Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
CÁLCULO DE LIMITES DE INTERCÂMBIO EM SISTEMAS ELÉTRICOS
DE POTÊNCIA ATRAVÉS DE
FERRAMENTAS DE OTIMIZAÇÃO
Elder Geraldo Sales de Sant`Anna
Itajubá, dezembro de 2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
PROGRAM DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA ELÉTRICA
Elder Geraldo Sales de Sant`Anna
CÁLCULO DE LIMITES DE INTERCÂMBIO EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA ATRAVÉS
DE FERRAMENTAS DE OTIMIZAÇÃO
Dissertação submetida Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em Ciências em Engenharia
Elétrica.
Mestrado em Engenharia Elétrica / Sistemas de Potência
Orientadores:
Profº Antônio Carlos Zambroni de Souza, Ph.D.
Profª Tatiana Mariano Lessa de Assis, D.Sc.
DEZEMBRO 2009
ITAJUBÁ, MG BRASIL
ads:
E.Sant`Anna iii
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mauá
Bibliotecária Margareth Ribeiro- CRB_6/1700
S237c
Sant´Anna, Elder Geraldo Sales de
Cálculo de limites de intercâmbio em sistemas elétricos de pó_
tência através de ferramentas de otimização / Elder Geraldo Sales de
Sant´Anna. -- Itajubá, (MG) : [s.n.], 2009.
143 p. : il.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos Zambroni de Souza.
Co-orientadora: Profa. Dra. Tatiana Mariano Lessa de Assis.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Itajubá.
1. Limites de intercâmbio. 2. Fluxo de potência ótimo. 3. Plane_
jamento da operação. I. Souza, Antônio Carlos Zambroni de, orient.
II. Assis, Tatiana Mariano Lessa de, co-orient. III. Universidade Fe_
deral de Itajubá. IV. Título.
E.Sant`Anna iv
Este trabalho é dedicado aos meus familiares Manoel,
Juraci, Maxwell, Solange e meu sobrinho Mateus e a todos
os meus amigos e amigas. Sem o apoio que sempre recebi
de vocês, jamais teria chegado até aqui.
Agradecimentos
E.Sant`Anna v
Agradecimentos
A Deus, por ter me apontado o caminho a ser seguido, por ter colocado as pessoas certas
na minha vida, e por sempre me ajudar a alcançar meus objetivos.
Aos meus pais pela educação, apoio e carinho durante todas as fases da minha vida, que
possibilitaram a realização deste trabalho.
Aos meus amigos e amigas pela compreensão e carinho mostrados durante todo este
tempo.
Meu especial agradecimento aos orientadores deste trabalho, Dr. Antônio Carlos
Zambroni e Dra Tatiana M. Lessa de Assis, cujas dedicações, paciência e apoios
demonstrados em vários momentos, além das palavras encorajadoras (vai dar certo...) e
companheirismo, permitiram a elaboração desta Dissertação.
Ao meu amigo do CEPEL, Dr. João Passos pelo inestimável auxílio e orientação de uso
do programa FLUPOT e a amiga Amélia Yukie Takahata pela grande ajuda na
elaboração do programa PRÉ-FLUPOT.
Aos amigos Antônio Felipe Aquino, Fernando Machado, Leandro Dehon Penna,
Fabrício Vianna Calvelli, Andre Bianco, Tatiana Gonçalves, Eliane Silva, Lillian
Monteath e Zulmar Soares Machado Junior do ONS pelo enorme apoio técnico e
motivação para realização deste trabalho.
Aos gerentes do ONS Engº Gilson Mussi Machado, Engº Roberto Nogueira Fontoura
Filho, e Engº Dalton de Oliveira Camponês do Brasil pelo apoio e interesse
demonstrados durante o trabalho.
Aos professores do curso de Mestrado da área de sistemas de potência, pelo
conhecimento transmitido e a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram
para a realização deste trabalho.
Resumo da Dissertação
E.Sant`Anna vi
Resumo da Dissertação apresentada à EFEI como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)
Cálculo de Limites de Intercâmbio em Sistemas Elétricos de Potência pelo
Uso de Ferramenta de Otimização
Elder Geraldo Sales de Sant`Anna
Dezembro/2009
Orientadores: Antônio Carlos Zambroni de Souza
Tatiana Mariano Lessa de Assis
Programa: Engenharia Elétrica
Esta Dissertação propõe e aplica uma nova metodologia para o cálculo de limites
de intercâmbio entre regiões ou áreas geo-elétricas de sistemas de grande porte pelo uso
do fluxo de potência ótimo. A metodologia proposta assegura menor tempo empregado
na obtenção dos diversos pontos de operação utilizados como pontos de partida para as
análises dos comportamentos dinâmicos do sistema e maior segurança e padronização
nos ajustes desses pontos. Além da metodologia proposta, também é descrito
detalhadamente o procedimento atual para o cálculo dos limites de intercâmbios,
quando são evidenciadas as oportunidades de melhorias desse procedimento pela
utilização da função objetivo de máxima transferência de potência.
O uso prático dessa função objetivo em sistemas reais de grande porte demandou
melhorias nos aplicativos utilizados de fluxo de potência convencional e de fluxo de
potência ótimo, assim como a elaboração de um aplicativo de preparação da base de
dados para a utilização da função objetivo do FPO. Foram utilizados 3 (três) sistemas
teste, a saber: um de pequeno porte (sistema IEEE 14 barras), um sistema de médio
porte (678 barras), que consiste de um equivalente do Sistema Interligado Nacional, e o
próprio Sistema Interligado Nacional (4855 barras), com toda sua base de dados. Os
resultados obtidos mostram o grande potencial de aplicação da metodologia proposta
nos procedimentos práticos atualmente adotados para o cálculo dos limites de
intercâmbios entre regiões.
Abstract
E.Sant`Anna vii
Abstract of Dissertation presented to EFEI as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Master of Science (M.Sc.)
CALCULATION OF LIMITS OF INTERCHANGE IN ELECTRICAL
SYSTEMS THROUGH OPTIMIZATION TOOLS
Elder Geraldo Sales de Sant`Anna
December/2009
Advisors: Antônio Carlos Zambroni de Souza
Tatiana Mariano Lessa de Assis
Department: Electrical Engineering
This dissertation proposes and applies a new methodology for the calculation
of limits of interchange between geo-electric regions or areas in large scale electric
systems through the use of optimal power flow. The methodology proposed guarantees,
besides a reduction of time applied to obtain the wide variety of operational points of
load flow (load flow adjusters) that are used as a start in the analysis of dynamic
behavior simulations of the system, also a safer and standardization of these adjusters
applied to each operation point. The current procedures to calculate the power flow
interchange limits are described in details when they are shown up the opportunities for
improvements of these procedures through the utilization of the objective function that
figures out the maxim flow transfer.
The practical use of this objective function in real systems, which means large
scale systems, demanded not only improvements in the programs of conventional load
flow and optimal power flow, but also the development an auxiliary tool which prepares
the data toward the use of the optimum power flow.
Three test systems were used to apply the methodology proposed: a small scale
test system (IEEE 14 bus), a medium scale system (678 bus system) that consists of an
equivalent reduced from the National Interconnect Electric System (NIS) and the whole
National Interconnect Electric System itself (4855 bus) with its whole data base (large
scale).
Abstract
E.Sant`Anna viii
The results obtained shows the huge potential of the methodology proposed in
the practical procedures in use nowadays to the calculation of interchange limits
between regions.
Sumário
E. Sant`Anna ix
Sumário
Lista de Tabelas ............................................................................................................ xii
Lista de Figuras ........................................................................................................... xiii
Nomenclatura e Símbolos ............................................................................................. xv
Capítulo I Introdução .............................................................................................. 18
I.1 Evolução do Sistema Interligado Brasileiro ................................. 18
I.2 Conceito e Contextualização dos Limites Elétricos de
Intercâmbio .................................................................................. 19
I.3 Objetivo da Dissertação ............................................................... 22
I.4 Estrutura ....................................................................................... 23
I.5 Publicações ................................................................................... 25
Capítulo II Estado-da-Arte ....................................................................................... 26
II.1 Introdução .................................................................................... 26
II.2 Premissas da Pesquisa .................................................................. 26
II.3 Revisão Bibliográfica ................................................................... 26
II.4 Diagnóstico .................................................................................. 38
II.5 Sumário ........................................................................................ 40
Capítulo III Fundamentos Conceituais ..................................................................... 41
III.1 Introdução .................................................................................... 41
III.2 Fluxo de Potência Ótimo (FPO) ................................................... 41
III.2.1 Modelagem do Problema de FPO ............................................................... 41
III.2.2 Aplicação do FPO para Cálculo da Máxima Transferência de
Potência ....................................................................................................... 47
III.3 Limites de Intercâmbio ................................................................ 55
III.3.1 Aplicação no Planejamento Energético ....................................................... 55
III.3.2 Aplicação no Planejamento Elétrico da Operação....................................... 57
III.4 Sumário ........................................................................................ 59
Capítulo IV Metodologia Convencional .................................................................... 60
IV.1 Introdução .................................................................................... 60
IV.2 Preparação dos Pontos de Operação ............................................ 61
IV.3 Preparação de Casos de Cenários Energéticos ............................. 62
IV.4 Análise de Regime Permanente ................................................... 66
IV.5 Análise de Regime Dinâmico....................................................... 68
IV.5.1 Principais Critérios e Premissas Utilizados nas Análises ............................ 69
Sumário
E. Sant`Anna x
IV.6 Sumário ........................................................................................ 73
Capítulo V Metodologia Proposta ............................................................................ 74
V.1 Introdução .................................................................................... 74
V.2 Descrição Geral do Processo ........................................................ 75
V.3 Função de Maximização Transferência de Potência
Ativa (MXTR) no programa FLUPOT ........................................ 80
V.4 Problemas e Soluções Adotadas................................................... 82
V.5 Programa PRÉ-FLUPOT ............................................................. 85
V.6 Simulações para Análise do Desempenho de Regime
Permanente e Dinâmico ............................................................... 88
V.7 Sumário ........................................................................................ 90
Capítulo VI Resultados ............................................................................................... 91
VI.1 Introdução .................................................................................... 91
VI.2 Resultados das Simulações para o Cálculo do Limite
de Intercâmbio .............................................................................. 92
VI.2.1 Sistema 1 Limite de RNE ......................................................................... 92
VI.2.2 Sistema 2 Limite de RNE ......................................................................... 94
VI.2.3 Sistema 2 Limite de RSUL .................................................................... 103
VI.3 Sumário ...................................................................................... 112
Capítulo VII Conclusões ............................................................................................ 113
VII.1 Considerações Gerais ................................................................. 113
VII.2 Melhorias Programa de Fluxo de Potência Ótimo ..................... 115
VII.3 Sugestões para Futuros Trabalhos .............................................. 116
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 117
Anexo A Condições de Otimalidade de Karushi-Kun-Tucker ........................ 122
A.1 Condições de Karushi-Kuhn-Tucker (1ª Ordem) ....................... 124
A.2 Condições de 2ª Ordem .............................................................. 125
Anexo B Dados Elétricos dos Sistemas Analisados .......................................... 126
B.1 Sistema Teste IEEE-14 .............................................................. 126
B.2 Sistema Equivalentado Norte - Nordeste de 678
Barras ......................................................................................... 128
B.3 Sistema Interligado Nacional ..................................................... 128
Anexo C Arquivos de Simulação do FLUPOT.................................................. 129
C.1 Sistema IEEE 14 Barras ............................................................. 129
C.2 Sistema Equivalentado Norte Nordeste .................................. 131
C.3 Sistema Interligado Nacional ..................................................... 135
Anexo D Arquivo de Dados Para Programa PRÉ-FLUPOT........................... 136
Sumário
E. Sant`Anna xi
D.1 Arquivos de Dados de Entrada ................................................... 136
D.2 Arquivos de Saída ...................................................................... 140
Anexo E PRÉ-FLUPOT: Programa Fonte Executável .................................... 142
Lista de Tabelas
E. Sant`Anna xii
Lista de Tabelas
Tabela 1 Detalhamento dos Controles Associados à Função Objetivo MXTR 48
Tabela 2 Nível de Geração do Ponto de Operação Prévio à Otimização 51
Tabela 3 Nível de Geração Caso Base x Caso FPO 52
Tabela 4 Comparação Nível de Geração * FPO com DRES x Caso FPO sem DRES 52
Tabela 5 Sistemas Teste Utilizados 91
Tabela 6 - Limites de Recebimento pela Região Nordeste - RNE 93
Tabela 7 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente - RNE = 5107
MW 95
Tabela 8 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Dinâmico - RNE = 4656
MW 97
Tabela 9 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente - RNE = 5196
MW 98
Tabela 10 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Dinâmico - RNE = 4742
MW 99
Tabela 11 - Comparação de Resultados 100
Tabela 12 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente RSUL =
6438 MW - Metodologia Convencional 104
Tabela 13 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente - RSUL=7000
MW 105
Tabela 14 - Comparação de Resultados 107
Tabela 15 Percentuais de Despachos em Relação à Potência Total da Usina 108
* * *
Lista de Figuras
E. Sant`Anna xiii
Lista de Figuras
Figura 1 ─ Caso Teste IEEE-14 Barras 50
Figura 2 Diagrama Unifilar Sistema IEEE 14 Barras Violações - Intercâmbio 167
MW 54
Figura 3 Volume Útil do Reservatório da UHE Tucurui Região Norte 62
Figura 4 Cenários Energéticos 64
Figura 5 Volume Útil do Reservatório da Usina Salto Santiago Região Sul 65
Figura 6 Principais Bacias do Sistema Interligado Nacional 66
Figura 7 Fluxograma do Processo Atual de Cálculo de Limites de Intercâmbio do
SIN 67
Figura 8 Critério de Amortecimento de Tensão 70
Figura 9 Critério de Diferença Angular entre Barramentos de 500 kV de Tucurui e
Paulo Afonso IV 72
Figura 10 Metodologia Proposta 75
Figura 11 Vista Inicial do Aplicativo de Análise de Resultados da Simulação
Dinâmica 78
Figura 12 Vista da Saída do Aplicativo de Análise de Resultados da Simulação
Dinâmica 79
Figura 13 Critérios de Tensão da Simulação Dinâmica Considerado pelo Aplicativo 79
Figura 14 Principais Dados da Função Objetivo MXTR 80
Figura 15 Faixas de Operação do CER 83
Figura 16 Dados de Entrada e Saída do Aplicativo PRÉ-FLUPOT 87
Figura 17 Insumos e Produtos do FLUPOT 88
Figura 18 - Diagrama do Sistema Teste: 678 barras 92
Figura 19 - Excursão da Diferença Angular entre Tucuruí e P. Afonso IV para o
Limite de Regime Permanente (RNE=5107 MW) e para o Limite de Regime
Dinâmico (RNE=4656 MW) 96
Figura 20 - Excursão da Diferença Angular entre Tucuruí e P. Afonso IV para o
Limite de Regime Permanente (RNE=5196 MW) e para o Limite de Regime
Dinâmico (RNE=4742 MW) 99
Figura 21 Comparação Despachos Usinas da Região Exportadora 101
Figura 22 Comparação Despachos Usinas da Região Importadora 102
Figura 23 Perfil de Tensão Região Importadora 103
Figura 24 Critério de Amortecimento de Tensão Limites de Regime Permanente x
Regime Dinâmico 106
Figura 25 Comparação % de Despachos Bacias do SIN Metodologia Tradicional x
Proposta 107
Figura 26 Principais Valores de Fluxos * RSUL = 6438 MW * Metodologia
Tradicional 108
Figura 27 - Principais Valores de Fluxos * RSUL = 7000 MW * Metodologia
Proposta 109
Lista de Figuras
E. Sant`Anna xiv
Figura 28 Perfil de Tensão nos Barramentos de 500 e 345 kV (pu) 111
Figura 29 Dados Sistema IEEE 14 barras Parte 1 126
Figura 30 Dados Sistema IEEE 14 barras Parte 2 127
Figura 31 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema IEEE 14 Barras 130
Figura 32 Dados do Arquivo FPO.STP 130
Figura 33 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678
Barras Parte 1 131
Figura 34 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678
Barras Parte 2 132
Figura 35 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678
Barras Parte 3 133
Figura 36 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678
Barras Parte 4 134
Figura 37 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678
Barras Parte 5 135
Figura 38 Arquivo de Entrada do Programa PRÉ-FLUPOT 138
Figura 39 Dados de Entrada para o FLUPOT - BASE_EXT 139
Figura 40 Arquivo de Saída do Programa PRÉ-FLUPOT AREA_NOVA.D 140
Figura 41 Dado de Saída do PRÉ-FLUPOT AREA_INIC.D 141
* * *
Nomenclatura e Símbolos
E. Sant`Anna xv
Nomenclatura e Símbolos
FPO -
Fluxo de Potência Ótimo
SIN -
Sistema Interligado Nacional
CCEE -
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
ONS -
Operador Nacional do Sistema Elétrico
GRG
Gradiente Reduzido Generalizado
PQS -
Programação Quadrática Sequencial
IQP -
Inequality Quadratic Problem
EQP -
Equality Quadratic Problem
FACTS -
Flexible Alternating Current Transmission Systems
HQ -
Hydro-Quebec
LIMSEL -
Programa de Análise de Segurança em Uso pela Hydro-Quebec
ESTER -
Programa de Análise de Segurança em Implantação na Hydro-Quebec
TRACE -
Projeto Desenvolvido pelo EPRI para o Cálculo de Capacidade de Transferência
Simultânea entre Regiões
IEEE -
Institute of Electrical and Electronics Engineers
BPA -
Bonneville Power Administration
CEPEL -
Centro de Pesquisas Elétricas
PTI -
Power Technologies International
ATC -
Available Transfer Capability
FLUPOT -
Programa de Fluxo de Potência Ótimo
FCOMC -
Fluxo na LT 500 kV da SE Colinas para a SE Miracema
FNE -
Fluxo de potência da região Norte para a região Nordeste do Brasil
RSUL -
Recebimento de fluxo pela região Sul
FSENE -
Fluxo de potência da região Sudeste para a região Nordeste
FSUL -
Fornecimento de potência pela região Sul
FCOMC
Fluxo de potência na LT 500 kV Colinas Miracema
RNE -
Recebimento de potência pela região Nordeste
RSE -
Recebimento de potência pela região Sudeste
FIPU
Despacho total da UHE Itaipu 60 Hz
FIBA -
Fluxo na LT 500 kV Ibiúna - Bateias
FNS -
Fluxo na Interligação Norte - Sudeste
FSE -
Fluxo a partir da SE 765 kV Itaberá para a região Sudeste
Nomenclatura e Símbolos
E. Sant`Anna xvi
ANAREDE
Programa de Análise de Redes
ANAT0 -
Programa de Análise de Redes em t0+
ANATEM
Programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos
CA -
Corrente Alternada
CE -
Compensador Estático
ECE -
Esquema de Controle de Emergência
PV -
Tipo de Barra Utilizado no Fluxo de Potência (Barra de Geração)
PQ -
Tipo de Barra Utilizado no Fluxo de Potência (Barra de Carga)
MXTR -
Função Objetivo de Máxima Transferência de Potência Ativa (FLUPOT)
DTRF -
Dados de Especificação de Áreas Vizinhas associados à função MXTR (FLUPOT)
DVES -
Dados de Circuitos cujos Fluxos de Potência devem ser Otimizados (FLUPOT)
DCON -
Define Controles a serem Utilizados durante o Processo de Otimização (FLUPOT)
QGEN -
Opção de Controle da Potência Reativa (FLUPOT)
VGEN -
Opção de Controle de Tensão em Barras Terminais de Geradores (FLUPOT)
CCER -
Opção de Controle em Compensador Estático de Reativo (FLUPOT)
PGEN -
Opção de Controle de Potência Ativa (FLUPOT)
TAPC -
Opção de Controle de Tape de Transformadores (FLUPOT)
DARI -
Dados de Áreas de Interesse (FLUPOT)
DGEP -
Dados de Controle e Custo de Geração Ativa (FLUPOT)
DGLM -
Dados de Controle de Geração Mínima e Máxima de Potência Reativa (FLUPOT)
DVLB -
Dados de Limites de Tensão por Barra (FLUPOT)
DLCE -
Dados de Controle de Geração Mínima e Máxima de Potência Reativa CE (FLUPOT)
ASHN -
Custo de Instalação de Shunt Reativo (FLUPOT)
CLTN -
Função Objetivo de Controle de Tensão (FLUPOT)
LOSS -
Função Objetivo de Minimização de Perdas (FLUPOT)
RLMB -
Opção de Relatório de Multiplicadores de Lagrange (FLUPOT)
NH2 -
Programa de Análise de Confiabilidade
DGLT -
Dados de Limites de Tensão (ANAREDE)
DGBT -
Dados de Grupo Base de Tensão (ANAREDE)
RB -
Rede Básica do Sistema Interligado Nacional
RBF -
Rede Básica de Fronteira do Sistema Interligado Nacional
DRCC -
Dados de Áreas de Controle (FLUPOT)
SE -
Região Sudeste ou Subestação (função do contexto)
UHE -
Usina Hidrelétrica
SIB -
Sistema Interligado Brasileiro
LT -
Linha de Transmissão
LTC -
Load Tape Changing
Nomenclatura e Símbolos
E. Sant`Anna xvii
FSM -
Fluxo Proveniente da Interligação Norte Sudeste Chegando a SE 500 kV Serra da
Mesa
GUSM -
Fluxo da SE 500 kV Gurupi para a SE 500 kV Serra da Mesa
DRES -
Dados de Restrições Funcionais (FLUPOT)
FMVA -
Opção de Restrição Funcional Relativa ao Limite de Carregamento de Circuitos (em
MVA) do programa FLUPOT
FLMW
Opção de Restrição Funcional Relativa ao Limite de Carregamento de Circuitos (em
MW)
DVLB -
Dados de Limites de Tensão por Barra (FLUPOT)
EPRI -
Electric Power Research Institute
CMO -
Custo Marginal da Operação
DECOMP
Programa de Simulação Energética que Define a Meta Ótima Semanal para cada Usina
Hidroelétrica Considerando as Restrições Locais
NEWAVE
Programa de Simulação Energética de Longo Prazo
CDU
Controle Definido pelo Usuário Programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos
- ANATEM
* * *
Introdução
E.Sant`Anna
18
Capítulo I Introdução
A partir de 1870 deu-se início ao uso comercial da eletricidade quando lâmpadas a arco
foram utilizadas na iluminação de ruas e residências. Cerca de doze anos depois, entrava
em operação o primeiro sistema elétrico de potência, construído por Thomas Edison, na
cidade de Nova Iorque. Tratava-se de um sistema de corrente contínua onde eram
supridos 59 consumidores em um raio de 1,5 km. Em poucos anos, sistemas similares
surgiram em outras importantes cidades do mundo e com o desenvolvimento dos
transformadores e da transmissão em corrente alternada, por volta de 1893, os primeiros
sistemas trifásicos entraram em operação [1].
A necessidade de transmitir grandes quantidades de potência a longas distâncias
incentivou o aumento progressivo das tensões de transmissão. Além disso, com o
desenvolvimento das válvulas de mercúrio (1950) seguidas dos tiristores (1972),
surgiram também os sistemas de transmissão de corrente contínua em alta tensão
(HVDC High Voltage Transmission Systems).
Ao longo dos anos, os benefícios da interligação de diferentes sistemas tornaram-
se evidentes. A interconexão de redes elétricas de áreas vizinhas permitiria não uma
operação mais econômica, onde a exploração de fontes de menor custo seria possível,
mas também traria um aumento na segurança e na confiabilidade dos sistemas elétricos
[1][2].
I.1 Evolução do Sistema Interligado Brasileiro
No Brasil, especificamente, a primeira interligação elétrica foi concebida a partir de
uma linha de 230 kV em 1947 para interligar os estados do Rio de Janeiro e São Paulo,
o que propiciou a troca de energia entre sistemas pela primeira vez no Brasil. Em 1955
entrou em operação a primeira usina hidrelétrica da região Nordeste (Paulo Afonso I),
que em conjunto com as demais usinas térmicas (estado do Pará) já em operação
naquela época, deu origem ao sistema isolado para atendimento às regiões Norte e
Introdução
E.Sant`Anna
19
Nordeste. A entrada em operação da hidrelétrica Furnas (Rio Grande Minas Gerais)
constituiu a primeira forte interligação do Brasil que envolveu os maiores centros
urbanos e industriais do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A entrada em
operação daquela usina em 1963 foi o passo inicial para a formação do sistema
interligado brasileiro, o chamado Sistema Interligado da região Centro-Sul, mais tarde
designado por Sistema Interligado Sudeste/Centro-Oeste [3]. Com a evolução dos
sistemas das demais regiões, outras regiões foram sendo incorporadas ao Sistema
Interligado. Em 1969 entrou em operação a LT 230 kV Xavantes Figueira que
propiciou a interligação entre as regiões Sul e Sudeste. Em 1981 entrou em operação a
primeira interligação em 500 kV entre as regiões Norte e Nordeste. A referida
interligação permitiu o suprimento à região de Belém através das usinas da bacia do São
Francisco (região Nordeste). Em 1984 entraram em operação as usinas hidroelétricas de
Tucuruí (região Norte) e Itaipu Binacional (região Sul) que são as duas maiores usinas
do sistema interligado nacional. Dessa forma, ao sistema interligado foram sendo
incorporadas novas usinas e, consequentemente, novas interligações entre os
subsistemas foram permitindo a criação de uma rede mais malhada ao sistema
interligado. Em 1999, a entrada em operação da linha em 500 kV da SE 500 kV
Imperatriz até a SE 500 kV Serra da Mesa viabilizou a primeira interligação dos grandes
subsistemas, que conectou as regiões Norte-Nordeste e Sul-Sudeste-Centro-Oeste. Em
2000, entrou em operação a primeira interligação internacional com a Argentina
(Garabi) com capacidade de 1000 MW. Atualmente, o Sistema Interligado Nacional
(SIN) conta com três circuitos interligando as regiões Norte-Norte e Sudeste, além de
duas interligações entre as regiões Sudeste e Nordeste. Recentemente, o sistema isolado
dos estados do Acre e Rondônia foi interligado ao SIN e estão previstas a partir de 2012
novos links em HVDC interligando as regiões Norte e Sudeste para a integração de
complexos de geração dos aproveitamentos dos Rios Madeira, Belo Monte e Tapajós.
I.2 Conceito e Contextualização dos Limites Elétricos de
Intercâmbio
Nos últimos anos, os sistemas de potência passaram por profundas modificações. O
processo de desregulamentação do setor elétrico em diversos países no mundo vem
trazendo novos desafios para a operação dos sistemas de potência interligados, uma vez
Introdução
E.Sant`Anna
20
que esses passam a operar de forma mais estressada. No Brasil, o processo de
reestruturação foi iniciado em 1996, através da implantação de um projeto coordenado
pelo Ministério das Minas e Energia, ligado ao governo federal [4].
O novo ambiente, mais competitivo e caracterizado por diferentes transações
comerciais regidas por regras de mercado, exige uma maior segurança e confiabilidade
dos sistemas de transmissão. Além disso, o livre acesso à rede de transmissão e a
necessidade de se praticar grandes intercâmbios entre diferentes áreas, requer uma
capacidade avançada de monitoramento e controle dos limites de segurança. Dessa
forma, se caracteriza uma das aplicações desses limites de intercâmbio elétricos, que são
o objetivo principal desse trabalho.
O cálculo dos limites de intercâmbios entre áreas de grandes sistemas elétricos é
feito atualmente com baixo grau de automatismo, o que demanda um tempo elevado no
ajuste de diversos pontos de operação utilizados durante o procedimento. Para esse
cálculo, as interligações são estressadas ao máximo, aumentando-se o fluxo da região
exportadora para a importadora de energia, até que critérios de segurança pré-definidos
sejam violados. Dependendo das dimensões do sistema analisado, dos critérios adotados
e do número de cenários envolvidos, esta tarefa pode demandar grandes esforços [5] [6].
Os valores de limites de intercâmbio definidos por restrições de natureza elétrica tais
como violações de fluxos em circuitos, violações de tensões em barras e instabilidades
transitórias, fornecem subsídios, tanto ao planejamento energético, quanto ao
planejamento elétrico da operação. Tais limites são usualmente designados por “limites
elétricos”.
O planejamento energético busca identificar a melhor estratégia de uso dos
recursos em função do que se espera de afluências futuras (cinco anos à frente) nas
diferentes bacias, especialmente em sistemas predominantemente hidrelétricos como é o
caso do Sistema Interligado Nacional SIN. A melhor estratégia deve encontrar a
solução ótima de equilíbrio entre o benefício presente do uso da água e o benefício
futuro de seu armazenamento, medido em termos da economia esperada dos
combustíveis das usinas termelétricas. Nessa etapa, são utilizados como dados de
entrada para a avaliação energética os valores de limites elétricos ora calculados. Esses
dados de limites de intercâmbio elétricos são rapassados pelo Operador Nacional do
Introdução
E.Sant`Anna
21
Sistema Elétrico ONS para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),
que calcula o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) que é utilizado para valorar a
compra e a venda de energia no Mercado de Curto Prazo. No cálculo do PLD não são
consideradas as restrições de transmissão internas a cada submercado e as usinas em
testes, de forma que a energia comercializada seja tratada como igualmente disponível
em todos os seus pontos de consumo e que, conseqüentemente, o preço seja único
dentro de cada uma dessas regiões. No cálculo do preço são consideradas apenas as
restrições de transmissão de energia entre os submercados (limites de intercâmbios
elétricos).
A aplicação dos valores de limites de intercâmbio pode ser mais bem
compreendida através de um exemplo de um sistema predominantemente hidrelétrico,
onde duas regiões de interesse: A e B. Supondo que uma avaliação energética tenha
identificado como melhor estratégia de aproveitamento dos recursos que a região A
deverá exportar 1000 MW médios para a região B. Esse resultado indica que o “valor da
água” na região A, para o período analisado, possui um custo inferior ao calculado para
a região B. Caso o limite elétrico, que é calculado de forma totalmente desacoplada
dessa simulação energética, seja inferior a 1000 MW, haverá uma restrição ativa à
prática da melhor estratégia de operação das bacias das regiões A e B. Dessa forma, não
será possível atender as diretrizes do planejamento energético, o que, em última
instância, significa que os custos de geração serão maiores podendo ser necessário o
despacho de térmica nessa área.
No caso específico do Sistema Interligado Brasileiro, considerando o horizonte de
cinco anos à frente, se o limite elétrico representar uma restrição ativa e a análise
energética apontar um risco de déficit de energia superior a 5% para o atendimento à
carga da região importadora, deve-se propor a antecipação de obras ou até mesmo
recomendar uma nova obra que elimine a restrição elétrica identificada [7]. Já as
análises energéticas de curto-prazo priorizam a avaliação da política energética definida
no longo prazo a partir dos dados atualizados de armazenamentos das bacias e a
avaliação da segurança operativa sob o ponto de vista elétrico. A avaliação de curto
prazo estabelece mensalmente a estratégia de operação eletroenergética considerando o
horizonte de cinco semanas à frente [7].
Introdução
E.Sant`Anna
22
No contexto do planejamento elétrico, tanto para o horizonte de médio prazo
quanto para o horizonte de curto prazo, o valor do limite de intercâmbio passa a ter o
papel de garantir a segurança operativa do sistema. Desse modo, além das diferentes
condições de carga em que os limites elétricos devem ser calculados, também devem ser
considerados os variados cenários energéticos, o que aumenta ainda mais o número de
condições analisadas. Assim, o problema de determinação de limites máximos de
intercâmbio aponta, naturalmente, para o uso de técnicas de otimização, especialmente o
Fluxo de Potência Ótimo - FPO [8].
A aplicação do FPO no cálculo de limites de transferência de potência foi
explorada em diversos trabalhos [9]-[11]. Entretanto, um tópico bastante delicado e
pouco abordado na literatura, refere-se à aplicação prática dessa ferramenta em
problemas de grandes dimensões, em que o número de variáveis de controle e de
restrições envolvidas é demasiadamente elevado.
Na atualidade, estão disponíveis técnicas de otimização [12]-[17] e ferramentas
computacionais avançadas [18] que podem auxiliar no cálculo dos limites de
intercâmbio. Entretanto, a inexistência de uma metodologia consolidada que oriente os
engenheiros novatos no procedimento para a utilização eficaz das referidas técnicas no
planejamento da operação traz como consequência, uma grande resistência à difusão das
mesmas por parte dos profissionais da área. Esse fato, em conjunto com o elevado
número de casos necessários para o cálculo dos limites de intercâmbios entre as diversas
regiões de sistemas reais de grande porte, configura uma grande motivação para a
elaboração de uma metodologia visando à quebra do paradigma vigente. Essa
metodologia, se implementada com sucesso, aumentará significativamente o grau de
automação nesta fase de estudos.
I.3 Objetivo da Dissertação
O objetivo principal desta dissertação é a elaboração de uma metodologia, que permita a
inserção de uma ferramenta de Fluxo de Potência Ótimo FPO - no processo de cálculo
dos limites de intercâmbios entre regiões de sistemas elétricos de grande porte.
Considerando que o FPO tem como finalidade principal a determinação do estado
de uma rede em regime permanente que otimiza determinada função objetivo e satisfaz
Introdução
E.Sant`Anna
23
uma série de restrições físicas e operacionais, a sua utilização com a função objetivo de
maximização de fluxos entre duas regiões poderá:
Reduzir o esforço laboral de preparação e ajustes dos diversos pontos de
operação que são utilizados como pontos de partida para o cálculo de limites de
intercâmbio;
Propiciar a obtenção do ponto de operação correspondente ao limite de
intercâmbio de regime permanente de forma direta e automática, atendendo
tanto às restrições válidas para quaisquer cenários energéticos, quanto àquelas
válidas para cenários específicos;
Apresentar novas combinações de despachos em usinas das bacias das regiões
exportadoras e importadoras de energia. A busca da solução via FPO poderá
evidenciar despachos que contornam a restrição ativa durante o processo de
otimização e, dessa forma, limites de intercâmbio de regime permanente mais
elevados poderão ser alcançados.
I.4 Estrutura
Organizacionalmente, o Capítulo II apresenta abrangente revisão bibliográfica do tema
enfocado e um diagnóstico sobre o atual grau de inserção do programa de fluxo de
potência ótimo no planejamento da operação de sistemas elétricos.
O Capítulo III tem enfoque conceitual e discute alguns tópicos correlatos ao tema
em desenvolvimento, especialmente o fluxo de potência ótimo e o cálculo de limites de
intercâmbio no âmbito do planejamento da operação de sistemas de potência. O
conhecimento dos conceitos básicos sobre esses temas é útil para o entendimento da
metodologia proposta nessa dissertação.
Os Capítulos IV e V abordam a metodologia atualmente utilizada para o cálculo
de limites de intercâmbios no Sistema Interligado Nacional e a metodologia proposta
nesse trabalho, respectivamente.
Introdução
E.Sant`Anna
24
O Capítulo VI apresenta os resultados obtidos a partir da metodologia proposta,
além de apresentar uma comparação desses com os calculados a partir da metodologia
atualmente empregada.
Finalmente, no Capítulo VII, registram-se as conclusões da dissertação, bem como
algumas propostas de trabalhos futuros.
O Anexo A registra as condições de otimalidade de Karush-Kuhn-Tucker e os
Anexos B, C e D registram os dados utilizados nas simulações (sistemas teste e
informações para o problema de otimização). O Anexo E apresenta as instruções para a
utilização do programa desenvolvido PRÉ-FLUPOT passo-a-passo.
O programa fonte e o módulo executável do aplicativo PRÉ-FLUPOT encontram-
se no CD em apenso.
Introdução
E.Sant`Anna
25
I.5 Publicações
Ao longo do desenvolvimento desta dissertação, os seguintes artigos relacionados ao
tema foram publicados:
E.G.S. Sant`Anna, A.C. Zambroni de Souza, A.Y. Takahata T.M.L. Assis, M.Th.
Schilling, J.A. Passos Filho, Limites de Intercâmbio em Sistemas de Grande Porte
via Otimização, XVII Congresso Brasileiro de Automática - CBA, Juiz de Fora,
Setembro de 2008;
E.G.S. Sant`Anna, A.C. Zambroni de Souza, A.Y. Takahata T.M.L. Assis, M.Th.
Schilling, J.A. Passos Filho, Cálculo de Limites de Intercâmbio em Sistemas de
Grande Porte Através de Ferramentas de Otimização”, XI Simpósio de Especialistas
em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica - SEPOPE, Belém - PA,
Março de 2009;
E.G.S. Sant`Anna, A.C. Zambroni de Souza, A.Y. Takahata T.M.L. Assis, M.Th.
Schilling, J.A. Passos Filho, Evolução Metodológica para a Obtenção de Limites de
Intercâmbios Seguros no Sistema Interligado Nacional”, XX Seminário Nacional de
Produção e Transmissão de Energia Elétrica - SNPTEE, Recife - PE, Novembro
de 2009.
* * *
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
26
Capítulo II Estado-da-Arte
II.1 Introdução
Este capítulo tem como objetivo apresentar uma visão geral do que vem sendo proposto
nas últimas décadas na área relacionada ao uso do Fluxo de Potência Ótimo de um
modo geral e, especificamente, no cálculo de limites de intercâmbios em sistemas de
potência.
II.2 Premissas da Pesquisa
A pesquisa bibliográfica encetada abrangeu um vasto conjunto de periódicos, livros-
texto, anais de conferências, relatórios, dissertações, teses e portais, tanto do Brasil
como do exterior.
Considerando que o foco central desta dissertação é a utilização do Fluxo de
Potência Ótimo FPO como ferramenta auxiliar para o cálculo dos limites de
intercâmbios entre regiões de um sistema de grande porte, entendeu-se como necessária
a classificação do material selecionado de acordo com os seguintes tópicos:
Métodos de solução de fluxo de potência ótimo;
Aplicações de fluxo de potência ótimo;
Capacidade de transferência e
Análise de segurança.
II.3 Revisão Bibliográfica
Inicialmente, convém ressaltar que, apesar de vários trabalhos terem utilizado o Fluxo
de Potência Ótimo para a determinação do máximo intercâmbio entre duas áreas,
poucos [19] [20] utilizaram, como casos teste, sistemas de grande porte.
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
27
A primeira formulação matemática do FPO surgiu em 1962 com Carpentier [21].
Desde então, uma série de métodos foram propostos para a sua resolução. Por exemplo,
em 1968 foi apresentado, por Dommel-Tinney [8], um método de “gradiente reduzido”
em que as variáveis do problema são divididas em variáveis independentes que são os
controles (geração de potência ativa, tensão em barras de geração, tapes, entre outros) e
as variáveis de estado ou dependentes (ângulo e módulo de tensão nas barras e tensão
em barras de carga). As restrições funcionais e as restrições de canalização sobre as
variáveis de estado são incluídas na função objetivo por meio de penalização externa. A
direção de descida é o gradiente reduzido nas variáveis de controle e os limites sobre os
controles são tratados por meio de um gradiente projetado. Uma vez obtidos os valores
das variáveis independentes, os valores das variáveis de estado são calculados pela
resolução de um sistema de equações correspondente às restrições de igualdade (fluxo
de potência).
A maior dificuldade do método está relacionada à determinação do valor correto
do parâmetro de penalidade no processo iterativo, por um lado, de forma a não interferir
demasiadamente na solução ótima do problema original e, por outro, a não perder a
viabilidade. Outro aspecto também importante é a degradação do condicionamento da
matriz Hessiana como consequência do uso da função penalidade. A matriz Hessiana é
uma matriz quadrada composta de derivadas parciais de segunda ordem de uma função.
Ela descreve a curvatura local de uma função de muitas variáveis e foi desenvolvida no
século 19 pelo matemático alemão Ludwig Otto Hesse e é bastante utilizada em
problemas de otimização.
Um método de “Gradiente Reduzido Generalizado” (GRG), considerado como
uma extensão do Gradiente Reduzido a problemas não lineares foi proposto pela
primeira vez por Abadie-Carpentier e abordado em [22]. As variáveis são divididas em
dependentes e independentes e a linearização das restrições ativas é considerada como a
aproximação do conjunto viável. A cada iteração é calculado o gradiente reduzido nas
variáveis independentes e resolvido um sistema de igualdade para se encontrar o
incremento nas variáveis dependentes. Dado que o novo ponto é somente viável nas
restrições linearizadas, uma correção na direção de descida na busca linear é
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
28
considerada de tal forma a viabilizar a solução e assegurar um decréscimo da função
objetivo.
Quando o problema inclui restrições de desigualdade, como é o caso do FPO, uma
estratégia de conjunto ativo é implementada. Um algoritmo específico baseado em GRG
para a resolução de FPO, o “Método de Injeções Diferenciais”, foi implementado pelo
próprio Carpentier [23]. Esse método considera uma partição do conjunto ativo
similarmente ao gradiente reduzido de Dommel-Tinney. O algoritmo é dividido em duas
etapas que são resolvidas alternadamente. Na primeira delas, é formulado um
subproblema reduzido do problema original em que se obtém a direção de descida nas
variáveis de controle via método de GRG. Na etapa seguinte, as variáveis de estado são
calculadas por um fluxo de potência convencional.
O problema de FPO também pode ser resolvido por técnicas de programação
linear considerando linearizações sucessivas. Existem fortes argumentos teóricos [24]
para a aplicação de programação linear sucessiva a problemas de programação não
linear em forma geral, em que as linearizações são consideradas válidas dentro de uma
região de confiança. Em aplicações práticas, uma das dificuldades encontradas é a
determinação de tal região a cada iteração. Entre as técnicas de programação linear para
resolver o FPO, a versão dual [25] com relaxação das restrições, intercalada com a
resolução de um fluxo de potência, é considerada como uma das técnicas mais
eficientes.
Um avanço importante nos problemas de FPO deve-se aos problemas quadráticos.
Um dos primeiros métodos de segunda ordem foi o método de “Lagrangeano
Aumentado Projetado proposto por Burchett [26]. De acordo com ele, o algoritmo
resolve, a cada iteração, um problema aproximado em que a função objetivo é o
Lagrangeano aumentado e as restrições são linearizadas. As variáveis são divididas em
variáveis básicas (dependentes), superbásicas (independentes) e não básicas (restrições
ativas). Essa partição do conjunto de variáveis pode ser alterada durante o processo
iterativo à medida que algumas variáveis são fixadas e outras relaxadas de seus limites.
A direção de descida nas variáveis independentes é obtida por meio do método de
“Quase-Newton” no espaço reduzido. Os valores das variáveis dependentes são
calculados por um sistema de equações correspondente às restrições de igualdade
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
29
linearizadas. Um excessivo tempo de processamento, dada a densidade da matriz
Hessiana aproximada, foi sua principal desvantagem. Aperfeiçoamentos desse método
foram propostos pelo próprio Burchett [27] utilizando Programação Quadrática
Sequencial (PQS), ou seja, com aproximação quadrática da função objetivo e
linearização das restrições. Nesse caso, o problema original é transformado numa
sequência de problemas quadráticos. A cada iteração, esses problemas são resolvidos
por uma estratégia de conjunto ativo baseada na formulação IQP (Inequality Quadratic
Problem) e a direção de descida é escolhida utilizando-se um algoritmo de Quase-
Newton similarmente ao caso descrito acima.
O FPO também foi formulado como um problema de programação quadrática
seqüencial pelo método de Newton-Raphson com cálculo exato da matriz
Hessiana[28][29]. Um tratamento especial da matriz de fatoração por meio de técnicas
de esparsidade e estratégia para a identificação do conjunto ativo (EQP- Equality
Quadratic Problem) são implementados. A dificuldade apresentada por esse método
reside na determinação (predição) a cada iteração do conjunto de variáveis que fazem
parte do conjunto ativo.
Os métodos conhecidos para a resolução dos problemas de FPO podem ser
divididos em duas categorias dependendo do uso ou não, durante o processo iterativo,
de um problema de fluxo de potência. Entre aqueles que utilizam o fluxo de potência
encontram-se os métodos de gradiente (Dommel-Tinney e o de injeções diferenciais) e
os algoritmos baseados em programação linear dual. Por outro lado, estão o método de
“Lagrangeano aumentado projetado” e os de PQS com diferentes estratégias de
conjunto ativo (IQP-EQP). Uma das dificuldades observadas nos algoritmos baseados
na resolução de um fluxo de potência é a possibilidade de não convergência,
especialmente em redes muito sobrecarregadas, onde alguma estratégia deve ser
aplicada de forma a contornar o problema.
O método de pontos interiores foi aplicado na resolução do problema de despacho
ótimo de potência reativa, que é um caso particular do FPO, em [14]. Este é
basicamente o método empregado pelo programa utilizado neste trabalho. No entanto, a
necessidade de se considerar vários tipos de controles, funções objetivo e restrições que
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
30
compõem o problema geral de FPO implicaram uma série de avanços, em termos de
implementação computacional, a partir do método básico apresentado em [14].
O trabalho elaborado por M.L. Latorre [30] descreve os aspectos teóricos e
práticos da aplicação do método de pontos interiores primal-dual para a resolução do
problema elétrico de Fluxo de Potência Ótimo. O referido algoritmo resolve o sistema
de equações resultante da formulação primal-dual pelo método de Newton-Raphson
com critérios específicos de convergência e ajuste do parâmetro de barreira. Técnicas de
esparsidade que exploram as características próprias dos sistemas elétricos são
utilizadas de forma a viabilizar a implementação do algoritmo, o que permitiu ganhos
no tempo de processamento e a aplicação do programa no planejamento e operação de
sistema de potência de grande porte.
M.V. Vanti e C.C. Gonzaga [31] descrevem um algoritmo de pontos interiores
para programação não linear que é uma extensão do método de pontos interiores para
programação linear e quadrática. Sua maior contribuição é a inclusão da função de
mérito, que é utilizada para medir, a cada iteração, o progresso da busca da direção. Ao
se garantir que as direções de busca são boas direções de descida para a função de
mérito, promove-se uma convergência global do algoritmo. São descritas duas espécies
de função de mérito: a clássica, baseada na função de penalidade e um parâmetro de
penalidade que tem que ser atualizado, e uma nova função de mérito sem penalidades.
Novos experimentos numéricos devem ser realizados levando-se em consideração
sistemas reais de grande porte, uma vez que a estratégia de solução utilizada,
basicamente via Newton, pode não convergir para uma solução ótima.
V.A.M. de Souza et al. [32] apresentam um desenvolvimento para a solução do
problema de Fluxo de Potência Ótimo (fluxo de potência ótimo via método interior e
exterior) no qual as restrições representadas pelas inequações são tratadas pelos
métodos de barreira modificada e barreira logarítmica primal-dual. As restrições de
desigualdades são transformadas em igualdades pela introdução de variáveis auxiliares
positivas que são perturbadas pelo parâmetro de barreira. A função Lagrangeana está
associada com o problema modificado. As condições necessárias de primeira ordem são
aplicadas no Lagrangeano, gerando um sistema não linear que é resolvido pelo método
de Newton. A perturbação das variáveis auxiliares resulta numa expansão do conjunto
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
31
factível do problema original, permitindo que os limites da inequação sejam alcançados.
A principal característica do método Interior-Exterior é o fato do processo de
otimização poder se iniciar fora do conjunto factível do problema original e alcançar os
limites das restrições de desigualdade. O método Interior-Exterior pode ser aplicado a
vários outros problemas na área de sistemas de potência tal como colapso de tensão e
máximo carregamento.
As técnicas de otimização, quando aplicadas, têm por objetivo, basicamente,
atender os seguintes objetivos:
Reduzir os custos de investimentos no sistema, por exemplo, a expansão de
fontes de potência reativa;
Reduzir os custos operacionais do sistema tais como minimização de perdas
e despacho ótimo no sistema e;
Melhorar a qualidade de suprimento por meio do estabelecimento da melhor
política de atuação nos controles do sistema.
Considerando que o objetivo dessa dissertação é o estabelecimento de uma
metodologia que vise facilitar a utilização de aplicativos de otimização no planejamento
da operação, principalmente, no que se refere ao cálculo de limites de intercâmbio entre
regiões de um sistema de grande porte, pode-se afirmar que pouco foi desenvolvido
nessa linha, tanto em termos de recursos intrínsecos aos programas disponíveis, quanto
na elaboração de metodologias com esse fim. O que tem se verificado com maior
frequência na literatura são vários artigos que utilizam a ferramenta de FPO em sistemas
de pequeno porte para alcançar um ponto de operação correspondente ao limite de
intercâmbio entre duas regiões de regime permanente.
A Hydro-Quebec [33] utiliza o programa LIMSEL para calcular os limites de seus
cinco principais corredores de escoamento de energia em tempo real. A utilização do
referido programa garante a segurança dinâmica de seu sistema, considerando as
condições verificadas no tempo real. No entanto, a considerar o novo ambiente
competitivo, torna-se também muito importante, não a análise do desempenho do
ponto de operação corrente, mas também o conhecimento prévio do comportamento do
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
32
sistema frente a condições de carregamento futuras, que representarão viabilidades de
intercâmbios nos cinco corredores mencionados anteriormente.
No intuito de capturar as vantagens dos dois resultados das análises, tanto as do
tempo real, quanto as do planejamento da operação, a Hydro-Quebec (HQ) adotou uma
solução híbrida das aplicações de tempo real (on-line) e de planejamento (off-line).
O departamento de planejamento cobre uma grande variedade de condições
operativas que servem de insumo para uma melhor análise das condições futuras. Os
estudos de planejamento têm como objetivo otimizar o uso da rede em todas as
possíveis condições de operação (casos de cenários mais críticos) e, simultaneamente,
proteger a sua integridade quando submetida às contingências mais severas de acordo
com os critérios vigentes naquele país.
A nova ferramenta em fase de implantação no ambiente de tempo real da HQ,
chamado de ESTER, funciona em conjunto com o LIMSEL, ou seja, ela utiliza a base
de resultados elaborada pela área de planejamento da operação e recalcula os limites
utilizando as informações mais atualizadas do tempo real. Apenas as condições mais
críticas dentre todas aquelas verificadas no planejamento da operação em condição de
cenário similar à verificada em tempo real são consideradas no cálculo. O novo
processo utilizado para o cálculo de limites de intercâmbio na HQ (ESTER) tem os
seguintes objetivos comuns com o proposto nesta dissertação:
Maximiza os limites de transferência de forma rápida;
Introduz uma substancial automação no processo para permitir aos
engenheiros trabalhar somente quando sua experiência for necessária.
A referência [19] apresenta um algoritmo de processamento paralelo para a
solução do problema de Fluxo de Potência Ótimo com restrição de segurança por meio
de uma estrutura descentralizada formada por regiões, utilizando um mecanismo
baseado no preço que modela cada região como uma unidade econômica. Primeiro,
resolve-se o problema de fluxo de potência ótimo distribuído para determinar a
capacidade de transferência simultânea segura máxima de cada linha de transmissão
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
33
entre regiões adjacentes, considerando apenas as restrições de segurança impostas às
linhas de interligação entre as duas regiões. Nessa análise, os fatores de distribuição
referentes às contingências das linhas de interligação calculados a partir da condição
normal de operação são utilizados para formar o apêndice de restrições. Uma vez que a
capacidade de transferência segura de cada linha que interliga duas regiões é
determinada, a capacidade de transferência segura máxima será resolvida de um modo
que o sistema de transmissão possa, também, permanecer dentro dos limites quando da
ocorrência de perda de unidades de geração em uma das regiões ou perda de uma das
linhas de interligação entre elas.
J.A. Momoh et al. [34] elaboram uma síntese de um encontro promovido pelo
IEEE denominada Desafios para o Fluxo de Potência Ótimo. Em 1997, quando a
síntese foi elaborada, várias questões não tinham respostas conforme listado a seguir,
apesar de todo um investimento realizado em FPO:
Do ponto de vista dos usuários das áreas de planejamento e da operação de
curto prazo, o Fluxo de Potência Ótimo é capaz de fornecer um diagnóstico
de fácil entendimento para um usuário de pouco conhecimento teórico das
técnicas de otimização?
Que desafios existem para o FPO num ambiente mais competitivo? O
mercado de eletricidade desverticalizado procurará respostas no FPO diante
da variedade de participantes no novo mercado? Para tal serão necessários
dados e modelos novos, incluindo a necessidade de processamento em
tempo real, assim como a seleção do custo apropriado para a avaliação de
cada serviço ancilar;
Como uma aplicação com o propósito específico de um sistema de
gerenciamento de energia: O FPO terá que lidar com requisitos de tempo de
resposta, modelagem de externalidades (pontos de operação não
convergidos, ambientes e função multi-objetivo);
Como uma ferramenta de controle a ser utilizada em tempo real, como o
futuro FPO irá fornecer as medidas de controle local ou global para suportar
o impacto de contingências críticas, que desafiam o controle de tensão e a
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
34
estabilidade angular? O futuro FPO tem que fornecer uma nova geração de
funções que auxiliem o planejamento e a operação do sistema elétrico e que
seja de uso simples e rápido o suficiente em seus processamentos.
Ainda em referência ao trabalho [34], é dito que, em geral, o FPO é utilizado
quando: a) estuda-se um problema que requer um uso iterativo do programa
convencional de fluxo de potência, e b) analisam-se casos que envolvem variáveis
conflitantes e independentes e requisitos. São exemplos típicos de aplicação de FPO:
Elaboração de caso base. Essa é provavelmente a aplicação mais comum de
FPO. Casos bem condicionados são rapidamente obtidos. Dezenas de casos
base podem ser eficientemente elaborados, seguindo as mesmas regras
estabelecidas via arquivo de entrada do FPO;
Instabilidade de tensão, máxima transferência (elaboração da curva PV) ou
alocação mínima de compensação (elaboração da curva VQ) para atingir a
estabilidade de tensão são obtidos por meio de uma solução simples. Outras
restrições tais como tensão e limites térmicos podem ser adicionados;
Dimensionamento de sistemas de transmissão CA flexíveis (FACTS). A
ferramenta de Fluxo de Potência Ótimo é utilizada para o dimensionamento
de compensações série e shunt que têm o objetivo de eliminarem violações
de tensão ou de carregamento pós-contingência;
Despacho econômico sujeito a: restrições de carregamento, restrições de
tensão, estabilidade e restrições associadas à reserva girante. A partir desse
despacho, custos marginais e gargalos da transmissão são facilmente
identificados.
Segundo [34], a Bonneville Power Administration BPA utiliza dois programas
de FPO, sendo um desenvolvido pelo Centro de Pesquisas Elétricas - CEPEL e o outro
pela PTI (SIEMENS). Ambos os programas têm diferentes padrões e têm sido utilizados
para uma variedade de estudos de planejamento de formas complementares.
O programa do CEPEL é capaz de ser utilizado nos modos corretivo e preventivo.
O despacho com restrição de segurança e remanejamento corretivo leva em
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
35
consideração a capacidade de remanejamento de despacho ativo entre os geradores após
a ocorrência de um evento não programado. O despacho com restrição de segurança
preventivo é seguro, pois a saída forçada de um elemento, não provocará sobrecarga no
outro e não necessita redespachos de geração. No modo preventivo, o sistema opera
na condição de despacho em que nenhuma saída de elementos da lista de eventos,
previamente considerada, levará o sistema a operar em sobrecarga. A diferença básica
entre um modo e o outro é o custo, pois no preventivo esse é bastante superior em
função do sistema estar preparado para a ocorrência de saídas não programadas da
lista de eventos. O programa da PTI não possui esse recurso. Cabe, no entanto, ressaltar
que para a aplicação prática desse recurso do programa do CEPEL em sistemas de
grande porte, o programa ainda carece de alguns aprimoramentos.
Outro recurso desejável do programa do CEPEL é a sua habilidade de otimizar
capacitores shunt considerando mais de uma contingência em apenas uma simulação. O
programa ainda inclui a possibilidade de se considerar ambos os custos fixo e variável
no processo de alocação e também permitir a identificação de uma região de interesse
que somente otimiza o controle de potência reativa numa área específica. Essa é uma
evolução em relação a outros algoritmos, visto que o controle de potência reativa via
técnicas de otimização poderia criar uma condição operativa bastante diversa daquela
inicialmente analisada. A consideração de fontes locais tende a corrigir esse problema.
À época da edição do artigo [34], o programa da PTI tinha várias funções não
disponibilizadas pelo programa do CEPEL. A BPA, inicialmente, comprou esse
programa pela sua habilidade de otimizar a alocação de bancos de capacitores ries e
shunts. No entanto, a versão atual do programa do CEPEL já disponibiliza esse recurso.
Outro recurso que naquela época não existia no programa do CEPEL era o de
reconhecer os limites de linhas durante o processo de otimização. Atualmente, o
programa do CEPEL já disponibiliza tal recurso.
A experiência da BPA com esses programas alcança resultados provenientes de
ambos em função de seus recursos disponíveis. Da perspectiva do engenheiro de
planejamento, a utilização deles requer uma significativa habilidade para que sejam
alcançadas soluções úteis. Por isso, é recomendado que eles sejam utilizados por
engenheiros de planejamento experientes que tenham um bom embasamento teórico. Os
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
36
resultados têm que ser constantemente questionados. O engenheiro também tem que
manter em mente o lado operacional da empresa para discernir o que é viável de
operacionalizar das recomendações emanadas do FPO. Por essa razão é muito
importante restringir os graus de liberdade do programa FPO de forma a assegurar
resultados significativos e operacionalizáveis.
Esses programas também parecem propensos a problemas de convergência que
são bastante frustrantes. As razões nem sempre são óbvias e mais informações de
justificativas dos problemas são necessárias. Restrições severas e iterações que
consomem bastante tempo em partes não importantes da solução da rede podem ser as
causas dos problemas de não convergências.
O lado positivo é que os programas têm sido capazes de resolver alguns
problemas complexos minimizando investimentos. Adicionalmente, eles têm
minimizado o tempo de trabalho dos engenheiros e levado a soluções inovadoras e
eficientes utilizando o sistema de transmissão existente.
Conforme [34], o cálculo da máxima transferência entre uma empresa e sua
vizinha (não necessariamente diretamente conectada) tem sido calculada sem uma
otimização formal. Simplesmente, são calculados por sucessivos passos na solução de
fluxo de potência AC ou DC, monitorando as violações das restrições pré e pós-
contingência. Ou seja, os aplicativos de FPO m sido modelados tipicamente com um
grau de liberdade. Dessa forma, são elaborados nomogramas para mostrar às empresas
como os limites de transferência de potência entre duas regiões se alteram para valores
máximos de transferências distintas. Excepcionalmente, em poucos casos, esse tipo de
análise fornece pouca informação sobre a capacidade de uma empresa importar ou
exportar potência simultaneamente para múltiplas vizinhanças, que é a capacidade de
transferência total de sua rede. A capacidade de transferência simultânea pode ser
avaliada como um problema real de otimização utilizando um modelo de rede CC em
conjunto com a programação linear. Contudo, essa precisão de modelagem pode ser
duvidosa, uma vez que, o reativo e a tensão frequentemente determinam os limites de
transferência de potência ativa e por isso, os resultados podem ser perigosamente
otimistas. Em função disso, um projeto desenvolvido pelo EPRI aponta uma formulação
mais abrangente denominada TRACE (simultaneous Transfer Capability Evaluation)
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
37
baseada em um modelo CA de análise de segurança utilizando FPO. Um dos requisitos
é ser capaz de considerar uma grande lista de contingências e identificar a contingência
crítica nela. Isso envolve interação entre análise de segurança rápida e restrições de
segurança no FPO. Um desafio é como apresentar os resultados de um problema com
mais de um grau de liberdade na otimização. As restrições limitantes por si agora
tendem a aparecer em grupos mais do que individualmente. Esse cálculo tem
importantes aplicações, tanto no planejamento, quanto na operação.
No Reino Unido, a exemplo do que acontece também no Brasil, os limites de
intercâmbios apresentam restrições associadas principalmente à estabilidade de tensão e
em segundo nível à estabilidade transitória. O FPO tende a ser utilizado para o cálculo
dos limites de intercâmbio, tanto no mercado tradicional, quanto no mercado livre (pool
based) desregulado. Nas negociações bilaterais, alguns mercados ainda utilizam FPO,
pois eles têm que justificar suas negativas de transações. Outros mercados se utilizam de
seus próprios despachos (próprias prioridades) e, por isso, não espaço, neste caso,
para a aplicação de FPO.
No Brasil, o Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro ONS tem
investido de forma sistemática na incorporação de um programa de fluxo de potência
ótimo em suas atividades de planejamento e operação. Nesse contexto, essa dissertação
representa um marco nesta direção, uma vez que são apresentados resultados da
aplicação da metodologia proposta no SIN. Além disso, o trabalho desenvolvido nesta
dissertação motivou a incorporação de várias funcionalidades ao programa de FPO
adotado [18], bem como outras adaptações que permitem a aplicação em sistemas de
grande porte.
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
38
II.4 Diagnóstico
A escassez de uniformidade tem sido uma fonte de desafios para desenvolvedores e
usuários de Fluxo de Potência Ótimo. Os desenvolvimentos das ferramentas de FPO
têm ocorrido em função de demandas internas de cada país. Por exemplo, no Brasil e no
Canadá existe uma necessidade de desenvolvimentos voltados para a aplicação em
análise de segurança (estática e dinâmica). nos Estados Unidos existe uma maior
demanda para o desenvolvimento do programa visando à avaliação, em tempo real, da
capacidade de transferência entre áreas geo-elétricas a cada instante que uma nova
transação comercial ocorre.
Dentre todo o material pesquisado a respeito do desenvolvimento metodológico
para o cálculo do FPO, merecem destaque os seguintes trabalhos [31] [32] que foram
comentados anteriormente:
“Optimal Power Flow via Interior-Exterior Method”, elaborado por: de
Sousa V.A., Batista E.C., e da Costa G.R.M., IEEE 2007.
“Newton Interior-Point Method for Nonlinear Optimal Power Flow”,
elaborado por: Márcia V.Vanti e Clovis C. Gonzaga, IEEE 2003.
Em geral, os usuários de Fluxo de Potência Ótimo normalmente se deparam com
as seguintes dificuldades, quando da utilização desse aplicativo:
Não convergência devido à escassez de recursos de controle para a obtenção
da solução. Isso pode ser o resultado de uma instabilidade de tensão
(problema de larga escala) que pode ocorrer por déficit grande de potência
reativa, por exemplo, ou pode ser decorrente de poucas inviabilidades de
tensão (problema pontual). As soluções são: a) diagnóstico claro indicando
as restrições ativas que estão tornando a solução não atingível, b) flexibilizar
limites apenas o necessário para viabilizar a convergência, minimizando,
dessa forma, a violação e c) fazer uma verificação da presença de todos os
controles disponibilizados na solução do problema;
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
39
Curva de aprendizagem. O usuário pode tanto obter de forma rápida e
expedita uma solução, quanto também pode ter bastante dificuldade na
obtenção de uma primeira resposta. Sendo assim, é aconselhável que o
usuário avalie detalhadamente a qualidade e viabilidade dessa primeira
resposta. Essas possibilidades podem levar o usuário a pensar que es
dominando a utilização do aplicativo ou, pelo outro lado, quando ocorre
dificuldade na obtenção da primeira resposta, levá-lo a desistir de sua
utilização. Portanto, a curva de aprendizagem geralmente apresenta altos e
baixos até que os resultados sejam obtidos com segurança. As restrições
devem sempre ser cuidadosamente revistas (ajustadas) a cada resposta
obtida. Os custos da função objetivo devem ser ajustados. Soluções iniciais
do FPO devem ser examinadas para se assegurar de que essas sejam
razoáveis. Esse procedimento pode ser aliviado por: a) melhor diagnóstico
da qualidade da solução e b) restrição do uso do FPO em situações que esse
investimento na curva de aprendizado indicar um bom retorno em termos de
resultado;
Fluxo de potência convencional x tratamento por parte do FPO das
restrições associadas a geradores controladas localmente. O tratamento
convencional das restrições dos geradores é de difícil modelagem nos
programas de FPO. Esse problema é crítico quando se considera o
desempenho do gerador não otimizado ou pós-contingência. Dependendo da
aplicação, as soluções para o problema são: a) para análise de tensão crítica,
solicitar tensões superiores nos barramentos terminais dos geradores, ou b)
fixar e/ou aplicar função lógica de penalidade;
Outros problemas podem surgir envolvendo controle discreto x contínuo,
mínimo local, e problemas com equivalentes de rede.
Estado-da-Arte
E.Sant`Anna
40
II.5 Sumário
Este capítulo apresentou o estado-da-arte em relação ao desenvolvimento de programas
de Fluxo de Potência Ótimo e suas aplicações. Especialmente, foram enfatizadas as
aplicações ora em andamento do programa de FPO no cálculo de capacidade de
transmissão entre dois subsistemas.
Ficou constatado que muitas das aplicações do FPO estão relacionadas a uma
primeira etapa da análise de segurança correspondente à fase estática para, em seguida,
prosseguir com a avaliação da segurança dinâmica, seja considerando a análise de auto-
valores (estabilidade a pequenos sinais), estabilidade de tensão ou estabilidade
transitória.
Um maior investimento tem que ser realizado nos programas de FPO, visando
torná-los mais amigáveis, assim como a emissão de relatórios de saída mais apropriados
aos usuários iniciantes.
A pesquisa bibliográfica apresentada neste capítulo mostra a importância que o
FPO desempenha no problema analisado. Uma vez que esta ferramenta será empregada,
uma apresentação de seus fundamentos teóricos é descrita no próximo capítulo.
* * *
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
41
Capítulo III Fundamentos Conceituais
III.1 Introdução
Este capítulo está dividido em duas seções:
A Seção III.2 apresenta o problema de Fluxo de Potência Ótimo, seu objetivo,
suas características, funções envolvidas e tipos de abordagens na sua modelagem. Para a
fundamentação dos conceitos apresentados, foi utilizado um caso teste do sistema IEEE
14 Barras, onde foi aplicada a função objetivo de máxima transferência de potência
ativa do programa de Fluxo de Potência Ótimo desenvolvido pelo CEPEL, o FLUPOT
[18]. Nessa seção também foi mostrada a utilização de vários comandos do referido
programa.
A Seção III.3 aborda aspectos do planejamento energético e elétrico da operação
focando principalmente na aplicação dos limites de intercâmbio que são tema central
desse trabalho.
III.2 Fluxo de Potência Ótimo (FPO)
III.2.1 Modelagem do Problema de FPO
O Fluxo de Potência Ótimo ou fluxo de carga ótimo é um problema oriundo da
interligação de sistemas de geração e transmissão de energia elétrica, quando dois
geradores são ligados em paralelo [35]. Consiste na determinação dos controles do
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
42
sistema elétrico de tal forma que uma condição de otimalidade
1
seja atendida para certa
condição estática de operação. O objetivo do FPO é estabelecer os controles e
determinar o estado do sistema elétrico que minimiza o valor de uma função objetivo
sujeita às restrições impostas ao problema.
O conjunto de soluções (cenários de operação) do FPO deve atender aos seguintes
requisitos:
Minimizar um critério de operação;
Atender a carga do sistema;
Manter os controles dentro de faixas de operação permitidas.
Esses requisitos são atendidos se as condições de Karushi-Kuhn-Tucker da
formulação matemática do problema forem satisfeitas [22][36][37].
Matematicamente, pode-se formular o FPO como um problema do tipo:
Min f(x) (III-1)
s.a
g(x) = 0
h(x) 0
l ≤ x ≤ u
Onde:
f(x) função objetivo
g(x) conjunto de restrições de igualdade
h(x) conjunto de restrições de desigualdade
x conjunto de variáveis dependentes
l e u limites inferior e superior das variáveis dependentes
1
O conceito de otimalidade pode ser consultado no Anexo A.
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
43
Em (III-1), tanto a função objetivo quanto as restrições de igualdade e boa parte
das restrições de desigualdade (funcionais) são não lineares e geralmente não convexas
2
.
Essa característica, somada ao tamanho das redes elétricas modernas, demanda a
resolução de difíceis problemas de grande porte.
No entanto, devido ao avanço das técnicas de programação matemática neste
século, manipulação de matrizes esparsas, desempenho fantástico dos recursos
computacionais, e excelentes linguagens de programação estruturadas e orientadas a
objeto, o FPO pode ser resolvido eficiente e rapidamente nos modernos computadores.
A função objetivo desempenha um papel fundamental durante o processo de
otimização, fornecendo um propósito para a busca do ponto de solução. A resolução do
FPO fornece uma solução de compromisso entre o valor do objetivo minimizado e o
atendimento das restrições de igualdade e desigualdade, que devem ser estritamente
satisfeitas. Entretanto, nem sempre a redução da função objetivo é o requisito mais
importante obtido pela resolução do FPO. A função objetivo pode atuar como função de
mérito do problema, fornecendo uma direção de descida apenas condicionante do
problema, sem que seja a maior preocupação em sua resolução. A função objetivo de
mínimo desvio do ponto de operação é um exemplo de função dessa natureza. O que é
mais relevante nesse caso é a identificação das medidas operativas para a correção de
possíveis violações verificadas em tempo real e não a minimização estrita da função
objetivo.
Também é difícil obter uma função objetivo que forneça uma direção de descida
que melhore todos os aspectos do sistema elétrico simultaneamente. No geral, um
objetivo minimizado tende a obter melhor desempenho sob algum critério e não sob
outros. Assim, pode ser desejável a combinação de vários objetivos em um único
2
Nas funções convexas os ótimos são ótimos globais e para sua identificação deve-se avaliar a matriz
Hessiana que é a matriz de segundas derivadas da função.
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
44
problema multi-objetivo [38]. Além disso, alguns tipos de modelagens de restrições
incluem termos na função objetivo, tornando o problema multi-critério.
As restrições de igualdade do FPO referem-se ao atendimento da carga do
sistema, representadas pelas equações de fluxo de carga do tipo:
0)cos(
1
n
m
kmkmkmkmmkckgk
senBGVVPP
(III-2)
0)cos(
1
n
m
kmkmkmkmmkckgk
BsenGVVQQ
(III-3)
Onde,
: Potência ativa gerada na barra k
: Parcela ativa da carga na barra k
k
V
: Módulo de tensão na barra k
m
V
: Módulo de tensão na barra m
km
G
: Condutância entre as barras k e m
km
B
: Susceptância entre as barras k e m
km
: Ângulo de fase entre as tensões nodais barras k e m
gk
Q
: Potência reativa gerada na barra k
ck
Q
: Parcela reativa da carga na barra k
Para maiores detalhes das equações do fluxo de carga, consultar [39].
As restrições de desigualdade no FPO são associadas a limites físicos dos
equipamentos, restrições de segurança e, em alguns casos são também considerados os
valores contratados entre as empresas. As principais limitações são aplicadas em:
geração de potência ativa;
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
45
geração de potência reativa;
tapes de transformadores defasadores;
tapes de transformadores em fase;
magnitudes de tensão;
fluxos de potência em linhas de transmissão;
fluxos de potência em ligações de corrente contínua;
reatância de bancos de capacitores ou indutores;
intercâmbios entre áreas.
As restrições de desigualdade estritamente satisfeitas (iguais a zero) no ponto de
solução do FPO compõem o conjunto ativo. Sua identificação é a tarefa mais difícil do
FPO, representando o maior desafio de modelagem e técnicas de resolução. Como o
conjunto ativo não pode ser conhecido de antemão, sua determinação torna-se um
problema combinatório que, se assim modelado, pode retardar em muito a convergência
do processo de otimização. Portanto, várias estratégias têm sido utilizadas para
incorporar a busca do conjunto ativo ao processo de otimização sem retardá-lo ou
transformá-lo em um processo combinatório. Embora alguns métodos dependam de
características heurísticas, elas são implementadas de forma a garantir a convergência
do processo de resolução do FPO. Alguns dos principais métodos de tratamento de
restrições de desigualdades são:
Tentativa e erro: método de tentativa e erro, baseado na severidade da
violação e em relações incrementais, aplicada no FPO por Sun et alli [28];
Penalidades quadráticas: método de penalizações quadráticas aplicado à
infactibilidade das restrições, aplicado no FPO por Sasson et alli [40];
Lagrangeano aumentado: método que combina multiplicadores de Lagrange
e penalidades quadráticas, aplicado no FPO por Santos et alli [41];
Pontos interiores: método que garante a factibilidade de certas restrições ou
variáveis, aplicado ao FPO por Granville [14];
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
46
Parametrização: método em que um parâmetro único indica o grau de
atendimento das restrições do sistema, geralmente aplicado à
parametrização completa do problema [42][43][44].
As variáveis dependentes de um problema de FPO são as não controláveis, ou
seja, estão livres, entre limites, para assumirem valores que solucionam o problema. O
estado do sistema elétrico fica perfeitamente determinado pelo conhecimento das
variáveis de controle dependentes. As principais variáveis dependentes são:
Ângulo de fase das tensões;
Módulo da tensão em barras de carga;
Fluxo de potência em linhas de transmissão e transformadores.
Num programa de fluxo de potência convencional, alguns dispositivos de controle
são considerados na solução do problema (incluídos nas equações básicas do problema).
No entanto, existem maneiras de incluir esses controles (em número maior) na definição
das equações básicas do problema. Essa forma global de abordá-lo (equações básicas e
controles) é a utilizada no algoritmo de Fluxo de Potência Ótimo. Dessa forma, o
algoritmo de FPO alcança uma solução que explora devidamente todos os recursos
disponibilizados para o controle das variáveis, o que elimina as seguintes deficiências
que ocorrem na modelagem dos controles e na consideração dos limites operativos em
programa de fluxo de potência convencional:
Limitação imposta à modelagem dos controles. Para cada variável
controlada, define-se uma variável de controle que será ajustada dentro dos
limites pré-estabelecidos de forma a manter a variável controlada no maior
valor desejado (ou entre os limites especificados). Esse modelo é bastante
deficiente quando se deseja restringir a variação da tensão em barras PQ a
limites pré-estabelecidos. Nesse caso, quando ocorre uma violação, o
modelo aloca uma injeção fictícia de potência reativa na barra violada,
mesmo que o ajuste dos outros controles existentes permita eliminar a
violação. Por outro lado, no caso desses ajustes não possibilitarem a
eliminação da violação, situação em que realmente recursos adicionais
deveriam ser alocados no sistema, não existe maneira de, com o modelo
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
47
existente, definir a melhor política de alocação e montante a ser alocado. De
maneira geral, a impossibilidade de modelar a atuação dos controles de
forma global não permite, em muitos casos, a obtenção de uma solução
viável ou ainda, a manutenção das variáveis controladas nos valores
desejados.
Outra deficiência do modelo é a impossibilidade de restringir, de maneira
automática e eficiente, o carregamento dos circuitos.
III.2.2 Aplicação do FPO para Cálculo da Máxima Transferência de
Potência
Esta seção mostra a aplicação do programa de fluxo de potência ótimo adotado
nesse trabalho (FLUPOT) no cálculo da máxima transferência de potência entre duas
áreas de um sistema elétrico. Serão destacados alguns códigos do programa FLUPOT,
necessários para a execução do aplicativo. Maiores detalhes sobre a descrição dos
códigos e funcionalidades do programa podem ser obtidos em [18].
III.2.2.1 Utilização do FLUPOT para Cálculo da Máxima
Transferência de Potência
O programa FLUPOT disponibiliza diversas funções objetivo, entre as quais está
a função MXTR. A função MXTR tem o objetivo de maximizar a transferência de
potência ativa entre áreas vizinhas ou um conjunto de circuitos fornecidos pelo usuário.
Para que seja procedido o cálculo é necessário informar o referido conjunto de circuitos
por meio do código DVES.
Quando se estabelece que determinada linha de transmissão ou conjunto de linhas
terá seu fluxo de potência ativa maximizado, deduz-se que estão sendo caracterizadas
áreas ou regiões exportadoras de energia e que, consequentemente, outra área ou região
será a importadora de energia. Para que o fluxo de potência ativa seja gradativamente
aumentado da região exportadora para a importadora, durante o processo de otimização,
o usuário deve especificar a relação de controles que podem ser considerados ou
alterados na otimização. Essa especificação de controle do FPO deve ser cuidadosa,
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
48
coerente com o tipo de estudo e com a escolha da função objetivo. A função objetivo
MXTR demanda a especificação mínima do controle de geração de potência ativa por
meio do código PGEN. Se esse controle não for ativado, a geração de potência ativa nas
barras PV (à exceção da barra de referência) será mantida nos valores originais da rede
(caso base).
Outros controles podem ser utilizados em conjunto com a função objetivo MXTR
por meio do código de execução DCON. A Tabela 1 relaciona as opções de controle e
sua breve descrição.
Controles associados à
função objetivo MXTR
Descrição
Dado complementar
PGEN
Geração de potência ativa
das barras do tipo PV
DGEP Dados de limites
de geração de potência
ativa
QGEN
Geração de potência reativa
Não necessário
VGEN
Tensão em barra do tipo PV
(Geradores, compensadores
síncronos e estáticos)
Não necessário
CCER
Compensador estático
Não possui
SHNC
Manobra de banco de
capacitores ou reatores
manobráveis
Dados de shunts
manobráveis (DBSH ou
DSHC)
TAPC
Recurso de tapes dos LTC
Não necessário
Tabela 1 Detalhamento dos Controles Associados à Função Objetivo MXTR
De forma recursiva pode ocorrer a necessidade de se delimitar faixas de tensão de
barramentos, geração de potência reativa de usinas, compensadores síncronos,
compensadores estáticos e até mesmo valores de geração de potência ativa de usinas
térmicas. Essas alterações dos dados de entrada do programa FLUPOT devem ser
realizadas na medida em que elas sejam convergentes para a obtenção da solução mais
factível possível. Por exemplo, os dados de limites de geração de potência reativa das
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
49
usinas dependem do número final de unidades geradoras. Esse número será
conhecido após a execução do FPO. Por outro lado, o limite tem influência na solução
do problema de otimização. Em função disso, após ser obtida a solução do FPO para a
máxima transferência de potência ativa, deve-se atualizar a capacidade de geração de
potência reativa das usinas neste novo ponto de operação.
Outro exemplo da necessidade de modificação do arquivo de entrada do FPO está
relacionado com a utilização do comando DARI que identifica as áreas ou regiões de
interesse a serem consideradas durante o processo de otimização. Essa delimitação da
região de interesse implica que somente os limites estabelecidos para as variáveis de
controle e as variáveis dependentes dessas áreas serão obedecidas. Por isso, em algumas
situações, outras variáveis fora dessas regiões de interesse, também poderão ser
redefinidas, se essa obediência for importante (restritiva) para a solução encontrada.
III.2.2.2 Aplicação da Função Objetivo MXTR no Sistema Teste
IEEE-14
De forma a melhor visualizar a aplicação da função objetivo de máxima
transferência de potência ativa entre duas regiões ou áreas, foram realizados testes
utilizando o sistema IEEE 14 barras. A Figura 1 mostra o diagrama unifilar do sistema
utilizado com seus fluxos e tensões relativos ao ponto de operação do caso base, ou seja,
antes do processo de cálculo da máxima transferência via FPO.
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
50
Figura 1 Caso Teste IEEE-14 Barras
1.7
0.9j
-1.7
-0.9j
5.8
2.4j
-5.7
-2.3j
7.6
4.7j
-7.5
-4.5j
17.9
7.9j
-17.7
-7.4j
7.9
2.7j
-7.8
-2.5j
9.3
3.0j
-9.1
-2.7j
27.8
4.8j
-27.8
-3.9j
-16.0
-0.6j
16.0
2.1j
-27.8
3.9j
27.8
-2.2j
0.0
-8.8j
0.0
8.9j
-60.3
16.1j
60.9
-15.5j
44.5
13.7j
-44.5
-8.5j
-4.0
-2.7j
4.0
2.7j
5.0
3.2j
-5.0
-3.1j
158.5
-125.7 j
-153.6
35.7j
75.6
4.6j
-72.5
3.6j
56.0
0.3j
-54.2
1.9j
74.3
-1.9j
-71.7
9.0j
41.5
3.3j
-40.5
-3.4j
-22.4
12.0j
22.9
-14.0j
BARRA- 4
4
0.956
BARRA- 14
14
0.959
BARRA- 11
11
0.984
BARRA- 13
13
0.978
BARRA- 12
12
0.984
BARRA- 8
8
1.000
S
0.0
8.9
3.5
BARRA- 6
6
1.000
S
0.0
14.2
BARRA- 9
9
0.979
0.969
BARRA- 7
7
0.984
0.978
BARRA- 5
5
0.958
0.932
BARRA- 10
10
0.975
9.0
6.1
14.9
18.2
BARRA- 1
1
1.000
G
234.1
-121.1
BARRA- 2
2
0.988
G
40.0
50.0
BARRA- 3
3
0.964
S
0.0
40.0
94.2
13.5
47.8
21.7
11.2
29.5
7.6
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
51
No Anexo B.1 estão os dados de entrada utilizados para o programa ANAREDE
que caracterizam o ponto de operação prévio à execução do programa de otimização.
Nessa condição o intercâmbio da região exportadora (marcada no diagrama) para a
região importadora era de -88,3 MW, ou seja, a região que será exportadora estava
importando esse valor.
O montante de carga da região exportadora é de 87,7 MW e da região importadora
é de 171,3 MW.
A Tabela 2 mostra a condição de despacho das usinas anteriormente à aplicação
da função objetivo.
Região Importadora
Barra
Tipo de Barra
Potência Gerada (MW)
Barra - 1
V
234,1
Barra - 2
PV
40
Barra - 3
PV
0,0
Região Exportadora
Barra
Tipo de Barra
Potência Gerada (MW)
Barra - 6
PV
0,0
Barra - 8
PV
0,0
Tabela 2 Nível de Geração do Ponto de Operação Prévio à Otimização
Os arquivos utilizados como dados de entrada para a execução do programa
FLUPOT, que calcula a máxima transferência de potência ativa entre as áreas 1 e 2,
função objetivo MXTR, estão no ANEXO C.1.
Foram ativados os controles de potências ativa e reativa geradas nas barras do tipo
PV. A Tabela 3 mostra as potências ativas antes e após a solução do Fluxo de Potência
Ótimo (FPO). Nessa análise foram considerados como restrições os limites de
carregamento dos circuitos por meio do uso do código de execução DRES (dados de
restrições funcionais) associado à opção MVA. Dessa forma, durante o processo de
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
52
otimização que promove o aumento do intercâmbio da área 2 para a área 1, quando
ocorre violação das capacidades de transmissão de uma linha de transmissão, o
programa FLUPOT indica que essa variável atingiu seu limite. A partir dos dados de
entrada considerados, o intercâmbio alcançado foi de 81,6 MW da área exportadora para
a importadora.
Barra
Região
Pg caso base (MW)
Pg FLUPOT (MW)
Barra - 1
Importadora
234,1
56,5
Barra - 2
Importadora
40,0
37,0
Barra - 6
Exportadora
0,0
122,3
Barra - 8
Exportadora
0,0
49,3
Tabela 3 Nível de Geração Caso Base x Caso FPO
O relatório de grandezas no limite mostra o esgotamento da capacidade de
geração de potência reativa na Barra 3 e carregamentos máximos nas linhas 6-11 e 8-7,
que têm limites de 25 e 50 MVA, respectivamente.
Supondo que a avaliação para a definição do limite de intercâmbio esteja
ocorrendo num horizonte de médio ou longo prazo, de forma a tornar factível a
proposição de um reforço ou ampliação da rede, considerou-se a flexibilização das
restrições ativas de carregamento mencionadas no parágrafo anterior. Foi realizada nova
simulação desabilitando o código DRES no arquivo IEEE.FPO. O intercâmbio da área 2
(exportadora) para a área 1 (importadora) alcançou o valor de 176 MW e as grandezas
no limite foram as potências reativas geradas nas barras 2, 3, 6 e 8 e o limite mínimo de
geração de potência ativa nas barras 1 e 2.
Barra
Região
Pg FPO
DRES
(MW)
Pg FPO
sem DRES
(MW)
Barra - 1
Importadora
56,5
0,0
Barra - 2
Importadora
37,0
0,0
Barra - 6
Exportadora
122,3
201,9
Barra - 8
Exportadora
49,3
67,2
Tabela 4 Comparação Nível de Geração * FPO com DRES x Caso FPO sem DRES
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
53
Nessa condição em que o intercâmbio alcançou 176 MW, pode-se observar que o
despacho na região importadora foi nulo, ou seja, esse é o limite de recebimento pela
área 1. Num sistema real, a situação de um despacho nulo em toda uma área de controle
dificilmente ocorrerá, uma vez que, por questões de desempenho dinâmico do sistema,
deve-se sempre manter um nível mínimo de geração numa área como margem de
regulação. A Figura 2 mostra as violações e, portanto, os equipamentos demandarão
reforços para que seja viabilizado o intercâmbio calculado.
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
54
Figura 2 Diagrama Unifilar Sistema IEEE 14 Barras Violações - Intercâmbio 167 MW
BARRA-4
4
0.987
BARRA-14
14
0.940
BARRA-11
11
0.964
BARRA-13
13
0.962
BARRA-12
12
0.972
BARRA-8
8
1.023
G
BARRA-6
6
0.989
G
BARRA-9
9
0.964
BARRA-7
7
0.989
BARRA-5
5
0.987
BARRA-10
10
0.956
BARRA-1
1
1.000
G
BARRA-2
2
1.003
G
BARRA-3
3
0.984
S
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
55
Supondo que o critério de tensão em condição normal de operação seja 0,95 pu,
conclui-se que a Barra 14 estaria com sua tensão de 0,94 pu violada. De forma a
contornar esse problema, foi realizada uma simulação forçando o atendimento desse
critério de tensão. Para tal consideração, foi inserido o código de execução DVLB, que
estabelece dados de limites de tensão por barra do sistema que serão considerados ao
longo do processo de otimização. Desse resultado, pode-se observar que a valor
especificado para a tensão da barra 14 de 0,95 pu de tensão foi atendido sem que fosse
necessário restringir o valor do limite de intercâmbio calculado de 176 MW. Assim,
conclui-se que o valor da referida tensão possui pouca sensibilidade ao valor calculado
da função objetivo. Esse fato pode muitas vezes ocorrer em sistemas de grande porte e a
forma como esses barramentos podem ser previamente identificados é por meio dos
valores dos multiplicadores de Lagrange, associados a cada restrição imposta ao
problema de otimização. Essa avaliação pode ser realizada atualmente pela consulta ao
relatório dos multiplicadores de Lagrange que pode ser solicitada por meio da opção
RLMB (relatório de multiplicadores de Lagrange). Atualmente, essa consideração pode
ser realizada de forma interativa a cada resultado de simulação. Para que fossem
consideradas durante o processo de otimização, as restrições ativas deveriam ser
incorporadas na função objetivo original. O método de penalidades só pode ser utilizado
quando todas as restrições são de igualdade e, havendo restrições de desigualdade, elas
devem ser transformadas em restrição de igualdade a partir da introdução da variável de
folga. Atualmente, o programa FLUPOT não contempla esse procedimento.
III.3 Limites de Intercâmbio
III.3.1 Aplicação no Planejamento Energético
Os valores de limites de intercâmbio são utilizados como dados de entrada no
Planejamento da Operação Energética que é realizado pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrico ONS. O valor do limite elétrico pode representar uma restrição ativa
na modelagem energética do sistema. Nesse caso, são tomadas providências para
minimizar ou eliminar tal restrição.
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
56
A vocação natural do Brasil para a hidroeletricidade fez com que o Sistema
Interligado Nacional SIN fosse desenvolvido com forte predominância de geração de
origem hidroelétrica. Entretanto, ao se optar por uma base hidroelétrica de se lidar
com as significativas incertezas associadas às afluências futuras aos rios e, por extensão,
a todas as bacias hidrográficas do país. Logo, a estrutura de produção de energia
hidroelétrica do Brasil foi concebida de forma a minimizar os riscos associados ao
comportamento aleatório das afluências. Para contemplar a estocasticidade das
afluências no Planejamento da Operação do SIN, o Operador Nacional do Sistema
Elétrico ONS utiliza uma cadeia de modelos dentre os quais estão contidos o modelo
de previsões de vazões determinísticas para o curto prazo, e os modelos de geração de
cenários de afluências. Estes modelos fornecem insumos para que os modelos de
otimização possam estabelecer as Estratégias e Políticas de Operação para o médio e
curto prazo, considerando a volatilidade das afluências.
O Planejamento da Operação Energética - PEN, elaborado com periodicidade
anual e sujeito a revisões quando de fatos relevantes, apresenta avaliações das condições
de atendimento ao mercado de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional, num
horizonte de 5 anos à frente, analisando cenários de oferta e demanda. Nessas análises
energéticas, são considerados os históricos de vazões e a previsão de vazões futuras das
diversas bacias do SIN, assim como dados de previsão de carga e a oferta de energia
nova.
O PEN representa o instrumento de Planejamento da Operação Energética do
Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS que, com base nos critérios de garantia
do atendimento ao consumo de energia elétrica, possam ser recomendadas ao Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico - CMSE e à Empresa de Pesquisa Energética - EPE,
órgãos coordenados pelo Ministério de Minas e Energia - MME, decisões de
antecipação e/ou implantação de geração/transmissão, visando aumentar a margem de
segurança da operação energética do SIN.
O critério de garantia de suprimento preconizado pelo Conselho Nacional de
Política Energética - CNPE (riscos de déficit de energia abaixo de 5%) deve ser
atendido em todas as regiões durante o quinquênio analisado. Esse valor de 5% significa
que em apenas 5% dos cenários analisados, haverá risco de não atendimento à carga.
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
57
É importante ressaltar que mesmo na hipótese de condições hidrológicas adversas,
o atendimento ao mercado pode ser assegurado pela aplicação de mecanismos
operativos de curto prazo, a exemplo do que está ocorrendo no ano de 2009 na Região
Sul. No primeiro semestre de 2009, as consequências das afluências extremamente
desfavoráveis verificadas foram mitigadas com o despacho de geração térmica e
maximização de intercâmbio, tendo sido possível manter o nível mínimo aceitável de
armazenamento nessa região. Essa atuação coordenada entre as avaliações de médio e
curto prazos reduz sensivelmente risco efetivo de déficit.
O Sistema Interligado Nacional SIN é modelado considerando os subsistemas
Norte, Nordeste, Sudeste-Centro Oeste e Sul. Para cada subsistema também são
calculados os Custos Marginais da Operação CMO. O CMO representa o custo
adicional para cada subsistema de produção adicional de 1 MWh. Com base no CMO,
são elaboradas as diretrizes de operação para a definição de melhor política de
intercâmbios entre as regiões, sempre buscando que a região com menor CMO atue
como exportadora de energia para a região com CMO mais elevado.
III.3.2 Aplicação no Planejamento Elétrico da Operação
Os valores de limites de intercâmbio têm diferentes áreas de aplicação no planejamento
elétrico em função do horizonte analisado. No horizonte de quatro anos (médio prazo),
o conhecimento dos limites tem relação direta com a necessidade de proposição de
reforços ou ampliações para a rede que possibilitem a prática de intercâmbios mais
elevados. Essa necessidade pode ser decorrente de novas ofertas de geração para o SIN
ou, até mesmo, da necessidade de equalização dos Custos Marginais de Operação
CMO bastante diferenciados entre os subsistemas. Muitas vezes, em função da
ocorrência de uma limitação temporária no intercâmbio (por exemplo, existe uma
solução estrutural que será disponibilizada futuramente), pode ser elaborado um
Esquema de Controle de Emergência ECE. O ECE contorna o problema, até que a
solução estrutural esteja disponível. Assim, essa recomendação é também resultado do
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
58
procedimento de cálculo dos limites de intercâmbio. Outra aplicação se refere à
segurança operativa, pois esses valores de intercâmbio serão utilizados como uma
referência para o início do cálculo de limites no horizonte de curto prazo.
No horizonte de curto prazo (1 ano) os valores dos limites de intercâmbio
calculados no horizonte de médio prazo são utilizados como pontos de partida para as
análises de curto prazo. O enfoque do lculo dos limites de intercâmbio no
planejamento de curto prazo deixa de ser o de proposição de obras, por não existir
tempo exequível para sua operacionalização, e passa a ter o enfoque mais operativo. Ou
seja, os principais produtos da análise de curto prazo são os procedimentos para a
operação segura nos limites de intercâmbios calculados. Neste horizonte, também são
elaborados os Esquemas de Controle de Emergência que garantem o atendimento aos
critérios estabelecidos nos Procedimentos de Rede do ONS [45].
Fundamentos Conceituais
E.Sant`Anna
59
III.4 Sumário
Este capítulo buscou fundamentalmente abordar os principais conceitos do FPO que
envolveram:
Modelagem do problema e;
Aplicação e utilização do FPO para o cálculo de máxima transferência de
potência.
Para tal foi utilizado um caso teste IEEE 14 barras para a aplicação da função
objetivo de máxima transferência de potência entre duas áreas, por ser de pequeno porte
e, por isso, torna mais fácil a assimilação dos principais conceitos e comandos de
utilização do programa FLUPOT [18].
Em seguida foram descritas as aplicações dos valores de limites de intercâmbio
entre regiões ou áreas, com o objetivo de melhor contextualizá-las, uma vez que seu
cálculo é o objetivo principal dessa dissertação. Pelo fato de que no Brasil esses valores
de limites são usualmente empregados nos planejamentos elétrico e energético dos
sistemas de potência, foram relacionadas tais aplicações buscando sempre o
estabelecimento dessas diferentes funcionalidades.
* * *
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
60
Capítulo IV Metodologia Convencional
IV.1 Introdução
Na atualidade, o processo de cálculo dos limites de intercâmbios entre áreas elétricas de
grandes sistemas é feito com baixo grau de automatismo, o que demanda um tempo
elevado no ajuste de diversos pontos de operação utilizados durante esse processo.
Esses valores de limites são importantes nas análises de planejamento energético, ver
seção III.3.1, pois podem significar uma restrição energética entre dois ou mais
subsistemas. Assim, além dos diferentes patamares de carga em que os limites devem
ser calculados, também devem ser considerados os diferentes cenários energéticos e
diferentes topologias da rede, o que aumenta ainda mais o volume do trabalho de ajustes
desses diversos pontos de operação. A utilização do FPO como ferramenta de
preparação automática desses pontos de operação pode agregar grande agilidade ao
processo de preparação desses diversos pontos de operação, que são considerados no
procedimento de cálculo dos limites de intercâmbio.
Neste capítulo é mostrado todo o processo atualmente utilizado para o cálculo dos
limites de intercâmbio entre os subsistemas ou submercados do Sistema Interligado
Nacional SIN. Na Seção IV.2, é mostrado o processo de preparação dos pontos de
operação que consideram a atualização da base de dados referentes ao mercado (carga e
geração) e topologia. Em seguida, a Seção IV.3 descreve os cenários eletroenergéticos
considerados nas análises e apresenta algumas premissas de despachos de usinas. Nas
Seções IV.4 e IV.5, são descritos os procedimentos utilizados para a análise do
desempenho do SIN em regime permanente e do ponto de vista dinâmico,
respectivamente.
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
61
IV.2 Preparação dos Pontos de Operação
Numa primeira fase o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recebe os
dados de atualização da rede versando sobre:
a) Atualização do mercado;
b) Inclusão de novas obras, sejam de transmissão ou subtransmissão;
c) Atualização das capacidades operativas de equipamentos e linhas de
transmissão;
d) Novas solicitações de acesso à rede básica de consumidores livres ou
solicitações de alteração de montantes contratados por parte desses
consumidores e;
e) Consideração do cronograma de entrada em operação de novas usinas.
Essas informações são inseridas em vários pontos de operação (casos de trabalho)
de forma a caracterizar os diversos patamares de carga e meses ou estações do ano
designados por cargas pesada, média, leve e mínima de verão e inverno de cada ano do
horizonte em análise.
Até o estágio anterior do processo, ainda estão sendo consideradas informações
para a montagem dos casos de trabalho. A partir da conclusão desse estágio, inicia-se a
etapa de ajustes dos casos de trabalho. Esses ajustes devem abranger os despachos das
usinas hidráulicas (mais prováveis) em função do mês correspondente ao ponto de
operação e despachos das usinas térmicas (inflexibilidade declarada pelos agentes,
despacho que o agente praticará independente da necessidade do sistema). Em seguida
são realizados os ajustes para se alcançar o controle adequado das tensões nos diversos
pontos do sistema. Após o término desses ajustes de tensões estarão concluídas as
etapas de montagem e ajustes dos casos de trabalho. Cabe mais uma vez ressaltar que as
duas etapas são realizadas para cada ponto de operação já mencionado anteriormente.
Em resumo, para a avaliação do desempenho de um sistema elétrico de potência,
devem ser estabelecidas situações operativas prováveis, denominadas “casos de
trabalho” e essas correspondem aos diversos pontos de operação. Esses casos são
montados a partir de informações atualizadas recebidas dos agentes, versando sobre
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
62
carga, equipamentos e alterações na topologia de suas redes. Os despachos das usinas
considerados nesses casos correspondem às afluências típicas esperadas para cada
período (mês).
IV.3 Preparação de Casos de Cenários Energéticos
A partir dos casos de trabalho, são elaborados casos específicos que consideram
diferentes cenários de geração internamente a cada região do sistema, visando estressar
a rede de transmissão a ponto de identificar possíveis violações de critério(s) de regime
permanente. Tais violações podem estar associadas ao perfil de tensão ou ao nível de
carregamento dos circuitos.
A preparação desses casos leva em consideração as diversidades de cenários
eletro-energéticos passíveis de ocorrer no sistema. No caso do sistema interligado
brasileiro, os principais cenários energéticos estão descritos a seguir:
Cenário Norte Exportador
O cenário Norte Exportador representa o período úmido da região Norte (elevado
nível de armazenamento dos reservatórios dessa região) que usualmente ocorre no
primeiro semestre de cada ano. A título de ilustração, a Figura 3 compara as
disponibilidades dessa região mensais verificadas nos anos de 2007 e 2008 que
evidenciam a maior disponibilidade verificada no primeiro semestre dos referidos anos
[46].
Figura 3 Volume Útil do Reservatório da UHE Tucurui Região Norte
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
63
Algumas características inerentes a esse cenário são:
(a) As usinas de Tucuruí e as usinas do rio Tocantins deverão estar com despachos
elevados;
(b) As usinas da região Nordeste (NE) estarão com despachos reduzidos (NE
importador), respeitando a vazão mínima (1300 m
3
/s) necessária na cascata do rio São
Francisco;
(c) A região Sul estará importando energia da região Sudeste. Em termos de fluxos
identificados na Figura 4, o referido cenário é caracterizado por apresentar elevados
valores de FCOMC e de FNE. O FCOMC é o fluxo na linha de transmissão (LT) de 500
kV que liga as subestações de Colinas e Miracema. O FNE é o fluxo da região Norte
para a região Nordeste e o seu valor é o somatório dos fluxos medidos nas linhas de
transmissão (LTs) de 500 kV que ligam as SEs Presidente Dutra e Teresina circuitos 1 e
2, Presidente Dutra Boa Esperança e SEs Colinas e Ribeiro Gonçalves, além do fluxo
na LT 230 kV Peritoró Teresina.
O cenário Norte Exportador pode ocorrer em duas situações: priorizando a região
Sudeste ou priorizando a região Nordeste. Priorizar a região Sudeste significa que a
transferência de potência entre o Norte e o Sudeste (fluxo Norte/Sudeste ou FCOMC) é
priorizada em relação à transferência de potência entre o Norte e o Nordeste (fluxo
Norte/Nordeste ou FNE). A partir desse cenário em que é priorizada exportação para a
região Sudeste, é configurado o cenário de máximo recebimento pela região Sul
RSUL. A Figura 4 mostra os principais fluxos que, se analisados em conjunto, poderão
configurar um cenário de intercâmbio a ser estudado.
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
64
Figura 4 Cenários Energéticos
Regiões Sul e Sudeste Exportadoras
Esse cenário representa o período seco da região Norte (Figura 3), e de chuvas na
região Sul que, usualmente, ocorre no segundo semestre de cada ano. Como pode ser
visto na Figura 5 [46], os reservatórios da região Sul têm pouca previsibilidade de
disponibilidade uma vez que para os mesmos meses dos anos mostrados, a variação de
volume útil de ano a ano é bastante diferente. Essa baixa previsibilidade de cenário
complica bastante o trabalho de planejamento de curto prazo. Cabe ressaltar que nas
análises de médio prazo, para efeito de cálculo dos limites de intercâmbios, o cenário é
configurado prevendo elevado nível de armazenamento na região Sul no segundo
semestre de cada ano.
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
65
Figura 5 Volume Útil do Reservatório da Usina Salto Santiago Região Sul
Algumas características inerentes a esse cenário são:
(a) A região Sul exporta para as regiões Norte e Nordeste;
(b) As usinas de Tucuruí e do Rio Tocantins deverão estar com despachos
reduzidos;
(c) As usinas da região Nordeste estarão com seus despachos reduzidos (região
Nordeste importadora), respeitando a vazão mínima (1300 m
3
/s) necessária na cascata
do rio São Francisco na condição de carga leve.
A Figura 4 ilustra esse cenário quando o valor de FSENE estiver elevado, o de
FSUL estiver positivo e o de FNS estiver negativo.
Região Nordeste Exportadora
O cenário Nordeste Exportador apresenta baixa frequência de ocorrência.
Entretanto, o valor de limite de intercâmbio associado a ele precisa ser determinado,
pois é utilizado nos estudos energéticos, sendo importante para a definição de preços da
energia por submercado. Contudo, a viabilidade desse cenário está condicionada à
disponibilidade de geração na região Nordeste. Essa baixa frequência de ocorrência, no
entanto, pode ser modificada a partir da grande oferta de energia térmica prevista em
leilões a serem realizados ainda em 2009. Dessa forma, caso a situação dos demais
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
66
submercados esteja tão crítica a ponto de justificar a recomendação de despacho dessas
usinas de custos mais elevados, térmicas a óleo, elas serão despachadas e, para tal, o
sistema de transmissão deverá comportar todo o escoamento dessa energia para as
demais regiões.
A Figura 6 mostra o mapa do Brasil, identificando geograficamente a localização
das principais bacias de rios que compõem o Sistema Interligado Nacional [46].
Figura 6 Principais Bacias do Sistema Interligado Nacional
IV.4 Análise de Regime Permanente
Conforme mencionado antes, a montagem dos casos de trabalho considera de início
as atualizações de mercado (carga) e os novos empreendimentos informados pelos
agentes como dados de entrada para o programa de fluxo de potência. Além disso, para
cada caso, são feitos os devidos ajustes de faixas de tensão e geração (despacho
correspondente ao nível de afluência típica do período considerado). Esses casos são os
casos de partida para a preparação dos casos de intercâmbio maximizado (conforme
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
67
indicado na entrada do Bloco 1 da Figura 7). A partir desse ponto de operação, são
iniciadas as alterações de despachos de geração nas regiões exportadoras (aumentos) e
nas regiões importadoras (reduções), com o objetivo de atingir os valores dos
intercâmbios de referência de forma gradual. Vale ressaltar que, a cada alteração de
geração realizada, deve-se buscar um novo ajuste de tensão em todo o sistema, o que
facilita a convergência do processo iterativo.
A Figura 7 apresenta o fluxograma do processo atualmente empregado de forma a
ilustrar e facilitar o entendimento. As seções seguintes expõem o detalhamento de cada
etapa desse processo.
Figura 7 Fluxograma do Processo Atual de Cálculo de Limites de
Intercâmbio do SIN
Programa de Fluxo de
Potência
FUNÇÃO:
Ajustar tensões e Variar
Geração nas Regiões
Exportadoras e
Importadoras
Bloco 1
Programa de Estabilidade
Transitória
FUNÇÃO:
Simular Dinamicamente
emergências simples com
aplicação e eliminação de
defeito
Bloco 3
Aplicativo Auxiliar II
FUNÇÃO:
Verificação de
Atendimento ao
Procedimento de Rede
Bloco 4
Casos de Trabalho
Premissas de Geração
Específicas de cada
Cenário
Cenário Energético -
Regiões Exportadora e
Importadora
Casos Específicos - Intercâmbios
Maximizados
Dados de Potência Ativa
e Reativa Mín e Máx por
Unid.
Valor da Reatância do
Trafo Elevador por
Unidade
Nº Mínimo e Máximo de
Unidades/Usina
Associação de
Barramentos de Usinas a
Modelos de Controle
Dados de Máquinas para Simulação
Dinâmica
Casos com Inércia Mínima e
Reatância TR Elevador Atualizada
Arquivos de Saída Caracterizando o
Desempenho Dinâmico
Atende
Procedimento
Rede?
Bloco 5
Não
Dados de Máquinas para
Simulação Dinâmica
Dados para a Simulação
(Relés, Defeito,Elos CC,
etc)
3
2
2
3
Arquivo de Saída do Bloco 3
Aplicativo Auxiliar I
FUNÇÃO:
Gerar arquivo de
Associação de Controles
das Máquinas e
Atualizar de Reatâncias de
TR Elevadores novo ponto
de operação
Bloco 2
Valor Limite de Intercâmbio
Sim
Reduzir Intercâmbio
e retornar ao Bloco 2
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
68
Alcançados os níveis de intercâmbios de referência (saída do Bloco 1), deve-se
então utilizar um aplicativo auxiliar (Bloco 2) que possui dupla função. A primeira é a
de atualizar todas as reatâncias de transformadores elevadores das usinas, corrigindo os
limites de geração de potência reativa, o que finaliza o ajuste do caso de regime
permanente. A segunda função é a elaboração de um arquivo de equivalência entre os
barramentos das usinas e seus dados de controle que será utilizado na preparação do
arquivo de entrada para a análise de regime dinâmico. A análise do desempenho
dinâmico será abordada na próxima seção.
Atualmente, a montagem dos casos e a formatação dos dados para os estudos
dinâmicos são feitas por meio de um procedimento manual, utilizando o Programa de
Análise de Redes (ANAREDE) [47] e o Programa de Análise de Redes em t0+
(ANAT0) [48], desenvolvidos pelo CEPEL.
Esse procedimento manual é feito para cada um dos pontos de operação para,
então, dar início ao processo de cálculo dos valores de limites de cada cenário.
Cabe ressaltar que outros pontos de operação deverão ser ajustados ao longo do
processo, conforme descrito anteriormente, até que seja identificado o valor de limite de
intercâmbio. Esse procedimento será descrito de forma mais detalhada na próxima
seção.
IV.5 Análise de Regime Dinâmico
O desempenho dinâmico do sistema é avaliado a partir de uma simulação ao longo do
tempo com a utilização do programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos do
CEPEL (ANATEM) [49]. São simuladas as principais emergências simples de
equipamentos da Rede Básica (Bloco 3 da Figura 7) [45]. Essas emergências incluem,
tanto linhas de transmissão, como perda de geração e de grandes blocos de carga. O
tempo padrão de simulação, incluindo o tempo de aplicação do defeito, curto circuito
monofásico, é de 15 segundos.
Após as simulações das principais emergências, utiliza-se um segundo aplicativo
auxiliar (Bloco 4 da Figura 7) que viabiliza a avaliação do comportamento dinâmico das
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
69
variáveis monitoradas. A avaliação do comportamento dinâmico deve ser feita
considerando todos os critérios estabelecidos nos Procedimentos de Rede do ONS [45].
Caso, por exemplo, algum critério de oscilação de tensão ou de potência seja
violado, o intercâmbio terá que ser reduzido e, por conseguinte, novos ajustes deverão
ser feitos para se atingir o novo ponto de operação. Esse procedimento está ilustrado a
partir do Bloco 5 da Figura 7 que realimenta o Bloco 2.
Seguindo essa mesma linha de ação, o processo é repetido até que o intercâmbio
máximo seja encontrado, sem violação de nenhum critério. Ao final, devem ser obtidos
os valores limites de intercâmbios entre as regiões para cada um dos anos do horizonte
em estudo e para os diferentes patamares de carga.
IV.5.1 Principais Critérios e Premissas Utilizados nas Análises
A título de ilustração, esta seção apresenta os principais critérios atualmente adotados
que estão integralmente descritos no Módulo 23 do Procedimento de Redes do ONS
[45]. Eles são utilizados para avaliar o desempenho dinâmico do SIN e é com base neles
que um determinado ponto de operação é considerado seguro ou inseguro.
Os principais critérios utilizados para a caracterização de pontos de operação
seguros ou inseguros são descritos a seguir. Tais critérios são resultado de anos de
experiência no planejamento e na operação do SIN.
O sistema interligado, ao operar no nível máximo de intercâmbio entre as
regiões, deve ser robusto o suficiente para suportar a aplicação por 100 ms
(500 kV) de um curto-circuito monofásico nas principais linhas de
interligação entre os dois subsistemas e, em seguida, também suportar a
abertura da referida linha de transmissão para a eliminação do defeito;
Como a modelagem utilizada nas análises do desempenho dinâmico é feita
considerando-se o sistema equilibrado (sequência positiva), a simulação de
um defeito monofásico deve ser feita pela aplicação de um curto-circuito
através de um reator. O valor do reator utilizado na simulação deve ser
calculado de forma que a tensão no instante do curto seja 70% do valor da
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
70
tensão pré-defeito. Caso o ponto de aplicação do curto-circuito seja próximo a
barramentos de usinas, o valor adequado do reator será o que provocar uma
tensão de 60% do valor pré-defeito no instante do curto;
Com relação à estabilidade transitória (três primeiros ciclos), a tensão mínima
transitória admissível na primeira oscilação pós-distúrbio deve ser superior a
60% do valor da tensão nominal e superior a 80% nas demais oscilações;
Com relação à estabilidade a pequenos sinais: o amortecimento deverá ser
positivo e a diferença de tensão do pico imediatamente após 10 s e a tensão
mínima do ciclo anterior deve ser inferior a 2%, conforme mostrado na Figura
8;
Figura 8 Critério de Amortecimento de Tensão
O critério angular envolvendo as usinas de Tucuruí (Região Norte) e Paulo
Afonso IV (região Nordeste) é resultado da experiência adquirida pelo ONS
durante o período de racionamento ocorrido no SIN no ano de 2001. Naquela
época, o limite de intercâmbio entre as regiões Norte e Nordeste, FNE,
calculado e, portanto, seguro era de 1000 MW e o ONS operou acima desse
valor a partir da aprovação da ANEEL e MME assim como depois de
divulgados os riscos envolvidos. Nessa ocasião, a simulação da perda de
máquina com 500 MW de despacho na UHE Xingó localizada no subsistema
Nordeste, provocava a abertura da interligação entre os subsistemas Norte e
0,951
0,983
1,015
1,047
1,079
0, 3, 6, 9, 12, 15,
VOLT 5436 RGONCALV-500
VOLT 5570 S.J.PIAUI500
Valor da tensão pico
posterior a 10 s
Valor da tensão
pico anterior a 10 s
0,951
0,983
1,015
1,047
1,079
0, 3, 6, 9, 12, 15,
VOLT 5436 RGONCALV-500
VOLT 5570 S.J.PIAUI500
Valor da tensão pico
posterior a 10 s
Valor da tensão
pico anterior a 10 s
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
71
Nordeste e consequentemente um corte de carga por subfrequência após essa
abertura. O diagnóstico da ocorrência comprovou a existência de um limite de
abertura angular entre as duas usinas que é um importante balizador da
condição de segurança dinâmica para a operação segura do SIN. Atualmente,
a contingência mais crítica em relação ao atendimento desse critério é
emergência da linha de transmissão em 500 kV entre as SEs Bom Jesus da
Lapa e Rio das Éguas. Segundo o critério, as seguintes inequações deverão ser
atendidas [45] de forma a garantir que não haverá abertura da interligação
Norte Nordeste e, consequentemente, corte de carga no SIN.
9090
finalmáx
IV-1
e
90
final
IV-2
Para a melhor visualização do critério, a Figura 9 ilustra a abertura angular entre
os barramentos de 500 kV das SE Tucuruí, na região Norte e Paulo Afonso IV, na
região Nordeste para dois níveis de intercâmbio. Como pode ser visto, a curva que
atinge o ângulo máximo de 111° não atende o critério e por isso, o nível de intercâmbio
que implicou este desempenho não representa um ponto seguro de operação. A curva
que atinge o ângulo máximo de 93° atende e por isso, representa um ponto seguro para a
operação no patamar de intercâmbio considerado.
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
72
Figura 9 Critério de Diferença Angular entre Barramentos de 500 kV de Tucurui e Paulo Afonso IV
Com relação à tensão, nos pontos significativos para a estabilidade do sistema
(determinados por estudos prévios), a máxima variação de tensão que deve ser
admitida é de 10%, entre o instante inicial e o final da simulação.
δ
máx
= 111°
δ
final
= 100°
δ
máx
= 93°
δ
final
= 85°
Metodologia Convencional
E.Sant`Anna
73
IV.6 Sumário
Neste capítulo foram descritos os principais procedimentos e considerações aplicadas
à metodologia atualmente adotada pelo ONS para o cálculo de limites de intercâmbios
entre regiões.
Em sua seção IV.1 é mostrada a motivação principal para a utilização de um
programa de FPO que agregará, não maior agilidade no procedimento de ajuste dos
diversos pontos de operação, mas também viabilizará uma maior padronização desses
podendo até mesmo viabilizar ganhos nos limites de intercâmbios calculados a partir da
metodologia proposta.
Na seção IV.2 foi descrito detalhadamente o procedimento convencional (atual)
para a montagem e ajustes dos vários pontos de operação.
Na seção IV.3 foram descritos os principais cenários energéticos a partir dos quais
são calculados os limites de fluxo de potência entre as regiões, assim como descritas as
suas principais características.
Nas seções IV.4 e IV.5 foram descritos os procedimentos e alguns dos principais
critérios para as análises de regime permanente e dinâmico válidos tanto para a
metodologia convencional quanto para a metodologia proposta.
* * *
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
74
Capítulo V Metodologia Proposta
V.1 Introdução
O procedimento, segundo a metodologia atual, demanda um grande esforço laboral e
carece de aperfeiçoamentos que acelerem a obtenção de resultados. Por essa razão, a
metodologia proposta emprega um programa de Fluxo de Potência Ótimo (considerando
uma função objetivo de maximização de transferência de potência), e busca a
identificação de aspectos importantes para a futura integração desse com outros
aplicativos utilizados no processo de determinação do limite de intercâmbio entre
regiões. Uma futura versão do programa ANAREDE incorporando os programas
ANAT0 e FLUPOT já está em desenvolvimento pelo CEPEL. Em [5], os autores
propõem a utilização de métodos baseados nessa integração, mostrando ganhos
consideráveis na automação, porém a sua aplicação a sistemas de grande porte não é
possível em seu estado de desenvolvimento atual.
Nessa direção de facilitação da inserção da nova ferramenta de otimização no
procedimento de cálculo dos limites elétricos de intercâmbios entre regiões, aplicada a
sistemas de grande porte, a metodologia proposta inclui um aplicativo para a preparação
da base de dados que serão utilizadas como dados de entrada do programa FLUPOT e
um outro aplicativo que deverá verificar de forma automática o atendimento de todos os
critérios de desempenho dinâmico do sistema após a simulação das principais
emergências no sistema.
As principais motivações para a elaboração da metodologia proposta por este
trabalho são viabilizar a padronização dos ajustes de controle de tensão e racionalizar o
tempo alocado à equipe técnica para a execução dessa tarefa que compreende ajustes de
vários pontos de operação de fluxo de potência de regime permanente.
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
75
V.2 Descrição Geral do Processo
A Figura 10 apresenta o diagrama de blocos referente à metodologia proposta visando
ilustrar e facilitar o entendimento de todo o procedimento proposto.
Figura 10 Metodologia Proposta
Programa de Fluxo
de Potência Ótimo
Bloco 1
Aplicativo Auxiliar I
Bloco 3
Programa de
Estabilidade
Transitória
Bloco 4
Aplicativo Auxiliar II
Análise de
Resultados das
Simulações
Dinâmicas
Bloco 5
Atende Procedimento
de Rede
Premissas
de Geração
Faixas de
Tensão
Barramentos
Ponto de
Operação
Intercâmbio
Maximizado
Bloco 2
Arquivo de
Saída do
programa de
Estabilidade
Dados do
Evento
Sim
Não
Ponto de Operação
Inicial
Caso de Trabalho
Função
Objetivo
Limite de
Intercâmbio
Atingido
1
1
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
76
A nova metodologia utiliza a função de máxima transferência de potência de um
programa de Fluxo de Potência Ótimo (FLUPOT) indicado no Bloco 1 da Figura 10. A
idéia principal é a obtenção automática de um ponto de operação que represente o limite
de intercâmbio de regime permanente.
O FPO tem como finalidade principal a determinação do estado de uma rede CA
em regime permanente que otimiza uma determinada função objetivo e satisfaz uma
série de restrições físicas e operacionais. Assim, além da configuração da rede CA, o
FPO é caracterizado por uma função objetivo, uma relação de controles que podem ser
alterados e um conjunto de restrições que devem ser obedecidas na otimização. Os
principais códigos de execução usualmente utilizados pelo programa FLUPOT junto a
essa função objetivo (MXTR) foram mostrados na Seção III.2.2.2 e serão mais
detalhados na Seção V.3.
Os resultados que serão descritos no próximo capítulo foram obtidos com o
programa FLUPOT [18], que utiliza a metodologia de pontos interiores pelo algoritmo
primal-dual [13]-[17].
A partir da implementação dessa metodologia, será possível a utilização da função
de maximização do intercâmbio entre duas regiões, que considera como função de
controle, a geração das regiões exportadora e importadora, até se atingir o limite de
intercâmbio de regime permanente. Cabe ressaltar que, se forem utilizadas restrições
adequadas quanto ao controle de tensão, carregamento e despachos viáveis nas diversas
bacias, limites seguros em regime permanente serão obtidos automaticamente. Essas
restrições estão representadas pelos dados de entrada do Bloco 1 da Figura 10 que, em
função da condição de carga ou do cenário de intercâmbio buscado, demandarão a
criação de uma base de dados de entrada específica para o FPO. Os dados de restrições
especiais [18] viabilizam o controle de somatórios de fluxos em diversas linhas de
transmissão que representam limitações atualmente impostas ao SIN.
Com o novo ponto de operação que define o máximo intercâmbio de regime
permanente (Bloco 2 da Figura 10), será utilizado um aplicativo auxiliar (Bloco 3) que:
Atualiza a reatância dos transformadores elevadores das usinas;
Configura o número de unidades para atender as faixas de potência reativa;
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
77
Gera o arquivo de associação das usinas aos seus dados de controle de
forma sequencial à utilização do programa de fluxo de potência ótimo.
Da mesma forma, são realizadas as simulações dinâmicas das emergências mais
severas, específicas de cada cenário, e pré-definidas por uma lista (Bloco 4 da Figura
10). Esse procedimento é bastante semelhante ao utilizado pela metodologia atual.
A leitura do arquivo de saída do programa de análise da estabilidade transitória
será feita por outro aplicativo auxiliar (Bloco 5) que fará a verificação de atendimento
dos critérios descritos nos Procedimentos de Rede [45]. O propósito desse aplicativo é
prestar apoio ao analista produzindo um sumário do desempenho das principais
grandezas elétricas obtidas em múltiplas simulações de estabilidade eletromecânica. O
mesmo permite:
A análise de a 100 contingências relacionadas a um mesmo ponto de
operação, envolvendo aplicação de falta e abertura de circuitos;
A leitura de até 1200 grandezas calculadas na simulação de estabilidade
transitória;
Identificação da atuação de relés (impedância, sub/sobretensão,
sobrecorrente e sobrefrequência) por inspeção no relatório de saída do
programa Anatem para cada contingência;
Exibição de grandezas características do caso base (intercâmbios, geração
em bacias) definidas pelo usuário e
Exibição de listas ordenadas por severidade, nas quais se classificam as
contingências em que ocorrem violações de critérios pelas grandezas
monitoradas.
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
78
A título de melhor visualização e entendimento do aplicativo, segue a Figura 11,
Figura 12 e a Figura 13:
Figura 11 Vista Inicial do Aplicativo de Análise de Resultados da Simulação Dinâmica
Nos campos relativos aos dados iniciais deve ser dado o caminho do arquivo de
dados do ponto de operação de regime permanente a partir do qual será analisado o
desempenho dinâmico das emergências a serem consideradas. O campo “Verifica
arquivos para Análise” ao ser acionado carregará todos os arquivos com extensão do
programa (.stb) que estivem no mesmo diretório dos “Dados Iniciais”. Para o início da
avaliação dos resultados, basta clicar no botão “Analisar”.
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
79
Figura 12 Vista da Saída do Aplicativo de Análise de Resultados da Simulação Dinâmica
A seguir estão ilustrados os critérios de tensão que são considerados pelo aplicativo de
análise de resultados do programa ANATEM [49].
Figura 13 Critérios de Tensão da Simulação Dinâmica Considerado pelo Aplicativo
CRITÉRIOS
DE
TENSÃO
ATUAÇÃO
DE
RES
CARREGAMENTO DE
EMERGÊNCIA EM
CIRCUITOS
POTÊNCIA
REATIVA
EM
GERADORES
E
CER
GRANDEZAS
EM
t=0s
IDENTIFICAÇÃO
DO
CASO BASE
CRITÉRIO
ANGULAR
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (s)
1 Tensão inferior a 60 % da nominal na
primeira oscilação
2 Tensão inferior a 80 % da nominal
após a primeira oscilação
3 Tensão final
inferior a
90 % da inicial
4 Oscilação de tensão
superior a 2% após
10 segundos
5 Tensão final
superior
ao limite DGLT
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
80
Caso algum critério dos Procedimentos de Rede seja violado, o intercâmbio
poderá ser reduzido. Isso deve ocorrer se a aplicação de regras empíricas da operação
não conseguir contornar o problema. algumas situações em que um pequeno ajuste
de tensão num ponto específico do sistema pode alterar o seu desempenho dinâmico.
O processo descrito se repetirá até que o valor limite do intercâmbio (seguro) seja
encontrado.
V.3 Função de Maximização Transferência de Potência Ativa
(MXTR) no programa FLUPOT
A função objetivo que maximiza a transferência de potência ativa entre áreas vizinhas
ou em um conjunto de circuitos (MXTR) deve ser acompanhada de dados
complementares por meio dos códigos de execução DTRF (áreas cujos fluxos de
potências ativas devem ser maximizados) ou do DVES (circuitos cujos fluxos de
potências ativas devem ser maximizados). Esse procedimento é mostrado no arquivo
modelo para a simulação do programa FLUPOT do Anexo C. A seguir um extrato dessa
informação obtido a partir do referido arquivo:
Figura 14 Principais Dados da Função Objetivo MXTR
A Figura 14 mostra o uso do comando DCON que indica quais controles deverão
ser utilizados durante o processo de maximização da transferência de potência ativa.
Nele estão especificados os recursos de geração de potência reativa das usinas (QGEN),
assim como sua tensão terminal (VGEN), o suporte de potência reativa dos
compensadores estáticos (CCER), geração de potência ativa das usinas (PGEN),
DOBJ MXTR CLTN
.
DCON QGEN VGEN CCER PGEN TAPC SHNC
.
DVES
( (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc
(De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc (De )
(Pa )Nc
5580 5500 1
5580 5500 2
5580 5510 1
7300 5437 1
7300 5575 1
299 6444 1
99999
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
81
recursos de tapes de transformadores (TAPC) e manobras de reatores e/ou bancos de
capacitores (SHNC). O comando DVES especifica os terminais “DE” e “PARA” das
linhas de transmissão cujos fluxos de potência ativa deverão ser maximizados. Nesse
caso específico, o conjunto de linhas de transmissão especificado compõem os fluxos
representativos do máximo recebimento pela região Nordeste (código de numeração de
barras da base de dados do ONS). Cabe ressaltar que todos esses recursos devem
pertencer à área de interesse definida no código DARI (dados de áreas de interesse).
Todos esses comandos estão no Anexo C deste documento.
Os limites de potência ativa de cada usina e cada área de interesse devem ser
especificados no código de execução DGEP e os de potência reativa no digo DGLM.
Os limites de tensão adotados são definidos na entrada de dados do programa
ANAREDE por meio do grupo limite de tensão (DGLT). Entretanto, casos específicos
devem ser definidos no código DVLB, onde os limites por barramento são indicados.
No caso dos dados de restrições de tensão (DVLB) e potência ativa (DGEP), cabe
ressaltar que, em função do cenário energético em análise, diferentes restrições para
essas variáveis dependentes deverão ser especificados para alguns barramentos
específicos. Os limites de geração e absorção de potência reativa dos compensadores
estáticos devem ser definidos através do código DLCE.
Elaborado o arquivo de entrada para a simulação do fluxo de potência ótimo
considerando a função objetivo de maximização de fluxo de potência ativa, resta a
execução do programa que disponibiliza:
Relatório de alterações realizadas a partir do ponto de operação inicial para
a obtenção do novo ponto de operação com o intercâmbio maximizado
(altera.dat);
Relatório com os fluxos por linha que compõem o intercâmbio entre as
regiões ou áreas em que também são mencionadas as variáveis que
limitaram a função objetivo (sumario.out);
Arquivo do programa ANAREDE considerando o novo ponto de operação.
De forma a garantir uma melhor convergência durante o processo de otimização, é
bastante recomendável que sejam evitadas restrições de tensão com faixas muito
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
82
estreitas. É preferível que essa consideração seja feita de forma gradativa até que seja
alcançada plenamente a faixa de tensão desejada. O mesmo tratamento deve ser dado à
faixa de geração de potência reativa dos compensadores síncronos e compensadores
estáticos.
Vale ressaltar que o analista, após o cálculo do Fluxo de Potência Ótimo, deve
observar detalhadamente as variáveis que restringiram a maximização da função
objetivo (variáveis no limite) que, no caso, é a maximização da potência ativa de uma
área para outra ou em um conjunto de circuitos. Em algumas situações, essas restrições
podem não estar diretamente associadas ao aumento do intercâmbio e, nesses casos, as
mesmas devem ser relaxadas de forma a dar continuidade na busca do limite de regime
permanente. Dessa forma, como essa verificação automática (método de relaxação
Lagrangeana) não está disponível no programa FLUPOT, essa tarefa caberá ao analista.
V.4 Problemas e Soluções Adotadas
A metodologia proposta quando aplicada a sistemas de pequeno porte tem aplicação
direta e sem grandes problemas. No entanto, ao ser utilizado um sistema de médio ou
grande porte, algumas intercorrências podem surgir, conforme relatadas a seguir:
Modelagem dos compensadores estáticos: dificuldade na convergência de alguns
casos que estavam num ponto de operação próximo de seu limite, o que
implicou a necessidade de modelagem de descontinuidades. Dependendo do
estado da rede, o compensador estático de reativo - CER era solicitado a mudar
de faixa de operação (da faixa linear para a capacitiva). E quando a convergência
caminhava para a descontinuidade o Método de Pontos Interiores oscilava em
torno do círculo vermelho, ver Figura 15. Logo, o resultado era que a
convergência não era obtida e o processo iterativo tornava-se oscilatório em
torno do ponto de descontinuidade. A solução foi a introdução de uma heurística
que permite ao Método de Pontos Interiores identificar o processo oscilatório e a
tomar a decisão de manter o CER na faixa linear ou na capacitiva de acordo com
a tendência da solução. Cabe ressaltar que se o CER estiver atuando na faixa
linear, o controle de tensão estará presente enquanto que, na faixa capacitiva o
controle não estará presente. Em outras palavras, altera-se a região de
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
83
viabilidade de solução. Repare também que as faixas de tensões das barras
(restrições canalizadas) na região do CER têm influência direta neste problema.
Figura 15 Faixas de Operação do CER
Abrangência das áreas elétricas originalmente estabelecidas nos casos de fluxo
de potência: para a realização de estudos utilizando o programa de Fluxo de
Potência Ótimo, é de fundamental necessidade a definição precisa das áreas de
monitoração e das áreas de controle. A área de monitoração abrange os controles
monitorados que podem ter seus limites especificados pelo usuário, fluxos em
circuitos, fator de potência e função objetivo. A área de controle deve abranger
os controles a serem otimizados e delimita as faixas de tensão, de tapes e de
fontes de potência reativa. A união do conjunto de áreas de monitoração e áreas
de controle constitui a região de interesse do problema de otimização. Essas
áreas estão definidas, em geral, nos estudos de fluxo de potência levando em
consideração apenas as empresas proprietárias dos ativos. Porém, para o
programa de otimização que esteja utilizando a função de maximização de
intercâmbios entre regiões, é de suma importância também classificá-las quanto
max
V
0
V
min
V
max
CER
Q
min
CER
Q
Q
V
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
84
à região geográfica e à abrangência da rede, ou seja, identificar conjuntos de
barramentos que pertencem à Rede Básica, Rede de Fronteira ou Rede de
Distribuição [45]. Para tal, foi parte desse trabalho, o desenvolvimento de um
aplicativo, denominado de PRÉ-FLUPOT, que redefine as áreas do caso de fluxo
de potência, em função das regiões geográficas e funções de controle envolvidas
no processo de maximização do intercâmbio. O detalhamento do programa PRÉ-
FLUPOT será assunto da Seção V.5.
Existência de pequenas usinas que pertencem às áreas de interesse e que, em
função disso, têm seus despachos elevados para atender a função objetivo: o
redespacho dessas usinas pequenas não é, na maioria das vezes, alterado durante
o processo de cálculo do limite de intercâmbio por se tratarem de usinas
conectadas aos sistemas de distribuição que devem ter seus despachos fixados
por premissa dos estudos de limites de interligação. A utilização dessas usinas
no FPO pode levar a uma grande diferença nos resultados alcançados a partir da
metodologia proposta, quando comparada com o processo convencional. Para
contornar esse problema, tais usinas são identificadas e retiradas da área de
interesse. Essa é uma função adicional do programa PRÉ-FLUPOT, que será
detalhado na Seção V.5.
Violações de tensão em alguns barramentos que comprometem a maximização
dos limites de intercâmbio: alguns barramentos fictícios ou até mesmo
barramentos de bancos de capacitores podem limitar, sem necessidade, o valor
do intercâmbio. O programa P-FLUPOT identifica tais barramentos e remove
da base de dados do FPO os limites de tensão associados a eles.
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
85
V.5 Programa PRÉ-FLUPOT
Considerando o elevado número, tanto de restrições físicas, quanto de variáveis de
controle envolvidas num problema de otimização de um sistema de grande porte como o
SIN, foi necessária a elaboração de um aplicativo denominado PRÉ-FLUPOT. O
programa fonte, dados de entrada e orientação para a sua utilização estão em CD
apenso. Esse aplicativo busca essencialmente uma preparação automática e inteligente
do arquivo base de FPO, a partir de uma base de dados comum a outros programas
utilizados no planejamento da operação. A Figura 16 mostra, em detalhes, os arquivos
de entrada de dados e as saídas desse novo aplicativo.
Os Blocos 1 e 2 da Figura 16 são dados de entrada que contêm informações de
nível de tensão, área geográfica (estado), grupo base de tensão e grupo limite de tensão
a que pertencem cada barramento do SIN. O Bloco 3 da Figura 16 informa a estrutura
básica do arquivo principal para a simulação do programa FLUPOT [18], ou seja, todos
os códigos de execução que serão devidamente preenchidos após a execução do
aplicativo. O único código que deve ser completamente preenchido é o que indica a(s)
linhas de transmissão em que os fluxos deverão ser maximizados (DVES). Os Blocos 4
e 5 da Figura 16 contêm informações dos compensadores estáticos e dados de máquinas,
incluindo reatâncias de transformadores elevadores, respectivamente. O arquivo de
entrada correspondente ao Bloco 6 da Figura 16, contém informação do ponto de
operação a partir do qual será iniciado o processo de lculo do valor limite de
intercâmbio.
O aplicativo PRÉ-FLUPOT gera três arquivos de saída. O primeiro é o arquivo
modelo.fpo (Bloco 7 da Figura 16) que, a partir do arquivo cart.pwf (Bloco 6) identifica
os barramentos da rede básica e rede básica de fronteira com seus níveis de tensão
violados, antes do início do processo de otimização e, em função disso, considera a
abertura desses limites de tensão, por barramento, pela utilização do código DVLB.
Ainda nesse arquivo de saída, modelo.fpo, são preenchidos os códigos DGEP, DGLM e
DLCE, conforme a região geográfica a que os recursos de controle pertencem, a partir
de informações de limites das usinas, compensadores síncronos e compensadores
estáticos do arquivo de entrada do aplicativo ANAT0, chamado de bnt1.dat (Bloco 5).
Considerando que foi necessária a redefinição das áreas originais para caracterizar
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
86
devidamente as regiões de controle e de interesse de forma a delimitar a utilização dos
recursos para o controle das variáveis de interesse, o programa gera mais dois arquivos,
conforme mostrado no Bloco 8 da Figura 16. O primeiro desses dois arquivos é o
área_nova.d, que é um dado de entrada a ser considerado no programa ANAREDE,
antes da utilização do programa FLUPOT. Por meio desses arquivos, as barras são
alocadas em função da área geográfica e da abrangência da rede (se é rede básica, rede
de fronteira com a rede básica, rede de distribuição, barra de usina, etc). Além disso,
também modifica as barras do tipo “geração” (PV) que não estiverem no bnt1.dat, para
barras do tipo “carga” (PQ), passando a indicar uma injeção de potência ativa fixa
naquele barramento. Esse procedimento visa evitar que alguns recursos associados a
pequenas usinas (fornecimento de potências ativa e reativa), normalmente não utilizados
na maximização do intercâmbio, sejam explorados durante o processo de otimização. O
segundo arquivo mostrado no Bloco 8 da Figura 16 é o área_inic que viabiliza, caso seja
necessário, retornar os barramentos para as áreas definidas antes da utilização do
programa FLUPOT. Esse procedimento de retorno para as áreas originais deve ser
adotado previamente à simulação dinâmica do novo ponto de operação em função da
compatibilidade com a base de dados do programa ANATEM [49].
Em resumo, o aplicativo PRÉ-FLUPOT, desenvolvido em FORTRAN, lê diversas
informações a partir de arquivos da base de dados do SIN, gerando, de forma totalmente
automática, a base de dados para a execução do FPO no programa FLUPOT. Vale
destacar que a utilização do PRÉ-FLUPOT viabiliza a utilização do FPO para o SIN.
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
87
Figura 16 Dados de Entrada e Saída do Aplicativo PRÉ-FLUPOT
A partir da implementação dessa metodologia, será possível a utilização da função
de maximização do intercâmbio entre duas regiões que considera como função de
controle a geração da região exportadora até se atingir o limite de intercâmbio de regime
permanente. Cabe ressaltar que, se forem utilizadas restrições adequadas quanto ao
controle de tensão, carregamento e despachos viáveis nas diversas bacias, limites
seguros em regime permanente serão obtidos automaticamente. Essas restrições estão
representadas pelos dados de entrada do Bloco 1 da Figura 10 que, em função da
condição de carga ou do cenário de intercâmbio buscado, demandará a criação de uma
base de dados de entrada específica para a utilização da função de maximização de
intercâmbios no FPO. Note que a tarefa de preparação desses dados foi bastante
simplificada pela utilização do aplicativo PRÉ-FLUPOT, já detalhado anteriormente. Os
dados de restrições especiais [18] viabilizam o controle de somatórios de fluxos em
diversas linhas de transmissão, que representam limitações atualmente impostas ao SIN.
Essas limitações se referem, por exemplo, a máxima exportação da região Norte que é
efetuada pelo somatório dos fluxos para as regiões Nordeste e Sudeste.
Base
Externa
(Estado/
Região)
Bloco 1
GLT e GBT
Bloco 2
Modelo.FPO
Bloco 3
Estatico.d
Bloco 4
BNT1.DAT
Bloco 5
CART.PWF
Bloco 6
PRÉ-FLUPOT
MODELO.FPO
Abre limites de Barras com tensões violadas (DVLB)
na RB e RBF
DGEP conforme BNT1.DAT informado e por região e
abrangência da rede
DGLM conforme BNT1.DAT informado (DRCC)
DLCE conforme dados dos CE do BNT1.DAT
Bloco 7
Arquivos para Manipular Áreas
AREA_NOVA.D => a ser considerado no anarede
com dupla função: Alterar áreas em função da região
e nível de tensão e identificar usinas não
consideradas no BNT1.DAT e que devem ser
consideradas como barra tipo ZERO.
AREA_INIC => Se houver interesse em retornar
barras para as áreas originais, utilizar este arquivo
Bloco 8
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
88
De forma ilustrar todo o procedimento descrito até o momento, a Figura 17 mostra
os insumos e produtos passíveis de serem obtidos com a utilização do programa
FLUPOT:
Figura 17 Insumos e Produtos do FLUPOT
V.6 Simulações para Análise do Desempenho de Regime Permanente
e Dinâmico
Obtido o ponto de operação que maximiza o intercâmbio, deve-se atualizar as reatâncias
dos transformadores elevadores das usinas, uma vez que foram alterados os despachos
de potência ativa (limites considerados no código DGEP) e potência reativa (limites
considerados nos códigos DGLM e DLCE) das usinas, compensadores síncronos e
compensadores estáticos que fazem parte da área de interesse (áreas definidas no código
Programa
Pré-Flupot
Base de Dados
FLUPOT
Mínima Perda - LOSS
Restrições Associadas a
Equipamentos de Suporte
de Tensão
Faixas de Tensão
Específicas por Condição
Operativas
Máxima Transferência de
Potência Ativa - MXTR
Custo de Instalação de
Shunt Reativo - ASHN
Controle de Tensão -
CLTN
Restrições de Geração
Intercâmbio Maximizado
Gera Deck considerando
Modificações nos Casos de
Trabalho
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
89
DARI). Essa atualização é feita por meio da utilização do aplicativo ANAT0 [48], que
prepara um arquivo de associação dos barramentos das usinas aos seus dados de
controle denominado usualmente por dmaq.dat . Esse arquivo será utilizado em etapa
seguinte como entrada de dados do programa ANATEM [49].
O próximo passo é a consideração do arquivo de saída do aplicativo P-
FLUPOT denominado area_inic.d que deverá retornar com a numeração das áreas
usualmente utilizada no programa ANAREDE [47] com o objetivo de evitar
incompatibilidade com os arquivos da base de dados do programa ANATEM [49].
A partir desse novo ponto de operação, deve-se proceder as simulações dinâmicas
de todas as emergências simples candidatas a restringir o valor de intercâmbio
calculado, considerando os critérios de regime permanente.
Tendo sido simuladas todas as emergências candidatas a limitar o valor do
intercâmbio em análise, utiliza-se o aplicativo que, a partir da leitura dos arquivos de
saída do programa ANATEM [49], verificará o atendimento a todos os critérios
estabelecidos nos Procedimentos de Rede do ONS [45] conforme relacionados em
capítulo anterior.
No horizonte de médio prazo, quando ainda há tempo exequível para a proposição
de reforços para a rede, caso o valor do limite calculado represente uma restrição muito
severa sob o ponto de vista energético, deve-se avaliar a proposição ampliações e/ou
reforços para o sistema de forma a eliminar a restrição ativa, quer essa tenha sido
identificada na etapa de simulação de regime permanente ou dinâmico. Para a exceção
de tal avaliação todo o procedimento de cálculo deverá ser repetido até que o novo valor
de limite de intercâmbio seja encontrado. Em função dos resultados encontrados nas
análises energéticas, essa recomendação poderá ser ainda mais fortemente
recomendada, pois a limitação pode implicar um maior risco de déficit ou o aumento
do Custo Marginal da Operação CMO, conforme abordado na Seção III.3.
Metodologia Proposta
E.Sant`Anna
90
V.7 Sumário
Este capítulo teve o propósito de descrever a metodologia proposta detalhadamente de
forma a facilitar sua implementação.
Na seção V.3 foi mostrada a função objetivo de maximização de transferência de
potência ativa, MXTR, do programa FLUPOT [18], incluindo o comando DCON que
relaciona os recursos de controle a serem utilizados em conjunto com a função objetivo
mencionada.
As tentativas iniciais de utilização do programa de FPO aplicado a um sistema de
grande porte demandaram alguns procedimentos de preparação da base de dados que
também foram mencionados nas seções V.4 e V.5.
A seção V.5 mostra as principais características e funcionalidades do programa
PRÉ-FLUPOT elaborado nesta dissertação com o objetivo de facilitar a preparação dos
dados de entrada para a utilização do programa de FPO. A manipulação dos dados de
um sistema de grande porte ficaria bastante comprometida caso esse programa o
estivesse disponibilizado.
A seção V.6 descreve os procedimentos para as análises de regime permanente e
dinâmico a partir do ponto de operação elaborado pelo FPO.
* * *
Resultados
E.Sant`Anna
91
Capítulo VI Resultados
VI.1 Introdução
Este capítulo apresenta os resultados da aplicação das metodologias convencional
(atual) e proposta em dois sistemas. O primeiro consiste de um equivalente do SIN,
onde estão representados em detalhes os subsistemas das regiões Norte e Nordeste.
Nesse caso, todo o sistema elétrico das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste (exceto pela
interligação Norte Sul) foi representado por uma rede equivalente, calculada através
do programa ANAREDE Aplicativo de Equivalente de Redes [47]. O segundo sistema
consiste de todo o Sistema Interligado Nacional SIN.
As metodologias descritas nos capítulos anteriores foram aplicadas nos dois
sistemas para determinação do limite de recebimento pela região Nordeste RNE.
Além disso, para o sistema completo, também foi avaliado o limite de recebimento pela
região Sul RSUL. A Tabela 5 mostra uma síntese dos limites avaliados.
Sistema
(1)
Abrangência da Rede
Limite Calculado
1
Sistema Norte Nordeste e
Interligação Norte-Sul
Recebimento pela região
Nordeste - RNE
2
Sistema Interligado
Nacional - Completo
Recebimento pela região
Nordeste - RNE
2
Sistema Interligado
Nacional - Completo
Recebimento pela região
Sul - RSUL
Tabela 5 Sistemas Teste Utilizados
(1) Os dados e as características básicas desses sistemas estão referenciados no
Anexo B.
Resultados
E.Sant`Anna
92
VI.2 Resultados das Simulações para o Cálculo do Limite de
Intercâmbio
VI.2.1 Sistema 1 Limite de RNE
A metodologia proposta foi testada para o cálculo da máxima exportação da região
Norte, priorizando-se o recebimento pela região Nordeste (RNE). Para o estudo
realizado, os subsistemas das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste foram modelados por
um equivalente na barra de 500 kV da subestação de Serra da Mesa. Assim, trabalhou-
se com um sistema reduzido composto por 678 barras.
A função objetivo aplicada foi a maximização do recebimento pela região
Nordeste (RNE) representado pelos fluxos nas linhas de interligação com essa região,
conforme indicado na Figura 18.
Figura 18 - Diagrama do Sistema Teste: 678 barras
Resultados
E.Sant`Anna
93
Durante o processo de maximização do intercâmbio da região Norte para a região
Nordeste, foram utilizados os controles das tensões terminais dos geradores, seus
despachos de potência ativa e reativa, assim como os tapes dos transformadores. Deve
ser ressaltado que todos esses recursos pertencem à área de controle fornecida como
dado para o FPO.
O máximo intercâmbio foi calculado por meio da metodologia convencional (sem
a utilização do FPO) e também pelo procedimento proposto. A Tabela 6 mostra os
resultados alcançados.
Metodologia Tradicional
Metodologia Proposta
Regime
Permanente
Dinâmico
Permanente
Dinâmico
3258 MW
3100 MW
3488 MW
3300 MW
Tabela 6 - Limites de Recebimento pela Região Nordeste - RNE
O nível de tensão na barra de 500 kV de Presidente Dutra (região Nordeste) foi
um fator limitante em ambas as metodologias na análise de regime permanente. Porém,
pode-se observar que, em função da utilização do programa de otimização, o
intercâmbio alcançado pela metodologia proposta foi cerca de 7% superior àquele
obtido com a metodologia convencional (3488 MW contra 3258 MW).
A análise dinâmica também mostra a obtenção de intercâmbios maiores pelo uso
da nova metodologia (3300 MW contra 3100 MW). Isso se em função da melhor
utilização dos recursos disponíveis pelo programa de otimização. Em ambos os casos, o
que limitou esse intercâmbio foi a perda da interligação Sudeste Nordeste (LT 500 kV
Bom Jesus da Lapa Rio das Éguas). A emergência desse circuito provoca um aumento
de carregamento nas linhas que chegam à região Nordeste e, por conseguinte, acarretam
em sobrecarga no compensador estático da SE Fortaleza. Deve-se ressaltar que esses
resultados não devem ser comparados aos limites reais por se tratar de um sistema
Resultados
E.Sant`Anna
94
reduzido. Além disso, não foram considerados esquemas de controle e segurança
associados às emergências.
VI.2.2 Sistema 2 Limite de RNE
As simulações realizadas com o sistema equivalente (Sistema 1) discutidas na seção
anterior serviram de base para a implementação da metodologia proposta e foram
importantes na identificação dos problemas encontrados e na definição de soluções.
Entretanto, o objetivo final desse trabalho foi o desenvolvimento do método aplicado a
sistemas de grande porte. Desta forma, essa seção apresenta os resultados obtidos com o
Sistema Interligado Nacional, onde foi considerada sua base de dados completa, tanto
nos estudos de regime permanente, quanto nas simulações do desempenho dinâmico.
VI.2.2.1 Resultados Obtidos pelo Uso da Metodologia Tradicional
A partir do caso de trabalho que considera despachos típicos do período por bacias
foram realizados sucessivos redespachos de forma a aumentar a geração das usinas das
regiões Norte, Sudeste / Centro Oeste e Sul (regiões exportadoras) e reduzir a geração
das usinas da região Nordeste (região importadora). No caso do aumento do despacho
das usinas das regiões exportadoras, foi dada prioridade ao aumento do despacho da
região Norte e, somente após o despacho pleno da UHE Tucuruí (Norte), foi aumentado
o despacho das demais usinas das regiões exportadoras. Esse processo de redespacho
manual é feito sempre atendendo às premissas de despachos máximos e mínimos,
respectivamente. Além disso, para cada um dos redespachos mencionados, as tensões do
sistema são reajustadas de forma a viabilizar a convergência do caso de fluxo de
potência para um ponto de operação factível.
Por esse processo, obteve-se um máximo valor de recebimento pela região
Nordeste de 5107 MW. Os fatores limitantes foram a geração máxima da UHE Tucuruí
(7920 MW) e o valor mínimo da tensão da barra de 500 kV da SE Presidente Dutra
(1,060 pu). Os principais fluxos do SIN para o ponto de operação obtido o
apresentados na Tabela 7.
Resultados
E.Sant`Anna
95
Anteriormente à avaliação do sistema sob o ponto de vista de desempenho
dinâmico, utiliza-se o aplicativo ANAT0 [48], visando ajustar os limites de
geração/absorção de potência reativa das usinas em função dos seus despachos de
potência ativa, atualizar as reatâncias dos transformadores elevadores em função do
número de unidades despachadas e gerar o arquivo de equivalência de dados de
controles das máquinas. Esse arquivo é parte do arquivo de entrada para o programa
ANATEM [49], utilizado na simulação dinâmica das emergências. Demais partes desse
arquivo estão disponibilizadas no banco de dados do ONS [46] e seus principais dados
são: a) Dados de controles não definidos por meio de Controlador Definido pelo
Usuário (CDU), b) Dados de modelos de relés, elos DC, c) Dados de esquemas de
rejeição automática de carga, d) Dados de eventos a serem simulados (grandes
distúrbios) para a análise da estabilidade transitória. Neste estudo, foram consideradas
todas as emergências de linhas de transmissão de 500 kV e desligamentos de grandes
blocos de geração das regiões envolvidas.
Patamar
Fluxos nas Interligações (MW)
FNE
(1)
FGUSM
(2)
SENE
(3)
RNE
(1)
EXPN
(4)
TUC
(5)
FSM
(6)
RSUL
(7)
Média
4190
483
904
5107
3990
7920
878
-880
(1) Os fluxos que compõem o Fluxo para da região Norte para a região Nordeste (FNE) e o Recebimento pela região Nordeste (RNE) estão
indicados na Figura 3 (2) FGUSM Fluxo na LT 500 kV Gurupi Serra da Mesa (3) SENE Fluxo na LT 500 kV Serra da Mesa Rio das
Éguas (4) EXPN (Exportação da região Norte) = FNE + Fluxo LT 500 kV Colinas/Miracema C1, C2 e C3 em Miracema Fluxo na LT 230 kV
Teresina/Coelho Neto (5) Despacho total na UHE Tucurui (6) Fluxo chegando a SE 500 kV Serra da Mesa (7) Recebimento pela região Sul
Tabela 7 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente - RNE = 5107 MW
A análise do desempenho dinâmico a partir ponto de operação mencionado na
Tabela 7 mostra que, dentre todas as emergências simuladas (cerca de 50), a da LT 500
kV Bom Jesus da Lapa Rio das Éguas é o evento que define o limite do intercâmbio
entre as regiões Norte/Sudeste/Centro Oeste/Sul e Nordeste. A emergência foi simulada
pela aplicação de um curto-circuito monofásico na referida LT, próximo ao barramento
de 500 kV da SE Bom Jesus da Lapa. Com duração de 100 ms, o defeito é eliminado
pela abertura da referida linha de transmissão, que provoca um grande distúrbio no
ponto de operação de regime permanente considerado e permite a análise da
estabilidade transitória do sistema após o distúrbio.
Resultados
E.Sant`Anna
96
Para essa emergência, violação do critério de máximo desvio angular entre as
máquinas da região Norte (Tucuruí) e Nordeste (Paulo Afonso IV). Segundo esse
critério [45], as inequões IV-1 e IV-2 devem ser atendidas:
A Figura 19 mostra o desvio angular obtido na simulação da emergência da LT
500 kV Bom Jesus da Lapa Rio das Éguas, indicando a violação do critério angular
mencionado para o valor de RNE igual a 5107 MW.
Para o atendimento do critério angular foi necessária a redução do intercâmbio da
região Norte para a região Nordeste, de forma a restringir a abertura angular entre os
dois subsistemas. Assim foi reduzido o despacho da Usina Hidroelétrica de Tucuruí e
aumentados os despachos das principais usinas da região Nordeste. Essa redução foi o
equivalente a restringir o valor de RNE a 4656 MW.
Figura 19 - Excursão da Diferença Angular entre Tucuruí e P. Afonso IV para o Limite de Regime
Permanente (RNE=5107 MW) e para o Limite de Regime Dinâmico (RNE=4656 MW)
70,5
80,7
90,9
101,2
111,4
0, 5, 10, 15, 20, 25,
DELT 6419 10 TUCURUI1-4GR 5022 10 PAFO-4G1-4GR
DELT 6419 10 TUCURUI1-4GR 5022 10 PAFO-4G1-4GR
δ
máx
= 111°
Δ
final
= 100°
δ
máx
= 93°
Δ
final
= 85°
RNE = 4656 MW
RNE = 5107 MW
Resultados
E.Sant`Anna
97
A Tabela 8 a seguir mostra as principais referências de fluxos correspondentes ao
ponto de operação que atende a todos os critérios de regimes permanente e dinâmico.
Patamar
Fluxos nas Interligações (MW)
FNE
(1)
FGUSM
(2)
SENE
(3)
RNE
(1)
EXPN
(4)
TUC
(5)
FSM
(6)
RSUL
(7)
Média
3814
597
830
4656
3728
7619
1067
-880
(1) Os fluxos que compõem o Fluxo para da região Norte para a região Nordeste (FNE) e o Recebimento pela região Nordeste (RNE) estão
indicados na Figura 3 (2) FGUSM Fluxo na LT 500 kV Gurupi Serra da Mesa (3) SENE Fluxo na LT 500 kV Serra da Mesa Rio das
Éguas (4) EXPN (Exportação da região Norte) = FNE + Fluxo LT 500 kV Colinas/Miracema C1, C2 e C3 em Miracema Fluxo na LT 230 kV
Teresina/Coelho Neto (5) Despacho total na UHE Tucurui (6) Fluxo chegando a SE 500 kV Serra da Mesa (7) Recebimento pela região Sul
Tabela 8 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Dinâmico - RNE = 4656 MW
VI.2.2.2 Resultados Obtidos pelo Uso da Metodologia Proposta
Durante o processo de maximização do intercâmbio da região Norte para a região
Nordeste foram utilizados os controles das tensões terminais dos geradores, seus
despachos de potência ativa e reativa, assim como os tapes dos transformadores. Deve
ser ressaltado que todos esses recursos pertencem à área de controle fornecida como
dado de entrada para o FPO, uma vez que a utilização do aplicativo PRÉ-FLUPOT
viabilizou essa identificação por região geográfica e a abrangência da rede. A partir do
arquivo de entrada do Fluxo de Potência Ótimo, foi executado o programa FLUPOT que
através da utilização dos recursos de controle disponibilizados e do estabelecimento de
todos os limites das variáveis dependentes estabelecidos, alcançou-se o valor de 5196
MW de limite de regime permanente. Durante o processo de maximização do
intercâmbio, foram considerados chaveamentos discretos de recursos de controle de
tensão de pontos estratégicos do sistema que são usualmente utilizados. Os fatores
limitantes do recebimento pela região Nordeste, neste caso, foram o nível mínimo de
tensão na SE 500 kV Presidente Dutra de 1,060 pu e o máximo despacho na UHE
Tucuruí.
Resultados
E.Sant`Anna
98
A Tabela 9 mostra as principais referências de fluxos correspondentes ao ponto de
operação que atende a todos os critérios de regime permanente.
Patamar
Fluxos nas Interligações (MW)
FNE
(1)
FGUSM
(2)
SENE
(3)
RNE
(1)
EXPN
(4)
TUC
(5)
FSM
(6)
RSUL
(7)
Média
4220
445
959
5196
4000
7916
798
-880
(1) Os fluxos que compõem o Fluxo para da região Norte para a região Nordeste (FNE) e o Recebimento pela região Nordeste (RNE) estão
indicados na Figura 3 (2) FGUSM Fluxo na LT 500 kV Gurupi Serra da Mesa (3) SENE Fluxo na LT 500 kV Serra da Mesa Rio das
Éguas (4) EXPN (Exportação da região Norte) = FNE + Fluxo LT 500 kV Colinas/Miracema C1, C2 e C3 em Miracema Fluxo na LT 230 kV
Teresina/Coelho Neto (5) Despacho total na UHE Tucurui (6) Fluxo chegando na SE 500 kV Serra da Mesa (7) Recebimento pela região Sul
Tabela 9 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente - RNE = 5196 MW
O próximo passo foi utilizar o aplicativo ANAT0 [48] com os mesmos objetivos
relatados no método tradicional para depois analisar o desempenho dinâmico. A partir
desse novo ponto de operação, foram simuladas todas as emergências analisadas pelo
método tradicional.
De forma a automatizar a etapa de análise dos resultados do programa ANATEM,
foi utilizado o aplicativo associado a uma planilha Excel que avalia o atendimento dos
critérios estabelecidos nos procedimentos de rede do ONS [45], ver seção V.2.
A saída desse aplicativo mostra que a emergência que limitou o RNE foi a mesma
identificada, quando da utilização da metodologia tradicional, ou seja, a da LT 500 kV
Bom Jesus da Lapa Rio das Éguas (interligação Sudeste Nordeste). Para essa
emergência, o sistema apresentou carregamentos próximos dos limites de potência
reativa nas máquinas da usina de Boa Esperança, no compensador estático de Fortaleza
e no compensador síncrono da SE Teresina.
A Figura 20 mostra o desvio angular obtido na simulação da emergência da LT
500 kV Bom Jesus da Lapa Rio das Éguas, indicando a violação do critério
mencionado para o valor de RNE igual a 5196 MW. Para o atendimento do critério
angular foi necessária a redução do intercâmbio da região Norte para a região Nordeste,
de forma a restringir a abertura angular entre os dois subsistemas. Dessa forma, foi
reduzido o despacho da Usina Hidroelétrica de Tucuruí e aumentados os despachos das
principais usinas da região Nordeste. Os redespachos mencionados foram realizados por
Resultados
E.Sant`Anna
99
meio de redefinição dos limites de geração no código DGEP. Essa redução do
intercâmbio foi o equivalente a restringir o valor de RNE a 4742 MW.
Figura 20 - Excursão da Diferença Angular entre Tucuruí e P. Afonso IV para o Limite de Regime
Permanente (RNE=5196 MW) e para o Limite de Regime Dinâmico (RNE=4742 MW)
A Tabela 10 a seguir mostra as principais referências de fluxos correspondentes
ao ponto de operação que atende a todos os critérios de regime permanente e dinâmico.
Patamar
Fluxos nas Interligações (MW)
FNE
(1)
FGUSM
(2)
SENE
(3)
RNE
(1)
EXPN
(4)
TUC
(5)
FSM
(6)
RSUL
(7)
Média
3829
370
900
4742
3533
7400
786
-880
(1) Os fluxos que compõem o Fluxo para da região Norte para a região Nordeste (FNE) e o Recebimento pela região Nordeste (RNE) estão
indicados na Figura 3 (2) FGUSM Fluxo na LT 500 kV Gurupi Serra da Mesa (3) SENE Fluxo na LT 500 kV Serra da Mesa Rio das
Éguas (4) EXPN (Exportação da região Norte) = FNE + Fluxo LT 500 kV Colinas/Miracema C1, C2 e C3 em Miracema Fluxo na LT 230 kV
Teresina/Coelho Neto (5) Despacho total na UHE Tucurui (6) Fluxo chegando na SE 500 kV Serra da Mesa (7) Recebimento pela região Sul
Tabela 10 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Dinâmico - RNE = 4742 MW
66,3
78,5
90,7
103,
115,2
0, 5, 10, 15, 20, 25,
DELT 6419 10 TUCURUI1-4GR 5022 10 PAFO-4G1-4GR
DELT 6419 10 TUCURUI1-4GR 5022 10 PAFO-4G1-4GR
δ
máx
= 115°
δ
máx
= 102°
δ
máx
= 92°
δ
máx
= 83°
RNE = 5196 MW
RNE = 4742 MW
Resultados
E.Sant`Anna
100
VI.2.2.3 Análise Comparativa
A Tabela 11 mostra a comparação entre os resultados alcançados em ambas as
metodologias.
Metodologia Convencional
(RNE)
Metodologia Proposta
(RNE)
Regime
Permanente
Regime
Dinâmico
Regime
Permanente
Regime
Dinâmico
5107 MW
4656 MW
5196 MW
4742 MW
Tabela 11 - Comparação de Resultados
A Figura 21 mostra uma comparação entre os despachos das usinas que compõem
a região exportadora, ou seja, usinas das regiões Sudeste e Centro Oeste. Os despachos
das usinas da região Sul não foram explorados neste caso por estar fora da região de
interesse. Portanto, esses despachos foram mantidos constantes em ambas as
metodologias. A figura também mostra quais usinas foram exploradas de forma a
computar a diferença de 116 MW a maior verificada quando utilizado o FPO. Pode-se
observar que, em geral, os despachos das grandes hidroelétricas da região Sudeste foram
reduzidos pelo FPO e, em contrapartida, usinas térmicas que não estavam despachadas
no caso convencional foram despachadas. Esse procedimento foi adotado pelo FPO
visando contornar restrições de tensão em barras associadas ao sistema de escoamento
dessas usinas ou despachar usinas mais próximas dos centros de carga. Em geral, esse
procedimento somente é adotado quando há grandes e importantes violações de tensões.
Neste caso, devem-se realizar investigações detalhadas de tal forma que fique
assegurado que as restrições identificadas como ativas, realmente, causem um grande
comprometimento do desempenho do sistema. As demais restrições menores e de pouco
comprometimento devem ser sejam flexibilizadas. O procedimento recomendado
poderá evitar o despacho de térmicas, indicadas na Figura 21, que têm custo elevado
para sua operação.
Resultados
E.Sant`Anna
101
Figura 21 Comparação Despachos Usinas da Região Exportadora
A Figura 22 mostra uma comparação entre os despachos da região importadora
(região Nordeste) considerados no ponto de operação correspondente à metodologia
convencional e os praticados pela metodologia proposta que utiliza o FPO. Pode-se
observar que algumas usinas foram despachadas e outras foram zeradas, quando da
aplicação da metodologia proposta (FPO), conforme assinalado na mesma figura.
Usualmente, os despachos das usinas pertencentes à bacia do Rio São Francisco devem
ter um despacho coordenado com os seus respectivos rendimentos de suas turbinas.
Essa restrição implica num despacho relativo entre cada uma das usinas, o que ainda
não foi modelado de forma sistemática para a sua aplicação automática no FPO, ver
seção VII.3 mais adiante (recomendação de trabalho futuro). As reduções de despachos
mais significativas na região importadora foram verificadas nas usinas de Xingó e Luiz
Gonzaga quando da aplicação da metodologia proposta.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
ANGRA-1--1GR
FURNAS---7GR
ITUMBIAR-5GR
MARIMBON-7GR
P.COLOMB-4GR
SCRUZ-19-000
SCRUZ-13-000
SCRUZ-16-000
CORUMBA--3GR
S.MESA---2GR
FONTES---3GR
I.POMBOS-4GR
EMBORCAC-4GR
HBORD-88-2GR
HBORD230-3GR
PIR-13.8-000
PIR-14.4-000
HBORD-88-3GR
A.VERMEL-5GR
I.SOLTE-15GR
JUPIA---10GR
P.PRIMA-11GR
T.IRMAOS-4GR
Tradicional - RNE= 5107 MW
Proposta - RNE= 5196 MW
Região Exportadora
Diferea Despachos Metodologia s
Convencional - Proposta = -116 MW
Geração Térmica
Geração Térmica
Resultados
E.Sant`Anna
102
Figura 22 Comparação Despachos Usinas da Região Importadora
Em suma, apesar de ter se alcançado um valor de intercâmbio ligeiramente
superior na metodologia proposta, ainda cabe uma modelagem mais aprimorada que
leve em consideração os despachos da usinas da cascata do Rio São Francisco, de forma
coordenada. Tal modelagem deverá a partir da vazão a montante da usina de
Sobradinho, estabelecer um despacho coordenado das demais usinas da cascata até a
usina de Xingó, que deverá ser definido de forma automática pelo programa de FPO.
A Figura 23 mostra o perfil de tensão da região importadora, onde cabe ressaltar
que, apesar de ter sido atendido o nível nimo de tensão estabelecido no arquivo de
entrada do programa de FPO, verificou-se um nível de tensão baixo nas subestações de
230 kV de Boa Esperança, Teresina e Coelho Neto. Nas demais subestações o ajuste
proposto pelo FPO foi bastante adequado e bastante próximo do que é usualmente
praticado (metodologia convencional).
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
PAFO-1G1-1GR
PAFO-2G1-000
PAFO-2G3-000
PAFO-2G4-000
PAFO-2G5-000
PAFO-2G6-000
PAFO-3G1-1GR
PAFO-3G2-000
PAFO-4G1-4GR
ASALESG1-2GR
ASALESG2-000
LGONZAG1-2GR
LGONZAG2-2GR
XINGO----4GR
R.LARGO--069
PIRAPAMA-069
GOIANINH-069
MUSSURE--069
PROINFA--069
RIBEIRAO-069
PENEDO---069
RUSSAS---069
ENACEL---069
C.QUEBRAD069
B.VENTOS-069
UEE PFM--034
FORTALEZ-069
ALEGRIA1-034
ALEGRIA2-034
P.MORGADO 69
PIRIPIRI-138
BOAESP-2-1GR
UEE ICZ--034
CAUIPE---069
TERMFTZG-1GR
SOBRADIN-4GR
BARREIRAS138
UHSAMU-1-3GR
UTRMAD-1-000
PROINFA--138
Tradicional - RNE= 5107 MW
Proposta - RNE= 5196 MW
Região Importadora
Diferença Despachos Metodologia s
Convencional - Proposta = 89 MW
Despachadas pela
Metodologia
Proposta
Zeradas pela
Metodologia
Proposta
Resultados
E.Sant`Anna
103
Figura 23 Perfil de Tensão Região Importadora
VI.2.3 Sistema 2 Limite de RSUL
Dando prosseguimento às análises considerando o caso teste do Sistema Interligado
Nacional, foi calculado o limite de recebimento pela região Sul (RSUL). As seções
seguintes apresentam os resultados obtidos com a metodologia tradicional e com a
metodologia proposta, assim como uma análise comparativa detalhada desses
resultados.
VI.2.3.1 Resultados Obtidos pelo Uso da Metodologia Tradicional
A partir do caso de trabalho que considera despachos típicos do período por bacias,
foram realizados sucessivos redespachos de forma a aumentar a geração das regiões
exportadoras (Norte, Nordeste, Sudeste e Centro Oeste) e reduzir a geração da região
importadora (Sul). Esse processo de redespachos manuais é feito sempre atendendo às
premissas de despachos máximos e mínimos, respectivamente. Além disso, para cada
um dos redespachos mencionados, as tensões do sistema são reajustadas de forma a
viabilizar a convergência do caso de fluxo de potência a cada etapa. Com esse processo,
obteve-se um máximo valor de recebimento pela região Sul RSUL de 6438 MW. Os
fatores limitantes foram os níveis mínimos de tensão (0,95 pu) nas SE 525 kV Nova
Santa Rita e Gravataí localizadas na região Sul e nas SE 345 kV e Pirapora e São
0,9
0,95
1
1,05
1,1
1,15
RGONCALV-
RGONCALV-
RG-CO-01-CSF
PIRIPIRI-230
TERES-II-500
TERESINA-230
TERES-II-230
B.ESPER.-500
B.ESPER.-230
C.NETO---230
PERITORO-230
MIRANDAII500
MIRANDA--230
S.LUISII-500
S.LUIS-I-230
S.J.PIAUI500
S.J.PIAUI230
BCSSJIUSB500
BCSBEASJI500
RG-CO-02-CSF
RG-SO-02-CSF
SJP-SOB-CSC2
P.DUTRA--500
P.DUTRA--230
IMPERATR-500
IMPERATR-230
Estreito-500
P.FRANCO-230
PICOS----230
E.MARTINS230
S.LUISIII230
MARABA---500
MARABA---230
TUCURUI--500
ITACAIUN-500
ITACAIUN-230
V.CONDE--500
ACAILAND.500
GURUPI---500
GUR-SMA--500
GUR-MIR--500
GUR-SMA2-
GUR-MIR2-500
PEIXE-2--500
MIRACEM--500
LAJEADO--500
COLINAS--500
Convencional (RNE=5107 MW)
Proposta (RNE=5196 MW)
Resultados
E.Sant`Anna
104
Gotardo localizadas no estado de Minas Gerais. O motivo das restrições ativas de tensão
nas subestações do estado de Minas Gerais é decorrente do elevado fluxo de potência
ativa passante pela região, proveniente da interligação Norte - Sudeste, que usualmente
compromete bastante o perfil das tensões da malha de transmissão. Os principais fluxos
do SIN para o ponto de operação obtido são apresentados na Tabela 12.
Principais Fluxos (MW)
RSUL
(1)
FSM
(2)
FGUSM
(3)
RNE
(4)
FSENE (5)
6438
5069
3789
-917
-58
(1) Os fluxos que compõem o Recebimento pela região Sul estão indicados na Figura 3 (2) Fluxo chegando na SE 500 kV Serra da
Mesa (3) FGUSM Fluxo na LT 500 kV Gurupi Serra da Mesa (4) Recebimento pela região Nordeste (5) Fluxo da região Sudeste
para a região Nordeste (LT 500 kV Serra da Mesa Rio das Éguas)
Tabela 12 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente RSUL = 6438 MW -
Metodologia Convencional
O ponto de operação “limite” deve então ser avaliado do ponto de vista dinâmico.
Neste estudo, foram consideradas as emergências de linhas de transmissão balizadoras
do cálculo do limite de recebimento pela região Sul. Os resultados obtidos mostram que,
dentre todas as 27 emergências simuladas, a da LT 525 kV Salto Santiago - Itá é a que
define o limite o intercâmbio entre as regiões Sudeste e Sul. A emergência foi simulada
por meio da aplicação de um curto-circuito monofásico na referida LT, seguido do
desligamento dessa LT pelo seu sistema de proteção em 100 ms. Essa emergência
provocou oscilação de tensão na SE 525 kV Blumenau de aproximadamente 2% que é o
valor máximo de oscilação admitido segundo o critério estabelecido em [45].
Resultados
E.Sant`Anna
105
VI.2.3.2 Resultados Obtidos pelo Uso da Metodologia Proposta
Durante o processo de maximização do intercâmbio das regiões Norte, Nordeste,
Sudeste e Centro Oeste para a região Sul, foram utilizados os controles das tensões
terminais dos geradores, seus despachos de potência ativa e reativa, assim como os
tapes dos transformadores. Todos esses recursos pertencem à área de controle fornecida
como dado de entrada para o FPO, uma vez que a utilização do aplicativo PRÉ-
FLUPOT viabilizou essa identificação por região geográfica e a abrangência da rede,
perfeitamente alinhado ao limite de intercâmbio que se está buscando maximizar.
A partir do arquivo de entrada do fluxo de potência ótimo foi executado o
programa FLUPOT, que, com a utilização dos recursos de controle disponibilizados e
do estabelecimento de todos os limites das variáveis dependentes, alcançou o valor de
7000 MW de limite de regime permanente. Vale ressaltar que durante o processo de
maximização do intercâmbio foram considerados chaveamentos discretos de recursos de
controle de tensão do sistema. O fator limitante do recebimento pela região Sul, nesse
caso, foi o nível mínimo de tensão na SE 440 kV Santa Bárbara e o limite máximo de
geração em grande parte das usinas das regiões exportadoras. A Tabela 13 mostra as
principais referências de fluxos correspondentes ao ponto de operação que atende a
todos os critérios de regime permanente.
Principais Fluxos (MW)
RSUL
(1)
FSM
(2)
FGUSM
(3)
RNE
(4)
FSENE
(5)
7000
4268
3015
212
183
(1) Os fluxos que compõem o Recebimento pela região Sul estão indicados na Figura 3 (2) Fluxo chegando na SE 500 kV Serra da Mesa (3)
FGUSM Fluxo na LT 500 kV Golpe Serra da Mesa (4) Recebimento pela região Nordeste (5) Fluxo da região Sudeste para a região
Nordeste (LT 500 kV Serra da Mesa Rio das Éguas)
Tabela 13 - Fluxos Correspondentes ao Limite de Regime Permanente - RSUL=7000 MW
Metodologia Proposta
Resultados
E.Sant`Anna
106
O ponto de operação ótimo gerado pelo FPO deve ser analisado do ponto de vista
dinâmico. Assim, foram simuladas todas as emergências já analisadas pelo método
tradicional. A emergência que limitou o RSUL foi a mesma identificada quando da
utilização da metodologia tradicional, ou seja, a da LT 525 kV Salto Santiago Itá. Essa
emergência provocou oscilação de tensão na SE 525 kV Blumenau em torno de 6%. De
forma a limitar a oscilação ao valor máximo permitido de 2%, conforme estabelecido
em [45], foi necessário restringir o RSUL a 6800 MW, ver Figura 24.
Figura 24 Critério de Amortecimento de Tensão Limites de Regime Permanente x Regime Dinâmico
Nesse caso, o novo ponto de operação foi gerado automaticamente pelo FPO pela
utilização do código DRES (dados de restrições funcionais) que permite limitar o
somatório dos fluxos das linhas de transmissão que compõem o valor de recebimento
pela região Sul (RSUL) a um determinado valor que, no caso, foi de 6800 MW. Deve-se
ressaltar que técnicas de redespachos poderiam ser aplicadas com o objetivo de alterar o
mínimo possível o ponto de operação ótimo. Entretanto, a utilização de tais técnicas está
fora do escopo dessa dissertação.
V
pico antes 10 s
= 0,97 pu
RSUL = 6800 MW (2%)
RSUL = 7000 MW (6%)
V
pico após 10 s
= 0,95 pu
Resultados
E.Sant`Anna
107
VI.2.3.3 Análise Comparativa
A Tabela 14 mostra a comparação entre os resultados alcançados em ambas as
metodologias.
Metodologia Atual (RSUL)
Metodologia Proposta (RSUL)
Regime
Permanente
Regime
Dinâmico
Regime
Permanente
Regime
Dinâmico
6438 MW
6438 MW
7000 MW
6800 MW
Tabela 14 - Comparação de Resultados
A solução alcançada pela metodologia proposta, que utiliza o fluxo de potência
ótimo (FPO), identificou novas possibilidades de despachos entre as bacias, que estão
detalhadas mais adiante, nesta seção. Esse procedimento adotado pelo FPO pode ser
verificado na Figura 25 e na Tabela 15:
Figura 25 Comparação % de Despachos Bacias do SIN Metodologia Tradicional x Proposta
CONVENCIONAL
PROPOSTA
Resultados
E.Sant`Anna
108
Usina / Bacia
Despacho nas Bacias / Usinas (%)
Tradicional
RSUL 6438 MW
Proposta
RSUL 7000 MW
UHE Tucuruí
96
96
UHE Serra da Mesa
43
43
Rio Tocantins
85
86
Rio S.Francisco
95
97
Rio Paranaíba
91
95
Rio Grande
95
95
Tietê+Paraná+Paranap
85
61
Usinas do Sul
50
44
Térmicas no Sul
27
32
Térmicas SP
77
85
Térmicas RJ
57
75
Térmicas MG
59
61
Térmicas NE
57
56
Eólicas
46
45
Tabela 15 Percentuais de Despachos em Relação à Potência Total da Usina
Metodologia Tradicional x Proposta - Regime Permanente
A Figura 26 e a Figura 27 mostram os principais fluxos com seus respectivos
valores correspondentes aos limites de regime permanente após a aplicação das
metodologias atual e proposta, respectivamente:
Figura 26 Principais Valores de Fluxos * RSUL = 6438 MW * Metodologia Tradicional
RSUL=6438 MW
Resultados
E.Sant`Anna
109
Figura 27 - Principais Valores de Fluxos * RSUL = 7000 MW * Metodologia Proposta
Nota-se que o FPO buscou um intercâmbio mais elevado da região Norte para a
região Nordeste, o que pode ser evidenciado pelo menor valor do fluxo FCOMC nos
resultados da metodologia proposta. O despacho da UHE Tucuruí foi o mesmo para as
duas metodologias, conforme indicado na Figura 25 e Tabela 15.
De forma análoga, o FPO também identificou, como melhor estratégia, o
despacho maior nas bacias da região Sudeste visando o atendimento mais adequado
(maior proximidade elétrica) da função objetivo que é a maximização do intercâmbio
entre as regiões Sul e Sudeste. Exceção a essa regra ocorreu no percentual de despacho
das usinas das bacias do Tietê, Paraná e Paranapanema, que foram sensivelmente
inferiores em relação à metodologia atual, conforme apresentado na Figura 25 e na
Tabela 15. Isso ocorreu em função da necessidade de se evitar violações de tensão
apontadas nos resultados da metodologia tradicional (violações de tensão de regime nas
tensões dos barramentos de 440 kV das SE Santa Bárbara e Sumaré). Como forma
alternativa à elevação desses despachos, o FPO elevou a geração térmica da área São
212
28
183
(2380)
3287
712
346
-1069
(7000)
6000 MW
6000 MW
RSUL=7000 MW
Resultados
E.Sant`Anna
110
Paulo. Pelo mesmo motivo, o FPO também praticou despachos mais elevados de usinas
térmicas nas áreas Rio de Janeiro e Minas Gerais, evitando restrições de tensão nas SE
345 kV de Barreiro, principalmente (Tabela 15).
Vale ressaltar que a função objetivo do FPO não foi minimização de geração
térmica e sim, alcançar maiores valores de intercâmbio entre as regiões Sudeste e Sul.
Essa situação seria aplicada, por exemplo, a um caso de risco de racionamento na região
Sul, quando o máximo RSUL deve ser praticado a qualquer custo.
Uma avaliação considerando restrições de despacho térmico inferior aos aqui
praticados poderia ser facilmente implementada introduzindo tais restrições ao
problema. Porém, a premissa de cálculo dos limites de intercâmbio leva em
consideração o despacho das usinas térmicas em três etapas:
Despacho das usinas térmicas em seus valores de inflexibilidade declarada
pelos agentes. O montante de inflexibilidade é disponibilizado para geração,
independentemente da ordem de despacho dada pelo ONS;
Despacho adicional em relação aos valores de inflexibilidade declarada
pelos agentes de geração. Esse montante foi garantido por meio de um
termo de compromisso firmado entre Petrobras e o MME/ONS. A Petrobras
neste termo de compromisso garante a disponibilidade de gás para esse
acréscimo.
Em não ocorrendo nenhuma restrição elétrica ao despacho do montante de
térmicas correspondente ao termo de compromisso da Petrobras, esses
deverão ser aumentados até que seus despachos plenos sejam alcançados.
Vale ressaltar que apesar da disponibilidade pouco provável de suas plenas
capacidades, esses devem ser considerados como forma de mitigação de
possíveis gargalos na capacidade de transmissão. Nesse caso teste, apenas o
despacho da usina térmica de São Paulo foi explorado em valor acima
(85%) do termo de compromisso (77%) declarado para essa usina.
Resultados
E.Sant`Anna
111
A título de ilustração, a Figura 28 mostra a comparação entre o perfil de tensão
dos principais barramentos de 500 kV, obtido a partir da metodologia convencional e o
da metodologia proposta. Pela análise do perfil conclui-se que o FPO buscou um maior
perfil de tensão nesses barramentos, uma vez que eles representam o caminho mais
sensível à tensão para a grande troca de energia entre os subsistemas Sul e
Sudeste/Centro-Oeste.
Figura 28 Perfil de Tensão nos Barramentos de 500 e 345 kV (pu)
Metodologias Convencional x Proposta
Quanto ao ganho alcançado no limite de regime dinâmico (Tabela 14), que
apresentou restrição associada à oscilação de tensão, pode-se interpretá-lo como
resultado de um ponto de operação de regime permanente melhor ajustado pelo FPO,
em termos de alocação ótima de despachos nas bacias. Isso proporciona maior folga de
potência reativa nas usinas e, por consequência, melhor controle do perfil das tensões.
0,9
0,92
0,94
0,96
0,98
1
1,02
1,04
1,06
1,08
1,1
ITUMBIAR-500
SAMAMBAI-
500
LUZIANIA-500
PARAC4---500
PIRAPOR2-500
NPONTE---500
SGOTARDO-
500
ESTREITO-500
BDESPAC--500
NEVES----500
SGONCALO-
500
OPRETO2--500
EMBORCAC-
500
AVERMELH-
500
OPRETO2--345
NEVES----345
TAQUARIL-345
BARREIRO-345
RSUL=6438 - CONVENCIONAL
RSUL=7000 - PROPOSTA
Resultados
E.Sant`Anna
112
VI.3 Sumário
Este capítulo teve o objetivo de mostrar os resultados alcançados por meio da utilização
da metodologia proposta neste trabalho. Essa metodologia foi aplicada em dois
sistemas-teste. No Sistema Teste 1 foi calculado o limite de recebimento pela região
Nordeste (sistema de médio porte, 678 barras) e no outro, Sistema Teste 2, foram
calculados os limites de recebimento pela região Nordeste e o de recebimento pela
região Sul.
Foram apresentadas várias análises comparativas entre os valores obtidos a partir
da metodologia convencional (atual) e da metodologia proposta. A comparação mostrou
a eficiência da nova metodologia e permitiu, principalmente, uma avaliação crítica dos
despachos de potência ativa apresentados pela utilização do FPO. O resultado da
comparação implicou a necessidade de alteração de alguns limites antes especificados,
tanto de geração ativa (associadas ao DGEP), quanto de faixas de tensão (DVLB). As
alterações visaram uma melhor modelagem das restrições de geração e tensão
usualmente consideradas quando aplicada a metodologia tradicional.
* * *
Conclusões
E.Sant`Anna
113
Capítulo VII Conclusões
VII.1 Considerações Gerais
Existe uma grande dificuldade de aplicação de programas de FPO a sistemas de grande
porte, uma vez que as soluções propostas pelo FPO, quando alcançadas, muitas vezes
não apresentavam soluções viáveis ou factíveis de serem implementadas. Neste trabalho
foi elaborada uma nova metodologia que facilita de forma significativa a
implementação do FPO em sistemas de grande porte. A partir das dificuldades
identificadas durante a execução dos testes em sistemas de médio e grande porte, foi
diagnosticada a necessidade de um programa que fizesse um tratamento da enorme base
de dados que, que em função da região de interesse para o cálculo, tinha que ser
remodelada. Para tal, foi elaborado o aplicativo PRÉ-FLUPOT, que gera
automaticamente a base de dados para a execução do FPO, reduzindo bastante a
dificuldade inicial do usuário com pouca experiência na utilização do programa.
Neste trabalho foi apresentada uma nova metodologia para cálculo de limites de
intercâmbio baseada no uso do FPO. A metodologia proposta foi comparada com o
método manual atualmente empregado nos estudos de planejamento do Sistema
Interligado Nacional apresentando resultados bastante consistentes com os obtidos pelo
método tradicional.
Além da consistência entre os valores mencionada acima, as resultados também
indicaram o potencial benefício referente à sua utilização para a melhor exploração do
sistema de transmissão, que pode ser alcançada através de despachos e controles
otimizados de uma ferramenta de otimização. A melhor exploração dos recursos
mencionados pode ser convertida em ganhos nos limites de transmissão ora calculados
pela nova metodologia.
Conclusões
E.Sant`Anna
114
Dessa forma, os maiores benefícios esperados a partir da aplicação da
metodologia proposta são:
Maior grau de automação do processo de cálculo dos limites de
transferência entre regiões;
Obtenção de forma direta do limite de regime permanente com significativa
redução do tempo alocado para a elaboração dos diversos casos de trabalho
(pontos de operação) para os diferentes cenários energéticos;
Inserção de ferramenta de otimização no processo de planejamento da
operação e da expansão;
Com relação às violações dinâmicas observadas nos casos limites estudados, cabe
ressaltar a necessidade de se utilizar a ferramenta adequada para a identificação da
melhor estratégia de redespacho nas bacias dos subsistemas exportador e importador de
energia. Nos casos aqui analisados, as restrições dinâmicas estão associadas aos
critérios de abertura angular entre duas usinas representativas das regiões exportadora e
importadora e oscilação de tensão, mas poderiam estar relacionadas à perda de
estabilidade de determinada usina ou oscilação de potência. Assim, seriam necessárias
diferentes análises e ferramentas de simulação para a solução de cada um desses
problemas.
Conclusões
E.Sant`Anna
115
VII.2 Melhorias Programa de Fluxo de Potência Ótimo
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, foram levantadas várias oportunidades de
melhorias relacionadas diretamente ao programa utilizado (FLUPOT). Algumas
foram implementadas e devidamente testadas no sistema de grande porte utilizado e
outras, que constam como sugestões para trabalhos futuros, em seção específica deste
capítulo. Dentre as que já foram implementadas, merecem destaque:
Aperfeiçoamento da modelagem do elo de corrente contínua que anteriormente
apresentava incompatibilidade desse modelo com o utilizado pelo programa
ANAREDE;
Aperfeiçoamento da modelagem de compensadores estáticos que, anteriormente
apresentava incompatibilidade com o modelo utilizado pelo programa ANAREDE;
Elaboração, validação e representação de shunts discretos no programa de fluxo de
potência ótimo, incluindo a elaboração da base de dados do SIN desses
equipamentos de suporte de reativo;
Melhoria do relatório de multiplicadores de Lagrange associados a cada restrição de
potência ativa e reativa e restrições funcionais. A melhoria implementada refere-se
a uma melhor customização da informação disponibilizada ao usuário. O relatório
informa ao usuário o grau de sensibilidade da restrição ativa com a função objetivo.
Conclusões
E.Sant`Anna
116
VII.3 Sugestões para Futuros Trabalhos
Durante o processo de aumento de intercâmbio entre os subsistemas ou regiões,
ocorriam violações não relacionadas à função objetivo (maximização de
intercâmbio). Por isso, recomenda-se que sejam identificados, por meio dos
multiplicadores de Lagrange, as variáveis (faixas de tensão de barramentos no caso)
que devem ter seus limites flexibilizados de forma a não comprometer a
maximização da função objetivo. Maiores valores de q (valores elevados) poderão
indicar barras candidatas à compensação ou barras que deverão ter seus limites de
tensão flexibilizados. Para a primeira ação, ou seja, barras candidatas à instalação
de nova compensação de nova compensação, a taxa de variação do q deverá ser
elevada, enquanto que para a flexibilização de limites de tensão, a taxa de variação
deverá ser baixa. Deve-se ressaltar, no entanto, que, tanto para uma ação, quanto
para a outra, o multiplicador de Lagrange deverá ser alto;
Atualização dos limites de geração de potência de reativa ao longo do processo de
redespachos de geração de potência ativa para a maximização do intercâmbio que
deverá ser realizado por meio da incorporação da funcionalidade do programa
ANAT0;
Necessidade de inclusão de restrições de igualdade adicionais no FPO para a devida
consideração da relação de potência ativa adequada entre usinas de diferentes
rendimentos presentes num aproveitamento de mesma cascata. Atualmente, esta
restrição não é modelada;
Necessidade de uma investigação da utilização de funções multi-objetivo visando
modelar, de maneira adequada, por exemplo, a maximização de intercâmbio
simultaneamente à minimização de despacho térmico. Da forma empregada na
atualidade, a variável de controle não leva em consideração os custos de geração
diferenciados na função objetivo;
Inclusão das restrições de fluxo de forma a garantir a existência de recurso de
controle suficiente para possibilitar a adequada convergência para o ponto de
operação que elimine a violação de carregamento da linha de transmissão.
Referências Bibliográficas
E.Sant`Anna
117
Referências Bibliográficas
[1] P. Kundur, “Power System Stability and Control”, 1st ed. New York, McGraw-
Hill Inc., 1994
[2] W. Stevenson and J. Grainger, Power Systems Analysis”, McGraw-Hill, 1994
[3] ONS, “História da Operação do Sistema Interligado Nacional”, Centro de
Memória da Eletricidade do Brasil, Rio de Janeiro, 2003
[4] MME, “Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro Volume I:
Sumário Executivo”, Ministério das Minas e Energia, Governo Federal, 1996
[5] T.M.L. Assis, D.M. Falcão and G.N. Taranto, “Dynamic Transmission
Capability Calculation Using Integrated Analysis Tools and Intelligent
Systems”, IEEE Trans. Power Systems, Vol. 22, No. 4, November 2007
[6] Y. Li, V. Venkatasubramanian, Coordination of Transmission Path Transfers,
IEEE Trans. on PWRS, Vol. 19, No, 3, Aug.2004
[7] Procedimentos de Rede do Operador Nacional do Sistema Elétrico
Submódulo 23.4 Diretrizes e Critérios para Estudos Energéticos
[8] H. W. Dommel, W. Tinney, Optimal Power Flow Solutions, IEEE Trans. on
PAS, vol. PAS-87, No. 10, pp. 18661976, Oct. 1968
[9] Weixing Li, M. Shaaban, Zheng Yan, Yixin Ni and Felix F. Wu, “Available
Transfer Capability Calculation with Static Security Constraints”, Proceedings
of the 2003 IEEE Power Engineering Society General Meeting, 2003
[10] Xiao-Ping Zhang, “Transfer Capability Computation with Security
Constraints”, Proceedings of the 15th Power System Computation Conference
PSCC, August, Liège, 2005
[11] E. De Tuglie, M. Dicorato, M. La Scala and P. Scarpellini, “A Static
Optimization Approach to Assess Dynamic Available Transfer Capability”,
IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 15, No. 3, August, 2000
Referências Bibliográficas
E.Sant`Anna
118
[12] C. C. Gonzaga, "Path-Following Methods for Linear Programming", SIAM
REVIEW, Vol. 34, No. 2, 1992.
[13] M. H. Wright, "Interior Methods for Constrained Optimization", ACTA
NUMERICA 1991
[14] S. Granville, "Optimal Reactive Dispatch Through Interior Point Methods",
IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 9, February 1994.
[15] S. Granville, M. L. Latorre e L. A. C. Pereira, "Fluxo de Potência Ótimo:
Modelagem Básica e Aplicações", XIII Seminário Nacional de Produção e
Transmissão de Energia Elétrica - SNPTEE, Camboriú, 1995.
[16] S. Granville, J.C.O. Mello, A.C.G. Melo, “Applications of Interior Point
Method to Power Unsolvability”, IEEE Transactions on Power Systems,
PWRS-11, May, 1996.
[17] M.L. Latorre, J.O. Soto, M.L. Oliveira, S. Granville, “Voltage Collapse and the
Optimal Power Flow Problem in Power Systems” Bulk Power Systems
Dynamics and Control IV Restructuring. Santorini, Greece 1998.
[18] Manual do Programa de Fluxo de Potência Ótimo FLUPOT Versão 7.2.4 -
desenvolvido pelo CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
Eletrobrás).
[19] Don Huer, Jong-Keun Park, Kwang-Myoung Son, “Security Constrained
Optimal Power Flow for the Evaluation of Transmission Capability on Korea
Electric Power System”, IEEE Transactions on Power Systems 2001.
[20] R.J. Koessler, J.D. Mountford, L.T.G. Lima, J. Rosende, “The Brazilian
Interconnected System: A Study on Transfer Limits, Reactive Compensation
and Voltage Collapse”, IEEE Winter Power Meeting, 2001.
[21] Carpentier J., “Contribuition á L´étude du Dispaching Économique”, Bulletin
de la Societe Fronçoice dos Electriciens, SER-8, Vol.3, pp:432-447, 1962.
[22] Gill P.E., Murray W. e Wright M.H.,”Practical Optimization”, Academic Press,
London, 1981.
Referências Bibliográficas
E.Sant`Anna
119
[23] Carpentier J., Differential Injections Method: A General Method for Secure
and Optimal Load Flows”, Proc PICA 1973, pp:255-262.
[24] Jianzhong Zhang, Nae-Heon Kim e Lasdon L, “An Improved Successive
Linear Programming Algorithm”, Management Science, Vol 31, Nº10,
Outubro 1985.
[25] Alsaç O., Bright J., Prais M. e Stott B., “Further Developments in LP-Based
Optimal Power Flow”, IEEE Transactions on PAS, Vol 5, 1990.
[26] Burchett R.C., Happ H.H. e Vierath D.R., Large Scale Optimal Power Flow”,
IEEE Transactions on PAS, Vol 101, pp: 3722-3732, Outubro 1982.
[27] Burchett R.C., Happ H.H. e Vierath D.R., “Quadratically Convergent Optimal
Power Flow”, IEEE Transactions on PAS, Vol 103, nº 11, pp:3267-3276,
Novembro 1984.
[28] Sun D.I., Ashley B.T., Hughes B.A. e Tinney W.F., “Optimal Power Flow by
Newton Approach”, IEEE Transactions on PAS, Vol 103, Nº 10, Outubro
1984.
[29] Cordeiro Pereira L.A., “Implementação de um Programa de Fluxo de Potência
Ótimo Utilizando Programação Quadrática Sequencial”, Tese de Mestrado
submetida à COPPE/UFRJ, Abril 1991.
[30] M.L. Latorre, “Aplicação do Método de Pontos Interiores Primal-Dual para a
Resolução do Problema de Fluxo de Potência Ótimo”, Tese de Mestrado
submetida à COPPE/UFRJ, Março 1995.
[31] M.V Vanti, C.C. Gonzaga, “On Newton Interior-Point Method for Nonlinear
Optimal Power Flow”, IEEE Power Tech Conference Proceedings, Vol 4,
Junho 2003.
[32] V.A.M. de Souza, G.R.M. da Costa e E.C. Batista, “Optimal Power Flow via
Interior-Exterior Method”, IEEE Power Engineering Society, General Meeting,
2007.
Referências Bibliográficas
E.Sant`Anna
120
[33] A. Valette, J.A. Huang, S. Guillon, L. Loud, G. Vanier, F. Lévesque, L.
Riverin, J-C. Rizzi e F. Guillemette, “An Integrated Approach for Optimizing
Dynamic Transfer Limits at Hydro-Quebec”, IEEE General Meeting, 2008.
[34] J.A. Momoh, R.J. Loessler, M.S. Bond, B. Stott, “Challenges to Optimal Power
Flow”, IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 12, nº 1, 1997.
[35] Davison, G.R. Dividing Load Between Units, Electrical World, Dez. 1922.
[36] Bazaraa, M.S., Sherali, H.D.; Shetty, C.M., Nonlinear Programming, John
Wiley & Sons, 2ª ed., Singapore, 1993.
[37] Luenberger, D.G. Linear and Nonlinear Programming, 2ª ed., Addison Wesley,
Amsterdam, 1984.
[38] Momoh, J., Optimal Power flow with Multiple Objective Functions,
Proceedings of IEEE NAPS, EUA, 1989.
[39] Monticelli, A. J., 1983, Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica, São
Paulo, SP, Editora Edgard Blucher LTDA
[40] Sasson, A. M.; Viloria, F.; Aboytes, F., Optimal Load Flow Solution Using the
Hessian Matrix, IEEE Transactions on PAS, Vol. 92, pp. 31-41, Jan-Fev 1973
[41] Santos Jr., A. Deckmann, S. Soares, S., A dual Augmented Lagrangian
Approach for Optimal Power Flow, IEEE Transactions on PWRS, vol.3, pp.
1020-1025, 1998;
[42] Vasconcellos, M. T., Restrições Funcionais de Desigualdade no FPO Newton
Tratadas pelo método da Continuação, Tese de Mestrado, Depto de Engenharia
de Sistemas, Faculdade de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), Campinas SP, 1995;
[43] Vasconcellos, M. T.; Santos Jr., A. Parametrização das Restrições Funcionais
de Desigualdade na Resolução de um problema Não-Linear Não-Convexo de
Grande Porte, XXVII SBPO, Vitória ES, 1995;
[44] Vasconcellos, M. T., Métodos de Solução de Fluxo de Potência Ótimo Reativo
e Tratamento de Restrições de Desigualdade, Tese de Doutorado, Depto de
Referências Bibliográficas
E.Sant`Anna
121
Engenharia de Sistemas, Faculdade de Engenharia Elétrica, Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas SP, 1999
[45] Procedimentos de Rede do Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS
Módulo 23.3 (disponível em www.ons.org.br).
[46] Site do Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS www.ons.org.br
[47] Manual do Programa de Análise de Redes ANAREDE Versão 9.4.4 -
desenvolvido pelo CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
Eletrobrás).
[48] Manual do Programa de Análise de Redes em t0+ - ANAT0 Versão 3.00.06
desenvolvido pelo CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
Eletrobrás).
[49] Manual do Programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos ANATEM
Versão 10.4.0 - desenvolvido pelo CEPEL.
* * *
E.Sant`Anna
Anexo A Dados Elétricos dos Sistemas de Potência Analisados
122
Anexo A
Condições de Otimalidade de Karushi-Kun-
Tucker
Consideremos o problema genérico
Min ƒ
s.a (A.1)
x ϵ Ω
onde ƒ é uma função real R
n
R, e Ω é o conjunto factível, Ω R
n
.
Definição: um ponto é um ponto factível do problema A.1 se Ω, isto é, se
pertence ao conjunto factível do problema.
Definição: um ponto Ω é um ponto de mínimo local de ƒ sobre Ω se existir
um tal que ƒ ƒ para todo Ω numa vizinhaça de raio de (isto é,
Ω e ǁ x - ǁ < ).
Considere agora o problema de programação não-linear
Min f(x)
s.a
g(x) = 0 g : R
n
R
m
(A.2)
h(x) = 0 h : R
n
R
p
Ω R
n
E.Sant`Anna
Anexo A Dados Elétricos dos Sistemas de Potência Analisados
123
Definição: diz-se que uma restrição de desigualdade h
i
(x) está ativa em um
ponto factível x se h
i
(x) = 0, e inativa (ou folgada) em x se h
i
(x) < 0. Uma restrição de
igualdade g
i
(x) = 0, em um ponto factível x factível está sempre ativa.
As restrições ativas em um ponto factível x diminuem o domínio de factibilidade
do problema, enquanto as restrições inativas não têm influência na determinação da
solução do problema.
As restrições de igualdade g(x) = 0 e as restrições de desigualdade ativas h
i
(x) = 0
definem uma região do espaço, uma hipersuperfície que é a região factível do problema.
Associado a cada ponto nessa hipersuperfície, existe um Plano Tangente. O Plano
Tangente é ortogonal aos vetores gradiente de todas as restrições ativas do problema
(restrições de igualdade e desigualdade ativas).
Definição: seja x
*
um ponto satisfazendo as restrições:
g(x
*
) = 0 (A.3)
h(x
*
) 0 (A.4)
e seja I o conjunto de índices i para os quais h
i
(x
*
) = 0. Então se diz que x
*
é um ponto
regular das restrições se os vetores gradientes de todas as restrições de igualdade
j
(x
*
)
e de todas as restrições de desigualdade ativas
i
(x
*
) forem linearmente independentes.
Definição: em um ponto regular x
*
da superfície definida por g(x
*
) = 0 e h(x
*
) 0
o Plano Tangente é equivalente a:
(A.5)
Sendo
(A.6)
Assim podemos enunciar as Condições de Otimalidade de Karushi-Kuhn-Tucker
(KKT) como:
E.Sant`Anna
Anexo A Dados Elétricos dos Sistemas de Potência Analisados
124
A.1 Condições de Karushi-Kuhn-Tucker (1ª
Ordem)
Seja x
*
um ponto de mínimo relativo para o problema
min f(x)
s.a (A.7)
g(x) = 0
h(x) 0
e suponha que x
*
seja um ponto regular das restrições. Então existe um vetor R
m
e
um vetor com tal que
(A.8)
(A.9)
Note que , juntamente com A.5 leva à conclusão de que é
não-nulo se e somente se a restrição estiver ativa.
E.Sant`Anna
Anexo A Dados Elétricos dos Sistemas de Potência Analisados
125
A.2 Condições de 2ª Ordem
Suponha que x
2
, um ponto regular das restrições, é um ponto de mínimo relativo
(mínimo relativo estrito) para o problema
min f(x)
s.a (A.10)
g(x) = 0
h(x) 0
Então existem vetores com tais que
(A.11)
(A.12)
(A.13)
e a matriz Hessiana
(A.14)
seja positiva semidefinida (positiva definida) sobre o Plano Tangente, definido
por:
(A.15)
E.Sant`Anna
Anexo A Dados Elétricos dos Sistemas de Potência Analisados
126
Anexo B
Dados Elétricos dos Sistemas Analisados
B.1 Sistema Teste IEEE-14
A Figura 29 e a Figura 30 mostram os dados do sistema elétrico IEEE 14 Barras no
formato padrão de entrada de dados do programa ANAREDE.
TITU
**** Sistema teste de 14 maquinas - IEEE ****
DBAR
(Num)OETGb( nome )Gl( V)( A)( Pg)( Qg)( Qn)( Qm)(Bc )( Pl)( Ql)( Sh)Are(Vf)
1 L202 BARRA-1 1000 0.234.1-121.-999999999 11000
2 L102 BARRA-2 1000-5.7 40. 50. -40. 50. 21.7 12.7 11000
3 L102 BARRA-3 1000-15. 0. 40. 0. 40. 94.2 19. 11000
4 L 02 BARRA-4 1000-12. 47.8 -3.9 11000
5 L 02 BARRA-5 958-9.9 7.6 1.6 11000
6 L101 BARRA-6 1000-16. 0.14.16 -6. 24. 11.2 7.5 21000
7 L 01 BARRA-7 984-15. 21000
8 L101 BARRA-8 1000-15. 0. 8.91 -6. 24. 21000
9 L 01 BARRA-9 979-17. 29.5 16.6 19. 21000
10 L 01 BARRA-10 975-17. 9. 5.8 21000
11 L 01 BARRA-11 984-17. 3.5 1.8 21000
12 L 01 BARRA-12 984-17. 6.1 1.6 21000
13 L 01 BARRA-13 978-17. 13.5 5.8 21000
14 L 01 BARRA-14 959-18. 14.9 5. 21000
99999
Figura 29 Dados Sistema IEEE 14 barras Parte 1
E.Sant`Anna
Anexo A Dados Elétricos dos Sistemas de Potência Analisados
127
DLIN
(De )d O d(Pa )NcEP ( R% )( X% )(Mvar)(Tap)(Tmn)(Tmx)(Phs)(Bc )(Cn)(Ce)Ns(Cq)
1 2 1 1.938 5.917 5.28 210 210 210
1 5 1 5.40322.304 4.92 100 100 100
2 3 1 4.69919.797 4.38 100100 100
2 4 1 5.81117.632 3.74 100100 100
2 5 1 5.69517.388 3.4 100100 100
3 4 1 6.70117.103 3.46 100100 100
4 5 1 1.335 4.211 1.28 250250 250
4 7 1 20.912 .978 50 50 50
4 9 1 55.618 .969 .92 1.3 100100 100
5 6 1 25.202 .932 100100 100
6 11 1 9.498 19.89 25 25 25
6 12 1 12.29125.581 50 50 50
6 13 1 6.61513.027 55 55 55
7 8 1 17.615 50 50 50
7 9 1 11.001 100 100 100
9 10 1 3.181 8.45 100 100 100
9 14 1 12.71127.038 100 100 100
10 11 1 8.20519.207 150 150 150
12 13 1 22.09219.988 60 60 60
13 14 1 17.09334.802 50 50 50
99999
DSHL
(De ) O (Pa )Nc (Shde)(Shpa) ED EP
1 2 1 100. 50. L D
99999
DGLT
(G (Vmn) (Vmx) (Vmne (Vmxe
0 .95 1.05 .95 1.05
99999
DGBT
(G ( kV)
02 138.
01 69.
99999
FIM
Figura 30 Dados Sistema IEEE 14 barras Parte 2
E.Sant`Anna
Anexo A Dados Elétricos dos Sistemas de Potência Analisados
128
B.2 Sistema Equivalentado Norte - Nordeste de 678 Barras
Sistema de 678 barras resultante da aplicação de um programa de equivalente de redes
que buscou a retenção de todos os barramentos das regiões Norte, Nordeste e parte da
região Sudeste. Dessa forma, todo o sistema elétrico da região Sul e parte da região
Sudeste foram representados por uma rede equivalente.
O sistema original a partir do qual a rede foi equivalentada era de 4200 barras,
correspondendo a um ponto de operação do patamar de carga pesada representativo dos
meses de abril a setembro do ano de 2009 Plano de Ampliações e Reforços Ciclo
2008-2010.
Todos os dados elétricos do sistema original estão disponibilizados no site
www.ons.org.br.
B.3 Sistema Interligado Nacional
A abrangência da rede utilizada como teste foi todo o SIN.
O caso teste que calculou o limite de Recebimento pela Região Nordeste (RNE) é
composto de aproximadamente 4500 barras e 700 geradores, VI.2.2. O ponto de
operação considerado corresponde ao patamar de carga pesada e é representativo do
mês de julho do ano de 2011 Plano de Ampliações e Reforços Ciclo 2009-2011.
O caso teste que calculou o limite de Recebimento pela Região Sul (RNE) é composto
de aproximadamente 4850 barras e 811 geradores, 0. O ponto de operação considerado
corresponde ao patamar de carga média e é representativo dos meses de dezembro de
2012 a março de 2013 Plano de Ampliações e Reforços Ciclo 2010-2013.
* * *
E.Sant`Anna
Anexo B Arquivos de Simulação do FLUPOT
129
Anexo C
Arquivos de Simulação do FLUPOT
C.1 Sistema IEEE 14 Barras
.************************** ARQUIVO IEEE14.FPO ************************
. Definição de Constantes
.
DCTE IMPR
(Mn) ( Val) (Mn) ( Val) (Mn) ( Val) (Mn) ( Val) (Mn) ( Val) (Mn) ( Val)
PTOL 0.1
QTOL 0.1
MXIT 250
99999
.
. Funcão Objetivo
.
DOBJ MXTR
.
. Controles Ativados
.
DCON QGEN PGEN
.
. Inclusão das Restrições de Fluxo em MVA
.
.DRES FMVA
.DRES FMVA RESP
.
. Especificação dos relatórios
.
RELA CONV
COMP
.
. Dados necessários para PGEN
.
DGEP IMPR
(Num) (Pmn) (Pmx) (Cst)
1 0.0 234. 1.
2 0.0 40. 1.
6 0.0 999. 1.
8 0.0 999. 1.
99999
.
DTRF IMPR
(Ar (Ar Tot (Lmin.) (Lmax.)
02 01 = 0. 9999.
99999
.
.
.
DVLB
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
14 0.8551.0501.0001.050
99999
.
E.Sant`Anna
Anexo B Arquivos de Simulação do FLUPOT
130
. .************************** ARQUIVO IEEE14.FPO ***************CONTINUAÇÃO
.
. Area de interesse
.
DARI
01
02
99999
.
. Execução do FPO
.
EXOT
.
. Especificação dos relatórios
.
RETC BASE
RELA RBAR RLIN RLMB
.
RETC BASE
SALV Utilizacao de FPO para maxima transferencia de potencia
.
FIM
Figura 31 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema IEEE 14 Barras
ieee14.fpo
ieee14.pwf
completo-855.out
CON
CON
fpo.stp
relatorio-855.out
sumario-855.out
ieee14.dat
casofpo.sav
altera.dat
Figura 32 Dados do Arquivo FPO.STP
E.Sant`Anna
Anexo B Arquivos de Simulação do FLUPOT
131
C.2 Sistema Equivalentado Norte Nordeste
As figuras a seguir compõem o mesmo arquivo de entrada de dados para a execução do
programa de FPO. Eles foram divididos por questão de melhor visualização por código
de execução. O Arquivo com extensão “STP” mostrado no item C.1 é bastante similar
aos utilizados nos demais casos teste e por isso, não será mostrado novamente.
Figura 33 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678 Barras Parte 1
REST 99
.
DCTE
PTOL 1.0
QTOL 1.0
MXIT 600
JUMP 0.01
tlbc 50.
99999
.
DOBJ MXTR
.
DCON QGEN VGEN PGEN TAPC
.
RELA
COMP
.
.
DVLA
(Ar (ID (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
000 def 0.80 1.20 0.80 1.20
99999
.
DVGB
(G (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx)(R
C 0.9501.1000.9501.100 500 kV
F 0.9501.0500.9501.050 230 kV
. G 0.9501.050 .8001.400 115 kV
. T 0.9501.050 .8001.400 69.
. I 0.9501.050 .8001.400 34.5 kV
99999
.
DVLB
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
5586 0.9501.0500.9501.050
5596 0.9501.0500.9501.050
6444 1.0001.1001.0001.100
6349 1.0001.1001.0001.100
5580 1.0601.1001.0601.100
(5428 1.0001.200
(5408 1.0001.200
(5451 1.0001.200
(5050 1.0001.200
.5580
.5573 0.8001.1000.8001.100
99999
.
DGLM
(Num) (Qmn) (Qmx) (Qmn) (Qmx)
5586 -112. 160.
5551 -90. 132.
99999
.
E.Sant`Anna
Anexo B Arquivos de Simulação do FLUPOT
132
DVLB IMPR
((Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
. Restricoes de tensao da interligacao
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
5408 0.9001.1000.9001.100 MILAGRES-500
5428 0.9001.1000.9001.100 QUIXADA--500
5451 1.0501.1001.0501.100 FTZ-II---500
5480 0.9001.1000.9001.100 SOBRALIII500
5500 0.9001.1000.9001.100 TERES-II-500
5510 0.9001.1000.9001.100 B.ESPER.-500
5550 0.9001.1000.9001.100 S.LUISII-500
5570 0.9001.1000.9001.100 S.J.PIAUI500
5580 1.0601.1001.0601.100 P.DUTRA--500
5590 1.0701.1001.0701.100 IMPERATR-500
6400 1.0501.1000.9001.100 MARABA---500
6410 1.0601.1001.0601.100 TUCURUI--500
6460 1.0201.1000.9001.100 V.CONDE--500
6510 0.9001.1000.9001.100 MB-C1-BCS500
6511 0.9001.1000.9001.100 MB-C2-BCS500
6512 0.9001.1000.9001.100 PD-C1-BCS500
6513 0.9001.1000.9001.100 IZ-C1-BCS500
6514 0.9001.1000.9001.100 PD-C2-BCS500
6515 0.9001.1000.9001.100 IZ-C2-BCS500
7100 1.0501.1001.0501.100 GURUPI---500
7101 0.9001.1000.9001.100 GUR-SMA--500
7102 0.9001.1000.9001.100 GUR-MIR--500
7200 1.0401.0901.0401.090 MIRACEM--500
7201 0.9001.1000.9001.100 MIR-GUR--500
7236 0.9001.1000.9001.100 SMA-GUR--500
7300 1.0501.1001.0501.100 COLINAS--500
7301 0.9001.1000.9001.100 COL-MIR--500
7302 0.9001.1000.9001.100 COL-IPZ--500
7591 0.9001.1000.9001.100 IPZ-COL--500
7592 0.9001.1000.9001.100 IPZ-COL--500
6509 0.9001.1000.9001.100 MB-C3-BCS500
6517 0.9001.1000.9001.100 PD-C3-BCS500
7237 0.9001.1000.9001.100 SMA-GUR2-500
7103 0.9001.1000.9001.100 GUR-SMA2-500
7104 0.9001.1000.9001.100 GUR-MIR2-500
7203 0.9001.1000.9001.100 MIR-GUR2-500
7303 0.9001.1000.9001.100 COL-MIR2-500
7304 0.9001.1000.9001.100 COL-IPZ2-500
7593 0.9001.1000.9001.100 IPZ-COL2-500
7594 0.9001.1000.9001.100 IPZ-COL2-500
7204 0.9001.1000.9001.100 LAJEADO--500
6701 0.9001.1000.9001.100 AC-MB-BCS500
6702 0.9001.1000.9001.100 AC-PD-BCS500
6700 0.9001.1000.9001.100 ACAILAND.500
6430 1.0601.1001.0601.100 TUCURUI2-500
6703 0.9001.1000.9001.100 AC-MB-BCS500
6507 0.9001.1000.9001.100 MB-C4-BCS500
5572 0.9001.1000.9001.100 BCSSJIUSB500
5574 0.9001.1000.9001.100 BCSBEASJI500
5435 0.9001.1000.9001.100 RG-SO-01-CSF
5436 0.9001.1000.9001.100 RGONCALV-500
5437 0.9001.1000.9001.100 RG-CO-01-CSF
7306 0.9001.1000.9001.100 ITC-COL--500
7305 0.9001.1000.9001.100 COL-MIR3-500
5577 0.9001.1000.9001.100 SJP-SOB-CSC2
6440 0.9001.1000.9001.100 ITACAIUN-500
5540 0.9001.1000.9001.100 MIRANDAII500
6300 1.0501.0701.0501.070 SOBRADIN-500
6349 1.0201.0501.0201.050 BJESUSLA-500
Figura 34 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678 Barras Parte 2
E.Sant`Anna
Anexo B Arquivos de Simulação do FLUPOT
133
. LIMITES DE TENSÃO TERMINAL DE GERADORES DO NORTE - NORDESTE
6419 0.9501.0500.9501.050
6420 0.9501.0500.9501.050
6422 0.9501.0500.9501.050
6424 0.9501.0500.9501.050
6425 0.9501.0500.9501.050
6294 0.9501.0500.9501.050
5006 0.9501.0500.9501.050
5009 0.9501.0500.9501.050
5010 0.9501.0500.9501.050
5011 0.9501.0500.9501.050
5012 0.9501.0500.9501.050
5013 0.9501.0500.9501.050
5014 0.9501.0500.9501.050
5015 0.9501.0500.9501.050
5016 0.9501.0500.9501.050
5022 0.9501.0500.9501.050
5061 0.9501.0500.9501.050
5520 0.9501.0500.9501.050
5522 0.9501.0500.9501.050
.5556 0.9501.0500.9501.050
6405 0.9501.0500.9501.050
5586 0.9001.0500.9001.050
5596 0.9001.0500.9001.050
.
. LIMITES DE TENSÃO TERMINAL DE GERADORES da interligacao
.
.Serra da Mesa
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
36 0.9001.0500.9001.050
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
.C.Brava
. 3964 0.9001.0500.9001.050
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
.P.Angical
7110 0.9001.0500.9001.050
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
.Lajeado
7206 0.9001.0500.9001.050
.
.
. LIMITES DE TENSÃO TERMINAL DE COMPENSADORES ESTATICOS
.
5410 0.9001.0500.9001.050
5450 0.9001.0500.9001.050
5239 0.9001.0500.9001.050
5551 0.9001.0500.9001.050
5902 0.9001.0500.9001.050
.6349 0.9001.0500.9001.050
99999
Figura 35 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678 Barras Parte 3
E.Sant`Anna
Anexo B Arquivos de Simulação do FLUPOT
134
DGEP IMPR
(Num) (Pmn) (Pmx) (Cst)
.
. usina da regiao norte - tucurui
.
6419 1400. 1750. 1.
6420 0. 1050. 1.
6422 0. 1400. 1.
6424 370. 1480. 1.
6425 0. 2590. 1.
.
. usinas do nordeste - S. Francisco
6294 275. 876. 1.
5006 50. 180. 1.
.5009 70. 70. 1.
.5010 70. 70. 1.
5011 70. 75. 1.
5012 51. 76. 1.
5013 51. 76. 1.
5014 51. 76. 1.
5015 151. 400. 1.
5016 151. 400. 1.
5022 794. 2280. 1.
5061 1203. 3000. 1.
5051 363. 690. 1.
5054 182. 690. 1.
.
..............Usinas da interligacao
.
(Num) (Pmn) (Pmx) (Cst)
.Serra da Mesa
. 36 600. 600.
(Num) (Pmn) (Pmx) (Cst)
.C.Brava
. 3964 300. 300.
(Num) (Pmn) (Pmx) (Cst)
.P.Angical
. 7110 346. 346.
(Num) (Pmn) (Pmx) (Cst)
.Lajeado
. 7206 712. 712.
.
.Barra de Referência - Alumar
.8004 -999. 999.
99999
.
.
DVES IMPR
( (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc
5580 5500 1
5580 5500 2
5580 5510 1
7300 5437 1
299 6444 1
99999
Figura 36 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678 Barras Parte 4
E.Sant`Anna
Anexo B Arquivos de Simulação do FLUPOT
135
DARI IMPR
.01
40 * PRODUTORES INDEPENDENTES - N/NE *
43 * A LICITAR *
51 * CHESF (UHE PAF + UAS + ULG + UX) *
52 * CHESF (AREA CENTRO) *
53 * CHESF (SUDOESTE DA BAHIA) *
54 * CHESF (AREA SUL) *
55 * CHESF (AREA LESTE) *
56 * CHESF (AREA NORTE) *
57 * CHESF (AREA OESTE) *
58 * ENORTE (AREA MARANHAO) *
59 * ENORTE (AREA TUCURUI-BELEM) *
61 * ALBRAS + ALUMAR *
62 * SALGEMA *
63 * INTERLIGACAO NORTE-SUL *
99999
.
(DLIS impr
(CASO 1
( circelim 299 6444 1
(99999
.
EXOT
.
RETC BASE
RELA RLIN RVAR RGER RLMB
.
.retc base
.salv Limite de P.Dutra 0.950
ARQV GRAV SUBS
09
.
FIM
Figura 37 Dados de Entrada do Arquivo FPO Sistema Equivalente do SIN 678 Barras Parte 5
C.3 Sistema Interligado Nacional
Os arquivos utilizados para a simulação do caso do SIN são bastante simulares aos
mostrados anteriormente e, por isso, não há necessidade de ser mostrado novamente.
* * *
E.Sant`Anna
Anexo C Arquivo de Dados Para o Programa PRÉ-FLUPOT
136
Anexo D
Arquivo de Dados Para Programa P-
FLUPOT
Este anexo contém os arquivos de entrada necessários à execução do programa PRÉ-
FLUPOT aplicável somente ao Sistema Interligado Nacional (Sistemas de Grande
Porte).
D.1 Arquivos de Dados de Entrada
O arquivo da Figura 38 é o modelo.fpo, que tem especificadas todas as funções e opções
de controle do arquivo base para a simulação do programa PRÉ-FLUPOT. Os espaços
entre cada código de execução e o indicador de final de dados 99999 serão preenchidos
com as informações que farão a separação por área geográfica e vel de tensão dos
barramentos.
E.Sant`Anna
Anexo C Arquivo de Dados Para o Programa PRÉ-FLUPOT
137
REST XX
.
DCTE
PTOL 1.0
QTOL 1.0
MXIT 300
JUMP 0.01
99999
.
DOBJ MXTR CLTN
.
DCON QGEN VGEN CCER PGEN TAPC SHNC
.
.DRES FMVA
.
RELA CONV
COMP
.
DCAQ
(Num) (Qmxi (Qmxc (Csti (Cstc
99999
.
DVLA
(Ar (ID (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
99999
.
DVGB
(G (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx)(R
99999
.
DVLB
(Num) (Vmn)(Vmx)(Vmn)(Vmx) RL
99999
.
DGEP
(Num) (Pmn) (Pmx) (Cst)
99999
.
DGLM
(Num) (Qmn) (Qmx) (Qmn) (Qmx)
99999
.
DLCE
(Num) (Qmn) (Qmx)
99999
.
DSHC
(Num) (Qmxi (Qmxc
99999
.
DVES
( (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc (De ) (Pa )Nc
5580 5500 1
5580 5500 2
5580 5510 1
7300 5437 1
7300 5575 1
299 6444 1
99999
.
DARI
1
2
4
5
8
9
11
12
E.Sant`Anna
Anexo C Arquivo de Dados Para o Programa PRÉ-FLUPOT
138
15
16
17
18
19
22
23
24
25
26
29
30
32
33
99999
.
EXOT
.
RETC BASE
RELA RLIN RVAR RGER RLMB
.
ARQV GRAV SUBS
XX
.
FIM
Figura 38 Arquivo de Entrada do Programa PRÉ-FLUPOT
Os demais arquivos de entrada são dados referentes ao ponto de operação (CART.PWF
e DGLT/DGBT) e a base dados (ESTATICO.D e BNT1.DAT), todos disponibilizados
em www.ons.org.br.
E.Sant`Anna
Anexo C Arquivo de Dados Para o Programa PRÉ-FLUPOT
139
Outro arquivo utilizado como dado de entrada para o referido programa é o
BASE_EXT.D. Ele reflete a configuração topológica do SIN existente e prevista. A
expansão do sistema e efetuada pela simples inclusão de novas barras e suas respectivas
informações.
Trata-se de uma lista de todas as barras do SIN, indicando nome, tensão, código DGBT
e localização geográfica. A título de ilustração, segue na uma parte desse arquivo, uma
vez que o mesmo de muito grande para ser integralmente mostrado.
( Regiao
( |
( |
( Tensao DGBT Estado | Observacoes
( | | | |
( | | | |
DBAR V V V V ----------------------
(Num) (---NOME---) (NTEN) ES RG
10 ANGRA-1--1GR 99.0 W RJ SE
11 ANGRA-2--000 99.0 W RJ SE
12 LCBARRET-6GR 99.0 W MG SE
13 LCBARRET-000 99.0 W MG SE
14 FUNIL----3GR 99.0 W RJ SE
15 FUNIL-2--2GR 99.0 W RJ SE
16 FURNAS---8GR 99.0 W MG SE
17 FURNAS---000 99.0 W MG SE
18 ITUMBIAR-6GR 99.0 W MG SE
19 ITUMBIAR-000 99.0 W MG SE
20 MARIMBON-8GR 99.0 W MG SE
21 MANSO----4GR 99.0 W MT CO
22 M.MOR.A--6GR 99.0 W MG SE
24 M.MOR.B--4GR 99.0 W MG SE
28 P.COLOMB-4GR 99.0 W MG SE
30 SCRUZ-19-000 99.0 W RJ SE
.
.
.
99999
Figura 39 Dados de Entrada para o FLUPOT - BASE_EXT
E.Sant`Anna
Anexo C Arquivo de Dados Para o Programa PRÉ-FLUPOT
140
D.2 Arquivos de Saída
O arquivo da Figura 40 mostra o segundo arquivo de saída do programa PRÉ-FLUPOT
denominado AREA_NOVA.D
( Arquivo <AREA_NOVA.D>
( - Auxilia o Flupot na Criacao de novas areas por abrangencia da rede e regiao
( Rio, 18.03.2008
(
(
AREA
( A (********* NOME DA AREA ***********) (REG TIPB
01 REDE BASICA - NORTE NO RB
02 REDE FRONTEIRA - NORTE NO FR
03 REDE DISTRIBUICAO - NORTE NO RD
04 USINAS - NORTE NO US
05 USINAS - DRCC - NORTE NO USC
06 BARRAS FICTICIAS - NORTE NO FI
07 OUTROS TIPOS - NORTE NO OU
08 REDE BASICA - NORDESTE NE RB
09 REDE FRONTEIRA - NORDESTE NE FR
10 REDE DISTRIBUICAO - NORDESTE NE RD
11 USINAS - NORDESTE NE US
12 USINAS - DRCC - NORDESTE NE USC
13 BARRAS FICTICIAS - NORDESTE NE FI
14 OUTROS TIPOS - NORDESTE NE OU
15 REDE BASICA - SUDESTE SE RB
16 REDE FRONTEIRA - SUDESTE SE FR
17 REDE DISTRIBUICAO - SUDESTE SE RD
18 USINAS - SUDESTE SE US
19 USINAS - DRCC - SUDESTE SE USC
20 BARRAS FICTICIAS - SUDESTE SE FI
21 OUTROS TIPOS - SUDESTE SE OU
22 REDE BASICA - C.OESTE CO RB
23 REDE FRONTEIRA - C.OESTE CO FR
24 REDE DISTRIBUICAO - C.OESTE CO RD
25 USINAS - C.OESTE CO US
26 USINAS - DRCC - C.OESTE CO USC
27 BARRAS FICTICIAS - C.OESTE CO FI
28 OUTROS TIPOS - C.OESTE CO OU
29 REDE BASICA - SUL SU RB
30 REDE FRONTEIRA - SUL SU FR
31 REDE DISTRIBUICAO - SUL SU RD
32 USINAS - SUL SU US
33 USINAS - DRCC - SUL SU USC
34 BARRAS FICTICIAS - SUL SU FI
35 OUTROS TIPOS - SUL SU OU
FIM
Figura 40 Arquivo de Saída do Programa PRÉ-FLUPOT AREA_NOVA.D
E.Sant`Anna
Anexo C Arquivo de Dados Para o Programa PRÉ-FLUPOT
141
O arquivo da Figura 41 mostra o segundo arquivo de saída do programa PRÉ-FLUPOT
denominado AREA_INIC.D. Esse arquivo deve ser utilizado para alteração do ponto de
operação calculado pelo FPO, pois alguns relés da base de dados para a simulação
dinâmica têm como referência (dado de entrada) a identificação das áreas pelos seus
números. Dessa forma somente será utilizado este arquivo de saída antes da simulação
dinâmica do ponto de operação obtido a partir do FPO, ou seja, antes da utilização do
programa ANATEM.
TITU
ONS * PAR 10-13 * 21/01/09 * DEZ12-MAR13-MED * C/ DBSH S/ ELO Area Original
DBAR
10M ANGRA-1--1GR 44
11M ANGRA-2--1GR 44
12M LCBARRET-6GR 1
13M LCBARRET-000 1
14M FUNIL----3GR 1
16M FURNAS---8GR 1
17M FURNAS---000 1
18M ITUMBIAR-6GR 1
19M ITUMBIAR-000 1
20M MARIMBON-8GR 1
21M MANSO----4GR 1
22M M.MOR.A--6GR 1
24M M.MOR.B--4GR 1
28M P.COLOMB-4GR 1
30M SCRUZ-19-000 1
31M SCRUZ-13-000 1
.
.
.
99999
Figura 41 Dado de Saída do PRÉ-FLUPOT AREA_INIC.D
* * *
E.Sant`Anna
Anexo E PRÉ-FLUPOT: Programa Fonte Executável
142
Anexo E
P-FLUPOT: Programa Fonte Executável
O programa fonte e o módulo executável do aplicativo encontram-se no CD em apenso.
Instruções de uso:
1. Entrar com o nome do arquivo do ponto de operação (formato ANAREDE)
Arquivo.pwf
2. Responder SIM a pergunta: Existe externo com dados sobre tensões nodais?
3. Entrar com o nome do arquivo externo: base_ext.d
4. Classificação das barras, selecione a opção desejada:
Identificar níveis de tensão das barras: Opção 1
Classificar ramos: Opção TR, LT,...
Classificar barras: Opção RB, FR, US, RD
Atribuir grupos limites de tensão (DGLT): Opção 2
Atribuir grupos base de tensão (DGBT): Opção 2
Retornar ao menu principal: Opção Sim
5. Entre com o nome do arquivo de saída com a extensão .dia: 2011.dia
6. Manipular áreas: Opção 1 (criar novas áreas)
7. Entre com o nome do arquivo bnt1: bnt1...dat
8. Entre com o nome do arquivo de dados dos Compensadores Estáticos:
estatico.d
9. Entre com o nome do arquivo com dados de shunts de barra: shuntb.d
E.Sant`Anna
Anexo E PRÉ-FLUPOT: Programa Fonte Executável
143
10. Entre com o nome do arquivo de saída com a nova numeração de áreas:
2011.area_inic
11. Gerar arquivo submissor para o FLUPOT
12. Entre com o nome do arquivo modelo FPO (*.fpo): modelo.fpo
13. Entre com o nome do arquivo histórico do ANAREDE (sem o .sav): 2011
14. Entre com a posição do histórico ANAREDE: 2
15. Entre com o patamar de carga: Média
16. Entre com o ano do horizonte de estudo: 2011
* * *
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo