uma resposta a essa pergunta na forma da palavra ‘Descriptio’, que
aparece escrita com toda a clareza na borda superior do mapa (...). Esse
era um dos termos que mais se usavam para designar o empreendimento
cartográfico. Os autores ou editores de mapas eram referidos como
8
2
BUISSERET, David. The Mapmaker´s Quest: depicting New Worlds in Renaissance Europe. Oxford: Oxford
University Press, 2003. p. 48.
61
‘descritores do mundo’, e seus mapas ou Atlas eram considerados como a
d
escrição do mundo. Embora, ao que me conste, o termo nunca tenha sido
aplicado a uma pintura, boas razões para sê-lo aqui. O objetivo dos
pintores holandeses era captar, sobre uma superfície, uma grande
quantidade de conhecimentos e informações sobre o mundo”.
83
Em relação aos Atlas, é interessante mencionar que o Novo Mundo e o Brasil estão
representados tanto no Theatrum Orbis Terrarum (fig.61) quanto no Atlas Major. No
Civitates Orbis Terrarum podemos encontrar imagens de duas cidades da América: Cidade
do México e Cuzco (fig.62).
Fig. 61 – A. Ortelius, A
mericae sive Novi Orbis, Nova
Descriptio, Theatrum Orbis Terrarum, 1570
Fig. 62G. Braun, Cidade do México e Cuzco,
Civitates Orbis Terrarum, 1572.
A partir do final do culo XVII e no século XVIII, conforme Buisseret, ficou mais
complicado ainda aos artistas continuarem a ter algo a ver com o fazer mapas. O
universalismo renascentista desapareceu, até porque o mundo do saber estava muito mais
abrangente.
“Como um símbolo desta mudança, (...) podemos citar a fascinante
observação de Jean Boutier: na segunda metade do culo XVII, os
vendedores parisienses de mapas migraram do Quartier Saint-Jacques,
onde por muitos anos compartilharam barracas com mercadores de
pinturas, e tomaram novos alojamentos na área freqüentada pelos
vendedores de equipamentos científicos. Esta foi uma mudança rica em
significado, simbolizando o divórcio entre a cartografia e a arte, e o fim de
uma associação que remonta ao início do século XV e que foi de grande
importância para o desenvolvimento da feitura dos mapas
84
.
8
3
ALPERS, Svetlana. A Arte de Descrever: a arte holandesa no século XVII. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 1999. p. 250, 251.
84
BUISSERET, David. The Mapmaker´s Quest: depicting New Worlds in Renaissance Europe. Oxford: Oxford
University Press, 2003. p. 48.
62
No final deste século dos Atlas, surgiu a geodésia moderna na França com os
t
rabalhos do abade J. Picard (1620-1682), que fez a primeira determinação rigorosa do raio
da Terra, numa operação que se efetuou entre 1668 e 1670. Antes um pouco, em 1666, foi
criada em Paris por Colbert a Academia Real de Ciências, da qual o Abade J. Picard foi um
dos primeiros membros. Uma das primeiras tarefas da Academia foi à construção do
Observatório de Paris que ficou totalmente pronto em 1683. Outro componente
importante foi Jean Domenique Cassini (Gian Domenico Cassini) que foi chamado na
França em virtude de ter publicado um livro seu onde ele explicava como obter a longitude
dos lugares a partir da observação dos satélites de Júpiter. Cassini é nomeado em 1671
diretor do Observatório de Paris. Na criação da Academia Real de Ciências, em Paris, havia
dois objetivos importantes: um a medição do raio da Terra e o outro a revisão, correção e
aperfeiçoamento das técnicas cartográficas. Essas duas questões estão interligadas. A
medição do raio mais acurada do raio da Terra permitia que se pudesse determinar a
amplitude de um grau da terra, a dimensão da longitude. Com isso, com o tamanho exato da
longitude, do de arco da Terra, os mapas poderiam ser feitos de maneira mais precisa,
corrigidos pela nova medida. O Abade Picard, David Vivier e Gilles Personne de Roberval
foram encarregados de fazer uma Carta da Ile de France. A dinastia Cassini, sob o
apadrinhamento real, passou a mapear toda a França, de 1670 em diante, agora com as
medidas ‘corretas’.
2.8 – SÉCULO XVIII E XIX
Caracterizado por um aperfeiçoamento das técnicas de levantamento topográfico, o
século XVIII nos mostra uma produção de mapas cada vez mais acurados’, isto é,
‘científicos’. No início desse século, os desenvolvimentos científicos para a observação do
solo e de instrumentos relativos a cnicas de levantamento topográfico que permitem
medições mais exatas, baseadas na triangulação fazem com que Paris se torne o centro
da ciência geográfica. Todos esses desenvolvimentos significaram um aperfeiçoamento na
representação gráfica do território. Também a cartografia urbana ficou mais precisa e mapas
de grande escala passaram a ser produzidos. Aluno de Jacques Cassini, o cartógrafo real
Guillaume de L’Isle (fig. 63) se tornou famoso ao popularizar o seu mapa.
63
F
ig. 63 – Guillaume de L’Isle, América Meridionalis, 1718
Fig. 64 – John Pinkerton, South America,
1811
Várias áreas da ciência passaram a usar mapas: um dos primeiros mapas
metereológicos e um dos mais conhecidos foi o mapa de Benjamin Franklin da Corrente do
Golfo (Gulf Stream), feito em 1775. A ciência tomava o lugar da arte na feitura dos mapas,
dos quais se exigia, agora, que fossem uma representação exata e precisa do real,
confinando o imaginário no sujeito todo-poderoso da Modernidade.
A Revolução Francesa, no final do século XVIII, trouxe consigo o espírito nacional,
produzindo uma série de guerras de determinação de fronteiras e anexações, antecedendo,
assim, as guerras do c. XX. Napoleão tornou os mapas elementos extremamente
importantes no contexto militar. Sob sua égide, foram feitas descrições cartográficas dos
combates e das zonas que pretendia ocupar e dominar.
Na Inglaterra do século XIX, o poder comercial e marítimo fez com que ela passasse
a ser um importante lugar para a ciência cartográfica (fig.64). O progresso da colonização, a
rivalidade com a França, as guerras na Europa e nas colônias contribuíram para aumentar a
demanda cartográfica. A forma dessa demanda fez com que os governos passassem a ser
promotores da elaboração dos mapas. Regular a ação dos cartógrafos na determinação do
acesso às fontes de riqueza dos territórios passou a ser uma condição para o domínio e a
exploração colonial.
No século XIX, o crescimento fenomenal das cidades levou a uma proliferação no
número e no tipo de mapas. Os mapas foram se tornando um elemento bastante comum no
dia-a-dia das pessoas e das cidades. Novas formas de utilização dos mapas foram levadas
a cabo: mapas das condições sociais, de zonas de incidência de doenças, mapeamento de
epidemias, análise de locais de comércio não se abrindo mão dos usuais, tais como,
mapas militares, cadastrais, de seguro, do território e de estradas. A nova arte de governar
64
populações exigia um conhecimento e um esquadrinhamento minucioso de seus segmentos
e
individualidades, a fim de garantir sua administração racional. As ciências humanas e a
cartografia urbana se constituíram, então, nos seus principais instrumentos.
No Brasil, aproximadamente em 1790 foi instalado no Morro do Castelo, no Rio de
Janeiro, um Observatório Astronômico que ai funcionou até 1920. Em 1792, por ordem de D.
Maria I a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho foi estendida para o Brasil,
passando a funcionar na Casa do Trem de Artilharia, atual Museu Histórico Nacional. Nessa
Academia passou-se a formar os primeiros Engenheiros Geógrafos Militares no Brasil. Em
1810, após a chegada de D. João VI ao Brasil ela se torna a Real Academia Militar. Em
1812, a primeira planta é produzida na Impressão Régia no Brasil, trata-se da ‘Planta da
Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro’ (fig.65). Em 1825 se deu a criação da
Comissão do Império do Brasil, primeira organização oficial de Cartografia no Brasil. Em
1830, foram feitos os primeiros trabalhos de Cartografia Náutica realizados por iniciativa de
brasileiros. Em 1862 foi estabelecida uma Comissão da Carta Geral do Império que tinha
por objetivo levantar uma carta do Brasil sobre as novas bases cientificas (geodésica de
precisão e implantação de uma rede de triangulação precisa). Em 1890, na Republica, é
criado o Serviço Geográfico Militar, anexo ao Observatório Astronômico, para a execução
dos trabalhos geodésicos e geográficos da República dos Estados Unidos do Brasil. A
República, instituída pelos militares, imprimia o seu caráter também na história cartográfica
brasileira.
F
ig. 65 – Planta do Rio de Janeiro, 1812
65
2.9 – A CARTOGRAFIA ATUAL
P
ode-se definir em uma frase as mudanças cartográficas ocorridas a partir do século
XX da Fotografia rea (Aerofotogrametria) às Imagens de Satélite, passando pelo mapa
georeferenciado.
Já no final do século XIX, começou-se a usar balões para se fazer fotografias aéreas.
No início do século XX, na I Guerra Mundial, o uso do avião no mapeamento foi primordial
para as estratégias militares. A partir de então, muitos dos mapas de cidades passaram a
ser feitos através da reconstituição da paisagem a partir de fotos aéreas sobrepostas
(estereofotogrametria). A II Guerra Mundial incrementou ainda mais o uso da fotografia
aérea para a produção de mapas dos territórios ocupados pelos inimigos.
No Brasil, em 1922, aparece o primeiro retrato cartográfico de corpo inteiro do país –
Carta do Brasil ao Milionésimo, editada pelo Clube de Engenharia, em comemoração ao
centenário da Independência. Em 1937, surge a primeira empresa privada dedicada à
execução de levantamentos aerofotogramétricos, cujas preocupações básicas estavam
voltadas para a prestação de serviços em Cartografia. O primeiro mapa aerofotogramétrico
do Rio de Janeiro (fig.66), então Capital Federal, é realizado em 1935; sua segunda planta
aerofotogramétrica é de 1953/56. O primeiro mapa aerofotogramétrico de Porto Alegre é
realizado em 1941; a segunda planta deste tipo de Porto Alegre surgiu na gestão de Leonel
de Moura Brizola, em 1956.
F
ig. 66 – Aerofotogramétrico – Rio de Janeiro Fig. 67 – Imagem de Satélite – Rio de Janeiro
66
Muitos artistas atuais se fascinaram pela riqueza formal e pelo significado social dos
m
apas e m respondido a isso fazendo trabalhos artísticos construídos sobre imagens de
mapas e baseados nas estratégias de se fazer mapas (fig.68). O número de exposições que
tratam sobre a cartografia tem crescido. Podemos encontrar exposições que mostram
apenas os mapas antigos, exposições que mesclam a apresentação de mapas antigos com
obras de arte inspiradas em mapas e outras que mostram obras de artistas que trabalham
imagens ligadas à cartografia. Como afirma Miller: “Através dos seus próprios experimentos,
os artistas encontram nos mapas um meio de explorar aspectos correntes da cultura, da
política e da sociedade”
85
.
F
ig. 68 – Brasil de José Roberto Aguilar, 2005.
Na década de 70, a NASA lançou o LANDSAT, um satélite que possibilitou a feitura
de mapas a partir de suas fotos (fig.67). Em 1974, foi feito um dos primeiros mapas via
satélite, que foi um mapa gráfico de relevo dos EUA. A partir de 1980, um novo satélite
começou a produzir imagens o SPOT (Systeme Probatoire d’Observation de la Terre). As
imagens de satélite conjugadas com o uso de diferentes padrões espectrais de imagem
(infravermelho, vermelho, etc.) m permitido fazer levantamentos da ocupação do solo,
identificando áreas de poluição, de desmatamento, de erosão do solo, de
impermeabilização. O sensoriamento remoto está, assim, na vanguarda da prática de
mapeamento e de controle das sociedades contemporâneas.
O surgimento da técnica do geoprocessamento possibilitou a criação de mapas que
são chamados de ‘mapas georeferenciados’ (fig.69). Trata-se, sinteticamente, da
associação de mapas a bancos de dados. As informações cartográficas (mapas, cartas
topográficas e plantas) são digitalizadas e através de programas de computador as
8
5
MILLER, Naomi. Mapping Cities. Seattle: University of Washington Press, 2000. p. 17.
67
informações relacionadas aos diferentes espaços são conectadas as coordenadas dos
m
esmos nos mapas, cartas ou plantas. No final do século XX
as plantas digitais suplantaram todos os velhos tipos, pois elas oferecem a
vantagem de ser capaz de mostrar instantaneamente uma variedade de
características esgoto, redes de comunicação, instituições educacionais,
etc. no mesmo mapa, algumas vezes em combinação uma com a outra.
Isto permite aos planejadores da cidade fazer seleções de informações
espaciais que antes seriam bastante complicadas de gerar”
86
.
F
ig. 69 – Mapas digitais georeferenciados
Os chamados Sistemas de Informação Geográfica (GIS - sigla em Inglês para SIG )
são as ferramentas computacionais para geoprocessamento, que permitem realizar essas
análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados
georeferenciados. Permitem, portanto uma automatização da produção de documentos
cartográficos.
8
6
BUISSERET, David. Introduction. In: BUISSERET, David (Ed.). Envisioning the City: six studies in Urban
Cartography. Chicago: The University of Chicago Press, 1998. p.x.
68
3 – DA GRAMÁTICA CARTOGRAFICA DAS CIDADES
A
História Cultural produziu alguns métodos de pesquisa próprios da sua abordagem,
os quais colocam o pesquisador numa determinada posição em relação ao seu objeto de
pesquisa. Ao comentar esses métodos e o trabalho do pesquisador, Pesavento
87
salienta
que:
“Carlo Ginzburg, em ensaio já clássico, nos fala de um paradigma indiciário,
método este extremamente difundido pela comunidade acadêmica. Nele, o
historiador é equiparado a um detetive, pois é responsável pela decifração
de um enigma, pela elucidação de um enredo e pela revelação de um
segredo. (...) É preciso não tomar o mundo – ou as suas representações, no
caso – na sua literalidade, como se elas fossem o reflexo ou cópia mimética
do real. Ir além daquilo que é dito, ver além daquilo que é mostrado é a
regra de ação desse historiador detetive, que deve exercitar o seu olhar
para os traços secundários, para os detalhes, para os elementos que, sob
um olhar menos arguto e perspicaz, passariam desapercebidos.”
Ginzburg, ao aplicar em suas pesquisas o paradigma indiciário, volta-o contra si
mesmo, investigando o próprio paradigma a partir de seus princípios metodológicos. Ao
traçar um paralelo entre os métodos de Morelli, Holmes e Freud, o autor mostra que:
“Nos três casos, pistas talvez infinitesimais permitem captar uma realidade
mais profunda, de outra forma inatingível. Pistas: mais precisamente
sintomas (no caso de Freud), indícios (no caso de Sherlock Holmes), signos
pictóricos (no caso de Morelli). (...) Mas não se trata simplesmente de
coincidências biográficas. No final do século XIX mais precisamente na
década de 1870-80 – começou a se firmar nas ciências humanas um
paradigma indiciário baseado justamente na semiótica.”
88
Em relação à história, Ginzburg mostra como, ao longo do tempo, esse campo de
investigação
“(...) nunca conseguiu se tornar uma ciência galileana. Justamente durante
o século XVII, pelo contrário, o enxerto dos métodos do conhecimento
antiquário no tronco da historiografia trouxe indiretamente à luz as distantes
origens indiciárias desta última, ocultas durante culos. (...). A história se
8
7
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p. 63-64.
88
GINZBURG, Carlo. Sinais. Raízes de um paradigma indiciário. In: GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas,
Sinais: morfologia e história. São Paulo: Schwarcz, 1991. p.150-151.
69
manteve como uma ciência social su
i generis, irremediavelmente ligada ao
concreto. Mesmo que o historiador não possa deixar de se referir, explícita
ou implicitamente, a ries de fenômenos comparáveis, a sua estratégia
cognoscitiva assim como os seus códigos expressivos permanecem
intrinsecamente individualizantes (mesmo que o indivíduo seja talvez um
grupo social ou uma sociedade inteira). Nesse sentido, o historiador é
comparável ao médico, que utiliza os quadros nosográficos para analisar o
mal específico de cada doente. E, como o do médico, o conhecimento
histórico é indireto, indiciário, conjetural.
89
A idéia que constitui o ponto essencial do paradigma indiciário é a de que “se a
realidade é opaca, existem zonas privilegiadas sinais, indícios que permitem decifrá-la”.
Essa idéia, segundo o autor, “penetrou nos mais variados âmbitos cognoscitivos, modelando
profundamente as ciências humanas. Minúsculas particularidades paleográficas foram
empregadas como pistas que permitiam reconstruir trocas e transformações culturais”
90
.
Para Pesavento,
“o paradigma indiciário de Ginzburg encontra correspondência naquela
estratégia anunciada, cadas antes, por Walter Benjamin e
redescoberta pelos historiadores: o método da montagem. Baseando-se na
montagem cinematográfica, a partir das fotografias que, combinadas,
produzem o movimento, Benjamin imagina para o historiador um caminho
semelhante”.
Ou seja: “É preciso recolher os traços e registros do passado, e realizar com eles um
trabalho de construção, verdadeiro quebra-cabeças ou puzzle de peças, capazes de
produzir sentido”.
91
Benjamin, para quem o princípio da montagem e da colagem é a base de uma
historiografia, se apropria do mesmo através do Dadaísmo e do cinema. Para ele,
“a força revolucionária do Dadaísmo estava em sua capacidade de
submeter à arte à prova da autenticidade. Os autores compunham
naturezas-mortas com o auxílio de bilhetes, carretéis, pontas de cigarros,
aos quais se associavam elementos pictóricos. O conjunto era posto numa
moldura. O objeto era então mostrado ao público: vejam, a moldura faz
explodir o tempo; o menor fragmento autêntico da vida diária diz mais que a
8
9
GINZBURG, Carlo. Sinais. Raízes de um paradigma indiciário. In: GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas,
Sinais: morfologia e história. São Paulo: Schwarcz, 1991. p.156-157.
90
GINZBURG, Carlo. Sinais. Raízes de um paradigma indiciário. In: GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas,
Sinais: morfologia e história. São Paulo: Schwarcz, 1991. p.177
91
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p.64.
70
pintura. Do mesmo modo, a impreso digital ensangüentada de um
a
ssassino, na página de um livro, diz mais que o texto”
92
.
Especificando ainda mais, Benjamin afirma que
“o dadaísmo tentou produzir através da pintura os efeitos que o público
procura hoje no cinema. (...). Na realidade, as manifestações dadaístas
asseguravam uma distração intensa, transformando a obra de arte no
centro de um escândalo. Essa obra de arte tinha que satisfazer uma
exigência básica: suscitar a indignação pública. De espetáculo atraente
para o olhar e sedutor para o ouvido, a obra convertia-se num tiro. Atingia,
pela agressão, o espectador. E com isso esteve a ponto de recuperar para
o presente a qualidade tátil, a mais indispensável para a arte nas grandes
épocas de reconstrução histórica. O dadaísmo colocou de novo em
circulação a fórmula básica da percepção onírica, que descreve ao mesmo
tempo o lado tátil da percepção artística: tudo que é percebido e tem caráter
senvel é algo que nos atinge. Com isso, favoreceu a demanda pelo
cinema, cujo valor de distração é fundamentalmente de ordem tátil, isto é,
baseia-se na mudança de lugares e ângulos, que golpeiam
intermitentemente o espectador.(...). A associação de idéias do espectador
é interrompida, imediatamente, com a mudança da imagem. Nisso se
baseia o efeito de choque provocado pelo cinema, que, como qualquer
outro choque, precisa ser interpretado por uma atenção aguda.”
93
Ora, esse choque provocado pelo cinema deve-se ao seguinte fato: “O filme acabado
não é produzido de um jato, e sim montado a partir de inúmeras imagens isoladas e de
seqüências de imagens, entre as quais o montador exerce seu direito de escolha.
94
Isto
quer dizer que “a natureza ilusionística do cinema é de segunda ordem e está no resultado
da montagem”
95
.
Segundo Bolle
96
, na obra sobre as Passagens, Benjamin mostra claramente a opção
pela montagem como todo. Nela, tratou de explicitar os detalhes do seu método: “A
primeira etapa consistirá em transpor o princípio da montagem para a história. Isto é: as
9
2
BENJAMIN, Walter. O Autor Como Produtor. In: BENJAMIN: Walter. Magia e Técnica, arte e política: ensaios
sobre literatura e história da cultura. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras Escolhidas; v.1) p.128.
93
BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. In: BENJAMIN: Walter. Magia e
Técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras
Escolhidas; v.1) p.191-192.
94
BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. In: BENJAMIN: Walter. Magia e
Técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras
Escolhidas; v.1) p.175.
95
BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. In: BENJAMIN: Walter. Magia e
Técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras
Escolhidas; v.1) p.186.
96
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna: representação da história em Walter Benjamin. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
71
grandes construções serão realizadas com elementos mínimos, confeccionados de modo
a
gudo e cortante”.
97
Assim, pois, Benjamin procura pensar a história a partir dos métodos inventados
pelas artes do seu tempo, numa composição de elementos históricos mínimos. Mas é a
composição a montagem que ganha, com isso, em agudeza e corte certeiro. Ginzburg,
por seu lado, como bem assinalou Pesavento, procura dar visibilidade aos indícios, ao
detalhe, à minúcia, a um certo rastro esquecido, através do seu paradigma indiciário. São
estes, em última análise, que dão significado à história. Assim, Benjamin e Ginzburg têm em
comum práticas de pesquisa que se opõem às formas tradicionais de investigação histórica.
Também Harley
98
, em seus estudos sobre a história da cartografia, apresenta uma
posição critica em relação às abordagens metodológicas tradicionais na área, ao afirmar que
“a principal regra do método histórico é que documentos só podem ser interpretados em seu
contexto”. E, ao salientar que “a regra aplica-se igualmente a mapas, que devem ser
devolvidos ao passado e situados honestamente em seu lugar e período próprio”, conclui
que “(...) o contexto é simplisticamente retratado como ‘um plano de fundo histórico geral’”.
Contudo, suas semelhanças com Benjamin e Ginzburg se reduzem apenas a essa
crítica mais ampla, na medida mesma em que tenta estabelecer uma relação “superadora”
entre texto e contexto: “O que falta é um domínio do contexto como um conjunto complexo
de foas interativas – um diálogo com o texto – no qual o contexto é central para a
estratégia interpretativa”. Seu modelo interpretativo deriva, pois, de um modelo lingüístico.
E, ao denunciar que “tendemos a olhar o contexto como ‘lá fora’ e os mapas que estamos
estudando como ‘dentro’”, conclama os historiadores da cartografia a “derrubar essa barreira
esta falsa dicotomia entre uma abordagem internalista e uma abordagem externalista na
interpretação histórica: o mapa e o contexto devem ser estudados num terreno indiviso”
99
.
Isto significa que não se trata de inserir um documento ou um mapa num contexto
dado, mas, ao contrário, que eles fazem parte do contexto, são produzidos nele. A partir daí,
como se poderia fazer uma análise contextual do mapa, que o contexto é central para a
sua interpretação?
9
7
Benjamin apud Bolle. BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna: representação da história em Walter
Benjamin. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.93.
98
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.5.
99
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.5.
72
Segundo La Capra
1
00
, “é necessário distinguir entre três aspectos do contexto que
interceptam a leitura dos mapas como texto: 1) o contexto do cartógrafo, 2) o contexto de
outros mapas e 3) o contexto da sociedade”.
O contexto do cartógrafo, isto é, daquele que desenha o mapa, diz respeito ao
conhecimento acerca das intenções que levaram à feitura do mapa e das circunstâncias
históricas e locais que o fizeram necessário.
Por vezes existe claramente uma autoria no mapa, com o cartógrafo assinando o seu
nome. Pode ser também que haja uma distinção entre o cartógrafo, o desenhista e a pessoa
que fez a impressão do mapa, com as suas respectivas assinaturas. Quando o mapa é
institucional e quem assina é o soberano ou o representante do estado, pode não haver a
assinatura de um cartógrafo. O problema então, tendo ou não a assinatura de alguém no
mapa, é a questão de quem ordenou a feitura da planta. Pode acontecer que o mapa seja
dedicado a uma pessoa, isso pode se constituir em uma pista, pois, por vezes, quem ordena
a confecção recebe a planta em forma de dedicatória.
É interessante o que Lestringant (1981) tem a dizer sobre o mapa, quem o assina e a
quem estaria vinculado. “O mapa que registra a observação ocular e que a ver, ele
mesmo, a informação que veicula constitui um instrumento inaugural por excelência –
aquele que ‘abre o caminho’ para o estrategista e o missionário. Dando a ver, o mapa
permite possuir”
101
. Afirma ainda o autor que
“os diversos signos inscritos no espaço mesmo do mapa, indicam estes
trajetos de uma possessão virtual: - assinatura do desenhista ou do
gravador; selo do monarca representado em um cartucho ou, mais
insidiosamente, na filigrana de uma ‘legendaantecipadora; armas do chefe
de guerra ao qual, ao tempo de um ‘empreendimento’ é um delegado da
potência real
102
.
Face à existência ou não de um autor, a questão que se coloca é a de saber quem
era esse autor ou esse anônimo. Se existe um nome pode-se pesquisar a sua biografia para
saber a sua profissão, como ele se tornou um cartógrafo, onde ele aprendeu o seu oficio. O
que ele representava política, social e culturalmente em relação à cidade por ele mapeada.
1
00
La Capra apud HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David
(Ed.). From Sea Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The
University of Chicago Press, 1990. p.5.
101
LESTRINGANT, Frank. Fictions cartographiques: les rêves du politique. IN: JACOB, Christian &
LESTRINGANT, Frank. Arts et Légendes d’Espaces: figures du voyage et rhétoriques du monde. Paris: Presses
de L’École Normale Supérieure, 1981. p. 207.
102
LESTRINGANT, Frank. Fictions cartographiques: les rêves du politique. IN: JACOB, Christian &
LESTRINGANT, Frank. Arts et Légendes d’Espaces: figures du voyage et rhétoriques du monde. Paris: Presses
de L’École Normale Supérieure, 1981. p. 207.
73
Contudo, é preciso levar em conta a advertência de Harley
1
03
, segundo a qual “em
grande parte da história, o cartógrafo tem sido uma marionete enfeitada numa linguagem
técnica, já que as cordas são puxadas por outros”.
Também quanto ao contexto de outros mapas, Harley coloca inicialmente algumas
preocupações acerca das relações que se podem estabelecer entre um mapa e outros
mapas. E ao declará-las, coloca uma série de questões que precisam ser analisadas;
“1) qual a relação entre o conteúdo de um único mapa e o dos outros
mapas contemporâneos da mesma área? 2) Qual o relacionamento desse
mapa com mapas do mesmo cartógrafo ou da mesma agência de produção
de mapas? 3) Qual a relação com outros mapas do mesmo gênero
cartográfico? 4) Qual a relação desse mapa com a produção cartográfica
mais ampla de um certo tempo?”
104
Aqui se trata em parte de analisar o processo de transculturação. A exploração do
Novo Mundo, sua colonização, as migrações, as trocas comerciais e nos dias de hoje o que
se chama de ‘globalização’ promovem e promoveram trocas de conhecimento que podem
ser estudadas tanto num nível local, como num nível nacional e mesmo internacional. Um
determinado mapa não nasce ‘sozinho’. Seu autor teve influências, obedeceu a normas,
convenções pode até ter criado algumas , por isso a importância de olhar outros mapas
da mesma época, ver o que é semelhante e o que se diferencia.
Pinon
105
, ao falar de seu livro, já alerta para essa questão quando diz que
“o presente atlas não tem a ambição de renovar a historia da cartografia
parisiense, mesmo se os culos XIX e XX tenham negligenciado esses
estudos singularmente até o presente, o que reflete mesmo em data
recente, uma atitude mais geral face à história urbana. Além disso, para
bem dominar os meandros de uma historia da cartografia parisiense, é
necessário dispor de sínteses conseqüentes da cartografia urbana na
França, na Europa e no mundo”.
Quanto ao que Capra chama de contexto da sociedade, Harley
106
chama a atenção
para o seguinte:
1
03
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.7
104
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.8.
105
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004.p. 7.
106
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.10
74
“Se o cartógrafo é o agente individual, então a sociedade é a principal
e
strutura. A interpretação leitura do texto cartográfico envolveria um
diálogo entre estes dois contextos. A estrutura precisa das circunstâncias e
das condições históricas que produzem um mapa que é, inegavelmente, um
documento social e cultural. Cada mapa é ligado com a ordem social de um
período e de um lugar particular. Cada mapa é cultural porque manifesta
processos intelectuais definidos, tanto artísticos como científicos, que
esses processos trabalham para produzir distintas formas e distintos tipos
de conhecimento”.
O mapa é marcado pelo momento histórico em que foi realizado. Nesse sentido,
importa, sobretudo, situá-lo historicamente. Para Catherine Bousquet-Bressolier
“parece claro que a restituição do ambiente ‘do contexto de época’ é
indispensável à compreensão do documento (mapa). Mas isso confronta o
pesquisador a uma diligência complexa, parecida com a reconstituição de
um quebra-cabeças incompleto. Não somente ele deve aparelhar as peças
existentes, mas ele deve ainda pacientemente restituir as peças que faltam,
a partir de fatores disparatados e disjuntos. Sobre esta base comum, ela
sugere aos intervenientes algumas pistas de reflexão, como a influência das
culturas, das modas, ou a noção de visão e de tempo na representação”
107
.
Harley acrescenta que, “(...) os mapas não estão fora da sociedade: eles são parte
dela como elementos constitutivos dentro de um mundo mais amplo”. É, então, “a web das
inter-relações, estendendo-se no e além do documento ou do mapa, que o historiador tenta
ler”. Ao explorar essa interatividade, duas estratégias podem ser usadas para o estudo do
contexto da sociedade. Segundo Harley, essas estratégias são as seguintes: “primeiro, uma
estratégia de tentar identificar ‘as regras da ordem social’ no mapa (Foucault, 1972). A
segunda estratégia diz respeito à aplicação do método iconográfico da história da arte no
estudo dos mapas”.
108
A exploração do status dos mapas como imagens culturais, através do método
histórico da iconografia a interpretação de níveis de significado em artefatos humanos –,
permite ver como a cartografia é um importante modo de significação humana, ao contar a
sua própria história e contando histórias sociais, culturais e políticas.
1
07
BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine. Cultures et codification du paysage.In: BOUSQUET-BRESSOLIER,
Catherine (dir.). Le Paysage des Cartes. Genèse d’une codification. (Actes de la 3
e
Journeée d’étude du Musée
des Plans-Reliefs). Paris: Musée des Plans-Reliefs, 1999. p. 8.
108
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.10.
75
Para Teixeira
1
09
,
“os métodos de representação gráfica utilizados dão-nos igualmente
informação sobre os desenvolvimentos técnicos e artísticos verificados em
épocas sucessivas. Uma carta expressa sempre os conceitos de cidade e
os modelos culturais e científicos que lhe estão subjacentes,
correspondentes à época da sua elaboração”.
Apesar das objeções e críticas aos modos de investigação que, vez por outra,
aparecem no confronto entre esses diferentes autores, o que transparece com mais clareza
é a complementaridade de suas abordagens. Ao fim e ao cabo, trata-se de tomar o mapa
como um texto e, a partir daí, seguir as regras de interpretação textual extensivamente
elaboradas na área literária. A dificuldade maior seria colocada por uma tradição que a
cartografia como uma ciência factual e, portanto, os mapas como produtos dessa ciência.
Daí as tentativas atuais, como a de Harley
110
, de levar em conta essas duas dimensões a
textual e a artística –, propondo para cada uma delas um método de análise: a de tomar o
mapa (texto) como um “monumento”, à maneira de Foucault
111
, e a de analisá-lo como
imagem a partir do método iconográfico da história da arte. Um caminho investigativo a ser
seguido, desde que se tenha em conta que ele não está muito distante dos caminhos que
pressupunham a divisão, no estudo histórico dos mapas, entre ciência e arte.
É precisamente que tanto Benjamin como Ginzburg entram novamente em cena,
possibilitando, com seus aportes metodológicos, uma investigação histórica da cartografia
urbana como construção/produção social, na qual o tempo, o espaço, a imagem, o texto, o
estético, o econômico, o político e o ético reverberam e ecoam, como nós de uma rede, num
determinado momento histórico.
1
09
TEIXEIRA, Manuel C. A cartografia no estudo da história urbana. Urbanismo2 de Origem Portuguesa, Lisboa,
2, set. 2000. Disponível em: <http://revistas.ceurban.com/numero2/textos/textos1/textos1.htm>. Acesso em
10 mar.2010.
110
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990.
111
In Arqueologia do Saber. FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1987.
76
3.1 - DESCONSTRUINDO OS MAPAS
C
omo bem coloca Jacob “estudar os mapas implica lidar não apenas com artefatos
(...) mas também com a informação que eles transmitem, e com a sua efetividade como
ferramentas para o conhecimento e a ação”
112
.
Esse autor, em seu livro ‘The Sovereign Map
113
ao se questionar acerca dos mapas,
suas qualidades, funções, objetivos, etc., se deu conta de alguns caminhos para o estudo
dos mesmos. O primeiro caminho “implica uma interrogação histórica ampla, uma pesquisa
entre os fazedores de mapas e de seus utilizadores”
114
. O segundo caminho, “era focar no
mapa em si mesmo como um objeto altamente complexo, envolvendo suporte material e
exibição de signos tais como a escrita, linhas e formas geométricas, formas abstratas,
desenhos figurativos, e pinturas, cada um desses componentes sendo combinados com
outros de acordo com regras especificas e proporções”
115
.
Esta abordagem que está relacionada à maneira apontada por Ginzburg, Benjamin e
Harley, leva a uma desconstrução dos mapas em seus vários elementos. Para Jacob esta
desconstrução era uma necessidade intelectual, e também uma introdução ao projeto de
uma nova história cultural dos mapas, ligando-os com todo o plano de fundo da sociedade
que os desenhou e os utilizou”
116
. Ao mesmo tempo, em seu estudo sobre mapas Jacob
“escolheu uma abordagem formal e estrutural, considerando-os como um dispositivo cujo
vocabulário e gramática específica devem ser descobertos e entendidos”
117
.
Assim, partindo da metodologia mais ampla apontada por Ginzburg, Benjamin e
Harley, foi necessário realizar a desconstrução dos mapas. Para isso, foi aproveitada à
sistematização criada por Christian Jacob em seu livro. Ele dividiu seu livro em quatro partes
que ajudam a classificar e detalhar as questões a serem feitas no estudo/desconstrução dos
mapas. Na primeira parte do livro ele se pergunta o que é um mapa, isto é, “a natureza do
objeto cartográfico na diversidade de suas materializações e de seus possíveis usos”
118
.
1
12
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.xiii.
113
O livro The Sovereign Map (2006) é a tradução para o inglês do livro L'Empire Des Cartes: Approche
Théorique De La Cartographie À Travers L'Histoire (Paris: Ed. Albin, 1992)
114
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.xiv.
115
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.xiv.
116
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.xvii.
117
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.xvii.
118
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.8.
77
Pode-se dizer que em relação ao trabalho aqui apresentado esta primeira parte do livro de
Ja
cob está de alguma forma contemplada nos capítulos da introdução e da história da
cartografia urbana. A segunda parte, que ele chama ‘o grafismo, a geometria e a figuração’
é onde se faz a análise dos componentes gráficos do mapa. A terceira parte é chamada ‘o
mapa e a escrita’, onde se analisa o texto do mapa, isto é, seu título, legendas e outros
possíveis textos. Por último o que ele denomina de ‘a imagem cartográfica’. Assim, as
questões a serem feitas aos mapas estando colocadas num arcabouço metodológico mais
amplo, respondem também as categorias criadas por Jacob.
3.1.1. – Grafismo, Geometria e Figuração
Como bem coloca Jacob “o que se estuda aqui são os componentes visuais do
mapa. O foco aqui é na gramática e no léxico da ‘linguagem do geógrafo’”, isto é, o mapa
como imagem, a questão das margens, das periferias, das bordas e dos limites, o centro do
mapa, a cor, a escala, e seus elementos gráficos.
Pode-se dizer que o mapa como imagem reflete usualmente as convenções estéticas
de seu tempo. O espaço da folha é dividido em diferentes zonas que em principio não
interferem umas com as outras, mas estão relacionadas com o todo. No geral, pode-se
encontrar uma região de textos (título e legenda), o mapa propriamente dito e cartuchos.
Para Sanford
119
a questão das
“periferias, das margens das bordas e dos limites é importante para o
estudo dos mapas. É importante observar que detalhes os fazedores de
mapas (...) conduzem para as margens e quais eles excluem
completamente quando tentam dar um sentido ao mundo que vêem e criam
um senso de lugar (seja num nível local, nacional ou global). Os fazedores
de mapas medievais colocavam monstros nas margens de seus mapas, ou
às vezes o aviso ‘Além daqui haverá dragões’”.
As margens e as periferias ocultavam neste caso, o desconhecido. Portanto, é
preciso analisar o que foi enquadrado pelo mapa, como ele o enquadrou, assim como o que
ficou de fora. Como alerta Jacob “um mapa não pode ser reduzido a um desenho
1
19
SANFORD, Rhonda Lemke. Maps and Memory in Early Modern England: a sense of place. New York:
Palgrave Macmillan, 2002. p.9-10.
78
topográfico, longe de jogar um papel acessório, as outras partes constitutivas condicionam e
o
rientam o olhar de acordo com usos que tem de ser definidos”
120
.
A borda de um mapa pode assumir várias formas, ser redonda, oval, retangular,
quadrada, pode coincidir ou não com os limites do papel. Pode ser uma borda simples ou
decorada, “mas a borda não pode ser reduzida a uma função meramente ornamental; ela
influencia a percepção da imagem ao fornecê-la com um espaço e uma forma”
121
.
Isso pode nos conduzir a uma análise do centro do mapa, num certo sentido uma
busca do que foi priorizado. A questão do centro do mapa aparece em diversos autores. Em
seu livro - Maps and Memory in Early Modern England Rhonda L. Sanford
122
nos fala que
“centros de mapas são, de fato, sujeitos a mudanças dependendo não
apenas do aumento do conhecimento, mas também em gostos
prevalecentes e os vários objetivos para os quais os mapas são feitos e
usados. Em ambas as representações de Londres a pictorial e a literária,
por exemplo, centros diferentes são possíveis, e mesmo quando o centro
continua o mesmo, diferentes valorizações desse centro produzem
significados alternativos”.
A questão importante aqui é a de que são as valorizações que produzem significados
e, portanto, diferentes valorizações produzem também diferentes significados. Para enfatizar
esta questão a autora mostra como o problema do centro foi analisado em relação aos
mapas medievais, ou mappaemundi, onde Jerusalém era colocado no centro e o Este no
topo por ser nesta orientação a localização do paraíso. Sanford
123
apresenta ainda a
questão da relação de Cristo e seu corpo com esses mapas. Segundo ela no mapa de
Psalter (fig.70), de 1250, Jerusalém está colocada no centro que também é o lugar onde
estaria o umbigo de Cristo ao se inferir o seu corpo sob o mapa. No mapa de Ebsdorf
(fig.71), de Ca. 1235, o mapa medieval está sobreposto ao corpo de Cristo. Pode-se ver no
mapa a cabeça de Cristo no topo, os seus pés embaixo e as suas mãos nas margens
laterais. Jerusalém continua no centro onde se situa também o umbigo de Cristo. Samuel
Edgerton
124
é citado por Sanford e reforça essa questão do centro e da imagem de Cristo no
mapa de Ebsdorf ao dizer que:
1
20
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.105.
121
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.107.
122
SANFORD, Rhonda Lemke. Maps and Memory in Early Modern England: a sense of place. New York:
Palgrave Macmillan, 2002. p.9.
123
SANFORD, Rhonda Lemke. Maps and Memory in Early Modern England: a sense of place. New York:
Palgrave Macmillan, 2002. p.5.
124
EDGERTON, Samuel. Apud SANFORD, Rhonda Lemke. Maps and Memory in Early Modern England: a
sense of place. New York: Palgrave Macmillan, 2002. p.5.
79
“Os pés de Cristo estão em Gibraltar, a saída de baixo e ocidental do mar
Me
diterrâneo. Aqui, o lendário Hercules é suposto ter erguido dois pilares
com a inscrição, Non plus ultra, o nada além’. O mapa de Ebsdorf
representa assim metasica e espiritualmente o Corpus Domini o
microcosmo e o macrocosmo unidos. O bom cristão que visse esse
mappaemundi era lembrado dos seus deveres cristãos pela forma circular
eucarística do diagrama. Ele nunca poderia, como um temente a Deus,
esquecer Jerusalém, o verdadeiro sangue e corpo de Cristo. Nem poderia o
bom cristão pensar seriamente em navegar além dos pilares de Hercules
porque isto tamm significaria abandonar o corpo de Cristo.”
Fig. 70 – Mapa de Psalter F
ig. 71 – Mapa de Ebsdorf
Sanford
125
afirma ainda que o período inicial moderno é um tempo de mudanças dos
centros. Ela o exemplo de Vitruvius que em seu De architectura, escrito durante o reino
de Augustus Caesar, observou que um ‘círculo inscrito a volta de um homem com as pernas
e os braços estendidos teria o seu centro no umbigo do homem’. Ainda segundo Sanford
126
,
o “desenho de Leonardo da Vinci Man in a Circle and a Square (fig.72) era suposto ser uma
ilustração do texto de Vitruvius. O desenho de Leonardo, no entanto, acrescenta um
quadrado ao círculo de Vitruvius e, de fato, faz os genitais ocuparem a posição central”.
Nessa questão, a interpretação de Sanford vai mais além quando comenta que, “além de
uma mudança do sagrado para o secular no Renascimento humanista, e da mudança no
entendimento de um universo geocêntrico Ptolomaico para um universo heliocêntrico
Copernicano colocam-se mais uma vez os centros em questão”. Toda essa discussão a
1
25
SANFORD, Rhonda Lemke. Maps and Memory in Early Modern England: a sense of place. New York:
Palgrave Macmillan, 2002. p.6.
126
SANFORD, Rhonda Lemke. Maps and Memory in Early Modern England: a sense of place. New York:
Palgrave Macmillan, 2002. p.9.
80
dimensão da importância de analisar em cada mapa o que está no centro, estabelecendo
r
elações com o contexto da época.
F
ig. 72 – Man in a circle and a square, Leonardo da Vinci
Saindo das questões de centralidade e enquadramento, uma das coisas que chama
a atenção num mapa é o uso ou não da cor. Existem mapas coloridos ou monocromáticos,
dependendo por vezes da cnica utilizada. A utilização da cor nos mapas pode obedecer a
objetivos os mais variados, tais como promover o que é chamado efeito de real’, criar
signos/convenções mais diferenciadas, distinguir um pais/estado/bairro de outro, etc...
Como bem observa Ehrensvärd, “a criação das cores pelo cartógrafo foi sempre
dependente das técnicas disponíveis, das ferramentas e dos materiais; a evolução da
impressão de mapas operou um fator de controle no visual dos mapas através da história da
cartografia”
127
. Assim ao longo do tempo se teve mapas manuscritos coloridos a mão,
depois com o advento da impressão com a dificuldade de se imprimir com várias cores,
ainda se adicionava a cor manualmente, e, por fim, a cor pode ser impressa conjuntamente.
Além de Ehrensvärd, outros autores se detiveram na questão da cor, Woodward
escreveu um trabalho sobre a questão da cor nos mapas renascentistas, onde ele coloca
que “normalmente os estudos distinguem entre o uso da cor como uma adição estética e o
1
27
EHRENSVÄRD, Ulla. Color in Cartography: a historical survey. In: WOODWARD, David. (Ed.) Art and
Cartography:. six historical essays. Chicago: The University of Chicago Press, 1987. p. 124.
81
seu uso para transmitir informação geográfica”
1
28
. Mas, o uso das cores não é aleatório, ele
faz parte de uma simbologia complexa e obedece a regras (de linguagem) que foram
criadas ao longo do tempo. Dainville aponta que
“as cores das quais dispõe o geógrafo são reduzidas a um pequeno
número, ‘os meios simples sendo sempre os melhores’, mas elas
constituem uma verdadeira língua, familiar aos autores e aos usuários dos
mapas. Sempre que possível nós consignamos as convenções. Varias
delas remontam a um passado longínquo, pois se assinala nas cartas
medievais o colorido das águas naturais, mares e rios em verde, o vermelho
estando ligado à silhueta de cidades e por vezes a fita das estradas”
129
.
Essas convenções de cores também podem mudar ao longo do tempo, é o caso dos
mares e rios que atualmente quando os mapas são coloridos são apresentados em azul. O
azul, segundo Dainville
130
, nas cartas medievais era reservado para ou, e utilizado
somente nos mapas em que o mesmo aparecia - geralmente em vistas de cidades.
Faz parte do tema grafismo, geometria e figuração a questão da escala utilizada. Ela
geralmente obedece às regras de sua época e do local onde o mapa foi feito. A escala de
um mapa nos mostra à proporção que este mapa tem em relação ao território que ele
representa. Ela pode ser numérica ou gráfica. Quanto menor a escala menos detalhes são
possíveis de mostrar do território representado. Uma discussão interessante sobre a
questão da escala encontra-se no conto de Jorge Luis Borges
131
“Do rigor da ciência” onde
através da literatura se levanta a questão sobre a reprodução de um território na escala 1/1,
empreitada comentada tanto por Umberto Eco
132
quanto por Gilles Palsky
133
como
impossível de refletir o ‘real’, já que é incapaz de reproduzir a dinâmica do mesmo.
Ora, como afirma Tiberghien,
“as especulações sobre o tamanho e sobre a escala determinam a nossa
aproximação com o mundo, e o fato de que a medida do corpo humano foi
abandonada na Revolução Francesa e que se preferiu, na Europa
continental, o sistema métrico baseado sobre o calculo do meridiano
1
28
WOODWARD, David. Techniques of Map Engraving, Printing, and Coloring in the European Renaissance. In:
WOODWARD, David (Ed.). History of Cartography: cartography in the European Renaissance. Chicago: The
University of Chicago Press, 2007. v. 3, part 1. p.603.
129
DAINVILLE, François de. Le Langage des Géographes. Paris: A. et J. Picard, 1964. p. 330.
130
DAINVILLE, François de. Le Langage des Géographes. Paris: A. et J. Picard, 1964. p. 331-2.
131
BORGES, J. L. L´auteur et autres textes. 3. éd. Paris: Gallimard, 1982. p.199.
132
ECO, Umberto. De l´impossibilité d´établir une carte de Empire à l´échelle du 1/1. In: ECO, Umberto.
Comment voyager avec un saumon? Nouveaux pastiches et postiches. Paris: Grasset, 1997. p. 221-229
133
PALSKY, Gilles. Document Sans Titre: Borges, Carrol et la carte au 1/1. Cybergeo: European Journal of
Geography, Paris, article 106, 30 sept. 1999. Disponivel em: <http://www.cybe
rgeo.eu/index5233.html>. Acesso
em: 25 jul. 2008.
82
terrestre, teria tido incidências sobre a maneira como nós representamos o
m
undo, provavelmente mais ‘física’ num caso e mais abstrata no outro”
134
.
“A escala cartográfica, para uma cidade, depende do que se quer mostrar, o conjunto
ou o detalhe, mas também do formato desejável da folha de papel, relativamente à
capacidade técnica de produção como também a maneabilidade do mapa”
135
. Como em
relação as outros tipos de convenções que fazem parte da linguagem cartográfica, ao longo
do tempo a escala a ser utilizada sofreu normatizações. Assim, saber se o cartógrafo
‘obedeceu’ a essa normatização e se as regras que utilizou foram locais ou internacionais ou
ambas, nos diz sobre o seu grau de atualização.
Por ultimo, temos a questão do desenho, dos tipos de grafismos utilizados: das
convenções, dos signos, a questão da orientação geográfica e dos desenhos de vistas,
prédios, ‘cartuchos’ e outros ‘enfeites’ que estejam colocados no mapa.
Em seu texto sobre signos Catherine Delano-Smith
136
nos aponta uma variedade de
elementos que podem ser mostrados através deles, tais como signos de mares, de linhas de
costa, ilhas, arquipélagos, lagos, rochas, rios, relevo, encostas, morros, montanhas, vulcões,
vegetação, árvores, plantações, fronteiras políticas, assentamentos, povoações, vilas,
cidades, igrejas, estradas, ruas, pontes, ferrovias, estações de trem, faróis, fábricas,
indústrias, museus, etc.
Segundo Teixeira
137
,
“os métodos de representação gráfica utilizados dão-nos igualmente
informação sobre os desenvolvimentos técnicos e artísticos verificados em
épocas sucessivas. Uma carta expressa sempre os conceitos de cidade e
os modelos culturais e científicos que lhe estão subjacentes,
correspondentes à época da sua elaboração”.
Na introdução do capítulo Imagens e Códigos, do livro Cartes et Figures de la
Terre
138
, Jean Loup Riviére nos a dimensão de como a questão do desenho é tratada.
Para ele
“no grande corpo nu da topografia, é necessário que sejam colocados
nomes e atributos. Suas linhas características e suas superfícies
1
34
TIBERGHIEN, Gilles A. Finis Terrae: imaginaires et imaginations cartographiques. Paris: Bayard, 2007. p.121.
135
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004.p. 14.
136
DELANO-SMITH, Catherine. Signs on Printed Topographical Maps, ca.1470 ca.1640. In: WOODWARD,
David (Ed.). History of Cartography: cartography in the European Renaissance. Chicago: The University of
Chicago Press, 2007. v. 3, part 1.
137
TEIXEIRA, Manuel C. A cartografia no estudo da história urbana. Urbanismo2 de Origem Portuguesa, Lisboa,
2, set. 2000. Disponível em: <http://revistas.ceurban.com/numero2/textos/textos1/textos1.htm>. Acesso em 10
mar.2010.
138
RIVIÉRE, Jean Loup. Cartes et Figures de la Terre. Paris: Centre Georges Pompidou, 1980. p. 303
83
representam funções e delimitam as qualidades que o o objeto primeiro
d
a geografia. O simples desenho topográfico, o que se chama o ‘mapa
mudo’ ou o fundo do mapa’, precede cronologicamente seu preenchimento
pela transcrição dos dados, mas podeamos tamm dizer que a
topografia, as formas elementares do mapa não são, logicamente, mais do
que um efeito da disposição dos objetos geográficos tornados signos e
caracteres: o mapa é uma espécie de caligrama. Em outro tempo, a
descrição acompanhava o desenho topográfico: narrações, vinhetas e
cartuchos eram dispostos a volta do mapa como simples ajuda a memória
de uma legenda hipertrofiada. Mas o sonho do cartógrafo parece ser de
fazer do mapa um corpo são e autônomo, sem suportes nem assistência,
em resumo, de fazer com que a terra aí esteja, toda escrita. A longa
enumeração dos dados deixa as margens e os pequenos livros para
preencher o mapa, os elementos naturais e os fatores socioeconômicos não
o mais o objeto de discursos, mas signos, símbolos, grafismos e cores
dispostos em seus lugares; o que era sucessivo se torna simultâneo; o que
era lisível se torna visível. Mas este vivel não é mais do que uma
modalidade do livel, pois é necessário saber o código e conhecer a
legenda
139
.
François de Dainville em seu livro “A Linguagem do Geógrafo” (1964) mostra uma
gramática ou um dicionário das convenções cartográficas quando cada convenção
começou a ser utilizada e quem a elaborou. Pode-se relacionar essa gramática/dicionário
aos mapas estudados, para poder compreender as influências que cada cartógrafo teve ao
imitar determinado signo, o que talvez permita apontar a época do mapa. François de
Dainville define as intenções de seu livro com as seguintes palavras:
“a pesquisa histórica se preocupa, cada vez mais, de situar os dados sobre
os quais se volta sua atenção, não somente no tempo, mas também no
espaço. Assim os mapas gravados ou manuscritos que se encontram nos
arquivos históricos e nas bibliotecas se tornam uma fonte de informação
capital. (...) As riquezas desse imenso fundo, não são muito exploradas. O
historiador ou o geógrafo, preocupado em apoderar-se dos aspectos da
paisagem de hoje que esclarecem a luz do passado, não ousam se
aventurar por falta de um guia. Esta é a razão porque, desde muito tempo,
nos pareceu indispensável elaborar instrumentos de trabalho próprios para
fornecer a todos aqueles que, sem ser especialistas da cartografia antiga,
queiram ter proveito ao consultar e estudar mapas antigos, e de
estabelecer, em primeiro lugar, um glosrio histórico de termos de
geografia”.
1
39
DAINVILLE, François de. Le Langage des Géographes. Paris: A. et J. Picard, 1964. p. vii.
84
Suas definições, seu glossário de termos, de convenções e de signos (fig.73) ajudam
a
esclarecer nos mapas estudados, as origens dessas convenções que foram inventadas e
emergiram em um dado momento e que foram, ao longo do tempo, incorporadas à
linguagem do cartógrafo/geógrafo e absorvidas pelo usuário dos mapas.
F
ig. 73 – A cidade nos mapas, quadro de Dainville.
Os signos representando cidades neste quadro de Dainville criam uma hierarquia
das mesmas. Como bem nos alerta Harley:
esta hierarquização do espaço não é um ato consciente da representação
cartográfica. De preferência ela é tomada como certa em uma sociedade
em que o lugar do Rei é mais importante do que o lugar de um menos
importante barão, que um castelo é mais importante do que a casa do
camponês, que a cidade de um arcebispo é mais importante do que a de
um prelado, ou que o estado de um senhor de terras é mais importante de
enfatizar do que o de um mero fazendeiro. A cartografia dispõe o seu
vocabulário, de tal forma que corporifica uma desigualdade social
sistemática. As distinções de classe e poder são construídas,
materializadas e legitimadas no mapa através de signos cartográficos. A
regra parece ser “o mais poderoso, o mais proeminente”. Para aqueles que
têm força no mundo será adicionada força no mapa. Usando todos os
truques do ofício cartogfico tamanho do símbolo, espessura da linha,
85
altura de letreiro, hachura e sombreamento, adição de cor nós podemos
t
raçar esta tendência de reforçar em inumeráveis mapas da Europa. Nós
podemos começar a ver como os mapas, assim como a arte, se tornam um
mecanismo “para definir relações sociais, sustentar regras sociais e
fortalecer valores sociais”
140
.
Esse exemplo aponta para o fato de que através da utilização das ‘regras’
cartográficas reforçam as regras sociais, e, portanto elas são “influenciadas por um tipo
bastante diferente de regras, aquelas que governam a produção cultural do mapa”
141
.
3.1.2. – Mapas e Escrita
Um mapa pode conter além de signos, textos escritos afinal, “o mapa não é apenas
uma imagem entre outras: a escrita e a linguagem na sua superfície são de uma importância
preponderante”
142
. Num mapa se tem rios elementos escritos o título, a toponímia, as
legendas, etc. e esses “textos organizam um espaço de legibilidade que constantemente
interfere com a visão das formas”
143
.
A análise da escrita começa com o mais óbvio, o título do mapa. Geralmente ele
define a natureza da imagem, se o que será mostrado é uma planta de cidade, a topografia
de uma região, uma batalha, um cerco, a divisão política do mundo, a meteorologia de um
país, os mapas de estradas, da hidrografia de uma região, etc. O título ajuda a saber do que
trata o mapa, mas ao mesmo tempo dá o tom do mapa. Ele não é isento como se pode
apreender, por exemplo, do mapa feito por Zambeccari do Rio Grande do Sul que teve duas
impressões, numa delas ele se intitulava ‘Mappa do Rio Grande do Sul’ na outra ‘Mappa da
Província do Rio Grande do Sul’. A diferença é que num o cartógrafo fazia referência à
proclamação da república rio-grandense, mas o outro era para ser mostrado ao Imperador.
Como bem coloca Jacob
“em todas as suas variadas expressões, o tulo situa o mapa numa
categoria especial de imagens; ele programa uma leitura do mapa que é
1
40
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.158.
141
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.156.
142
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.9.
143
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.9.
86
diferente da que seria feita de uma pintura abstrata ao obrigar o leitor a
j
ustificá-la através de um complexo processo de mobilização da memória e
da atividade interpretativa”
144
.
O título pode ser colocado em diversas partes do mapa, geralmente inserido num
cartucho (fig.74).
F
ig. 74 – Títulos em mapas
Uma parte importante da escrita num mapa diz respeito à toponímia, os nomes no
mapa. Eles podem se referir a lugares, a ruas, a montanhas, a rios, a acidentes geográficos,
mares, países, continentes, regiões, cidades, ilhas, etc. “A toponímia permite a linguagem e
a escrita invadir o mapa, com uma das suas mais importantes funções, aquela de
nomear”
145
.
A toponímia busca efeitos visuais e estéticos, pois o cartógrafo tem de estudar onde
o nome pode ser colocado de forma a não atrapalhar a leitura do mapa. Além disso, a forma
como a toponímia é colocada cria hierarquias, assim cidades maiores o descritas com
letras maiores (fig.75).
F
ig. 75 – Toponímias
1
44
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.192-193.
145
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.201.
87
“Nomear é um modo de apropriação simbólica que provê territórios virgens de uma
m
emória, uma malha que expropria o espaço do outro e o torna em um objeto de discurso,
sujeito as restrições de referência lingüística, que procura fazer cada lugar identificável
correspondente a um nome”
146
. Isso pode ser visto em mapas da América do Norte, que no
período colonial perderam os nomes dos nativos (fig.76). Hoje, em muitos lugares dos
Estados Unidos uma reconstrução da toponímia nativa está sendo feita. Esse tipo de
reconstrução também está sendo feito no território Yukon (Canadá) e no Alaska, território
dos Inughuit’ para se recordar o nome dos lugares e o seu pano de fundo cultural
147
.
F
ig. 76 – Detalhe do mapa ‘New England Observed’ de John Smith, 1635.
Por ultimo, a escrita também aparece nas legendas(fig.77), onde ela tem o poder de
‘traduzir’ as convenções cartográficas, elas nos explicam os signos utilizados. Mas como
bem coloca Wood “as legendas muitas vezes o dispensadas e nunca apresentam
explicações de mais de que uma parte dos ‘símbolos’ encontrados no mapa ao qual elas se
referem”
148
. Numa certa medida, elas obedecem às normas “oficiais” da época do mapa.
Como afirma Rémi Caron “a legenda é aquele retângulo discreto num canto do
mapa, onde a maior parte dos signos utilizados é reproduzida e recebem uma tradução em
uma ou diversas línguas”
149
. Mas como o próprio autor salienta, essa legenda deveria
1
46
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.205.
147
HITCH, Doug. Linguistic Research on the Kohklux Maps. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON THE
HISTORY OF CARTOGRAPHY, 23., Copenhagen. AbstractsCopenhagen: The Royal Library, 2009. p.57.
148
WOOD, Denis. The Power of Maps. New York: Guilford, 1992. p.97;
149
CARON, mi. La Legende. Quand le cartographe se fait son propre traducteur. In: RIVIÉRE, Jean-Loup.
Cartes et Figures de la Terre. Paris: Centre Georges Pompidou, 1980. p.329.
88
explicar todas as convenções gráficas utilizadas no mapa. Contudo, devido ao tamanho que
p
ode vir a ter no mapa uma legenda e pelo fato de que algumas convenções já são
supostas serem evidentes, e por serem ‘evidentes’o necessitariam de uma tradução, nem
todos os símbolos gráficos utilizados figuram na legenda.
F
ig. 77 – Algumas legendas de mapas
A forma como a legenda é apresentada, o seu conteúdo, a hierarquização por ela
criada pode nos proporcionar uma leitura das intenções do mapa/cartógrafo. Leva-se em
consideração nessa interpretação as convenções oficiais da cartografia no Brasil e no
mundo na época em que o mapa foi feito e em que medida o cartógrafo as ‘obedece’. A
legenda também pode destacar, além das convenções, elementos importantes do local
retratado pelo mapa.
Todos esses elementos escritos colocados no mapa m que se utilizar de tipos de
letras. David Woodward é um dos pesquisadores da história da cartografia que tem
trabalhos sobre esse tema. Para ele,
“o tipo de letra tem sido um elemento proeminente e ubíquo nos mapas.
Seu estilo é tão senvel a diferenças de gosto regionais e históricas que
pode ser usado, junto com outros elementos cartográficos tais como
simbolização, cor e iconografia, como um guia de período na identificação
de mapas
150
.
Muitos cartógrafos faziam uma tabela de tamanhos e tipos de letras para que essa
hierarquia pudesse ser facilmente entendida (fig.78) e como um auxiliar ao seu trabalho.
1
50
WOODWARD, David. The manuscript, Engraved and Typographic Traditions of Map Lettering. In:
WOODWARD, David (Ed.). Art and Cartography: six historical essays. Chicago: The Chicago University Press,
1987. p.212.
89
F
ig. 78 – Letreiros.
Um texto que não aparece no mapa, mas que pode influenciar no seu estudo é o que
normalmente se chama de ‘memórias’. As ‘memórias’ na cartografia geralmente são textos
explicativos de como foi feito o mapa a que elas se referem. Podem ajudar a compreender
como o mapa foi elaborado e quais eram os objetivos do cartógrafo. A existência ou não das
mesmas deve ser pesquisada e, se existirem, podem ser de grande auxilio ao trabalho de
análise. Segundo Catherine Bousquet-Bressolier, a
“necessidade de formar os engenheiros-geógrafos é uma preocupação forte
na França desde Vauban. Ela se torna crucial na metade do século XVIII.
(...) No inicio da Guerra de Flandres (1741-1748), o escritório das Ponts et
Chaussées recebe a missão de formação (1747) e em 1748 é criada a
escola do Génie de Mézières. (...) A instrução que os homens da armada do
Rhin recebem em 1761 contribui em uma larga medida a essa formação.
Ela é um modelo do gênero porque ela não propõe uma sucessão de
receitas a serem aplicadas, mas desenvolve junto aos engenheiros uma
atitude para a análise geográfica da paisagem, estrutura o seu pensamento
e os torna capaz de redigir os mapas e as memórias
151
.
Assim, o uso de sua ‘memória’ em conjunto com o mapa passa a ser, a partir de
então, um instrumento importante.
1
51
BOUSQUET-BRESSOLIER. Du paysage naturel à la utopie: le Corps des Ingénieurs-Géographes et la
diffusion d’un savoir théorique sur les cartes. In: BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine (Dir.). Le Paysage des
Cartes. Genèse d’une codification. (Actes de la 3
e
Journeée d’étude du Musée des Plans-Reliefs). Paris: Musée
des Plans-Reliefs, 1999. p. 82.
90
3.1.3. –A Imagem Cartográfica
N
a última parte de seu estudo, Jacob se pergunta “como este complexo mecanismo
gráfico pode ser decifrado de uma vez por todas como uma imagem da terra ou de uma de
suas regiões?” Seu ponto de partida “é a convicção de que o efeito de significado próprio
aos mapas geográficos resulta tanto dos itinerários e das interpretações dos leitores quanto
da intencionalidade e dos artifícios visuais dos próprios cartógrafos”
152
.
Para ele, se é obrigado, no final,
“a debater com o significado do efeito global produzido pelo mapa
geográfico. Este significado é produzido através da interação de uma visão
e de um conhecimento externo do mundo, um conhecimento que requer a
memorização de um repertório de formas e nomes e de uma arquitetura
geral na qual unidades distintas estão contidas uma dentro da outra, como
as peças regionais de um quebra-cabeças geográfico pode ser”
153
.
Neste item, Christian Jacob “olha além da superfície do mapa”, ele segue “várias
linhas de reflexão nas formas de apropriação do mapa e no jogo entre os indivíduos e as
normas sociais”
154
. Em seu livro ele aborda os mapas imaginários, ficções cartográficas,
microcosmos e o jogo de interpretação de personagens (RPG), etc. No entanto, a
abordagem neste trabalho tenta discutir as questões, como ele aponta, que estão ‘além da
superfície do mapa’, voltadas para as questões relacionadas à cartografia urbana.
Começando pela questão mais geral de uma classificação dos mapas. No livro
Cartes e Figures de la Terre(1980), Yves Lacoste
155
, em seu texto sobre ‘os objetos
geográficos’, fala de uma das classificações possíveis que é a da ordem de grandeza.
Assim, segundo ele, Jean Tricart (1965)
156
distingue sete ordens de grandeza espacial,
desde uma ordem onde a dimensão é medida em termos de milhares de quilômetros até
uma onde as dimensões se medem em metros. Mas essa é uma forma simples de debater a
questão da classificação dos mapas, pois tem em seu arcabouço apenas a questão da
escala e da dimensão.
1
52
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.9.
153
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.271.
154
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.272.
155
LACOSTE, Yves. Les Objets Géographiques. In: RIVIÉRE, Jean-Loup. Cartes et Figures de la Terre. Paris:
Centre Georges Pompidou, 1980. p. 21.
156
Geógrafo francês, escreveu um livro chamado Principes etthodes de la géomorphologie.
91
outras classificações que são importantes ao se analisar os mapas. Por exemplo,
se
o mapa é manuscrito ou impresso, se impresso qual a cnica de impressão utilizada.
Dainville
157
aponta essa distinção entre mapas manuscritos e impressos quando fala dos
modos de classificação antigos. Como escreve Pierre Pinon
158
, referindo-se a seu livro, “a
maior parte dos mapas de Paris apresentados neste Atlas são planos gravados, pela
razão bastante simples que os mapas que se mantiveram manuscritos são bastante raros, o
levantamento de um mapa exige tal investimento que ele implica quase que
automaticamente uma larga difusão”.
Outra forma bastante simples de classificação diz respeito à forma de apresentação
do mapa. O mapa pode ter sido feito em uma única folha, pode ter sido impresso ou
desenhado em várias folhas, pode ser um mapa que faz parte de um Atlas e pode ser um
mapa de parede. Quando se fala de mapas do mundo existem os globos que, para o
trabalho sobre a cartografia urbana, não serão levados em consideração.
Quando se fala de cartografia urbana, Pinon
159
alerta que “há duas concepções
bastante diferentes que se sucedem às vezes se sobrepondo: a ‘vista cavaleira’ ou de vôo
de pássaro, vista realista (quase a de uma fotografia aérea obliqua), concreta, que persiste
até o século XVII, e o ‘plano geometral’, que é uma projeção abstrata, matemática, do
volume da cidade sobre seu solo”. Sendo mais preciso, Buisseret
160
aponta quatro
categorias para se prefigurar a cidade: o plano vertical, a vista a olho de pássaro, o perfil e a
maquete.
A questão de como ver e representar o espaço urbano é bem colocada por Lucia
Nuti. Para ela, a discussão passa pelas tentativas de uma representação total da cidade, no
sentido da sua visão num determinado momento histórico. Como ela mesma diz, “os modos
de representação não são simples conjuntos de qualidades formais, mas expressões de
culturas visuais diversas”
161
.
Pinon tenta fazer uma tipologia dos mapas de cidades segundo seus objetivos (dos
mapas), que ele subdivide da seguinte maneira: primeiro, ele distingue “os mapas gerais da
cidade, que dão uma imagem global, com usos potencialmente múltiplos, os ‘mapas retrato’
e os ‘mapas topográficos’, que são os dois principais modos de representação. Os outros
1
57
DAINVILLE, François de. Cartes Anciennes de l’Église de France. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 1956.
p.129.
158
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004.p. 7.
159
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004.p. 7.
160
BUISSERET, David. Introduction. In: BUISSERET, David (Ed.). Enviosining the City: six studies in Urban
Cartography. Chicago: The University of Chicago Press, 1998. p.xii.
161
NUTI, Lucia. Mapping Places: chorography and vision in the Renaissance. In: COSGROVE, Denis (Ed.).
Mappings. London: Reaction Books, 1999. p.98
92
mapas perseguem a priori objetivos mais precisos, são os ‘mapas cadastrais’, os ‘mapas
p
rojetos’ e os ‘mapas análise’”
162
. Os primeiros, os ‘mapas retratos’ são, para Pinon, os
mapas que representam a cidade na forma de vistas cavaleira. Os ‘mapas topográficos’ são
o que ele já chamava de ‘mapa geometral’, mapa que mostra a projeção da cidade no seu
solo. Os ‘mapas cadastrais’ são aqueles mapas que representam a cidade mostrando ao
mesmo tempo os limites das propriedades. Os ‘mapas projetos’ são aqueles que mostram
os projetos de formação ou de transformação da estrutura física da cidade. Por fim, os
‘mapas análise’, são aqueles mapas que decompõe de forma temática a cidade para
permitir o estudo de sua trama viária, o seu parcelamento, ou os elementos construídos.
Tratam-se, nesse caso, de mapas temáticos nos quais tanto os fenômenos físicos, quanto
os sociais podem ser mostrados. É o caso, por exemplo, do famoso mapa do Dr. John Snow
sobre os casos de cólera em Londres em 1855 (fig.79).
F
ig. 79 – Cholera cases around the Broad Street Pump, 1855.
Marcel Watelet
163
, em seu trabalho Étude des corpus cartographiques des Ponts
et Chaussées et du Waterstaat’, classifica os mapas urbanos segundo três categorias: os
mapas urbanos ligados a modificação ou a criação de novas vias, os mapas urbanos
específicos de alinhamento e os mapas urbanos que associam reconstrução e alinhamento.
1
62
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris. Histoire d’une Capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004.p. 10.
163
WATELET, Marcel. Pratiques administratives et codification du paysage urbain en Wallonie (1804-1830)
Étude des corpus cartographiques des Ponts et Chaussées et du Waterstaat. In: BOUSQUET-BRESSOLIER,
Catherine (dir.). Le Paysage des Cartes. Genèse d’une codification. (Actes de la 3
e
Journeée d’étude du Musée
des Plans-Reliefs). Paris: Musée des Plans-Reliefs, 1999. p. 132.
93
Pode-se dizer que essa classificação de Watelet é uma subdivisão dos ‘mapas projetos’ de
P
inon.
Em cada uma dessas taxionomias pelas quais se pode analisar a cartografia urbana
está por trás à pergunta: ‘por que representar a cidade?’ No entanto, como bem alerta
Pinon
164
,
“as razões pelas quais os mapas de cidade são feitos, reproduzidos e
difundidos não são sempre nem precisas e nem explícitas. E mesmo
quando eles são claros, uma vez o mapa feito, ele pode conhecer usos
múltiplos, diferentes, opostos mesmos aos objetivos iniciais. Um mapa
exaltando uma cidade pode ser usado por seus atacantes militares, seus
potenciais destruidores. Os usos evoluem com o tempo”.
E são esses usos que interessa mostrar. Não apenas do momento de sua feitura,
mas também ao longo do tempo. Entra aqui o que se pode chamar de ‘acessibilidade’, Isto
é, quem teve acesso a esses mapas e quando? Muitos mapas foram criados para uso
restrito, e muitas vezes a sua técnica de produção não permitia uma grande divulgação – os
mapas manuscritos, por exemplo, eram quase sempre exemplares únicos, portanto não
podiam chegar aos olhos do grande público.
Trata-se aqui como bem define Pinon, “do uso pratico dos mapas, da sua difusão e
de seus compradores”
165
. Inclui também quem produz os mapas. Segundo Pelletier,
“a palavra final fica com os usuários, sobretudo com aqueles que devem
confrontar o mapa com o terreno e que exige atualizações constantes e
rápidas, ainda mais necessárias para os mapas marítimos do que para os
mapas terrestres. Estes usuários o os atores menos conhecidos da
historia da cartografia e, no entanto, se avanços, eles são em parte
responsáveis: os mapas o feitos para eles e o eles que os compram e
que fazem viver os editores e os cartógrafos
166
”.
A acessibilidade dos mapas vem se modificando ao longo do tempo. Os primeiros
mapas da época das descobertas tinham um acesso restrito não somente porque eram
manuscritos, mas por causa do segredo que estava envolvido nas descobertas marítimas
tanto dos portugueses quanto dos espanhóis. Com a invenção da imprensa, a acessibilidade
aos mapas foi aumentando que o mapa não era mais apenas um único, mas havia uma
1
64
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004.p. 9.
165
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004.p. 12.
166
PELLETIER, Monique. Science et cartographie au Siècle des lumières. In: PELLETIER, Monique.
Cartographie de la France et du monde de la Renaissance au Siècle des lumières. Paris: Bibliothèque Nacionale
de France, 2001. p.104-5.
94
tiragem. Além disso, os mapas podiam ser reeditados. Modificações na cidade, novas ruas,
n
ovas construções ganhavam novas edições atualizadas. Hoje em dia com o GPS, a
atualização é imediata, como diz a propaganda do GPS Tom Tom, na Itália, mappi freschi
ogni giorni”. Na França, a propaganda desse mesmo GPS é mais discreta, mas aponta para
o mesmo sentido: seule la technologie exclusive MapShare
TM
de Tom Tom vous permet de
recevoir des mises à jour quotidiennes, pour des cartes actualisées em temps réel”.
Na classificação de Pinon e, principalmente, na de Watelet, entram questões do por
que o mapa foi feito. Em mapas de cidades, um objetivo bastante comum era a questão do
alinhamento urbano Os mapas de alinhamento urbano podem formar uma categoria de
mapas bem específicos, que eles respondem a uma funcionalidade particular ligada a
gestão dos elementos edificados urbanos. Na França, segundo Watelet, “as prescrições de
alinhamento constituem-se em disposições capitais do desenvolvimento urbano”
167
.
Os mapas, ao longo do tempo foram objetos de normatizações. No Brasil, o
colonizador, o Império e a República criaram leis para a feitura dos mapas. Essas
legislações e as estruturas ligadas à cartografia criadas no Brasil tinham relações com o que
acontecia no resto do mundo, primeiramente em relação a Portugal, e depois foi se abrindo
para outras conexões, conexões essas que traziam novidades em termos cartográficos.
Watelet afirma que, na França,
“se assiste entre 1804 e 1830 ao desenvolvimento de uma normatização
cartográfica. O legislador define as diferentes escalas a serem utilizadas em
função dos tipos de cartas. Os engenheiros e os práticos são convidados a
se conformar aos quadros das escalas gráficas. O legislador tenta
igualmente uniformizar a tipologia dos mapas e planos em função das
escalas
168
.
No Brasil, em 1810, é criada a primeira escola de formação de Engenheiros
Geógrafos Militares. Era a Academia Real Militar, criada por Carta Régia do Príncipe
Regente D. João VI, de 04 de dezembro de 1810 um curso de 8 anos. Em 1822, tem-se o
surgimento da litografia para impressão de mapas. E em 1825, é criada a Comissão do
Império do Brasil, primeira organização oficial de Cartografia no Brasil. Em 1830 foram feitos
os primeiros trabalhos de Cartográfica Náutica, realizados por iniciativa de entusiastas
brasileiros. No início da República, em 1890, foi criado o Serviço Geográfico Militar, anexo
1
67
WATELET, Marcel. Pratiques administratives et codification du paysage urbain en Wallonie (1804-1830)
Étude des corpus cartographiques des Ponts et Chaussées et du Waterstaat. In: BOUSQUET-BRESSOLIER,
Catherine (dir.). Le Paysage des Cartes. Genèse d’une codification. (Actes de la 3
e
Journeée d’étude du Musée
des Plans-Reliefs). Paris: Musée des Plans-Reliefs, 1999. p. 122.
168
WATELET, Marcel. Pratiques administratives et codification du paysage urbain en Wallonie (1804-1830)
Étude des corpus cartographiques des Ponts et Chaussées et du Waterstaat. In: BOUSQUET-BRESSOLIER,
95
ao Observatório Astronômico, para a execução dos trabalhos geodésicos e geográficos da
R
epública dos Estados Unidos do Brasil. Desde então, outros órgãos e outros serviços
referentes à cartografia foram criados no Brasil. Importa analisar o que eles executaram, que
normatizações criaram, em que medida promoveram ou incorporaram avanços científicos e
tecnológicos na área ou como se atualizaram face aos descobrimentos científicos
internacionais. E relacionar toda essa constelação com os mapas de Porto Alegre
produzidos.
Muitos desses acontecimentos da cartografia brasileira acontecem em um período
similar e paralelo aos acontecimentos de normatização da cartografia na França e em outros
lugares do mundo. É importante ver o que aconteceu no Brasil e em que medida esses
acontecimentos são um reflexo do que estava acontecendo nesses lugares. Além dessa
questão, temos os problemas relacionados ao investimento. Fazer mapas não é uma coisa
trivial, eles implicam o uso de cartógrafos, de equipamentos de medição, de aferição e de
desenho, além de meios de reprodução.
Analisando os procedimentos administrativos de Ponts e Chaussées e do
Waterstaat, segundo Watelet, pode-se encontrar na documentação a determinação da
necessidade de
um orçamento especifico, dedicado ao levantamento de mapas. Sendo as
produções cartográficas de competência da autoridade administrativa,
rubricas orçamentárias específicas o previstas na contabilidade para a
realização dos mapas. Essa gestão contábil extremamente interessante
permite conhecer o tipo de produção cartográfica, as necessidades, as
modalidades práticas de execução e os custos de realização”
169
.
Há uma frase que ficou famosa no escândalo de Watergate (1974): ‘follow the
money’. Na pesquisa historiográfica dos mapas, o dinheiro – oamento – certamente
constitui um rastro para a investigação dos processos envolvidos na cartografia.
Como um todo, neste trabalho é necessário fazer a identificação dos mapas que se
vai estudar. Para fazer essa identificação de cada mapa de cidade estudado, foi importante
ter uma uniformização mínima dos dados que devem constar dessa descrição. Dessa
apresentação devem constar dados genéricos que permitam uma catalogação dos mesmos.
Nesse sentido, os dados a serem colocados inicialmente se baseiam em classificações de
bancos de dados de mapas – mapotecas – vistos em livros e na internet (Anexo 1).
C
atherine (dir.). Le Paysage des Cartes. Genèse d’une codification. (Actes de la 3
e
Journeée d’étude du Musée
des Plans-Reliefs). Paris: Musée des Plans-Reliefs, 1999. p. 127.
169
WATELET, Marcel. Pratiques administratives et codification du paysage urbain en Wallonie (1804-1830)
Étude des corpus cartographiques des Ponts et Chaussées et du Waterstaat. In: BOUSQUET-BRESSOLIER,
96
A partir daí
o
caminho seguido por este estudo tem sido guiado pela convicção de que
o objeto em si mesmo, as formas, os desenhos e até mesmo o letreiro do
mapa nos permite encontrar – como se embebido dentro do mapa – o traço,
a impressão desses gestos, olhares e operações intelectuais. (...) As
inscrições verbais o título, a toponímia, as legendas todas colocam de
sua própria maneira a questão fundamental do significado, do
relacionamento entre o que é figurativo e o que é verbal, entre visão e
leitura”
170
.
Deve-se destacar e analisar quais são os elementos representados na cartografia
urbana e como eles variam de representação segundo a época e os objetivos do mapa.
Fazem parte desses elementos as vias, o parcelamento, as edificações (as comuns e as
destacáveis), os espaços livres públicos e privados, os limites urbanos e de bairros, e ainda
os elementos geográficos o relevo, rios, riachos, morros, montanhas, lagos, florestas,
parques, praças, a vegetação, os muros, etc. “Esses objetivos (...) guiam o enquadramento,
a orientação, a escolha do que se quer mostrar (topografia, tematização), os modos e a
‘precisão’ das representações”
171
.
Ao longo do tempo, as cidades crescem e se transformam. Os mapas urbanos de
uma determinada cidade têm o poder de mostrar e projetar essas mudanças, que não são,
portanto, somente um desenvolvimento ‘natural’ da cidade. O planejamento e a
administração da cidade influenciam na sua forma e na sua distribuição espacial. Conforme
a cidade vai crescendo, seus limites urbanos vão sendo ampliados e os mapas podem ou
não mostrar essa mudança dos limites. Nas questões administrativas, as cidades ganham
subdivisões arraiais, bairros, setores. O poder público gerencia essas questões e elas
podem vir a ganhar uma representação espacial quase ao mesmo tempo em que o poder
público legisla sobre elas. A análise dos mapas deve ser feita, então, em paralelo com a
análise da legislação da cidade no que diz respeito à determinação administrativa dos seus
limites e dos limites de cada bairro, de sua vocação, do seu crescimento.
Como bem disse Jacob, “escrever a história do mapa requer o estudo das ligações
entre os mapas e o tempo, ambos num sistema global, desenhado numa longa duração, e
C
atherine (dir.). Le Paysage des Cartes. Genèse d’une codification. (Actes de la 3
e
Journeée d’étude du Musée
des Plans-Reliefs). Paris: Musée des Plans-Reliefs, 1999. 130-1.
170
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.270.
171
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nationale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004. p. 13.
97
em um preciso, e claramente demarcado contexto histórico no qual toda a evidência
d
isponível pode jogar um importante papel”
172
.
Além disso,
“a interpretação de mapas geográficos é um complexo movimento indo e
vindo da leitura da imagem (cujos códigos figurativos e simlicos são em si
mesmo os produtos de um período e de uma cultura) e a mobilização de um
conhecimento existente, que pode, no entanto, estar perdido e fazer com
que o mapa seja incompreensível”
173
.
Assim, o estudo das plantas da cidade de Porto Alegre, de sua fundação até o final
do Império, está demarcado em um período histórico preciso, e busca as conexões desses
mapas com a historia da cidade e suas relações num contexto nacional e global, através do
questionamento dos elementos que podem ser lidos no mapa e seu ‘contexto’ mais geral,
isto é um movimento entre os passos gráficos e a construção de uma imagem com sentido.
Entram em toda esta análise o recolhimento dos traços, dos indícios, o trabalho de
detetive apontado por Ginzburg. Faz-se necessária a montagem Benjaminiana para que, ao
montar o quebra-cabeças, o mesmo tenha um significado, faça sentido. E, a partir da
desconstrução/reconstrução dos elementos componentes, relacioná-los com o contexto
como pede Harley.
Já que, para Harley
174
A deconstrução nos incita a ler entre as linhas do mapa “nas margens do
texto” e através de seus caminhos descobrir os silêncios e as
contradições que desafiam a aparente honestidade da imagem. Nós
começamos a aprender que os fatos cartográficos são somente fatos dentro
de uma perspectiva cultural específica. Nós começamos a compreender
como os mapas, assim como a arte, longe de serem “uma abertura
transparente para o mundo” são, no entanto “uma maneira humana
particular... de olhar para o mundo”.
1
72
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.363.
173
JACOB, Christian. The Sovereign Map: theoretical approaches in cartography through history. Chicago: The
University of Chicago Press, 2006. p.271.
174
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.153.
98
4 DO TEMPO E DO ESPAÇO CARTOGRÁFICOS: A POÉTICA DOS
MAPAS URBANOS
T
em-se falado muito, na literatura sobre o tema, das imagens da cidade, de suas
representações, ou seja, daquilo que constitui o imaginário da cidade. Alguns estudos m
enfocado as fotografias, outros as pinturas, outros os desenhos
175
. Todas essas formas de
representação gráfica da(s) cidade(s) têm mostrado um modo de ver e produzir o espaço
urbano. Este capítulo trata especificamente dos mapas da cidade de Porto Alegre e,
portanto, das suas representações cartográficas, para mostrar como, ao longo do tempo
estudado, diferentes identidades da cidade foram produzidas. No seu conjunto e nas suas
continuidades e inflexões, essas representações histórico-culturais inventaram várias Porto
Alegre.
Como afirma Pesavento
176
“a cidade representa o que se poderia chamar de um campo de pesquisa e
discussão interdisciplinar: trabalham sobre ela não historiadores como
geógrafos, sociólogos, economistas, urbanistas, antropólogos. O que cabe
destacar é a abordagem introduzida pela História Cultural: ela não é mais
considerada só como um lócus, seja da realização da produção ou da ação
social, mas sobretudo como um problema e um objeto de reflexão. Não se
estudam apenas processos econômicos e sociais que ocorrem na cidade,
mas as representações que se constroem na e sobre a cidade. Indo mais
além, pode-se dizer que a História Cultural passa a trabalhar com o
imaginário urbano, o que implica resgatar discursos e imagens de
representação da cidade que incidem sobre espaços, atores e práticas
sociais”.
Segundo Castro
177
,
“Mapas não são reproduções da realidade, cópias em escala reduzida de
uma parte do mundo sensível. Mapas o representações da realidade,
1
75
Minha dissertação de mestrado – O Tempo e a Forma da Cidade, o curso do discurso – aborda as linguagens
gráficas relacionadas à história da cidade. FIALHO, Daniela Marzola. O Tempo e a Forma da Cidade: o curso do
discurso. 2000. 168 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano) – Faculdade de Arquitetura,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.
176
PESAVENTO, Sandra J. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p.77-78.
177
CASTRO, Celso. Uma viagem pelos mapas do Rio. In: CZAJKOWSKI, Jorge (Org.). Do Cosmógrafo ao
Satélite: mapas da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Centro de Arquitetura e Urbanismo, Secretaria
99
culturalmente construídos a partir de escolhas e opções sobre o que
re
presentar, de que modo e com que finalidade. Todos os mapas o feitos
com uma determinada intenção. Quais objetivos se teve, em cada caso
particular? Com que olhar cada mapa foi construído?” (Grifos do autor)
A cidade, como disse Ferrara, “se faz representar através de suas imagens e é
através delas que se a conhecer concretamente; as imagens urbanas são signos da
cidade e atuam como mediadores do seu conhecimento
178
. Dessa maneira, os mapas das
cidades figuram e reconfiguram o espaço e, ao fazê-lo, configuram o nosso lugar nele. Pois
essa produção visual do espaço permite a conexão com outros espaços do mundo,
localizando-nos e posicionando-nos relativamente a eles. E é por isso mesmo que fazer a
história desses mapas tem sentido na medida em que ela pode nos dar notícias de como
nos tornamos o que somos e, quem sabe?, isto nos forneça alguma pista sobre as
possibilidades do nosso devir histórico.
Como já foi dito, os mapas são imagens e, segundo Pesavento
179
,
“a imagem, enquanto registro de algo no tempo, é testemunho de época,
mas testemunho tamm de si própria, tal como o texto literário, ou seja, é
o momento de sua feitura e não a temporalidade do seu conteúdo ou tema
que cabe atingir. Em suma, ver como uma época se retrata ou retrata o
passado, se for o caso, ou ver, na imagem, quais os valores e os
sentimentos que se busca transmitir, quais os sonhos e fantasias de um
tempo dado, ou quais os valores e a expectativas do social com relação aos
atores” (grifos meus).
A história, aqui, diz do momento da feitura da imagem e assinala, portanto, um modo
de fazer que é histórico, determinado pelas circunstâncias e possibilidades de um
determinado momento (tempo). Daí que o estudo dos mapas de uma cidade se constitua na
história dos modos como ela foi cartografada a partir das condições que lhe possibilitaram
criar aquela imagem da cidade, e não outra.
M
unicipal de Urbanismo, 2000. Exposição realizada no Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, de
julho a setembro de 2000. p.12.
178
FERRARA, Lucrécia D’Alesso. Cidade: Imagem e Imaginário. In: SOUZA, Célia Ferraz de & PESAVENTO,
Sandra Jatahy (Orgs.). Imagens Urbanas: Os diversos olhares na formação do imaginário urbano. Porto
Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1997. p. 193.
179
PESAVENTO, Sandra J. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p.87-88.
100
4.1 – DOS MAPAS E DA MEMÓRIA
“Q
uando eu estiver velho, gostaria de ter no corredor da minha casa
Um mapa de Berlim
Com uma legenda
Pontos azuis designariam as ruas onde morei
Pontos amarelos, os lugares onde moravam as minhas namoradas
Triângulos marrons, os túmulos
Nos cemitérios de Berlim onde jazem os que foram próximos a mim
E linhas pretas redesenhariam os caminhos
no Zoológico ou no Tiergarten
que percorri conversando com as garotas
E flechas de todas as cores apontariam os lugares nos arredores
Onde repensava as semanas berlinenses
E muitos quadrados vermelhos marcariam os aposentos
Do amor da mais baixa espécie ou do amor mais abrigado do vento”
180
.
Walter Benjamin
Anne Querrien
181
escreveu em um texto introdutório no número ‘Imagens e Memória’
da revista Les Annales de la Recherche Urbaine’, o seguinte: “Imagens se fabricam em
diferentes níveis, por diferentes técnicas: todas mobilizam a memória, o passado, mas o
declinam cada uma à sua maneira. O diálogo com os habitantes se ancora sempre na
memória, único monumento popular à disposição de todos”. Essa afirmação da autora
bem a dimensão e o interesse que o tema suscita, atualmente na área. Ela mesma afirma
que “este número da revista não reflete senão parcialmente a diversidade dos projetos de
pesquisa que têm hoje a imagem da cidade como objeto, com respeito a sua complexidade,
a sua heterogeneidade, e na afirmação da singularidade de seus pontos de vista”
182
.
Parafraseando Querrien, os diversos tipos de imagens (no nosso caso os mapas)
são gerados por diferentes técnicas, mas todas essas técnicas, cada uma com suas
especificidades, utilizam a memória no diálogo com o(s) receptor(es) dessa imagem.
O fragmento de Walter Benjamin relaciona a memória e a cartografia. Como nos fala
Willi Bolle sobre a obra de W. Benjamin - A Infância em Berlim – a mesma
1
80
BENJAMIN, Walter. Fragmento, 1932 apud BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação
da História em Walter Benjamin. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.313.
181
QUERRIEN, Anne. Images et mémoires. In:Les Annales de la Recherche Urbaine. Images e mémoire. Paris,
n. 42, mars/avril. 1989. p. 3.
101
“foi engendrada na oficina de memória que é a C
rônica. Neste livro, a
imagem da metrópole Berlim deixou de ser exterior, como na série
radiofônica, para ser interiorizada pelo autor como imagem mnemônica.
Apoderar-se da imagem de sua cidade significa, para ele, flagrar sua
própria imagem. O mapa da memória do eu e o mapa da cidade se
sobrepõem, não é possível desenhar um sem o outro”
183
.
É importante destacar que
“o período de elaboração da Infância em Berlim (1932-34) coincide com os
últimos momentos da República de Weimar e a instalação da ditadura na
Alemanha. Benjamin se vê obrigado ao exílio e, nessas circunstâncias, fixa
um retrato de sua cidade natal. A emoção subjacente é a de uma
despedida. Parece que ele não viu perspectivas de uma volta, e mesmo que
voltasse, a cidade não seria mais a mesma. Nessa situação, o livro foi uma
tentativa de preservar, por meio do registro escrito, a memória da cidade,
antes que fosse destruída”.
184
O reconhecimento de uma imagem é possível através da memória. É ela que,
evocando experiências anteriores, permite identificar, reconhecer um objeto, uma imagem.
Perceber um objeto, uma imagem é, antes de mais nada, reconhecê-lo, saber o que ele é.
Considerando que a imagem é uma representação, pode-se dizer, então, que reconhecer é
relacionar representações atuais com representações passadas. A memória desempenha,
assim, um importante papel na atribuição de significado às imagens. Uma das
características da memória é o reconhecimento, a percepção das imagens através de
referenciais. Mas convém dizer que
“lembrar não é juntar representações internas de objetos, mas é entender
situações correntes em termos de experiências passadas. Memórias não
refletem diretamente a informação passada, mas reconstroem experiências
passadas de formas diversas, baseada em novas percepções”
185
.
Ruas, lugares e bairros de cidades ao longo do tempo, se posicionam uns em
relação aos outros por sua disposição na trama urbana apreendida nos mapas da(s)
cidade(s). Os mapas da cidade se impõem sobre o seu território geográfico. Trata-se de
mostrar os seus atrativos particulares, seu passado enraizado, seus monumentos, sua
memória.
1
82
QUERRIEN, Anne. Images et mémoires. In: Les Annales de la Recherche Urbaine. Images e mémoire. Paris,
n. 42, mars/avril. 1989. p. 3.
183
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação da História em Walter Benjamin. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.318.
184
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação da História em Walter Benjamin. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.315,316.
102
Como bem analisa Willi Bolle,
“a
existência de afinidades entre as estruturas da cidade e do indivíduo que
nela vive era uma iia cara a Benjamin. Ele inventou um ‘sistema
semiótico’, cuja principal forma de expreso, no entanto, não era
cartográfica e sim, literária. Essa forma é, com base em Baudelaire e na
tradição anterior, o tableau urbano. De fato, esse gênero conciso, que opera
entre a descrição, a narração e a reflexão, é muito apropriado para
satisfazer simultaneamente as diversas exigências: orientação cartográfica
de um livro sobre a cidade, historicidade de uma autobiografia e/ou de um
livro de memórias, e teor filosófico de uma imagem de pensamento ou
imagem dialética. Os tableaux da Infância em Berlim configuram pontos
topográficos de um mapa da cidade de Berlim não como ela se encontra
em um mapa Pharus
186
(fig.80), mas tal como se inscreveu na memória de
um de seus habitantes”.
187
Como se pode ver, a cartografia fazia parte do pensamento Benjaminiano: “desde há
muitos anos, estou brincando com a idéia de organizar graficamente o espaço da vida – bios
na forma de um mapa. Primeiro, pensei num mapa Pharus, hoje estaria mais inclinado a
usar um mapa de estado-maior, se existissem tais mapas do centro das cidades”
188
.
F
ig.80 – Mapa Pharus Berlin, 1902
Para Benjamin, segundo Willi Bolle,
“A memória topográfica não visa à reconstrução dos espaços pelos
espaços, mas estes são pontos de referência para captar experiências
espirituais e sociais: a poesia do amigo que se suicidou aos dezenove anos
1
85
SUN, D. Memory, design and the role of computers. In: Environment and Planning B: Planning and Design.
London, 1993, v.20 (2). p.131.
186
Companhia que produz mapas de várias cidades alemãs.
187
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação da História em Walter Benjamin. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.332.
103
e a tentativa de emancipação da casa dos pais. (...) Lugares e objetos
e
nquanto sinais topográficos tornam-se vasos recipientes de uma história
da percepção, da sensibilidade, da formação das emoções
189
.
Assim, a percepção, a sensibilidade e a formação das emoções mostram como
Benjamin interpretava a memória. Conforme ainda Willi Bolle,
“Diferentemente de Proust, o trabalho da memória em Baudelaire não é
predominantemente ‘involuntário’ nem narrativo. Nele Benjamin encontrou
uma forma alternativa que lhe serviu de modelo. Pois, qual é a essência da
recherche benjaminiana? Não é a busca da infância perdida,
biograficamente falando – que está irrecuperavelmente perdida -, é a busca
das sensações da infância”
190
.
Já para Turchi,
“da mesma forma que o primeiro lugar que nós chamamos casa nunca
podeser em nossa mente um mero conjunto de tijolo e vidro – da mesma
forma que nossas emoções e lembranças são inseparáveis daquela casa
os mapas em que nós confiamos se tornam parte de nossa paisagem”
191
.
A construção da imagem de uma cidade guarda semelhanças com a construção da
imagem de um indivíduo. As imagens da cidade produzem a memória da cidade e
funcionam como locus
192
da memória. Como afirma Garcia
193
,
“na construção social da identidade, a organização social do espaço na
cidade é, certamente, uma variável fundamental do processo. As diferenças
e particularidades de bairros, áreas da cidade, setores de bairros,
eventualmente ruas, são percebidas e representadas pela população
urbana como importantes na demarcação de identidades. O próprio tempo,
com os diferentes usos de bairros e de ruas, de acordo com a mudança de
horário e população, é representado diferencialmente. O trabalho, o lazer, a
boêmia são algumas dimensões que podem distinguir grupos e segmentos
1
88
BENJAMIN, Walter apud BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação da História em
Walter Benjamin. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.332.
189
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação da História em Walter Benjamin. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.335,336.
190
BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação da História em Walter Benjamin. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.328.
191
TURCHI, Peter. Maps of the Imagination: the writer as a cartographer. San Antonio Trinity University Press,
2004. p. 221.
192
Rossi (1995) define locus entendendo-o como “aquela relação singular mas universal que existe entre certa
situação local e as construções que se encontram naquele lugar. A escolha do lugar para uma construção como
para uma cidade tinha um valor preeminente no mundo clássico: a ‘situação’, o sítio, era governado pelo genius
loci’, pela divindade local, uma divindade de tipo intermediário que presidia tudo o que ocorria naquele lugar
(p.147).
193
GARCIA, Marco Aurélio. A Memória Nacional Aprisionada. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, Rio de Janeiro, n. 21, 1986. p.44.
104
sociais. Este processo é basicamente contrastivo, acirrando e enfatizando
e
stereótipos, preconceitos e até estigmatização”.
Ora, preservar a memória da cidade é tentar manter sua identidade: uma cidade
precisa ter referências, ter um sentido de lugar. Tal identidade se relaciona, então, com a
memória coletiva. Nesse sentido, Halbwachs salienta a importância das ‘pedras da cidade’,
que são referências fixas, objetivas, comuns. Para este autor,
“Não memória coletiva que não se desenvolva num quadro espacial.
Ora, o espaço é uma realidade que dura: nossas impressões se sucedem,
umas às outras, nada permanece em nosso espírito, e não seria possível
compreender que pudéssemos recuperar o passado, se ele não se
conservasse, com efeito, no meio material que nos cerca
194
.
Isto remete a Benjamin e à sua sobreposição do mapa da memória do eu e do mapa
da cidade, não sendo possível desenhar este sem aquele:
“A linguagem indicou de modo inequívoco que a memória não é um
instrumento para a exploração do passado, e sim, seu palco. A memória é o
meio daquilo que vivemos, assim como a terra é o meio dentro do qual
jazem, soterradas, as cidades mortas. Quem pretende se aproximar do
próprio passado soterrado tem de proceder como um homem que cava. [...]
E, semvida, para ter sucesso nas escavações, é preciso um plano.
Igualmente indispensável, porém, é a enxada cautelosa e experimental na
terra escura, e priva-se do melhor, quem registra o inventário dos seus
achados, e não a obscura felicidade do local do achado. A busca, mesmo
em vão, é tão importante quanto o achado feliz”
195
.
4.2 – DOS MAPAS E DO ESQUECIMENTO
também o esquecimento, o silêncio. De acordo com Ricoeur, “o esquecimento é
percebido primeiro e maciçamente como um atentado contra a fiabilidade da memória. Um
golpe, uma debilidade. A memória, a este respeito, se define, ao menos em primeira
1
94
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2004. p.150
195
BENJAMIN, Walter apud BOLLE, Willi. Fisiognomia da Metrópole Moderna. Representação da História em
Walter Benjamin. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.318.
105
instância, como luta contra o esquecimento”
1
96
. Mas o esquecimento tem a ver com a
memória manipulada e, nesse sentido, Ricoeur nos mostra que
“Precisamente pela função mediadora do relato, os abusos da memória se
fazem abusos do esquecimento. Com efeito, antes do abuso há o uso, quer
dizer, o caráter inelutavelmente seletivo do relato. Se não podemos nos
recordar de tudo, tampouco podemos contar tudo. A idéia de relato
exaustivo é uma iia de uma performance impossível. O relato traz
consigo por necessidade uma dimensão seletiva. Entramos em contato aqui
com a estrita relação que existe entre memória declarativa, narratividade,
testemunho, representação figurada do passado histórico. Como dizíamos
então, foi possível a ideologização da memória graças aos recursos de
variação que oferece o trabalho de configuração narrativa”
197
.
Como discurso, a história da cartografia está repleta de esquecimentos, de silêncios.
A começar pelo fato apontado por Black de que
“mapas são representações seletivas da realidade; eles têm que ser.
Mesmo se os mapas fossem fotografias de tamanho natural eles seriam
distorções: um objeto tridimensional, esférico, tal como o globo, não pode
ser representado em duas dimensões sem que sua essência seja alterada,
e este problema afeta o mapeamento de partes do globo”
198
.
Os mapas são, assim, uma maneira de olhar o mundo, são pontos de vista, leituras
do mundo. Como tais, impõem a verdade de seu discurso em relações de poder e
funcionam, então, como um dispositivo de governo. Tal entendimento ganha relevância na
discussão sobre os conteúdos e os objetivos de um mapa, na dimensão político-ideológica
da cartografia. Conforme diz Harley,
“isto é concernente ao diálogo que surge da supressão intencional ou não
intencional do conhecimento em mapas. É baseada numa teoria do silêncio
cartográfico. (...). O objetivo é investigar estes silêncios que surgem de
políticas deliberadas de segredo e censura e examinar os silêncios mais
indeterminados que se originam seguidamente em regras e procedimentos
escondidos. Estas regras, pode-se argumentar, são uma espécie de
mentalidade subconsciente que servem de mediação para o conhecimento
contido nos mapas, de forma a manter o status quo político e o poder do
estado”
199
.
1
96
RICOEUR, Paul. La memoria, la historia, el olvido. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica, 2000. p.532.
197
RICOEUR, Paul. La memoria, la historia, el olvido. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica, 2000. p.572.
198
BLACK, Jeremy. Maps and Politics. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.11.
199
HARLEY, J. B. Silences and Secrecy: the hidden agenda of cartography in Early Modern Europe. In: HARLEY,
J. B. The New Nature of Maps: essays in the history of cartography. Baltimore: The John Hopkins University
Press, 2001. p.85.
106
Ao afirmar que “os mapas são definidos pelo que eles incluem, mas seguidamente
e
les são mais reveladores no que eles excluem”
200
, Turchi reforça a tese de Harley,
sobretudo no exemplo que se segue: “as áreas das tribos Nativas Americanas não foram
incluídas nos mapas iniciais Europeus das Américas, dando aos leitores desses mapas a
impressão de que ninguém vivia lá, ao menos, ninguém importante. Nenhum proprietário”
201
.
E sobre a questão apontada por Ricoeur acerca da impossibilidade do relato
exaustivo, Turchi afirma que
“Qualquer que seja o propósito dos mapas em face dos brancos dentro de
suas fronteiras, virtualmente quase tudo é deixado para fora do mapa e
tem de ser para um mapa ser útil. ‘Nenhum mapa pode mostrar tudo,’
argumenta Denis Wood. ‘Se pudesse, seria nada mais que a reprodução do
mundo, o qual, sem o mapa, nós temos. É apenas a seleção que faz da
irresistível riqueza do mundo que justifica o mapa’”
202
Contudo, como já apontou Harley, “devemos estar preparados para olhar os silêncios
nos mapas como algo mais do que a simples ausência de alguma coisa”, insistindo
deliberadamente no termo ‘silêncios’:
No contexto de mapas, em vez da expressão da literatura mais antiga, um
pouco negativa, de espaços em branco, os silêncios devem ser vistos como
uma ‘performance ativa humana’. Os silêncios podem revelar tanto quanto
encobrem e, por agir como afirmações independentes e intencionais, os
silêncios nos mapas podem se tornar por vezes a parte determinante da
mensagem cartográfica. Assim, exatamente como na comunicação verbal, o
silêncio é mais do que o mero correlato do que é ouvido. No caso do mapa,
o silêncio não é apenas o oposto do que é mostrado”
203
.
No que se refere ao segredo e à censura, pode-se lembrar aqui a maneira como
tanto a coroa portuguesa quanto a espanhola se comportavam em relação aos mapas do
Novo Mundo. Esses mapas, feitos por cartógrafos espanhóis e portugueses, eram segredos
de Estado e muitos, em virtude dessa política, não sobreviveram. A partir deles, criaram-se
sistemas burocráticos para regulamentar o comércio além-mar e assinaram-se Tratados.
Havia penalidade de morte aos pilotos e cartógrafos que revelassem mapas para os
2
00
TURCHI, Peter. Maps of the imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004. p.29
201
TURCHI, Peter. Maps of the imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004. p.33.
202
TURCHI, Peter. Maps of the imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004. p.40.
203
HARLEY, J. B. Silences and Secrecy: the hidden agenda of cartography in Early Modern Europe. In: HARLEY,
J. B. The New Nature of Maps: essays in the history of cartography. Baltimore: The John Hopkins University
Press, 2001. p.86.
107
estrangeiros. Tanto Portugal quanto Espanha criaram instituições de controle: Portugal o
Armazém da Guiné e Índias’, e Espanha a ‘Casa de Contratación’.
Há, ainda, a considerar o silêncio toponímico. Todo um extrato de identidade étnica
foi silenciado pelos colonizadores que, ao mapearem o novo mundo, simplesmente
ignoraram a nomenclatura nativa. Mais recentemente, em muitos mapas de cidades, um dos
silêncios mais significativos que podemos perceber é a omissão da trama urbana das
favelas.
4.3 – DOS MAPAS E DO PLANEJAMENTO URBANO
Esta tese trabalhou com a história da cidade produzida nos seus mapas, na sua
cartografia. A cartografia tem sido historicamente um componente essencial do
planejamento urbano. Como escreve Hofmann
204
, para a nova “sciencia” ou “arte de
construção de cidades”, referindo-se ao urbanismo (Urbanisme, Town Planning), tem-se que
“na projeção da planta para uma nova cidade é indispensável fazê-la preceder de um estudo
topographico do terreno e projectal-a de tal forma que, de antemão, fica prevista a
instalação das redes de esgotos e de abastecimento de água”
205
. E, mais adiante, ele ainda
afirma que, “tratando-se da projeção de um novo bairro devemos sempre ter em vista a
planta da cidade construída, a fim de coordenarmos as ruas novas com as já existentes
da maneira mais viável”
206
.
Agache, na introdução da série de conferências sobre o problema de ‘urbanização’
do Rio de Janeiro, em 1930, já afirmava que
“O Senhor Prefeito desejava, effectivamente, que as obras a serem
emprehendidas sob a sua administração, fossem englobadas num
programma geral de remodelação que interessasse o futuro da cidade no
seu conjuncto, estabelecendo este último, de modo a ser continuado pelos
seus successores. Mas para realisal-o era preciso fazer levantar uma
2
04
HOFMANN, Benno. Notas sobre o arruamento de cidades. EGATEA, Porto Alegre, v.10, n.1, jan.-fev. 1925.
p.7.
205
Nos textos antigos foi mantida, na medida do possível, a grafia original.
206
HOFMANN, Benno. Notas sobre o arruamento de cidades. EGATEA, Porto Alegre, v.10, n.1, jan.-fev. 1925.
p.7.
108
PLANTA DIRECTRIZ de Exteno, de Remodelação e de
E
mbellezamentos
207
.
É também ilustrativo da importância da cartografia urbana o título e o tema da quarta
conferência de Agache: ‘A photographia aérea e a planta das cidades’. Nela, referindo-se ao
Rio de Janeiro, Agache denuncia que “há cerca de trinta e cinco annos que nenhum trabalho
de conjunto foi feito para que se possuísse uma planta exacta da Cidade”
208
.
No Rio Grande do Sul, o Eng.º Luiz A. Ubatuba de Faria, em conferência realizada
na Sociedade de Engenharia, em 1933, refere-se ao mesmo assunto nos seguintes termos:
“A planta cadastral da cidade é para o engenheiro da Prefeitura o que a anatomia do corpo
humano é para o médico. No trabalho mais rudimentar ele precisa consultar um documento
topográfico e se este documento não existe é necessário creá-lo fazer um
levantamento”
209
. E, mais adiante, reforça que “tudo o que dissemos neste acanhado
trabalho representa uma colaboração insignificante para organização de um serviço
cadastral como o primeiro passo para a confecção do plano de remodelação e extensão de
Porto Alegre”
210
.
Em 1938, Ubatuba de Faria e Edvaldo Pereira Paiva, em seu estudo ‘Contribuição ao
estudo da urbanização de Porto Alegre’, chamam a atenção que, para a elaboração do
Plano Director, uma das bases necessárias é um cadastro moderno.
No sentido de frisar a importância dos mapas, Flávio Villaça, em ‘Uma contribuição
para a história do planejamento urbano no Brasil’, apresenta um subtítulo provocador: O
plano sem mapa’, onde esclarece que,
“Com a expressão ‘plano sem mapa’ pretende-se designar o novo tipo de
plano que a ideologia dominante inventou nas suas constantes tentativas de
dar a impressão de que está cuidando do planejamento e ‘aperfeiçoando-o’
continuamente. O novo tipo de plano apresenta ‘apenas objetivos, políticas
e diretrizes’. Já que é assim, o diagnóstico e a grande quantidade de mapas
e estatísticas são dispensados”
211
.
A necessidade evidente de o urbanista conhecer a história e a geografia da cidade
tem sido enfatizada, entre outros, por Agache: “Para a elaboração de um bom plano de
2
07
AGACHE, Donat-Alfred. Cidade do Rio de Janeiro: Extensão: Remodelação. Paris, Foyer Brésilien, 1930. p.
3.
208
AGACHE, Donat-Alfred. Cidade do Rio de Janeiro: Extensão:. Remodelação. Paris, Foyer Brésilien, 1930. p.
30.
209
UBATUBA DE FARIA, Luiz Arthur. Cadastro e urbanismo em Porto Alegre. Boletim do SERGS, Porto Alegre,
n. 6, jan. 1934. p. 33.
210
UBATUBA DE FARIA, Luiz Arthur. Cadastro e urbanismo em Porto Alegre. Boletim do SERGS, Porto Alegre,
n. 6, jan. 1934. p.41.
211
VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil. In: DÉAK, C. e
SCHIFFER, S. O processo de urbanização no Brasil. São Paulo: Edusp/Fupan, 1999. p. 221.
109
cidade, o Urbanista deve, antes de tudo, tomar conhecimento da historia e da geographia do
l
ogar no seu passado, interpretar as estatisticas para a previsão do futuro, e traçar com
esses dados um programma de estudo”
212
. Ubatuba de Faria e Edvaldo Pereira Paiva, ao se
perguntarem como o Plano será elaborado, afirmam que, em primeiro lugar, os
encarregados desse trabalho devem ter um conhecimento profundo da história e da
geografia da capital gaúcha e do seu crescimento em função das estatísticas. No estudo
histórico e geográfico devem ser compilados todos os dados sobre a origem e o
desenvolvimento da cidade”
213
. E Vicente Del Rio, em seu texto ‘Introdução ao desenho
urbano no processo de planejamento’, escreve que “há muito concorda-se na importância do
estudo da história urbana como processo social para uma melhor compreensão do momento
presente e melhor determinação de nosso futuro”
214
.
Ora, essa história urbana se traduz nos mapas e, como bem resume Teixeira,
“A cartografia urbana pode ser lida de várias formas, contendo vários níveis
de leitura e significado. A cartografia dá-nos informação sobre a localização
geográfica e as razões de escolha do sítio para a implantação dos núcleos
urbanos, permite-nos entender as características fundamentais dos
traçados urbanos em sucessivos períodos históricos, os conceitos
subjacentes a esses traçados, a sua gênese e os seus principais períodos
de desenvolvimento, as sucessivas experiências urbanísticas realizadas em
diferentes locais e a transmutação de influências
215
.
Acrescentando a seguir:
“Como qualquer outro registro ou documento, a cartografia é produzida para
um objetivo espefico. Isto verifica-se quer no caso da topografia produzida
enquanto representação da realidade, isto é, quando se trata do
levantamento de uma situação existente, quer no caso de uma topografia
produzida enquanto representação de uma realidade não construída, isto é,
quando se trata da representação de um projecto ou de uma intenção”
216
.
Aqui, os planos diretores são vistos como uma projeção intencionada e, portanto,
claramente interessada, sem silêncios que se sobreponham a ela e configurando, de uma
forma particular, a relação entre história e planejamento urbano.
2
12
AGACHE, Donat-Alfred. Cidade do Rio de Janeiro: Extensão: Remodelação. Paris, Foyer Brésilien, 1930. p.
12.
213
UBATUBA DE FARIA, Luiz A. & PEREIRA PAIVA, Edvaldo. Contribuição ao estudo de urbanização de Porto
Alegre. Porto Alegre, 1938. Não publicado. p.2.
214
DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: Pini, 1990. p.53.
215
TEIXEIRA, Manuel C. A Cartografia no Estudo da História Urbana. Urbanismo2 de Origem Portuguesa,
Lisboa, 2, set. 2000. Disponível em: <http://revistas.ceurban.com/numero2/textos/textos1/textos1.htm>.
Acesso em: 10 mar. 2010.
110
4.4 – DO GOVERNO DA CARTA
A
cartografia das cidades emerge, na história, ligada à necessidade de delimitar,
conhecer e governar o território urbano. Foucault
217
trata da emergência dessa prática na
Modernidade. Para isso, descreve como se deu a passagem do governo do território (Idade
Média) para o governo das populações (Época Moderna). Nessa perspectiva, a história da
cartografia não só manifesta e é um testemunho dessa passagem, mas configura ela própria
os elementos dessa passagem na forma como seleciona e prioriza os dados cartografados e
na forma como delimita e quadricula os espaços
218
.
Como bem mostra Harley,
O mais familiar sentido de poder na cartografia é aquele do poder externo a
mapas e mapeamento. Isto serve para ligar os mapas aos centros do poder
político. O poder é exercido na cartografia. Atrás de cada cartógrafo um
patrão; em imeras instâncias os fazedores dos textos cartográficos
estavam respondendo a necessidades externas. O poder também é
exercido com a cartografia. Monarcas, ministros, Instituições Estatais, a
Igreja, todos iniciaram programas de cartografia para os seus próprios fins.
Na sociedade moderna Ocidental os mapas rapidamente se tornaram
cruciais para a manutenção do poder estatal para os seus limites, seu
comércio, sua administração interna, para controlar a população e para o
seu poderio militar. O mapeamento logo se tornou o negócio do estado: a
cartografia foi cedo nacionalizada. O estado guarda o seu conhecimento de
forma cuidadosa: os mapas foram universalmente censurados, guardados
em segredo, e falsificados. Em todos esses casos os mapas estão ligados
ao que Foucault chama o exercício do “poder jurídico”. O mapa se torna um
“território jurídico”: facilita a vigilância e o controle. Os mapas ainda são
usados para controlar nossas vidas de inumeráveis formas. Uma sociedade
sem mapas, embora nós possamos tomar o mapa como garantido, seria
agora politicamente inimaginável. Tudo isto é poder com a ajuda de mapas.
É um poder externo, muitas vezes centralizado e exercido de forma
2
16
TEIXEIRA, Manuel C. A Cartografia no Estudo da História Urbana. Urbanismo2 de Origem Portuguesa,
Lisboa, 2, set. 2000. Disponível em: <http://revistas.ceurban.com/numero2/textos/textos1/textos1.htm>.
Acesso em: 10 mar. 2010.
217
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 8 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989
218
Ver FOUCAULT, M. Segurança, Território, População: curso dado no Collège de France (1977-1978). São
Paulo: Martins Fontes, 2008.
111
burocrática, imposto de cima, e se manifesta em atos particulares ou fases
d
e deliberada política
219
.
Nas sociedades modernas, o conhecimento dos espaços da cidade prende-se à
necessidade de governar sua população da forma mais econômica possível. A relação
custo-benefício é um dos pilares da administração (pública e privada) das sociedades
capitalistas ocidentais, que permanece intocado nos dias atuais. Trata-se, portanto, de
gerenciar racional e economicamente as cidades de modo a ordenar, regular e controlar
suas populações. A forma de distribuir os equipamentos sociais no espaço urbano, para o
atendimento da população, é parte desse gerenciamento. Ao tornarem visível o modo de
organização urbana, os mapas funcionam como um dispositivo de governo que, ao darem a
conhecer o espaço urbano, possibilitam administrar sua expansão (desenvolvimento) e
controlar, assim, a extensão e a direção do seu crescimento.
Ora, a passagem do governo do território para o governo das populações, a partir do
surgimento do Estado Moderno, faz com que as cidades deixem de ser vistas como parte do
território para se transformarem no lugar onde as populações moram, produzem, vivem.
Seus mapas passam, também, a ter uma nova função, mais diretamente ligada ao governo
dessas populações, constituindo-se, assim, em formas de conhecimento e controle das
populações urbanas.
Desse ponto de vista, não se pode considerar os mapas como objetos de
referência imparciais. Enquanto ‘construções sociais’, “eles se constituem como afirma
Denis Wood
220
-- em artefatos de comunicação, persuasão e poder”. Constituindo-se em
“(...) um mundo de linhas de propriedades e direito ao voto, distritos de taxação e zonas de
empreendimento , eles corporificam e projetam os interesses dos administradores e dos
seus criadores”. Os mapas são, assim, ferramentas poderosas de afirmações políticas e
econômicas, ou seja, acerca do mundo em que vivemos.
Assim, num mapa,
“a escolha do que mostrar é ligada a, e numa relação dinâmica com,
assuntos de escala e objetivo, e o último assunto é crucial. Um mapa é
desenhado para mostrar alguns pontos e relações e, ao fazer isso, cria
espaços e espaços na percepção do usuário do mapa e, assim, ilustra
temas de poder. (...). O assunto de um mapa reflete uma escolha; assim
também a escala, a projeção, a orientação, a simbolização, a solução, a
cor, o título e a legenda. Imaginar que há uma cartografia totalmente
objetiva é negar os elementos e a natureza das escolhas e negligenciar os
2
19
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.165.
112
pressupostos presentes nelas, embora essas escolhas sejam
co
mpreensivas dentro de demarcações definidas (e desta forma
escolhidas)”
221
.
Pode-se dizer, portanto, que os cartógrafos produzem espaços de exercício do
poder, com o mapa funcionando como uma espécie de panóptico (local que permite ver e
controlar o todo com uma vista d’olhos). E este poder está inscrito no próprio corpo do
mapa. Dessa maneira, pode-se falar do poder do mapa como se fala do poder da palavra. E,
nesse sentido, os mapas não apenas são políticos, mas fazem política. Tal como o poder da
palavra, é um poder que corta, que separa, que desjunta
222
.
4.4.1 - Dos Mapas e da Identidade Nacional.
A problemática da nação, do nacionalismo e da identidade nacional e, com ela, a
questão do território, tem sido insistentemente focada, atualmente, pelos estudiosos. Anne-
Marie Thiesse faz uma súmula dessa problemática ao afirmar que
“o que constitui uma nação é a transmissão, através das gerações, de uma
herança coletiva e inalienável. A criação das identidades nacionais
consistirá em inventariar este patrimônio comum, isto é, de fato, em inventá-
lo. (...). Atualmente, a lista de elementos que uma nação digna deste nome
deve possuir está bem estabelecida: ancestrais fundadores, uma história
que estabeleça a continuidade da nação através das vicissitudes da
história, uma galeria de heis, uma língua, monumentos culturais e
históricos, lugares de memória, uma paisagem típica, um folclore, tudo isso
sem contar algumas identificações pitorescas: modo de vestir, gastronomia,
animal emblemático”
223
.
Nesta check-list identitária’, que ela considera a “matriz de todas as representações
de uma nação”, não consta o território. Contudo, ao discorrer em seu texto sobre cada um
desses elementos, a questão territorial aparece como um problema crucial para o êxito do
princípio nacional: “Como determinar o território da nação e definir suas fronteiras?”
224
2
20
WOOD, Denis. The Power of Maps. New York: Guilford, 1992. Contracapa.
221
BLACK, Jeremy. Maps and Politics. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p. 17.
222
Conforme HARLEY, J. B. The New Nature of Maps: essays in the history of cartography. Baltimore: Johns
Hopkins University Press, 2001.
223
THIESSE, Anne-Marie. Ficções Criadoras: as identidades nacionais. Anos 90, Porto Alegre, n. 15, 2001/2002.
p. 8.
224
THIESSE, Anne-Marie. Ficções Criadoras: as identidades nacionais. Anos 90, Porto Alegre, n. 15, 2001/2002.
p. 17.
113
Também Smith
2
25
colocava a questão territorial como básica para a definição da nação,
ao afirmar que:
“Por detrás dos modelos rivais de nação, se encontram certas crenças
comuns acerca do que constitui uma nação, por oposição a qualquer outro
tipo de identidade cultural coletiva. Estas crenças incluem a iia de que as
nações o unidades de população ligadas territorialmente e que devem
possuir terras de origem próprias; que seus membros partilham uma cultura
coletiva comum, bem como memórias e mitos históricos comuns; que os
membros possuem direitos e deveres legais recíprocos, dentro de um
sistema legal comum; e que as nações possuem uma divio de trabalho e
um sistema comum de produção comuns, com mobilidade para os membros
através do território”.
A partir desses pressupostos comuns, o autor pode catalogar os aspectos
fundamentais da identidade nacional, entre os quais destaca “um território histórico ou terra
de origem”.
A forma de representação desse território, constituída historicamente, são os mapas.
São eles que produzem a imagem de um território/país/estado/nação através da arte da
cartografia.
“Que muitos mapas tratam de política é facilmente perceptível; isto era
verdadeiro desde o princípio da cartografia. Havia uma conexão próxima no
mundo antigo entre o fazer mapas e a conquista e o governo imperial, entre
o que significavam os mapas do mundo e as pretensões de poder no
mundo. A ênfase no poder político continua presente na cartografia
moderna: os mapas são usados tanto para assegurar reivindicações
territoriais quanto para estabelecê-las, especialmente as disputas de
fronteira; e preferências políticas em eleições são seguidamente
apresentadas em termos de mapa”
226
.
Além disso,
“Esse mapeamento essencialmente estatista foi e é crucial, enquanto a
propagação cartográfica das nações depender de uma bem definida
identificação das pessoas e do território. Para este fim, o espaço deve ser
entendido como território. A freqüente reiteração de imagens cartográficas
do estado em, por exemplo, mapas de linhas de trem e de estradas e na
previo do tempo, assegura que a forma e o traçado territorial dos estados
se torne claramente estabelecido. É um processo educacional com uma
2
25
SMITH, Anthony D. A Identidade Nacional. Lisboa: Gradiva, 1997. p.28.
226
BLACK, Jeremy. Maps and Politics. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p. 09
114
mensagem clara acerca da forma natural na qual se ordena o espaço. Esse
p
rocesso é realçado pelo uso comparável da forma do estado na
propaganda e em mapas produzidos por organizações comerciais”
227
.
Tendo em vista que a cartografia é um discurso de poder pelo qual, como diz Black,
“os países se tornam em parte criações, experiências na estruturação do espaço pelo
poder”
228
, pode-se dizer que a produção cartográfica de um determinado país, constituída
historicamente, é uma ‘invenção’. A questão da relação entre cartografia e poder pode ser,
então, problematizada de rias formas. Como documentos históricos de um país ou de
uma cidade, os mapas não se inserem nos processos históricos, dando-lhes uma
determinada visibilidade, como, ao fazerem isso, produzem um modo de ver o mundo. Daí
Harley afirmar que “o poder do fazedor de mapas não era geralmente exercido sobre
indivíduos, mas sobre o conhecimento do mundo disponível para as pessoas em geral”
229
.
Enquanto um conhecimento interessado, “os mapas eram vistos como salienta
Harley como reforçadores do padrão de propriedade territorial. E é este potencial que
ajuda a explicar as características geográficas que foram enfatizadas no Atlas e como essas
representações se tornaram uma força na sociedade”
230
. Mesmo numa sociedade
globalizada como a atual, quando o “padrão de propriedade territorial” assume novos
significados.
2
27
BLACK, Jeremy. Maps and Politics. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.17.
228
BLACK, Jeremy. Maps and Politics. Chicago: The University of Chicago Press, 2002. p.20.
229
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.166.
230
HARLEY, J.B. Power and Legitimation in the English Geographical Atlases of the Eighteenth Century. In:
HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of cartography. Baltimore: The John Hopkins
University Press, 2001. p.118.
115
5 – DAS PLANTAS DA CIDADE OU COMO A HISTÓRIA SE CONTA
C
ARTOGRAFIA DE PORTO ALEGRE
(1772-1889)
Porto Alegre, cidade situada no extremo sul do Brasil, foi fundada oficialmente em 26
de março de 1772. No entanto, o primeiro mapa da cidade data de 1833, numa conjuntura
histórica que irá definir a importância da cidade no jogo político nacional. Costuma-se
afirmar que a cartografia das cidades surge para responder à necessidade de delimitar,
conhecer e governar o território urbano. Os primeiros mapas de Porto Alegre, objeto de
análise desse estudo, mostram que eles foram capazes de responder a essa necessidade
de uma forma bastante diversificada, tornando visíveis, tanto nos seus traçados quanto nas
técnicas adotadas, os diferentes momentos históricos que eles registram e precedem.
5.1 – OS MAPAS DE PROPRIEDADE DO SOLO (1772-1825)
Os primeiros traçados e plantas da cidade (1772-1825) visavam especificamente à
demarcação de lotes, quadras e o alinhamento urbano. Tinham por objetivo, portanto,
estabelecer os limites das propriedades e obedeciam, assim, a interesses bem específicos,
ou seja, dos proprietários. Talvez por isso mesmo deles restem vestígios documentais,
tais como ordens de execução, ofícios de encaminhamento de plantas, tudo muito oficial,
muito cartorial e claramente com fins de legitimação. Daí serem os cartógrafos, a quem os
mapas foram encomendados e ordenados, funcionários do governo (oficiais do exército,
superintendentes). No entanto, as provas materiais os mapas e plantas propriamente ditos
– sumiram, desapareceram ou, na melhor das hipóteses, se perderam nos arquivos e
cartórios. Justamente esses mapas e não outros, mais imperfeitos e perigosos, como o que
116
Zambeccari desenhou em 1833, às speras da Revolução Farroupilha. Como é possível,
e
ntão, que esses mapas, cuja existência foi tão bem levantada pelos historiadores, tenham
simplesmente desaparecido, a ponto de se supor, inclusive, que eles poderiam não ter
existido de fato? Penso que a discussão sobre a sua existência ou não existência nos leva a
um grande impasse. Talvez fosse interessante, então, mudar o foco da questão e se
perguntar como esses mapas desapareceram, o que os teria feito sumir: conflito de
interesses? Lutas entre proprietários pelo direito ao solo? Novas orientações
governamentais? Em suma, haveria ainda muito a pesquisar a partir desse estudo que fiz
dos mapas de Porto Alegre, de sua fundação até o final do Império. Penso que uma das
contribuições possíveis da minha pesquisa é precisamente o exercício de uma nova
perspectiva de estudo e a abertura para os problemas que a temática cartográfica coloca na
atualidade.
I - O traçado inicial de Porto Alegre feito em 1772, pelo Capitão Alexandre Jo
Montanha
231
, na região desapropriada da Sesmaria de Santana (pertencente inicialmente a
Jerônimo de Ornelas)
232
, nunca foi encontrado. Consta que, em 1940, o historiador Tupi
Caldas elaborou um esboço do que teria sido esse traçado (Fig.81). Conforme Neves &
Martins
233
, esse esboço seria, na verdade, de Paranhos Antunes, sendo que o engano teria
sido propiciado por Macedo
234
, ao confundir dois artigos publicados nos Anais do III
Congresso Sul-Riograndense de Historia e Geografia, de 1940. O referido esboço encontra-
se no final do artigo de Paranhos Antunes (‘Porto Alegre no século XVIII’, p. 1069) e não no
artigo de Jaci Antônio Louzada Tupi Caldas (‘Porto Alegre: Síntese histórica – De estância à
capital’, p.1527-1570), publicado nos mesmos Anais.
A prova que se tem dessa primeira demarcação é um documento datado de 12 de
julho de 1772, do Arquivo Histórico do Estado do Rio Grande do Sul, no qual o Capitão
Montanha é convocado para demarcar as meias datas para os casais moradores do Porto
2
31
Alexandre José Montanha nasceu em Lisboa, Portugal, em 28/03/1730, e morreu em Lisboa em 11/11/1800.
Serviu no Brasil de 25/10/1765 a 30/07/1791. Conforme Tavares (1999:117), “foi promovido a capitão de
Infantaria em 23 de julho de 1765, com exercício de engenheiro, para servir no Brasil pelo prazo de seis anos.
Destacado para a Capitania do Rio Grande de São Pedro, permaneceu durante 15 anos. Por volta de 1780,
teria se retirado para o Rio de Janeiro, ficando no Brasil até 1791. (BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-
Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o conhecimento e a integração do Rio Grande do
Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.944.)
232
Antes de ser desapropriada, ela foi vendida para Inácio Francisco de Melo.
233
NEVES, Gervásio R. & MARTINS, Liana Bach. Duas questões de geografia histórica da cidade de Porto
Alegre. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, ano 86, n. 141, 2006-
2007. p. 85.
234
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS, 1993. p.27.
117
de São Francisco, e no qual também lhe é demandado que deixe suficiente terreno para a
n
ova freguesia
235
.
F
ig. 81 – Esboço de Paranhos Antunes (1940)
Além desse traçado, foram-lhe encomendadas várias outras plantas, tais como:
1) PLANO DO TERRENO QUE MOSTRA A DEVIZÃO DAS DATTAS DOS CASAIS QUE
FORMÃO A VILLA DO SR. SÃO JOZÉ DE TIBIQUARY; feita por ordem do Snr. Corel.
Govor. deste Continente do Rio Grande de São Pedro JoMarcelino de Figueiredo, e por
mim Capitão de Infantaria com exercício de Engenheiro abaixo asignado, que o executei, e
desenhei em o Quartel de Viamão a 15 de Abril de 1771. O Cap.m Engen.ro Alexandre José
Montanha. Mss., colorido, 0,417m x 0,320m
F
ig. 82 – Plano do terreno ... da Villa do Sr. São Jozé de Tibiquary
2) PLANO DE DEVIO DAS DATTAS DOS PRIM"' VINTE CAZAES QUE FORMÃO A
POVOAÇÃO DE STO. AMARO, feita por ordem do Snr. Corel. Govor. deste Continte. do Rio
2
35
OLIVEIRA, Clóvis Silveira de. Porto Alegre: a cidade e a sua formação. 2; Ed. Porto Alegre: Metrópole, 1993.
118
Grde. Jozé Marcelino de Figdo. e por mim executado, e ellevado em o Qtel. de Viamão a 15
d
e Abril de 1771.
Entre 1771 e 1772, o Capitão Montanha demarcou e fez a divisão das datas de três
cidades no Rio Grande do Sul: Taquari, Santo Amaro e Porto Alegre.
A ordem dada pelo Governador José Marcelino de Figueiredo ao Capitão Montanha
para executar o Plano de Taquari foi a seguinte:
“Ordeno ao capitão engenheiro Alexandre José Montanha passe aos
campos de Tebiquary que se acham determinados para acomodação dos
casais e ali messa e reparta e entregue quatro legoas e meia de terra
repartidas em quartos em forma das ordens de Sua Magestade a cada um
dos sessenta casais que ali se acham passando-lhes certidões para
requererem seu Titulo justo, deixando meia legoa, para o logradouro da
Povoação cujas datas andeser as mais imediatas da Povoação, tudo na
mesma forma que de ordem minha praticou o dito capitão na povoação que
mandei formar Villa Real de Santanna e me dará parte do que ocorrer e o
aver assim executado, e se denominará a dita povoação São José de
Tebiquary, Viamão 25 de setembro de 1770 – Osório – etc.”
236
.
a ordem que lhe foi dada pelo governador substituto Antonio da Veiga Andrade,
em relação a Porto Alegre, foi expedida nos seguintes termos:
“O Capitão de Infantaria, com exercio de engenheiro, Alexandre José
Montanha, passe sem perda de tempo, ao Porto dos Casais e hoje de São
Francisco e, nas terras da Estância de Inácio Francisco, faça a divisao de
sessenta meias datas para outro igual numero de casais, os quais já se
acham moradores do dito Porto de São Francisco, sendo a meia data que
compreender as casas da Estância com seu pomar, para Passais do Vigário
da Freguesia, tendo-se também atenção aos Marinheiros que se tem
empregado no serviço de Sua Majestade para serem acomodados,
deixando-se suficiente terreno para logradouro da Vila, e lhe nomeio para
seu ajudante o Cabo de Esquadra dos Escolhidos Ventura de Carvalho e
Souza, e que o dito Capitão executara por ser ordem do Ilmo. E
Excelentíssimo Senhor Marques e Vice Rei do Estado sobre esta Matéria.
Viamão, 12 de Julho de 1772”
237
.
p
.51.
236
BALEM, Mons. Dr. João Maria. A Paróquia de São José de Taquari. Porto Alegre: Tipografia do Centro, 1952.
p.35. Conforme o autor, esta ordem pode ser encontrada no Arquivo Público de Porto Alegre no Livro 3 de
Registros e Provisões (1765-1774), à pagina 232.
237
OLIVEIRA, Clovis Silveira de. Porto Alegre a cidade e a sua formação. 2 ed. Porto Alegre: Metrópole, 1993.
p.50.
119
Barreto
2
38
afirma, na biografia do Capitão Alexandre JoMontanha, que em 1772
este teria traçado o “primeiro mapa de Porto Alegre, hoje considerado perdido, que devera
ter tido um título semelhante, em virtude da ordem que passou em Viamão, a 12-7-1772, o
governador interino do Rio Grande do Sul, Antonio da Veiga Andrade, ao capitão Alexandre
José Montanha”. Barreto supõe que o titulo do mapa deveria ser “um trecho do que está
determinado na dita ordem”. Para ele, o fato de haver ordens semelhantes para a execução
das plantas de Taquari e Santo Amaro, indica que o nome do mapa da cidade de Porto
Alegre seria também semelhante aos dados às plantas dessas cidades: “Plano da devizão
de sessenta meias dattas nas terras da Estancia de Inacio Francisco para os Cazais que
se axão moradores no Porto de São Francisco”.
Ainda segundo Barreto, os originais dessas duas plantas teriam estado guardados no
Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, em cuja mapoteca não mais se encontra. O plano de
Tibiquary, ou seja, de Taquari foi reproduzido pelo Monsenhor João Maria Balem no livro ‘A
Paróquia de S. José de Taquari’, impresso em Porto Alegre, na Tipografia do Centro por
volta de 1952 (fig. 82).
Segundo Weimer
239
,
“sabemos que Montanha foi encarregado de fazer o acompanhamento do
assentamento da vila de Santo Amaro. Em razão disso, fez o traçado do
plano urbano daquela vila. Trata-se, neste caso, de um plano plenamente
de acordo com o que se chamava então de mestres clássicos, isto é, de um
traçado de ruas ortogonais que se espraiam por sobre um terreno
levemente inclinado”.
Havendo, então, ordens semelhantes e existindo concretamente os planos de
Taquari e Santo Amaro, acredita-se que não dúvida de que Montanha tenha executado
de fato o traçado de Porto Alegre, em 1772, ainda que a prova material tenha se perdido ou
sido destruída. Afinal, por que razão Montanha não teria executado a ordem de fazer o
traçado de Porto Alegre? Para Weimer, no entanto, o autor de um plano “acadêmico”
referindo-se ao plano de Santo Amaro – não poderia ser o autor de um “projeto de cunho tão
popular”, como o traçado de Porto Alegre. Neves & Martins vão ainda mais longe: “O
chamado mapa do capitão Montanha é invenção cuja crítica nunca foi seriamente realizada
nos últimos 60 anos”.
2
38
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol.
p.945.
239
WEIMER, Günter. A origem do Traçado de Porto Alegre. [S.l.]: Ache Tudo e Região, 1999. Disponível em:
<http://www.achetudoeregiao.com.br/RS/porto_alegre/A_origem_do_tra%C3%A7ado.htm>. Acesso em: 10 abr.
2009.
120
O que se pode afirmar de concreto é que essa planta não existe fisicamente, se é
q
ue alguma vez existiu. A não ser pela ordem de 12 de julho de 1772, nada mais se sabe
sobre ela.
II - De acordo com Barreto
240
, “o primeiro plano de Porto Alegre de que temos
noticia concreta, apesar de não o havermos encontrado, é a “Planta da Villa de Porto Alegre
pelo brigadeiro Roscio”
241
, anterior a 1805, ano da morte do autor naquela mesma capital”.
Nos doze anos passados no Brasil (1767-1779), Francisco João Roscio conheceu
bastante bem o território brasileiro e, em particular, o do Rio Grande do Sul. Em função
desse conhecimento, é convidado a retornar, em 1781, como Comissário das demarcações
do Sul e, já como tenente coronel, para a província de São Pedro em 1782. Devido aos seus
serviços na Comissão de Demarcação, foi promovido a Coronel logo a seguir. Em 1801,
com o falecimento do Governador do Estado de S. Pedro do Sul, o tenente general
Sebastião da Veiga Cabral da Câmara, foi nomeado governador interino, permanecendo no
cargo a1803. Executou diversos trabalhos cartográficos referentes principalmente ao Rio
Grande do Sul, e é de sua autoria uma Planta da Cidade do Rio de Janeiro de 1769. (fig. 83)
F
ig. 83 – Planta da Cidade do Rio de Janeiro, 1769
2
40
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol.
p.315.
241
Francisco João Roscio nasceu na Ilha da Madeira, Portugal, por volta de 1740. Faleceu em Porto Alegre em
10/10/1805. Formou-se na Academia Militar de Lisboa e, com a conclusão de seus estudos, foi nomeado
ajudante de Infantaria com exercício de engenheiro em 23/07/1762. Trabalhou durante algum tempo no interior
de Portugal, nomeadamente Elvas e Almeida, onde passou a trabalhar com o Coronel Jacques Funk. Tendo sido
nomeado para comandar uma nova comissão de engenheiros no Brasil, Funk escolheu Roscio para acompanhá-
lo, sendo por este motivo promovido a Capitão, em 1767. Ficou no Brasil até junho de 1779, quando obteve
licença para voltar a Portugal.
121
Em relação à Planta da Villa de Porto Alegre pelo Brigadeiro Roscio”, referida por
B
arreto num outro verbete que não o dedicado a Francisco João Roscio, nenhuma outra
referência foi encontrada no material pesquisado. As provas de sua existência são, portanto,
ainda mais escassas que as referentes à planta do capitão Montanha.
III - Logo após a independência do Brasil em 1822, uma carta Imperial datada de
14 de novembro do mesmo ano, eleva Porto Alegre à categoria de cidade. Em 1825, tem-se
notícia de uma planta topográfica para o ordenamento de sua ocupação feita por José Pedro
César (fig.84). Segundo Macedo
242
, “a planta foi entregue à câmara em 29 de outubro de
1825 para controlar a ocupação dos terrenos de marinha e para fornecer os alinhamentos”.
Dessa planta também não se conhece o original.
F
ig. 84 – Assinatura de JoPedro César
José Pedro César
243
, que teria sido o seu autor, nasceu em Leiria, Portugal, por volta
de 1780, e faleceu em Porto Alegre em 27/04/1831. Veio para o Brasil antes de 1803, para a
Capitania de S. José do Piauí. Estudou a geologia dessa capitania e “dedicou-se depois a
serviços cartográficos, fazendo levantamentos e copiando uma coleção de mapas
geográficos de quase todo o país”. Esteve um período no Rio de Janeiro e depois foi
designado para o serviço público na Capitania de S. Pedro, onde em 1816 foi encarregado
do balizamento dos canais interiores da Lagoa dos Patos e da sua respectiva planta. Em
1817, foi nomeado administrador geral dos Correios entre S. Pedro do Rio Grande e S.
Paulo. A partir daí, elaborou vários mapas na capitania, entre eles um Plano da Ilha Pintada
(1821) e vários outros endereçados ao governador João Carlos de Saldanha, com pareceres
referentes a questões de servidões e ressarcimento de expropriação. Um “Mappa da
Província de San Pedro” por José Pedro Cesar, baseado em uma carta manuscrita
levantada sob a direção do Ilmo. Sr. Visconde de São Leopoldo, foi publicado em 1839 por
2
42
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS, 1993. p.51.
243
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
310.
122
Th. Duvotenay (geógrafo), com gravação de Alexis Orgiazzi, em Paris, acompanhando os
A
nnaes da Província de S. Pedro. Tal mapa foi objeto de uma polêmica levantada por Tito
Lívio Zambeccari, que afirmava ser este uma cópia da sua carta.
Da cartografia de José Pedro sar, importa destacar, aqui, os mapas referentes à
Província de S. Pedro:
1816 CONTINUAÇÃO DO MAPA DA ESTRADA DA CORTE DO RIO DE
JANEIRO, PARA A CAPITANIA DO RIO GRANDE DE S. PEDRO, À VILA DE PORTO
ALEGRE. Offerecido ao Ilmo. e Exmo Senhor Conde da Barca, Ministro e Secretario
d'Estado dos Negócios da Marinha, e Domínios Ultramarinos. Por José Pedro Cezar.
0,444m x l,439m.
1817 – DA BARRA DO RIO GRANDE DE S. PEDRO ATÉ PORTO ALEGRE /
Offerecido ao Il.mo e Ex.mo. Sñr d'Alegre Governador e Cap. da Provincia por Joze e Pedro
Sezar anno 1817. 55 x 188cm. Fundação Biblioteca Nacional.
1821 - (PLANO DA ILHA DA PINTADA, por José Pedro Cezar, Porto Alegre, 1821).
Mss., a nanquim. Arquivo Histórico do Estado RGS, 190, 201, 6, anexo ao oficio de 10-11-
1821, de José Pedro César, ao governador João de Saldanha, sobre medição por ele
efetuada em terras da “Ilha do Passo do Arroio da Pintada”.
1839 – MAPPA DA PROVINCIA DE SAN PEDRO: reduzido segundo uma carta
manuscripta / levantada debaxo da direção do Ill.mo. e Ex.mo. Sñr. Visconde de S Leopoldo,
por Joze Pedro Cesar, Cor.el. de Milicias; por Th. Duvotenay Geogr.fo. 52 x 66cm.
Publicação: Paris [França]: Depôt General de la Guerra, 1839. Fundação Biblioteca Nacional
& Arquivo Histórico do Exército. (fig.85)
F
ig. 85 – Mappa da Província de San Pedro, 1839
123
Em 08 de julho de 1825 José Pedro César dirige à Câmara o seguinte ofício em
r
esposta à solicitação de uma planta de Porto Alegre:
Fui entregue do oficio que Vas. Sas. se servirão dirigir-me em 06 do
corrente, e em resposta ao mesmo, cumpre dizer a Vas. Sas. que já vou
passar a limpo o esboço que tenho do Plano desta cidade, por mim
levantado no anno de 1820, devendo mostrar agora alguma diferença, por
se terem erigido neste período bastantes propriedades, em não me achar
authorizado para as examinar: logo porém que o tenha concluído, farei com
que seja apresentado a Vas. Sas
244
.
O cartógrafo propõe-se, portanto, a fazer uma atualização de um Plano da cidade
levantado anteriormente, em 1820. E é este novo mapa que, em ofício datado de 12 de
agosto de 1825, ele se compromete a entregar:
Remeto a Vas. Sas. o Plano desta Cidade que por ordem do Ex. Govor.
desta Província Conde da Figueira levantei no anno de 1820: ele não
podeservir mais do que para esclarecimento das dimensões das ruas e
quadras pois que para aclarar as infinitas questões que diariamente se
necessitão sobre a divisão de fundos dos terrenos seria preciso fazer-se em
ponto maior, o que se pode remediar formando-se um caderno com todas
as quadras em ponto grande enumerando-as: eu poderia fazer se Vas. Sas.
julgarem necessário. disse a Vas. Sas. que no decurso de 5 annos que
tem decorrido depois que este Plano foi levantado, se tem edificado grande
numero de moradas de casas, as quais para melhor clareza se podem
medir e descrever no mesmo. Estimarei que com este pequeno trabalho se
poupe a Vas. Sas. mendigarem informações que muitas vezes servem
de [...]
245
os negócios. Porto Alegre 12 de agosto de 1825. Jo Pedro
César.
246
Em 13 de agosto, a Câmara registra que “recebe-se officio do Coronel JoPedro
César com a remessa do Plano desta Cidade, ao qual se resolve responder na vereação
seguinte”
247
. Quatro dias depois, em 17 de agosto, “officiou-se ao Coronel José Pedro César
em resposta ao officio que ele dirigiu a esta Câmara com a remessa do Plano da Cidade por
ele levantado e offerecido para esclarecimento desta mesma Câmara”
248
.
2
44
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1783 a
1850. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 08/07/1825.
245
[...] – Ilegível.
246
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1783 a
1850. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 08/07/1825.
247
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1825-1829. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 13/08/1825, Folha 9 frente.
248
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1825-1829. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 17/08/1825, Folha 9 verso.
124
Em 14 de setembro de 1825, novamente JoPedro César comunica à Câmara o
e
nvio de novos desenhos:
Remeto a Vas. Sas. as quadras que formam todas as ruas desta Cidade,
em ponto grande, conforme lembrei a Vas. Sas. no meu oficio de 12 do mês
pretérito. Envio igualmente a Vas. Sas.o Plano das Praças do Peixe, e
Paraíso que em tempo do Exmo Govor. Conde de Rio Pardo se projetou
fazer por julgar que Vas. Sas. não terão, e que pode acontecer venha a
servir para o futuro. Estimarei que Vas. Sas. aprovem este meu trabalho e
que apesar do meu diminuto préstimo, não me poupem, sempre que o
julgarem a bem do público
249
.
Trata-se do desenho das quadras em escala maior, para dirimir as questões da
definição de lotes nas quadras, que ele havia se proposto fazer quando da entrega do Plano
da Cidade. Um destes desenhos consta entre os documentos do Arquivo Histórico Moysés
Vellinho, justamente o referente às quadras junto à Praça da Matriz (fig.86).
F
ig. 86 – Desenho de quadras de JoPedro César, 1825
2
49
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1783 a
1850. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 08/07/1825
125
Nessa mesma data (14/09/1825), a Câmara acusa o recebimento e anota que
recebeu-se officio do Coronel JoPedro César com data de hoje, e remessa das quadras
que formão todas as ruas desta cidade e hum plano da Praça Paraizo”
250
.
Na sessão da Câmara de 26 de outubro de 1825, Francisco de Paula e Souza
apresenta o mapa da Cidade, fazendo com que de imediato a mara se dirija ao
Presidente da Província “exigindo a aprovação do mesmo Exmo. Presidente ao dito Mappa
pela necessidade que delle tem para se poder regolar”
251
. Contudo, em 29 de outubro de
1825, o Presidente da Província José Feliciano Fernandes Pinheiro se exime da aprovação
ao declarar o seguinte: “Devolvo a referida planta guardando-me de interpor juizo em
matéria que não he de minha profissão e inteligência”
252
. Na ata da sessão da Câmara de 05
de novembro, os vereadores registraram o recebimento da resposta do Presidente da
Província
253
.
Em seguida, a 12 de novembro de 1825, enviam Representação “a sua Majestade
Imperial, pedindo a aprovação da Planta da Cidade, que offereceo a esta Câmara o Coronel
José Pedro César pelos motivos que exarou na mesma representaçao”
254
(não fica claro por
este texto se a Planta foi enviada junto ou não). E, no dia 16 de novembro, os vereadores
resolvem dirigir “ao Coronel José Pedro César officio de agradecimento pela offerta da
Planta desta cidade”
255
.
Apesar da existência desse conjunto de documentos que referenciam explicitamente
a Planta de José Pedro Cesar, Barreto contesta, em sua análise dos registros da Câmara
Municipal de Porto Alegre, que ela tenha de fato existido:
“Com base num registro constante da ata de 14-9-1825, da Câmara
Municipal de Porto Alegre, o ‘Boletim Municipal’, Porto Alegre, jan. a abril de
1940, vol. III. ano II. 4, pg. 88, declara que a primeira planta da capital
data daquele ano foi feita por José Pedro César: Recebeu-se oficio do
Coronel José Pedro César com data de hoje e remessa das quadras que
formam todas as ruas desta cidade e um plano da Praça do Paraíso’. No
mesmo número (pg. 151) o ‘Boletim Municipal’ pede ‘com especial
2
50
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1825-1829. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 14/09/1825, Folha 13 verso.
251
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1825-1829. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 26/10/1825, Folha 20 frente.
252
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Corresponncia Passiva da Câmara de Porto Alegre. Porto
Alegre, 1824 a 1826. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses
Vellinho. 29/10/1825.
253
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1825-1829. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 05/11/1825, Folha 21 frente.
254
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1825-1829. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 12/11/1825, Folha 23 frente.
255
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1825-1829. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 16/11/1825, Folha 24 frente.
126
empenho, cópia de uma planta feita em 1825 pelo coronel José Pedro
C
ésar’. Não se infere, porém, do texto transcrito, que tenha existido essa
planta, pois é provável que as ‘quadras remetidasnão o tenham sido sob
essa forma, senão descritivamente apenas. Tanto mais que ali mesmo, ao
referir-se a documente iconográfico, a ata consigna ‘... e um plano da Praça
do Paraíso’, afastando, portanto, a interpretação de que as quadras’
estivessem representadas em plano ou planos”.
De fato, a conclusão de Barreto se baseia na análise de arquivos que realmente não
dizem respeito à Planta da Cidade e, sim, a outros desenhos que o Coronel José Pedro
César forneceu à Câmara. Além disso, os documentos pesquisados dão conta da sua
existência. E como um dos últimos registros da época se refere a um pedido de aprovação
da Planta por parte de Sua Majestade Imperial, no Rio de Janeiro, pode-se pensar que a
planta talvez tivesse ficado por lá. Mas outros registros sobre essa planta, datados de 1872,
podem provar que a planta feita pelo Coronel José Pedro César estava na Província pelo
menos até este ano.
Em 23 de outubro de 1872, o então Presidente da Província José Fernandes da
Costa Pereira Júnior, comunica à Câmara que mandou
“o Engenheiro Director Geral das Obras Públicas tirar cópia da planta
pertencente à Câmara Municipal (...) organizada em 1820 pelo Coronel de
Engenheiros Jo Pedro sar”
256
. Em 09 de dezembro de 1872, a Câmara
se diz “inteirada (...) de haver S. Excia. mandado tirar copia da planta
pertencente à mesma Câmara, e organizada em 1820 pelo Coronel de
Engenheiros José Pedro César”
257
.
É inegável que a planta da cidade de Porto Alegre de 1825 encontrava-se nos
arquivos da Câmara Municipal ainda em 1872. Sua existência é tão fora de dúvidas que
Macedo
258
, ao se referir a planta de 1838 como “a primeira planta de Porto Alegre que
conhecemos”, afirma que a mesma “parece ter sido calcada sobre o original de JoPedro
César”.
2
56
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Correspondência Passiva da Câmara de Vereadores de Porto
Alegre. Porto Alegre, 1871-1872. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moyses Vellinho. 23/10/1872.
257
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 09/12/1872, Folha 05 verso.
258
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS, 1993. p.59.
127
5.2 – O
CARTÓGRAFO REVOLUCIONÁRIO
F
ig. 87 – ‘Pianta da Cidade de Porto Allegre’ de Lívio Zambeccari
128
D
ata de 1833 a primeira planta da cidade (Fig.87) existente materialmente. Trata-se
de uma planta feita por Livio Zambeccari, um revolucionário italiano que veio se incorporar
às tropas farroupilhas
259
que lutavam contra o Império. Ele é considerado também o
idealizador da bandeira e do emblema da República Rio-Grandense, proclamada pelos
revoltosos durante o conflito.
Livio Zambeccari nasceu em Bologna, na Itália em 1802
260
e faleceu também em
Bologna no ano de 1862. Seus pais foram o Conde Francesco Zambeccari (1752-1812) e
Diamante Negrini. Era o filho do meio, sua irmã mais velha se chamava Carlotta e a mais
nova Angiola. Ele nunca se casou e nem teve filhos. Seu pai foi oficial da marinha da
Espanha e morreu quando ele tinha 10 anos. O Conde Francesco “teve uma vida
decididamente aventurosa e singular: no ano de 1784 realizou o seu primeiro o em balão
aerostático, entrando dessa forma, por direito, na história do vôo humano
261
”. Segundo a
Science and Society Library ele “conduziu seu primeiro experimento bem sucedido com
balões na Inglaterra, em 04 de novembro de 1783, lançando um pequeno balão de
hidrogênio sobre Highgate em Londres. A Science and Society Library tem um pôster que
anuncia a exibição, no Lyceum, do balão em que F. Zambeccari e Edward Vernon subiram
em 23 de Março de 1785 e voaram por uma hora da Tottenham Court Road aHorsham
em Sussex.”
262
Na sua volta a Bologna, ao continuar seus experimentos com balões, teve
um acidente fatal no dia 21 de setembro de 1812. Lívio Zambeccari sofreu forte influência de
seu pai, que também foi um estudioso no campo das ciências físicas e naturais.
Segundo Gavelli, “seus estudos entre 1813 e 1818 foram no Collegio di San Luigi
onde ficou como aluno interno
263
. O Collegio di San Luigi, que existe ainda hoje, teve a
primeira biblioteca pública de Bologna graças à doação de livros feita em 1752 pelo
Monsenhor Francesco Zambeccari, provavelmente um parente de Lívio Zambeccari.
2
59
A regência que sucedeu a abdicação de D. Pedro I, em 1831, não atendia aos anseios dos rio-grandenses. A
insatisfação fez eclodir a Revolução Farroupilha em 20 de setembro de 1835, quando Onofre Pires e Gomes
Jardim invadiram a cidade pela Ponte D’Azenha e, liderados por Bento Gonçalves, depuseram o Presidente da
Província Fernandes Braga, empossando no cargo o Vice-Presidente Marciano Ribeiro. Os revolucionários, dos
quais fazia parte Livio Zambeccari, mantiveram a posse da Capital até 15 de junho de 1837, quando ela foi
retomada.
260
Os dados biográficos de Zambecari foram coletados de: GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: l’eredità di uma
vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, p. 105-128, 2001.; BARRETO,
Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o conhecimento e a
integração do Rio Grande do Su). Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p. 1446-1448.
261
GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: l’eredità di uma vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 105 (nota)
262
SCIENCE AND SOCIETY. Picture Library. London, 2008. Disponivel em:
<http://www.scienceandsociety.co.uk/results.asp?image=10411203&wwwflag=2&imagepos=4>. Acesso em: 31
out. 2008.
263
GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: l’eredità di uma vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 107.
129
Tendo ficado órfão também da mãe em 1818, “sob a tutela de parentes, escolhe
co
ntinuar sua formação freqüentando, primeiramente, o curso de filosofia e depois o de
direito, propedêutico da carreira diplomática, obtendo o diploma com boas notas na Facoltà
Legale Regia da Università Pontficia di Bologna, em 1821. Nesse ano, ele supera um
primeiro grau em seus estudos, mas no ano seguinte não se apresenta para o diploma de
Láurea”
264
. Essa questão dos estudos de Zambeccari é interessante, pois, supostamente,
tendo sido estudante de filosofia e de direito, a pergunta que se pode fazer é onde e como
ele adquiriu seus conhecimentos de cartografia e botânica, expressos nos trabalhos que
realizou. Padoin
265
afirma que, no período em que Zambeccari esteve na França, ocupou-se
do estudo das ciências naturais, em especial a mineralogia. Em seu relato sobre a casa
onde Zambeccari morou em Porto Alegre, Coruja
266
assinala que o Conde teria
possivelmente conhecimentos de taxidermia, pois havia vários tipos de bichos mortos em
sua casa.
Lívio Zambeccari não se apresentou para o diploma de Láurea porque teve de fugir
de Bologna logo após os motins napolitanos de 1821, nos quais esteve envolvido. Neste
mesmo ano, iniciou uma longa viagem partindo da Toscana, e tendo passado pela Espanha,
França e Inglaterra, acabou por aportar na América do Sul. Padoin mostra bem que essa
trajetória do Conde tem a ver com a sua verve revolucionaria. Por volta de 1820,
“ocorreu o movimento de Riego, em Cádiz, provocando revoltas em
diversas regiões italianas. Bolonha pertencia aos estados Pontifícios e
vivenciava um movimento de caráter conspiratório, porém, mais ameno que
em outras regiões. Nessa época, Zambeccari, recém filiado à carbonária, é
enviado ao reino de Nápoles. Com a derrota desse movimento em
Piemonte, e a perseguição a todos os participantes, inclusive com penas
que previam a morte, Zambeccari foge para a Espanha, local que ainda
permanecia sublevado, com carta de recomendação da Carbonária”
267
.
Em 1826, tem-se noticias de que estaria em Montevidéu. Chega nesta cidade com
uma carta de apresentação para Oribe, que o encaminha para Juan Lavalleja militar e
político uruguaio que liderou os Trinta e Três Orientais. Passa por Buenos Aires, antes de
chegar ao Rio Grande do Sul
268
.
2
64
GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: L’eredità di uma vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 107.
265
PADOIN, Maria Medianeira. Tito Lívio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata: una sintesi.
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 32.
266
CORUJA apud PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 11.
267
PADOIN, Maria Medianeira. Tito Lívio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata: una sintesi.
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 32.
268
Conforme PADOIN, Maria Medianeira. Tito Lívio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata:
una sintesi. Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 32.
130
Gavelli diz que Zambeccari teria vindo de Buenos Aires para o Rio Grande do Sul em
1
831 - “nesse meio tempo, está no auge a luta entre os insurgentes de Manuel Rosas,
controverso chefe rebelde, e o governo central, entre federalistas e unitários. Zambeccari,
sempre fiel aos seus princípios de liberdade, abandona o novo ditador Rosas, deixa a
Argentina, e por volta de 1831 parte para o Brasil.
269
. Segundo Sandra Pesavento
270
, que se
baseia em dados de A. A. Coruja, Zambeccari teria chegado a Porto Alegre “mais ou menos
no ano de 1832”.
Padoin
271
, por sua vez afirma que:
“Lívio Zambeccari, por ocasião da posse de Rosas (1829), no poder da
Província de Buenos Aires, partiu para o Rio Grande do Sul, onde foi
recebido por Bento Gonçalves da Silva, amigo de Juan Lavalleja. Porém,
continuou mantendo contato através de viagens constantes entre o porto de
Buenos Aires e o Rio Grande do Sul, que, conforme Ferratti, eram
explicadas por seus negócios e estudos na área das ciências naturais.
Ficou mais permanentemente no Rio Grande do Sul, em especial em Porto
Alegre, a partir de 1833”.
Barreto
272
, no entanto, fornece uma data mais concreta ao dizer que:
O “Noticiador” do Rio Grande, de 20-11-1833 (n° 185), prometeu uma
noticia sobre a revolução de Buenos Aires, obtida através dos passageiros
vindos no «Novo Herval», saído daquela capital a 29-10-1833, e de alguns
jornais ofertados e “mais que tudo, do excelente relatório a respeito que nos
confiou o naturalista Sr. Livio Zambeccari, vindo na mesma embarcação».
Esta havia aportado ao Rio Grande a 15-11-1833, sendo esta, pois, a data
do primeiro contato do conde italiano com a terra rio-grandense.
O ano de 1833, como o da chegada de Zambeccari, é reforçado pelo relato de Luigi
Nascimbene, que se encontrava então em Porto Alegre, transcrito em Barreto
273
:
“Por volta desta época (1833) que o negociante Francesco Modesto Franco
(que é um dos nomes citados na planta de Porto Alegre) chegava de
Buenos Aires em Porto Alegre conduzindo em sua companhia no barco o
2
69
GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: L’eredità di uma vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 110.
270
PESAVENTO, S. Jatahy. Gli occhi del viaggiatori. Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46,
2001. p. 11.
271
PADOIN, Maria Medianeira. Tito vio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata: una sintesi.
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 33.
272
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1447.
273
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1447.
131
Conde Livio de Zambeccari, jovem com amor quente pela pátria, erudito,
j
ovial e amante de novidades. Encontrava-se também então em Porto
Alegre um mero considerável de emigrantes do Uruguai, dos quais o
general Lavalleja comandava. Estes se tornaram rapidamente amigos do
Conte Zambeccari, o qual com seu modo franco de responder e pouco
reservado, nos motes rápido e nas brigas intrépido, fazia-se reconhecer por
pessoa de capacidade, e vontade plena; e era por isso com prazer que
marchavam unidos com um objetivo prefixado”.
Luigi Nascimbene (1801-1873) teve uma trajetória em alguns aspectos similar a de
Lívio Zambeccari. Nascido em Pinerolo, província de Voghera na Itália, formou-se em
engenharia na Universidade de Pavia tendo entremeado os estudos com o exército, lutando
contra os austríacos. Entre 1825 e 1826 estudou arquitetura em Milão, em 1828 estava em
Paris e Londres, transferindo-se em 1829 para Buenos Aires. Nesta época, Zambeccari
também estaria na Argentina. Nascimbene ficou na região do Prata até 1854, e se tem
noticias que esteve no Rio Grande do Sul mais de uma vez. Segundo Barreto, Nascimbene
era ligado à Maçonaria
274
. Padoin descreve Luigi Nascimbene, assim como outros italianos,
“como comerciantes de gado e de seus derivados junto aos rio-grandenses e uruguaios para
os portos de Montevidéu e Rio de Janeiro”. Em relação ao período da Revolução
Farroupilha, afirma que os rebanhos de gado eram trocados por suprimentos de guerra
275
.
Para Barreto, isso fazia parte provavelmente do empréstimo feito pela representação da
Maçonaria aos farroupilhas através de seu representante na América do Sul, Luigi
Nascimbene
276
. É ele quem descreve a chegada de Zambeccari junto com Modesto Franco
a Porto Alegre. E é ele também que faz o relato do encontro de Zambeccari com Bento
Gonçalves, tal como conta Barreto:
“Nascimbene relata como se conheceram Bento Gonçalves e Zambeccari,
por iniciativa daquele junto ao amigo comum Modesto Franco; a simpatia
recíproca que se votaram; e como, após uma partida de campo além do
rio’, bem se poderia dizer que ‘foram dois e voltaram somente um’. E, como
conseqüência, isto se pode dizer, foi o primeiro passo para um futuro
diferente: a união destes dois foi o verdadeiro princípio de um plano de
operações, porque o Gonçalves era como uma matéria que muito árida não
podia produzir a fermentação, faltava-lhe apenas aquele certo grau de
umidade vivificante que o conde soube salpicar de fecundo orvalho, dando
2
74
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
977.
275
PADOIN, Maria Medianeira. Tito Lívio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata: una sintesi.
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 31.
132
vida e impulso: então foi por isso que marcharam unidos para um objetivo
p
refixado’”
277
.
Para Barreto
278
, “esse depoimento situa Zambeccari como o ‘pensador’ da revolução
farroupilha, na primeira fase das operações”. O encontro de Bento Gonçalves com
Zambeccari é explicado de outra forma por Padoin. Segundo esta autora, os dois teriam se
conhecido graças a Juan Lavalleja e Ruedas, que eram amigos dos dois
279
.
Quando, como, onde e através de quem Zambeccari conheceu Bento Gonçalves,
como se pode ver, é passível de discussão; mas o fato é que Zambeccari passou a fazer
parte do grupo que articulou a Revolução Farroupilha, participando ativamente da
organização da mesma, “até a derrota de Bento Gonçalves na ilha do Fanfa, onde o italiano
era o secretário das forças e de onde ambos, aprisionados, foram transportados para o Rio
de Janeiro”
280
.
Ao serem presos, Bento Gonçalves, Onofre Pires e Zambeccari são levados a Porto
Alegre e mantidos a bordo do navio-prisão Presiganga. Como bem aponta Pesavento,
referindo-se à planta de Porto Alegre desenhada por Zambeccari em 1833, “por ironia, ao
longo da costa, aparece o desenho da funesta Presiganga, o navio-prisão onde foi
encarcerado”
281
. Após algum tempo, os prisioneiros foram transferidos para o Rio de
Janeiro. Segundo Gavelli
282
, ao chegarem à Baía da Guanabara, Bento Gonçalves e
Zambeccari são separados, Gonçalves é levado para a fortaleza de Lage e Zambeccari para
a de Santa Cruz.
O Presiganga, segundo Pesavento, “era um velho navio ancorado ao longo do porto
da capital rio-grandense que servia de prisão flutuante. E, nos duros tempos da Revolução
Farroupilha, guerra que durou 10 anos em que os rebeldes do sul se engajaram contra o
2
76
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
977.
277
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1447.
278
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1447.
279
PADOIN, Maria Medianeira. Tito Lívio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata: una sintesi.
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 33.
280
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1447.
281
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 20.
282
GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: L’eredità di uma vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 111.
133
Império Brasileiro, entre 1835 e 1845; o P
resiganga acolhia os revoltosos capturados pelas
forças legalistas”
283
.
Ainda segundo esta autora, a bordo do Presiganga se encontraram, nesse ano de
1836, Bento Gonçalves, Zambeccari e Antonio Álvares Pereira Coruja. Unia-os a causa
revolucionária. Graças a esse encontro, Coruja nos deixa um relato sobre Zambeccari:
“Lívio de Zambeccari que depois me constou ser Conde de Zambeccari, era
homem de corpo (acho) acanhado, magro e parecia ter padecimento
interno. Apareceu em Porto Alegre, parecendo ter 35 anos, pelos anos de
1832 mais ou menos, como naturalista, pois na casa em que morava, do
lado dos números pares, quase em frente à Rua Nova
284
, tinha a sua casa
cheia de pássaros mortos e cheios e também alguns pequenos
quadrúpedes. Apesar de ser muito dado e acessível, não tive com ele
maiores relações. Veio a revolução de 1835, e passava por serem dele as
proclamações de Bento Gonçalves
285
.
Zambeccari (fig.88) ganha sua liberdade somente em 02 de dezembro de 1839. Para
isso teve que concordar em não mais participar ativamente da Revolução Farroupilha e em
deixar imediatamente o Brasil. “O conde bolonhês aceita e embarca no navio postal inglês
La Lira, chegando a Portsmouth, na Inglaterra, depois de 45 dias de viagem”
286
.
F
ig.88 – Lívio Zambeccari Fig. 89 – “Mode Italiane
2
83
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 10.
284
Por esta descrição pode-se deduzir que o local de moradia de Zambecari era na Rua General Câmara em
frente a Rua Gen. Andrade Neves.
285
CORUJA apud PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 11.
286
GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: L’eredità di uma vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 112.
134
Zambeccari é considerado por vários historiadores como um homem de cultura e um
h
omem das ciências, e suas várias atividades demonstram isso. É sabido que escreveu e
traduziu vários artigos, em português, para os jornais da província, tais como “O
Continentino”, “O Republicano” e “O Povo”. Diz-se dele que aprendeu rapidamente o
português, e isso pode ser explicado por seu conhecimento de várias línguas consta, por
exemplo, do material arquivado sobre ele no Museo Del Risorgimiento em Bologna, um
impresso com a tradução de uma letra de música do grego moderno para o italiano. Era um
homem com um vasto leque de interesses, pois se pode ainda encontrar nos arquivos do
Museu um hino
287
composto por ele, um desenho de roupas masculinas para a criação de
uma “moda italiana” (fig. 89), um quadro de “Prodotti vegetali usati nell’economia e medicina
domestica brasiliana - Cinque quadri”, que são estudos sobre a flora brasileira.
Constava desse arquivo, como relatado por Barreto, um desenho de sua autoria da
Bandeira Rio-grandense conforme descrição abaixo. Infelizmente este desenho se perdeu:
restou a sua imagem colorida no livro de Res Avita, de Alfredo Varela.
1836e Bandiera e Coccarda Riograndense, 1836. Verde e amarello – Brasile,
Rosso La republica. (ass.) Livio Zambeccari. Mss., colorida, 0,10m x 0,22m. Reproduzida
por Varela (Alfredo), Res Avita”. Lisboa, Tip. Mauricio & Monteiro, 1935, entre as páginas.
254-255. (fig.90)
F
ig. 90 – “Bandiera e Coccarda Riograndense”
No que se refere à cartografia, além do mapa de Porto Alegre, de 1833, foi o autor de
diversos outros mapas que mostravam os combates do ano de 1836, no período em que
acompanhou os revolucionários farroupilhas. Entre estes, Barreto cita os seguintes:
2
87
Trata-se do “Inno allá Liberta” que ele compõe em Buenos Aires.
135
1836a (ARROIO DOS RATOS) — 30 DE MAIO DE 1836 AS 11 DA NOUTE. (ass.)
L
. Zambeccari. Mss.. colorida, 0,23m x 0,33m. Este desenho encontra-se no Museo Civico
del Risorgimento, Bologna. Foi reproduzida por Varela (Alfredo), Res Avita”, Lisboa, Tip.
Mauricio & Monteiro, 1935, entre páginas 312-313 (fig.91).
F
ig. 91 – Planta 1836a
1836b (ARROIO DOS RATOS) 31 DE MAIO DE 1836. (ass.) L. Zambeccari.
Mss., colorida. 0,20m x 0,30m. Idem, como acima. Reproduzida ibidem, p. 328-329 (fig.92).
F
ig. 92 – Planta 1836b
1836c COMBATTIMENTI DEL 6 E 9 7.BRE 1836 E 4 OTTOBRE. (ass.) L.
Zambeccari. Mss. colorida, 0,29m x 0,34m. Idem, como acima. Reproduzida ibidem p. 298-
299 (fig.93).
136
F
ig. 93 – Planta 1836c
1836d – BATAGLIA DO RIO PARDO, 30 DE. ABRIL (sem assinatura). Mss., colorida.
0,20m x 0,30m. Idem como 1836a. Reproduzida ibidem, p. 252-253 (fig.94).
F
ig. 94 – Planta 1836d
Em 1839 um mapa da Província Rio-Grandense é:
(1839) MAPPA DO RIO GRANDE DO SUL por L. Zambeccari. H. Leonhard fec.
Lith. de V.r Laréé, Rua do Ouvidor 66. Lit.. 0,510m x 0,.650m (fig.95).
137
F
ig. 95 – Mappa do Rio Grande do Sul
A produção cartográfica de Zambeccari que se conhece, inclui mais alguns
desenhos. Na página 244 de Res Avita”, de A. Varela, há uma listagem dos desenhos e
aquarelas de Zambeccari que existem ainda hoje no Museu Del Risorgimento, em Bolonha,
além dos já citados por Barreto. Trata-se de desenhos do Rio de Janeiro:
Sem data ENTRATA DI RIO DE JANEIRO, com la citta di Rio de Janeiro
(residenzia dell’Imperatore) e Nicteroi, capitalle della Província di Rio de Janeiro. (ass.) L.
Zambeccari Mss., colorida. 0,10m x 0,20m (fig.96).
F
ig. 96- Entrata di Rio de Janeiro Fig. 97- Fortezza di Sta Croce
1837 FORTEZZA DI STA CROCE SUL MARE. (ass.) L. Zambeccari. Desenho à
lápis, 0,23m x 0,30 (fig.97).
138
1838a FORTEZZA DI SAN GIOVANNI. (ass.) Livio Zambeccari. Mss., colorida,
0
,10m x 0,20m (fig.98).
F
ig. 98 – Fortezza di San Giovanni
1839 FORTALEZA DA LAGE. (ass.) Livio Zambeccari. Mss., colorida, 0,20m x
0,28m (fig.99).
F
ig. 99 – Fortaleza da Lage
Sem data RIO DE JANEIRO. (ass.) Livio Zambeccari. Mss., desenho a bico de
pena, 0,20m x 0,38m (fig.100).
139
F
ig. 100 – Rio de Janeiro
Um desses desenhos que faz parte da listagem de Varela, mas que não é mais
encontrado no Museu Del Risorgimento, é o de:
1838b – FORTEZZA DI STA CROCE ALL’ENTRATA DI RIO DE JANEIRO.
As atividades cartográficas de Zambeccari são praticadas ao longo de toda a sua
permanência no Brasil. É interessante observar, aliás, que o que restou de sua produção
cartográfica diz respeito somente ao Brasil. Não foi encontrada nem menção de mapas de
outros lugares. Padoin afirma que, “entre suas atividades, Zambeccari participou de
medições de terras realizadas na colônia alemã de São Leopoldo, tornando-se amigo de
Hermann von Salish, que muito auxiliou os farroupilhas na Revolução”
288
.
Pode-se dizer que entre os mapas elaborados por ele, o mais “técnico”, e o único
que foi impresso, não sendo portanto manuscrito, é o Mappa da Província do Rio Grande do
Sul e/ou Mappa do Rio Grande do Sul. Barreto
289
salienta que “é uma carta cuidadosamente
elaborada, refletindo magníficos conhecimentos cartográficos do autor”. Segundo Gavelli
290
,
Padoin
291
e Pesavento
292
, este mapa foi elaborado durante o período em que esteve preso
no Rio de Janeiro, baseado em suas andanças pelo Rio Grande do Sul e em mapas
anteriores, e teve mais de uma edição. O que é encontrado no Museo Del Risorgimento e na
2
88
PADOIN, Maria Medianeira. Tito Lívio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata: una sintesi.
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 34.
289
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1448.
290
GAVELLI, Mirtide. Lívio Zambeccari: L’eredità di uma vita avventurosa. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 112.
291
PADOIN, Maria Medianeira. Tito Lívio Zambeccari nella storia Del Rio Grande do Sul e Del Plata: una sintesi.
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 36.
292
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 16.
140
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro tem como título “Mappa do Rio Grande do Sul”; o
q
ue é encontrado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro é intitulado “Mappa da
Província do Rio Grande do Sul”. Barreto afirma que outras diferenças, além do Título:
“na primeira consta «Republica de Correntee na outra «de Corrientes»; os «Campos de
Cima da Serra» têm denominação na segunda”. Segundo este autor, “essas correções
identificam a edição definitiva”. Zambeccari teria tido influência da proclamação da república
riograndense ao denominar o mapa de ‘Mappa do Rio Grande do Sul’ e, devido a
reclamações junto à litografia, o nome do mapa foi mudado para
“caracterizar o território como uma proncia e, assim, integrante do Império.
Por outro lado, havendo adquirido então sua liberdade condicional, isso
deve ter contribuído para a coação. O fato de haver oferecimento autógrafo
para quem era favorável aos farrapos na primeira tiragem e constar a
segunda da coleção do Imperador, parece confirmar a hipótese”
293
.
Sobre esse mapa é dito que Zambeccari “viu o Rio Grande através da minúcia da
representação gráfica, e dele se diz que produz uma carta da província, preciosa,
perfeita...”. Bernardi
294
o define também como ggrafo, por esta sua habilidade, e Varela
afirma que este admirável documento teria sido um dos melhores instrumentos produzidos
sobre o Rio Grande do Sul e que teria servido aos revolucionários seja “para orientar as
operações, como para estabelecer os relevantes movimentos a serem efetuados””
295
.
Contudo, acerca deste mesmo mapa existem controvérsias. Como relata Pesavento
um pouco antes da publicação do mapa, sai a segunda edição dos Anais da
Província de São Pedro, do Visconde de São Leopoldo, obra acompanhada
de um mapa (fig.85) cujo autor é J. Pedro César. A questão que se coloca é
que tal mapa teria sido copiado do mapa de Zambeccari, naquele momento
na prisão, e publicado sem mencionar o nome. Tal apropriação teria sido
colocada pelo próprio Zambeccari em comentários feitos a margem de um
recorte que ele guardou de um texto sobre o assunto publicado na edição
de 28 de junho do ‘Jornal do Comércio’. Em seus comentários Zambeccari
se “utiliza de termos como ‘falsificação’ e ‘furto’ para descrever o processo
de composição do referido mapa”
296
.
2
93
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1447-1448.
294
Bernardi, citado por Pesavento é M. Bernardi, o autor do livro ‘A guerra dos Farrapos’ editado em Porto Alegre
pela Sulina em 1981.
295
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 16.
296
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 17/18.
141
Vale lembrar que J. Pedro César morreu em 1831 e não podia contestar as
a
cusações de Zambeccari. O mapa dos Anais, publicado em 1839, seria uma cópia reduzida
de um mapa manuscrito levantado por J. Pedro César e feito sob a direção do Visconde de
São Leopoldo pelo geógrafo Th. Duvotenay, gravado em Paris por Alexis Orgiazzi,
precisamente para constar dos Anais.
5.2.1 – A Porto Alegre de Zambeccari
A “PIANTA da cidade de Porto Allegre” (fig.87) de 1833, de Lívio Zambeccari, é uma
planta manuscrita, colorida (aquarela), num papel de dimensões 0,22m x 0,30m, é assinada
(Lívio Zambeccari), tem uma margem desenhada pelo autor de em média 0,07m, sendo que
na parte inferior essa medida é um pouco maior. Nesta margem, embaixo e a direita é onde
se encontra a assinatura de Zambeccari. O titulo do mapa foi colocado na parte superior, à
esquerda, dentro do desenho. O mapa propriamente dito ocupa aproximadamente 70% do
todo; os outros 30 %, na parte inferior, são compostos de legendas (fig.101). Pode-se dizer
que três tipos de legendas. A primeira, no canto inferior esquerdo, onde através de letras
maiúsculas em ordem alfabética Zambeccari identificou prédios e espaços importantes da
cidade.
F
ig. 101 – Esquema da Planta de 1833
Na segunda legenda, na parte inferior ao centro, Zambeccari identificou, através de
uma ordem numérica, os nomes de várias ruas da cidade, ponte e trapiches e outros
elementos.
142
A terceira legenda é a mais diferenciada quando se observa que as outras duas são
l
egendas normais em plantas de cidade. Fica na parte inferior à direita e apresenta uma lista
em ordem alfabética com letras minúsculas, na qual Zambeccari apresenta o que ele chama
de “Abitar d’amici mici”, ou seja, ‘moradia dos muito amigos, amicíssimos’. Zambeccari
indica na planta o local dessas moradias.
Primeira Legenda
(fig.102)
Fig. 102 – Legenda 1
A
. Catedral Zambeccari refere-se aqui a Igreja Matriz de Porto Alegre localizada
na rua da Igreja (atual Duque de Caxias), no Alto da Praia/Praça da Matriz (atual Praça
Marechal Deodoro).
B. Paço do Governo Trata-se do Palácio da Presidência localizado na rua da
Igreja, no Alto da Praia/Praça da Matriz (atual Praça Marechal Deodoro).
C. Campo Santo Trata-se do cemitério da cidade nos fundos da Igreja Matriz,
onde esteve localizado até o ano de 1850.
D. Praza Grande Denominação dada por Zambeccari ao Alto da Praia/Praça da
Matriz (atual Praça Marechal Deodoro). Provavelmente ele a denominou desta forma por ser
a maior praça da cidade.
E. Câmara dos Deputados Trata-se do prédio da Câmara localizado na rua da
Igreja, próximo ao Alto da Praia/Praça da Matriz (atual Praça Marechal Deodoro), no prédio
ao lado do Palácio da Presidência.
F. Sala do Júri Zambeccari localiza esta Sala do Júri na esquina da Rua da
Quitanda com a rua do Orives, dois nomes que não existiram. Trata-se, pelo que se pode
143
constatar, da esquina da Rua da Ponte (atual Rua Riachuelo) com a da Rua do Ouvidor
(
atual General Câmara).
G. Alfândega Zambeccari refere-se aqui ao prédio da Alfândega localizado junto
ao Largo da Quitanda/Praça do Comércio (atual Praça da Alfândega).
H. Quartel dos Permanentes Localizado na quadra da Rua da Praia entre a Rua
do Ouvidor (atual General Câmara) e a Rua de Bragança (atual Marechal Floriano). Trata-se
do Quartel do Corpo Policial.
I. Arsenal Zambeccari nomeia o prédio do Arsenal, junto ao Largo do
Arsenal/Praça da Harmonia (atual Praça Brigadeiro Sampaio). Ao redor desta praça havia o
antigo depósito de lvora (1773), que ficava junto ao Quartel dos Guaranis (Quartel
construído para sediar o 24° e o 25° Regimento de Milícias, que talvez seja o prédio que ele
esteja indicando). Próximo a este edifício, foi construído em 1867 o Arsenal de Guerra que,
devido à data de sua construção, não pode ser o prédio assinalado por Zambeccari. Junto a
esses prédios existiu o Arsenal da Marinha, mas que também não deve ser o prédio
apontado por Zambeccari, pois o mesmo data de 1837.
L. Quartel dos Caçadores Pela localização na planta junto ao hospital e na
direção da rzea trata-se do Quartel do . Este quartel foi um prédio que existiu junto ao
Portão (atual Praça Conde de Porto Alegre), com frente para o Largo e para a Praça
Independência (atual Praça Argentina).
M. Largo do Paraíso Trata-se do antigo Largo dos Ferreiros que passou a ser
denominado de Praça do Paraíso (atual Praça XV de Novembro).
N. Ospedal Pela posição na planta, trata-se do Hospital Militar na Rua do Hospital
(atual Duque de Caxias), que ficava entre a Rua do Rosário (atual Rua Vigário José Inácio)
e o Largo do Portão (atual Praça Conde de Porto Alegre). No entanto, o hospital mais
conhecido da época seria a Santa Casa, que deve ter sido o hospital que Zambeccari
desenhou, pois deve ter confundido a localização do mesmo
O. Praza da Quitanda Trata-se do Largo da Quitanda/Praça do Comércio (atual
Praça da Alfândega).
P. Varzem Várzea, ou seja, a maneira como era chamada, na época, a
região/espaço do atual Parque Farroupilha,
Segunda Legenda
(fig.103)
1
. Rua da Praia atual Rua dos Andradas, que popularmente ainda se chama Rua
da Praia.
144
2. Rua da Quitanda
Este nome de rua não existiu. Zambeccari deve ter atribuído
este nome devido ao fato de esta rua interligar o que ele chamou de Praza Grande (Alto da
Praia/Praça da Matriz, hoje Praça Marechal Deodoro), e o Largo da Quitanda (atual Praça
da Alfândega). Trata-se, segundo a nomenclatura daquele tempo, da Rua do Ouvidor/Rua
da Ladeira – hoje Rua General Câmara.
3. Rua da Ponte Pelo nome deveria ser a atual rua Riachuelo, mas pela
localização espacial, pode-se concluir que é a antiga rua da Igreja, atual Rua Duque de
Caxias.
Fig. 103 – Legenda 2
4
. Rua de Bragança – atual Rua Marechal Floriano
5. Rua da Cadea – atual Av. Salgado Filho.
6. Rua dos Orives Este nome de rua também não existiu. Zambeccari a
denominou assim por razões que, historicamente, se desconhecem. A única certeza é a de
que ele criou esse nome, que esta rua, por sua localização espacial no mapa,
corresponde à que era então Rua da Ponte. Mas como, no mapa, ele situou a Rua da Ponte
(atual Riachuelo) no lugar da Rua da Igreja (hoje Duque de Caxias), compreende-se que ele
tenha tido de criar um nome – Rua dos Orives – para designar aquela rua.
7. Ponte do Riacho Tal como aparece na planta de Zambeccari, essa ponte fica
no final da rua que ele chamou Rua da Ponte (que, pela localização, seria a Rua da Igreja).
Assim, é como se esta rua a da Ponte encaminhasse as pessoas para a Ponte do
Riacho, o que poderia ser uma explicação para a troca do no nome da rua da Igreja. Da
forma como topograficamente esta parte da planta está distorcida, se pode ver que a
mesma atravessava o Riacho em direção a região conhecida como o areal da Baronesa.
145
8. Desembarcadeiro dos cavallos
localizado por Zambeccari junto ao Largo do
Arsenal/Praça da Harmonia (atual Praça Brigadeiro Sampaio).
9. Trapiche da Alfândega - Trapiche que ficava junto ao Largo da Quitanda/Praça
do Comércio (atual Praça da Alfândega).
10. Trapiche da Quitanda – Trapiche que ficava junto ao Largo da Quitanda/Praça
do Comércio (atual Praça da Alfândega).
11. Colonna trata-se do Pelourinho da cidade de Porto Alegre situado no Largo do
Arsenal (atual Praça Brigadeiro Sampaio).
12. Canoa de 65 pés de hussi so tronco, larga 7 pés seria a representação do
Presiganga, navio-prisão que ficava ancorado na costa da cidade e para onde Zambeccari
foi levado quando preso pelos legalistas, em 1836.
Terceira Legenda
(fig.104)
F
ig. 104 – Legenda 3
Abitar d’amici mici – residência dos muito amigos, amicíssimos:
a. Casa del Colonnele José Mariano de Mattos Sua residência se localizava na
Rua da Igreja, (atual Duque de Caxias) quase esquina com a Rua do Cemitério (atual Rua
Espírito Santo). Natural do Rio de Janeiro. Em 1834, quando ainda era Major, e devido ao
Ato Adicional de 12 de agosto que criou as Assembléias Provinciais, tornou-se um dos 28
titulares da Assembléia Rio-Grandense, ao lado de, entre outros, Bento Gonçalves, Dr.
146
Marciano Pereira Ribeiro, padre Chagas, Fidêncio José Ortiz, José de Paiva Magalhães
C
alvet, Domingos José de Almeida.
297
Na República Rio-Grandense, foi ministro da Guerra e da Marinha, vice presidente
da República e presidente da Republica interino, além de autor do brasão que figura na
bandeira da República Rio-Grandense que foi adotado para o Rio Grande do Sul pelos
constituintes de 1891. Participou em 1842 da Comissão de Constituição cujo trabalho foi
apresentado e lido na Assembléia em 03 de fevereiro de 1843 e, em seguida, publicado com
a sua assinatura
298
. Próximo ao final da Revolução, foi preso em Piratini por Chico Pedro
(também conhecido por Chico Moringue) e mantido preso em Canguçu, sua base de
operações, em cadeia que Chico Moringue mandara construir. Depois da Revolução, Jo
Mariano de Matos foi o Ajudante General de Caxias na guerra contra Oribe e Rosas em
1851-52 e, ao retornar ao Rio, retomou sua carreira militar, sendo Ministro da Guerra em
1865
299
.
b. Casa de José Magalhães Calvete (José de Paiva Magalhães Calvet) Sua
residência se localizava também, como a de José Mariano de Matos, na Rua da Igreja (atual
Duque de Caxias), mas mais para perto da Rua do Poço (atual Borges de Medeiros). Um
dos quatro filhos de João Antonio Calvet e Rita Maria Magalhães nasceu em Porto Alegre
em 18 de março de 1808. Fez seus estudos em Porto Alegre e aos 19 anos foi para o Rio de
Janeiro para ser aspirante da Marinha Nacional. No final de 1827, foi declarado Guarda-
marinha. Ao casar-se, pediu demissão retornando a Porto Alegre para exercer o magistério,
tendo sido aprovado em concurso para as disciplinas de Aritmética e Geometria. Dedicava-
se também à advocacia. Com sua vasta cultura, atuou em várias áreas tendo sido promotor
da Guarda Municipal, vereador, Presidente da Câmara Municipal, membro do Conselho
Geral da Província, Procurador Fiscal do Tesouro. Foi eleito deputado na primeira
Assembléia Legislativa Municipal e, depois da denúncia contra Bento Gonçalves, dedicou-se
integralmente ao preparo da Revolução Farroupilha. Tendo sido preso com a contra-
revolução em 15 de novembro de 1836, foi levado para o Rio de Janeiro e acusado de ser
um dos principais chefes. Foi libertado por um habeas-corpus, mas com exigência de
permanecer no Rio de Janeiro. Faleceu nesta cidade em 13 de julho de 1853
300
.
c. Casa di Francisco Meste Franco prefeo emi d’imerario Seu nome correto é
Francisco Modesto Franco. Zambeccari localiza sua residência na Rua Nova da Praia (atual
Rua Sete de Setembro) no trecho entre o Beco da Ópera (atual Rua Uruguai) e a Rua do
2
97
Conforme SPALDING, Walter. Revolução Farroupilha. Triunfo: Petroquímica Triunfo, 1987. p.47
298
Conforme SPALDING, Walter. Revolução Farroupilha. Triunfo: Petroquímica Triunfo, 1987. p.189
299
Conforme ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL. Resende, 2006. Disponível em:
<http://www.ahimtb.org.br/revfarroup2.htm>. Acesso em: 16 nov. 2008.
300
Conforme SPALDING, Walter. Revolução Farroupilha. Triunfo: Petroquímica Triunfo, 1987. p.53
147
Ouvidor (atual Rua General Câmara). Segundo Spalding
3
01
, “teria nascido em Minas Gerais
e era comerciante de grande prestígio em Porto Alegre. Possuía embarcações, entre os
quais a Béla Angélica, que poz a disposição da República”. Era ele que acompanhava
Zambeccari em 1833, de acordo com a descrição de Nascimbene. Fez parte da Comissão
destinada a introduzir no recinto das sessões da Assembléia Constituinte Rio-Grandense,
instalada em Alegrete em de dezembro de 1842, o presidente Bento Gonçalves da Silva.
Em 1879, tem-se noticia de que por um Ato de de julho de 1879, Francisco Modesto
Franco foi nomeado por Américo de Moura Marcondes de Andrade, Presidente da Província
de São Pedro do Rio Grande do Sul, como Alferes Comandante da Força Policial de
Palmeira
302
. Faleceu nesta cidade em 06/04/1886 em avançada idade
303
. Chama a atenção
o comentário colocado ao lado do nome de Modesto Franco por Zambeccari prefeo emi
d’imerario’. A tradução desta frase tem sido complicada; a última palavra em italiano tem a
ver com chefe: vem de emir que eram chefes de tribo. As outras duas, numa interpretação
mais tosca pode-se pensar “prefeo” preferido, “emi” amigo, o que permitiria traduzir
como amigo preferido do chefe’, ou seja, de Bento Gonçalves. Em uma das versões, teria
sido Modesto Franco que apresentou Zambeccari a Bento Gonçalves e por isso essa
distinção.
d. Casa del Colonello Luiz de Lima e Silva Presume-se ser este, na verdade, o
General João Manoel de Lima e Silva (1805-1837) que atuou na Revolução Farroupilha ao
lado de Bento Gonçalves e que era tio do Duque de Caxias. Ao eclodir o movimento, era
major e comandava em Porto Alegre o 28° Batalhão de Caçadores. Era natural do Rio de
Janeiro. Em 18 de agosto de 1837 foi preso em combate, tendo sido assassinado a traição
próximo a São Borja. De acordo com as indicações no mapa de Zambeccari, este Lima e
Silva habitava na esquina das ruas da Igreja (atual Duque de Caxias) e de Bragança (atual
Marechal Floriano)
e. Casa di Gaetano Morandi Teria nascido em Florença em 1789 e falecido em
Porto Alegre a 16 de junho de 1854
304
. Reforça esta data de falecimento os dados que
3
01
SPALDING, Walter. A Cooperação Interprovincial na Revolução Farroupilha. In: CONGRESSO SUL-
RIOGRANDENSE DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA, 4., 1946, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Livraria do
Globo, 1946. v. 2. p. 919.
302
ANDRADE, Américo de Moura Marcondes de. Relatório com que o Exmo. Sr. Dr. Américo de Moura
Marcondes de Andrade passou a administração desta Província ao Exmo. Sr. Dr. Felisberto Pereira da Silva no
dia 26 de Janeiro de 1879. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1879. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1879_Americo_de_Moura_Marcondes_de_Andrade.pdf>. Acesso em 14
abr. 2009. p.27.
303
SPALDING, Walter. A Cooperação Interprovincial na Revolução Farroupilha. In: CONGRESSO SUL-
RIOGRANDENSE DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA, 4., 1946, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Livraria do
Globo, 1946. v. 2. p. 919.
304
FAMILY SEARCH. [S.l.], 2009. Disponível em:
<http://www.familysearch.org/Eng/Search/IGI/individual_record.asp?recid=100277539471&lds=1&region=14&fro
mpage=99>. Acesso em: 14 abr. 2009.
148
constam da dissertação de Branchelli
3
05
na qual, ao analisar documentos de inventários,
menciona o inventário de Caetano Morandi realizado em 07 de julho de 1854 e cita quatro
casas pertencentes a este senhor 1 caza terrea na Rua do Rozario (atual Rua Vigário
José Inácio) com 3 portas, 1 caza com 3 portas de frente, na Rua do Paraizo (atual rua Dr.
José Montaury), 1 caza com 2 portas, terrea e muito arruinada e 1 caza terrea com 3 portas,
na Rua do Paraizo nº1 (atual rua Dr. José Montaury). Gaetano (ou Caetano) habitava, pelo
mapa de Zambeccari, na Rua da Praia, entre a Rua de Bragança (atual Marechal Floriano) e
a Rua do Ouvidor (atual Gen. Câmara), quase em frente ao Beco do Brito/Coelho (atual Tv.
Acelino Carvalho). A descrição dada por Zambeccari do local de moradia de Morandi é
próxima a uma das casas de seu inventario, pois atrás da rua Dr. José Montaury fica a Rua
da Praia.
f. Casa de Juca Leão Presume-se que Zambeccari se refere ao Coronel José
Manuel de Leão, que teria nascido em 03 de julho de 1788 em Laguna, Santa Catarina, e
seria filho do tenente-coronel Manuel José de Leão e de Antônia Maria de Jesus. Em 1801
teriam vindo para o Rio Grande do Sul. No inicio da Revolução Farroupilha, Juca Leão foi
designado Coronel da Legião de Triunfo. Foi morto, juntamente com seu irmão Francisco
José de Leão (Chico Leão), por Chico Moringue (Chico Pedro), na madrugada do dia 18 de
setembro de 1839
306
. Assim como Gaetano Morandi, Juca Leão também morava na Rua da
Praia, entre a Rua de Bragança (atual Marechal Floriano) e a Rua do Ouvidor (atual Gen.
Câmara), entre o Beco do Brito/Coelho (atual Tv. Acelino Carvalho) e o Beco do
Leite/Barriga/Mijo que não existe mais nos dias de hoje. Segundo Oliveira
307
, no lugar deste
beco hoje está construído o prédio da CEEE.
g. Casa della famiglia Del Brigadiere Gene
le
Palmieira – A residência da família do
Brigadeiro General Palmeira ficava na Rua da Igreja (atual Duque de Caxias), entre a Rua
Clara (atual João Manoel) e a Rua do Arroio (atual Bento Martins).
h. Casa e Hotel di Smith Este hotel se localizava na Rua Nova (atual Rua Gen.
Andrade Neves). Como afirma Pesavento, “é interessante constatar que Zambeccari
assinala na planta da cidade a localização do Hotel Smith, sem outro motivo do que para
hospedar os recém-chegados
308
”. Zambeccari teria se hospedado neste hotel quando
3
05
BRANCHELLI, Fabiano Aiub. Vida Material e Econômica da Porto Alegre Oitocentista. 2007. 122 f.
Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade
Catoloca do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em:
<http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1022>. Acesso em: 14 abr. 2009. p.88.
306
Conforme informações constantes da pagina da internet ANTIGUALHAS, HISTÓRIAS E GENEALOGIA. Porto
Alegre, 2008. Disponível em: <http://pufal.blogspot.com/2008/09/famlia-leo-e-revoluo-farroupilha.html>. Acesso
em: 18 abr. 2009.
307
OLIVEIRA, Clóvis Silveira de. Porto Alegre: a cidade e sua formação. 2 ed. Porto Alegre: Metrópole, 1993. p.
102.
308
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001; p. 20.
149
chegou em Porto Alegre, antes de ir habitar, conforme Coruja
3
09
, “na casa em que morava,
do lado dos números pares, quase em frente à Rua Nova (Rua do Ouvidor quase em frente
à atual Gen. Andrade Neves)”
i. Casa de Onofre Pirez da Silveira Canto Colonello Morava na Rua da Praia
entre o Beco do Fanha (atual Rua Caldas Junior) e a Rua Clara (atual João Manoel).
Nasceu em Porto Alegre em 25/09/1799, filho de Pedro Pires da Silveira e Ana Clara
Bargosa de Menezes Petim. Incorporou-se como voluntário ao exército no ano de 1825,
tendo lutado na Campanha Cisplatina (1826/28) e contra as Províncias Unidas do Rio da
Prata. Saiu desta luta como tenente, tendo batalhado sob o comando de Bento Gonçalves.
Colaborou desde o início com a Revolução Farroupilha, participando da tomada de Porto
Alegre, no começo desse movimento. Em 04 de outubro de 1836, no combate da ilha do
Fanfa, no rio Jacuí, foi preso juntamente com Bento Gonçalves, Lívio Zambeccari e outros.
Onofre Pires consegue se evadir antes de Bento Gonçalves e retorna aos combates. Em
1841, na República Rio-Grandense, devido a desentendimentos, formaram-se dois partidos:
um dirigido por Domingos José de Almeida, ligado a Bento Gonçalves, e outro dirigido por
Antônio Vicente da Fontoura. Neste momento, Onofre Pires começa a se afastar de Bento
Gonçalves, apoiando Vicente da Fontoura. Na continuidade dessas desavenças, chega aos
ouvidos de Bento Gonçalves calúnias que teriam sido proferidas por Onofre Pires. Bento
Gonçalves teria então redigido uma carta, pedindo a confirmação de suas palavras. Onofre
Pires responde confirmando, o que faz com que Bento Gonçalves o desafie para um duelo,
realizado no dia 27/02/1844 e do qual Onofre Pires sai ferido. Não tendo se tratado
adequadamente desse ferimento, Onofre Pires morre, em conseqüência do mesmo, alguns
dias após o duelo, em 04 de março de 1844.
310
Como se pode ver dos dados biográficos dos nove nomes de residentes apontados
por Zambeccari, na legenda de seu mapa, a maior parte deles (seis pessoas) foi ligada à
Revolução Farroupilha desde o seu início. De dois deles, Morandi e Palmeira, não foram
encontradas informações que permitam afirmar categoricamente que eles foram
revolucionários, mas também não se encontraram dados dizendo o contrário. Por estarem
referidos por Zambeccari, pode-se inferir que eles também foram partidários da Revolução
Farroupilha. O nono endereço é o de um estabelecimento comercial.
3
09
CORUJA apud PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del
Risorgimento, Bologna, v. 46, 2001. p. 20.
310
Conforme SPALDING, Walter. Revolução Farroupilha. Triunfo: Petroquímica Triunfo, 1987. p.236-239.
150
5.2.2 – Do Desenho da Planta de 1833
N
essa planta, a “península”, onde se localiza a cidade, está desenhada fora dos
preceitos científicos cartográficos da época, os quais fariam dela uma planta acurada. Não
sequer a indicação do Norte. Também não está indicada a escala do desenho. Nela
estão destacadas algumas ruas da cidade, as praças, os prédios principais e alguns
acessos importantes. Além disso, Zambeccari aponta os locais de moradia de alguns
habitantes da cidade - “abitar d’amici mici” (residências dos muito amigos, amicíssimos), o
que indica serem estes os amigos de confiança. Como se pode ver por suas biografias, a
maior parte estaria ligada, desde o início, ao movimento farroupilha. Em relação ao desenho
da planta, Pesavento salienta que:
“Uma primeira observação se impõe, vendo o desenho realizado, e que
contrasta com os mapas posteriores da cidade de 1838 e de 1839, traçadas
por especialistas da topografia. O mapa de Zambeccari se torna a primeira
planta geral da cidade, no momento que não se encontra nenhum exemplar
daquela que teria sido traçada em 1825 por J. Pedro sar, aquele que
teria se tornado, anos mais tarde, o suposto copista do seu mapa do Rio
Grande... Mas a planta da cidade de Porto Alegre, realizada por Lívio
Zambeccari, apresenta uma desproporção no espaço desenhado: a planta
se distancia da representação da península. Isto é, Zambeccari não
desenha a península que se projeta no Guaíba, esta desaparece no traçado
gráfico”
311
.
O desenho de Zambeccari é uma planta da cidade em duas dimensões. Os
quarteirões são desenhados em formas geométricas: retângulos, quadrados, trapézios
pintados de laranja (fig.105). Seu desenho simula uma projeção vertical, na qual todos os
elementos são vistos do alto: não é uma planta perspectivada. No entanto, no desenho de
quarteirões e casas isoladas, ele simula uma tridimensionalidade ao reforçar, através de
uma linha mais forte, alguns dos lados desses elementos com um sombreado. Essa sombra
e o barco desenhado no Guaíba são os elementos tridimensionais do desenho.
É interessante verificar que os quarteirões da cidade na parte mais central são
desenhados de forma compacta. Zambeccari parece identificar dessa forma as partes da
cidade mais densamente construídas. Percebe-se que essa zona mais densificada é a parte
norte da península do rio a o “alto da praia” (duque de Caxias); no outro sentido, essa
151
zona tem como limites a Ponte do Riacho, de um lado, e a rua Marechal Floriano do outro.
Z
ambeccari delimita assim quase toda a região que foi definida, por Montanha como a
região da Nova Freguesia. Segundo Macedo, “a praça do novo lugar com as dimensões de
730 e meia braças de norte e 400 de leste a oeste, o que correspondia a 141,5 hectares, um
pouco mais do que a meia-data que cada agricultor recebia. Isto correspondia a toda a
ponta da península, limitando o espaço destinado ao casario, pelas linhas onde hoje se
situam ao sul a rua Demétrio Ribeiro e ao leste a rua Marechal Floriano”
312
.
Fig. 105 – Detalhe quarteirões
P
ara além da Marechal Floriano e na parte sul do que seria a península, o mapa com
seus quarteirões vazados ou mesmo abertos mostra uma parte da cidade povoada, mas
menos densificada. Os quarteirões, as partes edificadas foram pintadas por Zambeccari de
laranja, o lago Guaíba e o riacho de azul, os jardins internos das áreas construídas das
zonas menos densas, de verde. A colina por detrás da Duque de Caxias, a Várzea e outras
zonas que se pode chamar de não cultivadas estão pintadas de um verde mais claro. Pode-
se ver que atrás da rua Duque de Caxias, uma tentativa, da parte de Zambeccari, de
mostrar o declive do terreno. As zonas cultivadas (fig.106) estão texturizadas e pintadas de
um laranja claro. Os caminhos e as ruas parecem ser as zonas não aquareladas, o local
onde Zambeccari deixou transparecer a cor do papel.
3
11
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 19.
312
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS, 1993. p.25
152
F
ig. 106 – Zonas cultivadas - lavoura
Segundo Pesavento, por esta planta Zambeccari demonstra bons conhecimentos
de cartografia, apesar das distorções que ela apresenta:
“Sabemos já que dominava bastante bem a técnica de representação de um
espaço mediante os símbolos que estão no mapa. Mas, diferentemente de
uma carta muito antiga que deforma e distorce a geografia dos espaços,
Zambeccari alterou as proporções e a própria orientação. Não mais a
margem norte e sul da península, porque a península desapareceu. A
região baixa da cidade se amplia, o arroio muda a direção de seu próprio
curso
313
.
Seria interessante tentar ver quais teriam sido suas confluências cartográficas.
Neves, por exemplo, “acredita, baseado em mapas açorianos, que a área superior do mapa
de Livio Zambeccari indica a existência de lavouras. O digo de representação é muito
próximo ao que se vê em mapas de época feitos nos Açores”
314
.
Neve tem razão em identificar o código de representação, na área superior do mapa,
como zonas de lavouras, mas a aproximação que ele faz com os mapas feitos nos Açores
não parece ter uma base consistente. Atente-se que o mapa de Zambeccari foi desenhado
logo após a sua chegada ao Brasil. Como se sabe, seguindo sua trajetória após sair da
Itália, ele teria passado pela Espanha, França e depois Inglaterra, de onde teria partido para
a América do Sul, tendo passado por Montevidéu e Buenos Aires antes de chegar em Porto
Alegre. Como e onde poderia Zambeccari ter tido contato com a cartografia portuguesa?
Seria mais lógico que ele tenha tido influências da cartografia de Bolonha e dos outros
lugares por onde passou. Ainda que a cartografia portuguesa tenha sido muito importante,
sobretudo no culo XVI logo após as grandes descobertas, nas primeiras décadas do
século XIX, esta importância não mais subsiste. Além disso, vale lembrar que a partir de
3
13
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 19.
314
NEVES, Gervásio. Memória Cartografada. In: VERAS, Eduardo. O mais antigo mapa da capital. Zero Hora,
Porto Alegre, 13 ago. 2005. Cultura, SegundoCaderno. p.4
153
1666, um processo de reforma cartográfica foi iniciado na França através da criação da
A
cademia real de Ciências de Paris, quando foi proposta como meta a revisão, correção e o
aperfeiçoamento das técnicas cartográficas. Domenico Cassini
315
(1625-1712) foi uma das
figuras mais importantes nesse processo. A partir de então, a França passa a ter uma
grande influência na cartografia mundial.
Tendo estudado na Universidade de Bolonha e devido aos seus interesses
científicos, Zambeccari deve ter tido contato com a cartografia nesta universidade. Como
bem relata Charles de Brosses
316
(1709- 1777), em sua visita a Bolonha em 1739, ao
descrever salas do Instituto a Academia de Ciências de Bologna, entre elas “a Sala de
Geografia e da Marinha contendo todas as cartas marítimas e terrestres”. Provavelmente o
jovem Zambeccari teve acesso a esta sala e, portanto, aos mapas de sua cidade. Alguns
desses mapas de Bologna mostram características apresentadas por Zambeccari em seu
mapa. Mapas de Bologna do século XVI e XVII, como o mapa de 1572 de F. Hogenberg, o
de 1582 de Claudio Duchet, o de M. Florini do fim do c. XVI (fig. 107), o de C. Aretusi
(1636) o de Blaeu (1663) e o de F. de Gnudi (1702) apresentam as zonas de lavoura de
forma semelhante às desenhadas por Zambeccari, ainda que todos esses mapas sejam
perspectivados.
F
ig. 107 – M. Florini, Bologna (fim do séc. XVI)
3
15
Cassini foi nomeado professor de matemática e astronomia na Universidade de Bologna em 1650 e seus
estudos e descobertas levaram em 1668 o rei Luís XIV a convidá-lo para trabalhar em Paris. Suas descobertas
em Paris sobre as luas de Júpiter é que permitiram que as coordenadas de longitude fossem determinadas com
maior precisão. Ele é chamado para ajudar a Academia das Ciências Francesa na construção do Observatório
de Paris. A construção do observatório foi a primeira missão da Academia das Ciências Francesa, a segunda era
fazer cartas geográficas mais exatas da França. A hoje famosa Carta de Cassini introduziu longitudes mais
corretas e o sistema de triangulação. Este último já era conhecido, mas foi na Carta de Cassini que esse sistema
foi utilizado pela primeira vez para abranger todo um país, criando inclusive uma nova metodologia científica que
mudou a maneira de se fazer os mapas.
316
SORBELLI, Albano. Bologna negli scrittori stranieri: Charles de Brosses. Il Comune de Bologna, Bologna, n. 7,
p.31, luglio 1928. Disponível em <http://badigit.comune.bologna.it/codibo/ricerca_crono.htm>. Acesso em: 12 set.
2008.
154
os desenhos em duas dimensões e com os quarteirões representados como
f
ormas geométricas compactas são encontrados nos mapas de G. Monari (1745), P. Panfili
(metade do séc. XVIII) e no mapa contido no livro de La Lande de 1773 Voyage d’un
François en Italie...’ (fig. 108). Nestes dois últimos, a linha de sombra dos quarteirões
também está presente.
F
ig. 108 – Plan de Bologne (1769), contido no livro Voyage.... de La Lande
Ora, Zambeccari esteve por algum tempo na França e certamente teve contato com
a cartografia francesa. Assim, é interessante ver o trabalho de Dupain de Montesson (Louis
Charles), militar e cartógrafo francês. Ele escreveu três livros: L’art de lever les plans (1774),
Le spectacle de la campagne (1776) e La science des ombres par rapport au dessein
augmentée de l’ingénieur au cabinet et à l’arméé (1760). Duas pranchas desses livros, uma
do livro de 1760 e outra do de 1776, o importantes. Para Dupain de Montesson, “a
paisagem é composta de elementos. Os princípios de representação de cada um desses
elementos resultam da análise do objeto naquilo que ele tem de genérico, análise que
condiciona a condução dos trabalhos”
317
. Podemos ver nas figuras, a primeira do livro de
1760 (Fig.109) e a segunda do livro de 1776 (Fig.110), os códigos de representação
propostos por Dupain de Montesson. O terceiro quadrinho superior da figura 109 e o quarto
quadrinho da 1ª coluna da figura 110 mostram a representação de lavouras bastante
semelhante à utilizada por Zambeccari. o quadrinho inferior direito da figura 110 mostra
3
17
BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine. De la «Peinture Géométrale» à la Carte Topographique. In:
BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine (Ed). L’Oeil du Cartographe et la Représentation Géographique du Moyen
Âge à nos Jours. Paris: Comité des travaux historiques et scientifiques, 1995. p.98.
155
um desenho de paisagem urbana também bastante semelhante, inclusive na cor, ao
u
tilizado pelo Conde. A figura 110, tirada do livro Le spectacle de la campagne, com suas
imagens coloridas “realçadas em aquarela, fazem sobressair a preocupação de fazer
coincidir a representação com a verdadeira paisagem”
318
.
F
ig. 109 – Dupain de Montesson – La science des ombres ..... (1760)
F
ig.110 – Dupain de Montesson – Le spetacle de la campagne (1776)
3
18
BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine. De la «Peinture Géométrale» à la Carte Topographique. In:
BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine (Ed). L’Oeil du Cartographe et la Représentation Géographique du Moyen
Âge à nos Jours. Paris: Comité des travaux historiques et scientifiques, 1995. p.101.
156
Mas não é apenas este livro de Dupain de Montesson que faz pensar numa
i
nfluência da cartografia francesa no desenho de Zambeccari. Um mapa de Marselha
(fig.111) e outro do Mont Dauphin/Eygliers (fig.112), dos Altos Alpes próximo a Briançon,
extraídos da coleção manuscrita constituída no fim do culo XVII ou inicio do século XVIII,
intitulada Cartes des environs de plusieurs places entre les Alpes et la Méditerranée, têm
códigos de representação e cores semelhantes aos utilizados por Zambeccari em sua planta
de Porto Alegre.
F
ig. 111 – Marselha por volta de 1700.
F
ig.112 – Mont Dauphin/Eygliers por volta de 1700.
Ainda na cartografia francesa, outra planta de Marselha de 1787 (fig.113) feita por
ordem do rei em 1785 e executada por Roullet, apresenta digos de representação
semelhantes aos de Zambeccari. também exemplos na Inglaterra: a planta de Londres
de 1746 desenhada por John Rocque (1709-1762), embora seja em preto e branco, contém
elementos semelhantes aos usados por Zambeccari, inclusive na reprodução colorida (ou
157
colorizada) que aparece na capa do livro L
ondon a life in maps’, na qual as edificações
apresentam uma cor semelhante à utilizada por Zambeccari (fig.114).
F
ig. 113 – Marselha em1787 Fig. 114 – Londres 1746, John Rocque em capa do
livro London: a life in maps
Ao constituírem uma maneira de olhar o mundo, os mapas são pontos de vista,
leituras interessadas do mundo. Como tais, impõem um modo de ver, funcionando, assim,
como um dispositivo de governo. Trata-se, então, de se ater aos conteúdos e objetivos de
um mapa, à dimensão ideológica da cartografia. Segundo Harley, “isto é concernente ao
diálogo que surge da supressão intencional ou não intencional do conhecimento nos mapas.
É baseado numa teoria do silêncio cartográfico”
319
. Daí Turchi afirmar que os mapas são
definidos pelo que eles incluem, mas seguidamente eles são mais reveladores no que eles
excluem”
320
. Assim, pensar o mapa de Zambeccari no seu contexto, aquilo que ele inclui e o
que exclui, permite, de certa forma, elucidar os seus objetivos.
O que Zambeccari inclui no mapa já foi suficientemente detalhado, ou seja, os
espaços, ruas e moradas de amigos. Resta, então, analisar os elementos que ele exclui. Em
termos de locais, o mapa de Zambeccari mostra um hotel, o Hotel Smith. Certamente a
cidade teria outros e pode-se pensar que Zambeccari só citou o Smith ou por ter sido o lugar
onde ele supostamente teria se hospedado quando chegou à cidade, ou por ser o hotel em
que outros revolucionários, que vinham para as reuniões, ficavam hospedados. Zambeccari
também não incluiu, no seu mapa, o “teatro” Casa da Ópera de Porto Alegre, localizado
no Beco da Ópera (atual Rua Uruguai) um pouco antes da esquina com a Rua Nova da
3
19
HARLEY, J. B. Silences and Secrecy. The Hidden Agenda of Cartography in Early Modern Europe. In:
HARLEY, J. B. The New Nature of Maps: essays in the history of cartography. Baltimore: The John Hopkins
University Press, 2001. p.85.
320
TURCHI, Peter. Maps of the imagination: the writer as a cartographer. San Antonio: Trinity University Press,
2004. p.29
158
Praia (atual Sete de Setembro), que funcionou neste local a1838, nem outras edificações
co
mo a Cadeia, importante para quem trama uma revolução.
Pode–se também classificar como uma exclusão/omissão a forma como ele desenha
a cidade ‘omitindo’ a forma correta da península. Por que não lhe interessaria essa
precisão?
Mas o mais intrigante entre as omissões de Zambeccari, principalmente se se
considera que esta planta de Porto Alegre estaria ligada à preparação da Revolução
Farroupilha, é o fato de que as muralhas da cidade não estão desenhadas e nem ao menos
indicadas ou mencionadas. Quando se participa de um plano insurrecional, a indicação, no
mapa, dos locais onde existem muralhas e dos locais em que elas permitem a passagem
para dentro ou fora da cidade, seria um elemento crucial para o estabelecimento de
estratégias no campo de luta.
O mapa de Lívio Zambeccari, sendo um mapa único e manuscrito teve muito pouca
circulação em sua época. Além do próprio Zambeccari, pode-se supor que somente seus
amigos e camaradas ligados a causa revolucioria tenham posto os olhos no mesmo. Em
1839, quando foi forçado a sair do Brasil, Zambeccari levou o mapa consigo. Na Itália, após
a sua morte, seus parentes doaram o mesmo junto com vários de seus pertences ao Museu
Del Risorgimento de Bologna. No Brasil, a primeira noticia que se tem do mapa foi através
de Varela, que menciona o mesmo em seu livro “Historia da Grande Revolução: o cyclo
farroupilha no Brasil”, de 1933. Além de mencioná-lo novamente em seu livro Res Avita” de
1935, Varela coloca uma reprodução do mapa, entre as paginas 32 e 33, em preto e branco.
Abeillard Barreto em seu livro Bibliografia Sul-Riograndense (A Contribuição Portuguesa e
estrangeira para o conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul), de 1973, também
fala da existência do mapa no Museu Del Risorgimento de Bologna.
Na Itália, um evento reuniu pesquisadores brasileiros e italianos que analisaram e
exibiram o mapa de Porto Alegre. Ele ocorreu em 2001 e se chamou “Tra il Reno e la Plata:
la vita di Lívio Zambeccari studioso e rivoluzionario”, gerando um livro um Boletim do
Museu Del Risorgimento e uma exposição com o mesmo nome. Desse livro participaram,
entre outros autores, Sandra Jatahy Pesavento (Zambeccari: gli occhi del viaggiatore, onde
analisa o mapa de Porto Alegre), Maria Medianeira Padoin, Robert Vecchi, Mirtide Gavelli.
O mapa de Zambeccari era conhecido, portanto, desde 1933. Mas a divulgação
mais ampla do mesmo, em Porto Alegre, ocorreu somente em 2005. Em matéria publicada
no Caderno Cultura, do Jornal “Zero Hora” do dia 13 de agosto de 2005, o fato vem assim
comentado: “Cultura apresenta com exclusividade o mais antigo mapa preservado de
Porto Alegre. O documento, datado de 1833, assinado pelo revolucionário farroupilha Lívio
159
Zambeccari, foi localizado em um museu de Bolonha, na Itália, pelo Instituto Histórico e
G
eográfico do Rio Grande do Sul. O mapa, reproduzido acima, nunca havia sido publicado
no Brasil”.
Este texto está escrito na capa do Caderno Cultura, com a imagem do mapa ali
publicada. Na página central do Caderno, uma nova imagem do mapa é colocada,
sobreposta a um mapa atual da cidade. Na matéria, pode-se ler que o Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul está lançando, naquela data, um CD (Cartografia Virtual
Histórica-Urbana de Porto Alegre) para distribuição nas escolas, contendo imagens de
vários mapas de Porto Alegre, incluindo o de Zambeccari.
5.2.3 – DAS LEITURAS DO MAPA
F
ig. 115 - Superposição do mapa de Zambeccari à planta de Porto Alegre de 1839
Como afirma Pesavento
“Zambeccari produz um mapa ou planta da cidade que traduz melhor um
momento da cidade e que faz ver espaços que se referem à política mais do
que permitir a sua sobreposição com uma representação topográfica mais
160
próxima da cidade real. Talvez esta planta de Porto Alegre represente muito
p
ouco para a topografia urbana da cidade, mas o trabalho de Zambeccari
revela uma cidade que conspirava e que, em breve seria afetada pela
guerra e pelo asdio”
321
.
A questão da infidelidade topográfica pode ser bem demonstrada quando se
superpõe a planta de Zambeccari ao mapa de 1839, conforme a figura 115.
No entanto, permanece ainda como uma questão a forma distorcida como ele
apresenta a cidade de Porto Alegre. Como se pode ver na imagem (fig. 115), a península
não está representada, assim como tampouco aparecem os elementos de orientação.
Segundo Pesavento,
“Este é um problema que surge e se coloca quase como um paradoxo: a
nítida diferença entre a percepção e a construção de uma imagem de
cidade e a cidade real, em sua materialidade espacial. Mas como?
Zambeccari mostrava possuir uma habilidade, exibida na planta do Rio
Grande do Sul da qual dizíamos que teria servido como guia para os
farrapos, ou tamm nos esboços das fortalezas cariocas... Zambeccari via
assim a cidade? Que distorção geográfica teria sido essa?
322
Ora, é precisamente “a nítida diferença entre a percepção e a construção de uma
imagem de cidade e a cidade real, em sua materialidade espacial”, como aponta Pesavento,
que traz em si o problema mais geral da representação. Em primeiro lugar, cabe perguntar
para que se representa. No caso de Zambeccari, com que finalidade ele construiu essa
imagem da cidade de Porto Alegre. Uma pista importante é fornecida pela indicação e
localização dos “abitar d’amici mici” ou, em português, da ‘residência dos muito amigos,
amicíssimos’. Essas pessoas e suas moradias apontadas por Zambeccari em seu mapa
eram pessoas de confiança, correligionários que professavam os mesmos ideais
revolucionários.
Uma das respostas que se pode dar a essa questão é pensar que este não é um
mapa “acurado”, pode-se afirmar que ele é um croqui, um esboço de um mapa, um mapa
traçado no momento de sua chegada. Nesse sentido a datação que é colocada por
Zambeccari pode nos explicar um pouco essa questão. O mapa de Zambeccari é datado de
1833 e uma discussão entre os historiadores, colocada neste texto, sobre a data de
sua chegada a Porto Alegre. Por causa do mapa resultante, tende-se a concordar com
Barreto de que ele teria vindo pela primeira vez a Porto Alegre em novembro de 1833. O
3
21
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 20.
322
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 19.
161
mapa teria sido desenhado entre novembro e dezembro e isso explicaria essa percepção
r
ecente e distorcida da cidade, o erro de atribuir o nome de Rua da Ponte à Rua da Igreja e,
também, o fato de desenhar a Rua da Igreja como uma rua que ligava a Praça do Portão à
Ponte do Riacho.
Reforça essa explicação uma das interpretações que se pode dar ao objetivo com
que Zambeccari traçou esta planta. Sendo 1833 o ano da chegada de Zambeccari a Porto
Alegre, caberiam bem os comentários de Barreto sobre esse mapa: “Nesse exemplar o
autor havia marcado a residência de seus amigos, com o nome de cada qual. Julgamos que
dada à conspiração em que se envolvia, esse exemplar lhe servisse como uma espécie
de guia para os locais das reuniões por ele ainda não bem identificados”
323
. Não havendo
mapas da cidade, Zambeccari sentiu a necessidade de traçar rapidamente um que lhe
permitisse circular e localizar mais facilmente a casa dos “amigos”. Como afirma Pesavento,
“desenhava aquilo que lhe parecia necessário para representá-la, e seria oportuno perguntar
para quem representava a cidade
324
.
Ao desdobrar essa pergunta, Pesavento reforça a interpretação de que Zambeccari
teria construído esse mapa para localizar seus amigos no contexto de uma conspiração em
curso:
“Mais do que as poucas ruas assinaladas com o próprio nome – pois, sendo
a cidade pequena, estes não são notáveis –, os leitores do mapa ou planta
querem conhecer a localização exata, útil para quem traça um plano
insurrecional. Varela comenta que, em face da existência de uma
conspiração na qual ele já estava envolvido, aquela planta deveria servir
como uma espécie de guia para os lugares das reuniões onde se
encontravam os revoltosos
325
.
Ou seja: “Por que lhe importaria revelar estes detalhes no traçado desta cidade onde
se trama dentro de cada porta, onde existem ouvidos nas janelas, onde se discute em
qualquer ângulo e se urde uma revolta?”
326
Além disso, tudo isso poderia fazer dessa planta um instrumento útil no caso de um
confronto militar, na medida mesma em que o que ela mostra são lugares que se tornariam
chaves numa possível batalha – acessos, localização de quartéis e de pessoas importantes.
3
23
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Su). Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
1446.
324
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 19.
325
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 19/20.
326
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 19.
162
É claro que se a sua função fosse outra, outros locais estariam em evidência na planta. Ou
se
ja: ela seria outra planta. Contudo, e apesar de ter assinalado a ponte do riacho, os
quartéis e o Presiganga, o fato de Zambeccari ter omitido a muralha e seus pontos de
acesso ainda que para um europeu, a muralha de Porto Alegre não fosse digna desse
nome – dificulta para se pensar no mesmo como um mapa de preparação para a tomada de
Porto Alegre. Ainda mais: o fato de que as residências das pessoas por ele assinaladas no
mapa eram de gente ligada à causa revolucionária, complica ainda mais essa hipótese. Pois
se o mapa caísse nas mãos dos adversários, estariam ali assinalados os nomes e a
localização de vários e importantes revoltosos.
Pode-se presumir, no entanto, que o mapa tenha servido para os dois objetivos:
criado por Zambeccari para facilitar sua orientação na cidade, pode também ter sido usado
para auxiliar os revolucionários. Tendo em sua legenda os nomes de seus “muito amigos” e
sabendo-se que os mesmos foram os idealizadores da Revolução Farroupilha, pode-se
dizer que este mapa foi criado com um cunho político. Como diz Pesavento, “é um mapa
político, que não tem nada que fazer com a precisão dos pontos cardeais e as proporções, e
sim com o momento de sua composição e a necessidade que teve de usá-lo para se
orientar. Fica muito distante do acurado mapa do Rio Grande, destinado a orientar, na
vastidão do espaço, as manobras e as estratégias farroupilhas. Aqui, no pequeno espaço da
cidade, a exigência da representação gráfica segue outro rumo”
327
.
3
27
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Zambeccari: gli occhi del viaggiatore. Bollettino Del Museo Del Risorgimento,
Bologna, v. 46, 2001. p. 20.
163
5.3 - A PORTO ALEGRE DO IMPÉRIO
Fig. 116 – ‘Planta de Porto Alegre’ de 1838 (Versão Colorizada – Cd/IHGRS)
164
F
ig. 117 – ‘Planta de Porto Alegre’ de 1838 (Versão Original - Fundação Biblioteca Nacional)
Data de 1838 (fig. 116 e 117) a segunda planta da cidade de Porto Alegre. Trata-se
de uma planta feita pelo “Império do Brasil”. Foi executada em 1838, durante a “Revolução
Farroupilha” (1835-1845). Seu nome completo é:
Planta da cidade de Porto Alegre Capital da Província do Rio Grande de S. Pedro do
Sul, vista do rio e terra em toda a sua circumferencia, sua estatística correspondente,
demonstração do entricheiramento que lhe tem servido de defeza desde o memoravel dia 15
de Junho de 1836, em que foi verificada a reacção legal, movida por motivo da comoção na
Provincia que teve principio nesta mesma cidade em 20 de Setembro de 1835 até ao 2°
anno de sua data, tempo em que esta he concluida: achar-se-hão mais as declarações
necessarias á sua intelligencia, assim como commemorações do que mais pode interessar a
respeito”. “Porto Alegre 20 de junho de 1837
Compondo o título, como se pode ver, está a data de 20 de junho de 1837, que
passa por ser a data do mapa. No entanto, em letras pequenas abaixo da planta
propriamente dita e acima da escala gráfica, está escrito “Rio de Janeiro, 1838” (fig. 118), o
que demonstra ter sido esta planta impressa em 1838.
F
ig. 118 – Data ‘Rio de Janeiro, 1838’
165
Mais do que o título da planta o que mais se destaca, escrito em letras garrafais, com
o
brasão imperial no meio, e na linha superior é a inscrição “Império do Brasil”. De acordo
com Macedo:
Essa planta que conhecemos parece ter sido calcada sobre o original de
José Pedro César e executada pelo Império do Brasil, demonstrando o
‘entrincheiramento’ que lhe tem servido de defesa desde o memorável dia
15 de junho de 1837, em que foi verificada a reação legal, movida por
motivo de comoção da Proncia, que teve início nesta mesma cidade em
20 de setembro de 1835.
328
É, pois, no contexto da Guerra dos Farrapos que este mapa de Porto Alegre foi
mandado executar pelo Império do Brasil.
5.3.1 - A Cartografia no Império
Durante o período colonial, a política implementada no Brasil por Portugal foi
caracterizada pela implantação de fortes e pela criação de núcleos urbanos ao longo da
costa. Para colocar essa política em prática “em 1549, Portugal envia para o Brasil alguns
mestres de obras e engenheiros militares, colocando-os ao serviço dos governadores para
dirigir as obras de implantação de cidades, assim como obras de fortificação”
329
.
Como bem coloca Tavares
330
, ao engenheiro militar Português
“cumpria, ao mesmo tempo, fortificar e defender o litoral contra as ações de
pirataria ou de conquista, como prover as necessidades mínimas dos
centros populacionais que, por isso mesmo, iam surgindo, através de
edificações essenciais, de obras públicas, de igrejas, de casas de pólvora,
chafarizes, estradas, estaleiros, armazéns, residências e quartéis”.
Os engenheiros militares também foram os responsáveis pela maior parte da
cartografia feita na colônia. Como afirma Martins, “as atividades de mapeamento,
conduzidas em sua maioria por técnicos estrangeiros, visavam a dar o suporte de
conhecimento do território colonial brasileiro, buscando fornecer às Administrações, tanto
3
28
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Editora da Universidade/UFRGS, p.59
329
TEIXEIRA, Manuel C. & VALLA, Margarida. O Urbanismo Português: séculos XIII-XVIII. Lisboa: Horizonte,
1999. p. 133.
166
metropolitana como colonial, as informações necessárias para o planejamento, entre
o
utros aspectos, de sistemas defensivos, bem como as rotas de penetração e ocupação
daquele vazio geográfico de então
331
.
Devido às várias colônias portuguesas, o tamanho do território brasileiro e a
importância que o Brasil foi adquirindo economicamente, a Coroa Portuguesa além de
contratar engenheiros estrangeiros, passou a ter necessidade de um contingente maior de
engenheiros portugueses.
Face às necessidades crescentes, Portugal decide abrir aulas de engenharia, com
um sentido inicial predominantemente militar. Assim, em 1647 surgia em Portugal a “Aula
de Fortificação” que depois se tornaria a Academia Militar, cujo “funcionamento constituiu
uma fase marcante da história da Engenharia portuguesa, sobretudo pelo impulso que com
ela se deu à formação de um apreciável contingente de engenheiros nacionais, alguns dos
quais conquistaram grande reputação como profissionais”
332
.
No Brasil, a primeira “Aula de Artilharia” foi criada no Rio de Janeiro, pelo Ato de 19
de agosto de 1738. Representou o embrião da futura Real Academia de Artilharia,
Fortificação e Desenho. Assim, segundo Tavares
333
, a “Engenharia Militar surgiu, entre nós,
como herança direta da organização militar portuguesa, através de seus elementos que para
aqui eram destacados, na medida em que o exigiam os interesses da defesa e da
organização do Brasil - Colônia”.
Pela importância que a Engenharia foi assumindo na questão militar, não pelas
funções assumidas, mas também pelas mudanças na forma de guerrear (ataque e defesa),
a própria estrutura do exército foi se transformando ao longo do tempo, até que o Corpo de
Engenheiros se tornou uma unidade autônoma. No tempo de D. João VI essa unidade se
chamava “Real Corpo de Engenheiros”.
Com a declaração da Independência, “grande número de oficiais portugueses do
Corpo de Engenheiros optou pela nacionalidade brasileira, assumindo, por escrito, o
compromisso de servir, sem restrições, ao Exército e à Nação”
334
.
3
30
TAVARES, Aurélio de Lyra. A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 1999. p. 22.
331
MARTINS, José Corrêa. Arquivo Histórico do Exército. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de
Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 12.
332
TAVARES, Aurélio de Lyra. A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 1999. p. 46.
333
TAVARES, Aurélio de Lyra. A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 1999. p. 28.
334
TAVARES, Aurélio de Lyra. A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 1999. p. 75.
167
Os engenheiros militares, agora a serviço do Império do Brasil, continuaram a fazer o
q
ue vinham fazendo, e entre seus afazeres estava a cartografia. No entanto, como diz
Costa
335
“a ênfase nas atividades de preparação militar, as constantes reduções do
seu efetivo e o aproveitamento dos engenheiros desse corpo na execução
de obras civis, pela falta de engenheiros e de escolas voltadas à formação
de engenheiros civis, são fatores que em boa parte explicam a pequena
produção de documentos cartográficos nos primeiros anos do Brasil
Império”.
A partir dos registros do Arquivo Histórico do Exército e da Fundação Biblioteca
Nacional, pode-se ter uma idéia da produção cartográfica desses engenheiros, entre 1831 e
1845 (Anexo 2). Essas datas foram escolhidas porque marcam, durante o Império, as
rebeliões que aconteceram principalmente durante o Período Regencial (algumas
terminaram no começo do 2° Reinado), entre as quais a Revolução Farroupilha. Dessa
relação constam 135 elementos cartográficos.
Destes 135 mapas, 43 são da região nordeste, 40 da região sudeste, 32 da região
sul, 15 da região norte, 4 da região centro-oeste. Umo foi possível identificar a que região
pertence, trata-se da ‘Carta do Campo de Pirara’, de 1840. Dentre os cartógrafos
relacionados, foram encontrados aproximadamente 74 nomes nos 135 mapas, sendo que foi
possível identificar a autoria em 27 mapas. Dos 74 nomes de cartógrafos identificados
(anexo 3), pelo menos 54 têm patente militar e grande parte deles pertence ao corpo de
engenheiros militares.
Dessa produção cartográfica, 42 são mapas de províncias, partes de províncias e
regiões; 19 o mapas de cidades/vilas/arraiais/freguesias; 04 são detalhes de cidades; 15
são mapas hidrográficos e de rios; 06 descrevem portos, barras e ancoradouros; 5 são
mapas de costa e enseadas; 2 são mapas de ilhas; 13 dizem respeito a terrenos, freguesias
e campos; 1 se refere à questão de limites; 3 a marchas; 2 são mapas de acampamentos, 1
de estrada; 1 de rincão; e 2 de teatro da guerra (estes dois dizem respeito à guerra dos
farrapos). Nessa coleção ainda pode-se encontrar 7 plantas de fortes, 1 de fortificações, 2
de baterias, 1 planta de edifício de arsenal, 3 de quartéis, 1 de tenalha, 1 de convento, 1 de
igreja e 1 de hospital. Essa amostra é bastante ilustrativa da variedade de funções que os
engenheiros militares desempenharam no Brasil.
3
35
COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto de
cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro
Prático de Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.163.
168
Dos 135 mapas, pode-se depreender que 118 são mapas ‘originais’, no sentido de
q
ue foram feitos pelo cartógrafo naquela data. Os outros 17 são cópias de mapas que
estavam no arquivo militar, provavelmente manuscritos dos quais se precisavam mais
exemplares.
Da listagem de 74 cartógrafos (Anexo 3), vêem-se nomes importantes da historia do
Brasil e da história militar. Pelo menos seis deles foram Presidentes de Províncias – Antonio
Nunes de Aguiar, Frederico Carneiro de Campos, Henrique de Beaurepaire-Rohan,
Jerônimo Francisco Coelho, José Antonio Pimenta Bueno e José Joaquim Machado de
Oliveira. Alguns foram Ministros da Guerra Henrique de Beaurepaire-Rohan, Jerônimo
Francisco Coelho e Pedro de Alcântara Bellegarde –, e tem também um Ministro da Marinha
– Diogo Jorge de Brito. Tito Alves de Brito foi um dos primeiros alunos da Academia Imperial
de Belas Artes, José Joaquim d’Ávila publicou um compêndio de matemática e Jo
Saturnino da Costa Pereira publicou um Dicionário Topográfico do Império do Brasil.
Além do mapa de Porto Alegre de 1838, pode-se identificar nesta relação 6 mapas
que dizem respeito aos movimentos/rebeliões deflagrados no Brasil entre 1831 e 1845. Dois
deles são de 1839 e intitulam-se “PLANTA DO ACAMPAMENTO DE PIRAJÁ E ITAPOÃN”.
Um é de autoria de Antonio Pinto Siqueira e o outro é de Henrique de Beaurepere-Rohan
(fig. 119). São mapas da Bahia e dizem respeito à Sabinada. O resto do título do mapa de
Beaurepere-Rohan demonstra bem o tema de seu mapa: “e mais pontos occupados tanto
pelo Exercito Imperial como pelas forças rebeldes desde o dia 13/11/1837 até o dia 13/03 do
anno seguinte com a indicação das estradas por onde transitou o mesmo Exército desde
este dia até o da tomada da cidade de S. Salvador pelo Illmo. e Exmo. Sr. João Chisostomo
Callado, Marechal de Campo, General em Chefe do Exercito, em 16 do mesmo mez”
F
ig.119 – ‘Planta do Acampamento de Pirajá e Itapoãn’ de Beaurepere-Rohan 1839
169
Um outro mapa intitulado “PLANTA DO ARRAIAL DE SANTA LUZIA E SUAS
I
MMEDIAÇÕES” (fig. 120) é do ano de 1842 e de autoria do Engenheiro Henrique
Guilherme Fernando Halfeld. Diz respeito a “Revolta de 1842que eclodiu em São Paulo e
Minas Gerais e que foi uma reação de liberais às mudanças promovidas pelo gabinete
conservador, tendo sido reprimida pelo governo com tropas lideradas pelo então Barão de
Caxias. O restante do título mostra um pouco dessa historia: “com as posições occupadas
pelos rebeldes e as tropas imperiaes[sic] no combate em 20 do mez d'agosto de 1842 sob o
comando do Exmo. General em Chefe Barão de Caxias”.
F
ig.120 – ‘Planta do Arraial de Santa Luzia e suas immediações’ de Henrique Halfeld 1842
Os outros três mapas dizem respeito à Guerra dos Farrapos. Um deles é outra planta
da cidade de Porto Alegre, esta de 1839, de autoria de L. P. Dias, tratada nesta tese. A
segunda se chama “MAPPA DO THEATRO DA GUERRA NA PROVINCIA DO RIO DE
GRANDE DE S. PEDRO” (fig.121), feita em 1839 e na qual não indicação do cartógrafo.
A última dessas plantas é a de Tito Alves de Brito (fig.122) e se intitula “DISPOSIÇÃO DA
FORÇAS IMPERIAL E REBELDE, NO ATTÁQUE DE PONCHE VERDE na Provincia do Rio
Grande do Sul em 26 de maio de 1843: sendo prezidente e comandante em chefe o General
Barão de Caxias”
170
F
ig.121 – ‘Mappa do theatro da guerra’ 1839 Fig.122‘Disposição das forças Imperial e...’ 1843
Em nenhuma dessas plantas, o brasão imperial aparece no mapa. No entanto, na
relação de mapas do período, pode-se encontrar um mapa intitulado ‘MAPPA
CHOROGRAPHICA DA PROVINCIA DE Sª. CATHARINA, parte da Pª. de S. Paulo e Pª. de
Rio Grande do Sul e parte da república do Paraguay’ que contém o brasão do Império. Ele
foi feito pelo Major Engenheiro C. Van Lede
336
em 1842. Este Major não pertencia ao Corpo
de Engenheiros do Império.
Charles Maximiliano Luiz van Lede (1801-1875) foi um engenheiro e pesquisador
belga, foi também Delegado da Sociedade Belga de Colonização tendo iniciado a
colonização belga no município de Ilhota, Santa Catarina. Em carta a Assembléia de Santa
Catarina pede que esta se
“pronuncie com franqueza sua opinião acerca do estabelecimento de huma
colônia de artistas e agricultores belgas no centro desta província; e
pedindo informações detalhadas sobre todas as terras já concedidas e
ocupadas, e as leis de colonização em vigor, a fim de poder prevenir para o
futuro quaes quer dificuldades à prosperidade, e estabelidade de hum tal
estabelecimento”.
Desse episódio sabe-se que
“no ano de 1845, os belgas Van Lede e os irmãos Lebon fundaram uma
colônia belga, por conta própria, em terras compradas em 1842, ao tenente-
coronel José Henrique Flôres, no lugar ILHOTA, nas margens do Rio Itajaí.
Naquele ano de fundação, chegaram, na companhia de Charles Van Lede e
os irmãos Lebon, 24 famílias belgas, das quais ainda existem descendentes
como: Castellain Maes, Maba, Hostin, De Gang, Blocveld, Filipps, Conink,
3
36
Dados extraídos do livro LEDE, Charles van. De la colonization au Brésil. Bruxelas: A la Librairie d’Aug Decq,
1843. p. 418. Disponível em:
<http://books.google.com.br/books?id=94APAAAAQAAJ&pg=PA418&lpg=PA418&dq=C.+van+Lede&source=bl&
ots=zS68kUTLrG&sig=RcNgynb9k7XddyPD9qUY5GMzzEk&hl=pt-
171
Gevaerd, etc. No ano seguinte chegaram 12 famílias francesas. Entre
e
ssas: Vellain, Saaes , Lenoir, etc. Encontrando dificuldades no
desenvolvimento da colônia, Van Lade retornou à Bélgica, com a promessa
de voltar dentro de um ano com recurso. adoeceu e recolheu-se ao
hospital Burges, onde veio a falecer. Antes, porém, doou àquela instituição
a colônia de ILHOTA. O hospital de Burges enviou Van Dye com a
procuração de vender as terras da colônia, o que não se deu, em virtude da
violenta reação dos colonos”
337
.
Em relação à correspondência de C. Van Lede, a resposta da Assembléia foi
bastante positiva dizendo que manifestava “os nossos sentimentos acerca da Colonização
Belga, para cuja effectividade na nossa Provincia a Assembléa se não poupará a exforços
no que estiver a seu alcance dentro dos limites da Constituição, e do Acto addicional”. Ainda
mais, nessa mesma resposta diz “que se exija da presidência da Província as informações
sobre as terras, e leis de colonização para serem transmittidas ao mesmo senr. Van
Lede”
338
.
Van Lede recebeu esses mapas e a partir deles construiu o seu (fig.123), que foi feito
“segundo as observações dos Brigadeiros Engenheiros José Custódio de e Faria em
1774; Joao da Costa Ferreira em 1783; as dos extintos Jesuítas; as do Tenente Coronel
Joao A. Ferreira em 1783; as dos astrônomos Francisco de Oliveira Barboza e Francisco
José de Lacerda em1789, 1793; as de Dom Félix de Azara; as das expedições Hidrográficas
Francesas em 1819, 1822 e 1833; e as feitas ultimamente pelo Autor e pelo Major
Engenheiro José da Victoria Suarez de Andrea em 1842”.
F
ig. 123 – ‘Mappa chorographico da Província de Stª. Catharina,...’ de C. Van Lede 1842
B
R&ei=qzoASs_kKZeqtgfTxamNBw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7#PPP9,M1>. Acesso em 05 mai.
2009.
337
BIBLIOTECA DO IBGE. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/santacatarina/ilhota.pdf>. Acesso em: 07 mai. 2009.
338
Dados extraídos do livro LEDE, Charles van. De la colonization au Brésil. Bruxelas: A la Librairie d’Aug Decq,
1843. p.420. Disponível em:
<http://books.google.com.br/books?id=94APAAAAQAAJ&pg=PA418&lpg=PA418&dq=C.+van+Lede&source=bl&
ots=zS68kUTLrG&sig=RcNgynb9k7XddyPD9qUY5GMzzEk&hl=pt-
BR&ei=qzoASs_kKZeqtgfTxamNBw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7#PPP9,M1>. Acesso em 05 mai.
2009.
172
Como se vê acima do cartucho do titulo (fig.124), no mapa de Van Lede consta o brasão do
I
mpério.
F
ig. 124 – Detalhe do mapa de C. Van Lede como brasão imperial
5.3.2 – Do Desenho da Planta de 1838
F
ig. 125 – Planta de Porto Alegre de 1838, FBN.
A Planta da cidade de Porto Alegre Capital da Provincia do Rio Grande de S. Pedro
do Sul, vista do rio e terra em toda a sua circumferencia, sua estatística correspondente,
demonstração do entricheiramento que lhe tem servido de defeza desde o memoravel dia 15
de Junho de 1836, em que foi verificada a reacção legal, movida por motivo da comoção na
Provincia que teve principio nesta mesma cidade em 20 de Setembro de 1835 até ao 2°
anno de sua data, tempo em que esta he concluida: achar-se-hão mais as declarações
necessarias á sua intelligencia, assim como commemorações do que mais pode interessar a
173
respeito
, do Império do Brasil e impressa em 1838, é uma planta monocromática, numa
folha de 45 X 58cm e não possui a assinatura de nenhum cartógrafo.
A data que faz parte do título é mencionada no mapa na legenda 8, como “o dia de
um ataque do General Netto, realizado do Moinho de Vento existente nesse local em que
foram lançadas mais de 150 balas ardentes e granadas contra a cidade de Porto Alegre,
tendo Netto se retirado com a artilharia logo após o cessar fogo”. O mapa propriamente dito
(fig.125) ocupa aproximadamente o centro da página e está desenhado dentro de um
retângulo de 22,1 X 37 cm, havendo escritos na parte superior (título, assinatura’ e data),
nas laterais e na parte inferior (legendas). O texto das legendas se distribui em colunas
começando no lado esquerdo e se estendendo pela parte inferior em cinco colunas,
recomeçando na quinta coluna na parte superior esta coluna fica no lado direito do mapa.
A diagramação da planta é feita através de 6 colunas, uma do lado esquerdo e uma do lado
direito e quatro colunas centrais que só são vistas na parte inferior. O mapa em si ocupa, em
termos de largura, o espaço de quatro colunas. Na parte superior os textos título e
‘assinatura’ – estão escritos de forma a ocupar toda a extensão da folha, sem a utilização de
colunas. Essa diagramação da planta lembra a diagramação da 1ª folha de um jornal, com o
nome do mesmo ocupando a parte superior que neste caso é o texto ‘Império do Brasil’ e o
desenho do brasão imperial, o que seria a ‘assinatura’. Em seguida o nome da planta, que
seria a manchete da notícia de capa. A data colocada embaixo refoa essa idéia, pois é um
dado que sempre aparece em jornais. O mapa é a ilustração da notícia e as colunas onde
estão as legendas são como as colunas onde normalmente se desenvolvem as matérias
jornalísticas (fig.126).
F
ig. 126 – Esquema da Planta de Porto Alegre de 1838
Vários jornais editados nessa época apresentam elementos que remetem à forma de
diagramação da planta de 1838. O jornal ‘Diário do Governo’ (fig.127), que foi o nome com
que a ‘Gazeta do Rio de Janeiro’ passou a ser chamada a partir de 02 de janeiro de 1823,
contém, acima do nome e abaixo da data, o epíteto ‘Império do Brasil’ e o brasão – o que eu
chamo no mapa de sua ‘assinatura’. E para o jornal ‘Diário do Governo’ também se pode
174
dizer que era uma assinatura, pois, segundo Miranda, este “jornal, publicado no Rio de
Ja
neiro (RJ), servia como veículo oficial do governo do Império brasileiro”
339
. A ‘Gazeta do
Rio de Janeiro’ (fig.128) tinha o brasão misturado com o nome do jornal.
F
ig.127 – ‘Diário do Governo’ 1831 Fig.128 – ‘Gazeta do Rio de Janeiro.’ 1819
Assim como na planta de 1838, no ‘Diário do Governo’ a ‘assinatura’ aparece mais
distintamente que o título do mapa ou o nome do jornal. Esse jornal circulou de 02 de
Janeiro de 1823 a 20 de maio de 1824 quando passou a se chamar ‘Diário Fluminense’, que
manteve a mesma diagramação com duas colunas, e a ‘assinatura’ ‘Império do Brasil’ maior
que o título do jornal. No ‘Diário Fluminense’ (fig. 129) a o tipo de letra usado na
‘assinatura’ do mapa (fig. 130) é o mesmo.
F
ig.129 – ‘Diário Fluminense’ 1824
3
39
MIRANDA, Márcia Eckert & LEITE, Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom, 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p. 41.
175
F
ig.130 – Detalhe da assinatura do mapa de 1838
Como refere Miranda, o ‘Diário Fluminense’ era um “jornal oficioso, publicado no Rio
de Janeiro (RJ), surgido em substituição ao Diário do Governo. Nos anos que antecederam
à abdicação de D. Pedro I, assumiu uma postura conservadora, servindo inclusive como
principal veículo utilizado para a divulgação de textos redigidos pelo próprio Imperador, em
resposta a seus opositores. Encerrou suas atividades em 24 de Abril de 1831 quando voltou
a se chamar ‘Diário do Governo’”
340
.
Esses jornais tinham duas colunas, o mapa tem seis. O ‘Jornal do Comércio’ em
edição de 1838 tinha quatro colunas (fig.131); o ‘Diário de Pernambuco’ (fig.132) em
edição de 1825, assim como o mapa, tinha seis colunas; e o ‘Semanario do Cincinnato’
possuía três.
F
ig.131 – ‘Jornal do Comércio’ 1838 Fig.132’Diário de Pernambuco’ 1825
O semanário ‘Semanario do Cincinnato’ (fig.133) e o bissemanário ‘O Sete d’Abril’
(fig.134), publicados no Rio de Janeiro entre 1833 e 1839, possuíam a data abaixo do nome.
3
40
MIRANDA, Márcia Eckert & LEITE, Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom, 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p. 42.
176
F
ig.133 – ‘Semanario do Cincinnato’ 1837 Fig.134O Sete d’Abril’ 1833
A distribuição de legendas ou textos em colunas nos mapas não surgiu, no entanto,
nesta época. Encontram-se mapas com essa disposição em períodos anteriores, mesmo
referentes ao Brasil, como o mapa ‘Olinda de Pernambuco’ (fig.135) de Claes Janszoon
Visscher, datado de 1630.
F
ig. 135 – ‘Olinda de Pernambuco’ de Claes Janszoon Visscher de 1630
Pode-se dizer que as legendas da planta de 1838 estão divididas em dois níveis:
num dos níveis encontra-se uma divisão das mesmas em 04 títulos e uma ‘Nota Accessoria’;
177
no outro nível, tem-se parte das indicações de referência no mapa, através de meros e
l
etras.
No primeiro grupo de legendas, cujo titulo é ‘Estatística dos subúrbios e
entrincheiramento da cidade’, têm-se indicações de ruas e locais fora da muralha da cidade.
O segundo grupo, chamado ‘Entrincheiramento e Baterias’, é formado por indicações de
armamentos dispostos ao longo da muralha. No terceiro grupo que se intitula ‘Estatística da
Cidade’, aparecem indicações de referências dentro da muralha. O quarto grupo,
‘Commemorações relativas aos sítios de 1836 e 1837’, conta histórias dos cercos feitos
pelos farrapos a Porto Alegre e que são vitórias dos legalistas, do governo imperial. A ‘Notta
Accessoria’ é utilizada para explicar algumas das convenções gráficas utilizadas. (fig. 136)
Fig. 136 – Notta Accessoria F
ig. 137 – Estatística dos subúrbios e
entrincheiramento da cidade
Quando se considera as referências numéricas, encontramos indicações de 1 a 107
sob três títulos:
* No primeiro titulo, ‘Estatística dos subúrbios e entrincheiramento da cidade’, a
numeração vai de 1 a 30 e contém informações sobre a localização de Estradas, Caminhos,
Becos, Chácaras, Olarias, Potreiros, Moinhos de vento, Ponte, Riacho, fonte e lugares (fig.
137).
* No segundo, ‘Entrincheiramento e Baterias’, a numeração vai de 31 a 46 e
nomes aos conjuntos de baterias, especificando a quantidade e o calibre das armas ali
existentes (fig. 138).
* No terceiro grupo, ‘Estatística da Cidade, encontra-se o restante da numeração, do
47 ao 107. Este grupo contém informações sobre a localização de ruas, travessas, becos,
praças, largos, trapiches, praias, pontas, passagens, igrejas, hospital, Alfândega, Cadêa,
Casa da Opera, Palácio da Presidência, Assemblea Provincial, cemitério, catacumba,
arsenal de guerra e arsenal de Marinha (fig. 139).
178
Fig. 138 – Entrincheiramento e Baterias F
ig. 139 – Estatística da Cidade
As referências através de letras são encontradas no segundo e no quarto título, bem
como na ‘Notta Accessoria’. No segundo título, ‘Entricheiramento e Baterias’, encontram-se
as letras (a:), (g:), (c:), (d:), (o:), (p:), (q:), (r:), e (s:). Na ‘Notta Accessoria’, aparecem as
letras (b:), (t:) e (u:). No quarto título, aparecem as letras (c:), (d:), (e:), (f:), (g:), (h:), (i:), (l:),
(m:) e (n:). É de se notar que algumas letras aparecem em mais de um título. Destas
legendas, as (c:), (d:), (e:), (f:), (p:), (r:) e (s:) indicam barcos no rio/lago Guaíba. As
legendas (a:), (b:), (m:), (n:) e (o:) indicam locais em terra e as legendas (g:), (h:), (i:), (l:),
(q:), (t:) e (u:) indicam locais no rio/lago Guaíba.
O que está escrito nas legendas da planta de 1838 também se assemelha ao que é
escrito nos jornais, pois varias dessas legendas nos relatam noticias de acontecimentos da
Guerra dos Farrapos. (fig. 140)
F
ig. 140 – Commemorações relativas aos sítios de 1836 e 1837
A começar pelo quarto título, ‘Commemorações relativas aos sítios de 1836 e 1837’,
que reporta vários aspectos do cerco a Porto Alegre. As legendas alfabéticas ajudam a
situar e a relatar o que segue:
“Tinhão os sediciosos 4 embarcações armadas que se vê notadas com as
letras c, d, e, f. 1ª. Brigue Bento Gouçalves, 2. Patacho Vinte de Setembro,
179
3. Escuna Farroupilha e 4. Hiate Onofre; as quaes se achavão na Itapoam
(9
legoas ao Sul da cidade) porêm logo subirão, e por vezes vierão ao lugar
denotado (g:) batêr a cidade; mas vendo que não podião entrar para o
fundiadouro, se retirarão e resolverão fazer passar as (e:f:) por serem de
pouca água no canalete (h:) entre o arroio da pintada e a Ilha, na qual vão
entrando, e seguirão por de traz das Ilhas para o Caminho Novo, afim de se
aproximarem as baterias em occasião de forçarem o entrincheiramento, o
que fizerão em 30 de Junho de 1836, ao amanhecer, em que se postarão
no lugar (i:) fazendo fogo sobre as baterias, e duas embarcações (Escuna e
Hiate) pequenas que ligeiramente forão armadas com huma peça de rodízio
cada huma de calibre 9, e do lado do Oeste, lugar (g:) se postarão o Brigue
e o Patacho (c: d:) fazendo fogo sobre a cidade e baterias que defendião a
entrada para o fundeadouro. Aturou o ataque 3½ horas de fogo de canhão e
fuzilaria, ao fim das quaes se retirarão os sitiantes de terra e mar as suas
forças que montarão a mais de 1500 homens, quando os combatentes que
defendião a cidade não chegavão a 300. Passados dias suspenderão as
embarcações (e: f:) do seu fundeadouro na frente da chácara 2ª, para se
hirem juntar com as (c: d:); mas chegando ao canalete (h:) por onde tinhão
entrado, em razão de ter baixado o rio, encalharão, e passado horas só
pode sahir a (f:) e a Escuna (e:) voltou para traz, e deu fundo no Rio
Guahiba (ou Rio Pardo chamado) cuja foz he na letra (l:). Achando-se o
Hiate (f:) só, e fundiado huma legoa ao Sul da cidade, e tendo chegado da
Itapoam em hum Escaller Guilherme Park, commandante da Esquadrilha
que estava fora da mesma Itapoam por não poder entrar por motivo das
baterias dos sediciosos: se embarcou na Escuna em 14 de Julho de 1836,
levando consigo o Hiate e 3 Lanchões, lhe foi dar cassa e o prisionou, e
tendo noticia disto a Escuna (e:) seguio rio acima e foi fundiar a 12 legoas
de distancia. Constando esta tomada as duas embarcações (c: d:) que
estavão na Itapoam, subirão e fundearão em grande distancia ao rumo do
Sul da cidade quando pelas horas da madrugada do dia 20 de Julho
pelo lugar da emboscada (pois que então era mato e não tinha as
fortificações que ora ali se vê de (m:a n:), rompeo o fogo que logo circulou
por outros pontos, e no mar das embarcações (c: d:) que tinhão de noite
vindo postar-se no lugar de costume”.
A legenda 8, ao mesmo tempo em que indica a localização de um Moinho de Vento,
relata ser este o local “de onde tem Netto batido a Cidade por vezes, sendo huma em 20 de
junho de 1837, em que jogou 150 e tantas balas ardentes e granadas, e logo que cessa o
fogo se retira com a artilheria, e são tantas as peças quanto às figuras ali com a letra o”.
180
A legenda 13 indica um grupo de Moinhos de Vento e uma nova história sobre
a
contecimentos da Guerra dos Farrapos: conta que os moinhos eram de propriedade de
“Antonio Martins Barboza, que forão demolidos (e pagos pela Nação), por quererem os
sitiantes formar huma bateria acoberto delles na noite de 19 para 20 de Julho de 1836”.
Algumas legendas 15, 26 e 27 - referem-se a notícias mais gerais da cidade de
Porto Alegre. Elas se referem à Várzea, a região do atual Parque Farroupilha. Na 15, diz
que a “Varzia que se acha dividida e demarcada, porém em projecto, não obstante terem se
passado Títulos a quem os requereo no tempo da presidência de Dr. Antonio Rodrigues
Fernandes Braga em 1834; mas a mara até o presente não tem consentido que se
edifiquem”; a 26 indica, em função dessa demarcação, o lugar para a construção de uma
igreja; e a 27 o lugar de construção de uma “Caldeira que devendo receber as águas de
todas as ruas as deve ir deitar no Riacho”.
As legendas numéricas restantes não nos dão notícias, apenas referências. boa
parte das legendas alfabéticas se não contam alguma história, ajudam a compreender e
situar a história.
A legenda (g:), além de aparecer em dois títulos ( no segundo e no quarto), refere-se
a um ponto a Oeste da cidade, no Guaíba. Ela também mostra histórias de batalhas e
acontecimentos da Guerra dos Farrapos. As histórias narradas são eventos em que os
legalistas têm obtido vitórias ou no mínimo resistido aos ataques. Nesta legenda, é relatada
a prisão de Bento Gonçalves como segue:
“A Escuna (e:) que tinha hido rio acima appresentou-se na manhã de 24 do
mesmo mez de Julho por hum levante que a guarnição della fez; e nesse
mesmo dia pelas 10 horas da manhã chegou ao outro lado (o occidental da
cidade) o Commandante das Armas Bento Manoel Ribeiro, com 1200
homens em soccorro da cidade, que fazendo levantar o sitio, bateo e
destroçou os sitiantes em 4 de Outubro, sendo presos Bento Gonçalves da
Silva, chefe delles; Onofre Pires da Silveira, e hum estrangeiro (Romano) de
nome Zembicary, director do Chefe”.
A legenda com a letra (o:) além de, como a legenda (g:), indicar um local, também
conta uma história, a da tentativa de invao da cidade, através desse local, pelos
revolucionários, no dia 20 de julho de 1836, com um contingente formado principalmente por
alemães. Esses invasores além de não terem conseguido o seu intento, perderam bastante
armamento no local.
A legenda com letra (b:) que se encontra vinculada à ‘Notta Accessoria’, indica um
local onde existiram Baterias e conta que as mesmas serviram para defender a cidade dos
ataques realizados por Bento Gonçalves em 30 de junho e 20 de julho de 1836.
181
Quanto às outras legendas que fazem parte da ‘Notta Accessoria’ umas mencionam
ca
racterísticas de parte da artilharia e das baterias e outras falam de algumas das
convenções gráficas utilizadas, que necessitavam de esclarecimentos e que dizem respeito
à muralha. Estas legendas (quatro) são as seguintes:
- A linha preta que corre em toda a extensão do Beco 90, denota hum muro
de tijolo na chacara de Israel Soares de Paiva, onde se formarão andaimes
para se fazer fogo de fuzilaria no caso de tentarem por ali algum attaque
para entrarem, &c.
- A linha preta denota Trincheira de caixão com terra.
- A linha preta larga denota o foço que tem de 14 a 20 palmos de largo.
- O claro branco entre as linhas pretas denota o intervallo que há da
Trincheira ao foço, parte de terra encostada, e parte de torrão.
Como explica Macedo
341
, ao analisar a planta de 1838, essas legendas fazem
“longa descrição das fortificações (...) indicando o processo construtivo
(...): ‘Uma trincheira de duas estacadas paralelas, com terra socada entre
elas (caixão). Do lado de fora um fosso (linha grossa preta, de largura
variável entre 3,10m e 4,40m). Entre a trincheira e o fosso (linha branca e
linha preta), uma rampa feita de terra simplesmente encostada e de
torrão, ajeitada geometricamente. Além do processo construtivo das
‘trincheiras’ a planta também explica o traçado, incluindo algumas
alterações em determinados trechos
Não resta dúvida de que esta planta procura cumprir os preceitos científicos de sua
época. Nela se pode encontrar a escala gráfica em braças 250 (colocada de forma
centralizada, abaixo da planta) (fig.141). Pode-se encontrar também a indicação do norte
através do desenho de uma rosa dos ventos (fig.142) colocada junto à representação da
ponta da península, com uma das pontas desenhada de forma destacada indicando o Norte.
Esta planta é desenhada com o sudeste quase para cima.
F
ig.141 – Escala gráfica em braças (250) Fig.142 – Indicação do Norte
3
41
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade
UFRGS, 1993. p. 59.
182
Neste mapa de 1838, tem-se a indicação do sentido em que as águas do lago/rio
G
uaíba correm, através de setas nele desenhadas. E há uma fidelidade geográfica na
representação da ‘península’.
O desenho da planta é, portanto, uma representação da cidade de Porto Alegre, de
parte de seus arredores, de parte do lago/rio Guaíba e parte de algumas de suas ilhas em
duas dimensões. Os quarteirões e as ruas estão demarcados por traços que configuram as
suas formas e as direções das ruas, becos e travessas. A planta passa a impressão de ter
havido um levantamento dos elementos construídos, pois o desenho dos seus quarteirões
não é um elemento cheio e compacto, existe a demonstração da ocupação das faces das
quadras e no interior das mesmas restam, em grande parte, espaços vazios (fig.143). Além
disso, o desenho dos elementos construídos mostra a ocupação das quadras, o que deixa
transfigurar que uma maior densificação na parte norte da península. As faces das
quadras dessa parte da península estão todas construídas, não espaços vazios. na
parte menos densificada, há espaços não construídos nas faces das quadras. Em relação à
planta de Zambeccari, talvez pelo fato de que nesta planta a península está desenhada,
pode-se ver a parte sul da mesma. Pode-se ver bem que é uma região pouco densificada,
pois ao longo de suas ruas, nas faces das quadras, espaços vazios. No desenho dos
elementos construídos, uma simulação de tridimensionalidade, como na planta de
Zambeccari, com o reforço através de uma linha mais forte de um dos lados desses
elementos. Também como na planta de 1833, os barcos que aparecem no Guaíba são
desenhados de uma forma mais tridimensional.
F
ig. 143 – Detalhe quadras planta de 1838
Não há indicações de curvas de nível, nem nenhum tipo de representação que
identifique as diferentes alturas do terreno representado. Da forma como a planta está
desenhada poder-se-ia presumir que a cidade de Porto Alegre e seus arredores foram
construídos numa superfície plana.
183
O que mais chama atenção no desenho é a linha preta reforçada que mostra a
muralha da cidade, sendo que, pela interrupção dessa linha, a muralha estaria incompleta,
não cercando toda a península. Macedo
3
42
atualiza a localização da muralha:
“O trecho oriental da linha de defesa se situava desde o rio, mais ou
menos onde hoje passa a Rua Pinto Bandeira, subindo o espigão da
Avenida Independência, passando por trás da Santa Casa de Misericórdia
até a Praça do Portão e desta seguindo pela Avenida João Pessoa até a
Sarmento Leite. Tudo leva a crer que este portão, referido na descrição,
era apenas uma interrupção nas trincheiras para facilitar o acesso ou a
saída, quando desejados e que seria fechado durante a noite ou nos
momentos de perigo por sistema de grades ou troncos articulados. Caso
fosse um portão com dobradiças ou caixilhos, a planta teria informado
como o fez com todas as outras alterões do processo construtivo”.
A representação do lago/rio Guaíba é caracterizada pelas setas que indicam o
sentido das águas, pelo desenho dos barcos e por um trabalho gráfico, quase que um
sombreamento nas zonas fronteiras entre terra e água. Este sombreamento é feito por
linhas paralelas, ao lado maior do retângulo dentro do qual o mapa está desenhado, e foram
desenhadas em todas as fronteiras entre o que é rio e o que é terreno.
Fora da muralha, vemos o traçado do riacho, uma incidência maior de vegetação
(dentro da cidade, a representação da vegetação está restrita a três espaços junto à
muralha), inclusive os caminhos aqui são demarcados pela vegetação e não por elementos
construídos. Há uma nítida demarcação nesta planta entre o urbano (dentro da muralha),
com a incidência de elementos construídos, e o rural (fora da muralha) onde a presença da
vegetação é maior e os elementos construídos existem, mas são bastante rarefeitos. Fora
das muralhas, a vegetação divide as chácaras de uma maneira aparentemente não
planejada. Somente na região denominada ‘varzia’ parece haver certo planejamento com
um traçado de elementos ortogonais. Através de linhas contínuas, entrecortadas por outras,
indica-se a projeção de algo que ainda não existe, projetado para acontecer no futuro: trata-
se de uma proposta de loteamento da área da ‘varzia’, o atual Parque da Redenção.
No desenho das ilhas, a forma como a vegetação está representada a entender
que nelas não existe uma apropriação dessas terras para culturas, o que difere bastante do
desenho das terras fora da muralha, onde as divisões das chácaras dão a entender a
existência de campos cultivados, ainda que não haja uma representação gráfica mais
condizente.
3
42
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade
UFRGS, 1993. p. 59.
184
A questão do desenho da planta ser semelhante à diagramação de um jornal tem
r
etrospectos como, por exemplo, o apontado ‘Olinda de Pernambuco’ de Jans Claus
Visscher (1603). Outros mapas, anteriores ao de 1838, apresentam também uma forma
jornalística e enciclopédica, como é o caso dos mapas da cidade de Lima (fig. 144), Peru, do
cartógrafo francês Henri Abrahaim Chatelain (1720) e do mapa da Cidade do México (fig.
145) do cartógrafo, também francês, Bernard Picart (1723).
Fig. 144 – ‘Lima’ de Henri Abrahaim
C
hatelain de 1720
Fig. 145 – ‘Cidade do México’ de Bernard Picart de 1723
5.3.3 – Um Cartógrafo Legalista
Para entender melhor a linguagem cartográfica utilizada no mapa de 1838 e sabendo
que seu autor anônimo provavelmente era do Real Corpo de Engenheiros, torna-se
interessante entender como se deu a formação desses engenheiros militares. O ensino de
engenharia militar começou no Brasil com a criação da Aula de Artilharia no Rio de Janeiro
através de Ato de 19 de Agosto de 1738. Em 1744 essa aula é ampliada para abranger uma
nova cadeira, a de Arquitetura Militar
343
. Em 1810, é criada a Academia Militar do Rio de
Janeiro.
3
43
TAVARES, Aurélio de Lyra. A Engenharia Militar Portuguesa na Construção do Brasil. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 1999. p. 41 e 51.
185
Como bem lembra Bueno, nesta “Academia e no Arquivo Militar, com base nos
p
adrões cartográficos divulgados no Manual Topográfico, formou-se toda uma geração de
engenheiros militares (geógrafos e topógrafos) perfeitamente habilitados nas práticas de
cartografia”
344
. Ainda segundo esta autora, “o Manual Topográfico, contendo os melhores
métodos referentes às medições geodésicas, publicado anualmente pelo estabelecimento
francês análogo, tornou-se a bibliografia de referência para o ensino da cartografia na
instituição carioca”
345
. Portanto, os engenheiros militares estavam atualizados com as
formas de cartografar francesas.
Com a fuga de D. Joao VI para o Brasil em virtude das Invasões Napoleônicas, os
aliados dos portugueses passaram a ser os ingleses. “Raras são as cartas impressas até o
Império. Será apenas com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro e o estreitamento
das relações diplomáticas e militares com a Inglaterra que, em Londres, se gravarão os
primeiros grandes mapas do Brasil, construídos a partir de muitas dessas fontes
manuscritas portuguesas”
346
. Não foram só mapas do Brasil que os ingleses gravaram, uma
planta de Lisboa de 1812 (fig.146) também foi impressa por eles.
F
ig. 146 – ‘Mapa da Cidade de Lisboa’ de anônimo (1812)
Ora, o desenho dos elementos construídos, nos quais o meio da quadra está vazado
e os blocos ‘sólidos’ se apresentam nas faces da quadra, pode encontrar um possível
retrospecto nessa planta da cidade de Lisboa, cujo desenho guarda similaridades,
especialmente no traçado das quadras, com a planta de Porto Alegre, de 1848. (fig. 147 e
3
44
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenhando o Brasil: o saber cartográfico dos cosmógrafos e
engenheiros militares da Colônia e Império. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de Cartografia:
Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 47.
345
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenhando o Brasil: o saber cartográfico dos cosmógrafos e
engenheiros militares da Colônia e Império. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de Cartografia:
Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 46.
186
148) Outra similaridade é o mapa de Lisboa ter a representação da diferença entre o que é
t
erra e o rio Tejo com uma hachura na borda. Além disso, o mapa de Lisboa também
contém um brasão. Existem diferenças também, como o fato de o mapa de Lisboa simular a
topografia de seus morros e o de Porto Alegre não apresentar nenhum elemento gráfico que
demonstre a variação de altura do terreno; e o fato de que o de Lisboa não apresenta
nenhum signo para demonstrar vegetação e zonas de cultivo, enquanto este é utilizado no
mapa de Porto Alegre.
F
ig. 147 – Detalhe do Mapa de Lisboa (1812) Fig. 148 – Detalhe do Mapa de Porto Alegre (1838)
O que o ‘Império do Brasil’ inclui no mapa foi bastante destacado. se
mencionou também que não inclusão das curvas de nível, ou nenhuma outra forma de
representação dos desníveis do terreno. O mapa de 1838 não aponta, na parte interna as
muralhas, o endereço de cidadãos. Alguns são citados na parte externa da muralha, para
indicar que determinado local é a chácara, a olaria, o moinho de vento ou o potreiro de
alguém (proprietário). Alguns nomes ainda aparecem na parte de fora da muralha
nomeando becos e caminhos. O mapa omite, de certa forma, a Casa da Ópera, que aparece
de forma indireta (referência 67 – alicerces da nova Casa da Ópera) e quase situada, pois o
beco onde ela se encontraria possui seu nome (referência 95 – Beco da Casa da Ópera). O
mapa parece não colocar alguns elementos que a planta de Zambeccari citava: hotéis
(sabemos pela planta de Zambeccari que existia ao menos o Hotel Smith), o Quartel do
Corpo Policial, o Quartel do Batalhão (este aparece como a Casa da Ópera de forma
indireta nomeando um Beco) e a Sala do ri. Zambeccari citava, através de referência e
desenho, a existência de dois trapiches na Praça da Alfândega: o da Alfândega e o da
Quitanda. No mapa de 1838, tanto a referência quanto o desenho apontam para a existência
de apenas um trapiche nesta praça.
3
46
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenhando o Brasil: o saber cartográfico dos cosmógrafos e
engenheiros militares da Colônia e Império. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de Cartografia:
Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 47.
187
O mapa de 1838, como foi mencionado, é um mapa impresso, que possui as
r
eferências de quem o imprimiu. Consta do mapa a Lithografia de Vr. Larrée (fig. 149) no
lado esquerdo, abaixo da planta, no mesmo alinhamento do desenho da escala gráfica; no
lado direito, abaixo da planta alguma coisa escrita (fig. 150) que poderia ser o nome do
gravador e que, na observação dos dois exemplares existentes na Fundação Biblioteca
Nacional, não é possível ler claramente; e bem embaixo, na margem do mapa e abaixo das
legendas, encontra-se escrito ‘Typ. Commercial Fluminense, de S. F. Surigue, rua dos
Ourives 45’ (fig. 151).
Fig.149Lith. De Vr. Larrée) F
ig.150 – escrita ilegível.
F
ig. 151 – ‘Typ.Commercial Fluminense, de S. F. Surigue
A Lithografia de Vr. Larrée refere-se ao francês Pierre Victor Larrée. Conforme dados
de Ferreira
347
, Pierre Victor Larrée ( - 1873?) foi admitido no Arquivo Militar em 20 de
fevereiro de 1833. Foi indicado para trabalhar no Arquivo por Sebastião Carlos Abele. Ele
abandonou o Arquivo tempos depois e foi readmitido em junho, se afastando em 1835.
Larrée instalou sua litografia – Lithografia do Commercio - no Rio de Janeiro no final do ano
de 1832. Manteve-a, através de altos e baixos, até 1857, quando voltou a trabalhar no
“Arquivo Militar como ‘inspecionador das salas de gravura e impressão’ e, do ano seguinte
em diante, entre os gravadores, até 1873, depois do que desaparece dos registros”
348
.
Em relação à Typ. Commercial Fluminense, o próprio texto do mapa atribui a
propriedade a S. F. Surigue. Sebastião Fabregas Surigué dirigiu, entre 1809 e 1810, o
Collegio das Fabricas. Segundo Ferreira, esse Collegio, a Impressão Régia e o Arquivo
Militar (três instituições criadas no Rio de Janeiro com a chegada da Corte) seriam “núcleos
3
47
FERREIRA, Orlando da Costa. Imagem e Letra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
p.348.
348
FERREIRA, Orlando da Costa. Imagem e Letra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
p.363
188
potenciais de criação de imagens gravadas”
3
49
. No Collegio, eram feitas Cartas de Jogar e
Estamparias de Chita. Sabe-se também que D. João VI concedeu a este tipógrafo o
privilégio exclusivo do serviço de diligência que surgiu “em 1817 para facilitar a comunicação
entre o palácio da Boa Vista e a fazenda Santa Cruz”
350
. Depois disso, sabe-se que ele foi o
autor e o editor de um almanaque Almanak Geral do Imperio do Brasil (por Sebastião
Fabregas Surigue), no anno de 1836 (com apêndice para 1838) e 1838. Typ. Commercial
Fluminense de S. F. Surigue. E desse senhor e dessa tipografia é o que se sabe.
Pela forma como a Litografia de Larrée e a Typographia de Surigue aparecem na
planta de Porto Alegre, e também em função da forma de impressão que pode ser vista nos
dois exemplares dessa planta pertencentes à Fundação Biblioteca Nacional (FBN), a
hipótese que se pode apontar é que o mapa propriamente dito tenha sido gravado e
impresso por Larrée e as legendas e título, por Surigue. Um detalhe que reforça esta
suposição é o fato de que entre as duas plantas existentes na FBN
351
(fig.152 e 153),
uma leve disparidade da posição das legendas em relação ao mapa. Num dos exemplares a
imagem do mapa está bem centralizada e no outro, a legenda ‘encosta’ num dos lados do
mapa.
Fig.152detalhe exemplar 1 FBN 1839 F
ig.153 – detalhe exemplar 2 FBN 1839.
Não se encontrou informação do número de exemplares que foram impressos desse
mapa. Como foi dito, a Fundação Biblioteca Nacional possui dois exemplares do mesmo
3
49
FERREIRA, Orlando da Costa. Imagem e Letra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. p.
138.
350
TEIXEIRA, Debora Maria Raison Alves. Ventos da Modernidade: os bondes e a cidade do Rio de Janeiro -
1850/1880. Rio deJaneiro: UFRJ, 2000. Apud: BRANDÃO, Helena mara Lacé & MARTINS, Angela Maria
Moreira. O Rio de Janeiro do século XX: a expansão da cidade do centro para o sul. Revista Tempo de
Conquista, n. 4, 2009. Disponível em:
<http://www.revista.tempodeconquista.nom.br/attachments/File/HELENELACE2.pdf>. Acesso em 27 jun. 2009.
351
A planta de 1838 constante do CD do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, pelo que se sabe,
foi escaneada de uma das plantas existentes na Fundação Biblioteca Nacional.
189
(ARC.008,02,013 e ARC.019,07,023). Na relação de plantas do Arquivo Histórico do
E
xército, publicada na internet, referentes ao Rio Grande do Sul, não foi possível encontrar
nenhuma cópia desse mapa. A Biblioteca Municipal Mario de Andrade (SP) possui um
exemplar do mapa de 1838
352
. Segundo Macedo
353
, o Arquivo Histórico do Estado possuiria
um exemplar.
Em publicações sobre a história de Porto Alegre, podemos ver a reprodução do
mapa de 1838 no CD Cartografia Virtual Histórica-Urbana de Porto Alegre do IHGRS, de
2005, onde ele foi colorizado em tons de azul e ‘retocado’. Neste CD, a data do mapa
aparece como sendo 1837. Também está reproduzido no livro de Clóvis Silveira Oliveira -
Porto Alegre, a Cidade e sua Formação onde aparece de forma incompleta, mostrando
apenas a parte da planta, que foi aparentemente ‘retocada’. Em dois livros de Macedo
Porto Alegre: Origem e Crescimento e História de Porto Alegre, o mapa de 1838 é
comentado, mas não é mostrada nenhuma imagem do mesmo.
Sendo um mapa que mostra a muralha, todas as baterias e entrincheiramentos
distribuídos pela cidade, não deve ter sido um mapa de grande divulgação, pelo menos até
o final do conflito farroupilha, pois se chegasse às os dos ‘sediciosos’, eles teriam tido
pleno acesso às defesas das forças legalistas.
5.3.4 – Das Leituras do Mapa
Parece evidente que o interesse do Império em mandar fazer uma planta da cidade
com a demarcação das muralhas, durante a Guerra dos Farrapos (1835-1845), prende-se à
necessidade de auxiliar as forças legalistas a manter suas posições na cidade.
A ‘assinatura’, o título/manchete, as legendas/notícias, nos mostram que este mapa
foi feito com razões políticas bem concretas e imediatas. O Império do Brasil demonstra,
através dele, o seu poder e a sua força. A começar pela ‘assinatura’ o epíteto ‘Império do
Brasil’ com o brasão, como o elemento que mais se destaca no conjunto.
Sendo um mapa que mostra as defesas da cidade, que relata notícias das vitórias
das forças legalistas, pode-se pensar que é um mapa para produzir ânimo nessas forças,
3
52
De acordo como site ARQUIVO DIGITAL DE CARTOGRAFIA URBANA. Lisboa, 2007. Disponível em:
<http://cartografiaurbana.ceurban.com/>. Acesso em: 31 out. 2008.
353
MACEDO, Francisco Riopardende de. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto Alegre: Sulina, 1968. p. 138
190
mostrando quão bem a luta está indo para o Império e como os seus soldados se destacam.
E
ssa visão é reforçada por duas notícias, sendo a primeira a que conta a prisão de Bento
Gonçalves – líder do movimento farrapo -, e a segunda a que conta como o contingente de
300 legalistas teria segurado o ataque de 1500 insurgentes: “aturou o ataque horas de
fogo de canhão e fuzilaria, ao fim das quaes se retirarão os sitiantes de terra e mar as suas
forças que montarão a mais de 1500 homens, quando os combatentes que defendião a
cidade não chegavão a 300”.
Reforça a idéia de que seu objetivo era a defesa da Monarquia e a propaganda do
Império do Brasil, o fato deste mapa ter sido impresso em 1838. Contudo, como foi
apontado, essa data aparece de forma bastante discreta e o que se destaca é a data que
consta do título do mapa – 20 de junho de 1837. Ao destacar essa data, a planta estabelece
uma relação com a prisão de Bento Gonçalves, em 1836, e mostra a força de um Império
que mantém detido o chefe dos revoltosos. Ao minimizar o ano de sua impressão 1838
pode esquecer’ de relatar que o mesmo fugiu da prisão, na Bahia, em 10 de setembro de
1837, tendo voltado à Província do Rio Grande em novembro e tomado posse como
Presidente da República Rio-Grandense em dezembro de 1837.
O mapa de 1838 revela, assim, a preocupação e o temor, para o Império,
provocados pela Revolução Farroupilha. Prova disso é o grande numero de mapas sobre a
Revolução Farroupilha, comparativamente às demais revoluções que ocorreram entre 1831
e 1845. Por outro lado, o fato de não haver um cartógrafo que se responsabilize pelo mapa
faz dele um instrumento vinculado ao “Império do Brasil”, emanado diretamente do poder
imperial. Nenhum outro mapa do período conm essa ‘assinatura’. Ainda mais: é o único
mapa em que aparece, com destaque, o Brasão do Império; o único mapa feito pelo Real
Corpo de Engenheiros com esse Brasão.
191
5.4 - A PORTO ALEGRE DE L. P. DIAS
Fig. 154 – ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P. Dias de 1839, original FBN
192
F
ig. 155 – ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P. Dias de 1839, versão digitalizada IHGRS
Data de 1839 a terceira planta da cidade de Porto Alegre. Trata-se de uma planta
assinada por L. P. Dias - Luiz (Luis) Pereira Dias. Segundo Macedo, em relação à de 1838,
esta é uma “planta muito semelhante, apenas com alteração no traçado das fortificações”
354
(Fig. 154 e 155). Intitula-se: “Planta da Cidade de Porto-Allegre, por L. P. Dias. Com a linha
de Trincheiras e Fortificações que lhe tem servido de defesa desde o memorável dia 15 de
junho de 1836, com as rectificações e melhoramentos que se tem feito por motivo de ter
sido atacada pelos sediciosos em 1836, 1837 e sitiada em 1838, 1839 tempo em que esta
he concluída com duas Vistas, hua de Leste, outra do Oeste com as declarações a respeito.
Porto Alegre, 2 de Dezembro de 1839”.
3
54
MACEDO, Francisco Riopardense de. História de Porto Alegre. Editora da Universidade/UFRGS, p.59.
193
5.4.1 – O Cartógrafo Provinciano
N
ão se tem muita informação sobre o autor do mapa, sendo que nas referências dos
estudiosos ele aparece principalmente como mestre construtor
355
, além de arruador e
arquiteto. Luiz Pereira Dias era português, nascido na Freguezia de Cedofeita, na cidade do
Porto, conforme Termo de Declaração assinado por ele em seu pedido de naturalização (fig.
156):
Aos 8 de junho de 1857, trigésimo da Independência e do Império na
Secretaria da mara Municipal da Leal e Valorosa Cidade de Porto Alegre
compareceu Luiz Pereira Dias com um requerimento despachado pelo Ilmo
Presidente da Câmara mandando tomar ao suplicante as seguintes
declarações: Que é natural da Freguesia de Cedofeita na Cidade do Porto,
que é súbdito português e em tal qualidade acha-se no gozo de seus
direitos civis como foi dito pelo attestado de seu Cônsul, que professa a
Religião Catholica, foi casado com brasileira da qual tem quatro filhos, que
pretende naturalizar-se brasileiro e fixar sua residência no Brasil. De como
assim disse e prometeu, assinou perante mim Manoel José da Camara
Junior, secretario que o escrevi. Luiz Pereira Dias(assinatura)
356
F
ig. 156 – ‘Termo de Declaração de L. P. Dias de 1857’
3
55
Citam L. P. Dias como Mestre de Obras: MACEDO, Francisco Riopardense de. História das profissões da
área tecnológica no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CREA/RS, 1993. p. 94; TELLES, Leandro da Silva (Dir.)
Porto Alegre Antigo. Porto Alegre: Painel, 1980. p.11, 12 e 13; & SCLIAR, Salomão. (Ed.). Rio Grande do Sul
Histórico. Porto Alegre: Painel/Rede Brasil Sul, 1980.
356
Esta informação consta do Livro de Naturalizações da Província do Rio Grande de São Pedro (1833-1864).
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Livro de Naturalizações da Província do Rio Grande de São Pedro.
Porto Alegre, 1833-1864. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre.
08/06/1857, p. 46.
194
Referência a este termo, que foi seu pedido de naturalização, pode ser encontrada
e
m um site genealógico
357
sobre o sobrenome Dias.
A primeira notícia que se tem dele, no Brasil, diz respeito ao seu casamento. Nos
registros da Arquidiocese de Porto Alegre
358
consta que em 02 de fevereiro de 1832 ele se
casou com Margarida Josefa de Bragança ( 1856), exposta na casa do Desembargador
Luiz Corrêa Teixeira de Bragança. Ainda segundo os registros da Arquidiocese, o casal
teria tido 06 filhos: Luiz Pereira Dias (01/01/1833), José Pereira Dias (10/12/1833), Vicente
Pereira Dias (17/01/1835), Diogo Pereira Dias (22/03/1836), Josefa Eulália de Bragança
Dias (1840) e Luiz Pereira Dias (15/06/1842). No inventário
359
de sua esposa, Margarida
Josefa de Bragança, falecida em 1856 (do qual ele foi o inventariante), e em sua declaração
de naturalização de 1857, somente quatro estavam vivos e foram considerados herdeiros:
José, Vicente, Josefa e Luiz.
A primeira notícia oficial sobre o seu trabalho é a que faz parte do Livro de
Nomeações da Câmara de Porto Alegre onde, em 09/07/1838, ele faz juramento para tomar
posse do cargo de Arruador da cidade
360
. (fig.157)
F
ig. 157 – ‘Juramento de posse de L. P. Dias de 1838’
3
57
GENEALOGIA FAMÍLIA MELLO DIAS. [S.l.], 2008. Disponível em:
<http://www.familiamellodias.com.br/Historia%20Familia/familiadias.htm>. Acesso em: 20 mar. 2009. - “Família
de origem portuguesa estabelecida no Rio Grande do Sul, pra onde passou Luís Pereira Dias, natural da
freguesia de Cedofeita, da cidade do Porto, Portugal, que assinou termo de declaração, a 08.06.1857, onde
informa ser católico e casado com uma brasileira, com a qual teve quatro filhos”.
358
PORTO ALEGRE. Arquidiocese. Casamento de Luiz Pereira Dias e Margarida Josefa Correa de Bragança.
Porto Alegre: Igreja Nsa. Sra. Mãe de Deus, 02/02/1832. Livro 4, f. 10L. Documento manuscrito. Não publicado.
359
CARTÓRIO DE ORPHÃOS. Inventário de Margarida Josefa de Bragança. Inventariante: L. P. Dias. Porto
Alegre, 14/11/1856. Não publicado. Disponível em: Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, EST-
121E2, Cx. 1438.
360
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Registros de Nomeaçoes e Posses. Porto Alegre, 1831-1877.
Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. p. 26 frente.
195
A notícia seguinte concerne à própria ‘Planta de Porto-Allegreque foi concluída em
1
839. Encontra-se ainda um novo juramento, de 22 de abril de 1841, para tomar posse
novamente como Arruador da cidade
361
. Em 26 de julho de 1843, no desempenho de seu
cargo, “informa a Câmara sobre alinhamento feito na Estrada dos Moinhos de Vento, a
pedido de José Pinto da Fonseca Gomes
362
”.
Em relatório de 05 de outubro de 1847, o Presidente da Província, senador
conselheiro Manoel Antonio Galvão, relata que o Mestre de Obras Luiz Pereira Dias
“debuxou uma nova planta para o Lyceo de D. Affonso e orçou o seu custo
em RS 86:440$00”
363
. Sobre este desenho do Lyceo de D. Affonso, no
relatório de 1856, de Jeronymo Francisco Coelho confirma-se a autoria
inicial de L. P. Dias quando se relata que “a planta feita pelo cidadão Luiz
Pereira Dias, modificada e corrigida pelo brigadeiro Lopo d’Almeida
Henriques Botelho e Mello (...) no anno de 1846, em conseqüência do que
logo principiou-se a sua execução e proseguio com inteira solidez. (...) No
em que ella ficou, prompta em toda a caixa exterior das paredes
mestras, é uma necessidade cobril-a para que não se arruíne”
364
.
Ainda nos ‘Documentos sobre a construção e melhoramentos do município’
365
,
encontra-se um Termo de Obrigação, assinado por Luiz Pereira Dias em 16 de janeiro de
1849, para a construção, no prazo de dois meses, de uma ponte de madeira no Riacho.
Em 05 de abril de 1850, Luiz Pereira Dias, que era então o Encarregado de Obras da
Câmara, informa sobre o inconformismo de José Maria do Couto quanto ao alinhamento
feito na Rua do Arroio
366
. Encontram-se plantas de partes da cidade de Porto Alegre
assinadas por ele, datadas de 1853 e 1855. E, entre 1854 e 1856, seu nome consta nos
3
61
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Registros de Nomeaçoes e Posses. Porto Alegre, 1831-1877.
Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. p. 40 verso.
362
Documentos sobre a construção e melhoramentos do município. IN: COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.).
Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto Alegre: , Divisão de Cultura, Secretaria Municipal
de Educação e Cultura,1986. v. 2. p. 206.
363
GALVÃO, Manoel Antonio. Relatório do Presidente da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul o Senador
Conselheiro Manoel Antonio Galvão na abertura da Assembléa Provincial em 05 de Outubro de 1847. Porto
Alegre: Typographia do ARGOS, 1847. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/download.asp?nomeArq=1847_Manoel_Antonio_Galvao.pdf >. Acesso em: 12 abr.
2009. p. 16.
364
COELHO, Jeronymo Francisco. Relatorio do Presidente da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul
Jeronymo Francisco Coelho na abertura da Assembléa Legislativa Provincial em 15 de dezembro de 1856. Porto
Alegre: Typographia do Mercantil, 1856. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1856_Jeronymo_Francisco_Coelho.pdf>. Acesso em 12 abr. 2009. p.64.
365
Documentos sobre a construção e melhoramentos do município (1783-1850). IN: COSTA, Gilda Ferrari M. da
et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Município de Porto Alegre. Porto Alegre: Divisão de Cultura,
Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 1986. v. 2. p. 214.
366
Documentos sobre a construção e melhoramentos do município (1783-1850). IN: COSTA, Gilda Ferrari M. da
et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Município de Porto Alegre. Porto Alegre: Divisão de Cultura,
Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 1986. v. 2. p. 215.
196
‘Documentos sobre a construção e melhoramentos do município’
3
67
como Encarregado de
Obras da Câmara. Em relatório de 1856, aparece uma nova menção a ele: “ao coadjuvador
da secção de obras públicas da capital Luiz Pereira Dias foi incumbido o plano e o
orçamento das obras a fazer para o melhoramento desta praça (Praça do Palácio atual
Praça Marechal Deodoro)”
368
.
Em sua trajetória profissional na cidade de Porto Alegre, Luiz Pereira Dias foi
nomeado Encarregado das Obras Públicas em 1856, cargo que normalmente só poderia ser
ocupado por um engenheiro habilitado. Consta da Correspondência Passiva da Câmara, no
dia 13 de julho de 1856, que o Presidente da Província “acusa o recebimento de ofício em
que a mara participa ter contratado para suas obras o Sr. Luiz Pereira Dias e informa que
o seu ordenado deverá ser menor do que um engenheiro habilitado”
369
. Em nova troca de
correspondência com a Câmara no dia 29 de julho de 1856, fica-se sabendo que a
gratificação anual de L. P. Dias no novo cargo se de 1:000$000 (Hum mil contos de
réis)
370
; se ele fosse Engenheiro habilitado, teria recebido pelo menos 1:200$000.
No site da prefeitura de Camaquã, relatando a história de uma das plantas da cidade
diz-se que:
Em 19 de julho de 1857 foi encaminhado ofício número 32 a Câmara
Municipal de Porto Alegre dirigido à Presidência da Província a fim de
elaborar planta do Povoado de São João Batista de Camaquã. O ofício
evidencia a preocupação de o povoado se desenvolver dentro de um plano
urbanístico pré-estabelecido, descrevendo as ruas, praças e povoações que
se estendiam defeituosas, sem um plano de edificação e alinhamento
determinado, evitando que as novas povoações tenham as mesmas
deformidades. A solicitação foi acolhida em 20 de julho de 1857 quando foi
concedida a autorização para levantar a planta da Freguesia de São João
Batista de Camaquã recomendando deixar designadas as plantas de
praças, ruas espaçosas e quadras também regulares. A Planta foi
apresentada na sessão de 29 de setembro de 1857 e sendo aceita pela
Câmara, resolveu remetê-la a aprovação da Presidência. Na época, como
3
67
Documentos sobre a construção e melhoramentos do município(1853-1900). IN: COSTA, Gilda Ferrari M. da
et al. Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto Alegre: Divisão de Cultura, Secretaria
Municipal de Educação e Cultura, 1988. v. 3.
368
COELHO, Jeronymo Francisco. Relatorio do Presidente da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul
Jeronymo Francisco Coelho na abertura da Assembléa Legislativa Provincial em 15 de dezembro de 1856. Porto
Alegre: Typographia do Mercantil, 1856. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1856_Jeronymo_Francisco_Coelho.pdf>. Acesso em 12 abr. 2009. p.74.
369
MACEDO, Francisco Riopardense de et al. (Org.). Correspondência Passiva da Câmara Vereadores de Porto
Alegre, 1847 1866. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, 1976. Caderno 4. p. 51.
370
MACEDO, Francisco Riopardense de et al. (Org.) Correspondência Passiva da Câmara Vereadores de Porto
Alegre, 1847 1866. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, 1976. Caderno 4. p. 52.
197
se vê na planta, a Câmara denominou as ruas. Em 7 de outubro de 1857, a
Pre
sidência aprova a Planta de Povoação da Freguesia de São João
Batista de Camaquã. Conforme assinado no mapa, o levantamento da
planta foi elaborado pelo encarregado de obras Luís Pereira Dias
371
.
No relatório do Vice-Presidente da Província, Comendador Patrício Correa da
Câmara, de 1857, o autor comenta que está pronto o orçamento para a construção da
ponte no Passo do Duro, e menciona que a planta foi levantada por Luiz Pereira Dias
372
.
Em julho de 1858, com a contratação do Engenheiro Frederico Heydtmann, Luiz
Pereira Dias deixa de ser o Encarregado das Obras Públicas
373
. Em relação aos
documentos encontrados nos arquivos da Câmara, a última notícia sobre ele diz respeito à
resposta do Presidente da Província a uma representação que ele fez em 22 de janeiro de
1859, na qual aparentemente pede esclarecimentos sobre o seu salário, pois é transcrita
como resposta o §1° do artigo 1 da Lei Provincial n° 435 que fixou a Receita e a Despesa
das Câmaras Municipais da Província no exercício 1859-60, onde aparece o salário do
Diretor das Obras Municipais (1:200$000), do Administrador das Obras Municipais
(600$000), do Arruador (200$000) entre outros. Acontece que, com a contratação do Eng.
Frederico Heydtmann, L. P. Dias foi rebaixado ao posto de Administrador das Obras e teve
seu salário diminuído. Através desta representação, demonstra seu aborrecimento. Aliás,
no documento de 14 de julho de 1855, L. P. Dias é dito ser Architecto.
Spalding reforça algumas dessas informações sobre L. P. Dias:
“A 30 de julho de 1853 nomeava a Câmara seu primeiro engenheiro
contratado: Frederico Augusto do Amaral Sarmento Mena, de tradicional
família do Rio Pardo e cujos membros eram revolucionários farroupilhas,
todos. Sarmento Mena recebia os vencimentos anuais de um conto e
oitocentos mil réis (Cr$ 1.800). Como ajudante, foi nomeado o «prático»
mestre de obras Luis Pereira Dias, com o vencimento anual de setecentos
mil réis (Cr$ 700). Luis Pereira Dias era já idoso e tradicional em Porto
Alegre: em 1838-39 levantara e desenhara a planta da cidade, que é a
clássica planta conhecida, com exemplares no Museu Julio de Castilhos e
numa das seções da Secretaria de Obras do Município. Sarmento Mena foi
exonerado, a pedido, em 1855, ficando Luis Pereira Dias respondendo por
tudo. Estava, alias, terminando a construção do Teatro São Pedro, que foi
3
71
CAMAQUÃ. Prefeitura Municipal. Camaquã, 2009. Disponível em:
<http://www.camaqua.rs.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=34670>. Acesso em: 22 abr. 2009.
372
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.) Anais do Arquivo Histórico do Município de Porto Alegre. Porto
Alegre: Divisão de Cultura, Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 1986. v. 2. p. 32.
373
MACEDO, Francisco Riopardense de et al. (Org.) Correspondência Passiva da Câmara Vereadores de Porto
Alegre, 1847 1866. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, 1976. Caderno 4. p. 65.
198
obra dele, bem como foi dele a planta da Casa da Câmara, cujas obras não
chegaria a iniciar por ter falecido mais ou menos em 1860. O segundo
engenheiro da Câmara foi Frederico Heydtmann que, por estar trabalhando
em obras provinciais, somente tomou posse do cargo em 17 de julho de
1858, com os vencimentos anuais de um conto e duzentos mil réis (Cr$
1.200)
374
.
Portanto, para Spalding, sem que ele mencione nenhuma fonte, Luiz Pereira Dias era
idoso em 1855 e teria falecido por volta de 1860. O que se pode dizer, com os dados
atuais
375
, é que ele desapareceu da cena de Porto Alegre em 1859.
Em relação à cartografia de L. P. Dias, no período em que trabalhou em Porto
Alegre, há registro de mais dois mapas de setores da cidade de Porto Alegre. São propostas
de intervenção em partes da cidade:
1853 ‘PLANTA DE UMA PARTE DA CIDADE DE PORTO ALEGRE
APRESENTANDO OS MELHORAMENTOS QUE SE PODEM FAZER DESDE A DOCA ATÉ
O BECO DO BARBOSA (atual Rua Barros Cassal)’ (fig.158).
F
ig. 158 – ‘Planta de parte da Cidade de Porto Alegre’ por L. P. Dias de 1853
3
74
SPALDING, Walter. Pequena História de Porto Alegre. Porto Alegre: Sulina, 1967. p.109.
375
Na Archidiocese de Porto Alegre num papel sem assinatura junto ao registro de casamento, que segundo a
atendente são informações fornecidas por um estudioso de genealogia chamado Jorge Godofredo Felizardo,
consta que Luiz Pereira Dias teria nascido no Porto, Portugal, em 17/02/1804 e teria falecido em Rio Pardo,RS,
no dia 03/04/1859. Nenhum registro foi encontrado até agora que corrobore essas informações.
199
1855 PLANTA DE UMA PARTE DA CIDADE, DA RUA DA PRAIA DA ZONA DO
A
RSENAL ATÉ APROXIMADAMENTE A IGREJA DAS DORES, com projetos de docas,
praças, desapropriações e cais naquela zona (fig.159).
F
ig. 159 – ‘Planta de parte da Cidade de Porto Alegre’ por L. P. Dias de 1855
Em 1857, vinculado a Câmara de Porto Alegre ou a Presidência da Província do Rio
Grande do Sul, o Encarregado de Obras L. P. DIAS executa uma planta da cidade de
Camaquã.
1857 ‘PROJECTO DA PLANTA PARA A VILLA DE S. JOÃO BAPTISTA DE
CAMAQUAM sobre o terreno doado para a mesma, a fim de regularizar a distribuição dos
terrenos para a edificação, apresentando a parte edificada, com novas ruas, praças e
logradouros públicos, o que tudo se observa na mesma planta levantada de ordem da
Camara Municipal de 27 de junho de corrente anno. Porto Alegre Agosto de 1857’.
Levantada por L. P. Dias (fig.160).
F
ig. 160 – ‘Planta da Villa de Camaquam’ por L. P. Dias de 1857
200
5.4.2 – Do Desenho da Planta de 1839
A
“Planta da cidade de Porto-Allegre, por L. P. Dias” é uma planta impressa,
monocromática, em folha de 79,5 x 52cm. O mapa propriamente dito está emoldurado por
uma elipse inscrita em um retângulo de 52 x 48,5cm. Esse retângulo que contém a elipse do
mapa fica na parte inferior da folha e ocupa aproximadamente metade da folha. A outra
metade está dividida em duas partes, em cuja parte superior está o titulo do mapa. O titulo
deste mapa está, por assim dizer, ‘solto’, ele não aparece enquadrado por nenhum tipo de
moldura. Entre o titulo e o mapa temos um novo retângulo dividido em quatro partes
principais, duas partes são dois retângulos mais horizontais que contém duas vistas da
cidade com suas legendas – uma vista intitulada ‘Vista de Leste’ e a outra intitulada ‘Vista do
Oeste’. As outras duas partes se apresentam como dois retângulos mais verticais que
contém elementos escritos legendas do mapa. No retângulo maior que contém a elipse
onde es a planta, os espaços vazios gerados pela elipse contêm também elementos
escritos, mais legendas do mapa (fig.161).
F
ig. 161 – Esquema da ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P. Dias de 1839
O que chama a atenção nesta planta, é que o mapa da cidade está emoldurado por
uma elipse. Como nos coloca Nuti
376
:
“todavia o problema da forma acaba por reapresentar-se de forma indireta
no momento no qual é necessário delimitar o objeto descrito. A escassa
atenção com que é enfrentado justifica também a não unicidade de
soluções. No mapa se pode chegar ao desenho da forma global da cidade
de duas maneiras distintas. Em um dos casos se conjugam com traços
201
sumários os pontos finais dos traçados internos e se evidencia o limite físico
d
a muralha: resulta numa forma irregular e seguramente em grande parte
arbitrária. Ou então se escolhe na partida uma forma símbolo com a qual
fechar o desenho, uma figura geométrica regular, interligada a
interpretações cosmogônicas, religiosas ou ideológicas”.
E como ela própria aponta isto nos remete a uma tradição de representação de
cidade em que, segundo ela, “se a forma circular, muitas vezes quadripartite internamente
para corresponder ao modelo cosmogônico, é usada como ideograma, como significante
abstrato da cidade, é aquela ovóide que vem a ser a escolhida para narrar à cidade na sua
realidade ocasional ou quotidiana”
377
. Neste sentido pode-se falar de imagens de mapas que
podem estar na origem da forma escolhida por L. P. Dias. Entre eles estão o mapa bizantino
de Jerusalém (mosaico) na cidade de Madaba (fig.18), na Jordânia (ca. 542) no qual a
cidade aparece envolta em uma elipse. Circunscritos a um círculo temos a representação de
Roma feita por Taddeo di Bartolo (fig.162) e uma imagem de Jerusalém (fig.163) que faz
parte de um fragmento Psalter (ca. 1200 - Koninklijke Bibliotheek). Têm-se estas mesmas
cidades envoltas numa elipse, no caso da cidade de Roma (fig.164) em um pergaminho que
teria sido feito por volta de 1330-40 inserido na Satyrica historia de Paolino of Venice
378
. No
caso do mapa de Jerusalém (fig.165) tem-se sua representação feita por Braun e
Hogenberg no Civitates Orbis Terrarum (1575)
F
ig.162 – Roma, Taddeo de Bartolo, 1413 Fig.163 – Jerusalém, Psalter, ca. 1200
3
76
NUTI, Lucia. Ritratti di città: visione e memória tra Medievo e Settecento. Veneza: Marsílio, 1996. p.104.
377
NUTI, Lucia. Ritratti di città: visione e memória tra Medievo e Settecento. Veneza: Marsílio, 1996. p.105.
378
Biblioteca do Vaticano.
202
F
ig. 164 – Roma, 1330-40 Fig. 165 – Jerusalém, 1575
Mais próximo, a data do mapa de Porto Alegre, circunscrito por um círculo, temos um
mapa de Madrid (fig.166) de aproximadamente 1700 feito por Tomas Lopes, um mapa dos
arredores de Londres de 1800 (fig.167), um mapa da Filadélfia (fig.168) de 1808 e o ”Mapa
do país trinta milhas a volta da cidade de New York “(fig.169) de 1812.
F
ig.166 – Madrid, 1700 Fig. 167 – Map of London Environs, 1800
F
ig.168 – Filadélfia, 1808 Fig.169New York, 1812
203
Circunscrito por uma elipse podemos encontrar um mapa dos arredores de Londres
d
e 1837 (fig.170) de Thomas Moule (Environs of London) e um mapa de São Francisco
(fig.171) de 1857 do Atlas of the United States of North America, Canada, New Brunswick,
Nova Scotia, Newfoundland, Mexico, Central America, Cuba, and Jamaica, de Henry Darwin
Rogers e Alexander Keith Johnston.
Fig. 170 – Environs of London, 1837 F
ig.171 – São Francisco, 1857
Estas formas, de emoldurar os mapas, também podem ter sofrido influências dos
diversos mapa-múndi, que devido aos diferentes sistemas de projeção, representaram a
terra por vezes circunscrita a um círculo e por vezes circunscrita a uma elipse. Na Idade
média pode-se ver essa representação, com o círculo, nas famosas cartas TO, e mesmo em
algumas TO mais sofisticadas como o mapa de Hereford de ca. 1300 (fig.21). Dessa época
também se encontra mapas circunscritos por uma elipse como o mapa Beatus (fig.172) de
1030. Utilizando outra forma geométrica tem-se de 1457 o Planisfério Genovês (fig.173). Em
períodos mais recentes, tem-se o mapa-múndi de 1570 de Abrahan Ortelius, no Theatrum
Orbis Terrarum (fig.174). no Atlas de Mercator podemos encontrar o mapa-múndi
(fig.175) de Rumold Mercator de 1587.
F
ig. 172 – Mapa Beatus, ca. 1030 Fig. 173 – Planisfério Genovês, 1457
204
F
ig. 174 – Mapa-múndi, Ortelius 1570 Fig. 175 – Mapa-múndi, R. Mercator 1587
No atlas de Blaeu, nos mapas dos continentes, foram colocados cartuchos que
mostravam lugares e cidades desse continente em que esse elemento esta inserido em um
retângulo que contem uma elipse onde está a planta da cidade. Pode-se ver isso, por
exemplo, no mapa da África (fig.176) e, no detalhe, a cidade de Alcair – Cairo (fig.177).
F
ig.176 – África, 1700 Fig.177 – detalhe cidade do Cairo
Outra característica marcante do mapa de L. P. Dias é a existência de duas vistas da
cidade: uma de leste e a outra de oeste. O uso de vistas também não é algo novo, pode-se
encontrar em vários mapas de cidade. O tipo de vista desenhada por L. P. Dias pode ser
classificada como perfil de cidade. As diferentes formas de representar a cidade têm a ver,
como aponta Nuti, com a procura de uma visão total do espaço. E como ela própria diz “na
busca da visão total é obvio que o perfil sozinho é bastante limitador. Ele não permite que se
veja nada além do primeiro plano onde os edifícios tendem a se achatar numa tira
bidimensional”
379
. Tanto Nuti
380
quanto Martins
381
ligam esse tipo de vista da cidade aos
marinheiros, a navegação e ao homem do Norte.
3
79
NUTI, Lucia. Mapping Places: chorography and vision in the Renaissance. In: COSGROVE, Denis (Ed.).
Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.101.
380
NUTI, Lucia. Ritratti di città: visione e memória tra Medievo e Settecento. Veneza: Marsílio, 1996.
381
MARTINS, Luciana de Lima. Mapping Tropical Waters: British views and visions of Rio de Janeiro. In:
COSGROVE, Denis (Ed.). Mappings. London: Reaktion Books, 2002.
205
Como afirma Nuti:
“O
italiano, habituado a organizar diversamente os dados da própria
percepção vivel, se mostra bastante insensível para configurar as cidades
de planícies ou portuárias como perfil, mesmo se o ponto de vista é o do
mar. Mas o homem do Norte, que se aproxima da terra ou penetra na
planície não terá dificuldade de reconduzir a paisagem às coordenadas do
próprio ambiente, de capturá-la com seu sistema habitual de leitura. Não irá
elaborar uma representação dilatada na horizontal”
382
.
Martins reforça a idéia de que este tipo de visão tem a ver com o papel da
navegação, nesses tempos, como principal meio de transporte. Segundo ela o perfil se
relaciona com as práticas dos navegadores ingleses que ajudaram “a formar a geografia do
mar britânica” ao “tornar esse outro mundo’ visível e acima de tudo reconhecível para os
navegadores e hidrógrafos britânicos”
383
. Ela se refere ao fato de que, para a marinha
inglesa, “por razões práticas de navegação, a descrição das linhas de costa através do
desenho era considerado superior a qualquer relato escrito”
384
. Conforme esta autora, a
importância desse tipo de descrição foi enfatizada em tratados do século XVIII; foi também
apoiada por pessoas importantes da época e por ações, através do treinamento dos
marinheiros na prática do desenho, em escolas especializadas na arte da navegação. Como
ela própria afirma, “essa prática de desenho associada com a navegação favoreceu a
produção de um número de imagens gráficas que ultrapassavam a mera provisão de
informação náutica e hidrográfica
385
.
As várias formas de “representação da cidade não o simplesmente conjuntos de
qualidades formais, mas expressões de culturas visuais diferentes
386
”. Para Nuti
“a pratica de descrever o mundo em perfil e, o valor atribuído a vista de
perfil como uma forma de conhecimento empírico, estão bastante
enraizadas em culturas relacionadas ao mar tais como a Flandres. Perfis da
costa fizeram a sua entrada em roteiros do Norte (livros de navegar de
pilotos) no final do século XV, e esse formato foi depois largamente aplicado
para as vistas de paisagem e de cidades, tanto por pintores como por
topógrafos
387
.
3
82
NUTI, Lucia. Ritratti di città: visione e memória tra Medievo e Settecento. Veneza: Marsílio, 1996. p.87.
383
MARTINS, Luciana de Lima. Mapping Tropical Waters: British views and visions of Rio de Janeiro. In:
COSGROVE, Denis (Ed.) Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.149.
384
MARTINS, Luciana de Lima. Mapping Tropical Waters: British views and visions of Rio de Janeiro. In:
COSGROVE, Denis (Ed.) Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.153
385
MARTINS, Luciana de Lima. Mapping Tropical Waters: British views and visions of Rio de Janeiro. In:
COSGROVE, Denis (Ed.) Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.159.
386
NUTI, Lucia. Mapping Places: chorography and vision in the Renaissance. In: COSGROVE, Denis. (Ed.)
Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.98.
387
NUTI, Lucia. Mapping Places: Chorography and Vision in the Renaissance. In: COSGROVE, Denis. (Ed.)
Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.99.
206
Demonstrando que esse tipo de vista da cidade em perfil era mais natural aos povos
d
o Norte, Nuti nos diz que “essas representações em perfil aparecem em grande número no
Civitates Orbis Terrarum, sobretudo em relação às cidades do Norte”
388
.
Isto se pode ver na representação de Estocolmo (fig.178), Suécia, e de Amersfoort
(fig.179), Holanda, nesta última se conjugam o mapa e a vista.
F
ig. 178 – Estocolmo, Suécia Fig. 179 – Amersfoort, Holanda
Mais próximo a nós temos a planta e a vista de Salvador, de 1714 (fig.180),
ilustração do livro de Amédée François Frézier e a Planta de Recife de 1773 (fig.181)
utilizada como ilustração no livro de Vilhena.
F
ig. 180 – Salvador, 1714 Fig. 181 – Recife, 1773
Na planta de 1839, como na de 1838, a península, suas ruas com indicação dos
nomes –, os volumes edificados e as muralhas aparecem. Os locais mais importantes estão
numerados e indicados no mapa. Aparecem espaços e prédios como o Palácio do Governo,
a Praça da Matriz, a Ponte do Riacho, Igrejas, o Arsenal da Marinha, Praça do Paraíso,
3
88
NUTI, Lucia. Ritratti di città: visione e memória tra Medievo e Settecento. Veneza: Marsílio, 1996. p.87
207
Praça da Alfândega, etc.. Fora das muralhas, indicam-se alguns caminhos, uma zona
d
emarcada que posteriormente se tornaria o atual Parque Farroupilha e núcleos habitados.
Pode-se dizer que existem cinco espaços de legendas na Planta de 1839 (fig.182). O
primeiro espaço, onde se vê grande parte da legenda intitulada “Estatística da Cidade
Subúrbios” e onde a mesma está referenciada através de números que vão do 01 ao 84,
ocupa os espaços vazios gerados no retângulo pela elipse que contém o mapa. Estas
legendas enumeram ruas, becos, Praças, Igrejas, Praias, Caminhos, Chácaras e
equipamentos urbanos variados.
F
ig. 182 – Esquema das legendas do mapa de Porto Alegre de L. P. Dias
O segundo e o terceiro espaço são os retângulos mais verticais que ladeiam as
vistas. No segundo espaço, o retângulo vertical que fica à esquerda, inicialmente uma
continuação das legendas numéricas anteriores. Aqui o os números do 85 ao 99 que são
listados. Ainda neste espaço temos uma legenda referenciada por um signo em forma de
estrela e depois legendas alfabéticas que começam neste retângulo da esquerda pela letra
(a) e continuam no terceiro espaço, o retângulo da direita da letra (b) até a letra (x).
Outros dois espaços contêm legendas da Vista do Leste e da Vista do Oeste,
colocadas abaixo de cada uma delas e referenciadas de forma numérica, sendo que no
espaço da Vista de Leste temos legendas numéricas de 1 a 30 que dizem respeito a essa
vista e no espaço da Vista de Oeste também temos legendas numéricas, neste caso do 31
ao 65 que dizem respeito a esta vista.
Nos dois grupos de legendas referentes ao mapa propriamente dito pode-se
perceber certa organização por parte do cartógrafo - Luiz Pereira Dias. Ao listar os diversos
208
espaços da cidade, ele o faz com uma determinada ordem: desta forma, as legendas do 1
a
o 30 referem-se às ruas da cidade; do 31 ao 41 são enumerados os becos; do 42 ao 45 as
praças; do 46 ao 48 alguns equipamentos da cidade; do 49 ao 52 estão enumeradas as
Igrejas; 53 e 54 são os cemitérios; o 55 refere-se às catacumbas; do 56 ao 63 mais
equipamentos da cidade; o 64 e 65 referem-se a elementos ligados ao Riacho (Arroio
Dilúvio); do 66 ao 68 estão listadas as praias; 69 e 70 mais alguns equipamentos da cidade;
do 71 ao 75 tem-se a relação dos Caminhos; do 76 ao 80 são listadas as olarias; do 81 ao
86 tem-se mais alguns equipamentos variados da cidade; do 87 ao 94 são enumeradas
várias chácaras da cidade; e, por fim, do 95 ao 99 são enumerados alguns locais ou
elementos ligados ao rio/lago Guaíba.
A única legenda que não é numérica nem alfabética situa dois locais no mapa
através do desenho de uma estrela. Esta legenda conta uma notícia referente à Guerra dos
Farrapos e que é favorável aos legalistas. Esta notícia já constava do mapa de 1838 – trata-
se do ataque dos Farrapos a cidade, ocorrido em 30/06/1836, em que os mesmos tendo
1500 homens não conseguiram invadir a cidade que foi defendida por apenas 300
combatentes. Essa notícia serve para ressaltar as melhorias que foram feitas no sistema de
fortificação da cidade, sendo destacado que graças a elas um ataque semelhante ao
descrito teria ainda menos chances de sucesso.
Quanto às legendas alfabéticas, elas tratam principalmente do sistema defensivo e
de ataque da cidade. As quatro primeiras a, b, c e d ao mesmo tempo em que situam
elementos de ataque e defesa contam um pouco das histórias da Guerra dos Farrapos que
se relacionam a esses locais, enfatizando dessa forma a necessidade destes equipamentos.
Nas legendas do e ao u (e, f, g, h, i, l, m, n, p, q, r, s, t e u) são listados os pontos de bateria
dispostos ao longo da muralha. Estes 14 pontos contêm na legenda a descrição do número
de equipamentos de artilharia neles existentes. A última legenda alfabética, a letra x situa no
mapa dois locais distintos, onde estão dispostas duas canhoneiras que auxiliam a defesa da
cidade nas pontas da muralha junto ao rio/lago Guaíba.
Os outros dois blocos de legendas referem-se a duas vistas da cidade que aparecem
nesta planta. Nestas duas legendas o cartógrafo também tentou listar os elementos nelas
descritos com certo ordenamento. A lógica por ele utilizada foi a de enumerar os elementos
por ele destacados conforme os mesmos aparecem nas duas vistas preferencialmente da
esquerda para a direita. Entre os elementos citados nas vistas podemos ver caminhos,
morros, edifícios de destaque, Igrejas, casas, barcos e o entrincheiramento da cidade,
através da indicação de vários pontos de defesa e de ataque.
209
Esta planta, como a de 1838, está mais de acordo com os preceitos científicos de
su
a época. Nela se pode encontrar uma escala gráfica, que está colocada de forma
centralizada, bem abaixo do mapa, fora da moldura. Essa escala é em braças -250 braças
(fig.183). Pode-se ver nesta planta desenhada em sua parte superior uma Rosa dos Ventos
em que a seta que aponta para o Norte se destaca das demais (fig.186). A planta está
desenhada com o norte quase para cima, com uma diferença de apenas 6 graus de
inclinação, o que a torna mais de acordo com os preceitos científicos de sua época do que
as plantas anteriores de Porto Alegre.
F
ig.183 – Escala gráfica em braças (250)
Na superfície do lago/rio Guaíba, pode-se ver setas que indicam o sentido do
movimento das águas. E, como na planta de 1838, vê-se uma fidelidade geográfica, na
representação da ‘península’.
O desenho desta planta é uma representação da cidade de Porto Alegre, de parte de
seus arredores, de parte do lago/rio Guaíba e de parte de algumas de suas ilhas em duas
dimensões. Como na planta de 1838, os quarteirões e as ruas estão demarcados por traços
que configuram as suas formas e suas ruas, becos e travessas. O desenho de seus
quarteirões não é um elemento cheio e compacto, pois como na planta de 1838, existe a
preocupação em demonstrar que a ocupação das quadras acontece em suas faces e que no
interior das mesmas restam, em grande parte, espaços vazios. Além disso, esse desenho
dos elementos construídos mostra como se a ocupação das quadras, deixando
transfigurar, também nesta planta, que uma maior densificação na parte norte da
península. As faces das quadras dessa parte da península estão todas construídas, quase
não espaços vazios. na parte sul da península, por ser menos densamente ocupada,
encontram-se espaços não construídos nas faces das quadras. Também nesta planta, como
na de 1838 e na de Zambeccari, na representação dos elementos construídos há uma
simulação de tridimensionalidade, através do uso de uma linha mais grossa, uma espécie de
210
sombreamento, num dos lados dos elementos construídos. Mas, nesta planta há um reforço
d
a representação bidimensional, pois, diferentemente das anteriores, os barcos que
aparecem no Guaíba não são mais desenhados de forma ‘tridimensional’: são apenas
indicados através de legendas.
Esta planta é a primeira a tentar demonstrar em sua representação bidimensional
que a cidade de Porto Alegre não é uma cidade plana. o desenho de uma espécie de
sombreado, que se trata de uma convenção para demonstrar as diferenças de nível
existentes no terreno, um esboço de curvas de nível. A representação do relevo de Porto
Alegre, existente nesta planta, é reforçada pelo desenho das vistas este e oeste da cidade,
que demonstram o fato desta cidade não ser plana.
A muralha ou linha de fortificações, assim como na planta de 1838, também aparece.
Apesar de ser ainda uma linha mais grossa do que as demais, já não chama tanto a atenção
como na planta anterior. O traçado foi modificado. Nesta planta, a muralha de certo modo
fecha a ‘Península’ em relação ao território além dela e, nos dois flancos, ela atinge o
rio/lago Guaíba. Na planta de 1838, a muralha no flanco sul ia apenas ao Riacho (atual
arroio Dilúvio) e o mesmo era considerado um elemento natural de defesa. Nesta, a muralha
no flanco sul continua do outro lado do Riacho indo até o Guaíba. O outro ponto onde a
muralha foi modificada é ao longo do Beco do Israel (atual R. Sarmento Leite): na planta de
1838, esta parte da fortificação era apenas um muro de tijolo construído na Chácara de
Israel Soares de Paiva, onde em caso de necessidade se fariam andaimes para se poder
fazer fogo desta direção. Neste ponto na planta de 1839, a muralha não passa mais junto
ao Beco do Israel (atual Rua Sarmento Leite), a muralha foi para mais além do beco,
chegando a um ponto mais próximo da atual Rua da República, englobando no seu interior a
região onde o mapa de 1838 indicava o potreiro do Joãozinho da Olaria.
Essa modificação do traçado da muralha aponta para a análise feita por Macedo
sobre as muralhas nos dois mapas:
“no entanto, em nenhuma parte, o documento que estamos analisando (o
de 1838) registra um ponto fraco do sistema de defesa. Feito ou mandado
fazer pelas autoridades da «situação», embora rico em detalhes, não chega
a apontar a parte das trincheiras que teriam sido mais vulneráveis. Mas se o
comparamos com o segundo documento, o de 1839. que apresenta a linha
envolvente da zona urbana dois anos depois, o estudioso intui que
precisamente no lado sul e sudeste da península deveria estar a parte mais
fraca. Durante este tempo o desenhista do segundo documento mostra o
avanço da defesa pela rua João Pessoa até, pelo menos, a rua da
República e desta a sua continuidade até a Praia de Belas, cruzando o
211
arroio Dilúvio. Desta forma maior número de chácaras e olarias foram
a
braçadas pela linha e o trecho final do arroio Dilúvio também ficou dentro
do sistema de defesa”
389
.
A representação do lago/rio Guaíba é caracterizada pelas setas que mostram o
sentido do movimento das águas e por um trabalho gráfico, de várias linhas paralelas ao
terreno que se estendem para dentro do rio, dando uma idéia de sombreamento e de ondas.
Este tipo de representação das águas, através de linhas paralelas ao terreno é uma
convenção mais condizente com a cartografia da época do que a utilizada na planta de
1838.
Neste mapa, a incidência de vegetação dentro da muralha, quase desapareceu,
encontramos alguma vegetação em três locais: na ponta de terreno entre o Riacho e o Rio,
que foi incorporada na cidade com o prolongamento da muralha; na região da Chácara do
Joãozinho da Olaria, que está com mais edificações do que no mapa anterior; e na nova
região incorporada à cidade pela muralha, além do Beco do Israel (Rua Sarmento Leite). A
vegetação que antes existia entre o flanco norte da muralha e junto a Rua do Couto (atual R.
Senhor dos Passos) não está representada.
A região fora da muralha, que na planta de 1838 poder-se-ia dizer ser uma área
rural, apesar de manter esse caráter, está em algumas regiões mais densamente povoada.
uma incidência maior de construções junto à região do Caminho Novo (atual Voluntários
da Pátria), junto à região do denominado, nesta planta, de Caminho do Passo d’Areia (atual
Av. Independência), junto à Rua da Azenha (atual João Pessoa) e junto ao Caminho de
Bellas (atual Av. Praia de Belas). Fora das muralhas, as divisões de propriedades são feitas
por linhas tracejadas e não mais pela vegetação. Afora isso, pode-se ver a representação da
vegetação ao longo do Riacho, nas Ilhas do Guaíba e em dois pontos na região dos
moinhos de vento Nestes locais, a vegetação está desenhada indicando vegetação nativa,
já que não há, nesta planta, uma convenção que demonstre áreas cultivadas. Também aqui,
aparentemente, as árvores diminuíram. Afora os pontos de vegetação nativa, elas pouco
aparecem. A região denominada ‘varzia’ mantém o desenho da planta anterior, um projeto
de ocupação desta área que nesta planta é referido como ‘Varzea grande em Projecto da
nova cidade’.
Em relação às influencias que este mapa teve de outros mapas, afora a questão de
seu emolduramento através de uma elipse, pode-se constatar uma grande semelhança
entre a “Planta da cidade de Porto-Allegre, por L. P. Dias” (fig.184) e uma planta intitulada
3
89
MACEDO, Francisco Riopardende de. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto Alegre: Sulina, 1968. p. 88
212
“Cidade do Porto copiada da Planta publicada em Londres e dedicada ao Brigadeiro Sir
N
icolao Trant, Governador que foi das Armas do Partido do Porto” (fig.185).
F
ig.184 – Planta da Cidade de Porto-Allegre (1839) Fig.185Cidade do Porto (1813)
Esta planta da cidade do Porto em Portugal, de 1813, atribuída com bastantes
interrogações a Jorge Balck, é uma planta em que o mapa da cidade está emoldurado,
neste caso por um círculo. Este círculo, como a elipse da planta de Porto Alegre, está
inscrito em um quadrado. As legendas desta planta estão colocadas nos espaços vazios
entre o círculo do mapa e o quadro no qual o círculo está inscrito. A representação de vários
elementos das duas plantas são bastante similares: a rosa dos ventos (fig. 186 e 187)
desenhada nas duas plantas é bastante semelhante e as duas estão desenhadas na região
de água – uma no Guaíba, a outra no Rio Douro; a seta (fig. 188 e 189) que indica a direção
do movimento das águas no Rio Douro é também muito parecida com as setas desenhadas
no Guaíba; a forma de representação dos elementos construídos, da ocupação das quadras
também tem similaridades; e a forma de dar a entender o relevo do terreno também é quase
igual.
F
ig.186 – Rosa dos ventos 1839 Fig.187Rosa dos ventos 1813
213
F
ig.188 – Seta movimento água 1839 Fig.189 – Seta movimento água 1813
O que também chama a atenção, por ser bastante semelhante, são os tipos de letras
utilizados nos títulos das duas plantas. A palavra “Planta” (fig.190) na planta de Porto Alegre
utiliza a mesma letra das palavras “Cidade do Porto” (fig.191) na planta portuguesa,
inclusive com enfeites semelhantes. E a parte do título da planta de Porto Alegre que diz
“Com a linha de Trincheiras e Fortificações que lhe tem servido de defesa desde o
memorável dia 15 de junho de 1836, com as rectificações e melhoramentos que se tem feito
por motivo de ter sido atacada pelos sediciosos em 1836, 1837 e sitiada em 1838, 1839
tempo em que esta he concluída com duas Vistas, hua de Leste, outra do Oeste com as
declarações a respeito. Porto Alegre, 2 de Dezembro de 1839”, utiliza a mesma letra (fig.192
e 193) da planta da cidade do Porto onde se “copiada da Planta publicada em Londres e
dedicada ao Brigadeiro”. As principais diferenças são: o fato de uma ser emoldurada por
uma elipse enquanto a outra é emoldurada por um círculo; a planta de Porto Alegre contém
além do mapa duas vistas da cidade que não existem na planta da Cidade do Porto; a
planta do Porto é colorida, a de Porto Alegre é em tons de cinza; a planta de Porto Alegre foi
impressa no Rio de Janeiro e a planta da Cidade do Porto foi impressa em Londres; e, por
último, a planta da cidade do Porto é de 1813 e a de Porto Alegre é de 1839.
F
ig.190 – ‘Planta’ na planta de 1839 Fig.191Cidade do Porto na planta de 1813
F
ig.192 – Texto planta 1839 Fig.193Texto planta 1813
O que L. P. Dias inclui no mapa foi bastante explanado. Falta tentar alinhavar o
que ele exclui. Neste sentido, é interessante constatar que alguns dos lugares enumerados
na legenda não foi possível identificar na planta: a Igreja do Rozario (n°51) aparece na
legenda, mas o mero não está colocado na planta e no local da Igreja não a notação
214
da cruz característica da representação de Igrejas nos mapas, e que aparece nas outras
I
grejas relacionadas nesta planta; o outro local enumerado (n°88) e que o aparece no
mapa é a chácara do Barbosa. um erro de numeração nestas legendas, pois o 62
aparece duas vezes, e fica faltando o 61. Nesta planta, Luiz Pereira Dias fez o levantamento
das ruas de Porto Alegre, mas ao nominá-las na legenda ele aparentemente esqueceu-se
de duas ruas que estão demarcadas, isto é, a Travessa do Paraíso e a Rua do Paraíso
(nomes colocados em conformidade com o mapa de 1838, atualmente Rua Dr. José
Montaury e Av. Otavio Rocha).
O mapa de 1839 também é um mapa impresso. Nele constam duas referências
acerca de sua impressão na parte inferior do mapa. No lado esquerdo aparece “J. H.
Leonhard fec” e no lado direito “Lith. de Vr. Larée” (fig.194). Sabe-se por isso que a
impressão foi feita no Brasil, no ateliê litográfico chamado Lithografia Vr. Larée de Pierre
Victor Larée. Foi ele e seu ateliê que imprimiram também, como foi descrito o mapa de
1838. , no entanto uma diferença, sobre a questão da impressão na planta de 1839, pois
além de constar o nome do ateliê litográfico, consta também da planta o nome do gravador –
“J. H. Leonhard fec” (fig.195), ou seja, J. Hartmann Leonhard gravou. Esse litógrafo J.
Hartmann Leonhard (1813 - ?) foi contratado em 1838 por Larée na Alemanha, juntamente
com o encadernador Joseph Georg Mayr (1819 - ). Segundo Ferreira, “ambos chegaram no
Rio de Janeiro em 8 de setembro de 1838, mas três meses depois, tentados por melhores
ofertas, haviam abandonado a oficina contratante”
390
. Neste sentido, se Hartmann não mais
estava na oficina de Larée em 1839, a explicação possível para ele ter gravado este mapa é
que tenha ficado em dívida com seu contratante. Para honrar sua dívida, ele deve ter tido
que fazer alguns trabalhos mesmo depois de ter se desvinculado da litografia, entre os quais
a planta de Porto Alegre levantada por L. P. Dias.
F
ig.194 – Indicação de Litografia Fig.195 – Indicação de gravador
Não foi encontrada nenhuma informação referente à quantidade de exemplares
impressos deste mapa. A Fundação Biblioteca Nacional, segundo seus registros, possui
quatro exemplares do mesmo (ARC.007,05,012 Cartografia ex.1; ARC.008,03,023
Cartografia ex.2; ARC.009,11,009 Cartografia ex.3; ARC.028,11,018 Cartografia ex.4) e, de
3
90
FERREIRA, Orlando da Costa. Imagem e Letra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
p.361.
215
acordo com a relação do Arquivo Histórico do Exército, de seus arquivos constam dois
e
xemplares. A Mapoteca do Itamaraty possui um exemplar
391
.
Em relação a sua divulgação, este mapa foi bem mais divulgado do que seu
antecessor. Pode-se perceber isso nas publicações sobre a história de Porto Alegre em que
ele aparece inclusive com a imagem completa. A começar pelos dois livros de Francisco
Riopardense de Macedo: Porto Alegre: Origem e Crescimento e História de Porto Alegre.
Ele aparece também nos livros: de Leandro da Silva Telles - Porto Alegre Antigo; de Clóvis
Silveira de Oliveira - Porto Alegre, a Cidade e sua Formação e A Fundação de Porto Alegre;
de Célia Ferraz de Souza & de Dóris Maria Müller - Porto Alegre e sua Evolução Urbana; e
no CD Cartografia Virtual Histórica-Urbana de Porto Alegre, do IHGRS, editado em 2005.
5.4.3 – Das Leituras do Mapa
Como se pode ver ao analisar os registros, L. P. Dias, contratado como arruador pela
Câmara em 09 de julho de 1838, fez o levantamento e a execução da planta até a data que
consta da mesma 02 de dezembro de 1839, demonstrando aos seus contratantes suas
habilidades de cartógrafo. Desde a planta de 1825, cujo exemplar não sobreviveu, pode-se
ver nos registros da Câmara, a vontade de que seus empregados executassem plantas da
cidade e, em pelo menos uma ocasião, - em 24/10/1829
392
, os Vereadores pedem ao
Arruador da cidade que “acelere a Planta da Cidade”. Depois da planta de 1825, houve a de
Zambeccari que, por suas caractesticas e seu histórico, não pode ser considerada uma
planta de domínio público. A planta seguinte, a de 1838, por seu caráter político-militar,
também não poderia estar muito disponibilizada. É bem verdade que também não se tem
registros sobre disponibilização em relação à Planta de L. P. Dias. O registro que se tem
desta planta diz respeito a 1853. Consta da Correspondência Passiva da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre (1847 1866) um ofício de 24/10/1853, do Presidente da
Província, perguntando se “convém adotar a Planta da Cidade levantada por L. P. Dias ou
dar a este uma gratificação para atualizá-la”
393
.
3
91
De acordo como site ARQUIVO DIGITAL DE CARTOGRAFIA URBANA. Lisboa, 2007. Disponível em:
<http://cartografiaurbana.ceurban.com/>. Acesso em: 31 out. 2008.
392
TOSON, Berenice Ana et al. Catálogo das Atas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre 1826 1835.
Porto Alegre: Secretaria Municipal da Cultura, 1994. Vol. 7.
393
MACEDO, Francisco Riopardense de et al. Correspondência Passiva da Câmara Vereadores de Porto Alegre,
1847 1866. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
1976. Caderno 4. p. 40.
216
Afora essas questões de disponibilização ou não, como se pode ver ao comparar as
d
uas plantas, a de 1838 estava desatualizada. O próprio título da planta de 1839 revela que
um de seus objetivos é mostrar “as rectificações e melhoramentos que se tem feito por
motivo de ter sido atacada pelos sediciosos em 1836, 1837 e sitiada em 1838, 1839, tempo
em que esta he concluída com duas Vistas, hua de Leste, outra do Oeste com as
declarações a respeito”. E uma das mais aparentes diferenças entre estas duas plantas é o
desenho da muralha, que passa a englobar uma das áreas definidas como urbanas pelas
“Posturas Policiais” aprovadas pelo Conselho Geral da Província em 10 de fevereiro de
1831, as quais, para o caso dos limites, o teor do Artigo era o mesmo desde 1829.
Segundo Macedo:
“o capitulo primeiro já estabelecia os novos limites da cidade «pela rua
Travessa que vai do Caminho Novo aos primeiros moinhos de vento, que
o hoje pertencentes a Antonio Martins Barbosa, até o meio da largura da
estrada geral imediata; e desta, em linha reta, até a embocadura da rua da
Olaria pela frente da chácara do Sargento Mor João Luiz Teixeira, e da
mesma embocadura em linha reta até o Riacho, seguindo por ele até a sua
embocadura». Isto quer dizer que a partir de então os limites urbanos iam
da rua Barros Cassal (Beco do Barbosa) até a avenida Independência e
desta seguia, incluindo todo o terreno da Santa Casa (Misericórdia), através
da Sarmento Leite até a rua Lima e Silva e desta, pela República, até o
Riacho”
394
.
Pode-se observar que a Planta de L. P. Dias não foi calcada sobre Planta do Império
do Brasil. O desenho da península na planta de 1839 é um pouco mais alongado que no da
de 1838. Outras diferenças que se podem ver são: o desenho da forma das ilhas; a
distância da linha da muralha até o Beco do Barboza (atual Barros Cassal) na região do
Caminho Novo, que é maior na planta de 1839 do que na de 1838; o traçado da rzea na
ponta em direção ao Caminho da Capella/Estrada geral para a Freguezia de Viamão (atual
Av. Protásio Alves) é mais bicudo’ como já apontava Macedo, “é difícil comparar
tecnicamente as duas plantas porque sem dúvidas, na segunda, algumas distorções no
lado da várzea do Portão”
395
.
A existência dessas diferenças pode dar a entender que, apelo menos o término
do desenho de sua planta, L. P. Dias não teve contato com a Planta de 1838, ou que se teve
achou que a mesma não estaria ‘acurada’. Alguns outros detalhes da planta, porém,
poderiam dar a entender que ele teria visto a planta de 1838. O principal deles são as
3
94
MACEDO, Francisco Riopardense de. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto Alegre: Sulina, 1968. p. 84
395
MACEDO, Francisco Riopardense de. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto Alegre: Sulina, 1968. p. 86-
87
217
legendas que contam histórias da Guerra dos Farrapos, como a legenda da ‘estrela’ que fala
d
o cerco da cidade por 1500 homens e que sua defesa foi feita com apenas 300. Esse
acontecimento é um dos fatos que constam das duas plantas, mas pode-se dizer que sendo
uma história marcante, que devia ser bem conhecida na cidade, a planta de 1838 não seria
a única fonte desta história acessível a L. P. Dias.
De certa forma, pode-se dizer que esta planta, mesmo demonstrando algumas
preocupações em relação à Guerra dos Farrapos, está mais relacionada com a vida
cotidiana da cidade. Tendo sido feita a pedido da municipalidade, por um empregado da
Câmara de Vereadores, responde aos problemas do dia a dia da cidade, especialmente as
questões de alinhamento urbano.
Popularmente, entre as plantas existentes da cidade, a mais conhecida entre as mais
antigas é este trabalho de L. P. Dias, que se distingue por oferecer as primeiras vistas da
cidade: uma de leste (fig.196) e outra do oeste (fig.197) da península. Estas vistas têm a ver
com a tradição apontada por Lucia Nuti acerca da “combinação das duas ‘pingendi rationes’
‘geometrica’ e ‘perspectiva’”
396
, isto é, a relação entre “o abstrato e o concreto, o
matemático e o visual, o exato e o lifelike, estabelecido pela distinção ptolomaica que está
na base da cultura geográfica da Renascença”
397
.
Fig. 196 – Vista de Leste
Fig. 197 – Vista de Oeste
3
96
NUTI, Lucia. Mapping Places: corography and vision in the Renaissance. In: COSGROVE, Denis (Ed.)
Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.94.
397
NUTI, Lucia. Mapping Places: corography and vision in the Renaissance. In: COSGROVE, Denis (Ed.)
Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.108.
218
O mapa de 1839, ao conter a planta (técnica) e as duas vistas (visão), contempla, em
ce
rta medida, essa tradição e o que a autora chama de uma “procura de uma imagem
totalizante da cidade”, onde se tenta chegar a um equilíbrio entre essas tendências. Nesse
mapa, “os mundos separados da visão e da abstração estão combinados. A cidade do olho
e a cidade do instrumento de medição aparecem juntas uma da outra na mesma folha, tal
como a gravura de Amsterdam por Daniël Stalpaert (fig.198)”
398
. Esta gravura inaugura de
certa forma o tipo de representação da cidade que se tem na planta de 1839.
F
ig. 198 – ‘Amsterdam’ por Daniël Stalpaert de 1670 (ca.)
A planta de 1839, por estar concebida em conjunto com duas representações
panorâmicas da cidade, se constitui também numa peça de transição entre a representação
cartográfica e a representação pictórica de Porto Alegre. Estas duas imagens nos dão noção
do perfil da península, com suas elevações: a vista de leste mostra bem o
‘entrincheiramento’ existente; a vista de oeste mostra a cidade vista do rio, com vários
barcos aparecendo na cena. Também nesta última vista, pode-se ver o entrincheiramento e
a existência, para além dele, de poucos prédios, constituindo uma cidade que se
desenvolveu, principalmente, dentro da linha formada pelas fortificações.
Outra questão importante que se pode inferir da análise feita desta planta é sobre a
formação de cartógrafo de L. P. Dias. Presumindo que a chegada ao Brasil tenha sido por
3
98
Nuti, Lucia. Mapping Places: corography and vision in the Renaissance. In: COSGROVE, Denis (Ed.)
Mappings. London: Reaktion Books, 2002. p.105.
219
volta de 1830/31 e considerando a data de nascimento dele sendo 1804
3
99
, ele teria em
torno de 27 anos neste momento e, como não registro dele como tendo pertencido ao
Corpo de Engenheiros do Exército Brasileiro, seu aprendizado deve ter-se dado na cidade
do Porto, em Portugal. Reforça esta hipótese o seu Termo de Declaração, feito no momento
em que ele pede a naturalização, quando afirma ser natural da Freguesia de Cedofeita no
Porto. Tendo aprendido suas habilidades em Portugal, isso explicaria a semelhança da
Planta de Porto Alegre com a da Cidade do Porto. Ao estudar a cartografia, deve ter tido
acesso a esta planta, já que ela é de 1813. Outra questão que reforça a idéia de sua
formação em Portugal e de ter conhecimento dessa planta da cidade do Porto, é o fato de
que, no inventário
400
de sua esposa, consta da listagem dos bens do casal dois livros cujos
títulos são: “Descrição da Cidade do Porto” e “Descrição Topographica da Cidade do Porto”.
3
99
Conforme informação mencionada em nota anterior de Jorge Godofredo Felizardo na Arquidiocese de Porto
Alegre.
400
Trata-se do inventário de Maria Josefa de Bragança Dias de 1856, cujo inventariante foi seu marido Luiz
Pereira Dias CARTÓRIO DE ORPHÃOS. Inventário de Margarida Josefa de Bragança. Inventariante: L. P.
Dias. Porto Alegre, 14/11/1856. Não publicado. Disponível em: Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul,
EST-121E2, Cx. 1438.
220
5.5 – A PORTO ALEGRE DE CONRADO JACOB DE NIEMEYER
F
ig. 199 – Planta da cidade de Porto-Allegre – 1844 Conrado Jacob de Niemeyer
221
Fig. 200 – Carta Corographica do Império do Brazil – 1846 Conrado Jacob de Niemeyer (FBN)
222
D
ata de 1844 a quarta planta da cidade de Porto Alegre (fig.199). Trata-se de uma
planta de autoria de Conrado Jacob de Niemeyer. Ela está incluída na ‘Carta Corográfica do
Império do Brazil’ (fig.200) cuja publicação foi feita no Rio de Janeiro pela Heaton &
Rensburg, em 1846.
5.5.1 – O Cartógrafo Condecorado
Conrado Jacob de Niemeyer nasceu em Lisboa em 28/10/1788 e faleceu no Rio de
Janeiro em 14/02/1862. Filho de Conrado Henrique Niemeyer, um coronel engenheiro
hanoveriano ao serviço do exército português, e de D. Firmina Angélica de Niemeyer.
Como relata Macedo
401
, “resolvido a seguir a profissão de seu pai assentou praça de
cadete no regimento de artilharia da corte em fevereiro de 1803, entrando logo para o
Collegio Militar, onde completou todos os estudos preparatórios com distinção, sendo em
1808 considerado o primeiro alumno do Collegio”. Com a invasão napoleônica e a vinda da
corte para o Brasil, Conrado Jacob de Niemeyer emigrou em 02 de fevereiro de 1808 com
“dois cadetes, um cabo e oito soldados, para a esquadra ingleza que bloqueava o porto; e,
levado a Portsmouth, ficou guarnecendo com os companheiros o brigue Destemido, até que
partiu para o Brasil, onde chegou, desembarcando no Rio de Janeiro, em julho de 1809”
402
.
Novamente incorporado ao regimento de artilharia, retornou aos estudos,
completando-os com distinção em 1815, recebendo então a patente de Tenente de
Engenheiros.
Como militar, lutou pela legalidade na Revolução de 1817 em Pernambuco. Na
Independência do Brasil, o capitão de engenheiros Conrado Jacob de Niemayer adota como
pátria o Brasil, fazendo parte, a partir de então, do exército brasileiro. Em 1824, também em
Pernambuco, durante o movimento da Confederação do Equador,
4
01
MACEDO, Joaquim Manoel. Discurso do Orador. Revista do Instituto Histórico, Geográphico e Ethnographico
do Brasil, Rio de Janeiro, v. 25, p. 718-739, 1862. Disponível em:
<http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1862t0025.pdf>. Acesso em 06 set. 2009. p. 727
402
MACEDO, Joaquim Manoel. Discurso do Orador. Revista do Instituto Histórico, Geográphico e Ethnographico
do Brasil, Rio de Janeiro, v. 25, p. 718-739, 1862. Disponível em:
<http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1862t0025.pdf>. Acesso em 06 set. 2009.p. 728
223
“fortificou a Barra Grande, detendo as forças de Barros Falcão até a
ch
egada de Francisco Lima e Silva, passando, então, a comandar a
vanguarda das tropas do Governo. Foi galardoado, por esse feito, com a
medalha de ouro da Constância, com que D. Pedro I destacava os mais
bravos combatentes
403
.
Foi nomeado presidente da comissão que julgou os participantes da Confederação
do Equador. Acusado de abuso de autoridade, foi absolvido e elogiado pelo Conselho de
Guerra que o julgou em 1828. Em 1831, passou a fazer parte do Partido Caramuru ou
Restaurador. Em 1832, foi novamente preso, julgado e absolvido por um Conselho de
Guerra. Descontente com o exército, “pediu e obteve em 1833 a sua reforma no posto de
Coronel”
404
.
Como engenheiro, destacou-se como geógrafo e na construção de fortificações, bem
como em obras públicas e de urbanização. Ainda como militar entre 1817 e 1824, em
Pernambuco, levantou a planta de Olinda, de Recife e dos subúrbios; da construção de
estradas, de açudes, da organização do plano de defesa da Província e de um plano de
encanamento de água para o Recife. Em 1829, no Rio de Janeiro estudou as fortificações
do porto e da barra, levantou e orçou as despesas da estrada geral de São Paulo ao Rio de
Janeiro e foi nomeado adjunto da Comissão Estatística e Geográfica do Império. Ainda no
Rio de Janeiro em 1836, após ter saído do exército, passou a dirigir a seção de Obras
Públicas da Província. Elabora neste período, com Pedro de Alcântara Bellegarde, um plano
para o desmoronamento do Morro do Castelo que foi apresentado ao corpo legislativo em
1838. Em 1839, associado com o Major Henrique Luis de Niemeyer Bellegarde, com o
Engenheiro Pedro Taulois, e outros, participou dos levantamentos para a feitura de uma
carta corográfica da Província do Rio de Janeiro. Outra vez em Pernambuco, em 1841, com
o seu colega Pedro de Alcântara Bellegarde apresentou um novo plano para o encanamento
de água de Recife, que ambos executaram.
Em 25 de novembro de 1838, torna-se um dos sócios fundadores do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). De 1842 a 1846 trabalhou na Carta Geral do
Império, que dedicou ao IHGB. Com esta carta ele foi agraciado com o diploma de sócio
honorário do IHGB e recebeu das mãos do Imperador, uma medalha de ouro por sua carta
ter sido considerada pelo IHGB como o trabalho que mais se distinguiu na área de
Geografia, no ano de 1846. Por este trabalho foi também homenageado na Europa, com
4
03
TAVARES, Aurélio de Lyra. A Engenharia Militar Portuguesa na construção do Brasil. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 2000. p. 130.
404
MACEDO, Joaquim Manoel. Discurso do Orador. Revista do Instituto Histórico, Geográphico e Ethnographico
do Brasil, Rio de Janeiro, v. 25, p. 718-739, 1862. Disponível em:
<http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1862t0025.pdf>. Acesso em 06 set. 2009.p. 730
224
diplomas de cio honorário da Sociedade Geográfica de Berlim e da Sociedade Botânica
d
e Regensburg.
Em 1856, passou a trabalhar numa nova carta corográfica do Império. E em 1857,
por ordem da Assembléia Provincial, executa com Pedro de Alcântara Bellegarde uma
‘Carta Corographica da Província do Rio de Janeiro’. Ao longo de sua carreira, foi
distinguido com a Imperial Ordem do Cruzeiro, com a Comenda da Ordem de Avis e com a
medalha de oficial da imperial Ordem da Rosa.
Sua produção cartográfica foi extensa, como demonstram as seguintes obras:
1819 PLANTA DO RECONHECIMENTO FEITO NAS CAPITANIAS DE
PERNAMBUCO E ALAGOAS Autor Ten. Conrado Jacob de Niemeyer, colorido, nanquim,
tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, com legenda, com seta norte, escala em
léguas, papel canson telado, bom estado, medindo 68,5cm x 75,5cm
1821 – PLANTA TOPOGRÁPHICA DO BAIRRO DA BOA VISTA NA VILLA DO
RECIFE, CAPITAL DA PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO Autor Cap. Miranda de Brito e
Ten. Niemeyer, colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com nota explicativa, com rosa
dos ventos, escala em braças, papel canson telado, bom estado, medindo 53cm x 88,5cm
1823 – MAPPA TOPOGRÁFICO DA PARTE DAS PROVÍNCIAS DE PERNAMBUCO,
ALAGOAS E PARAHIBA – Autor Tenentes Firmino Herculano de Moraes Ancora e Conrado
Jacob de Niemeyer, monocromático, nanquim, aquarela, com nota explicativa, com rosa dos
ventos, escala em léguas, papel canson telado, bom estado, medindo 63cm x 70cm.
1839 – CARTA COROGRAPHICA DA PROVINCIA DO RIO DE JANEIRO – Segundo
os reconhecimentos feitos pelos Coronel Conrado Jacob de Niemeyer, o Major Henrique
Luis de Niemeyer Bellegarde, Julio Frederico Koeler e Carlos Riviere, Directores e Chefes
das Secções da Directoria das Obras Publicas. Contendo os trabalhos hydrographicos e
Topographicos do Almirante Roussin, do Marechal Miranda e Brito, do Brigadeiro Xavier de
Brito, do Tenente Coronel Couto Reis, dos Marechais Srs de Andrea e Cordeiro.
Coordenada e desenhada pelo Engenheiro Pedro Taulois encarregado do Archivo da
Directoria sendo Presidente da mesma o Brigadeiro João Paulo dos Santos Barreto.
(fig.201)
225
F
ig. 201 – Carta Corographica da Província do Rio de Janeiro – 1839
1844 PLANTA HIDRO-TOPOGRÁFICA DA ESTRADA DO COMMÉRCIO ENTRE
OS RIOS IGUASSÚ E PARAHIBA Autor Cel. Conrado Jacob de Niemeyer, impresso,
monocromático, com nota explicativa, com observações, com seta norte, escala em braças
e léguas, papel canson, bom estado, medindo 20,5cm x 84cm.
1848 - PLANTA COROGRAFICA DE HUMA PARTE DA PROVINCIA DO RIO DE
JANEIRO na qual se inclue a Imperial Fazenda de Santa Cruz / Cel. C. J. de Niemeyer (sic)
del. Tene. Gama Lobo dez. ; Cel. Belegarde e seus discipulos fez. Escala 1:200.000
1857 - CARTA CHOROGRAPHICA DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO mandada
organisar por Decr. da Assemblea Prov. de 30 de Out. de 1857 ... Encarregada aos
Engenheiros Conrado Jacob de Niemeyer e Pedro de Alcântara Bellegarde. Em detalhe, na
esc. de 1:10.000 : Planta das cidades de : Nictheroy, Campos dos Goytacazes, Macahé,
Cabo Frio, Rezende, Paraty, Petropolis, Angra dos Reis, Vassouras, Valença, Cantagallo,
Ma, Barra Mansa. Villas: de Itagoahy, S. João da Barra, S. Fidelis, Parahiba e Barra de S.
João (fig.202).
F
ig. 202 – Carta Chorographica da Província do Rio de Janeiro – 1857
226
1867 – NOVA CARTA CHOROGRAPHICA DO IMPERIO DO BRAZIL / r
eduzida pelo
Bacharel Pedro Torquato Xr. de Brito confeccionada pelo Coronel Conrado Jacob Niemeyer
e officiaes engenheiros em 1856 - Rio de Janeiro : Lith. Arch. Militar, 1 mapa : aquarelado ;
65 x 63,2cm. em f. 79,5 x 70,2cm.
1873 - CARTA DO IMPÉRIO DO BRAZIL: reduzida no Archivo Militar em
conformidade da publicada pelo coronel Conrado Jacob de Niemeyer em 1846 e das
especiaes das fronteiras com os estados limitrophes/organisadas ultimamente pelo
conselheiro Duarte da Ponte Ribeiro, Tourinho impremiu.
F
ig. 203 – Carta do Império do Brazil – 1873 Conrado Jacob de Niemeyer
5.5.2 – Da “Carta Corographica do Imrio do Brasil”
A ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre, 1844’ está inserida como um cartucho na
‘Carta Corographica do Império do Brazil’ (fig.200), de Conrado Jacob de Niemeyer, de
1846. É uma Carta impressa, monocromática, de dimensões 150 x 150 cm, feita na escala
1:3.000.000. Seu nome completo é:
“Carta Corographica do Império do Brazil dedicada ao Instituto Histórico e
Geographico Brazileiro pelo Coronel Engenheiro e Sócio Effectivo Conrado Jacob de
Niemeyer, pelo mesmo arranjada sobre os melhores trabalhos existentes, antigos, e
227
modernos, contendo igualmente as Plantas que se poderão obter, das cidades Capitaes e
o
utros lugares importantes. Lithografada no estabelecimento de Heaton & Rensburg, Rio de
Janeiro, 1846”.
A ‘Planta da cidade de Porto-Allegre’ não é o único cartucho inserido na Carta,
incluindo o de Porto Alegre temos dez que, conforme o esquema da Carta (fig.204 ), podem
ser listados como segue:
F
ig. 204 – Esquema da Carta Corographica do Império do Brasil – 1846
1. Planta da cidade de Ouro Preto s/data
2. Planta da cidade da Bahia em 1806
3. Planta da cidade do Rio de Janeiro capital do Império do Brazil s/data
4. Planta da cidade de Nitheroy capital da Província do Rio de Janeiro 1844
5. Mapa da Ilha do Maranhão
6. Planta da cidade do Pará
7. Planta da Imperial cidade de S. Paulo, 1844
8. Planta da cidade do Recife de Pernambuco, 1844
9. Planta da cidade de Porto-Allegre, 1844
10. Planta da cidade do Maranhão, 1844
O primeiro trabalho de representação cartográfica do Brasil que foi realizado durante
o Império, após a Independência, foi esta ‘Carta Corographica do Império do Brazil’ de
Conrado Jacob de Niemeyer, em 1846. Tendo sido a primeira após a independência, pode-
se dizer que tem como retrospecto, em termos cartográficos, toda a história de
representação da descoberta, conquista e posse do novo território pelos portugueses, em
especial os trabalhos que tentaram mostrar o território como um todo.
228
Nesse sentido, a partir do descobrimento podemos enxergar o processo cartográfico
a
través de varias fases, como bem coloca Costa
405
, sendo a primeira a do reconhecimento
da costa das novas terras descobertas. Assim, segundo Costa,
“as primeiras medidas visando à preservação e a um melhor conhecimento
do território português na América surgiram no reinado seguinte ao de D.
Manuel, o de Joao III, iniciado em 1521 e encerrado em 1557. Desse
projeto de ocupação propriamente dito, destaca-se a criação das capitanias
hereditárias em 1532”.
Um mapa emblemático dessa primeira fase é o mapa de Luís Teixeira Roteiro de
todos os sinaes conhecimtos, fundos, baixos, Alturas, ederrolas, que na Costa do Brasil
desde cabo de Sãto Agostinho até o estreito de Fernão de Magalhães’ de ca. 1573 (fig.205).
A fase seguinte é denominada por Costa “a cartografia do território no período filipino
seiscentista até a consolidação da Restauração”, que abrange os acontecimentos de 1580
1640 quando, devido à morte sem sucessor do rei Dom Sebastião, Portugal foi unido à
Espanha, governada por Felipe II. Em 1640, dá-se a restauração, com a ascensão ao trono
português de D. João IV (1640-1656). Nesse período, um dos trabalhos mais importantes
foram os atlas elaborados por João Teixeira Albernaz I (o velho), entre os quais o mapa
Estado do Brasil de 1612, que faz parte do “Livro que da Razão ao Estado do Brasil”
(fig.206)
F
ig. 205 – Roteiro de todos os sinaes..., Luís Teixeira
– ca. 1573
Fig. 206 – Estado do Brasil, João Teixeira Albernaz
1612
4
05
Essas fases são mostradas por Costa em seu artigo: COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os
Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto de cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil
Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. Roteiro Prático de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império.
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
229
Na segunda metade do século XVII, pode-se dizer que “destaca-se o Atlas de João
T
eixeira Albernaz II, neto de Albernaz, intitulado: ‘Livro de toda a costa da Província de
Santa Cruz’, de 1666. A partir do século XVIII, temos o projeto do Atlas da América
Portuguesa. Como afirma Costa:
“A grande motivação inicial para a execução do Projeto de Mapeamento por
parte da Coroa Portuguesa deveu-se aos avanços dos jesuítas espanhóis
no povoamento dos sertões, em pontos ao longo do Rio Paraguai, entre o
Uruguai e o Mato Grosso, sendo a comunicação enviada pelo ouvidor-geral
da Capitania de São Paulo Rafael Pires Pardinho, em dezembro de 1717,
que deu início às deliberações do Conselho Ultramarino nesse sentido”
406
.
Era necessário não colonizar, mas também mapear o território português para
garantir a posse deste território. Isso se tornou mais premente com
“a apresentação da dissertação de Guillaume de L’Isle, primeiro geógrafo
do rei da França, em 27 de novembro de 1720. De L’Isle defendia que tanto
as terras do Cabo do Norte quanto o território da Colônia do Sacramento
ficavam a oeste da Linha de Tordesilhas e portanto não pertenciam ao
território português”
407
.
Foi a partir desses eventos que os chamados “padres matemáticos” foram
contratados pelo governo português e enviados ao Brasil em 1729, chegando ao Rio de
Janeiro em fevereiro de 1730. Deve-se a Domingos Capassi e Diogo Soares, jesuítas
ligados à Companhia de Jesus, o primeiro levantamento de boa parte do território brasileiro,
com determinações mais ‘acuradas’ de latitude e longitude. Mas eles não chegaram a
realizar um mapa de todo o território da América portuguesa.
A última fase pré-independência, que vai, segundo a definição de Costa, da segunda
metade do século XVIII até meados do século XIX, se configura como a ‘cartografia da
Demarcação dos Limites e da consolidação do território da América Portuguesa’. A briga
entre espanhóis e portugueses para a fixação de novos limites passou por uma série de
tratados e de comissões de demarcação dos limites acertados por estes tratados. Essa
atividade gerou uma grande produção de mapas, tanto pelo lado espanhol quanto pelo lado
português. A partir das recomendações do secretário de D. João V, Alexandre de Gusmão,
dados cartográficos foram levantados sobre a colônia portuguesa e, por ordem de Antônio
Gomes Freire de Andrade, foi preparada a carta chamada Descripçam do Continente da
4
06
COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto de
cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. Roteiro Prático
de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 105.
407
COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto de
cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. Roteiro Prático
de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 105.
230
America Meridional que nos pertence com os Rios, e Montes, que os Certanejos mais
e
xperimentados, dizem ter encontrado, cuja divisão se faz’ (fig.207). Essa carta datada de 5
de dezembro de 1746 “representa o Brasil como uma entidade geográfica e propunha limites
territoriais com a Coroa de Espanha na América do Sul. Apesar de seu fraco rigor
cartográfico, o documento constituiu o resumo de tudo o que se sabia sobre o espaço
brasileiro até o ano de 1746”
408
. Serviu de base para os mapas utilizados no Tratado de
Madrid.
O Tratado de Madri de 1750, que revogou definitivamente o de Tordesilhas, gerou o
famoso ‘Mapa das Cortes’, no qual os representantes de Portugal e de Espanha escreveram
na parte de trás uma declaração sobre o conteúdo do mapa e o assinaram. Na figura abaixo
uma das três cópias portuguesas (fig.208) do ‘Mapa das Cortes’ que foram trocadas e
entregues aos Comissários das Demarcações.
Fig. 207 – ‘Descripçam do continente da America
M
eridional...’ – 1746
Fig. 208 – ‘Mapa dos Confins do Brazil com as terras da
Coroa de Espanha...’ – 1751
Depois de idas e vindas, em 1777 um novo tratado foi assinado, o Tratado de Santo
Ildefonso, também conhecido como Tratado Preliminar de Limites. Esse tratado foi anulado
em 1801 e não mais retomado. No inicio do século XIX,
“depois de inúmeros recuos e avanços, expressos nas sucessivas
negociações entre as duas Coroas, ficou restabelecido o limite sul do Brasil,
proposto no Tratado de Madrid de 1750, bem como definitivamente imposto
4
08
COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto de
cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. Roteiro Prático
de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 131.
231
o principio fundamental do u
ti possidetis
409
, ou da posse, como base dessas
e de futuras definições de limites, seja para o território da América
portuguesa, seja do Brasil Império”
410
.
Um mapa, aparentemente inacabado, é a ‘Carta Geral do Brasil’ (fig.209) feita no ano
de 1779, por José Custódio de Sá e Faria ( 1792 ). Ele
foi designado pelo vice-rei Gomes Freire de Andrade para fazer parte da
Comissão Demarcadora, que assentaria os limites entre as possessões
ultramarinas dos reinos de Portugal e Espanha, resultado das negociações
do Tratado de Madri de 1750, na América do Sul. Devido ao seu preparo
técnico e ao seu desenho elaborado, e Faria foi nomeado o primeiro
comissário da Terceira Partida Demarcadora, que iria realizar o estudo
cartográfico da zona compreendida entre os rios Paraná e Paraguai, o plano
da Colônia de Sacramento e o mapeamento do Salto Grande do Paraná,
realizadas no período 1753-54
411
.
F
ig. 209 – ‘Carta Geral do Brasil’, José Custodio de Sá e Faria 1779
4
09
Utti Possidetis ou uti possidetis iuris é um princípio de direito internacional segundo o qual os beligerantes em
um conflito conservam sua posse no final das hostilidades. A expressão advém da frase uti possidetis, ita
possideatis, que significa "como possuís, assim possuais". Proveniente do direito romano, o princípio autoriza
uma parte a contestar e reivindicar um território adquirido pela guerra e também um território que estando em
litígio, uma das partes demonstra sua posse. Fonte: WIKIPÉDIA. [S.l.], 2006. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Uti_possidetis> consultado em: 15 mar. 2010.
410
COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto de
cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. Roteiro Prático
de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 141.
411
Biografia de José Custódio de Sá e Faria, fonte: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Porto Alegre, 2008. Disponível em:
<http://www.ihgrgs.org.br/cd_mapas_rs/CD/Cartografos1.htm>. Acesso em: 01 fev. 2010.
232
Mais dois mapas, que representam a América Portuguesa são importantes de serem
m
encionados, e que se configuram em um retrospecto para a carta de Niemeyer. Um de
1798 de autoria de António Pires da Silva Pontes, que se intitula ‘Carta Geographica de
Projecção Espherica e Ortogonal da Nova Luzitania ou América Portuguesa e Estado do
Brasil’ (fig.210). O outro é a ‘Nova Carta do Brazil e da América Portugueza anno de 1821’
(fig.211).
F
ig. 210 – ‘Carta Geographica de Projecção Esferica...’,
Antonio Pires da Silva Pontes - 1798
Fig. 211 – Nova Carta do Brazil e da América
Portugueza anno 1821
Como o próprio título completo da ‘Carta Corographica do Império do Brazil’ aponta,
Niemeyer baseou-se em cartas existentes, tanto antigas quanto modernas para elaborar a
sua carta. Segundo Peixoto,
“Niemeyer procurou inicialmente basear sua representação do território
brasileiro sobre o que chamou de ‘Mapa Geral’, ou seja, o produto
resultante da reunião dos traçados de duas cartas estrangeiras, a ‘Carta da
América Meridional’ da Casa Editorial Arrowsmith e a ‘Carta da Costa
Brasileira’ do Almirante Roussin, buscando legitimar sua carta frente aos
atlas e outras representações européias e norte-americanas
412
”.
Em relação à Casa Editorial Arrowsmith, podemos encontrar no Arquivo Histórico do
Exército e também na Fundação Biblioteca Nacional, uma carta de Aaron Arrowsmith de
1811, intitulada Outlines of the physical and political divisions of South Am
erica’, que deve
ter sido o mapa a que Niemeyer teve acesso. No site da Coleção de David Rumsey, podem-
se encontrar vários mapas de Arrowsmith, e pode-se ver a imagem da edição de 1814
4
12
PEIXOTO, Renato Amado. A Carta Niemeyer de 1846 e as condições de leitura dos produtos cartográficos.
Anos 90, Porto Alegre, v. 11, 19/20, jan./dez., 2004. p. 311
233
(fig.212) do mapa de 1811 (1ª edição). Já em relação à Carta da Costa Brasileira do
A
lmirante Roussin, na Biblioteca Nacional encontram-se mapas baseados no levantamento
feito por Roussin da costa brasileira entre 1819 e 1820: um deles é um mapa publicado na
França aproximadamente em 1821, intitulado ‘Exploration hydrografique’, assinado pelo
Dépôt General de la Marine e pelo Mr. Baron Roussin; além de três cartas publicadas entre
1825 e 1826, que se intitulam ‘Carte reduite de la te du Brésil’, de autoria de Alexandre
Pierre Givry (engenheiro hidrógrafo da Marinha) sob as ordens do Mr. Baron Roussin. Estes
três mapas mostram a costa do Brasil entre Ceará e Maranhão, Porto Seguro e Pernambuco
e Cabo Frio e a Ilha de Santa Catarina. Como o foi possível ter acesso às imagens
desses mapas, pode-se ter uma idéia do trabalho de Givry e de Roussin através da ‘Carte
de la province de Rio de Janeiro rédigée d'après un manuscrit portugais inédite et les cartes
nautiques de MM. Roussin et Givry par M. Louis de Freycinet, capitaine de Vaiscau’, 1824
(fig.213).
Fig.212 – ‘Outlines of the physical and
p
olitical divisions of South America’, A.
Arrowsmith 1814
Fig.213 – ‘Carte de la Province de Rio de Janeiro’, MM Roussin et
Givry, 1824
Niemeyer, no processo de construção de sua carta, modificou e complementou o
‘Mapa Geral’
“através da consulta a diversos mapas, Roteiros, Memórias e Descriçoes,
sendo que, dentre este último tipo de corografias textuais, Niemeyer
utilizaria especialmente os trabalhos de Cerqueira e Silva
413
, Cunha
4
13
SILVA, Ignácio Accioli de Cerqueira e. Corografia Paraense ou Descrição Física, Histórica e Política da
Província do Grão-Pará. Salvador: Tipografia do Diário, 1833. Disponível em:
<http://books.google.com.br/books?id=1ToTAAAAYAAJ&printsec=frontcover&dq=Ignacio+Accioli+de+Cerqueira+
e+Silva&source=bl&ots=T6jKFbOWHN&sig=NhzvJgxvCmjdEZmPq7Oydy0sPc0&hl=pt-
BR&ei=hDgtTPC5GoOKlwfI9rGJCg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=5&ved=0CCMQ6AEwBA#v=onep
age&q&f=false>. Acesso em: 05 jan. 2010.
234
Mattos
414
e Ayres de Casal
415
. Os limites nacionais foram inscritos sobre o
produto resultante segundo o ‘Programa Geografico’ de Pinheiro, sendo que
a divisão das províncias foi feita de acordo com a ‘Corografia Brasilica de
Ayres de Casal”
416
.
Os mapas da Casa Editorial Arrowsmith inspiraram Niemeyer não para a
utilização do mesmo para o seu ‘Mapa Geral’, mas também pelas dimensões que eles
imprimiam nos seus mapas. O mapa de 1814 cujas dimensões são 199 x 139 cm, é um
Wall Map’ impresso em seis folhas. Niemeyer compôs o seu mapa “a partir da redução e
transformação da sua base de dados a uma escala (1:3.000.000) que possibilitasse a
composição da Carta Geral em quatro folhas iguais, de acordo com a capacidade de
impressão da litografia mais bem aparelhada no Brasil naquele momento, a Litografia
Heaton & Rensburg”
417
. A dimensão de seu mapa pode ficar, desta forma, com 150 x150
cm. Esse tamanho permitiu não que o mapa do Brasil ficasse num tamanho razoável,
com um bom nível de detalhe, como também permitiu que os cartuchos das plantas de
diversas cidades do Brasil tivessem um tamanho que as tornasse legíveis. Outra questão
importante da Carta de Niemeyer, é que ela coloca como meridiano de origem, o meridiano
da cidade do Rio de Janeiro, que havia sido utilizado nas cartas dos padres
matemáticos’. No contexto de ser a primeira carta após a independência do Brasil, a
utilização deste meridiano aponta para uma idéia de nacionalismo. Nessa época, não havia
ainda a idéia de um único meridiano. em 1884, por convenção internacional, é que se
adotou o Meridiano de Greenwich. Até este momento, cada país utilizava o meridiano que
quisesse, geralmente o meridiano onde estava o seu observatório: havia o meridiano de
Paris, o de Lisboa, o de Coimbra, o de Greenwich, etc.
Em relação aos cartuchos que, como diz Peixoto, ‘emolduram’ o mapa do Brasil, eles
mostram várias cidades, dentre elas a capital do Império do Brasil, Rio de Janeiro; algumas
capitais de Província do Brasil Império, entre elas Porto Alegre; e um mapa da Ilha do
Maranhão. É interessante observar que cinco delas estão datadas como de 1844, a da
Bahia é de 1806 e as outras não estão datadas. A Planta do Rio de Janeiro parece ter sido
calcada na primeira planta impressa no Brasil, a ‘Planta da cidade de S. Sebastião do Rio de
4
14
MATTOS, Raimundo José de Cunha. Corografia Histórica da Província de Goiás. Revista do Instituto
Histórico e Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 37, n. 48, p. 213-398, 1874. Disponível em:
<http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1874t00371c.pdf>. Acesso em 28 nov. 2009.
415
CASAL, Manoel Ayres de. Corografia Brazilica ou Relação Historico-Geografica do Reino do Brazil. Rio de
Janeiro: Impressão Régia, 1817. Disponível em: <http://www.archive.org/details/corografiabrazilica01ayrerich>.
Acesso em: 08 ago. 2009.
416
PEIXOTO, Renato Amado. A Carta Niemeyer de 1846 e as condições de leitura dos produtos cartográficos.
Anos 90, Porto Alegre, v. 11, n. 19/20, jan./dez., 2004. p. 312.
417
PEIXOTO, Renato Amado. A Carta Niemeyer de 1846 e as condições de leitura dos produtos cartográficos.
Anos 90, Porto Alegre, v. 11, n. 19/20, jan./dez., 2004. p. 312.
235
Janeiro’ de 1812, na Impressão Régia. A de Porto Alegre teria sido baseada na ‘Planta de
P
orto Alegre’ de 1839, de L. P. Dias.
Dentre os mapas mencionados, que serviram de retrospecto e de inspiração a
Niemeyer, nenhum deles possui cartuchos que mostrem plantas de cidades. O mapa de
Aaron Arrowsmith (1814) possui um cartucho que mostra o extremo sul da América do Sul.
Os mapas de JoCustódio de e Faria e de Antonio Pires da Silva Pontes mostram em
seus cartuchos detalhes de regiões, mas não plantas de cidades. Niemeyer pode, no
entanto, ter se inspirado para isso em atlas mais ‘tradicionais’, como o Atlas Maior de Blaeu.
Neste atlas, os mapas que mostram os diversos continentes foram emoldurados por Blaeu
com mapas e vistas de cidades, como é o caso do Americae Nova Tabulafeito por Willem
Blaeu em 1665, onde podemos ver, entre outras imagens, uma vista da cidade do Rio de
Janeiro (fig.214) e uma planta da cidade de São Domingo. (fig.215)
F
ig. 214 – ‘Vista do Rio de Janeiro’ W. Blaeu 1665 Fig.215‘Sao DomingoW. Blaeu, 1665
5.5.3 – Do Desenho da Planta de 1844
A ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’ (fig.199) de 1844, feita por Conrado Jacob de
Niemeyer, é uma planta impressa, monocromática de dimensões aproximadas de 30 x 10
cm. A escala é 1:20.000 e tem-se uma escala gráfica em braças (500 braças). Como se
mencionou, ela está inserida como um cartucho na parte inferior esquerda da ‘Carta
Corographica do Império do Brasil’.
O cartucho onde a planta está inserida, de forma retangular, está dividido em três
partes, sendo que a parte central onde fica o mapa é mais larga que as suas laterais. Na
236
lateral esquerda está o título, o ano em que a planta foi desenhada, a escala e o início das
l
egendas (1 a 8). Na lateral direita, o restante das legendas de 9 a 30.
F
ig. 216 – Esquema da Planta da cidade de Porto-Allegre, 1844 - Niemeyer
Na planta de Porto Alegre inserida na ‘Carta Corográfica do Império do Brasil’, as
legendas estão dispostas nos dois retângulos que ladeiam o mapa. No retângulo do lado
esquerdo, têm-se o titulo da Planta, o ano de execução, a escala e o inicio das legendas
numéricas 1 a 8. No retângulo do lado direito, tem-se o restante das legendas numéricas
do 9 aos 30. Nestes 30 destaques apontados pela ‘Planta de Porto-Allegre’ inserida na
‘Carta do Império do Brazil’ de Niemeyer, é interessante observar que nenhum deles nomina
ruas da cidade. Em termos de espaço urbano, os únicos locais são praças (a do Palácio, a
da Alfândega, a do Paraíso e a do Portão) e as praias (do Riacho, do Arsenal e do Caminho
Novo); em termos de locais geográficos, a planta apenas aponta o Riacho. As outras 22
legendas dizem respeito a equipamentos da cidade Igrejas, cemitérios, prédios públicos e
monumentos.
Uma questão que merece ser destacada em relação às legendas, e que mostra ter
sido esta planta calcada na Planta de L. P. Dias, é o fato de que todas as legendas que
constam do mapa de Niemeyer fazem parte do mapa de Dias. Até mesmo a seqüência com
que elas foram colocadas no mapa de Niemeyer tem bastante semelhança com a de Dias. A
legenda 1 do mapa de 1844, que é a Igreja Matriz, corresponde à legenda 49 do mapa de
1839; e assim vai na seqüência até a 21, que corresponde a 69. Nesse momento, um
salto, com a 22 correspondendo ao 77 e a 23 a 84. A 24 corresponde a 42 e, novamente,
uma seqüência até a 30 que corresponde a 48.
Em relação aos elementos destacados pela legenda, nota-se que dos 30, apenas 3
referem-se a locais existentes fora das muralhas da cidade o cemitério da Caridade, a
Olaria do Joãozinho e o Poço da Caridade. Nenhuma legenda aponta elementos na parte
que aparece das ilhas, nem designa elementos que poderiam estar no Guaíba, como nas
plantas anteriores de Porto Alegre.
237
F
ig. 217 – Planta da cidade do Rio de Janeiro, capital do Imrio do Brasil, s/data - Niemeyer
Nesta planta de Porto Alegre, a legenda não aponta o nome de nenhuma rua da
cidade e, no desenho do mapa, também não existe inscrição dos nomes, apenas dos
números apontados na legenda. Não é o que acontece com todas as plantas de cidades
inseridas na Carta de Niemeyer. Na Planta do Rio de Janeiro, as legendas numéricas
também não apontam nomes de ruas, mas, no desenho do mapa, pode-se ver os nomes de
várias ruas escritos (fig.217).
F
ig. 218 – Detalhe da Planta da cidade de Porto-Allegre, 1844 - Niemeyer
238
A planta de Porto Alegre de 1844, segundo Barreto
4
18
, se apóia na planta de L. P.
Dias, impressa cinco anos antes. Isto pode ser constatado ao comparar-se o traçado das
duas: a mesma configuração das muralhas; o desenho das curvas de nível que aparecem
estão posicionadas quase que no mesmo local; as quadras e prédios desenhados têm uma
semelhança bastante grande. Em relação à parte das ilhas, tem-se o desenho dos limites
iguais e somente a vegetação é que foi desenhada de forma um pouco diversa. O desenho
do que aparece da cidade e seus arredores foram reduzidos, está mais concentrado na
parte da cidade dentro das muralhas. Desenhadas no Guaíba aparecem as setas indicando
o sentido do movimento das águas. No entanto, a rosa dos ventos foi suprimida. Na Carta
do Império, assim como nos outros cartuchos de plantas de cidades existentes na mesma,
não nenhum signo que demonstre a direção, a orientação geográfica desses desenhos,
isto porque Niemeyer, baseando-se em convenções internacionais, posicionou os mapas
que constam da Carta com o norte no sentido da parte superior do papel. Para efetuar isso
em relação à cópia que ele fez da “Planta de Porto-Allegre” de L. P. Dias, ele teve de
rotacionar o desenho um pouco para a esquerda. Essa estratégia de indicação do Norte
coloca a Carta do Império dentro dos preceitos científicos de sua época.
Niemeyer, para simplificar e uniformizar os desenhos das plantas das diversas
cidades, teve de eliminar da planta de Porto Alegre o enquadramento em forma de elipse
criado, em sua planta, por L. P. Dias.
Talvez, também, devido ao caráter simplificado de sua planta de Porto Alegre, tenha
excluído da legenda os nomes de ruas. Em várias partes da cidade desenhada, nota-se uma
simplificação, principalmente no desenho dos elementos da parte da cidade que aparecem,
nesta planta, fora da muralha. Na planta de L. P. Dias, alguns meros que constavam das
legendas com designações de locais não apareciam indicados no mapa propriamente dito,
mas de 99 indicações, apenas dois números foram ‘esquecidos’. Nesta planta de Porto
Alegre que contém 30 legendas, os números que representam cinco delas não aparecem no
mapa. Um deles, o número 3, que diz respeito à Igreja do Rozario, é um dos números que
também foi esquecido na planta de L. P. Dias. Os outros são: 8 (Hospital da Caridade), 19
(Praia do Arsenal), 29 (Trapiche) e 30 (Pelourinho).
Este mapa foi impresso na Lithografia Heaton & Rensburg. Como foi mencionado,
Niemeyer escolheu esta litografia devido à sua capacidade técnica. A firma Heaton &
Rensburg foi fundada por um inglês George Mathias Heaton (1804 – pós 1855) e um
holandês Eduard Rensburg (1817?-1898), por volta de junho de 1840.
4
18
BARRETO, Abeillard. Bibliografia Sul-Riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o
conhecimento e a integração do Rio Grande do Su). Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1973. 2 vol. p.
986.
239
Os “concorrentes (a oficina do Arquivo, Larée e Briggs), em breve descobriram que o
i
nglês, e, principalmente, o holandês eram não somente verdadeiros técnicos como
comerciantes, ou mesmo industriais, de tino e equilíbrio”
419
. Foram considerados os
melhores litógrafos de mapas. Segundo Santos, “quando o Estado precisava de boas cópias
era aos litógrafos particulares que recorria”
420
, e uma dessas empresas era a empresa de
Heaton & Rensburg.
No que diz respeito à tiragem, não é possível neste momento dizer qual teria sido. A
Fundação Biblioteca Nacional possui três exemplares (ARM.014,01,001A, ARM.014,01,001
e ARC.017,05,006); na listagem do Arquivo Histórico do Exército não consta nenhum
exemplar; a Mapoteca do Itamaraty possui um exemplar
421
. Mas nesta questão é importante
referir à informação de Santos
422
de que a Carta Corographica do Império do Brazil “foi
anunciada no Jornal do Commercio, com preços de 10 mil réis (sem cor) e 22 mil réis
(colorida). Por 24 mil réis os interessados podiam levar a carta montada em painel de pano”,
mostrando que este mapa foi comercializado e que qualquer pessoa com posses poderia ter
tido acesso ao mesmo.
Em relação à reprodução deste mapa em livros ou outra mídia: Renata Santos
reproduz a Carta do Império do Brasil em seu livro ‘A Imagem Gravada’ e no site da
Fundação Biblioteca Nacional pode-se ter acesso a uma copia digitalizada. Quanto aos
mapas inseridos nos cartuchos pode-se encontrar no CD Cartografia Virtual Histórica-
Urbana de Porto Alegre do IHGRS, editado em 2005, o mapa de Porto Alegre e o do Rio de
Janeiro.
5.5.4 – Das Leituras do Mapa
O objetivo mais geral dessa planta tem a ver com o fato de ela estar inserida na
‘Carta Chorographica do Império do Brazil’, que demonstra a vontade de se querer ter uma
carta do Brasil feita por brasileiros, mostrando o seu território a primeira carta após a
4
19
FERREIRA, Orlando da Costa. Imagem e Letra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.
p.377.
420
SANTOS, Renata. A Imagem Gravada: a gravura no Rio de Janeiro entre 1808 e 1853. Rio de Janeiro, Casa
da Palavra, 2008. p. 109.
421
De acordo como site ARQUIVO DIGITAL DE CARTOGRAFIA URBANA. Lisboa, 2007. Disponível em:
<http://cartografiaurbana.ceurban.com/>. Acesso em: 31 out. 2008.
422
SANTOS, Renata. A Imagem Gravada: a gravura no Rio de Janeiro entre 1808 e 1853. Rio de Janeiro, Casa
da Palavra, 2008. p. 112.
240
Independência. E essa carta não mostra apenas o desenho do território nacional, ela
co
ntém, além disso, plantas de cidades importantes espalhadas e inseridas ao longo de
toda a extensão do país, entre elas, a Capital do Império.
Como coloca Macedo,
“a Carta Geral do Império do coronel Conrado está longe de ser uma obra
perfeita: senões e erros que o próprio autor veio a reconhecer, vão a cada
dia tornando-se mais sensíveis e avultando em número, à medida que se
apuram os estudos relativos; mas a dificuldade e transcendência d’aquelle
trabalho, e a necessidade palpitante que havia d’elle, augmentaram-lhe o
valor, e mais fizeram sobresahir o seu inquestionável merecimento”
423
.
Como se pode ver pelo título da Carta (fig.219), Niemeyer dedicou a mesma ao
Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB). Como cio fundador do IHGB, fez parte
da construção dos objetivos do Instituto que, em relação à geografia, como afirma Januário
da Cunha Barboza no discurso de posse da 1ª Diretoria, propunha-se a:
“Nós vamos salvar da indigna obscuridade, em que jaziam até hoje, muitas
memórias da pátria, e os nomes de seus melhores filhos; nós vamos
assignalar, com a possível exatidão, o assento de suas cidades e villas
mais notáveis, a corrente de seus caudalosos rios, a área de seus campos,
a direção de suas serras, e a capacidade de seus inumeráveis portos”
424
.
F
ig. 219 – Titulo da Carta Corographica do Império do Brazil – 1846 Conrado Jacob de Niemeyer
4
23
MACEDO, Joaquim Manoel. Discurso do Orador. Revista do Instituto Histórico, Geográphico e Ethnographico
do Brasil, Rio de Janeiro, v. 25, p. 718-739, 1862. Disponível em:
<http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1862t0025.pdf>. Acesso em 06 set. 2009. p. 732
424
BARBOZA, Januario da Cunha. Discurso recitado no acto de estatuir-se o Instituto Historico e Geographico
Brazileiro. Revista do Instituto Historico e Geographico do Brazil, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 9-17, 1908.
Disponível em: <http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1839t0001c.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2009. p. 10.
241
Niemeyer, quando elaborou essa carta, não mais estava vinculado ao Corpo de
E
ngenheiros do Exército: era apenas um cidadão brasileiro. Isto explica a afirmação de
Peixoto
425
de que
“a consolidação da discussão do espaço nacional em teatros bem definidos,
a descentralização do processo externo e da produção cartográfica em
escala e o esvaziamento das funções do Arquivo Militar fizeram com que a
primeira Carta Geral do Brasil não nascesse a partir de uma iniciativa do
Estado, mas de uma contribuição para o debate da narrativa territorial no
IHGB. Construída por Conrado Jacob de Niemeyer durante os anos de
1842 a 1846, a ‘Carta corográfica do Império do Brasil’ estabeleceu padrões
técnicos e estéticos que seriam endossados pelas Cartas Gerais
posteriores e mapas parciais do território.
A Carta do Império do Brasil, contendo em seu bojo a planta de Porto Alegre e de
outras cidades do Brasil, mesmo tendo sido feita de forma relativamente independente do
Estado, ao ter sido comercializada, permitiu a divulgação do espaço nacional junto às elites
e ajudou na construção de uma identidade nacional, com a produção e a delimitação do
território brasileiro, instituindo uma imagem desse território e promovendo uma
representação desse espaço e dessa paisagem.
4
25
PEIXOTO, Renato Amado. O Espelho da Jacobina: representação e escrita da história na construção da
Carta Niemeyer de 1846. In: ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA, 11., 2004, Rio de Janeiro. Anais... Rio de
Janeiro: ANPUH-RJ, 2004. Disponível em:
<http://www.rj.anpuh.org/Anais/2004/Simposios%20Tematicos/Renato%20Amado%20Peixoto.doc>. Acesso em:
30 nov. 2008.
242
5.6 – A PORTO ALEGRE DE ANTÔNIO ELEUTHÉRIO DE CAMARGO
F
ig. 220 – ‘Planta da cidade de Porto Alegre, capital da Provª de São Pedro do Rio Grande do Sul’ 1868
243
Fig. 221 – ‘Carta Topographica da Provª de São Pedro do Rio Grande do Sul’, 1868
244
Data de 1868 a quinta planta da cidade de Porto Alegre (Fig. 220). Trata-se da
Planta da Cidade de Porto Alegre Capital da Provª. de São Pedro do Rio Grande do Sul’, de
autoria de Antônio Eleuthério de Camargo. Encontra-se incluída na ‘Carta Topographica da
Província de São Pedro do Rio Grande do Sul’ (fig. 221), cuja publicação foi feita em Porto
Alegre pela Lithografia Imperial de Emilio Wiedemann, em 1868.
5.6.1 – O Cartógrafo Eminente
Antonio Eleuthério de Camargo nasceu em Porto Alegre em 1839 e faleceu em São
Paulo em de Junho de 1895. Foi um militar formado em engenharia, tendo cursado a
Escola Militar e a Escola Central. Conforme Pimentel
426
, foi um político eminente, deputado
provincial e geral, ministro e conselheiro do Império e também ministro na República”.
De 1861 a 1865, segundo o Almanak Laemmert, o Bacharel Antonio Eleuthério de
Camargo pertenceu ao Corpo de Engenheiros. Em 1861, ele é listado como Segundo-
Tenente. De 1862 a 1865 aparece como Primeiro-Tenente vinculado a Província de São
Pedro do Rio Grande do Sul
427
. Após 1865, seu nome não mais consta da listagem de
membros do Corpo de Engenheiros. Em 1863, Antonio Eleuthério de Camargo já ajudava na
organização dos trabalhos da Carta da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Em 1865, foi um dos fundadores do jornal ‘A Reforma’ juntamente com Gaspar da
Silveira Martins. E, em 1866, foi designado junto com o engenheiro da Câmara para
examinar a construção da Ponte do Meio, junto à dos Ferreiros
428
.
Em 1867, o Presidente da Província Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello
organizou a Repartição de Obras Públicas, nomeando como chefe o Engenheiro Francisco
Nunes de Miranda, como ajudantes os engenheiros Antonio Eleuthério de Camargo e
Antonio Mascarenhas Telles de Freitas, como desenhistas Romualdo de Abreu e Silva e
José Candido Coelho de Souza e de porteiro Sebastião Affonso da Silva. Com o pedido de
4
26
PIMENTEL, Fortunato. Aspectos Gerais de Porto Alegre. Porto Alegre: Oficinas Gráficas da Imprensa Oficial,
1945. 2 vol. p. 612.
427
O Almanak Laemmert digitalizado pode ser consultado no site ALMANAK Laemmert. Chicago: Center for
Research Libraries, 1844-1889. Disponível em: <http://www.crl.edu/brazil/almanak>. Acesso em: 03 de mar.
2010.
428
MACEDO, Francisco Riopardense de et al. (Org.) Correspondência Passiva da Câmara de Vereadores de
Porto Alegre, 1847 1866. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, 1976. Cadernos 4. p. 97.
245
exoneração de Francisco Nunes de Miranda, ficaram de chefes os dois engenheiros
a
judantes, situação que perdurava em 1868
429
.
Em 12 de setembro de 1868, o então Presidente da Província Israel Rodrigues
Barcellos demitiu da Repartição de Obras Públicas o ajudante de engenheiro Dr. Anthonio
Eleuthério de Camargo. Segundo ele, “esta medida funda-se no procedimento que tem tido
o referido Dr. pela imprensa, pregando a anarchia e doutrinas contrarias às instituições que
nos regem, fazendo com a sua assignatura ostentação dos artigos que escreve”
430
.
Em 1875, era deputado na Assembléia da Proncia de São Pedro do Sul quando,
junto com outros deputados, assinou projeto que elevou a freguesia de Nossa Senhora da
Soledade à categoria de vila, emancipando-a de Passo Fundo. Foi deputado provincial por
varias legislaturas no Rio Grande do Sul, tendo sido presidente em várias oportunidades
entre os anos de 1883 e 1886
431
. No período de 06/05/1885 à 20/08/1885, foi Ministro da
Guerra do Império no gabinete formado por José Antonio Saraiva.
Como cartógrafo, produziu, em 1863, a “PLANTA DE PARTE DO RIO URUGUAY
que compreende a Barra do Pepiry-Guassu e Salto Grnde... com o fim de discriminar a
verdadeira posição de referido Pepiry-Guassuque serve de limites entre o Império e a
Confederação”. Pub. Argentina. 1 mapa mss. aquarelado; 77 x 151 cm (ARC 002, 04,023)
Esta planta, além da Carta da Província de 1868, é o único trabalho cartográfico que
aparece listado na Fundação Biblioteca Nacional como de autoria de Antonio Eleuthério de
Camargo.
5.6.2 – Da Cartografia da Província
A ‘Planta da Cidade de Porto Alegre Capital da Provª. de São Pedro do Rio Grande
do Sul’, está inserida como um cartucho na parte inferior esquerda da ‘Carta Topographica
4
29
MELLO, Francisco Ignácio Marcondes Homem de. Falla Dirigida à Assembléa Legislativa da Provincia de S.
Pedro do Rio Grande do Sul pelo Presidente Dr. Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello, em a Segunda
Sessão da 12ª Legislatura. Porto Alegre: Typ. do Rio-Grandense, 1867. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/download.asp?nomeArq=1867_Francisco_Ignacio_Marcondes_Homem_de_Mello_f
alla.pdf >. Acesso em: 20 ago. 2009.
430
BARCELLOS, Israel Rodrigues. Relatório com que o Exmo Sr. Israel Rodrigues Barcellos 1° Vice- Presidente
da Província passou a administração ao Exmo. Sr. Dr. Antonio da Costa Pinto Silva, em 16 de setembro de 1868.
Porto Alegre:Typographia do Rio-Grandense, 1868. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1868_Israel_Rodrigues_Barcellos.pdf>. Acesso em 20 ago. 2009. p.6.
431
Dados obtidos no site RIO GRANDE DO SUL. Assembléia Legislativa. Porto Alegre, 2008. Disponível em:
<http://www.al.rs.gov.br/biblioteca/presidentes_parlamento.asp>. Acesso em: 10 nov. 2009.
246
da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul’ de Antonio Eleuthério de Camargo
(
fig.222). É uma carta impressa, monocromática, de dimensões 115 x 115 cm, feita na
escala 1:720.000 e apresenta uma escala gráfica em legoas (12 legoas). Seu nome
completo é:
F
ig. 222 – Esquema da Carta Topographica da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul – 1868
‘Carta Topographica da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Confeccionada segundo os trabalhos officiaes existentes no Archivo das Obras Públicas
Provinciaes. Concluída por ordem do Ex
mo
. S
nr
. D
r
. Francisco Ignacio Marcondes Homem de
Mello, Presidente da Província sob a direcção do Bacharel Antonio Eleuthério de Camargo
Engenheiro da Província. Organisada e desenhada pelos desenhadores Manoel Fran
co
.
Falcão da Frota, Romualdo de Abreu e Silva & João Propicio Rodrigues da Silva, 1868’.
F
ig. 223 – Título da Carta Topographica da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul – 1868
247
O título está colocado na parte inferior direita (fig.223). A ‘Planta da Cidade de Porto
A
legre Capital da Provª. de São Pedro do Rio Grande do Sul’ não é o único cartucho
inserido na Carta. Além desse cartucho, outro colocado na parte superior esquerda que
contém uma ‘Nota’ (fig.224) nos seguintes termos:
“Foi principiada esta carta em 1857 pelo capitão de engenheiros Antonio Dias da
Costa. Em 1863 continuarão os trabalhos relativos à sua organização pelos engenheiros
Antonio Augusto de Arruda, Antonio Eleuthério de Camargo e desenhador Guilherme Grote
Tex. Em 1865 ficou encarregado dos trabalhos o tenente coronel d’engenheiros Luiz Manoel
Martins da Silva, sendo desenhador o mesmo Guilherme Grote Tex. Em 1868 foi concluída
pelos engenheiros e desenhadores no título referidos”.
F
ig. 224 – Nota da Carta Topographica da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul – 1868
Esta carta concluída no início do ano de 1868 teve retrospectos de cartas anteriores
da Província. Nesta época, os limites da província e os do Brasil ainda estavam sendo
definidos. Mas, mesmo com a dança dos limites, houve trabalhos onde a Província de o
Pedro do Rio Grande do Sul foi representada
432
. É importante para isso ressaltar a evolução
administrativa dessa região, conforme aponta Costa:
“em 1760 a região do Rio Grande foi elevada a categoria de Capitania do
Rio Grande de São Pedro, mas ainda mantendo-se subordinada à do Rio
4
32
Um livro que faz um levantamento dos mapas históricos do Rio Grande do Sul, e que possui uma listagem
dos mesmos é o livro: NEVES, Gervasio Rodrigo. (Coord.). A natureza na cartografia historica do Rio Grande do
Sul. Porto Alegre: Metrópole, 2008.
248
de Janeiro. Apenas em 1807 foi elevada a condição de Capitania Geral e
i
ndependente, com a denominação de São Pedro do Rio Grande do Sul”
433
.
O nome Província do Rio Grande do Sul foi adotado após a Proclamação da
Independência, conforme consta na Constituição de 1824. A região se tornou o ‘Estado do
Rio Grande do Sul’ após a proclamação da República em 1889.
Pode-se dizer que o primeiro mapa que define uma espécie de divisão no sul do
Brasil é o mapa das ‘Capitanias Hereditárias’ (fig.225) Roteiro de Todos os Sinaes..., de
Luis Teixeira, 1573 , em que a região do atual Rio Grande do Sul encontra-se inserida
dentro da Capitania pertencente à Lopo de Souza.
F
ig. 225 – Detalhe do mapa Roteiro de todos os sinaes..., de Luis Teixeira, 1573
Em 1640, no livro ‘Descripção de todo O marítimo da Terra de S. Cruz chamado
vulgarmente o Brasil’ (fig. 226) de Joao Teixeira Albernaz I e, em 1666, no ‘Livro de toda a
costa da Província Santa Cruz’ (fig.227) de João Teixeira Albernaz II, temos parte da costa
do Rio Grande do Sul representada.
4
33
COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto de
cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antônio Gilberto (Org.). Roteiro
Prático de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 109.
249
Fig. 226 – [Carta que mostra a Costa entre a "I. De
M
aldonado" e o "Rio Grande"], Albernaz I, 1640
Fig. 227 – ‘Costa qve vay ao rio da Prata’ Albernaz II,
1666
Os chamados ‘padres matemáticos’ estiveram no sul em duas ocasiões, uma delas
em 1730, devido a um pedido do governador Antonio Pedro de Vasconcelos. Em 1738, após
a morte de Capassi, Diogo Soares fez o reconhecimento do Rio Grande que resultou em um
mapa
434
. Este mapa, sem título, abrange desde a Baia do Paranaguá até a foz do Rio da
Prata, apresentando nos sertões os cursos dos Rios Paraguai, Uruguai e Paraná (fig.228).
F
ig. 228 – Mapa desde a Baia do Paranaguá..., de Diogo Soares, 1740 (ca.)
O mapa dos ‘padres matemáticos’ apresenta o interior, mas segundo Scliar, a
primeira vez que se apresenta o Rio Grande do Sul, não como litoral, mas como interior, é
neste mapa (fig.229) litografado, feito pela Companhia de Jesus”
435
. Trata-se do mapa do
Padre José Cardiel de 1752 (ca.) – ‘Mapa de la governación del Paraguay y de la de Buenos
4
34
Conforme COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto
de cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. (Org.)
Roteiro Prático de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.
115.
435
SCLIAR, Salomão. (Ed.). Rio Grande do Sul Histórico. Porto Alegre: Painel Editora/Rede Brasil Sul, 1980. p.
185.
250
Ayres com la línea divisória de las tierras de España y Portugal ajustada entre las dos
co
roñas año de 1750’ – feito logo após o Tratado de Madrid de 1750.
F
ig. 229 – Mapa de la governación del Paraguay..., do P. José Cardiel, 1752 (ca.)
Um mapa de 1763 (ca.), de José Custodio de e Faria (fig.230), mostra a Lagoa
dos Patos e, em detalhe (fig.231), pode-se ver o sítio de Porto Alegre, aqui denominado
Porto do Dorneles.
F
ig. 230 – José Custodio de Sá e Faria, 1763 Fig.231 – Detalhe, 1763
Uma planta bastante importante neste contexto é a ‘Planta do Continente do Rio
Grande’ de 1780 (fig.232), levantada pelo tenente António Inácio Rodrigues Córdova e feita
251
após o Tratado de santo Ildefonso, em que o ‘continente’ aparece dividido em quatro
p
rovíncias (regiões): Rio Grande, Viamão, Rio Pardo e Vacaria (ou Cima da Serra). Nele se
pode localizar a Vila de Porto Alegre.
F
ig. 232 – Planta do Continente do Rio Grande, 1780
Francisco João Roscio, que andou bastante pelo sul do Brasil, tem uma ‘Carta
Hydrographica de huma parte do terreno e costa do Império do Brazil, extrahida da Carta da
Província de São Pedro’ (fig.233), levantada em 1772. Um mapa também considerado
importante é o ‘Mapa Corographico da Capitania de São Pedro’ de José de Saldanha
(fig.234), de 1801.
F
ig. 233 – ‘Francisco João Roscio, 1772 Fig.234 – José Saldanha, 1801
No ‘Guia de Caminhantes’ publicado em 1817, a 3ª Carta (fig.235) diz respeito à
Capitania do Rio Grande de São Pedro do Sul. Como bem coloca Costa, este guia é
252
“resultado da cartografia setecentista e com o propósito de facilitar os deslocamentos de
vi
ajantes pello Brasil”. Foi delineado e iluminado por Anastásio de Sta Anna.
F
ig. 235 – Carta 3ª Capitania do Rio Grande de S. Pedro, 1816
no Brasil Império, o primeiro mapa que teve seu destaque, mencionado neste
trabalho, é o mapa feito por José Pedro César intitulado ‘Mappa da provincia de San Pedro’
(fig.85), levantado sob a direção do Visconde de S Leopoldo. Reduzido pelo geógrafo Th.
Duvotenay, foi publicado como anexo nos Annaes da Província .de São Pedro de 1839. Não
se sabe a data em que foi feito; o que se sabe é que o Visconde de São Leopoldo teria
presidido a Província de São Pedro entre 1824 e 1826 e que José Pedro César faleceu
em1825, portanto, deve ter sido entre 1824 e 1825.
Dois mapas feitos em 1839, e também já mencionados neste trabalho são: o ‘Mappa
do Rio Grande do Sul’ e o ‘Mappa do Theatro da Guerra na Provincia do Rio de Grande de
S. Pedro'. O ‘Mappa do Rio Grande do Sul’ foi feito por Lívio Zambeccari (fig.95) e gerou
controvérsias com o mapa de José Pedro César, publicado nos Anais de 1839. Do ‘Mappa
do Theatro da Guerra na Província do Rio de Grande de S. Pedro' (fig.121) não se conhece
o autor.
Uma ‘Carta Topográfica e Administrativa da Província de São Pedro do Sul’ (fig.236),
gravada em 1847, foi feita por iniciativa de um grupo de empresários liderados pelo
Visconde de Villiers de L’Ille Adam, que é o autor da carta. Foi um projeto interessante, por
253
ser, de certa forma, uma iniciativa privada e não ter sido feita pelo Estado
4
36
. Nessa época,
grande parte dos mapas, estava, de alguma forma, ligada ao Corpo de Engenheiros.
Um mapa de 1865 intitulado ‘Mapa do Sul do Império do Brasil e Paizes Limitrophes’
(fig.237) foi feito pelos engenheiros civis H. L. dos Santos Werneck e C. Krauss, por ordem
do Ministro e Secretario de Estado dos Negócios da Agricultura, do Comércio e das Obras
Públicas, tendo sido organizado segundo os trabalhos mais recentes. Este mapa mostra o
Uruguai, parte da Argentina o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina.
F
ig. 236 – Carta Topográfica e Adm. Da Província de São
Pedro do Sul de Villiers Adam, 1847
Fig. 237 – Mapa do Sul do Império do Brasil,
1865
Como a própria ‘Nota’ aponta, este trabalho publicado em 1868 há muito tempo vinha
sendo construído. Em vários relatórios de presidentes da província, a ‘Carta Corographica
da Província’ é mencionada. Apesar da ‘Nota’ apontar o início dos trabalhos da Carta como
tendo sido o ano de 1857, no relatório de 1850, Francisco José de Souza Soares de
Andréa, faz um balanço dos problemas e das dificuldades para se fazer tal carta e da
necessidade da mesma:
“Uma carta de toda a província, bem construída, depende de muitas
observações astronômicas, e de uma triangulação não interrompida, que
prenda, a grandes distancias, todas as posições elevadas do terreno, e
chegue assim as extremidade della. Este serviço depende de despezas
consideráveis, e de tempo; e bem que seja de ultima urgência para todos os
actos da administração, não devemos encruzar os braços, emquanto a esta
4
36
Conforme COSTA, Antônio Gilberto. Dos Roteiros de Todos os Sinais da Costa até a Carta Geral: um projeto
de cartografia e os mapas da América Portuguesa e do Brasil Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. (Org.)
Roteiro Prático de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.
168.
254
exactidão podermos chegar; e cuidemos desde já de obter alguma cousa
q
ue se aproxime da verdade: o que é mais fácil, e menos dispendioso”
437
.
No mesmo relatório, ele comenta que a Assembléia Provincial decretou vinte contos
de réis para dar início a este trabalho. Relata também que teria publicado um regulamento
para servir de base para os trabalhos de levantamento dessa carta e fala dos trabalhos
cartográficos que estão sendo feitos e que poderão ajudar na construção final da carta.
Os trabalhos dessa carta tiveram que ser postergados com o advento, em 1851, da
Guerra do Prata. Finda a Guerra em 1852, passou-se a trabalhar na demarcação dos limites
entre o Império e a República Oriental, e a carta aparentemente foi esquecida. Nos
relatórios de Presidentes da Província, se torna a mencionar o assunto da Carta da
Província em 1859, no Relatório do Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão
438
.
Nesse relatório, é dito que o encarregado da ‘Carta Chorographica da Província’ é o
engenheiro civil Felippe de Normann, a quem foi fornecido trabalhos geodésicos,
topográficos e de reconhecimento pertencentes ao Archivo das Obras Públicas para ajudar
na elaboração da referida carta. Além desta carta, o Conselheiro Joaquim Antão Fernandes
Leão menciona, no relatório, que se faz necessária a elaboração de uma ‘Carta da Viação
Terrestre e Fluvial’, da qual encarregou os engenheiros José Maria de Campos e Antonio
Dias da Costa este senhor que é citado na ‘Nota da Carta como tendo iniciado os
trabalhos da mesma em 1857). Sobre essa carta, o Conselheiro cita no relatório o seguinte
informe de Antonio Dias da Costa, dando conta das características da mesma:
“Essa carta organisada sob a projecção cônica modificada, tem essa
projecção traçada, assim como os pontos da província que são
conhecidos por latitudes e longitudes. A sua escala é de 1:720.000 tomada
sobre o meridiano médio. Ainda não comecei a inserir os trabalhos que
estão reduzidos, por querer primeiramente concluir todas as reduções. São
poucos, é certo, os elementos, nos quaes se pode confiar, que possue o
archivo para organisação de uma carta; porém se se impozer aos
engenheiros a obrigação de apresentarem roteiros, feitos com cuidado, das
viagens que fizerem para a organisação, ou execução de projectos de obras
publicas da província, poderemos reunir esses elementos, e com os tirados
com maior cuidado para os diversos serviços das mesmas obras, como
A
NDREA, Joze de Souza Soares de. Relatório do estado da Província do Rio Grande de São Pedro apresentado
ao Exmo. SR. Conselheiro José Antonio Pimenta Bueno pelo Tenente General Francisco José de Souza Soares
de Andréa, em 1850. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1850. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1850_Jose_Antonio_Pimenta_Bueno_relatorio.pdf >. Acesso em: 20 ago.
2009. p. 23.
438
LEÃO, Joaquim A. Fernandes. Relatório apresentado a Assembléia Provincial de S. Pedro do Rio Grande do
Sul na Sessão da Legislatura pelo Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, em 1859. Porto Alegre:
Typografia do Correio do Sul, 1859. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1859_Joaquim_Antao_Fernandes_Leao.pdf> Acesso em 20 ago. 2009.
255
sejão plantas de estradas, exames de porção de rios navegáveis,&c. &c., e
o
s que se forem fazendo na inspectoria das terras publicas, conseguiremos
organisar uma carta com a possível exatidão
439
.
No relatório de 1860 o Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, ao mencionar a
Carta Chorographica da Província, informa que exonerou o Eng. Civil Felipe de Normann da
organização da mesma pelo fato de que o mesmo não estaria cumprindo prazos, nem
demonstra estar trabalhando na carta. Este engenheiro teria sido encarregado da Carta pelo
seu antecessor na Presidência da Província e estaria recebendo uma gratificação mensal de
200$000 réis. Pode-se perceber, por este relatório, que com a exoneração de Felipe de
Normann, passou-se a ter uma única Carta sendo elaborada a de Antonio Dias da Costa,
vinculada ao Archivo de Obras Publicas. Como o Conselheiro Joaquim Antão Fernandes
Leão afirma, ele ordenou a Felippe de Normann “que recolhesse logo ao Archivo Provincial
todos os trabalhos e documentos que tinha em seu poder, tendo porém a observar, que
antes havia encarregado ao Capitão Diretor do dito Archivo a organisação de uma igual
carta, e esse serviço, está em andamento”
440
.
No Relatório de 1861 do Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, ao ser
mencionado o Archivo das Obras Públicas, informa-se que continua o trabalho de confecção
da carta chorographica da Província
441
.
No Relatório de 1862, do Desembargador Francisco de Assis Pereira Rocha, é
relatado que o Diretor do Archivo de Obras Publicas, o Capitão de Engenheiros Antonio Dias
da Costa faleceu e que para seu lugar foi nomeado o Tenente Coronel José Maria Pereira
de Campos. Ao fazer referência a Carta Chorographica da Província, é relatado o
falecimento do Engenheiro civil Felippe de Normann e que “achão-se recolhidos ao Archivo
das Obras Publicas os dados e papéis relativos a este trabalho que estavão em poder do
mesmo Engenheiro”
442
.
4
39
LEÃO, Joaquim A. Fernandes. Relatório apresentado a Assembléia Provincial de S. Pedro do Rio Grande do
Sul na Sessão da Legislatura pelo Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, em 1859. Porto Alegre:
Typografia do Correio do Sul, 1859. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1859_Joaquim_Antao_Fernandes_Leao.pdf> Acesso em 20 ago. 2009. p.
78.
440
LEÃO, Joaquim A. Fernandes. Relatório apresentado a Assembléia Provincial de S. Pedro do Rio Grande do
Sul na Sessão da Legislatura pelo Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão, em 1860. Porto Alegre:
Typografia do Correio do Sul, 1860. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1860_Joaquim_Antao_Fernandes_Leao.pdf> Acesso em 20 ago. 2009 p.67
441
LEÃO, Joaquim Antão Fernandes. Relatório com que o Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão entregou
a Presidência da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul ao Commendador Patrício Correa da Camara, em
1861. Porto Alegre: Typografia do Jornal A Ordem, 1861. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1861_Joaquim_Antao_Fernandes_Leao.pdf> Acesso em 20 ago. 2009;
p.52.
442
ROCHA, Francisco de Assis Pereira. Relatório aprezentado pelo Presidente da Provincia de S. Pedro do Rio
Grande do Sul Desembargador Francisco de Assis Pereira da Rocha na Sessão da 10ª Legislatura da
Assembléa Provincial, em 1862. Porto Alegre: Typografia do Jornal A Ordem, 1862. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1862_Francisco_de_Assim_Pereira_ROcha.pdf>. Acesso em 20 ago. 2008.
p. 79 e 84.
256
A morte de Antonio Dias da Costa e de Felipe de Normann deve ter atrasado os
t
rabalhos da Carta da Província, pois se volta a falar da mesma no relatório de 1865, de
João Marcellino de Souza Gonzaga. Este confiou ao capitão de engenheiros Antonio
Augusto de Arruda a redução das plantas parciais de diversos pontos da província para
“uma escala e copiá-los para um mappa, collocando-os nas respectivas posições
geographicas segundo os pontos astronômicos conhecidos”. Após esse trabalho, “os
espaços em branco do referido mappa serão completados com posteriores explorações e
observaçoes, e por esta forma poder-se-ha obter uma carta completa e exacta da província,
cuja falta é bem sensível”
443
. Este capitão - Antonio Augusto de Arruda é citado na ‘Nota’
da Carta de 1868 como sendo um dos engenheiros que, em 1863, continuaram os trabalhos
relativos à organização da Carta.
Tendo a Guerra do Paraguai começado em dezembro de 1864 e devido ao fato da
Província ter-se tornado parte do palco desta guerra, novamente a Carta Chorographica da
Província é deixada de lado. Somente em 1867, estando na Presidência da Província o Dr.
Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello, é que se volta a falar da Carta
Chorographica da Província. Em seu relatório de 1867, ele organizou a Repartição de Obras
Publicas, tendo como um dos ajudantes de engenheiro Antonio Eleuthério de Camargo. Este
engenheiro também foi incumbido, para a publicação de uma Estatística da Província, de
examinar os materiais existentes sobre o assunto nos Archivos. Em relação à Carta
Chorographica da Província, o Dr. Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello avaliando
que “poucas províncias possuem, como esta, tantos trabalhos aproveitáveis para a
organisação de uma carta topographica”, apresenta, em anexo ao seu relatório, uma
descrição apresentada pelo tenente-coronel do Corpo de Engenheiros Luiz Manoel Martins
da Silva dos “trabalhos redusidos à escala adoptada para a organização da referida
carta”
444
. Este tenente-coronel Luiz Manoel Martins da Silva também consta da ‘Nota’ da
Carta de 1868, como tendo ficado encarregado dos trabalhos da mesma em 1865.
Em seu relatório de transmissão de cargo, o Dr. Francisco Ignácio Marcondes
Homem de Mello relata dois fatos importantes ocorridos em janeiro de 1868, nos quais
Antonio Eleuthério de Camargo esteve envolvido. O primeiro diz respeito ao fato de que a
carta chorographica da Província ficou pronta e está em processo de impressão. Ele afirma
4
43
GONZAGA, João Marcellino de Souza. Relatório com que o Bacharel João Marcellino de Souza Gonzaga
entregou a Administração da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul ao Illmo. Sr. Visconde da Boa-Vista,
em 1865. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1865. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1865_Joao_Marcelino_de_Souza_Gonzaga.pdf>. Acesso em 20 ago. 2009.
p.28.
444
MELLO, Francisco Ignácio Marcondes Homem de. Falla Dirigida à Assembléa Legislativa da Provincia de S.
Pedro do Rio Grande do Sul pelo Presidente Dr. Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello, em a Segunda
Sessão da 12ª Legislatura. Porto Alegre: Typ. do Rio-Grandense, 1867. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/download.asp?nomeArq=1867_Francisco_Ignacio_Marcondes_Homem_de_Mello_f
alla.pdf >. Acesso em: 20 ago. 2009. p.35-36.
257
que graças “aos esforços e dedicação do engenheiro Dr. Antonio Eleuthério de Camargo,
e
fficazmente auxiliado pelo zelo dos empregados da Repartição de Obras Públicas e do
agrimensor João Propício Rodrigues da Silva, se deve a conclusão da Carta Topographica
da Província, em que se gastarão já sommas tão consideráveis”
445
. Esta parte do relato está
coerente, em termos de calendário, com o conteúdo da ‘Nota’, pois um dos engenheiros que
a mesma refere como tendo concluído a Carta é Anthonio Eleuthério de Camargo e os
desenhadores mencionados estão ligados à Repartição de Obras Públicas. O segundo fato
importante diz respeito a um ofício de 13 de janeiro de 1868, recebido por ele, em que o Dr.
Antonio Eleutério de Camargo lhe comunica “estarem concluídos os trabalhos relativos à
estatística da província
446
e cuja impressão está bastante adiantada. Foi publicado, em
1868, um ‘Quadro Estatístico da Província de o Pedro do Rio Grande do Sul’ e uma
‘Carta Topográfica do Rio Grande do Sul’, ambos de autoria de Antonio Eleuthério de
Camargo. Esta Carta, como foi mencionado, inclui em seu bojo uma Planta de Porto
Alegre
5.6.3 – Do Desenho da Planta de 1868
A ‘Planta da Cidade de Porto Alegre Capital da Provª. de São Pedro do Rio Grande
do Sul’, por Anthonio Eleuthério de Camargo é, como se disse, um cartucho inserido na
parte inferior esquerda da ‘Carta Topographica da Provincia’. É uma planta impressa
monocromática, de dimensões aproximadas de 31,5 x 29 cm. A escala gráfica é em braças
(180 braças). Esta planta tem o título colocado na parte superior, o mapa propriamente dito
fica abaixo do titulo e, como o mapa de L. P. Dias de 1839, está emoldurado por uma elipse.
Abaixo do mapa, inserida em um retângulo centralizado, há uma vista da cidade, neste caso
uma vista do norte. Dos dois lados e embaixo do retângulo que contém a vista, estão
dispostas as legendas do mapa (fig.238).
4
45
MELLO, Francisco Ignácio Marcondes Homem de. Relatório com que o Exmo Sr. Dr. Francisco Ignácio
Marcondes Homem de Mello passou a administração desta Província ao Exmo. Sr. Dr.Joaquim Vieira da Cunha,
Vice-Presidente em 13 de abril de 1868. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1868. Disponível
em: <http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1868_Francisco_Ignacio_Marcondes_Homem_de_Mello_falla.pdf>.
Acesso em 20 ago. 2009. p. 12.
446
MELLO, Francisco Ignácio Marcondes Homem de. Relatório com que o Exmo Sr. Dr. Francisco Ignácio
Marcondes Homem de Mello passou a administração desta Província ao Exmo. Sr. Dr.Joaquim Vieira da Cunha,
Vice-Presidente em 13 de abril de 1868. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1868. Disponível
em: <http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1868_Francisco_Ignacio_Marcondes_Homem_de_Mello_falla.pdf>.
Acesso em 20 ago. 2009. p. 11.
258
F
ig. 238 – Esquema da planta de Porto Alegre de 1868
Esta planta apresenta algumas semelhanças com a planta de 1839 de L. P. Dias. O
que mais chama a atenção é o fato de que o mapa da cidade está emoldurado por uma
elipse. Esta elipse não está inscrita, em sua totalidade, por um retângulo. Existe um
retângulo que a tangencia em dois lados, que é o retângulo que configura o cartucho. Outra
semelhança tem a ver com o fato de que, além do mapa, esta planta apresenta também
uma vista, no caso apenas a vista do norte. Em relação ao título, pode-se ver alguma
semelhança em parte das letras. A palavra ‘Planta’ da de 1839 e as Palavras ‘Porto Alegre’
foram feitas com a mesma fonte e os enfeites que envolvem a palavra ‘Planta’ envolvem, na
Planta de 1868, não apenas a palavra ‘Porto Alegre’, mas emoldura todo o resto do título
que utiliza mais dois tipos de fontes. Também na planta de 1839, o título utiliza três fontes
diferentes, mas esses outros tipos de fontes não possuem semelhanças. Ainda em relação
às fontes utilizadas nas duas plantas, pode-se observar que a fonte usada nas legendas é
muito semelhante nas duas plantas.
Nesta planta, como na de 1844, não temos muitos destaques na legenda. Na Planta
de 1844 havia 30 itens, neste caso temos 36 (34 legendas numéricas e 02 alfabéticas).
Nenhum destes 36 destaques refere-se a alguma rua da cidade, pois os nomes das ruas
estão inscritos no próprio mapa, dentro de seu traçado.
As duas legendas alfabéticas a’ e ‘b’ estão relacionadas com a Companhia
Hydráulica Porto-Alegrense, surgida em 1865. A letra ‘b’ indica apenas um elemento, que é
o local do reservatório de água da Companhia Hydráulica, que se situava no terreno onde
hoje está construída a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. A letra ‘a
indica os vários chafarizes desta Companhia distribuídos na cidade e provavelmente
alimentados através do reservatório. São 8 chafarizes colocados um em cada praça/espaço
aberto da cidade: Praça da Harmonia, Praça da Alfândega, Praça General Osório, Praça de
259
Pedro 2°, Praça do ‘Mercado Publico’, Praça junto a Santa Casa, Praça junto a Praça do
P
ortão e Várzea.
As legendas numéricas aparentam ter tido uma tentativa de ordem geográfica’. Da
legenda 1, que é a Cadeia localizada na ponta da ‘península’, passa-se para as legendas de
s 2 a 7 que são equipamentos e espaços localizados ao longo da Rua da Praia,
começando pela Praça da Harmonia e indo até a esquina com a Rua do Arroio. Do nº 8 ao
14 são equipamentos distribuídos ao redor da Praça D. Pedro II (atual ), inclusive vários
deles na Rua da Igreja. O 15 é uma referência na Rua da Igreja esquina com a Rua de
Bragança seriam os alicerces do Lyceo. Do Alto da Praia, passa-se para o 16 que se
refere à Alfândega, localizada na Praça de mesmo nome. Os 17 e o 18 são os ‘mercados’,
um a ser demolido e o outro, o novo. Depois do circuito das praças, começamos a subir,
sendo o 19 a Igreja do Rosário na subida da rua do Rosário. Os 20 e 21 são,
respectivamente, o Quartel do 8° e a Santa Casa, áreas próximas aos limites da cidade, nas
proximidades de onde ficavão as muralhas. O 22 e o 23 são referências de áreas fora das
muralhas’ – uma Igreja junto à rua da Olaria e uma fonte junto ao Riacho. A partir do 24,
a distribuição se torna mais caótica e os meros se dispersam aleatoriamente pela cidade
(fig.239).
F
ig. 239 – Esquema das legendas da planta de Porto Alegre de 1868
O que chama a atenção nas legendas deste mapa é a quantidade de elementos
diferentes que elas destacam. Das 36 legendas, 22 o equipamentos/espaços que não
existiam ou que não foram relacionados nos mapas anteriores da cidade de Porto Alegre.
Muitos deles são edifícios/espaços novos da cidade.
Estes equipamentos/espaços novos na cidade são: A Companhia Hydraulica e seus
chafarizes (a e b) cujas obras terminaram por volta de 1866; a Cadêa Civil (1) cuja
260
construção se iniciou em 1848 e foi concluída em 1864; a Praça da Harmonia e/ou Passeio
P
úblico (2) que passou a existir na cidade por volta de 1859; o novo edifício do Arsenal de
Guerra (7) em 1866; a Bailante (12); o Theatro São Pedro (13) que teve sua construção
terminada em 1858; os alicerces para a edificação da Câmara Municipal (14) cujas obras
começaram em 1864 e terminaram somente em 1871; os alicerces do Lyceo (15) cujas
obras começaram em 1846 e em1856 ainda não estavam prontas; o antigo mercado a
demolir (17) que foi inaugurado por volta de 1844; o Novo Mercado cujas obras começaram
por volta de 1865 e terminaram em 03 de outubro de 1869; a Igreja do Carmo (22) cuja
construção foi concluída em 1855; a Fonte do Dezembargador Bello (23); a Fonte dos
Pobres (25); o Próprio Provincial em que está a Fabrica de Óleos (29); a Igreja Protestante
(30) que foi inaugurada em 1865; o lugar em que esta se construindo o Seminário (31) cujas
obras foram começadas em 1864 e foram concluídas em 1888; o Palácio Episcopal (32); e a
Praça do G
al
. Ozório (33).
Alguns são equipamentos/espaços que existiam, mas não haviam sido citados
e/ou nominados nas plantas anteriores da cidade: a Capella do Espírito Santo (11), a Praça
da Independência (24) e o Antigo depósito d’agoa do canal (26);
Os outros equipamentos/espaços citados na legenda deste mapa haviam
aparecido ou sido citados nas plantas anteriores da cidade. São eles: o Arsenal de Marinha
(3); o Quartel General (4); a Igreja das Dôres (5) que começou a ser construída em1807 e
terminou somente em 1904; o Antigo Edeficio do Arsenal de Guerra (6); a Assemblêa
Provincial (8), concluída em 1790; o Palácio do Governo (9) iniciado em 1784 e concluído
em 1789; a Cathedral (10) construída em 1772; a Alfândega (16) cujas obras terminaram em
1824; a Igreja do Rozario (19) iniciada em 1817 e concluída em 1827; o Quartel da Praça da
Independência (20) ou Quartel do 8° que foi construído em 1828; a Santa Casa de
Mizericordia (21) que foi inaugurada em 1826; o antigo Quartel dos Guaranis (27); o Quartel
do Corpo Policial (28) e a Praça de Pedro 2° (34).
No que se refere a espaço urbano, apenas as praças (4) estão destacadas, sendo
que apenas a Praça D. Pedro II foi citada nos mapas anteriores, as outras 3 (a Praça da
Harmonia, a Praça General Osório e a Praça da Independência) são nominadas pela
primeira vez em uma planta. Praças importantes da cidade não foram destacadas ou
mencionadas, como a Praça do Portão, a Praça da Alfândega e a Praça Paraízo.
Este mapa está de acordo com os preceitos científicos da época. Como o mapa de
1844, está com o norte para cima. A diferença, em relação ao de 1844, é que ele possui
uma seta indicando a direção do norte. Esta seta (fig.240), em termos de desenho, é bem
simples – não se configura como uma rosa dos ventos. Existe uma escala gráfica em braças
261
(180 braças) colocada na parte inferior do mapa (fig.241). Neste mapa, como
m
encionado, as ruas estão com os nomes escritos no desenho, e o estão referidas como
uma legenda em separado.
F
ig. 240 – ‘Seta que indica o norte’ Fig.241Escala gráfica
Não há indicação do sentido das águas do Guaíba e pode-se distinguir o que é terra
do rio/lago através de um grafismo, que se utiliza de uma série de linhas paralelas ao
terreno desenhadas mais próximas junto a terra e se espaçando ao mesmo tempo em que
se afastam quase um desenho de ‘ondas’. Este recurso gráfico havia sido utilizado nos
mapas de 1844 e de 1839.
Deste mapa não constam novos limites urbanos a não ser os da península. Seu
desenho foi elaborado numa escala um pouco maior e centrado exclusivamente na
península. Não há mais a muralha, ela foi demolida por ordem do Duque de Caxias em
1845, com o fim da Guerra dos Farrapos. A costa norte da península encontra-se modificada
e ampliada. Aparece um novo traçado que mostra o aterro que configurou a Rua Nova da
Praia (que nessa planta se chama Sete de Setembro). Essa obra durou quase 15 anos,
entre 1845 e 1860, desde a Praça da Harmonia até o Largo do Mercado. A Praça da
Alfândega, nesta planta, não sofreu grandes alterações. a região da Praça XV, além do
aterro da rua Sete de Setembro, mostra a projeção de um espaço mais largo onde foi
construído o 2º Mercado Público da cidade. Consta dessa planta a indicação do antigo
mercado público (com a inscrição “a ser demolido”), no local onde hoje se situa a atual
Praça XV. Nessa ampliação é que foram construídos alguns dos novos
espaços/equipamentos da cidade de Porto Alegre. Já foi mencionado o Mercado, mas nessa
região ainda aparece a Fábrica de Óleos, a Praça da Harmonia e o novo edifício do Arsenal
de Guerra. Na ponta da península também houve um aterro/ampliação onde foi construída a
Cadeia da cidade. A costa sul da península não sofreu alterações.
Os quarteirões e as ruas estão demarcados de forma similar aos das plantas
anteriores por traços que configuram as suas formas e a direção das ruas, becos e
travessas. Em algumas regiões parte sul da península e na região que hoje chamamos
262
Cidade Baixa algumas ruas estão desenhadas com linhas tracejadas em vez de linhas
co
ntínuas. Usualmente o uso de linhas tracejadas indica que essas ruas são projeto de ruas,
mas como algumas dela já existiam em plantas anteriores, pode-se supor que, neste caso, a
diferenciação foi feita em função da pavimentação.
Os elementos construídos continuam sendo desenhados de forma a mostrar a
maneira como eles ocupam a quadra e isso permite observar que a face norte da península
continua, em 1868, mais densamente ocupada que a parte do sul. No desenho desses
elementos construídos continua a haver uma simulação de tridimensionalidade, com linhas
desenhadas mais espessas em um dos lados. Na representação destes elementos há uma
novidade alguns deles estão destacados, inteiramente pintados de preto. Todos estes
elementos estão duplamente destacados, pois além de inteiramente pintados em preto,
fazem parte da legenda. São eles: Cadeia, Fábrica de óleos, antigo Quartel dos Guaranis,
Arsenal da Marinha, Quartel General, antigo edifício do Arsenal de Guerra, novo edifício do
Arsenal de Guerra, Alfândega, o Mercado a ser demolido, o Novo Mercado, o Quartel do
Corpo Policial, o Theatro São Pedro, a Assemblea Provincial, o Palácio do Governo e o
Quartel da Praça Independência.
uma representação das curvas de níveis de forma similar a da Planta de Porto
Alegre de 1839. Neste mapa não nenhuma indicação de vegetação. A Várzea que nas
plantas de 1838, 1839 e 1844 mostrava o traçado de uma proposta de loteamento, não
contém nada a não ser o seu nome e a indicação da existência de um dos chafarizes da
Companhia Hydraulica. Junto à borda do Guaíba, na ponta da península e na parte sul
temos a representação de pedras nas margens que não apareciam em plantas anteriores.
No que diz respeito à influência de outros mapas, um aspecto já mencionado é o fato
do mapa ser emoldurado por uma elipse, o que remete ao mapa de 1839 de Luis Pereira
Dias. O grafismo de representação do Guaíba remete não ao mapa de 1839, como
também ao de 1844 e ao de 1838. A forma de representação das curvas de nível também
lembra o mapa de L. P. Dias. Também já se mencionou o tipo de letra usado na palavra
‘Porto Alegre’ do mapa de 1868 ser muito semelhante à palavra ‘planta’ do mapa de 1839,
como também os enfeites que cercam a mesma. No que tange à representação dos
elementos construídos pintados de preto, não é necessário ir muito longe: na Carta
Corographica do Império do Brazil, o cartucho que traz a Planta do Rio de Janeiro, capital do
Império, utiliza o destaque de elementos construídos dessa forma (fig.217). Esta mesma
planta também não apresenta nenhuma vegetação.
Como se pode ver, este mapa destaca principalmente os novos equipamentos e
espaços da cidade. De certa forma, pode-se dizer que, ao não destacar nem nominar alguns
263
espaços, eles foram excluídos. É o caso da Praça do Portão, da Praça da Alfândega e da
P
raça do Paraizo. Tem-se também o Riacho e a sua ponte de Pedra que estão desenhados,
mas não nominados. Três ruas estão desenhadas sem que haja indicação de seus nomes.
São as atuais: rua General Vitorino (rua d’Alegria), av. Salgado Filho (rua da Cadeia) e a rua
Sarmento Leite.
O cartógrafo fez algumas confusões em alguns nomes de ruas. O caso mais
marcante é a rua que ele denominou Rua da Imperatriz (no mapa a atual Rua da República).
Pelo que se sabe, a rua que foi chamada de Rua da Imperatriz não é a atual Rua da
República, mas sim a atual Av. Venâncio Aires. A atual Rua da República se chamava Rua
do Imperador. O que deveria ser Beco do Firme ele denominou Rua do Firme (atual Rua
Avaí). Por último, ele denominou como Beco do Firme o Beco da Fonte (atual Rua 24 de
maio).
A ‘Carta Topographica da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul’ foi impressa
na Lithographia Imperial de Emilio Wiedemann, em Porto Alegre. Sua impressão foi
encomendada em 09/01/1868 pela
“directoria geral dos negócios da fazenda provincial, com Emilio
Wiedemann, o qual se obrigou a lithographar dois mil exemplares da
referida carta, com as dimensões do original que lhe fôra entregue pela
repartição das obras públicas, no prazo de seis meses, entregando as
cartas à medida que as for apromptando. Foi contratado o trabalho pela
somma total de oito centos e cem mil is, em três prestações; a de
2:100$000 réis, ao principiar o trabalho a de 2:000$000 reis dois mezes
depois do recebimento da e a ultima de 4:000$000 réis quando forem
entregues todos os exemplares da obra”
447
.
Este Sr. Emilio Wiedemann consta como vice-cônsul da Saxônia em Porto Alegre no
Almanak Laemmert de 1865.
Conforme relato de Israel Rodrigues Barcelos, Emilio Wiedemann entregou os dois
mil exemplares na Repartição de Obras Públicas. Ordenou, então, “que fossem vendidos,
por conta da fazenda provincial, mil exemplares, e os outros archivados e também
distribuídos pelas Províncias do Império”
448
.
4
47
MELLO, Francisco Ignácio Marcondes Homem de. Relatório com que o Exmo Sr. Dr. Francisco Ignácio
Marcondes Homem de Mello passou a administração desta Província ao Exmo. Sr. Dr.Joaquim Vieira da Cunha,
Vice-Presidente em 13 de abril de 1868. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1868. Disponível
em: <http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1868_Francisco_Ignacio_Marcondes_Homem_de_Mello_falla.pdf>.
Acesso em 20 ago. 2009. p. 12.
448
BARCELLOS, Israel Rodrigues. Relatório com que o Exmo Sr. Israel Rodrigues Barcellos 1° Vice- Presidente
da Província passou a administração ao Exmo. Sr. Dr. Antonio da Costa Pinto Silva, em 16 de setembro de 1868.
Porto Alegre:Typographia do Rio-Grandense, 1868. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1868_Israel_Rodrigues_Barcellos.pdf>. Acesso em 20 ago. 2009. p.7.
264
A Fundação Biblioteca Nacional possui cinco exemplares desta Carta (ARC 006, 03,
0
08; ARC 022, 08,029; ARC 005, 01, 011; ARC 020, 07, 011 & ARM 015, 03, 017) e o
Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho possui um exemplar.
Em livros de história de Porto Alegre, esta planta da cidade tem sido divulgada. Ela
aparece inteira nos livros de Célia Ferraz de Souza e Dóris Maria Müller (Porto Alegre e sua
Evolução Urbana, 1997); no de Clóvis Silveira de Oliveira (Porto Alegre, a Cidade e sua
Formação, 1993); no CD Cartografia Virtual Histórica-Urbana de Porto Alegre do IHGRS
(2005); e no livro de Sandra Jatahy Pesavento (Os Sete Pecados da Capital, 2008). no
livro de Francisco Riopardense de Macedo (Porto Alegre: Origem e Crescimento, 1968),
apenas parte da planta aparece.
5.6.4 – Das Leituras do Mapa
O objetivo mais geral dessa planta tem a ver com o fato de ela estar inserida na
“Carta Topographica da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul”, que é o resultado
da necessidade de se ter uma carta da Província que mostrasse os seus limites atuais e
tivesse demarcadas as cidades do Rio Grande do Sul, com suas latitudes e longitudes
corretas. E essa carta não mostra apenas o desenho do território da Província de São Pedro
do Rio Grande do Sul, ela apresenta também a planta da Capital da Província Porto
Alegre.
Segundo Rodrigo de Azambuja Villanova (2° Vice-Presidente da Província), esta
Carta está longe de ser perfeita. Em seu relatório de transmissão do cargo em 1887, ele
afirma que: uma das maiores difficuldades com que luta a administração publica é a falta de
uma carta topographica e essa difficuldade ainda mais se aggrava attendendo-se à posição
militar da província. A que existe, concluída sob a direção do engenheiro A. E. de Camargo,
não pode ser pior e teria valor se o fim que se teve em vista com a sua publicação fosse
o de tornar desconhecida a topographia do Rio Grande do Sul. Nella só é exato o que foi
feito em 1857 pelo finado engenherio Antonio Dias da Costa que a deixou principiada
quando falleceu”
449
.
4
49
VILLANOVA, Rodrigo de Azambuja. Relatório apresentado ao Illm. e Exmo Sr. Dr. Joaquim Jacintho de
Mendonça, 3° Vice-Presidente por S. Ex. o Sr. Dr. Rodrigo de Azambuja Villanova, 2° Vice-Presidente ao passar-
lhe a administração da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, em 27 de outubro de 1887. Disponível
265
Neste relatório, ele ainda descreve alguns dos problemas e despropósitos que
co
nstata na planta, chegando a afirmar que “a simples inspeção dessa carta mostra que a
província do Rio Grande é uma região mais montanhosa que a da província de Minas, que a
Suissa e que a Noruega quando o contrário é que é verdade”
450
.
Uma questão interessante da planta de 1868 é que, apesar de resgatar elementos da
representação gráfica da Planta de 1839 e de apresentar uma área da cidade um pouco
menor que a de L. P. Dias, de certa forma ela amplia a cidade. E faz isso ao destacar os
novos espaços, ao mostrar uma cidade neste momento já sem muralhas e ao apresentar
uma ampliação real da cidade que o os aterros o da Rua Sete de Setembro e o da
região da Cadeia. Mostra o novo com a cara do antigo.
Nesta planta de 1868, também, como na planta de 1839, uma figura de transição,
em virtude do mapa da cidade estar acompanhado de uma vista da mesma (fig.242). A
paisagem aqui privilegiada é a do rio, com a península na sua face mais povoada e uma
vista da zona onde se situa o porto. O ângulo de visão é de uma das ilhas, pois o que vemos
em primeiro plano é a vegetação da ilha e dois pescadores em seus pequenos barcos junto
a uma enseada, numa ilha. Em seguida, temos o rio com alguns barcos e, como pano de
fundo dessa cena idílica, tem-se a vista norte da cidade.
F
ig. 242 – Vista da cidade da Planta de 1868
A colocação de um personagem, no caso um pescador e seu barco, no primeiro
plano da vista da cidade, m vários retrospectos, sendo o mais famoso as plantas de
cidade de Braun & Hogenberg no ‘Civitates Orbis Terrarum’. Neste atlas de cidades,
publicado em seis volumes entre 1572 e 1617, contendo plantas de cidades de toda a
e
m:. <http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1887_Joaquim_Jacinto_Mendonca.pdf>. Acesso em 20 ago. 2009.
p.177.
450
VILLANOVA, Rodrigo de Azambuja. Relatório apresentado ao Illm. e Exmo Sr. Dr. Joaquim Jacintho de
Mendonça, 3° Vice-Presidente por S. Ex. o Sr. Dr. Rodrigo de Azambuja Villanova, 2° Vice-Presidente ao passar-
lhe a administração da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, em 27 de outubro de 1887. Disponível
266
Europa e também de outras partes do mundo (mas em um número bastante reduzido),
e
stão inseridos desenhos de pessoas com roupas típicas da cidade, que no caso deste atlas
tem uma explicação:
“Georg Braun escreveu em um prefácio em 1572 que ele tinha esperança
de que seu trabalho fosse não apenas agradável ao olho, mas que tamm
servisse a algum fim prático. Por exemplo, para descobrir como eram as
muralhas e os mecanismos de defesa das cidades conquistadas pelos
Turcos, na esperança de que essas cidades pudessem ser reconquistadas.
Porque, Braun escreveu, mesmo Alexandre o Grande tinha pesquisas
feitas e plantas desenhadas de cidades de forma a poder ver como elas
poderiam ser melhor conquistadas. E ainda, ‘ninguém precisa ter medo de
que o nosso trabalho trará mal aos Cristãos, ao ajudar a conquista de suas
importantes cidades pelo inimigo. Nós nos prevenimos deste considerável
perigo. Em todas as descrições de cidades nós incluímos ilustrações das
diferentes vestimentas de todas as nações e povos, tanto de alta quanto de
baixa posição social. Nós fizemos isto, de forma que para os sanguinários
Turcos, aos quais não é permitido ver ilustrações desenhadas ou gravadas,
esta livro não lhes seja permitido, não importa quão útil lhes seja’”
451
.
Como exemplo, tem-se a vista da cidade de Mainz (fig.243) na Alemanha, colocada
na edição de 1572 do Civitates Orbis Terrarum, e a vista da cidade de Gorinchem na
Holanda (fig.2434, também da edição de 1572.
F
ig.243 – Mainz, Alemanha, 1572
O que também chama atenção é que a vista apresentada da cidade é o lado norte da
península. Esta parte
452
, que na história de Porto Alegre sempre foi a mais densamente
habitada, é também a parte onde está o porto, onde sempre existiu o fundeadouro dos
e
m:. <http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1887_Joaquim_Jacinto_Mendonca.pdf>. Acesso em 20 ago. 2009.
p.178.
451
KROGT, Peter van der. Mapping the towns of Europe: The European towns in Braun & Hogenberg’s Town
Atlas, 1572-1612. BELGEO – Revue Belge de Geographie, Leuven, n. 3/4. 2008. p. 385-386.
452
A face Norte sempre foi a mais habitada e o local onde os barcos fundeavam porque era a mais protegida. O
relevo da península, a parte alta da cidade, protegia a região do vento sul, do vento vindo do Pólo Sul, o famoso
‘Minuano’.
267
barcos. Neste sentido, mostrar esta face, mesmo sendo vista de uma das ilhas, é mostrar a
f
ace que era possível de ser observada pelo viajante que chegava de barco a cidade.
F
ig. 244Gorinchem, Holanda, 1572
Nesta vista da cidade de Porto Alegre está entrelaçado um tipo de visão, de formato
horizontal. Como afirma Nutti, esse tipo de visão se
“impõe aos topógrafos e aos pintores. A folha, a tela se decompõe em três
partes correspondentes as diversas matérias do mundo retratado: o céu, o
edificado ou a terra firme, o mar ou a extensão da planície. Se ramificam
sobre terrenos limítrofes as diversas descrições da pintura e da topografia.
O olho do topógrafo aponta um foco mais próximo na face intermediaria. O
perfil da cidade se aproxima, se enriquece de detalhes, enquanto que o
espaço fronteiro pode ser utilizado para dispor personagens, ou marcar o
ponto de observação com a figura do desenhador atento a trabalhar sobre o
seu bloco. Se a primeira face é ocupada pelo mar, o desenhador é
substituído, com a mesma validade, pelo barco
453
”.
E ela enfatiza que “o binômio nave/costa, ponto de partida e de chegada dos raios
visuais constitui um quadro de referência espacial completo, no qual se pode fixar um
momento do tempo, uma anedota, um acontecimento histórico”
454
.
4
53
NUTI, Lucia. Ritratti di città: visione e memória tra Medievo e Settecento. Veneza: Marsílio, 1996. p.83 – 84.
454
NUTI, Lucia. Ritratti di città: visione e memória tra Medievo e Settecento. Veneza: Marsílio, 1996. p.84.
268
Na vista da cidade de Porto Alegre da Planta de 1868, pode-se ver o céu onde
i
nclusive aparecem algumas nuvens; na face intermediária, o perfil da cidade com detalhes
de seu casario e da topografia natural; e na primeira face, um misto de terra e água, onde o
personagem em seu barco marca o ponto de visão da imagem.
Esta planta, sendo a primeira após a Guerra dos Farrapos e onde são destacados os
novos equipamentos e as novas áreas de aterro, é uma planta que tenta mostrar o
crescimento da cidade de Porto Alegre dentro da península. Pode-se ver que, terminada a
Guerra, os limites urbanos não demoraram a ser ampliados e a vida na cidade obteve
grandes melhoramentos.
269
5.7 – A PORTO ALEGRE DE UM CARTÓGRAFO ANÔNIMO
F
ig. 245 – Planta de Porto Alegre de 1872 (versão digitalizada)
270
D
ata aparentemente de 1872 a sexta planta da cidade de Porto Alegre. Trata-se de
uma planta sem autor identificado. Seu nome completo é “Planta da Cidade de Porto Alegre”
(fig.245). A data de 7 de Janeiro de 1872 aparece escrita a o em cima de um desenho
que tenta reproduzir um selo fiscal do Império.
Além do desenho do selo fiscal do Império, chamam a atenção nesta Planta duas
inscrições: ‘Concedida ao Dr. F: A.
io
Per
ra
. Rocha’ e ‘Concedido t aio J
oão
. Rocha’ (fig.246)
que, aliadas a uma letra (A) e a uma linha tracejada (fig.), indicam que o local tracejado foi
concedido a alguém.
F
ig. 246 – Inscrições
A presença de um selo fiscal indica que, mais que uma planta ou um mapa, o papel
que o contém é um documento. As duas inscrições, seu teor e a indicação espacial que elas
apontam, levam a crer que este mapa foi utilizado para demonstrar a localização de terrenos
cedidos pela Presidência da Província e/ou pela Câmara de Vereadores a um cidadão.
Constam dos documentos daquela época (Correspondência passiva da Câmara, Atas da
Câmara e Documentos referentes à Construção e Melhoramentos do Município) várias
referências a doação, aforamento e aforamento perpétuo de terrenos a cidadãos.
O processo de doação, aforamento e aforamento perpétuo, pelo que se pode
depreender desses documentos, começava com o requerimento de algum cidadão pedindo
algum terreno devoluto ou terras consideradas de marinha. Esse requerimento era
encaminhado a uma comissão de Vereadores ou ao Vereador Inspetor do Distrito onde se
localizava o terreno. Após, a decisão tomada pela Câmara passava pela autorização do
271
Presidente da Província. Algumas vezes, o requerimento era encaminhado diretamente ao
P
residente da Província, que pedia então informações à Câmara sobre o pedido. Sendo
aprovado, era expedida uma Certidão de Posse ou um Titulo de Concessão.
5.7.1 – Os Cartógrafos ‘Oficiais’
A cartografia, por vezes necessária para expedição de uma certidão de posse ou um
Título de Concessão, quando foi executada deve ter sido pela estrutura de funcionários que
assessoravam a Câmara de Vereadores no que diz respeito à cidade de Porto Alegre.
Essa estrutura começou com contratações de arruadores ligados diretamente à
Câmara e, mais tarde, de engenheiros ligados diretamente à Câmara e/ou à Presidência da
Província. De acordo com os Termos de Vereança, em 11 de Janeiro de 1806 foi expedida a
provisão do cargo de Arruador do Conselho que foi ocupado por Agostinho de Borba
455
. Em
23 e 30 de janeiro de 1808, é expedida a provisão, respectivamente, de Arruador da Vila e
de Arruador Público
456
, cargos novamente ocupado por Agostinho de Borba. Mais tarde, em
19 de julho de 1811, o Arruador e Encarregado dos prédios urbanos desta Vila passa a ser
Anselmo Dias Mendes Lisboa
457
. Os Vereadores eram os executores das tarefas nas
administrações municipais, e suas corporações foram revitalizadas com a Lei de 29 de
agosto de 1828, que deu nova feição a elas. Esta lei estabeleceu regras para a construção
das obras públicas, que tinham por objeto a navegação de rios, a abertura de canais, a
edificação de estradas, de pontes, de calçadas e de aquedutos
458
.
De acordo com o Relatório do Presidente da Província de 1853, em relação às Obras
Públicas um dos primeiros elementos de sua organização se deram através da Lei n° 110 de
3 de dezembro de 1847, que criou os engenheiros de Comarca
459
. No relatório de 1847
460
,
4
55
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1805-1812. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Data 11/01/1806.
456
TOSON, Berenice Ana et al. (Org.) Anais do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Porto Alegre:
Secretaria Municipal de Cultura, 1994. v.6. p.26 e p.36.
457
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1805-1812. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Data 19/07/1811.
458
BRASIL. Colecção das Leis do Império do Brasil de 1828. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1878. v. 1.
Disponível em: <http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/conteudo/colecoes/Legislacao/Legimp-K.pdf>. Acesso
em: 14 dez. 2009.
459
SINIMBU, João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu. Relatório do Presidente da Província de S. Pedro do Rio
Grande do Sul João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu na abertura da Assembléa Legislativa Provincial em 6 de
outubro de 1853. Porto Alegre: Typographia do Mercantil, 1853. Disponível em: <http://www.seplag.rs.gov.br/>.
Acesso em 20 ago. 2009.
272
de Manoel Antonio Galvão, há uma relação de empregados para as Obras Públicas, em que
co
nstam como Inspetores o Brigadeiro Graduado Lopo d’Almeida Henriques Botelho e
Mello, o 1° Tenente José Maria Pereira de Campos, o Tenente Luiz Manoel Martins da
Silva e o 2° Tenente Luiz José da França e, ainda, o Engenheiro Civil João Martinho Buff.
Em 1849, pela Lei n° 163 de 11 de julho de 1849 foi autorizada à Presidência da
Província “organizar por meio de um regulamento esta útil instituição”
461
, a ‘Directoria de
Obras Públicas’ (fig.247). Esta regulamentação foi feita na Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul, em 1849, pelo Tenente General Francisco Joze de Souza Soares de
Andrea, então Presidente desta Província que nomeou, para trabalhar na ‘Directoria de
Obras Públicas’ como Engenheiro civil George, Felippe Carlos Theodoro Normann e como
desenhador, Raimundo Alves da Motta
462
.
F
ig. 247 – Carimbo da Diretoria de Obras Públicas
Conforme o regulamento, esta ‘Directoria de Obras Públicas’ tem por missão, entre
outras, levantar a Planta de todas as Cidades, Vilas, Freguesias e Povoações da Província,
fazer as medições dos terrenos dentro dos limites das povoações, dar às Câmaras os
projetos para a fachada das casas que fizerem frente às ruas, etc. É nesta instituição que as
certidões de posse e/ou Títulos de Concessão foram fornecidos e, portanto, esta Planta da
Cidade de Porto Alegre deve ter sido produzida.
4
60
GALVÃO, Manoel Antonio. Relatório do Presidente da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul o Senador
Conselheiro Manoel Antonio Galvão na abertura da Assembléa Provincial em 05 de Outubro de 1847. Porto
Alegre: Typographia do ARGOS, 1847. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/download.asp?nomeArq=1847_Manoel_Antonio_Galvao.pdf >. Acesso em: 12 abr.
2009.
461
SINIMBU, João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu. Relatório do Presidente da Província de S. Pedro do Rio
Grande do Sul João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu na abertura da Assembléa Legislativa Provincial em 6 de
outubro de 1853. Porto Alegre: Typographia do Mercantil, 1853. Disponível em: <http://www.seplag.rs.gov.br/>.
Acesso em 20 ago. 2009.
462
ANDREA, Joze de Souza Soares de. Relatório do Presidente da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul
Tenente General Francisco Joze de Souza Soares de Andrea na abertura da Assembléa Legislativa Provincial
em de junho de 1849. Porto Alegre: Typographia do Porto-Alegrense,1849. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/>. Acesso em: 20 ago. 2009.
273
Nos documentos referentes à ‘Construção e Melhoramentos do Município de 1853 a
1
900’, existente no Arquivo Histórico Moysés Vellinho, podem-se encontrar vários
documentos solicitando e concedendo terrenos para cidadãos. Por exemplo, em 01 de
setembro de 1858, há um “requerimento de Domingos Joze Lopes à Câmara, solicitando,
por aforamento, terrenos na Rua da Praia do Arsenal, junto ao Curral da Passagem”.
463
Em
27 de abril de 1859, encontra-se “ofício de João Ferreira Porto e outros requerendo ao
Presidente da Província a concessão, por aforamento, de uma extensão de terrenos na Rua
do Caminho Novo
464
. Em 08 de junho de 1860, pode-se ler um “ofício do Procurador da
Câmara Antonio Augusto Guimarães informando sobre terrenos aforados pela Câmara e
encaminhando relação das pessoas que não efetuaram os pagamentos”.
465
Os pedidos, por
vezes se referiam a doação de terrenos como mostra o ofício do Barão de Porto Alegre, de
25 de julho de 1860, ao Presidente da Câmara Cassiano Pacheco de Assis, solicitando
informações sobre como conseguir, por doação ou aforamento, dois terrenos no Caminho
Novo”.
466
O aforamento de terrenos podia ser pérpetuo, como o mostra o ofício de 18 de
novembro de 1869, do Vereador Inspetor do distrito Francisco Olinto de Carvalho à
Câmara, “favorável ao requerimento de Jo Mendes Ribeiro Guimarães e Camillo José
Mendes Ribeiro que pedem, por aforamento perpétuo, terrenos fronteiros à Chácara que
possuem no Cristal”.
467
Nestes documentos pode-se encontrar, inclusive, certidões de posse
como o “título de concessão a Manoel da Silva Ferreira Costa, de aforamento perpétuo de
um terreno, situado entre os terrenos concedidos a José Antonio da Silva Veiga e Luiz
Cardoso de Salles fornecido em 20 de junho de 1866”.
468
Contendo duas plantas temos um ofício, datado de 28 de outubro de 1875, com
parecer dos membros da Comissão do Contencioso João Rodrigues Fagundes e Luiz da
Silva Flores Filho, sobre o terreno devoluto reivindicado por Joaquim Antonio Maria dos
Santos, na Rua Duque de Caxias”.
469
(figs. 248 e 249) Essas plantas, no entanto, não
possuem selos fiscais.
4
63
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.51.
464
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.52.
465
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.54.
466
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.54.
467
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.78.
468
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.67.
469
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.119.
274
Fig.248Planta de terreno na Duque
d
e Caxias
Fig. 249 – Planta de terreno na Duque de Caxias (2)
5.7.2 – Do Desenho da Planta de 1872
A “Planta da Cidade de Porto Alegre”, aparentemente de 1872 é uma planta
manuscrita, bicromática, em uma folha de papel de 71 x 70 cm. Ela não contém a assinatura
ou a designação de seu cartógrafo. A data de ‘7 de janeiro de 1872’, que aparece no mapa,
não faz parte do título: está colocada na parte inferior direita da Planta, escrita de forma
manual, com letra cursiva, sobre o desenho do que aparenta ser um selo fiscal do Império
(fig.250).
F
ig. 250 – Esquema da Planta da cidade de Porto Alegre, 1872
275
De acordo com o CD
4
70
que contém uma versão digitalizada desta planta (fig.245), o
original da mesma encontrar-se-ia no Arquivo Histórico Moysés Vellinho. No entanto, o que
existe no Arquivo Histórico é uma cópia heliográfica, não sendo, portanto, o original. Tanto a
versão digitalizada, quanto a cópia heliográfica contém uma inscrição: Acervo Histórico da
S.M.O.V. Setor de Mapoteca’. Neste local, aliás, encontra-se esta planta desenhada em
papel vegetal. A Planta existente na SMOV é o atual original que, na verdade, é um semi-
original (fig.251).
F
ig. 251 – Planta da cidade de Porto Alegre, 1872 (papel vegetal - SMOV)
A planta existente na SMOV deve ser a cópia do mapa original que se encontra
perdido. O motivo que leva a essa conclusão é o desenho do selo fiscal, como se fosse uma
cópia de um mapa que continha um selo fiscal. Observando o desenho desse selo, pode-se
ver que se trata de um selo retangular onde está escrito ‘Império do Brasil -200 réis - sello’ e
contendo o desenho do rosto de alguém com barba (fig.252). Entre os selos fiscais do
Império, pode-se encontrar um selo muito parecido com o representado no desenho, em que
podemos reconhecer a efígie de D. Pedro II, de barba, e que existe com o valor de 200 réis
4
70
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana
de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
276
(fig.253). Segundo informações de RHM Filatelistas
4
71
, este selo fiscal foi emitido em maio
de 1869, produzido pelo American Bank Note de New York.
F
ig.252 – Desenho do selo no mapa Fig.253Selo Fiscal do Império
Um selo fiscal num mapa não é um elemento muito comum, e sua conjugação com
as inscrições de ‘Concedido a...’ remete à idéia de que, mais do que um mapa, este é um
documento que demonstra espacialmente a concessão, a um cidadão, de terrenos em
determinada região da cidade.
As duas inscrições de concessão são: ‘Concedida ao Dr. F: A.
io
Per
ra
. Rocha’ e
‘Concedido t aio J
oão
. Rocha’, mas elas estão relacionadas a apenas um símbolo, a letra A.
Em virtude de documento de 09 de junho de 1863, que consta também do acervo existente
no Arquivo Histórico Moysés Vellinho, pode-se dizer que se trata de Francisco Antonio
Pereira da Rocha. Trata-se da cópia de um ofício do “Presidente da Província, Esperidião
Eloy de Barros Pimentel à Câmara, ratificando a concessão por aforamento perpétuo, a
Francisco Antonio Pereira da Rocha, de terreno na beira do Rio, ao sul da Cadeia, esquina
da Rua do Riacho”
472
. De acordo com este oficio,
tendo-se pela Thesouraria da Fazenda passado em 31 de março deste
anno o competente título assinado por esta Presidência pelo qual se
concedeo por aforamento perpétuo ao Dr. Francisco Antonio Pereira da
Rocha o terreno Beira-rio existente ao sul da Cadea Civil e a começar da
esquina da Rua do Riacho com 900 palmos de frente que o mesmo Dr.
Requereo, e o meu antecessor favoravelmente deferiu a sua petição por
despacho de 4 de outubro de 1862, não pode ser atendida a reclamação
4
71
RHM FILATELISTAS. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.oselo.com.br/>. Acesso em: 02 mar.
2010.
472
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.61.
277
que fez essa Câmara em ofício 12 de 6 de maio próximo findo pedindo
q
ue seja anulado o referido título
473
.
Esperidião Eloy de Barros Pimentel foi Presidente da Província de 01 de janeiro de
1863 a 29 de março de 1864. Antes dele, no período de 18 de dezembro de 1862 a 01 de
janeiro de 1863, esteve à frente da Província o vice-presidente Major Patrício Correia da
Câmara e, de 16 de janeiro de 1862 a 18 de dezembro também de 1862, foi o
Desembargador Francisco de Assis Pereira Rocha que esteve comandando a Província.
Devido à data de o despacho ser 4 de outubro de 1862
474
, quem deferiu a petão foi o
Desembargador Francisco de Assis Pereira Rocha. Chama a atenção que quem concedeu
os terrenos e quem foi o beneficiário têm nomes bastante semelhantes.
Francisco Antonio Pereira da Rocha, a quem foi concedida a área de 900 palmos
(198 metros) na Praia do Riacho, teria vindo da Bahia para o Rio Grande do Sul. Em 1861,
devido à necessidade de abastecimento de água potável em Porto Alegre, fez-se necessária
uma pessoa habilitada na função. Com esse intuito, veio “à Província o Dr. Francisco
Antonio Pereira da Rocha, que já fora o concessionário e diretor da empreza de Queimado
para igual abastecimento na Bahia, e por tanto com a vantagem da experiência em obras
taes”
475
, com o qual o Presidente da Província Joaquim Antão Fernandes Leão não hesitou
em celebrar um contrato no dia 7 de setembro de 1861 para o fornecimento de água a Porto
Alegre. Em 23 de setembro de 1862, Francisco Antonio Pereira da Rocha transferiu o
contrato através de escritura publica para a “Companhia Hydraulica-Porto-Alegrense,
autorisada a funcionar por decreto de 07 de julho de 1862, que aprovou os respectivos
estatutos”
476
. Aparentemente, têm-se novamente notícias dele no Estado da Bahia, em
1871, onde o
Sr. Francisco Antonio Pereira da Rocha, importou um automóvel da Europa.
Era uma maquina tremendamente pesada, barulhenta, a vapor, tinha cinco
rodas, e muito grande, sendo este o primeiro automóvel a andar em
território brasileiro, seu proprietário ficou muito conhecido e se tornou
4
73
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. Caixa 9,
1863-1869 09/06/1863.
474
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. Caixa 9,
1863-1869 09/06/1863.
475
LEÃO, Joaquim Antão Fernandes. Relatório com que o Conselheiro Joaquim Antão Fernandes Leão entregou
a Presidência da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul ao Commendador Patrício Correa da Camara, em
1861. Porto Alegre: Typografia do Jornal A Ordem, 1861. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1861_Joaquim_Antao_Fernandes_Leao.pdf> Acesso em 20 ago. 2009.
p.40.
476
PIMENTEL, Esperidião Eloy de Barros. Relatório apresentado pelo Presidente da Província de S. Pedro do
Rio Grande do Sul Dr. Esperidião Eloy de Barros Pimentel na Sessão da 10ª Legislatura da Assembléa
Provincial em de março de 1863. Porto Alegre: Typografia do Correio do Sul, 1863.Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/> Acesso em 20 ago. 2009.
278
popular por apostar que aquele grande veículo subiria a Ladeira da
C
onceição da Praia e chegaria a Praça do Palácio, ganhando com
facilidade esta aposta com dezenas de pessoas que tinham a opinião
contraria a dele, este veiculo muitos anos depois foi para o Rio Grande do
Sul, comprado por um grande fazendeiro
477
.
O ofício de ratificação feito por Esperidião Eloy de Barros Pimentel foi uma resposta
a uma solicitação da Câmara de Vereadores que, em 05 de maio de 1863, pediu a
Presidência da Província para que revogasse “uma concessão de terrenos, na Praia do
Riacho, por prejudicar a comodidade pública e o aformoseamento da cidade”.
478
Em 10 de
junho de 1863, a Câmara de Vereadores recebe “Portaria da Presidência comunicando que
não pode anular o título passado pelo seu antecessor, concedendo terrenos beira-rio a um
cidadão, ao sul da Cadeia Civil”
479
.
Em 11 de abril de 1866, os terrenos ainda estão na posse de Francisco Antonio
Pereira da Rocha, pois um “ofício do Procurador da Câmara, Joao Baptista Pereira Salgado
à mesma, informa da necessidade de medir os terrenos que foram solicitados para
tombamento, começando pelo de Francisco Antônio Pereira da Rocha, ao concedido à
Câmara, para logradouro público”.
480
Em 20 de abril de 1866 um ofício do Presidente da
Câmara, José Pinto da Fonseca Guimarães ao Engenheiro Frederico Heydtmann, ordena a
medição dos terrenos concedidos pela Presidência da Província para logradouro público, no
litoral do Riacho”.
481
Em 26 de maio de 1875, temos uma nova menção ao terreno pertencente a
Francisco Antonio Pereira da Rocha, quando, finalmente, o terreno de marinha concedido a
Câmara, que começa junto ao terreno concedido a ele é tombado, conforme documentos
que constam do acervo existente no Arquivo Histórico Moysés Vellinho
482
.
A localização dos terrenos de Francisco Antonio Pereira da Rocha poderia ser,
considerando esta planta, o local da letra A (fig.254) que começa, segundo o documento de
9 de junho de 1963, na Rua do Riacho (isto pode explicar o porque no documento a Rua da
4
77
NEGÓCIOS ANTIGOS, CONSULTORIA E ASSESSORIA. São Paulo, 2009 Disponível em:
<http://www.negociosantigos.com.br/departamento.aspx?id=45>. Acesso em: 13 jan. 2010.
478
TOSON, Berenice Ana (Org.). Catálogo das Atas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, 1856-1865.
Porto Alegre: Unidade Editorial, Secretaria Municipal de Cultura, 2000. v. 10. p.202.
479
TOSON, Berenice Ana (Org.). Catálogo das Atas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, 1856-1865.
Porto Alegre: Unidade Editorial, Secretaria Municipal de Cultura, 2000. v. 10. p.203.
480
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.67.
481
COSTA, Gilda Ferrari M. da et al. (Org.). Anais do Arquivo Histórico do Munipio de Porto Alegre. Porto
Alegre: Secretaria Municipal de Cultura, 1988. v. 3. p.67.
482
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Município. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. Caixa 11
(1873 a 1876), 26/05/1875.
279
Varzinha ter sido chamada de Rua do Riacho e o fato de que, por isso, existem duas Ruas
d
o Riacho).
F
ig. 254 – Esquema da localização do terreno de Antonio Pereira da Rocha, com a localização dos elementos
da planta de Manoel Correa S. Netto, do gasômetro e da região das casas de Araújo Ribeiro
Esta localização é referida por Franco nos seguintes termos:
o município resistiu como pôde as tentativas de privatização dos terrenos
junto ao rio, no lado sul da rua. (...) Entretanto, os presidentes da Província
foram menos sensíveis e cautelosos que os vereadores: no próprio ano de
1863, um certo Doutor Francisco Pereira da Rocha obteve o aforamento de
90 braças de terreno junto ao rio, apesar dos protestos da Câmara. E,
pouco depois, a companhia que instalou o gasômetro, para produzir o gás
de iluminação, também foi favorecida com a doação de um terreno contíguo
ao anterior. Neste caso com a anuência dos vereadores”
483
.
A Planta feita por Manoel Correa da Silveira Netto (fig.255), chamada ‘Planta da
parte do litoral comprehendida entre o canto leste do recinto do gazometro até o canto sul
dos terrenos que foram de Lopo Gonçalves Bastos levantada em 1875’, e a Planta de Porto
4
83
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: guia histórico. 4. ed. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS,
2006. p.432-433.
280
Alegre de 1881, de Henrique Breton que mostra o gasômetro e uma concessão anterior de
t
errenos para logradouro público feita à Câmara, deixa perceber que os terrenos de
Francisco Antonio Pereira da Rocha (fig.254) o seriam na zona da letra A e, sim, entre
esta e a Cadeia (isto talvez explique as duas frases de concedido).
F
ig. 255 – Planta de Manoel Correa da Silveira Netto
Essa concessão anterior de terrenos para logradouro blico feita à Câmara pode
ser lida na ata de 31/07/1824, segundo a qual “se recebeu um oficio do Exmo. Presidente
desta Província com data de 26 do corrente, pelo qual no Augusto Nome de Sua Magestade
Imperial concede a esta mara os terrenos vazios e devolutos que se acham bordando a
margem no sitio com a antiga denominação d’Arsenal”. E na Ata de 23/03/1831 se relata um
ofício do Procurador da Câmara que comunica ter “intimado a medição judicial dos terrenos
da marinha do Arsenal, divididas em sete autos, os quais apresentava, por serem outras
tantas as quadras que correspondem ao todo do terreno, desde a desembocadura da Rua
Formosa até as casas de José Antônio de Araújo Ribeiro”. A Rua Formosa corresponde à
atual Rua Duque de Caxias e as casas de José Antonio de Araújo Ribeiro se localizavam
onde temos atualmente a Travessa Araújo Ribeiro (fig.254).
Nesta planta, além do titulo, dos nomes de ruas, de praças e de espaços públicos,
aparece em termos de elementos escritos a data escrita de forma manuscrita sobre um
selo , a indicação de escala 1:10.000 em conjunto com uma escala gráfica, as duas frases
de concedido e as letras A e B. Como foi mencionado a letra A está colocada junto às
frases de concessão, no entanto a existência da letra B é um mistério, ela também aponta
uma região de terrenos de marinha, mas não se encontra nenhuma explicação do porque ou
para quem essa área teria sido destinada. Num certo sentido, pode-se dizer que esta planta
se resume ao mapa propriamente dito da cidade.
281
Na planta de 1872 não existem legendas colocadas em um espaço especial - os
ca
rtuchos. Temos apenas os nomes de algumas ruas, de alguns espaços públicos e praças
escritos no próprio desenho do mapa. O mais próximo de legenda são as duas letras A e B,
mas não há nenhuma ‘tradução’ para as mesmas. A letra A está desenhada junto à parte sul
da península, dentro do Guaíba e dentro de umas formas desenhadas com linhas
tracejadas, uma espécie de indicação, talvez, de zonas de aterro. Próximo a esta letra estão
duas frases: ‘Concedida ao Dr. F: A.
io
Per
ra
. Rocha’ e ‘Concedido t aio J
oão
. Rocha’. Junto à
letra B não há nenhuma indicação.
Esta é, portanto, uma planta bastante simplificada. Nela se encontram poucas
coisas desenhadas. Para demarcar a fronteira entre o que é terra e o que é o Guaíba, foi
desenhada uma linha mais espessa. Numa linha mais fina, tem-se o traçado das quadras e
ruas. A planta está desenhada com o Norte para cima, mas não nem uma seta e nem
uma rosa dos ventos que faça essa indicação.
Temos uma escala gráfica desenhada na parte inferior de 0 a 1000 metros (fig.255),
e uma notação de que este desenho foi realizado na escala 1/10.000 metros.
F
ig. 256 – Escala da Planta da cidade de Porto Alegre, 1872
O desenho desta planta é uma representação em duas dimensões da cidade de
Porto Alegre. As quadras e as ruas estão demarcadas por traços que configuram as suas
formas e as direções das ruas. Mas não há, na maior parte das quadras, nenhuma indicação
da maioria dos elementos construídos. Apenas algumas construções estão destacadas pelo
desenho de sua forma geométrica e pintadas de preto, mas nem todas possuem a indicação
do que são, do que representam. Os edifícios desenhados e que têm a indicação de sua
função escrita junto ao mesmo são: a Cadeia Civil, a Alfândega, o Theatro, e a Igreja junto a
Praça Conceição, da qual é dito Igreja. O Mercado também esta nominado, mas ele não
está destacado em preto. Por último, tem-se nominados dois chafarizes, um junto a Praça
da Harmonia e o outro junto ao Riacho.
Além destes prédios que estão nominados, os outros elementos destacados em
preto e não nominados são edificações que se destacam em termos funcionais na cidade.
Entre eles, pode-se identificar a Santa Casa de Misericórdia, o Quartel do , o Arsenal de
Guerra, a Igreja Matriz, a Capela do Espírito Santo, o Palácio do Governo e a Assembléia
Provincial.
282
Em relação às praças da cidade estão nominadas a da Alfândega, a D. Pedro II, a da
I
ndependência, a da Harmonia, a da Misericórdia e a da Conceição. Outro espaço aberto
nominado é a Várzea.
Nesta planta, uma linha tracejada chama a atenção: trata-se de uma linha que sai do
Riacho, paralela a atual Rua da Republica a a Várzea, contorna a Várzea pelas atuais
João Pessoa, Praça Argentina e Osvaldo Aranha, subindo a a Independência,
paralelamente a antiga Rua da Conceição e terminando no Guaíba (fig.256).
F
ig. 257 – Linha tracejada
Na versão do CD e na cópia heliográfica no Arquivo Moysés Vellinho, há uma
inscrição mais recente nomeando esta linha como sendo o local por onde teria passado a
muralha. Mas, embora para o lado sul da península esta linha passe bastante próxima do
local da muralha indicada na planta de 1839, no lado norte, começando junto a Várzea, ela
se afasta bastante do traçado. Ela pode estar indicando os limites, pois, a não ser pelo
traçado na Várzea, está bastante próxima do que diz o Código de Posturas de 1829:
Limita-se esta cidade de Porto Alegre pela rua transversa que vai do
Caminho Novo aos primeiros Moinhos de Vento que são hoje pertencentes
a Antonio Martins Barbosa, até o meio da largura da Estrada Geral Imediata
e desta em linha reta até a embocadura da Rua da Olaria pela frente da
Chácara do Sargento-mor João Luiz Teixeira e da mesma embocadura em
linha recta até o Riacho seguindo por ele até a sua desembocadura.
484
4
84
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Código de Posturas. Porto Alegre, 1829. Disponível em: Arquivo
Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho.
283
A localização dos moinhos pertencentes a Antonio Martins Barbosa pode ser vista na
P
lanta de 1839. Eles ficavam um pouco além do local onde, nesta planta, está localizada a
Praça da Conceição, em frente ao Beco do Barbosa (atual Rua Dr. Barros Cassal), que é a
rua transversa mencionada. A Estrada Geral Imediata seria o caminho que passava ao
longo da rzea; a Rua da Olaria (atual Rua Lima e Silva) é a que fica no meio, entre a
Várzea e a rua denominada, neste mapa, de Rua do Chafariz. A Chácara do Sargento-mor
João Luiz Teixeira, não se conseguiu saber a sua localização. Seu nome não consta de
outras plantas. Fala-se nos limites da embocadura da Rua da Olaria, portanto do seu
começo, junto à atual Rua Coronel Genuíno.
Poucas ruas estão nominadas, da ponta da Península até a Praça D. Pedro II
apenas as que são paralelas à Rua dos Andradas: começando pelo aterro do lado Norte
temos a Rua da Alfândega ou Sete de Setembro, a Rua dos Andradas, a Rua da Ponte, a
Rua da Igreja, a Rua do Arvoredo e as duas seguintes foram nominadas como Rua do
Riacho, sendo que uma delas, a que não margeia o Guaíba, chamava-se naquele tempo
Rua da Varzinha (atual Rua Demétrio Ribeiro). Paralela a essas ruas, temos ainda
nominadas duas ruas, uma no lado norte na continuação da Rua Sete de Setembro, nesta
planta denominada Rua do Caminho Novo ou dos Voluntários da Pátria; e na parte sul, junto
ao Riacho, a Rua do Chafariz.
Perpendicular a estas ruas, tem 4 ruas nominadas e todas além da Praça D.
Pedro II para o lado da rzea, começando com a Rua de Bragança, seguida pela Rua do
Rosário, pela Rua de Santa Catharina e, por último, a Rua do Sr. Dos Passos.
A área mostrada é similar a da planta de 1844, sendo que a diferença entre elas é o
fato desta planta indicar a Praça da Conceição, mostrar o quadrado da Igreja junto à mesma
e mostrar um pouco mais a área da Várzea também o fato de haver mais áreas de
aterro, pois a Rua Sete de Setembro aparece constituída e, na ponta da ‘península’, está
inserida a cadeia. Neste último aspecto (aterros e cadeia), é mais semelhante à Planta de
1868.
Não nenhuma indicação de curva de nível ou qualquer outra representação que
indique a topografia da cidade. No desenho desta planta também não há a representação da
vegetação. A única coisa mais próxima de vegetação são os círculos desenhados na Praça
da Harmonia, que devem ser árvores existentes na mesma. No Guaíba, a zona de porto é
indicada pelo desenho de 4 pequenas âncoras. O Riacho, em sua desembocadura, tem uma
seta indicativa do sentido do movimento de suas águas.
No mapa, a escala aparece de duas formas, uma gráfica e outra como notação
(1/10.000). Uma novidade desta planta é que a escala utilizada é uma escala métrica
284
decimal. Não é mais braça, palmos ou léguas. Este sistema começou na França, proposto
p
ela Academia Francesa em 1791 e legalizado neste país em 1801. No Brasil, o sistema
métrico foi legalmente introduzido em 26 de junho de 1862 pela Lei n° 1.157, mas houve
demora na sua total aplicação. Em 1875, numa Convenção Internacional realizada em Paris,
“houve a adoção do sistema métrico decimal, como padrão internacional de medidas, da
qual Portugal e Brasil participam e fazem parte do grupo de dezessete países signatários do
acordo”
485
.
Como se pode ver, este mapa omite várias coisas: a topografia do sitio de Porto
Alegre, a vegetação e grande parte dos elementos construídos. Em virtude da presença de
vários prédios destacados, a omissão do atual Mercado Público se torna bastante
importante, devido ao fato do mesmo ter sido concluído em 1869.
Em relação a sua divulgação, considerando que o original está perdido (seria um
mapa manuscrito), o que temos é um exemplar, um semi-original em vegetal, na Mapoteca
da SMOV, e uma cópia heliográfica no Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho.
Do que se sabe, ele só foi reproduzido numa copia digital, no CD Cartografia Virtual
Histórica-Urbana de Porto Alegre do IHGRS, feito em 2005.
5.7.3 – Das Leituras do Mapa
Este mapa por ser um documento que apresenta, de forma espacial, as terras
concedidas ao Dr. Francisco Antonio Pereira da Rocha, sendo um mapa bastante
simplificado. Seu original, que se encontra perdido, seria uma planta manuscrita,
provavelmente um exemplar para o proprietário e, talvez, uma cópia para o registro junto a
Câmara.
Há, nesta planta, uma contradição que se explica pelo fato de ser um documento.
Essa contradição diz respeito à data de feitura desta planta. Apesar do selo com a data
escrita a mão Porto Alegre 7 de janeiro de 1872 pode-se pensar que esta planta é
anterior à planta de 1868. Uma hipótese é que esta planta tenha sido feita por volta de 1864,
e o que leva a afirmar isso é a ausência do atual Mercado Público. A construção do atual
Mercado começou em 1865 e foi terminada em 03 de outubro de 1869, sendo que ele foi
4
85
SANTOS, Márcia Maria Duarte dos. cnicas e Elementos da Cartografia da América Portuguesa e do Brasil
Império. In: COSTA, Antônio Gilberto. (Org.) Roteiro Prático de Cartografia: da América Portuguesa ao Brasil
285
entregue ao público em 1870. Desse modo, não se pode conceber que o mercado não
e
steja presente em uma planta datada de 1872, ainda mais devido ao fato de que ele
aparecia na Planta de 1868.
Esta questão se torna mais problemática pelo fato de que o Mercado que aparece na
planta de 1872, no mapa de 1868 constava como ‘Mercado a ser demolido’. Ainda mais:
sabe-se que o velho mercado não existia fisicamente em 1870, pois em 20 de outubro
desse ano os vereadores “suspendem a sessão e decidem ir ao local do Mercado velho
para recolher a pedra fundamental daquele prédio que foi demolido”
486
. Além disso, no mapa
de 1868, a zona de aterro da região do mercado é bem maior do que a desenhada neste
mapa.
Mas, se considerarmos que a data do mapa seja por volta de 1864, como fica a
questão do selo cuja primeira edição é de 1869? Tudo isto talvez tenha a ver com a história
da concessão do terreno a Francisco Antonio Pereira da Rocha. Tendo recebido a
concessão em outubro de 1862, e a mesma tendo sido ratificada em 1863, surge o pedido
da Câmara de terrenos na mesma região e que, para o tombamento dos mesmos como
pertencentes a ela, era necessário que se fizesse a medição. O tombamento desse terreno
foi concluído em 1875. Provavelmente, a planta de concessão do terreno concedido por
aforamento perpétuo existia, e em virtude das medições feitas entre 1866 e 1875, e do
tombamento dos terrenos da Câmara em 3 de setembro de 1872, um novo documento, com
a planta existente, foi emitido, para assegurar a posse de Francisco Antonio Pereira
Rocha.
O mapa de 1872, sendo um documento que fala do registro de terras, da questão da
propriedade e marginalmente dos limites da cidade, faz pensar no livro de Daniel Lord Smail
Imaginary Cartographies: Possession and Identity in late medieval Marseille. Este livro fala
de um outro tempo, onde “não havia uma cartografia universal como a atual”
487
. Ele trata da
cidade de Marselha na Idade Média Tardia, onde “algumas formas universalizadoras
estavam em movimento nas praticas cartográficas dos notários públicos e dos oficiais
senhoriais”
488
.
Como bem coloca Smail “o livro é também a história da ‘burocracia de arquivar
dados’ e as práticas que estavam em processo de refinamento nesta ciência cartográfica”.
Para Smail a ‘burocracia de arquivar dados’ diz respeito “as instituições das esferas de
I
mpério. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 71.
486
GANDOLFI, Mara Regina et al. (Org.). Catálogo das Atas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, 1866-
1875. Porto Alegre: Unidade Editorial, Secretaria Municipal de Cultura, 2000. v. 11. p.141.
487
SMAIL, Daniel Lord. Imaginary Cartographies: possession and identity in Late Medieval Marseille. London:
Cornell University Press, 2000. p. xi.
488
SMAIL, Daniel Lord. Imaginary Cartographies: possession and identity in Late Medieval Marseille. London:
Cornell University Press, 2000. p. xi-xii.
286
atividades dentro das instituições que mantém rastro das pessoas, propriedades de terras e
o
utras possessões, e ao fazer isso necessariamente criam, formam, classificam e gravam
convenções ou configurações de identidade”
489
.
Um aspecto que chama a atenção nestas ‘Cartografias Imaginárias’ de Marselha é
uma das formas citadas por Smail de identificação de propriedade: “Isnart Draguet que em
março de 1350 adquiriu uma casa na rua de Cavalhon ‘debaixo da casa de Isnart
Beroart’”
490
. Como o próprio autor aponta: “uma forma intrigante de mapear o espaço”
491
.
Ora, essa forma de cartografar, através do “uso desse tipo de endereço”, era preciso pelos
padrões de um tempo que tinha alguns nomes de casas, mas não números de casas”
492
.
O mapa de 1872 mapeia uma propriedade e os limites urbanos da cidade naquele
período. A forma como o faz e, particularmente, como o limite urbano da cidade de Porto
Alegre é expresso, fazendo referência aos ‘Moinhos do Barbosa’ e à ‘chácara do Sargento-
mor João Luiz Teixeira’, colocam esse mapa num limiar entre o mundo cartorial e o mundo
cartográfico. Importa dizer que:
na linguagem cartográfica vernacular a cidade era feita de gente e dos
pontos de referência que preenchiam as suas consciências. Isto sendo
assim pode-se apreciar porque os homens, mulheres e crianças cujos
itinerários diários animavam as ruas da Marselha Medieval usavam ambos,
pessoas e pontos de referência em suas convenções navegacionais
493
.
E não se pode esquecer que em Porto Alegre, em 1872, mapas eram privilégio de
muito pouca gente.
4
89
SMAIL, Daniel Lord. Imaginary Cartographies: possession and identity in Late Medieval Marseille. London:
Cornell University Press, 2000. p. xii.
490
SMAIL, Daniel Lord. Imaginary Cartographies: possession and identity in Late Medieval Marseille. London:
Cornell University Press, 2000. p. 7.
491
SMAIL, Daniel Lord. Imaginary Cartographies: possession and identity in Late Medieval Marseille. London:
Cornell University Press, 2000. p. 7.
492
SMAIL, Daniel Lord. Imaginary Cartographies: possession and identity in Late Medieval Marseille. London:
Cornell University Press, 2000. p. 7.
493
SMAIL, Daniel Lord. Imaginary Cartographies: possession and identity in Late Medieval Marseille. London:
Cornell University Press, 2000. p. 14.
287
5.8 – A PORTO ALEGRE DO MAPA INEXISTENTE
F
ig. 258 – Assinatura do Agrimensor Manoel José Nunes de Azevedo.
288
Em 02 de setembro de 1876, a Câmara recebe uma proposta de venda de uma
p
lanta de Porto Alegre feita pelo agrimensor Manoel Jo Nunes de Azevedo. Entre esta
data e 04 de junho de 1878, a Câmara debate e faz análises se faz a aquisição ou não da
referida planta. Nos documentos encontrados, não fica evidente qual foi a decisão que a
Câmara tomou, o que é certo é que não se encontra nem o original nem cópias dessa
planta.
Do agrimensor Manoel Jo Nunes de Azevedo, não se tem muitos dados. Seu
nome surge pela primeira vez nos registros da Câmara em um documento assinado por ele
de 27 de setembro de 1865. Neste documento, ele afirma que, por volta de 1858,
coadjuvava o Cap. Dr. Antonio Dias da Costa na elaboração de uma Planta da Cidade de
Porto Alegre. Pelo mesmo documento sabe-se que teria sido mandado para Rio Pardo,
onde teria feito uma Planta daquela cidade e, posteriormente, recebeu ordens de fazer parte
da Comissão exploradora do Alto Uruguai, “em cujo serviço esteve ligado até 1864”
494
.
Neste mesmo documento alega que se propôs, então, levantar a Planta da Cidade de Porto
Alegre.
A notícia seguinte é de quando ele é contratado como substituto do engenheiro da
Câmara, por indicação do mesmo, em 04 de fevereiro de 1876
495
. Logo em seguida, em 23
de março de 1876, é nomeado definitivamente como engenheiro da Câmara
496
. Em 09 de
janeiro de 1877, lhe é concedida uma licença de interesses, assumindo interinamente o seu
cargo o Coronel Pedro Affonso Mabilde
497
. Ele se demite do cargo de Engenheiro da
Câmara em 27 de julho de 1878
498
.
Não foi a primeira vez nem a última que a mara recebeu propostas de venda e/ou
de levantamento de uma planta da cidade de Porto Alegre, como, por exemplo, em 18 de
março de 1873, tem-se a proposta do cidadão João Manoel Barreto Lewis
499
, que se propõe
a fazer uma planta e o nivelamento da cidade ou, em 14 de fevereiro de 1882, quando a
Câmara indefere um pedidos dos engenheiros João de Freitas e Castro & João Frederico
4
94
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
495
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 143 frente.
496
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 145 verso.
497
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 170 frente.
498
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1877-1883. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 48 verso.
499
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 21 verso.
289
Aveline Heinssein propondo, por nove contos e quinhentos mil réis, levantar a planta de
n
ivelamento da cidade
500
.
em 30 de outubro de 1871 a mara havia decidido “chamar concorrentes para a
confecção de uma Planta da Cidade e levar a proposta mais conveniente ao conhecimento
da Assembléia Provincial”
501
. Portanto, por rias vezes, a Repartição de Obras Públicas
pode não ter tido a seu cargo a elaboração da Planta da Cidade de Porto Alegre.
5.8.1 – Da Cartografia de Manoel José Nunes de Azevedo
Apesar de não haver cópias da planta de 1876 de Porto Alegre feita pelo agrimensor
Manoel José Nunes de Azevedo tem no Arquivo Histórico do Exército uma planta dele de
1863 e no Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, duas plantas feitas em 1877:
1860/63 PLANTA TOPOGRAPHICA DOS TRABALHOS EXECUTADOS PELA
COMISSÃO EXPLORADORA DO ALTO URUGUAY, DESDE A VILLA DA CRUZ ALTA ATÉ
O REFERIDO URUGUAY – Construída e desenhada pelo agrimensor Manoel José de
Azevedo, copiado pelo Cap. Raymundo de S. Everard, em1864, colorido, nanquim, com
nota explicativa, escala em palmos, papel canson, 140 x 193 cm.
1877 - PLANTA DO LITORAL NORTE DA CIDADE DE PORTO ALEGRE Original
manuscrito, colorido, tinta s/papel, com seta norte, escala: 1:1.000. 137x50 cm. (fig.259)
5
00
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1877-1883. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 161 verso
501
GANDOLFI, Mara Regina et al. (Org.). Catálogo das Atas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, 1866-
1875. Porto Alegre: Unidade Editorial, Secretaria Municipal de Cultura, 2000. v. 11. p.160
290
Fig. 259 – Planta do Litoral Norte da Cidade de Porto Alegre, 1877
1
877 - PLANTA DE UMA PARTE DA CIDADE DE PORTO ALEGRE - Original
manuscrito, colorido, tinta s/papel, com seta norte, escala em palmos, com legendas. 55x47
cm. (fig.260)
F
ig. 260 – Planta de uma parte da Cidade de Porto Alegre, 1877
5.8.2 – Do Desenho da Planta de 1876
Em 02 de setembro de 1876, Manoel José Nunes de Azevedo “oferece vender a
Província pela quantia de dezoito contos de réis a planta desta cidade”
502
. A Câmara informa
5
02
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 156 frente.
291
então ao Presidente da Província “que de facto tem indeclinável necessidade de uma planta
d
a cidade, mas que a vista do estado de seus cofres é lhe absolutamente impossível
comprar uma; e que, portanto seria da mais alta conveniência que a província fizesse dela
aquisição, uma vez verificada a sua exatidão e perfeição.”
503
Em 11 de setembro de 1876, como Engenheiro da mara, de certa forma Manoel
José Nunes de Azevedo pressiona a Câmara, ao dizer em oficio “que se sente embaraçado
todas as vezes que tem de dar alinhamento para edificação máxima nas ruas novamente
abertas, por falta de uma planta da cidade”
504
. A Câmara lhe responde dizendo estar
inteirada e que “sempre que entrar em dúvida deve consultá-la”
505
.
Em 02 de abril de 1877, em virtude de novo ofício de Manoel José Nunes de
Azevedo vindo para a Câmara através da Presidência, em que ele provavelmente oferece
novamente a sua planta, dessa vez por catorze contos de réis, a Câmara resolve informar a
Presidência “que é intuitiva a conveniência de uma planta da cidade e que tem a
corporação municipal por mais de uma vez externado essa opinião, indo de novo solicitar da
Assembléia Provincial autorização para emitir em apólices até a quantia de catorze contos
de réis para esse efeito”
506
.
Em função da necessidade de uma planta da cidade, e também em função da oferta
de Manoel José Nunes de Azevedo, em 16 de julho de 1877 “a Câmara resolve, a vista do
disposto no artigo 11 da Lei Municipal vigente, nomear uma comissão composta dos Srs.
Drs. Correa Neto, Camargo e Arruda para verificar a exatidão da planta da cidade
confeccionada pelo agrimensor Manoel José Nunes de Azevedo, e arbitrar-lhe o valor”
507
.
A resposta da Comissão, fornecida em 2 de outubro de 1877 e recebida no dia
posterior pela Câmara, é bastante interessante, pois seus componentes definem a sua
concepção do que deveria ser uma planta de cidade para uma municipalidade. Segundo
eles:
Antes de responder aos quesitos formulados por essa Câmara permitir-a-
se-a comissão encarar a questão sob o ponto de vista em que a entende
para emitir o seu parecer. Uma planta de cidade para uma municipalidade
não deve traduzir outro pensamento, que o da utilidade pública, na parte
5
03
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 156 frente.
504
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 158 frente.
505
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 158 frente.
506
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 180 verso.
507
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 196 frente.
292
relativa às obrigações que lhe cabem no alinhamento de suas ruas, na
re
gularidade de suas construções e na modificação de seus edifícios com o
correr do tempo. Com referência a estes pontos, que fere a comissão é de
nenhum valor uma planta não comprehendendo o nivelamento em perfis
correspondentes a cada uma das ruas na área fechada pelos limites da
cidade. Foi no intuito de assim apreciar a questão que a Comissão se dirigiu
a VVSSas para pedir esclarecimentos, relativamente a qualquer trabalho de
nivelamento de que estivessem de posse. A resposta dessa Câmara, que
recebeu a comissão com a remessa da copia da informação prestada pelo
seu engenheiro, que é o próprio proponente, autorisa a comissão a
acreditar que sobre essa parte não tem a Câmara trabalho completo e
organizado como conviria, para ser-lhe necessária a aquisição da planta
que lhe é proposta
508
.
Em virtude dessa concepção, a Comissão apresentou seu parecer de que não se
“realize a compra da planta em questão, salvo se for confeccionada, com
um nivelamento na mesma escala, feito este em desenhos parciais que
comprehenderão cada um uma rua longitudinal segundo a configuração da
cidade de Leste à Oeste, com referência a ela e dos perfis transversais no
sentido de norte a sul
509
.
A Comissão, portanto, insiste em que, para ser comprada, a Planta da cidade deve conter
em seu desenho o nivelamento da mesma e, por isso, “deixa de responder as questões
formuladas sobre seu merecimento e valor, por julgar agora desnecessário, e sim quando,
for confeccionada a planta como propõe, se então merecer novamente a mesma confiança
dessa Câmara”
510
.
Esse parecer gera um debate na Câmara que, para o subsídio do mesmo, se pede
ao Diretor de Obras Públicas que lhe sejam remetidas as plantas de nivelamento existentes
na repartição.
Tendo tomado conhecimento desse parecer, o agrimensor Manoel José Nunes de
Azevedo envia um novo ofício a Câmara, em 26 de janeiro de 1878, “oferecendo à Câmara
pela quantia de dez contos de réis, paga em apólices, em dinheiro, ou em terrenos, a sua
planta da cidade, e juntando documentos relativos à sua exatidão”
511
.
5
08
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 19/07/1877.
509
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 19/07/1877.
510
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 19/07/1877.
511
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1877-1883. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 22 verso.
293
Em outro oficio, na mesma data (26 de janeiro de 1878), no qual Manoel José Nunes
d
e Azevedo também trata da venda de sua planta, ele acrescenta “que tendo requerido a
Assembléia Legislativa Provincial autorização para esta Câmara comprar-lhe por
14.000$000 réis a planta d’esta cidade de sua propriedade, foi concedida autorização para
essa compra, mas somente pelo máximo de 10.000$000 de réis e depois de examinada e
avaliada por profissionais”
512
.
Em função disso, Manoel José Nunes de Azevedo oferece a sua planta por
10.000$000 de réis e anexa ao oficio vários pareceres, inclusive com as assinaturas
reconhecidas, para provar a exatidão de sua planta.
O primeiro foi de Manoel Correa da Silveira Netto, Engenheiro Diretor da Repartição
de Obras Públicas, no qual esse engenheiro afirma que: “examinei pessoalmente a planta
de que trata a petição junta e a achei muito bem acabada tendo sido os trabalhos de
levantamento dos subúrbios feitos com esmero e a exatidão desejável”
513
.
O segundo foi de Antonio Augusto de Arruda, um Bacharel formado em ciências
Mathematicas e Físicas e Tenente Coronel do Corpo de Engenheiros do Exército, em que o
mesmo atesta “que a planta desta cidade e seu subúrbios levantada pelo Sr. Agrimensor
Manuel José Nunes de Azevedo, estando perfeita e sem erro, como esta a parte meridional
por mim verificada, vale dezesseis contos de réis”
514
.
O terceiro foi de Pedro Bernds e Primavera, formado na Engenharia, que atesta “que
a planta desta cidade e seu subúrbios levantada pelo Sr. Agrimensor Manuel José Nunes de
Azevedo foi por mim verificada na parte norte dos mesmos subúrbios e encontrei exata e
avalio em dezessete contos de réis”
515
.
O quarto parecer foi dado por Hippolyto Velloso Pederneiras, Agrimensor habilitado
pela Lei, e ele afirma que procedeu “a verificação a vista da mesma planta, da parte norte
desta cidade encontrando-a perfeitamente exata e julgo este trabalho de tamanha
importância que o avalio em quinze a dezesseis contos de réis”
516
.
Manoel José Nunes de Azevedo obteve, portanto, de vários técnicos pareceres que
falavam que sua planta era exata e valia entre quinze e dezessete contos de réis, estando
ele disposto a vendê-la para a Câmara por dez. A sua disposição era tamanha que ele
5
12
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
513
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
514
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
515
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
294
anexou mais dois documentos que debatem com o parecer da Câmara, em que ele pede às
p
essoas a quem ele se dirige que respondam a seguinte pergunta: “se a planta de uma
cidade e seus arrabaldes não pode prestar-se aos alinhamentos para a edificação e para a
abertura de novas ruas que se projetem, sem o nivelamento?”
517
E pede ainda que quem
responda permita “ao mesmo tempo fazer de sua resposta o uso que for mister”
518
.
Ele consegue obter respostas de dois senhores. O primeiro, o Coronel Pedro F.
Affonso Mabilde, afirma que:
A planta de uma cidade é indispensável para conhecer-se a direção a dar-
se a qualquer rua nova a abrir-se; bem como para os alinhamentos e
modificações a fazer-se nas ruas existentes. Torna-se principalmente
indispensável uma planta da cidade, quando projetado a abertura de uma
nova rua,esta, tem de passar e findar ou sahir em arrabaldes aonde já
existem edificações feitas e alinhadas em relação a outras ruas igualmente
existentes. No caso de não haver planta, torna-se indispenvel o
levantamento da planta do terreno pelo qual a rua devera ser aberta; bem
como da dos arrabaldes: a fim de determinar a verdadeira direção a dar-se
a nova rua em relação às mais existentes, quer em direção oposta quer na
mesma; e principalmente neste caso para poder sem errar dar uma direção
em ângulo reto, o mais que possível for aos terrenos urbanos, situados na
mesma rua a abrir-se. Havendo planta das localidades por onde tais ruas
devam ser abertas torna-se inútil o referido trabalho, dispendioso e
demorado às vezes. Para essa sua questão, abertura e direção de ruas,
pode-se a certo ponto dispensar o nivelamento; o qual pode ser feito
parcialmente, em relação às partes da cidade já niveladas e à proporção
que as edificações vão tendo lugar. É o que me cumpre responder,
podendo Vsa. fazer o uso que for mister, desta minha resposta
519
.
O segundo que assina afirmando ser um engenheiro civil, e cujo nome está difícil de
ser lido no documento, declara:
que o plano de uma cidade, de seus arrabaldes e dos terrenos que a
circundam he absolutamente indispensável para estudar e fixar o traçado de
novas ruas ou o alinhamento de novos edifícios. O plano ou projeção
horizontal de uma cidade constitui por si um dado completo. O
nivelamento longitudinal das ruas, o traçado das curvas de nível o dados
5
16
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
517
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Município. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
518
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Município. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
295
úteis e interessantes; mas que constituem um trabalho correspondente a
u
ma outra ordem de iias. Em geral os traçados das ruas em uma cidade
moderna, não se prestando à topografia natural do terreno, procura-se
antes de tudo a elegância, e a linha reta, muitas vezes para reunir dois
edifícios ou dois quarteirões importantes, traça-se uma rua em linha reta
sem atender a importância dos movimentos de terra que serão necessários.
Em resumo, um plano ou planta é uma coisa; um plano topographico é
outra coisa; mas em todo o caso não se pode fazer nivelamentos antes de
ter traçado o plano. A execução dos nivelamentos exigindo uma despesa
elevada, eu aconselharei para o plano de uma cidade de não os executar
seo a medida do estudo de novos projetos de ruas ou de novas
construções, pois um nivelamento geral anterior não dispensaria da
obrigação de nivelar de novo as direções que se julgasse dever dar a novas
ruas. Desta minha resposta pode Va. Sa. fazer uso que entender
520
.
Em documentos seguintes, como o de 06 de abril de 1878
521
, vê-se que a Câmara
nomeia uma nova Comissão de Engenheiros para examinar a planta. Em 04 de junho de
1878
522
, a Câmara de vereadores resolve pressionar essa Comissão pedindo o parecer
sobre a exatidão e o valor. E esta é a última noticia que foi encontrada sobre a referida
Planta no acervo das atas da Câmara de Vereadores e no acervo de Construções e
Melhoramentos, ambos existentes no Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho.
5.8.3 – Das Leituras do Mapa
O fato de a Planta não existir e de que, após toda essa discussão em relação a sua
compra – debate terminado em 04 de junho de 1878 –, o agrimensor Manoel José Nunes de
5
19
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
520
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
521
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1877-1883. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 06/04/1878 Folha 29 verso -
“Oficio do Sr. “Outro do Sr. João Luis de Andrade Vasconcellos membro da comissão encarregada do exame da
planta da cidade levantada pelo agrimensor Manoel José Nunes de Azevedo, pedindo os nivelamentos
existentes no arquivo municipal afim de serem consultados pela mesma comissão; a mara resolve remeter a
comissão os que tem concluídos e instar pela prontificação dos que se estão passando a limpo na repartição
de Obras públicas”.
522
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1877-1883. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 04/06/1878 Folha 41 frente
296
Azevedo tenha se demitido do cargo de engenheiro em 27 de agosto de 1878, leva a crer
q
ue a Câmara não aceitou comprar a Planta.
Mas todo esse debate também prova que a Planta existiu e que era uma Planta que
compreendia os subúrbios da cidade, provavelmente os seus arraiais.
O primeiro documento, existente nos arquivos, referindo a figura do Agrimensor
Manoel José Nunes de Azevedo pode, talvez, ajudar na questão da área abrangida pela
Planta de 1876. Esse documento, em conjunto com o mapa construído e desenhado por ele
existente no Arquivo Histórico do Exército, prova que ele fez parte da Comissão exploradora
do Alto Uruguai. Mas, além disso, esse documento, que é datado de 27 de Setembro de
1865, e que está colocado junto com os pareceres fornecidos por ele falando da exatidão de
sua planta de 1876, refere uma planta que ele estaria fazendo por volta de 1865.
Aparentemente era um requerimento em que ele já se propunha a levantar a Planta de Porto
Alegre. O documento estabelecia algumas condições para essa planta, sendo que a
primeira parte refere-se ao levantamento:
“obriga-se o Supp
e
. a levantar a planta com toda a minuciosidade e
esclarecimentos necessários a torná-la bem inteligível, servindo-se de um
bom theodolito afim de torná-la perfeitamente exata. Em cada quadra,
depois de reconhecida a sua exatidão, desenhará todas as casa e terrenos
com o numero de palmos escritos a frente de cada casa ou terreno”
523
.
Mas o mais interessante é a segunda parte das condições, onde se estabelece a
área a ser abrangida pela planta e que talvez tenha sido a mesma área abrangida pela
planta que ele tenta vender à Câmara de 1876 a 1878 (fig.261). Segundo ele:
Toda a planta comprehenderá um grande retângulo confrontando pelo Norte
com parte das Ilhas compreendidas aquém da linha tirada do fim do
Caminho Novo a margem direita do Rio Jacuí pouco acima de sua foz; pelo
sul com a linha paralela a do Norte, ficando compreendidas aquém da
referida linha das chácaras, do Colégio de Santa Theresa e do cemitério;
pelo Leste todas as chácaras aquém da linha tirada do fim do Caminho
Novo a encontrar-se com a linha do Sul e pelo Oeste a paralela que passa
pela Ilha fronteira a Cadeia
524
.
5
23
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
524
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
297
F
ig. 261 – Provável área abrangida pela Planta de 1876
O documento também fala de outras condões, tais como a fiscalização do trabalho
e as condições de pagamento:
Os trabalhos em andamento poderão ser examinados todos os meses pelo
Engenheiro d’esta Câmara ou outro a quem queira encarregar à fiscalização
do contracto. Obriga-se a entregar prontos os trabalhos no fim de dois anos
apresentando três exemplares na escala de um para cinco mil palmos e um
livro em forma de atlas com a mesma planta na proporção de um para mil
palmos contendo os esclarecimentos necessários para o uso da Câmara.
Receberá para seu pagamento a quantia de cem mil réis mensais por
espaço de dois anos contados da data da assignação dos contratos. Depois
de entregue o trabalho na forma expressada nas presentes condições e
achadas conformes por uma Comissão de Engenheiros nomeada por esta
298
Câmara recebe mais para seu completo pagamento a quantia de nove
co
ntos de réis em prestações de duzentos mil réis mensais ou a metade da
Chácara pertencente à Fazenda Provincial situada entre a Várzea e a rua
da Olaria, cuja parte exigida será a que faz frente à Várzea com trinta e três
braças e fundos correspondentes a meia Chácara
525
.
Aparentemente, a quantia que ele receberia em 1865 por uma planta de Porto Alegre
era maior do que a que ele estava aceitando receber em 1878.
Outra questão importante que aparece ao longo dessa história é o fato de que um
funcionário ligado a Câmara, no período que es ao serviço dela, elabora uma planta e
vende como se fosse um trabalho independente. E não era um funcionário qualquer: era um
agrimensor, trabalhando como engenheiro, e que fornece à Comissão que examina a Planta
alinhamentos feitos sob sua tutela.
5
25
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Município. Porto Alegre, 1853 a
1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 26/01/1878.
299
5.9 – A PORTO ALEGRE DE HENRIQUE BRETON
F
ig. 262 – ‘Planta da Cidade de Porto Alegre’ de Henrique Breton, 1881 (CDIHGRS)
300
D
ata de 1881 a sétima planta da cidade de Porto Alegre (Fig.260). Trata-se de uma
planta feita por Henrique Breton (Henry Jean Breton). Seu nome completo é “Planta da
cidade de Porto Alegre. Organisada segundo os documentos officiais existentes, completada
e executada pelo Engenheiro Henrique Breton, 1881”. Sua escala é 1:5000, mas não
referência se diz respeito a metros, palmos ou léguas.
5.9.1 – O Cartógrafo Singular
O francês Henrique Breton (fig.263) era, de acordo com um requerimento assinado
por ele, “residente n’esta cidade e empregado na estrada de ferro de Porto Alegre à
Uruguaiana”.
526
F
ig. 263 – Assinatura de Henrique Breton
São poucas as informações que se m sobre ele. Seus pais se chamavam Pedro
Silvain Breton e Maria Jo Calvit. Casou-se, em data e local desconhecido, com Maria
Delarinda Nunes com quem teve uma filha chamada Henriqueta, nascida em 17 de
novembro de 1877 e batizada em 12 de Outubro de 1887.
527
Nunca trabalhou ligado diretamente à Câmara Municipal, nem à Presidência da
Província. o poucos os registros que se tem dele. O primeiro data de 21 de fevereiro de
1880, quando Henrique Breton apresenta uma proposta à Câmara de Porto Alegre para
“introduzir nas praças e ruas d’esta cidade, a semelhança do que existe em quase todas as
5
26
Requerimento de 21/02/1880 de Henry Jean Breton. Fonte: PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores.
Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a 1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível
em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho.
527
Conforme PORTO ALEGRE. Arquidiocese. Batismo de Henriqueta Breton. Porto Alegre: Igreja do Rosário,
12/10/1887. Livro 20, f. 92. Documento manuscrito. Não publicado.
301
grandes cidades do mundo, pequenos pavilhões de madeira, vulgo kiosques, destinados ao
p
equeno comércio de gêneros baratos e de freqüente consumo público”. Em defesa de seu
pedido, afirma que seus quiosques se constituem em “um real embelezamento para esta
Capital, sem que de qualquer modo embarace o trânsito público, visto a exigüidade das
proporções dos pequenos edifícios”. Além disso, segundo Breton, a proposta tem a
vantagem de
“proporcionar mais esta comodidade ao público e uma nova fonte de renda
a municipalidade; porquanto, além do imposto municipal sobre o ramo de
negocio que houver em cada kiosque, oferece o peticionário a quantia de
três mil réis mensais por cada um pavilhão a titulo de arrendamento, aluguel
ou como o queiraes determinar do terreno ocupado”.
Ele teria apresentado, em anexo à proposta, o projeto dos pavilhões, com suas
proporções. Infelizmente esse projeto não foi encontrado nos arquivos consultados. Mas,
alegando que ele “nada aproveitará de suas empresas, desde que outros tenham a
faculdade de estabelecer idênticos pavilhões, e que, pelo contrario, perderá todo o seu
trabalho e capital empregado”, pediu que lhe fosse “concedido um privilégio por dez anos,
no mínimo e com as justas condições que essa ilustrada Câmara julgar necessário para sua
garantia”
528
.
Sabe-se que, por duas vezes, Henrique Breton tentou obter o privilégio por dez anos,
de estabelecer quiosques em ruas e praças da cidade de Porto Alegre. A primeira vez foi em
21 de fevereiro/04 de março de 1881 e a segunda em 08/12 de maio de 1882. Esse
privilégio não lhe foi concedido, conforme o parecer da comissão nomeada para examinar o
seu requerimento:
“Não é a primeira vez que são apresentadas propostas para a construção
de quiosques nas praças e ruas desta cidade. Em cinco de novembro de
1880, esta municipalidade indeferiu pretensão semelhante; e em 4 de
março do ano passado, outra do Sr. Henrique Breton, que presentemente
pede a Assembléia Legislativa Provincial privilégio por dez anos para igual
fim. A construção de quiosques nas grandes cidades ou capitais tem sua
razão de ser na falta de casas para o estabelecimento de pequeno
comércio. Mas entre nós este fato não se ainda em tal escala, que
justifique a necessidade dessa espécie de construção. Acresce que ela é
muito pouco dispendiosa; que cada quiosque à medida que fica pronto,
pode ser desde logo alugado, e por conseqüência o pequeno capital
empregado é imediatamente improdutivo. Nestas condições a concessão de
5
28
Requerimento de 21/02/1880 de Henry Jean Breton; Fonte PORTO ALEGRE.mara de Vereadores.
Construção e Melhoramentos do Munipio. Porto Alegre, 1853 a 1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível
em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho.
302
um privilégio por dez anos não parece admissível. Entende esta comissão
q
ue, reconhecidas a necessidade e a utilidade destas construções, deve-se
lhe reservar o direito de permiti-las a qualquer, sob as condições que a
Câmara estipular, ou então executá-las por conta de seus cofres. Em
qualquer dos dois casos, a Municipalidade auferirá certamente maiores
vantagens do que as que lhe são oferecidas na proposta em questão, e o
embelezamento da cidade não será tamm desatendido.”
529
Na correspondência passiva da Câmara, em 06 de abril de 1881, tem-se oficio
através do qual o Presidente da Província encaminha à Câmara, entre outros documentos,
uma ‘memória’ do projeto dos quiosques feita por Henrique Breton. Infelizmente se tem o
ofício de encaminhamento: a ‘memória’ se perdeu.
O último registro que se pode encontrar referente a Henrique Breton é de 30 de
agosto de 1881 e diz respeito à sua Planta de Porto Alegre. Através desse registro, fica-se
sabendo que a mesma foi ofertada por ele à cidade: “É presente a Planta da Cidade,
oferecida pelo Sr. Dr. Henrique Breton à Câmara Municipal, resolve esta agradecer-lhe, e
mandar archival-a.”
530
5.9.2 – Do Desenho da Planta de 1881
Além da Planta de Porto Alegre, não foram encontrados outros materiais
cartográficos relacionados a Henrique Breton.
A “Planta da cidade de Porto Alegre. Organisada segundo os documentos officiais
existentes, completada e executada pelo Engenheiro Henrique Breton, 1881. Esta Planta é
uma planta impressa, monocromática em uma folha de 64,5 x 52 cm, assinada por Henrique
Breton. A planta ofertada a cidade de Porto Alegre, restringe-se ao mapa propriamente dito
e em um espaço mais largo do Guaíba, em função da forma da ‘península’, à direita no
papel consta o título do mesmo e a escala em que o mapa foi feito. O título não está inserido
em um cartucho, aliás, não existem cartuchos nesta planta (fig.264).
5
29
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1877-1883. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 171 frente.
530
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1877-1883. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Folha 152 verso.
303
F
ig. 264 – Esquema da Planta de Henrique Breton
A Planta de 1881, de Henrique Breton, não possui legendas. Tem-se a indicação das
ruas, praças, espaços urbanos e edificações colocadas diretamente no mapa propriamente
dito.
Esta planta não está totalmente de acordo com os preceitos científicos de sua época.
Começando por não estar orientada em relação ao Norte, ela está voltada quase para o
sudeste. Parece estar desenhada de forma quase invertida, pois a parte sul da península
está para cima no desenho. Possui, no entanto uma rosa dos ventos simples (fig.265):
somente as direções Norte-Sul, Leste-Oeste, em que se depreende do desenho que o Norte
é a direção apontada pela seta. A escala nesta planta é apenas uma notação 1/5000
(fig.266). Não existe de forma gráfica, e não há indicações de qual o tipo de medida que
esta sendo utilizado (metros, braças, léguas, etc.). Pode-se supor que seja uma escala
métrica que o cartógrafo é francês, lugar onde o sistema métrico estava implantado
mais tempo. Além disso, desde 1862 a lei no Brasil obrigava o seu uso, mas dava um prazo
de dez anos para a adaptação ao novo sistema. Já um decreto de 18 de setembro de 1872
proibia o uso de outros sistemas, dizendo que os infratores poderiam ser multados e até
mesmo presos.
Fig.265 – Rosa dos Ventos F
ig.266 – Escala
304
A representação da água (fig.267), neste caso o Guaíba e o Riacho, é feita através
d
o desenho de linhas paralelas que vão se espaçando acompanhando a margem, dando
uma idéia de ondas. Esse recurso gráfico já havia sido utilizado nos mapas de 1839, 1844 e
1868. Nem o Guaíba, nem o Riacho são nominados, também não setas indicadoras do
sentido do movimento das águas. Nenhum barco é representado, e a zona de porto não é
indicada por desenhos de âncoras.
F
ig. 267 – Representação da água
O desenho desta planta é uma representação em duas dimensões da Cidade de
Porto Alegre que abrange, para além da ‘península’, uma área um pouco maior do que as
plantas de 1844, 1868 e 1872. A área mostrada atinge a atual Rua Ramiro Barcelos (Rua D.
Affonso), todo o Parque Farroupilha (Campo do Bomfim), grande parte da atual Av. João
Pessoa (Rua da Azenha), a Rua Venâncio Aires (Rua da Imperatriz) e parte da Av. Getulio
Vargas (Rua Menino Deus). Esta área se assemelha bastante com a área mostrada nas
plantas de 1838 e 1839, sendo que a grande diferença é que aquelas plantas mostravam as
ilhas fronteiras e esta se resume à ‘península’.
A área mostrada no mapa diz respeito, em parte, às mudanças feitas no Código de
Posturas em 1873, referentes aos limites da cidade de Porto Alegre, que agora era definido
da seguinte forma:
“A cidade de Porto Alegre tem por limites o Beco do Motta no Caminho
Novo, por em direitura até sahir a Estrada dos Moinhos de Vento, desta pela
Rua de D. Affonso até a Várzea inclusive, seguindo pela frente do Leão,
Rua da Imperatriz até a Praia”
531
.
O Beco do Motta referido aqui é a atual Rua Câncio Gomes, conjugada com a Rua 7
de Abril, que ia, nessa época, do Caminho Novo (atual Voluntários da Pátria) até a Rua da
Floresta (atual Rua Cristovão Colombo), continuaria em linha reta até a Estrada dos
5
31
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Código de Posturas. Porto Alegre, 1873. Disponível em: Arquivo
Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Artigo.
305
Moinhos (atual Av. 24 de Outubro), desta pela Rua de D. Affonso (atual Rua Ramiro
B
arcelos) até a Várzea (atual Parque Farroupilha), inclusive seguindo pela frente do Leão (o
Leão aqui referido diz respeito à Chácara do Leão que é mostrada nas plantas de 1838 e
1839, e ficava atrás do edifício da Escola Militar) até a Rua da Imperatriz (atual Venâncio
Aires), isto é, a linha do limite seria por trás da Escola Militar, passando por toda a atual
Venâncio Aires, indo reto até o Guaíba. (até a Praia).
De certa forma, Henrique Breton trabalhou em sua planta com estes novos limites,
excluindo, no entanto, o trecho além da atual Rua Ramiro Barcelos, devido a sua ocupação
ser pouco expressiva (aliás, a ocupação do trecho da Rua da Aurora, atual Barros Cassal,
até a Rua D. Affonso, entre a Rua da Floresta e o Caminho Novo, também é bastante
rarefeito nesta planta).
Na faixa norte da Península, pode-se ver alguns pequenos aterros avançados ao
longo da Rua Sete de Setembro que, se comparados com a planta de 1868, demonstra que
o aterramento dessa parte da cidade prossegue.
Os quarteirões e as ruas estão demarcados pelas linhas que configuram as suas
formas e o traçado de suas ruas, becos e travessas. Esta planta, mais fortemente do que
outras que apresentam os elementos construídos (1838, 1839, 1844, 1868), passa a
impressão de que seu autor realizou um levantamento das edificações, pois várias
construções aparecem como que individualizadas, não apenas os prédios importantes. Isto
se pode ver em várias quadras tal como na quadra (fig.268) formada pelas ruas dos
Andradas, Gal. Câmara, Andrade Neves e Gal Paranhos. O cartógrafo, no entanto, não
mostra em grande parte da Planta a demarcação dos lotes, apenas em uma quadra (fig.269)
junto à atual Praça da Harmonia (Praça Martins de Lima).
Fig.268 – Quadra com ‘individualização’ das
e
dificações
Fig.269 – Quadra com demarcação dos lotes
306
Na planta de 1881, pode-se observar que a maior parte da ocupação nas quadras
a
contece na face das mesmas, fazendo com que o alinhamento das construções configure o
traçado das ruas e mostrando que o interior das mesmas é pouco edificado. Nesta Planta,
pode se constatar que a ocupação da Cidade de Porto Alegre, sua densificação, continua
maior na parte norte da Península, especialmente acompanhando a Rua dos Andradas, a
Rua Riachuelo e a Rua da Igreja (atual Duque de Caxias). O sul da Península já mostra uma
boa conexão com a atual área do bairro Cidade Baixa que, após a parte sul da península, é
a terceira em termos de densidade ocupacional nesta planta. A região da Rua
Independência já mostra certa ocupação, mas neste desenho é a região menos densificada.
No desenho dos elementos construídos há, como em plantas anteriores, uma
simulação de tridimensionalidade com a utilização de um traço reforçado em dois lados,
dando idéia de um sombreamento.
Esta planta não apresenta curvas de nível nem nenhum outro tipo de grafismo que
represente a topografia do sitio onde está assentada a Cidade de Porto Alegre. Em relação
à vegetação, quase não existe a sua representação neste mapa, apenas em três praças: a
Praça Martins de Lima (fig.270) atual Pça. Brigadeiro Sampaio –, a Praça da
Independência (fig.271) atual Pça. Argentina , e a Praça Conde D’Eu (fig.272) - atual
Pça. XV mostram o desenho de árvores (as duas primeiras) e um desenho de traçado de
caminhos, através de um terreno diferenciado que se pode pensar ser a representação de
grama.
Fig.270a Martins de Lima Fig.271a Independência Fig.272a. Conde D’Eu
O
s elementos construídos estão pintados como nas plantas anteriores, neste caso
de um cinza claro, e os ‘prédios importantes’ foram destacados pelo cartógrafo, pintados de
um cinza escuro e nominados. Esta forma de representação podia ser vista em plantas
anteriores (na de 1868 e na de 1872). Em relação à Planta de 1868, constata-se que a
307
Planta do Rio de Janeiro inserida na Carta Corographica do Império do Brasil, de Conrado
Ja
cob Niemeyer, já possuía este tipo de grafismo.
Contudo, considerando que Breton era francês, ele deve ter tido inspiração em sua
formação na França e em mapas aos quais ele deve ter tido acesso em seu país de origem.
Examinando as plantas de Paris, um Plan General de la zone de Paris comprise entre
les deux enceintes, extrait de l’Atlas communal di départment de la Seine (fig.273)
levantado em 1854 por Onésime Théodose Lefèvre, que Breton talvez tenha visto. Como
analisa Pinon, “os edifícios públicos são esboçados em preto. As massas edificadas são
representadas em cinza sem distinção da trama predial. O desenho do parcelamento está
reservado às zonas não construídas”
532
.
Fig. 273 – P
lan General de la zone de Paris, de Onésime T. Lefèvre, 1854
Esse mapa pode ter tido uma influência no trabalho de Breton. Mas ele não é uma
‘criação’ de Lefèvre: ele vem de uma tradição cartográfica, que pode ter influenciado não
apenas o seu trabalho. Pois, de acordo com Pinon,
“levando em consideração a importância de Paris, a aparição de suas
primeiras plantas (após 1530) é bem tardia em relação às plantas das
cidades italianas ou alemãs (Vale do Reno). Não existem para o século
5
32
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: Histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nacionale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004. p.104.
308
XVIII grandes plantas geométricas do parcelamento da qualidade da de
N
olli (1748) para Roma (fig.274)”
533
.
F
ig. 274 – ‘Planta de Roma’ de Giambattista Nolli, 1748
Pensando nesse atraso explicitado por Pinon, é interessante se olhar, além da planta
de Roma, o Plan of the Cities of London and Westminster and Borough of Southwark, with
the contiguous Buildings’ de John Rocque, levantado em 1749. Como Foxell afirma, “o mapa
de Rocque reflete a visão dos seus contemporâneos de classe alta e dia que a sua
Londres era ‘a nova Roma’ e incidentalmente possui uma semelhança com o famoso
mapa da antiga Roma’ pelo seu quase contemponeo Giambattista Nolli”
534
. Como se pode
ver, o mapa de Rocque (fig.275), em1749, destacava ‘edificações importantes’ em preto
com o nome junto ao prédio, os nomes de ruas eram inscritos nas mesmas e as massas
edificadas tentam mostrar a ocupação das quadras.
5
33
PINON, Pierre & LE BOUDEC, Bertrand. Les Plans de Paris: Histoire d’une capitale. Paris: Atelier Parisien
d’Urbanisme, Bibliothèque Nacionale de France, Le Passage et Paris Bibliothèques, 2004. p.19.
534
FOXELL, Simon. Mapping London, Making Sense of the City. London: Black Dog, 2007. p.31
309
F
ig. 275 – Plan of the Cities of London and Westminster, de John Rocque, 1746
Um outro conjunto de plantas feitas entre 1830 e 1842 pode ter influenciado o
desenho de Henrique Breton. São os mapas feitos pela Society for the Diffusion of Useful
Knowledge. Esta sociedade, com sua Library of Useful Knowledge, tem a intenção de
fornecer tratados em cada ramo do conhecimento da ciência e da história, ao menor preço
possível, e condizente com a capacidade de cada leitor. (...) A Sociedade agora acrescentou
a esta Biblioteca uma série de mapas (...) incluindo um Atlas de sessenta mapas”
535
.
A partir de 1843, a Sociedade teria “encontrado dificuldades financeiras e muitas de
suas publicações foram descontinuadas (...). A última referência sobre a Sociedade no
London Times teria sido em 02 de janeiro de 1843, mas impressões dos mapas-plantas
continuaram até 1850”
536
. Portanto, eles foram editados e vendidos em um bom período de
tempo e com preços acessíveis, segundo os desígnios da Sociedade, o que permite dizer
que devem ter tido uma boa divulgação. Como se pode ver nos mapas feitos pela
Sociedade da cidade de Berlim, em 1833, (fig.276) e da cidade de Bordeaux, em 1830,
(fig.277) eles tinham uma unidade gráfica. Nessa unidade gráfica, características da Planta
de Henrique Breton aparecem como os prédios destacados em preto, a massa edificada em
cinza, o grafismo da água e a maneira como os nomes das ruas e dos edifícios aparecem.
5
35
The Edinburgh Review, Vol. L, N° XCIX, October 1829-January 1830, p.181-185. Apud: BRANCH, Melville C.
An Atlas of Rare City Maps: comparative urban design, 1830-1842. 2. ed. New York: Princeto Architectural Press,
1997. p.1
536
BRANCH, Melville C. An Atlas of Rare City Maps: Comparative Urban Design, 1830-1842. 2. ed. New York:
Princeto Architectural Press, 1997. p.1
310
Fig. 276 – Planta de Berlim, 1833 F
ig. 277 – Planta de Bordeaux, 1830
Os edifícios destacados na planta de Breton de 1881 são: Matriz (01)
537
, Capela do
Espírito Santo (02), Igreja dos Protestantes (03), Igreja das Dores (04), Seminário e Bispado
(05), Igreja N.S. do Carmo (06), Igreja de S. Rafael (07), Igreja S. Jo (08), Igreja da
Conceição (09), Igreja N. S. do Bonfim (10), Igreja do Rosário (41), Santa Casa da
Misericórdia (11), Beneficência Brasileira (12), Alfândega (13), Palácio do Governo (14),
Assemblêa Provincial (15), os prédios do Arsenal de Guerra (16 e 17), Cadêa Civil (18),
Theatro S. Pedro (19), Theatro das Variedades (20), Exposição Brasil & Alemanha (21),
Câmara Municipal (22), Escola Militar (23), Gazometro (24), Telegrapho (25), Correio (26),
Estação dos Bonds (27), E. de F. de São Leopoldo (28), Arsenal da Marinha (29), Mercado
(30), Banca do Peixe (31), Quartel da Força Policial (32), Quartel General (33), Quartel (34),
Trapiche da Alfândega (35), Trapiche da Companhia Fluvial (36), Trapiche Municipal (37),
Trapiche dos Rápidos (38), Hydraulica Porto Alegrense (39), Beneficiência Portuguesa (42),
Bailante (10), Atheneu Rio Grandense (43) e Thesouraria da Fazenda (44).
Em relação às praças da cidade, estão nominadas a Praça General Osório (47), a
Praça Martins de Lima (48), a Praça do Padre Tomé (49), a Praça D. Pedro II (50), a Praça
Dom Feliciano (51), a Praça da Independência (52), a Praça Gen. Marques (53) a Praça da
Conceição (54), a Praça Conde D’Eu XV (55) e a Praça da Alfândega (56), a Praça do
Visconde Rio Grandense (57). Outro espaço aberto nominado é o Campo do Bonfim (58) – a
antiga Várzea. Os números 45 e 46 são prédios destacados dos quais não foi possível ler ou
identificar a sua função (fig.278).
5
37
Os números atribuídos aos espaços designados na planta de Henrique Breton, foram atribuídos pela autora
da tese. A figura 278 apresenta a Planta de Breton acrescida desses números.
311
F
ig. 278 – Planta da Cidade de Porto Alegre com legenda dos equipamentos, 1881
Desses prédios e praças mencionados, alguns não haviam aparecido em plantas
anteriores. Duas razões se apresentam: a primeira é que eles não existiam na época das
plantas anteriores e a segunda é o fato de que essas plantas não abrangiam a área onde
eles estão edificados. São eles: Igreja de S. Rafael (inaugurada em1878) [07], Igreja S.
José (funcionou neste lugar, uma casa alugada transformada em Capela por volta de 1871)
[08], Igreja N. S. do Bonfim, [10] (o lançamento da pedra fundamental se deu em 1867,
mas em 1873 ela ainda estava sendo construída), Beneficência Brasileira [12], Theatro
das Variedades [20] (foi inaugurado em 14/12/1879 e teria sobrevivido aparentemente até
1894), Exposição Brasil & Alemanha (inaugurada em 1881, encerrada em1882) [21],
Escola Militar [23] (o edifício começou a ser construído em 1872 para ser quartel, essa
atribuição mudou para Escola Militar em 1880, quando foram retomadas as obras paradas
desde 1878, foi totalmente concluído em 1887), Gazometro [24] (começou a funcionar
em 1874), Telegrapho [25], Correio [26], Estação dos Bonds [27], E. de F. de São
Leopoldo [28], Banca do Peixe [31], Trapiche da Companhia Fluvial [36], Trapiche
Municipal [37], Trapiche dos Rápidos [38], Beneficência Portuguesa [42] (prédio
inaugurado solenemente em 1870), a Praça do Padre Tomé [49] (recebeu esta
312
denominação em 1873 e foi transformada em Av. Padre Tomé em 1931) e a P
raça do
Visconde Rio-grandense [57]
538
.
Os prédios do Seminário e Bispado (05), da Câmara Municipal (22) e do Atheneu Rio
Grandense Liceo (43) apareciam na Planta de 1868 ou como alicerces ou como lugar
da construção.
duas importantes novidades nesta planta, o no que diz respeito a
equipamentos urbanos, mas, também, em relação à forma com que a atividade desses
equipamentos se traduz no mapa. Trata-se da Companhia dos Bonds (27) e da Ferrovia
Porto Alegre – Novo Hamburgo (28). Além da estação principal das duas empresas estarem
destacadas, os trajetos de seus veículos aparecem na planta: a Companhia dos Bonds por
uma linha tracejada (fig.279) no centro das ruas em que circula e a Ferrovia por uma linha
formada de pontos (fig.280).
Em relação à Companhia dos Bonds, conforme Seggiaro:
“No dia 19 de junho de 1872, porém, um decreto assinado por Dom Pedro II
alteraria de forma significativa o cotidiano da cidade: é concedida ‘à
companhia Carris de Ferro Porto-Alegrense, - autorização para funcionar’
(decreto n. 4985). A partir daí, o transporte coletivo da cidade foi evoluindo,
dinamizando o contexto urbano e alterando o aspecto das ruas e até
mesmo dos futuros bairros. Inicialmente, a Carris operou bondes
tracionados por mulas. Em quatro de janeiro de 1873, a inauguração da
primeira linha, a Menino Deus, foi motivo de festa com muita pompa e uma
parelha de cavalos brancos no lugar das mulas. No dia seguinte, as mulas
já pegaram no pesado”
539
.
Um dos trajetos demarcados é o da primeira linha a o Arraial do Menino Deus
(Menino Deus via Várzea 1873 e Menino Deus via Margem – 1874), os outros são os que
interligam ao Arraial dos Navegantes (Voluntários da Pátria até São Pedro 1874) e a zona
do Cemitério da Azenha (Azenha a Cemitério 1874). Pode-se ver também que esses
trajetos, além de contornarem a ‘península’, passam pela Praça D. Pedro II.
Quanto à Ferrovia Porto Alegre–Novo Hamburgo, vemos o seu trajeto saindo da
Estação na esquina da Rua Voluntários da Pátria com a Rua da Conceição, passando por
todo o trecho que aparece na planta da Rua Voluntários da Pátria (fig.280). A linha Porto
5
38
Informaçoes sobre os prédios e praças conforme FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. 4.
ed. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 2006.
539
SEGGIARO, Delizabete; BICA, Eliane; PRAXEDES, Terson. Transportes de Tração Animal do Rio Grande do
Sul. Porto Alegre: IGTF, c2007. Disponível em:
<http://www.igtf.rs.gov.br/temario_pdf/6_7_transportes_do_rio_grande_do_sul.pdf> Acesso em: 24 jan. 2010.
313
Alegre-São Leopoldo foi aberta em 1874, sendo a primeira ferrovia no Rio Grande do Sul.
E
m 1876, foi prolongada até Novo Hamburgo.
Fig. 279 – Demarcação do trajeto dos ‘Bonds’ F
ig. 280 – Demarcação do trajeto da Ferrovia
Nesta planta, a zona do atual Parque Farroupilha, que em mapas anteriores era
designada como rzea, aparece com a designação de Campo do Bom Fim, aparecendo,
no seu extremo, a Escola Militar.
Quase todas as ruas desenhadas estão nominadas, afora uma quase no ‘fim’ do
desenho que, saindo do Guaíba, aparentemente se conecta com a Rua do Menino Deus
que é antiga Rua Caxias, atual Jode Alencar. A rua chamada nesta planta de Rua S.
José, na verdade em função da localização dela na planta, à direita da Escola Militar, trata-
se da atual Rua Santana, pois a Rua S. José ficaria à esquerda da Escola Militar.
Não há menção neste mapa acerca da Tipografia aonde ele foi impresso. Nem se
sabe quantos exemplares foram feitos do mesmo e nem o seu custo. O que é interessante é
que no registro sobre a oferta do mapa à Câmara, sabe-se que os vereadores resolveram
agradecer a Henrique Breton e mandaram arquivá-lo. O original que Henrique Breton
entregou à Câmara ao que tudo indica, encontra-se perdido. Existem no Arquivo Histórico
de Porto Alegre Moysés Vellinho dois semi-originais, isto é, cópias em papel transparente:
uma em Papel Vegetal e outra em Papel Poliéster. Existem também duas outras cópias uma
heliográfica e outra xerográfica. Na Mapoteca da SMOV existe pelo menos um semi-original
em Papel Poliéster.
Quanto à sua divulgação, ele foi reproduzido no livro de Célia Ferraz de Souza &
Doris Müller (Evolução Urbana de Porto Alegre), no livro de Sandra Jatahy Pesavento (Os
Sete Pecados da Capital) e no CD Cartografia Virtual Histórica-Urbana de Porto Alegre
(2005). É bastante citado no livro de Sérgio da Costa Franco (Porto Alegre: Guia Histórico).
314
5.9.3 – Das Leituras do Mapa
E
ste mapa foi ofertado à Prefeitura de Porto Alegre por Henrique (Henry Jean)
Breton em 30 de agosto de 1881. Antes disso, Henrique Breton havia tentado, em 21 de
fevereiro desse mesmo ano, conseguir junto à Câmara de Vereadores um privilégio por dez
anos para instalar quiosques nas ruas e praças da cidade de Porto Alegre. Ele teve o seu
pedido indeferido e antes de pedir novamente esse privilégio ofertou a Planta. Requereu
novamente o privilégio por dez anos para instalar quiosques nas ruas e praças da cidade de
Porto Alegre em 8 de maio de 1882, após a oferta da planta. No entanto, se ele pensou que
seu ‘presente tornaria a mara mais simpática ao seu pedido, equivocou-se, pois os
vereadores negaram novamente o seu pedido.
Pode-se pensar também que o interesse de Henrique Breton ao conceber este mapa
tenha sido não apenas a barganha com a Câmara, mas também ter uma planta da cidade
que lhe permitisse intalar seus quiosques em pontos comerciais importantes. O fato dele
marcar o trajeto das linhas de bonde é um dos indicios deste objetivo.
É uma planta que mostra uma certa modernidade na cidade de Porto Alegre, pois a
partir dela, pode-se perceber que a cidade possui uma Ferrovia, Bonds, Correio,
Telegrafo, Gazometro, um novo Theatro, foi palco de uma Exposição Temporária (Brasil
Alemanha) e possui mais Trapiches, mostrando que o movimento na zona do porto era
intenso.
315
5.10 - A PORTO ALEGRE DE JOÃO CÂNDIDO JACQUES
F
ig. 281 – ‘Planta de Porto Alegre comprehendendo os seus Arraiais’ de João C. Jacques, 1888 (CD – IHGRS)
316
D
ata de 1888 a oitava planta da Cidade de Porto Alegre (fig.280). Trata-se de uma
planta feita pelo, na época, Capitão de Artilharia e Engenheiro Militar João Cândido
Jacques. Seu nome completo é “Planta de Porto Alegre, Capital da Província do Rio Grande
do Sul comprehendendo os seus arraiaes, organisada e desenhada pelo Capitão de
Artilharia e Engenheiro Militar João Candido Jacques. 1888. Lith. de J. Alves Leite
Successor”.
5.10.1 – O Cartógrafo do Colégio Militar
João Cândido Jacques nasceu em 1854. Entrou no exército em 14 de Janeiro de
1873, cursando o curso de engenharia militar. Tornou-se Alferes em 31 de janeiro de 1877;
Tenente em 25 de maio de 1878; 1° Tenente em 17 de setembro de 1879; Capitão em 05
de setembro de 1883; Major em 07 de janeiro de 1890; Tenente Coronel Graduado em 08
de novembro de 1892; e Coronel em 17 de fevereiro de 1897
540
.
Seus pais se chamavam Jesuíno Rodrigues Jacques e Maria das Dores Jacques.
Casou-se, em Porto Alegre, em 15 de novembro de 1884 e teve nove filhos (Armando, Ilma,
Alberto, Helciza, Alzira, João, Newton, Demétrio e Marieta).
541
No relatório de 1881 de Joaquim Pedro Soares
542
, é dito que o Tenente João
Cândido Jacques é um dos oficiais que faz parte da Escola de Infantaria e Cavallaria, no Rio
Grande do Sul, como adjunto. no Almanak do Ministério da Guerra de 1882, do
Tenente João Cândido Jacques se diz que ele foi nomeado professor adjunto da Escola
5
40
ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO. Seção. Almanak do Ministério da Guerra. Rio de Janeiro: Tipographia
Nacional, 1882. Disponível em:
<http://historiar.net/images/pdfs/Almanak%20do%20Ministerio%20da%20Guerra%20-%201882.pdf>. Acesso em:
20 ago. 2009.
541
Conforme PORTO ALEGRE. Arquidiocese. Casamento de João Cândido Jacques e Alzira Margarida Masson.
Porto Alegre: Capela Nossa Sra. da Conceição, 15/01/1884. Livro 9, f. 22 (verso). Documento manuscrito. o
publicado.
542
SOARES, Joaquim Pedro. Relatório com que o Exmo. Sr. Joaquim Pedro Soares, presidente da Província,
entregou a administração da Província do Rio Grande do Sul ao Exmo. Sr. Dr. Francisco de Carvalho Soares
Brandão no dia 19 de maio de 1881. Pelotas: Typographia da Livraria Americana, 1881. Disponível em:
<http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1881_Joaquim_Pedro_Soares.pdf>. Acesso em 20 mar. 2009. p.10.
317
Militar de Porto Alegre em 08 de abril de 1882
5
43
. No entanto, o relatório de 1882 de
Francisco de Carvalho Soares Brandão se afirma que, por telegrama do Ministério da
Guerra de 3 de fevereiro, foi nomeado para professor de Geografia da Escola Militar de
Porto Alegre o Tenente do Batalhão de Artilharia João Cândido Jacques
544
. O que é
certo é que na época em que o Capitão João Cândido Jacques fez o mapa, ele era
professor da Escola Militar de Porto Alegre. Chegou até a ser um de seus Comandantes,
pois, segundo Medeiros
545
, o Coronel João Cândido Jacques foi Comandante da Escola
Militar de abril de 1898 até setembro de 1899.
Participou ativamente da vida da Escola e da vida militar. Um exemplo disso é que,
segundo Medeiros, “em abril de 1891, quando ainda se cuidava de elaborar a constituição
do Estado, eram presos, a pretexto de terem assinado manifesto publicado por um grupo de
dissidentes do Partido Republicano, o major João Candido Jacques, o tenente Alfredo Pires
e o alferes Augusto Pedro de Alcântara Jr., todos servindo na Escola Militar”
546
. Teriam sido
hostilidades movidas dentro da Escola Militar contra Júlio de Castilhos.
A época em que o Coronel João Cândido Jacques se tornou o Comandante foi um
período conturbado para a Escola Militar, pois conforme Luz, em novembro de 1897, o
Curso Geral da Escola Militar de Porto Alegre foi suprimido e reunido ao da Escola Prática
do Exército de Rio Pardo que passou a se denominar Escola Preparatória e de Tática do Rio
Pardo, funcionando de 1898 a 1903”
547
. Por causa disso, ele e provavelmente outros
professores e os alunos de Porto Alegre tiveram que se mudar para Rio Pardo. Como coloca
Luz, “a chegada dos alunos de Porto Alegre, conduzidos pelo Coronel João Cândido
Jacques, comandante da Escola Preparatória, foi motivo de comemorações que se
estenderam das cinco horas da tarde de 11 de setembro de 1898 até o dia 13 pela
manhã”
548
.
5
43
ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO. Seção. Almanak do Ministério da Guerra. Rio de Janeiro: Tipographia
Nacional, 1882. Disponível em:
<http://historiar.net/images/pdfs/Almanak%20do%20Ministerio%20da%20Guerra%20-%201882.pdf>. Acesso em:
20 ago. 2009. p. 12.
544
BRANDÃO, Francisco de Carvalho Soares. Relatório com que o Exmo. Sr. Francisco de Carvalho Soares
Brandão, vice-presidente, passou a administração da Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul ao Exmo. Sr.
Dr. Joaquim Pedro Soares no dia 14/02/1882. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1882.
Disponível em: <http://www.seplag.rs.gov.br/uploads/1882_Francisco_de_Carvalho_Soares_Brandao.pdf>.
Acesso em 20 mar. 2009. p.22.
545
MEDEIROS, Laudelino T. Escola Militar de Porto Alegre (1853-1911): significado cultural. Porto Alegre:
Editora da Universidade/UFRGS, 1992. p.104.
546
MEDEIROS, Laudelino T. Escola Militar de Porto Alegre (1853-1911): significado cultural. Porto Alegre:
Editora da Universidade/UFRGS, 1992. p.46.
547
LUZ, Maturino da. (Coord.) Antiga Escola Militar de Rio Pardo. história e Arquitetura. Porto Alegre: Defender,
2007. p. 51.
548
LUZ, Maturino da. (Coord.) Antiga Escola Militar de Rio Pardo. história e Arquitetura. Porto Alegre: Defender,
2007. p. 51.
318
Em 13 de julho de 1900
5
49
, o Coronel João Cândido Jacques foi nomeado Director do
Arsenal de Guerra da Capital Federal. Nesta data, o Coronel Bellarmino Mendonça passou a
comandar a Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo.
Segundo os Almanaks do Ministério da Guerra de 1907
550
e 1909
551
, o Coronel João
Cândido Jacques é um ‘lente em disponibilidade’. De acordo com MCCaan, João Cândido
Jacques reformou-se do exército como Coronel em 11 de dezembro de 1912
552
. Não se
obteve informações sobre o ano de seu falecimento.
5.10.2 - Do Desenho da Planta de 1988
Nos arquivos da Fundação Biblioteca Nacional e do Arquivo Histórico do Exército,
além da Planta de Porto Alegre, se encontra mais um mapa feito por João Cândido
Jacques, também do período em que era professor da Escola Militar:
1891 Carta Geográfica do Estado Federal do Rio Grande do Sul organizada pelo
Major de Artilharia João Cândido Jacques e desenhada pelo 2° Tenente Alfredo Vida.
Publicação: Joaquim Alves Leite, Porto Alegre, 1891. Escala 1:1.545.925. Contém encartes:
Planta da ex-colônia de Sta.Cruz esc.1:400.000; Planta da ex-colônia Silveira Martins
esc.1:400.000; Cartas do Rio Guahyba; Planta de Porto Alegre esc.1:60.000; Ex-Colônia
Mont'Alverne esc.1:400.000. Encarte: Colônia de S. Feliciano esc. 1:200.000; Planta das ex-
colônias de S. Leopoldo e Nova Petrópolis esc.1:400.000; Ex-Colônia D. Isabel; Planta da
Ex-Colônia de Sant'Angelo esc.1:500.000; Planta topográfica das proximidades de Porto
Alegre esc.1:2.000.000. (fig.282)
5
49
ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO. Seção. Almanak do Ministério da Guerra. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1904. Disponível em:
<http://historiar.net/images/pdfs/Almanak%20do%20Ministerio%20da%20Guerra%20-
%201904%20sem%20busca.pdf>. Acesso em: 23 set. 2009.
550
ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO. Seção. Almanak do Ministério da Guerra. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1907. Disponível em:
<http://historiar.net/images/pdfs/Almanak%20do%20Ministerio%20da%20Guerra%20-%201907.pdf>. Acesso em:
23 set. 2009.
551
ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO. Seção. Almanak do Ministério da Guerra. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1909. Disponível em: <http://historiar.net/images/pdfs/Almanak%201909.pdf>. Acesso em: 23 set.
2009. p.39.
552
MCCANN, Frank. Soldados da Pátria: historia do Exército Brasileiro, 1899-1937. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007. Disponível em:
<http://books.google.com.br/books?id=FX472oOlM5IC&lpg=PA163&ots=ZYqGYguk1L&dq=%22jo%C3%A3o%20
Candido%20jacques%22&pg=PA163#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 23 set. 2009 p. 163.
319
F
ig. 282 – ‘Carta Geográfica do Estado Federal do Rio Grande do Sul’ de João Cândido Jacques, 1891
A Planta de Porto Alegre de 1888 é uma planta impressa, em folha 38,9 x 60,2 cm,
colorida e assinada por João Cândido Jacques. Seu nome completo é: “Planta de Porto
Alegre, Capital da Província do Rio Grande do Sul comprehendendo os seus arraiaes,
organisada e desenhada pelo Capitão de Artilharia e Engenheiro Militar João Candido
Jacques. 1888. Lith. de J. Alves Leite Successor”. A escala desta planta é 1:20.000 metros.
F
ig. 283 – Titulo da Planta de Porto Alegre de João Cândido Jacques, 1891
O título (fig.283) está inserido em um cartucho no canto superior esquerdo. Além do
cartucho que contém o título, a planta de 1888 possui mais dois cartuchos, um no canto
superior direito que traz um ‘Quadro das ruas e praças da cidade com os nomes que tiveram
em outros tempos e os que tem actualmente’, e o outro no canto inferior direito que contém
um ‘Quadro Estatístico’, onde estão nominados prédios importantes, praças e outros
equipamentos urbanos, ou seja, a legenda do mapa. A escala do mapa não está inserida em
nenhum cartucho: ela consta do mapa colocada na parte inferior ao lado do cartucho do
‘Quadro Estatístico’ (fig.284).
320
F
ig. 284 – Esquema da Planta de Porto Alegre de João Cândido Jacques, 1891
Duas coisas se destacam nesta planta: uma é o fato dela ser colorida; a outra, e a
mais importante, é o fato dela ser a primeira planta da cidade de Porto Alegre que não se
restringe à área da ‘península’. Esta planta mostra uma área bastante maior de Porto
Alegre, abrangendo os seus arraiais.
Poder-se-ia pensar que teria havido, na cidade de Porto Alegre, uma nova lei
arbitrando novos limites. Essa alteração não aconteceu. Em 1888, ainda vigorava a regra de
limites de 1873. A planta de João Candido Jacques foi bem além dos mesmos, é maior até
que os limites urbanos estabelecidos em 1892 Ato 12, de 31 de dezembro de 1892, Lei
1
553
(fig.285).
F
ig. 285 – ‘Limite urbano de 1892 desenhado na Planta de 1888.
5
53
Conforme informações de um mapa existente no acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho.
321
Além disso, aparentemente, teria havido uma planta de Porto Alegre com área
se
melhante à desta: trata-se da planta de 1876 (1865), do agrimensor Manoel JoNunes
de Azevedo, referida nesta tese. A não ser pela parte superior desta planta, que não se
consegue precisar exatamente onde era o limite da planta de 1876, os outros são bem
semelhantes – fim do Caminho Novo, a Ilha fronteira a cadeia e o Colégio Santa Theresa.
O ‘Quadro das ruas e praças da cidade com os nomes que tiveram em outros
tempos e os que têm actualmente’ aponta para um resgate histórico, uma preocupação de
que os nomes que essas ruas tiveram não sejam esquecidos. Apesar de estarem
numerados, dando idéia de ser uma legenda, esses meros não designam diretamente
nenhuma rua no mapa propriamente dito (fig.286).
F
ig. 286 – ‘Quadro das ruas e praças da cidade com os nomes que tiveram em outros tempos e os
que têm actualmente’.
A legenda da Planta de 1888 está num cartucho, no qual referentes numéricos
colocados no mapa designam prédios importantes, praças e equipamentos urbanos, o
‘Quadro Estatístico’ (fig.287).
322
F
ig. 287 – ‘Quadro Estatístico’ da Planta de 1888.
Nesta legenda, tem-se 55 elementos destacados. Destes, apenas sete não constam
de plantas anteriores. São eles: o Novo Trapiche Municipal (28), a Escola Normal (32), o
Hospital N. S. das Dores (53), a Estação Telephonica (55), a Igreja de N. S. dos
Navegantes (47), a Igreja do Menino Deus (48) e a Igreja de Santo Antonio (49). Os três
últimos (as três igrejas) ficam fora da área abrangida pelos mapas anteriores. os quatro
primeiros aparentemente ficariam dentro da área, pois de dois deles, a Escola Normal e a
Estação Telephonica, o número que os referencia no quadro não foi encontrado no mapa.
Isso acontece também com equipamentos existentes na legenda, que constam de outras
plantas: trata-se da Estação dos Bonds (42) e de um dos prédios do Arsenal de Guerra, o de
número (08). Em virtude dessas novidades apresentadas nesta planta, pode-se dizer que,
entre 1881 e 1888, a cidade passou a ter um serviço telefônico, um novo trapiche e
aparentemente um novo hospital (Hospital N. S. das Dores). Já no que diz respeito à Escola
Normal, apesar de ser a primeira vez que ela é nominada em uma planta, sabe-se que ela
teria sido criada em 1869.
Esta planta foge um pouco aos preceitos científicos de sua época em função de não
estar orientada, como a planta de 1844 e a de 1872, para o Norte. Possui, no entanto uma
rosa dos ventos simples, na qual as quatro direções estão nominadas e o Norte se destaca
em função de uma seta (fig.288). Esta planta está desenhada quase com o Les-sueste para
cima. A escala desta planta é 1/20.000 metros e está inserida tanto quanto notação como na
forma gráfica (2000 metros). Já obedece, portanto, o sistema métrico decimal (fig.289).
Fig.288 – Rosa dos Ventos F
ig.289 – Escala
323
A representação da água não se utiliza de nenhum recurso gráfico especial, somente
u
ma linha mais espessa no limite entre a terra e a água. Uma pequena seta indica o sentido
das águas do Guaíba (fig.290). Esta planta devido a sua extensão não nomeia apenas o
Riacho, aqui denominado de Riachinho, mas designa também outros arroios, o da Azenha,
o Dilúvio e o da Cascata. É estranho que o que hoje é considerado o Arroio Dilúvio, tenha ao
longo do seu trajeto nomes diversos Azenha e Riachinho. Outra questão interessante é
que esta planta é a primeira em que o Rio Guaíba é nominado diretamente no mapa
(fig.291).
Fig. 290 – Seta sentido das águas F
ig. 291 – Designação do ‘Rio Guaíba’
Não nesta planta nenhuma representação das curvas de níveis, da topografia da
região de Porto Alegre e de seus arraiais. Ao se olhar esta planta, pode-se pensar que a
cidade é plana. Neste mapa, grande parte da vegetação está desenhada como pequenos
tufos por vezes ordenados e também desordenados (fig.292), referindo-se por certo a áreas
mais ou menos urbanizadas. Nas ilhas e junto aos arroios esta vegetação parece ser mais
densa (fig.293). O Campo da Redenção quase não apresenta nenhuma vegetação, apenas
a representação de árvores ordenadas ao longo da atual Av. João Pessoa e junto a um
caminho com uma espécie de rótula que passa pela Redenção (fig.294). Temos em lugares,
que se pode dizer ‘semi-urbanizados’ desenhos de árvores alinhadas, ‘domesticadas’. Na
região da ‘península’, a mais urbanizada, a representação da vegetação se resume a alguns
grafismos em duas praças: na atual Praça XV e na atual Praça Brigadeiro Sampaio.
Fig.292 – Peq. tufos de
v
egetação
Fig.293 – Tufos densos de
vegetação
Fig.294 – Vegetação da Redenção
Este mapa, como foi dito, mostra uma área bem maior da cidade de Porto Alegre
do que os mapas anteriores. A idéia do Coronel João Cândido Jacques foi de mostrar os
324
arraiais. Aparecem neste mapa 05 arraiais: o de S. Miguel, o de S. Manoel, o do Menino
D
eus, o dos Navegantes e por fim o do Parthenon.
O Arraial do Menino Deus foi o primeiro a se constituir, começou com a abertura, em
1845 e 1848, das atuais ruas Getulio Vargas e José de Alencar, que se tornaram os eixos
do arraial desde que se começou a construir a Capela do mesmo nome, inaugurada no
Natal de 1853. Tornou-se o bairro do Menino Deus. O segundo foi o Arraial do Parthenon,
que apesar do nome não se tornou o bairro do Partenon e, sim, o bairro Santo Antônio. O
nome Parthenon se deve ao fato de que, em 1873, a Sociedade do Parthenon Literário
fundou sua sede no alto da colina onde hoje está a Igreja Santo Antônio. O terceiro Arraial
foi o Arraial dos Navegantes, que teve seu nascimento com a abertura das atuais ruas
Sertório e Frederico Mentz, em 1875, que ligavam o Caminho Novo a Estrada de Gravataí.
A capela consagrada a N. Sra. Dos Navegantes foi objeto de uma provisão episcopal no
mesmo ano. O arraial se tornou bairro com o mesmo nome. O Arraial de São Manoel foi o
início da povoação do atual bairro Moinhos de Vento quando, em torno de 1878, Maurícia
Cândica da Fontoura Freitas e Fernando Fontoura Freitas promoveram sua implantação,
ligando a estrada dos Moinhos de Vento com a da Floresta através da abertura das atuais
ruas Dr. Timóteo e Félix da Cunha. Dos que aparecem nesse mapa, o arraial de São Miguel
é o mais recente, foi o arraial que se tornou o bairro Partenon por ter se desenvolvido no
caminho da Sociedade do Parthenon Literário. Seu desenvolvimento se deu pela instalação
do Prado Boa Vista em 1880, e pela inauguração, em 1884, do Hospício São Pedro
554
.
Esses arraiais se desenvolveram a volta ou interligando Estradas e Caminhos que
saindo de Porto Alegre iam para outras povoações, como Viamão e Gravatai. O Arraial dos
Navegantes vincula-se ao Caminho Novo; o Arraial de S. Manoel a Estrada da Floresta e a
dos Moinhos de Ventos; o Arraial de S. Miguel está conectado com a Estrada do Mato
Grosso, se aproximando da Estrada do Meio; o Arraial do Parthenon tem uma ligação com a
Estrada do Mato Grosso e uma leve aproximação com a Estrada de Belém; e, por último, o
Arraial do Menino Deus se desenvolve ao longo da Rua Menino Deus (atual Getúlio Vargas),
entre a Estrada de Belém e a margem do Guaíba. Esta configuração da posição dos arraiais
com as estradas e caminhos que saíam de Porto Alegre, mostra a estrutura em ’leque’
através da qual a cidade de Porto Alegre foi se urbanizando e se estendendo (fig.295).
A forma como João Cândido Jacques dispôs o mapa na folha coloca a península no
centro no sentido horizontal e centralizada na metade inferior, destacando desta forma o
centro da cidade de Porto Alegre.
5
54
Informaçoes sobre os arraiais conforme FRANCO, rgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. 4.ed. Porto
Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 2006.
325
F
ig. 295O ‘Leque’ das estradas e arraiais.
Um dado interessante é que da forma com que João Cândido Jacques nominou os
arraiais, o letreiro utilizado criou uma hierarquia entre eles pelo tamanho das letras. Assim,
os mais ‘importantes’ são o Arraial do Menino Deus e o de São Miguel, seguido do Arraial de
S. Manoel e, por último, o do Navegantes e o do Parthenon. Aparentemente, essa hierarquia
dada pelo cartógrafo tem a ver com o tamanho do arraial.
O desenho desse mapa é, então, uma representação em duas dimensões da cidade
de Porto Alegre que abrange, além da península, os seus arraiais, núcleos populacionais
mais afastados e que com o tempo ao se tornarem parte da cidade viraram bairros. Os
quarteirões e as ruas estão demarcados de forma similar aos das plantas anteriores por
traços que configuram as suas formas e a direção das ruas, becos e travessas. Nesta
planta, esta representação é reforçada pelo uso de cores. Esta planta trabalha com três
cores, três tons. No todo, ela é ‘amarelada’, seus cartuchos e os elementos construídos
estão em laranja, as ruas são de uma tonalidade amarelada e os espaços abertos são de
uma tonalidade esverdeada. As linhas, os letreiros, a escala, a rosa dos ventos e outras
informações são em preto.
Os elementos construídos continuam sendo desenhados de forma a mostrar a
maneira como eles ocupam a quadra, mas nesta planta, diferentemente da de 1881, esses
elementos estão mais genéricos, não há tentativas de individualizar as edificações nas
quadras até por causa da escala da planta. De todo modo, a forma como os elementos
construídos estão desenhados permite observar que a face norte da península continua, em
1888, mais densamente ocupada que a parte do sul e que o trecho da Rua Independência
entre a Rua Senhor dos Passos e a Rua Aurora (atual Barros Cassal) está bem densificado.
No desenho desses elementos construídos, continua a haver uma simulação de
tridimensionalidade, com linhas desenhadas mais espessas em um dos lados. Na
326
representação dos elementos edificados, alguns deles também estão destacados,
i
nteiramente pintados de preto. A cor laranja dos elementos construídos ajuda a atrair o
olhar para a ‘península’, já que sendo a zona mais habitada é a zona onde esses elementos
são mais numerosos.
Uma parte das informações que constam desta planta não está inserida em um
cartucho, elas estão colocadas diretamente no mapa propriamente dito: os nomes das ruas
e de alguns equipamentos. A indicação dos nomes das ruas não está colocada, na sua
maior parte, dentro do traçado das mesmas, apenas a Rua da Independência e a Rua da
Floresta tem o seu nome colocado desta forma. As outras estão designadas em áreas mais
‘livres’ no prolongamento de seu traçado. Uma boa parte no ‘vazio’ do Guaíba. Isso fez com
que em áreas mais densas, especialmente na ‘península’, algumas ruas não estejam
nominadas.
Essa forma de nominar as ruas pode ser vista em vários mapas ingleses que
mostram Londres, a começar pelo mapa, mencionado, de John Rocque. No Plan of the
Cities of London and Westminster and Borough of Southwark, with the contiguous Buildings
de 1749, o cartógrafo aproveita o Rio Thames para colocar nomes de docas e de algumas
ruas (fig.296). Isso pode ser visto também nos mapas de Londres de John Cary (1787), no
de Robert and Laurie Whittle (1804), no de John Luffman and Edward Langley (c. 1824), no
de George Cruchley (fig.297) publicado em 1827 e no de Joseph Cross (1850), entre
outros
555
. Mas mais perto de nós, no Rio Grande do Sul, a ‘Planta da Colônia de São
Leopoldo’ (fig.298) do Visconde de São Leopoldo (c. 1824) apresenta este mesmo grafismo.
F
ig.296 – Detalhe mapa de Londres de John Roque, 1746
5
55
Esses mapas estão publicados em: FOXELL, Simon. Mapping London, Making Sense of the City. London:
Black Dog, 2007.
327
F
ig.297 – ‘New Plan of London’ d e G. Cruchley, 1827
F
ig.298 – Planta da Colônia de S. Leopoldo
Escrito, e desta forma destacado, no mapa, sem constar do ‘Quadro Estatístico’
temos mais alguns equipamentos, dos quais apenas dois – Praça Visconde do Rio Grande e
o Campo da Redenção - constam de outros mapas. Os demais não constam de mapas
anteriores, principalmente por estarem em áreas não abrangidas por eles. São eles: a Praça
São Miguel (atual Pça. Jaime Telles), a Praça São Manoel (atual Pça. Mauricio Cardoso), a
Igreja de São Pedro (situada na atual Av. Cristovão Colombo), o Cemitério (na zona da
Azenha), o Azilo Santa Theresa (na atual Av. Padre Cacique), o Azilo de Mendigos (também
na atual Av. Padre Cacique), o Hospício S. Pedro (na atual Av. Bento Gonçalves), o Prado
328
RioGrandense (na atual av. Getulio Vargas), o Prado da Boa Vista (na atual R. Santana), o
L
aboratório Pirotécnico (na atual rua Corrêa Lima, onde se fabricava munição para o
Exército) e o Depósito de Pólvora (nas Ilhas fronteiras).
Este mapa também se apresenta como um mapa ‘projetual’, pois apresenta em
tracejado uma rua projetada (em tracejado) no Guaíba, uma rua que para vir a existir
pressupõe a necessidade de mais aterros. Um aterro considerável já que, como se pode ver
no mapa, ela se estende desde atual Praça da Harmonia até o Arraial dos Navegantes.
Trata-se da Rua das Flores, neste mapa referida como ‘em projecto’ e que atualmente pode-
se dizer que é a atual Av. Ma (implantada na cada de 1920), a Av. Presidente Castelo
Branco e a Rua João Moreira Maciel.
Em se tratando de omissões, este mapa não apresenta, como foi dito, o nome de
várias ruas da região da ‘península’, aparentemente por não haver espaço livre. São elas: a
Rua Jerônimo Coelho, a Rua Gen. Andrade Neves, a Rua 24 de Maio, a Rua 2 de Fevereiro
e a Rua General Vitorino. No entanto, todas estas ruas constam do ‘Quadro das ruas e
praças da cidade com os nomes que tiveram em outros tempos e os que têm actualmente’.
Duas outras ruas que não constam desse quadro e estão localizadas um pouco além da
região da Península, também não estão nominadas. Trata-se da atual Rua Alberto Bins
(Rua de São Rafael) e da atual Rua 24 de Maio (Rua Bento Gonçalves).
Um engano que se pode encontrar é o fato de haver nesta planta duas Estradas de
Belém, uma que teve esse nome nessa época, que é a atual Av. Prof. Oscar Pereira, e a
outra que, devido a sua posição na planta, aparenta ser a atual Rua Dr. Campos Velho.
Este mapa foi impresso na Lithografia de J. Alves Leite Successor, da qual não se
conseguiu nenhuma informação. Também não se sabe o número de cópias que foram
impressas. De acordo com o CD Cartografia Virtual Histórica-Urbana de Porto Alegre esta
litografia seria de Porto Alegre.
A Fundação Biblioteca Nacional não tem nenhum exemplar desta planta, o Arquivo
Histórico do Exército e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio grande do Sul possuem,
cada, um exemplar.
Quanto à divulgação, pode-se encontrar esta planta publicada nos livros de Clóvis
Silveira Oliveira (Porto Alegre, a Cidade e sua Formação um detalhe da planta), de Célia
Ferraz de Souza & ris Maria Müller (Porto Alegre e sua Evolução Urbana), no de Sérgio
da Costa Franco (Gente e espaços de Porto Alegre) e no livro de Sandra Jatahy Pesavento
(Uma Outra Cidade. O mundo dos excluídos no final doculo XIX). Aparece em dois CD’s
feitos pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio grande do Sul (IHGRS): o CD Cartografia
329
Virtual Histórica-Urbana de Porto Alegre (2005) e o CD Preservação do Acervo Cartográfico
d
o IHGRS (2009).
Ela é mencionada sem imagens no livro de Francisco Riopardense de Macedo (Porto
Alegre: Origem e Crescimento) e no livro de Sérgio da Costa Franco (Porto Alegre:Guia
Histórico).
5.10.3 – Das Leituras do Mapa
Não foi encontrado, em relatórios de Presidentes da Província, menção a esta planta
e nem ao próprio João Cândido Jacques. Nas atas da Câmara, também não referências
nem ao mapa nem ao autor. Também não se encontrou nada na Correspondência Passiva
da Câmara e no acervo de Construções e Melhoramentos do Município. Isto leva a pensar
que este mapa foi feito por João Cândido Jacques a serviço do Exército. Uma das hipóteses
para a execução desta planta é ela ter sido feita sob a égide da própria Escola Militar, a
outra a serviço do Comando de Armas da Província.
Em relação à primeira hipótese, a vinculação à Escola Militar, é bom lembrar que o
envolvimento tanto dos professores quanto dos alunos com a vida da cidade era bastante
intenso. Pode-se falar da sua participação na vida cultural da cidade, pois “em 19 de
setembro de 1880 é instalada solenemente a Sociedade Cientifica e Literária Culto às
Letras, fundada por oficiais-alunos da Escola Militar”. Uma revista intitulada Revista Mensal
era porta-voz dessa sociedade. Em outros tempos, em 1874
556
, a pedido da Câmara, o
Diretor da Escola Militar, o General Pederneiras e o Lente de Topografia da mesma, Major
João Nepomuceno de Medeiros Mallet haviam feito um trabalho de nivelamento e um plano
de aformoseamento e melhoramentos do Campo do Bom Fim, que foi bastante profícuo:
Lido o parecer dos Srs. Engenheiros General Pederneiras e Dr. Mallet,
sobre o aformoseiamento do Campo do Bomfim, resolve a Câmara em
primeiro lugar agradecer a estes cidadãos tão importante trabalho, depois
devolver-lhes a planta, que remeteram, para que se dignem orçar
discriminadamente a despesa a fazer-se com as obras que vem
5
56
PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 29/07/1874 e 27/08/1874.
330
mencionadas na mesma planta, afim de se lhes ir dando execução na
p
roporção dos recursos dos cofres municipais
557
.
Outra possibilidade relacionada à Escola Militar é ele ter feito este mapa como um
exercício com os seus alunos.
A segunda hipótese é que o Comando das Armas da Província tenha designado o
Coronel João Cândido Jacques para fazer esse mapa.
As duas hipóteses vinculam esta planta ao exército. Reforça a hipótese de esta
planta ter sido feita para o Exército o fato da Fundação Biblioteca Nacional o possuir
nenhum exemplar da mesma e o Arquivo Histórico do Exército possuir uma.
Como já se disse, esta é a primeira planta a mostrar a região de Porto Alegre e o seu
entorno, compreendendo os seus arraiais, e este foi com certeza o seu objetivo principal. É
interessante ressaltar que esta planta foi feita às vésperas da República, em 1888 e mostra
bem pela sua amplitude, a expansão em forma de leque da cidade de Porto Alegre. O seu
momento histórico o ano da abolição da escravatura fica bastante marcado pelo fato de
que o Campo do Bonfim aparece agora designado por Campo da Redenção, devido à
libertação dos escravos que, em Porto Alegre, se deu em 1884.
5
57
PORTO ALEGRE. mara de Vereadores. Atas de Vereança. Porto Alegre, 1872-1877. Manuscrito. Não
Publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. 07/06/1875.
331
6 - CONSIDERÕES FINAIS
A
cartografia de Porto Alegre, ao longo do século XIX mostra a caracterização
paisagística da localização da cidade, referida aos seus elementos geográficos essenciais: o
espigão, a península e o porto. conta também da estrutura edificada, destacando os
prédios mais importantes do ponto de vista político, religioso, militar e administrativo.
De uma planta esboçada não apenas por Zambeccari, mas também pela que se
supõe ter sido feita pelo Capitão Montanha, até a realizada no final do período imperial, a
análise desse conjunto de plantas da cidade de Porto Alegre ao mesmo tempo em que
mostra e define as transformações da cidade, mostra também as transformações da
linguagem cartográfica ao longo desse período.
O sítio onde a cidade foi edificada progressivamente, desde 1772, estrutura a
paisagem urbana. Um sítio especial, uma península a beira de um lago/rio, uma ‘península’
que se tornou o coração da cidade, um local marcado por uma situação geográfica especial
e estratégica, que gerou sua escolha como a capital da província antes mesmo de ter sido
uma vila. O local tem uma topografia em que um ‘espigão’ a parte mais alta corre de
leste a oeste e o terreno desce para junto do rio na parte sul e norte da península. A história
de Porto Alegre está, portanto, associada à sua geografia, por ser o centro de uma rede
hidrográfica que a liga com o interior do estado, por seu porto fluvial e por sua situação
como um local de passagem. Aliás, um de seus atrativos é esta paisagem com o perfil da
península, espaço cujos limites foram sendo aumentados ao longo do tempo, tornando-se
visíveis nos mapas que analisei neste trabalho.
Meu encontro com os mapas – objetos de estudo desta tese – não se deu por acaso.
Os temas das pesquisas que realizei desde o mestrado, e mesmo desde a graduação,
foram os modos de “representar” a cidade de Porto Alegre ao longo da sua história. As
relações entre imagens e história da cidade constituíram-se desde logo em foco das minhas
preocupações. Mesmo assim, foi somente ao trabalhar, na dissertação de mestrado, com as
linguagens do desenho, da fotografia e da computação como formas de representação
gráfica do passado da cidade, que me deparei com os seus mapas.
É evidente que as linguagens gráficas possuem, cada uma, a sua especificidade
própria. Assim, para além do fato de um mapa ser uma representação gráfica, os mapas
manuscritos são mais do que um simples desenho; os mapas aerofotogramétricos são mais
332
do que fotografias; e os mapas georeferenciados são, também, m
ais do que uma
representação por computação gráfica. Foi, portanto, esse mais que me levou a trabalhar
com os mapas de Porto Alegre e a fazer deles o objeto de pesquisa desta tese.
Nessa perspectiva, os mapas de Porto Alegre constituem representações de
diferentes conjunturas históricas da cidade. Em sua linguagem gráfica -- que analiso, na
tese, como um discurso –, eles não apenas traduzem uma determinada configuração
urbana, com o desenho das ruas, das áreas verdes e a localização dos equipamentos
sociais existentes numa dada época. Eles, ademais, produzem uma cidade por onde
circulam práticas culturais, econômicas e políticas, que modelam a sua história.
Dessa forma, esta tese procurou examinar, descrever e analisar os mapas que
cartografaram a cidade de Porto Alegre, ao mesmo tempo em que procurou saber que Porto
Alegre cada um desses mapas produziu e tornou visível. Isto quer dizer que não tratei, aqui,
os mapas como meros reflexos gráficos do desenvolvimento urbano, mas como discursos
que produzem as cidades que eles mapeiam.
Para analisar os mapas, trabalhei com uma metodologia ligada à História Cultural,
que consagrou, sobretudo, os métodos de pesquisa utilizados por Walter Benjamin e Carlo
Ginzburg, entre outros. Ao articular as idéias desses autores, na investigação histórica da
cartografia urbana como construção e produção social da cidade de Porto Alegre, uma série
de ‘perguntas’ foram colocadas a cada mapa do estudo, com o objetivo de mostrar os
diversos contextos ligados à realização dos mesmos. Para isso, adotei os contextos
definidos por Brian Harley
558
, e que o os seguintes: contexto do cartógrafo; contexto de
outros mapas; e contexto da sociedade. O passo seguinte concentrou-se na construção de
uma estrutura de análise de cada mapa, que abrangesse os objetivos propostos e que
respondesse às questões colocadas anteriormente.
A construção do modo de análise teve como inspiração um texto de Catherine
Bousquet-Bressolier
559
chamado Matthäus Merian’s 1615 Map of Paris: its Structure,
Decoration and Message”, publicado na revista Imago-Mundi, em 2006. Neste texto, a
autora começa por fazer uma biografia de Matthäus Merian, o cartógrafo do mapa de Paris
de 1615; em seguida, ela relata o contexto histórico da época de produção do mapa,
relacionando com outros mapas de Paris, e com as questões políticas da época. Por fim, a
autora analisa a estrutura do mapa, sua decoração, voltando a relacioná-lo com outros
mapas de Paris.
5
58
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: BUISSERET, David (Ed.). From Sea
Charts to Satellite Images: interpreting North American history through maps. Chicago: The University of Chicago
Press, 1990. p.5.
559
BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine. Matthäus Merian’s 1615 Map of Paris: its Structure, Decoration and
Message. Imago Mundi, v. 58, part 1: 48-69, 2006.
333
Assim, a análise que empreendi de cada um dos mapas de Porto Alegre começou
co
m a biografia do cartógrafo e com a apresentação de sua produção cartográfica; passou
pela análise da estrutura do mapa, suas legendas, decoração e elementos constituintes, sua
forma de desenho, as convenções utilizadas, suas relações com outros mapas; e terminou
com uma ‘leitura’ que os dados referentes ao mapa propiciam. Portanto, uma análise do
mapa tendo em vista seus objetivos e seus contextos.
Tive, inicialmente, a idéia de trabalhar com os mapas da cidade de Porto Alegre e do
Rio de Janeiro. Entendo, hoje, que tal objetivo se configurou pelo fato de Porto Alegre ter
sido fundada somente em 1772 e por seu primeiro mapa, existente materialmente, ser de
1833. Havia, portanto, uma defasagem de tempo muito grande em relação à colonização do
centro do Brasil, ao qual o Rio Grande e, evidentemente, Porto Alegre, estavam
inexoravelmente ligados. No entanto, já nos primeiros levantamentos do material de estudo,
pude perceber que apenas os mapas de Porto Alegre constituiriam, eles mesmos, um
objeto desmedido para este estudo. O que quero dizer é que somente no desenvolvimento
da pesquisa, pela quantidade de material que foi sendo encontrado sobre cada mapa, pude
chegar a uma definição do recorte temporal da tese, o qual começa na fundação da cidade,
em 1772, e termina no final do Império (1889).
Nesses mapas da cidade produzidos ao longo do século XIX, constatei que o
desenvolvimento da cidade configurou-se através de aterros na península e ao longo do
‘leque’ dos caminhos. O inicio dos aterros pode ser visto no mapa de 1868, onde a atual
Rua 7 de Setembro aparece definida, o que fez com que a Rua da Praia perdesse a sua
praia. a abertura do “leque” dos caminhos para outras vilas, interligando os arraiais, é
claramente definido no mapa de 1888.
No período estudado, encontrou-se menção a 12 mapas da cidade como um todo: 08
mapas existentes e 04 dos quais se tem alguma noticia. Entre estes, é possível que algum
deles possa nem ter sequer existido, especialmente o de 1805.
Dos 12 mapas mencionados, 05 foram feitos por cartógrafos ligados ao exército, por
engenheiros militares: Capitão Montanha, Francisco João Roscio, José Pedro César, o
anônimo de 1838 (Real Corpo de Engenheiros) e João Cândido Jacques; dois deles foram
feitos por ex-engenheiros militares: Conrado Jacob de Niemeyer e Antonio Eleuthério de
Camargo; o de 1833 foi feito por Lívio Zambeccari, um revolucionário italiano com formação
em filosofia e direito; o de 1839, por Luiz Pereira Dias, funcionário da Câmara, designado
como Arruador, mestre construtor e arquiteto; o de 1876 foi executado por Manoel José
Nunes de Azevedo, um agrimensor; o de 1881, por Henrique Breton, um engenheiro civil
francês; e o de 1872 não possui a assinatura do cartógrafo, apesar de ser vinculado a um
334
órgão que contratava engenheiros tanto militares quanto civis, mestres construtores,
a
grimensores, etc., o que dá uma idéia da formação de seu cartógrafo.
Desses cartógrafos, um era italiano (Zambeccari), outro era francês (Breton), cinco
eram portugueses (Montanha, Francisco João Roscio, José Pedro César, Luiz Pereira Dias
e Conrado Jacob de Niemeyer) e os outros três conhecidos se supõe serem brasileiros
(Antônio Eleuthério de Camargo, Manoel José Nunes de Azevedo e João Cândido Jacques).
Sabe-se com certeza que Antônio Eleuthério de Camargo era brasileiro, que Luiz Pereira
Dias se naturalizou e se supõe que Conrado Jacob de Niemeyer, ao optar por ficar no Brasil
após a Independência, deve também ter se naturalizado brasileiro.
1833 1838 1839 1844 1868 1872 1881 1888
C
artógrafo
L
ivio
Zambe
ccari
Anônim
o
L.
P.Dias
Conrado
Jacob
de
Niemey
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Antonio
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o
Anônim
o
Henrique
Breton
João
Candido
Jacques
Eng.
M
ilitar
Ex Eng.
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ilitar
Revolucio
n
ário
Funcionári
o
da
Câmara
Eng. Civil
Italiano
Português
Francês
Brasileiro
Naturalizar
a
m-se
Tabela 1 – Caractesticas dos cartógrafos
D
os 08 mapas existentes, 02 são manuscritos (Zambeccari e o anônimo de 1872),
enquanto os outros 06 são mapas impressos. O mapa de Zambeccari não possui indicação
de escala; nos de 1838, 1839, 1844 e 1868, a escala é em braças; e nos de 1872, 1881 e
1888, a escala é em metros. Dos que têm escala, apenas o de 1881 não possui escala
gráfica.
Em relação à orientação dos mapas, apenas o de 1844 e o de 1872 estão
desenhados com o norte para cima. Os de 1839 e 1868 estão quase com o norte para cima,
mas estão desenhados com uma pequena inflexão para o Leste. Com orientações parecidas
temos os mapas de 1833, 1838 e 1881, que estão quase invertidos, voltados numa direção
que é mais próxima ao sudeste, sendo que no de 1833 não há nenhuma indicação de
335
orientação. O de 1888 está desenhado de forma bem diferenciada dos demais, orientado
p
ara Les-sueste. O Norte nestas plantas está representado com uma Rosa dos Ventos
trabalhada nos de 1838 e 1839; com uma Rosa dos Ventos simplificada nos de 1881 e
1888; apenas com uma seta para o Norte na planta de 1868; sem nenhum grafismo a não
ser o fato de estarem colocadas na folha direcionadas para o Norte, estão as plantas de
1844 e 1872; e sem nenhuma indicação, nem mesmo pela direção na folha o de 1833.
Em relação à cor, temos dois mapas coloridos, paradoxalmente o primeiro, o de
Zambeccari, e o último, o de João Cândido Jacques; um bicromatico (o de 1872); e os
demais, monocromáticos.
As únicas plantas que não possuem cartuchos são as de 1872 e 1881. Nelas, todas
as suas referências (equipamentos e ruas) estão colocadas diretamente no mapa
propriamente dito. Em todas as outras, pelo menos parte das legendas (Anexo 4) está
colocada nos cartuchos.
As Plantas de 1844 e 1868 são cartuchos de Cartas Geográficas, uma inserida na
‘Carta do Império do Brasil’ e a outra na ‘Carta Geográfica da Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul’. As outras se referem diretamente à cidade, ou seja, o assunto principal da
Planta é a Cidade de Porto Alegre.
Duas plantas se destacam pelo fato de não apresentarem somente o mapa
propriamente dito: são as plantas de 1839 e 1868 que apresentam, além do mapa, vistas da
cidade. A de 1839 apresenta duas vistas, enquanto que a de 1868 tem apenas uma.
Todas as plantas são representações da cidade de Porto Alegre em duas dimensões
e todas tentam dar aos elementos construídos uma idéia de tridimensionalidade, com o uso
de um traço mais espesso em partes do desenho. Apenas as plantas de 1839, 1844 e 1868
fazem algum grafismo para simular as curvas de nível, a topografia da cidade. A planta de
1833, a de Zambeccari, mostra apenas que atrás da atual Rua Duque de Caxias existe um
terreno bastante inclinado, especialmente na região da atual Praça Marechal Deodoro. As
plantas de 1839 e a de 1868 refoam a idéia da topografia com a apresentação das vistas.
Quanto à vegetação, é possível notar em todos os mapas que as zonas mais
densificadas, mais habitadas, mais urbanas e que apresentam, portanto, muitos elementos
construídos não demonstram ter nenhum tipo de vegetação. Os de 1872 e de 1881 têm
alguma vegetação nas praças e o de 1868 não apresenta vegetação. Nos mapas em que as
Ilhas fronteiras aparecem, elas aparentam ter uma vegetação nativa, quase ‘selvagem’.
Em relação ao Guaíba, 04 plantas utilizam-se do grafismo de ‘ondas’ para
representar a fronteira entre o terreno e a água. São elas: a de 1839, 1844, 1868 e a de
1881. A de 1838 utiliza-se de uma hachura para essa diferenciação, a de Zambeccari
336
(1833) utiliza-se da cor. As outras duas 1872 e 1888 usam apenas uma linha mais
e
spessa, sendo que a de 1888 uma denominação à água é a única a colocar por
escrito a expressão ‘Rio Guahyba’. Quanto ao sentido do movimento da água, apenas
quatro delas fazem a indicação pelo uso de uma seta (1838, 1839, 1844 e 1888). Três
plantas apresentam desenhos de barcos no Guaíba. A de 1833 apresenta apenas um, que
tem sido identificado como sendo o Presiganga (um navio-prisão); as outras duas, 1838 e
1839, apresentam vários barcos, inclusive o Presiganga. A planta de 1838 apresenta os
barcos com um desenho dos mesmos; já a de 1839 criou símbolos para indicá-los e
apresenta o desenho dos mesmos numa das vistas. A planta de 1872 possui um grafismo
de âncoras na zona que é considerada o porto da cidade.
1833 1838 1839 1844 1868 1872 1881 1888
C
artóg
rafo
Livio
Zambe
ccari
Anônim
o
L.
P.Dias
Conrado
Jacob
de
Niemeye
r
Antonio
Eleuthéri
o de
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Anônim
o
Henrique
Breton
João
Candido
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rito
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Braças
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ão
Sudes
te
Quase
Norte
Sudes
te
Norte Quase
Norte
Norte Sudeste Les-
Sueste
Tabela 2 – Caractesticas mapas.
337
O mapa de Zambeccari devido ao fato de ser um mapa manuscrito e, portanto, único,
se
u original encontra-se no Museo del Risorgimento, em Bologna. Dos mapas estudados,
este é o único estrangeiro’. O outro manuscrito, o de 1872, que na verdade é um semi-
original, pode ser localizado na Mapoteca da Secretaria Municipal de Obras e Viação
(SMOV). Os outros mapas, por serem impressos, é possível encontrá-los em mais de um
local. A Fundação Biblioteca Nacional possui exemplares das plantas de 1838, 1839, 1844 e
1868; o Arquivo Histórico do Exército possui exemplares das plantas de 1839 e de 1888; e
do que se sabe, a Mapoteca do Itamaraty possui exemplares das de 1839 e 1844. em
locais em Porto Alegre, o Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho possui um
exemplar do mapa de 1868 e um semi-original do de 1881; e o Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul tem exemplares dos mapas de 1868 e de 1888.
Como se pode ver neste balanço das características (texto e tabelas 1 e 2) das
Plantas de Porto Alegre analisadas neste trabalho, muitas são comuns a várias delas.
Algumas características, no entanto, lhes são únicas. Afora as plantas, têm-se os seus
cartógrafos, sendo que o nenhum dentre eles que tenha feito mais de uma planta do
todo da cidade. Também em relação ao ano de sua produção, pode-se afirmar que não
foram feitas duas plantas no mesmo ano.
Por fim a questão dos objetivos que se teve para se fazer aquela planta naquele
momento, que podem ser descritos genericamente. A começar pela de 1772 cujo objetivo
teria sido demarcar as datas e o local de assentamento da cidade. A de 1805 tem uma
referência tão tênue apenas uma menção que fica quase impossível se ter alguma idéia
dos seus objetivos, a não ser o mais genérico que é o de representar a cidade, e isto se é
que ela existiu. A de 1825 teria sido feita para dirimir as dúvidas da Câmara nas questões de
alinhamento e de traçado de ruas. A planta de 1833 foi feita por um revolucionário as
vésperas da Revolução Farroupilha por razões de cunho pessoal, e que provavelmente
contribuiu para as conspirações que antecederam a Revolução Farroupilha. As três plantas
seguintes têm em comum o fato de terem sido feitas durante a Revolução Farroupilha: a
planta de 1838 foi feita pelo Império, pelos legalistas, para ajudar na defesa da cidade e
para a propaganda’ do Império; a planta de L. P. Dias (1839) foi feita pela cidade de Porto
Alegre, por um empregado da câmara, para o uso das necessidades diárias da cidade, que
tentava levar uma vida “normal”, apesar da Guerra; e a Planta de 1844 foi feita como
ilustração de uma das cidades num mapa do Império do Brasil. A planta de 1868 também foi
feita como ilustração, mas não do Império: ela serviu para acompanhar uma Carta da
Província do Rio Grande do Sul, que Porto Alegre é a sua capital. A planta de 1872 foi
feita como um documento, um indicativo de propriedade de terras de marinha cedidas a um
cidadão. A de 1876 teria sido feita por dinheiro, pois seu autor batalhou consideravelmente
338
para tentar que a Câmara a comprasse. A de 1881 foi feita por um interesse comercial: foi
o
fertada à Câmara na tentativa de se receber, com ela, um privilégio. Pode-se dizer que o
objetivo da última planta era mais palpável: apresentar não apenas a cidade de Porto
Alegre, mas a área que englobava os arraiais que existiam a sua volta.
As ’leituras’ dos diversos mapas de Porto Alegre mostram questões de poder e de
interesse. Como disse Brian Harley, o mapa trabalha na sociedade como uma forma de
poder-conhecimento”
560
. Ainda mais, diz ele: “o poder é exercido na cartografia (...), o poder
é exercido com a cartografia”
561
, concluindo que “o poder vem do mapa e atravessa a forma
como o mapa é feito”
562
.
No mapa de 1838, por exemplo, esse exercício do poder se faz visível no seu
cabeçalho onde está impresso ‘Império do Brasil”, seguido do título do mapa e da data: 20
de junho de 1837’. Portanto, este é um mapa que o Império mandou executar em plena
Guerra dos Farrapos. Sua função de instrumento de luta se constata claramente na
defasagem entre o ano que aparece no título do mapa (1837) e o da sua impressão (1838).
O Império ‘omite’ o ano de impressão, para que a notícia da prisão de Bento Gonçalves seja
um dos destaques principais do mapa. Se ele fosse datado de 1838, essa noticia teria
perdido toda a validade, pois Bento Gonçalves, então, havia fugido da prisão e retornado
ao Rio Grande do Sul.
No mapa de 1881, de Henrique Breton, o que se destaca é o fato deste engenheiro
francês ter oferecido gratuitamente um mapa da cidade para a Câmara de Vereadores.
Nesse caso, o móvel dessa ão é o interesse pessoal do cartógrafo, que tivera negado
pela Câmara um pedido de privilégio por dez anos, para instalar quiosques nas praças e
ruas da cidade. Sintomaticamente, logo após ter ofertado o seu mapa, ele encaminha
novamente o pedido de obtenção do privilégio que lhe fora negado.
Num caso como no outro, os mapas não apenas participam de um jogo de
interesses, mas são as próprias peças desse jogo, exercendo pressões, blefando, e até
fazendo a vitória pender para uma das partes. Não há, portanto, por um lado os mapas e a
história da cidade por outro, e, a partir daí, uma tentativa de colocar a ambos em relação. O
que há é uma trama e uma circunstância particular que definem tanto o significado de um
mapa quanto a história da cidade, num determinado momento.
5
60
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
Cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.164
561
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
Cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.165.
562
HARLEY, J.B. Deconstructing the Map. In: HARLEY, J.B. The New Nature of Maps: essays in the history of
Cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001. p.166.
339
Esse passado, ao qual se tem acesso através das imagens da cidade, pode ser
r
essignificado, em termos urbanos, ao se sobreporem os mapas antigos à atual
configuração cartográfica da cidade. Os diversos mapas permitem, então, uma decupagem,
um recorte em camadas do espaço de Porto Alegre, com cada um deles mostrando a
presença evidente, ainda que em alguns casos de forma discreta, da história. Isto permite a
descoberta das sucessivas sedimentações da cidade, tal como um estudo arqueológico, e
de seus diversos ‘layers’. Ao mostrarem diferentes estruturas urbanas, permitem interrogar
como as conjunturas históricas e as relações de poder definem, em cada um deles, o sitio
geográfico e a organização dos espaços públicos e privados.
Como afirma Claude Loupiac
563
,
“as nossas cidades atuais são o fruto de estratos históricos que se
acumularam, se juntaram e foram redescobertos. O patrimônio urbano é
constituído desse tecido vivo mais ou menos denso, mais ou menos
estruturado e em perpétua recomposição no qual nós vivemos, mas
também dos traços, aparentes ou não, e das representações que contam a
historia da cidade”.
Nesse sentido, os mapas de uma cidade, enquanto representações de diferentes
momentos dessa história, são como camadas sobrepostas umas às outras, e contam então
essa história, recriando e produzindo a cidade a cada vez (fig. 299, 300 e 301).
F
ig.299 – Planta Porto Alegre 1772 sobreposta a atual.
5
63
LOUPIAC, Claude. La Ville entre représentations et realités. Paris:CNDP, 2005. p.9.
340
F
ig.300 – Planta Porto Alegre 1839 sobreposta a
atual.
Fig.301Planta Porto Alegre 1868 sobreposta a
atual.
Algumas dificuldades tiveram que ser vencidas para a realização desta tese. Uma
delas, comentada, foi a de encontrar uma metodologia que pudesse ser usada na análise
dos mapas que fazem parte desse trabalho. Uma dificuldade maior e que diz respeito ao
que Harley chama de ‘contexto de outros mapas’, foi a necessidade de trabalhar com um
grande acervo de imagens de mapas tanto de Porto Alegre, quanto de outras cidades
brasileiras, como também de mapas de cidades de Portugal e de outros países. O ‘contexto
de outros mapas’ se relaciona com a tentativa de percorrer os caminhos da transmissão do
conhecimento cartográfico, com a formação de cada cartógrafo no modo de desenhar o seu
mapa, conectado a convenções que fazem parte da linguagem cartográfica em cada
momento histórico.
Este trabalho pretendeu, na mesma linha de argumentação de Danzer,
“relacionar as várias representações da cidade uma com a outra e conectá-
las ao seu lugar particular enquanto ele se desenvolve ao longo do tempo” e
isto “está entre as contribuições que uma História da Cartografia tem para
oferecer aos estudos urbanos em geral e à cidade moderna em
particular”
564
.
Ora, de acordo com Harvey e Woodward,
“a principal preocupação da História da Cartografia é o estudo dos mapas
em termos humanos. Como mediadores entre um mundo mental interno e o
5
64
DANZER, Gerald A. The Plano f Chicago by Daniel H. Burnham and Edward H. Bennett: cartographic and
historical perspectives. In: BUISSERET, David (Ed.). Envisioning the city: Six studies in urban cartography.
Chicago: The University of Chicago Press, 1998. p.145.
341
mundo exterior sico, os mapas o ferramentas fundamentais ajudando a
m
ente humana a fazer sentido de seu universo em muitas escalas”
565
.
Embora o tempo que diz respeito aos mapas de Porto Alegre seja mais recente que
os mapas estudados no primeiro volume da History of Cartography, pode-se dizer, como é
dito naquele trabalho, que “muita coisa permanece desconhecida e muitas questões de
transmissão continuam não resolvidas”
566
.
Como disse anteriormente, tentei, na análise realizada, apontar algumas relações
dos mapas de Porto Alegre com os mapas de outros locais, no sentido de tentar apreender
as influências e o aprendizado que os cartógrafos tiveram para fazer determinado mapa da
forma como o mesmo foi elaborado. Essa cadeia de transmissão do conhecimento
cartográfico que procurei estabelecer com o material pesquisado ainda é insuficiente,
abrindo, portanto, mais possibilidades de pesquisa. Como Harley e Woodward apontam: “Há
provavelmente um limite de quão longe este fragmentado mosaico de atividade cartográfica
pode ser preenchido”
567
.
Segundo estes autores, referindo-se ainda aos mapas estudados no primeiro volume
da History of Cartography, “o significado dos mapas dentro do seu contexto social e cultural
está começando a emergir”
568
. Daí que, ao analisar os mapas de Porto Alegre, tenha
procurado destacar seus contextos sociais e culturais, pois “qualquer apreciação da
importância dos mapas depende de uma concepção clara de sua natureza, dos fatores que
deram forma ao seu fazer e transmissão, e o seu papel dentro das sociedades humanas”
569
.
Na realidade,
Qualquer historia de mapas é composta de uma complexa série de
interações, envolvendo o seu uso como também o seu fazer. O estudo
histórico de mapas pode, portanto requerer um conhecimento do mundo
real ou do que quer que seja que esteja sendo mapeado; um conhecimento
dos seus exploradores ou dos seus observadores; um conhecimento do
fazedor de mapas no sentido estreito do gerador de um artefato; um
conhecimento do mapa propriamente dito como um objeto físico; e um
conhecimento dos usuários (ou mais provável da comunidade de
usuários). A History of Cartography está preocupada, tão longe quanto
5
65
HARLEY, Brian J. & WOODWARD, David (Ed.). History of Cartography: cartography in Prehistoric, Ancient,
and Medieval Europe and the Mediterranean. Chicago: The University of Chicago Press, 1987. v. 1. p.01.
566
HARLEY, Brian J. & WOODWARD, David (Ed.). History of Cartography: cartography in Prehistoric, Ancient,
and Medieval Europe and the Mediterranean. Chicago: The University of Chicago Press, 1987. v. 1. p.503.
567
HARLEY, Brian J. & WOODWARD, David (Ed.). History of Cartography: cartography in Prehistoric, Ancient,
and Medieval Europe and the Mediterranean. Chicago: The University of Chicago Press, 1987. v. 1. p.503.
568
HARLEY, Brian J. & WOODWARD, David (Ed.). History of Cartography: cartography in Prehistoric, Ancient,
and Medieval Europe and the Mediterranean. Chicago: The University of Chicago Press, 1987. . v. 1. p.503.
569
HARLEY, Brian J. & WOODWARD, David (Ed.). History of Cartography: cartography in Prehistoric, Ancient,
and Medieval Europe and the Mediterranean. Chicago: The University of Chicago Press, 1987. v. 1. p.01.
342
possível, com o processo histórico pelo qual a linguagem gráfica dos mapas
f
oi criada e usada. Ao mesmo tempo, uma história do mapear técnica,
cultural e social
570
.
Ao revisar o que foi escrito na história da cartografia até meados do século XX,
Harley & Woodward destacam que houve “três influências a institucionalização da
geografia, o crescimento de especialistas em bibliotecas de mapas, e a atuação recíproca
dos estudiosos colecionadores com um mercado em expansão de antiquários de mapas
iniciais
571
”. Desde essa época, o estudo dos mapas vem se intensificando na academia e a
História da Cartografia começa “a ter consciência de ser um assunto acadêmico que tem de
ser entendido em termos de seus próprios problemas e potenciais”
572
.
Atualmente, as bibliotecas que têm mapas nos acervos, os Arquivos Históricos,
Mapotecas e outras instituições estão digitalizando seus catálogos e permitindo o acesso
on-line aos mesmos. Boa parte dessa tese não poderia ter sido feita sem o acesso a esses
arquivos, o que permitiu o cruzamento de materiais e informações que se encontram
espalhados em vários lugares do mundo. Pode-se citar aqui alem do acervo digital da
Fundação Biblioteca Nacional
573
, o acervo do ‘Arquivo Digital de Cartografia Urbana’
574
, a
coleção de mapas da The Library of Congress
575
, o acervo do Instituto Cartográfico da
Catalunha
576
, o site do Map History/History of Cartography
577
com o seu portal sobre o
assunto, o acervo da The New York Public Library
578
, a coleção de David Rumsey
579
, o
Centro de Mapas de Norman B. Leventhal
580
ligado a Boston Public Library, a Biblioteca
Digital Hispânica
581
, a Biblioteca Nacional de Portugal
582
, a Bibliothèque National de
France
583
, o Map and Plan Collection Online (MAPCO)
584
, entre outras.
5
70
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343
Essa tese, apesar de ter um ponto final e, de uma certa forma, ser um produto
a
cabado, não se encerra nela mesma. Ela ainda permite que se possa percorrer outros
caminhos que poderão complementar este trabalho e criar outros novos. Neste momento,
proponho quatro caminhos:
1 – Uma possibilidade mencionada diz respeito à ‘ciência de transmissão do
conhecimento cartográfico’, pois ainda é possível aprofundar este tema para os mapas
estudados neste trabalho.
2 Aplicação de baixo custo para o georeferenciamento de mapas históricos uma
conferência com esse nome foi apresentada no 2 Congresso Internacional de História da
Cartografia, realizado em Berna, na Suíça, em julho de 2007. Segundo o pesquisador grego
Vassilios Tsioukas
585
,
“o georeferenciamento de imagens digitais de mapas históricos joga um
importante papel para o estudo das características geográficas desses
mapas. Pode levar a uma melhor interpretação dos detalhes mostrados no
mapa histórico, isto é, toponímias podem ser mais facilmente referenciadas
em relação aos seus modernos correlatos”.
Em sua conferência, Tsioukas referiu um programa intitulado Mapanalyst
586
, que é
um software para a análise da acuidade de um determinado mapa. O programa permite,
inclusive, a combinação de mapas históricos, para ver o grau de distorção de cada um numa
relação entre eles. Se por acaso um mapa for a cópia de outro, a malha de distorção será
quase inexistente. E quando comparados a um mapa atual, a malha de distorção será
bastante semelhante.
3 Outros locais de pesquisa, outras fontes esta tese se deteve em pesquisar os
dados sobre os mapas principalmente em relatos ‘oficiais’: atas da Câmara de Vereadores,
Relatórios dos Presidentes da Província, Correspondência Passiva da Câmara de
Vereadores, Livros de Vereança, Registros de nomeações, Registro de Naturalizações, etc.
Uma fonte que foi pouco explorada, e que pode trazer, talvez, informações importantes
sobre os cartógrafos e a feitura dos mapas são os jornais de época.
5
82
BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Lisboa, 2007. Disponível em:
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344
4 Este trabalho se deteve, como foi mencionado, nos mapas de Porto Alegre
d
esde sua fundação a o final do Império. É necessário, ainda, que sejam estudados e
analisados os mapas desta cidade do final do Império até os nossos dias.
Sendo uma produção que se conecta com a História da Cartografia, este estudo está
intimamente ligado à área da Historia Cultural. Daí que, na sua realização, tenha se adotado
“uma nova postura diante da história, um outro olhar que interroga o passado a partir de
pressupostos que constroem também novos objetos e formulam novas questões”
587
. Tratou-
se, aqui, da imagem da cidade, de imagens da cidade produzidas pelos seus mapas. Ao
interrogá-los, buscou-se interrogar o passado da cidade e, de uma certa forma, na
companhia de alguns convidados: com Ginzburg, se buscaram os cacos, os rastros, os
indícios; com Benjamim, se lidou com o principio da montagem, da associação de idéias e
da colagem; com Harley, os vários contextos foram trabalhados. Através dessa amálgama,
moldou-se uma investigação histórica da cartografia urbana como construção/produção
social de uma cidade, Porto Alegre, em determinados momentos históricos, momentos
esses que são dados a ver em cada uma de suas plantas.
Pode-se ainda afirmar que se estabeleceu uma conexão direta entre a História
Cultural e a História da Cartografia, à maneira pensada por Brian J. Harley, David
Woodward, Denis Wood e outros. E isto porque, também aqui, procurou-se trabalhar com
um sentido de cultura, da forma com que é formulado por Pesavento: “trata-se, antes de
tudo, de pensar a cultura como um conjunto de significados partilhados e construídos pelos
homens para explicar o mundo”
588
. Trata-se, então, de tomar a ”cartografia como um
discurso um sistema que provê um conjunto de regras para a representação do
conhecimento incorporado nas imagens que nós definimos como mapas e Atlas”
589
.
Imagens essas que, no contexto da História Cultural, se constituem numa construção visual
e mental e que por isso mesmo, segundo Pesavento, “seriam portadoras de um imaginário
de sentido, marcado pela historicidade da sua produção através dos tempos e de seu
consumo, atendendo ao horizonte de recepção de cada época
590
”. Tais imagens, “uma vez
chegadas até nós, colocarse-iam na nossa contemporaneidade, como uma porta de entrada
para o passado e para o universo de razões e sensibilidades que mobilizavam a vida dos
homens de um outro tempo”. É, pois, desses universos e da vida dos habitantes das
5
87
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Apresentação. In: PESAVENTO, Sandra Jatahy (Org.). Escrita, Linguagem,
Objetos: leituras de história cultural. Bauru: EDUSC, 2004. p.7.
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345
diferentes cidades que os mapas de Porto Alegre tornaram visíveis, que este trabalho,
f
inalmente, trata.
O que eu quero dizer é que as técnicas cartográficas envolvidas na confecção de um
mapa, as características e informações que ele possa apresentar, por serem datadas e
servirem a objetivos específicos, constituem meios e modos não de refletirem a cidade
existente (o que só seria possível numa escala 1/1, como imaginou Borges), mas de
produzirem uma cidade visível.
Minha aposta é a de que, tal como nas ‘Cidades Invisíveis’ de Italo Calvino
591
, as
“cidades visíveis” que este estudo propõe possam deixar de ser “um mero conceito
geográfico, para se tornarem o símbolo complexo e inesgotável da existência humana”
592
.
5
91
CALVINO, Italo. As Cidades Inviveis. Tradução: Diogo Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1990
592
MAINARDI, Diogo. [Texto da contracapa]. In: CALVINO, Italo. As Cidades Inviveis. Tradução: Diogo
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Fig. 47 Portulano de Juan de La Cosa, 1500 – Museo Naval de Madrid, Madrid.
I
n: WIKIPEDIA, [S.l.], 2006. Disponível em:
<http://es.wikipedia.org/wiki/Juan_de_la_Cosa>. Acesso em: 13 out.
2009.
55
Fig. 48 Detalhe do Mapa de Cantino, 1502 Anônimo, Planisfério de Cantino
B
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Maps. New York: Parkstone Press International, 2007. p. 67.
55
Fig. 49 Detalhe mapa de Waldseemüller “Universalis Cosmographia,” Martin
W
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Disponível em: <http://hdl.loc.gov/loc.gmd/g3200.ct000725C>. Acesso
em: 13 out. 2009.
56
369
F
ig. 50 Mapa de Sebastian Münster, 1540 – ‘Die neuwen Inseln, so hinder
Hispanien gegen Orient bey dem land India ligen’, 1540. In: LIBRARY
OF CONGRESS, Washington, 2005. Disponível em:
<http://hdl.loc.gov/loc.gmd/g3290.hl000010>. Acesso em: 20 ago. 2007.
56
Fig. 51 Mapa de Pierre Desceliers, 1546 Parte Americana do planisfério feito
e
m Arques, França. Mapoteca do Itamaraty, fac-simile. In ADONIAS,
Isa. Mapa: imagens da formação territorial brasileira. Rio de Janeiro:
Fundação Odebrecht, 1993. p. 34.
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Fig. 52 Mapa de Lopo Homem, 1519. The Miller Atlas (Brasil), 1519. BNF, IN:
H
OLLANDA, rgio Buarque. Mapas Históricos Brasileiros. Rio de
Janeiro: Abril Cultural, 1969. (Grandes Personagens da Nossa História).
p.7.
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Fig. 53 Tenochtitlan, 1521. Cortés, Hernando. Praeclara Ferdinandi
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BARBER, Peter. (Ed.)The Map Book. London: Weidenfeld & Nicolson,
2005. p.90
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Fig. 54 Rio de Janeiro, Jacques Van de Claye, 1579. BNF, In: CZAJKOWSKI,
Jo
rge (Org.). Do Cosmógrafo ao Satélite: mapas da cidade do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Centro de Arquitetura e Urbanismo, Secretaria
Municipal de Urbanismo, 2000. Exposição realizada no Centro de
Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, de julho a setembro de
2000. p.32.
57
Fig. 55
A
Braham Ortelius, ‘Russiae, Moscoviae et Tartarie descriptio’, Theatrum
Orbis Terrarum, 1570 In: UNIVERSITY OF TARTU LIBRARY, Tartu
Estônia, 2007. Disponível em:
<http://www.utlib.ee/ekollekt/kaardid/kaart/Russiae.html>. Acesso em:
13 out. 2009.
58
Fig. 56
Jo
an Blaeu, Africae Nova Descriptio, Atlas Major, 1667. James Ford Bell
Library, University of Minnesota, 1999-2001. In: SILBERMAN, Robert
Bruce. World Views: Maps and Art. Minneapolis: University of Minnesota
Press, 1999. p.29
58
Fig. 57
G
. Mercator, Septentrionalium Terrarum Descriptio, 1595. James Ford
Bell Library, University of Minnesota, 1999-2001. In: SILBERMAN,
Robert Bruce. World Views: Maps and Art. Minneapolis: University of
Minnesota Press, 1999. p.31
59
Fig. 58
G
eorg Braun & Hogenberg, Paris, Civitates Orbis Terrarum (1572) In:
HISTORIC CITIES, Department of Geography, the Hebrew University of
Jerusalem, 2008. Disponível em: <http://historic-
cities.huji.ac.il/france/paris/maps/braun_hogenberg_I_7_b.jpg>. Acesso
em: 13 out. 2009.
59
Fig. 59 El Greco, ‘Vista e Plano de Toledo’ (c.1610) Museo de El Greco,
T
oledo In: WEB GALLERY OF ART. [S.l.], 1996. Disponível em:
<http://www.wga.hu/index1.html>. Acesso em: 13 out. 2009.
60
Fig. 60 Jan Vermeer, A Arte de Pintar’(1665-67) Kunsthistorisches Museum,
V
ienna. In: WEB GALLERY OF ART. [S.l.], 1996. Disponível em:
<http://www.wga.hu/index1.html>. Acesso em: 13 out. 2009.
60
Fig. 61 Abraham Ortelius, ‘Americae sive Novi Orbis, Nova Descriptio’,
T
heatrum Orbis Terrarum, 1570 In: The University of Alabama, Hoole
Library, 2006. Disponível em:
<http://cartweb.geography.ua.edu:9001/StyleServer/calcrgn?cat=World&
item=Western%20Hemisphere/us1570a.sid&wid=500&hei=400&props=it
em%28Name,Description%29,cat%28Name,Description%29&style=sim
ple/view-dhtml.xsl>. Acesso em: 20 ago. 2007.
61
370
F
ig. 62 G. Braun & Franz Hogenberg, Cidade do México e Cuzco, Civitates
Orbis Terrarum, 1572. In: HISTORIC CITIES, Department of
Geography, the Hebrew University of Jerusalem, 2008. Disponível em: <
http://historic-
cities.huji.ac.il/america/mexico/maps/braun_hogenberg_I_58_1.html>.
Acesso em: 13 out. 2009.
61
Fig. 63
G
uillaume de L’Isle, America Meridionalis, 1718. USP. In: MICELI,
Paulo. O Tesouro dos Mapas: a cartografia na formação do Brasil. São
Paulo: Instituto Cultural Banco Santos, 2002. p.200.
63
Fig. 64
Jo
hn Pinkerton, South America, 1811 In: DAVID RUMSEY MAP
COLLECTION. San Francisco, 2000. Disponível em:
<http://www.davidrumsey.com/luna/servlet/detail/RUMSEY~8~1~3826~3
60032:South-America--Drawn-under-the-
dire?sort=Pub_Date%2CPub_List_No_InitialSort&qvq=q:+Pub_List_No=
%270732.000%27%22+;sort:Pub_Date,Pub_List_No_InitialSort;lc:RUM
SEY~8~1&mi=52&trs=67>. Acesso em: 20 ago. 2007.
63
Fig.65 Planta do Rio de Janeiro, 1812. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro.
I
n: CZAJKOWSKI, Jorge (Org.). Do Cosmógrafo ao Satélite: mapas da
cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Centro de Arquitetura e
Urbanismo, Secretaria Municipal de Urbanismo, 2000. Exposição
realizada no Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, de
julho a setembro de 2000. p.62.
64
Fig. 66 Aerofotogramétrico do Rio de Janeiro, 2003 (escala 1:15.000) – In:
A
EROSAT, Curitiba, 2002. Disponível em:
<http://www.aerosat.com.br/noticias02.html>. Acesso em: 13 out. 2009.
65
Fig. 67 Imagem de Satélite, Rio de Janeiro, 2002. (escala 1:25.000) In:
M
IRANDA, E. E. de; COUTINHO, A. C. (Coord.). Brasil Visto do Espaço.
Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2004. Disponível em:
<http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br/rj/htm0/rj23_14.htm>. Acesso
em: 13 out. 2009.
65
Fig. 68
A
GUILAR, JoRoberto. Brasil de Aguilar. Disponível em: Catálogo da
exposição de mesmo nome realizada em São Paulo de 02 de junho a 17
de julho de 2005. Curador Haron Cohen. São Paulo: Fiesp/SP, 2005. p.
16,17
66
Fig.69 Mapas digitais georeferenciados. City of Detroit, Planning and
i
nformation & Resource Center, Future General Land Use, City
Boundaries, U.S. Census, Census 2000. Low and moderate income
summary data. Block Groups, Maps and Graphics created using Mapinfo
Professional, version 7.8 software. In: BARBER, Peter. (Ed.)The Map
Book. London: Weidenfeld & Nicolson, 2005. p.353
67
C
APITULO 3
Fig. 70 Mapa de Psalter World Map’ (1250), The British Library, London. In:
B
ARBER, Peter. (Ed.)The Map Book. London: Weidenfeld & Nicolson,
2005. p.57
79
Fig. 71 Mapa de Ebsdorf (c.1290) Ebskart Project, University of Luneburg,
A
lemanha. In: BARBER, Peter. (Ed.)The Map Book. London: Weidenfeld
& Nicolson, 2005. p.59
79
Fig. 72 Man in a circle and a square, Leonardo da Vinci (1485-90) Vitruvius man
Galleria dell’Academia, Veneza. In: Disponível em: WIKIPEDIA, [S.l.],
2006.<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour
.jpg>. Acesso em: 17 fev. 2010.
80
Fig. 73 A cidade nos mapas ‘La ville dans les cartes’, François Dainville. In:
D
AINVILLE, François de. Le Langage des Géographes. Paris: Ed. A. et
J. Picard, 1964. p. 221
84
371
F
ig. 74 Títulos em mapas
Montagem feita por Daniela Marzola Fialho
86
Fig. 75 Toponímias
M
ontagem feita por Daniela Marzola Fialho com partes do Dufour Map e
outros.
86
Fig. 76 Detalhe do mapa ‘New England Observed’ de John Smith, 1635. Versão
r
eproduzida é da edição de 1635 do Historia Mundide G. Mercator
Nacional Archives of Canadá. In: HARLEY, Brian J. The New nature of
maps. Essays in the History of Cartography. Baltimore/London: The
John Hopkins University Press, 2001. p.182.
87
Fig. 77 Algumas legendas de mapas
M
ontagem feita por Daniela Marzola Fialho
88
Fig. 78 Letreiros. ‘Modèle des caracteres utilisés pour la Carte de la Guyenne
p
ar Belleyme(1767)’, François de Dainville. In: DAINVILLE, François de.
Le Langage des Géographes. Paris: Ed. A. et J. Picard, 1964. p. 76
89
Fig.79 Cholera cases around the Broad Street Pump, 1855. Dr. John Snow
W
ellcome Library, London. In: CLARK, John O. E. (Ed.) L’Épopée
Cartographique: 100 exemples de cartes qui ont dessiné le monde.
Bath: Parragon Books, 2006. p.67.
92
C
APITULO 4
Fig.80 Mapa Pharus Berlin Zentrum, 1902. Pharus Verlag, Berlin/Germany.
I
n: COMMONS WIKIPEDIA, [S.l.], 2004. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Berlin_Zentrum_Pharus_Plan_1
902.jpg>. Acesso em: 18 fev. 2010.
102
C
APITULO 5
P
lantas de Porto Alegre
Fig. 81 Esboço de Paranhos Antunes (1940) ‘Porto Alegre nos fins do século
X
VIII. In: ANTUNES, Paranhos. Porto Alegre no século XVIII. In:
CONGRESSO SUL-RIOGRANDENSE DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA,
3., 1940, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul, 1940. v. 3. p. 1069.
117
Fig. 82 Plano do terreno... da Villa do Sr. São Jode Tibiquary Montanha,
C
ap. Eng. Alexandre José, Taquari, 1771. In: BALEM, Mons. Dr. João
Maria. A Paróquia de São Jode Taquari. Porto Alegre: Tipografia do
Centro, 1952. p. 36.
117
Fig. 83
Planta da Cidade do Ryo de Janeiro...’ (1769). Original manuscrito de
Francisco João Roscio, AHU, Lisboa. In: REIS, Nestor Goulart. Imagens
de Vilas e Cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2001. (Uspiana
– Brasil 500 anos). p. 176.
120
Fig. 84 Assinatura de José Pedro César In: PORTO ALEGRE. Câmara de
V
ereadores. Construção e Melhoramentos do Município. Porto Alegre,
1783 a 1850. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo
Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. 08/07/1825. Foto Daniela
Marzola Fialho.
121
Fig. 85 M
appa da Provincia de San Pedro, 1839. Manuscrito de José Pedro
César (182?), reproduzida por Th. Duvotenay, com gravação de Alexis
Orgiazzi, acompanhando os ‘Annaes da Porvincia de S. Pedro’. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Preservação do Acervo Cartográfico do Instituto Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2009. 1 CD-ROM.
122
372
F
ig. 86 Desenho de quadras de José Pedro César, 1825. In: PORTO ALEGRE.
Câmara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Município.
Porto Alegre, 1783 a 1850. Manuscrito. Não publicado. Disponível em:
Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho.
08/07/1825(14/09/1825). Foto Daniela Marzola Fialho.
124
P
lanta de 1833
Fig. 87 P
ianta della Cidade de Porto Alegre Livio Zambeccari, 1833. Museo
del Risorgimento, Bologna. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
127
Fig. 88 T
ito Livio Zambeccari Imagem do Acervo do Museo del Risorgimento,
Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
133
Fig. 89
Mode Italiane’– Imagem do Acervo do Museo del Risorgimento,
Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
133
Fig. 90
Bandiera e Coccarda Riograndense’ - Museo del Risorgimento,
Bologna. In: VARELA, Alfredo. Res Avita. Lisboa: Tipografia Mauricio &
Monteiro, 1935. Entre as páginas 254-255.
134
Fig. 91 P
lanta 1836a (Arroio dos Ratos) ‘30 de maio de 1836 as 11 da
noute’. Lívio Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo do Museo del
Risorgimento, Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
135
Fig. 92 P
lanta 1836b (Arroio dos Ratos) ‘31 de maio de 1836’. Lívio
Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo do Museo del Risorgimento,
Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
135
Fig. 93 P
lanta 1836c ‘Combattimenti del 6 e 9 7.bre 1836 e 4 ottobre’. Lívio
Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo do Museo del Risorgimento,
Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
136
Fig. 94 P
lanta 1836d ‘Bataglia do Rio Pardo, 30 de abril’ (s. assinatura). Lívio
Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo do Museo del Risorgimento,
Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
136
Fig. 95 M
appa do Rio Grande do Sul por Lívio Zambecccari, 1839, H. Leonhard
fec., Lith. de V. R. Larée. Imagem do Acervo do Museo del
Risorgimento, Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
137
Fig. 96
Entrata di Rio de Janeiro’ Lívio Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo
do Museo del Risorgimento, Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
137
Fig. 97
Fortezza di Sta. Croce’ Lívio Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo do
Museo del Risorgimento, Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
137
Fig. 98
Fortezza di San Giovanni’ Lívio Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo
do Museo del Risorgimento, Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
138
Fig. 99
Fortaleza da Lage’ Lívio Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo do
Museo del Risorgimento, Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
138
Fig. 100 ‘Rio de Janeiro’ Lívio Zambeccari. Mss. Imagem do Acervo do Museo
d
el Risorgimento, Bologna. Foto Daniela M. Fialho.
139
Fig. 101 Esquema da Planta de 1833
D
esenho feito por Daniela M. Fialho
141
Fig. 102 Legenda 1 Detalhe do mapa ‘Pianta della Cidade de Porto Alegre
L
ivio Zambeccari, 1833. Museo del Risorgimento, Bologna. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
142
Fig. 103 Legenda 2 Detalhe do mapa ‘Pianta della Cidade de Porto Alegre
L
ivio Zambeccari, 1833. Museo del Risorgimento, Bologna. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
144
373
F
ig. 104 Legenda 3 Detalhe do mapa ‘Pianta della Cidade de Porto Alegre
Livio Zambeccari, 1833. Museo del Risorgimento, Bologna. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
145
Fig. 105 D
etalhe quarteirões Detalhe do mapa ‘Pianta della Cidade de Porto
Alegre’ Livio Zambeccari, 1833. Museo del Risorgimento, Bologna. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
151
Fig. 106 Z
onas cultivadas (lavouras) Detalhe do mapa ‘Pianta della Cidade de
Porto Alegre’ Livio Zambeccari, 1833. Museo del Risorgimento,
Bologna. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
152
Fig. 107
Bologna’, M. Florini (fim do séc. XVI), impresso. In: RICCI, Giovanni.
Bologna: le città nella storia d’Italia. Roma: Laterza, 1980. p. 54;
153
Fig. 108
P
lan de Bologne (1796), contido no livro de La Lande, Voyage d’un
françois en Italie.Veneza-Paris, 1769. In: SORBELLI, Albano. Bologna
Negli Scrittori Stranieri: Gabriel-François Coyer. Il Comune di Bologna,
Bologna, n. 2, p. 14, febbr. 1930. Disponível em:
<http://badigit.comune.bologna.it/codibo>. Acesso em: 13 out. 2008.
154
Fig. 109 D
upain de Montesson La science des ombres... (1760) In:
BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine (ed.). L’Oeil du Cartographe.
Paris: Comité des Travaux Historiques et Scientifiques, 1995. p. 99.
155
Fig. 110 D
upain de Montesson Le spetacle de la campagne... (1776) In:
Disponível em: BOUSQUET-BRESSOLIER, Catherine (ed.). L’Oeil du
Cartographe. Paris: Comité des Travaux Historiques et Scientifiques,
1995. p. 100.
155
Fig. 111 M
arselha por volta de 1700 ‘Plan de la ville et citadelle de Marseille’.
Extraído da compilação intitulada ‘Cartes des environs de plusieurs
places entre les Alpes et la Mediterranée’. In: PELLETIER, Monique;
OZANNE, Henriette. Portraits de la France. Paris: Hachette:
Bibliothèque Nacionale de France, 1995. p. 145.
156
Fig. 112 M
ont Dauphin/Eygliers por volta de 1700 – ‘Plan du Mont-Dauphin’.
Extraído da compilação intitulada ‘Cartes des environs de plusieurs
places entre les Alpes et la Mediterranée’. In: PELLETIER, Monique;
OZANNE, Henriette. Portraits de la France. Paris: Hachette:
Bibliothèque Nacionale de France, 1995. p. 90.
156
Fig. 113 M
arselha em 1787 Plan géometral de la ville de Marseille et de ses
faubourgs avec le projet d’agrandissement levé par ordre du roi en 1785’
por Roullet, Marselha, 1787. Archives Nacionales, Paris. In:
PELLETIER, Monique; OZANNE, Henriette. Portraits de la France.
Paris: Hachette: Bibliothèque Nacionale de France, 1995. p.171.
157
Fig. 114 L
ondres, John Rocque 1746 ‘Plan of London, Westminster and
Southwark, por John Roque. British Library Maps Crace III/107. Imagem
da capa do livro: WHITFIELD, Peter. London a life in maps. London:
British Library, 2006.
157
Fig. 115 S
uperposição do mapa de Zambeccari a planta de Porto Alegre de 1839
(L. P. Dias).
Elaborado por Daniela Marzola Fialho.
159
374
P
LANTA DE 1838
Fig. 116 P
lanta de Porto Alegre de 1838, versão digital colorizada ‘Planta da
Cidade de Porto Alegre...’, anônimo, 1838. FBN. In: INSTITUTO
HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia
Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-
ROM.
163
Fig. 117
Planta da Cidade de Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar
existente na Fundação Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
164
Fig. 118 Data ‘Rio de Janeiro, 1838’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto
A
legre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca
Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
164
Fig. 119
Planta do Acampamento de Pirajá e Itapoãn’ de Beaurepere-Rohan,
1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart17056.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
168
Fig. 120
Planta do Arraial de Santa Luzia e suas immediações’ de H. Halfeld,
1842. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart172837.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
169
Fig. 121
Mappa do Theatro da Guerra’, anônimo, 1839. Acervo da Fundação
Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart259202.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
170
Fig. 122
Disposição das forças Imperial e ...’, Tito Alves de Brito, 1843. Acervo
da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart544575.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
170
Fig. 123
Mappa Chorographico da Província de Sta Catharina’ de C. Van Lede,
1842. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart529485.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2009.
171
Fig. 124 D
etalhe do Mapa de C. Van Lede com o brasão, 1842 Detalhe do
‘Mappa Chorographico da Província de Sta Catharina’ de C. Van Lede,
1842. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart529485.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2009.
172
Fig. 125
Planta da Cidade de Porto Alegre...,’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de
Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação
Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
172
Fig;126 Esquema da Planta de Porto Alegre de 1838
E
laborado por Daniela Marzola Fialho.
173
Fig. 127
Diário do Governo’, 1831. Capa do exemplar de 27/04/1831. Museu da
Comunicação Social, Porto Alegre. In: MIRANDA, Márcia E. & LEITE,
Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom/ 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p.41.
174
Fig. 128
Gazeta do Rio de Janeiro’, 1819. Capa do exemplar de 12/05/1819.
Museu da Comunicação Social, Porto Alegre. In: MIRANDA, Márcia E. &
LEITE, Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom,
1808–1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p.58.
174
Fig. 129
Diário Fluminense’, 1824. Capa do exemplar de 15/10/1824. Museu da
Comunicação Social, Porto Alegre. In: MIRANDA, Márcia E. & LEITE,
Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom, 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p.42.
174
375
F
ig. 130 Detalhe da ‘assinatura’ do mapa de 1838 – Detalhe da ‘Planta da
Cidade de Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na
Fundação Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
175
Fig. 131
Jornal do Comércio’, 1838. Capa do exemplar de 29/11/1838. Museu da
Comunicação Social, Porto Alegre. In: MIRANDA, Márcia E. & LEITE,
Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom, 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p.63.
175
Fig. 132
Diário de Pernambuco’, 1825; Capa do exemplar de 17/05/1833. Museu
da Comunicação Social, Porto Alegre. In: MIRANDA, Márcia E. & LEITE,
Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Museco, 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p.39.
175
Fig. 133
Semanário do Cincinnato’, 1837. Capa do exemplar de 09/09/1837.
Museu da Comunicação Social, Porto Alegre. In: MIRANDA, Márcia E. &
LEITE, Carlos R. Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom, 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. CD-ROM, fig.271
176
Fig. 134
O Sete de Abril’, 1833. Capa do exemplar de 21/05/1833. Museu da
Comunicação Social, Porto Alegre. In: MIRANDA, Márcia E. & LEITE,
Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais Raros do Musecom, 1808–
1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008. p.95.
176
Fig. 135
Olinda de Pernambuco’ de C. Janszoon Visscher, 1630. Acervo da
Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart170301.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
176
Fig. 136
Notta Accessoria’ – Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre...,’ de
1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca Nacional.
Foto de Daniela M. Fialho.
177
Fig. 137
Estatística dos subúrbios e entrincheiramento da cidade’ Detalhe da
‘Planta da Cidade de Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar
existente na Fundação Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
177
Fig. 138
Entrincheiramento e Baterias’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto
Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca
Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
178
Fig. 139
Estatística da Cidade’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto
Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca
Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
178
Fig. 140
Commemorações relativas aos sítios de 1836 e 1837’ Detalhe da
‘Planta da Cidade de Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar
existente na Fundação Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
178
Fig. 141
Escala Grafica em braças (250)’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de
Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação
Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
181
Fig. 142
Indicação do Norte Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre...,’
de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca Nacional.
Foto de Daniela M. Fialho.
181
Fig. 143 ‘Detalhe quadras planta 1838’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto
A
legre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca
Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
182
Fig. 144
Lima’ de Henri Abraham Chatelain, 1720. Acervo do ICC – Institut
Cartogràfic de Catalunya. Disponível em:
<http://cartotecadigital.icc.cat/cdm4/item_viewer.php?CISOROOT=/amer
ica&CISOPTR=657&CISOBOX=1&REC=6>. Acesso em: 26 out. 2009.
184
376
F
ig. 145 ‘Cidade do México’ de Bernart Picart, 1723. Acervo do ICC Institut
Cartogràfic de Catalunya. Disponível em:
<http://cartotecadigital.icc.cat/cdm4/item_viewer.php?CISOROOT=/amer
ica&CISOPTR=659&CISOBOX=1&REC=9>. Acesso em: 26 out. 2009.
184
Fig. 146
Mapa da Cidade de Lisboa e Belém’, anônimo, 1812. In: MADUREIRA,
Nuno Luís. Cidade: Espaço e Quotidiano (Lisboa 1740-1830). Lisboa:
Livros Horizonte, 1992. Entre p. 16 e 17.
185
Fig. 147 D
etalhe do Mapa de Lisboa ‘Mapa da Cidade de Lisboa e Belém’,
anônimo, 1812. In: MADUREIRA, Nuno Luís. Cidade: Espaço e
Quotidiano (Lisboa 1740-1830). Lisboa: Livros Horizonte, 1992. Entre p.
16 e 17.
186
Fig. 148
Detalhe do Mapa de Porto Alegre’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de
Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação
Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
186
Fig. 149
Lith. de Vr. Larée’ – Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre...,’ de
1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca Nacional.
Foto de Daniela M. Fialho.
187
Fig. 150
Escrita ilegível’ Detalhe da Planta da Cidade de Porto Alegre...,’ de
1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca Nacional.
Foto de Daniela M. Fialho.
187
Fig. 151
Typ. Commercial Fluminense de S. F. Surigue’ Detalhe da ‘Planta da
Cidade de Porto Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na
Fundação Biblioteca Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
187
Fig. 152
Detalhe exemplar 1 FBN 1839’ – Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto
Alegre...,’ de 1838, anônimo, exemplar existente na Fundação Biblioteca
Nacional. Foto de Daniela M. Fialho.
188
Fig. 153 D
etalhe exemplar 2 FBN 1839 Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto
Alegre...,’ de 1838, anônimo, FBN. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
188
P
LANTA DE 1839
Fig. 154
Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P. Dias, 1839. Acervo da
Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
191
Fig.155 Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P. Dias, 1839. In: INSTITUTO
H
ISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia
Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-
ROM.
192
Fig. 156
Termo de Declaração’ de L. P. Dias. In: PORTO ALEGRE. Câmara de
Vereadores. Livro de Naturalizações da Província do Rio Grande de São
Pedro. Porto Alegre, 1833-1864. Manuscrito. Não publicado. Disponível
em: Arquivo Histórico de Porto Alegre. Documento de 08/06/1857, p.46.
Foto Daniela Marzola Fialho
193
Fig. 157 Juramento de posse de L.P. Dias em 1838. In: PORTO ALEGRE.
C
âmara de Vereadores. Registros de Nomeaçoes e Posses. Porto
Alegre, 1831-1877. Manuscrito. Não publicado. Disponível em: Arquivo
Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. Documento de 09/07/1838,
p.26 frente. Foto Daniela Marzola Fialho
194
Fig. 158
Planta de Parte da Cidade de Porto Alegre’ por L. P. Dias de 1853.
Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
198
377
F
ig. 159 ‘Planta de Parte da Cidade de Porto Alegre’ por L. P. Dias de 1855.
Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
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Fig. 160
Planta da Villa de Camaquam’ por L. P. Dias de 1857. In: CAMAQUÃ.
Prefeitura Municipal. Camaquã, 2009. Disponível em:
<http://www.camaqua.rs.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=3467
0>. Acesso em: 22 abr. 2009.
199
Fig. 161 E
squema da ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P. Dias, 1839
Elaborado por Daniela Marzola Fialho.
200
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M
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em: <http://www.the-colosseum.net/images/Taddeo_Map.jpg>. Acesso
em: 26 out. 2009.
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Catalunya. Disponível em:
<http://cartotecadigital.icc.cat/cdm4/item_viewer.php?CISOROOT=/espa
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Fig. 169
Map of the country thirty Miles round the city of New York’, John Henry
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Disponível em: <http://digitalgallery.nypl.org/nypldigital/id?434410>.
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Collection Online). London, 2006. Disponível em:
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<http://cf.uba.uva.nl/nl/collecties/kaarten/ortelius/gfx/groot/o22a.jpg>.
Acesso em: 05 nov. 2009.
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apa-múndi, ‘Orbis Terrae Compendiosa Descriptio’, R. Mercator, 1587.
In: COMMONS WIKIPEDIA, [S.l.], 2004. Disponível em:
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Fig. 177 D
etalhe cidade do Cairo do mapa ‘Africae nova descriptio’, Willem
Janszoon Blaeu, 1644. In: PRINCETON UNIVERSITY LIBRARY.
Princeton, 2008. Disponível em:
<http://libweb5.princeton.edu/visual_materials/maps/websites/africa/map
s-continent/1644%20blaeu.jpg>. Acesso em: 05 nov. 2009.
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Fig. 178 E
stocolmo, Suécia - Braun and Hogenberg. Civitates Orbis Terrarum
(1570). In: COMMONS WIKIPEDIA, [S.l.], 2004. Disponível em:
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Fig. 179 A
mersfoort, Holanda - Braun and Hogenberg. Civitates Orbis Terrarum.
(1588-97) In: SANDERUS ANTIQUARIAAT. Gant, Bélgica, 2004.
Disponível em: <http://www.sanderusmaps.com/antique-
maps/europe/amersfoort_22259.cfm >. Acesso em: 05 nov. 2009.
206
Fig. 180 S
alvador, 1714. ‘Vue de la Ville de S. Salvador...’. Ilustração do livro de
Amédée François Frézier, c.1714. In: REIS, Nestor Goulart. Imagens de
Vilas e Cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2001. p.30
206
Fig. 181 R
ecife, 1773. ‘Planta [...] do Recife’. AHEX. In: REIS, Nestor Goulart.
Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial. o Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2001. p.99
206
Fig. 182 E
squema das legendas da planta de L. P. Dias, 1839
Elaborado por Daniela Marzola Fialho.
207
379
F
ig. 183 ‘Escala gráfica em braças’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-
Allegre’ por L. P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
209
Fig. 184
Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P. Dias, 1839. Acervo da
Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
212
Fig. 185
Cidade do Porto’, 1813. Instituto Português de Cartografia e Cadastro.
In: TEIXEIRA, Manuel C. & VALLA, Margarida. O Urbanismo Português.
Séculos XIII-XVIII. Lisboa: Livros Horizonte, 1999. p.313.
212
Fig. 186
Rosa dos ventos, 1839’ – Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-
Allegre’ por L. P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
212
Fig. 187
Rosa dos ventos, 1813’ Detalhe da planta ‘Cidade do Porto’, 1813.
Instituto Português de Cartografia e Cadastro. In: TEIXEIRA, Manuel C.
& VALLA, Margarida. O Urbanismo Português. Séculos XIII-XVIII.
Lisboa: Livros Horizonte, 1999. p.313
212
Fig. 188
Seta sentido água, 1839’ Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-
Allegre’ por L. P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
213
Fig. 189
Seta sentido água, 1813’ Detalhe da planta ‘Cidade do Porto’, 1813.
Instituto Português de Cartografia e Cadastro. In: TEIXEIRA, Manuel C.
& VALLA, Margarida. O Urbanismo Português. Séculos XIII-XVIII.
Lisboa: Livros Horizonte, 1999. p.313.
213
Fig. 190
Planta’ na planta de 1839 Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-
Allegre’ por L. P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
213
Fig. 191
Cidade do Porto’ na planta de 1813 Detalhe da planta ‘Cidade do
Porto, 1813. Instituto Português de Cartografia e Cadastro. In:
TEIXEIRA, Manuel C. & VALLA, Margarida. O Urbanismo Português.
Séculos XIII-XVIII. Lisboa: Livros Horizonte, 1999. p.313.
213
Fig. 192 T
exto planta de 1839 Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre
por L. P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009..
213
Fig. 193
Texto planta de 1813’ Detalhe da planta ‘Cidade do Porto’, 1813.
Instituto Português de Cartografia e Cadastro. In: TEIXEIRA, Manuel C.
& VALLA, Margarida. O Urbanismo Português. Séculos XIII-XVIII.
Lisboa: Livros Horizonte, 1999. p.313.
213
Fig. 194 I
ndicação de litografia Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre
por L. P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
214
380
F
ig. 195 Indicação de gravador Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’
por L. P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
214
Fig. 196 V
ista de Este Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L. P.
Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
217
Fig. 197 V
ista de Oeste Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto-Allegre’ por L.
P. Dias, 1839. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart493880.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
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Fig. 198
Amsterdam’ por Daniel Stalpaert, 1662 (ca.) University of Amsterdam
Library. In: COMMONS WIKIPEDIA, [S.l.], 2004. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Amsterdam1662.jpg>. Acesso
em: 05 nov. 2009.
218
P
LANTA DE 1844
Fig. 199 P
lanta da Cidade de Porto-Allegre, 1844 – Conrado Jacob de Niemeyer.
In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO
SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre,
2005. 1 CD-ROM.
220
Fig. 200 C
arta Corographica do Império do Brazil, 1846 Conrado Jacob de
Niemeyer. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart170429.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
221
Fig. 201
Carta Corographica da Província do Rio de Janeiro’, Eng. Pedro Taulois
com a colaboração de Conrado Jacob de Niemeyer, 1839. Acervo da
Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart164664.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2009.
225
Fig. 202
Carta Corographica da Província do Rio de Janeiro’, Conrado Jacob de
Niemeyer e Pedro de Alcântara Bellegard, 1857. Acervo da Mapoteca
do Itamaraty In: ARQUIVO DIGITAL DE CARTOGRAFIA URBANA.
Lisboa, 2007. Disponível em:
<http://cartografiaurbana.ceurban.com/popimage.php?dbid=32&regid=3
80&lang=default>. Acesso em: 05 nov. 2009.
225
Fig. 203
Carta do Império do Brazil’, Conrado Jacob de Niemeyer, 1873. Acervo
da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart163385.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
226
Fig. 204 E
squema da Carta Corographica do Império do Brazil, 1846.
Elaborado por Daniela Marzola Fialho.
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R
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da Ajuda, Lisboa. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de
Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte:
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Fig. 206 E
stado do Brazil, João Teixeira Albernaz, 1612. Fac-simile na
Mapoteca do Itamaraty. In: NOVO MILÊNIO. Santos, 2005. Disponível
em: <http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa66.htm >. Acesso em:
09 nov. 2009.
228
381
F
ig. 207 ‘Descripçam do continente da America Meridional...’, 1746. Acervo da
Biblioteca Guita e José Mindlim, São Paulo. In: COSTA, Antonio Gilberto
(Org.). Roteiro Prático de Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil
Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.132
230
Fig. 208
Mapa dos Confins do Brazil com as terras da Coroa de Espanha...’,
1751. Acervo da Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro. In: COSTA,
Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de Cartografia: Da América
portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
p.133
230
Fig. 209
Carta Geral do Brasil’, JoCustódio de e Faria, 1779. Acervo do
Gabinete de Estudos Históricos de Fortificações e Obras Militares,
Lisboa. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de
Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2007. p.45
231
Fig. 210
Carta Geographica de Projeção Esférica...’, Antonio Pires da Silva
Pontes, 1798. Acervo do Arquivo Histórico do Exército. In: MARTINS,
Francisco J. C. Compilar para Conhecer: alguns mapas do território
colonial brasileiro da mapoteca do Arquivo Histórico do Exército. In:
SIMSIO LUSO-BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA HISTÓRICA, 3.,
2009, Ouro Preto. Anais... Belo Horizonte: Centro de Referência em
Cartografia Historica, 2009. Disponível em:
<http://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/martins_compilar-para-
conhecer-alguns-mapas-do-territorio-colonial-brasileiro.pdf>. Acesso
em: 02 fev. 2010.
232
Fig. 211
Nova Carta do Brazil e da América Portugueza anno 1821’. Acervo do
Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa. In: COSTA, Antonio Gilberto
(Org.). Roteiro Prático de Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil
Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.143
232
Fig. 212
Outlines of the physical and political divisions of South America’, A.
Arrowsmith 1814. In: BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Lisboa,
2007. Disponível em: <http://purl.pt/850/2/P1.html>. Acesso em: 26 fev.
2010.
233
Fig. 213
Carte de la Province de Rio de Janeiro’, MM Roussin et Givry, 1824. In:
BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Lisboa, 2007. Disponível em:
<http://purl.pt/3426/2/P1.html>. Acesso em: 26/02/2010
233
Fig. 214
Vista do Rio de Janeiro’ W. Blaeu 1665. Detalhe do mapa ‘Americae
nova Tabula’ de William Blaeu, 1665. In: COMMONS WIKIPEDIA, [S.l.],
2004. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Americae_nova_Tabula_-
_Map_of_North_and_South_America_%28Willem_Blaeu,_1665%29.jpg
>. Acesso em: 26 fev. 2010.
235
Fig. 215
Sao Domingo’ W. Blaeu, 1665. Detalhe do mapa ‘Americae nova
Tabula’ de William Blaeu, 1665. In: COMMONS WIKIPEDIA, [S.l.], 2004.
Disponível e
m:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Americae_nova_Tabula_-
_Map_of_North_and_South_America_%28Willem_Blaeu,_1665%29.jpg
>. Acesso em: 26 fev. 2010.
235
Fig. 216 E
squema da Planta da cidade de Porto-Allegre, 1844 – Niemeyer
Elaborado por Daniela Marzola Fialho
236
Fig. 217
Planta da cidade do Rio de Janeiro’, capital do Império do Brasil, s/data
Conrado Jacob de Niemeyer. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
237
382
F
ig. 218 Detalhe da Planta da Cidade de Porto-Allegre, 1844 Conrado Jacob
de Niemeyer. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
237
Fig. 219 T
itulo da Carta Corographica do Império do Brazil. Detalhe da ‘Carta
Corographica do Império do Brazil’, 1846 Conrado Jacob de
Niemeyer. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart170429.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2009.
240
P
LANTA DE 1868
Fig. 220
Planta da cidade de Porto Alegre, capital da Provª de São Pedro do Rio
Grande do Sul’ 1868. Detalhe da ‘Carta Topographica da Provª de São
Pedro do Rio Grande do Sul’, Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
242
Fig. 221
Carta Topographica da Provª de São Pedro do Rio Grande do Sul’,
Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
243
Fig. 222 E
squema da Carta Topographica da Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul – 1868
Elaborado por Daniela Marzola Fialho
246
Fig. 223 T
itulo da Carta Topographica da Província de São Pedro do Rio Grande
do Sul 1868. Detalhe da ‘Carta Topographica da Provª de São Pedro
do Rio Grande do Sul’, Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
246
Fig. 224 N
ota da Carta Topographica da Província de São Pedro do Rio Grande
do Sul 1868. Detalhe da ‘Carta Topographica da Provª de São Pedro
do Rio Grande do Sul’, Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
247
Fig. 225 D
etalhe do mapa ‘Roteiro de todos os sinaes...’, de Luis Teixeira, 1573.
Mss. Biblioteca da Ajuda, Lisboa. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.).
Roteiro Prático de Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil
Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.p.91
248
Fig. 226 [
Carta que mostra a Costa entre a "I. De Maldonado" e o "Rio Grande"],
Albernaz I, 1640. Acervo da Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro. In:
ARQUIVO DIGITAL DE CARTOGRAFIA URBANA. Lisboa, 2007.
Disponível em:
<http://cartografiaurbana.ceurban.com/popimage.php?dbid=32&regid=6
15&lang=default>. Acesso em: 26 fev. 2010.
249
Fig. 227 C
osta qve vay ao rio da Prata’ Albernaz II, 1666. Acervo da Mapoteca
do Itamaraty, Rio de Janeiro. In: ARQUIVO DIGITAL DE
CARTOGRAFIA URBANA. Lisboa, 2007. Disponível em:
<http://cartografiaurbana.ceurban.com/popimage.php?dbid=32&regid=6
11&lang=default>. Acesso em: 26 fev. 2010.
249
383
F
ig. 228 [Mapa da Costa do Brasil desde a baía de Paranaguá até a foz do Rio
da Prata], de Diogo Soares, c.1740. Acervo do Arquivo Histórico
Ultramarino, Lisboa. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático
de Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2007.p.189
249
Fig. 229
Mapa de la governacio del Paraguay...’, do P. José Cardiel, 1752 (ca.)
FURLONG, 1936, op. cit., Lâmina XXIII, n. 53 do Catálogo, p.78 do texto
APUD: BARCELOS, Arthur. H.F. O Compasso e a Cruz, Cartografia
jesuítica da América Colonial. Porto Alegre, 2006. 1 CD-ROM.
250
Fig. 230
Exemplo geographico do terreno que corre desde a N
a
. do Rio Grande
de S. Pedro, thé o destrito de Viamão’ de José Custodio de e Faria,
1763. Acervo da Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro. In: MENEGAT,
Rualdo. Atlas Ambiental de Porto Alegre. 3. ed. rev. Porto Alegre:
Editora da Universidade/UFRGS,1998. p.37.
250
Fig. 231 D
etalhe, 1763. Detalhe do mapa ‘Exemplo geographico do terreno que
corre desde a N
a
. do Rio Grande de S. Pedro, thé o destrito de Viamão’
de José Custodio de e Faria, 1763. Acervo da Mapoteca do
Itamaraty, Rio de Janeiro. In: MENEGAT, Rualdo. Atlas Ambiental de
Porto Alegre. 3. ed. rev. Porto Alegre: Editora da
Universidade/UFRGS,1998. p. 99.
250
Fig. 232
Planta do Continente do Rio Grande...’, Pe. Antonio Ignácio Roiz de
Coedova, 1780. Acervo do AHEX. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.).
Roteiro Prático de Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil
Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.p.162
251
Fig. 233 C
arta Hydrographica de uma parte do terreno, e costa do Império do
Brazil...’ de Francisco João Roscio, 1772. Acervo da Fundação
Biblioteca Nacional. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart512343.jpg>.
Acesso em: 26 fev. 2010.
251
Fig. 234
Mapa Corographico da Capitania de São Pedro’ de Jo Saldanha,
1801. In: VIEIRA, Eurípedes Falcão; NEVES, Gervásio Rodrigo;
HASENACK, Heinrich (Coord.). Preservação do Acervo Cartográfico do
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2009. 1 CD-ROM
251
Fig. 235
Guia de Caminhantes, Carta , Capitania do Rio Grande de S.
Pedro...’, Anastásio de Sta. Anna, 1816. Acervo da Fundação Biblioteca
Nacional. In: COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de
Cartografia: Da América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2007.p.164
252
Fig. 236
Carta Topográfica e Adm. Da Província de São Pedro do Sul’ do
Visconde de Villiers, 1847. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional. In:
COSTA, Antonio Gilberto (Org.). Roteiro Prático de Cartografia: Da
América portuguesa ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2007.p.177
253
Fig. 237
Mapa do Sul do Império do Brasil’ dos Eng. Civis H.L. dos santos
Werneck e C. Krauss, 1865. Acervo do AHEX. In: COSTA, Antonio
Gilberto (Org.). Roteiro Prático de Cartografia: Da América portuguesa
ao Brasil Império. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.p.171
253
Fig. 238 E
squema da planta de Porto Alegre de 1868
Elaborado por Daniela Marzola Fialho
258
384
F
ig. 239 Esquema das legendas da planta de Porto Alegre de 1868. Elaborado
por Daniela Marzola Fialho sobre a ‘Planta da cidade de Porto Alegre...’,
de Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
259
Fig. 240 Seta que indica o norte. Detalhe da Planta da cidade de Porto Alegre...’,
d
e Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
261
Fig. 241 E
scala gráfica. Detalhe da Planta da cidade de Porto Alegre...’, de
Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
261
Fig. 242 V
ista da cidade da Planta de 1868. Detalhe da Planta da cidade de
Porto Alegre...’, de Antonio Eleuthério de Camargo, 1868. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
265
Fig. 243 Mainz, Alemanha, Braun and Hogenberg, 1572. Civitates Urbis
T
errarum. In: HISTORIC CITIES, Department of Geography, the Hebrew
University of Jerusalem, 2008. Disponível em: <http://historic-
cities.huji.ac.il/germany/mainz/maps/braun_hogenberg_I_37_1_b.jpg>.
Acesso em: 26 fev. 2010.
266
Fig. 244 G
orinchem, Holanda, Braun and Hogenberg, 1572. Civitates Urbis
Terrarum. In: HISTORIC CITIES, Department of Geography, the Hebrew
University of Jerusalem, 2008. Disponível em: <http://historic-
cities.huji.ac.il/netherlands/gorinchem/maps/braun_hogenberg_I_21_3_b
.jpg>. Acesso em: 26 fev. 2010.
267
P
LANTA DE 1872
Fig. 245 P
lanta de Porto Alegre de 1872 (versão digitalizada). Acervo do Arquivo
Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO
E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual
Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
269
Fig. 246 I
nscrições. Detalhe da Planta de Porto Alegre de 1872 (versão
digitalizada). Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
270
Fig. 247
Carimbo da Diretoria de Obras Públicas’. Detalhe da ‘Planta de Parte
da Cidade de Porto Alegre’ por L. P. Dias de 1853. Acervo do Arquivo
Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Foto de Daniela Marzola
Fialho.
272
Fig. 248 ‘Planta de terreno na Rua Duque de Caxias’. In: PORTO ALEGRE.
C
âmara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Município.
Porto Alegre, 1853 a 1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em:
Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. Anexo ao ofício de
28/10/1875. Foto de Daniela Marzola Fialho.
274
Fig. 249 ‘Planta de terreno na Rua Duque de Caxias (2)’. In: PORTO ALEGRE.
C
âmara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do Município.
Porto Alegre, 1853 a 1900. Manuscrito. Não publicado. Disponível em:
Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. Anexo ao ofício de
28/10/1875. Foto de Daniela Marzola Fialho.
274
385
F
ig. 250 Esquema da Planta da cidade de Porto Alegre, 1872
Elaborado por Daniela Marzola Fialho
274
Fig. 251 ‘Planta da cidade de Porto Alegre’, anônimo, 1872. Manuscrito em papel
ve
getal. Acervo da Mapoteca da SMOV Secretaria de Obras e Viação
de Porto Alegre. Fotografia de Daniela M. Fialho.
275
Fig. 252
Desenho do selo no mapa’. Detalhe da Planta de Porto Alegre de 1872
(versão digitalizada). Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
276
Fig. 253 S
elo Fiscal do Império, de 1868 com a efígie de D. Pedro II. In: RHM
FILATELISTAS. São Paulo, 2010. Disponível em:. Disponível em:
<http://www.oselo.com.br/product_info.php?cPath=153_901&products_i
d=2233>. Acesso em: 03 jan. 2010.
276
Fig. 254 E
squema da localização do terreno de Antonio Pereira da Rocha, com a
localização dos elementos da planta de Manoel Correa S. Netto, do
gazometro e das casas de Araujo Ribeiro Elaborado por Daniela M.
Fialho sobre Planta de Porto Alegre de 1872 (versão digitalizada).
Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
279
Fig. 255
Planta da parte do litoral comprehendida...’ de Manoel Correa da
Silveira Netto, 1875. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
280
Fig. 256 E
scala da Planta da cidade de Porto Alegre, 1872. Detalhe da Planta de
Porto Alegre de 1872 (versão digitalizada). Acervo do Arquivo Histórico
de Porto Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
281
Fig. 257 L
inha tracejada. Detalhe da Planta de Porto Alegre de 1872 (versão
digitalizada). Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM. (destaque feito por Daniela M. Fialho)
282
P
LANTA DE 1876
Fig. 258 A
ssinatura do Agrimensor Manoel José Nunes de Azevedo, em ofício de
26/01/1878. In: PORTO ALEGRE. Câmara de Vereadores. Construção
e Melhoramentos do Município. Porto Alegre, 1853 a 1900. Manuscrito.
Não publicado. Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moyses Vellinho. Foto de Daniela Marzola Fialho.
287
Fig. 259 P
lanta do Litoral Norte da Cidade de Porto Alegre, Manoel José Nunes
de Azevedo, 1877. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
289
Fig. 260 P
lanta de uma parte da Cidade de Porto Alegre, Manoel José Nunes de
Azevedo, 1877. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
290
386
F
ig. 261 Provável área abrangida pela Planta de 1876. Elaborado por Daniela
Marzola Fialho sobre ‘Planta de Porto Alegre’ copiada do site GUIA
GEOGRÁFICO BRASIL. [S.l.], Brasília. Disponível em:
<http://www.brasil-turismo.com/rio-grande-sul/portoalegre-
interativo.htm>. Acesso em 02/02/2010.
297
P
LANTA DE 1881
Fig. 262
Planta da Cidade de Porto Alegre’ de Henrique Breton, 1881. Acervo do
Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO
HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia
Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-
ROM.
299
Fig. 263 A
ssinatura de Henry Jean Breton em ofício de 21/02/1880. In: PORTO
ALEGRE. Câmara de Vereadores. Construção e Melhoramentos do
Município. Porto Alegre, 1853 a 1900. Manuscrito. Não publicado.
Disponível em: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moyses Vellinho. Foto
de Daniela Marzola Fialho.
300
Fig. 264 E
squema da Planta de Henrique Breton
Elaborado por Daniela Marzola Fialho
303
Fig. 265 R
osa dos Ventos. Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre’ de
Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
303
Fig. 266 E
scala. Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre’ de Henrique
Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
303
Fig. 267 R
epresentação da água. Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre’
de Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
304
Fig. 268 Q
uadra com ‘individualização’ das edificações. Detalhe da ‘Planta da
Cidade de Porto Alegre’ de Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo
Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO
E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual
Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
305
Fig. 269 Q
uadra com demarcação dos lotes. Detalhe da ‘Planta da Cidade de
Porto Alegre’ de Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de
Porto Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
305
Fig. 270 P
ça Martins de Lima. Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre’ de
Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
306
Fig. 271 P
ça Independência. Detalhe da Planta da Cidade de Porto Alegre’ de
Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
306
387
F
ig. 272 Pça. Conde D’Eu. Detalhe da ‘Planta da Cidade de Porto Alegre’ de
Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de Porto Alegre
Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO
GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre.
Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
306
Fig. 273
Plan General de la zone de Paris’, de Onésime T. Lefèvre, 1854.
Acervo da BNF. In: PINON, Pierre & BOUDEC, Bertrand Le. Les Plans
de Paris: Histoire dune capitale. Paris: BNF/ Le Passage/ Paris
Bibliothèques/ Atelier Parisien d’urbanisme, 2004. p.105.
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Fig. 274 P
lanta de Roma’ de Giambattista Nolli, 1748. In:
UNIVERSITY OF CALIFORNIA BERKELEY LIBRARY. Berkeley, 2009.
Disponível em: <http://www.lib.berkeley.edu/EART/maps/nolli.html>.
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Fig. 275
P
lan of the Cities of London and Westminster, de John Rocque, 1746
In: MOTCO UK DIRECTORY AND IMAGE DATABASE. London, 1999.
Disponível em: Disponível em: <http://www.motco.com/map/81002/>.
Acesso em: 03 mar. 2010.
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Fig. 276 P
lanta de Berlim, Society for the diffusion of Useful Knowledge, 1833. In:
ICC - INSTITUT CARTOGRÀFIC DE CATALUNYA. Barcelona, 2008.
Disponível em:
<http://vacani.icc.cat/cdm4/item_viewer.php?CISOROOT=/europa&CIS
OPTR=949&CISOBOX=1&REC=2>. Acesso em: 01/03/2010.
310
Fig. 277 P
lanta de Edinburgo, Society for the diffusion of Useful Knowledge,
1834. In: INSTITUT CARTOGRÀFIC DE CATALUNYA. Barcelona, 2008.
Disponível em:
<http://vacani.icc.cat/cdm4/item_viewer.php?CISOROOT=/europa&CIS
OPTR=1736&CISOBOX=1&REC=4#>. Acesso em: 01/03/2010.
310
Fig. 278 P
lanta da Cidade de Porto Alegre com legenda dos equipamentos, 1881
Elaborada por Daniela M. Fialho sobre ‘Planta da Cidade de Porto
Alegre’ de Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de Porto
Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de
Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
311
Fig. 279 D
emarcação do trajeto dos ‘Bonds’. Detalhe da ‘Planta da Cidade de
Porto Alegre’ de Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de
Porto Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
313
Fig. 280 D
emarcação do trajeto da Ferrovia. Detalhe da ‘Planta da Cidade de
Porto Alegre’ de Henrique Breton, 1881. Acervo do Arquivo Histórico de
Porto Alegre Moysés Vellinho. In: INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-
Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
313
P
LANTA DE 1888
Fig. 281
Planta de Porto Alegre comprehendendo os seus Arraiais’ de João
Cândido Jacques, 1888. Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO
E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual
Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
315
Fig. 282
Carta Geográfica do Estado Federal do Rio Grande do Sul’ de João
Cândido Jacques, 1891. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional, Rio
de Janeiro. Foto Daniela Marzola Fialho.
319
388
F
ig. 283 Titulo da Planta de Porto Alegre de João Cândido Jacques, 1891.
Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre comprehendendo os seus Arraiais’
de João Cândido Jacques, 1888. Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO
HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia
Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-
ROM.
319
Fig. 284 E
squema da Planta de Porto Alegre de João Cândido Jacques, 1891
Elaborado por Daniela M. Fialho
320
Fig. 285 L
imite urbano de 1892 desenhado na Planta de 1888. Elaborado por
Daniela M. Fialho sobre ‘Planta de Porto Alegre comprehendendo os
seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888. Acervo do IHGRS. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
320
Fig. 286
Quadro das ruas e praças da cidade com os nomes que tiveram em
outros tempos e os que têm actualmente’. Detalhe da ‘Planta de Porto
Alegre comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques,
1888. Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de
Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
321
Fig. 287
Quadro Estatístico’ da Planta de 1888. Detalhe da ‘Planta de Porto
Alegre comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques,
1888. Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
DO RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de
Porto Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
322
Fig. 288 R
osa dos Ventos. Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre comprehendendo
os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888. Acervo do IHGRS. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
322
Fig. 289 E
scala. Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre comprehendendo os seus
Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888. Acervo do IHGRS. In:
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL.
Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.
1 CD-ROM.
322
Fig. 290 S
eta sentido das águas. Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre
comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888.
Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto
Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
323
Fig. 291 D
esignação do ‘Rio Guaíba’. Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre
comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888.
Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto
Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
323
Fig. 292 P
eq. tufos de vegetação. Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre
comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888.
Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto
Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
323
389
F
ig. 293 Tufos densos de vegetação. Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre
comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888.
Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto
Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
323
Fig. 294 V
egetação da Redenção. Detalhe da ‘Planta de Porto Alegre
comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888.
Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto
Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM.
323
Fig. 295 O
‘Leque’ das estradas e arraiais. Detalhe da Planta de Porto Alegre
comprehendendo os seus Arraiais’ de João Cândido Jacques, 1888.
Acervo do IHGRS. In: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
RIO GRANDE DO SUL. Cartografia Virtual Histórico-Urbana de Porto
Alegre. Porto Alegre, 2005. 1 CD-ROM. (destaque feito por Daniela M.
Fialho)
325
Fig. 296
D
etalhe do mapa Plan of the Cities of London and Westminste’r, de
John Rocque, 1746. In: MOTCO UK DIRECTORY AND IMAGE
DATABASE. London, 1999. Disponível em:
<http://www.motco.com/map/81002/>. Acesso em: 03 mar. 2010.
326
Fig. 297
New Plan of London’ de G. Cruchley, 1827. In: MAPCO (Map and Plan
Collection Online). London, 2006. Disponível em:
<http://archivemaps.com/mapco/london.htm>. Acesso em: 03 de março
de 2010.
327
Fig. 298 P
lanta da Colônia de S. Leopoldo. Acervo do IHGRS. In: VIEIRA,
Eurípedes Falcão; NEVES, Gervásio Rodrigo; HASENACK, Heinrich
(Coord.). Preservação do Acervo Cartográfico do Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul, 2009. 1 CD-ROM.
327
C
ONSIDERAÇÕES FINAIS
Fig. 299 Planta Porto Alegre 1772 sobreposta a atual. Elaborado por Daniela M.
F
ialho.
339
Fig. 300 Planta Porto Alegre 1839 sobreposta a atual. Elaborado por Daniela M.
F
ialho.
340
Fig. 301 Planta Porto Alegre 1868 sobreposta a atual. Elaborado por Daniela M.
F
ialho.
340
394
A
NEXO 1
Ficha técnica das Plantas existentes estudadas
395
1
.1 – A PLANTA DE 1833 – Lívio Zambeccari
A
NO
: 1833
C
ARTÓGRAFO
: Livio Zambeccari
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAP
A: ‘Pianta da Cidade de Porto Allegre, 1833’
C
ARÁTER DO MAPA
: Manuscrito, Colorido aquarela sobre papel
D
IMENSÕES DO MAPA
: 27x15cm
E
SCALA DO MAPA
: Sem escala
S
ÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Não possui.
L
OCAL DO ORIGINAL
: Museo Civico del Risorgimento, Bologna, Itália
396
F
ONTES IMPRESSAS
:
V
ARELA, Alfredo. Res Avita. Lisboa: Tipografia Mauricio & Monteiro, 1935. Entre p.32-33
Bollettino Del Museo Del Risorgimento, Bologna, vol.XLVI, 2001.
Jornal Zero Hora, Porto Alegre, 13/08/2005. Caderno de Cultura. (VERAS, Eduardo. O mais
antigo mapa da Capital)
FONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/popimage.php?dbid=3&regid=1&lang=default
Site do
A
rquivo Digital de Cartografia Urbana
LINKS
:
h
ttp://www.comune.bologna.it/museorisorgimento/
Site do Museo Civico del Risorgimento,
B
ologna, Itália
OBSERVAÇÕES
: Sem Informações
L
EGENDAS
:
1
ª Legenda
A... Catedral
B... Paço do Governo
C... Campo santo
D... Praza Grande
E... Câmara dos Deputados
F... Sala do Júri
G... Alfândega
H... Quartel dos Permanentes
I... Arsenal
L... Quartel dos Caçadores
M... Largo do Paraíso
N... Ospedal
O... Praza da Quitanda
P... Varzem
2ª legenda.
1. Rua da Praia
2. Rua da Quitanda
3. Rua da Ponte
4. Rua de Bragança
397
5
. Rua da Cadea
6. Rua dos Orives
7. Ponte do Riacho
8. Desembarcadeiro dos cavallos
9. Trapiche da Alfândega
10. Trapiche da Quitanda
11. Colonna
12. Canoa de 65 pés de hussi so tronco, larga 7 pés
3ª Legenda - “Abitare d’amici
mici
.
a. Casa del Colonelle José Mariano de Mattos
b. Casa de José Magalhães Calvete
c. Casa di Francisco Moîeste Franco prefeo emi dimerario
d. Casa del Colonello Luiz de Lima e Silva
e. Casa di Gaetano Morandi
f. Casa de Juca Leão
g. Casa delli famiglia del Brigadiere Gene
le
Palmeira
h. Casa e Hotel di Smith
i. Casa de Onofre Pirez da Silveira Canto Colonello
398
1
.2 – A PLANTA DE 1838 – Anônimo
A
NO
: 1838
C
ARTÓGRAFO
: Anônimo
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAP
A: ”Planta da cidade de Porto Alegre Capital da Provincia do
R
io Grande de S. Pedro do Sul, vista do rio e terra em toda a sua circumferencia, sua
estatística correspondente, demonstração do entricheiramento que lhe tem servido de
defeza desde o memoravel dia 15 de Junho de 1836, em que foi verificada a reacção legal,
movida por motivo da comoção na Provincia que teve principio nesta mesma cidade em 20
de Setembro de 1835 aao anno de sua data, tempo em que esta he concluida: achar-
se-hão mais as declarações necessarias á sua intelligencia, assim como commemorações
do que mais pode interessar a respeito”. “Porto Alegre 20 de junho de 1937”
CARÁTER DO MAPA
: Impresso, monocromático.
D
IMENSÕES DO MAPA
: 45x58cm
E
SCALA DO MAPA
: Escala gráfica, 250 braças.
S
ÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Rosa dos Ventos, orientado com o sudeste para cima.
L
OCAL DO ORIGINAL
: Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil.
399
F
ONTES IMPRESSAS
:
M
ACEDO, Francisco Riopardense de Macedo. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto
Alegre: Editora Sulina, 1968. p.86-88, p.137-138 (mencionada, sem imagem)
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação.Porto Alegre: Gráfica e
Editora Norma, 1985. p.52.
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. A Fundação de Porto Alegre. Porto Alegre: Ed. Norma, 1987.
p.112 (detalhe).
MACEDO, Francisco Riopardense de Macedo. História de Porto Alegre. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 1993. p.59 (mencionada, sem imagem)
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação.Porto Alegre: Ed. Gráfica
Metrópole S.A., 1993. 2ª Ed, p.87.
FONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/
- Site do Arquivo Digital de Cartografia Urbana
L
INKS
:
h
ttp://www.bn.br/portal/
- Site da Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil
O
BSERVAÇÕES
: Impressão Typ. Commercial Fluminense, Rio de Janeiro
L
EGENDAS
:
Império do Brasil”
”Planta da cidade de Porto Alegre Capital da Provincia do Rio Grande de S. Pedro do
Sul, vista do rio e terra em toda a sua circumferencia, sua estatística correspondente,
demonstração do entricheiramento que lhe tem servido de defeza desde o memoravel dia 15
de Junho de 1836, em que foi verificada a reacção legal, movida por motivo da comoção na
Provincia que teve principio nesta mesma cidade em 20 de Setembro de 1835 até ao 2°
anno de sua data, tempo em que esta he concluida: achar-se-hão mais as declarações
necessarias á sua intelligencia, assim como commemorações do que mais pode interessar a
respeito”.
“Porto Alegre 20 de junho de 1937”
Legendas da planta de 1838
Estatística dos subúrbios e entrincheiramento da cidade
1. Caminho Novo.
2. Chacara de Manoel de Freitas Travassos.
400
3
. Beco do Freitas Travassos e Caminho do Francisco Pinto de Souza.
4. Beco de Antonio Gonçalves Carneiro.
5. Olaria de José Ignácio Lourenço.
6. Beco de Antonio Martins Barboza.
7. Caminho da Caridade para o Alto do Passo d’Areia.
8. Moinho de Vento de onde tem Netto batido a Cidade por vezes, sendo huma em
20 de junho de 1837, em que jogou 150 e tantas balas ardentes e granadas, e logo que
cessa o fogo se retira com a artilheria, e são tantas as peças quanto as figuras ali com a
letra o.
9. Chacara de José Ignacio Lourenço.
10. Chacara do Dr. Manoel José de Araujo Franco.
11. Chacara de Antonio Fernandes Teixeira.
12. Chacara de João de Souza.
13. Moinhos de Vento de Antonio Martins Barboza, que forão demolidos (e pagos
pela Nação), por quererem os sitiantes formar huma bateria acoberto delles na noite de 19
para 20 de Julho de 1836.
14. Caminho para a Varzia.
15. Varzia que se acha dividida e demarcada, porém em projecto, não obstante
terem se passado Títulos a quem os requereo no tempo da presidência de Dr. Antonio
Rodrigues Fernandes Braga em 1834; mas a Câmara até o presente não tem consentido
que se edifiquem
16. Estrada geral para a Freguezia de Viamão.
casas por dizer lhe pertence e que he reservada para logradouro publico.
17. Chacara e Olaria do Telles.
18. Chacara do Leão.
19. Caminho para a Azenha.
20. Ponte de Pedra na Azenha.
21. Riacho.
22. Olaria do Pinheiro.
23. Chacara de José Rodrigues de Oliveira.
401
2
4. Chacara e Olaria do chamado Joãozinho da Olaria.
25. Potreiro do mesmo Joãozinho.
26. Lugar para huma Igreja.
27. Lugar para huma Caldeira que devendo receber as águas de todas as ruas as
deve ir deitar no Riacho.
28. Casa e terreno do Hospital da Caridade.
29. Chacara de S. Rafael, Fonte e Potreiro.
30. Ponte do Riacho e Caminho de Bellas.
Casas situadas em diversas chacaras.
___________________
Entrincheiramento e Baterias
31.
Legalidade ou Morte com 3 peças de cal. 3, 6 e 18.
32.
Trinta de Julho com 1 peça de cal. 18.
33.
Leal Cassapava Com 2 peças de cal. 6 e 18.
34.
Lealdade e valor com 4 peças de cal. 9 e 12.
35.
15 de Junho de 1837 com 2 peças de cal. 9 e 12.
36.
Sra. Madre de Deos com 2 peças de cal. 6.
37.
2. Bateria da Legalid. com 1 peça de cal. 12.
38.
Firmo co
m 1 peça de cal. 6.
39.
S. Jorge co
m 1 peça de cal. 6.
40.
S. João da Olaria com 3 peça de cal. 6.
41.
S. José dos Allemães com 2 peças de cal. 3 e 18.
42.
Sra. da Conceição com 3 peças de cal. 6 e 9.
43.
Imperador Constitul com 2 peças de cal. 3 e 6.
44.
Santo Antonio com 1 peça de cal. 9.
45.
S. Franc. Das Chagas com 1 peça de cal. 9.
46.
D. Pedro 2.° co
m 2 peças de cal. 3 e 6.
402
3
1 Peças. Além destas tem 6 mais de calibre 3
e 6, com 4 obuzes de 4, 5 e 7 P. postadas no largo da Caridade onde se a letra (a:). As
peças notadas de c. 18 são caronadas.
(g:) ao Oeste da cidade: serrou se o ataque que aturou de vivo fogo mais de duas
horas, e retirarão os sitiantes suas forças de mar e terra ja dia claro, e erão superiores ás do
dia 30 de Junho por terem engajado mais de 300 Allemães, (colonos): seguindo o Patacho
(d:) para a Itapoam, e o Brigue (c:) fundeou a grande distância; porêm a vista da cidade. A
Escuna (e:) que tinha hido rio acima appresentou-se na manhã de 24 do mesmo mez de
Julho por hum levante que a guarnição della fez; e nesse mesmo dia pelas 10 horas da
manhã chegou ao outro lado (o occidental da cidade) o Commandante das Armas Bento
Manoel Ribeiro, com 1200 homens em soccorro da cidade, que fazendo levantar o sitio,
bateo e destroçou os sitiantes em 4 de Outubro, sendo presos Bento Gonçalves da Silva,
chefe delles; Onofre Pires da Silveira, e hum estrangeiro (Romano) de nome Zembicary,
director do Chefe. Seguio o Commandante das Armas para a Campanha a bater outras
forças dos sediciosos, e indo daqui o Presidente Antero JoFerreira de Brito a concertar
com elles operações a fim de exterminar a guerra civil; he prezo o Presidente por elle em 23
de Março do corrente anno de 1837, e declarou-se mancomonado com os sediciosos: eis
tudo transtornado e crião elles calôr, marcha sobre a cidade do Rio Grande Domingos
Crescencio de Carvalho, com forças, e sobre esta capital Antonio de Souza Neto, que a esta
sitiando desde 2 de maio, e não a tem atacado formalmente por motivo de suas
fortificações, mas tem por diversas vezes bombardeado, como hoje o acaba de fazer (vide
n. 8, Moinhos de Vento) he verdade que sem tirar proveito.
A letra (o:) denota hum lugar de onde se tirou barro para Olaria, e que em 20 de
Julho de 1836 estava com bastante agua, e por ali carregarão com força para entrar os
Allemães que armarão, que não podendo se retirarão, deixando muito armamento dentro
d’agua.
No flanco do entrincheiramento ao Sul, se huma Canhoneira (p:) he posta no
presente sitio, e no flanco do Norte teve Canhoneira no passado, e tem no presente.
A letra (q:) denota o fundeadouro, e se vê as embarcações fundeadas.
A letra (r:) denota pontão que serve de conservar presos no mar.
A letra (s:) denota Patacho de Guerra Leopoldina, Comandante Guilherme Park,
chefe de operações maritimas nesta cidade.
Estatística da cidade
47. Trapiche, Alfândega e Praça.
403
4
8. Rua da Graça.
49. Rua da Praia e Praça do Arsenal.
50. Rua do Paraizo.
51. Igreja do Rozario.
52. Praça do Paraizo.
53. Travessa do Paraizo.
54. Plourinho.
55. Praia do Arsenal.
56. Ponta das Pedras.
57.Passagem para o lado Occidental.
58. Travessa ou rua da Prizão Militar.
59. Rua da Cadêa, e Cadêa.
60. Rua Nova.
61. Rua da Ponte.
62. Rua do Cotovêlo.
63. Igreja das Dôres.
64. Ponta do Arsenal.
65. Travessa da rua do Poço.
66. Largo ou Praça do Palácio da Presidencia.
67. Alicerces da nova casa da Opera.
68. Rua de S. José e escada para a Praça.
69. Igreja Matriz (N. Sra. Madre de Deos).
70. Catacumbas.
71. Cemiterio.
72. Palácio dos Presidentes.
73. Casa da Assembléa Provincial.
74. Rua Formoza.
75. Rua do Arvoredo.
404
7
6. Rua da Olaria.
77. Rua da Varzia.
78. Praia do Riacho.
79. Rua do Coito, ou Cordoeiro.
80. Igreja do Sr. dos Passos.
81. Hospital da Caridade.
82. Rua da Misericórdia.
83. Rua de Santa Catharina.
84. Largo do Portão.
85. Rua do Hospital.
86. Beco da Fome.
87. Beco do Quartel do 8° Batalhão.
88. Rua da Figueira.
89. Beco do Firmo.
90. Beco do Israel Soares de Paiva.
91. Rua do Rozario, ou Bandeira.
92. Rua de Bragança.
93. Rua do Poço.
94. Beco do Brito.
95. Beco da Casa da Opera.
96. Beco do Barriga.
97. Rua do Ouvidor.
98. Rua do Cemitério.
99. Beco do Fanha.
100. Rua do Bellas.
101. Rua Clara.
102. Rua do Arroio,ou peccados mortaes.
103. Rua Direita.
405
1
04. Rua Bella.
105. Rua do Príncipe.
106. Arsenal de Guerra.
107. Arsenal de Marinha.
Notta accessoria
A letra (t:) denota hum baixio, onde se mergulhou huma ancora grande no sitio de
1836, e della partia sobre boias huma corrente a fechar o porto até a letra (u:) onde era feita
fixo, cuja corrente era de amarras de embarcações que forão emendadas no Arsenal, &c.
A linha preta que corre em toda a extensão do Beco 90, denota hum muro de tijolo
na chacara de Israel Soares de Paiva, onde se formarão andaimes para se fazer fogo de
fuzilaria no caso de tentarem por ali algum attaque para entrarem, &c.
A linha preta denota Trincheira de caixão com terra.
A linha preta larga denota o foço que tem de 14 a 20 palmos de largo.
O claro branco entre as linhas pretas denota o intervallo que da Trincheira ao
foço, parte de terra encostada, e parte de torrão.
Plataforma em que se acha assestada a artilheria.
As baterias n.° 41, 42, 43, 44 e 45 são suspensas do chão de 12 a 14 palmos
medidos por a parte de dentro das mesmas baterias.
As plataformas com a letra (b:) denotão Baterias que existião quando Bento
Gonçalves da Silva, como chefe dos sitiantes atacou a cidade por mar e terra, em 30 de
Junho e 20 de Julho de 1836, que forão retiradas depois do dia 4 de Outubro por se relachar
hum pouco a linha de defeza, em conseqüência de ter sido destroçado na Ilha de Famffa a
força do dito Bento Gonçalves, e elle prisioneiro,&c.
Comemorações relativas aos sítios de 1836 e 1837
Tinhão os sediciosos 4 embarcações armadas que se notadas com as letras c, d,
e, f. 1ª. Brigue Bento Gouçalves, 2. Patacho Vinte de Setembro, 3. Escuna Farroupilha e 4.
Hiate Onofre; as quaes se achavão na Itapoam (9 legoas ao Sul da cidade) porêm logo
subirão, e por vezes vierão ao lugar denotado (g:) batêr a cidade; mas vendo que não
podião entrar para o fundiadouro, se retirarão e resolverão fazer passar as (e:f:) por serem
de pouca água no canalete (h:) entre o arroio da pintada e a Ilha, na qual vão entrando, e
seguirão por de traz das Ilhas para o Caminho Novo, afim de se aproximarem as baterias
em occasião de forçarem o entrincheiramento, o que fizerão em 30 de Junho de 1836, ao
406
a
manhecer, em que se postarão no lugar (i:) fazendo fogo sobre as baterias, e duas
embarcações (Escuna e Hiate) pequenas que ligeiramente forão armadas com huma peça
de rodízio cada huma de calibre 9, e do lado do Oeste, lugar (g:) se postarão o Brigue e o
Patacho (c: d:) fazendo fogo sobre a cidade e baterias que defendião a entrada para o
fundeadouro. Aturou o ataque horas de fogo de canhão e fuzilaria, ao fim das quaes se
retirarão os sitiantes de terra e mar as suas forças que montarão a mais de 1500 homens,
quando os combatentes que defendião a cidade não chegavão a 300. Passados dias
suspenderão as embarcações (e: f:) do seu fundeadouro na frente da chácara 2ª, para se
hirem juntar com as (c: d:); mas chegando ao canalete (h:) por onde tinhão entrado, em
razão de ter baixado o rio, encalharão, e passado horas pode sahir a (f:) e a Escuna (e:)
voltou para traz, e deu fundo no Rio Guahiba (ou Rio Pardo chamado) cuja foz he na letra
(l:). Achando-se o Hiate (f:) só, e fundiado huma legoa ao Sul da cidade, e tendo chegado da
Itapoam em hum Escaller Guilherme Park, commandante da Esquadrilha que estava fora da
mesma Itapoam por não poder entrar por motivo das baterias dos sediciosos: se embarcou
na Escuna em 14 de Julho de 1836, levando consigo o Hiate e 3 Lanchões, lhe foi dar cassa
e o prisionou, e tendo noticia disto a Escuna (e:) seguio rio acima e foi fundiar a 12 legoas
de distancia. Constando esta tomada as duas embarcações (c: d:) que estavão na Itapoam,
subirão e fundearão em grande distancia ao rumo do Sul da cidade quando pelas 3½ horas
da madrugada do dia 20 de Julho pelo lugar da emboscada (pois que então era mato e não
tinha as fortificações que ora ali se de (m:a n:), rompeo o fogo que logo circulou por
outros pontos, e no mar das embarcações (c: d:) que tinhão de noite vindo postar-se no
lugar de costume.
407
1
.3 – A PLANTA DE 1839 – Luiz Pereira Dias
A
NO
: 1839
C
ARTÓGRAFO
: Luiz Pereira Dias
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAP
A: Planta da Cidade de Porto Alegre, por L. P. Dias. Com a
l
inha de Trincheiras e Fortificações que lhe tem servido de defesa desde o memorável dia
15 de junho de 1836, com as rectificações e melhoramentos que se tem feito por motivo de
ter sido atacada pelos sediciosos em 1836, 1837 e sitiada em 1838, 1839 tempo em que
408
e
sta he concluída com duas Vistas, hua de Leste, outra do Oeste com as declarações a
respeito. Porto Alegre, 2 de Dezembro de 1839”.
CARÁTER DO MAPA
: Impresso, monocromático.
D
IMENSÕES DO MAPA
: 52x48,5 cm em folha de 79,5x52 cm.
E
SCALA DO MAPA
: Escala gráfica, 250 braças.
S
ÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Rosa dos Ventos, orientado quase com o norte para cima.
L
OCAL DO ORIGINAL
: Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil.
F
ONTES IMPRESSAS
:
M
ACEDO, Francisco Riopardense de Macedo. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto
Alegre: Editora Sulina, 1968. Imagem entre p. 88-89. Citações p.86-88, p.138
MACEDO, Francisco Riopardense de Macedo. História de Porto Alegre. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 1993. p. 82
TELLES, Leandro da Silva (dir.) Porto Alegre Antigo. Porto Alegre: Painel Editora Ltda.,
1980. p.11, 12 e 13.
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação. Porto Alegre: Gráfica e
Editora Norma, 1985. p.54.
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. A Fundação de Porto Alegre. Porto Alegre: Ed. Norma, 1987.
p.115 (detalhe).
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação. Porto Alegre: Ed.
Gráfica Metrópole S.A., 1993. 2ª Ed, p.87.
SOUZA, lia Ferraz de Souza & Müller, Dóris Maria. Porto Alegre e sua Evolução Urbana.
Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1997. p. 131
FONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/
Site do Arquivo Digital de Cartografia Urbana
L
INKS
:
h
ttp://www.bn.br/portal/
- Site da Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil
O
BSERVAÇÕES
: Impressão Lith. Vr. Larée, Gravado por J.H. Leonhard., Rio de Janeiro.
L
EGENDAS
:
P
lanta da Cidade de Porto Alegre, por L. P. Dias
409
C
om a linha de Trincheiras e Fortificações que lhe tem servido de defesa desde o
memorável dia 15 de junho de 1836, com as rectificações e melhoramentos que se tem feito
por motivo de ter sido atacada pelos sediciosos em 1836, 1837 e sitiada em 1838, 1839
tempo em que esta he concluída com duas Vistas, hua de Leste, outra do Oeste com as
declarações a respeito. Porto Alegre, 2 de Dezembro de 1839.
Vista de leste
1.Caminho d’Azenha
2. Morro do Christal
3. Pedras Brancas
4. Olaria do Pinheiro
5. Caza de J
e
. Rodrigues
6. Olaria do Joãozinho
7. Caza de João de Souza
8. Batr° na Chacara de Joãozinho
9. Reducto de Joãozinho
10. Red
to
.na frente da Varzêa
11. Caza de Joãozinho
12. Bateria da Varzêa
13.Ponto do Israel
14. Pto. do 8° Batalhão
15. Morros do Petim
16. Morro da Boa Vista
17. Igreja Matriz
18. Quartel do 8° Batalhão
19. Ponto do Portão
20. Cazas da Caridade
21. Portão da Caridade
22. Terrenos da Caridade
23. Ponto de trás da Caridade
410
2
4. Poço da Caridade
25. Hospital da Caridade
26. Igreja dos Passos
27. Batteria da Caridade
28. Caza do Cor
el
. Vicente
29. Cam° do Passo dAreia
30. Varzêa Grande
Vista de oeste
31. Muinho de Vento velho
32. Caza de Jose Ignácio
33. Caza de Ant°. Fernz
34. Beco do Barboza
35. Canhonra. no Flanco
36. Ponto do Caminho Novo
37. Lomba do Barboza
38. Trincheira
39. Caza do Cor
el
. Vic
te
.
40. Morro do Telles
41. Morro de Sta. Anna
42. Igreja dos Passos
43. Igreja do Rozario
44. Praça do Paraizo
45. Hospital da Carid
e
.
46. Caza de João Ignacio
47. Caza d’Alfandega
48. Praça de Palácio
49. Igreja Matriz
50. Palácio do Governo
411
5
1. Cam°. de Bellem
52. Caza da D. Rita
53. Fundeadouro Merc
te
.
54. Trap
e
. do G
da
. Mor
55. Arsenal de Guerra
56. Igreja das Dores
57. Intendencia
58. Arsenal da Marinha
59. Alto da Bronze
60. Fundro. de Guerra
61. Ponta das Pedras
62. Ponta da Passagem
63. Morro do Christal
64. Patacho de Registo
65. Preziganga
Estatística da cidade e subúrbios
1. Rua da Praia
2. Rua da Graça
3. Rua do Cotovelo
4. Rua da Ponte
5. R. Formoza
6. R. de S. Jose
7. Rua do Hospital
8. R. Nova do Poço
9. R. do Arvoredo
10. R. da Varzinha
11. R. Nova
12. R. da Cadeia
412
1
3. R. Principal
14. R. Bella
15. R. Direita
16. R. do Arroio
17. R. Clara
18. R. de Bellas
19. R. d’Alegria
20. R. do Ouvidor
21. R. do Cemitério
22. R. do Poço
23. R. de Bragança
24. R. do Rozario
25. Rua de Sta. Cath
na
.
26. R do Couto
27. R. da Misericórdia
28. R. da Figueira
29. R. da Olaria
30. R. d’Azenha
31. Bêco do Leite
32. B. do Coelho
33. Beco do Fanha
34. Beco da Fonte
35. B. da Opera
36. B. do 8° Batalhão
37. B. do Firme
38. B. do Israel
39. B. do Barboza
40. B. do Chico Pinto
413
4
1. B. do Carneiro
42. Praça de Palácio
43. P. da Alfândega
44. P.do Paraizo
45. P. do Portão
46. Caza d’Alfandega
47
. Trapiche
48. Pelourinho
49. Igreja Matriz
50. Igreja dos Passos
51. Igreja do Rozario
52. Igreja das Dores
53. Cemitério da Matriz
54. Cemitério da Caridade
55. Catacumbas
56. Hospital da Caridade
57. Palácio do Governo
58. Caza da Assemblea
59. Arsenal de Guerra
60. Intendencia
61. Arsenal da Marinha
62. Thesouraria
63. Quartel do 8°
64. Riacho
65. Ponte do Riacho
66. Praia do Riacho
67. Praia do Arsenal
68. Praia do Caminho Novo
414
6
9. Alicerce p
a
. a Caza da Opera
70. Muinho de vento velho
71. Caminho da Capella
72. Caminho do Passo d’Arêa
73. Caminho de Bellas
74. Caminho Novo
75. Caminho d’Azenha
76. Olaria do Pinheiro
77. Olaria de Joãozinho
78. Olaria de Jerônimo
79. Olaria do Tristão
80. Olaria de Joze Ignácio
81. Muinhos do Barboza
82. Várzea grande em projecto da nova cidade
83. Caldeira e canal para conduzir as aguas ao Riacho
84. Poço da Caridade
85. Fundeadouro Mercante
86. Fundeadouro de Guerra
87. Chacaras do Caminho Novo
88. Chacara do Barboza
89. Chacara de Joze Ignacio
90. Chacara S. Rafael
91. Chacara do Leão
92. Chacara do Joãozinho
93. Chacara do Pinheiro
94. Chacara de Joze Rodrigues
95. Ponta da Passagem
96. Rio Pardo ou Guayba
415
9
7. Preziganga
98. Patacho de Registo
99. Ilhas Fronteiras
Lugar em que os sediciosos collocarão as embarcações para atacarem a Cidade, o
que fizerão em 30 de Junho de 1836, e por terra circularão os Pontos principaes, carregarão
nos dous flancos com 1500 homens, quando os sitiados não chegarão a 300, que
defenderão toda a linha de mar e terra, e não tinhão as fortificações, que agora existem
apenas herão vedadas as ruas e caminhos por hua tapagem de taboas singellas.
a. Baterias collocadas para defesa das Praias, porque foi outra vez atacada em 20
de Julho do mesmo anno, e por terra com maior força no lugar que lhe offerecia vantagem,
por falta de fortificações, pois que então a penas tinhão o embaraço de huas simples cercas
de espinhos, que depois se forão vallando e fortificando.
b. Embarcações armadas para defesa das Praias e flanquearem a linha de defêsa
nos assédios de 1837 e 1838.
c. Baterias collocadas por Neto, quando Chefe dos sitiantes em 1837, em que por
varias vezes bombardiou a Cidade.
d. Baterias por onde se fechava a linha de defesa em1837.
e. Ponto n° 1 com 4 Pessas.
f. Ponto n° 2 com 3 Pessas.
g. Ponto n° 3 com 3 Pessas.
h. Ponto n° 4 com 2 Pessas.
i. Ponto n° 5 com 3 Pessas.
l. Ponto n° 6 com 4 Pessas.
m. Ponto n° 7 com 1 Pessas.
n. Ponto n° 8 com 2 Pessas.
p. Ponto n° 9 com 2 Pessas.
q. Ponto n° 10 com 1 Pessas.
r. Bateria n° 11 com 4 Pessas.
s. Ponto n° 12 com 3 Pessas.
416
t
. Ponto n° 13 com 1 Pessas.
u. Ponto n° 14 com 3 Pessas.
x. Canhoneiros nos dois flancos postadas em 1839.
417
4
– A PLANTA DE 1844 – Conrado Jacob de Niemeyer
A
NO
: 1844
C
ARTÓGRAFO
: Conrado Jacob de Niemeyer
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAP
A: “Planta da Cidade de Porto-Allegre, 1844”
C
ARÁTER DO MAPA
: Impresso.
D
IMENSÕES DO MAPA
: aproximadamente 10x30 cm em folha de 150x150 cm (Planta
C
horographica do Império do Brasil, Conrado Jacob de Niemeyer, 1846).
ESCALA DO MAPA
: Notação 1/20000 braças, escala gráfica, 500 braças.
S
ÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Não possui. A parte superior da folha indica o Norte.
L
OCAL DO ORIGINAL
: Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil.
F
ONTES IMPRESSAS
: Não possui.
F
ONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/
Site do Arquivo Digital de Cartografia Urbana
L
INKS
:
h
ttp://www.bn.br/portal/
Site da Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil
418
O
BSERVAÇÕES
: A planta da cidade de Porto Alegre de 1844 é um cartucho inserido na
Carta Corographica do Império do Brasil de Conrado Jacob de Niemeyer de 1846.
Impressão da carta feita por Heaton & Rensburg, Rio de Janeiro.
LEGENDAS
:
Planta da Cidade de Porto-Allegre, 1844”.
Legendas
1. Igreja Matriz
2. Dª dos Passos
3. Dª do Rosário
4. Dª das Dores
5. Cemitério da Matriz
6. D° da Caridade
7. Catacumbas
8. Hospital da Caridade
9. Palácio do Governo
10. Casa d’Assemblea
11. Arsenal de Guerra
12. Intendência
13. Arsenal de Marinha
14. Thesouraria
15. Quartel M
r
.
16. Riacho
17. Ponte do Riacho
18. Praia do Riacho
19. Dª do Arsenal
20. Praia do Caminho Novo
21. Alicerces para a Casa da Opera
22. Olaria do Joãozinho
23. Poço da Caridade
419
2
4. Praça do Palácio
25. Dª d’Alfandega
26. Dª do Paraíso
27. Dª do Portão
28. Casa da Alfândega
29. Trapiche
30. Pelourinho
420
1
.5 – A PLANTA DE 1868 – Antonio Eleuthério de Camargo
A
NO
: 1868
C
ARTÓGRAFO
: Antonio Eleuthério de Camargo
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAP
A: Planta da Cidade de Porto Alegre Capital da Provª. De São
P
edro do Rio Grande do Sul
CARÁTER DO MAPA
: Impresso, monocromática.
421
D
IMENSÕES DO MAPA
: aproximadamente 31,5x29 cm em folha de 115x115 cm (Carta
T
opographica da Prov
a
. de São Pedro do Rio Grande do Sul, de Antonio Eleuthério de
Camargo, 1868).
ESCALA DO MAPA
: Escala gráfica, 180 braças.
S
ÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Seta que indica o Norte, orientada quase com o norte para
ci
ma.
LOCAL DO ORIGINAL
:
F
undação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil.
Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, Porto Alegre, Brasil.
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Br.
FONTES IMPRESSAS
:
M
ACEDO, Francisco Riopardense de Macedo. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto
Alegre: Editora Sulina, 1968. Imagem entre p.94-95.
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação. Porto Alegre: Gráfica e
Editora Norma, 1985. p.102.
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação.Porto Alegre: Ed. Gráfica
Metrópole S.A., 1993. 2ª Ed, p.134. (detalhe)
SOUZA, lia Ferraz de Souza & Müller, Dóris Maria. Porto Alegre e sua Evolução Urbana.
Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1997. p. 135
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Os Sete Pecados da Capital. São Paulo: Hucitec, 2008. p.427
FONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/
Site do Arquivo Digital de Cartografia Urbana
L
INKS
:
h
ttp://www.bn.br/portal/
- Site da Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil
h
ttp://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=10&p_secao=19
Site do Arquivo
H
istórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, Porto Alegre, Brasil.
http://www.ihgrgs.org.br/
- Site do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul,
P
orto Alegre, Brasil.
OBSERVAÇÕES:
A planta da cidade de Porto Alegre de 1868 é um cartucho inserido na
Carta Topographica da Prov
a
. de São Pedro do Rio Grande do Sul”, de Antonio Eleuthério
de Camargo, 1868. Lith. Imp. de Emilio Wiedman, Porto Alegre.
422
L
EGENDAS
:
P
lanta da Cidade de Porto Alegre Capital da Provª. De São Pedro do Rio Grande do Sul
a. Chafarizes da Comp
a
. Hydraulica
b. Terreno em q. está o reservatorio da Comp
a
. Hydraulica
1. Cadêa Civil
2. Praça da Harmonia e Passeio Publico
3. Arsenal de Marinha
4. Q
el
. General
5. Igreja das Dôres
6. Antigo Edeficio do Arsenal de Guerra
7. Novo do m
mo
.
8. Assemblêa Provincial
9. Palácio do Governo
10. Cathedral
11. Capella do Espírito Santo
12. Bailante
13. Theatro S. Pedro
14. Alicerces p
a
. Edificação da Camara Municipal
15. Alicerces p
a
. o Liceo
16. Alfândega
17. Antigo Mercado a demolir-se
18. Novo Mercado
19. Igreja do Rozario
20. Quartel da Praça da Independencia
21. Santa Casa de Mizericordia
22. Igreja do Carmo
23. Fonte do Dezembargador Bello
24. Praça da Independencia
423
2
5. Fonte dos Pobres
26. Antigo deposito d’agoa do canal
27. Antigo Quartel dos Guaranis
28. Quartel do Corpo Policial
29. Proprio Provincial em que está a Fabrica de Oleos
30. Igreja Protestante
31. Lugar em q. esta se construindo o Seminario
32. Palacio Episcopal
33. Praça do G
al
. Ozorio
34. Praça de Pedro .
424
1
.6 – A PLANTA DE 1872 – Anônimo
A
NO
: 1872
C
ARTÓGRAFO
: Anônimo
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAPA
: Planta da Cidade de Porto Alegre
C
ARÁTER DO MAPA
: Semi-original manuscrito em papel vegetal, bi-cromático (preto com
d
etalhes em vermelho).
DIMENSÕES DO MAPA
: aproximadamente 71x70 cm.
E
SCALA DO MAPA
: Notação 1/10.000 metros, escala gráfica, 1000 metros.
S
ÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Não possui. A parte superior da folha indica o Norte.
L
OCAL DO ORIGINAL
: Mapoteca da Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), Porto
A
legre, Brasil.
FONTES IMPRESSAS
: Não possui.
425
F
ONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/
Site do Arquivo Digital de Cartografia Urbana
L
INKS
:
h
ttp://www2.portoalegre.rs.gov.br/smov/
- Site da Secretaria Municipal de Obras e Viação
(
SMOV), Porto Alegre, Brasil.
OBSERVAÇÕES:
Não possui.
L
EGENDAS
: Não possui.
426
1
.7 – A PLANTA DE 1881 – Henrique Breton
A
NO
: 1881
C
ARTÓGRAFO
: Henrique Breton (Henry Jean Breton)
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAP
A: “Planta da cidade de Porto Alegre. Organisada segundo os
d
ocumentos officiais existentes, completada e executada pelo Engenheiro Henrique Breton,
1881”.
CARÁTER DO MAPA
: Semi-original (cópias em papel vegetal e papel poliéster)de mapa
i
mpresso, monocromático.
DIMENSÕES DO MAPA
: aproximadamente 64,5x52 cm.
E
SCALA DO MAPA
: Notação 1/5000, sem especificar o tipo de medida (se supõe que seja
m
etros).
SÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Seta que indica o Norte, orientada quase com o sudeste
p
ara cima.
427
L
OCAL DO ORIGINAL
: Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, Porto Alegre,
B
rasil.
FONTES IMPRESSAS
:
S
OUZA, Célia Ferraz de Souza & Müller, Dóris Maria. Porto Alegre e sua Evolução Urbana.
Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1997. p. 139
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Os Sete Pecados da Capital. São Paulo: Hucitec, 2008. p.446
FONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/
- Site do Arquivo Digital de Cartografia Urbana
L
INKS
:
h
ttp://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=10&p_secao=19
Site do Arquivo
H
istórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, Porto Alegre, Brasil.
OBSERVAÇÕES:
Sem observações.
L
EGENDAS
: Não possui.
428
1
.8 – A PLANTA DE 1888 – João Candido Jacques
A
NO
: 1888
C
ARTÓGRAFO
: João Candido Jacques
L
OCAL
: Porto Alegre - RS – Brasil
N
OME COMPLETO DO MAP
A: “Planta de Porto Alegre, Capital da Província do Rio Grande
d
o Sul comprehendendo os seus arraiaes, organisada e desenhada pelo Capitão de
Artilharia e Engenheiro Militar João Candido Jacques. 1888. Lith. de J. Alves Leite
Successor”.
CARÁTER DO MAPA
: Impresso, colorido.
D
IMENSÕES DO MAPA
: aproximadamente 38,9x60,2 cm.
E
SCALA DO MAPA
: Notação 1/20.000 metros, escala gráfica 2000 metros.
S
ÍMBOLOS DE ORIENTAÇÃO
: Seta que indica o Norte, orientada quase com o Les-sueste
p
ara cima.
LOCAL DO ORIGINAL
: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
B
rasil.
429
F
ONTES IMPRESSAS
:
M
ACEDO, Francisco Riopardense de Macedo. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto
Alegre: Editora Sulina, 1968. p.101, 135 (mencionada, sem imagem)
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação. Porto Alegre: Gráfica e
Editora Norma, 1985. p.121 (detalhe).
OLIVEIRA, Clóvis Silveira. Porto Alegre, a Cidade e sua Formação. Porto Alegre: Ed.
Gráfica Metrópole S.A., 1993. 2ª Ed, p.152 (detalhe).
SOUZA, lia Ferraz de Souza & Müller, Dóris Maria. Porto Alegre e sua Evolução Urbana.
Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1997. p. 143
FRANCO, Sérgio da Costa. Gente e espaços de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da
UFRGS, 2000. p. 156
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Uma Outra Cidade. O mundo dos excluídos no final do
Século XIX. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001. p. 72.
FONTES DIGITAIS
:
C
ARTOGRAFIA VIRTUAL HISTÓRICO-URBANA DE PORTO ALEGRE. Porto Alegre:
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2005. CD
SITES
:
h
ttp://cartografiaurbana.ceurban.com/
Site do Arquivo Digital de Cartografia Urbana
L
INKS
:
h
ttp://www.ihgrgs.org.br/
- Site do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul,
P
orto Alegre, Brasil.
OBSERVAÇÕES:
Lith. de J. Alves Leite Successor, Porto Alegre, Brasil.
L
EGENDAS
:
P
lanta de Porto Alegre, Capital da Província do Rio Grande do Sul comprehendendo
os seus arraiaes, organisada e desenhada pelo Capitão de Artilharia e Engenheiro Militar
João Candido Jacques. 1888. Lith. de J. Alves Leite Successor.
Quadro Estatístico
1. Cadeia Civil
2. Gazometro
3. Praça Martins de Lima
4. Arsenal de Marinha
5. Beneficencia Brazileira
6. Praça general Ozório
7. Arsenal de Guerra
430
8
. “ “
9. Quartel da Força Policial
10. Igreja das Dores
11. Igreja de S. Rafael
12. Estação Telegraphica
13. Correio
14. Thesouraria Geral
15. Trapiche da Alfândega
16. Theatro S. Pedro
17. Camara Municipal
18. Praça D. Pedro II
19. Hydraulica Porto Alegrense
20. Assemblêa Provincial
21. Palácio do Governo
22. Igreja Matriz
23. Capella do E. Santo
24. Seminário
25. Quartel General
26. Trapiche da Comp
a
. Fluvial
27. Trapiche Municipal
28. Novo Trapiche Municipal
29. Banca do Peixe
30. Mercado
31. Praça Conde d’Eu
32. Escola Normal
33. Igreja S. José
34. Theatro das Variedades
35. Praça General Marques
431
3
6. Quartel do 13 de Infanteria
37. Praça da Independência
38.Santa C. de Misericórdia
39. Praça D. Feliciano
40. Igreja dos Protestantes
41. Igreja do Carmo
42. Estação dos Bonds
43. Igreja do Bonfim
44. Igreja da Conceição
45. Beneficência Portuguesa
46.Estação da E. F. de P. A. à Novo Hamburgo
47. Igreja de N. S. dos Navegantes
48. Igreja do menino Deus
49. Igreja de Santo Antonio
50. Escola Militar
51. Alfandega
52. Praça Senador Florencio
53. Hospital N. S. das Dôres
54. Praça da Conceição
55. Estação Telephonica
Quadro das ruas e praças da cidade com os nomes que tiveram em outros
tempos e os que tem actualmente.
Nomes antigos Nomes actuaes
1
B
eco dos Marinheiros
Rua da Alfandega
Rua 7 de Setembro
2
R
ua da Graça
Rua da Praia
Rua dos Andradas
3
R
ua Nova Rua G
al
. Andrade Neves
4
R
ua do Cotovello
Rua traz das Dores
Rua da Ponte
Rua Riachuelo
432
5
Rua do Pântano
Rua Nova do Poço
Rua S. Jeronimo
Rua Jerônimo Coelho
6
R
ua Formosa
Rua Alegre
Rua do Hospital
Rua da Igreja
Rua Duque de Caxias
7
R
ua do Arvoredo Rua Fernando Machado
8
R
ua da Varzinha Rua D. Izabel
9
R
ua costa do Rio
Rua do Caminho Novo
R. Voluntários da Pátria
10
R
ua da Marcella
Becco do Chico Pinto
Rua da Floresta
11
B
ecco da Marcella
Becco do Carneiro
Rua D. Affonso
12
B
ecco do Rosario Rua 24 de Maio
13
R
ua do Arco da Vellha
Rua da Prisão Militar
Rua da Alegria
R. Gen. Vitorino
14
R
ua do Trem
Rua da Cadeia Velha
R. Dous de Fevereiro
15
B
ecco do Oitavo R. 3 de Novembro
16
B
ecco do Firme Rua Avahy
17
B
. do Juca da Olaria Rua 1° de Março
18
B
ecco Israel R. do Imperador
19
P
raia do Arsenal R. G
al
. Salustiano
20
B
ecco dos Guaranys
Rua da Guarda Principal
R. G
al
. Vasco Alves
21
B
ecco do Bot a Bica
Becco do Vieira
Becco João de castro
Rua Bella
Rua G
al
. Portinho
22
B
. do Pedro Mantinga
Rua Direita
Rua Conde de P
to
. Alegre
Rua G
al
. Canabarro
23
R
ua do Arroio
Rua do Nabos a doze
Rua do Jogo da Bolla
Rua dos Peccados Mortaes
Rua G
al
. Bento Martins
24
R
ua Clara Rua G
al
. João Manoel
25
R
ua da Ladeira
Rua do Ouvidor
Becco do J°. Ignácio
Becco da Garapa
Rua G
al
. Camara
26
B
ecco do Fanha
Becco do M
el
. Vieira
Travessa Payssandú
27
B
eco do Barriga
Becco de D
a
. Úrsula
Becco do Leite
Travessa da Angustura
28
B
ecco da Opera Rua do Commercio
29
B
ecco do Brito
Becco do João Coelho
Travessa do Itapiru
30
B
ecco do Freitas
Becco do Meirelles
Rua G
al
. Paranhos
433
T
ravessa do Poço
31
R
ua de Bragança Rua G
al
. Silva Tavares
32
R
ua da Várzea Grande Rua da Azenha
33
R
ua Menino Deos Rua 13 de Maio
34
V
árzea
Campo do Bomfim
Campo da Redempção
35
P
raça da Caridade Praça D. Feliciano
36
P
raça do Portão Praça General Marques
37
P
raça do Palácio
Praça da Matriz
Praça Pedro II
38
P
raça das Dôres Praça Visconde do Rio Grande
39
P
raça da Harmonia Praça Martins de Lima
40
P
raça da Alfandega Praça Senador Florencio
41
A
lto da Bronze Praça General Ozorio
434
A
NEXO 2
Relação dos mapas entre 1831 e 1845
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
1 1831 CE
CARTA GEOGRÁFICA DO SEARÁ PROVÍNCIA
DO IMPÉRIO DO BRASIL – Redigida segundo carta
manuscrita levantada em 1817 por ordem do
Governador Manoel Joaquim de Sampaio, e
segundo as observações e as cartas marítimas do
B. Roussim por M. Jos : Schwarzmann e M.
Chev : de Martius
Antônio José da
Silva Paulet
37 x 30 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, aquarela,
com legenda, com escala,
papel canson, telado, bom
estado
AHEX S/info
2 1831 MA
PLANTA E PERFIL DA TENALHA DENOMINADA
BALUARTE DE SÃO LUÍZ NA CONFLUÊNCIA
DOS RIOS BACANGA E ANIL
Ten. J. J.
Rodrigues Lopes
46 x 31 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, aquarela
com escala, com legenda,
com rosa dos ventos, papel
canson, bom estado
AHEX S/info
3 1831 MA
PLANTA E PERFIL DO FORTE DE S. MARCOS
FRONTEIRO A BAHIA DO MESMO NA
PROVÍNCIA DE MARANHÃO
Desenhado por
Miguel em 1831
49 x 34,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com
escala, com legenda, com
rosa dos ventos, papel canson
telado
AHEX S/info
4 1831 MA
PLANTA E PERFIL DO QUARTEL DE ARTILHARIA
DE POSIÇÃO
Ten. J. J.
Rodrigues Lopes
48 x 31,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, nanquim, com
escala, com legenda, papel
canson, bom estado
AHEX S/info
5 1831 PE
PRESPECTIVA DO CONVENTO DE N. S. DO
CARMO DA CIDADE DE OLINDA
Major de
Engenheiros João
Bloem
73 x 51cm. (1
ex. AHEX)
Monocromático, nanquim,
aquarela, com nota
explicativa, escala em palmos,
papel canson, bom estado.
AHEX S/info
6 1831 PI
CARTA TOPO-GEOGRÁFICA DA FREGUESIA DE
MARUÃO, PROVÍNCIA DO PIAUHY
Ten. Cel. Pedro
Cronemberger
92 x 74cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, com legenda, escala
em léguas, papel canson
telado, bom estado.
AHEX S/info
7 1831 RS
MAPPA NO QUAL SE MOSTRA EM ESBOÇO A
CONFIGURAÇÃO DOS CAMPOS DE VACARIA,
OS DE CIMA DA SERRA
Jozé Pedro Cesar
41 x 74,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, escala em léguas,
rosa dos ventos, nota
explicativa, papel canson,
telado, bom estado.
AHEX S/info
8 1831 SE
CARTA TOPOGRÁFICA DA PROVÍNCIA DE
SERGIPE
S/Autor
52,0 x 56,5cm.
(1 ex. FBN)
Manuscrito FBN mss
435
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
9 1832 CE
PLANO DO PORTO DO CIARÁ para mostrar a
posição das boias mandadas alli collocar pelo Ilmo.
Exmo. Snr. Joaquim José Roiz. Torres, Ministro e
Secretário de Estado dos Negócios da Marinha
anno de 1832
Ten. da Marinha
Joaquim Lucio de
Araújo
49 x 38 cm. (2
ex. AHEX) (5
ex. FBN)
Impresso, monocromático,
com legenda, com escala,
com rosa dos ventos, com
nota explicativa, papel canson,
telado, bom estado
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
10 1832 MA
PLANO DA BAHIA DE SAN MARCOS NA
ENTRADA DO PORTO DE SAN LUÍS DE
MARANHAN
Antônio Rodrigues
D’Araújo
50 x 39,5 cm.
(1 ex. AHEX)
(5 ex. FBN)
Impresso , monocromático,
com escala, com rosa dos
ventos, papel comum
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
11 1832 MA
PLANTA E FACHADA DO HOSPITAL MILITAR DO
MARANHÃO
Ten. J. J.
Rodrigues Lopes
49,5 x 39 cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, com escala,
com legenda, com rosa dos
ventos, papel canson, bom
estado
AHEX S/info
12 1832 PA
QUARTEL DO 25º BATALHÃO DE CAÇADORES
DE 1ª LINHA
Cap Joaquim
Rodrigues de
Andrade
37,5 x 42,5cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, nanquim, com
seta norte, escala em braças,
papel canson, bom estado.
AHEX S/info
13 1833 ES CARTA GEOGRÁFICA DE PARTE DO RIO DOCE
Antonio Pires da
Silva Pontes,
Governador da
Província,
desenhado por
Antonio José
Nunes.
111 x 162cm
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, escala em léguas,
papel tecido, bom estado,
copiado no EME por
Damasceno, em 1931.
AHEX S/info
14 1833 RJ
PLANTA TOPOGRÁFICA DA PROVÍNCIA DO RIO
DE JANEIRO
Oficiais Engs.
Vicente da Costa e
Almeida, Pedro
Bellegarde e J. F.
Koeler e pelo
Tenente da
Armada Joaquim
Raimundo de
Lamare
74 x 53,5cm.
(3 ex. AHEX)
(2 ex. FBN)
Impresso, monocromático,
com nota explicativa, com
rosa dos ventos, escala em
braças, papel canson telado,
bom estado.
AHEX
FBN
S/info
436
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
15 1834 PA
PERSPECTO DA BATERIA DO CASTELLO,
DESTA CIDADE, EM SEU ESTADO ATUAL NO
DIA 28 DE AGOSTO DE 1834.
S/Autor
51,5 x 44cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, escala em
braças, papel canson, bom
estado.
AHEX S/info
16 1834 PA
PLANO DA BATERIA DO CASTELLO DA CIDADE
DO PARÁ
Cap Joaquim
Rodrigues de
Andrade
54,5 x 43cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com
legenda, com seta norte,
escala em braças, papel
canson, bom estado.
AHEX S/info
17 1834 PA
PLANO DO FORTE DA BARRA DA CIDADE DO
PARÁ EM VISTA DE PÁSSARO, QUE MOSTRA O
SEU ESTADO RUINOSO NO DIA OITO DE
JUNHO DE 1834
Cap Joaquim
Rodrigues de
Andrade
45 x 60 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, nota
explicativa, legenda, seta
norte, escala em braças, papel
canson, restaurado por
Antonio Grosso, em fevereiro
de 1996.
AHEX S/info
18 1834 PA PLANO DO RIO DO PARÁ
Joze Fernandes
Portugal
34 x 27,5 cm.
(11 ex. FBN)
S/Info FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
19 1834 PA?
DISCRIÇÃO E PLANO DA COSTA, DESDE AS
SALINAS FALÇAS, ATÉ A CIDADE DO GRAM
PARÁ
S/Autor
73 x 53,5 cm.
(1 ex. FBN)
S/Info FBN Mss
20 1834 RJ
PLANTA DAS FORTIFICAÇÕES PERMANENTES
DO DISTRITO
Ten. J. X. G. de
Almeida
45,5 x 38cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com
legenda, com seta norte,
escala em palmos, papel
canson, bom estado.
AHEX
21 1835 AL
PLANO DAS ENCEADAS DE JARAGUA E
PAJUSÁRA
Joze Fernandes
Portugal
42 x 39 cm. (8
ex. FBN)
S/Info FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
437
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
22 1835 PB
PLANO DA BARRA RIO E PORTO DA PARAHIBA
DO NORTE
Joze Fernandes
Portugal
42 x 28 cm. (3
ex. FBN)
S/Info FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
23 1835 RJ
PLANTA E PERFIL DESDE A PRAIA DO BECO
DO PASSEIO PUBLICO ATÉ OS OBELISCOS
DOIS IRMÃOS NO ENCANAMENTO DA CARIOCA
S/Autor
50 x 28,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, escala em
braças, com rosa dos ventos,
papel canson, bom estado.
AHEX S/info
24 1835 RS
PLANO DO PORTO DA COLONIA DO
SACRAMENTO SOBRE A COSTA
SEPTENTRIONAL DO RIO DA PRATA
Leonidio Je. Glz
33 x 33 cm. (1
ex. AHEX) (5
ex. FBN)
Monocromático, nanquim, com
rosa dos ventos, papel canson,
telado, bom estado.
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
25 1836 GO
CARTA COROGRAFICA PLANA DA PROVINCIA
DE GOIAZ e dos julgados do Araxá e dezemboque
da provincia de Minas Geraes.
Raimundo José da
Cunha Mattos.
120 x 56 cm. (2
ex. FBN)
S/Info FBN
Lith. Vr.
Larée
26 1836
GO
MG
RJ
MAPPA DA MARCHA DO GENERAL CUNHA
MATOS desde a cidade do Rio de Janeiro, até a
serra da Marcella, antigo limite de Minas Gerais e
Goiaz
Raimundo José da
Cunha Mattos.
(1 ex. FBN) S/Info FBN
Lith. Vr.
Larée
27 1836 RJ
PLANTA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Levantada de 1812 (por Mar. de Campo Cony, Brig.
Andrea e out) até 1825 sob direção de Brig°.
Henrique F. Xavier de Brito, extendendo para 1828
pelos Cap. Joaquim Candido Guilhobel, Adolfo
Lellebon, Pedro Pexeral e outros.
Brig°. Henrique
Frederico Xavier
de Brito e outros
23 x 29 cm.
(1 ex. FBN)
S/Info FBN
Lith. Vr.
Larée
28 1837 BA
CARTA HYDROGRAPHICA DA BAHIA DE TODOS
SANTOS.
S/Autor
34,5 x 50 cm.
(1 ex. FBN)
S/Info FBN
Lith. Vr.
Larée
29 1837 RJ
CARTA COROGRAPHICA DA PROVÍNCIA DO RIO
DE JANEIRO segundo os reconhecimentos feitos
pelo coronel Conrado Jacob de Niemeyer e outros.
Pedro Taulois
62 x 106 cm. (1
ex. FBN)
1 mapa mss. : aquarelado. FBN Mss
438
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
30 1837 RJ
PLANTA TOPOGRAPHICA DA PROVINCIA DO
RIO DE JANEIRO
Officiaes
engenheiros
Vicente da Costa e
Almeida, Pedro
Bellegarde, Julio
Fred. Koeler e ...
Joaquim Raimundo
de lamare.
78 x 56 cm. (1
ex. FBN)
carta compreendida a
cidade de Nictheroy.
FBN S/info
31 1837 SP
MAPA TOPOGRÁFICO DOS TERRENOS
ADJACENTES À FABRICA DE FERRO DE SÃO
JOÃO DE IPANEMA
Major João Bloem
60,5 x 59 cm.
(1 ex. AHEX e
1 copia)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com notas
explicativas, papel canson
telado, bom estado, copiado
pelo Cap José Manoel da
Silva em 1850.
AHEX S/info
32 1837 SP
MAPPA CHOROGRAPHICO DA PROVINCIA DE
SAN PAULO
Daniel Pedro Miller
104 x 76 cm. (2
ex. FBN)
Paris, A. Orgiazzi. 1 mapa em
2 seções ; cada seção 104 x
76cm.
FBN S/info
33 1838 MA CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO S/Autor
51 x 81 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com
legenda, papel canson telado,
bom estado, copiado por
ordem do Presidente da
Província Luiz Alves de Lima
em 1840
AHEX S/info
34 1838 MA
CARTA GERAL DA PROVINCIA DO MARANHÃO
DIVIDIDA EM OITO COMARCAS
S/Autor
82 x 53 cm. (1
ex. FBN)
S/Info FBN
35 1838 RS PLANTA DA CIDADE DE PORTO ALEGRE S/Autor
45 x 58 cm. (2
ex. FBN)
Monocromático, impresso,
rosa dos ventos.
FBN
Lith. Vr.
Larée
36 1838 RS
PLANTA DO RIO DE SÃO GONÇALO NA
PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL - CIDADE
DE PELOTAS - BARRA DE SÃO GONÇALO
Ten. Pedro
Garcia da Cunha
48 x 65,5 cm.
(2 ex. AHEX)
(22 ex. FBN)
Monocromático, impresso,
escala em braças, nota
explicativa, rosa dos ventos,
papel canson, telado, bom
estado.
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
439
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
37 1838 SC
PLANTA DA PROVINCAI DE SANTA CATHARINA
E SEUS LIMITES
Engenheiros A. S.
Everard e A. M. A.
de Carvalho
71,5 x 52 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com seta
norte, papel canson.
AHEX S/info
38 1838 SP INTINERÁRIO DE SÃO PAULO À CUYABÁ
Conselheiro
Pimenta Bueno
69 x 65 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, com legenda, com
escala, papel canson telado,
bom estado, copiado pelo Cap
C. P. S. da Cunha em 1869.
AHEX S/info
39 1839 BA
PLANTA DO ACAMPAMENTO DE PIRAJÁ E
ITAPOAN
Antônio Pinto de
Siqueira
57 x 46,5 cm (2
ex. AHEX)
Monocromático, impresso,
com nota explicativa, escala,
com convenções, seta norte,
legenda, papel canson,
AHEX
Impress
o
40 1839 BA
PLANTA DO ACAMPAMENTO DE PIRAJÁ E
ITAPOÃN e mais pontos occupados tanto pelo
Exercito Imperial como pelas forças rebeldes desde
o dia 13/11/1837 até o dia 13/03 do anno seguinte
com a indicação das estradas por onde transitou o
mesmo Exército desde este dia até o da tomada da
cidade de S. Salvador pelo Illmo. e Exmo. Sr. João
Chisostomo Callado, Marechal de Campo, General
em Chefe do Exercito, em 16 do mesmo mez
Cap. Eng.
Henrique de
Beaurepere Rohan,
52 x 41 cm. (1
ex. AHEX) (4
ex. FBN)
Impresso, monocromático,
com escalas em milhas, com
legendas, com seta Norte,
papel comum
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
41 1839 BA
PLANTA TOPOGRÁFICA DA CIDADE DE SÃO
SALVADOR NA BAHIA DE TODOS OS SANTOS
Roberto Ferreira da
Silva
65 x 121 cm. (1
ex. FBN)
Real Archivo Militar FBN S/info
42 1839 RJ
CARTA COROGRÁFICA DA PROVINCIA DO RIO
DE JANEIRO segundo os reconhecimentos feitos
pelo Coronel Conrado Jacob de Niemeyer e outros.
Engenheiro Pedro
Taulois
72,5 x 69 cm.
(1 ex. AHEX)
(3 ex. FBN)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, papel canson,
AHEX
FBN
S/info
440
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
43 1839 RJ
EXTREMIDADE ORIENTAL DA CIDADE DE
ANGRA DOS REIS, ENTRE A PRAIA DO CARMO
E O CAMPO DA CHACARIA
S/Autor
45 x 31,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Lápis, lápis de cor, com rosa
dos ventos, escala em braças,
papel canson, bom estado,
Copiada em 1932 por J. Pinto
Guedes;
AHEX S/info
44 1839 RS
MAPPA DA PROVINCIA DE SAN PEDRO reduzido
segundo uma carta manuscripta / levantada debaxo
da direção do Ill.mo. e Ex.mo. Sñr. Visconde de S
Leopoldo
Joze Pedro Cesar,
Cor.el. de Milicias
52 x 66cm. (1
ex. FBN)
por Th. Duvotenay Geogr.fo.
Paris [França] : Depôt General
de la Guerra.
FBN S/info
45 1839 RS
PLANTA DA CIDADE DE PORTO-ALLEGRE com a
linha de trincheiras e fortificações que lhe tem
servido de defesa desde o memoravel dia 15 de
junho de 1836, com as
L. P. Dias
55 x 72 cm. (2
ex. AHEX) (4
ex. FBN)
Monocromático, impresso,
legenda, nota explicativa, rosa
dos ventos, papel canson,
telado, bom estado.
AHEX
FBN
Lith. Vr.
Larée
46 1839 RS
STAMPA DO THEATRO DA GUERRA PROVINCIA
DO RIO DE GRANDE DO S. PEDRO DO SUL
S/Autor
18,5 x 24 cm.
(1 ex. FBN)
S/Info FBN S/info
47 1840 AL AS LAGOAS DAS ALAGOAS Carlos de Mornay
43 x 34 cm. (1
ex. FBN)
1 Mapa ms. : aquarelado. FBN Mss
48 1840 AM
CARTA GEOGRÁFICA DA PARTE DA COSTA DO
NORTE, QUE COMPREENDE A FOZ DO RIO DAS
AMAZONAS DESDE UM ATÉ QUATRO GRAUS
DE LATITUDE BOREAL
S/Autor
38 x 56,5 cm.
(1 ex. AHEX)
(1 ex. FBN)
Llitografia, monocromático,
com rosa dos ventos, escala
em léguas, papel comum
telado, bom estado, copiado
pelo Ten. Jozé Jacques da
Costa Ourique
AHEX
FBN
(1841)
Litografi
a do
Archivo
Militar
49 1840 MA
CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DE MARANHÃO
(copia)
F. L. Ferreira.
50 x 80 cm. (1
ex. FBN)
Copiado por ordem do Ilmo. e
Exmo. Sr. Presidente e
comandante das armas da
mesma Província, Luiz Alves
de Lima.
FBN S/info
50 1840 MA
PLANTA DA CIDADE DE S. LUIS DO MARANHÃO
levantada e desenhada por ordem.
José Joaquim
Rodrigues Lopes
(1 ex. FBN) S/Info FBN S/info
441
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
51 1840 RJ CARTA DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO S/Autor
41 x 26 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, escala em
léguas, papel canson telado,
bom estado, restaurado por
Elisabeth do Valle Souto
Soares, em abril de 2001
AHEX S/info
52 1840 RJ CARTA DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO S/Autor
40 x 22,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Impresso, monocromático,
escala em léguas, papel
canson telado, bom estado;
AHEX
Impress
o
53 1840 RJ
CARTA DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO
1840
S/Autor
21,5 x 35,5cm.
em folha 32 x
46,3 cm (1 ex.
FBN)
Impresso - tipografia, gravado
por J.A.P. monocromático,
escala grafica em léguas.
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
54 1840 RJ
FACHADAS DA NOVA IGREJA MATRIZ DE N. S.
DA GLÓRIA
Ten. Cel Domingos
Monteiro
42,5 x 65 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, escala em
palmos, com seta norte, papel
canson, bom estado.
AHEX S/info
55 1840 RJ
PLANO HIDROGRÁFICO DA BAIA DO RIO DE
JANEIRO
Capitão - Tenente
Diogo Jorge de
Brito
89 x 129 cm. (1
ex. AHEX)
Litografada em 1870,
monocromático, com nota
explicativa, com seta norte,
escalas em braças e milhas,
papel canson telado, mau
estado.
AHEX
Litografi
a
56 1840 RJ
PROJECTO DE ARRUAMENTO DA VILLA DE
MACAHÉ
G. J. S. Pimentel
56,5 x 81cm. (2
ex. FBN)
Manuscrito, um assinado e
outro s/info
FBN Mss
57 1840 RJ
RECONHECIMENTO DO NOVO CAMINHO
ENTRE O ARROZAL E O SIRAHY
F. Carneiro de
Campos
31 x 19,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com seta
norte, escala em léguas, papel
canson telado, bom estado.
AHEX S/info
58 1840
RJ
PR
SC
MAPA DO LITORAL SUDESTE DO BRASIL,
abrangendo de Angra dos Reis até a ilha de Santa
Catarina.
S/Autor
108 x 79 cm.
(1 ex. FBN)
Paris : Dépôt General de la
Guerre. 1 mapa incompleto
FBN S/info
442
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
59 1840 RS MAPPA DO RIO GRANDE DO SUL L. Zambeccari
50,5 x 64,5cm.
(3 ex. FBN)
Impresso, monocromatico. FBN
Lith. Vr.
Larée
60 1840 RS
PLANTA INDICANDO O TERRENO QUE DEVE
SER OCCUPADO PELO FORTIM, QUE SE TEM
DE CONSTRUIR A ESQUERDA DA VILLA DE
JAGUARÃO
Major José Victoria
Soares d’Andrea
38,5 x 50 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorida, nanquim, aquarela,
tinta colorida, escala em
palmos, seta Norte, papel
canson, bom estado, copiado
pelo Ten. Antonio Pedro
Lecór, em 1850.
AHEX S/info
61 1840 RS PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL (COPIA)
Cel. José Pedro
Cezar
181 x 167,5cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, impresso,
escala em léguas portuguesas,
papel canson, telado, Copiado
segundo o mapa do Cel. José
Pedro Cezar, por Joaquim
Carlos de Niemeyer.
AHEX S/info
62 1840 SC
PLANO DOS RIOS DE S. FRANCISCO,
ARAQUARI E TREZ BARRAS
Antonio Xavier de
Noronha Torezão
72 x 54 cm. (1
ex. FBN)
1 mapa ms. : Desenho a
nanquim
FBN Mss
63 1840 CARTA DO CAMPO DO PIRARA. S/Autor
55 x 43 cm. (1
ex. FBN)
Mapa manuscrito, colorido,
aquarelado.
FBN Mss
64 1841 AM
CARTA QUE COMPREENDE PORÇÃO DO RIO
NEGRO DESDE A VILLA DE BARCELLOS ATÉ O
POSTO DE MARITABANAS
Ten Cel Jozé
Simões de
Carvalho em 178l,
82 e 91,
desenhado por
Villa Boas em 1841
143,5 x 74cm.
(2 ex. AHEX)
(1 ex. FBN)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, papel canson
telado, bom estado, copiado
pelo Cap João Soares Neiva
em 1875
AHEX
FBN
S/info
65 1841
AP
GF
CARTA DA COSTA DA GOIANA PORTUGUEZA E
FRANCEZA desde o Forte de Macapa athé Cayena
formada por ordem do Governador e Capitão
General do Estado do Pará no anno de 1808
Antonio Pinto de
Siqueira
69 x 51 cm. (1
ex. FBN)
S/Info FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
66 1841
AP
PA
MAPPA DA REGIÃO AMAZONICA indicando a
fronteira com as Guianas Francesa e Holandesa.
Villas Boas
29,9 x 47,0cm.
(1 ex. FBN)
Mapa manuscrito aquarelado FBN Mss
443
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
67 1841 MA CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
26 x 41 cm. (1
ex. AHEX)
Impresso, monocromático,
com legenda, papel canson
telado, bom estado.
AHEX
Impress
o
68 1841 MA CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
29 x 43 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com
legenda, papel canson telado,
bom estado, copiado por
Antônio Maria Cabral de Mello
em 1845.
AHEX S/info
69 1841 MA CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
28 x 43 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com
legenda, papel canson telado,
bom estado, copiado pelo Ten.
Antônio Pedro Lecór.
AHEX S/info
70 1841 MA
CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO
correcta e augmentada desenhada e offerecida a
Sociedade Literaria do Rio de Janeiro ... sob a
direção de Antonio P. F. M. Antas .
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
39,5 x 25cm.
(1 ex. FBN)
FBN
Socieda
de
Literaria
do Rio
de
Janeiro
71 1841 MA MAPA DA ILHA DO MARANHÃO
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
57 x 45 cm.
(1 ex. AHEX)
Impresso, colorido, com seta
Norte, escala em léguas, papel
canson telado, bom estado.
AHEX
Impress
o
72 1841 MA
MAPA DE PARTE DA PROVÍNCIA DO
MARANHÃO
Ten. Cel. Eng. A.
N. de Aguiar
63,5 x 52 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, aquarela,
com nota explicativa, escala
em braças, papel canson
telado, copiado pelo Cap. Eng.
Luiz José da França, em 1862.
AHEX S/info
73 1841 MA
MAPA DE PARTE DA PROVÍNCIA DO
MARANHÃO, por ordem do Cel. Luiz Alves de
Lima.
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
60 x 48 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, escala em
braças, papel comum telado.
AHEX S/info
444
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
74 1841 MA
PLANTA DO FORTE DA VERA CRUZ E
CAXOEIRA DO RIO ITAPUCURÚ
Tenente J. V. V. da
Silva
51,5 x 37cm.
(2 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, escala em
palmos, papel canson, telado,
copiado pelo Capitão José
Joaquim Rodrigues Lopes, por
ordem do General Luiz Alves
de Lima.
AHEX S/info
75 1841 MA
PLANTA DO FORTE DE SANTO ANTÔNIO DA
BARRA, A ENTRADA DO MARANHÃO, levantada
em 1837 e desenhada em 1841.
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
44,5 x 37,5 cm
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, com escala, com
legenda, papel canson, bom
estado.
AHEX S/info
76 1841 MA
PLANTA DO FORTE S. MARCOS NA ENTRADA
DO PORTO DO MARANHÃO, levantada em 1837 e
desenhada em 1841.
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
46 x 41 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela com escala,
com legenda, papel canson,
bom estado.
AHEX S/info
77 1841 MA
PLANTA DO QUARTEL D’OURIQUE DO
MARANHÃO
Cap. José Joaquim
Rodrigues Lopes
55 x 37,5 cm.
(1 ex. AHEX)
(1 ex. FBN)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, com escala, com
legenda, com rosa dos ventos,
papel tecido.
AHEX
FBN
Mss
78 1841 PE
MAPA TOPOGRÁFICO DE PARTE DAS
PROVÍNCIAS DE PERNAMBUCO, ALAGOAS E
PARAHIBA
Ten. D. da F. Lima
47 x 50,5 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, escala em
léguas, com rosa dos ventos,
papel canson, bom estado.
AHEX S/info
79 1841 RJ
CARTA GEOGRÁFICA DA PARTE ORIENTAL DA
PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO
Ten. Damazo da
Fonseca Lima e
Ten. José Joaquim
D’Avila
74 x 53 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, com seta norte,
escala em léguas, papel
canson telado, bom estado.
AHEX S/info
80 1841 RJ PLANTA DA FORTALEZA DO VILLAGALHON
Capitão de
Engenheiros
Jacinto Dezidério
Cony
88,5 x 33,5 cm
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, aquarela,
com legenda, com rosa dos
ventos, papel canson, bom
estado.
AHEX S/info
445
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
81 1841 RJ
PROJECTO DE ARRUAMENTO DA CIDADE DE
CABO FRIO
G. J. da Silva
Pimentel &
Augusto Fernandes
Pinheiro.
91,7 x 91,6cm.
(1 ex. FBN)
Mapa manuscrito. FBN Mss
82 1841 SC
PLANTA DA VILLA DE N. S. DOS PRAZERES DE
LAGES JUNTO AO RIO DAS CAVEIRAS
Ten. Jozé
Saturnino da Costa
Pereira
46,5 x 38 cm.
(1 ex. AHEX -
copia)
Colorida, nanquim, tinta
colorida, aquarela, nota
explicativa, papel canson
telado, bom estado. Copiada
de outra feita em 1769 pelo
Ten. Jozé Saturnino da Costa
Pereira em 184l.
AHEX S/info
83 1841 SE?
MAPPA GEOGRAFICO DA VILLA DE LUZIA E
SEU TERMO
S/Autor
49 x 40,0 cm.
(1 ex. FBN)
Mapa manuscrito aquarelado FBN Mss
84 1841 SP
CARTA TOPOGRAFICA DE UMA PARTE DA
PROVINCIA DE SÃO PAULO
Sargento Mor
Engenheiro João
da Costa Ferreira,
desenhado no
Arquivo Militar pelo
Tenente A. A P.
R. Cirne
42,5 x 33 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com seta
norte, escala em léguas, papel
canson, telado, bom estado.
AHEX S/info
85 1842 AL
CARTA TOPOGRÁPHICA DA PROVÍNCIA DAS
ALAGOAS Corrigida da Carta do Governo de 1820
de outras cartas até o ano de 1838, e de
informações e observações parciais até agora, que
de ordem do Ilmo e Exmº Sem. Manoel Felizardo
de Souza e Mello o Presidente da Província
Eng. Carlos de
Mornay
59,5 x 59cm (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com seta
norte, papel canson telado,
mau estado, copiado em 1854
por Marcolino Rodigues da
Costa
AHEX S/info
86 1842 AM
CARTA GEOGRAFICA DA PARTE DA COSTA DO
NORTE QUE COMPREENDE A FOZ DO RIO
AMAZONAS desde hum até quatro graos de latitude
Boreal.
Leonídio José
Gonçalves.
51,5 x 34,5cm.
(5 ex. FBN)
S/Info FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
446
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
87 1842 BA
PLANTA D’UMA PARTE DO RIO GRANDE DE
BELMONTE OU JEQUITINHONHA
Eng. Andre
Prcewodowski
110 x 41,5 cm
(2 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, aquarela,
com escala, nota explicativa,
papel canson, telado, bom
estado, copiado pelo Cap.
Antônio Pedro Lecor em 1857.
AHEX S/info
88 1842 MG
PLANTA DO ARRAIAL DE SANTA LUZIA E SUAS
IMMEDIAÇÕES com as posições occupadas pelos
rebeldes e as tropas imperiaes[sic] no combate em
20 do mez d'agosto de 1842 sob o comando do
Exmo. General em Chefe Barão de Caxias.
Eng. Fernando
Halfeld
63,5 x 47,5cm
(1 ex. AHEX)
(1 ex. FBN)
Impresso, monocromático,
com nota explicativa, com
seta Norte, escala em braças,
papel canson, telado, bom
estado.
AHEX
FBN
Impress
o
89 1842 RJ
CARTA DA SECÇÃO DAS OBRAS PUBLICAS
DA PROVINCIA DO RIO DE JANEIRO
F Carneiro de
Campos
(1 ex. FBN) Rio de Janeiro : P. Ludwig. FBN S/info
90 1842 RJ
PLANTA DA CIDADE DE S. SEBASTIÃO DO RIO
DE JANEIRO e da maior parte de seus termos.
Começada a levantar em 1826 e interrompida
desde 1828 pelos officiais empregados no Archivo
Militar da Corte
S/Autor
95,5x122,14cm
(1 ex. FBN)
Mapa manuscrito, desenho em
nanquin, aquarelado, copiada
do archivo militar pelos
segundos tenentes J.J.
d'Alcantara e A. P. de F. M.
Antas, e outros.
FBN Mss
91 1842 RS
PLANTA DAS TORRES E SUAS IMEDIAÇÕES
POSIÇÃO LIMÍTROPHE ENTRE AS PROVÍNCIAS
DO RIO GRANDE E SANTA CATARINA
Major do Imperial
Corpo Engenheiros
Geronimo
Francisco Coelho e
Ten Chiristiano
Pereira de
Azevedo Coutinho
79 x 61 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, com seta Norte,
escala em braças, papel
canson telado, bom estado,
copiado pelo Ten. E.M. de
classe Tito da Franca Amaral.
AHEX S/info
447
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
92 1842 SC
CARTA COROGRAPHICA DA PROVÍNCIA DE
SANTA CATARINA
José Joaquim
Machado de
Oliveira
92 x 54,5cm.
(3 ex. FBN)
(2 ex. AHEX e
1 copia)
Monocromático, com legenda,
com abreviaturas, escala em
braças, papel canson telado,
bom estado, copiado pelo Ten
Antonio Pedro Lecor em 1850.
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
93 1842 SC MAPA DA VILLA DA LAGUNA
Maj Jerônimo
Francisco Coelho
86 x 75,5cm. (1
ex. AHEX)
Monocromático, nanquim, com
nota explicativa, escala em
braças, papel canson telado,
bom estado, copiado pelo Cap
Luis Pedro Lecor em 1873.
AHEX S/info
94 1842 SC
MAPA TOPOGRÁFICO DA PARTE SUL DA
PROVÍNCIA DE SANTA CATHARINA
comprehendendo a costa desde o morro de
Imbituba até as torres e os rios e lagoas interiores.
Ten Cel Jerônimo
Francisco Coelho
100,5 x 85,5cm
(2 ex. AHEX)
(1 ex. FBN)
Monocromático, nanquim, nota
explicativa, seta norte, escala
em braças, papel canson,
copiado pelo Maj Francisco V.
de Castro Tavares e pelo Maj
Antonio Pedro Lecor em 1872.
AHEX
FBN
S/info
95 1842 SC
MAPPA CHOROGRAPHICA DA PROVINCIA DE
STª. CATHARINA, parte da Pa. de S. Paulo e da
Pa. de Rio Grande do Sul e parte da república do
Paraguay
Major Engenheiro
C. Van Lede
64 x 78 cm. (3
ex. FBN) (1
ex. AHEX -
copia)
Impresso, monocromatico,
nota explicativa, papel canson
telado, Cia Belgo-Brasileira de
Colonização. Copiado pelo
Major Umbelino Alberto de
Campo Limpo em 1868.
AHEX
FBN
gravé
par J.
Collon.
Bruxelas
(Bélgica)
96 1842 SC
PLANTA DO PASSO DA BARRA DA LAGOA DO
CAMACHO
Major Jerônimo
Francisco Coelho
56,5 x 70,5 cm
(1 ex. AHEX)
Monocromático, nanquim,
escala em braças, papel
canson telado, copiado pelo
Major Antonio Pedro Lecor em
1872.
AHEX S/info
448
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
97 1842 SP CARTA DA CAPITAL DE SÃO PAULO
Engenheiro José
Jacques da Costa
Ourique
91,5 x 68 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, aquarela,
nota explicativa, escala em
braças, seta norte, papel
canson telado, restaurado por
Elisabeth do Valle Souto
Soares, em março de 2001.
AHEX S/info
98 1843
AL
CE
PB
PE
RN
CARTA COROGRAPHICA DEDICADA A S.M.I. O
SENHOR D. PEDRO II CONTENDO AS
PROVINCIAS DE ALAGOAS, PERNAMBUCO,
PARAHIBA, RIO GRANDE DO NORTE, E CEARÁ
arranjada sobre os trabalhos existentes,
reconhecimentos e mais exames feitos desde 1819.
Conrado Jacob de
Niemeyer &
Marcos Pareira de
Sales
81,5 x 62cm. (3
ex. FBN)
Rio de Janeiro : Heaton e
Rensburg.
FBN S/info
99 1843
AP
GF
CARTAS RELATIVAS AOS LIMITES ENTRE O
IMPERIO DO BRASIL E A GUYANA FRANCEZA.
S/Autor
24,0 x 30,0cm.
(1 ex. FBN)
2 mapas ; 24,0 x 30,0cm
(cada)
FBN S/info
100 1843
PR
SC
ESBOÇO DO MAPPA DOS CAMPOS DE PALMAS
E TERRITÓRIOS CONTÍGUOS
Tito Alves de Brito
50,5 x 61cm. (2
ex. AHEX) (11
ex. FBN)
Impresso, monocromático,
escala em léguas, papel
canson telado, bom estado.
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
101 1843 RJ
PLANTA DA ESTRADA DA ESTRELA DESDE O
LUGAR DA FÁBRICA DA PÓLVORA INCLÚINDO
PARTE DA POVOAÇÃO DO PORTO
José da Vitória
Soares de Andrea
e João Rodrigues
Silva
61 x 86,5 cm.
(2 ex. AHEX, 1
colorido)
Monocromático, nanquim, tinta
colorida, com seta norte,
escala em braças, papel
canson, bom estado.
AHEX S/info
102 1843 RS
DISPOSIÇÃO DA FORÇAS IMPERIAL E
REBELDE, NO ATTÁQUE DE PONCHE VERDE na
Provincia do Rio Grande do Sul em 26 de maio de
1843: sendo prezidente e comandante em chefe o
General Barão de Caxias
Tito Alves de Brito
22,5 x 31,5cm.
(1 ex. FBN)
S/Info FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
103 1843 RS
MAPPA DA PROVINCIA DE S. PEDRO DO SUL e
terrenos adjacentes das provincias limitrofes.
S/Autor
45,0 x 54,0cm.
(1 ex. FBN)
S/Info FBN
Lit. do
Archivo
Militar
449
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
104 1843 RS
MAPPA DA PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO DO SUL
E TERRENOS ADJACENTES DAS PROVÍNCIAS
LIMITROFES
A. R. de Araújo
54,5 x 45,5cm
(4 ex. AHEX) (7
ex. FBN)
Monocromático, nanquim,
escala em léguas, nota
explicativa, papel canson.
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
105 1843 RS
MAPPA TOPOGRÁPHICO DA VILLA DE SÃO
GABRIEL COM SEUA AREREDORES E
FORTIFICAÇÕES TRAÇADOS
Major do Imperial
Corpo de
Engenheiros
Miguel de Frias e
Vasconscellos
74 x 70,5 cm.
(2 ex. AHEX)
Monocromático, impresso,
legenda, seta Norte, escala
em palmos, papel canson,
telado, sendo a fortificação
pelo mesmo projetada e
começada em 1843.
AHEX S/info
106 1843 SP
PLANTA COROGRÁPHICA DO LUGAR DAS
CALDAS DO SUL DO RIO CUBATÃO E SEUS
ARREDORES levantada em 1841.
Major Miguel de
Frias e
Vasconcelos
30,5 x 36 cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, com legenda,
escala, seta Norte, papel
canson, telado, bom estado,
cópia impressa feita por A. M.
S. Rodrigues.
AHEX S/info
107 1843 SP
PLANTA DO TERRENO DA FÁBRICA DE FERRO
DE IPANEMA E TERRENOS QUE O CIRCUNDAM
DE QUE O ESTABELECIMENTO ESTA DE
POSSE
Ten. A. Pinto
35,5 x 29 cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, nanquim, com
nota explicativa, com seta
Norte, papel tecido, bom
estado.
AHEX S/info
108 1844 AM
CÓPIA DA PLANTA DA CIDADE DA BARRA DO
RIO NEGRO
Capitão Tenente
Raphael Lopes
Anjo
76,5 x 44,5cm
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, aquarela,
com nota explicativa, seta
norte, escala em braças, papel
canson telado, bom estado,
copiado pelo Cap Franklin A.
da Costa Ferreira
AHEX S/info
109 1844 AM
CÓPIA DA PLANTA DA CIDADE DA BARRA DO
RIO NEGRO
Capitão Tenente
Raphael Lopes
Anjo
77 x 45 cm (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, seta norte, escala
em braças, papel canson
telado, bom estado, copiado
pelo Cap João Pedro de
Gusmão, em 1853
AHEX S/info
450
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
110 1844 MA CARTA GERAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO
Cap. Franklin
Antônio da Costa
Ferreira
74 x 87 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, com legenda,
papel canson telado, bom
estado.
AHEX S/info
111 1844 MS
CARTA DO RIO PARAGUAY DESDE O FORTE
OLIMPO ATÉ A CIDADE DA ASSUMPÇÃO
Augusto Leverger.
30,0 x 21,0cm.
(1 ex. FBN)
1 mapa manuscrito em 11 fls. FBN Mss
112 1844 RJ
PLANTA CADASTRAL DA FAZENDA NACIONAL
NA LAGOA DO RODRIGO DE FREITAS
P. Saignoux
82 x 98 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com rosa
dos ventos, escala em braças,
papel canson telado, bom
estado.
AHEX S/info
113 1844 RJ
PLANTA DA FAZENDA NACIONAL NA LAGOA DE
RODRIGO DE FREITAS, CONTENDO AS
ALTERAÇÕES POSTERIORES ATÉ 1868
Engenheiro
Francisco Pereira
da Silva
117 x 154 cm
(3 ex. AHEX, 1
copia em papel
veg. e 1 parte)
cópia heliográfica, com
legenda, com escala em
metros, papel canson.
AHEX S/info
114 1844 RJ
PLANTA HIDRO-TOPOGRÁFICA DA ESTRADA
DO COMMÉRCIO ENTRE OS RIOS IGUASSÚ E
PARAHIBA com todos os rios, ribeirões pricipaes,
corregos, lagrimaes (sic) e torrentes que atraveso
a dita estrada
Cel Conrado Jacob
de Niemeyer
20,5 x 84 cm.
(1 ex. AHEX)
(1 ex. FBN)
Impresso, monocromático,
com nota explicativa, com
observações, com seta norte,
escala em braças e léguas,
papel canson, bom estado.
AHEX
FBN
Heaton
e
Rensbur
g Lith
115 1844 RS ESBOÇO DA LAGOA DOS PATOS
Joaquim Raimundo
de Lamare
53,0 x 34,0cm.
(1 ex. FBN)
Mapa manuscrito FBN Mss
116 1844 RS MAPPA DA LAGOA DOS PATOS
Joaquim Raimundo
de Lamare
(1 ex. FBN) Mapa manuscrito FBN Mss
117 1844 SE
CARTA COROGRÁFICA PARA A DIVISÃO DAS
COMARCAS E MUNICÍPIOS DA PROVÍNCIA DE
SERGIPE DEL REY organisada pelas informações
exames e de varias cartas as mais exactas que
existem até hoje
Ten Cel João
Bloem
62 x 81 cm. (1
ex. AHEX) (6
ex. FBN)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com nota
explicativa, papel canson
telado, bom estado.
AHEX
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
451
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
118 1845 AM CARTA DA COMARCA DO ALTO AMAZONAS
Capitão Tenente
Raphael Lopes
Anjo
69 x 92 cm. (1
ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, notas
explicativas, seta norte,
escala, dividida em duas
partes, papel canson telado,
bom estado, copiado no
Archivo Militar em 1851
AHEX S/info
119 1845 AM PLANTA DAS VILLAS DE MANAOS E EGA
Capitão Tenente
Raphael Lopes
Anjo
130,5 x 92,5cm
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, nota
explicativa, legenda, seta
norte, escala em braças, papel
canson telado, bom estado,
copiado pelo Ten. M. R. B. de
Brito em 1846
AHEX S/info
120 1845 MA
PLANTA DO TERRENO DE MARINHA DO
PORTINHO A FONTE DAS PEDRAS
Major José
Joaquim Rodrigues
Lopes
58 x 95 cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, com nota explicativa,
com rosa dos ventos, escala
em braças, mau estado.
AHEX S/info
121 1845 MS
MAPPPA TOPOGRÁPHICO DO RIO PARAGUAY :
desde a Bahia Negra até o Jaurú 'Offerecido A S.
M. o imperador D. Pedro II. Por Duarte da ponte
Ribeiro''.
Marechal Antonio
José Rodrigues
51 x 300 cm. (1
ex. FBN)
Mapa manuscrito aquarelado FBN Mss
122 1845 MT
PLANTA DO EDIFICIO DO ARSENAL DE GUERRA
DE CUIABÁ NO ESTADO EM QUE SE ACHA EM 2
DE MAIO DE 1845
S/Autor
51 x 60 cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, tinta
ferrogálica, com seta Norte,
papel canson, bom estado.
AHEX S/info
123 1845 PE PLANO DA ILHA DE FERNÃO DE NORONHA
Joze Fernandes
Portugal
45 x 55,5 cm.
(9 ex. FBN)
S/Info FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
124 1845 RJ
MAPPA HIDROGRAPHICO DO ANCORADOURO
DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO :
comprehendido entre a Ponta do Trem, Ilha dos
Ratos e Prainha
S/Autor
66 x 89 cm. (1
ex. FBN)
Mapa manuscrito aquarelado FBN Mss
452
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
125 1845 RS
CARTA DA PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL
/ V.A.O.
S/Autor
86 x 87,5 cm (1
ex. FBN)
Mapa manuscrito FBN Mss
126 1845 RS MAPA DO RINCÃO DO SAICAN S/Autor
31 x 39 cm. (1
ex. AHEX)
Impresso, monocromático,
com nota explicativa, com
seta norte, escala em léguas,
papel canson.
AHEX
Impress
o
127 1845 RS MAPPA DA PROVINCIA DE S. PEDRO DO SUL S/Autor (1 ex. FBN) S/Info FBN
Lit.Archi
vo
Militar
128 1845 RS
PLANTA DA FAZENDA DO CRISTAL antiga
propriedade de Antonio José da Silva Guimarães
nos subúrbios da cidade de Porto Alegre,
confeccionada ... para esclarecimento da compra
que se pretende fazer de uma parte della para
estabelecimento de um colégio de educação
Marcolino Roiz da
Costa
41 x 56,5cm. (1
ex. FBN)
Mapa manuscrito FBN Mss
129 1845 RS
PLANTA E PERFIL DO FORTE MANDADO
CONSTRUIR, NO CERRITO DO JAGUARÃO POR
S.ª EX.ª POR SEN OR CONDE DE CAXIAS, EM
JUNHO DE 1845
Ten. João Pedro
de Gusmão e
Vasconcellos Mariz
58,5 x 38,5cm.
(2 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
ferrogálica, tinta colorida,
aquarela, escala em palmas,
papel canson telado, bom
estado.
AHEX S/info
130 1845 SP
PLANTA DO TERRENO DA FABRICA DE FERRO
DE IPANEMA e terrenos que o circundão de que o
estabelecimento está de posse
. A. P. de F. M.
Antas
27,0 x 35,0cm.
(1 ex. FBN)
Lith. Leonidio. FBN S/info
131
1826/
33
RJ PLANTA DO MORRO DO CASTELLO S/Autor
44,5 x 48,5cm.
(1 ex. AHEX)
Colorido, nanquim, tinta
colorida, aquarela, com escala
em braças, com seta norte,
papel canson telado, bom
estado, copiada pelo Ten
Vicente Ferreira Gomes.
AHEX S/info
453
Cartas, plantas, mapas feitos entre 1831 e 1845 encontrados na Fundação Biblioteca Nacional e no Arquivo Historico do Exército
ANO
LO
TITULO
AUTOR
DIM e QTD
OBS
ARQ
TIPO
132
1835
?
PE
MAPPA GEOGRÁPHICO DA CAPITAL DA
PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO ATHÉ O RIO S.
FRANCISCO dado pelo desembargador Joze de
Mendonça de Matos Moreira; indicando as matas
que podem servir para a construção da Marinha de
Guerra, e mercantil; e os terrenos proprios a
agricultura.
José de Mendonça
de Matos Moreira
73,5 x 36cm. (1
ex. AHEX) (1
ex. FBN)
Monocromático, nanquim, com
nota explicativa, com seta
norte, escala em léguas, papel
canson telado, bom estado,
copiado pelo Ten Antonio
Carneiro Leão em 1835.
AHEX
FBN
S/info
133
1839/
40
MG
RJ
MAPA DA ESTRADA ENTRE OURO PRETO E RIO
DE JANEIRO
Comissão de
Geografia
49,5 x 141,5cm
(2 ex. AHEX)
Monocromático, nanquim, com
nota explicativa, escala em
léguas, papel canson telado,
mau estado.
AHEX S/info
134 184.. SC
MAPPA DA MEDIÇÃO E DEMARCAÇÃO DAS
VINTE CINCO LEGOAS QUADRADAS das terras
concedidas em complemento do dote da
sereníssima princeza de Joinville a Sa. D. Francisca
comprehendendo os terrenos adjacentes ao Rio de
S. Francisco e ilha do mesmo nome na Província de
S.Catharina
Jerônimo
Francisco Coelho
tenente coronel do
Imperial Corpo de
Engenheiros e
chefe da Comissão
de Engenheiros
63 x 73,5 cm.
(2 ex. FBN)
Reduzida a menor escala pelo
capitão Luiz Pedro Lecor.
Imperial Corpo de
Engenheiros do Exercito.
FBN
Litografi
a do
Archivo
Militar
135
1842/
45
RJ
PLANTA DOS TERRENOS DA FÁBRICA DA
PÓLVORA DA ESTRELLA COMPRADOS A JOÃO
ANTÔNIO ALBERNAZ
S/Autor
46,5 x 66 cm.
(1 ex. AHEX)
Monocromático, nanquim,
aquarela, com seta norte,
escala em braças, papel
canson, mau estado;
AHEX S/info
454
61
A
NEXO 3
Relação dos cartógrafos dos mapas entre 1831
e 1845
Cartógrafos das Plantas, Mapas e Cartas entre 1831 e 1845.
Cartógrafo
Nasc/morte
patente
observações
1
A. Pinto 1 Tenente
2
Adolfo Lellebon 1 Capitão
3 Andre Przewodowoski (1799-1879) 1 Engenheiro
Nascido em Varsóvia chegou aqui em 1839 e depois
naturalizou-se brasileiro.
4 Antonio José da Silva Paulet (17 - 18 ) 1 Tenente Coronel
Voltou à Portugal em 1820, autor do 1° Plano
urbanístico de Fortaleza
5
Antonio Jose Nunes 1
6
Antonio José Rodrigues (1774-18 ) 1 Marechal Em 1834 encerrou a carreira como Marechal
7 Antonio Nunes de Aguiar (1807-1876) 1 Tenente Coronel
Foi presidente da Província de Alagoas. Coronel do
Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
8 Antonio Pinto de Figueiredo Mendes Antas 1 Capitão
Fez o plano do edifício da atual pref. de Valença.2°
Tenente do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
9
Antonio Pinto de Siqueira 2
10
Antonio Rodrigues D'Araujo (A. R. De Araujo) 2
11
Antonio Xavier de Noronha Torrezão 1 2° Tenente da Marinha Comanda a escuna 'Bela Americana' em 1837
12
Augusto Fernandes Pinheiro 1 Engenheiro
13
Augusto João Manoel Leverger (1802 - 1880) 1 Capitão de Fragata Barão de Melgaço - Augusto João Manoel Leverger
14
Carlos de Mornay 2 Engenheiro civil Trabalhou bastante em Aracaju
15 Carlos Van Lede 1 Major Engenheiro Belga, instalou 90 patrícios as margens do Itajaí, SC
16 Christiano Pereira de Azevedo Coutinho 1 Tenente
Desenhador do Archivo Militar em 1844. Tenente
do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
17
Comissão de Geografia 1
18
Conrado Jacob de Niemeyer (1788 - 1862) 2 Coronel de Engenheiros
19
Damazo da Fonseca Lima 1 Tenente Eng. Administrador das obras do 4° distrito do RJ
20
Daniel Pedro Müller (1769 - 1841) 1 Marechal de Campo Produziu um ensaio estatístico de São Paulo
21
Diogo Jorge de Brito ( - 1830) 1 Capitão - Tenente Foi Ministro da Marinha de 1827 a 1828
22
Domingos Monteiro 1 Tenente Coronel
23
Fernando Luiz Ferreira (F. L. Ferreira) 1 Major Major do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
24 Francisco Pereira da Silva 1 Engenheiro/Tenente
Tenente do Imperial Corpo de Engenheiros em
1844.
25
Franklin Antonio da Costa Ferreira 1 Capitão
26
Frederico Carneiro de Campos (1800 - 1867) 2 Tenente Coronel Presidente da Província da Paraíba
OBS: Alguns dos nomes foram corrigidos baseados na descrição dos componentes do Imperial Corpo de Engenheirosexistente no Almanak Laemmert. 454
Cartógrafos das Plantas, Mapas e Cartas entre 1831 e 1845.
Cartógrafo
Nasc/morte
patente
observações
27 Galdino Justiniano da Silva Pimentel (1803 - 1878) 1 Tenente Coronel
Vice-Diretor do Arsenal de Guerra em 1844. Tenente-
Coronel do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
28 Henrique de Beaurepaire Rohan (1812 - 1894) 1 Marechal do exército
Visconde de Beurepaire-Rohan, Ministro da Guerra e
Presidente das Províncias do Para e da Paraíba.
Major Graduado do Imperial Corpo de Engenheiros
em 1844.
29
Henrique Frederico Xavier de Brito 1 Brigadeiro
30 Henrique Guilherme Fernando Halfeld (1797 - 1893) 1 Engenheiro
Eng. Alemão, adota a nacionalidade brasileira em
1835 como eng. Chefe da Província de Minas Gerais.
Fundador da cidade de Juiz de Fora, MG.
31
Jacinto Desidério Cony (1799 - 1814) 1 Capitão de Engenheiros
32 Jerônimo Francisco Coelho (1806 - 1860) 4 Major de Engenheiros
(Ou Jeronymo). Foi presidente das províncias do Rio
Grande do Sul e Grão Para e Ministro da Guerra.
Tenente-Coronel do Imperial Corpo de Engenheiros
em 1844.
33 João Bloem ( - 1851) 3 Major de Engenheiros
Autor do plano diretor de Recife, foi diretor da Real
Fabrica de Ipanema de 1835 a 1842. Adido do
Imperial Corpo de Engenheiros em 1844 (Major).
34
João da Costa Ferreira (1750 - 1822) 1 Sargento Mor Engenheiro Chegou em São Paulo em 1788
35 João Pedro de Gusmão e Vasconcellos Mariz 1 1° Tenente
Tenente do Imperial Corpo de Engenheiros em
1844.
36 João Rodrigues da Silva 1 Capitão
Tenente do Imperial Corpo de Engenheiros em
1844.
37 João Victo Vieira da Silva (1809 - 1869) 1 Tenente Coronel
Lutou na guerra do Paraguai. Capitão do Imperial
Corpo de Engenheiros em 1844.
38 Joaquim Candido Guillobel (1787 - 1859) 1 Tenente
Desenhista, aquarelista, arquiteto, topógrafo e
cartógrafo. Lente da Escola Militar em 1844.Major do
Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
39
Joaquim Lucio de Araujo ( - 1884) 1 Ten. Da Marinha
40
Joaquim Raimundo de Lamare (1811-1889) 4 Ten. da Armada
41 Joaquim Rodrigues de Andrade 3 Capitão
Destacou-se na defesa do Arsenal de Guerra durante
a Cabanagem
42 José Antonio Pimenta Bueno (1803 - 1878) 1 Conselheiro
Marques de São Vicente, Presidente das províncias
de Mato Grosso e Rio Grande do Sul
OBS: Alguns dos nomes foram corrigidos baseados na descrição dos componentes do Imperial Corpo de Engenheirosexistente no Almanak Laemmert. 455
Cartógrafos das Plantas, Mapas e Cartas entre 1831 e 1845.
Cartógrafo
Nasc/morte
patente
observações
43
José de Mendonça de Matos Moreira 1 Ouvidor Ouvidor da Comarca de Alagoas de 1777 a 1798
44 José de Victoria Soares d'Andrea 1 Tenente Coronel
Participou da Comissão de limites por volta de 1858.
Major do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
45 José Jacques da Costa Ourique 1 Tenente Engenheiro
Faleceu no Rio Grande do Sul por volta de 1853
quando era Diretor da Escola Militar. 2° Tenente do
Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
46 José Joaquim D'Ávila (1812-1873) 1 Capitão
Escreveu em1857 um compendio de aritmética.
Tenente do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
47 José Joaquim Machado de Oliveira (1790 - 1867) 1 Coronel
Foi presidente das províncias do Para, Alagoas,
Espírito Santo e Santa Catarina
48
José Joaquim Rodrigues Lopes (1803 - 1895) 14 Tenente - Capitão - Major Barão de Matoso
49
José Pedro Cesar (1780-1831) 3 Coronel de Micias
50
José Xavier Garcia de Almeida 1 Tenente Coronel Major do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
51
Jozé Fernandes Portugal (1752 - 1818) 4 Sargento Mor
52 Jozé Saturnino da Costa Pereira (1771 - 1852) 1 Tenente
Publicou em 1834 o Dicionário Topográfico do Império
do Brasil e em 1826-27 o Plano para Divisão das
Comarcas, Cidades, Vilas, Povoações e Paróquias da
Província de Mato Grosso. Lente da Escola Militar em
1844. Capitão Graduado do Imperial Corpo de
Engenheiros em 1844.
53 Jozé Simões de Carvalho 1 Tenente Coronel
Veio para o Brasil em 1780, ainda estava aqui em
1797
54 Julio Frederico Koeler (1804 - 1847) of. Engenheiro
Alemão, emigrou em 1828, naturalizou-se em 1835.
Major do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
55
Leonidio José Gonçalves 2 Gravador/Litógrafo Trabalhou no Arquivo Militar
56 Lívio Zambeccari (1802 - 1862) 1 Conde Italiano
Participou junto com os revolucionários da Guerra
Dos Farrapos
57
Luiz Pereira Dias 1 Mestre de Obras
58 Marcolino Rodrigues da Costa 1 Tenente
Tenente do Imperial Corpo de Engenheiros em
1844.
59
Miguel ? ? 1 ?
OBS: Alguns dos nomes foram corrigidos baseados na descrição dos componentes do Imperial Corpo de Engenheirosexistente no Almanak Laemmert. 456
Cartógrafos das Plantas, Mapas e Cartas entre 1831 e 1845.
Cartógrafo
Nasc/morte
patente
observações
60 Miguel de Frias e Vasconcelos (1805 - 1859) 1 Major
Foi governador do Rio de Janeiro de 1853-57.
Tenente-Coronel do Imperial Corpo de Engenheiros
em 1844.
61
P. Saignoux 1
62
Patrício Antonio de Sepúlveda Everard (1802-1876) 1 Coronel
63
Pedro Cronemberger 1 Tenente Coronel desobstruiu rios no Piauí
64 Pedro de Alcântara Bellegarde (1807 - 1864) Coronel
Foi Ministro da Guerra (1853-55) e chefe de Comissão
de Limites. Lente da Escola Militar em 1844. Tenente-
Coronel do Imperial Corpo de Engenheiros em 1844.
65
Pedro Garcia da Cunha (1799 - ) 1 Tenente
66
Pedro Pexeral Capitão
67 Pedro Taulois 2 Engenheiro Eng. Francês, fez o plano de arruamento de Niterói.
68 Raimundo José da Cunha Mattos 1776 - 1839) 2 Marechal de Campo
Nasceu em Faro, PT, naturalizou-se em 1822. Um
dos fundadores do IHGB.
69
Raphael Lopes Anjo (1800 - 1849) 3 Capitão tenente Capitão de Fragata
70 Roberto Ferreira da Silva 1 2° Tenente
Consta de lista da gazeta do rio extraordinária de
22/11/1810
71
S/autor 26
72 Tito Alves de Brito 2
Foi dos primeiros alunos da Academia Imperial de
Belas Artes
73
Vicente da Costa e Ameida 1 of. Engenheiro
74
Villas Boas 1
134
OBS: Alguns dos nomes foram corrigidos baseados na descrição dos componentes do Imperial Corpo de Engenheirosexistente no Almanak Laemmert. 457
66
A
NEXO 4
Mapas de Porto Alegre
Relação entre legendas
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
1 Rua dos Andradas Rua da Praia 1 Rua da Praia 49 Rua da Praia 1 n/ n/
Rua dos
An
dradas
n/
Rua dos
Andradas
n/
Rua dos
Andradas
n/
Rua dos
Andradas
[2]
2 Rua dos Andradas Rua da Praia 1 Rua da Graça 48 Rua da Graça 2 n/ n/
Rua dos
Andradas
n/ n/ n/
Rua dos
Andradas
n/
Rua dos
Andradas
[2]
3 Rua Riachuelo
Rua dos Orives
(Ponte)
6
Rua do
Cotovelo
62
Rua do
Cotovelo
3 n/ n/ Rua Riachuelo n/ Rua da Ponte n/
Rua do
Riachuelo
n/ Rua Riachuelo [4]
4 Rua Riachuelo
Rua dos Orives
(Ponte)
6 Rua da Ponte 61 Rua da Ponte 4 n/ n/ Rua Riachuelo n/ Rua da Ponte n/
Rua do
Riachuelo
n/ Rua Riachuelo [4]
5
Rua Duque de
Caxias
Rua da Ponte
(da Igreja)
3 Rua Formoza 74 Rua Formoza 5 n/ n/ Rua da Igreja n/ Rua da Igreja n/
Rua do Duque
de Caxias
n/
Rua do Duque
de Caxias
[6]
6
Rua Duque de
Caxias
Rua da Ponte
(da Igreja)
3 Rua de S. José 68 Rua de S. José 6 n/ n/ Rua da Igreja n/ Rua da Igreja n/
Rua do Duque
de Caxias
n/
Rua do Duque
de Caxias
[6]
7
Ru
a Duque de
Caxias
n/ n/
Rua do
Ho
spital
85
Rua do
Hospital
7 n/ n/ Rua da Igreja n/ Rua da Igreja n/
Rua do Duque
de Caxias
n/
Rua do Duque
de Caxias
[6]
8
Ru
a Jeronimo
Coelho
n/ n/
Travessa da
rua do Poço
65
Rua Nova do
Poço
8 n/ n/
R. de S.
Jeronimo
n/ n/ n/
R. Jeronymo
Coelho
n/ n/ [5]
9
R. Cel. Fernando
Machado
n/ n/
Rua do
Arvoredo
75
Rua do
Arvoredo
9 n/ n/
Rua do
Arvoredo
n/
Rua do
Arvoredo
n/
Rua do Coronel
Fernando
Machado
n/
Rua do Coronel
Fernando
Machado
[7]
10
Rua Demétrio
Ribeiro
n/ n/ Rua da Varzia 77
Rua da
Varzinha
10 n/ n/
Rua da
Varzinha
n/
Rua do Riacho
(Varzinha)
n/
Rua da
Varzinha
n/
Rua Dona
Isabel
[8]
11
Ru
a Demétrio
Ribeiro
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Beco da Bahia n/ n/ n/
Rua da
Va
rzinha
n/
Rua Dona
Isabel
[8]
12 Rua Andrade Neves n/ n/ Rua Nova 60 Rua Nova 11 n/ n/ Rua Nova n/ n/ n/
Rua Andrade
Ne
ves
n/ n/ [3]
13 Av. Salgado Filho Rua da Cadea 5 Rua da Cadea 59 Rua da Cadeia 12 n/ n/ n/ n/ n/ n/
Travessa Dois
de Fevereiro
n/ n/ [14]
14
Rua Gen. Vasco
Alves
n/ n/
Rua do
Principe
105 Rua Principal 13 n/ n/
R. da Guarda
Principal
n/ n/ n/
Rua do General
Vasco Alves
n/
Rua General
Vasco Alves
[20]
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
459
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
15 Rua Gen. Portinho n/ n/ Rua Bella 104 Rua Bella 14 n/ n/ Rua Bella n/ n/ n/
Rua do General
Portinho
n/
Rua General
Portinho
[21]
16
Rua Gen.
Canabarro
n/ n/ Rua Direita 103 Rua Direita n/ n/ n/ Rua Direita n/ n/ n/
R Gen
Canabarro
n/
R Gen
Canabarro
[22]
17
Ru
a Gen. Cipriano
Ferreira
n/ n/ Rua Direita 103 Rua Direita 15 n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua do General
Canabarro
n/
Rua General
Ca
nabarro
[22]
18
Ru
a Gen. Bento
Martins
n/ n/
Rua do Arroio
ou peccados
mortaes
102 Rua do Arroio 16 n/ n/ Rua do Arroio n/ n/ n/
Rua do General
Bento Martins
n/
Rua General
Bento Martins
[23]
19
Rua Gen. João
Manoel
n/ n/ Rua Clara 101 Rua Clara 17 n/ n/ Rua Clara n/ n/ n/
Rua do General
JoãoManoel
n/
Rua do General
JoãoManoel
[24]
20 Rua Gen. Auto n/ n/ Rua do Bellas 100 Rua de Bellas 18 n/ n/ Rua de Bellas n/ n/ n/
Rua do General
Auto
n/
Rua General
Auto
n/
21 Rua Gen. Vitorino n/ n/
Trav. ou Rua
da
Prisao
Militar
58 Rua d'Alegria 19 n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua do General
Vitorino
n/ n/ [13]
22 Rua Gen. Câmara
Rua da
Quitanda
(Ouvidor)
2 Rua do Ouvidor 97 Rua do Ouvidor 20 n/ n/
Rua do
Ouvidor
n/ n/ n/
Rua do General
mara
n/
Rua General
mara
[25]
23
Rua do Espirito
Santo
n/ n/
Rua do
Cemitério
98
Rua do
Cemitério
21 n/ n/
Beco do
Império
n/ n/ n/
Rua do Espirito
Santo
n/
Rua Espirito
Santo
n/
24
Av. Borges de
Medeiros
n/ n/ Rua do Poço 93 Rua do Poço 22 n/ n/ Rua do Poço n/ n/ n/
Rua do General
Paranhos
n/ n/ [30]
25
Ru
a Marechal
Floriano
Rua de
Bragança
4
Rua de
Bragança
92
Rua de
Bragança
23 n/ n/
Rua de
Bragança
n/
Rua de
Bragança
n/
Rua do General
Silva Tavares
n/
Rua Silva
Tavares
[31]
26
Rua Vigario Jo
Inacio
n/ n/
Rua do Rozario
ou Bandeira
91 Rua do Rozario 24 n/ n/ Rua do Rozario n/ Rua do Rozario n/
Rua do Vigario
José Inacio
n/
Rua Vigario
José Inacio
n/
27 Rua Dr. Flores n/ n/
Rua de Santa
Catharina
83
Rua de Santa
Catharina
25 n/ n/
Rua de Santa
Catharina
n/
Rua de Santa
Catharina
n/
Rua do Doutor
Flores
n/
Rua Doutor
Flores
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
460
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
28 Rua Sr. dos Passos n/ n/
Rua do Coito
ou Cordoeiro
79 Rua do Couto 26 n/ n/
Rua do N. S.
dos Passos
n/
Rua do Senhor
dos Passos
n/
Rua do Senhor
dos Passos
n/
Rua Senhor dos
Passos
n/
29
Rua Prof. Annes
Dias
n/ n/
Rua da
Misericordia
82
Rua da
Misericordia
27 n/ n/
Rua da
Misericordia
n/ n/ n/
Rua da
Misericordia
n/ n/ n/
30
Rua Coronel
Genuino
n/ n/
Rua da
Figueira
88
Rua da
Figueira
28 n/ n/
Rua da
Figueira
n/ n/ n/
Rua do Coronel
Genuino
n/
Rua Coronel
Ge
nuino
n/
31
R
ua Gen. Lima e
Silva
n/ n/ Rua da Olaria 76 Rua da Olaria 29 n/ n/ Rua da Olaria n/ n/ n/
Rua do General
Lima e Silva
n/
Rua Lima e
Silva
n/
32
o existe mais
hoje (ligava a
Andrade Neves a
Andradas)
n/ n/
Beco do
Barriga
96 Beco do Leite 31 n/ n/ Beco do Leite n/ n/ n/
Travessa
Angustura
n/
Travessa
Angustura
[27]
33
Trav. Eng. Acilino
Carvalho
n/ n/ Beco do Brito 94 Beco do Coelho 32 n/ n/
Beco do João
Coelho
n/ n/ n/ Travessa Itapiru n/
Travessa
Ytapiru
[29]
34 Rua Caldas Junior n/ n/ Beco do Fanha 99 Beco do Fanha 33 n/ n/ Beco do Fanha n/ n/ n/
Travessa
Pa
ysandu
n/
Travessa
Paysandu
[26]
35
Rua Vinte e Quatro
de Maio
n/ n/ Beco da Fome 86 Beco da Fonte 34 n/ n/ Beco do Firme n/ n/ n/
Rua do General
Bento
Gonçalves
n/ n/ n/
36 Rua Uruguai n/ n/
B Casa da
Opera
95 Beco da Opera 35 n/ n/ Beco da Opera n/ n/ n/
Rua do
Commercio
n/
Rua do
Commercio
[28]
37
Av. Des. André da
Rocha
n/ n/
Beco do
Quartel do
Batalhão
87
Beco do
Batalhão
36 n/ n/ Beco do n/ n/ n/
Rua 3 de
Novembro
n/
Rua 3 de
Novembro
[15]
38 Rua Avai n/ n/ Beco do Firme 89 Beco do Firme 37 n/ n/ Rua do Firme n/ n/ n/ Rua Avahy n/ Rua Avahy [16]
39 Rua Sarmento Leite n/ n/
Beco do Israel
So
ares de
Paiva
90 Beco do Israel 38 n/ n/
Travessa da
Olaria
n/ n/ n/
Rua de
Março
n/
Rua de
Março
[17]
40 Rua Sarmento Leite n/ n/
Caminho para a
Varzia
14 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Conceição
n/
Rua da
Conceição
41 Rua da Conceiçao n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Conceição
Rua da
Conceição
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
461
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
42 R. da Republica n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Imperatriz
(Imperador)
n/ n/ n/
Rua da
Imperador
n/
Rua da
Imperador
[18]
43 Av. Vencio Aires n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Imperatriz
n/
Rua da
Imperatriz
44
Ru
a Dr. Barros
Cassal
n/ n/
Beco de
Antonio Martins
Barboza
6
Beco do
Barboza
39 n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua da Aurora n/ Rua Aurora n/
45
Av. Cristovão
Colombo
n/ n/
Beco do Freitas
Travassos e
Caminho do
Francisco Pinto
de Souza
3
Beco do Chico
Pinto
40 n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua da Floresta n/ Rua da Floresta [10]
46
Ru
a Ramiro
Barcelos
n/ n/
Beco de
An
tonio
Gonçalves
Carneiro
4
Beco do
Carneiro
41 n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Dom
Af
fonso
n/
Rua Dom
Affonso
[11]
47
Rua Gen.
Salustiano
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Passagem
n/ n/ n/
Rua do Gen.
Salustiano
n/
Rua General
Salustiano
[19]
48 R. 7 de Setembro n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua 7 de
Setembro
n/
Rua da
Alfandega ou
do 7 de
Setembro
n/
Rua 7 de
Setembro
n/
Rua 7 de
Setembro
[1]
49
Rua Washington
Luiz
n/ n/
Praia do
Riacho
78
Praia do
Riacho
66
Praia do
Riacho
18 Rua do Riacho n/ Rua do Riacho n/ Rua da Margem n/ n/ n/
50 Av. Protasio Alves n/ n/
Estrada geral
para a
Freguezia de
Viao
16
Caminho da
Capella
71 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Estrada do Meio n/
51
Av. Independência n/ n/
caminho da
Caridade para
o Alto do Passo
d'Areia
7
Caminho do
Passo da Areia
72 n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Independência
n/
Rua da
Independência
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
462
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
52 Av. Praia de Belas n/ n/
Caminho de
Bellas
30
Caminho de
Bellas
73 n/ n/ n/ n/
Rua do
Chafariz
n/ n/ n/ Rua de Bellas n/
53
Rua Voluntarios da
Patria
n/ n/ Caminho Novo 1 Caminho Novo 74 n/ n/
R. do Caminho
Novo
n/
R. do Caminho
Novo ou
Voluntarios da
Patria
n/
Rua Voluntarios
da Patria
n/ n/ [9]
54 Av. João Pessoa n/ n/ n/ n/ Rua da Azenha 30 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
55
Av. João Pessoa n/ n/
Caminho para a
Azenha
19
Caminho
d'Azenha
75 n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua da Azenha n/ n/ [32]
56 Av. Otavio Rocha n/ n/ Rua do Paraizo 50
nao foi
nomeada
n/ n/ n/
Beco do
Rosario
n/ n/ n/ Rua 24 de Maio n/ [12]
57
Rua Dr. José
Montaury
n/ n/
Travessa do
Paraizo
53
nao foi
nomeada
n/ n/ n/ Rua do Paraizo n/ n/ n/
Rua Conde
D'Eu
n/
Rua Conde
D'Eu
n/
58
Rua José do
Patrocinio
n/ n/ n/ n/ n n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Concordia
n/
Rua da
Concordia
n/
59 Rua Otavio Correa n/ n/ n/ n/ n n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Dona
Au
lia
n/
Rua Dona
Aurélia
n/
60 Av. Padre To n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça do Padre
Thomé
n/ n/ n/
61
Travessa Araujo
Ribeiro
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua José
Antonio de
Araujo
n/
Travessa
Araguaia
n/
62 Av. Alberto Bins n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua São Rafael n/ n/ n/
63
Rua Coronel
Vicente
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua do Cor.
Vicente
n/
Rua Coronel
Vicente
n/
64 Rua Pinto Bandeira n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Pinto
Ba
ndeira
n/
Rua Pinto
Bandeira
n/
65 Rua Santo Antônio n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Santo
Antônio
n/
Rua Santo
Antônio
n/
66 Rua João Telles n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Silveira
Martins
n/
Rua Silveira
Martins
n/
67
Rua Vieira de
Castro
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua São José
(Rua Santana)
n/ Ruao José n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
463
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
68 Av. Getulio Vargas n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua do Menino
Deus
n/ Rua 13 de Maio [33]
69 Rua Luiz Afonso n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Luiz
Afonso
n/
70
Rua Lopo
Gonçalves
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Lopo
Gonçalves
n/
71 Rua da Azenha n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua da Azenha [32]
72 Rua da Azenha n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Caxias n/
73
N
ão existe mais
hoje (parte da atual
Av. Ipiranga)
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Vinte e oito
de Setembro
n/
74 Rua Marcilio Dias n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Marcilio
Dias
n/
75
Rua General
Caldwell
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua General
Caldwell
n/
76
Rua Barão do
Triunfo
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Barão do
Tri
unfo
n/
77
Rua Visconde do
Herval
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Visconde
do Herval
n/
78 Rua Botafogo n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Botafogo n/
79
Rua Comendador
Rodolfo Gomes
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua 12 de
Janeiro
n/
80 Rua Barbedo n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Barbedo n/
81 Rua Costa n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Costa n/
82
Rua José de
Alencar
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Caxias n/
83 Rua Grão Para n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Grão Para n/
84
Rua Itororo n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Itororo n/
85
Rua Dr. Campos
Velho
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Estrada de
Belém (Faixa
Preta)
n/
86 Rua Corrêa Lima n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Caminho para o
Morro Sta.
Teresa
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
464
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
87
Rua Gonçalves
Dias
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Limas e
Silvas
n/
88
Av. Dr Carlos
Barbosa
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Estrada da
Cavalhada
n/
89
Av. Prof. Oscar
Pereira
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Estrada de
Belém
n/
90
Av. Bento
Gonçalves
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Estrada do Mato
Grosso
n/
91 Rua Santana n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Santa Anna n/
92 Rua Gomes Jardim n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua do Principe
n/
93 Rua São Luiz n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Ruao Luiz n/
94 Rua São Manoel n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Ruao Miguel n/
95 Rua São Francisco n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
R São
Francisco
n/
96 Rua Livramento n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Livramento n/
97
Rua Veador Porto n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Veador
Porto
n/
98
Rua Vicente da
Fontoura
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Boa Vista n/
99
Rua Domingos
Crescêncio
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Larga n/
100 Av. Princesa Isabel n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Vicente n/
101 Rua Laurindo n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua do
Laurindo
n/
102 Rua Mariante n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Mariante n/
10
3 Rua Miguel Tostes n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Esperança n/
104 Rua Cabral n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Boa Vista n/
105
Rua Casemiro de
Abreu
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Casimiro
de Abreu
n/
106 Rua Castro Alves n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Castro
Alves
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
465
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
107 Rua Mostardeiro n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua
Mostardeiro
n/
108 Rua Garibaldi n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Garibaldi n/
109 Rua Tiradentes n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Tiradentes n/
110 Rua General Neto n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua General
Neto
n/
111 Av. 24 de Outubro n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Estrada dos
Mo
inhos de
Vento
n/
112 Rua Dr. Vale n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Becco do Valle n/
113 Rua Félix da Cunha n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Félix da
Cunha
n/
114 Rua Dr. Timoo n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Dr.
Thimoteo
n/
115
Rua Conde de Porto
Alegre
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua Conde de
Porto Alegre
n/
116 Rua Emancipação n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua
Em
ancipação
n/
117 Rua Sete de Abril n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua da
Princesa
n/
118 Rua Santa Rita n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Santa Rita n/
119 Travessa Azevedo n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Azevedo n/
120
Rua Almirante
Tamanda
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Guimarães n/
121
Rua Quintino
Bandeira
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua José
Bonifacio
n/
12
2 Rua do Parque n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua do Parque n/
123 Av. São Pedro n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua São Pedro n/
124 Av. Sertorio n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Rua Sertorio n/
125 Av. Maua n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Rua das Flores
(projetada)
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
466
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
126
Praça Marechal
Deodoro
Praza Grande D
Largo ou Praça
do Palacio da
Presidencia
66
Praça do
Palacio
42
Praça do
Palacio
24
Praça de Pedro
2
34
Praça de Pedro
2
n/
Praça de Pedro
2
n/
Praça D. Pedro
II
18
[37]
127 Praça da Alfândega
Praza da
Quitanda
O
Praça da
Alfândega
47
Praça da
Alfândega
43
Praça da
Alfândega
25 n/ n/
Praça da
Alfândega
n/
Praça da
Alfândega
n/
Praça Senador
Florêncio
52
[40]
128
Pra
ça XV de
Novembro
Largo do
Paraiso
M
Praça do
Paraizo
52
Praça do
Paraizo
44
Praça do
Paraizo
26
Zona do Antigo
mercado a
demolir
17 n/ n/
Praça Conde
D'Eu
n/
Praça Conde
D'Eu
31
129
Praça Conde de
Porto Alegre
n/ n/
Praça do
Portão
84
Praça do
Portão
45
Praça do
Portão
27 n/ n/
Praça do
Portão
n/
Praça do Gen.
Marques
n/
Praça General
Marques
35
[36]
130 Praça Argentina n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça da
Independencia
24
Praça da
Independencia
n/
Praça da
Independencia
n/
Praça da
Independencia
37
131
Pra
ça Brigadeiro
Sampaio
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça da
Harmonia e
Passeio
Publico
2
Praça da
Harmonia
n/
Praça Martins
de Lima
n/
Praça Martins
de Lima
3
[39]
132 Pça General Osorio n/ n/ n/ n/ n/ n n/ n/
Pça Gen
Osorio
33 n/ n/ Pça Gen Osorio n/
Praça General
Osorio
6
[41]
133
Praça Dom
Sebastião
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça da
Conceiçao
n/
Praça da
Conceiçao
n/
Praça da
Conceiçao
54
134
Praça Dom
Feliciano
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça da
Misericordia
n/
Praça Dom
Feliciano
n/
Praça Dom
Feliciano
39
[35]
135
o existe mais
hoje (ficava ao lado
da Igreja das Dores)
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça Visconde
do Rio Grande
n/
Praça Visconde
do Rio Grande
[38]
136 Praça Jaime Telles n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça o
Miguel
n/
137
Praça Mauricio
Cardoso
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Praça o
Manoel
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
467
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
138 Parque Farroupilha Varzem P Varzia 15
Varzea grande
em Projecto da
nova cidade
82 n/ n/ Varzea n/ Varzea n/
Campo do
Bomfim
n/
Campo da
Redençao
[34]
139
o existe mais
hoje (localizava-se
junto a atual Pça.
Brig. Sampaio)
Colonna 11 Plourinho 54 Pelourinho 48 Pelourinho 30 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
14
0 Catedral Catedral A Igreja Matriz 69 Igreja Matriz 49 Igreja Matriz 1 Cathedral 10 n/ n/ Matriz n/ Igreja Matriz 22
141
o existe mais
hoje (ficava no
terreno da atual
catedral)
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Capela do
Espirito Santo
11 n/ n/
Capela do
Espirito Santo
n/
Capela do
Espirito Santo
23
142
Capela Senhor dos
Passos
n/ n/
Igreja Sr. dos
Passos
80
Igreja dos
Passos
50
Igreja dos
Passos
2 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
143 Igreja Protestante n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja
Protestante
30 n/ n/
Igreja dos
Protestantes
n/
Igreja dos
Protestantes
40
144 Igreja do Rosario n/ n/
Igreja do
Ro
zario
51
Igreja do
Rozario
51
Igreja do
Rozario
3
Igreja do
Rozario
19 n/ n/
Igreja do
Rozario
n/ n/ n/
145 Igreja das Dores n/ n/
Igreja das
Dores
63
Igreja das
Dores
52
Igreja das
Dores
4
Igreja das
Dores
5 n/ n/
Igreja das
Dores
n/ Igreja das Dores 10
146 Curia Metropolitana n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Lugar em que
se esta
construindo o
seminario
31 n/ n/
Seminario e
Bispado
n/ Seminario 24
147 Igreja do Carmo n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja do
Carmo
22 n/ n/
Igreja N.S. do
Carmo
n/ Igreja do Carmo 41
148
Ca
pela de São
Rafael
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja de S.
Ra
fael
n/
Igreja de S.
Rafael
11
149 Igreja São José n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Igreja S. Jo n/ Igreja S. Jo 33
150 Igreja da Conceição n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja (da
Co
nceição)
n/
Igreja da
Conceição
n/
Igreja da
Conceição
44
151 Capela do Bonfim n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja N. S. do
Bonfim
n/ Igreja do Bonfim 43
152
Igreja de N. S. dos
Navegantes
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja de N. S.
dos Navegantes
47
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
468
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
153
Igreja do Menino
Deus
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja do
Menino Deus
48
154
Igreja de Santo
Antônio
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja de Santo
Antônio
49
155 Igreja de o Pedro n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Igreja de São
Pedro
n/
156
Nao existe mais
nesse local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Palacio
Ep
iscopal
32 n/ n/ n/ n/ n/ n/
157
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Proprio
Provincial em
que esta a
fabrica de
oleos
29 n/ n/ n/ n/ n/ n/
158
o existe mais
hoje
Campo Santo C Cemitério 71
Cemitério da
Matriz
53
Cemitério da
Matriz
5 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
159
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Cemitério da
Caridade
54
Cemitério da
Caridade
6 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
160
o existe mais
hoje
n/ n/ Catacumbas 70 Catacumbas 55 Catacumbas 7 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
16
1
Cemitério da Sta.
Casa
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Cemitério n/
162 Santa Casa Ospedal n/
Hospital da
Caridade
81
Hospital da
Caridade
56
Hospital da
Caridade
8
Santa Casa da
Mizericordia
21 n/ n/
Santa Casa da
Mizericordia
n/
Santa Casa da
Mizericordia
38
163
Beneficiência
Portuguesa
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Beneficiência
Portuguesa
n/
Beneficiência
Portuguesa
45
164
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Beneficiência
Brasileira
n/
Beneficiência
Brasileira
5
165
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Hospital N. S.
Da
s Dôres
53
166
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azilo Santa
Theresa
n/
167
Asilo de
Mendicidade Padre
Cacique
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azylo de
Mendigos
n/
168 Hospicio SaoPedro n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Hospicio de S.
Pedro
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
469
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
169
o existe mais
hoje (Alfandega
Velha)
Alfandega G Alfandega 47
Caza da
Alfandega
46
Caza da
Alfandega
28 Alfandega 16 Alfandega n/ Alfandega n/ Alfandega 51
170
Palacio Piratini
Governo do Estado
Paço do
Governo
B
Palacio dos
Presidentes
72
Palacio do
Governo
57
Palacio do
Governo
9
Palacio do
Governo
9 n/ n/
Palacio do
Governo
Palacio do
Governo
21
171
An
exo da
Assembleia
Legislativa
Camara dos
Deputados
E
Casa da
Assmblea
Provincial
73
Caza da
Assemblea
58
Casa
d'Assemblea
10
Assemba
Provincial
8 n/ n/
Assemba
Provincial
n/
Assemba
Provincial
20
172
Comando do
Exército
Arsenal I
Arsenal de
Guerra
106
Arsenal de
Guerra
59
Arsenal de
Guerra
11
Antigo Edeficio
do Arsenal de
Guerra
6 n/ n/
Arsenal de
Guerra
n/
Arsenal de
Guerra
7
173
Cia Comando do
Exército
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Novo Arsenal
de Guerra
7 n/ n/
Arsenal de
Guerra
n/
Arsenal de
Guerra
8
174
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Cadêa Civil 1 Cadêa Civil n/ Caa Civil n/ Cadeia Civil 1
175 Teatro S. Pedro n/ n/
Alicerces da
no
va Casa da
Opera
67
Alicerces p
Caza da Opera
69
Alicerces p
Caza da
Opera
21
Theatro S.
Pedro
13 Theatro n/
Theatro S.
Pedro
n/
Theatro S.
Pedro
16
176
Ficava no terreno da
atual Assémbleia
Legislativa do
Estado
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Bailante 12 n/ n/ Bailante n/ n/ n/
177
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Theatro das
Variedades
n/
Theatro das
Variedades
34
178
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Exposição
Bra
sil &
Alemanha
179
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Prado Rio-
Grandense
n/
180
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Prado da Boa
Vista
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
470
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
181
Local do atual
Palacio da Justiça
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Alicerces p/
Edificaçao da
Camara
Municipal
14 n/ n/
Camara
Municipal
n/
Camara
Municipal
17
182 Cogio Sevigné n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Alicerces p/ o
Liceo
15 n/ n/
Atheneo
Riograndense
n/ n/ n/
183
o se encontra o
na planta.
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Escola Normal 32
184 Escola Militar n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Escola Militar n/ Escola Militar 50
185
o existe mais
hoje (Gasometro)
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Gazometro n/ Gazometro 2
186
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Telegrapho n/
Estação
Telegrafica
12
187
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Correio n/ Correio 13
188
Na
o existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Estaçao
Telephonica
55
189
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Thesouraria
Geral
14
190
local do atual 6°
Comando do
ercito CPOR
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Laboratorio n/
191
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Estação dos
Bonds
n/
Estação dos
Bonds
42
192
Na
o existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
E. de F. deo
Leopoldo
n/
Estaçao da E.F.
de P.A. À Novo
Hamburgo
46
193
Nao existe
atualmente nesse
local
Sala do Juri F n/ n/ n/ n/ n/ n/ n n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
471
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
194
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ Intendencia 60 Intendencia 12 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
195
Atual Capitania dos
Portos
n/ n/
Arsenal da
Marinha
107
Arsenal da
Marinha
61
Arsenal da
Marinha
13
Arsenal da
Marinha
3 n/ n/
Arsenal da
Marinha
n/
Arsenal da
Marinha
4
196
Na
o existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ Tesouraria 62 Thesouraria 14 n/ n/ n/ n/
Thesouraria
Ge
ral
n/ n/ n/
19
7
o existe mais
hoje
n/ n n/ n/ n/ n/ n/ n/
Antigo
mercado a
demolir
n/ Mercado n/ n/ n/ n/ n/
198 Mercado Publico n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Novo Mercado 18 n/ n/ Mercado n/ Mercado 30
199
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Banca do Peixe n/ Banca do Peixe 29
200
Na
o existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Quartel
Ge
neral
4 n/ n/
Quartel da
Foa Policial
n/
Quartel da
Foa Policial
9
201
Na
o existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Quartel General n/ Quartel General 25
202
Nao existe
atualmente nesse
local
Quartel dos
Caçadores
L n/ n/ Quartel do 63 Quartel Mr 15
Quartel da
Praça da
Independencia
n/ n/ n/ Quartel n/
Quartel do 13°
de Infanteria
36
203
Nao existe
atualmente nesse
local
Quartel dos
Permanentes
H n/ n/ n/ n/ n/ n/
Quartel do
Corpo Policial
28 n/ n/ n/ n/ n/ n/
204
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Antigo Quartel
do
s Guaranis
27 n/ n/ n/ n/ n/ n/
205
Nao existe
atualmente nesse
local
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Deposito da
Polvora (Ilhas)
n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
472
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
206
Nao existe
atualmente nesse
local (canalizado)
n/ n/ Riacho 21 Riacho 64 Riacho 16 n/ n/ Riacho n/ n/ n/ Riachinho n/
207 Ponte de Pedra
Ponte do
Riacho
7
Ponte do
Riacho
30
Ponte do
Riacho
65
Ponte do
Riacho
17 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
208
o existe mais
hoje
Trapiche da
Al
fandega
9
Trapiche da
Alfandega
47 Trapiche 47 Trapiche 29 n/ n/ n/ n/
Trapiche da
Alfandega
n/
Trapiche da
Alfandega
15
209
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Trapiche da
Companhia
Fluvial
n/
Trapiche da
Companhia
Fluvial
26
210
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Trapiche
Municipal
n/
Trapiche
Municipal
27
211
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Novo Trapiche
Municipal
28
212
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Trapiche dos
Rapidos
n/ n/ n/
213
o existe mais
hoje
Trapiche da
Qu
itanda
10 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
214
o existe mais
hoje
n/ n/
Praia do
Arsenal
55
Praia do
Arsenal
67
Praia do
Arsenal
19 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
215
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Praia do
Caminho Novo
68
Praia do
Caminho Novo
20 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
216
o existe mais
hoje
n/ n/
Moinho de
vento de onde
tem Netto...
8
Muinho de
Vento Velho
70 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
217
o existe mais
hoje
n/ n/
Olaria do
Pi
nheiro
22
Olaria do
Pinheiro
76 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
218
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara e
Olaria do
chamado
Joãozinho da
Olaria
24
Olaria de
Joãozinho
77
Olaria do
Joãozinho
22 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
219
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Olaria de
Jerônimo
78 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
473
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
220
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Olaria de
Tristão
79 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
221
o existe mais
hoje
n/ n/
Olaria de Jose
Ignacio
Lourenço
5
Olaria de Joze
Ignacio
80 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
222
o existe mais
hoje
n/ n/
Moinhos de
Antonio Martins
Barboza
13
Muinhos do
Barboza
81 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
223
o existe mais
hoje
n/ n/
Lugar para
huma caldeira
27
Caldeira e
canal para
conduzir as
aguas do
Riacho
83 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
224
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Poço da
Caridade
84
Poço da
Caridade
23 n/ n/ n/ n/ n/
225
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Fonte do
Dezembargado
r Bello
23 Chafariz n/ n/ n/ n/ n/
22
6
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Fonte dos
Pobres
25 n/ n/ n/ n/ n/ n/
227
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Antigo deposito
d'agoa do canal
26 Chafariz n/ n/ n/ n/ n/
228
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Chafarizes da
Comp.
Hidraulica
a n/ n/ n/ n/ n/ n/
229
Atual local da
Assembleia
Legislativa do
Estado
n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Terreno em
qu
e esta o
reservatorio da
Companhia
Hidraulica
b n/ n/
Hydraulica
Porto Alegrense
n/
Hydraulica
Porto Alegrense
19
230
o existe mais
hoje
n/ n/ fundeadouro q
Fundeadouro
Mercante
85 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
231
o existe mais
hoje
n/ n/ fundeadouro q
Fundeadouro
de guerra
86 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
474
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
232
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Chacaras do
caminho Novo
87 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
233
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Chacara do
Barboza
88 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
234
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara de
José Ignacio
Lourenço
9
Chacara de
Joze Ignacio
89 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
23
5
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara de S;
Rafael, Fonte e
Potreiro
29
Chacara S.
Rafael
90 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
236
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara do
Leão
18
Chacara do
Leão
91 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
237
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara e
Olaria do
chamado
Joãozinho da
Olaria
24
Chacara do
Joãozinho
92 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
238
o existe mais
hoje
n/ n/
Olaria do
Pi
nheiro
22
Chacara do
Pinheiro
93 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
239
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara de
José R. de
Oliveira
23
Chacara de
Joze Rodrigues
94 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
240
o existe mais
hoje
n/ n/
Ponta das
Pedras
56
Ponta da
Passagem
95 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
241
o existe mais
hoje
Desembarcadei
ro dos cavallos
8
Passagem para
o lado
Occidental
57
Ponta da
Passagem
95 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
242
o existe mais
hoje
n/ n/
foz do Rio
Pa
rdo
l
Rio Pardo ou
Guayba
96 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
243
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Rio Pardo ou
Guayba
96 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
244
o existe mais
hoje
Canoa de 65
s de hussi so
tronco, larga 7
pes
12
pontão que
serve de
conservar
presos
r Preziganga 97 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
475
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
245
o existe mais
hoje
n/ n/
Patacho de
Guerra
Leopoldina
s
Patacho de
Registo
98 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
246 Ilhas Fronteiras n/ n/ n/ n/ Ilhas Fronteiras 99 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ Ilhas Fronteiras n/
247
o existe mais
hoje
n/ n/
plataformas de
ba
terias
b
Baterias
colocadas para
a defesa da
praia...
a n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
248
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Embarcaçoes
armadas para
defesa da
praia...
b n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
249
o existe mais
hoje
n/ n/
peças de
artilharia de
Netto
o1
Baterias
colocadas por
Neto
c n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
250
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/
Baterias por
on
de se
fechava a linha
defesa 1837
d n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
251
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ Ponto 1 e n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
252
o existe mais
hoje
n/ n/
S. Francisco
das Chagas
Ent e bat
45 Ponto 2 f n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
253
o existe mais
hoje
n/ n/
Sra. Da
Conceição Ent
e Bat
42 Ponto 3 g n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
254
o existe mais
hoje
n/ n/
S. José dos
Allees Ent e
Bat
41 Ponto 4 h n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
255
o existe mais
hoje
n/ n/
S. João da
Olaria Ent e Bat
40 Ponto 5 i n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
256
o existe mais
hoje
n/ n/ n/ n/ Ponto 6 l n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
476
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
257
o existe mais
hoje
n/ n/ S. Jorge 39 Ponto 7 m n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
258
o existe mais
hoje
n/ n/
2. Bateria da
legalidade Ent
e Bat
37 Ponto 8 n n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
259
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara de Dr.
Manoel José de
Araujo Franco
10 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
260
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara de
Antonio F.
Teixeira
11 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
261
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara de
Joao de Souza
12 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
262
o existe mais
hoje
n/ n/
Chacara e
Olaria do Telles
17 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
26
3
o existe mais
hoje
n/ n/
Ponte de Pedra
na Azenha
20 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
264
o existe mais
hoje
n/ n/
Potreiro do
mesmo
Joaozinho
25 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
265
o existe mais
hoje
n/ n/
Lugar para
huma Igreja
26 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
266
o existe mais
hoje
n/ n/
Casa e terreno
do Hospital da
Caridade
28 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
26
7
o existe mais
hoje
n/ n/ Firmo Ent e Bat 38 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
268
o existe mais
hoje
n/ n/
Inperador
Constitul Ent e
Bat
43 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
477
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
269
o existe mais
hoje
n/ n/
Santo Antonio
Ent e Bat
44 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
270
o existe mais
hoje
n/ n/
D. Pedro
Ent. e Bat.
46 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
271
o existe mais
hoje
n/ n/
Ponta do
Arsenal
64 n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
272
o existe mais
hoje
n/ n/
Baterias
po
stadas no
Largo da
Caridade
a n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
273
o existe mais
hoje
n/ n/
Brigue Bento
Gonçalves
c n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
274
o existe mais
hoje
n/ n/
Patacho Vinte
de Setembro
d n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
275
o existe mais
hoje
n/ n/
Escuna
Farroupilha
e n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
276
o existe mais
hoje
n/ n/ Hiate Onofre f n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
27
7
o existe mais
hoje
n/ n/
local de ataque
dos farrapos do
rio
g n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
278
o existe mais
hoje
n/ n/ Canalete h n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
279
o existe mais
hoje
n/ n/
local de ataque
dos farrapos do
rio
i n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
28
0
o existe mais
hoje
n/ n/
lugar de barro
de
olaria e de
ataque dos
farrapos
o n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
281
o existe mais
hoje
n/ n/ Baixio c/ancora t n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
Azul - Legenda em cartucho
Vermelho - escrito no mapa
[n°] - N° constante do 'Quadro de ruas....' do mapa de 1888
478
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
282
o existe mais
hoje
n/ n/
Local fixopara
fechar com t o
porto (boias em
corrente)
u n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
283
o existe mais
hoje
n/ n/
Sra. Madre de
De
os Ent e Bat
36 Ponto 9 p n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
284
o existe mais
hoje
n/ n/
15 de junho de
1837 Ent e Bat
35 Ponto 10 q n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
285
o existe mais
hoje
n/ n/
Lealdade e
Valor Ent e Bat
34 Bateria 11 r n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
286
o existe mais
hoje
n/ n/
Leal
Cassapava Ent
e Bat
33 Ponto 12 s n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
28
7
o existe mais
hoje
n/ n/
Trinta de Julho
En
t e Bat
32 Ponto 13 t n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
288
o existe mais
hoje
n/ n/
Legalidade ou
Morte Ent e Bat
31 Ponto 14 u n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
289
o existe mais
hoje
n/ n/ Canhoneira p
Canhoneiros
nos dois
flancos
x n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
290
o existe mais
hoje
n/ n/ fortificaçoes m n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
291
o existe mais
hoje
n/ n/ fortificaçoes n n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
29
2
o existe mais
hoje
Casa del
Colonelle Jo
Mariano de
Mattos
a n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
293
o existe mais
hoje
Casa de José
Magalhaes
Calvet
b n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
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479
Relaçao entre as legendas das diversas plantas
Nomenclatura
atual
Mapa de 1833
leg
Mapa de 1838
leg
Mapa de 1839
leg
Mapa de
1844
leg
Mapa de 1868
leg
Mapa de 1872
leg
Mapa de 1881
leg
Mapa de 1888
leg
294
o existe mais
hoje
Casa di
Francisco
Moieste Franco
c n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
295
o existe mais
hoje
Casa del
Colonello Luiz
de Lima e Silva
d n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
296
o existe mais
hoje
Csa di Gaetano
Morandi
e n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
297
o existe mais
hoje
Casa de Juca
leão
f n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
298
o existe mais
hoje
Casa della
Famiglia Del
Brigadieire
Gene Palmeira
g n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
299
o existe mais
hoje
Casa e Hotel di
Smith
h n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
300
o existe mais
hoje
Casa de Onofre
Pirez da Silveira
Canto Coronello
i n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/ n/
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