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A 24 de Agosto de 1929, véspera do dia da instalação concretizante de nossa
emancipação política e administrativa. Estive presente quando da chegada a
esta cidade das caravanas do interior, do novo município, em
abrilhantamento as solenidades marcadas por lei, para o dia seguinte; do
Povoado Coqueiro entrou triunfal caravana chefiada pelo ativo político
Raimundo Gomes de Oliveira. Do Povoado Tingüis, hoje cidade de Marcos
Parente, outra importante caravana chegara, essa liderada por Francisco José
da Fonseca, Manoel Monteiro Gomes e a pequena e irrequieta figura de
Manoel Domingos de Oliveira, todos de saudosas memórias e ainda o
remanescente Ricardo Manoel de Santana. Da Santa Rosa, entrou uma das
mais importantes das caravanas, esta comandada pelo coronel Elídio Alves
de Carvalho, em cujo semblante lia-se francamente aquela figura tradicional
do Senhor de Engenho. A caravana da zona Uruçuí sobressaia-se em número
de pessoas. Essa tinha liderança de Vitor Antunes da Rocha, Elesbão
Gonçalves Guimarães, Pedro Gonçalves Guimarães e Augusto de Freitas
Varão a todos a nossa saudade. Foi brilhante a caravana que Porto Alegre
enviou chefiada pela figura imperial de Horácio da Silva Ribeiro, e na qual
participava o homem mais alto do município de nome Santo Coriolano. A
representação Porto Franco em nada ficou atrás, tendo a frente à figura
arrogante do líder Firmino Leite de Brito acompanhado de Lucas da Cunha
Holanda e Paulo Pereira dos Reis. Às 18:30 horas desse mesmo dia, soou aos
nossos céus o apito do vapor “Chile” conduzindo a seu bordo os passageiros
ilustres Dr. Albino Lopes, Juiz de Direito de Uruçuí deste estado e o senhor
Napoleão Moreira, Secretário do senhor Juiz e ainda o chefe da empresa
fluvial, João Luis da Silva. Todas as caravanas eram recepcionadas pelos
habitantes da nova cidade e ao ar subiam girândolas de foguetes daqueles
fabricados localmente, pelos exímios fogueteiros José Granjeiro de Luna e
Elias Ferreira de Araújo. Grandes banquetes foram oferecidos aos
caravaneiros e ao povo em geral. Aos 25 dias de Agosto de 1929 às 14 horas,
toda a multidão comprimia-se em torno do casarão do Sr. Né Mousinho,
alugado para funcionar a nova prefeitura, localizada hoje a Praça da
Bandeira s/n. Ao recinto do salão das solenidades via-se uma grande mesa
ornamentada na qual tomaram assento os senhores Dr. Albino Lopes, Juiz;
Napoleão Moreira seu Secretário; Frutuoso José da Silva, Prefeito nomeado
[...]; Francisco Ramos de Freitas, Juiz Distrital; Alexandrino Moreira
Mousinho, Adjunto de Promotor; João Mariz Guimarães, Coletor Estadual;
João Machado de Matos, Oficial do Registro Civil; Cícero José de Sousa,
Tabelião; Manoel Alves de Castro, Escrivão da Coletoria; E, João Maria
Mousinho, Pedro Cesário de Albuquerque, Adelino Ribeiro da Fonseca,
Elídio Alves de Carvalho, membros do Conselho Municipal. Depois de
apossadas as novas autoridades, pronunciou-se diversos oradores, encerrados
pela figura máxima do momento, Artur de Araújo Passos, Patrono do grande
acontecimento. À noite festas dançantes até o sol raiar. Completados hoje 38
anos, 4 meses e 5 dias que em festas recebemos tão importante missão que
embora com leves incidentes, os guadalupenses tem sabido zelar.
(CAMÂRA MUNICIPAL DE GUADALUPE. Ata de despedida e
encerramento dos trabalhos desta Câmara, nesta cidade de Guadalupe
do Estado do Piauí, que se transferirá para nova cidade do mesmo
nome, próximo a Barragem da Boa Esperança. Guadalupe, 30/11/1967,
10h00min).
Pode até parecer um pouco incoerente falar de um começo recorrendo a um final,
mas sobre isso justificamos que entre outros documentos, esta ata retrata com muito mais