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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS
ENERGÉTICAS E NUCLEARES (PROTEN)
CARACTERIZAÇÃO DOS DETECTORES DE TELURETO DE
CÁDMIO E ZINCO (CZT) E FOTODIODO DE SILÍCIO TIPO
PIN (Si-PIN) PARA A ESPECTROMETRIA DE RAIOS-X
ANTÔNIO JORGE OLIVEIRA DE CARVALHO
RECIFE PERNAMBUCO BRASIL
ABRIL 2008
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2
CARACTERIZAÇÃO DOS DETECTORES DE TELURETO DE
CÁDMIO E ZINCO (CZT) E FOTODIODO DE SILÍCIO TIPO
PIN (Si-PIN) PARA A ESPECTROMETRIA DE RAIOS-X
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ANTÔNIO JORGE OLIVEIRA DE CARVALHO
CARACTERIZAÇÃO DOS DETECTORES DE TELURETO DE
CÁDMIO E ZINCO (CZT) E FOTODIODO DE SILÍCIO TIPO PIN (Si-
PIN) PARA A ESPECTROMETRIA DE RAIOS-X
Dissertação submetida ao programa de
s-graduão em Tecnologias
Energéticas e Nucleares - PROTEN do
Departamento de Energia Nuclear da
Universidade Federal de Pernambuco,
para obtenção do título de Mestre em
Ciências.
Área de concentrão: Dosimetria e
Instrumentação.
ORIENTADOR: Prof. Dr. CARLOS ALBERTO BRAYNER DE OLIVEIRA LIRA
CO-ORIENTADOR: Prof
a
. Dr
a
. HELEN JAMIL KHOURY
RECIFE PERNAMBUCO BRASIL
ABRIL 2008
4
C331c Carvalho, Antônio Jorge Oliveira de.
Caracterização dos detectores de telureto de cádmio e zinco (CZT) e
fotodiodo de silício tipo pin (Si-PIN) para a espectrometria de raios-x / Antônio
Jorge Oliveira de Carvalho. Recife: O Autor, 2008.
93 folhas. : il., fig.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. CTG.
PROTEN. Energia Nuclear, 2008.
Inclui bibliografia.
1. Dosimetria e Instrumentação nuclear. 2. Detector de CZT. 3. Detector
de Si-PIN. 4. Diagstico Espectrometria de raios-X. I. Título.
612.01448 CDD (22.ed.)
UFPE/BCTG/2008-094
5
6
Aos meus pais Antônio Pinheiro (In memorian) e Esmeralda
que me fizeram acreditar em um futuro melhor.
7
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me manter com saúde e por ter me dado força para trilhar essa
caminhada.
À Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) especificamente ao Departamento de Energia
Nuclear (DEN) pela oportunidade de desenvolvimento do mestrado.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (CEFETPE) pelo apoio para
realização deste mestrado.
Ao professor Carlos Brayner pelo apoio, incentivo, amizade e disponibilidade durante o
processo de orientão desta pesquisa.
À professora Helen Khoury pelo acompanhamento, acessoria, amizade e contribuições para o
desenvolvimento deste trabalho.
Aos professores Francisco Melo, Clóvis Hazin, Arno Oliveira, João Antônio e Iran José pelas
relevantes contribuições durante os seminários apresentados.
Ao coordenador do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares
(PROTEN), professor André Maciel Neto, meus sinceros agradecimentos.
À minha esposa Gra Costa pelo amor, carinho, incentivo e ajuda para realização deste
trabalho.
Aos meus filhos Pedro Jorge, Lucas, Fernando, Pedro e Mateus pela força e compreensão da
ausência.
Ao amigo Vagner Cassola pela disponibilidade, cooperação na aquisição dos dados e corrão
das medidas experimentais.
À amiga Cristina Ramos pelo estímulo e cooperão nas medidas experimentais.
Aos amigos do DEN-UFPE e CEFETPE pelo apoio e incentivo nos momentos difíceis
A todos os parentes e amigos que me estimularam durante essa jornada.
8
CARACTERIZAÇÃO DOS DETECTORES DE TELURETO DE
CÁDMIO E ZINCO (CZT) E FOTODIODO DE SILÍCIO TIPO PIN (Si-
PIN) PARA A ESPECTROMETRIA DE RAIOS-X
Autor: Antônio Jorge Oliveira de Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Brayner de Oliveira Lira
Co-orientadora: Profª. Drª. Helen Jamil Khoury
RESUMO
Um conhecimento detalhado do espectro de raios-X é essencial para a análise de
equipamentos que emitem este tipo de radião em unidades de radiodiagstico. As
informões sobre vários parâmetros contidas neste espectro são importantes para o controle
de qualidade dos aparelhos de raios-X. A espectrometria dos feixes de raios-X tem utilizado
detectores de GeHP que apresentam boa eficiência de detecção e alta resolução. Contudo, eles
necessitam de resfriamento com Nitrogênio quido, o que dificulta a sua mobilidade e os
torna dispendiosos em várias aplicações. Neste estudo foram utilizados detectores de
Cd
0,9
Zn
0,1
Te (CZT) e Si-PIN refrigerados termoeletricamente para a construção de um sistema
de espectrometria. A resposta dos detectores para fótons monoenergéticos foi investigada com
raios-X e
γ
emitidos por fontes calibradas de Am
241
, Ba
133
, Cd
109
e Co
57
. Também foram
obtidos espectros de raios-X contínuos a partir de irradiões com um gerador de raios-X
industrial para tensões de acelerão na faixa de 40 kV a 120 kV, com e sem uso de filtros. A
distorção nos espectros devida à transmissão de raios-X primários e ao escape de raios-X
secundários vindos do cristal foi corrigida pela eficiência de deteão por meio do código
Monte Carlo GEANT4. Os espectros de raios-X corrigidos apresentaram uma boa
concordância com os espectros do catálogo de referência. Os resultados indicaram que os
detectores de CZT e Si-PIN possuem desempenho compavel com os detectores de GeHP e
portanto, são adequados para espectrometria de raios-X diagnóstico e fluoresncia de raios-
X, respectivamente, considerando-se que a correção apropriada seja aplicada.
Palavras-chave
: Detector de CZT, detector de Si-PIN, espectrometria de raios-X
diagnóstico.
9
CHARACTERIZATION OF CADMIUM AND ZINC TELLURIDE (CZT)
AND PIN TYPE SILICON (Si-PIN) PHOTODIODE DETECTORS FOR
X-RAY SPECTROMETRY
Author: Antônio Jorge Oliveira de Carvalho
Adviser: Prof. Dr. Carlos Alberto Brayner de Oliveira Lira
Co-adviser: Profª. Drª. Helen Jamil Khoury
ABSTRACT
A detailed understanding of X-ray spectrum is essential for analyzing equipment that emits
this kind of radiation in radiodiagnostic facilities. Information on the various parameters that
are contained in this spectrum is important for quality control of X-ray equipment.
Spectrometry of X-ray beams uses very often GeHP detectors, that have good detection
efficiency and high resolution. However they need to be cooled with liquid nitrogen, which
makes mobility difficult and becomes expensive for various applications. In this study,
Cd
0,9
Zn
0,1
Te (CZT) e Si-PIN
thermoelectrically refrigerated detectors were used for the
construction of a spectrometry system. The response of the detectors to monoenergetic
photons was investigated with and X-rays emitted by calibrated sources of Am
241
, Ba
133
,
Cd
109
e Co
57.
Also continuous X-rays spectra were obtained from an industrial X-ray
irradiation tube for high voltages in the range of 40 kV to 120 kV, with and without the use of
filters. The spectrum distortions due to primary X-ray from the crystal were corrected for
efficiency detection by means of GEANT4 Monte Carlo code. The corrected X-ray spectra
presented a good agreement with the spectra of the reference catalogue. The results indicated
that the CZT and Si-PIN detectors have a performance that is compatible with the GeHP
detectors and therefore, are adequate for diagnostic X-ray spectrometry and X-ray
fluorescence, respectively, considering that the appropriate corrections is applied.
Key Words
: CZT detectors, Si-PIN detectors, diagnostic X-ray spectrometry.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Tubo de raios-X ocorrendo a sua produção...................................................... . .21
Figura 2: Espectro teórico (sem filtração) em um tubo de raios-X .................................... .22
Figura 3: Espectro teórico do feixe de raios-X com diferentes filtrões ............................22
Figura 4: Estrutura básica do fotodiodo PN........................................................................ .26
Figura 5: Polarização inversa em uma junção PN............................................................... .27
Figura 6: Diagrama em blocos do detector e sistemas eletrônicos com a saída
pica de cada estágio......................................................................................... .28
Figura 7: Espectro de fluorescência de raios-X do chumbo............................................... .29
Figura 8: Variação do coeficiente linear de atenuação em função da energia
da radiação......................................................................................................... .31
Figura 9: Corrente transitória (a) e carga induzida (b) para interões que ocorrem
em 0,25mm de profundidade no detector de CZT............................................. .35
Figura 10: Eficiência de coleta de cargas versus a profundidade da interação
para o detector de CZT...................................................................................... .36
Figura 11: Espectro medido com o detector XR100T-CZT obtido com a fonte
de Co57 (azul) e a função resposta computada com o uso do
MahtCad, (vermelho) para o mesmo detector de CZT............................... .37
Figura 12: Espectro de uma radiação monoenergética........................................................ .40
Figura 13: Crescimento do cristal pela técnica de Bridgman.............................................. .43
Figura 14: Estrutura básica do diodo PIN........................................................................... .44
Figura 15: Espectro do Fe
55
obtido com o diodo Si-PIN da Hamamatsu............................ .45
Figura 16: Espectro do Am
241
obtido com o diodo Si-PIN................................................. .46
Figura 17: Diagrama em blocos do sistema de detecção XR100-CR................................. .47
Figura 18: Modos de conexão do detector: (a) fotovoltaico, (b) fotocondutividade........... .48
Figura 19: Esquema de montagem dos detectores.............................................................. .54
Figura 20: Conjunto de detecção......................................................................................... .54
Figura 21: Módulos utilizados no sistema de detecção...................................................... .55
Figura 22: Arranjo experimental utilizado para a calibração dos espectrômetros.............. .57
Figura 23: Arranjo experimental para espectrometria de raios-X....................................... .58
11
Figura 24: Conjunto colimador EXVC da Amptek..............................................................59
Figura 25: Gráfico da probabilidade de interação considerando uma janela de
Berílio de 250 ......................................... 61
Figura 26: Gráfico da probabilidade de interão considerando uma janela de
Berílio de 25 ............................................ 61
Figura 27: Visualização esquemática das simulações dos detectores
construídos no GEANT4
.
.................................................................................. 63
Figura 28: Espectro do Am
241
obtido com o detector XR100T-CZT.................................. 64
Figura 29: Espectro do Ba
133
obtido com o detector XR100T-CZT................................... 64
Figura 30: Espectro do Cd
109
obtido com o detector XR100T-CZT................................... 65
Figura 31: Espectro do Co
57
obtido com o detector XR100T-CZT.................................... 65
Figura 32: Curva de calibração do detector XR100T-CZT obtida com fontes
de Am
241
, Ba
133
, Cd
109
e Co
57
............................................................................ 66
Figura 33: Espectro da fonte padrão de Am
241
obtido com o detector XR100-CR.............. 67
Figura 34: Curva de calibração do detector XR100-CR obtida com a fonte de Am
241
.... 68
Figura 35: Eficiência de fotopico em função da energia de radiação do detector
XR100T-CZT, obtida com fontes de Am
241
, Ba
133
, Cd
109
e Co
57
...................... 68
Figura 36: Eficiência de fotopico em função da energia de radião do detector
XR100-CR , obtida com fontes de Am
241
....................................................... 69
Figura 37: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtração
inerente, medido com o detector XR100T-CZT................................................ 70
Figura 38: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtração
adicional de 2,5mmAl, medido com o detector XR100T-CZT......................... 70
Figura 39: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtração
inerente, medido com o detector XR100T-CZT................................................ 71
Figura 40: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtração
adicional de 2,5mmAl, medido com o detector XR100T-CZT......................... 71
Figura 41:
Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração
inerente, medido com o detector XR100T-CZT................................................ 72
Figura 42: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração
adicional de 2,5mmAl, medido com o detector XR100T-CZT......................... 73
Figura 43: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtração
inerente, medido com o detector XR100-CR.................................................... 74
Figura 44: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtração
12
adicional de 2,5mmAl, medido com o detector XR100-CR............................. 74
Figura 45: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtração
inerente, medido com o detector XR100-CR.................................................... 75
Figura 46: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtração
adicional de 2,5mmAl, medido com o detector XR100-CR............................. 76
Figura 47: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração
inerente, medido com o detector XR100-CR.................................................... 77
Figura 48: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração
adicional de 2,5mmAl, medido com o detector XR100-CR............................. 77
Figura 49: Gráfico da eficiência de detecção do detector XR100T-CZT........................... 79
Figura 50: Gráfico da eficiência de detecção do detector XR100-CR................................ 79
Figura 51: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 40kV com filtração
inerente e o espectro teórico.............................................................................. 80
Figura 52: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 40kV com filtração
adicional de 2,5mmAl e o espectro teórico....................................................... 81
Figura 53: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 80kV com filtração
inerente e o espectro teórico............................................................................. 82
Figura 54: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 80kV com filtração
adicional de 2,5mmAl e o espectro teórico....................................................... 82
Figura 55: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 120kV com filtração
inerente e o espectro teórico.............................................................................. 83
Figura 56: Comparão entre o espectro experimental corrigido de 120kV com filtração
adicional de 2,5mmAl e o espectro teórico..................................................... 84
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Propriedades dos materiais semicondutores........................................................ 27
Tabela 2: Valores picos das propriedades do material, do detector e da
interação para os detectores XR100-CdTe e CZT............................................. 34
Tabela 3: Comparão da corrente de fuga em função da tensão de
polarização nos detectores de CdTe e CZT....................................................... 38
Tabela 4: Características das fontes radioativas usadas na calibração................................ 56
Tabela 5: Parâmetros utilizados para definição dos detectores no GEANT4..................... 62
Tabela 6: Valores das energias emitidas pelas fontes de Am
241
, Ba
133
,
Cd
109
Co
57
com os respectivos canais, eficiência e resolução
em energia de cada fotopico, obtidos com o detector XR100T-CZT................ 66
Tabela 7: Valores das energias emitidas pela fonte de Am
241
,
com os respectivos canais, eficiência e resolução
em energia de cada fotopico, obtidos com o detector XR100-CR.................... 67
14
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
µ
Coeficiente de atenuão linear e mobilidade do portador de carga
Γ
Intensidade relativa de emissão
µ
e
Mobilidade de deslocamento dos elétrons
λ
e Caminho médio livre do elétron
µ
h
Mobilidade de deslocamento das lacunas,
λ
h
Caminho médio livre da lacuna
ε
par
, Energia média para gerar um par elétron-lacuna
A Atividade da fonte de irradiação
ADC Conversor analógico-digital
Am Amerício
Ba Bário
C Capacitância e Contagens correspondente a área do fotopico
Cd Cádmio
CdTe Telureto de Cádmio
CdZnTe Telureto de Cádmio e Zinco
Co Cobalto
CSR Camada semi-redutora
CZT Telureto de Cádmio e Zinco
DC Direct Continuous / Connuo
dQ Variação de carga elétrica
dV Variação de tensão elétrica
E Campo elétrico
Ei Energia de ionizão
E
O
Energia depositada no material
F Fator Fano
FET Field Effect Transistor / transistor de efeito de campo
FWHM Full Width at Half Maximum/ largura na metade da altura do pico
GaAs Arseneto de Gálio
Ge Germânio
Ge(Li) Germânio ativado com Lítio
15
GEANT4
Código Monte Carlo para simulão de passagem de partículas e fótons através
da matéria
GeHP Germânio hiper-puro
HgI
2
Iodeto de Mercúrio
HPB High Pressure Bridgman / alta pressão de Bridgman
I Corrente elétrica
I(t) Corrente transitória
ICRU International Commisson on Radiation Units and Measurements
I
e
Corrente de elétrons
I
h
Corrente de lacunas
IRD Instituto de Radioproteção e Dosimetria
L Espessura de um detector planar
MCA Analisador multicanal
n Número de portadores
NaI(Tl) Iodeto de Sódio ativado com Tálio
NIST National Institute of Standards and Technology
N
O
Número de portadores de carga
Pb Chumbo
PIN Junção semicondutora com geometria PIN
PN Junção semicondutora com geometria PN
q Carga do elétron
Q Quantidade de carga
R Resolução e Rao entre grandezas
RTD Rise-Time Discriminator / Discriminador do tempo de subida de pulso
Si Silício
Si(Li) Silício ativado com lítio
Si-PIN Diodo de Silício com geometria PIN
t Tempo de aquisição
t
c
Tempo de coleta do portador de carga
Te Telúrio
T
e
Tempo de durão da corrente de elétrons
T
h
Tempo de durão da corrente de lacunas
V Tensão de alimentação
v Velocidade de arrastamento
16
W Tungstênio e largura da região de depleção
x Profundidade da interão
Z Número atômico
Zn Zinco
Permissividade elétrica do material e eficiência de fotopico
Eficiência de coleta
17
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
............................................................................................................. 19
2 REVISÃO DE LITERATURA
.................................................................................... 21
2.1 Produção de Raios-X e Distribuição Espectral............................................................ 21
2.2 Histórico da Espectrometria de Feixes de Raios-X..................................................... 23
2.3 Detectores Semicondutores......................................................................................... 25
2.3.1 Princípio de Funcionamento dos Detectores Semicondutores.................................. 26
2.3.2 Propriedades dos Detectores Semicondutores.......................................................... 31
2.3.2.1 Transporte de Portadores de Carga........................................................................ 31
2.3.2.2 Corrente de Fuga do Detector................................................................................. 38
2.3.2.3 Capacitância do Detector....................................................................................... 38
2.3.2.4 Resolução em Energia........................................................................................... 39
2.3.2.5 Eficiência de Detecção.......................................................................................... 41
2.4 Produção dos Detectores de CdTe e CZT................................................................... 42
2.5 Detector Semicondutor com Geometria PIN.............................................................. 44
2.6 Método de Conexão do Detector Semicondutor......................................................... 48
2.7 Tempo de Subida do Pulso.......................................................................................... 49
2.8 Aplicões dos Detectores Semicondutores para Espectrometria de Raios-X............ 50
2.9 Medidas de Corrão no Espectro de Raios-X............................................................ 51
3 METODOLOGIA
......................................................................................................... 53
3.1 Montagem dos Arranjos com Detectores de CZT e Si-PIN e Sistemas
Eletrônicos Apropriados........................................................................................ 53
3.2 Calibração dos Sistemas de Espectrometria................................................................ 56
3.3 Determinação da Eficiência de Detecção e Resolução dos Espectrômetros
de Raios-X............................................................................................................. 57
3.4 Medidas dos Espectros de Raios-X............................................................................. 58
3.5 Corrão dos Espectros Obtidos e Determinação da Eficiência de Detecção...... 60
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
.................................................................................. 64
4.1
Calibração do Espectrômetro....................................................................................... 64
18
4.2
Determinação da Eficiência e da Resolução................................................................ 68
4.3
Medida de Espectros de Raios X................................................................................. 69
4.4
Simulação da Eficiência de Detecção.......................................................................... 78
5 CONCLUSÕES
............................................................................................................. 85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
........................................................................... 86
19
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento das características do feixe de radiação produzido no tubo de raios-X
é fundamental para se avaliar a qualidade da radião. Em 1964 o relatório nº 10b da
International Commisson on Radiation Units and Measurements (ICRU) discutia, entre outras
coisas, o uso da distribuição espectral (espectro), isto é, o número de fótons em função da
energia, como uma forma de se obter uma completa especificação da qualidade da radiação.
No caso do radiodiagnóstico a medida do espectro do feixe de raios-X permite obter
informões sobre vários parâmetros importantes para o controle da qualidade dos
equipamentos de raios-X, tais como tensão (kVp), camada semi-redutora (CSR), filtrão
total e avaliação da dose.
Os sistemas de espectrometria consistem basicamente de um detector de radiação
nuclear acoplado a um sistema eletrônico composto de um pré-amplificador, amplificador e
um analisador de pulsos. O seu princípio de funcionamento baseia-se na proporcionalidade
que existe entre a amplitude do pulso produzido no detector e a energia da radiação incidente.
Os detectores de radiação utilizados para espectrometria de raios-X são os cintiladores
sólidos de iodeto de sódio ativado com tálio [NaI(Tl)], os contadores proporcionais e os
detectores semicondutores. A resolução dos detectores cintiladores de NaI(Tl) é na faixa de 4
a 10% enquanto que a dos detectores semicondutores é cerca de 1% (KNOLL, 1989).
Trabalhos de Israel et al (1971) mostraram que a eficiência do detector de silício (Si) cai
rapidamente com a energia e que este deveria ser escolhido para medidas de até 30keV,
enquanto que detectores de germânio (Ge) deveriam ser usados para medidas de espectro
entre 30 a 100keV.
Entretanto os detectores de Ge apresentam algumas desvantagens operacionais tais
como:
necessidade de resfriamento com nitrogênio líquido;
alto custo;
utilização de alta tensão de operação.
Por esta razão, o interesse por detectores semicondutores que operam em
temperaturas ambientes tem crescido. Assim, novos tipos de detectores foram sendo
20
desenvolvidos e aperfeiçoados tais como: Telureto de Cádmio (CdTe) e Telureto de
Cádmio e Zinco (CdZnTe ou CZT), Iodeto de Mercúrio (HgI
2
) e fotodiodos PIN de Si.
Os detectores semicondutores se comportam basicamente como uma câmara de
ionização sólida. A radiação eletromagnética interage com sua estrutura através do efeito
fotoelétrico, efeito Compton ou formão de pares, transferindo, conforme o efeito, toda ou
parte da sua energia para o semicondutor. Esta transferência de energia se dá através da
liberação de elétrons do cristal semicondutor, gerando assim pares de íons elétron-lacuna.
Dado que existe uma relão de proporcionalidade entre a quantidade dos portadores gerados
e a energia depositada pela radiação, a resposta na saída do detector será um pulso elétrico de
altura também proporcional a essa energia.
O objetivo deste trabalho é estudar as características do detector de CZT e do
fotodiodo PIN de Si para a caracterização de feixes de raios-X visando o seu uso em
programas de controle de qualidade de equipamentos de raios-X diagnóstico.
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Produção de Raios-X e Distribuição Espectral
Os raios-X são produzidos quando um feixe de elétrons, emitidos termionicamente
vindos do catodo de um tubo de raios-X, é acelerado por uma diferença de potencial para
alcançar um alvo na região de anodo, como mostra a Figura 01. A enorme desaceleração do
feixe de elétrons pela ação do campo elétrico nas imediações dos cleos dos átomos do
material alvo, resulta em uma emissão de radiação X conhecida como efeito Bremsstrahlung
ou radiação de freamento.
Figura 01: Tubo de raios-X ocorrendo a sua produção.
Fonte: SOARES; LOPES, 2003.
O espectro da radiação produzida pelo freamento do elétron é um espectro connuo
com a máxima energia proporcional ao valor da diferença de potencial aplicada entre o cátodo
e anodo. Um processo adicional ao freamento dos elétrons é o processo de ionização dos
átomos do alvo no qual o elétron transfere sua energia para o átomo e um elétron da camada
mais interna é arrancado do átomo. Esta vancia é preenchida por um elétron da camada
mais externa e um fóton é emitido com energia igual à diferença de energia dos dois níveis
envolvidos. Este fóton tem energia bem definida e é característico do material alvo. Portanto o
espectro do feixe de raios-X produzido no tubo de raios-X é a soma do espectro contínuo
devido ao efeito de freamento acrescido do espectro de raios-X característico. A Figura 02
mostra o espectro teórico (sem filtrão) em um tubo de raios-X.
22
Figura 02: Espectro teórico (sem filtrão) em um tubo de raios-X.
Fonte: SOARES; LOPES, 2003.
O feixe de raios-X antes de sair do tubo tem que atravessar a janela da ampola que
representa a filtrão inerente. Além disso, geralmente, lâminas de alumínio são colocadas na
saída do tubo, que são denominadas de filtrão adicional. O efeito da filtração inerente e da
adicional no espectro de raios-X é mostrado na Figura 03. Observa-se que os fótons de baixa
energia são absorvidos, tornando a energia média do feixe mais elevada. Portanto,
dependendo da tensão aplicada ao tubo de raios-X e da filtração total, isto é, a inerente mais a
adicional, a qualidade do feixe de raios-X pode ser modificada.
Figura 03: Espectro teórico do feixe de raios-X com diferentes filtrões.
Fonte: SOARES; LOPES, 2003.
23
Através da espectrometria do feixe de raios-X é possível obter informações sobre a sua
qualidade e o seu poder de penetrão. Medidas da Camada Semi-Redutora (CSR), isto é, da
espessura do material necessária para reduzir a intensidade da radião à metade também são
utilizadas para estimar a qualidade do feixe de raios-X. Entretanto, através da espectrometria é
possível obter mais informações sobre a distribuição de energia do feixe, tensão de pico
(kVp), (CSR), filtrão total e avalião da dose.
De fato, tem-se observado que feixes com diferente distribuição espectral podem
apresentar o mesmo valor de CSR. Por esta rao, em 1970, a publicação nº 17, da
International Commisson on Radiation Units and Measurements (ICRU) voltou a discutir o
uso da distribuição espectral da energia da radiação como uma forma de se obter uma
completa especificação da qualidade do feixe. Os métodos descritos para determinar a
distribuição espectral incluíam: análises de atenuação do feixe, espectrometria com
cintiladores e cálculo teórico de espectros de radião. Nesta publicação a ICRU também
discutia a possibilidade de se caracterizar a qualidade do feixe através da determinação da
primeira camada semi-redutora junto com o valor do potencial aplicado ao tubo de raios-X.
2.2 Histórico da Espectometria de Feixes de Raios X.
A espectrometria de feixes de raios-X teve início na década de 1960 com os trabalhos
de Ardran et al. (1969), Drexler; Grossrau (1968), Epp; Weiss (1966) e Peaple; Burt (1969),
que traziam medidas espectrais na faixa de energia utilizada em radiodiagnóstico, usando um
sistema detector que consistia em cristais cintiladores de iodeto de sódio ativado com tálio
NaI(Tl), acoplados a tubos fotomultiplicadores.
Em 1971, Israel et al. publicaram um trabalho onde faziam uma comparação entre os
vários tipos de detectores usados para espectrometria: cristal de NaI(Tl), contador
proporcional de gás Xenônio e os semicondutores de germânio ativado com lítio Ge(Li) e
silício ativado com lítio Si(Li). Eles mostraram que com os detectores semicondutores
obtinha-se uma resolução do espectro de ordem de 1% e que o detector de Ge é o que
apresentava maior eficiência de deteão na faixa de energia utilizada em radiodiagnóstico.
24
A partir desta data os detectores de Ge passaram a ser amplamente utilizado para
estudo de espectrometria de raios-X.
Diversos trabalhos sobre espectrometria da radiação emitida por tubo de raios-X foram
realizados. Fewwell; Weaver (1974) estudaram os espectros espalhados por fantoma.
Seuntjens et al. (1977), determinaram espectros de fluência e medida da Camada Semi-
Redutora (CSR). Seelentag; Panzer (1979) desenvolveram um programa de correção de
espectros usando técnicas de Monte Carlo.
Ainda em 1979, Seelentag et al. publicaram um catálogo de espectros para permitir a
verificação da reprodutibilidade de condições para a calibração de dosímetros. Neste catálogo
foram apresentados espectros obtidos através do desmembramento da distribuição de altura de
pulsos (stripping), medida com detector de Ge, através de processamento matemático
utilizando técnicas de Monte Carlo Trabalhos sobre espectrometria de raio-X foram realizados
utilizando este catálogo como parâmetro comparativo (BECKER, 1997; BIRCH;
MARSHALL, 1979; DI CASTRO et al, 1984; MYAJIMA, 2003).
Apesar da excelente resolução obtida com os detectores de Germânio, estes
apresentam algumas desvantagens operacionais, tais como: necessidade de resfriamento com
nitrogênio líquido, grande volume e alto custo de manutenção. Para contornar estes problemas
o interesse por detectores que obtivessem uma resolução compavel com os detectores de Ge
e que operassem à temperatura ambiente foi crescendo.
Novos tipos de detectores foram sendo desenvolvidos e aperfeiçoados, tais como
telureto de cádmio (CdTe), telureto de cádmio e zinco (Cd
(1-x)
Zn
x
Te ou CZT), Iodeto de
mercúrio (HgI
2
) e fotodiodo PIN de Si.
A partir do final da década de 1980 alguns trabalhos têm proposto o uso dos
fotodiodos para detecção de raios-X (AOKI; KOYAMA, 1989; CASTRO et al., 1984; PANI
et al., 1987). As principais vantagens oferecidas pelos fotodiodos PIN em relação aos
detectores de Germânio são: baixa capacitância e pequena corrente de fuga; operação à
temperatura ambiente não necessitando de nitrogênio líquido; baixa tensão de operão; baixo
custo.
Por outro lado, devido à fina espessura da região intrínseca dos fotodiodos há uma
grande dependência da eficiência de detecção do detector com a energia da radião
incidente. Aoki; Koyami (1989) discutiram em seus trabalhos o procedimento de correção dos
espectros brutos obtidos com os fotodiodos bem como a dependência da eficiência do detector
25
em função do ângulo de incidência. A resolução obtida por estes autores para a energia de
59,5 keV do Am
241
foi de 2,0keV.
Nos últimos anos o desenvolvimento de detectores refrigerados por efeito
termoelétrico (efeito Peltier) contribuíram para melhora da resolução do espectro,
possibilitando a obtenção de espectros com resolução comparável à obtida com detectores de
Ge(Li) (KHUSAINOV, 1992; MCGREGOR; HERMON, 1997; NIEMELA et al., 1996;
PANTAZIS et al., 1994; REDUS et al., 1996, 1998, 2001).
2.3 Detectores Semicondutores
Os semicondutores são cristais sólidos que, na temperatura ambiente, apresentam uma
condutividade intermediária entre a dos metais e a dos isolantes. No entanto, dependendo da
temperatura em que se encontram, os semicondutores podem variar de isolante a condutor
(PROST, 1976).
Em materiais cristalinos existem três bandas de energia em relação à condutividade de
elétrons. A banda de valência, de energia mais baixa, é a região onde os elétrons encontram-se
ligados aos átomos da rede cristalina. A banda de condução é a região que contem os níveis
de energia dos elétrons que se encontram livres para migrar pelo cristal. Entre a banda de
valência e a banda de condução existe uma banda proibida, que é uma região onde não
existem elétrons. A largura da banda proibida, chamada de bandgap , pode ser usada para
classificar o material como condutor, semicondutor ou isolante. Nos condutores a bandgap
não existe porque ocorre uma superposição entre as bandas de valência e de condução,
podendo os elétrons passar de uma banda para a outra. Quando a bandgap é maior que 5eV,
os elétrons têm pouca possibilidade de alcançar a banda de condução, oferecendo grande
resistência à passagem de corrente. Nesse caso o material é um isolante. Nos semicondutores
a bandgap é da ordem de 1eV na temperatura ambiente, mas em determinadas circunstâncias
pode-se fazer com que os elétrons alcancem a banda de condução e que o material se
comporte como um condutor. (PROST, 1976; SZE, 1981).
Além da condutividade intrínseca do semicondutor existe também a condutividade
provocada pela adição de impurezas cuidadosamente controlada. Esse processo é chamado de
dopagem e tem a finalidade de aumentar a condutividade nos semicondutores. O processo de
dopagem consiste da adição de impurezas trivalentes ou pentavalentes ao cristal
26
semicondutor. O cristal dopado com impurezas trivalentes é denominado semicondutor tipo P
e o cristal dopado com impurezas pentavalentes é denominado semicondutor tipo N (PROST,
1976; SZE, 1981).
2.3.1 Princípio de Funcionamento dos Detectores Semicondutores
Os detectores semicondutores de geometria planar são formados basicamente por uma
junção PN. A junção PN é formada pela difusão de impurezas doadoras (tipo N) em um
substrato semicondutor tipo P, ou pela difusão de impurezas aceitadoras (tipo P) em um
substrato semicondutor tipo N (PORST, 1976). A Figura 04 mostra a estrutura básica de um
fotodiodo de junção PN.
Figura 04: Estrutura básica do fotodiodo PN.
Quando uma fonte de tensão externa for conectada a uma junção PN, de tal modo que
o terminal positivo seja ligado ao lado N da junção e o terminal negativo ao lado P, Figura 05,
a junção fica polarizada inversamente. Tal conexão faz com que as lacunas no lado P e os
elétrons no lado N se afastem da junção; aumentando assim, a região de depleção. Embora os
portadores minoritários, elétrons no lado P e lacunas no lado N, sejam capazes de atravessar a
junção mais facilmente, o pequeno número desses portadores produz apenas um pequeno
aumento da corrente de saturação reversa que flui através da junção, o seu valor é geralmente
muito pequeno, alguns nA à temperatura ambiente. Com o aumento da tensão reversa aplicada
à junção, há um pequeno aumento da corrente reversa até que ocorra o rompimento,
breakdown, podendo destruir o dispositivo.
27
Figura 05: Polarização inversa em uma junção PN.
A detecção da radião em um semicondutor é baseada na coleta das cargas
produzidas pela interação da radiação na região de depleção ou volume sensível do detector.
A carga produzida é proporcional à energia da radiação depositada no semicondutor.
O número de portadores de carga produzido (N
O
) é dado pela relação (KNOLL, 1989):
p
Eo
No
ε
=
(01)
Onde E
O
= energia depositada no material
P
= energia média para produzir um par elétron-lacuna
P
é 3,4 vezes o valor da banda proibida
bandgap
(REDUS,
2003). A Tabela 01 mostra as propriedades de alguns tipos de semicondutores utilizados
como detectores de radião nuclear.
Tabela 01: Propriedades dos materiais semicondutores
Si (300K)
Ge (77K)
CdTe (300K)
CZT (300K)
14
32
48-52
48/30-52
2,33
5,32
5,86
6
1,12
0,67
1,47
1,7
3,62
2,98
4,43
4,47
1350
3,6.10
4
1100
1350
480
4,2.10
4
100
120
par
, (eV)
Mob. elétrons, µ
e
, (cm
2
.V
-1
.s
-1
)
Mob. lacunas, µ
h
, (cm
2
.V
-1
.s
-1
)
Propriedades dos materiais
Número atômico (Z)
Densidade (g.cm
-3
)
Energia da bandgap (eV)
Fonte: KNOLL, 1989
28
A Figura 06 mostra o diagrama de bloco de um detector semicondutor acoplado ao
sistema eletrônico utilizado para medidas de espectros de radiação ionizante. Também são
apresentados os tipos de sinais obtidos em cada estágio do sistema.
Figura 06: Diagrama em blocos do detector e sistemas eletrônicos com a saída típica de cada estágio.
Fonte: AMPTEK INC., 2007a.
Quando a radião ionizante incide no detector ela produz elétrons (e) e lacunas (h)
que sob a ão do campo elétrico são arrastados na dirão dos eletrodos de polaridades
opostas, como é mostrado na Figura 06. Os movimentos dos portadores vindos do ponto de
interação para os contatos geram uma corrente transitória, I(t), no detector que é transferida
para o sistema eletrônico.
A energia depositada pela radiação é proporcional à carga total coletada. O pré-
amplificador acoplado ao detector é sensível à carga e produz um pulso na saída com um
degrau de tensão proporcional a integral da corrente no tempo. A saída do pré-amplificador é
enviada para um amplificador que formata o pulso (amplifica o sinal, filtra o ruído na saída
maximizando a relação sinal-ruído). O pulso amplificado e formatado é um pulso de tensão
com altura proporcional à energia depositada. Em seguida este pulso é enviado para um
analisador multicanal, o qual separa os pulsos pela sua amplitude produzindo um histograma.
Este histograma que mostra o número de pulsos medido com determinada amplitude dentro
do intervalo de cada canal é o espectro de saída (AMPTEK INC., 2007a).
29
Em um detector ideal, todos os fótons de raios-X ou raios-
γ
para uma dada energia
incidente sobre o detector interagiriam e produziriam um pulso de tensão com a mesma
amplitude. Para uma fonte monoenergética, todas as contagens aconteceriam em um único
canal e a taxa de contagem seria igual à taxa dos fótons incidentes. Na prática isto não ocorre.
Devido às flutuações estasticas na produção de coleta das cargas (MIYAJIMA et al., 2002;
REDUS, 2003; TRAMMELL; WALTER, 1969).
Um detector real difere de um ideal por muitas razões. Alguns fótons não interagem e
passam através do detector. Outros fótons que interagem espalham-se no detector ou
produzem emissões secundárias dentro dele, depositando apenas parte da energia incidente. O
resultado é uma função resposta complicada a qual depende das propriedades da radiação
incidente sobre o material e do tamanho do detector (MIYAJIMA et al., 2002). Para eventos
depositando toda energia, vários processos levam a uma largura limitada do pico. Esses
processos incluem flutuações estatísticas do número de portadores de cargas criados pela
radião, coleta incompleta de portadores que levam a variões na corrente transitória e ao
ruído eletrônico provocado pelos componentes do sistema de detecção. As mais importantes
fontes de ruído eletrônico são flutuações na corrente e tensão na entrada do pré-amplificador,
causando um ruído de surto na corrente de fuga através do detector e pelo ruído térmico no
circuito de entrada do pré-amplificador.
Um espectro pico real, mostrando os raios-X característicos emitidos pelo chumbo
(Pb) e medido por um detector semicondutor é mostrado na Figura 07.
Figura 07: Espectro de fluoresncia de raios-X do chumbo.
Fonte: AMPTEK INC., 2007a.
30
Na prática, seria desejável um detector com alta sensibilidade no qual um número
máximo de parculas ou fótons interagisse e contribuísse para a formação total do pico e
também de uma alta resolução em energia para separar picos muito próximos e identificar
rapidamente picos que estão acima do background. A melhor resolução de energia para raios-
X e raios-
γ
é obtida usando diodos detectores de silício (Si) e germânio (Ge), onde são
resfriados com nitrogênio líquido para reduzir a corrente de fuga e o ruído térmico. A
principal desvantagem de operão com esses detectores é a necessidade de resfriamento
criogênico. Existem aplicações onde o resfriamento do detector com nitrogênio líquido não é
prático devido à constante recarga, ao seu tamanho físico e ao peso do criostato. A melhor
sensibilidade para raios-
γ
é obtida usando detectores cintiladores sólidos, como o NaI(Tl).
Cintiladores são cristais nos quais a energia depositada produz fótons de luz que são em
seguida detectados por um fotodetector que produz uma corrente transitória na entrada do
sistema eletrônico. Por outro lado, a resolução desse detector, da ordem de 4 a 10%, é
limitada pelo fato de que poucos fótons são detectados (KNOLL, 1989).
Existem várias aplicões onde se requer uma melhor resolução do que as que podem
ser alcançadas com os detectores cintiladores, mas o uso dos detectores que utilizam
resfriamento criogênico não é prático. O detector ideal para tais aplicações deve ter uma
bandgap maior do que os do Si e Ge, desde que a corrente de fuga para uma dada temperatura
diminui exponencialmente com o aumento da bandgap. O detector ideal também deve ter um
alto número atômico (Z) e uma alta densidade, porque o efeito fotoelétrico aumenta com cerca
de Z
5
e a atenuão é proporcional à densidade. Isto permite um detector com menor volume
para um igual poder de freamento stopping power(SCHLESINGER; JAMES, 1995).
Diversos semicondutores possuem esses critérios. São todos compostos
semicondutores, feitos de dois ou mais elementos químicos. Os compostos semicondutores
atualmente utilizados com sucesso em aplicações de detecção nuclear são CdTe, Cd
0,9
Zn
0,1
Te
(CZT) e HgI
2
(GRAMSCH et al., 1992).
A Figura 08 mostra a variação do coeficiente de atenuação do Si, Ge e CZT em função
da energia da radiação. Observa-se que o coeficiente de atenuação para o CZT na região de
fótons de baixa energia é maior que no Si.
31
Figura 08: Variação do coeficiente linear de atenuação em função da energia da radiação.
Fonte: AMPTEK INC, 2007a.
Embora os semicondutores CZT possuam certas vantagens sobre o Si e Ge, incluindo
alto coeficiente de atenuação e uma baixa corrente de fuga devido à larga bandgap, porém,
eles também possuem algumas desvantagens. A principal delas é uma grande concentração de
defeitos na sua estrutura cristalina, resultando em imeros locais para armadilha de
portadores, tornando as propriedades dos portadores de carga muito inferiores em relação ao
Si e Ge. Por este fato, o detector possui um tamanho bastante limitado e até mesmo com este
pequeno tamanho, distorções no espectro são observadas. Além do mais, as correntes de fuga
são muitas vezes dominadas por estes defeitos e daí não são tão baixas como seria esperado
pelo aumento da bandgap (REDUS, 2003).
2.3.2
Propriedades dos Detectores Semicondutores.
2.3.2.1
Transporte de Portadores de Carga.
Quando um feixe de radiação incide em um detector semicondutor, elétrons e lacunas
são produzidos em decorrência da interação da radião no meio. Se um campo elétrico
E
[V.m
-1
]
é aplicado no detector de radiação, a velocidade de arrastamento
v
[m.s
-1
] dos
portadores de carga é proporcional ao campo elétrico aplicado, sendo a constante de
32
proporcionalidade definida como a mobilidade dos portadores de carga
µµ
[m
2
.V
-1
.s
-1
]
(PORST, 1976; SZE, 1981). Logo,
Ev
µ=
(02)
E a corrente instantânea
I
[C.s
-1
= A] será dada por (PORST, 1976; SZE, 1981):
(03)
Onde:
q
[C] é a carga do elétron,
n
é o número de portadores,
v
[m.s
-1
] é a velocidade
de arrastamento e
L
[m]
é a espessura da região de depleção.
A durão do pulso de corrente transitória é determinada pela distância que os
portadores percorrem. Neste caso, serão esperados dois pulsos distintos: um vindo das lacunas
e outro vindo dos elétrons, onde os elétrons produzirão uma maior corrente por um curto
tempo, devido a maior mobilidade desses portadores.
No caso de um detector planar com espessura
L
[m]
,
submetido a uma tensão de
alimentação
V
[V], é produzido um campo elétrico
E
[V.m
-1
] uniforme e constante, dado pela
relação (PORST, 1976; SZE, 1981):
L
V
E
=
(04)
Considere um feixe de raios-X que deposita a sua energia
E
0
em uma profundidade
x
na região de depleção de um detector. A interação gera uma quantidade de cargas
Q
0
,
aumentando as correntes de elétrons e lacunas
I
e
e
I
h
, que flui por uma durão
T
e
e
T
h
[s]
para elétrons e lacunas respectivamente. Na ausência das armadilhas, essas quantidades serão
dadas por (AMPTEK INC, 2007a):
ε
==
p
0
E
q
0
qN
0
Q
(05)
33
=
L
E
0
Q
0
h
I
h
(06)
µ
=
L
E
Q
e
I
e
0
0
(07)
E
x
T
h
h
µ
=
(08)
E
x
L
T
e
e
µ
=
(09)
A carga induzida que é a integral da corrente no tempo (AMPTEK INC, 2007a), será
medida no pré-amplificador e é independente da profundidade onde ocorre a interão.
( )
h
0
h
e
0
e
T
I
T
I
dt
t
I
Q
+==
(10)
A amplitude do degrau de tensão na saída do pré-amplificador será dada por (AMPTEK INC,
2007a):
F
C
Q
V
=
(11)
Onde
C
F
[F = C.V
-1
] é a capacitância de realimentação do pré-amplificador.
Estas equações aplicam-se a todos os dispositivos planares submetidos a um campo
elétrico uniforme, independente do tipo de material. Equões análogas podem ser derivadas
para outras geometrias. Os parâmetros dependem do material, então será diferente para o
CdTe e CZT devido às diferenças no processo de fabricão.
34
Valores picos das propriedades: do material, do detector e da interação, para o XR-
100-CdTe e CZT são dados na Tabela 02.
Tabela 02: Valores típicos das propriedades do material, do
detector e da interão para os detectores XR100-CdTe e CZT.
CdTe
CZT
1
2
400
400
Nº de pares e-h (No)
1,3.10
4
1,2.10
4
2,1.10
-15
1,9.10
-15
95
26
8,6
2.3
12
37
125
415
23
74
250
830
1100
1350
100
120
3
1
2
0,05
Propriedades do material
T
e
centro (ns)
Propriedades do detector
Detector
Tensão polarização (V)
Qo (Coulomb)
I
e
(nA)
I
h
(nA)
Propriedades da interação
µ
h
(cm
2
/V
-1
.s
-1
)
e
(µs)
h
(µs)
Espessura L (mm)
µ
e
(cm
2
/V
-1
.s
-1
)
T
h
centro (ns)
T
e
máx./ topo (ns)
T
h
máx./ topo (ns)
Fonte: AMPTEK INC, 2007a
Toda vez que um excesso de cargas é gerado em um semicondutor, o equilíbrio
térmico é perturbado. O semicondutor retorna ao equilíbrio pela recombinão dos portadores,
o qual ocorre em locais chamados de armadilhas
trapping
(SZE, 1981). O número de cargas
livres decai exponencialmente com o tempo de vida
τ
e
e
τ
h
dos elétrons e lacunas,
respectivamente.
No Si e Ge existem poucos locais para armadilhas e o tempo de vida dos portadores é
longo. Então a fração de cargas que será presa nessas armadilhas durante o processo de coleta
de cargas será desprezada. Já os compostos semicondutores usados na detecção da radiação
nuclear, que na prática são cristais crescidos, carregam uma grande concentração de
armadilhas na sua estrutura cristalina e daí o tempo de vida dos portadores é muito curto
(REDUS, 2003).
35
Para o CZT, o tempo de vida pode ser
τ
e
= 1
µ
s e
τ
h
= 0,05
µ
s para elétrons e lacunas,
respectivamente. Devido ao tempo de vida da lacuna ser mais curto que o seu tempo
transitório, a corrente induzida é significativamente reduzida, e ainda mais, ela depende da
profundidade da interação no detector (MIYAJIMA,2002; REDUS, 2003). A integral da
corrente induzida no tempo dentro do pré-amplificador é chamada de carga induzida. A
Figura 09 (a) e (b) mostram o comportamento da corrente transitória e da carga induzida para
uma interão em 0,25mm dentro de um detector de CZT com 2mm de espessura. A corrente
de elétrons (e) está em azul, a corrente de lacunas (h) em vermelho e a corrente devido aos
dois portadores (e + h) está em preto. As linhas pontilhadas indicam os valores esperados na
ausência de armadilhas enquanto que as linhas cheias indicam os valores esperados para um
detector real.
(a) (b)
Figura 09: Corrente transitória (a) e carga induzida (b) para interões
que ocorrem em 0,25mm de profundidade no detector de CZT.
Fonte: AMPTEK INC, 2007a.
Quantitativamente, a eficiência de coleta de cargas
ηη
é dada pela relação (AMPTEK
INC, 2007a):
0
Q
Q
=
η
(12)
Onde:
Q
é o total de carga induzida e
Q
0
é o total de carga criada.
36
Ela é função da profundidade em que ocorre a interação
x
e é geralmente escrita em
termos do caminho médio livre, comprimento onde existe a captura do portador,
λλ
e
=(
µµ
e
ττ
e
)E
e
similarmente para
λλ
h
. A eficiência de coleta de cargas
ηη
é determinada pela equão
(HECHT, 1932):
( )
λ
+
λ
=η
λ
λ
h
e
x
L
h
x
e
e
1
L
e
1
L
x
(13)
A Figura 10 mostra a eficiência da coleta de carga versus a profundidade da interação
para o detector XR100T-CZT. Por esta figura, nota-se que para interações que ocorrem
próximas ao anodo do detector (contato frontal) toda carga é coletada. Isto é porque o tempo
de armadilhamento (tempo de vida) para os elétrons é longo comparado com o tempo durante
o transporte. Nota-se também que para interões que ocorrem com maior profundidade,
próximas ao catodo do detector (contato de fundo), o total de carga induzida é muito pequena
(AMPTEK INC., 2007a).
Figura 10: Eficiência de coleta de cargas versus a profundidade da interão para o detector de CZT.
Fonte: AMPTEK INC., 2007a.
O resultado do armadilhamento dos portadores para a espectrometria é um efeito
conhecido como uma cauda hole tailing. Considere o caso onde o comprimento da
atenuação é longo relativo à espessura do detector, então a probabilidade de interação em cada
ponto do detector será igual. Na Figura 10, nota-se ainda que, se as interões ocorrerem
próximas ao contato frontal, até aproximadamente 0,05cm, o detector terá uma eficiência de
37
coleta de cargas máxima e constante nesta região. Do mesmo modo, interações que ocorrem
em locais com maior profundidade criarão um menor sinal. Sinais pequenos gerados
sucessivamente sobre pequenos volumes representam uma menor contagem. O resultado
desses efeitos é uma cauda lenta no lado de menor energia do pico, como é mostrado na
Figura 11.
Figura 11: Espectro medido com o detector XR-100T-CZT obtido com a fonte de Co
57
(azul) e
a função resposta computada com o uso do MahtCad (vermelho) para o mesmo detector de CZT.
Fonte: AMPTEK, 2007a.
O formato do pico pode ser atribuído a uma combinação de três fatores: coleta
incompleta de cargas, atenuação linear da radiação e ruído eletrônico. A atenuação indica a
probabilidade da interação ocorrer dentro do detector em qualquer profundidade. A coleta
incompleta de cargas reduz a altura do pulso na saída porque a altura do pulso é proporcional
à distância de arrastamento do portador de carga (MIYAJIMA et al., 2002). O ruído eletrônico
pode ser desprezado para este tipo de detector devido ao resfriamento em torno de -30ºC que
faz a corrente de fuga cair para um nível baixo aceitável e também devido à utilização do pré-
amplificador com realimentação ótica pulsada de baixo nível de ruído ao invés de
realimentação resistiva mais ruidosa (NIEMELÄ et al., 1996).
38
2.3.2.2
Corrente de Fuga do Detector
A intensidade da corrente de fuga depende do tipo de detector, temperatura de
trabalho, geometria da região de depleção e da tensão de polarizão reversa. O valor desta
corrente afeta a relação sinal-ruído, influenciando na resolução em energia do detector
(KHOURY, 1999). Estudos revelaram que apesar da corrente reversa aumentar com o
aumento da tensão reversa, ela também diminuía quando a temperatura do detector é reduzida
de 20ºC para -30ºC (BUENO et al., 1996; REDUS et al., 1994).
A alta resistividade dos detectores de CZT implica em correntes de fuga muito baixas
para detectores de CZT quando comparadas com o detector de CdTe o que possibilita o uso
do detector de CZT para medidas de fótons de baixas energias (
http://urila.tripod.com). A
corrente de fuga dos detectores de CdTe e CZT que operam na temperatura ambiente afetam a
resolução em energia mais que o ruído eletrônico do pré-amplificador e os amplificadores
acoplados ao detector.
A Tabela 03 mostra uma comparão entre o comportamento da corrente de fuga em
função da tensão de polarização em detectores de CdTe e CZT submetidos a uma temperatura
de 27ºC. As dimensões dos detectores de CdTe e CZT são [4mm x 4 mm x 2 mm] e [4 mm x
4 mm x 3mm], respectivamente (EISEN et al., 1999).
Tabela 03: Comparação da corrente de fuga em função da tensão de polarização nos detectores de CdTe e CZT.
Tensão de
polarização
CdTe
CZT
120V
18nA
2,5nA
400V
Breakdown
8nA
Detector
2.3.2.3 Capacitância do Detector
Como foi visto anteriormente, a polarização reversa provoca o afastamento dos
portadores majoritários para longe da junção, deixando no lugar mais cargas fixas; assim a
região de depleção aumenta com a tensão reversa; este aumento de carga em função da tensão
aplicada pode ser considerado como efeito capacitivo. Podemos definir uma capacitância C
por (SZE, 1981):
39
dV
dQ
C
=
(14)
Onde dQ é aumento de carga produzido por uma mudança na tensão dV.
Dessa forma, a capacitância de um detector semicondutor depende da forma e do seu
tamanho. No caso de um detector planar a capacitância da junção
C
[C.V
-1
] é dada pela
relação (SZE, 1981):
W
A
C
ε
=
(15)
Onde [C.V
-1
.m
-1
] é a permissividade elétrica do material semicondutor, A [m
2
] é a
área ativa do detector e W [m] é a largura da região de depleção.
A capacitância de um detector não é constante, mas varia com a tensão aplicada.
Quando aumentamos a tensão de polarização reversa, haverá um aumento na largura W da
região de deplão e, conseqüentemente uma diminuição da capacitância do detector (SZE,
1981).
Em aplicações de espectrometria, este parâmetro é importante, pois afeta a resolução do
detector (EISEN, 1996).
2.3.2.4 Resolução em Energia
A resolução é um parâmetro importante quando utilizamos o detector para
espectrometria das radiações ionizantes, pois ele determina a capacidade do sistema detector
de diferenciar duas energias muito próximas entre si.
Uma vez que existe uma proporcionalidade entre a resposta do detector e a energia da
radião incidente a altura de cada pulso na saída do sistema de deteão será proporcional à
energia da radião.
40
Entretanto, quando todas as parculas ou fótons depositam a mesma energia no
detector, os pulsos produzidos terão uma dispersão devido a fenômenos estasticos
associados ao processo. Portanto, quando um feixe monoenergético de radiação interage no
detector, o espectro obtido apresenta uma forma aproximada de uma curva gaussiana. A
resolução percentual em energia é então definida pela relação entre a FWHM (Full Width at
Half Maximum / largura na metade da altura do pico) e o valor da energia E correspondente a
energia central do pico (KNOLL, 1989).
( )
E
100
.
FWHM
%
R
=
(16)
Figura 12: Espectro de uma radião monoenergética.
Fonte: SOARES; LOPES, 2003.
Alguns autores costumam definir a resolução em energia como sendo simplesmente a
FWHM determinada para um fotopico de uma dada energia, conforme ilustra a Figura 12.
Quando a resolução em energia é muito pequena, dizemos que este possui um ótimo poder de
resolução, ou seja, é capaz de separar radiões com energias muito próximas. Vários fatores,
podem influenciar a largura (FWHM) dos fotopicos: flutuação estatística no processo de
coleta de cargas, coleta incompleta de cargas produzidas no detector e o ruído eletrônico
(KNOLL, 1989; PRICE, 1989).
A flutuação estatística é uma característica inerente do material que constitui o
detector. No caso do semicondutor, a incerteza associada à criação de pares de elétron/lacuna
não pode ser completamente descrita pela estastica de Poisson, então uma constante
multiplicativa F, denominada de fator Fano, determinada experimentalmente para cada
detector, é incluída na expressão da resolução. Portanto, uma boa resolução do detector
41
depende diretamente do valor de F, que normalmente é menor que 1 (KNOLL, 1989; PRICE,
1989).
Outro fator que afeta a resolução e, portanto a largura dos picos, é a coleta incompleta
de cargas. A captura de portadores de cargas (elétrons e/ou lacunas) por armadilhas
localizadas na banda proibida é o principal fator responsável por esse efeito. Dependendo da
energia da armadilha, da temperatura do cristal e do campo elétrico aplicado, algumas cargas
acabam escapando das armadilhas após um intervalo de tempo. Portanto, o armadilhamento
de cargas contribui, tanto para o alargamento dos fotopicos como para uma taxa mais lenta da
coleta de portadores. Este último efeito produz uma assimetria no fotopico, fazendo com que
o lado de menor energia tenha uma cauda (tailing) (AMPTEK INC., 2003; BECKER, 1997;
MIYAJIMA, 2003).
Com o advento de novas técnicas de crescimento de cristais e melhoramento de
processamentos de sinais elétricos, a resolução destes detectores está próxima dos detectores
de germânio. Para energia de 122 KeV (Co-57), FWHM de 1,3 KeV (BECKER, 1997) e 0,9
KeV (DBERTIN; HELMER, 1988) são obtidos para o CZT e Ge, respectivamente. O uso da
célula Peltier (KHUSAINOV, 1992) e do discriminador do tempo de subida (RTD)
(RICHTER; SIFFERT, 1992), e de incorporão de processamentos eletrônicos para redução
da corrente de fuga e do ruído (REDUS et al., 1994) são também importantes refinamentos
nestes sistemas de deteão.
O último fator que altera a resolução dos detectores é o ruído eletrônico. Essa
contribuição depende da corrente de fuga do detector, da capacitância, cabos e conectores
utilizados entre o detector e o pré-amplificador. Este fator não depende da energia do fóton
incidente no detector (KNOLL, 1989).
2.3.2.5 Eficiência de Deteão
A eficiência de detecção é definida como uma probabilidade que uma partícula ou
fóton emitido por uma fonte seja detectado. A eficiência absoluta de um detector de radiação
é normalmente definida como a razão entre a taxa de contagens do fotopico (ou taxa de
contagens total), registrada pelo detector e a taxa de fótons com uma dada energia emitida
pela fonte de radiação. Se ao invés de considerarmos o número de fótons emitidos pela fonte,
for considerado apenas o número de fótons que alcança a superfície do detector, teremos a
42
chamada eficiência intrínseca. Dessa forma, fica claro que as duas definições de eficiência se
relacionam pelo ângulo sólido com que o detector avista a fonte. Normalmente a eficiência
intrínseca é a grandeza tabulada, uma vez que não incluí a dependência geométrica, difícil de
ser determinada. A eficiência intrínseca depende da forma e do tamanho da fonte, da energia
do fóton incidente e do tipo de cristal semicondutor do detector. A eficiência de fotopico ( é
determinada pela relação (KNOLL, 1989; PRICE, 1989):
Γ
ε
.
A
.
t
C
=
(17)
Onde C = contagens correspondentes à área do fotopico.
t = tempo de aquisição [s]
A = atividade da fonte no momento da medida [Bq = s
-1
]
Γ
= intensidade relativa para a energia em estudo [%]
2.4 Produção dos Detectores de CdTe e CZT
Os novos detectores semicondutores são feitos tradicionalmente por técnicas de
crescimento de cristais. No caso dos detectores de CdTe e CdZnTe (CZT) o método utilizado
é o de high pressure Bridgman (HPB) ou alta pressão de Bridgman, neste método os cristais
crescem a partir de um derretimento de quantidades aproximadamente iguais de Cádmio e de
Telúrio (DOTY et al., 1992; FOUGERES.;TRIBOULET, 1998; PARNHAM; SCHNEIDER,
1996; RAISKIN; BUTLER, 1988; ZANIO, 1970).
Os cristais de CdTe crescem pela técnica de Bridgman em uma ampola fechada a
vácuo. As três fases do material, sólido, líquido e gasoso, coexistem durante o crescimento e a
pressão na ampola é próxima à pressão do vapor na temperatura de crescimento. Durante o
crescimento do cristal uma extremidade da ampola é mantida em uma temperatura mais baixa
que determina uma pressão constante no vapor do sistema igual à atmosférica. O processo de
crescimento envolve transferência connua de material entre as três fases. A pressão
constante do vapor mantém a composição líquida constante, e quantidades equilibradas de
Cádmio e Telúrio dentro do cristal.
43
A Figura 13, abaixo, mostra que o cristal cresce a partir do seu derretimento movendo-
se ao longo da ampola na região onde se estende o gradiente de temperatura, ou seja, de uma
temperatura superior para uma inferior ao seu ponto de fusão.
Figura 13: Crescimento do cristal pela técnica de Bridgman.
Fonte:
BRUNET; KATTY, 1993.
O procedimento de crescimento inicia-se derretendo as partes separadas de Cádmio e
Telúrio, sob a atmosfera de Hidrogênio a fim de remover o Oxigênio do sistema (BRUNET;
KATTY, 1993; CHEUVART et al., 1990). Os materiais são então colocados em contato e
aquecidos até que reajam e produzam CdTe ou CdZnTe se o Zinco estiver presente. O
material é aquecido acima do ponto de fusão, e o crescimento de cristal coma após o
período de homogeneização.
O cristal cresce na alta temperatura, acima de 1100ºC, com uma taxa de crescimento
de mimetros por hora (mm/h). A adição do Zinco aumenta o bandgap do cristal e a
resistividade elétrica, conseqüentemente, reduz a corrente de escuro.
Os cristais de boa qualidade, praticamente livres de impurezas, crescem quando a
temperatura no final é resfriada cerca de 300ºC abaixo do ponto de derretimento. Este
resfriamento deve ser lento a fim de evitar stress e danos internos provocados pelo gradiente
de temperatura dentro do cristal. Depois que o crescimento do cristal está completo, este
possui elevadas pureza, resistência elétrica e sensibilidade à radião BRUNET;
KATTY, 1993; CHEUVART et al., 1990; ZANIO, 1970).
44
2.5 Detector Semicondutor com Geometria PIN
O diodo de Silício com geometria PIN (Si-PIN) é um dos mais importantes
dispositivos semicondutores na atualidade, usado para detectar radiões eletromagnéticas de
alta energia e partículas nucleares. Além do tamanho compacto, os diodos de Si-PIN possuem
outras características desejáveis. Entre estas se destacam uma superior resolução em energia,
resposta relativamente alta e pouca espessura, a qual pode ser variada, dependendo da
aplicação requerida. As desvantagens incluem a limitão do tamanho e facilidade de
degradação induzida pela radiação (LI, 2004; REDUS et al., 2002; SOLIDUM; BACALA,
2001).
A estrutura básica do diodo PIN é mostrada na Figura 14. Um diodo PIN é uma
estrutura com três regiões no qual a região Iintrínseca está entre as regiões dopadas com
material P e N.
Figura 14: Estrutura básica do diodo PIN.
Uma tensão de polarização reversa aplicada no dispositivo proporciona uma separação
e coleta de pares elétron-lacuna que são criados dentro da região de deplão por ionização e
por absorção da radião incidente. A camada N é usada com um contato ôhmico e o
semicondutor intrínseco é o volume ativo onde são coletados os pares elétron-lacuna criados
pela radiação incidente.
Os raios-X interagem com os átomos de Si para criar em média um par elétron-lacuna
para cada 3,62 eV de energia depositada. Dependendo da energia da radiação incidente, esta
energia depositada é dominada pelo Efeito Fotoelétrico ou pelo espalhamento Compton. A
probabilidade ou eficiência do detector absorver raios-X e criar pares elétron-lacuna aumenta
com a espessura do cristal de sicio (REDUS et al., 2002).
45
A geometria PIN permite que o volume ativo do detector seja estendido de vários
milímetros, suficiente para capturar todas as cargas depositadas pelos fótons. Esta é a rao de
usarmos a geometria PIN em vez da geometria PN (LI, 2004).
O volume ativo requerido para uma detecção eficiente da radião depende do material usado
como substrato, da energia da radião, do tipo de radião que será detectada e da aplicação
específica. Parâmetros importantes do material semicondutor incluem a concentrão de
dopantes, a bandgap, a energia de ionização (Ei) e o número atômico do substrato
semicondutor (LI, 2004).
Os detectores de Ge sempre operaram com temperaturas baixas para reduzir a corrente
de fuga gerada termicamente. Em aplicações de baixo ruído como espectrometria de raios-X,
detectores de Si-PIN também têm sido refrigerados pela mesma rao (HUBER et al., 1995).
A primeira versão de um sistema espectrômetro para baixa energia foi baseado no
diodo Si-PIN da Hamamatsu. A Figura 15 mostra o espectro do Fe
55
obtido com esse detector.
O detector está à -30ºC refrigerado termoeletricamente, mas o sistema está à temperatura
ambiente. A FWHM é de 660eV (11%) na energia de 5,9keV (PANTAZIS et al., 1994).
Figura 15: Espectro do Fe
55
obtido com o diodo Si-PIN da Hamamatsu.
Fonte: PANTAZIS et al., 1994.
46
A Figura 16 mostra o espectro do Am
241
, usando o mesmo detector. A capacidade de
resolução é observada, onde muitos picos de baixa energia são vistos separados. No entanto, a
resolução total não é ainda tão boa, pois, nota-se que o pico de 16,8keV está interferindo no
pico de 17,7keV. Além disso, existe baixa sensibilidade do silício para energias maiores e isto
aparece no pequeno tamanho do pico de 60keV (PANTAZIS et al., 1994).
Figura 16: Espectro do Am
241
obtido com o diodo Si-PIN.
Fonte: (PANTAZIS et al., 1994).
Atualmente o detector de Si-PIN é montado sobre um pequeno refrigerador
termoelétrico junto com os componentes do pré-amplificador. A refrigeração termoelétrica é
totalmente transparente para o operador, tanto que, do ponto de vista do usuário, o sistema
opera como se estivesse na temperatura ambiente, embora que o detector esteja sendo mantido
à -30ºC, com o objetivo de reduzir o ruído térmico e permitir o uso de uma maior tensão de
polarização, melhorando a coleta de carga e diminuindo a capacitância final do detector
(HUBER et al., 1995; REDUS et al., 2001; 2002).
Para facilitar o processo de coleta dos pares elétron-lacuna, uma tensão de polarizão
de 100 à 200V é aplicada ao detector, dependendo da sua espessura. Este valor de tensão é
alto para operação do detector na temperatura ambiente e, isto pode causar uma excessiva
corrente de fuga ocorrendo eventualmente uma danificação do detector (breakdown). Desde
que o detector é refrigerado, a corrente de fuga é reduzida consideravelmente permitindo
assim uma maior tensão de polarizão. Esta tensão mais alta diminui a capacitância do
detector, o que faz baixar também o ruído do sistema (HUBER et al., 1995; REDUS et al.,
2001; 2002).
A corrente de fuga no detector aumenta exponencialmente com a temperatura, mas o
sistema de refrigerão pode reduzir de forma considerável a corrente de fuga. O ruído
térmico, associado com o FET (Field Effect Transistor / Transistor de Efeito de Campo) e
47
componentes da realimentação, também aumenta com a temperatura, embora seja de forma
mais lenta (REDUS et al., 2001).
Uma nova técnica também foi desenvolvida para o pré-amplificador deste detector.
Essa técnica consiste de um circuito de reset pulsado que é acoplado capacitivamente à tensão
de polarização do detector, como mostra a Figura 17. Quando o nível DC (Direct Continuous)
na saída do pré-amplificador excede um dado limiar, o circuito de reset libera um pulso para
restaurar a corrente de carga na entrada do FET. Dessa forma, não há conexão na
realimentação para a entrada do FET, e daí elimina-se a fonte de ruído, pois, não existe mais
capacitância adicional, corrente de fuga e ruído térmico (REDUS et al., 2001).
Figura 17: Diagrama em blocos do sistema de detecção XR-100CR.
Fonte: REDUS et al, 2001.
Estas novas técnicas são agora aplicadas para os detectores de Si-PIN da Amptek, os
quais têm muito baixo ruído.
O detector e o pré-amplificador são utilizados acoplados com circuitos processadores
de sinal, incluindo a fonte supridora de alimentação, amplificador formatador de pulsos,
discriminador do tempo de subida de pulsos e analisador multicanal.
O detector de Si-PIN da Amptek, possui resolução em energia comparável com a do
detector de Si(Li). A melhor medida da resolução em energia foi de 146eV FWHM em
5,9keV usando um detector com volume ativo de 5mm
2
x 500
µ
m (REDUS et al., 2001;
2002).
48
2.6 Método de Coneo do Detector Semicondutor
O detector semicondutor pode ser conectado de dois modos: Corrente (fotovoltaico) e
Pulso (fotocondutividade).
No modo corrente (fotovoltaico) nenhuma tensão externa é aplicada aos terminais do
detector, como é mostrado no esquema da Figura 18 (a), de forma que os portadores de cargas
criados pela radiação ionizante são coletados pela ão do campo elétrico formado na região
de depleção; o diodo opera como uma fonte de corrente. Devido à intensidade de campo
elétrico ser muito baixa, a perda de portadores de carga por recombinão aumenta,
diminuindo a eficiência de deteão. O modo corrente é utilizado quando se deseja medir a
soma dos efeitos produzidos pela radiação incidente durante um dado intervalo de tempo. A
resposta é obtida na forma de uma corrente contínua cuja intensidade corresponde à média das
intensidades das correntes produzidas no detector por todos eventos individuais, naquele
intervalo de tempo. Esta corrente varia com a intensidade da radiação. Por conseguinte, este
tipo de resposta é importante em aplicações dosimétricas (KHOURY, 1999; KNOLL, 1989;
MELO, 1988)
(a) (b)
Figura 18: Modos de conexão do detector: (a) fotovoltaico, (b) fotocondutividade.
No modo pulso (fotocondutividade), uma tensão de polarização reversa é aplicada
externamente ao detector, como mostrado no esquema da Figura 18 (b), provocando aumento
na intensidade de campo elétrico e alargamento na região de deplão. Neste modo, uma vez
que os portadores gerados pela radiação ionizante são acelerados pela ação do campo elétrico
49
e são rapidamente coletados; evitam-se grandes perdas por recombinação. Como
conseência, um maior número de portadores de cargas irá contribuir para a formão do
pulso elétrico na saída do detector e na melhoria da resolução (SILVA, 2000). O modo pulso
é utilizado quando se deseja medir eventos individuais, permitindo uma avaliação da
intensidade e da energia da radião incidente e a resposta é obtida na forma de pulsos de
tensão. Este tipo de resposta é importante para a espectrometria, uma vez que cada pulso
produzido corresponde ao somatório dos efeitos produzidos pela incidência de uma partícula
ou de um fóton no detector (KNOLL, 1989).
2.7 Tempo de Subida de Pulso
O tempo de subida de um pulso corresponde ao tempo que os portadores de carga
criados pela radiação incidente sejam coletados pela ão do campo elétrico aplicado
externamente ao detector. Esse tempo de coleta de cargas depende da velocidade média de
arrastamento do portador v e da distância d a ser percorrida por este portador até ser coletado
pela ação do campo elétrico. O tempo de coleta do portador de carga t
c
é dado pela relação
(SZE, 1981).
E
d
v
d
t
c
µ
==
(18)
Onde
µµ
é a mobilidade do portador de carga e E a intensidade de campo elétrico
aplicado.
O pequeno volume sensível do detector semicondutor e a grande mobilidade dos seus
portadores de carga proporcionam uma rápida coleta de portadores gerados pela radiação.
Ainda em relão ao tempo de subida, para o caso específico dos detectores de CZT, a
introdução do zinco (Zn) além de aumentar a energia bandgap e a resistividade do detector,
também introduz algumas propriedades inferiores com relação às propriedades de transporte
de carga das lacunas quando comparadas com os detectores de CdTe. Isto insinuaria que o
processo de crescimento de cristais pelo método HPB introduziria níveis de impurezas dentro
da região da banda proibida causando defeitos no cristal (REDUS, 2003).
50
Detectores de CdTe possuem uma razão entre os produtos mobilidade-tempo de vida
das lacunas e elétrons, [(
µ
h.
τ
h) / (
µ
e.
τ
e)] , menor que 0,1. Esta rao é igualmente baixa em
todos detectores de CZT (EISEN, 1996). As propriedades de transporte de carga dos elétrons
obtida pelo produto mobilidade-tempo de vida nos detectores de CZT tem melhorado sobre os
detectores de CdTe quando as lacunas são negligenciadas.
2.8 Aplicações dos Detectores Semicondutores para Espectrometria de
Raios-X
A espectrometria de raios-X e
γ
é largamente usada para medir propriedades químicas e
nucleares de materiais em aplicações no âmbito de segurança nuclear e controle de processos
químicos, entre outros. Por este motivo, uma nova geração de sistemas detectores portáteis,
compactos e de baixo custo tem sido desenvolvida. Esses sistemas possibilitam além de uma
boa resolução em energia uma eficiência comparável apenas com os sistemas detectores de
refrigeração criogênica de Si e Ge.
Um sistema espectrômetro com detector de Si-PIN possui uma eficiência limitada para
alta energia devido ao baixo poder de freamento (stoping power) do Si e da camada intrínseca
pouco espessa (500µm). Dessa forma, o desempenho do sistema é bom apenas para baixa
energia. Neste detector, a sensibilidade diminui rapidamente para energias acima de 30keV
(PANTAZIS et al., 1994).
Em espectrometria de raios- úmero atômico (Z) são os
melhores. Devido a esta razão, uma grande quantidade de atenção tem sido focada procurando
outros materiais semicondutores, os quais incorporem pelo menos um elemento de alto Z.
Os detectores de CdTe e CZT pertencem a uma nova família de cristais semicondutores
empregados na espectrometria de fótons, como os de GaAs e HgI2 (GRAMSCH et al., 1992).
Estes novos detectores são constituídos de elementos com alto Z como, por exemplo, Cd = 48
e Te = 52, quando comparados com o germânio Ge = 32 e o silício Si = 14; permitindo assim
uma boa eficiência
para baixas energias com uma dimensão do cristal relativamente pequeno
(poucos milímetros cúbicos). Muitas pesquisas têm sido publicadas sobre estes detectores
(BECKER, 1997; CONTI et al., 1992; GRAMSCH et al., 1992; KHUSAINOV, 1992;
MATSUMOTO et al., 2000; MIYAJIMA, 2003; REDUS et al., 1994; RICHTER; SIFFERT,
1992). Como o sistema não necessita de resfriamento com nitrogênio líquido, o arranjo
51
experimental torna-se simples, permitindo medidas fora do laboratório. As principais
desvantagens destes novos detectores são a coleta incompleta dos portadores de carga e a
probabilidade relativamente alta de escapes de fluorescência de raios-X devido as suas
pequenas dimensões. Uma célula termoelétrica (célula Peltier) resfria o detector e o pré-
amplificador sensível à carga. O resfriamento do pré-amplificador reduz a corrente de fuga e o
ruído eletrônico do sistema, permitindo assim uma alta tensão reversa a fim de facilitar a
coleta de portadores de carga.
Pares de elétron/lacuna criados pela radião que interagem próximos ao contato de fundo
(catodo) do detector de CZT, resultam em flutuações no tempo de coleta de cargas. Estas
flutuões são observadas como variões no tempo de subida do pulso que vai para o pré-
amplificador sensível a carga. Como resultado, o espectro sofre aumento na contagem de
fundo e diminuição na resolução de energia. Para reduzir estes efeitos um circuito
denominado RTD (Rise-Time Discriminator / Discriminador do Tempo de Subida do pulso)
foi desenvolvido para o amplificador deste detector e quando o RTD é ativado, os pulsos
formados são internamente comparados e apenas os pulsos que correspondem a uma coleta
completa de carga são admitidos para serem enviados para análises no analisador multicanal
(MCA) (NIEMELA et al., 1996; REDUS et al., 1996, 1998, 2001; RICHTER; SIFFERT,
1992).
2.9 Medidas de Corrão no Espectro de Raios -X
A medida do espectro de raios-X será corrigida levando-se em consideração dois
efeitos:
1.
A energia do fóton incidente pode não ser totalmente absorvida no detector, isto é,
a altura do pulso obtido não corresponde com a energia do fóton incidente;
2.
Nem todos os fótons que chegam, interagem com o volume sensível do detector.
De fato, cada energia produz uma distribuição de alturas de pulsos que varia de um
valor máximo (picos com absorção total), a pequenas alturas de pulsos. Esses pulsos menores
ocorrem devido a vários processos, tais como: interão por efeito Compton; escapes de
fluorescência de raios-X; escapes de elétrons secundários; coleta incompleta de cargas, entre
52
outros. Também, é possível que ocorra a transmissão de fótons através do detector (CASALI
et al., 1992; EISEN; HOROVITZ, 1994; FEWELL; SHUPING, 1977; ZANIO et al., 1970).
Neste estudo as correções serão feitas apenas para transmissão de fótons primários e
escape de raios-X secundário (escapes-k). Na faixa de energia de raios-X diagnóstico a
probabilidade de interação Compton é negligenciada para o detector de CZT e a pequena
dimensão do detector impede o escape de elétrons secundários. A correção consiste em um
procedimento de stripping (BECKER, 1997; MIYAJIMA, 2003; SEELENTAG; PANZER,
1979), no qual uma contagem mal atribuída a um canal inferior é removida usando a fração de
escapes-k e as contagens que permanecerão são divididas pela eficiência total dos picos. A
coleta incompleta de cargas (carrier trapping) não será considerada, porque o circuito RTD
será ligado para medida do espectro de raios-X (BECKER, 1997; MATSUMOTO et al., 2000;
MIYAJIMA, 2003).
53
3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho consistiu nas seguintes etapas:
1-
Montagem dos arranjos com detectores de CZT e Si-PIN e sistemas eletrônicos
apropriados.
2-
Calibração dos sistemas de espectrometria.
3-
Determinação da eficiência de detecção e resolução dos espectrômetros de raios-X.
4-
Medidas dos espectros de raios-X
5-
Corrão dos espectros obtidos; determinação das eficiências e cálculo das
camadas semi-redutoras
3.1 Montagem dos Arranjos com Detectores de CZT e Si-PIN e Sistemas
Eletrônicos Apropriados.
Foram utilizados, neste trabalho, dois sistemas detectores de radiação. O primeiro
sistema foi XR100T-CZT da Amptek Inc., que é um fotodiodo de telureto de cádmio e zinco
(Cd
0,9
Zn
0,1
Te ou CZT) com dimensão 3x3x2mm
3
sendo 2mm a sua espessura. A tensão de
polarização reversa no detector foi 500V (otimizada pelo fabricante). O detector em conjunto
com o pré-amplificador é montado sobre uma refrigerão termoelétrica (lula Peltier) a qual
permite o seu resfriamento a uma temperatura de -21ºC que é monitorada por um sensor de
temperatura interno, possibilitando uma redução do ruído térmico e da capacitância do
sistema. Este conjunto é encapsulado a vácuo em um recipiente metálico com uma janela de
entrada de Berílio (Be) com 250µm de espessura a qual inibe a detecção da luz ambiente e
raios-X de energia baixa.
O segundo sistema detector utilizado foi o modelo XR100-CR da Amptek Inc. O detector
é um fotodiodo de silício tipo PIN com área de 7mm
2
x 500µm. A tensão de polarização
reversa no detector foi 150V (otimizada pelo fabricante). O detector em conjunto com o pré-
amplificador é montado sob dois estágios de refrigeração termoelétrica (células Peltier). Estes
componentes são mantidos a uma temperatura de aproximadamente -55
°
C e são monitorados
por um sensor de temperatura interno. Com o segundo estágio de refrigeração consegue-se
reduzir o transporte térmico e, por conseguinte, o ruído térmico. A redução do ruído térmico
permite o uso de uma maior tensão de polarização, melhorando a coleta de carga e
diminuindo a capacitância final do detector (HUBER et al., 1995; PANTAZIS et al., 1994;
54
REDUS et al 2001). O sistema detector é fechado no vácuo por uma fina janela de Be com
25µm de espessura a qual inibe a detecção da luz ambiente e raios-X de energia muito baixa.
A Figura 19 mostra o esquema de montagem dos detectores.
Figura 19: Esquema de montagem dos detectores.
Fonte: AMPTEK INC., 2003.
O detector e o pré-amplificador são compactados em uma embalagem com dimensão
10x4x3cm
3
a qual consome uma potência total <1W, incluindo a refrigerão termoelétrica.
A Amptek Inc., também oferece um sistema eletrônico projetado para ser utilizado
com o sistema detector. Os pulsos originados no detector são processados por esse sistema,
PX2-CR (Si-PIN) ou PX2T-CZT (CdZnTe), que incorporam o amplificador formatador de
pulsos e as fontes de alimentação; compondo o conjunto de detecção mostrado na Figura 20.
Figura 20: Conjunto de detecção.
Fonte: AMPTEK INC., 2003
55
O sistema eletrônico, PX2-CR ou PX2T-CZT, também incorporam o circuito RTD
(Rise-Time discriminator / discriminador do tempo de subida do pulso) que reduz os efeitos
da coleta incompleta de cargas hole tailing. O circuito RTD é usado para melhorar a forma
do espectro. Neste método todos os pulsos com tempo de subida que excedem um limiar são
rejeitados. Assim os pulsos que contribuem para formação da cauda (tailing) são eliminados
do espectro. Esta técnica é efetiva para melhorar a resolução, entretanto, leva a uma redução
na sensibilidade do detector, uma vez que muitas contagens são rejeitadas (JORDANOV et
al., 1996; REDUS et al., 2002). O circuito RTD foi ativado em todos espectros obtidos neste
trabalho.
O sinal de saída do sistema eletrônico, PX2-CR e PX2T-CZT, foi conectado na
entrada de um analisador multicanal da Canberra, modelo InSpector, para aquisição e análise
dos espectros.
A Figura 21 mostra o esquema dos equipamentos utilizados, junto com a forma do
sinal em cada uma das etapas.
Figura 21 - Módulos utilizados no sistema de detecção.
Fonte: AMPTEK INC., 2007a
Portanto, todo sistema integrado utilizado na aquisição e análise de espectros é
formado pelos seguintes componentes:
Detector + pré-amplificador (XR100-CR e XR100T-CZT)
Amplificador +Fonte de alimentação (PX2-CR e PX2T-CZT)
Analisador multicanal (MCA) modelo InSpector/Canberra
Sistema microcomputador com software Genie 2000
56
3.2Calibração dos Sistemas de Espectrometria.
Utilizando o detector XR100T-CZT foram efetuadas medidas de espectro de fontes
radioativas de referência de Co
57
, Cd
109
, Ba
133
, Eu
152
e Am
241
, cujas energias de emissão
cobrem a faixa de energia de interesse, além de possuírem meias-vidas não muito curtas.
Essas fontes foram confeccionadas no Instituto de Radioprotão e Dosimetria (IRD),
no centro de um disco de acrílico com 25mm de diâmetro e 3mm de espessura. A Tabela 04
mostra algumas características das fontes radioativas usadas na calibração do espectrômetro.
Tabela 04: Características das fontes radioativas usadas na calibrão
Radionucdeo
Atividade + Meia-vida
Tipo de emissão
Energia (keV)
Intensidade (%)
X
6,4
49,4
A = 78,54kBq
X
7,06
6,63
Co
57
(em 29/09/2005)
γ
14,41
9,14
T = 271,79 dias
γ
122,06
85,68
γ
136,47
10,67
A = 42,5kBq
X
20,9
84,2
Cd
109
(em 14/10/2005)
X
25
17,8
T = 462,6 dias
γ
88,03
3,65
A = 37,0kBq
X
30,85
95,5
Ba
133
(em 09/06/1998)
X
35,2
22,2
T = 10,5 anos
γ
80,9
36,73
X
11,9
0,86
A = 49,17kBq
X
13,9
13,3
Am
241
(em 17/05/2005)
X
17,8
19,4
X
20,8
4,9
T = 432 anos
γ
26,34
2,4
γ
59,54
35,9
Fonte: NIST, 2008
Para garantir a geometria de irradiação foi confeccionado um suporte que permitisse o
posicionamento das fontes no centro da janela do detector. A distância entre a fonte e o
detector foi mantida fixa e igual a 0,5mm. A Figura 22 mostra o arranjo experimental
utilizado para a calibração do espectrômetro.
57
Figura 22: Arranjo experimental utilizado para a calibração dos espectrômetros.
Mantendo-se fixa a tensão de operão do detector de CZT em 500V (otimizada pelo
fabricante) foram efetuadas medidas do espectro de cada fonte padrão durante o tempo de
aquisição de 3600s.
A calibração do espectrômetro com o detector XR100-CR foi obtida com os feixes de
raios- ão de Am
241
..
Esta fonte fornece seis fotopicos, cujos dados estão na
tabela 04, que possibilitam obter uma boa calibrão.
A partir dos espectros obtidos no analisador multicanal foi determinado o canal
correspondente a cada fotopico e em seguida foi trada a curva de calibração a qual relaciona
o canal onde ocorre o fotopico no analisador multicanal com a energia da radiação.
3.3
Determinação da Eficiência de Detecção e Resolução dos
Espectrômetros de Raios-X.
Para a obtenção da resolução do sistema foi determinada a largura do fotopico na
metade da altura do pico. Este valor é chamado de FWHM (Full Width at Half Maximum). A
resolução em energia foi calculada pela equação (16).
A eficiência de detecção do detector para esta geometria foi determinada,
identificando-se o início e o término do fotopico. Em seguida foi calculada a área de interesse.
58
A eficiência de detecção (
ε
)
correspondente à energia de um dado fotopico foi calculada pela
equação (17)
A partir do valor da eficiência de cada fotopico dos espectros obtidos foi possível
trar a curva de eficiência em função da energia da radião incidente.
3.4 Medidas dos Espectros de Raios-X
Após a verificação da linearidade dos sistemas obtivemos os espectros de raios-X. O
gerador de raios-X utilizado foi um de potencial constante modelo HF 420 da Pantak. O tubo
de raios-X tem um alvo de tungstênio (W) com ângulo de 16º. A tensão e corrente do tubo
foram monitoradas por um medidor de kV e mA durante as medidas. Quando se fez
necessário obter espectros de raios-X com filtro, a filtração utilizada foi de 2,5mmAl.
O arranjo experimental para espectrometria de raios-X mostrado na Figura 23
possibilitou reduzir o efeito da radiação espalhada.
Figura 23: Arranjo experimental para espectrometria de raios-X.
Fonte: MIYAJIMA et al, 2002; MIYAJIMA, 2003.
À distância entre o foco e o detector foi de 1m e a corrente no tubo 0,2mA para todas
medidas. O alinhamento entre o foco e o detector foi feito com o auxílio de diodos lasers. O
tempo morto foi menor que 3% durante todas as medidas, o valor 3% foi determinado
empiricamente observando-se as contagens no canal de energia máxima dos espectros de
raios-X.
59
A Amptek Inc. desenvolveu um conjunto colimador para reduzir a radião espalhada
em aplicações onde o fluxo de raios-X é alto, tanto para o detector, quanto para os
dispositivos eletrônicos que processam o espectro de raios-X. O conjunto colimador EXVC,
mostrado na Figura 24, pode acomodar até dois discos colimadores de Tungstênio (W) que
são colocados dentro de uma baioneta na frente do detector. Os discos colimadores de
Tungstênio estão disponíveis em sete diferentes tamanhos de furos para permitir um grande
mero de aplicações.
Figura 24: Conjunto colimador EXVC da Amptek.
Fonte: AMPTEK INC., 2003
O uso deste conjunto colimador melhora a qualidade do espectro restringindo os raios-
X para o volume ativo do detector, onde os sinais são produzidos. Dependendo do tipo de
detector os colimadores podem eliminar os efeitos da interação dos raios-X próximos da
borda do volume ativo e também falsos picos (KODERA et al., 1983; MIYAJIMA, 2003).
No arranjo experimental, do nosso trabalho, para espectrometria de raios-X, utilizamos
os dois colimadores, principal (1mm de diâmetro) e o secundário (2mm de diâmetro) ambos
com 2mm de espessura. O colimador secundário foi utilizado para proteger o detector dos
raios-X de escape k emitidos pelo colimador principal.
60
3.5 Correção dos Espectros Obtidos e Determinação da Eficiência de
Detecção
Quando um feixe de fótons de raios-X ou gama passa através de um material, o
resultado é uma atenuão exponencial do feixe primário. Cada uma das possíveis interões
pode ser caracterizada pela probabilidade de que ela ocorra em uma determinada espessura de
material absorvedor. A soma das probabilidades dos diferentes processos corresponde à
probabilidade de que um fóton seja removido do feixe primário. Esta probabilidade é
chamada de coeficiente de atenuação linear (
µ
), cuja unidade mais usual é cm
-1
. O número de
fótons transmitidos por uma espessura x pode ser estimado por (AMPTEK INC., 2007b):
x
trans
e
I
I
µ
=
0
(19)
onde I
0
é o fluxo de fótons incidentes, x a espessura,
µ
o coeficiente de atenuação linear e I
trans
o número de fótons primários transmitidos. Desta forma o número de fótons que interagem I
in
com o detector é estimado por (AMPTEK INC., 2007b):
( )
x
in
e
I
I
µ
=
1
0
(20)
O coeficiente de atenuação depende da energia do fóton primário e do material do
absorvedor.
No caso dos detectores XR100T-CZT e XR100-CR os processos mais relevantes são o
efeito fotoelétrico e o espalhamento Compton. No efeito fotoelétrico toda a energia do fóton é
depositada no detector, enquanto no espalhamento Compton apenas uma parcela desta energia
fica depositada no detector. É possível estimar a probabilidade de que um fóton interaja no
detector (I
in
/ I
0
) com base no coeficiente de atenuação linear efetivo de sua composição.
No entanto, é necessário ainda considerar a atenuação devido à janela de Berílio (Be)
que recobre o detector (AMPTEK INC., 2007b). Desta forma a probabilidade de que um fóton
interaja com o detector pode ser descrita por:
( )
CZT
CZT
Be
Be
x
x
e
e
P
µµ
=
1
)
(
(21)
61
Os coeficientes de atenuação linear foram retirados do NIST (National Institute of
Standards and Technology), podendo também ser obtidos utilizando-se programas
computacionais como o XCOM (BERGER et al., 1990). Estes coeficientes foram utilizados
para se obter os gráficos das probabilidades de interação dos detectores XR100T-CZT e
XR100-CR, e estão representados na figura 25 e figura 26, respectivamente. A composição do
CZT, foi definida no programa XCOM, como Cd 0,9; Zn 0,1 e Te 1,0.
Detector XR100T-CZT
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
Energia (keV)
Probabilidade de interação
Interação total
Interação Fotoelétrica
Figura 25: Gráfico da probabilidade de interão considerando uma janela de Berílio de 250
de 2mm de CZT.
Detector XR100CR
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
Energia (keV)
Probabilidade de interação
Interação total
Interação Fotoelétrica
Figura 26: Gráfico da probabilidade de interação considerando uma janela de Berílio de 25
62
A probabilidade de interação menor no início do gráfico da Figura 25 é devida à janela
de Berílio que se torna significativa para fótons com energia menores que 10keV. O mesmo
acontece na Figura 26, porém, como a espessura da janela é menor, a atenuão é significativa
apenas para os fótons com energia menor que 5keV.
No entanto para fazer a corrão dos espectros através da estimativa da eficiência de
detecção, não basta apenas considerar a probabilidade de atenuação. O detector possui uma
geometria tridimensional, assim um fóton que interaja por efeito Compton pode depositar
toda energia as uma segunda interação, se o detector for suficientemente espesso. Outro
fator é que as distorções causadas pela camada K, principalmente para elementos com alto
mero atômico não são bem representadas pela probabilidade de interão.
Uma forma de fazer a corrão dos espectros é utilizar fontes de radiação padrão e
calcular as eficiências de detecção para diferentes energias dos fotopicos. Este método,
porém, é demorado e envolve imeras medidas, além de ser necessário ter um grande
mero de fontes radioativas. Assim, a simulão da interação da radião com a matéria
utilizando o método Monte Carlo torna-se uma alternativa rápida e fácil para a estimativa da
eficiência de detecção. Desta forma, para fazer à estimativa da eficiência foi utilizado o
código Monte Carlo GEANT4 (ALLISON et al., 2006). Os parâmetros utilizados para a
definição da geometria virtual dos detectores estão representados na Tabela 05.
Tabela 05: Parâmetros utilizados para definição dos detectores no GEANT4.
xr100T-CZT
xr100CR
Diâmetro da Janela
2,5 mm
2,5 mm
Espessura da Janela
250 m
25 m
Composição da Janela
Be 100%
Be 100%
Densidade da Janela
1,85 g/cm³
1,85 g/cm³
Área do detector
3,0 mm x 3,0 mm
2,5mm x 2,8mm
Espessura do detector
2,0 mm
0,5 mm
Composição do detector
Cd 49,95%
Si 100%
Zn 49,95%
Te 0,10%
Densidade do detector
5,86 g/cm³
2,33 g/cm³
Detector
Parâmetro
63
A Figura 27 representa a geometria virtual dos detectores gerados no GEANT4. Nela
estão representadas algumas possibilidades de interão. Desta forma, os fótons podem:
1.
Ser atenuados pela janela de Be , mais provável para fótons com energias abaixo de
10keV.
2.
Realizar um efeito Compton, depositando parte de sua energia.
3.
Depositar toda a sua energia através de um efeito fotoelétrico
4.
Atravessar o detector sem interagir.
5.
Depositar toda sua energia através de uma interão Compton, seguido de um efeito
fotoelétrico
Figura 27: Visualizão esquemática das simulões dos detectores construídos no GEANT4.
A amplitude do sinal do detector depende da quantidade de energia absorvida
no detector. Assim, a eficiência de detecção pode ser estimada comparando-se a energia total
absorvida no detector com a energia do fóton primário. Se as energias forem semelhantes
significa que o fóton foi detectado. Por exemplo, na Figura 27 os fótons 3 e 5 depositaram
toda a sua energia. Desta a forma, a eficiência é igual a 2/5, pois foram simulados apenas 5
fótons.
64
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Calibração do Espectrômetro
As Figuras 28 a 31 mostram os espectros obtidos com o detector XR100T-CZT,
utilizando as fontes de radião padrão de Am
241
, Ba
133
, Cd
109
e Co
57
. Os dados foram obtidos
com o circuito RTD ligado, o que contribui para a melhoria da resolução dos fotopicos.
Figura 28: Espectro do Am
241
obtido com o detector XR100-CZT.
Figura 29: Espectro do Ba
133
obtido com o detector XR100-CZT.
65
Figura 30: Espectro do Cd
109
obtido com o detector XR100-CZT.
Figura 31: Espectro do Co
57
obtido com o detector XR100-CZT.
A Tabela 06 apresenta os valores medidos com o detector XR100-CZT das energias
emitidas pelas fontes padrão e seus respectivos canais, bem como, a eficiência de fotopico e a
resolução em energia obtida analisando-se os espectros obtidos. Observa-se que os valores das
energias medidas aproximam-se dos valores da Tabela 04, do NIST.
66
Tabela 06: Valores das energias emitidas pelas fontes de Am
241
, Ba
133
, Cd
109
Co
57
com os respectivos
canais, eficiência e resolução em energia de cada fotopico, obtidos com o detector XR100T-CZT
Energia (keV)
Canal
Eficiência (%)
FWHM (keV)
Resolução (%)
6,6
46
0,2
0,6
9,0
12,0
84
0,7
0,6
5,0
14,1
99
1,0
0,6
4,2
14,6
102
1,0
0,6
4,1
17,8
125
0,6
0,7
3,9
20,8
147
0,7
0,7
3,3
22,0
156
0,9
0,7
3,2
24,8
176
0,7
0,7
2,8
26,4
185
0,8
0,6
2,7
30,9
217
0,8
0,8
2,4
53,1
373
0,7
0,8
1,5
59,5
417
0,5
0,9
1,5
80,7
567
0,2
1,0
1,2
122,0
851
0,1
1,3
1,1
136,2
950
0,1
1,3
1,1
A partir dos dados da Tabela 06 foi possível trar a curva de calibração do
espectrômetro que corresponde à relação entre o canal do fotopico e a energia da radiação. A
curva de calibração obtida é mostrada na Figura 32. Observa-se pelos dados a linearidade da
resposta do detector em função da energia da radiação.
y = 0,1431x - 0,1795
R
2
= 0,9999
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0
200
400
600
800
1000
Canais
Energia (keV)
Figura 32: Curva de calibração do detector XR100T-CZT obtida com fontes de Am
241
, Ba
133
, Cd
109
e Co
57
67
A medida do espectro da fonte de radião padrão de Am
241
foi mais uma vez obtido,
como mostra a Figura 33, agora com o detector XR100-CR para realizarmos a calibração do
espectrômetro. Não foram utilizadas outras fontes nesta calibrão devido a baixa atividade
que elas tinham no momento da pesquisa.
Figura 33: Espectro da fonte padrão de Am
241
obtido com o detector XR100-CR.
A Tabela 07 apresenta os valores das energias dos fótons produzidos nesta fonte
padrão e seus respectivos canais, bem como a eficiência de fotopico e a resolução em energia
obtida analisando-se o seu espectro.
Tabela 07: Valores das energias emitidas pela fonte de Am
241
com os respectivos canais, eficiência e
resolução em energia de cada fotopico, obtidos com o detector XR100-CR
Energia (keV)
Canal
Área
Eficiência (%)
FWHM (keV)
Resolução (%)
11,9
141
768
0,300
0,40
0,034
14,1
166
7008
0,184
0,40
0,028
17,8
213
4441
0,080
0,40
0,022
20,8
250
779
0,050
0,40
0,020
26,5
319
379
0,050
0,56
0,020
59,5
728
358
0,003
0,72
0,012
A partir dos dados da Tabela 07 foi possível traçar a curva de calibrão do
espectrômetro que corresponde à relação entre o canal do fotopico e a energia da radiação. A
68
curva de calibração obtida é mostrada na Figura 34. Observa-se pelos dados a linearidade da
resposta do detector em função da energia da radiação.
Figura 34: Curva de calibração do detector XR100-CR obtida com a fonte de Am
241
4.2 Determinação da Eficiência e da Resolução
Com base no espectro obtido de cada fonte em estudo e do valor da sua atividade foi
possível calcular a eficiência de detecção dos detectores (XR100T-CZT e XR100-CR) em
função da energia do fotopico. A eficiência foi calculada pela equação (18). Os resultados dos
cálculos da eficiência estão na Tabela 06
A Figura 35 e 36 mostra o gráfico da eficiência de fotopico em função da energia da
radião do detector XR100T-CZT e XR100-CR, respectivamente.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0
20
40
60
80
100
120
140
Energia (keV)
Eficiência (%)
Figura 35: Eficiência de fotopico em função da energia de radião do detector XR100T-CZT, obtida com fontes
de Am
241
, Ba
133
, Cd
109
e Co
57
.
69
O gráfico, na Figura 35, mostra que a eficiência de fotopico é alta para baixas energias
e que ela decresce mais rapidamente para valores de energia a partir de 60 keV. Os dois
degraus que são observados na curva são devidos a interação de raios-X com a camada K. O
escape-K do Zinco (Zn) é observado em torno da energia de 10keV. Enquanto que, os
escapes-K do Cádmio (Cd) e do Telúrio (Te) são observados entre 20 e 30keV (MIYAJIMA
et al. 2002).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0
10
20
30
40
50
60
70
Energia (keV)
Eficiência de detecção
(%)
Figura 36: Eficiência de fotopico em função da energia de radião do detector XR100-CR, obtida com a fonte
de Am
241
.
O gráfico, na Figura 36, mostra que a eficiência de fotopico é alta para baixas energias
e que ela decresce para valores de energia a partir de 30 keV.
Com base no espectro obtido de cada fonte padrão e do valor da sua FWHM foi
calculada pela equação (16) a resolução em energia dos detectores. Os resultados estão na
Tabelas 6 e 7. Observa-se que a resolução em energia FWHM obtida com o detector de CZT
foi de 1,3keV para a energia de 122keV do Co
57
que está em concordância com os resultados
encontrados por Becker, (1997), Miyajima (2003) e Miyajima et al (2002).
4.3 Medidas dos Espectros de Raios -X
Espectros de raios-X emitidos por um gerador de potencial constante com tensão de
40kV, com filtração inerente e com filtração adicional de 2,5mmAl, foram medidos com o
detector XR100T-CZT e são mostrados nas Figuras 37 e 38.
70
Figura 37: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtrão inerente, medido com o detector
XR100T-CZT
Figura 38: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtrão adicional de 2,5mmAl, medido
com o detector XR100T-CZT
No espectro mostrado na Figura 37, observa-se, na proximidade de 10keV, picos de
raios-X característicos do chumbo (Pb) emitidos pelo colimador do tubo. Na Figura 38, nota-
se que os picos de raios-X característicos do chumbo Pb emitidos pelo colimador do tubo são
eliminados pela filtrão adicional e as contagens para energias abaixo de 15keV, deve-se a
coleta parcial de cargas no detector de CZT e escapes de raios-X da camada K do Zinco (Zn).
71
Espectros de raios-X emitidos por um gerador de potencial constante com tensão de
80kV, com filtração inerente e com filtração adicional de 2,5mmAl, foram medidos com o
detector XR100T-CZT e são mostrados nas Figuras 39 e 40.
Figura 39: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtrão inerente, medido com o detector
XR100T-CZT
Figura 40: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtrão adicional de 2,5mmAl, medido
com o detector XR100T-CZT
72
No espectro mostrado na Figura 39, observa-se, que além dos picos de raios-X
característicos do Pb emitidos pelo colimador do tubo, existem picos de raios-X
característicos do Tungstênio (W), próximos de 60keV e 70keV, material utilizado como alvo
no gerador. Na Figura 40, nota-se que os picos de raios-X característicos do Pb emitidos pelo
colimador do tubo são eliminados pela filtração adicional e também que as contagens para
energias abaixo de 20keV é devido a coleta parcial de cargas no detector de CZT, escapes de
raios-X da camada K do Zn e espalhamento Compton. Além disso, os raios-X característicos
do material alvo têm uma melhor definição devido ao endurecimento do feixe de raios-X.
Espectros de raios-X emitidos por um gerador de potencial constante com tensão de
120kV, com filtrão inerente e com filtração adicional de 2,5mmAl, foram medidos com o
detector XR100T-CZT e são mostrados nas Figuras 41 e 42.
Figura 41: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração inerente, medido com o detector
XR100T-CZT.
73
Figura 42: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração adicional de 2,5mmAl, medido
com o detector XR100T-CZT
No espectro mostrado na Figura 41, observam-se, mais uma vez os picos de raios-X
característicos do Pb emitidos pelo colimador do tubo e também os picos de raios-X
característicos do W, material utilizado como alvo no gerador. Na Figura 42, nota-se que os
picos de raios-X característicos do Pb emitidos pelo colimador do tubo são eliminados pela
filtração adicional e também que as contagens que aparecem para energias abaixo de 20keV é
devido a coleta parcial de cargas no detector de CZT, escapes de raios-X da camada K do Zn
e espalhamento Compton. Além disso, os raios-X característicos do material alvo têm uma
melhor definição devido ao maior endurecimento do feixe de raios-X.
Espectros de raios-X emitidos por um gerador de potencial constante com tensão de
40kV com filtrão inerente e com filtrão adicional de 2,5mmAl, foram medidos com o
detector XR100-CR e são mostrados nas Figuras 43 e 44.
74
Figura 43: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtrão inerente, medido com o detector
XR100-CR
Figura 44: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 40kV, com filtrão adicional de 2,5mmAl, medido
com o detector XR100-CR
No espectro mostrado na Figura 43, observa-se, na proximidade de 10keV, picos de
raios-X característicos do chumbo Pb emitidos pelo colimador do tubo e também que as
contagens acima de 40keV são atribuídas ao empilhamento de pulso devido à baixa eficiência
deste tipo de detector. Na Figura 44, nota-se que os picos de raios-X característicos do Pb
75
emitidos pelo colimador do tubo são eliminados pela filtração adicional e que as contagens
acima de 40keV são atribuídas ao empilhamento de pulsos no detector.
Espectros de raios-X emitidos por um gerador de potencial constante com tensão de
80kV com filtrão inerente e com filtrão adicional de 2,5mmAl, foram medidos com o
detector XR100-CR e são mostrados nas Figuras 45 e 46.
Figura 45: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtrão inerente, medido com o detector
XR100-CR
76
Figura 46: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 80kV, com filtrão adicional de 2,5mmAl, medido
com o detector XR100-CR
No espectro mostrado na Figura 45, observam-se, apenas os picos de raios-X
característicos do Pb emitidos pelo colimador do tubo. Os picos de raios-X característicos do
material utilizado como alvo não aparecem e isto se deve a baixa eficiência do detector para
esta faixa de energia. As contagens acima de 80keV são atribuídas ao empilhamento de pulso
devido à baixa eficiência deste tipo de detector. Na Figura 46, nota-se que os picos de raios-X
característicos do chumbo Pb emitidos pelo colimador do tubo são eliminados pela filtrão
adicional e que as contagens para energias abaixo de 20keV é devido ao espalhamento
Compton. Além disso, alguns raios-X característicos do material alvo já aparecem devido ao
endurecimento do feixe de raios-X e que as contagens acima de 80keV são atribuídas ao
empilhamento de pulsos no detector.
Espectros de raios-X emitidos por um gerador de potencial constante com tensão de
120kV com filtração inerente e com filtração adicional de 2,5mmAl, foram medidos com o
detector XR100-CR e são mostrados nas Figuras 47 e 48.
77
Figura 47: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração inerente, medido com o detector
XR100-CR
Figura 48: Espectro de raios-X emitido de um gerador de 120kV, com filtração adicional de 2,5mmAl, medido
com o detector XR100-CR
No espectro mostrado na Figura 47, observam-se, apenas os picos de raios-X
característicos do Pb emitidos pelo colimador do tubo. Os picos de raios-X característicos do
78
material utilizado como alvo não aparecem e isto se deve a baixa eficiência do detector para
esta faixa de energia. As contagens acima de 120keV são atribuídas ao empilhamento de
pulso devido à baixa eficiência deste tipo de detector. Na Figura 48, nota-se que os picos de
raios-X característicos do chumbo Pb emitidos pelo colimador do tubo são eliminados pela
filtração adicional e que as contagens para energias abaixo de 20keV é devido ao
espalhamento Compton. Além disso, os raios-X característicos do material alvo já aparecem
devido ao maior endurecimento do feixe de raios-X e que as contagens acima de 120keV são
atribuídas ao empilhamento de pulsos no detector.
4.4 Simulação da Eficiência de Deteão
A corrão pela eficiência foi feita com uma simulação com energias monoenergéticas
no GEANT4. Foram simuladas um milhão (10
6
) de fótons para cada energia. No final de cada
simulação foi obtida uma rao entre os fótons que depositaram toda sua energia pelo número
total de fótons. Esta razão resulta na eficiência de detecção estimada. A contagem corrigida é
obtida pela razão entre a quantidade de fótons que chegam no detector (contagem) e a
eficiência de detecção estimada.
Foram simuladas energias de fótons de 1keV até 150keV para obtenção da eficiência
de deteão dos detectores com base na energia total depositada. Na Figura 49 está
representada a eficiência de detecção do XR100T-CZT.
O gráfico mostra que a eficiência é alta para baixas energias e que ela decresce para
valores de energia a partir de 80 keV. Os dois degraus que são observados na curva são
devidos interação de raios-X com a camada K dos elementos que constituem o detector. O
escape-K do Zinco (Zn) é observado em torno da energia de 10keV. Enquanto que, os
escapes-K do Cádmio (Cd) e do Telúrio (Te) são observados entre 20 e 30keV.
79
Figura 49: Gráfico da eficiência de detecção do detector XR100T-CZT.
Na Figura 50 está representada a eficiência de detecção do XR100-CR. Os valores de
eficiência foram estimados para energias até 150keV, no entanto a partir de 80keV a
eficiência torna-se inferior a 0,5% e por esta razão a curva acaba interceptando o eixo das
abscissas.
Figura 50: Gráfico da eficiência de detecção do detector XR100-CR.
80
Os espectros de raios-X emitidos por um gerador de potencial constante com tensões
de 40kV, 80kV e 120kV, com filtração inerente e com filtrão total de 2,5mmAl, medidos
com os detectores XR100T-CZT e XR100-CR foram corrigidos utilizando-se a eficiência
simulada para cada detector.
As contagens obtidas pelos detectores foram dispostas em tabelas no Excel, a partir
das quais foram gerados os gráficos dos espectros. Para cada medida foi aplicada a corrão
da eficiência de deteão simulada pelo GEANT4, para os dados corresponderem à mesma
eficiência do catálogo. Dessa forma, houve uma comparação dos valores que correspondem
ao espectro utilizado. Em seguida, para obter a representação gráfica, os valores foram
normalizados considerando-se o número total de contagens.
A comparão entre o espectro experimental corrigido (obtido com XR100T-CZT e
XR100-CR; emitido de um gerador com tensão de 40kV, com filtração inerente e com
filtração adicional de 2,5mmAl) e o espectro do catálogo é mostrada nas Figuras 51 e 52.
Figura 51: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 40kV com filtrão inerente e o espectro
teórico.
Na Figura 51 observa-se que o detector de Si (XR100-CR) apresenta uma resposta
com comportamento diferente do catálogo. Isto é devido ao empilhamento de pulsos. No
entanto, o detector XR100T-CZT apresenta boa concordância com o espectro do catálogo. Os
resultados encontrados são similares aos obtidos por Miyajima (2003) e Miyajima et al
(2002), utilizando o detector de GeHP.
81
Figura 52: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 40kV com filtrão adicional de 2,5mmAl e o
espectro teórico.
A Figura 52 evidencia bem o comportamento dos detectores. Na curva dos valores do
XR100-CR é possível observar contagens para fótons com energias maiores de 42keV, onde
estas contagens ocorrem devido ao empilhamento dos fótons de menor energia. Para a curva
do XR100T-CZT, observa-se um número maior de contagens para energias menores que
15keV devido às coletas parciais da carga depositada no detector e interações por efeito
Compton. No entanto, os gráficos dos detectores apresentam boa concordância entre si e com
os dados do catálogo.
A comparão entre o espectro experimental corrigido (obtido com XR100T-CZT e
XR100-CR; emitido de um gerador com tensão de 80kV, com filtração inerente e com
filtração adicional de 2,5mmAl) e o espectro do catálogo é mostrada nas Figuras 53 e 54.
82
Figura 53: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 80kV com filtrão inerente e o espectro
teórico.
Na Figura 53 observa-se que o detector XR100-CR continua apresentando uma
resposta com comportamento diferente do espectro teórico, isto é devido ao empilhamento de
pulsos neste tipo de detector.
Figura 54: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 80kV com filtrão adicional de 2,5mmAl e o
espectro teórico.
83
O comportamento da curva do detector XR100-CR na Figura 54 é resultado da baixa
eficiência de detecção para fótons com energia maiores que 30keV e também devido
novamente ao empilhamento de pulsos no detector. A curva gerada pelos valores do XR100T-
CZT apresenta boa concordância com os valores do catálogo. Os resultados encontrados são
similares aos obtidos por Miyajima (2003) e Miyajima et al (2002), utilizando o detector de
GeHP.
A comparão entre o espectro experimental corrigido (obtido com XR100T-CZT e
XR100-CR; emitido de um gerador com tensão de 120kV, com filtração inerente e com
filtração adicional de 2,5mmAl) e o espectro do catálogo é mostrada nas Figuras 55 e 56.
Figura 55: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 120kV com filtração inerente e o espectro
teórico.
Na Figura 55 observa-se que o detector XR100-CR continua apresentando uma
resposta com comportamento diferente do espectro teórico. A causa deste é atribuída à baixa
eficiência de detecção e ao empilhamento de pulsos no detector. Enquanto que, o espectro
obtido com o detector XR100T-CZT apresenta boa concordância com o espectro do catálogo.
84
Figura 56: Comparação entre o espectro experimental corrigido de 120kV com filtrão adicional de 2,5mmAl e
o espectro teórico.
Na Figura 56, o comportamento da curva do detector XR100-CR é resultado da baixa
eficiência de detecção para fótons com energia maiores que 30keV e também devido ao
empilhamento de pulsos no detector. A curva gerada pelos valores do XR100T-CZT apresenta
boa concordância com os valores do catálogo. Os resultados encontrados são similares aos
obtidos por Miyajima (2003), Miyajima et al (2002), utilizando o detector de GeHP.
85
5 CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que os detectores XR100-CZT e
XR100-CR, que operam refrigerados termoeletricamente possuem resolução comparáveis aos
detectores de GeHP e Si(Li), respectivamente, conforme encontrado na literatura.
O detector de XR100T-CZT pode ser utilizado para espectrometria de raios-X e
γ
de
baixa energia, com um desempenho, em termos de resolução, comparável ao dos detectores
de HPGe.
Os espectros experimentais devem ser corrigidos levando em consideração a eficiência
de deteão para diferentes emissões.
O detector de Si (XR100-CR) apresentou uma distorção no espectro de raios-X devido
à baixa eficiência de detecção para altas energias. Os resultados permitem concluir que a sua
utilização é mais adequada para medidas de espectrometria de raios-X de baixa energia, como
por exemplo, à fluorescência de raios-X.
Os espectros obtidos pelo detector XR100T-CZT apresentaram boa concordância com
os espectros teóricos indicando que são adequados para medidas de feixes de raios-X
diagnóstico, praticamente dispensando as correções.
86
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