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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
E GEOGRAFIA
A ATIVIDADE MINEIRA EM AMETISTA DO SUL/RS E
A INCIDÊNCIA DE SILICOSE
EM GARIMPEIROS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Elaine Medianeira Pagnossin
Santa Maria, RS, Brasil
2007
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ii
A ATIVIDADE MINEIRA EM AMETISTA DO SUL/RS E A
INCIDÊNCIA DE SILICOSE EM GARIMPEIROS
por
Elaine Medianeira Pagnossin
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
graduação em Geografia, Área de Concentração Geoinformação e
Análise Ambiental, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,
RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Geografia
Orientador Prof. Carlos Alberto da Fonseca Pires, Drº
Santa Maria/RS, Brasil
2007
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iii
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Naturais e Exatas
Programa de Pós-graduação em Geociências e Geografia
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
A ATIVIDADE MINEIRA EM AMETISTA DO SUL/RS
E A INCIDÊNCIA DE SILICOSE EM GARIMPEIROS
Elaborada por
Elaine Medianeira Pagnossin
Como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Geografia
Comissão examinadora:
Carlos Alberto da Fonseca Pires, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
Adriano Severo Figueró, Dr. (UFSM)
Pedro Luiz Pretz Sartori, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 22 de junho de 2007.
iv
AGRADECIMENTOS
Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Geociências e Geografia
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pelo conhecimento e formação.
A FAPERGS pelo auxílio financeiro para a realização desta pesquisa.
Ao Professor Carlos Alberto da Fonseca Pires pela orientação durante
a realização da pesquisa.
Meu agradecimento especial aos garimpeiros pela acolhida nas entrevistas.
A direção e funcionários da COOGAMAI, ao Enio da Rosa, Denise, Vanessa
e Gabriela pelo auxílio na coleta de dados nos garimpos.
Ao médico Sabino Bertão, do Hospital São Gabriel de Ametista do Sul pela
recepetividade, sugestões e esclarecimentos durante a consulta dos prontuários.
A Claudete Geraldi responsável pelo Posto de Saúde do município.
Aos Professores Valduíno Stefanello, Luís Eduardo de Sousa Robaina,
Galileo A. Buriol e os professores da banca Adriano Severo Figueró e
Pedro Luiz Pretz Sartori, meus agradecimentos pelas sugestões.
Ao colega Romário Trentin pela confecção dos mapas.
Aos colegas de trabalho, familiares, amigos(as) e pessoas que direta
ou indiretamente partilharam desta caminhada, obrigada.
v
EPÍGRAFE
A inexplicável quantidade e
diversidade de metais existentes no
interior da Terra, como também
minerais, nos impossibilitam de
estabelecer quais e quantos perigos
específicos são destas ou daquelas
minas, e se afetam alguma parte do
organismo mais do que a outra, cabe
afirmar que o ar confinado absorvido
na respiração é saturado de exalações
e partículas [...] incube as pessoas que
dirigem tais atividades, também
médicos, vigiar atentamente pela
incolumidade dos operários, e se não
conseguem suprimir as causas
ocasionais dos distúrbios, pelo menos
devem tratar de minorá-las.
(Ramazzini, 2000, p. 32)
vi
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Geociências e Geografia
Universidade Federal de Santa Maria
A ATIVIDADE MINEIRA EM AMETISTA DO SUL/RS E A
INCIDÊNCIA DE SILICOSE EM GARIMPEIROS
AUTORA: ELAINE MEDIANEIRA PAGNOSSIN
ORIENTADOR: CARLOS ALBERTO DA FONSECA PIRES
Santa Maria, 22 de junho de 2007.
O município de Ametista do Sul, localizado ao norte do estado do Rio Grande do Sul
é destaque na produção de ametistas que ocorrem em geodos no interior de
derrames de basalto da Formação Serra Geral. A extração de ametista é realizada
em grandes profundidades horizontais em galerias subterrâneas. O processo de
lavra envolve tarefas como a perfuração da rocha que é feita a seco e a utilização de
explosivos, sendo que ambas geram poeira mineral com sílica (SiO
2
) que
permanece em suspensão durante muito tempo no interior da galeria, propiciando a
inalação e o risco de desenvolver doenças pulmonares, entre elas a silicose, uma
doença crônica e incurável. Assim, esta pesquisa, teve como objetivo verificar a
incidência de silicose em garimpeiros de Ametista do Sul. Para isso, foi realizado um
levantamento de dados em prontuários médicos, visitas domiciliares aos garimpeiros
afastados do trabalho devido à silicose e entrevistas. Nos prontuários médicos foram
selecionadas informações relevantes como idade, tempo de trabalho na profissão,
tabagista ou não, diagnóstico de doença, sintomas incidentes e exames clínicos
realizados. Os resultados encontrados nos prontuários médicos mostraram que 44%
tem silicose e 56% não tem o diagnóstico da doença mas apresentam os sintomas
da mesma. Nas visitas domiciliares, foram encontrados 23 garimpeiros afastados do
trabalho devido elevado grau de evolução de silicose. Nas entrevistas com os
garimpeiros, os resultados mostraram que 78% não tem silicose, 11% tem a doença
e 11% não sabem se possuem a doença, por não terem realizado exame para
diagnóstico e ou os que fizeram o exame ainda não tinham o diagnóstico do médico.
Nesse contexto, verificou-se que é necessário mudanças nas técnicas de trabalho
principalmente no método de perfuração através da utilização de água e no
processo de ventilação que é insuficiente nos garimpos além de maior fiscalização e
controle no uso de componentes tóxicos dos explosivos que também afetam as vias
respiratórias dos garimpeiros.
Palavras-chave: Mineração; Geografia médica; Garimpeiros; Doenças ocupacionais;
Ambiente e saúde.
vii
ABSTRACT
Master Dissertation
Post-Graduation Program in Geoscience and Geography
Federal University of Santa Maria
THE MINING ACTIVITY IN AMETISTA DO SUL/RS AND THE
INCIDENCE OF SILICOSIS IN PROSPECTORS
Author: Elaine Medianeira Pagnossin
Adviser: Carlos Alberto da Fonseca Pires
Santa Maria, 22 June, 2007.
The municipal district of Ametista do Sul, located in the north of the state of Rio
Grande do Sul is eminent in the production of amethysts which occur in geodos in
the interior of spills of basalt of Formação Serra Geral. The extraction of amethyst is
made in large horizontal profundities in underground galleries. The process of plow
involves tasks such as the perforation of the rock which is made in a dry way and the
use of explosives, both of them create mineral dust with silica (SiO
2
) which remains
in suspension a lot of time inside the gallery, causing the inhalation and the risk of
developing lung diseases, among them the silicosis, a incidence of silicosis in
prospectors of Ametista do Sul. In order to do that, it was carried out a survey in
medical report, home visits to the prospectors that were out of work. Relevant
information was selected in the medical reports, such as age, occupation time,
smoker or non-smoker, diagnosis of the illness, incident symptoms and clinical
exams carried out. The results found in the medical reports showed that 44% have
silicosis and 56% do not have the diagnosis of the disease but present the symptoms
of it. During the home visits, it was found 23 prospectors away from work due to the
high evolution of silicosis. In the interviews with the prospectors, the results showed
that 78% do not have silicosis, 11% have the disease and 11% do not know whether
they have the disease because they have not done the exam for the diagnosis, or
those who did the exam have not gotten the medical diagnosis yet. In this context, it
was checked that it is necessary changes in the technique of work especially in the
perforation method through the use of water as well as improvements in the process
of ventilation that is insufficient; in addition to better inspection and control in the use
of toxic components of explosives which also affect the respiratory ways of the
prospectors.
Keywords: Mining; Medical Geography; prospectors; occupational diseases;
environment and health.
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Laurásia (A) cerca de 200 milhões de anos e Gondwana separando-se
(B) há 100 milhões de anos........................................................................................25
FIGURA 2 - Colunas estratigráficas da Bacia do Paraná. A última coluna da
direita indica as idades (Ma) dos eventos distensivos...............................................26
FIGURA 3 - Mapa geológico do Alto Uruguai e a distribuição espacial do quinto
derrame mineralizado.................................................................................................28
FIGURA 4 - Formação Serra Geral e caracterização do quinto derrame mineralizado
na vertente do Rio da Várzea, Ametista do Sul/RS....................................................29
FIGURA 5 - Detalhe do derrame mineralizado com a caracterização dos níveis
e zonas.......................................................................................................................29
FIGURA 6 - Mapa de ocorrência e jazidas de ametista no Brasil..............................31
FIGURA 7- Municípios produtores de ametista no Rio Grande do Sul......................33
FIGURA 8 - Localização do município de Ametista do Sul........................................34
FIGURA 9 - Municípios produtores de ágata no Rio Grande do Sul.........................38
FIGURA 10- Classificação das doenças e a relação com o trabalho.........................47
FIGURA 11- Distribuição espacial dos garimpos visitados em Ametista do
Sul/RS........................................................................................................................53
FIGURA 12- Abertura das galerias (A, B) e a distribuição espacial dos garimpos
(C, D). Ametista do Sul/RS, Jan./2006......................................................................54
ix
FIGURA 13 -Preenchimento de furos com explosivo (A), trituração do carvão
vegetal (B). Ametista do Sul/RS, Jan./2006...............................................................55
FIGURA 14 – Poeira no interior da galeria após a explosão (A, B). Ametista do
Sul/RS, Jan./2006......................................................................................................56
FIGURA 15 - Veículo usado nos garimpos (A), compressores (B), martelete usado
na perfuração da rocha (C) pó gerado na perfuração (D).
Ametista do Sul/RS, Jan./2006...................................................................................57
FIGURA 16 - Modelo de ventilador usado nos garimpos (A), diâmetro dos dutos
usados na maioria dos garimpos (B), local de armazenamento de explosivos (C) e o
duto de ventilação utilizado no garimpo modelo (D). Ametista do Sul/RS,
Jan./2006....................................................................................................................58
FIGURA 17 -Tipos de geodos, tamanho e cor dos cristais (A), geodo não retirado da
rocha (B), transporte do geodo (C), pesagem (D) e depósito (E, F). Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.......................................................................................................60
FIGURA 18 -Retirada dos rejeitos da galeria (A) e alocação na encosta (B).
Ametista do Sul/RS, Jan./2006...................................................................................61
FIGURA 19 - Soterramento da vegetação na encosta (A) e depósito de
lixo (B). Ametista do Sul/RS, Jan./2006....................................................................62
FIGURA 20 - Modelos de casas nos garimpos (A, B, C) e banheiro utilizado (D).
Ametista do Sul/RS, Jan./2006...................................................................................64
FIGURA 21 - Cozinha de um alojamento (A) e dormitório (B).
Ametista do Sul/RS, Jan./2006...................................................................................64
FIGURA 22 - Percentual de garimpeiros com o sintoma tosse, entre os residentes
ou não no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006...................................................78
FIGURA 23 - Percentual de garimpeiros com o sintoma dor no tórax, entre os
residentes ou não no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.................................78
FIGURA 24- Percentual de garimpeiros com o sintoma cansaço fácil, entre os
residentes ou não no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006................................79
FIGURA 25 -Percentual de garimpeiros com o sintoma chiado no peito, entre os
residentes ou não no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.................................80
x
FIGURA 26 - Percentual de garimpeiros com o diagnóstico de silicose e os que
possuem somente os sintomas, em prontuários do Hospital e Posto de Saúde
de 1997 a 2006. Ametista do Sul/RS, Jan./2006......................................................83
FIGURA 27 - Percentual de sintomas em garimpeiros com o diagnóstico de
silicose em prontuários do Hospital e Posto de Saúde, de 1997 a 2006. Ametista
do Sul/RS, Jan./2006.................................................................................................84
FIGURA 28 - Percentual de sintomas em garimpeiros com o diagnóstico de
pneumoconiose,em prontuários do Hospital e Posto de Saúde, de 1997 a 2006.
Ametista do Sul/RS, Jan./2006...................................................................................85
FIGURA 29 - Percentual de sintomas em garimpeiros em prontuários do Hospital e
no Posto de Saúde, de 1997 a 2006. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.......................86
xi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Percentual de garimpeiros cadastrados na COOGAMAI e contribuição
com o INSS. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.............................................................65
TABELA 2 - Percentual de atividades econômicas dos garimpeiros antes da
mineração em Ametista do Sul/RS, Jan./2006...........................................................66
TABELA 3- Percentual de tempo de trabalho dos garimpeiros na mineração
em Ametista do Sul/RS, Jan./2006.............................................................................66
TABELA 4 - Percentual da faixa etária dos garimpeiros em Ametista
do Sul/RS, Jan./2006.................................................................................................67
TABELA 5- Estado civil dos garimpeiros em Ametista do Sul/RS, Jan./2006............67
TABELA 6- Contribuição da esposa na renda familiar em Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.......................................................................................................68
TABELA 7 – Percentual de renda familiar dos garimpeiros em Ametista do Sul/RS,
Jan/2006.....................................................................................................................68
TABELA 8- Percentual do número de filhos dos garimpeiros em Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.......................................................................................................69
TABELA 9- Nível de escolaridade dos garimpeiros em percentual em Ametista do
Sul/RS, Jan/2006........................................................................................................70
TABELA 10-Percepção dos garimpeiros em relação às tarefas executadas na
extração mineral e o percentual correspondente. Ametista do Sul/RS,
Jan./2006....................................................................................................................72
.
TABELA 11-Tipos de Equipamentos de Proteção Individual-EPIs e percentual de
uso ou não pelos garimpeiros em Ametista do Sul/RS, Jan./2006............................73
xii
TABELA 12 -Percentual de garimpeiros que tem conhecimento da silicose e
a participação em palestras em Ametista do Sul, Jan./2006......................................74
TABELA 13 - Percentual de garimpeiros que participaram de palestras em
Ametista do Sul, Jan./2006.........................................................................................75
TABELA 14 -Tipos de sintomas de silicose e o percentual de incidência ou não em
garimpeiros. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.............................................................76
TABELA 15- Tipos de exames e percentual de garimpeiros que realizaram
ou não o mesmo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.....................................................77
TABELA 16- Percentual de garimpeiros que usavam ou não tabaco e a
relação com a silicose em Ametista do Sul/RS, Jan./2006........................................81
TABELA 17 - Percentual de garimpeiros que atualmente usam ou não tabaco
e a relação com a silicose em Ametista do Sul/RS, Jan./2006..................................81
TABELA 18 – Faixa etária dos garimpeiros em prontuários médicos. Ametista
do Sul/RS, Jan./2006..................................................................................................82
TABELA 19- Faixa etária dos garimpeiros afastados do garimpo. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.......................................................................................................87
TABELA 20- Nível de escolaridade dos garimpeiros afastados do garimpo.
Ametista do Sul/RS, Jan./2006..................................................................................88
TABELA 21 - Renda salarial dos garimpeiros afastados do garimpo. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.......................................................................................................88
xiii
LISTA DE ANEXOS
Anexo A - Questionário utilizado nas entrevistas.......................................................98
Anexo B - NR-15 Atividades e operações insalubres.................................................99
Anexo C - NR 22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração.........................101
xiv
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................vi
ABSTRACT................................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS...................................................................................................xi
LISTA DE ANEXOS...................................................................................................xiii
SUMÁRIO..................................................................................................................xiv
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................19
2.1 A APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO E O USO DOS RECURSOS
NATURAIS.................................................................................................................19
2.1.1 Importância e classificação dos recursos naturais............................................20
2.1.2 Importância econômica dos recursos minerais.................................................21
2.1.3 Gemas: ocorrência no mundo e no Brasil.........................................................22
2.2 Gemas no Rio Grande do Sul............................................................................24
2.2.1 Caracterização geológica da Bacia Sedimentar do Paraná..............................24
2.2.2 A Formação Serra Geral e a ocorrência de gemas……………………….……..27
2.2.3 Caracterização geológica do Alto Uruguai e a ocorrência de ametista….……27
2.2.4 Processo de formação de geodos de ametista e ágata………………......…….30
2.3 A Ametista: caracterização e ocorrência no mundo e no Brasil………....….30
2.3.1 Ametista no Rio Grande do Sul…………………………………………............…31
2.3.2 Caracterização da área de estudo....................................................................33
2.4 A Ágata: caracterização e ocorrência no mundo e no Brasil ……............….36
2.4.1 Ágata no Rio Grande do Sul……………………………………………...........…..37
2.5 Degradação ambiental e sua influência na saúde humana...........................38
2.5.1 A geografia médica............................................................................................40
xv
2.5.2 Atividade mineira e a saúde dos trabalhadores................................................42
2.5.3 Histórico das doenças em mineiros..................................................................44
2.5.4 A silicose...........................................................................................................46
2.5.5 Silicose no mundo.............................................................................................47
2.5.6 Silicose no Brasil e no Rio Grande do Sul........................................................48
3 METODOLOGIA.....................................................................................................50
3.1 Coleta de dados nos garimpos.........................................................................50
3.2 Prontuários médicos..........................................................................................50
3.3 Coleta de dados em domicílio com pacientes silicóticos..............................51
3.4 Formação do banco de dados...........................................................................51
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................53
4.1 Caracterização dos garimpos de Ametista do Sul/RS…….............................53
4.1.1 O local das extrações ……..…………...…………………………….....................54
4.1.2 Equipamentos de trabalho no garimpo..…………………………………………..56
4.1.3 Extração e análise dos geodos ………………………………………..….............58
4.1.4 Problemas ambientais nos garimpos...………………………………..................61
4.2 Infra estrutura dos garimpos...........................................................................62
4.2.1 Uso da água nos garimpos...............................................................................62
4.2.2 Moradias...........................................................................................................63
4.3 Percentual de garimpeiros cadastrados na Cooperativa de Garimpeiros do
Médio e Alto Uruguai-COOGAMAI e contribuição com o INSS...........................65
4.3.1 Atividades econômicas dos garimpeiros antes e depois da mineração e o
tempo de trabalho na atividade atual.........................................................................65
4.3.2 Faixa etária dos garimpeiros.............................................................................67
4.3.3 Estado civil, renda familiar e número de filhos..................................................67
4.3.4 Nível de escolaridade dos garimpeiros.............................................................69
4.4 Técnicas de trabalho no garimpo e percepção dos trabalhadores em
relação às atividades que executam......................................................................70
4.4.1 Equipamentos de Proteção Individual-EPIs, tipos e percentual de uso............72
4.5 Incidência de silicose em trabalhadores nos garimpos de Ametista do
Sul/RS........................................................................................................................73
4.5.1 Conhecimento dos garimpeiros em relação à silicose e a participação em
palestras.....................................................................................................................74
4.5.2 Incidência de silicose em garimpeiros...............................................................75
xvi
4.5.3 Sintomas de silicose e exames realizados por garimpeiros.............................75
4.6 Incidência de sintomas de silicose em garimpeiros que residem ou não
no local do garimpo................................................................................................77
4.6.1 Incidência dos sintomas tosse, dor no tórax, cansaço fácil, chiado no peito
ou outro sintoma........................................................................................................77
4.7 Incidência de silicose em garimpeiros associado ao uso ou não do
tabaco........................................................................................................................80
4.7.1 O Uso ou não do tabaco e a incidência de silicose...........................................80
4.8 Análise de prontuários médicos e a saúde dos garimpeiros em Ametista
do Sul/RS...................................................................................................................81
4.8.1 Faixa etária dos garimpeiros.............................................................................82
4.9 Diagnóstico de silicose e os sintomas incidentes..........................................82
4.9.1 Sintomas em pacientes com silicose.................................................................83
4.9.2 Sintomas em pacientes com pneumoconiose...................................................84
4.9.3 Garimpeiros somente com sintomas.................................................................85
4.10 Garimpeiros afastados do garimpo por silicose...........................................86
4.10.1 Faixa etária e o nível de escolaridade.............................................................86
4.10.2 Tempo de trabalho no garimpo e renda salarial..............................................88
4.10.3 Situação atual de vida e saúde.......................................................................88
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
..............................................90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................91
ANEXOS....................................................................................................................98
1 INTRODUÇÃO
O homem, parte integrante do meio ambiente, é o principal agente
transformador do espaço geográfico. Desde o princípio da sociedade a sua atuação
tem sido intensa e dinâmica e trouxe inúmeros problemas ambientais de escala local
a global que afetam o equilíbrio ecológico do Planeta e a qualidade de vida da
população. O uso intenso e desordenado dos recursos, intensificado com a
industrialização dos países, gerou desde então a degradação ambiental dos
mesmos e a poluição do solo, da água e do ar que acentuou a incidência de
doenças.
Desde a Antiguidade as doenças foram associadas a fatores geográficos
(clima, relevo), ambientais (poluição) e ocupacionais associadas ao trabalho. Pode-
se dizer que a mineração, além de ocasionar danos ao ambiente é uma atividade de
risco à saúde dos trabalhadores.
O Rio Grande do Sul possui importantes reservas minerais e se destaca na
produção de gemas, principalmente de ágata (maior produção no Salto do Jacuí) e
ametista (Médio e Alto Uruguai). Ambas as gemas ocorrem no interior de basaltos da
Formação Serra Geral, da Bacia Sedimentar do Paraná, destacando-se vários
municípios produtores, entre eles Ametista do Sul, que detém a maior produção,
Planalto, Frederico Westphalen, Cristal do Sul, Iraí, Rodeio Bonito, Trindade do Sul e
Gramado dos Loureiros.
A atividade extrativa ocorre em galerias subterrâneas horizontais, cujas
tarefas de perfuração e desmonte da rocha geram a poeira mineral que contém
sílica (SiO
2
) e pela difícil dispersão do material particulado, propicia a incidência de
doenças pulmonares como a silicose causada pela inalação de poeira de sílica.
Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo verificar a incidência de
silicose em garimpeiros, problemas ambientais e de trabalho nos garimpos. Assim,
com os dados coletados espera-se contribuir para que o atendimento à saúde dos
garimpeiros seja prioridade no município para diminuir a incidência de silicose e
também melhorias no ambiente de trabalho dos garimpeiros.
Este trabalho no primeiro capítulo aborda sobre as transformações espaciais
ocorridas pela apropriação dos recursos naturais, principalmente os minerais com
18
ênfase nas principais gemas no Rio Grande do Sul, a ametista e a ágata, graças a
eventos geológicos importantes como a Formação da Bacia Sedimentar do Paraná e
a Formação Serra Geral onde se concentra os derrames mineralizados das gemas.
Neste capítulo também enfatiza-se a caracterização dos garimpos, as condições
sócio-econômicas e culturais dos garimpeiros e as condições ambientais
decorrentes da atividade mineira no local.
Também é abordado os processos de degradação ambiental e as
repercussões na saúde humana. Além de enfatizar os estudos e a importância da
Geografia médica que juntamente com outras ciências contribui para a adoção de
medidas preventivas na incidência de determinadas doenças, como é o caso da
silicose em garimpeiros em Ametista do Sul/RS que trabalham na extração mineral.
O capítulo dois aborda os procedimentos metodológicos adotados; no terceiro
capítulo, a apresentação e discussão dos resultados coletados nos garimpos,
através de entrevistas e a coleta de dados nos prontuários médicos do Hospital e
Posto de Saúde do município.
No último capítulo, as considerações finais e recomendações futuras a serem
adotadas entre elas a medição do percentual de sílica em suspensão no interior das
galerias; maior fiscalização em relação às normas de segurança no meio ambiente
do trabalho, mudanças nas técnicas de perfuração e melhorias no processo de
ventilação nas galerias realizadas pelo órgão responsável pela permissão da lavra
garimpeira, a Cooperativa de Garimpeiros. Também a disponibilização de médico
pneumologista com atendimento diário e auxílio financeiro para a realização de
exames de Raio X aos garimpeiros. Além disso, implantação de programas de
saúde através de rádio e promoção contínua de palestras de conscientização e
medidas de proteção à saúde, disponibilizados em horários alternativos para facilitar
a participação dos garimpeiros.
19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo trata da apropriação do espaço geográfico e importância dos
recursos naturais, com destaque para os recursos minerais enfatizando-se as
gemas, a ametista e a ágata e sua ocorrência no Rio Grande do Sul; além da
caracterização geológica dos garimpos e as conseqüências da atividade mineira
para a saúde dos trabalhadores através da incidência de silicose.
2.1 A APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO E O USO DOS RECURSOS
NATURAIS
Embora sendo parte integrante do meio ambiente, o homem é o principal
agente transformador do espaço geográfico. Desde o princípio de sua existência o
mesmo utilizou-se do meio natural (natureza primeira) e através do seu trabalho
originou uma segunda natureza, esta constantemente transformada em função de
inovações técnicas e interesses econômicos que ocasionam contínuas
transformações espaciais (Santos, 1996a).
Dessa forma, o espaço geográfico representa o dinamismo das relações
estabelecidas entre o homem e a natureza, pelo aprimoramento da maneira de
pensar e fazer as coisas e também o modo de produzir que resultam diferentes
formas de organização espacial, diferindo-se de um lugar para outro, pois estão
associadas a fatores, técnicas e interesses diversificados. Assim, o espaço
geográfico é produto da sociedade pois,
define-se por um conjunto de formas representativas de relações sociais do
passado e do presente e representada por relações sociais que estão
acontecendo diante de nossos olhos e que se manifestam através dos
processos e funções. O espaço é então verdadeiro campo de forças cuja
aceleração é desigual [...] daí por que a evolução espacial não se faz de
forma idêntica em todos os lugares é um “conjunto de relações realizadas
através das funções e da forma que se apresenta como testemunho de uma
história escrita por processos do passado e do presente" (Santos, 1996b, p.
122).
A ação humana no espaço geográfico é dinâmica e progressiva e a “natureza
20
vai registrando e incorporando a ação do homem e adquirindo feições do respectivo
momento histórico” (Santos, 1996a, p. 89). Dessa maneira, a produção do espaço
geográfico é contínua, percebida através da paisagem, sendo esta
um conjunto de formas criadas pela natureza e pela ação humana com
uma dimensão funcional, ou seja, as relações entre as diversas partes. A
mesma é produção da ação humana ao longo do tempo, apresenta uma
dimensão histórica (Corrêa; Rosendahl, 1998, p. 8).
Considerando o homem um ser ativo que está sempre inovando e impondo
formas à natureza, pode-se dizer que o espaço-paisagem é o testemunho de um
momento, de um modo de produção específico e das coisas fixadas na paisagem
(Santos, 1985). Com a presença humana no Planeta e suas relações com o meio, a
natureza tornou-se cada vez mais culturalizada, artificializada e humanizada, pois o
homem imprimiu-lhe uma nova realidade; tornou-se o sujeito sobre a Terra, pelo uso
de suas forças intelectuais e físicas sobre os elementos naturais (Santos, 1996a).
Com base nessa afirmação, a ocupação do espaço geográfico está associada
a apropriação dos recursos naturais pois suprem necessidades básicas entre elas a
alimentação, a moradia e o desenvolvimento de atividades econômicas. No entanto,
em conseqüência disso, o homem é o responsável pelas tansformações espaciais
que tem causado grandes problemas ambientais visíveis desde a escala local à
planetária (Lemos, 1999).
Devido à problemática ambiental e as conseqüências para a qualidade de
vida dos seres, houve nas últimas décadas discussões que levaram as ciências de
modo geral a voltarem-se para esta questão. Entre as ciências, a Geografia, que
desde o princípio se propôs ao estudo das relações entre o homem e o meio natural
vem exercendo um grande compromisso social de atender seus objetivos como
ciência de caráter ambientalista, contribuindo para maior conscientização em relação
à preservação dos recursos naturais.
2.1.1 Importância e classificação dos recursos naturais
Os recursos naturais são considerados bens de grande importância na
natureza, pois são o suporte que garantem a sobrevivência das espécies. Conforme
21
May; Lustosa; Vinha (2003) os recursos constituem atualmente o capital natural,
possuem um valor intrínseco e peculiar. A sua importância é o reflexo do valor que
lhe é dado e/ou associado principalmente no aspecto econômico ou seja; a
contribuição que um recurso representa para o bem-estar da sociedade. Dessa
forma, o valor total de um recurso ambiental é a soma de todos os valores de uso e
de existência do mesmo. O valor de uso compreende a soma dos valores de uso
direto (consumo necessário), indireto (benefícios de uma floresta) e por opção (uso
ou não).
Os recursos naturais se apresentam de diversas formas e usos e determinam
o desempenho econômico dos países. Zimermann (1957) enfatiza que os recursos
são considerados a base de poder e riqueza de uma nação, pois estão associados a
valoração humana, sendo capaz de gerar intrigas entre os povos. Historicamente a
ocupação do espaço geográfico se deu pela proximidade de acesso a água e de
certos minerais, principalmente na época dos descobrimentos, onde o homem
ocupou espaços inabitados ocasionando maior exploração dos recursos.
Os recursos enfatiza Silva (2003) são agrupados por categorias; em recursos
renováveis e recursos não-renováveis. Os recursos renováveis ou de fluxo são
aqueles onde o ciclo de recomposição normalmente se dá ao longo dos anos
embora ocorra a degradação ou perda da qualidade (ar, água, vegetação). Os
recursos não-renováveis (exauríveis ex: os minerais) estão associados à evolução
geológica da Terra e sua exploração visa geralmente a venda imediata no mercado,
provocando a diminuição de sua capacidade em produção e renda.
A ocorrência de depósitos minerais está associada aos processos da
tectônica global do Planeta. Sendo assim, Nunes (2006) ressalta que pelo tempo de
formação é necessário haver modificações nos processos produtivos e no padrão de
consumo, através do uso racional e ou formas alternativas como materiais sintéticos;
já uma realidade pela evolução tecnológica. Nesse sentido, o desenvolvimento
sustentável só é possível através de uma mudança de percepção humana em
relação ao ambiente como um todo e o uso racional dos recursos.
2.1.2 Importância econômica dos recursos minerais
22
Os recursos minerais permeiam a economia e a sobrevivência humana.
Desde o princípio da civilização, assinalaram fases importantes na história,
denominadas Idade do bronze, da pedra, do aço e do ferro. É inegável nossa
dependência de utilização dos recursos minerais, utilizados em casas,
equipamentos, aparelhos, móveis e utensílios. Na indústria, na fabricação de
fertilizantes, na construção civil (brita, calcário, areia), papel (caulim), rochas
ornamentais (granito, mármore) e cimento, além de indústria de vidros, tintas e
eletro-eletrônicos (Bettencourt; Moreschi, 2000).
Por isso a ocorrência desses recursos é sinônimo de riqueza e de valor
econômico, chamados atualmente de commodities. No entanto, com o processo de
industrialização e o aumento populacional tem ocorrido uma maior demanda de
recursos não-renováveis que muitos cientistas tem receio de uma crise futura, pois
são finitos (Keller, 2000).
Os depósitos minerais constituem um corpo rochoso diferenciado devido a
composição química e mineral, cuja origem está relacionada a processos naturais,
basicamente geológicos como: a sedimentação, o intemperismo, o metamorfismo, o
vulcanismo e o plutonismo. No desenvolvimento desses processos, podem ocorrer
condições específicas que levam a concentração de substâncias que atuam no
processo de mineralização, por isso variam em espécie, quantidade e qualidade. Em
um depósito mineral a quantidade de concentração de substâncias químicas ou
minerais indicam seu potencial econômico (Bettencourt; Moreschi, 2000).
2.1.3 Gemas: ocorrência no mundo e no Brasil
As gemas ou “pedras preciosas” são de interesse dos homens há 10.000
anos pela sua beleza, destacando-se pela cor, dureza, transparência e brilho;
utilizadas como peças ornamentais, de adorno pessoal, objeto de arte e
principalmente na fabricação de jóias. Quanto à origem as gemas podem ser:
minerais (diamante, esmeralda, ametista), rochas (lápis-lazúli) e material orgânico
(âmbar, coral, pérola) (Schumann, 1983).
23
Entre as primeiras gemas conhecidas desde tempos remotos destacam-se a
“ametista, cristal de rocha, âmbar, granada, jade, jaspe, coral, lápis-lazúli, pérola,
serpentina, esmeralda e a turquesa” (Schumann, 2006, p. 8).
Devido à diversidade gemológica no mundo e no Brasil foram identificadas
nove províncias ou cinturões gemológicos, definidas como “áreas privilegiadas onde
se encontram depósitos, jazidas
1
, minas
2
de diversos minerais-gemas em
quantidades substanciais” (Franco apud LIMAVERDE, 1980):
1) Norte de Myanmar (antiga Birmânia): é a principal fonte de rubi, safira e
espinélio.
2) Na Península da Indochina, a Tailândia, Laos, Camboja, Vietnã produzem
rubi, safira, zircão e espinélio;
3) San Diego, Califórnia (EUA): conhecida por produzir kunzita, rubelita e
morganita.
4) Índia: país produtor de rubi, esmeralda, safira, diamante e principalmente
água-marinha.
5) Sri Lanka: importante produtor de rubi, safira, espinélio, zircão, alexandrita
e pedra-da-lua.
6) Austrália: país fornecedor de diamante, opala, rubi, berilos, topázio e
turmalinas.
7) Rússia um dos importantes produtores de esmeralda, fornecendo também
alexandrita, malaquita, diamante, topázio, lápis-lazúli e turquesa.
8) Madagáscar: fornece ao mercado de gemas berilo, turmalina, granada,
topázio, esmeralda, cordierita, amazonita, kunzita e feldspato amarelo.
9) No Brasil, a província gemológica se destaca pela extensão e variedade
de gemas. Entre elas a água-marinha, a esmeralda, o diamante,
variedades de quartzo (cristal-de-rocha, ametista, citrino, quartzo rosa,
enfumaçado, rutilado, ágata), turmalinas, opala, olho-de-gato, topázio,
euclásio, espodumênio, amazonita, sodalita e granadas (Branco, 2006).
O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de gemas com grande
relevância econômica. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral-
DNPM (2006) a diversidade de terrenos e ambientes geológicos do Brasil, concentra
1
“É uma massa individualizada de substância mineral ou fóssil que aflora à superfície ou no subsolo
com valor econômico (Abreu, 1973, p. 4).
2
É o depósito mineral em lavra (Bettencourt, 2000, p. 453).
24
centenas de substâncias minerais que permite sua auto-suficiência na maioria dos
produtos minerais. O Brasil destaca-se como um dos maiores potenciais minerais do
mundo, comparável com os Estados Unidos, Rússia, Canadá, Austrália, China e
África do Sul. Atualmente a produção mineral vem tendo superávit no comércio
exterior, com índice de crescimento de 10,9%, em 2006. Ressalta-se que desde o
início as atividades de extração mineral contribuíram no desenvolvimento econômico
e no processo de ocupação do espaço no interior do Brasil, cujo ciclo de maior
destaque e importância história no período colonial foi do ouro, no século XVII e
XVIII.
2.2 Gemas no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul se destaca na produção mineral de gemas, devido a
especificidade geológica existente no estado como a Bacia Sedimentar do Paraná e
a Formação Serra Geral, onde se concentra a ocorrência de gemas principalmente a
ágata e a ametista encontradas na região denominada geograficamente de Alto
Uruguai onde a mineração é a principal atividade econômica de vários municípios
(Ebert; Penteado, 1995). Além dessas, destacam-se o quartzo (variedade cristal de
rocha, quartzo leitoso, quartzo citrino e quartzo rosa), calcita, apofilita, zeolitas,
gipsita (variedade selenita), calcedônia, ônix e raramente barita, jaspe e opala
(Juchem; Brum, 1998).
2.2.1 Caracterização geológica da Bacia Sedimentar do Paraná
No fim da Era Paleozóica (período Carbonífero, 345-280 m. a.) existia uma
única massa continental, o Pangéa, circundado pelo Oceano Pantalassa. Na era
Mesozóica (225-65 m.a.) houve a fragmentação do Pangéa originando a Laurásia
(América do Norte e Europa) e o Gondwana (América do Sul, Antártica, Austrália,
Índia e África), associado ao surgimento da abertura do Atlântico (Popp, 1999)
(Figura 1).
25
B
A
Fonte: MONTGOMERY, Carla W. Environmental geology. Boston: McGraw-Hill, 1997, p. 57.
Figura 1- Laurásia (A) cerca de 200 milhões de anos e o Gondwana separando-se (B) há
100 milhões de anos.
O evento de separação dos continentes foi caracterizado pela presença de
falhas e o surgimento de grande volume de lavas, formando camadas de derrames
básicos e ácidos na Bacia Sedimentar do Paraná, denominada de Formação Serra
Geral, que abrange o Planalto Setentrional no Rio Grande do Sul (Suertegaray;
Fujimoto, 2004).
Segundo Milani (2000) a Bacia do Paraná localizada no centro leste da
América do Sul. Abriga um conjunto de rochas com idades que variam entre o Neo-
Ordoviciano e o Neo-Cretáceo. Esta bacia conforme Petri e Fúlfaro (1983) possui
uma área superior a 1.600.000 Km
2
e se estende na Argentina, Uruguai, Paraguai e
Brasil que abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
A estratigrafia da Bacia do Paraná (Figura 2) segundo Milani et al. (1994) e
Zálan et al. (1990) pode ser dividida em cinco seqüências principais de
sedimentação, separadas entre si por três descontinuidades que segundo estes
autores representam superposição de no mínimo três bacias diferentes, cuja
geometria e limite variam de uma para outra em decorrência do movimento de
placas, que conduziram a evolução do Gondwana.
Segundo Quintas; Mantovani; Zálan (1997) podem ser representadas por três
eventos datados em 440-296 M.a. e 132-144 M.a. A primeira seqüência se estende
do Meso-Ordoviciano até o Neo-Siluriano (Grupo Rio Ivaí com Formação Alto das
26
Graças e Formação Vila Maria). A segunda seqüência é restrita ao Devoniano
(Formação Furnas e Formação Ponta Grossa). A terceira seqüência se inicia no
Eocarbonífero, indo até a transição do Grupo Passa Dois (Grupo Itararé, Formação
Aquidauana, Formação Rio Bonito, Fm. Palermo/Tatuí, Fm. Iratí, Fm. Teresina e Fm.
Rio do Rastro). A quarta seqüência se desenvolve até o início do Jurássico
(Formação Botucatu e Fm. Pirambóia). A quinta seqüência corresponde ao evento
magmático Formação Serra Geral (Machado et al., 2005) (Figura 2).
Fonte: Milani et al. (1994) e Zálan et al. (1990). (Quintas; Mantovani; Zálan, 1997)
(modificado de Milani, 2000, apud MACHADO et al., 2005).
Figura 2 - Colunas estratigráficas da Bacia do Paraná. A última coluna da direita indica as
idades (Ma) dos eventos distensivos.
27
2.2.2 A Formação Serra Geral e a ocorrência de gemas
Segundo Teixeira (2000) a Formação Serra Geral se caracteriza pelos
sucessivos derrames vulcânicos que ocorreram na Bacia do Paraná entre 133 a 129
m.a., considerado uma das maiores manifestações continentais de basalto (rochas
ígneas) do Planeta; com cerca de 800.000 Km
3
de lavas que recobriram cerca de
75% da superfície da Bacia. A origem dessa atividade ígnea estaria associada à
fragmentação do Gondwana e culminou com a formação do assoalho oceânico do
Atlântico devido a processos distensivos da crosta.
Nardy (2002) diz que sob o ponto de vista geoquímico o vulcanismo da Bacia
do Paraná é representado por rochas de composição ou natureza básica
3
, ácida
4
e
intermediária
5
. A Formação Serra Geral é constituída por: rochas básicas-
intermediárias (basaltos, andesi-basaltos e andesitos de afinidade toleítica; possuem
coloração cinza-escuro a preta, maciços vesiculares, subfaneríticos de granulação
variando de média a grossa); rochas ácidas do Tipo Chapecó (dacitos, riodacitos,
quartzo latitos e riolitos com jazimento tabular); rochas ácidas do Tipo Palmas
(riolitos e riodacitos). O aspecto estrutural marcante destas rochas em escala de
afloramento é o acamamento ígneo em especial na porção superior das seqüências
vulcânicas.
Recobrindo a Formação Serra Geral, Milani (2000) diz que existe fácies do
Grupo Bauru que ocorre na região central da Bacia do Paraná, no noroeste do
Paraná, oeste de São Paulo, sudeste de Mato Grosso do Sul, sul de Goiás e Minas.
Conforme Machado et al. (2005) o Grupo Bauru caracteriza-se pela presença de
bancos de arenitos alternados com bancos de lamitos, siltitos e arenitos lamíticos
exibindo níveis conglomeráticos e calcários na parte superior.
2.2.3 Caracterização geológica do Alto Uruguai e a ocorrência de ametista
3
Corresponde a composição de sílica em rocha ígnea; a denominação “básica” é devido o teor de
sílica entre 52 e 45% (Teixeira, 2000, p. 336).
4
Possui teor de sílica superior a 66% (loc. cit., 2000, p. 336).
5
Possui teor de sílica entre 66 e 52% (loc. cit., 2000, p. 336).
28
Conforme Schmitt; Camatti; Barcellos (1991) a ocorrência de ametista no Alto
Uruguai se concentra principalmente em três localidades: Vila São Gabriel
(atualmente Ametista do Sul), Lajeado Paredão e Barreiro Grande (Figura 3).
Segundo Szubert et al. (1978 apud SCHMITT; CAMATTI; BARCELLOS,
1991) foram identificados na região do alto Uruguai, a partir dos rios da Várzea e do
Mel sete derrames basálticos (Figura 4), mas é no quinto derrame que se
concentram os geodos mineralizados (Figura 3,4). Este derrame possui uma
constância, com altitude em torno de 400 a 440m na ocorrência da zona
mineralizada (Figura 3), com espessuras em torno de 20 a 40m.
53º15’08’’W 53º09’30’’
27º17’06’’S
Fonte: Szubert et al. (1978 apud SCHMITT; CAMATTI, BARCELLOS, 1991).
27º23’00
Figura 3 - Mapa geológico do Alto Uruguai e a distribuição espacial do quinto
derrame mineralizado.
29
4
Fonte: Szubert et al. (1978 apud SCHMITT; CAMATTI; BARCELLOS, 1991).
Figura 4 - Formação Serra Geral e caracterização do quinto derrame mineralizado
na vertente do Rio da Várzea, Ametista do Sul/RS.
No derrame mineralizado Szubert et al. (1978 apud SCHMITT; CAMATTI;
BARCELLOS, 1991) enfatizam que há ocorrência de níveis ou zonas caracterizadas
estrutural e mineralogicamente da seguinte forma: Nível brechóide (mede cerca de 3
a 4m de espessura, podendo atingir 8m), zona amigdalóide (espessura em torno de
3m), Zona horizontal de topo (possui intenso fraturamento horizontal, chamada pelos
garimpeiros de cascalho), Nível mineralizado (são basaltos, de coloração cinza-
escura a esverdeada e textura holocristalina, espessura de 2 a 3m), Zona
intermediária e Zona horizontal de base (ambas não foram descritas devido à falta
de cortes abaixo da zona maciça) (Figura 5).
Fonte: Szubert et al. (1978 apud SCHMITT; CAMATTI; BARCELLOS, 1991).
5
Figura 5 - Detalhe do derrame mineralizado com a caracterização dos
níveis e zonas.
30
2.2.4 Processo de formação de geodos de ametista e ágata
O processo de formação de geodos mineralizados de gemas nos basaltos da
Bacia do Paraná ocorreu a partir da liberação de gases aprisionados pela lava em
solidificação que formou cavidades nas rochas (geodos) preenchidas por
mineralizações silicosas através de;
a) gases responsáveis pela formação de cavidades reagiriam com a rocha
encaixante, alterando-a e por reações resultariam na deposição de minerais;
b) soluções residuais dos processos de cristalização do magma basáltico
ricas em sílica seriam as responsáveis pelas mineralizações;
c) Processos hidrotermais teriam provocado alterações significativas nos
basaltos. Os fluídos de sílica que originaram as mineralizações nos geodos
(Juchem; Brum, 1998). Conforme a mineralogia dos geodos juntamente com as
características de inclusões cristalinas indicam que a gênese da ametista deve ter
ocorrido em ambiente epitermal, sob temperaturas em torno de 100ºC; os minerais
de sílica indicam temperaturas em torno de 40 a 50ºC e a calcita em torno de 30ºC
(Juchem et al., 1994).
2.3 A Ametista: caracterização e ocorrência no mundo e no Brasil
A ametista é uma variedade de quartzo de cor violeta. Constitui-se de óxido
de silício (SiO
2
), dureza 7; densidade 2,65, fratura concóide, quebradiça, sistema
hexagonal (Schumann, 2006, p. 118). As primitivas jazidas de ametista de boa
qualidade, concentravam-se nos Montes Urais (Rússia) e de Idar-Oberstein
(Alemanha), atualmente exauridas. Há ocorrência de jazidas de ametista em
Birmânia, Índia, Canadá, Namíbia, Rússia, Sri Lanka e Estados Unidos. Entretanto,
as jazidas mais importantes encontram-se no Brasil (RS e PA) e Uruguai (em
Artigas); além desses merecem destaque Madagáscar, México e Zâmbia.
Entre os estados no Brasil, Abreu (1973) destaca Goiás, Ceará (Chapada do
Araripe), na Bahia (municípios de Macarani, Itambé, Vitória da Conquista, Caculé,
Caetité e Encruzilhada), em Minas Gerais (municípios de Salinas, Araçuaí, Pedra
31
azul, Medina, Minas Novas, Teófilo Otoni, Capelinha, Governador Valadares,
Conselheiro Pena, Itacarambi, Ouro Preto, Santa Maria do Suaçuí, Peçanha, Ferros,
Jequitinhonha e Sabinópolis), no Pará (Serra dos Carajás e Pau D’Arco) e também o
Paraná, Piauí, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O mapa (Figura 6) apresenta os
estados brasileiros que possuem ocorrência de jazidas de ametista.
Fonte: Modificado Juchem (1999)
Figura 6 - Mapa de ocorrência e jazidas de ametista no Brasil.
2.3.1 Ametista no Rio Grande do Sul
A ametista é a mais importante das gemas produzidas no estado; está em
64% dos jazimentos cadastrados. Segundo Branco; Gil (2002) é encontrada em
32
muitos locais, geralmente associada a ágata.
A maior concentração dessa gema ocorre no norte do estado, que detém a
maior produção e abrange vários municípios do Médio e Alto Uruguai.
Entre os municípios destaques, segundo a COOGAMAI (2007) são Ametista
do Sul (com a maior produção), Planalto, Frederico Westphalen, Cristal do Sul, Iraí,
Rodeio Bonito, Trindade do Sul e Gramado dos Loureiros que constituem o maior
centro produtor do mundo tanto em volume como extensão, responsável por 80%
das exportações destinadas em ordem dos países; a China, Taiwan, Hong Kong,
Tailândia, Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Itália
6
.
Conforme Branco e Gil (2002, p. 5) também há ocorrência de ametista em
Alpestre, Aratiba, Boqueirão do Leão, Capitão, Coqueiro Baixo, Caxias do Sul,
Encantado, Erechim, Fontoura Xavier, Lajeado, Nonoai, Quaraí, Santana do
Livramento, Soledade, Nova Bréscia, Santa Clara do Sul, Vicente Dutra, Mato
Castelhano, Gramado, Santiago, Unistalda, Itacurubi, São Francisco de Assis e São
Martinho da Serra. A (Figura 7) mostra a localização dos municípios produtores de
ametista no Rio Grande do Sul.
6
Dados fornecidos pela Cooperativa de garimpeiros do Médio Alto Uruguai-COOGAMAI, em junho
de 2006.
33
Fonte: Modificado do Atlas sócio-econômico do Rio Grande do Sul, 2002.
Figura 7 -Municípios produtores de ametista no Rio Grande do Sul.
Organização: TRENTIN, Romário
2.3.2 Caracterização da área de estudo
Esta pesquisa foi desenvolvida no município de Ametista do Sul, onde a
mineração é a atividade econômica mais rentável.
Ametista do Sul/RS pertence à Microrregião de Frederico Westphalen,
conhecida como a capital mundial de ametista. Situa-se ao norte do estado entre as
coordenadas geográficas de 27º15’04’’ e 27º22’36’ de latitude sul e 53º07’21’’ e
53º16’39’’ de longitude oeste (Figura 8); possui uma área de 93km
2
e altitude média
de 505m. Limita-se ao Norte com Iraí, ao Sul Rodeio Bonito e Cristal do Sul, a Leste
Planalto e a Oeste Frederico Westphalen (Figura 8). Apresenta uma população de
8.152 habitantes, constituída de 60% de descendentes de italianos, 15% de
34
alemães, 15% de poloneses e 10% de outras etnias; densidade demográfica em
torno de 82,5 hab/km
2
(IBGE, 2006).
Fonte: Modificado do Atlas sócio-econômico do Rio Grande do Sul, 2002.
Figura 8 - Localização do município de Ametista do Sul.
Organização: TRENTIN, Romário
O município localiza-se no Planalto Meridional Brasileiro; pertence à Bacia
hidrográfica do Rio Uruguai, cujos afluentes principais da margem esquerda são o
Rio Forquilha, o Passo Fundo e o da Várzea, que separa Frederico Westphalen de
Ametista do Sul (Verdum; Basso; Suertegaray, 2004).
O clima do município, segundo a classificação de Köppen (1931) é do tipo
Cfa, subtropical com verões quentes sem períodos de secas; a precipitação é bem
distribuída ao longo do ano (Moreno, 1961).
Conforme Streck et al. (2002) o solo predominante no Alto Uruguai é o
chernossolo. Este tipo, associa-se também ao Neossolo e é pouco desenvolvido.
Nessa região, destaca-se também o Neossolo Litólico Eurotrófico (unidade
35
chemossólico) que ocorre em local de relevo ondulado e montanhoso geralmente
pedregoso e com afloramento de rochas. Há ocorrência do solo Argilúvico Férrico
Típico, originado do basalto, este ocorre em encostas no relevo ondulado é propício
a fruticultura, pastagens e reflorestamento.
A vegetação florestal mais significativa no Alto Uruguai, segundo Rambo
(1994) era a canafístula, a paineira, o guatambu, o alecrim, a canela, o ipê-pardo, o
ipê amarelo, o tapiá, o pessegueiro do mato, marmeleiro, além de louros, cangerana,
cabriúvas, grapia. No vale do Alto Uruguai as espécies normalmente trazem
característica da mata tropical. Na mata baixa, contém espécies típicas da região,
onde há o afloramento de rocha destaca-se a palma-se-São-José (capim-de-anta).
O pinheiro encontra-se próximo ao Rio do Turvo associado a áreas de campo.
Somente entre Guarita e o Rio Turvo há uma mistura da araucária com a mata
virgem.
Historicamente, o município era habitado por índios Cainganges. No início do
século XX e a partir da década de 1920 segundo AMETISTA do Sul (2006a)
começaram a chegar caçadores e agricultores italianos e principalmente alemães,
vindos da cidade de Idar-Obestein (Alemanha), um centro de beneficiamento de
pedras preciosas. As primeiras ametistas no município foram encontradas a céu
aberto sob raízes de árvores, córregos e em atividades agrícolas, surgindo aos
poucos a exploração mineral e os primeiros núcleos habitacionais, denominado
Distrito de São Gabriel, fundado praticamente por imigrantes italianos e alemães.
Em consequência da exploração mineral a Alemanha se tornou o principal país
comprador de ametista e ágatas até a década de 1960 e com a Segunda Guerra
Mundial o comércio foi interrompido (Fellemberg, 1994).
Entretanto em AMETISTA do Sul (2006b) foi na década de 1970 que a
mineração atingiu o auge de produção e as extrações começaram a ser feitas em
galerias subterrâneas. Com a produção em larga escala, instalaram-se as primeiras
empresas estrangeiras, impulsionando a economia local. Devido o crescimento
econômico gerado pela produção de ametista, o Distrito foi emancipado em 20 de
março de 1992 com o nome de Ametista do Sul.
Atualmente a extração mineral no município é a principal atividade econômica
que corresponde a 85% da arrecadação de impostos. O município possui cadastro
de 243 garimpos, mas apenas 174 garimpos estão em atividade, devido o baixo
36
preço do dólar no mercado internacional
7
. Ressalta-se que na Constituição Federal
do Brasil de 1988, no Art. 178 § 3º, o Estado passou a organizar a atividade em
cooperativas
8
, levando em conta a proteção ao meio ambiente e a promoção
econômica e social dos garimpeiros. Posteriormente com a Lei 7.805 de 18/07/1989,
foi criado o Regime de Permissão de Lavra Garimpeira (Muller et al., 1994).
Além da mineração, destaca-se a agricultura em pequenas propriedades
(minifúndios) com produção de feijão, milho e soja. Atualmente esta atividade está
sendo diversificada com a citricultura, psicultura e viticultura. Na pecuária predomina
o rebanho bovino com destaque na produção de leite e em menor quantidade
destaca-se suínos e aves. Em função da extração de ametista, o turismo é frequente
e recebe visitantes e pesquisadores de vários locais (IBGE, 2006).
2.4 A Ágata: caracterização e ocorrência no mundo e no Brasil
Constitui-se de “óxido de silício (SiO
2
) a cor é variável em faixas ou camadas,
dureza de 6
1/2
-7, densidade 2,58 a 2,62, fratura concóide, sistema cristalino trigonal
e agregados microcristalinos” (Schumann, 2006, p. 132).
As principais jazidas encontravam-se até início do século XIX, próximo a Idar-
Oberstein (Alemanha), mas atualmente estão esgotadas. Esta cidade tornou-se o
centro mais importante de polimento de ágatas e pedras coloridas (Juchem e Brum,
1998).
A ágata é utilizada como gema pelos egípcios há 3.000 anos. Há registros de
ocorrências de jazidas em vários locais do mundo, destacando-se o México, Rússia,
Zimbábue, África do Sul, Austrália, Madagáscar, Estados Unidos, Índia. No Brasil,
destacam-se os estados de Roraima, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais,
Paraíba, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o maior produtor.
Atualmente as jazidas mais importantes encontram-se no Brasil (Rio Grande do Sul)
e Uruguai, sendo também os maiores produtores mundiais (Schumann, 2006).
7
Dados fornecidos pela Cooperativa de garimpeiros do Médio Alto Uruguai Ltda-COOGAMAI em
agosto de 2006.
8
Forma prática de regularizar os garimpeiros e sua atividade (Fellemberg, 1994, p. 59).
37
2.4.1 Ágata no Rio Grande do Sul
As ágatas são encontradas em geodos em rochas vulcânicas da Formação
Serra Geral, isoladas ou junto com a ametista, calcedônia e cornalina. Os geodos
mineralizados de ágata são predominantemente arredondados e ovóides
apresentam tamanho médio entre 20 e 50 cm de diâmetro e alguns até de 1m.
Possuem cores cinzentas e as bandas quase não são reconhecidas, por isso é
necessário tingi-las para concentrar sua estrutura e coloração. A teoria sobre o
processo de formação supõe que se originou do mesmo tipo da rocha matriz, onde a
sílica fluida se esfriou na lava simultaneamente com a rocha e provocou uma
cristalização zonal a partir de seu exterior. Apresentam bandas que podem ser de
cores distintas ou de tom uniforme (Schumann, 2006). Entretanto (Juchem e Brum,
1998) dizem que as jazidas de maior ocorrência localizam-se nos municípios do
Salto do Jacuí (Arroio do Tigre, Tunas, Lagoão, Campos Borges, Segredo,
Sobradinho e Fortaleza dos Valos), próximo a Soledade (Fontoura Xavier,
Espumoso, Guaporé e Barros Casal) e na Região do Alto Uruguai (Planalto, Iraí,
Frederico Westphalen, Ametista do Sul, Rodeio Bonito e Trindade do Sul).
Além desses locais, também há ocorrências de ágatas, no sudoeste do
Estado, entre os municípios de Quaraí e Santana do Livramento e no Uruguai, que
se destaca também com um potencial econômico significativo (Juchem; Brum,
1998).
Ressalta-se que a maior extração no estado é no Salto do Jacuí, com grandes
depósitos encontrados nas margens dos rios Jacuí e Ivaí, em destaque a “ágata
umbú” encontrada na Fazenda Umbú; possui coloração acinzentada e com
bandeamento fraco, muito utilizada para tingimento.
Em Soledade a concentração de ágatas é dispersa geograficamente e em
alguns locais a mesma ocorre em zonas mais baixas em banhados, onde são
extraídos geodos de ágatas com cores avermelhadas, provavelmente pelas
alterações do óxido de ferro, que nesse caso age como um corante natural,
dispensando tingimento e muitas vezes é suficiente a exposição ao sol para a cor
ser acentuada (Juchem e Brum, 1998). A (Figura 9) mostra a localização dos
municípios produtores de ágata no Rio Grande do Sul.
38
Fonte: Modificado do Atlas sócio-econômico do Rio Grande do Sul, 2002.
Figura 9 - Municípios produtores de ágata no Rio Grande do sul.
Organização: TRENTIN, Romário
2.5 Degradação ambiental e sua influência na saúde humana
O homem é o principal agente causador dos problemas ambientais que
interferem na saúde humana (Minayo; Miranda, 2002). As consequências do
processo de degradação ambiental na saúde do homem é referenciada por vários
autores entre eles, Raquel Carson através da sua obra intitulada Primavera
Silenciosa, onde menciona que a industrialização dos países desencadeou a
deteriorização dos recursos naturais e também problemas de poluição (do ar e do
solo) acentuando a incidência de inúmeras doenças.
Entre os episódios, Carson (2001) refere-se ao uso de substâncias tóxicas,
que ao serem lançadas no ambiente repercutem na saúde humana seja através da
contaminação de alimentos, da água e do ar. O uso intenso de produtos químicos no
39
ambiente acompanham o homem do nascimento até sua morte, por diversas vias de
contaminação e efeitos cumulativos no organismo. A autora cita o caso do DDT e
outras substâncias químicas cancerígenas (como o arsênico) que resultaram numa
epidemia de câncer em vários locais do mundo.
Alguns eventos ambientais registrados no século XX acarretaram danos a
saúde humana. É destacado por BRASIL (2002) o caso ocorrido em Minamata
(Japão) em 1930 com a contaminação por mercúrio (Hg), cujas conseqüências se
propagaram por vários anos com a incidência de doenças, principalmente a parasilia
cerebral e a anencefalia, causas de morte de inúmeras pessoas. No Brasil, um dos
acontecimentos mais conhecidos foi em Goiânia em 1987, com contaminação por
Césio 137. Ambos casos de contaminação ambiental, acarretaram impactos nocivos
para o ambiente e a população.
Dessa forma, pode-se perceber que há uma relação intrínseca entre o homem
e o meio, que é amplamente reconhecida seja através do ar que respiramos, da
água que bebemos e ou do alimento que comemos que interferem na qualidade de
vida dos seres vivos (Beltran, 2005).
Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde, com base numa visão
holística diz que o “ambiente deve ser visto como a totalidade de elementos que
influenciam nas condições de saúde e qualidade de vida dos indivíduos e ou de
comunidades” (Minayo; Miranda, 2002, p. 15).
Assim, com base em estudos geográficos, migratórios e ocupacionais (GOES,
1998, p. 7), ressalta que o “fator ambiental também tem sido cada vez mais
reconhecido na gênese do câncer, que corresponde a cerca de 80% dos casos da
doença, associado a fatores ambientais como um todo”, seja em conseqüência da
poluição da água, do ar, do solo e dos alimentos.
Nesse contexto Almeida Filho (1989) destaca os estudos do Dr. Hueper, pela
incidência de tumores malígnos na cidade de Reichnstein (Silícia) e também nos
Estados Unidos devido a contaminação do solo e da água. Também cita os estudos
de John Snow, em 1855, considerado um estudo clássico pela sua abordagem
sistêmica, pois utilizou fatores geográficos e ambientais ao desvendar a incidência
de cólera em Londres. Descobriu que a propagação da doença ocorreu através da
contaminação da água (por fezes). Este pesquisador fez um levantamento detalhado
da distribuição espacial da doença, onde verificou que o maior número de óbtidos
ocorria em classes pobres de trabalhadores em periferias.
40
A diversidade de substâncias químicas, afirma Goes (1998) causam impactos
para o meio ambiente e ao organismo humano, tornando-se um desafio para as
ciências, principalmente a Toxicologia, uma ciência multidisciplinar, cuja finalidade é
proteger a saúde dos trabalhadores. Devido o processo de industrialização, a
queima de combustíveis fósseis, a poluição da atmosfera, o uso de agrotóxicos, o
desmatamento e as queimadas têm comprometido a qualidade de vida dos seres
vivos.
2.5.1 A geografia médica
A associação entre fatores ambientais e a incidência de doenças relata
Pessoa (1978), foi feita desde a antiguidade por estudiosos, destacando-se
Hipócrates, em cerca de 480 a. C. com sua obra Dos ares, das águas, dos lugares,
considerado o pai da Medicina. Relacionou na época fatores geográficos e
climáticos com a incidência de doenças, esta obra é considerada o marco de
aproximação entre a Geografia e a Medicina, surgindo então a Geografia Médica
descrita como:
a disciplina que estuda a geografia das doenças, isto é a patologia a luz dos
conhecimentos geográficos, conhecida também como patologia geográfica,
geopatologia ou medicina geográfica [...] que tem por fim o estudo de
distribuição e da prevalência de doenças na superfície da terra [...] que
possam advir por influência dos mais variados fatores geográficos e
humanos (Lacaz 1972 apud LEMOS; LIMA, 2004, p. 74/75).
Os estudos da Geografia Médica conforme Bousquat; Cohn (2004) tiveram
períodos de emergência e decadência. O período de maior propagação dessa
ciência, ocorreu durante as grandes navegações, no século XVI e XVII, devido a
necessidade de se conhecer as doenças nas novas terras conquistadas e também a
proteção dos colonizadores europeus. Esse período histórico, corresponde a
concepção determinista na Geografia, que considerava certas características
geográficas, como por exemplo o clima tropical como o fator responsável na
ocorrência de doenças. Devido a isso, surge nesse período a Medicina Tropical,
uma especialidade médica que adota a concepção de que as doenças infecciosas e
41
parasitárias dos trópicos (devido o clima quente) delibitavam o organismo humano,
expondo o homem a enfermidades.
Segundo Almeida Filho (1989) Louis Pasteur descobriu que certas doenças
eram causadas por bactérias e durante certo período foi denominado de “era
bacteriológica ou pastoriana”. Devido a isso, a partir de 1900, foram publicadas
poucas obras sobre Geografia Médica que só começaram a serem produzidas a
partir da década de 1930 e 1940.
Conforme Ferreira (1991) os estudos de grande importância das décadas de
1930 e 1940 foram as do parasitologista Pavlovsky (1939) que formulou a teoria dos
“focos naturais de doenças em humanos”, sob uma abordagem ecológica, que foram
utilizadas posteriormente por outros autores, para explicar a incidência de doenças.
Também, o geógrafo Max Sorré, em 1943 desenvolveu o conceito de “complexo
patogênico”, que mostra de forma mais abrangente uma variedade de doenças
infecciosas e parasitárias. Na sua obra, Les Fondements de La Géographie
Humaine, preocupou-se em fornecer uma base conceitual à geografia médica que
permitisse investigações de natureza interdisciplinar. Essa abordagem ecológica das
relações entre o homem e o meio através do “complexo patogênico” amplia o campo
da geografia, que até então se baseava na descrição do meio físico.
Carvalho et al. (2003) diz que a Geografia é a ciência que estuda o meio
ambiente e os seus componentes, sejam naturais ou antrópicos e as relações entre
eles. Então, quando se estuda os agravos à saúde e as influências estabelecidas
num determinado lugar, inevitavelmente estamos utilizando o conhecimento
geográfico às ciências da saúde.
Entretanto, Silva (2000) refere-se que os avanços dos estudos das doenças
foi com a mudança do conceito de espaço pela corrente Marxista na Geografia. Este
conceito foi visto como resultado da ação da sociedade sobre o meio natural e
permite analisar que a organização do espaço é um processo interativo do homem
com a natureza.
Assim, com a redefinição dos conceitos e métodos na Geografia e na
Epidemiologia, Medronho (1995) ressalta que o auxílio de novas tecnologias como
os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), possibilitam integrar dados ambientais
com os de saúde, facilitando o entendimento da ocorrência de doenças.
Por isso que as questões relacionadas ao ambiente e saúde é multidisciplinar
e comporta várias abordagens e articulações interdisciplinares. Dessa forma,
42
BRASIL (2002) diz que através do conhecimento integrado é possível uma
intervenção eficaz para a solução de um problema de saúde, seja na adoção de
medidas preventivas e controle dos fatores de risco associados a uma variável
ambiental.
Entretanto, na percepção de Louis Paster, para prevenir e ou erradicar uma
doença é necessário eliminar as causas específicas. Isso também impulsionou
fortemente os estudos e a práxis da Patologia do Trabalho, onde as doenças dos
trabalhadores foram “associadas a agentes etiológicos específicos, seja agentes
químicos (chumbo, mercúrio), físicos (ruído, frio, calor, radiações) e biológicos, de
origem ocupacional” (Mendes, 2003, p. 18).
Nessa abordagem, das doenças associadas ao trabalho, Graça (2005) diz
que a primeira observação de uma doença profissional (a cólica provocada pelo
chumbo na extração de metais) foi atribuída a Hipócrates. Posteriomente Plínio (23 -
79 d. C.) descreveu o envenenamento por mercúrio em escravos que trabalhavam
em minas e pedreiras no Império Romano.
Atualmente os estudos sobre a influência de certos minerais na saúde vêm
ganhando destaque. Entre os minerais de maior risco à saúde humana, Cortecci
(2005) destaca o chumbo, o selênio, o iodo, o flúor, o asbestos, o enxofre, o
molibdênio, o arsênico, o cádmio e a sílica que sob determinadas condições de
contato ocasionam doenças. Tais estudos referentes aos minerais, seja por
deficiência ou seu excesso no organismo vem sendo destaque pela Geologia
Médica, também conhecida como Geomedicina é “a ciência que trata da relação
entre os fatores geológicos e os problemas de saúde nos humanos, animais e
plantas” (Selinus et al., 2005, p.11).
Assim, desde a Antiguidade já havia estudos de doenças ocupacionais como
por exemplo em mineiros.
2.5.2 Atividade mineira e a saúde dos trabalhadores
O extrativismo mineral é de grande importância para a sociedade, pois
contribui para a geração de empregos, fornecimento de matéria-prima para a
indústria, construção civil e impostos. Entretanto, Kopezinski (2000) diz que quando
43
a atividade extrativa é exercida sem técnicas adequadas e sem controle, origina a
degradação do meio físico, cujos efeitos perceptíveis são os desmatamentos, a
perda de solos superficiais férteis, a instabilidade das encostas, a erosão, o
assoreamento de rios, a produção de rejeitos, os efeitos na flora e fauna local e a
poluição.
A extração mineral caracteriza-se como uma atividade insalubre, com efeitos
lesivos à saúde dos trabalhadores das minas que sofrem as conseqüências,
originando doenças pelo trabalho, por manipularem substâncias nocivas (explosivos)
e poeira mineral que afetam as vias respiratórias, cujo órgão mais prejudicado é o
pulmão, principalmente em trabalhadores de minas subterrâneas que estão
expostos à poeira de sílica (quartzo, SiO
2
cristalizada) (Ramazzini, 2000).
Segundo Kulcsar Neto et al. (1995) a sílica (SiO
2
) aparece em grande
quantidade na natureza sendo encontrada nas areias e na maioria das rochas e
constitui cerca de 60% da crosta terrestre. A poeira de sílica é desprendida em
operações de lavra, através da execução de tarefas como cortar, serrar, polir, moer,
peneirar, esmagar e outra forma de material que contém sílica, seja na fabricação de
tintas, cimento, cosméticos, produtos farmacêuticos e inseticidas, escavação de
túneis, poços, polimento de blocos de pedra, granito e quartzo. Conforme BRASIL
(1998, p. 198) a “poeira de sílica é considerada insalubre de grau máximo”.
As doenças causadas pela exposição à poeiras minerais patogênicas foram
denominadas de pneumoconioses por Zenker em 1866, para designar um grupo de
doenças que se originam pela inalação de poeiras que leva a uma reação
inflamatória, fibrose e insuficiência respiratória. O termo pneumoconioses foi
redefinido em 1971 como o acúmulo de poeiras nos pulmões e a reação tecidual à
sua presença (Mendes, 2003).
As pneumoconioses, enfatizam Castro; Silva; Vicentin (2005) reúnem um
conjunto de doenças respiratórias, destacando-se algumas como aluminose
(alumínio), asbestose (amianto), talcose (talco), siderose (fumo e óxido de ferro),
baritose, berilose (berílio), estanhose (estanho) e a mais comum e freqüente desse
grupo de doenças pulmonares é a silicose (pó sílica).
Em relação a esta abordagem, Goes (1998) destaca que o homem desde a
antiguidade já tinha conhecimento dos efeitos tóxicos provocados pelas substâncias
químicas. Tanto que Paracelsus (1493-1541) mencionava que toda substância é
considerada um veneno, mas é a dose (quantidade) que vai diferenciar em veneno
44
ou remédio. O autor diz que o grau de toxidade, ou seja, a capacidade inerente de
uma substância acarretar efeitos lesivos à saúde, está associada a fatores como: a
freqüência da exposição; o tipo de substância (seja por gases, vapores, líquidos
voláteis, material particulado); a duração da exposição e a via de penetração no
organismo por ingestão, absorção e ou inalação, sendo esta considerada uma das
mais graves, correspondendo a 90% das intoxicações ocupacionais.
2.5.3 Histórico das doenças em mineiros
As doenças associadas ao tipo de trabalho foram estudadas desde a
antiguidade. No Antigo Egito, era comum a existência de doenças ocupacionais
principalmente de dermatites e lesões de mãos e braços em pedreiros. Devido a
isso, em certos locais de trabalho, como minas, pedreiras na construção de
pirâmides, havia atendimento médico no local (Dembe, 1996 apud MENDES, 2003).
Em época remota destacaram-se os trabalhos escritos por Hipócrates (460-
375 a. C.) até Galeno, médico em Roma (129-199d. C) que relacionou doenças com
a ocupação dos trabalhadores. Seu estudo de análise, baseou-se em escravos e
trabalhadores das minas (Schilling, 1975; Margotta, 1996 apud MENDES, 2003). Os
escritos de Galeno, referenciavam às doenças ocupacionais principalmente em
mineiros, corredores e lutadores.
Além desses, destacou-se também Plínio (23 - 79 d. C.) autor de De Historia
Naturalis, que descreveu a situação dos trabalhadores das minas, expostos ao
chumbo, ao mercúrio e a poeira mineral (Goldwater, 1936 apud MENDES, 2003).
Na Idade Média, com o desenvolvimento tecnológico, a ascensão da
burguesia, o interesse de atividades relacionadas a mineração e manuseio de
metais, surgiu em 1473 (só editado em 1524) o livro de Ellenbog, chamado “Manual
de instruções”, onde relatou os riscos ocupacionais, os efeitos perigosos dos
vapores de prata, mercúrio, chumbo e alguns aspectos relacionados a intoxicações
embora, mencionados por autores como Hipócrates, Plínio e Galeno. Sua obra, foi a
primeira a tratar especificamente do envenenamento laboral de vapores de metais,
enfatizando os sintomas e advertindo sobre a necessidade de uma boa ventilação
no local de trabalho (Krölls, 1994 apud MENDES 2003).
45
Destacou-se também Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim,
conhecido como Paracelso (1493-1541), escreveu a primeira monografia que tratava
das doenças ocupacionais dos mineiros e fundidores intitulada “Von der Bergsucht
und anderen Bergkrankheitem” coleção de três volumes onde relacionou saúde e
trabalho. Este viveu anos em um centro mineiro onde observava o trabalho,
enfatizando aspectos sobre os métodos de trabalho, substâncias, sintomas e
doenças.
Nesse contexto, surgem também as famosas obras de Georg Bauer,
conhecido por Georgius Agrícola (1494-1555), considerado médico das minas de
Joachimstal, descobertas em 1516, na região de Erzge Birge, na Alemanha. Sua
notável obra De Re Metallica aborda aspectos associados a extração de metais
argentíferos e auríferos e à sua fundição. Este relata que as condições secas em
algumas minas prejudica ainda mais os trabalhadores por que o pó que é levantado
pelas cavações, penetra nas vias respiratórias, prejudicando a respiração e
aumentando a incidência de doenças pulmonares, denominada pelos gregos de
“asma dos mineiros”, devido a poeira “corrosiva”, que leva a silicose.
Em sua obra Georg Bauer, enfatizou que em trabalhadores da mineração
subterrânea a mortalidade era precoce e em maior número. Associou o trabalho dos
mineiros e os riscos a saúde, constatando que as doenças dos mineiros eram
sistêmicas. Diante da realidade, observou que muitos problemas de saúde poderiam
ser evitados, se fossem adotadas medidas preventivas (Mendes, 2003).
Entretanto, Ramazzini (2000) considerado Pai da Medicina do Trabalho, pelo
seu interesse e compromisso em relação a classe trabalhadora e também pela sua
percepção dos fatores ocupacionais e socias, publicou em 1700 a obra De Morbis
Artificum Diatriba ou “As doenças dos trabalhadores” considerada obra de referência
mundial, que aborda inúmeras doenças causadas pelo trabalho, inclusive em
mineiros. Além disso, foi o pioneiro em criar perfis epidemiológicos de
morbimortalidade causada pelo trabalho, fundamental na investigação
epidemiológica de diversas doenças.
46
2.5.4 A silicose
A silicose é uma “doença crônica, incurável e com evolução progressiva que
leva meses a décadas para se manifestar, cujo agente patogênico é a poeira de
sílica” (Mendes, 2003, p. 18). A silicose foi caracterizada por Visconti em 1870,
ocorre pela inalação de poeira de sílica livre (quartzo, SiO
2
cristalizada; constituída
de um átomo de silício em posição central e 4 átomos de oxigênio).
Considerando-se que a sílica é uma substância mineral que apresenta uma
toxidade intrínseca e a exposição constitui um risco para a saúde. Entretanto, há
probabilidade que não ocorra dano à saúde, mas considerando certas condições de
exposição ou contato (Kitamura; Bagatin; Capitani, 1996).
Dessa forma, Dias (2001) considera alguns fatores relevantes que podem
influenciar na ocorrência de silicose como:
a) A concentração total de poeira respirável;
b) a dimensão das partículas (menores que 10 ųm, a fração respirável) sendo
que as mais perigosas são invisíveis a olho nu;
c) a composição mineralógica da poeira respirável (em % de sílica);
d) o tempo de exposição;
e) a suscetibilidade individual.
A silicose é uma doença assintomática no início, mas com evolução
progressiva e irreversível. Conforme World Healt Organization (2006) a silicose é
classificada como CID-10
9
e apresenta-se de três formas:
a) Silicose aguda: forma rara, associada à exposição maciça à sílica livre,
em jateamento de areia ou moagem de quartzo. Normalmente aparece dentro dos 5
primeiros anos de exposição.
b) Silicose subaguda: alterações radiológicas precoces, após 5 anos de
exposição. As alterações são de rápida evolução, os sintomas são precoces e
limitantes. No Brasil é encontrada em cavadores de poços.
c) Silicose crônica: latência longa aparece com cerca de 10 anos após o
início da exposição. Os sintomas aparecem tardiamente e através de exames
radiológicos percebe-se a presença de nódulos.
9
É a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde,
desenvolvida pela OMS.
47
O diagnóstico da silicose é feito basicamente através da história ocupacional
do trabalhador e exame radiológico de tórax, seguido de outros procedimentos como
espirrometria e tomografia (Mendes, 1986).
As doenças profissionais são reconhecidas mundialmente pela classificação
de Schilling, que são separadas em três grupos: Grupo I, II e III; a silicose se
enquadra no Grupo I. Dessa maneira Schilling (1984 apud DIAS, 2001, p. 28)
descreve os grupos;
O grupo I: Doenças tipicamente profissionais e pelas intoxicações agudas de
origem ocupacional.
O grupo II: Doenças comuns, mais freqüentes ou mais precoces em
determinados grupos ocupacionais e para as quais o nexo casual é de natureza
epidemiológica. Exemplo é a hipertensão arterial e as neoplasias malignas (câncer)
em determinados grupos ocupacionais ou profissões.
O grupo III: Doenças alérgicas de pele e respiratórias e distúrbios mentais em
determinados grupos ocupacionais ou profissionais (Quadro 1).
CATEGORIA OU GRUPO EXEMPLOS
I – Trabalho como causa necessária Intoxicação por chumbo
Silicose
Doenças profissionais legalmente
reconhecidas
II – Trabalho como fator contributivo,
mas não necessário
Doença coronariana
Doenças do aparelho locomotor
Câncer
Varizes dos membros inferiores
III – Trabalho como provocador de um
distúrbio latente, ou agravador de
doença já estabelecida
Bronquite crônica
Dermatite de contato alérgica
Asma
Doenças mentais
Fonte: (Adaptado de Schilling, 1984 apud DIAS, 2001, p. 28).
Figura 10- Classificação das doenças e a relação com o trabalho.
2.5.5 Silicose no Mundo
Segundo Goelzer (2005) a incidência de silicose chamou a atenção de
48
entidades internacionais relacionadas à saúde e o trabalho, como a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) que
lançaram em 1995, o “Programa Internacional da OIT/OMS para a eliminação global
da silicose”, com o objetivo de diminuir as taxas de incidência da doença até o ano
de 2010 e eliminá-la como problema de saúde pública até 2030. No entanto, isso
depende da cooperação dos países, de ONGs, das Agências governamentais, das
Organizações de empregados e empregadores e Profissionais de Segurança do
Trabalho. Para atingir esse objetivo é necessário a conscientização do problema e a
elaboração de uma política nacional, associado a um plano de ação, com programas
preventivos e controle nos locais de trabalho (OIT, 2005).
Goelzer (2005) diz que os casos de silicose continuam a matar trabalhadores
em todo o mundo. No Vietnã, é uma das doenças predominantes com cerca de
9.000 casos, responsável pela maior causa de concessão (cerca de 90%) de
benefícios previdenciários aos trabalhadores. Na China, em 1990 teve-se registro de
cerca de 360.000 casos. No período de 1991-1995 documentou-se mais de 500.000
casos de silicose, aproximadamente 6.000 novos casos por ano e mais de 24.000
mortes por ano a maior parte idosos. Na Malásia, há prevalência de cerca de 25%
de silicose em trabalhadores de pedreiras e 36% nos que trabalham em lápides
funerários. Nos Estados Unidos, estima-se que há 1 milhão de trabalhadores
expostos a poeira de sílica e o número de óbitos é em torno de 250 pessoas por
ano.
2.5.6 Silicose no Brasil e no Rio Grande do Sul
No Brasil, a silicose é também muito freqüente, com cerca de 6.600.000
trabalhadores potencialmente expostos à sílica. Do total, cerca de 500 mil estão
ligados à mineração e ao garimpo; 2.300.000 à indústria de transformação e
3.800.000 na construção civil (GEOLOGIA médica, 2006).
No Rio Grande, o médico Pneumologista Tietboehl Filho (2005) ressalta que é
grande a incidência de silicose, pois a “má qualidade do ar presente em áreas
mineradoras é causa de morte de inúmeros gaúchos”, principalmente em Ametista
do Sul, devido o processo de extração feito a seco, afetando a saúde dos
49
trabalhadores, que leva a incidência de doenças respiratórias e de silicose.
50
3 METODOLOGIA
Foram realizadas visitas aos garimpos com entrevistas com garimpeiros e
consulta em prontuários médicos do Hospital e Posto de Saúde do município.
Também foram realizadas visitas domiciliares aos garimpeiros afastados do trabalho
devido a doença.
3.1 Coleta de dados nos garimpos
Foram visitados 71 garimpos escolhidos previamente em cadastro na
COOGAMAI, com maior número de trabalhadores. O município de Ametista do
Sul/RS possui 243 garimpos cadastrados mas somente 174 estão em atividade.
Na ocasião das visitas, cada garimpo foi localizado através de coordenadas
geográficas, com auxílio de GPS. Também foram realizadas entrevistas com 625
garimpeiros (Anexo A), cujo enfoque foi a percepção dos mesmos em relação ao
modo de trabalho, o conhecimento dos riscos da atividade, uso de EPIs, perfil sócio-
econômico e cultural dos garimpeiros e de modo geral as condições de saúde.
Nos locais dos garimpos foi realizado registro com imagens fotográficas das
moradias, o ambiente de trabalho, a distribuição espacial dos garimpos e as formas
de impacto ambiental presentes no local.
As visitas foram autorizadas pela Cooperativa de Garimpeiros do Médio e Alto
Uruguai-COOGAMAI, com acompanhamento e transporte até o local dos garimpos.
3.2 Prontuários médicos
Em janeiro de 2006 foi realizada uma consulta em 6536 prontuários médicos
no Hospital São Gabriel e 2030 no Posto de Saúde do município. Em ambos locais
foram encontrados 117 prontuários de garimpeiros, elencadas as seguintes
51
informações: idade, tabagista ou não (este dado estava completo somente no Posto
de Saúde); tempo que trabalhou no garimpo (dado completo somente no Posto de
Saúde) garimpeiros com silicose, pneumoconiose e sintomas incidentes mas sem o
diagnóstico. Além de anotações relevantes entre elas, o pedido de afastamento do
trabalho, o percentual de perda pulmonar do paciente e tipos de exames realizados
(RX tórax, Espirrometria, Audimetria e Tomografia). As informações coletadas no
Hospital e Posto de Saúde foram reunidas para a tabulação.
3.3 Coleta de dados em domicílio com pacientes silicóticos
Foram visitados 23 garimpeiros portadores de silicose afastados dos
garimpos. Foram coletadas informações referente a idade, anos de trabalho no
garimpo, atividade econômica, nível de escolaridade, número de filhos, renda
familiar, fumante ou não e a situação de saúde atual. A aquisição destas
informações citadas foi utilizado o mesmo questionário (Anexo A).
3.4 Formação do Banco de dados
Com as informações coletadas nos prontuários médicos do Hospital São
Gabriel e Posto de Saúde, foram tabuladas em forma de tabelas no Programa Word
e gráficos no Programa Excel.
As informações coletadas nos garimpos desenvolveu-se um banco de dados
no Programa Excel. Posteriormente os dados foram tabulados com auxílio do
Programa Estatístico “Statical Pacage for Social Sciences-SPSS”, versão 14.0., que
possibilitou a organização de tabelas e gráficos.
Para isso, foi aplicado o teste do Qui-quadrado para verificar se existe
independência ou associação entre variáveis. A hipótese básica foi H
0
:FoFe, ou
seja existem independência entre as variáveis versus a hipótese alternativa
H
1
:FoFe. Fo é a freqüência observada na pesquisa e Fe é a freqüência esperada
se houver independência entre as variáveis. O nível de significância usado foi
52
α=0,05 e sempre que ele for menor que 0,05, o alfa estabelecido, rejeita-se H
0
e diz-
se que há associação entre as variáveis.
Com a aplicação do teste do Qui-quadrado, foi encontrada associação entre
as variáveis Faixa de idade x silicose, Faixa de tempo no garimpo x silicose e entre
Era fumante x silicose. O nível mínimo de significância mostra a probabilidade de
erro ao rejeitar H
0
, ou seja ao afirmar que existe associação.
53
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 Garimpos de Ametista do Sul/RS
A extração mineral é a atividade econômica mais significativa no município
que em conseqüência disso dispõe de empresas de lapidação e comércio. As
extrações são feitas em galerias subterrâneas (garimpos). A (Figura 11) mostra a
distribuição espacial dos garimpos visitados em Ametista do Sul/RS.
Fonte: Elaborado sob Base cartográfica do Exército em escala 1:50.000 da Diretoria
do Serviço Geográfico (DSG). Ministério do Exército. Porto Alegre, RS. 1976.
Figura 11- Distribuição espacial dos garimpos visitados em Ametista do Sul/RS.
Organização: TRENTIN, Romário
54
4.1.1 O local das extrações
A peculiaridade dos garimpos é que a extração mineral é realizada em
galerias subterrâneas (furnas), normalmente sem uma análise prévia. A escavação
da galeria é feita na encosta, onde há alteração do solo residual e ou do basalto com
o uso de explosivos. A abertura das galerias possui uma largura média de 4 a 6m,
altura de 3 a 4m e comprimento horizontal variável, que já atinge cerca de 180m. A
(Figura 12) ilustra a abertura das galerias e a distribuição espacial dos garimpos na
encosta.
Fotos da autora (2006)
C
D
B
A
Figura 12- Abertura das galerias (A, B) e a distribuição espacial dos garimpos (C, D). Ametista do
Sul/RS, Jan./2006
.
55
Para o avanço das frentes de lavra, é necessário a perfuração da rocha. A
Figura 13A, mostra o garimpeiro
10
trabalhando na frente de serviço (interior da
galeria) preenchendo os furos com explosivo, juntamente com uma haste de metal
(fio de cobre) para ser conectado na corrente elétrica para a detonação.
Percebeu-se que na maioria dos garimpos as condições de segurança de
instalação elétrica no interior das galerias é precárias, em conseqüência disso
ocasiona mortes por choque elétrico.
É também utilizado explosivo confeccionado pelos garimpeiros, que consiste
numa mistura caseira de 28% de carvão vegetal moído, 70% de nitrato de potássio
(salitre) e 2% de enxofre (Figura 13, B). As proporções de cada componente da
mistura variam de um garimpo para outro e conforme a dureza da rocha.
B
A
Fotos da autora (2006)
Figura 13 - Preenchimento de furos com explosivo (A), trituração do carvão vegetal (B). Ametista
do Sul/RS, Jan./2006.
Após cada tarefa de detonação da rocha com o uso de explosivos, o ar fica
saturado por gases e poeira e normalmente os garimpeiros permanecem na galeria,
porém um pouco afastados do local. Posteriormente, o garimpeiro volta ao local para
verificar se há geodo e se for o caso de ter encontrado, inicia-se então o processo
10
No Código da Mineração, artigo 71 garimpeiro é “o trabalhador que extrai substâncias minerais
úteis, por processo rudimentar.
56
de extração. Em ambas as situações há muito material particulado em suspensão,
dificultando a visualização e permanência no local (Figura 14).
Fotos da autora (2006)
B
A
Figura 14 – Poeira no interior da galeria após a explosão (A, B). Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
4.1.2 Equipamentos de trabalho no garimpo
Na atividade de lavra são utilizados vários equipamentos; o veículo usado
para retirar os geodos e rejeitos, os compressores que auxiliam os marteletes na
perfuração da rocha e os marteletes pneumáticos que pesam em torno de 12Kg
(Figura 15C).
Percebe-se que durante o uso do martele, para perfuração da rocha, o
garimpeiro fica constantemente exposto a poeira e que embora utilize a máscara, a
poeira no interior é intensa (Figura 15).
Ressalta-se que embora grande parte dos garimpeiros usam máscara durante
esta atividade, verificou-se durante as visitas que muitas estavam danificadas e com
o prazo de validade vencido.
57
B
A
Fotos da autora (2006).
D
C
Figura 15 - Veículo usado nos garimpos (A), compressores (B), martelete usado na perfuração
da rocha (C) pó gerado na perfuração (D). Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
Devido a presença de poeira mineral no ambiente de trabalho, é necessário o
uso de ventiladores, mas na maioria dos garimpos a quantidade é insuficiente.
Entretanto, em alguns garimpos além de ventiladores há também dutos de
ventilação, mas com diâmetro pequeno para atender a grande demanda de poeira
(Figura 16B). Somente o garimpo da família Potrich é considerado modelo pela infra-
estrutura em geral, com local para o armazenamento de explosivos; o método de
perfuração é a úmido (a mangueira de água é acoplada ao martelete) e a ventilação
é com duto de grande diâmetro que suga a poeira para fora da galeria (Figura 16).
58
A
B
C
D
Fotos da autora (2006).
Figura 16 - Modelo de ventilador usado nos garimpos (A), diâmetro dos dutos usados
na maioria dos garimpos (B), local de armazenamento de explosivos (C) e o duto de
ventilação utilizado no garimpo modelo (D). Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
4.1.3 Extração e análise dos geodos
Através do avanço da frente de trabalho (ou galeria) é possível ver se há
geodo. Se for encontrado, o garimpeiro e o comprador avaliam a qualidade do
mesmo por um orifício e com auxílio de uma lâmpada. Se for de boa qualidade, sua
59
venda pode ocorrer antes de ser extraído da rocha. É considerado o tamanho (que
atingem até 3.000kg e 3m de comprimento; sendo comuns peças de 200-300 kg), a
variedade e a cor dos cristais. É mais valorizado o tom escuro, com cor homogênea
e os cristais bem desenvolvidos (Branco; Gil, 2002) (Figura 17).
Raramente acontece a não retirada do geodo, e quando isso ocorre é por que
houve quebra ou a qualidade não compensa a retirada, permanecendo na rocha.
A extração do geodo pode demorar horas ou dias e requer habilidade para
não danificá-lo e comprometer o valor na venda. Após a retirada, o geodo é
transportado com carreta (Figura 17C). Posteriormente são pesados e armazenados
no depósito no local do garimpo (Figura 17).
Na venda do geodo, 60% do valor é destinado ao dono do garimpo e 40% ao
garimpeiro. Nessa relação, o maior valor cabe ao dono do garimpo que dispõe da
terra onde está a mina e dos equipamentos de trabalho. Em muitos casos ocorre
que o dono do garimpo não é o proprietário da terra onde está a mina e nesse caso,
o proprietário da terra recebe em torno de 10% do que é produzido.
Ao garimpeiro é concedido a frente (galeria) para a lavra e o mesmo não tem
vínculo empregatício, ou seja, recebe pelo que produz. O horário de trabalho é livre,
ou seja, vai do interesse do garimpeiro.
A venda dos geodos ocorre no local do garimpo e na cidade, no final de
semana, com compradores de vários locais.
Os geodos são vendidos por quilo (Kg). Se o mesmo for de boa qualidade
(extra) o preço pago pode chegar até vinte reais o quilo e se for de má qualidade o
preço varia de um a três reais o quilo
11
.
11
Dados fornecidos pela Cooperativa de Garimpeiros do Médio e Alto Uruguai-COOGAMAI, março de
2007.
60
Fotos da autora (2006).
F
E
B
C
B
A
D
Figura 17 - Tipos de geodos, tamanho e cor dos cristais (A), geodo não retirado da rocha (B),
transporte do geodo (C), pesagem (D) e depósito (E, F). Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
61
4.1.4 Problemas ambientais nos garimpos
Entre um dos problemas ambientais visíveis nos garimpos é o local onde são
colocados os rejeitos, na encosta, próximo da boca do garimpo com distância
máxima de 150m. Este local onde são colocados os rejeitos, geralmente não
pertence ao dono do garimpo. Por isso, o dono da propriedade cobra 10% do lucro
do garimpo. A alocação dos rejeitos na encosta, gera a instabilidade da mesma e a
destruição da vegetação nativa, que concentra espécies de madeira de alto valor
comercial, um problema ambiental que necessita de reparação (Figura 18).
B
A
Fotos da autora (2006).
Figura 18 - Retirada dos rejeitos da galeria (A) e alocação na encosta (B). Ametista do Sul/RS,
Jan./2006.
Outro problema percebido em alguns garimpos é o lixo, há casos em que é
depositado junto com os rejeitos. Em muitos garimpos, o dono do garimpo incentiva
a coleta e é levado à zona urbana, daí para o local adequado. (Figura 19).
Percebeu-se durante as visitas a falta de consciência ambiental das pessoas,
visível pelos impactos no local do garimpo, seja na vegetação e ou rejeitos
depositados em local impróprio.
62
Diante da realidade percebeu-se a necessidade dos órgãos públicos
promoverem palestras de conscientização ambiental para amenizar os impactos na
vegetação nativa e também um melhor aproveitamento dos recursos minerais,
evitando-se o desperdício de material extraído que poderiam ser vendidos a menor
custo no mercado, pois se trata de recursos não-renováveis.
Fotos da autora (2006).
B
A
Figura 19 - Soterramento da vegetação na encosta (A) e depósito de lixo (B). Ametista do Sul/RS,
Jan./2006.
4.2 Infra-estrutura dos garimpos
4.2.1 Uso da água nos garimpos
Em relação ao consumo da água no local dos garimpos, cerca de 52% dos
garimpeiros utilizam água de sua residência, que é tratada pela Companhia Rio
Grandense de Saneamento-CORSAN. Entretanto, 48% dos garimpeiros, durante o
trabalho, consomem água do interior das galerias (fenda da rocha) que é coletada
em vasilhas e está exposta a poluição e contaminação por insetos, ocasionando a
63
incidência de leptospirose aos que utilizam a água contaminada. A leptospirose, é
também um dos problemas que afetam a saúde dos garimpeiros, seja pelo consumo
da água contaminada e ou a exposição à insalubridade existente no ambiente de
trabalho.
4.2.2 Moradias
Do total de entrevistados 80% dos garimpeiros residem na área urbana do
município, onde sua residência possui distância média inferior a 1Km e/ou até
aproximadamente 15Km. Por isso, na maioria dos casos permanecem o dia inteiro
no garimpo e é disponibilizado alojamento onde ficam durante o horário de refeições.
Entretanto, 20% dos garimpeiros residem no local garimpo com a presença ou
não da família.
Aos garimpeiros que residem com a família, é cedida casa pelo dono do
garimpo, mas a maioria delas não apresenta infra-estrutura adequada, pois
normalmente não há rede de esgoto e banheiro adequado (Figura 20). Das famílias
residentes no local do garimpo, somente o homem tem renda, enquanto as esposas
não contribuem por falta de opção de trabalho no local.
Há casos de garimpeiros que residem no local do garimpo sem a família,
devido a grande distância de sua residência, em média de 30 a 40Km, sendo que
alguns são de municípios vizinhos. Nesses casos, permanecem a semana em
alojamentos com cozinha e dormitório, cuja infra-estrutura não dispõe de conforto.
(Figura 21).
64
Fotos da autora (2006).
Figura 20 - Modelos de casas nos garimpos (A, B, C) e banheiro utilizado (D). Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.
Fotos da autora (2006).
Figura 21 - Cozinha de um alojamento (A) e dormitório (B). Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
B
A
C
D
A
B
65
4.3 Percentual de garimpeiros cadastrados na Cooperativa de Garimpeiros do
Médio e Alto Uruguai-COOGAMAI e contribuição com o INSS
O extrativismo mineral no município e a permissão de lavra garimpeira tem
como o órgão responsável a COOGAMAI, a qual possui o cadastro dos garimpos, a
localização e o número de garimpeiros vinculados em cada garimpo.
Para trabalhar na atividade de extração mineral e ser regularizado na função,
é necessário realizar cadastro na Cooperativa (Tabela 1). A pesquisa mostrou que
66% são cadastrados na mesma e 34% não tem cadastro. Isso ocorre por que
muitos começaram a atividade há pouco tempo e ainda não foi regularizada a
situação e outros são agricultores que trabalham no garimpo no intervalo de safras.
Entre uma das metas da Cooperativa é assegurar os garimpeiros amparo
legal, principalmente a contribuição com o INSS. Nesse sentido, verificou-se que do
total de garimpeiros entrevistados, 54% contribuem com o INSS e 46% não
contribuem, pois normalmente são autônomos
12
e ou por que não estão
regularizados na Cooperativa (Tabela 1).
Tabela 1 – Percentual de garimpeiros cadastrados na COOGAMAI e
contribuição com o INSS. Ametista do Sul/RS, Jan./2006
Tem cadastro na COOGAMAI Sim Não
66 34
Contribui com o INSS 54 46
Pagnossin, E. Jan./2006
4.3.1 Atividades econômicas dos garimpeiros antes e depois da mineração e o
tempo de trabalho na atividade atual
Antes da mineração atingir seu auge na década de 1970, cerca de 20% dos
garimpeiros não exerciam nenhuma atividade e 80% dedicavam-se a outra
atividade. Entre as atividades desenvolvidas, 59% trabalhavam na agricultura; 7% no
comércio; 5% na construção civil; 1% em lapidação e 8% em outras atividades
12
Possuem outra atividade principal de renda, a agricultura e possuem Bloco de produtor rural.
66
(Tabela 2).
Entretanto atualmente, 74% dos garimpeiros trabalham somente na
mineração, 25% na mineração e na agricultura e 1% na mineração e atividades de
taxista e ou eletrecista. Em relação ao tempo de trabalho dos garimpeiros que estão
atualmente na mineração (Tabela 3), os resultados mostram que os números mais
significativos são de 5 anos correspondendo a 57%, cerca de 33% de 6 a 10 anos,
9% de 11 a 15 anos e 1% acima de 16 anos.
Tabela 2- Percentual de atividades econômicas dos garimpeiros antes da
mineração em Ametista do Sul/RS, Jan./2006
Atividades econômicas (%)
Agricultura 59
Comércio 7
Construção civil 5
Lapidação 1
Outras 8
Nenhuma atividade 20
Pagnossin, E. Jan./2006
Tabela 3- Percentual de tempo de trabalho dos garimpeiros na mineração em
Ametista do Sul/RS, Jan./2006
Tempo de trabalho na mineração Número de garimpeiros %
Até 5 anos 356 57
De 6 a 10 anos 209 33
De 11 a 15 anos 54 9
Acima de 16 anos 6 1
Pagnossin, E. Jan./2006
67
4.3.2 Faixa etária dos garimpeiros
Em relação à faixa etária dos garimpeiros a mais incidente é a faixa de 21 a
40 anos e as de menor proporção a faixa etária até 20 anos e os acima de 41 anos
(Tabela 4).
Tabela 4- Percentual da faixa etária dos garimpeiros em Ametista do Sul/RS,
Jan./2006
Faixa etária dos garimpeiros Número de garimpeiros %
Até 20 anos 73 12
De 21 a 30 anos 232 37
De 31 a 40 anos 247 39
Acima de 41 anos 73 12
Pagnossin, E. Jan./2006
4.3.3 Estado civil, renda familiar e número de filhos
Do total de garimpeiros entrevistados, 72% são casados e 28% solteiros
(Tabela 5).
Tabela 5- Estado civil dos garimpeiros em Ametista do Sul/RS, Jan./2006
Estado civil (%)
Casados 72
Solteiros 28
Pagnossin, E. Jan./2006
Entre os casados, normalmente é o homem o responsável pelo sustento da
68
família, pois em 77% dos casos (Tabela 6) a esposa não participa na renda familiar.
Entretanto, as esposas que contribuem no orçamento são 23%, e normalmente é por
que residem na área urbana e exercem atividades vinculadas ao comércio.
Das esposas que residem no local do garimpo, uma minoria tem renda e a
atividade que desenvolvem é a agricultura de subsistência.
Tabela 6- Contribuição da esposa na renda familiar em Ametista do
Sul/RS, Jan./2006
Participação da esposa (%)
Não tem renda 77
Tem renda 23
Pagnossin, E.. Jan./2006
Quanto a renda familiar (Tabela 7) a mesma varia entre menos de um salário
mínimo até mais de três. Respectivamente 11% recebem menos de um salário; 47%
um salário; 39% entre dois e três e 3% acima de três salários.
Essa diferenciação de salário pode variar mensalmente, pois está associada a
quantidade de extração de ametista.
Tabela 7- Percentual de renda familiar dos garimpeiros em Ametista do Sul/RS,
Jan./2006
Renda familiar (%)
Menos de um salário 11
Um salário 47
De 2 a 3 39
Acima de três salários 3
Pagnossin, E. Jan./2006
69
Do total de entrevistados, a maioria tem filhos e esse percentual predomina
mais nos casados. Os que não possuem filhos são 32%. Entretanto, 58% possuem
de 1 a 3 filhos, 9% tem de 4 a 6 filhos, 1% possuem de 7 a 8 filhos (Tabela 8). Pode-
se verificar que a média de filhos é alta, considerando a renda salarial.
Tabela 8- Percentual do número de filhos dos garimpeiros em Ametista do
Sul/RS, Jan./2006
Número de filhos (%)
Não tem filhos 32
De 1 a 3 58
De 4 a 6 9
De 7 a 8 1
Pagnossin, E. Jan./2006
4.3.4 Nível de escolaridade dos garimpeiros
A maioria dos entrevistados apresentam baixo nível de escolaridade.
Constitui-se de 2% analfabetos; 52% tem da 1ª até 5ª série, mas nesse grupo,
muitos não concluíram; 32% possuem entre a 6ª a 8ª série; 8% tem o Ensino médio;
5% possuem o Ensino médio incompleto e apenas 1% possui curso superior (Tabela
9).
Nas entrevistas muitos colocaram que desejam continuar estudando para
melhorar as condições de vida, pois têm a percepção dos riscos da atividade.
Percebeu-se nas entrevistas que o baixo nível de escolaridade interfere muito nas
condições de trabalho que estão submetidos em não exigir melhorias em relação a
alojamentos, distribuição de Equipamentos de Proteção e maior amparo assistencial
à saúde.
Não há organização da classe de garimpeiros para reivindicar melhorias em
relação ao trabalho que exercem.
70
Tabela 9- Nível de escolaridade dos garimpeiros em percentual em Ametista do
Sul/RS, Jan/2006
Nível de Escolaridade (%)
Analfabetos 2
De 1ª a 5ª série 52
De 6ª a 8ª série 32
Ensino médio 8
Ensino médio incompleto 5
Curso superior 1
Pagnossin, E. Jan./2006
4.4 Técnicas de trabalho no garimpo e percepção dos trabalhadores em
relação às atividades que executam
O processo de extração mineral nos garimpos envolve técnicas básicas entre
elas a perfuração da rocha, o carregamento de explosivos para a detonação da
rocha, a limpeza nas frentes de serviço e a ventilação para retirar a poeira do interior
da das galerias. Nesse sentido, foi verificado a percepção dos garimpeiros em
relação as estas técnicas e o que poderia ser melhorado para agilizar o trabalho
(Tabela 10).
O método atual de perfuração nos garimpos é a seco. Na ocasião das
entrevistas, foi explicado a técnica de perfuração a úmido usada em um dos
garimpos para reduzir a poeira. Na concepção dos mesmos, cerca de 78%
responderam que a técnica atual de perfuração não precisa melhorar e 22%
disseram que precisa melhorar pois a perfuração a úmido iria reduzir o pó, devido a
utilização de água.
Percebeu-se que há muita resistência por parte dos donos dos garimpos em
mudar para a técnica de perfuração a úmido, pois envolve gastos e ou ainda falta
conhecimento da grande maioria dos trabalhadores em relação a técnica.
Em relação ao processo de ventilação utilizado para a dispersão da poeira
para fora da galeria, cerca de 74% acham que a ventilação deveria ser mais eficaz
e 26% acham que não precisa ser melhorada.
71
Analisando esse aspecto nos garimpos visitados a ventilação é insuficiente e
em alguns locais não existe, sendo um dos problemas sérios a serem solucionados.
Essa afirmação foi confirmada pela maioria dos entrevistados que acham que
deveria ser melhorada, pois percebem que a poeira é um grande problema no
ambiente de trabalho. Os que acham que a ventilação não precisa ser melhorada é
por que a maioria não tem conhecimento de que a poeira mineral é o fator de risco
para à saúde.
Quanto à tarefa de carregamento de explosivos, ou seja, preencher os furos
na rocha, cerca de 6% dos entrevistados acham que deveria ter alguém somente
para esta função, pois agilizaria o trabalho.
Entretanto, 94% colocaram que esta atividade está sendo bem
desempenhada, pois é efetuada por cada garimpeiro responsável pela sua frente de
trabalho.
Em relação à tarefa de limpeza das frentes de serviço (galerias), que consiste
em retirar os rejeitos gerados pela detonação da rocha 88% consideram que este
serviço está sendo bem executado. Entretanto, 12% acham que deveria ser
melhorado, pois argumentam que há muito acúmulo de rejeitos nas laterais das
galerias, dificultando o trabalho de avanço da frente.
Ressalta-se que há muitas galerias em lavra e em algumas há acúmulo de
material (rejeitos), que justifica a opinião dos que acham que deve ser melhorada
(Tabela 10).
De maneira geral, em relação às tarefas citadas, percebeu-se que há pouco
conhecimento dos avanços e métodos utilizados na extração mineral. No entanto, as
inovações cabem os donos dos garimpos e ou órgãos responsáveis em divulgar as
inovações e adotar mudanças visando maior segurança, proteção e qualidade de
vida dos trabalhadores.
72
Tabela 10- Percepção dos garimpeiros em relação às tarefas executadas na
extração mineral e o percentual correspondente. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006
Tarefas executadas Precisa melhorar Não precisa melhorar
Perfuração a úmido 22 78
Ventilação 74 26
Carregamento de explosivos 6 94
Limpeza de frente de serviço 12 88
___________________________________________________________________
Pa
g
nossin, E. Jan./2006
4.4.1 Equipamentos de Proteção Individual-EPIs, tipos e percentual de uso
O uso de EPIs é fundamental pela atividade que os garimpeiros exercem.
Segundo a pesquisa, 99% fazem uso e 1% não usam, por opção ou por não terem
condições financeiras para adquirir o(s) equipamentos(s), pois cabe ao garimpeiro a
sua compra e raramente o dono do garimpo fornece.
Entre os EPIs utilizados (Tabela 11), a máscara é de extrema importância
para a proteção de poeira mineral. Do total, 96% dos entrevistados afirmaram que
usam, foi verificado que muitos não tinham e ou as mesmas estavam danificadas; os
que não usam são 4% e alegaram a falta de condições financeiras para adquiri-la.
Os garimpeiros reconhecem que o uso da máscara é essencial, mas a
principal reclamação é que não é fornecido a eles este equipamento. Muitos que
adquirem reclamam do custo elevado e da necessidade de troca periodicamente, faz
com que utilizem além da sua vida útil e ou em condições precárias de uso.
Quanto ao uso de bota, 79% usam e 21% não usam; o capacete 43% usam e
57% não e o uso de luva 23% usam e 77% não. Percebe-se que boa parte dos
equipamentos como a bota, capacete, luva e fone não são utilizados (Tabela 11).
Diante da situação, há necessidade de conscientizá-los da importância de
cada equipamento para a sua proteção. Para isso, é necessário que os órgãos
73
vinculados à atividade fiscalizem e disponibilizem palestras de esclarecimentos e
conscientização.
Tabela 11- Tipos de Equipamentos de Proteção Individual-EPIs e percentual de
uso ou não pelos garimpeiros em Ametista do Sul/RS, Jan./2006
___________________________________________________________________
Tipo de EPIs Usam Não usam
___________________________________________________________________
Máscara 96 4
Bota 79 21
Capacete 43 57
Luva 23 77
Fone 21 79
Pagnossin, E. Jan./2006
Nesta pesquisa, constatou-se que a realidade vivida pelos garimpeiros no seu
local de trabalho (garimpos) é insalubre, pela permanência em galerias subterrâneas
horizontais semi-iluminadas. Normalmente o trabalho nas galerias é feito com pouco
ou nenhum contato com colegas e diariamente convivem com o silêncio e a
escuridão. No trabalho, os garimpeiros estão expostos a sujeira e ao pó (fragmento
da rocha) que fica impregnado na roupa e pele, causando desconforto para quem os
vê, pois retrata a situação das tarefas do trabalho de extração. Por isso, a grande
maioria almeja outra profissão, mas por falta de opção de trabalho no município são
obrigados a permanecerem no garimpo.
4.5 Incidência de silicose em trabalhadores nos garimpos de Ametista do
Sul/RS
A silicose em garimpeiros no município é um problema que precisa de adoção
de medidas preventivas, pois boa parte dos entrevistados possui e/ou têm sintoma
da doença. Para isso, foi verificado o conhecimento dos mesmos em relação a
doença e também um levantamento dos que tem ou não silicose.
74
4.5.1 Conhecimento dos garimpeiros em relação à silicose e a participação em
palestras
A silicose é uma doença incidente no município de Ametista do Sul/RS, em
conseqüência da atividade mineral realizada em galerias subterrâneas, um fator
agravante ao risco de doenças respiratórias.
Foi averiguado o conhecimento dos garimpeiros em relação a silicose (Tabela
12). Os resultados mostraram que somente 27% sabem sobre a mesma, por que a
tem ou algum familiar possui. Entretanto, 73% não têm conhecimento sobre a
silicose e não sabem que o agente causador é a poeira mineral.
Percebeu-se que há pouca informação sobre a doença e os cuidados para
evitar como por exemplo, o uso constante da máscara mas em boas condições de
uso.
Tabela 12 - Percentual de garimpeiros que tem conhecimento da silicose e a
participação em palestras em Ametista do Sul, Jan./2006
___________________________________________________________________
Conhecimento da silicose Sim Não
___________________________________________________________________
27 73
_
________________________________________________________________________________
Pagnossin, E. Jan./2006
Após averiguado o conhecimento sobre a silicose, foi investigado se os
garimpeiros já haviam participado de palestras sobre a doença e ou outra referente à
saúde.
Do total de entrevistados, a pesquisa mostrou que 88% nunca participaram de
palestras, alegaram que não foi disponibilizado, embora foi organizado pela
Cooperativa de Garimpeiros. Entretanto, 12% haviam participado de palestras, mas
a maioria deles em município vizinho, que é mais freqüente (Tabela 13).
75
Tabela 13 - Percentual de garimpeiros que participaram de palestras em
Ametista do Sul, Jan./2006
Participou de palestras Sim Não
___________________________________________________________________
12 88
__________________________________________________________________
Pagnossin, E. Jan./2006
4.5.2 Incidência de silicose em garimpeiros
Entre os 625 garimpeiros entrevistados foi constatado na pesquisa que 11%
deles têm o diagnóstico de silicose; 11% não sabem e 78% não tem a doença.
Cabe ressaltar que 11% que não sabem se tem a doença e os 78% que
afirmam não ter a mesma, considera-se que grande parte deles é por que nunca
fizeram exames para diagnóstico e ou se fizeram ainda não tinham levado o exame
ao médico. Mas com base na incidência de sintomas (Tabela 14) que varia de
indivíduo para outro, pode-se considerar que boa parte deles podem ser portadores
da doença, pois os sintomas são um indício da mesma, em estágio inicial e ou
avançado da doença.
4.5.3 Sintomas de silicose e exames realizados por garimpeiros
Para realizar esta investigação dos sintomas de silicose nos garimpeiros
teve-se orientação médica, no sentido de indagar as características mais comuns
em pacientes portadores da doença.
A pesquisa mostrou que boa parte dos garimpeiros apresentam sintomas
evidentes da doença. Do total de entrevistados, percebe-se que o maior percentual
não apresentam sintomas (Tabela 14).
No entanto, os que apresentam os sintomas, cerca de 30% tem tosse; 28%
dor no tórax; 35% tem cansaço fácil; 25% chiado no peito e 11% tem os sintomas
76
citados e ainda outro(s) sintoma(s) como o emagrecimento, febre, bronquite e
sinusite.
Entre os sintomas mencionados é comum os garimpeiros possuírem um ou
mais sintomas da doença, sendo variável de um paciente a outro. Diante do
resultado, a incidência de sintomas, mesmo em médias proporções, comprovam a
realidade da saúde dos trabalhadores nos garimpos, ou seja, é um indício de que a
incidência de sintoma(s) foi adquirida em função da atividade que exercem.
Tabela 14- Tipos de sintomas de silicose e o percentual de incidência ou não
em garimpeiros. Ametista do Sul/RS, Jan./2006
___________________________________________________________________
Sintomas Sim Não
Tosse 30 70
Dor no tórax 28 72
Cansaço fácil 35 65
Chiado no peito 25 75
Outro sintoma 11 89
Pagnossin, E. Jan./2006
Em relação aos exames realizados para o diagnóstico de silicose, o mais
comum é o exame de Raio X. Na pesquisa verificou-se que 42% fizeram o exame e
constatou-se que 11% foi diagnosticado silicose. Enquanto que 58% dos garimpeiros
nunca fizeram este exame.
Em relação ao exame de espirrometria, 19% realizaram o exame e 81% não
fizeram. O exame de audimetria, apenas 5% dos garimpeiros se submeteram ao
exame e 95% não. Baseado em relatos há casos de muitos garimpeiros com
elevada perda auditiva (Tabela 15).
77
Tabela 15 - Tipos de exames e percentual de garimpeiros que realizaram ou
não o mesmo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006
Tipo de exame Fez o exame Não fez
Raio X 42 58
Espirrometria 19 81
Audimetria 5 95
Pagnossin, E. Jan./2006
4.6 Incidência de sintomas de silicose em garimpeiros que residem ou não no
local do garimpo
4.6.1 Incidência dos sintomas tosse, dor no tórax, cansaço fácil, chiado no peito e
outro sintoma
Para verificar os sintomas foi aplicado o Teste Qui-quadrado entre os
residentes e não residentes no garimpo. De modo geral, foi encontrado uma
incidência maior dos sintomas em garimpeiros que não residem no garimpo. Para
melhor demonstração, os sintomas foram analisados separadamente.
A Figura 22, mostra o grupo de garimpeiros que têm tosse e os que não têm
tosse. Entre os garimpeiros que têm tosse, 33% residem no garimpo, enquanto 67%
não residem no garimpo. No grupo dos que não têm tosse 30% residem no garimpo
enquanto 70% não residem no garimpo.
Percebe-se que a incidência desse sintoma é mais freqüente nos que não
residem no garimpo.
78
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tem tosse Não tem tosse
Residem
Não residem
entrevistados
%
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 22 - Percentual de garimpeiros com o sintoma tosse, entre os residentes ou não
no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
Em relação ao grupo de garimpeiros que têm o sintoma dor no tórax (Figura
23), cerca de 22% residem no garimpo, enquanto 78% não residem no garimpo.
Entre os que não apresentam este sintoma, 19% residem no garimpo e 81% não
residem no garimpo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Tem dor no tórax o tem dorrax
Residem
Não residem
entrevistados
%
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 23 - Percentual de garimpeiros com o sintoma dor no tórax, entre os residentes ou
não no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
79
Em relação ao grupo de garimpeiros que têm o sintoma cansaço fácil (Figura
24), 21% residem no garimpo, enquanto 79% não residem no garimpo. Entre os que
não apresentam o sintoma 19% residem no garimpo, enquanto 81% não residem no
garimpo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Tem canso fácil Não tem canso
Residem
Não residem
entrevistados
%
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 24- Percentual de garimpeiros com o sintoma cansaço fácil, entre os residentes
ou não no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
Quanto ao grupo de garimpeiros que têm o sintoma chiado no peito (Figura
25) cerca de 23% residem no garimpo e 77% não residem no garimpo. Entre os que
não apresentam o sintoma, 19% residem no garimpo e 81% não residem no
garimpo.
Além dos sintomas mencionados, há também outros associados como febre,
emagrecimento, bronquite, sinusite e falta de ar. Do total dos entrevistados, 88% não
apresentam estes sintomas, mas 12% apresentam um ou mais dos citados.
80
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Tem chiado peito Não tem chiado
Residem
Não residem
entrevistados
%
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 25 - Percentual de garimpeiros com o sintoma chiado no peito, entre os residentes ou
não no garimpo. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
4.7 Incidência de silicose em garimpeiros associado ao uso ou não do tabaco
Sabe-se que o uso do tabaco é prejudicial à saúde principalmente aos
pulmões, que associado a outros fatores na realização de tarefas no trabalho pode
contribuir para acentuar problemas de saúde do aparelho respiratório.
4.7.1 O Uso ou não do tabaco e a incidência de silicose
Foi verificado a relação entre os ex-fumantes e fumantes com a incidência de
silicose. Do total de entrevistados (Tabela 16), cerca de 20% fumavam (12% não
têm silicose, 4% têm a doença e 4% não sabem). Os demais, 80% não fumavam
(66% não têm silicose, 7% têm a doença e 7% não sabem).
81
Tabela 16 - Percentual de garimpeiros que usavam ou não tabaco e a relação
com a silicose em Ametista do Sul/RS, Jan./2006
Era fumante % Tem silicose Não tem Não sabe
Sim 20 4 12 4
Não 80 7 66 7
Pagnossin, E. Jan./2006
Atualmente dos garimpeiros que usam o tabaco, a pesquisa mostrou que 25%
usam e 75% não usam (Tabela 17). Em relação a incidência de silicose dos 25%
que fumam atualmente ( 19% não tem silicose, 3% têm a doença e 3% não sabem).
Do total, 75% que não fumam (59% não têm silicose, 8% tem silicose e 8%
não sabem).
Tabela 17 - Percentual de garimpeiros que atualmente usam ou não tabaco e a
relação com a silicose em Ametista do Sul/RS, Jan./2006
É fumante % Tem silicose Não tem Não sabe
Sim 25 3 19 3
Não 75 8 59 8
Pagnossin, E. Jan./2006
4.8 Análise de prontuários médicos e a saúde dos garimpeiros em Ametista do
Sul/RS
Para verificar a incidência de silicose em prontuários foram consultados no
total 8566 prontuários médicos no Hospital São Gabriel e no Posto de Saúde.
Desse montante, foram encontrados 117 prontuários médicos de garimpeiros, onde
foi destacado as informações relevantes, entre elas a idade (esta foi ajustada
82
conforme o dia da consulta), o diagnóstico e os sintomas de silicose.
4.8.1 Faixa etária dos garimpeiros
A faixa etária dos garimpeiros em ambos locais constitui-se de 5% com idade
de 20 a 30 anos; 28% de 31 a 40 anos; 34% de 41 a 50 anos; 24% de 51 a 60 anos
e 9% tem acima de 60 anos (Tabela 18).
Tabela 18 -Faixa etária dos garimpeiros em prontuários médicos. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006
Faixa etária (anos) %
20 a 30 anos 5
31 a 40 anos 28
41 a 50 anos 34
51 a 60 anos 24
Acima de 60 9
Pagnossin, E. Jan./2006
4.9 Diagnóstico de silicose e os sintomas incidentes
Em relação a incidência de silicose, constatou-se através dos prontuários que
no total 44% dos garimpeiros tem silicose (embora nos prontuários constava 16%
com o diagnóstico de silicose e 28% o diagnóstico de pneumoconiose). Segundo
opinião médica, o termo pneumoconiose, pode ser considerado silicose, pois a
mesma é conseqüência da inalação de poeira mineral (Figura 26). Segundo Mendes
(2003), o termo pneumoconiose refere-se às doenças causadas pela exposição à
poeira mineral de sílica.
Os demais 56% dos garimpeiros tinham descritos no prontuário somente os
83
sintomas como tosse, cansaço, falta de ar, dor no tórax e chiado no peito. Estes
sintomas podem ser considerados como indício da doença em fase inicial e/ou
avançada, pois varia de indivíduo para outro. Esta realidade, comprovada nos
prontuários dos pacientes que utilizam os serviços de saúde no município, dão a
dimensão do número de garimpeiros que tem sua saúde afetada em função da
atividade mineira no município (Figura 26).
0
10
20
30
40
50
60
tem silicose sintomas
entrevistados
%
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 26 - Percentual de garimpeiros com o diagnóstico de silicose e os que possuem
somente os sintomas, em prontuários do Hospital e Posto de Saúde, de 1997 a 2006.
Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
4.9.1 Sintomas em pacientes com silicose
Dos garimpeiros que tem o diagnóstico de silicose, 16% apresentam os
sintomas freqüentes, sendo que 37% apresentam tosse; 27% cansaço; 13% falta de
ar; 13% dor no tórax e 10% chiado no peito (Figura 27).
Percebe-se que os mais comuns e incidentes são o sintoma tosse e o
cansaço fácil, sendo que este sintoma é bastante incidente, pois aparece diante de
mínimo esforço físico, que justifica a redução da capacidade pulmonar.
Estes sintomas variam em cada paciente, pois alguns apresentam todos os
84
sintomas e ou apenas alguns. Nesse caso considera-se a suscetibilidade individual.
37%
27%
13%
13%
10%
tosse
cansaço
falta ar
dor tórax
chiado
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 27 - Percentual de sintomas em garimpeiros com o diagnóstico de silicose,
em prontuários do Hospital e Posto de Saúde, de 1997 a 2006. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.
4.9.2 Sintomas em pacientes com pneumoconiose
Os garimpeiros com o diagnóstico de pneumoconiose representam 28%.
Entretanto este termo é também utilizado por médicos em paciente que tem silicose,
ambos termos referem-se a doenças causadas por inalação de poeira mineral.
Pode-se observar que os sintomas frequentes são os mesmos dos que possuem
silicose. Ou seja, comprovou-se que 26% tem tosse; 18% cansaço fácil; 30% falta de
ar; 18% dor no tórax e 8% chiado no peito. Entre os mais incidentes são tosse, falta
de ar, cansaço fácil, dor no tórax e em menor proporção chiado no peito (Figura 28).
85
26%
18%
30%
18%
8%
tosse
cansaço
falta ar
dor tórax
chiado
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 28 - Percentual de sintomas em garimpeiros com o diagnóstico de pneumoconiose,
em prontuários do Hospital e Posto de Saúde, de 1997 a 2006. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006.
4.9.3 Garimpeiros somente com os sintomas
Na pesquisa em prontuários foi verificado casos em que havia descrito
somente os sintomas de silicose e não o diagnóstico médico. Constatou-se que
56% dos casos tinham citados os sintomas nos prontuários (Figura 29). Entre os
sintomas descritos, cerca de 33% tinham tosse; 20% cansaço; 20% falta de ar; 17%
dor no tórax e 11% chiado no peito.
Conforme a análise da data em que foi feita a pesquisa e a data da consulta,
há casos em que o paciente não retornou a consulta. Isso significa que pela
incidência de sintomas provavelmente há muitos casos de garimpeiros portadores
de silicose.
86
33%
20%
19%
17%
11%
tosse
cansaço
falta ar
dor tórax
chiado
Fonte: Pagnossin, E. (2006).
Figura 29 - Percentual de sintomas em garimpeiros em prontuários do Hospital e
Posto de Saúde, de 1997 a 2006. Ametista do Sul/RS, Jan./2006.
4.10 Garimpeiros afastados do garimpo por silicose
Foram realizadas visitas domiciliares a 23 garimpeiros afastados do garimpo e
que possuem elevado grau de evolução de silicose. Deste grupo de garimpeiros,
somente três tinham a agricultura como atividade complementar e os demais
dedicaram-se somente a mineração.
Atualmente, sete garimpeiros são aposentados, pois contribuíram com o INSS
e dezesseis não têm aposentadoria, que nesses casos é somente a esposa que
possui renda; em alguns casos, familiares auxiliam financeiramente.
Em relação ao número de filhos, 4 garimpeiros não possuem filhos; 4
possuem 1 filho; 11 possuem 2 filhos; 2 possuem 3 filhos; 1 possui 4 filhos e 1possui
5 filhos.
4.10.1 Faixa etária e o nível de escolaridade
No que se refere a faixa etária dos garimpeiros afastados do garimpo, onze
87
deles estão na faixa de 30 a 40 anos; 8 na faixa de 41 a 50 anos e somente 4 tem
acima de 51 anos (Tabela 19).
Percebe-se que a maioria são jovens e incapacitados de trabalhar, mas por
necessidade eles possuem uma atividade lucrativa, normalmente na sua residência,
cuja atividade na maioria dos casos é a lapidação. Neste trabalho, ressalta-se que
os mesmos continuam em contato com a poeira mineral, agravando ainda mais a
saúde. Nas entrevistas alegaram que são conscientes do risco, mas por não ter
outra atividade sentem-se obrigados a trabalhar neste ramo de lapidação, pois é o
trabalho que fizeram durante anos.
Tabela 19- Faixa etária dos garimpeiros afastados do garimpo. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006
___________________________________________________________________________
Faixa etária (anos) Número de entrevistados
___________________________________________________________________
De 30 a 40 11
De 41 a 50 8
Acima de 50 4
___________________________________________________________________
Pagnossin, E. Jan./2006
Quanto ao nível de escolaridade, dois são analfabetos, dezesseis estudaram
até 5ª série e cinco possuem ensino fundamental incompleto.
De maneira geral, o baixo nível de escolaridade limita-os de exercerem outra
atividade que não seja ligada a mineração. Isso é uma das dificuldades enfrentadas
por todo este grupo, pois para exercer outro trabalho exige-se normalmente um
maior nível de escolaridade (Tabela 20).
88
Tabela 20- Nível de escolaridade dos garimpeiros afastados do garimpo.
Ametista do Sul/RS, Jan./2006
Nível de escolaridade Número de entrevistados
Analfabetos 2
Até 5ª série 16
Ensino Fundamental Incompleto 5
___________________________________________________________________
Pagnossin, E. Jan./2006
4.10.2 Tempo de trabalho no garimpo e renda salarial
Quanto ao tempo de trabalho no garimpo, um garimpeiro trabalhou 8 anos;
doze trabalharam entre 10 e 20 anos; nove entre 21 a 30 anos e um trabalhou 35
anos.
No que se refere à renda salarial dos mesmos, cerca de 3 recebem menos de
um salário; 15 garimpeiros recebem um salário mínimo e 5 recebem de dois a três
salários (Tabela 21).
Tabela 21 - Renda salarial dos garimpeiros afastados do garimpo. Ametista do
Sul/RS, Jan./2006
Renda salarial Número de garimpeiros
Menos de 1 salário 3
Um salário 15
Dois a três salários 5
Pagnossin, E. Jan./2006
4.10.3 Situação atual de vida e saúde
89
Este grupo de garimpeiros afastados do garimpo tem elevado grau de silicose
e fazem uso constante de medicação, normalmente adquirida por conta própria.
Entretanto as consultas, exames e internações são realizadas pelo Sistema Único
de Saúde-SUS.
Devido o grau de silicose todos tiveram perda pulmonar (fibrose), sendo que
nove apresentam perda pulmonar de até 40%; quatro com perda de até 60%; cinco
com perda de até 85%, um deles já foi transplantado de pulmão e quatro estão na
fila de espera por transplante.
Quanto ao uso do tabaco, 9 nunca fumaram; 12 são ex-fumantes e 2
atualmente fumam.
Segundo manifestações verbais os mesmos estão insatisfeitos com o
descaso dos órgãos vinculados à sua profissão e à saúde, pois trabalharam anos
gerando benefícios para o município, mas atualmente não tem auxílio necessário
para efetuar tratamento ou para adquirir a medicação por conta própria; alguns que
conseguem, é através da Secretaria da Saúde, mas a maioria da medicação este
órgão não possui.
90
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Constatou-se que há grande incidência de silicose no município e boa parte
dos garimpeiros apresentam sintomas da doença mas ainda não está diagnosticada
através de exames médicos.
È necessário mudanças nas técnicas de perfuração, que é a seco para o
método a úmido. O método de ventilação no interior das galerias é insuficiente e
não atende a demanda de poeira mineral.
Atenção especial dos órgãos ligados a atividade mineira tanto em esfera local
como nacional, em relação a conscientização do riscos da atividade para a saúde; o
incentivo no uso de equipamentos de proteção, bem como a verificação da vida útil
dos mesmos.
Maior fiscalização no uso de explosivos devido a toxidade para à saúde;
melhorias na infra-estrutura como nas instalações elétricas e moradias que vise a
segurança e conforto dos trabalhadores.
A conscientização ambiental nos garimpos em relação a preservação da mata
nativa, maior incentivo para a coleta de lixo, a deposição dos rejeitos e seu possível
aproveitamento.
Recomenda-se a medição do percentual de sílica no interior de garimpos.
Maior fiscalização em relação as normas de segurança do trabalho executado
pela Medicina do Trabalho, através de treinamento para a realização de tarefas,
visando a redução de acidentes e ou mortes.
Atendimento especial aos garimpeiros com disponibilização diária de médico
pneumologista para consultas; gratuidade em exames radiológicos e auxílio
financeiro aos que necessitam de uso de medicação.
Sugere-se a implantação de programas de saúde divulgados em rádio local e
promoção constante de palestras de divulgação e proteção à saúde,
disponibilizadas em horários alternativos para facilitar a participação dos
garimpeiros.
Formação de grupos de apoio aos garimpeiros afastados do trabalho e aos
que possuem a doença.
91
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98
ANEXO A - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS DO PROJETO: A
ATIVIDADE MINEIRA EM AMETISTA DO SUL/RS E A INCIDÊNCIA DE SILICOSE
EM GARIMPEIROS, Pagnossin, Elaine. Jan./2006
Nome………………………………………...…………Idade………………....................…
1. Atividade que se dedica atualmente ( ) Mineração Quanto tempo
faz?..............( ) Agricultura ( ) Pecuária ( ) Outra?........................................
2. Já teve uma outra atividade anterior ( ) Sim Qual?..........( ) não
3. Grau de escolaridade .........................................................................................
4. Casado ( ) Sim ( ) Não Tem Filhos ( ) Sim – Quantos?................................
Não tem Filhos ( )
5. A esposa tem alguma atividade que gera renda ( ) Sim ( ) Não
6. Qual é a renda familiar? ( ) Menos de 1 salário ( ) 1 Salário ( ) 2 a 3
( ) Acima de 3 salários.
7. Está contribuindo com o INSS ( ) Sim ( ) Não
8. Pertence a Cooperativa? ( ) Sim ( ) Não
9. Se pudesse melhorar alguma coisa na sua atividade dentre as opções, qual
seria? ( ) Perfuração a úmido ( ) Ventilação ( ) Carregamento do explosivo
( ) Limpeza das Frentes de Serviço.
10. Reside no mesmo local do garimpo onde trabalha ( ) Sim ( ) Não
11. A água que consome é do interior do garimpo? ( ) Sim ( )Não ( ) As vezes
Outro local?..........................................................................................................
12. Teve ou tem sintomas ( ) tosse ( ) dor peito ( )cansaço Fácil ( ) Chiado
peito. Outro?........................................................................................................
13. Atualmente é fumante ( ) Não ( ) Sim. Era fumante? ( ) sim ( ) não
14. Tem conhecimento sobre a silicose? (pó cristal) ( ) Sim ( ) Não
15. Participou de Palestras ( ) Sim ( ) Não
16. Já fez exame de RX ( ) sim ( ) Não. De espirrometria ( ) Sim ( ) Não
De audiometria? ( ) Sim ( ) não
17. Faz uso regularmente de EPIs? ( ) Sim Quais que usa?..................................
( ) Não faz uso. Qual motivo que não usa?.........................................................
( ) Usa as vezes
99
ANEXO B - NR-15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES (115.000-6)
15.1 São consideradas atividades ou operações insalubres as que se desenvolvem:
15.1.1 Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos n.ºs 1, 2, 3, 5, 11, 12;
15.1.2 Revogado pela Portaria nº 3.751, de 23-11-1990 (DOU 26-11-90)
15.1.3 Nas atividades mencionadas nos Anexos n.ºs 6, 13 e 14;
15.1.4 Comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes
dos Anexos nºs 7, 8, 9 e 10.
15.1.5 Entende-se por "Limite de Tolerância", para os fins desta Norma, a
concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador,
durante a sua vida laboral.
15.2 O exercício de trabalho em condições de insalubridade, de acordo com os
subitens do item anterior, assegura ao trabalhador a percepção de adicional,
incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a: (115.001-4/ I1)
15.2.1 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
15.2.2 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;
15.2.3 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo;
15.3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas
considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo
vedada a percepção cumulativa.
15.4 A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do
pagamento do adicional respectivo.
15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:
a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho
dentro dos limites de tolerância; (115.002-2 / I4)
b) com a utilização de equipamento de proteção individual.
15.4.1.1 Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde
do trabalhador, comprovada a insalubridade por laudo técnico de engenheiro de
segurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional
devido aos empregados expostos à insalubridade quando impraticável sua
eliminação ou neutralização.
100
15.4.1.2 A eliminação ou neutralização da insalubridade ficará caracterizada através
de avaliação pericial por órgão competente, que comprove a inexistência de risco à
saúde do trabalhador.
15.5 É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais
interessadas requererem ao Ministério do Trabalho, através das DRTs, a realização
de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e
classificar ou determinar atividade insalubre.
15.5.1 Nas perícias requeridas às Delegacias Regionais do Trabalho, desde que
comprovada a insalubridade, o perito do Ministério do Trabalho indicará o adicional
devido.
15.6 O perito descreverá no laudo a técnica e a aparelhagem utilizadas.
15.7. O disposto no item 15.5. não prejudica a ação fiscalizadora do MTb nem a
realização exofficio da perícia, quando solicitado pela Justiça, nas localidades onde
não houver perito.
101
ANEXO C - NR 22 - SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO
Portaria n.º 27, de 01 de Outubro de 2002
Portaria n.º 63, de 02 de Dezembro de 2003
ANEXO I
ÍNDICE GERAL
22.1 Objetivo
22.2 Campos de Aplicação
22.3 Das Responsabilidades da Empresa e do Permissionário de Lavra Garimpeira
22.4 Das Responsabilidades dos Trabalhadores
22.5 Dos Direitos dos Trabalhadores
22.6 Organização dos Locais de Trabalho
22.7 Circulação, Transporte de Pessoas e Materiais
22.8 Transportadores Contínuos através de Correias
22.9 Superfícies de Trabalho
22.10 Escadas
22.11 Máquinas, Equipamentos, Ferramentas e Instalações
22.12 Equipamentos de Guindar
22.13 Cabos, Correntes e Polias
22.14 Estabilidade de Maciços
22.15 Aberturas Subterrâneas
22.16 Tratamento e Revestimentos de Aberturas Subterrâneas
22.17 Proteção contra Poeira Mineral
22.18 Sistemas de Comunicação
22.19 Sinalização de Áreas de Trabalho e de Circulação
22.20 Instalações Elétricas
22.21 Operações com Explosivos e Acessórios
22.22 Lavra com Dragas Flutuantes
22.23 Desmonte Hidráulico
22.24 Ventilação em Atividades Subterrâneas
22.25 Beneficiamento
22.26 Deposição de Estéril, Rejeitos e Produtos
22.27 Iluminação
22.28 Proteção contra Incêndios e Explosões Acidentais
22.29 Prevenção de Explosão de Poeiras Inflamáveis em Minas Subterrâneas de
Carvão
22.30 Proteção contra Inundações
22.31 Equipamentos Radioativos
22.32 Operações de Emergência
22.33 Vias e saídas de Emergência
22.34 Paralisação e Retomada de Atividades nas Minas
22.35 Informação, Qualificação e Treinamento
22.36 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração – CIPAMIN
22.37 Disposições Gerais
22.1 Objetivo
22.1.1 Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo disciplinar os preceitos a
serem observados na organização e no ambiente de tr6abalho, de forma a tornar
102
compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca
permanente da segurança e saúde dos trabalhadores.
22.2 Campos de Aplicação
22.2.1 Esta norma se aplica a:
a) minerações subterrâneas;
b) minerações a céu aberto;
c) garimpos, no que couber;
d) beneficiamentos minerais e
e) pesquisa mineral
22.3 Das Responsabilidades da Empresa e do Permissionário de Lavra
Garimpeira
22.3.1 Cabe à empresa, ao Permissionário de Lavra Garimpeira e ao responsável
pela mina a obrigação de zelar pelo estrito cumprimento da presente Norma,
prestando as informações que se fizerem necessárias aos órgãos fiscalizadores.
(222.370-8 /I1)
22.3.1.1 A empresa, o Permissionário de Lavra Garimpeira ou o responsável pela
mina deve indicar aos órgãos fiscalizadores os técnicos responsáveis de cada setor.
(222.371-6 /I1)
22.3.2 Quando forem realizados trabalhos através de empresas contratadas pela
empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira, no contrato deverá constar o nome
do responsável pelo cumprimento da presente Norma Regulamentadora. (222.372-4
/I1)
22.3.3 Toda mina e demais atividades referidas no item 22.2 devem estar sob
supervisão técnica de profissional legalmente habilitado. (222.001-6 /I4)
22.3.4 Compete ainda à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira:
a) interromper todo e qualquer tipo de atividade que exponha os trabalhadores a
condições de risco grave e iminente para sua saúde e segurança; (222.002-4 /I4)
b) garantir a interrupção das tarefas, quando proposta pelos trabalhadores, em
função da existência de risco grave e iminente, desde que confirmado o fato pelo
superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis; e (222.003-2 /I4)
c) fornecer às empresas contratadas as informações sobre os riscos potenciais nas
áreas em que desenvolverão suas atividades. (222.373-2 /I3)
22.3.5 A empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira coordenará a
implementação das medidas relativas à segurança e saúde dos trabalhadores das
103
empresas contratadas e proverá os meios e condições para que estas atuem em
conformidade com esta Norma. (222.374-0 /I3)
22.3.6 Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar e
implementar o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO,
conforme estabelecido na Norma Regulamentadora n.º 7. (222.375-9 /I2)
22.3.7- Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar e
implementar o Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, contemplando os
aspectos desta Norma, incluindo, no mínimo, os relacionados a:
a) riscos físicos, químicos e biológicos; (222.376-7 /I2)
b) atmosferas explosivas; (222.377-5 /I2)
c) deficiências de oxigênio; (222.378-3 /I2)
d) ventilação; (222.379-1 /I2)
a) proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n.º 1, de 11/04/94, da
Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho; (222.380-5 /I2)
e) investigação e análise de acidentes do trabalho; (222.381-3 /I2)
f) ergonomia e organização do trabalho; (222.382-1 /I2)
g) riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços
confinados; (222.383-0/I2)
h) riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos,
veículos e trabalhos manuais; (222.384-8 /I2)
i) equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se no mínimo
o constante na Norma Regulamentadora n.º 6 (222.385-6 /I2)
j) estabilidade do maciço; (222.386-4 /I2)
k) plano de emergência; e (222.387-2 /I2)
l) outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias. (222.388-0
/I2)
22.3.7.1 O Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR deve incluir as seguintes
etapas:
a) antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta, inclusive, as
informações do Mapa de Risco elaborado pela CIPAMIN, quando houver; (222.389-9
/I1)
b) avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores; (222.390-2 /I1)
c) estabelecimento de prioridades, metas e cronograma; (222.391-0 /I1)
d) acompanhamento das medidas de controle implementadas; (222.392-9 /I1)
104
e) monitorização da exposição aos fatores de riscos; (222.393-7 /I1)
f) registro e manutenção dos dados por, no mínimo, vinte anos e(222.394-5 /I1)
g) avaliação periódica do programa. (222.395-3 /I1)
22.3.7.1.1 O Programa de Gerenciamento de Riscos, suas alterações e
complementações deverão ser apresentados e discutidos na CIPAMIN, para
acompanhamento das medidas de controle. (222.396-1/ I2)
22.3.7.1.2 O Programa de Gerenciamento de Riscos deve considerar os níveis de
ação acima dos quais devem ser adotadas medidas preventivas, de forma a
minimizar a probabilidade de ultrapassagem dos limites de exposição ocupacional,
implementando-se princípios para o monitoramento periódico da exposição,
informação dos trabalhadores e o controle médico, considerando as seguintes
definições:
a) limites de exposição ocupacional são os valores de limites de tolerância previstos
na Norma Regulamentadora nº. 15 ou, na ausência destes, os valores limites de
exposição ocupacional adotados pela American Conference of Governamental
Industrial Higyenists – ACGIH ou valores que venham a ser estabelecidos em
negociação coletiva, desde que mais rigorosos que os acima
referenciados;(222.397-0 /I2)
b) níveis de ação para agentes químicos são os valores de concentração ambiental
correspondentes à metade dos limites de exposição, conforme definidos na alínea
“a” anterior e ( 222.398-8/ I2)
c) níveis de ação para ruído são os valores correspondentes a dose de zero vírgula
cinco (dose superior a cinqüenta por cento), conforme critério estabelecido na
Norma Regulamentadora n.º 15, Anexo I, item 6. (222.399-6/ I2)
22.3.7.1.3 Desobrigam-se da exigência do PPRA as empresas que implementarem o
PGR.
22.4 Das Responsabilidades dos Trabalhadores
22.4.1 Cumpre aos trabalhadores;
a) zelar pela sua segurança e saúde ou de terceiros que possam ser afetados por
suas ações ou omissões no trabalho, colaborando com a empresa ou Permissionário
de Lavra Garimpeira para o cumprimento das disposições legais e regulamentares,
inclusive das normas internas de segurança e saúde e
b) comunicar, imediatamente, ao seu superior hierárquico as situações que
considerar representar risco para sua segurança e saúde ou de terceiros.
105
22.5 Dos Direitos dos Trabalhadores
22.5.1 São direitos dos trabalhadores:
a) interromper suas tarefas sempre que constatar evidências que representem riscos
graves e iminentes para sua segurança e saúde ou de terceiros, comunicando
imediatamente o fato a seu superior hierárquico que diligenciará as medidas
cabíveis;
b) ser informados sobre os riscos existentes no local de trabalho que possam afetar
sua segurança e saúde.
22 .6 Organização dos Locais de Trabalho
22.6.1 A empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira adotará as medidas
necessárias para que:
a) os locais de trabalho sejam concebidos, construídos, equipados, utilizados e
mantidos de forma que os trabalhadores possam desempenhar as funções que lhes
forem confiadas, eliminando ou reduzindo ao mínimo, praticável e factível, os riscos
para sua segurança e saúde e (222.400-3/ I2)
b) os postos de trabalho sejam projetados e instalados segundo princípios
ergonômicos.(222.005-9/I2)
22.6.2 As áreas de mineração com atividades operacionais devem possuir entradas
identificadas com o nome da empresa ou do Permissionário de Lavra Garimpeira e
os acessos e as estradas sinalizadas.(222.401-1 / I3)
22.6.3 Nas atividades abaixo relacionadas serão designadas equipes com, no
mínimo, dois trabalhadores:
a) no subsolo, nas atividades de:
I) abatimento manual de choco e blocos instáveis; (222.402-0 / I3)
II) contenção de maciço desarticulado; (222.403-8/ I3)
III) perfuração manual; (22.404-6/ I3)
IV) retomada de atividades em fundo-de-saco com extensão acima de dez metros e
(222.405-4 /I3)
V) carregamento de explosivos, detonação e retirada de fogos falhados.(222.406-2/
I3)
b) a céu aberto, nas atividades de carregamento de explosivos, detonação e retirada
de fogos falhados. (222.007-5/ I3)
106
22.6.3.1 A empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira deve estabelecer norma
interna de segurança para supervisão e controle dos demais locais de atividades
onde se poderá trabalhar desacompanhado. (222.008-3 / I2)
22.7 Circulação e Transporte de Pessoas e Materiais
22.7.1 Toda mina deve possuir plano de trânsito estabelecendo regras de
preferência de movimentação e distâncias mínimas entre máquinas, equipamentos e
veículos compatíveis com a segurança, e velocidades permitidas, de acordo com as
condições das pistas de rolamento.(222.009- 1/ I2)
22.7.2 Equipamentos de transporte de materiais ou pessoas devem possuir
dispositivos de bloqueio que impeçam seu acionamento por pessoas não
autorizadas. (222.010-5 / I3)
22.7.3 Equipamentos de transporte sobre pneus, de materiais e pessoas, devem
possuir, em bom estado de conservação e funcionamento, faróis, luz e sinal sonoro
de ré acoplado ao sistema de câmbio de marchas, buzina e sinal de indicação de
mudança do sentido de deslocamento e espelhos retrovisores. (222.011-3 /I3)
22.7.4 A capacidade e a velocidade máxima de operação dos equipamentos de
transporte devem figurar em placa afixada, em local visível. (222.407-0/ I1)
22.7.5 A operação das locomotivas e de outros meios de transporte só será
permitida a trabalhador qualificado, autorizado e identificado.(222.408-9 / I2)
22.7.6 O transporte em minas a céu aberto deve obedecer aos seguintes requisitos
mínimos:
a) os limites externos das bancadas utilizadas como estradas devem estar
demarcados e sinalizados de forma visível durante o dia e à noite; (222.012-1 / I3)
b) a largura mínima das vias de trânsito, deve ser duas vezes maior que a largura do
maior veículo utilizado, no caso de pista simples, e três vezes, para pistas duplas e
(222.013-0 / I3)
c) nas laterais das bancadas ou estradas onde houver riscos de quedas de veículos
devem ser construídas leiras com altura mínima correspondente à metade do
diâmetro do maior pneu de veículo que por elas trafegue. (222.014-8 / I3)
22.7.6.1 Quando o plano de lavra e a natureza das atividades realizadas não
permitirem a observância do constante na alínea "b" deste item deverão ser
adotados procedimentos de sinalização adicionais para garantir o tráfego com
segurança. (222.409-7 / I3)
107
22.7.7 Os veículos de pequeno porte que transitam em áreas de mineração a céu
aberto devem possuir sinalização, através de bandeira de sinalização em antena
telescópica ou, outro dispositivo que permita a sua visualização pelos operadores
dos demais equipamentos e veículos, bem como manter os faróis acesos durante
todo dia, de forma a facilitar sua visualização. (222.015-6 / I3)
22.7.7.1 Sinalização luminosa é obrigatória em condições de visibilidade adversa e à
noite. (222.410-0 / I3)
22.7.8 As vias de circulação de veículos, não pavimentadas, devem ser
umidificadas, de forma a minimizar a geração de poeira. (222.016-4 / I3)
22.7.9 Sempre que houver via única para circulação de pessoal e transporte de
material ou trânsito de veículo no subsolo, a galeria deverá ter a largura mínima de
1,50m (um metro e cinqüenta centímetros) além da largura do maior veículo que
nela trafegue, além do estabelecimento das regras de circulação. (222.017-2 / I3)
22.7.9.1 Quando o plano de lavra e a natureza das atividades não permitirem a
existência da distância de segurança prevista neste item, deverão ser construídas
nas paredes das galerias ou rampas, aberturas com, no mínimo, 0,60m (sessenta
centímetros de profundidade), 2m (dois metros de altura) e 1,50m (um metro e
cinqüenta centímetros de comprimento), devidamente sinalizadas e desobstruídas a
cada cinqüenta metros, para abrigo de pessoal. (222.018-0 / I4)
22.7.10 Quando utilizados guinchos ou vagonetas, no transporte de material em
planos inclinados sem vias específicas e isoladas por barreiras para pedestres,
estes devem permanecer parados enquanto houver circulação de pessoal. (222.019-
9 / I4)
22.7.11 O transporte de trabalhadores em todas as áreas das minas deve ser
realizado através de veículo adequado para transporte de pessoas, que atenda, no
mínimo, aos seguintes requisitos:
a) condições seguras de tráfego; (222.411-3 / I3)
b) assento com encosto; (222.412-7 / I3)
c) cinto de segurança; (222.413-5 / I3)
d) proteção contra intempéries ou contato acidental com tetos das galerias e
(222.414-3 / I3)
e) escada para embarque e desembarque quando necessário. (222.415-1 / I3)
108
22.7.11.1 Em situações em que o uso de cinto de segurança possa implicar em
riscos adicionais, o mesmo será dispensado, observando-se normas internas de
segurança para estas situações.(222.416-0 / I2)
22.7.11.2 A empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira é co-responsável pela
segurança do transporte dos trabalhadores caso contrate empresa prestadora de
serviço para tal fim.
22.7.12 O transporte conjunto de pessoas e materiais tais como ferramentas,
equipamentos, insumos e matéria-prima somente será permitido em quantidades
compatíveis com a segurança e quando estes estiverem acondicionados de maneira
segura, em compartimento adequado, fechado e fixado de forma a não causar lesão
aos trabalhadores. (222.021-3 / I3)
22.7.13 O transporte de pessoas em máquinas ou equipamentos somente será
permitido se estes estiverem projetados ou adaptados para tal fim, por profissional
legalmente habilitado. (222.417-8 / I2)
22.7.14 O transporte vertical de pessoas só será permitido em cabines ou gaiolas
que possuam as seguintes características:
a) altura mínima de dois metros;(222.424-0 / I3)
b) portas com trancas que impeçam sua abertura acidental;(222.194-2 / I3)
c) manter-se fechadas durante a operação de transporte; (222.477-1 / I3)
d) teto resistente, com corrimão e saída de emergência; (222.200-0 / I3)
e) proteção lateral que impeça o acesso acidental a área externa; (222.419-4 / I3)
f) iluminação; (222.236-1 / I3)
g) acesso convenientemente protegido; (222.420-8 / I3)
h) distância inferior a quinze centímetros entre a plataforma de acesso e a gaiola;
(222.421-6 / I3)
i) fixação em local visível do limite máximo de capacidade de carga e de velocidade
e (222.422-4 /I3)
j) sistema de comunicação com o operador do guincho nos pontos de embarque e
desembarque. (222.423-2 / I3)
22.7.14.1 O transporte de pessoas durante a fase de abertura e equipagem de
poços deve obedecer aos seguintes requisitos mínimos:
a) o poço deve ser dotado de tampa protetora com abertura basculante, que impeça
a queda de material ou pessoas e que deverá ser mantida fechada durante a
permanência de pessoas no poço; (222.023-7 / I3)
109
b) o colar do poço deve ser concretado; (222.024-5 / I3)
c) o balde de transporte deve ser construído com material de qualidade, resistente à
carga transportada e com altura lateral mínima de um metro e vinte centímetros;
(222.025-3 / I3)
d) velocidade máxima de um metro e vinte centímetros por segundo, que deverá ser
reduzida durante a aproximação do fundo do poço; (222.026-1 / I3)
e) dispor de sinalização sonora específica, conforme o item 22.18 e (222.213-2 / I3)
f) não transportar em conjunto pessoas e materiais. (222.027-0 / I3)
22.7.15 Os equipamentos e transportes de pessoas em rampas ou planos inclinado
sobre trilhos devem obedecer aos seguintes requisitos mínimos:
a) possuir assentos em número igual a capacidade máxima de usuários; (222.028-8
/ I3)
b) ter proteção frontal e superior, de forma a impedir o contato acidental com o teto;
(222.029-6 / I3)
c) ter fixado em local visível o limite máximo de carga ou de usuários e de
velocidade e (222.030-0 / I3)
d) embarcar ou desembarcar pessoas somente em locais apropriados. (222.031-8 /
I3)
22.7.15.1 O transporte de pessoas durante a fase de abertura e equipagem de
rampas ou planos inclinado sobre trilhos, deve obedecer aos seguintes requisitos
mínimos:
a) velocidade máxima de um metro e vinte centímetros por segundo, que deverá ser
reduzida durante a aproximação do fundo da rampa ou plano inclinado; (222.032-6/
I3)
b) dispor de estrado para apoio das pessoas transportadas; (222.033-4/ I3)
c) dispor de sinalização sonora específica, conforme o item 22.18; e (222.425-9/ I3)
d) não transportar em conjunto pessoas e materiais. (222.034-2/ I3)
22.7.16 O transporte de pessoas em planos inclinados ou poços deve ser informado,
pelo sistema de sinalização, ao operador do guincho. (222.426-7/ I3)
22.7.17 Havendo irregularidade que ponha em risco o transporte por gaiola ou plano
inclinado deve ser proibido imediatamente o funcionamento do guincho, tomando-se
prontamente as medidas cabíveis para restabelecer a segurança do transporte.
(222.035-0/ I4)
110
22.7.18 As vias de circulação de pessoas devem ser sinalizadas, desimpedidas e
protegidas contra queda de material e mantidas em boas condições de segurança e
trânsito. (222.036-9/ I3)
22.7.19 Quando o somatório das distâncias a serem percorridas a pé pelo
trabalhador, na ida ou volta de seu local de atividade, em subsolo, for superior a dois
mil metros, a mina deverá ser dotada de sistema mecanizado para este
deslocamento. (222.037-7/ I3)
22.7.20 Em galerias ou rampas no subsolo, com tráfego nos dois sentidos, deve
haver locais próprios para desvios em intervalos regulares ou dispositivo de
sinalização que indique a prioridade de fluxo, de tal forma que não ocorra o tráfego
simultâneo em sentidos contrários. (222.038-5 / I3)
22.7.21 É proibido o transporte de material através da movimentação manual de
vagonetas. (222.427-5/ I2)
22.7.21.1 É permitida a movimentação manual de vagonetas em operações de
manobra, em distância não superior a cinqüenta metros e em inclinação inferior a
meio por cento, desde que a força exercida pelos trabalhadores não comprometa
sua saúde e segurança. (222.428-3/ I2)
22.7.22 Cada vagoneta a ser movimentada em planos inclinados deve estar ligada a
um dispositivo de acoplamento principal e a um secundário de segurança. (222.039-
3/ I2)
22.7.23 O comboio só poderá se movimentar estando acoplado em toda sua
extensão. (222.429-1/ I2)
22.7.24 É proibido manipular os dispositivos de acoplamento durante a
movimentação das vagonetas, exceto se os mesmos forem projetados para tal fim.
(222.430-5/ I3)
22.7.25 As vagonetas devem possuir dispositivo limitador que garanta uma distância
mínima de cinqüenta centímetros entre as caçambas. (222.431-3/ I2)
22.7.26 Nos locais onde forem executados serviços de acoplamento e
desacoplamento de vagonetas devem ser adotadas medidas de segurança com
relação à limpeza, iluminação e espaço livre para circulação de pessoas. (222.432-1/
I2)
22.7.27 Os locais de tombamento de vagonetas devem ser dotados de:
a) proteção coletiva e individual contra quedas; (222.040-7/ I3)
111
b) dispositivos de proteção que permita trabalhos sobre a grelha, quando
necessários; (222.041-5/ I3)
c) iluminação; (222.042-3/ I3)
d) sinalização adequada; (222.043-1/ I3)
e) dispositivos e procedimentos de trabalho que reduzam os riscos de exposição dos
trabalhadores às poeiras minerais e (222.044-0/ I3)
f) bloqueadores, a fim de evitar movimentações imprevistas no tombamento manual.
(222.045-8/ I3)
22.15 Aberturas Subterrâneas
22.15.1 As aberturas de vias subterrâneas devem ser executadas e mantidas de
forma segura, durante o período de sua vida útil. (222.166-7/ I3)
22.15.2 Os colares dos poços e os acessos à mina devem ser construídos e
mantidos, de forma a não permitir a entrada de água em quantidades que
comprometam a sua estabilidade ou a ocorrência de desmoronamentos. (222.167-5/
I4)
22.15.3 As galerias devem ser projetadas e construídas de forma compatível com a
segurança do operador das máquinas e equipamentos que por elas transitam,
assegurando posição confortável e impedindo o contato acidental com o teto e
paredes. (222.168-3/ I4)
22.15.4 Em áreas de influência da lavra não é permitido o desenvolvimento de
outras obras subterrâneas que possam prejudicar a sua estabilidade e segurança.
(222.169-1/ I4)
22.15.5 As aberturas, que possam acarretar riscos de queda de material ou
pessoas, devem ser protegidas e sinalizadas. (222.170-5/ I4)
22.15.6 As aberturas subterrâneas e frentes de trabalho devem ser periodicamente
inspecionadas para a identificação de blocos instáveis e chocos. (222.171-3/ I4)
22.15.6.1 As inspeções devem ser realizadas com especial cuidado, quando da
retomada das frentes de lavra após as detonações. (222.171-1/ I4)
22.15.7 Verificada a existência de blocos instáveis estes devem ter sua área de
influência isolada até que sejam tratados ou abatidos. (222.173-0/ I4)
22.15.7.1 Verificada a existência de chocos, estes devem ser abatidos
imediatamente. (222.463-1/ I4)
22.15.7.2 O abatimento de chocos ou blocos instáveis deve ser realizado através de
dispositivo adequado para a atividade, que deverá estar disponível em todas as
112
frentes de trabalho e realizados por trabalhador qualificado, observando normas de
procedimentos da empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira. (222.174-8/ I4)
22.15.8 No desenvolvimento de galerias, eixos principais, lavra em áreas já
mineradas, intemperizadas ou ao longo de zonas com distúrbios geológicos devem
ser utilizadas técnicas adequadas de segurança. (222.175-6/ I4)
22.15.9 A base do poço de elevadores e gaiolas deve ser rebaixada além do último
nível, adequadamente dimensionada, dotada de sistemas de drenagem e limpa
periodicamente, de forma a manter uma profundidade segura. (222.176-4/ I3)
22.15.10 Os depósitos de materiais desmontados, próximos aos níveis de acesso
aos poços e planos inclinados, devem ser adequadamente protegidos contra
deslizamento ou dispostos a uma distância superior a dez metros da abertura.
(222.177-2/ I4)
22.15.11 Vias de acesso, de trânsito e outras aberturas com inclinações maiores que
trinta e cinco graus devem ser protegidas, a fim de neutralizar deslizamentos e evitar
quedas de objetos e pessoas. (222.178-0/ I4)
22.17 Proteção contra Poeira Mineral
22.17. 1 Nos locais onde haja geração de poeiras na superfície ou no subsolo, a
empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira deverá realizar o monitoramento
periódico da exposição dos trabalhadores, através de grupos homogêneos de
exposição e das medidas de controle adotadas, com o registro dos dados
observando-se, no mínimo, o Quadro I. (222.182-9/ I4)
22.17.1.1 Grupo Homogêneo de Exposição corresponde a um grupo de
trabalhadores, que experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado
fornecido pela avaliação da exposição de qualquer trabalhador do grupo seja
representativo da exposição do restante dos trabalhadores do mesmo grupo.
22.17.2 Quando ultrapassados os limites de tolerância à exposição a poeiras
minerais, devem ser adotadas medidas técnicas e administrativas que, reduzam,
eliminem ou neutralizem seus efeitos sobre a saúde dos trabalhadores e
considerados os níveis de ação estabelecidos nesta Norma. (222.183-7/ I4)
22.17.3 Em toda mina deve estar disponível água em condições de uso, com o
propósito de controle da geração de poeiras nos postos de trabalho, onde rocha ou
minério estiver sendo perfurado, cortado, detonado, carregado, descarregado ou
transportado. (222.184-5/ I4)
113
22.17.3.1 As operações de perfuração ou corte devem ser realizados por processos
umidificados para evitar a dispersão da poeira no ambiente de trabalho. (222.185-3/
I4)
22.17.3.2 Caso haja impedimento de umidificação, em função das características
mineralógicas da rocha, impossibilidade técnica ou quando a água acarretar riscos
adicionais, devem ser utilizados dispositivos ou técnicas de controle, que impeçam a
dispersão da poeira no ambiente de trabalho. (222.473-9/ I4)
22.17.4 Os equipamentos geradores de poeira com exposição dos trabalhadores
devem utilizar dispositivos para sua eliminação ou redução e ser mantidos em
condições operacionais de uso. (222.186-1/ I4)
22.17.5 As superfícies de máquinas, instalações e pisos dos locais de trânsito de
pessoas e equipamentos, devem ser periodicamente umidificados ou limpos, de
forma a impedir a dispersão de poeira no ambiente de trabalho. (222.187-0/ I4)
22.17.6 Os postos de trabalho, que sejam enclausurados ou isolados, devem possuir
sistemas adequados, que permitam a manutenção das condições de conforto
previstas na Norma Regulamentadora n.º 17, especialmente as constantes no
subitem 17.5.2. da citada NR e que possibilitem trabalhar com o sistema
hermeticamente fechado. (222.188-8/ I4)
22.24 Ventilação em Atividades de Subsolo
22.24.1 As atividades em subsolo devem dispor de sistema de ventilação mecânica
que atenda aos seguintes requisitos:
a) suprimento de oxigênio; (222.573-5/ I4)
b) renovação contínua do ar; (222.574-3/ I4)
c) diluição eficaz de gases inflamáveis ou nocivos e de poeiras do ambiente de
trabalho; (222.575-1/I4)
d) temperatura e umidade adequadas ao trabalho humano e (222.576-0/ I4)
e) ser mantido e operado de forma regular e contínua. (222.577-8/ I4)
22.24.1.1 Devem ser observados os níveis de ação para implantação de medidas
preventivas, conforme disposto nesta Norma. (222.578-6/ I3)
22.24.2 Para cada mina deve ser elaborado e implantado um projeto de ventilação
com fluxograma atualizado periodicamente, contendo, no mínimo, os seguintes
dados:
a) localização, vazão e pressão dos ventiladores principais; (222.579-4/ I3)
b) direção e sentido do fluxo de ar e (222.255-8/ I34)
114
c) localização e função de todas as portas, barricadas, cortinas, diques, tapumes e
outros dispositivos de controle do fluxo de ventilação. (222.581-6/ I3)
22.24.2.1 O fluxograma de ventilação deverá estar disponível aos trabalhadores ou
seus representantes e autoridades competentes. (222.582-4/ I3)
22.24.2.2 Um diagrama esquemático do fluxograma de ventilação, de cada nível,
deve ser afixado em local visível do respectivo nível. (222.583-2/ I3)
22.24.3 Todas as frentes de lavra devem ser ventiladas por ar fresco proveniente da
corrente principal ou secundária. (222.276-0/ I4)
22.24.4 É proibida a utilização de um mesmo poço ou plano inclinado para a saída e
entrada de ar, exceto durante o trabalho de desenvolvimento com exaustão ou
adução tubuladas ou através de sistema que garanta a ausência de mistura entre os
dois fluxos de ar. (222.277-9/ I4)
22.24.5 Em minas com emanações de grisu, a corrente de ar viciado deve ser
dirigida ascendentemente. (222.278-7/ I4)
22.24.5.1 A corrente de ar viciado só poderá ser dirigida descendentemente
mediante justificativa técnica. (222.584-0/ I4)
22.24.6 Nos locais onde pessoas estiverem transitando ou trabalhando, a
concentração de oxigênio no ar não deve ser inferior a dezenove por cento em
volume. (222.279-5/ I4)
22.24.7 A vazão de ar necessária em minas de carvão, para cada frente de trabalho,
deve ser de, no mínimo, seis metros cúbicos por minuto por pessoa. (222.280-9/ I4)
22.24.7.1 A vazão de ar fresco em galerias de minas de carvão constituídas pelos
últimos travessões arrombados deve ser de, no mínimo, duzentos e cinqüenta
metros cúbicos por minuto. (222.281-7/ I4)
22.24.7.2 Em outras minas, a quantidade do ar fresco nas frentes de trabalho deve
ser de, no mínimo, dois metros cúbicos por minuto por pessoa. (222.282-5/ I4)
22.24.7.3 No caso da utilização de veículos e equipamentos a óleo diesel, a vazão
de ar fresco na frente de trabalho deve ser aumentada em três e meio metros
cúbicos por minuto para cada cavalovapor de potência instalada. (222.283-3/ I4)
22.24.7.3.1 No caso de uso simultâneo de mais de um veículo ou equipamento a
diesel, em frente de desenvolvimento, deverá ser adotada a seguinte fórmula para o
cálculo da vazão de ar fresco na frente de trabalho: (222.284-1/ I4)
QT = 3,5 ( P1 + 0,75 x P2 + 0,5 x Pn ) [ m³/min]
Onde: QT = vazão total de ar fresco em metros cúbico por minuto
115
P1 = potência em cavalo-vapor do equipamento de maior potência em operação
P2 = potência em cavalo-vapor do equipamento de segunda maior potência em
operação
Pn = somatório da potência em cavalo-vapor dos demais equipamentos em
operação
22.24.7.3.2 No caso de desenvolvimento, sem uso de veículos ou equipamentos a
óleo diesel, a vazão de ar fresco deverá se dimensionada à razão de quinze metros
cúbicos por minuto por metro quadrado da área da frente em desenvolvimento.
(222.285-0/ I4)
22.24.8 Em outras minas e demais atividades subterrâneas a vazão de ar fresco nas
frentes de trabalho será dimensionada de acordo com o disposto no Quadro II,
prevalecendo a vazão que for maior. (222.585-9/ I4)
22.24.9 O fluxo total de ar fresco na mina será, no mínimo, o somatório dos fluxos
das áreas de desenvolvimento e dos fluxos das demais áreas da mina,
dimensionados conforme determinado nesta Norma. (222.586-7/ I4)
22.24.10 A velocidade do ar no subsolo não deve ser inferior a zero vírgula dois
metros por segundo nem superior à média de oito metros por segundo onde haja
circulação de pessoas. (222.286-8/ I4)
22.24.10.1 Os casos especiais que demandem o aumento de limite superior da
velocidade para até dez metros por segundo deverão ser submetidos à instância
regional do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. (222.587-5/ I3)
22.24.10.2 Em poços, furos de sonda, chaminés ou galerias, exclusivos para
ventilação, a velocidade pode ser superior a dez metros por segundo.
22.24.11 Sempre que a passagem por portas de ventilação acarretar riscos oriundos
da diferença de pressão deverão ser instaladas duas portas em série, de modo a
permitir que uma permaneça fechada enquanto a outra estiver aberta, durante o
trânsito de pessoas ou equipamentos. (222.287-6/I3)
22.24.11.1 A montagem e desmontagem das portas de ventilação somente será
permitida com autorização do responsável pela mina. (222.588-3/ I3)
22.24.12 Na corrente principal, as estruturas utilizadas para a separação de ar
fresco do ar viciado, nos cruzamentos, devem ser construídas com alvenaria ou
material resistente à combustão ou revestido com material anti-chama. (222.288-4/
I3)
116
22.24.12.1 Os tapumes de ventilação devem ser conservados em boas condições de
vedação de forma a proporcionar um fluxo adequado de ar nas frentes de trabalho.
(222.289-2/ I3)
22.24.13 A instalação e as formas de operação do ventilador principal e do de
emergência devem ser definidas e estabelecidas no projeto de ventilação constante
do plano de lavra. (222.290-6/ I3)
22.24.14 O sistema de ventilação deve atender, no mínimo, aos seguintes requisitos:
a) possuir ventilador de emergência com capacidade que mantenha a direção do
fluxo de ar, de acordo com as atividades para este caso, previstas no projeto de
ventilação; (222.589-1 I4)
b) as entradas aspirantes dos ventiladores devem ser protegidas; (222.590-5/ I4)
c) o ventilador principal e o de emergência devem ser instalados de modo que não
permitam a recirculação do ar e (222.591-3/ I4)
d) possuir sistema alternativo de alimentação de energia proveniente de fonte
independente da alimentação principal para acionar o sistema de emergência nas
seguintes situações:
I. minas sujeitas a acúmulo de gases explosivos ou tóxicos e (222.592-1/ I4)
II. minas em que a falta de ventilação coloque em risco a segurança das pessoas
durante sua retirada. (222.593-0/ I4)
22.24.14.1 Na falta de alimentação de energia e de fonte independente da
alimentação principal, o responsável pela mina deverá providenciar a retirada
imediata das pessoas. (222.594-8/ I4)
22.24.15 A estação onde estão localizados os ventiladores principais e de
emergência deve estar equipada com instrumentos para medição da pressão do ar.
(222.292-2/ I4)
22.24.16 O ventilador principal deve ser dotado de dispositivo de alarme que indique
a sua paralisação. (222.293-0/ I4)
22.24.17 Os motores dos ventiladores a serem instalados nas frentes com presença
de gases explosivos devem ser a prova de explosão. (222.294-9/ I4)
22.24.18 Todas as galerias de desenvolvimento, após dez metros de avançamento,
e obras subterrâneas sem comunicação ou em fundo-de-saco devem ser ventiladas
através de sistema de ventilação auxiliar e o ventilador utilizado deverá ser instalado
em posição que impeça a recirculação de ar. (222.295-7/ I4)
117
22.24.18.1 A chave de partida dos ventiladores deve estar na corrente de ar fresco.
(222.595-6/ I3)
22.24.19 Para cada instalação ou desinstalação de ventilação auxiliar deve ser
elaborado um diagrama específico, aprovado pelo responsável pela ventilação da
mina. (222.296-5/ I3)
22.24.20 A ventilação auxiliar não deve ser desligada enquanto houver pessoas
trabalhando na frente de serviço, salvo em casos de manutenção do próprio sistema
e após a retirada do pessoal, permitida apenas a presença da equipe de
manutenção, seguindo procedimentos previstos para esta situação específica.
(222.297-3/ I3)
22.24.21 É vedada a ventilação utilizando-se somente ar comprimido, salvo em
situações de emergência ou se o mesmo for tratado para a retirada de impurezas.
(222.298-1/ I4)
22.24.21.1 O ar de descarga das perfuratrizes não é considerado ar de ventilação.
22.24.22 O pessoal envolvido na ventilação e todo o nível de supervisão da mina,
que trabalhe em subsolo, deve receber treinamento em princípios básicos de
ventilação de mina. (222.596-4/ I3)
22.24.23 Devem ser executadas, mensalmente, medições para avaliação da
velocidade, vazão do ar, temperatura de bulbo seco e bulbo úmido contemplando,
no mínimo, os seguintes pontos:
a) caminhos de entrada da ventilação; (222.597-2/ I3)
b) frentes de lavra e de desenvolvimento e (222.598-0/ I3)
c) ventilador principal. (222.599-9/ I3)
22.24.23.1 O resultados das medições devem ser anotados em registros próprios.
(222.600-6/ I3)
22.24.24 No caso de minas grisutosas ou com ocorrência de gases tóxicos,
explosivos ou inflamáveis o controle da sua concentração deve ser feito a cada
turno, nas frentes de trabalho em operação e nos pontos importantes da ventilação.
(222.601-4/ I4).
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