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HALINE DALSGAARD PEREIRA
CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E CONTROLE METABÓLICO
DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SUBMETIDOS A DOIS TIPOS DE
TRATAMENTO DIETÉTICO PARA DIABETES MELLITUS TIPO 1.
Orientador: Profª Drª Elizabeth Accioly
Co-orientador: Profª Drª Cláudia Saunders
R
IO DE
J
ANEIRO
Junho/2008
U
NIVERSIDADE
F
EDERAL DO
R
IO DE
J
ANEIRO
INSTITUTO DE NUTRIÇÃO JOSUÉ DE CASTRO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
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HALINE DALSGAARD PEREIRA
CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E CONTROLE METABÓLICO
DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SUBMETIDOS A DOIS TIPOS DE
TRATAMENTO DIETÉTICO PARA DIABETES MELLITUS TIPO 1.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós–Graduação em Nutrição, do Instituto de
Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de Mestre em
Nutrição Humana.
Orientador: Profª Drª Elizabeth Accioly
Co-orientador: Profª Drª Cláudia Saunders
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IO DE
J
ANEIRO
Junho/2008
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CONTROLE METABÓLICO E CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS
DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SUBMETIDOS A DOIS TIPOS DE
TRATAMENTO DIETÉTICO PARA DIABETES MELLITUS TIPO 1.
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição, do Instituto de
Nutrição, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte integrante dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em Nutrição Humana.
Rio de Janeiro, 03 de junho de 2008.
___________________________________
Profa. Dra. Elizabeth Accioly
Doutora em Ciências - UNIFESP
__________________________________
Profa. Dra. Glória Valéria da Veiga
Doutora em Nutrição -UNIFESP
________________________
Profa. Dra. Lenita Zajdenberg
Doutora em Clínica Médica - UFRJ
__________________________________
Profa. Dra. Eliane Lopes Rosado
Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV
U
NIVERSIDADE
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ANEIRO
INSTITUTO DE NUTRIÇÃO JOSUÉ DE CASTRO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
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Dedico esta dissertação a Deus e à minha família:
Aos meus pais Tânia e Góes, que me deram a vida e a oportunidade de seguir meus
estudos.
Aos meus sogros Neli e Jorge, por todo o incentivo e ajuda para que eu pudesse me
dedicar plenamente ao mestrado.
A minha doce irmã Amanda pelo carinho e apoio nos momentos difíceis.
A minha querida cunhada Carla por todo o carinho, incentivo e ajuda nos cuidados com a
minha filha.
A minha amada filha Mariana, por toda a compreensão nos muitos momentos em que a
privei da minha companhia.
Ao grande amor da minha vida, meu marido Marcus, por todo o carinho, apoio, incentivo
e estrutura para que todas as minhas tarefas fossem realizadas e cumpridas com êxito.
5
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora Profª Elizabeth Accioly por todo o incentivo ao longo da minha vida
acadêmica e profissional, e pela sua competência, paciência e estímulo à minha formação como
pesquisadora.
A profª Claudia Saunders que sempre esteve pronta para responder aos meus questionamentos e
ansiedades, dando apoio e incentivo ao meu crescimento profissional.
A profª Lenita Zajdenverg por participar das minhas bancas de qualificação, contribuindo com
seus conhecimentos para o aperfeiçoamento deste trabalho.
A profª Gloria Valéria da Veiga pelas excelentes contribuições e pela revisão desta dissertação.
Aos amigos Ângela Peres de e Rafael Peres de Leal Porto, pelo incentivo e ajuda na
produção dos abstracts dessa dissertação.
Aos funcionários do Instituto de Nutrição
Josde Castro,
Sr. Jorge e Sr. Germano, por toda a
paciência e carinho nas reservas de salas e auxílio no uso dos recursos visuais.
Ao meu amigo e colega de trabalho Dr. Paulo Collet-Solberg por todo o carinho, confiança e
incentivo à minha atuação profissional.
6
Aos meus grandes amigos e excelentes profissionais dos quais me orgulho muito: Dr. Jorge Luiz
Luescher, Dra. Claudia Castilho, Dra. Renata Szundy Berardo e Dra. Ludmila Campos, médicos
responsáveis pelo Serviço de Diabetes do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
(IPPMG), que sempre estiveram prontos para me apoiar e incentivar. A vocês dedico tudo o que
sou hoje como profissional.
Aos especializandos e residentes do Serviço de Diabetes do IPPMG, que sempre me apoiaram
com muito carinho e contribuíram com seus conhecimentos e auxílio na coleta de dados.
A nutricionista Marlene Merino Alvarez pelos ensinamentos preciosos em Diabetes.
Ao Serviço de Nutrição Clínica do IPPMG, do qual fiz parte, pelos momentos mais importantes
da minha vida profissional, em especial às minhas grandes amigas Verônica Medeiros da Costa,
Patrícia Padilha, Raphaela Correa Monteiro Machado e Iria Garcia Faria, por toda a
demonstração de carinho, compreensão, motivação e amizade, até mesmo nos momentos mais
críticos de toda esta vivência.
Ao IPPMG, que foi a minha maior escola e local de grandes conquistas profissionais.
A todas as crianças e adolescentes diabéticos do IPPMG e seus responsáveis, pela presença e
colaboração em reuniões e comemorações do Serviço, além de todo o carinho a mim reservado
nesta trajetória inesquecível
.
7
RESUMO
O tratamento do Diabetes Mellitus sofreu avanços significativos nas últimas décadas. A
Contagem de Carboidratos é o mais recente método dietético aplicado para a manutenção do
controle glicêmico em pacientes diabéticos. O presente estudo teve como objetivo investigar o
perfil antropométrico e o controle metabólico de portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 assistidos
no Ambulatório de Diabetes Mellitus Infanto-Puberal, do IPPMG da UFRJ, submetidos a dieta
tradicional (DT) e por contagem de carboidratos (CCHO). Foi realizado estudo longitudinal
retrospectivo, realizado no período de 2002 a 2006, a partir de banco de dados do referido
serviço. Os indivíduos foram classificados de acordo com o estadiamento puberal como pré-
púberes (crianças) e púberes (adolescentes), independente da idade cronológica. Para avaliação
do estado nutricional de crianças foi utilizado o índice peso/estatura, expresso em unidades de Z
score e, para a avaliação do estado nutricional de adolescentes foi utilizado o Índice de Massa
Corporal (IMC), expresso em percentis, com base nos valores de referência do Centers for
Diseases Control (2000). A evolução do estado nutricional ao longo dos tratamentos dietéticos
foi avaliada através dos valores médios de Z score peso/estatura para crianças e do Z score do
IMC para adolescentes. O perfil lipídico foi avaliado segundo a I Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose na Infância e na Adolescência, proposta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e
o controle glicêmico foi avaliado pela dosagem da hemoglobina glicada (HbA1c), parâmetro de
escolha para o controle glicêmico a longo prazo. Foram avaliados 93 pacientes, sendo 49,4%
(n=46) do sexo masculino e 50,6% (n=47) do sexo feminino, sendo 38,7% crianças e 61,3%
adolescentes. A média de idade de crianças no momento da inclusão no estudo foi de 7,4(±2,47)
anos e adolescentes foi de 14,8 2,86) anos. O tempo médio de doença foi de 4,5 (±1,94) anos
em crianças e 7,3 (±3,4) anos em adolescentes. Foi encontrada diferença significativa do
percentual de adequação da HbA1c (p=0,000) e dos valores de colesterol plasmático total
(p=0,043) após 1 ano de vigência da dieta por CCHO, não ocorrendo o mesmo durante o tempo
de observação da DT. A evolução do estado nutricional antropométrico em crianças e
adolescentes não mostrou diferença significativa entre o início e o final de ambos os tratamentos
dietéticos. Os resultados do presente estudo sugerem que o estabelecimento de uma orientação
alimentar mais flexível pode ser capaz de contribuir para a melhora dos níveis glicêmicos, sem
produzir aumento do ganho ponderal ou deterioração do perfil lipídico em comparação à conduta
dietética tradicional.
8
ABSTRACT
The treatment of diabetes mellitus (DM) has undergone significant advances in recent decades.
The carbohydrate counting is the most recent dietary treatment to help the diabetic patient.
Literature rewiew on the historical evolution of the nutritional treatment of the DM and then
investigate the metabolic control and anthropometric profile of people with type 1 diabetes
mellitus assisted in Ambulatory of Diabetes Mellitus Infanto-Puberal of Institute of Child Care
and Pediatrics Martagão Gesteira of Federal University of Rio January, submitted the traditional
diet (TD) and carbohydrates counting (CCHO). The study was based on series retrospective
longitudinal study, carried out from 2002 to 2006, from ambulatory`s data. Individuals were
classified according to the staging as pre-pubescent (children) and pubescent (adolescents),
regardless of chronological age. The nutritional status of children was available by the
weight/height relation (W/H), expressed in Z score units, and nutritional status of adolescents was
available by body mass index (BMI), expressed in percentiles, based on the reference of Centers
for Disease Control (2000). The evolution of nutritional status over both dietary treatments was
assessed by the average values of Z score of W/H for children and the Z score of BMI for
adolescents. The lipidogram was assessed according to I Guideline on Prevention of
Atherosclerosis in Childhood and Adolescence, proposed by the Brazilian Society of Cardiology
and glycemic control was assessed by the strength of glycated hemoglobin (HbA1c), choice for
the long-term glycemic control. The study has 93 patients in which 49,4% are male and 50.6%
are female; 38.7% are children and 61.3% are adolescents. The average age of children in the
study was 7.4 2.47) years and adolescents was 14.8 2.86) years on the recruitment for the
study. The average history of disease was 4.5 1.94) years in children and 7.3 (± 3.4) years in
adolescents. We found a significant difference in percentage of HbA1c (p = 0000) and the serum
cholesterol (p = 0043) after 1 year of CCHO. We don’t found this result in DT. The
anthropometric nutritional in children and adolescents showed no significant difference between
the beginning and end of both dietary treatments. The results of this study suggest that the use of
a more flexible choice a food, based on nutritional guidance, may be able to contribute the
improvement of glycemic levels, without necessarily producing increase in weight gain or
deterioration of the lipididogram compared to DT .
9
LISTA DE QUADROS
Página
Quadro 1 – Classificação do Diabetes Mellitus
22
Quadro 2 Critérios de Diagnóstico do Diabetes Mellitus e seus Estágios Pré-
clínicos
23
Quadro 3 – Evolução das Recomendações Nutricionais para Diabéticos de 1930 a
1997, segundo a ADA (1997)
31
Quadro 4 – Classificação dos Alimentos segundo o Índice Glicêmico
33
Quadro 5 – Níveis de Hemoglobina Glicada por Idade
51
Quadro 6 – Variáveis do Estudo
51
10
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 Distribuição por sexo e valores médios e desvio-padrão da idade e
tempo de doença dos pacientes acompanhados no serviço de DM do IPPMG-UFRJ
no momento inicial de observação (DT
0
)
Tabela 2 – Valores Médios e desvio-padrão de variáveis antropométricas e
bioquímicas dos pacientes acompanhados no serviço de DM do IPPMG-UFRJ nos
tempos iniciais de dieta (DT
0
e CCHO
0
)
Tabela 3 Valores médios das variáveis antropométricas e bioquímicas, segundo o
tipo de dieta de pacientes acompanhados no serviço de DM do IPPMG-UFRJ
Tabela 4 – Distribuição de eutrofia, risco de baixo peso e risco de sobrepeso
segundo o tipo de dieta em crianças e adolescentes acompanhados no serviço de
DM do IPPMG-UFRJ
64
64
65
65
11
LISTA DE ANEXOS
Página
Anexo 1
Instrumento de Coleta de Dados
80
Anexo 2
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
81
Anexo 3
Evolução do Tratamento Nutricional no Diabetes Mellitus
Tipo 1; revisão da literatura.
82
12
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
DM Diabetes Mellitus
CCHO Contagem de Carboidratos
DCCT Diabetes Control and Complications Trial
DM1 Diabetes Mellitus tipo 1
SIC Sistema de Infusão Contínua
OMS Organização Mundial de Saúde
ADA Associação Americana de Diabetes
DM2 Diabetes Mellitus tipo 2
SBD Sociedade Brasileira de Diabetes
CHO Carboidratos
FDA Food and Drug Administration
IG Índice Glicêmico
CG Carga Glicêmica
IPPMG Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
IMC Índice de Massa Corpórea
SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia
HbA1c Hemoglobina Glicada
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
NPQM Núcleo de Pesquisa em Micronutrientes
DMIP Diabetes Mellitus Infanto Puberal
13
APRESENTAÇÃO
O interesse pelo objeto de estudo da presente dissertação resulta de minha experiência
pessoal como nutricionista pediátrica, no ambulatório de Diabetes Infanto–Puberal no
IPPMG/UFRJ, na busca da oferta de alternativa de tratamento nutricional que permita o
atendimento às metas de controle clínico-metabólico do Diabetes Mellitus (DM) em crianças e
jovens e aos princípios da alimentação saudável, permitindo maior flexibilidade de escolhas
alimentares. Tal interesse moveu-me a buscar ferramentas metodológicas e aperfeiçoamento
acadêmico junto ao curso de Mestrado do Programa de pós-Graduação em Nutrição da UFRJ.
Esta dissertação foi desenvolvida através da parceria entre o Núcleo de Pesquisas em
Micronutrientes-NPqM, do Instituto de Nutrição Josué de Castro, do qual fui bolsista de Iniciação
Científica no período 1995-1997 e o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira-
IPPMG, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A presente dissertação será apresentada na modalidade dissertação por artigo, composta
de introdução, objetivos, metodologia, com a inclusão de dois manuscritos: sendo um artigo de
revisão, encaminhado para apreciação pelo Comitê Editorial da Revista Arquivos Brasileiros
de Endocrinologia e Metabologia e um artigo sobre o estudo longitudinal realizado a ser
encaminhado a um periódico incluído na base Qualis/CAPES, após apreciação e sugestões da
Banca Examinadora. Finalmente, são apresentadas as conclusões e as considerações finais do
trabalho.
14
O manuscrito de revisão intitulado “Evolução do Tratamento Nutricional no Diabetes
Mellitus Tipo 1”, apresentado no Anexo 3, aborda aspectos relacionados ao diagnóstico e
tratamento do diabetes mellitus tipo 1, além da evolução histórica da conduta nutricional.
O manuscrito de dados, que carrega o título da dissertação, representa a análise de um
recorte do banco dados do serviço de Diabetes Infanto Puberal do IPPMG, com ênfase no
comportamento de variáveis relacionadas ao controle metabólico do DM em pacientes
submetidos à dieta tradicional e, posteriormente, à dieta por contagem de carboidratos.
A dissertação deu origem, também, a trabalhos apresentados em eventos científicos
nacionais e internacionais.
Esperamos que os resultados aqui apresentados possam contribuir para o reconhecimento
da contagem de carboidratos como alternativa no planejamento dietético, de crianças e jovens
diabéticos, e para a prática do nutricionista no atendimento a essa clientela.
15
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO 18
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Diabetes Mellitus: aspectos epidemiológicos
2.2 Diabetes Mellitus: classificação, diagnóstico e aspectos
metabólicos
2.3 Recomendações nutricionais para o DM
2.4 Histórico do tratamento nutricional
2.5 Estratégias alimentares
2.5.1 Indice Glicêmico
2.5.2 Carga glicêmica
2.5.3 Contagem de carboidratos
2.5.3.1 Método de substituição de CHO
2.5.3.2 Método de gramas de CHO
21
21
22
27
30
32
33
35
37
38
39
3. JUSTIFICATIVA 42
4. OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral
4.2 Objetivos Específicos
43
43
43
5. METODOLOGIA
5.1 Tipo de estudo
5.2 Local do estudo
44
44
44
16
5.3 População e Amostra
5.4 Critérios de inclusão e exclusão
5.5 Coleta de dados
5.6 Tratamento dietético
5.7 Descrição das variáveis
5.7.1 Classificação etária
5.7.2 Dados antropométricos
5.7.3 Dose de insulina
5.7.4 Exames bioquímicos
5.7.4.1 Perfil lipídico
5.7.4.2 Controle glicêmico
5.7.5 Dados sócio-demográficos e de acompanhamento
5.8 Análise estatística
5.9 Aspectos éticos
Página
44
45
46
46
48
48
49
49
50
50
50
51
52
53
6. RESULTADOS (Artigo Científico)
ARTIGO 1 – Artigo de Dados
Resumo
Abstract
Introdução
Metodologia
Resultados
Discussão
54
54
55
56
57
57
61
66
17
Conclusão
Referências Bibliográficas
Página
71
71
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
73
ANEXO 1. Instrumento de Coleta de Dados 80
ANEXO 2. Memorando de Aprovação do Comitê de Ética 81
ANEXO 3
ARTIGO 2 – Artigo de Revisão
Resumo
Abstract
Introdução
Material e Métodos
Resultados e Discussão
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
82
82
83
83
84
86
86
101
102
18
1. INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus (DM) é um grupo de doenças metabólicas caracterizado por
hiperglicemia, resultante da deficiência na secreção e/ou ação da insulina (National Diabetes Data
Group, 1979).
A hiperglicemia é a causa de sintomas agudos associados ao diabetes, como
polidipsia, poliúria e polifagia. As complicações a longo prazo (retinopatia, nefropatia e
neuropatia), associadas ao DM, são resultado de elevações crônicas das concentrações de glicose
sanguínea (DCCT, 1993; UKPDS, 1998). Além disso, a hiperglicemia pode contribuir para o
desenvolvimento de doenças macrovasculares, as quais são associadas ao desenvolvimento de
doenças cardiovasculares, contribuindo como causa de morte em indivíduos portadores da
doença. Desta forma, o principal controle do DM está na regulação da hiperglicemia obtida com
concentrações normais de glicose sanguínea (ADA, 2004).
Apesar do aumento do DM2 na infância e na adolescência, nesta faixa etária o tipo 1
ainda é o predominante, estando presente em cerca de 90 a 95% destes indivíduos, com pico de
incidência dos 10 aos 14 anos de idade (SBD, 2006).
O tratamento do DM sofreu avanços significativos nos últimos anos. Com a descoberta da
insulina em 1921 foi possível melhorar o controle glicêmico, ocorrendo aumento da sobrevida e
melhora da qualidade de vida em indivíduos diabéticos (Hill & Beaser, 2001; Maia & Araújo,
2002).
A Contagem de Carboidratos (CCHO) é o mais recente método dietético, cuja aplicação
visa manter o controle glicêmico do paciente diabético. Esta terapia é utilizada desde 1935 na
Europa e foi uma das estratégias utilizadas no estudo multicêntrico randomizado, norte-
americano, intitulado Diabetes Control and Complications Trial - DCCT (1993), concebido para
19
avaliar os efeitos de diferentes tipos de terapia insulínica (intensiva e convencional) e de
intervenção dietética, no desenvolvimento e progressão de complicações vasculares e
neurológicas do DM1. No Brasil, a CCHO já vem sendo empregada com êxito para os portadores
de DM1 (Costa & Franco, 2005; Alves et al, 2007), principalmente em terapia de múltiplas doses
de insulina e em uso de sistema de infusão contínua (SIC) desse hormônio, como proposto pelo
DCCT (1993). A nova proposta tem, ainda, uma grande vantagem que é a flexibilidade no estilo
de vida e na escolha dos alimentos, podendo-se fazer uso racional do açúcar comum (sacarose)
em quantidades limitadas como recomendado em qualquer plano alimentar, mesmo para
indivíduos não diabéticos, tendo em vista seu baixo valor nutricional (Costa, 2001).
Embora a literatura médica especializada contenha alguns trabalhos com análise crítica
sobre a qualidade de vida em diabéticos como o de Mayou et al (1990), o do DCCT (1998) e o de
Rendeli et al (2003), poucos abordam especificamente os aspectos dietéticos, principalmente em
relação à terapia por CCHO. Hissa et al (2004) avaliaram o grau de satisfação do uso da CCHO
em 50 portadores de DM1 e concluiram que o método permitiu uma grande flexibilidade na
escolha dos alimentos aliada a poucas restrições alimentares, contribuindo para a melhora da
aceitação da doença pelo paciente com DM e, consequentemente, a sua qualidade de vida.
Contudo, os benefícios da aplicação deste método dietético ainda são bastante
questionados no meio acadêmico e na prática clínica, em função da falta de estudos a médio e
longo prazo que demonstrem a influência de um plano alimentar mais flexível no ganho ponderal
e no perfil lipídico do paciente diabético e, mais especificamente na criança e no adolescente
diabético, uma vez que a proposta foi lançada para atendimento de adultos jovens e pouco se tem
disponível em pacientes pediátricos.
20
A adesão aos princípios da nutrição adequada e do planejamento dietético é um dos aspectos
mais desafiantes e parece melhorar o nível de hemoglobina glicada em adultos, como
demonstrado no estudo de Delahanty & Halford (1993), além de ter sido correlacionada com
melhor controle da glicose sanguínea na criança (Burroughs et al, 1993; Cherron-Prochownik
et al, 1993). Desta forma, o estabelecimento de uma terapia nutricional que garanta boa
adesão aliada ao bom controle metabólico, além de permitir adequação do ganho ponderal em
função do crescimento, se faz necessário.
São escassos, em nosso meio, estudos com crianças e adolescentes diabéticos,
relacionados à conduta de maior flexibilidade alimentar com possibilidade de consumo de
alimentos contendo sacarose. Numa fase da vida em que são intensas as modificações na
composição corporal e no crescimento, o conhecimento do impacto da CCHO, a curto e médio
prazo, no controle metabólico e antropométrico desta clientela reveste-se de importância para
subsidiar a prática clínica relativa ao seu cuidado nutricional, sendo este o objetivo do presente
estudo.
21
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Diabetes Mellitus: Aspectos epidemiológicos
O DM1 se constitui a segunda doença crônica mais prevalente na infância, de distribuição
universal, independente do grau de desenvolvimento do país (WHO, 1990). Sua importância se
torna ainda maior se consideradas as complicações crônicas e a crescente incidência registrada
em vários países. Atualmente sabe-se que a incidência do DM1 vem aumentando
particularmente, na população infantil com menos de 5 anos de idade (SBD, 2006).
A incidência do DM1 demonstra acentuada variação geográfica, apresentando taxas por
100.000 indivíduos com menos de 15 anos de idade: de 38,4 na Finlândia, de 11,5 em Portugal,
de 7,6 no Brasil e de 0,5 na Coréia (EURODIAB, 2000; Karvonen et al, 2000). Estima-se no
mundo que, anualmente, 65 mil crianças com menos de 15 anos desenvolvam diabetes tipo 1
(Eurotrials, 2007).
Dados sobre DM1 no Brasil são escassos, com prevalência estimada de 0,2% e incidência
variável: de 3,5/100.000 indivíduos em Campina Grande (PB); de 5,8/100.000 indivíduos em
Londrina (PR) (Campos et al, 1998); de 7,6/100.000 indivíduos em São Paulo (SP) e de
9,8/100.000 indivíduos em Bauru (SP) (Ferreira et al, 1993); e de 12,4/100.000 indivíduos em
Passo Fundo (RS) (Silveira et al, 2001). Estas variações de incidência observadas em várias
regiões podem estar associadas aos critérios de diagnóstico da doença diferenciados em cada
região, bem como o acesso da população ao sistema de saúde.
De acordo com o Vigitel 2006 - Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis estima-se que, atualmente no Brasil cerca
de 700.000 indivíduos sejam portadores de DM1 (Ministério da Saúde, 2007).
22
2.2 Diabetes Mellitus: classificação, diagnóstico e aspectos metabólicos
A classificação atual do DM é baseada na etiologia e não no tipo de tratamento, portanto
os termos DM insulinodependente e não insulinodependente devem ser eliminados. A
classificação proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (Alberti & Zimmet, 1999),
e
revista pela Associação Americana de Diabetes (ADA) (2005) inclui dois tipos principais da
doença: o tipo 1 e o tipo 2, além do gestacional e tipos específicos (Quadro 1). Existem, ainda,
duas categorias referidas como pré-diabetes, que são a glicemia de jejum alterada e a tolerância à
glicose diminuída. Essas categorias não são entidades clínicas, mas fatores de risco para o
desenvolvimento do DM e de doenças cardiovasculares.
Quadro 1 – Classificação do Diabetes Mellitus
I. Diabetes Mellitus tipo 1
II. Diabetes Mellitus tipo 2
III. Outros tipos de diabetes
A. Defeitos genéticos da célula beta (MODY 1, MODY 2, MODY 3)
B. Defeitos genéticos da ação da insulina (Leprechaunismo, resistência à insulina
tipo A, etc.)
C. Doenças do pâncreas exócrino (pancreatites, trauma, hemocromatose, etc)
D. Endocrinopatias (acromegalia, Síndrome de Cushing, feocromocitoma,
glucagonoma, etc.)
E. Induzido por drogas ou substâncias químicas (diazoxido, vacor, pentomidine,
ácido nicotínico)
F. Infecções (rubéola congênita, citomegalovírus, etc.)
G. Formas incomuns de diabetes imuno-mediadas (Stiff-man Syndrome,
anticorpos anti receptores de insulina, etc.)
H. Outras síndromes genéticas associadas ao diabetes (Síndrome de Down,
Kinefelder, Turner, Wolfran, etc.)
IV. Diabetes Gestacional
Fonte: ADA, 2005.
23
O DM1 é responsável por 5 a 10% dos casos de DM. É causado pela destruição auto-
imune das células β pancreáticas produtoras de insulina, ocorrendo principalmente na infância e
juventude (Eiselen et al, 2004). A natureza auto-imune é evidenciada pela presença de infiltração
linfocitária nas células de Langerhans e detecção de anticorpos contra a estrutura das ilhotas. O
componente genético mais documentado é a associação com os antígenos de
histocompatibilidade (HLA) (Nepom & Kwok, 1998). Fatores ambientais como exposição
precoce à proteína do leite de vaca (albumina sérica bovina) e infecções virais (caxumba,
Coxsackie vírus), têm sido apontado como fatores desencadeadores (Vaarala, 2005; Devendra et
al, 2004; Morales et al, 2002).
O critério diagnóstico foi modificado em 1997 pela ADA e, posteriormente, aceito pela
OMS e pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). As modificações foram realizadas com a
finalidade de prevenir, de maneira eficaz, as complicações micro e macrovasculares do DM.
Atualmente são três os critérios diagnósticos aceitos para o DM (Quadro 2).
Quadro 2 – Critérios de Diagnóstico do Diabetes Mellitus e seus Estágios Pré-Clínicos
Categoria Jejum *
mg/dl
2h após 75g de
glicose
mg/dl
Casual **
mg/dl
Glicemia normal < 100 < 140
Tolerância à glicose
diminuída
> 100 a < 126
140 e < 200
Diabetes Mellitus
126 200 200 com sintomas
clássicos ***
Fonte: ADA, 2008.
* O jejum é definido como a falta de ingestão energética por, no mínimo, 8 horas; ** Glicemia plasmática casual é
aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo de tempo com relação à última refeição; *** Os
sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda de peso não explicada.
24
Após o diagnóstico, o controle do paciente diabético é avaliado pela dosagem da
hemoglobina glicada. Em um indivíduo não-diabético, cerca de 4% a 6% do total de HbA1c
apresenta-se glicada, enquanto que no diabético com descontrole acentuado esta porcentagem
pode atingir níveis duas a três vezes acima do normal (Sacks, 1999). Níveis elevados de HbA1c
estão associados ao risco progressivamente maior de complicações crônicas. Por isso, o conceito
atual de tratamento do diabetes define 7% de HbA1c como valor limite, acima do qual está
indicada a revisão do esquema terapêutico em vigor (ADA, 2008).
A concentração de hemoglobina glicada é resultado de todas as hemácias circulantes no
organismo, desde as mais velhas (120 dias) às mais jovens. Porém, a glicose dos últimos 30
dias antes de sua dosagem contribui com, praticamente, 50% da HbA1c, enquanto as
concentrações glicêmicas dos últimos dois a quatro meses contribuem com, aproximadamente,
25%. Desta forma, a hemoglobina glicada reflete a média ponderada das concentrações
glicêmicas de 60 a 90 dias antes da realização do exame (Bem & Kunde, 2006).
A dosagem da hemoglobina glicada tem sido apontada no acompanhamento de indivíduos
diabéticos, sendo o resultado encontrado determinante na conduta clínico-nutricional a ser
adotada para estes pacientes. É o exame mais informativo disponível no momento com vistas à
prevenção de complicações crônicas e no controle do DM (Bem & Kunde, 2006). Há disponíveis
métodos de laboratório que medem o conjunto de moléculas de hemoglobina e outros medem
apenas a HbA1C, porém todos fornecem a mesma importante informação indireta sobre as
concentrações de glicemia. Tal fato resulta em diferentes padrões de referência, na dependência
da metodologia empregada (SBD, 2006).
Os estudos prospectivos de intervenção, DCCT (1993) e UKPDS (1998) demonstraram, de
forma inequívoca, que taxas glicêmicas em valores próximos das concentrações desejáveis,
25
avaliadas pela HbA1c são acompanhadas de redução significativa do surgimento e da
progressão das complicações microvasculares, tanto no DM1 quanto no DM2. A hemoglobina
glicada deve ser medida rotineiramente em todos os pacientes com DM para documentar o
grau de controle glicêmico. Os testes de HbA1c devem ser realizados, pelo menos, duas vezes
ao ano por todos os pacientes diabéticos (Sacks, 2002).
Outros exames, como a glicemia de jejum e a glicemia capilar (punção digital) podem sofrer
oscilações importantes por influência de diversos fatores (alimentação, exercícios, medicação,
etc.), mas não deixam de ter importância e devem continuar a fazer parte do acompanhamento
dos portadores de DM. Vale ressaltar o papel da glicemia capilar para os pacientes insulino-
dependentes, permitindo o ajuste pontual das doses de insulina (SBD, 2006).
A elevada freqüência de complicações associadas à doença reduz significativamente a
esperança de vida do paciente diabético. O DM, por acometer o sistema microvascular, é causa
freqüente da perda de visão em adultos (retinopatia diabética). Da mesma forma, pode causar
falência renal (nefropatia diabética) ou amputações (pé diabético). A complicação microvascular
mais freqüente é a neuropatia diabética, uma doença dos nervos sensoriais que se manifesta nos
pés e nas mãos, pela perda de sensibilidade a vibrações, temperatura ou dor (SBD, 2006).
Além das complicações microvasculares, o DM pode acometer o sistema macrovascular,
aumentando de duas a cinco vezes o risco de doenças cardiovasculares, principalmente infarto
agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico, sendo estas responsáveis pelo aumento da
morbi-mortalidade nestes pacientes (Home, 2002). Portanto, todo programa de controle deve
contemplar outros alvos além do glicêmico, relativos à pressão arterial, LDL colesterol (low
density lipoprotein), HDL colesterol (high density lipoprotein), triglicerídeos séricos e estado
nutricional (Home, 2002).
26
Na presença de hiperglicemia, a glicose pode ser incorporada às cadeias polipeptídicas das
hemoglobinas. As proteínas, assim glicadas, m sua estrutura e funções alteradas. O aumento da
hemoglobina glicada diminui sua capacidade de liberar oxinio aos tecidos, levando à disfunção
do endotélio em geral podendo, ainda, se tornarem antigênicas, desencadeando a formação de
anticorpos e resposta inflamatória. Desta forma, há a instalação das complicações
microvasculares da doença, que podem ser minimizadas por meio da manutenção de
concentrações satisfatórias de HbA1c (Bem & Kunde, 2006).
Por muito tempo considerou-se que as complicações do DM, tanto micro quanto
macroangiopáticas, seriam decorrentes de predisposição genética, não tendo relação com o
controle adequado do paciente diabético. Em 1993, os resultados do DCCT demonstraram que o
controle mais rigoroso do DM1 associava-se à redução substancial na incidência de complicações
e, mesmo em casos em que a retinopatia ainda incipiente (não proliferativa) estava instalada,
observou-se regressão do quadro. O mesmo foi também constatado para o DM2, através do
estudo United Kingdom Prospective Diabetes Study UKPDS (1998), estudo longitudinal
realizado no Reino Unido que acompanhou uma coorte de 5 mil diabéticos do tipo 2 durante 10
anos. A partir de então, vários esquemas terapêuticos foram implementados com o objetivo de
melhor controlar o paciente diabético.
Existem evidências de que o tratamento insulínico intensivo (três ou mais administrações
diárias de insulina) ajustado ao esquema alimentar e ao programa de exercício físico, tem papel
importante na prevenção do surgimento ou da progressão de suas complicações crônicas,
conforme ficou demonstrado pelo DCCT (1993). Os resultados apresentados no DCCT indicaram
que os pacientes com tratamento insulínico intensivo associado a uma boa adesão ao plano
alimentar individualizado tinham, em média, nível de redução da hemoglobina glicada (HbA1c)
27
de 0,9%, em comparação àquelas com baixa adesão dietética, reforçando a importância da terapia
nutricional e do tratamento intensivo no DM1 (DCCT,1993).
2.3 Recomendações Nutricionais para o DM
Desde a década passada, segundo a ADA (1994), as recomendações dietéticas para os
indivíduos diabéticos são as mesmas dos indivíduos não portadores da doença.
Abaixo são descritas as recomendações atuais de macro e micronutrientes atualmene
proposta pela ADA (2008):
Proteínas - as necessidades de proteínas variam de acordo com a idade, devendo compor 15-20%
do total da ingestão energética diária. A ingestão protéica é reportada como sendo similar em
pacientes com ou sem nefropatia. Porém, os efeitos em longo prazo de uma ingestão maior que
20% do total energético diário no desenvolvimento de nefropatia não foram determinados e,
dessa maneira, seria prudente evitar ingestões protéicas acima desse valor.
Lipídeos - no que se refere à gordura dietética, o objetivo primário é limitar a gordura saturada e
a ingestão de colesterol na dieta. A gordura saturada é considerada o principal determinante
dietético do LDL-colesterol plasmático. Somente 7% do valor energético total devem ser
provenientes deste tipo de gordura. A ingestão de colesterol deve ser menor que 200mg/dia.
Pessoas diabéticas parecem ser mais suscetíveis às complicações associadas a
hipercolesterolemia do que a população em geral. São recomendadas 2 ou mais porções de peixe
como fonte de ácidos graxos polinsaturados ϖ3.
28
Carboidratos (CHO) - são a principal fonte de energia da alimentação e sua recomendação é
igual a de indivíduos não diabéticos, devendo fornecer cerca de 55% do valor enertico total. A
ingestão de frutas, vegetais, grãos, leguminosas e leite deve ser encorajada para a promoção de
hábitos alimentares saudáveis e da ingestão diária de fibras. Alimentos contendo sacarose podem
ser incluídos, desde que em substituição aos outros carboidratos.
O uso do índice glicêmico (IG) e
da carga glicêmica (CG) é sugerido como uma complementação da contagem de carboidratos,
porém não devem ser usados isoladamente.
Fibras - indivíduos com DM, assim como a população em geral, devem ser encorajados a ter um
consumo variado de alimentos que contenham fibras, tais como cereais integrais, frutas e
verduras. A quantidade de fibras recomendada para a criança maior do que 2 anos é equivalente à
sua idade adicionada de 5 gramas por dia, até um valor máximo de 20 a 35g/dia, recomendados
para adultos, sendo 25 a 50% de fibras solúveis (Franz & Horton, 1994). Estudo realizado por
Giacco et al (2000) avaliou a eficácia da dieta rica em fibras comparada à dieta pobre em fibras e
sua relação com o controle da glicemia e a incidência de episódios de hipoglicemia em adultos
com DM1. Tal estudo mostrou que, em pacientes com DM1, um aumento no consumo diário de
alimentos naturalmente ricos em fibras e com baixos índices glicêmicos pode ser efetivo para o
controle, em longo prazo, da glicemia.
Vitaminas e Minerais - as recomendações de consumo para crianças e adolescentes com DM1
são similares às para a população em geral. Deve ser garantida oferta adequada de cálcio, fósforo,
ferro, zinco e vitaminas, sendo os valores recomendados os mesmos que os de não diabéticos.
Nutrientes com ação antioxidante, como as vitaminas C e E, o beta-caroteno (precursor da
vitamina A) e o mineral selênio são reconhecidamente importantes na prevenção de doenças
29
cardiovasculares, porém não há evidências sobre a necessidade de suplementação para indivíduos
diabéticos. A adoção de uma dieta equilibrada garante a ingestão de vários micronutrientes
oferecidos naturalmente pelos alimentos.
Adoçantes Dietéticos - Os adoçantes dietéticos têm seu consumo permitido, desde que não
ultrapasse as doses máximas de ingestão preconizadas pela Food and Drug Administration”
(FDA). Estes são, em sua maioria, compostos a partir de substâncias não energéticas, naturais ou
sintéticas, conhecidas como edulcorantes (ADA, 2006). Dentro das dosagens permitidas, essas
substâncias ainda são opções consideradas mais recomendáveis para o paciente diabético do que
o açúcar refinado. Classificam-se em dois grupos principais: artificiais ou sintéticos e naturais.
Artificiais ou Sintéticos: são obtidos de produtos naturais ou não através de reações
químicas apropriadas, sem valor energético. São eles: Aspartame, Sacarina, Ciclamato,
Sucralose, Acessulfame K (Franz, 1994), e mais recentemente o Neotame (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, 2008).
Naturais: são obtidos a partir de plantas ou de alimentos de origem animal, com menor
valor energético do que a glicose. São eles: Frutose, Manitol, Sorbitol e Steviosídeo (Franz,
1994).
O uso indiscriminado dos adoçantes não é indicado devendo, portanto, haver moderação.
Alguns adoçantes sintéticos como aspartame, sacarina, acesulfame-K, sucralose e neotame são
aprovados pela FDA têm suas doses máximas recomendadas definidas em regulamentação
própria. Os estevosídeos (stévia), apesar de muito utilizados na América do Sul, não são
aprovados pelo FDA e, portanto, não têm uma regulamentação específica quanto a doses
30
máximas permitidas. O ciclamato de sódio foi proibido pelo FDA, mas cogita-se sua liberação
uma vez que novos estudos comprovaram que a dose tóxica é muito alta (Franz, 1994, Arruda et
al, 2003).
Ao longo dos anos, as recomendações em relação ao consumo de adoçantes dietéticos
vêm sofrendo modificações baseadas em achados de estudos científicos da época vigente. Como
não há, no Brasil, a proibição do uso dos adoçantes dietéticos, a recomendação mais adequada
seria a variação no consumo dos mesmos, a fim de evitar o acúmulo de uma única substância
química no organismo em razão de exposição prolongada a esses produtos.
2.4 Histórico do Tratamento Nutricional
Durante o século 20, a dieta recomendada para o portador de DM sofreu várias alterações,
principalmente em relação ao uso de CHO. As primeiras recomendações dietéticas preconizavam
consumo elevado de CHO, a fim de repor a perda de açúcar pela urina. Mais tarde, essa prática
mudou e os CHO passaram a ser evitados (Costa & Franco, 2005). Em 1912, Frederick M. Allen,
desenvolveu a "Terapêutica da fome de Allen", na qual se oferecia 1.000 kcal/dia e 10 g de
CHO/dia, com o objetivo de manter os indivíduos vivos até que, supostamente, a insulina
voltasse a ser produzida. Deste modo, até o surgimento da insulina exógena em 1921, os
portadores de DM eram tratados com dietas muito baixas em CHO e em regime de semi-inanição
(Geli, 1996). O DM representava uma doença relacionada à incapacidade do organismo utilizar
os CHO como fonte de energia, tendo como tratamento sua eliminação da dieta (Hissa et al,
2004).
Mesmo após o advento da terapia com insulina, os estudiosos ainda recomendavam dieta
pobre em CHO e rica em lipídios. Entretanto, no decorrer das décadas, as recomendações
31
nutricionais indicadas pela ADA foram sendo modificadas à luz de novos conhecimentos
(Viggiano, 2001).
De dietas extremamente restritas em energia e CHO e muito ricas em lipídios e colesterol,
passou-se a recomendar dietas suficientes em proteínas (10-20% da ingestão energética diária) e
o valor enertico restante (80-90%) distribuído entre CHO e lipídios, sendo lipídios saturados
menor que 10% da energia total da dieta e colesterol inferior a 300 mg/dia (Costa, 2001).
Surgiram outras estratégias, com o passar dos anos, que tornaram o plano alimentar mais
flexível como: o aumento gradativo das quantidades de CHO da dieta; o plano dietético
convencional, baseado nas listas de substituições dos alimentos, proposto pela ADA, a partir da
década de 50; e estratégias alimentares baseadas no índice glicêmico dos alimentos (IG). O
Quadro 3 demonstra, resumidamente, como ocorreram essas mudanças em relação à distribuição
energética entre os macronutrientes e as recomendações de fibras dietéticas e colesterol
(Viggiano, 2001).
Quadro 3 – Evolução das recomendações nutricionais para diabéticos de 1930 a 1997,
segundo a ADA (1997)
Nutrientes 1930 1955 1970 1990 1997
CHO total g/dia
% energia
70
14
176
35
225
45
290
58
280
56
Lipídeos totais g/dia
% energia de lipídios
AG Saturados g/dia
AG Monoinsaturados g/dia
153
69
87
99
45
46
82
37
35
60
27
14
67
30
18
32
AG Polinsaturados g/dia
Colesterol mg/dia
50
9
1060
37
11
690
31
13
550
26
17
150
31
18
150
Proteínas g/dia
% energia de proteína
85
17
101
20
90
18
75
15
70
14
Fibras dietéticas g/dia 8 15 20 40 35
Valores para dieta com 2000kcal.
Fonte:Viggiano, 2001.
Em 1994 um comitê da ADA observou que existiam poucas evidências científicas que
sustentassem a conduta de restringir alimentos com CHO simples para portadores de DM. Estes
especialistas partiram do princípio que 10 gramas de CHO, independente do tipo e da fonte,
resultaria no mesmo efeito sobre a glicemia do indivíduo, e que para o controle glicêmico o mais
importante seria a quantidade de CHO ingerida por este indivíduo, que quase a totalidade desta
se transformaria em glicose (ADA, 1994).
A ênfase na quantidade de CHO se deu em função de
ser esse o principal nutriente a elevar a glicose sanguínea após a refeição. Independente se
proveniente de frutas, pães, doces ou leite, 90 a 100% dos CHO são convertidos em glicose nas
primeiras duas horas após o seu consumo, sendo liberados na corrente sanguínea em 15 minutos.
Cerca de 60% das proteínas e 10% dos lipídios irão se converter em glicose, dependendo, ainda,
de outros fatores como a digestão, a absorção e a interação com outros nutrientes que compõem a
refeição. Como a quantidade de CHO de uma refeição é a que tem maior impacto sobre a
glicemia, poder-se-ia calcular a quantidade necessária de insulina a ser administrada à partir da
quantidade de CHO ingerida, para sua adequada metabolização (Hissa et al, 2004).
2.5 Estratégias Alimentares
33
2.5.1 Índice Glicêmico (IG):
O IG é um marcador da glicose sanguínea após a ingestão de alimentos contendo CHO
(ADA, 2004). Consiste numa escala de resposta glicêmica para uma quantidade fixa de CHO
(50g) de um dado alimento quando comparado à resposta glicêmica de um alimento padrão,
geralmente glicose ou pão. O conceito do IG pode ser considerado uma extensão da hipótese da
fibra dietética, sugerindo que a absorção lenta dos nutrientes de alguns alimentos seria benéfica à
saúde. O IG da dieta habitual é um indicador da qualidade do CHO da dieta consumida (Jenkins
et al, 2002).
IG = área da curva glicêmica do alimento x 100
área correspondente do alimento controle
David et al (1981) e Brand-Miller & Gilbertson (2001), testaram variedade de alimentos
de consumo habitual e elaboraram tabelas com o IG dos alimentos comparados à glicose pura, a
qual se estabeleceu IG de 100. Os alimentos podem ser classificados segundo o IG da seguinte
forma: alto ( 85), moderado (60 a 85) e baixo (< 60) (Wolever & Bolognesi, 1996). No Quadro
4 é apresentada a classificação de alimentos de uso corrente, segundo o IG.
Quadro 4 – Classificação dos alimentos segundo o Índice Glicêmico
Índice Glicêmico Alimento
Alto Pães em geral, biscoitos, bolos, cereais
matinais, banana, batatas e tubérculos,
cenoura, farinha de trigo, mel, milho
Moderado Aveia, arroz, fubá, laranja, macarrão,
manga, kiwi
Baixo Arroz integral, arroz parboilizado, feijões,
iogurte, leite, maçã, pêra
Adaptado de Wolever,1996
34
Segundo a ADA (2004), um grande número de fatores influencia a resposta glicêmica dos
alimentos, incluindo a quantidade de CHO, tipo de açúcar (glicose, frutose, sacarose, lactose),
natureza do amido (amilose, amilopectina, amido resistente), cozimento e processamento dos
alimentos (grau de gelatinização do amido, tamanho da partícula, forma celular) e forma do
alimento, assim como a presença de outros componentes como as gorduras e outras substâncias
naturais que tornam a digestão mais lenta (pectinas, fitatos, taninos e combinações de lipídio-
amido e proteína-amido).
O consumo de alguns alimentos resulta em marcante elevação glicêmica, seguida de
maior ou menor rapidez na diminuição da glicemia, enquanto outros produz menor pico com
declínio mais gradual da glicose sangüínea.
Embora as dietas de baixo IG possam reduzir a glicemia pós-prandial, a capacidade dos
indivíduos de manter essas dietas em longo prazo e alcançar o benefício glicêmico não foi
estabelecido. Baseada em vários estudos científicos, a ADA não encontrou evidências na
recomendação de dietas com baixo IG como estratégia primária de terapia nutricional para o
indivíduo diabético (ADA, 2004).
Estudos realizados com portadores de DM1 e DM2, em que dietas de baixo e alto IG
foram comparadas, fornecem evidências distintas. Franz (2002) descreveu 5 estudos realizados
com portadores de DM1, comparando estes dois tipos de dietas durante 2 a 5 semanas, e não
encontraram diferenças significativas entre os valores de HbA1c e glicose plasmática sendo, no
entanto, estas diferenças encontradas em 3 destes estudos, com relação aos valores de
frutosamina (Lafrance et al, 1998; Collier et al, 1988; Calle-Pascual et al, 1988; Fontvielle et al,
1988; Fontvielle et al, 1992), que foram menores no grupo que recebia dieta de baixo IG.
Heilborn et al (2002), avaliando o efeito destas dietas no ganho ponderal e na glicose e lipídios
35
plasmáticos de portadores de DM2, não encontraram diferença significativa em nenhum dos
parâmetros pesquisados.
Giacco et al (2000) avaliaram o controle glicêmico e a freqüência de episódios de
hipoglicemia em portadores de DM1, com uso de fibra dietética na quantidade de 50 g de
fibras/dia e 15 g/dia, respectivamente. Os autores concluíram que o uso de alimentos naturais,
com alto teor de fibras melhora, a longo prazo, o controle glicêmico destes indivíduos, porém
relatam que esta melhora pode estar associada ao alto consumo de fibras e não, necessariamente,
ao IG da dieta.
Gilbertson et al (2001) avaliaram a repercussão de dietas com baixo IG versus dietas por
CCHO sobre a HbA1c de crianças diabéticas. Os autores encontraram concentrações de HbA1c
menores na primeira dieta em detrimento da segunda, porém relataram a dificuldade de atribuir
esta redução exclusivamente ao método dietético em função de não haver diferença aparente
entre o consumo de alimentos em ambos os planos dietéticos.
Tanto a quantidade quanto a fonte de CHO são determinantes da glicemia pós-prandial e
fornecem cerca de 90% do total de variação da resposta glicêmica, indicando um efeito
cumulativo de ambos os fatores na concentração da glicose sangüínea (Shikany et al, 2006). O IG
leva em conta somente o tipo de CHO, ignorando a quantidade total desse macronutriente em
uma porção, apesar de, tanto o tipo quanto a quantidade influenciarem a glicemia pós-prandial e a
resposta insulínica de um dado alimento.
Portanto, o IG não deveria ser usado isoladamente
como estratégia de dieta para o diabético, contudo, poderia ser usado em conjunto com outras
estratégias nutricionais (Franz et al, 2003).
2.5.2 Carga glicêmica
36
Em 1997, epidemiologistas da Escola de Saúde Pública de Harvard introduziram o
conceito da carga glicêmica (CG) num esforço de predizer a resposta glicêmica de uma dada
dieta, ao invés da utilização isolada da quantidade ou do tipo de CHO (Salmeron et al, 1997).
Como definição, a CG de um alimento particular é o produto do IG do alimento e da quantidade
de CHO de uma porção e pode ser calculada para um alimento individualmente, para uma
refeição ou para toda a dieta.
CG = IG x quantidade de CHO
100
Foi demonstrado que porções de diferentes alimentos com a mesma carga glicêmica
produzem efeitos similares na glicemia, parecendo haver relação entre a CG, concentrações de
glicose sangüínea e resposta insulínica (Wolever & Bolognesi, 1996).
Brand-Miller et al (2003) validaram o conceito da CG como preditor da resposta
glicêmica mostrando que quanto maior a carga glicêmica do alimento ou refeição, maior será a
resposta glicêmica pós-prandial.
Wolever & Bolognesi (1996), em estudo com sete indivíduos não diabéticos, verificaram
que a análise individual do tipo ou quantidade do CHO ingerido de um alimento isolado
apresentou um baixo valor preditivo da resposta glicêmica e insulínica. Porém, ao se avaliar estes
fatores em conjunto (tipo e quantidade), observou-se maior predição da resposta glicêmica,
destacando a possibilidade de resposta glicêmica similar em diabéticos.
Mais estudos são necessários para validar o efeito da CG, que os estudos realizados
apresentam pequenas amostras e, predominantemente, composta por adultos jovens e saudáveis.
37
A resposta glicêmica de indivíduos obesos com resistência insulínica ou diabéticos pode
apresentar diferenças em relação aos indivíduos saudáveis.
2.5.3 Contagem de Carboidratos (CCHO)
A CCHO é uma estratégia de plano alimentar que focaliza, inicialmente, a quantidade
total de CHO, enfatizando a relação entre alimentos, atividade física, glicemia e medicação
(Gouveia & Bruno, 2001).
O método pode ser utilizado por pacientes com DM2 ou com DM1 e, principalmente,
pelos que fazem terapia intensiva, utilizando doses variadas de insulina de ação rápida / ultra-
rápida, e por aqueles que usam a bomba de infusão subcutânea contínua de insulina (DCCT,
1993). Com as muitas opções de insulinas disponíveis atualmente, um regime de insulina
adequado pode ser desenvolvido para se moldar à rotina de refeições e a escolha de alimentos
preferidos pelo indivíduo (ADA, 2004).
O nutricionista determinará a quantidade de CHO que o paciente deve ingerir em
determinada refeição, com base nas necessidades energéticas, visando controle de peso e bom
controle glicêmico (Gouveia & Bruno, 2001).
Para se obter a quantidade total de CHO é necessário, primeiramente, calcular o valor
energético total em relação à recomendação para a faixa etária e o sexo, partindo-se do peso
ideal. Para a obtenção deste, deve-se identificar o peso correspondente ao percentil 50 para a
altura, no caso de pré-púberes, ou considerar o percentil 50 do índice de massa corporal, no caso
de púberes e adultos. Após determinar as necessidades energéticas diárias, deve-se distribuir o
valor energético na proporção ideal de CHO (50-60%), transformá-la em unidade de peso e
distribuí-la entre as refeições (Damiani, 2003).
38
O planejamento da refeição deve ser baseado na ingestão habitual de alimentos de cada
indivíduo. Deve ser realizado o fracionamento da dieta em várias refeições, adaptado à
insulinização, à atividade física e à disponibilidade de horário para refeições (Costa, 2001). A
CCHO é uma extensão da lista de substituições, porém focada nos CHO, que estes são os
nutrientes que mais influenciam a elevação glicêmica e, por conseguinte, as necessidades de
insulina (Damiani, 2003).
Um fator importante neste método é conhecer os valores absolutos de CHO dos alimentos
e preparações através de consulta às tabelas de composição de alimentos a aos rótulos de
alimentos, e a partir da quantidade de CHO expressa, realizar a troca de alimentos pela
quantidade de CHO pré-estipulada ou aumentar o bolus de insulina da refeição (quantidade de
insulina rápida/ultra-rápida administrada antes da refeição) para atender à quantidade adicional de
CHO consumida (Damiani, 2003).
A CCHO deve ser utilizada como uma alternativa terapêutica para auxiliar no controle
glicêmico do paciente diabético, porém seu uso deve ser avaliado individualmente. Por se tratar
de um método que exige habilidade matemática, leitura de rótulos de produtos e um grau de
conhecimento sobre grupos de alimentos, a motivação do paciente tem importância fundamental
no sucesso da terapia. Portanto, cabe ao profissional avaliar qual o todo dietético mais
indicado para o seu paciente.
Atualmente, existem duas formas de orientar a CCHO: método de substituições de CHO e
o método de gramas de CHO (Costa, 2001).
2.5.3.1 Método de substituição de CHO:
39
No método de substituição os alimentos são divididos em grupos nos quais cada porção de
alimento tem, aproximadamente, 15g de CHO, o que possibilita a troca entre os mesmos.
As listas de substituições são baseadas nas porções da pirâmide dos alimentos e seus
grupos principais são: cereais, massas e leguminosas; pães e biscoitos; frutas; hortaliças; leite e
derivados; carnes e doces, nos quais os grupos poderão ser medidos em 15 gramas de carboidrato,
se contiverem CHO, e seu correspondente em medida caseira (Kulkarni, 2005).
Trabalha-se, assim, com tabelas de CHO a fim de flexibilizar a qualidade dos alimentos,
dentro do esquema de substituição bem mais eficaz do que em outros métodos com base em
calorias totais (Yukiro, 2002).
2.5.3.2 Método de gramas de CHO:
Neste método, são considerados os valores exatos de CHO de cada alimento através da
consulta de rótulos e tabelas de composição dos alimentos. O paciente pode, a rigor, utilizar
qualquer alimento, de acordo com sua preferência, com base na lista de substituições de
alimentos.
A escolha do método deverá ser sempre articulada entre o profissional de saúde e o
paciente, de forma individualizada sendo que, em alguns casos, ambos os métodos podem ser
utilizados de forma complementar para o mesmo indivíduo (SBD, 2004).
A orientação da CCHO é interpretada de formas diversas pelos profissionais de saúde. Na
prática clínica encontram-se várias listas com os teores de CHO dos alimentos. profissionais
que fornecem a lista para seus pacientes e apenas informam a quantidade de insulina necessária
para determinada quantidade de CHO ingerida, deixando a critério do paciente a escolha da
quantidade e do tipo de alimento a ser consumido, não levando em consideração as necessidades
40
nutricionais individuais. Esta prática acaba levando a uma interpretação distorcida do método, em
que se tem a sensação que o indivíduo pode “comer de tudo, a qualquer hora” bastando aplicar a
dose necessária de insulina para metabolizar estes CHO ingeridos. Esta orientação pode estimular
a obesidade e/ou dislipidemia, dependendo dos hábitos alimentares e da escolha alimentar do
indivíduo.
Por se tratar de um método dietético, a CCHO deve ser orientada por nutricionistas, pois é
evidente que não se deve substituir alimentos saudáveis por alimentos de alta densidade
energética e baixo valor nutricional. O método leva em conta apenas as quantidades de CHO, por
isso as substituições de alimentos nem sempre têm equivalência energética, e de macro e
micronutrientes (Alvarez et al, 2005).
Também não se deve ignorar proteínas e lipídios no
planejamento dietético por terem menor efeito sobre a glicemia. A alimentação saudável deve ser
sempre o objetivo principal e a educação alimentar torna-se fundamental para garantir o
equilíbrio na composição das refeições o que permite, não apenas, o controle glicêmico, como
também, a manutenção de peso adequado e perfil lipídico na faixa de normalidade (Gouveia &
Bruno, 2001).
A CCHO também pode ser relacionada diretamente com doses de insulina rápida/ultra-
rápida, dependendo do tipo de terapia insulínica estabelecida para cada indivíduo.
Hissa et al (2004), em estudo feito na Universidade Federal do Ceará, avaliou o grau de
satisfação com a adoção do método de CCHO em pacientes com DMI que usavam bomba de
insulina ou faziam múltiplas doses de insulina ao dia. Os pacientes respondiam a um questionário
referente às últimas quatro semanas de tratamento. Em referência ao grau de liberdade para evitar
a hipoglicemia, 74% dos pacientes estudados se posicionaram favoravelmente. É provável que
isso se deva à facilidade de articulação entre a quantidade de CHO ingerida e a dose de insulina
administrada, propiciada por esse programa alimentar. Quanto à decisão do número e horário de
41
refeições, a liberdade de se alimentar fora de casa e o planejamento das atividades diárias e
sociais, aproximadamente 80% dos diabéticos responderam favoravelmente a esses itens. Os
autores atribuíram tais fatos à possibilidade de administração de insulina à hora da refeição, sem
a obrigação do cumprimento de horários pré-estabelecidos, em doses proporcionais a quantidade
de CHO ingerido, através do conhecimento prévio da relação insulina/CHO.
42
3. JUSTIFICATIVA
Após os resultados do DCCT, no qual foram comprovados os benefícios da adequação da
dose de insulina com a quantidade de CHO ingerida em cada refeição, aumentou o interesse
acerca da influência dos CHO sobre os níveis de glicose sanguínea.
No segundo semestre de 2002 deu-se a implementação da terapia dietética por CCHO no
Serviço de Diabetes Mellitus Infanto-Puberal do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão
Gesteira (IPPMG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considerado centro de
referência para o tratamento de diabetes infantil no Município do Rio de Janeiro. Sendo
experiência recente no Brasil ainda há relativa falta de estudos, a médio prazo, que demonstrem a
influência da CCHO no controle glicêmico, no ganho ponderal e no perfil lipídico do paciente, o
que torna a sua aplicação ainda questionada no meio acadêmico e na prática clínica.
Esse estudo é o primeiro realizado com crianças e jovens diabéticos submetidos à dieta
por CCHO, em instituição de referência no tratamento do DM infanto-puberal no Rio de Janeiro.
Pretende-se, com seus achados, aportar subsídios para consolidar essa alternativa no esquema
terapêutico do DM1 e, conseqüentemente, contribuir para a melhora da qualidade de vida dos
pacientes, do controle metabólico e para redução dos riscos de complicações futuras da doença.
43
4. OBJETIVOS
4.1 Geral
Avaliar o efeito da dieta tradicional (DT) e da dieta por contagem de carboidratos
(CCHO) sobre o controle metabólico e condições antropométricas de portadores de Diabetes
Mellitus tipo 1 assistidos no Serviço de Diabetes Mellitus Infanto-Puberal, do IPPMG–UFRJ.
4.2 Específicos
Descrever a adequação e a evolução da hemoglobina glicada dos pacientes no início da
observação e após 6 e 12 meses da DT e da CCHO;
Descrever a adequação e a evolução dos valores médios de colesterol total, LDL
colesterol, HDL colesterol e triglicerídeos dos pacientes no início da observação e 12 meses da
DT e da CCHO;
Avaliar o estado nutricional através de medidas antropométricas dos pacientes no início
da observação e após 6 e 12 meses da DT e da CCHO;
Verificar a evolução da insulinização no início da observação e após 6 e 12 meses da DT e
da CCHO;
44
5. METODOLOGIA
5.1 Tipo de estudo
Estudo longitudinal retrospectivo, com base em banco de dados produzido pelo serviço de
Diabetes Melitus Infanto-Puberal (DMIP) do IPPMG/UFRJ, tendo sido extraídas dos prontuários
informações de pacientes em acompanhamento no referido serviço entre os anos de 2002 e 2006.
5.2 Local do estudo
O estudo foi realizado no serviço de DMIP do IPPMG, hospital pediátrico que compõe o
complexo hospitalar da UFRJ. Esse serviço é considerado centro de referência para o tratamento
de diabetes infantil no Município do Rio de Janeiro, recebendo pacientes residentes na área
programática e de outros municípios. São atendidas crianças e adolescentes até a idade de 18
anos, com acompanhamento bimestral realizado por equipe multidisciplinar composta de
médicos, residentes e especializandos em medicina, nutricionistas, enfermeiros e psicólogos,
estando o nutricionista presente em todas as consultas médicas.
5.3 População e Amostra
O banco de dados do referido serviço produzido a partir de janeiro de 1999 contava,
inicialmente, com cerca de 450 pacientes, representando toda a clientela assistida por esse serviço
até 31/12/06.
45
Conforme a rotina do serviço todos os pacientes, no momento da admissão ao serviço de
DMIP recebem, num primeiro momento, orientação de dieta tradicional (DT), e de acordo com a
evolução do tratamento e da avaliação da equipe multidisciplinar, parte deles passa a receber
orientação dietética por CCHO. O método da CCHO, portanto, esteve acessível a todos os
pacientes, os quais foram informados sobre o método através de palestras educativas e durante as
consultas no referido serviço.
Neste estudo foram avaliados os mesmos indivíduos em 2 períodos de observação: 1 ano
em acompanhamento dietético com DT, subsequentemente, em acompanhamento dietético por
CCHO no período estudado. A casuística inicial incluiu todos os portadores de DM1 que
iniciaram orientação dietética por CCHO (n=147), sendo eliminados 54 pacientes por não
atenderem aos critérios de inclusão no estudo, sendo a casuística final composta por 93 pacientes.
5.4 Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos no estudo todos os pacientes portadores de DM1, diagnosticados segundo
critérios estabelecidos pela American Diabetes Association do ano vigente, acompanhados há,
pelo menos, 2 anos ininterruptos, no serviço de DMIP do IPPMG, de modo que pudessem ser
avaliados pelo período de 1 ano em DT e, subsequentemente, por mais 1 ano em CCHO.
Foram excluídos os pacientes com tempo de doença inferior a 2 anos e superior a 15 anos
no momento inicial do estudo (DT
0
). A exclusão dos pacientes com menos de 2 anos de doença
justifica-se devido à fase de remissão parcial da doença, “fase de lua-de-mel”, que ocorre entre
dois a seis meses de diagnóstico e pode durar 1 a 2 anos (Berardo & Luescher, 2004). Nesta fase,
as doses de insulina necessárias para manter a normoglicemia caem para 0,1 a 0,4 U/Kg/dia e o
estoque remanescente de células beta pancreáticas responde adequadamente às elevações
46
glicêmicas pós-prandiais com aumento da produção de insulina endógena, tornando fácil a
obtenção de um controle metabólico satisfatório (Gross et al, 2002).
A exclusão dos pacientes com mais de 15 anos de doença justifica-se em razão do possível
aparecimento de complicações crônicas, que parecem relacionar-se com o tempo total de
doença e que, normalmente, ocorrem após 10 a 15 anos de evolução da doença, quando quase
todos os pacientes desenvolvem uma forma leve de retinopatia. A exclusão destes pacientes
ocorre em razão da possibilidade de existência de uma ou mais complicações da doença, o que
poderia interferir no estado nutricional do paciente diabético, influenciando, assim, a sua
avaliação.
Foram excluídos pacientes com outras doenças crônicas e endocrinopatias que não fossem
o DM1, em função das possíveis influências das mesmas sobre o estado nutricional e controle
metabólico do paciente diabético.
5.5 Coleta de Dados
O banco de dados do presente estudo foi construído a partir da consulta aos prontuários
dos pacientes acompanhados no Serviço de Diabetes Mellitus Infanto-Puberal. As informações
foram registradas em instrumento previamente testado e ajustado. (ANEXO 1 )
A coleta de dados foi feita pela pesquisadora e autora do estudo, que compunha o quadro
de nutricionista da instituição onde foi realizada a pesquisa.
5.6 Tratamento Dietético
47
Todos os pacientes que ingressaram no serviço de Diabetes do IPPMG passaram pela
avaliação nutricional detalhada que inclui avaliação dietética através do recordatório de 24 horas
e do questionário de freqüência alimentar (QFA). A partir da avaliação nutricional elaborou-se o
cuidado nutricional individualizado baseado nas respectivas recomendações da ADA para
indivíduos com DM (ADA, 2002, ADA, 2003, ADA, 2004; ADA, 2005; ADA, 2006),
denominada no presente estudo como DT. No tratamento com DT foi realizado o cálculo do valor
energético total da dieta (VET) segundo as recomendações da FAO/OMS (1985) para sexo e
idade, sendo este distribuído em 5 a 6 refeições diárias. Os pacientes receberam plano alimentar
individualizado e lista de substituições de alimentos, baseada em grupos alimentares, com valores
energéticos semelhantes, sendo permitidas trocas apenas entre alimentos do mesmo grupo. Os
pacientes foram orientados sobre a necessidade de restrição de uso do açúcar simples (refinado)
ou alimentos que o continham, apenas, para o manejo da hipoglicemia.
No tratamento com dieta por CCHO também foi feito o cálculo do VET e realizado o
cálculo da necessidade diária de CHO (em gramas). Os pacientes receberam plano alimentar
individualizado, fracionado em 5 a 6 refeições diárias, com as quantidades de CHO pré-
determinadas em cada refeição. Os pacientes receberam uma lista de substituições de alimentos
baseada em grupos alimentares, sendo permitida a troca, inclusive, entre grupos diferentes, desde
que a quantidade de CHO fosse respeitada em cada refeição. Não houve restrição de consumo de
nenhum alimento, inclusive de açúcar refinado e derivados.
Foi considerado como início da observação da DT, o período de 12 meses anteriores ao
início da orientação por CCHO (DT
0
). A partir deste tempo inicial, os pacientes foram avaliados
após 6 meses com a DT (DT
1
) e após 12 meses com a DT (DT
2
), quando foi introduzida a
orientação dietética por CCHO (CCHO
0
). Logo, o período DT
2
corresponde ao período CCHO
0
(DT
2 =
CCHO
0
). Uma vez introduzida a orientação por CCHO, os pacientes foram avaliados após
48
6 meses de CCHO (CCHO
1
) e após 12 meses de CCHO (CCHO
2
). O diagrama abaixo representa
os vários tempos de observação ao longo dos períodos estudados.
5.7 Descrição das Variáveis
5.7.1 Classificação Etária
Foram avaliados indivíduos de 2 a 19 anos. Os pacientes foram classificados em pré-
púberes (crianças) e púberes (adolescentes), de acordo com o grau de maturação sexual,
independente da idade cronológica apresentada, que a maioria dos eventos puberais
(velocidade máxima de crescimento, menarca, aquisição da estatura final, etc.) tendem a se
correlacionar mais com determinadas fases da puberdade em detrimento da idade cronológica
(Chipkevitch, 2001).
O estadiamento da maturação sexual faz parte da avaliação clínica durante a consulta
médica. Foi considerado como pré-púbere o estágio 1 para mamas (M1) e genitais (G1) de
meninas e meninos, respectivamente e, em fase puberal, a partir dos estágios 2 para mamas de
meninas (M2) e genitália de meninos (G2) (OMS, 1995; Tanner, 1962).
DT
0
DT
1
DT
2
=
CCHO
0
CCHO
1
CCHO
2
49
5.7.2 Dados Antropométricos
Foram coletados dados de peso e estatura para avaliação do estado nutricional
antropométrico em DT
0
, DT
1,
DT
2
, CCHO
1
e CCHO
2
.
Os pacientes foram pesados com o mínimo possível de roupas, em balança digital Filizola,
modelo baby (até 15Kg) ou Personal Line (mais de 15Kg). A altura foi medida em Estadiômetro
Tonnelli e Gomes para crianças e adolescentes.
Para avaliação do estado nutricional de crianças foi utilizado o índice peso/estatura (P/E),
expresso em Z score, com ponto de corte Z P/E > -1,0 e < +1,0 para eutrofia e Z P/E -1,0 e
+1,0 para risco de baixo peso e risco de sobrepeso, respectivamente. Embora o ponto de corte
recomendado para estas classificações proposto pela OMS (WHO, 1995) seja de -2,0 e +2,0,
respectivamente, optou-se por utilizar esta classificação com o objetivo de identificar mais
precocemente os indivíduos sob risco nutricional.
Para avaliação do estado nutricional de adolescentes foi utilizado o Índice de Massa
Corpórea (IMC), expresso em percentis,
utilizando-se como ponto de corte p85 para risco de
sobrepeso; entre >p5 e < p85 para eutrofia e p5 para risco de baixo peso, respectivamente
(CDC, 2000).
Para avaliar a evolução das medidas antropométricas foi utilizada a média de Z score para
P/E em crianças e a média de Z score para IMC em adolescentes.
5.7.3 Dose de insulina
50
A insulinização foi avaliada pelo valor total de insulina fixa (basal + bolus) diária, em
relação ao peso ideal do paciente. Foi avaliada nos mesmos períodos de observação da avaliação
antropométrica (DT
0
, DT
1
, DT
2,
CCHO
1
e CCHO
2
).
5.7.4 Exames bioquímicos
Foram considerados os exames de controle periódico da doença, conforme rotina do
serviço.
5.7.4.1 Perfil lipídico
Foram colhidos dados de colesterol total, LDLc, HDLc e triglicerídios séricos em DT
0
,
DT
2
e CCHO
2
.
O perfil lipídico foi avaliado segundo a I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na
Infância e na Adolescência, proposta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2005),
sendo considerados valores adequados de colesterol total <150mg/dl, LDLc <100mg/dl, HDLc
45mg/dl e triglicerídeos <100mg/dl. A determinação do perfil lipídico faz parte do protocolo de
acompanhamento dos pacientes estudados, em periodicidade anual.
5.7.4.2 Controle glicêmico
O controle glicêmico foi avaliado pela dosagem da hemoglobina glicada (HbA1c), que é
o parâmetro de escolha para o controle glicêmico a longo prazo (Gross et al, 2002). A
51
determinação da hemoglobina glicada faz parte do protocolo de acompanhamento periódico dos
pacientes do serviço, com periodicidade média semestral. Os dados de HbA1c foram colhidos em
DT0, DT1, DT2, CCHO1 e CCHO2.
Como a realização deste exame é feita por técnicas e laboratórios diferentes (laboratório
do IPPMG, laboratório Bronstein, laboratório Lâmina, laboratório Sérgio Franco), esta medida
foi classificada em percentual de adequação do valor de referência de cada laboratório em
adequada (bom controle) e inadequada, segundo faixa etária, alternativa referendada pela ADA,
2005 (Quadro 5).
Quadro 5 – Níveis de hemoglobina glicada por idade
Idade (anos) 2 a 5 anos 5 a 13 anos > 13 anos
Percentual do valor máximo de referência
(VMR)
Até 30%
do VMR
Até 25% do
VMR
Até 20%
do VMR
Adaptado de American Diabetes Association, 2005
5.7.5 Dados sócio-demográficos e de acompanhamento
Foram coletados dados de prontuário sobre sexo, idade e tempo de doença.
As variáveis estão sumarizadas abaixo (Quadro 6):
Quadro 6 - Variáveis do estudo
Nome da
Variável
Descrição Tipo de
Variável
Categorias
Idade Idade decimal no momento do
estudo.
Contínua Não se aplica.
Maturação
Sexual
Classificação puberal de
acordo com o grau de
Categórica Crianças M1 (meninas) ou G1
(meninos)
52
maturação sexual em DT
0
,
DT
1
, DT
2
, CCHO
1
e CCHO
2.
Adolescentes
M2 em diante
(meninas) ou G2 em diante
(meninos)
Sexo Categórica Masculino
Feminino
Tempo de
doença
Diferença entre a data no
tempo da observação e a data
de diagnóstico.
Contínua Não se aplica.
Dose de
insulina
Dose total de insulina
(insulina basal + bolus) em
dose fixa, dividida pelo peso
do paciente em DT
0
, DT
1
,
DT
2
, CCHO
1
e CCHO
2.
Contínua Não se aplica.
Peso Peso em DT
0
, DT
1
, DT
2
,
CCHO
1
e CCHO
2.
Contínua Não se aplica.
Estatura Estatura em DT
0
, DT
1
, DT
2
,
CCHO
1
e CCHO
2.
Contínua Não se aplica.
Classificação
Nutricional
de Crianças
Estado nutricional em DT
0
,
DT
1
, DT
2
, CCHO
1
e CCHO
2.
Categórica
Risco de baixo peso–Z P/E -1,0
Eutrofia – Z P/E > -1,0 < +1,0
Risco de sobrepeso–Z P/E +1,0
Classificação
Nutricional
de
Adolescentes
Estado nutricional em DT
0
,
DT
1
, DT
2
, CCHO
1
e CCHO
2.
Categórica
Risco de baixo peso – IMC p5
Eutrofia – IMC > p5 < p 85
Risco de sobrepeso - IMC p85
Controle
Glicêmico
Valor de HbA1c em
percentual de adequação do
valor de normalidade em DT
0
,
DT
1
, DT
2
, CCHO
1
e CCHO
2.
Categórica Adequado dentro do percentual
recomendado para a faixa etária.
Inadequado acima do
percentual recomendado para a
faixa etária.
Perfil
Lipídico
Valor de colesterol LDLc,
HDLc e triglicerídeos em
DT
0
, DT
2
e CCHO
2.
Contínua Segundo valores de referência da
SBC (2005).
5.8 Análise Estatística
A análise estatística foi feita com o auxílio dos programa Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS) versão 10.0 para Windows e EpiInfo (versão 2000).
Foram calculadas as medidas de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão)
das variáveis contínuas para cada intervalo de tempo de observação.
53
Uma vez verificada a normalidade dos dados, através da aderência à curva normal
Kolmogorov-Smirnov, a análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas foi utilizada para
analisar a evolução da adequação da hemoglobina glicada, da dose de insuline e dos índices
antropométricos nos indivíduos em 3 momentos diferentes (início, 6 e 12 meses), em cada
método dietético (DT e CCHO), e a evolução dos valores do CT, TG e das lipoproteínas em 2
momentos diferentes (início e 12 meses), em cada método dietético. O teste de Bonferroni foi
utilizado para examinar quais médias encontradas eram estatisticamente diferentes.
Para a análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste de qui-quadrado e o teste exato
de Fisher (quando o n esperado em cada casela era inferior a 5). Considerou-se como
significância estatística valor de p<0,05.
5.9 Aspectos Éticos
O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IPPMG/UFRJ, em
agosto de 2006, sob o número 21/06 (Anexo 2).
54
6. RESULTADOS
ARTIGO 1
Título: Controle Metabólico e Características Antropométricas de Crianças e Adolescentes
Submetidos a Dois Tipos de Tratamento Dietético para Diabetes Mellitus Tipo 1
Manuscrito a ser encaminhado com vistas à publicação em revista científica integrante do sistema
Qualis/CAPES
55
Resumo
O tratamento do Diabetes Mellitus sofreu avanços significativos nas últimas décadas. A
Contagem de Carboidratos é o mais recente método dietético aplicado para a manutenção do
controle glicêmico em pacientes diabéticos. O presente estudo teve como objetivo investigar o
perfil antropométrico e o controle metabólico de portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 assistidos
no Ambulatório de Diabetes Mellitus Infanto-Puberal, do IPPMG da UFRJ, submetidos a dieta
tradicional (DT) e por contagem de carboidratos (CCHO). Foi realizado estudo longitudinal
retrospectivo, realizado no período de 2002 a 2006, a partir de banco de dados do referido
serviço. Os indivíduos foram classificados de acordo com o estadiamento puberal como pré-
púberes (crianças) e púberes (adolescentes), independente da idade cronológica. Para avaliação
do estado nutricional de crianças foi utilizado o índice peso/estatura, expresso em unidades de Z
score e, para a avaliação do estado nutricional de adolescentes foi utilizado o Índice de Massa
Corporal (IMC), expresso em percentis, com base nos valores de referência do Centers for
Diseases Control (2000). A evolução do estado nutricional ao longo dos tratamentos dietéticos
foi avaliada através dos valores médios de Z score peso/estatura para crianças e do Z score do
IMC para adolescentes. O perfil lipídico foi avaliado segundo a I Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose na Infância e na Adolescência, proposta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e
o controle glicêmico foi avaliado pela dosagem da hemoglobina glicada (HbA1c), parâmetro de
escolha para o controle glicêmico a longo prazo. Foram avaliados 93 pacientes, sendo 49,4%
(n=46) do sexo masculino e 50,6% (n=47) do sexo feminino, sendo 38,7% crianças e 61,3%
adolescentes. A média de idade de crianças no momento da inclusão no estudo foi de 7,4(±2,47)
anos e adolescentes foi de 14,8 2,86) anos. O tempo médio de doença foi de 4,5 (±1,94) anos
em crianças e 7,3 (±3,4) anos em adolescentes. Foi encontrada diferença significativa do
percentual de adequação da HbA1c (p=0,000) e dos valores de colesterol plasmático total
(p=0,043) após 1 ano de vigência da dieta por CCHO, não ocorrendo o mesmo durante o tempo
de observação da DT. A evolução do estado nutricional antropométrico em crianças e
adolescentes não mostrou diferença significativa entre o início e o final de ambos os tratamentos
dietéticos. Os resultados do presente estudo sugerem que o estabelecimento de uma orientação
alimentar mais flexível pode ser capaz de contribuir para a melhora dos níveis glicêmicos, sem
produzir aumento do ganho ponderal ou deterioração do perfil lipídico em comparação à conduta
dietética tradicional.
56
Abstract
The treatment of diabetes mellitus (DM) has undergone significant advances in recent decades.
The carbohydrate counting is the most recent dietary treatment to help the diabetic patient.
Literature rewiew on the historical evolution of the nutritional treatment of the DM and then
investigate the metabolic control and anthropometric profile of people with type 1 diabetes
mellitus assisted in Ambulatory of Diabetes Mellitus Infanto-Puberal of Institute of Child Care
and Pediatrics Martagão Gesteira of Federal University of Rio January, submitted the traditional
diet (TD) and carbohydrates counting (CCHO). The study was based on series retrospective
longitudinal study, carried out from 2002 to 2006, from ambulatory`s data. Individuals were
classified according to the staging as pre-pubescent (children) and pubescent (adolescents),
regardless of chronological age. The nutritional status of children was available by the
weight/height relation (W/H), expressed in Z score units, and nutritional status of adolescents was
available by body mass index (BMI), expressed in percentiles, based on the reference of Centers
for Disease Control (2000). The evolution of nutritional status over both dietary treatments was
assessed by the average values of Z score of W/H for children and the Z score of BMI for
adolescents. The lipidogram was assessed according to I Guideline on Prevention of
Atherosclerosis in Childhood and Adolescence, proposed by the Brazilian Society of Cardiology
and glycemic control was assessed by the strength of glycated hemoglobin (HbA1c), choice for
the long-term glycemic control. The study has 93 patients in which 49,4% are male and 50.6%
are female; 38.7% are children and 61.3% are adolescents. The average age of children in the
study was 7.4 2.47) years and adolescents was 14.8 2.86) years on the recruitment for the
study. The average history of disease was 4.5 1.94) years in children and 7.3 (± 3.4) years in
adolescents. We found a significant difference in percentage of HbA1c (p = 0000) and the serum
cholesterol (p = 0043) after 1 year of CCHO. We don’t found this result in DT. The
anthropometric nutritional in children and adolescents showed no significant difference between
the beginning and end of both dietary treatments. The results of this study suggest that the use of
a more flexible choice a food, based on nutritional guidance, may be able to contribute the
improvement of glycemic levels, without necessarily producing increase in weight gain or
deterioration of the lipididogram compared to DT .
57
INTRODUÇÃO
O tratamento do Diabetes Mellitus (DM) sofreu avanços significativos nas últimas
décadas (Hill, 2001; Maia, 2002). A dieta por Contagem de Carboidratos (CCHO) é a mais
recente ferramenta dietética indicada para auxiliar o paciente diabético na manutenção do
controle glicêmico (ADA, 2004). Os benefícios da aplicação deste método dietético, ainda são
bastante questionados no meio acadêmico e na prática clínica, em função da falta de estudos a
médio e longo prazo, que demonstrem a influência de um plano alimentar mais flexível no ganho
ponderal e no perfil lipídico e glicêmico do paciente diabético, em especial, da criança e do
adolescente diabético.
O planejamento adequado das refeições tem um papel fundamental para o indivíduo
diabético e parece melhorar o nível de hemoglobina glicada em adultos (Delahanty, 1993,
Burroughs, 1993; Charron-Prochownik, 1993). Em relação ao grupo pediátrico, é essencial o
estabelecimento de uma terapia nutricional que permita boa adesão, aliada ao bom controle
metabólico e que possibilite a adequação do ganho ponderal em função do crescimento.
O estudo em questão tem como objetivo verificar o efeito da dieta por CCHO sobre o
controle metabólico e o perfil antropométrico de portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1),
assistidos no Serviço de Diabetes Mellitus Infanto-Puberal, do Instituto de Puericultura e
Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
METODOLOGIA
58
Trata-se de estudo longitudinal retrospectivo, com base em banco de dados produzido
pelo serviço de Diabetes infanto-puberal do IPPMG/UFRJ, a partir de consulta aos prontuários de
pacientes acompanhados no período de 2002 a 2006.
Neste estudo foram avaliados os mesmos indivíduos em 2 períodos: 1 ano em
acompanhamento dietético com DT e, subseqüentemente, 1 ano em acompanhamento dietético
por CCHO. A casuística inicial incluiu todos os portadores de DM1 que iniciaram orientação
dietética por CCHO entre os anos de 2003 e 2005 (n=147), sendo eliminados 54 pacientes por
não atenderem aos critérios de inclusão no estudo (tempo de doença superior a 2 anos e inferior a
15 anos e ausência de outras doenças crônicas), sendo a casuística final composta por 93
pacientes. A partir da data de início da orientação dietética por CCHO, os indivíduos foram
avaliados durante 1 ano nesta terapia e no ano imediatamente anterior à mesma, na vigência da
DT.
Foram excluídos os pacientes com tempo de doença inferior a 2 anos e superior a 15 anos,
e pacientes com qualquer outro tipo de doença ou endocrinopatias, em função das possíveis
influências de tais fatores sobre o estado nutricional e o controle metabólico do paciente
diabético.
Todos os pacientes assistidos no serviço recebem cuidado nutricional individualizado,
iniciando-se com protocolo de avaliação nutricional incluindo: aferição de medidas
antropométricas, história alimentar e exames laboratoriais de rotina. A conduta alimentar atende,
não apenas os princípios nutricionais do cuidado com o DM, mas também leva em consideração
as condições sócio-econômicas e hábitos alimentares da clientela.
Foi denominado no presente estudo como DT, a orientação dietética baseada na
distribuição calórica dos alimentos. Na DT foi realizado o cálculo do valor energético total da
dieta (VET) segundo as recomendações da FAO/OMS (1985) para sexo e idade, sendo este
59
distribuído em 5 a 6 refeições diárias. Os pacientes receberam plano alimentar individualizado e
lista de substituições de alimentos, baseada em grupos alimentares, com valores energéticos
semelhantes, sendo permitidas trocas apenas entre alimentos do mesmo grupo. Os pacientes
foram orientados sobre a necessidade de restrição de uso do açúcar simples (refinado) ou
alimentos que o continham, apenas, para o manejo da hipoglicemia. Foi considerado como início
da observação deste método dietético o período de 12 meses anteriores ao início da dieta por
CCHO (DT
0
). A partir deste tempo inicial, os pacientes foram avaliados após 6 meses com a DT
(DT
1
) e após 12 meses com a DT (DT
2
), quando foi introduzida a orientação dietética por CCHO
(CCHO
0
). Logo, o período DT
2
corresponde ao período CCHO
0
(DT
2 =
CCHO
0
).
No tratamento com dieta por CCHO também foi feito o cálculo do VET e realizado o
cálculo da necessidade diária de CHO (em gramas). Os pacientes receberam plano alimentar
individualizado, fracionado em 5 a 6 refeições diárias, com as quantidades de CHO pré-
determinadas em cada refeição e receberam uma lista de substituições de alimentos baseada em
grupos alimentares, sendo permitida a troca, inclusive, entre grupos diferentes, desde que a
quantidade de CHO fosse respeitada em cada refeição. Não houve restrição de consumo de
nenhum alimento, inclusive de açúcar refinado e derivados. Uma vez introduzida a orientação por
CCHO, os pacientes foram avaliados após 6 meses de CCHO (CCHO
1
), e após 12 meses de
CCHO (CCHO
2
).
Os pacientes foram classificados em pré-púberes (crianças) e púberes (adolescentes) de
acordo com o grau de maturação sexual, independente da idade cronológica apresentada. Foram
considerados como pré-púberes os indivíduos no estágio 1 para mamas (M1) e genitais (G1) de
meninas e meninos, respectivamente; e em fase puberal os indivíduos a partir do estágio 2 para
meninas e meninos, respectivamente (Tanner, 1962; OMS, 1995).
60
Para avaliação do estado nutricional de crianças foi utilizado o índice peso/estatura (P/E),
expresso em Z score com ponto de corte Z P/E > -1,0 e < +1,0 para eutrofia e Z P/E -1,0 e
+1,0, adotando-se esses pontos de corte para detecção precoce de situações de risco de baixo
peso e risco de sobrepeso, respectivamente. Para avaliação do estado nutricional de adolescentes
foi utilizado o Índice de Massa Corpórea (IMC), expresso em percentis,
utilizando-se como ponto
de corte p85 para risco de sobrepeso; >p5 e < p85 para eutrofia e p5 para risco de baixo peso,
respectivamente (CDC, 2000). Para a avaliação da evolução do estado nutricional ao longo do
período estudado utilizou-se a média de Z score do índice P/E em crianças e a média de Z score
do IMC em adolescentes.
Foram colhidos dados de colesterol total, LDLc, HDLc e triglicerídios séricos em DT
0
,
DT
2
e CCHO
2
. O perfil lipídico foi avaliado segundo a I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose
na Infância e na Adolescência, proposta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2005),
sendo considerado como perfil lipídico adequado pacientes com colesterol total <150mg/dl,
LDLc <100mg/dl, HDLc 45mg/dl e triglicerídeos <100mg/dl.
O controle glicêmico foi avaliado em DT
0
, DT
1,
DT
2
, CCHO
1
e CCHO
2
pela dosagem da
hemoglobina glicada (HbA1c), sendo classificada em percentual de adequação dos valores
laboratoriais de referência, segundo faixa etária, alternativa de análise referendada pela ADA
(2005), considerados como adequados valores até 30% do valor máximo de referência para a
faixa etária de 2 a 5 anos; até 25% entre 5 e 13 anos; e <20% para maiores de 13 anos.
A análise estatística foi feita com o auxílio do programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) versão 10.0 para Windows.
O valor médio das variáveis dependentes foi calculado para cada intervalo de tempo de
observação. Uma vez verificada a normalidade dos dados, a análise de variância (ANOVA) para
61
medidas repetidas foi aplicada aos valores médios da proporção de adequação da hemoglobina
glicada e dos índices antropométricos nos indivíduos, em 3 momentos diferentes (início, 6 e 12
meses) em cada método dietético (DT e CCHO), e as alterações do perfil lipídico em 2 momentos
diferentes (início e 12 meses) em cada método dietético, para comparação entre ambos. O teste de
Bonferroni foi utilizado para examinar quais médias encontradas eram estatisticamente diferentes.
Para a análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste de qui-quadrado e o teste exato
de Fisher (quando o n esperado em cada casela era inferior a 5). Considerou-se como
significância estatística valores de p<0,05.
O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IPPMG/UFRJ, sob
o registro número 21/06.
RESULTADOS
Todos os pacientes que não atenderam aos critérios de inclusão foram eliminados em função
do tempo de doença. A tabela 1 apresenta a caracterização da amostra no momento inicial de
observação dos pacientes (DT
0
).
Foi observada homogeneidade das variáveis dependentes no início de ambos os tratamentos
dietéticos como demonstrado na tabela 2.
A tabela 3 apresenta os valores médios e desvios-padrão das variáveis dependentes em todos
os períodos de observação, onde se verifica melhora progressiva e significativa da adequação da
HbA1c e das concentrações séricas de colesterol total ao longo da CCHO, não sendo observadas
alterações significativas de nenhuma variável ao longo da observação DT.
Foi observada adequação da HbA1c em 63,3% dos pacientes em DT
0
, 59,4% em DT
1,
62,5%
em DT
2,
72,6% em CCHO
1
e 75,9% em CCHO
2
. Foi encontrada diferença estatística limítrofe
62
entre os métodos dietéticos em relação à adequação da HbA1c ao final do período de observação
(DT
2
e CCHO
2;
p=0,05).
Os valores médios de adequação da HbA1c sofreram redução significativa no primeiro
semestre de observação CCHO (entre CCHO
0
e
CCHO
1;
p=0,007) e na extensão do primeiro ano
de observação (entre CCHO
0
e
CCHO
2;
p=0,000), não sendo observada nenhuma significância
durante o período de observação DT, como demonstrado na figura 1. Verificou-se redução
significativa destas médias em ambas fases puberais ao final do primeiro ano de observação por
CCHO (p=0,004 em crianças; p=0,015 em adolescentes).
Foi encontrada inadequação nos veis de colesterol total e LDLc em 64,9% e 41,9% dos
pacientes em DT0, 62,8% e 41% em DT2 e 58% e 36,4% em CCHO2, respectivamente. Ao
analisar a influência do método dietético na adequação das lipoproteínas, não foram observadas
diferenças significativas ao final de 1 ano de acompanhamento nutricional, não havendo
igualmente diferenças segundo as categorias de maturação sexual.
Ao avaliar a diferença de médias de CT e lipoproteínas ao final de 1 ano de observação DT
verificou-se aumento significativo da média de TG (p=0,027). Ao avaliar as mesmas medidas ao
final de 1 ano de observação por CCHO, foi observada redução significativa limítrofe da média
de CT (p=0,043), como demonstrado na figura 2. Não foram observadas diferenças significativas
entre os valores médios dessas variáveis entre crianças e adolescentes.
Foi encontrada adequação do estado nutricional antropométrico (eutrofia) em 80,7% dos
pacientes em DT
0
, 81,8% em DT
1
, e 83,1% em DT
2
. No período de observação da CCHO, a
condição de eutrofia foi encontrada em 83,1% em CCHO
0
, 64,8% em CCHO
1
, e 83,3% em
CCHO
2
. Comparando-se ambos os métodos dietéticos em relação à adequação do estado
nutricional (eutrofia), foi observada diferença significativa entre os métodos no primeiro semestre
de observação (entre DT
1 e
CCHO
1;
p=0,022), não sendo observada diferença entre os métodos ao
63
final de 1 ano de acompanhamento. Também não foram observadas diferenças significativas
entre os sexos.
A tabela 4 mostra a adequação do estado nutricional segundo as categorias de maturação
sexual, onde observa-se aumento do percentual de sobrepeso em crianças no primeiro semestre
de observação por CCHO, sendo este reduzido ao longo do segundo semestre de observação. Tal
modificação não foi observada em adolescentes.
Não houve diferença estatística entre os valores médios em unidades de Z score do índice P/E
para crianças durante o período de observação DT. durante o período de observação CCHO
houve aumento significativo destes valores no primeiro semestre (p=0,000) seguido de redução,
também significativa, no segundo semestre (entre CCHO
1
e
CCHO
2;
p=0,000) não apresentando,
portanto, diferença ao final do primeiro ano de observação (p=1,000), como demonstrado na
figura 3.
Não foram observadas diferenças significativas destas médias entre os sexos.
Em adolescentes, ao comparar as diferenças entre as médias de Z score do IMC, não houve
significância em ambos os períodos de observação (DT e CCHO), como demonstrado na tabela 4.
Não foram observadas diferenças entre os sexos.
Em relação à dose de insulina, não houve modificação significativa dos valores médios de
insulina/Kg em ambos os períodos de observação (DT e CCHO).
64
Tabela 1 Distribuição por sexo e valores médios e desvio-padrão da idade e tempo de
doença dos pacientes acompanhados no serviço de DM do IPPMG-UFRJ no momento
inicial de observação (DT
0
)
Variáveis Crianças Adolescentes Total
Sexo
Masculino
Feminino
Total
n
22
14
36
%
61,1
38,9
100,0
n
24
33
57
%
42,1
57,9
100,0
n
46
47
93
%
49,4
50,6
100,0
Variáveis
Idade (anos)
Média
7,4
DP
2,47
Média
14,8
DP
2,86
Média
11,1
DP
2,66
Tempo
Doença (anos)
4,5
1,94
7,3
3,4
6,1
3,2
Tabela 2 Valores Médios e desvio-padrão de variáveis antropométricas e bioquímicas dos
pacientes acompanhados no serviço de DM do IPPMG-UFRJ nos tempos iniciais de dieta
(DT
0
e CCHO
0
)
Variáveis DT
0
CCHO
0
p
Z score
peso/estatura
0,382 (±1,08) 0,282 (±0,85) 0,703
Z score IMC 48,62 (±23,85) 56,06 (±24,10) 0,111
HbA1c
(% adequação)
122,09 (±26,24)
123,02 (±30,99)
0,835
Colesterol total
(mg/dl)
172,59 (±40,42)
170,05 (±44,64)
0,705
Triglicerídeos
(mg/dl)
66,72 (±28,25)
74,31 (±38,01)
0,157
HDLc
(mg/dl)
53,46 (±14,41)
55,55 (±15,92)
0,430
LDLc
(mg/dl)
103,60 (±37,32)
96,40 (±34,82)
0,241
DT
0
– início da observação da Dieta Tradicional; CCHO
0
– início da observação da Dieta por Contagem de Carboidratos
IMC – Índice de Massa Corporal; HbA1c – hemoglobina glicada; HDLc - high density lipoprotein; LDLc - low density lipoprotein
65
Tabela 3 - Valores médios das variáveis antropométricas e bioquímicas em todos os tempos
de observação dos pacientes acompanhados no serviço de DM do IPPMG-UFRJ
Variável DT
0
DT
1
DT
2 (=
CCHO
0)
CCHO
1
CCHO
2
HbA1c (%
adequação)
122,09±26,24
123,20±28,74
123,02 ±30,99
113,83±23,51
a
108,55±22,05
ab
Z score
peso/estatura
0,382±1,08 0,307±0,98 0,282 ±0,85 1,675±1,07
c
0,371±0,77
b
Z score IMC
48,62±23,85 52,76±25,02 56,06±24,10 51,83±23,34 53,90±23,56
Colesterol
(mg/dl)
172,59±40,42 - 170,05±44,64 - 163,72±40,48
a
Triglicerídeos
(mg/dl)
66,72 ±28,25 - 74,31 ±38,01
d
- 66,10±32,24
HDLc (mg/dl)
53,46 ±14,41 - 55,55 ±15,92 - 54,57±11,68
LDLc (mg/dl)
103,60 ±37,32
- 96,40 ±34,82 - 95,01±37,52
DT
0
início da observação da Dieta Tradicional; DT
1
6 meses de observação da Dieta Tradicional; DT
2
1 ano de observação da Dieta
Tradicional; CCHO
0
– início da observação da Dieta por Contagem de Carboidratos; CCHO1 – 6 meses de observação da Dieta por Contagem de
Carboidratos; CCHO
2
– 1 ano de observação da Dieta por Contagem de Carboidratos
IMC – Índice de Massa Corporal; HbA1c – hemoglobina glicada; HDLc - high density lipoprotein; LDLc - low density lipoprotein
a
média menor que CCHO
0
(p< 0,05);
b
média menor que CCHO
1
(p< 0,05);
c
média maior que CCHO
0
(p< 0,05);
d
média maior que DT
0
(p<
0,05).
Tabela 4 – Distribuição de eutrofia, risco de baixo peso e risco de sobrepeso segundo o tipo
de dieta em crianças e adolescentes acompanhados no serviço de DM do IPPMG-UFRJ
Tempo de
Observação
Crianças Adolescentes
Eutrofia
n %
Risco BP
n %
Risco SP
n %
Eutrofia
n %
Risco BP
n %
Risco SP
n %
DT
0
27 69,2
4 10,3
8 20,5 44 9,8 0 0,0
5 10,2
DT
1
28 71,8 3 7,7 8 20,5 44 9,8 1 2,0 4 8,2
DT
2
=
CCHO
0
31 79,5 4 10,3 4 10,3 43 6,0 1 2,0
6 12,0
CCHO
1
13 33,3
a
3 7,7 23 59,0
b
46 8,5 1 1,9 5 9,6
CCHO
2
30 76,9
c
2 5,1 7 17,9
d
45 8,2 1 2,0 5 9,8
DT
0
– início da observação da Dieta Tradicional; DT
1
– 6 meses de observação da Dieta Tradicional; DT
2
– 1 ano de observação da Dieta
Tradicional; CCHO
0
– início da observação da Dieta por Contagem de Carboidratos; CCHO1 – 6 meses de observação da Dieta por Contagem de
Carboidratos; CCHO
2
– 1 ano de observação da Dieta por Contagem de Carboidratos
BP – baixo peso; SP – sobrepeso
a
percentual menor que CCHO
0
(p< 0,05);
b
percentual maior que CCHO
0
(p< 0,05);
c
percentual maior que CCHO
1
(p< 0,05);
d
percentual
menor que CCHO
1
(p< 0,05).
66
DISCUSSÃO
Dado o papel essencial da alimentação no controle do DM e o estigma de doença crônica,
o DM, ainda nos dias de hoje, é encarado por grande parte da população como uma condição que
impõe limitações e proibições, principalmente no âmbito alimentar.
Durante a consulta nutricional observamos que, quando a criança e o adolescente se
tornam diabéticos, o principal motivo de preocupação e descontentamento por parte dos pacientes
e até dos próprios familiares se muito mais em função destas proibições e limitações do que
dos riscos futuros que a exposição à doença possa vir a causar. Por este motivo, a possibilidade
de eliminação destas proibições deve ser fortemente considerada mesmo que, para isso, alguns
ajustes sejam necessários, tais como um aumento da freqüência de auto-monitorização e/ou maior
intensificação do esquema insulínico.
Por ser um componente essencial para se obter e manter o estado metabólico adequado, a
terapia nutricional vem sendo rediscutida, a fim de que se consiga uma melhor adesão e
conseqüente redução no aparecimento e gravidade das complicações agudas e crônicas da doença
(ADA, 2008). Estudos mostram que a adesão ao plano nutricional prescrito melhora o nível de
HbA1c em adultos (Delahanty & Halford, 1993) e tem sido correlacionada com melhor controle
da glicose sanguínea em crianças (Burroughs, 1993; Charron-Prochownik, 1993). A adequação
da orientação dietética ao estilo de vida de cada paciente deve ser considerada no momento de
estabelecimento do seu plano alimentar individualizado e deve ser capaz de acompanhar as
transformações ocorridas ao longo da vida.
Como descrito anteriormente, a glicação da hemoglobina associa-se ao
desenvolvimento de complicações micro e macrovasculares da doença. Desta forma, a
67
manutenção de níveis satisfatórios de HbA1c ao longo da vida do diabético deve ser uma das
metas no acompanhamento do paciente diabético.
A melhora da média de adequação da HbA1c na dieta por CCHO, demonstrada neste
estudo, vai ao encontro dos resultados do estudo DCCT, no qual foi demonstrada uma redução de
1 ponto percentual na HbA1c nos pacientes que foram orientados com o método de CCHO, em
associação com o esquema insulínico intensivo (DCCT, 1993). Estudo realizado pela UNIFESP,
com adolescentes portadores de DM1, no qual se avaliou o efeito da técnica da CCHO, em uma
única refeição, durante 4 meses, mostrou redução significativa da HbA1c acompanhada de
manutenção dos valores de colesterol total e triglicerídeos (Costa, 2005). Estes resultados
remetem à possibilidade de uma terapia alimentar mais flexível e isenta de proibições específicas
como promotora de uma melhor qualidade de vida, que foi demonstrado no estudo DCCT que
a redução de cada 1% no nível da HbA1c, correspondia a uma redução de 44% no risco de
complicações crônicas da doença (DCCT, 1993).
A frequência de concentrações aumentadas de colesterol total de 64,9% encontrada no
inicio da DT foi posteriormente reduzida para 58% ao final de 1 ano de observação da CCHO.
Estudo transversal com 71 crianças e adolescentes com DM1 na Bahia, encontrou uma
prevalência de 32,6% de dislipidemia, sendo destes, 81,2% por elevação isolada do LDLc (Alves
et al, 2007). Outro estudo com 100 crianças e adolescentes com DM1, em Minas Gerais, mostrou
prevalência de dislipidemia significativamente maior quando comparada a crianças e
adolescentes não diabéticos (Castro et al, 2000).
Embora a frequência de dislipidemia encontrada no presente estudo tenha sido elevada em
comparação aos demais estudos, pode-se observar que a média dos valores de LDLc aqui descrito
foi bem menor que os valores encontrados na literatura (Alves et al, 2007; Castro et al, 2000;
Arcanjo et al, 2005)
. Tais diferenças podem ser atribuíveis à utilização de valores de referência
68
distintos. Deve-se ressaltar que os pontos de corte empregados no presente estudo são baseados
nas diretrizes da SBC para crianças e adolescentes (SBC, 2005) em que, principalmente, os
valores de normalidade para o colesterol total e LDLc sofreram importante redução em relação às
diretrizes anteriormente vigentes (II Consenso Brasileiro sobre Dislipidemias, 1999; SBC, 2001).
Apesar da alta freqüência de dislipidemias, a redução significativa dos valores médios de
colesterol total e a redução das médias das frações de colesterol e dos triglicerídeos, ocorridas
após 12 meses de implementação da dieta por CCHO, em comparação aos valores encontrados no
mesmo período da dieta por DT, ainda que estatisticamente não significante, sugerem que uma
maior flexibilidade alimentar, sob orientação e monitoramento adequados, não altera e pode, até
mesmo, melhorar o perfil lipídico do diabético, tal como ocorrido com as concentrações
glicêmicas. Tal fato reveste-se de importância, tendo em vista o aparecimento de complicações a
médio e longo prazo, associadas aos distúrbios lipidêmicos e à hiperglicemia que contribuem
para agravos e seqüelas após algumas décadas de exposição à doença (Brandão, 2004). Não
foram encontrados na literatura dados disponíveis a respeito da influência da CCHO no perfil
lipídico de crianças e/ou adolescentes portadores de DM1 que permitissem comparação dos
achados.
A experiência na prática clínica tem demonstrado que, quando o DM1 surge na infância, o
tratamento da doença está muito mais relacionado aos níveis de compreensão e adesão ao
tratamento por parte dos pais/responsáveis, do que da própria criança. Além disso, o controle das
atividades cotidianas desenvolvidas, bem como os horários da monitorização glicêmica e das
refeições são dependentes da rotina diária estabelecida pela família e pelas exigências escolares.
Modificações dietéticas e comportamentais na criança se tornarão viáveis se houver
modificações nos hábitos alimentares e no estilo de vida de toda a família (Liberatore et al,
1980).
69
Quando a doença surge na adolescência, período no qual a exposição a fatores externos,
bem como a influência dos amigos e da mídia associados a atitudes de rebeldia e de
experimentação é intensa, atitudes essenciais ao controle da doença (monitorização, disciplina,
ingestão dietética adequada), podem ser negligenciadas. Nesta fase, a necessidade da chamada
“educação em diabetes”, em conjunto com o estabelecimento de rotinas mais flexíveis se
revestem de importância para que a adesão ao tratamento seja alcançada (Costa, 2005).
O desvio ponderal encontrado em crianças no primeiro semestre de vigência da CCHO
pode ter ocorrido em função da maior variedade de alimentos permitidos. A adaptação a uma
conduta nutricional com maior variedade de alimentos, em contraposição a um esquema
alimentar com restrições dietéticas pode conduzir, inicialmente, ao aumento do consumo
energético. Estes achados ressaltam a importância da atenção e monitorização do estado
nutricional do paciente diabético, com a finalidade de detecção precoce de eventuais desvios
nutricionais e de intervenção oportuna com vistas ao ajuste do plano dietético.
No presente estudo não foi encontrado diferença na evolução ponderal, tanto em crianças
quanto em adolescentes, ao final do período de acompanhamento da dieta por CCHO. Tal fato
pode ser justificado pela presença de uma orientação individualizada, adequada a cada fase do
desenvolvimento, e da monitorização nutricional contínua ao longo de todo o tratamento da
doença. A falta de estudos que avaliem a repercussão a médio e longo prazo do método de CCHO
sobre o estado nutricional de crianças e adolescentes faz este estudo talvez pioneiro neste sentido.
Todos os pacientes mantiveram-se insulinizados em doses proporcionais ao longo de todo
o período de observação do estudo, independente do método dietético adotado. Tal achado
demonstra que, na CCHO, apesar de se estabelecer uma relação entre os CHO ingeridos e a dose
de insulina administrada, é possível a administração de doses de insulina segundo as
recomendações para cada faixa etária. de se destacar que, além do temor de que um plano
70
alimentar com maior liberdade de escolha possa, em contraposição à dieta tradicional,
comprometer o controle metabólico do diabético, a resistência a uma conduta alimentar mais
flexível que permite, inclusive, o consumo de alimentos tradicionalmente proibidos para essa
clientela, como é o caso do açúcar refinado e seus derivados, perpassa, também, a preocupação
com o risco do aumento excessivo de peso, o qual se associaria, por sua vez, à maior necessidade
de insulinização. No presente estudo, os resultados observados não justificam tal preocupação e
apontam a dieta por CCHO como mais uma alternativa de conduta nutricional para crianças e
adolescentes diabéticos.
A homogeneidade dos parâmetros bioquímicos e antropométricos verificada no início da
observação de ambos os tratamentos dietéticos reforça o impacto do tratamento na evolução do
controle metabólico e sugere que as características prévias não influenciaram os resultados.
Este estudo aponta que a dieta por CCHO contribuiu para a melhora significativa dos
níveis glicêmicos sem promover alterações significativas sobre os demais parâmetros
bioquímicos estudados. Complementarmente desperta, ainda, para a importância da
monitorização clínico-nutricional, reforçando a abordagem multiprofissional no atendimento à
clientela em questão.
Trata-se do primeiro estudo realizado com crianças e jovens diabéticos submetidos à dieta
por CCHO em instituição de referência no tratamento do DMIP no Rio de Janeiro. Espera-se que
seus achados possam nortear o cuidado nutricional do grupo em questão, com vistas a garantir
melhor qualidade de vida, satisfação com o tratamento e redução de complicações crônicas da
doença.
71
CONCLUSÃO
Houve melhora significativa da hemoglobina glicada ao longo do tratamento por CCHO.
Foi encontrada redução significativa dos valores plasmáticos médios de colesterol total ao
longo do tratamento por CCHO.
Não houve diferença significativa dos valores médios de triglicerídeos e frações de
colesterol (LDL e HDL) ao longo de ambos os tratamentos dietéticos.
Não foram observadas diferenças na evolução das variáveis antropométricas ao final de
ambos os tratamentos dietéticos.
Não houve variação das doses de insulina ao longo de ambos os tratamentos dietéticos.
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81
82
ANEXO 3
ARTIGO 2 : Evolução do Tratamento Nutricional no Diabetes Mellitus Tipo 1; revisão da
literatura.
Manuscrito encaminhado à Revista Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia
Evolução do Tratamento Nutricional no Diabetes Mellitus Tipo 1
Evolution of Nutritional Treatment in Diabetes Mellitus Type 1
Haline Dalsgaard
1
, Aline Salmon
2
, Claudia Saunders
3
, Elizabeth Accioly
4
1
Mestranda do programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFRJ. Aperfeiçoamento em Diabetes Infantil
pela UFRJ, com atuação na área há 10 anos. Endereço para correspondência: Rua Imutá, 230 casa 3 –
Pechincha – Jacarepaguá. CEP 22770-600, Rio de Janeiro – R.J. e-mail: haline.d@terra.com.br
2
Nutricionista Oficial da Força Aérea Brasileira. Aperfeiçoamento em Diabetes Mellitus Infantil pela
UFRJ.
3
Doutora em Ciências (ENSP/FIOCRUZ). Professor Adjunto do Instituto de Nutrição Josué de Castro da
UFRJ. Coordenadora do Grupo do Pesquisa em Saúde Materna e Infantil do Núcleo de Pesquisa em
Micronutrientes do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ
4
Docente do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ. Pesquisadora do Grupo do Pesquisa em
Saúde Materna e Infantil do Núcleo de Pesquisa em Micronutrientes do Instituto de Nutrição Josué de
Castro da UFRJ
83
Título Resumido: Tratamento Nutricional no DM1
Resumo
Trata o presente trabalho de revisão narrativa do conhecimento disponível na literatura
sobre a evolução da orientação dietética no Diabetes Mellitus tipo1 (DM1), nas bases de dados
Medline, Lilacs e Scielo no período de 2000 a 2006. O DM1 é responsável por 5 a 10% dos casos
de diabetes, ocorrendo principalmente na infância e juventude. A terapia nutricional associada à
terapia medicamentosa constitui um fator essencial para o controle glicêmico do paciente
diabético. No decorrer das décadas as recomendações nutricionais indicadas pela American
Diabetes Association foram sendo modificadas à luz da plausibilidade biológica dos novos
achados científicos. Dentre os métodos dietéticos disponíveis atualmente destacam-se a
orientação dietética convencional, baseada na substituição de alimentos, a contagem de
carboidratos, o índice glicêmico e a carga glicêmica. São apresentados os princípios e
fundamentos das alternativas dietéticas, suas vantagens e dificuldades de implementação. Porém,
mais importante que o tipo de orientação dietética utilizada é a aceitação e compreensão do
paciente ao seu esquema terapêutico, independente da escolha, o que vai garantir um melhor
controle metabólico e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida.
Unitermos: Diabetes mellitus tipo 1, Contagem, Carboidratos, Índice glicêmico, Dieta
Abstract
The current study is a literature narrative review of available data on diabetes mellitus
type 1 diet counseling evolution, using Medline, Lilacs and Scielo databases between 2000 and
2006. DM1 is held accountable for 5 to 10% of diabetes cases, primarily occurring during
childhood and youth. The addition of nutritional therapy to medical therapy is essential for
diabetes patients’ glicemic control. Through past decades, American Diabetes Association
nutritional recommendations have been modified based on new scientific findings biological
plausibility. Conventional diet counseling based on food replacement, carbohydrate counting,
glicemic index and glicemic load stands out from others diet methods currently available. Hereby
are presented the principles and foundations of diet alternatives along with both their
implementation advantages and difficulties. However, despite the choice made, patient adherence
to treatment is more important than the type of diet counseling used, granting a better metabolic
control, and therefore, a better quality of life.
Keywords: Type 1 Diabetes mellitus, Carbohydrate counting, Glicemic Índex, Diet
84
I) Introdução
O Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM 1) respresenta 5 a 10% dos casos de diabetes e resulta de
uma destruição auto-imune das células β do pâncreas, ocorrendo principalmente na infância e
juventude.
1
O DM1 se constitui na segunda doença crônica mais prevalente na infância, de
distribuição universal, independente do grau de desenvolvimento do país. Sua importância se
torna ainda maior se consideradas suas complicações crônicas e a crescente incidência registrada
em vários países. O estudo brasileiro de incidência de DM1, integrante do DIAMOND Study,
estudo multicêntrico internacional promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
incluindo dados brasileiros revelou que, aproximadamente, 8 a cada 100 mil crianças até 15 anos
se tornam diabéticas por ano.
2
Além do aumento do DM1 na infância e adolescência, com pico de incidência entre os 10
aos 14 anos, este tipo de DM ainda é o mais prevalente. Dados sobre essa doença no Brasil são
escassos, com prevalência estimada de 0,2% (em crianças) e incidência variável: baixa em
Campina Grande (PB) 3,5/100.000; intermediária em Londrina (PR) 5,8/100.000; e elevada
em São Paulo (SP) 7,6/100.000, Bauru (SP) 9,8/100.000, e Passo Fundo (RS)
12,4/100.000.
3
As manifestações clínicas na infância e na adolescência variam desde a cetoacidose, como
evento inicial, até hiperglicemia pós-prandial, com manifestações exuberantes ocorrendo apenas
na presença de infecção ou outra condição de estresse. Apesar de rara no momento do
diagnóstico, a obesidade não exclui o diagnóstico de DM1.
4
85
O tratamento do DM sofreu avanços significativos nas últimas décadas. Com a descoberta
da insulina em 1921, passou-se a vislumbrar possibilidade de controle glicêmico, ocorrendo
aumento da sobrevida e melhora da qualidade de vida em indivíduos diabéticos.
5
Em 1912, antes da descoberta da insulina, Frederick M. Allen desenvolveu a então
denominada “Terapêutica da fome de Allen”. Oferecendo 1000Kcal/dia e 10g de carboidratos
(CHO)/dia, o pesquisador mantinha alguns indivíduos vivos até que, supostamente, a insulina
voltasse a tornar-se disponível. Deste modo, até o surgimento da insulina exógena, os diabéticos
eram tratados com dietas muito baixas em CHO e em regime de semi-inanição.
Após essa data, a recomendação para ingestão de carboidratos passou a ser de 1/3 do total
energético diário. Com 1/3 de carboidratos, o restante da ingestão, cerca de 15 a 20%, seria de
proteínas e o restante de gorduras. Atualmente é sabido que dietas ricas em gordura contribuem
para aumento de peso, hiperlipidemia e resistência insulínica.
6
Mesmo após a terapia com insulina, os estudiosos ainda recomendavam a dieta pobre em
CHO e rica em lipídeos porque poucos estudos, e não conclusivos, demonstravam os benefícios
da dieta com maior aporte de glicídios e menor de lipídeos.
No decorrer de alguns anos as recomendações nutricionais indicadas pela American
Diabetes Association (ADA), foram sendo modificadas à luz de novos conhecimentos,
particularmente aqueles revelados pelos estudos sobre índice glicêmico de alimentos. O quadro a
seguir demonstra, resumidamente, como ocorreram essas mudanças, em relação à distribuição
energética entre os macronutrientes e as recomendações de fibras dietéticas e colesterol
7
(Tabela
1).
Muitas estratégias tornaram os planos alimentares mais flexíveis, mas infelizmente, não
consideravam as preferências individuais, o nível cultural e o estilo de vida dos pacientes com
DM, dificultando a adesão ao tratamento.
86
O presente trabalho consiste em uma revisão do conhecimento disponível na
literatura sobre a evolução da orientação dietética no DM1. Tem como objetivo apresentar uma
descrição histórica dos métodos disponíveis, sua aplicabilidade e influência no controle glicêmico
do paciente diabético.
II) Material e Métodos
Trata-se de estudo de revisão, na qual se utilizou como fonte de dados bibliográficos as
bases Medline, Lilacs e Scielo, buscando-se publicações disponíveis no período de 2000 a 2006.
Foram incluídos no estudo, trabalhos realizados com crianças e adolescentes e que abordassem o
tratamento dietético para DM. Os artigos foram identificados por meio de busca na base de dados
Medline versão PubMed (http://www.pubmed.gov), Bireme (http://www.bireme.br) e Scielo
(http://www.scielo.br). Os seguintes descritores foram utilizados na busca: em língua inglesa
carbohydrate counting, diabetes mellitus type 1, children, adolescents, glicemic index e, em
língua portuguesa, contagem de CHO, diabetes mellitus tipo 1, crianças, adolescentes, índice
glicêmico, dieta. Foram identificados 27 publicações que foram incluídas no estudo resumos,
com base em critérios de elegibilidade referentes à população de estudo, tipo de desenho do
estudo e idioma (português, inglês ou espanhol). Foram excluídos os trabalhos publicados em
outros idiomas, os disponíveis somente em formato de abstracts e os estudos de revisão.
III) Resultados e discussão
87
Princípios do plano alimentar -Terapia Nutricional no DM 1
muito que a individualização da terapia nutricional tem sido o ponto fundamental das
recomendações de todos os órgãos internacionais relacionados ao DM1.
8
Os resultados
apresentados no DCCT (Diabetes Control and Complications Trial), estudo multicêntrico,
randomizado designado para comparar a terapia insulínica intensiva e convencional no
desenvolvimento e progressão de complicações vasculares e neurológicas do DM tipo1 indicaram
que as pessoas com boa adesão ao plano alimentar individualizado tinham, em média, nível de
hemoglobina glicada 0,9% menor do que aquelas com pouca adesão dietética. Os resultados
apresentados no DCCT reforçam a importância da terapia nutricional e do tratamento intensivo
no DM1.
9
A terapia nutricional é componente fundamental na conduta do diabetes e da educação no
seu autocuidado. Ela deve alcançar e manter os parâmetros metabólicos, incluindo níveis de
glicose sangüíneos, perfil de lipoproteínas e lipídeos séricos e níveis de pressão arterial nos
valores recomendados, além de prevenir e tratar as complicações crônicas do DM, considerar
preferências pessoais e culturais, respeitando-se os desejos e hábitos do individuo.
Em crianças e adolescentes, a terapia nutricional deve, também, prover aporte de energia
adequado para assegurar o crescimento e desenvolvimento normais, manter o equilíbrio entre a
ingestão de alimentos e a insulina disponível. O planejamento da refeição deve ser baseado na
ingestão habitual de alimentos de cada indivíduo e a prática regular de atividade física,
proporcionam melhor qualidade de vida.
10
A terapia nutricional deve também estar focada na prevenção de complicações tardias,
particularmente em relação ao diabético obeso. Portanto, a dieta é primordial para o controle
glicêmico e, também, para a normalização dos veis de lipoproteínas. O consumo excessivo de
88
gorduras contribui para a obesidade, hipertensão arterial, aterosclerose e resistência à insulina,
pois reduz o mero de receptores para insulina em vários tecidos, diminui o transporte de
glicose para o músculo e diminui a atividade de processos que são estimulados por esse
hormônio.
6
Recomendações Nutricionais em Diabetes – ADA 2007
Desde a década passada, vários trabalhos demonstraram que as recomendações da dieta
dos diabéticos são as mesmas dos indivíduos não portadores da doença.
11
Abaixo encontram-se as recomendações atuais de macro e micronutrientes proposta pela
ADA:
Proteínas - as necessidades de proteínas variam de acordo com a idade, devendo compor 15-20%
do total da ingestão energética diária. A ingestão protéica é reportada como sendo similar em
pacientes com ou sem nefropatia. Porém, os efeitos em longo prazo de uma ingestão maior que
20% do total energético diário no desenvolvimento de nefropatia não foram determinados e,
dessa maneira, seria prudente evitar ingestões protéicas acima desse valor.
Lipídeos - No que se refere à gordura dietética, o objetivo primário é limitar a gordura saturada e
a ingestão de colesterol na dieta. Somente 7% do valor energético total devem ser provenientes
de gordura saturada e a ingestão de colesterol deve ser menor que 200mg/dia. A gordura saturada
é considerada o principal determinante dietético do LDL-colesterol plasmático. Além disso,
pessoas diabéticas parecem ser mais sensíveis ao colesterol da dieta do que a população em geral.
89
Carboidratos - os CHO são a principal fonte de energia da alimentação e sua recomendação é
igual a de indivíduos não diabéticos, devendo fornecer 50-60% do valor energético total. A
ingestão de frutas, vegetais, grãos, leguminosas e leite deve ser encorajada para a promoção de
hábitos alimentares saudáveis. Alimentos contendo sacarose podem ser incluídos, desde que em
substituição aos outros carboidratos.
Em relação às fibras, indivíduos com DM, assim como a população em geral, devem ser
encorajadas a ter um consumo variado de alimentos que as contenham, tais como cereais
integrais, frutas e verduras. A quantidade de fibras recomendada para a criança maior do que 2
anos é equivalente à sua idade adicionada de 5 gramas por dia, até um valor máximo de 25 a
35g/dia, recomendados para adultos. Estudos de curto prazo utilizando grandes quantidades de
fibras em indivíduos com DM 1 sugeriram efeito positivo sobre a glicemia. Estudo realizado por
Giacco et al avaliou a eficácia da dieta rica em fibras (HF) comparada à dieta pobre em fibras
(LF) e sua relação com o controle da glicemia e a incidência de episódios de hipoglicemia em
adultos com DM 1. Tal estudo mostrou que, em pacientes com DM 1, um aumento no consumo
diário de alimentos naturalmente ricos em fibras e com baixos índices glicêmicos pode ser efetivo
para o controle, em longo prazo, da glicemia.
12
Vitaminas e Minerais
As recomendações de consumo para crianças e adolescentes com DM1 são similares às
para a população em geral. Deve haver boa oferta de cálcio, fósforo, ferro, zinco e vitaminas,
sendo os valores recomendados os mesmos que os de não diabéticos.
As vitaminas C e E, o beta-caroteno (precursor da vitamina A) e o mineral selênio são
antioxidantes, ou seja, são importantes na prevenção de doenças cardiovasculares. Porém não
evidências sobre a necessidade de suplementação para indivíduos diabéticos.
90
Assim, a adoção de uma dieta equilibrada e satisfatória garante a ingestão de vários
nutrientes que são oferecidos naturalmente pelos alimentos.
Adoçantes Dietéticos
Os adoçantes dietéticos têm seu consumo permitido, desde que não ultrapasse as doses
máximas de ingestão preconizadas pela Food and Drug Administration (FDA). Estes são, em sua
maioria, compostos a partir de substâncias não energéticas, naturais ou sintéticas, conhecidas
como edulcorantes.
Dentro das dosagens permitidas, essas substâncias ainda são opções consideradas mais
recomendáveis para o paciente diabético do que o açúcar. Classificam-se em dois grupos
principais: artificiais ou sintéticos e naturais.
13
Artificiais ou Sintéticos: são obtidos de produtos naturais ou não através de reações químicas
apropriadas, sem valor energético. São eles: Aspartame, Sacarina, Ciclamato, Sucralose,
Acessulfame K.
Naturais: são obtidos a partir de plantas ou de alimentos de origem animal, com menor valor
energético do que a glicose. São eles: Frutose, Manitol, Sorbitol, Steviosídeo, New Sugar.
Como ocorre com qualquer alimento, o uso indiscriminado dos adoçantes não é indicado
devendo, portanto, haver moderação. Alguns adoçantes sintéticos como aspartame, sacarina,
acesulfame-K e sucralose são aprovados pela FDA e, portanto, têm uma regulamentação maior
para as doses máximas recomendadas. Os estevosídeos (stévia), apesar de muito utilizados na
América do Sul, não são aprovados pelo FDA e, portanto, não têm uma regulamentação
específica quanto a doses máximas permitidas. O ciclamato de sódio foi proibido pelo FDA, mas
91
novos estudos comprovaram que a dose tóxica é muito alta, e, por isso, cogita-se a sua
liberação.
14
Ao longo dos anos, as recomendações em relação ao consumo de adoçantes dietéticos vêm
sofrendo modificações baseadas em achados de estudos científicos da época vigente. Como não
há, no Brasil, a proibição do uso dos adoçantes dietéticos, a recomendação mais adequada seria a
variação no consumo dos mesmos, a fim de evitar o acúmulo de uma única substância química no
organismo em razão de exposição prolongada a esses produtos.
Estratégias Alimentares
Índice Glicêmico (IG)
O IG é um indicador baseado na habilidade da ingestão do CHO (50g) de um dado
alimento elevar os níveis de glicose sanguínea pós-prandial (2 horas após a ingestão), comparado
com um alimento de referência (glicose ou pão branco).
Quanto mais alto o IG do alimento, mais
rápida será a elevação nos níveis de glicose sanguínea, e maior sea secreção insulínica após a
sua ingestão.
15
Calcular o IG de um alimento é um processo razoavelmente complicado, porém alguns
pesquisadores testaram uma variedade de alimentos comuns.
16
(Tabela 1) Essas tabelas listam o
IG dos alimentos quando comparados à glicose pura, que tem um IG de 100. Os alimentos podem
ser classificados em IG alto ( 85), moderado (60 a 85) e baixo (< 60).
17
(Tabela 2)
92
Segundo a ADA, um grande número de fatores influencia as respostas glicêmicas dos
alimentos, incluindo a quantidade de CHO, tipo de CHO (glicose, frutose, sacarose, lactose),
natureza do amido (amilose, amilopectina, amido resistente), cozimento e processamento dos
alimentos (grau de gelatinização do amido, tamanho da partícula, forma celular) e forma do
alimento, assim como outros componentes como a gordura e outras substâncias naturais que
tornam a digestão mais lenta (lectinas, fitatos, taninos e combinações de lipídio-amido e proteína-
amido).
11
Alguns alimentos resultam em uma marcante elevação seguida de maior ou menor rapidez
em diminuir a glicemia, enquanto outros produzem menor pico em com declínio mais gradual da
glicose sangüínea.
Embora as dietas de baixo IG possam reduzir a glicemia pós-prandial, a capacidade dos
indivíduos de manter essas dietas em longo prazo e alcançar o benefício glicêmico não tem sido
estabelecido.
15
Estudos disponíveis em pessoas com DM1 em que dietas de baixo IG foram
comparadas com dietas de IG alto não fornecem evidências convincentes de beneficio.
18
Em 2001, Gilbertson et al estudaram crianças com DM1 e avaliaram o efeito do IG versus
dieta por contagem de CHO no controle da glicemia. Os resultados mostraram que não houve
diferença significativa nos níveis de hemoglobina glicosilada entre os grupos nos 3 e 6 primeiros
meses. Entretanto, em 12 meses, os níveis haviam caído no grupo que realizou a dieta com baixo
IG, mantendo-se com os mesmos valores no grupo que recebeu a dieta de contagem de CHO por
troca. Em relação aos episódios de hiperglicemia, uma proporção significantemente maior dos
pacientes do grupo de contagem de CHO relatou maior freqüência nos episódios (mais de 15 por
mês) em 12 meses de estudo. com relação aos episódios de hipoglicemia, não houve diferença
significativa entre os grupos. Ainda nesse estudo foi mostrado que crianças com DM1, que
recebiam instrução dietética flexível baseada na pirâmide alimentar e com opções de alimentos
93
com baixo IG, apresentam significantemente melhores níveis de hemoglobina glicada após 12
meses.
17
Tanto a quantidade quanto a fonte de CHO são determinantes na glicemia pós-prandial e
fornecem cerca de 90% do total de variação da resposta glicêmica, indicando um efeito
cumulativo de ambos os fatores na concentração de glicose sangüínea. O IG leva em conta
somente o tipo de CHO, ignorando o total de gramas de CHO em uma porção apesar de, tanto o
tipo, quanto a quantidade, influenciarem a glicemia pós-prandial e a resposta insulínica de um
dado alimento.
Portanto, o IG não deveria ser usado isoladamente, e sim, em conjunto com
outras estratégias nutricionais.
18
Baseada em revisões, a posição da ADA quanto IG, é de não haver uma forte evidência
que suporte o uso de dieta de baixo IG como uma estratégia primária da terapia nutricional, mas
seu uso em um alimento isolado pode promover um benefício adicional na terapia.
10
Carga glicêmica (CG)
Em 1997, epidemiologistas da Escola de Saúde Pública de Harvard introduziram o
conceito da carga glicêmica (CG) num esforço de predizer a resposta glicêmica de uma dada
dieta, ao invés da utilização isolada da quantidade ou do tipo de CHO.
19
Como definição, a CG
de um alimento particular é o produto do IG do alimento e a quantidade de CHO de uma porção e
pode ser calculada para um alimento individualmente, de uma refeição ou de toda a dieta.
CG = IG x quantidade de CHO
100
94
Apesar do IG estabelecer uma ordem/classificação dos alimentos baseada em suas
respostas glicêmicas não é capaz de verificar o efeito de uma pica quantidade de CHO em uma
porção de alimentos no aumento da glicemia.
Foi demonstrado que porções de diferentes alimentos com a mesma CG produzem efeitos
similares na glicemia, parecendo haver uma relação entre a CG, níveis de glicose sangüíneos e
resposta insulínica.
20
Gilbertson et al validaram o conceito da CG como preditor da resposta glicêmica
mostrando que, quanto maior a CG do alimento ou refeição, maior será a resposta glicêmica pós-
prandial.
17
Wolever e Bolognesi, num estudo com sete indivíduos não diabéticos verificaram que a
análise individual do tipo ou quantidade do CHO ingerido de um alimento apresentou baixo valor
preditivo da resposta glicêmica e insulínica. Porém, ao se avaliar estes fatores em conjunto (tipo e
quantidade), observou-se uma maior predição da resposta glicêmica. Num outro estudo, com oito
jovens não diabéticos, os mesmos autores encontraram resultados similares quando analisaram
refeições mistas. Eles destacam a possibilidade de uma resposta glicêmica similar em indivíduos
diabéticos e sugerem que outros estudos sejam feitos com estes indivíduos.
21
Mais estudos são necessários para validar o efeito da CG, já que os estudos encontrados
utilizam uma pequena população de uma faixa etária específica (adultos jovens). A resposta
glicêmica de indivíduos obesos, com resistência insulínica ou, até mesmo diabéticos pode
apresentar diferenças em relação aos indivíduos saudáveis.
Método de contagem de carboidratos
95
Em 1994 um comitê da ADA observou que existiam poucas evidências científicas que
sustentassem a idéia de restringir alimentos com açúcar refinado para portadores de DM. Foi
constatado que 10 gramas de CHO, independente do tipo e da fonte, teriam basicamente o mesmo
efeito na glicemia do indivíduo. O mais importante seria a quantidade de CHO ingerida por este
indivíduo, já que quase a totalidade deste se transformaria em glicose.
7
A ênfase na quantidade de
CHO deveu-se ao fato de ser esse o principal nutriente a elevar a glicose sanguínea após a
refeição. Independente se proveniente de frutas, pães, doces ou leite, 90 a 100% do CHO é
convertido em glicose nas primeiras duas horas após o seu consumo, aparecendo na corrente
sanguínea em 15 minutos. Apenas 60% das proteínas e 10% dos lipídeos irão se converter em
glicose, independente de outros fatores como a digestão, a absorção e a interação com outros
nutrientes que compõem a refeição. Como a quantidade de CHO de uma refeição é a que tem
maior impacto na glicemia, poderia se calcular a quantidade necessária de insulina a ser
administrada para adequada metabolização daqueles CHO. Um plano alimentar baseado nesse
princípio é denominado Contagem de CHO.
22
A Contagem de CHO foi também uma das 4 estratégias alimentares utilizadas no DCCT,
no qual pacientes e profissionais consideraram que este sistema permitia maior flexibilidade na
escolha dos alimentos auxiliando no alcance dos objetivos glicêmicos.
23
Estudo feito na Universidade Federal do Ceará avaliou o grau de satisfação com a adoção
do método de Contagem de CHO em pacientes com DMI que usavam bomba de insulina ou
faziam múltiplas doses de insulina ao dia. Os pacientes respondiam a um questionário referente
às últimas quatro semanas de tratamento. Em referência ao grau de liberdade para evitar a
hipoglicemia, 74% dos pacientes estudados se posicionaram favoravelmente. É provável que isso
se deva à facilidade de conciliação entre a quantidade de CHO ingerida e a dose de insulina
administrada, propiciada por esse programa alimentar. Quanto à decisão do número e horário de
96
refeições, a liberdade de se alimentar fora de casa e o planejamento das atividades diárias e
sociais, aproximadamente 80% dos diabéticos respondeu favoravelmente a esses itens de
avaliação. Atribui-se tais fatos à possibilidade de se injetar insulina na hora da refeição e,
também, em unidades compatíveis com a quantidade de CHO consumida.
22
Sendo experiência recente no Brasil ainda há falta relativa de estudos, a médio prazo, que
demonstrem a influência da contagem de CHO sobre o controle glicêmico, no ganho ponderal
e o perfil lipídico do paciente, o que torna a sua aplicação ainda questionada no meio
acadêmico e na prática clínica.
A Contagem de CHO é uma estratégia de plano alimentar centrada, inicialmente, na
quantidade total de CHO, enfatizando a relação entre alimentos, atividade física, glicemia e
medicação.
23
O método pode ser utilizado por qualquer paciente com DM1 e, principalmente, pelos que
fazem terapia intensiva, utilizando doses variadas de insulina de ação rápida / ultra-rápida, e por
aqueles que usam a bomba de infusão subcutânea contínua de insulina.
9
Com as muitas opções de insulinas disponíveis atualmente, um regime de insulina
adequado pode ser desenvolvido para se moldar à rotina de refeição e a escolha de alimentos
preferidos pelo indivíduo.
15
O nutricionista determinará o total em gramas de CHO que o paciente deve ingerir em
determinada refeição, com base nas necessidades energéticas, objetivos de peso e bom controle
glicêmico.
23
Para se obter a quantidade total de CHO é necessário, primeiramente, calcular o valor
energético total em relação à recomendação para a faixa etária e o sexo, utilizando o peso ideal.
Para a obtenção do peso ideal, deve-se identificar o peso correspondente ao percentil 50 para a
97
altura, segundo a referência do NCHS no caso de crianças (pré-púberes), ou utilizar o percentil 50
do índice de massa corporal no caso de adolescentes (púberes) e adultos.
24
Após determinar as
necessidades energéticas diárias, deve-se repartir o total energético nas porcentagens ideais de
CHO (50-60%) e transformá-los em gramas distribuindo-os, finalmente, entre as refeições, como
mostrado no exemplo abaixo:
VET 2000Kcal
2000 x 55% = 1100Kcal de CHO
1100 : 4 = 275g de CHO que devem ser distribuídos ao longo do dia entre as refeições.
O plano alimentar deve fornecer calorias suficientes para manter ou alcançar índices de
crescimento e desenvolvimento normais em crianças e adolescentes, manter equilíbrio entre a
ingestão de alimentos e a insulina disponível, fornecer alimentação nutricionalmente equilibrada
de acordo com as necessidades individuais, manter bom controle metabólico para prevenir e/ou
retardar complicações agudas e crônicas e proporcionar ao portador de DM uma melhor
qualidade de vida. O planejamento da refeição deve ser baseado na ingestão habitual de alimentos
de cada indivíduo. Deve ser realizado o fracionamento da dieta em várias refeições adaptado à
insulinização, à atividade física e à disponibilidade de horário para refeições. A contagem de
CHO é uma extensão da orientação dietética com base em lista de substituições, porém centrada
nos CHO, já que estes são os nutrientes que mais influenciam a elevação glicêmica e, por
conseguinte, as necessidades de insulina.
Um aspecto importante neste método é conhecer os valores absolutos de CHO dos
alimentos e preparações através de consulta a tabelas de composição nos rótulos de alimentos e, a
partir da quantidade de CHO expressa, fazer a troca pela quantidade pré-estipulada ou aumentar o
bolus de refeição pela quantidade de CHO consumida a mais. Vale ressaltar, também, a
98
importância do paciente avaliar sua glicemia antes e até 2 horas após a refeição, para adequar a
relação ideal insulina/CHO.
A contagem de CHO deve ser utilizada como uma alternativa terapêutica para auxiliar no
controle glicêmico do paciente diabético, porém seu uso deve ser avaliado individualmente.
Por se tratar de um método que exige habilidade matemática, leitura de rótulos de produtos e
um grau de conhecimento sobre grupos de alimentos, a motivação do paciente tem
importância fundamental no sucesso da terapia. Portanto, cabe ao profissional avaliar qual o
método dietético mais indicado para cada paciente.
Atualmente, existem duas formas de orientação dietética por contagem de CHO: método
de substituições de CHO ou método de gramas de CHO.
25
A escolha do método deverá ser sempre articulada entre o nutricionista e o paciente, de
forma individualizada, sendo que, em alguns casos, ambos os métodos podem ser utilizados de
forma complementar para o mesmo indivíduo.
Método de substituição de CHO
No método de substituição os alimentos são divididos em grupos nos quais cada porção de
alimento tem, aproximadamente, 15g de CHO, o que possibilita a permuta entre os mesmos.
As listas de substituições são baseadas nas porções da pirâmide dos alimentos e seus
grupos alimentares principais são: cereais, massas e leguminosas; pães e biscoitos; frutas;
hortaliças; leite e derivados; carnes e doces, nos quais os grupos poderão ser medidos em 15
gramas de CHO, se contiverem CHO, e seu correspondente em medida caseira.
25
99
Trabalha-se, assim, com tabelas de CHO a fim de flexibilizar composição das refeições,
dentro de um esquema de substituição bem mais eficaz do que outros métodos com base na
energia total.
26
Ex: 1 porção de pão (1 fatia), 1 porção de fruta (1 unidade), 1 porção de cereal (2 colheres
de sopa de arroz) contém 15g de CHO e podem ser susbtituídos entre si.
Método de gramas de CHO
Neste método, são considerados os valores exatos de CHO de cada alimento através da
consulta de rótulos e tabelas de composição dos alimentos. O paciente pode, a rigor, utilizar
qualquer alimento de acordo com sua preferência.
22
Neste caso, o nutricionista determina a
quantidade de CHO de cada refeição e o paciente irá consultar os valores exatos de CHO na lista
de alimentos.
Usualmente se utiliza o método de substituição de CHO como orientação para as refeições
usuais e o método de gramas de CHO quando são consumidos alimentos industrializados ou
refeições não usuais.
A orientação da contagem de CHO é interpretada de formas diversas pelos profissionais
de saúde. Na prática clínica encontram-se várias listas com os teores de CHO dos alimentos. A
prática de deixar a critério do paciente a escolha da quantidade e do tipo de alimento a ser
consumido, sem levar em consideração as necessidades nutricionais individuais conduzem a uma
interpretação distorcida do método, pois tem-se a interpretação de que o indivíduo pode “comer
de tudo, a qualquer hora” bastando aplicar a dose necessária de insulina para metabolizar os CHO
ingeridos. Esta orientação pode estimular a obesidade e/ou dislipidemia, dependendo dos hábitos
alimentares e da escolha do indivíduo.
100
Por se tratar de um método dietético, a contagem de CHO deve ser orientada sempre por
nutricionistas, pois é evidente que não se deve substituir alimentos saudáveis por alimentos de
alta densidade energética e baixo valor nutricional em todas as refeições. O método leva em conta
apenas as quantidades de CHO, e as substituições de alimentos nem sempre apresentam mesmo
valor energético, e de macro e micronutrientes.
Também não se deve ignorar proteínas e gorduras
no planejamento dietético por terem menor efeito sobre a glicemia. A alimentação saudável deve
ser sempre o objetivo principal e a educação alimentar torna-se fundamental para garantir o
equilíbrio na composição das refeições o que permite, não apenas, o controle glicêmico, como
também, a manutenção de peso adequado e perfil lipídico na faixa de normalidade.
A contagem de CHO também pode ser relacionada diretamente com o tipo de insulina
(rápida/ultra-rápida), dependendo do tipo de terapia insulínica estabelecida para cada indivíduo.
27
A presença ou ausência desta relação deve ser determinada pela equipe multidisciplinar e pode
ser denominada contagem de CHO básica ou contagem de CHO avançada.
Contagem de CHO Básica
A terapia recebe esta denominação quando o indivíduo recebe doses fixas pré-prandiais de
insulina rápida ou ultra-rápida.
15
Neste caso, o indivíduo pode ter flexibilidade alimentar quanto
ao tipo de alimento, sendo permitido, inclusive, o uso de açúcar simples, porém a quantidade de
CHO planejada para cada refeição deve permanecer inalterada.
Contagem de CHO Avançada
Para usuários de insulina rápida ou ultra-rápida é possível estabelecer uma relação entre a
quantidade de CHO ingerida e a dose de insulina pré-prandial necessária para a sua
metabolização (bolus de refeição).
25
Tal relação é estabelecida conforme o peso ideal do paciente
101
e ajustada, caso a caso, de acordo com a sensibilidade insulínica individual, em função de
características pessoais e ao longo do dia.
Para a utilização deste método, é necessário que o paciente seja capaz de ajustar a dose de
insulina rápida ou ultra-rápida à quantidade de alimento estabelecida, tenha noções de
quantidades de CHO nos alimentos e entenda a relação entre alimento, glicemia, insulina e
atividade física.
23
Em nossa experiência, no serviço de Diabetes Infanto Juvenil no IPPMG/UFRJ todo novo
paciente inicia o acompanhamento dietético com a chamada dieta convencional, baseada nos
postulados anteriormente descritos. Após uma melhor compreensão sobre a importância e os
princípios do tratamento do DM1 e o interesse por uma terapia dietética mais flexível, os
pacientes recebem a orientação dietética por contagem de CHO. Caso o paciente seja usuário de
doses fixas de insulina rápida/ultra-rapida, utiliza-se a contagem avançada. os pacientes com
pouco tempo de doença ou com idade inferior a 4 anos, que são usuários de doses muito
pequenas ou até mesmo nulas de insulina rápida/ultra-rápida, recebem a orientação por contagem
de CHO básica.
O aspecto mais importante na orientação da contagem de CHO é a compreensão do
método pelo paciente ou responsável.
IV) Considerações finais
Tratar o paciente diabético deixou de ser um exercício absolutamente empírico quanto ao
alcance dos objetivos glicêmicos. A correta manipulação das novas insulinas disponíveis, os
esquemas variados, ao lado do conhecimento mais bem fundamentado dos efeitos dos alimentos,
102
permite planejar um tratamento mais fisiológico. A monitorização adequada permite efetuar
ajustes mais finos, tanto no esquema terapêutico, quanto na composição da dieta.
Os estudos sobre a influência dos alimentos na resposta glicêmica permitem identificar
qual terapia dietética é mais adequada para cada paciente, o que torna a orientação mais
individualizada.
Mais importante que o tipo de dieta a ser utilizada, é a adesão do paciente ao seu esquema
terapêutico. A busca por alternativas mais flexíveis conduziram à proposição de novos métodos,
sendo a contagem de CHO o mais recentemente proposto.
Todavia, é reconhecida a necessidade de estudos com diversos grupos populacionais, tais
como adultos, adolescentes, gestantes e portadores de DM2, que aportem mais elementos para a
escolha do método dietético mais adequado para cada caso.
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105
Tabelas
Tabela 1. Recomendações nutricionais para diabéticos segundo a ADA. Período: 1930-1997
6
Nutrientes * 1930 1955 1970 1990 1997
CHO total g/dia
% energia
70
14
176
35
225
45
290
58
280
56
Lipídeos totais g/dia
% energia
Saturados g/dia
Monoinsaturados g/dia
Polinsaturados g/dia
Colesterol mg/dia
153
69
87
50
9
1060
99
45
46
37
11
690
82
37
35
31
13
550
60
27
14
26
17
150
67
30
18
31
18
150
Proteínas g/dia
% energia
85
17
101
20
90
18
75
15
70
14
Fibras dietéticas g/dia 8 15 20 40 35
*Valores para dieta com 2000kcal
Tabela 2. Classificação dos alimentos segundo o IG
Índice Glicêmico Alimento
Alto Pães em geral, biscoitos, bolos, cereais
matinais, banana, batatas e tubérculos,
cenoura, farinha de trigo, mel, milho
Moderado Aveia, arroz, fubá, laranja, macarrão,
manga, kiwi
Baixo Arroz integral, arroz parboilizado, feijões,
iogurte, leite, maçã, pêra
Adaptado de Wolever, T.M.S, Bolognesi, C; 1996.
21
106
Tabela 3. Vantagens e desvantagens dos métodos dietéticos utilizados no tratamento do
Diabetes Mellitus
Método Dietético Vantagens Desvantagens
Convencional Menor variação do consumo
alimentar, possibilitando um
maior controle na ingestão
calorias e gorduras dos
alimentos
Falta de flexibilidade na troca
de alimentos de uso não
habitual
Dificuldade de adequação em
eventos sociais
Carga Glicêmica Associação da quantidade e
qualidade dos carboidratos
ingeridos
Falta de tabelas e
informações nos rótulos que
possibilitem as trocas dos
alimentos
Índice Glicêmico Possibilidade de escolha de
alimentos com maior ou
menor interferência na
glicemia
Resposta glicêmica
individual
Grande variação em função
da maturidade e preparo dos
alimentos
Contagem de Carboidratos Flexibilidade na troca dos
alimentos
Possibilidade de maior ganho
ponderal caso não haja
orientação e conhecimento
das recomendações
alimentares
Necessidade de alguma
habilidade matemática
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