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CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS
FREDERICO JACOB EUTRÓPIO
Biologia do camarão Xiphopenaeus kroyeri
(Dendobranchiata: Penaeidae) e a fauna
acompanhante relacionada a sua pesca em
Anchieta, Espírito Santo, Brasil
VILA VELHA
2009
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FREDERICO JACOB EUTRÓPIO
Biologia do camarão Xiphopenaeus kroyeri
(Dendobranchiata: Penaeidae) e a fauna
acompanhante relacionada a sua pesca em
Anchieta, Espírito Santo, Brasil
VILA VELHA
2009
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado
em Ecologia de Ecossistemas do Centro
Universitário Vila Velha, como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre em Ecologia de
Ecossistemas. Área de concentração Ecologia.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Dias Ferreira Júnior
Co-orientador: Prof. Dr. Werther Krohling
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AGRADECIMENTOS
Ao Centro Universitário de Vila Velha UVV pela bolsa de estudo e ao
Laboratório de Ecologia Aquática e Terrestre, pela infra-estrutura, que
possibilitou efetivar todo meu estudo da melhor maneira possível.
OBRIGADO!!!
Ao orientador Paulo Dias Ferreira Júnior e co-orientador Werther
Krohling pela orientação, incentivo, pelas horas de descontração, pela
amizade que surgiu e pela confiança depositada na realização desse projeto.
MUITO OBRIGADO!!!
Ao pescador Jaldemar Silva Frontino, que me ajudou no que fosse
necessário, pelas horas de descontração durante os arrasto, por sempre nos
receber com um sorriso no rosto e pelas dicas de pesca durante as coletas,
espero que este trabalho esteja a altura do seu esforço!!! MUITO
OBRIGADO!!!
Aos meus Pais, José Schwartz Eutrópio e Vanilda Jacob Schwartz
Eutrópio por me ensinarem desde cedo os valores éticos e morais, a valorizar
os atos simples da vida e a dedicar-me sempre aos estudos. OBRIGADO DO
FUNDO DO CORAÇÃO!!!
Aos meus irmãos José Rodolfo pela ajuda imprescindível na triagem do
material durante as férias e Arthur que consegui uma sala no Planetário da
UFES para que eu pudesse escrever essa dissertação, sem a ajuda de vocês
a realização desse sonho não seria possível!! VALEU MEUS IROS!!!
Ao pessoal do Planetário da UFES por ter me aturado alguns dias e por
ter tornado esses dias muito mais alegres e fáceis de suportar, além da
amizade que surgiu!!! VALEU GALERA!!!
Aos companheiros de sala que tornaram suportáveis esses dois anos
de trabalho intenso!!! Em especial a Adriana Canal das Virgens, Filipe Nuan
Caldeira, Larissa Novaes Simões, César Abel Krohling, Osvaldo José
Alexandre Medina da Rocha e Roberta Guio Azevedo. VALEU GALERA!!!
Aos alunos de graduação que colaboraram na triagem do material.
Eurico José Dornellas Neto, Patrícia Verônica F. H. Rodriguez, Thécio
Cassaro Cani, Maira Duarte Padilha, Camila Stofel, Gabriela Bravim Lemos,
VOCÊS SÃO NOTA 10!!!
A Fátima L. F. Mariante por ter acompanhado todas as coletas e cedido
o carro para as viagens até Anchieta, pelos cafés da mandepois de cada
arrasto, pela companhia, apoio, ajuda na triagem do material e paciência para
aturar algumas indelicadezas minhas durante o mestrado!!! MUITO
OBRIGADO DO TAMANHO DE UMA BALEIA AZUL!!!
Ao Dr. Ary Gomes da Silva pela facilidade em ensinar estatística e
tornar os nossos dados muito mais fáceis de entender. VALEU!!!
Ao Dr. Alessandro Coutinho Ramos e a Dr
a
. Zilma Maria Almeida Cruz
pelas dicas na formatação do trabalho e pelo apoio. MUITO OBRIGADO!!!
Ao querido MSc. Hélio Santos pelo apoio, pelas importantes dicas
para a realização deste projeto e pelas conversas descontraídas nos
momentos de folga. MUITO OBRIGADO!!!
Ao MSc. Fabrício Saleme de na identificação dos moluscos e pelo
apoio ao longo do curso!!! VALEU!!!
Aos professores do mestrado, pelas dicas, pelas aulas de campo, pela
descontração e pela amizade que surgiu. MUITO OBRIGADO!!!
As serventes do Biopráticas que inúmeras vezes ajudaram a arrumar a
“bagua” depois de mais um dia de pesquisa. VOCÊS SÃO FORA DE
SÉRIE!!!
"O homem que deseja ser cientista e à ciência dedicar todo seu tempo e
amor, tem pelo menos três certezas: a de que morrerá um dia (como todo
mundo), a de que não ficarico (como quase todo mundo) e a de que se
divertirá muito (como pouca gente)."
Newton Freire Maia
RESUMO
A pesca de Xiphopenaeus kroyeri é realizada em todo o litoral brasileiro,
é considerada uma atividade predatória, desestabilizadora das comunidades
bentônicas e ocorre em criadouros de espécies de interesse econômico. Com
o objetivo de estudar a biologia e pesca de X. kroyeri e a fauna acompanhante
de sua pesca em Anchieta, Espírito Santo, durante o período de janeiro a
dezembro de 2008 foram realizadas coletas mensais com uma hora de
duração. Para o X. kroyeri foram registrados o número de indivíduos, a
biomassa, o sexo, o comprimento total e o estádio de maturação gonadal.
Para a fauna acompanhante foi registrado o número de espécies, o peso total
de cada espécie e o peso total do arrasto. A Ictiofauna e a Carcinofauna foram
analisados o comprimento padrão e largura da carapaça a fim de caracterizar
os impactos da pesca de X. kroyeri nesses grupos. O camarão sete-barbas
apresentou comprimento total variando entre 2,96 cm a 9,96 cm sendo as
fêmeas maiores que os machos. A relação peso/comprimento indicou um
padrão de crescimento alométrico com o tamanho da primeira maturação
gonadal em 4,5 cm para machos e 6,9 cm para fêmeas. A população de X.
kroyeri apresentou uma reprodução e recrutamento contínuo e a atividade de
pesca atua sobre o estoque de machos adultos e meas juvenis
comprometendo a atividade de pesca de X. kroyeri. Foi capturado um total de
320,91 kg de arrasto, composta de 101 espécies. A diversidade de Shannon
variou de 1,74 a 2,76 e a riqueza de 23 a 50. O lixo foi o grupo mais
abundante, entretanto considerando apenas os grupos zoológicos, a
Carcinofauna e a Ictifauna foram os principais grupos. As famílias Sciaenidae
e Portunidae se destacaram tanto em biomassa quanto em mero de
espécies. A pesca de arrasto capturou uma grande biomassa de espécies de
ocorrência regular, entretanto espécies de ocorrência sazional e ocasional
tamm são afetadas por esta atividade de pesca. O descarte da pesca
artesanal do camarão X. kroyeri foi elevado, para cada quilograma da
espécie-alvo foram capturados 8,15 kg de fauna acompanhante. Foi
registrada uma grande incidência de juvenis e exemplares de pequeno porte
nos arrastos, devido a elevada ocorrência de Lixo Orgânico que contribuiu
para a obliteração da malha da rede e redução na seletividade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL..............................................................................
9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................
11
CAPÍTULO 1 Biologia do camarão Xiphopenaeus kroyeri (Heller,
1862) (Crustacea, Penaeidae), capturado na pesca artesanal em
Anchieta, Espírito Santo, Brasil..............................................................
14
RESUMO....................................................................................................
15
INTRODUÇÃO............................................................................................
16
OBJETIVO GERAL....................................................................................
19
OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................
19
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...........................................
19
COLETA DOS DADOS………………………………………………………...
20
ANÁLISE DOS DADOS………………………………………………………..
22
RESULTADOS...........................................................................................
24
DISCUSSÃO...............................................................................................
33
CONCLUSÃO.............................................................................................
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................
38
CAPÍTULO 2 Fauna acompanhante da pesca artesanal do
camarão Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) (Crustacea,
Penaeidae) em de Anchieta, Espírito Santo, Brasil...............................
47
RESUMO....................................................................................................
48
INTRODUÇÃO............................................................................................
49
OBJETIVO GERAL....................................................................................
51
OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................
51
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...........................................
51
COLETA DOS DADOS………………………………………………………...
52
ANÁLISE DOS DADOS………………………………………………………..
54
RESULTADOS...........................................................................................
55
DISCUSSÃO...............................................................................................
69
CONCLUSÃO.............................................................................................
78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................
92
ANEXO 1....................................................................................................
93
ANEXO 2....................................................................................................
97
INTRODUÇÃO GERAL
Através da atividade de pesca, o homem vem retirando
sistematicamente organismos de populações naturais para fins de
subsistência e comercialização (YODZIS 2001). A remoção de espécies do
ecossistema marinho pode ter efeitos variados no ecossistema (LOBO 2007),
mas a conseqüência mais óbvia da pesca excessiva é o declínio dos estoques
pesqueiros (LEWISON et al. 2004).
Vários problemas associados à conservação dos recursos marinhos
refletem falhas na forma como eles são manejados. As agências
governamentais responsáveis pelo gerenciamento destes recursos enfocam,
principalmente, os estoques de espécies-alvo da atividade de pesca, ou o
benefício direto da industrialização. O aumento da pressão pesqueira e a
importância social e econômica desse recurso geram a necessidade de
informações para o manejo adequado (DUMONT & D’INCAO 2004).
De acordo com LARKIN (1996), três elementos primários devem ser
levados em conta ao se propor o uso e o gerenciamento de um ecossistema:
i) sustentabilidade da produção, ii) manutenção da biodiversidade e iii)
proteção contra efeitos da degradação do hábitat. No entanto, estes
elementos são frequentemente negligenciados, muitas vezes, em função dos
resultados imediatos da exploração econômica (LOEBMANN & VIEIRA 2006).
A pesca do camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) é realizada em
grande escala no litoral brasileiro apresentando uma importância econômica
significativa (PAIVA-FILHO & SCHMIEGELOW 1986). O método utilizado na pesca
do camarão X. kroyeri (pesca de arrasto) é considerado uma forma de captura
predatória e desestabilizadora das comunidades bentônicas e de peixes
demersais (RUFFINO & CASTELLO 1992, BRANCO & FRACASSO 2004). A pesca de
arrasto captura uma grande parcela de fauna acompanhante que é devolvida
ao mar, seja por tratar-se de espécies sem valor comercial ou de indivíduos
pequenos das espécies de interesse econômico o que pode levar ao
decréscimo de estoques pesqueiros (BRANCO & VERANI 1998, DUMONT &
D’INCAO 2004).
A maioria dos exemplares da fauna acompanhante é devolvida ao mar
morta ou debilitata, sendo denominada de rejeito ou descarte (LEWISON et al.
2004). A fauna rejeitada nessa atividade de pesca é diversificada, constituída
de peixes, crustáceos, moluscos, equinodermas e cnidários, dentre outros
(VIEIRA et al. 1996, SEVERINO-RODRIGUES et al. 2002, BRANCO & VERANI 2006).
A participação da fauna acompanhante no produto dos arrastos é
freqüentemente elevada, superando consideravelmente a quantidade de
camarão em condições de comercialização (COELHO et al. 1985). A proporção
mundial por arrasto em peso camarão/peixe pode chegar a 1:5 kg em águas
temperadas e de 1:10 kg em águas tropicais (SLAVIN 1983). a biomassa
total da fauna acompanhante pode atingir uma relação de 1:11 kg (CONOLLY
1986).
Estudos quali-quantitativos da fauna acompanhante associados a
estudos bioecológicos do camarão X. kroyeri, são de fundamental
importância, visto que os arrastos são realizados freqüentemente em
criadouros de diversas espécies de interesse econômico.
No presente estudo procurou-se caracterizar a pesca de X. kroyeri
explotado em Anchieta, considerado um lo pesqueiro no litoral sul do
Estado do Espírito Santo, a fim de determinar o período de maior captura, o
comprimento da primeira maturação, o período de reprodução e o
recrutamento da espécie gerando subsídios para a gestão deste recurso pelos
orgãos públicos (capítulo 1). A fauna acompanhante foi avaliada no capítulo 2
devido ao seu grande volume e diversidade faunística, e foi caracterizada
quanto à biomassa dos grupos componentes, à proporção entre X.
kroyeri:fauna acompanhante, e o impacto que a pesca de arrasto exerce
sobre as principais espécies da Ictiofauna e Carcinofauna.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANCO, J. O. & FRACASSO, H. A. A. 2004. Ocorrência e abundancia da
Carcinofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas,
Xiphopenaeus kroyeri Heller (Crustácea, Decapoda), na Armação do
Itapocoroy, Penha, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de
Zoologia 21(2): 295-301.
BRANCO J. O. & VERANI J. R. 1998. Estudo populacional do camarão-rosa
Penaeus paulensis Pérez-Farfante (Natantia, Penaeidae) na Lagoa da
Conceição, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia
15(2): 353-364.
BRANCO J. O. & VERANI J. R. 2006. Análise quali-quantitativa da Ictiofauna
acompanhante na pesca do camarão sete-barbas, na Armação do
Itapocoroy, Penha, Santa Catarina. Revista Brasileira de Zoologia
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COELHO, J. A. P.; GRAÇA LOPES, R.; RODRIGUES, E. S. & PUZZI, A.
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CONOLLY, P. C. 1986. Status of the brazilian shrimp fishing operations and
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LARKIN, P. A. 1996. Concepts and issues in marine ecosystem management.
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LOBO, A. S. 2007. The Bycatch Problem: Effects of Commercial Fisheries on
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SEVERINO-RODRIGUES, E.; GUERRA, D. S. F. & GARÇA-LOPES, R. da.
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SLAVIN, J.W. 1983. Utilización de la pesca acampañante del camarón. In:
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camarón celebrada en Georgetown, Guyana. Otawa, CIID. p. 67-71.
VIEIRA, J.P.; VASCONCELLOS, M.C.; SILVA, R.E & FISHER, L.C. 1996. A
rejeição da pesca camarão-rosa (Penaeus paulensis) no estuário da
Lagoa dos Patos, RS, Brasil. Atlântica 18: 123-142.
YODZIS, P. 2001. Must top predators be culled for the sake of fisheries?
Trends in Ecology & Evolution 2(16): 78-84.
CAPÍTULO 1
Estrutura populacional do camarão
Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) (Crustacea,
Penaeidae), capturado na pesca artesanal em
Anchieta, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
A pesca de Penaeidae é realizada em todo o litoral brasileiro, com
destaque para camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) capturado em
grande escala na região Sudeste e Sul do Brasil. Com o objetivo de estudar a
biologia e pesca de X. kroyeri de Anchieta, Espírito Santo (20°48’50”S e
40°39’40"W), durante o período de janeiro a dezembro de 2008 foram
realizadas coletas mensais com uma hora de duração. Foram registrados o
número de indivíduos, a biomassa, o sexo, o comprimento total e o estádio de
maturação gonadal. O camarão sete-barbas apresentou comprimento total
variando entre 2,96 cm a 9,96 cm sendo as meas maiores que os machos. A
relação peso/comprimento indicou um padrão de crescimento alométrico
positivo com o tamanho da primeira maturação gonadal em 4,5 cm para
machos e 6,9 cm para fêmeas. A população de X. kroyeri apresentou uma
reprodução e recrutamento contínuo e a atividade de pesca atua sobre o
estoque de machos adultos e fêmeas juvenis comprometendo a própria
atividade de pesca de X. kroyeri.
INTRODUÇÃO
Os ambientes costeiros normalmente se caracterizam por apresentar
uma comunidade de organismos diversa, cujas estratégias variam desde
espécies dependentes do local para alimentação e reprodução a espécies
ocasionais (PAIVA et al. 2008, BRANCO & FRACASSO 2004, BLABER 2000). A
riqueza de habitats favorece muitos organismos, dentre eles, os crustáceos
que constituem um importante recurso pesqueiro, principalmente para as
comunidades tradicionais que habitam as regiões estuarinas. Os crustáceos
representam importantes elementos dentro dos ecossistemas costeiros, tendo
um destacado papel na pesca (SEVERINO-RODRIGUES et al. 2001). Além de sua
importância para o consumo humano, os crustáceos são presas para a
maioria dos organismos carnívoros que ocupam os ecossistemas aquáticos
costeiros, no estágio larval ou na forma adulta (TEIXEIRA & SÁ 1998).
A pesca camaroneira marinha tem ocupado um lugar de destaque na
produção pesqueira mundial. Este fato está relacionado à grande diversidade
e abundância dos crustáceos que ocupam todos os oceanos, apresentam um
alto valor nutritivo e, principalmente alcançam preços economicamente viáveis
(COELHO & SANTOS 1993, 1994/1995, 1995).
Segundo a Food and Agriculture Organization - FAO (2009) a produção
mundial de crustáceos passou de 714.963 ton em 1950 para 10.728.975 ton
em 2007, o que representa um aumento de 1.400% em aproximadamente 60
anos. Nesse mesmo período a produção de penaeidae passou de 201.763 ton
para 4.543.369 ton, um aumento de cerca de 2.000%. A produção de
peneideos demorou quase 40 anos (1950 a 1986) para atingir a marca de
1.000.000 ton e 20 anos (1986 a 2006) para 4.000.000 ton. Os peneideos
foram responsáveis por 25% do total dos crustáceos capturados entre 1950 a
1990, chegando a 40% entre 2003 a 2007, evidenciando um aumento no
esforço de captura nos últimos anos.
No Brasil os registros sobre a pesca são precários devido à
descentralização dos desembarques pesqueiros, o elevado número de pontos
de desembarque e a identificação das espécies capturadas estar
fundamentada em denominações comuns, como é o caso do camarão-rosa
(PAIVA 1997). Como exemplo, vale citar as espécies Farfantepenaeus
brasiliensis (Latreille, 1817) e Farfantepenaeus paulensis (Pérez-
Farfante,1967) ambas conhecidas como camarão-rosa pelos pescadores
artesanais. Desta maneira os dados de captura pertencentes ao camarão-rosa
não diferenciam as duas espécies (VALENTINI et al. 1991b).
Na rego Norte do Brasil o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis
Pérez-Farfante,1967) é um dos principais produtos pesqueiros, sendo
capturado desde Tutóia (MA) até a fronteira do Brasil com a Guiana Francesa
(ISAAC et al. 1992). Além dessa espécie, ocorrem também o camarão-rosa (F.
brasiliensis), o sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri Heller, 1862) e o camarão-
branco (Litopenaeus schmitti Burkenroad, 1936) (DIAS NETO & DORNELLES
1996).
A região Nordeste centra suas ações sobre três espécies principais:
camarão sete-barbas (X. kroyeri); camarão-branco, (L. schmitti) e camarão-
rosa (F. subtilis). O camarão X. kroyeri representa, em média, 75% das
capturas, 20% para o L. schmitti e 5% para o F. subtilis. Até 1997, a
participação do X. kroyeri era de 85% nos desembarques, sendo substituído,
principalmente, por L. schmitti. Devido a importância econômica e social
apresentada pela captura do camarão X. kroyeri o recrutamento desta espécie
foi escolhido para nortear o ordenamento pesqueiro dos peneídeos na região
Nordeste do Brasil (DIAS NETO & DORNELLES 1996 e PAIVA 1997).
A pesca de camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil é
desenvolvida basicamente sobre o camarão-rosa (F. brasiliensis e F.
paulensis) e X. kroyeri, apesar da captura industrial do camarão barba-ruça
(Artemesia longinaris Bate 1888) e santana (Pleoticus muelleri Bate 1888) ter
crescido, principalmente na Região Sul (CEPSUL/IBAMA 1991, 1992, 1993),
com significativas variações inter-anuais (HAIMOVICI & MENDONÇA 1996). Além
dessas espécies, tamm é explotado o camarão-branco (L. schmitti).
A pesca de X. kroyeri na região Sudeste e Sul ocorre no litoral dos
estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa
Catarina. Os primeiros dados de desembarque disponíveis provêm de São
Paulo e referem-se ao ano de 1959 (VALENTINI et al. 1991b). Em São Paulo, X.
kroyeri é o mais abundante camarão sob explotação, ainda que,
circunstancialmente, partilhe sua área de pesca com pelo menos uma dezena
de outras espécies de camarão (SEVERINO-RODRIGUES et al. 1985, ÁVILA-DA-
SILVA et al. 2005).
O camarão X. kroyeri apresenta ampla distribuição geográfica no
Atlântico Ocidental, ocorrendo da Carolina do Norte (EUA) a Rio Grande do
Sul (Brasil) (HOLTHUIS 1980, D’INCÃO et al. 2002). Ao contrário dos camarões
da mesma família, esta espécie não depende dos estuários para o
desenvolvimento dos juvenis (PAIVA 1971, HOLTHUIS 1980). WILLIAMS (1965)
constatou sua ocorrência em rios durante a estação de seca, enquanto NEIVA
& WISE (1963) relacionaram sua presença a ambientes com salinidade entre
33 a 36 ‰. Já PÉREZ-FARFANTE (1978), HOLTHUIS (1980), COELHO et al. (1980)
e DALL et al. (1990) admitem que o X. kroyeri pode ser capturado em
salinidades que variam entre 9 ‰ e 36,5 ‰ e em profundidades de até 118 m,
sendo mais abundante entre 5 m e 27 m. Além disso, X. kroyeri não apresenta
estratificação populacional, sendo comum a ocorrência de juvenis e adultos na
mesma área (VIEIRA 1947, NEIVA & WISE 1967, BRANCO 2005).
A pesca camaroeira, incluindo a de X. kroyeri, é uma das mais
importantes para a economia pesqueira do litoral sudeste do Brasil (GRAÇA-
LOPES et al. 2002a), e sua produção apresenta variações no decorrer dos
anos, instabilizando o setor da sociedade que se apóia em sua exploração.
Tais circunstâncias, aliadas à riqueza biológica das áreas de pesca desse
crustáceo (GRAÇA-LOPES et al. 2007; GRAÇA-LOPES et al. 2002b), indicam-no
como permanente objeto de estudo.
No Espírito Santo, entre os anos de 1980 e 1988, a pesca artesanal
representava 64% e a industrial 36% do total, o camarão X. kroyeri foi um dos
principais alvos da pesca capixaba juntamente com o peroá (Balistes sp.) e o
baiacu (Lagocephalus laevigatus). Os municípios que mais se destacaram
como produtores foram Guarapari, Vitória, Itapemirim, Aracruz e Conceição da
Barra (FREITAS NETTO & DI BENEDITTO 2007). Como a única fonte de dados da
pesca é apresentada nos anuários de estatística pesqueira para todo o Brasil,
informações mais detalhadas da pesca no Estado do Espírito Santo
permanecem incipientes.
Para um manejo adequado dos recursos pesqueiros, AGOSTINHO &
GOMES (1997) indicam a necessidade de um amplo conhecimento do sistema,
compreendendo a espécie explorada, a fauna acompanhante, o ambiente
marinho e as pessoas envolvidas na atividade de pesca. A forte interação
entre esses componentes e suas oscilações espaço-temporais conferem
complexidade ao sistema. E as decisões acerca das medidas a serem
tomadas serão mais apropriadas quanto mais profundas e abrangentes forem
as informações dos componentes do sistema que as embasem.
Com este trabalho, pretende-se levantar informações bioecologicas
sobre a pesca do camarão marinho X. kroyeri no município de Anchieta. As
informações poderão servir de subsídios para o ordenamento da atividade
pesqueira, auxiliando na implantação de ações que possam melhorar a
qualidade ambiental e a qualidade de vida dos pescadores.
OBJETIVO GERAL
Caracterizar a população de Xiphopenaeus kroyeri (camarão sete-
barbas) explotado pela frota pesqueira de Anchieta, no litoral sul do Estado do
Espírito Santo.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar morfometricamente (comprimento total, comprimento da
carapaça e peso) X. kroyeri explotado pela frota pesqueira de Anchieta;
Determinar a razão entre os sexos, a variação temporal dos diferentes
estádios de maturação gonadal e o comprimento corporal correspondente à
primeira maturação gonadal de machos e fêmeas.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O município de Anchieta abrange uma área de aproximadamente 420
km² e localiza-se no litoral Centro-Sul do Espírito Santo (ES), 80 km ao sul de
Vitória (capital do Estado). Anchieta destaca-se, além do potencial turístico,
pelas atividades mineração e pelas práticas da maricultura e pesca artesanal.
A área estudada compreende a praia Central (249’10 S e 40°39’00"W)
(Figura 1.1) caracterizada por ser uma região relativamente exposta, com
vento predominante do quadrante Sudeste (NALESSO et al. 2008), maré com
amplitude de 1,9 m, sendo a mínima de -0,2 m e a máxima de 1,7 m (DHN
2008), com influência do Rio Benevente, um importante carreador de
nutrientes para a praia. A pluviosidade gira em torno de 1.200 mm/ano
(FERREIRA JUNIOR et al. 2008) sendo o verão chuvoso e a temperatura da água
anual variando entre 23,7 a 27,5 °C (SÁ et al. 2007).
A frota pesqueira da Praia Central é constituída por 40 barcos de
madeira de 8 a 9 metros de comprimento e as embarcações utilizam uma rede
de arrasto, diferente de outras regiões do Brasil que utilizam duas redes de
arrasto ao mesmo tempo.
Figura 1.1 Área de estudo, localizada na Praia Central em Anchieta (ES) A área
destacada compreende a região onde foram realizadas coletas.
COLETA DOS DADOS
As amostragens foram realizadas mensalmente entre o período de
janeiro e dezembro de 2008 ao longo do campo de pesca das embarcações
camaroneiras de Anchieta. Durante o período do defeso, as coletas foram
realizadas com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais e Renováveis IBAMA (Licença de coleta número 13489-
1) baseada na Instrução Normativa IBAMA n
o
154/2007 (Anexo 1).
Cada coleta constituiu-se de um arrasto com duração de 1 h entre as
profundidades de 6 a 8 m. Os camarões foram capturados por uma
embarcação da frota local através de redes de arrasto de fundo em forma de
funil, com dimensões aproximadas de 8 m de comprimento e 6 m de largura
na boca do funil. A malha da porção terminal (ensacador) apresentou 25 mm
de dmetro entre nós opostos. A velocidade média da embarcação foi de 2
nós.
Todo o material coletado foi acondicionado em caixa de isopor com gelo
e levado ao laboratório para triagem e identificação. Em cada mês foram
amostrados 400 g de camarão para aferir as seguintes variáveis: peso (g),
comprimento total do corpo (cm), comprimento da carapaça (cm), sexo,
proporção sexual e estágio de maturação gonadal de machos e fêmeas.
Para medir a biomassa foi utilizada uma balança de 0,01 g de precisão e
para aferir o comprimento dos indivíduos utilizou-se um paquímetro de 0,05
mm de precisão. O comprimento total foi medido em projeção retilínea, da
extremidade do orbital posterior até o final do telson. O comprimento do
cefalotórax foi medido de forma retilínea e compreende a extensão da
margem do orbital posterior ao final da margem posterior da carapaça
(modificado de SANTOS et al. 2008).
A identificação do sexo foi realizada segundo a classificação de BOSCHI
(1963) e RIBEIRO-COSTA & ROCHA (2006) baseada na caracterização dos
órgãos externos, télico (fêmea) e petasma (macho).
A maturação gonadal seguiu a classificação de DUMONT & D’INCÃO
(2004), baseada na estrutura do petasma para os machos e na observação
macroscópica da colorão das gônadas nas fêmeas. Os machos foram
classificados em dois estádios de maturação gonadal (Figura 1.2):
i) Estádio I (imaturo): o petasma não está fusionado.
ii) Estádio II (maduro): o petasma está fusionado e o indivíduo está
preparado para a cópula.
As meas foram classificadas em quatro estádios de maturação (Figura
1.3):
i) Estádio I (imaturas): apresentam gônadas translúcidas, as fêmeas são
jovens e nunca se reproduziram, pois apresentam pouco desenvolvimento
ovariano.
ii) Estádio II (em maturação): apresentam gônadas com coloração que
varia entre os tons amarelo a verde-claro.
iii) Estádio III (maduras): apresentam nadas de coloração verde-oliva
devido ao seu alto grau de desenvolvimento, sendo nitidamente visível através
do exoesqueleto.
iv) Estádio IV (desovadas): apresentam gônadas translúcidas ou
esbranquiçadas, apesar do alto grau de desenvolvimento ovariano. A
diferenciação macroscópica entre fêmeas imaturas e desovadas se deu
através do tamanho corporal. Em geral, fêmeas imaturas não ultrapassam 7
cm de comprimento e são menores que as fêmeas desovadas.
Figura 1.2. Estágios de maturação gonadal de machos de X. kroyeri capturados na
pesca de arrasto na Praia Central, Anchieta (ES). i) Estádio I (imaturo): o petasma
não está fusionado. ii) Estádio II (maduro): o petasma está fusionado.
Figura 1.3. Estágios de maturação gonadal de fêmeas de X. kroyeri capturadas na
pesca de arrasto na Praia Central, Anchieta (ES). i) Estádio I (imaturas): com
gônadas translúcidas. ii) Estádio II (em maturação): gônadas com coloração que
varia entre os tons amarelo a verde-claro. iii) Estádio III (maduras): gônadas de
coloração verde-oliva devido ao seu alto grau de desenvolvimento. iv) Estádio IV
(desovadas): com gônadas translúcidas ou esbranquiçadas. (Foto: Ximena Ester
Guajardo Semensato)
ANÁLISE DOS DADOS
A regra de Sturges foi utilizada para determinar as classes de
comprimento total, do comprimento da carapaça, do peso am das classes da
variação temporal referentes aos estágios gonadais de X. kroyeri. O teste do
, ao nível de significância de 5% e n-1 graus de liberdade (n = 2), foi
aplicado para verificar a possível diferença entre a proporção sexual durante
os meses (VAZZOLER 1996).
O comprimento total correspondente à primeira maturação gonadal de
machos e fêmeas de X. kroyeri foi estimado a partir da freqüência relativa
acumulada (50%) (VAZZOLER 1981). Para a sugestão do período de defeso
foi considerada a presença de 50% ou mais de fêmeas nos estágios 2, 3 e
4 (VAZZOLER 1996).
A relão peso/comprimento total e comprimento do
cefalotórax/comprimento total foi determinado pela equação linear Y= aX +
b (onde Y = peso ou comprimento do cefalorax e X = comprimento total
sendo a e b coeficientes angular e linear respectivamente) e foi utilizado
para determinar o tipo de crescimento (se alométrico ou isométrico) para a
espécie X. kroyeri em Anchieta (ZAR 1999). Os valores do peso foram
transformados para log(n+1).
RESULTADOS
A análise de X. kroyeri incluiu 1266 espécimes provenientes de 12
coletas. A freqüência percentual de machos (45,97%; n = 582) e meas
(54,03%; n = 684) foi muito próxima e a proporção sexual macho:fêmea
encontrada foi de 0,85:1 não diferindo do esperado (1:1). Esta proporção,
analisada para os meses do ano através do , indicou diferenças
significativas (p < 0,05) a favor das fêmeas nos meses de fevereiro (0,31:1) e
outubro (0,53:1) e a favor dos machos no mês de maio (2,28:1). Nos demais
meses foi observado um equilíbrio na proporção sexual da populão (p >
0,05) (Figura 1.4).
72
67
36
66
29
61
59
49
55
70
61
59
63
45
43
49
48
62
21
36
66
58
37
54
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano
Número de indivíduos
Macho = 582
Fêmea = 684
*
*
*
Figura 1.4. Distribuição mensal de machos () e meas () de X. kroyeri durante o
ano de 2008. * = diferença significativa, (p < 0,05).
A distribuição dos indivíduos por classes de comprimento total indica que
a população amostrada apresentou uma variação entre 2,96 cm a 9,96 cm
sendo a classe de 6,0 a 7,0 cm a mais abundante (Figura 1.5).
0
100
200
300
400
500
2,0 - 3,0 3,0 - 4,0 4,0 - 5,0 5,0 - 6,0 6,0 - 7,0 7,0 - 8,0 8,0 - 9,0 9,0 - 10,0
Classes de Comprimento Total (cm)
Número de indivíduos
N = 1266
Figura 1.5. Distribuição por classe de comprimento total (cm) para a população de X.
kroyeri da Praia Central em Anchieta durante o ano de 2008.
A média erro padrão) do comprimento total foi significativamente
diferente (t = 2,72; p = 0,006) entre machos (6,36 ± 0,96 cm) e fêmeas
(6,54±1,29 cm). Este mesmo padrão foi registrado para o comprimento da
carapaça (t = 4,13; p = 0,001), com machos (1,69 ± 0,28 cm) sendo menores
que as meas (1,77 ± 0,39 cm) e para o peso corpóreo (t = 2,98; p = 0,002),
com machos (3,57 ± 1,63 g) mais leves que as fêmeas (4,11 ± 2,30 g).
Ambos os sexos apresentaram as classes de 6,0 a 7,0 cm como as de
maior freqüência. Entretanto, as meas (2,96 a 9,96 cm) apresentaram uma
amplitude maior do que os machos (3,66 a 9,26 cm) (Figura 1.6).
Figura 1.6. Distribuição por classe de comprimento total (cm) de machos (A) e
fêmeas (B) de X. kroyeri capturados na Praia Central em Anchieta durante o ano de
2008. A linha vertical indica o Comprimento Total da primeira maturação.
A variação temporal de machos e fêmeas nas classes de comprimento
total apresentou uma maior abundância de indivíduos nas classes de 5 a 7 cm
com uma grande incidência de fêmeas juvenis ao longo do ano (Figura 1.7).
0
10
20
30
40
50
2 3 4 5 6 7 8 9
Classes de Comprimento Total (cm)
Frequência relativa (%)
Macho = 582
Juvenil Adulto
4,5 cm
A
0
10
20
30
40
50
2 3 4 5 6 7 8 9
Classes de Comprimento Total (cm)
Frequência relativa (%)
mea = 684
Juvenil Adulto
6,9 cm
B
Figura 1.7. Distribuição temporal por classes de comprimento total (cm) de machos e
fêmeas de X. kroyeri capturados na Praia Central em Anchieta durante o ano de
2008. A linha vertical indica o Comprimento Total da primeira maturação.
Os machos imaturos de X. kroyeri, apresentaram comprimento total
médio de 5,07 ± 0,08 cm, variando entre 3,67 e 7,52 cm ao longo do ano. No
mês de fevereiro onde não houve registro do macho imaturo. O comprimento
total médio de machos maduros foi de 6,58 ± 0,03 cm, variando entre 4,16 e
8,85 cm. Os maiores valores médios de comprimento total de machos
imaturos ocorreram no mês de setembro e no mês de fevereiro para os
machos maduros (Figura 1.8). A maior abundância de machos imaturos
ocorreu no mês de abril enquanto os machos maduros foram mais
abundantes em janeiro, maio e dezembro (Figura 1.9).
Comprimento total (cm)
Frequência (%)
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
0
20
40
Fêmea (n=684)
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0
20
40
Macho (n=582)
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Mês
Comprimento Total (cm)
Macho imaturo
Jan Mar Mai Jul Set Nov
04
05
05
06
06
07
07
08
Macho maduro
Jan Mar Mai Jul Set Nov
Média Média±Erro padrão
Figura 1.8. Média mensal do comprimento total por estágio de maturação gonadal de
machos de X. kroyeri capturados na Praia Central em Anchieta durante o ano de
2008.
0
10
20
30
40
50
60
70
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano
Número de indivíduos
Macho imaturo Macho maduro
Figura 1.9. Distribuição mensal dos estágios de maturação gonadal de machos de X.
kroyeri capturados na Praia Central em Anchieta durante o ano de 2008.
O comprimento total médio das meas imaturas foi de 5,81 ± 0,05 cm,
variando entre 2,96 e 7,38 cm. meas em maturação apresentaram
comprimento total médio de 7,27 ± 0,06 cm, variando entre 4,99 a 9,31 cm.
Fêmeas maduras apresentaram média de 7,84 ± 0,09 cm de comprimento
total, variando entre 6,15 e 9,79 cm. Fêmeas desovadas apresentaram
comprimento total médio de 8,06 ± 0,07 cm, variando entre 7,30 e 9,68 cm.
Os meses com as maiores médias de comprimento total foram, agosto
para as fêmeas imaturas, dezembro para as fêmeas em maturação, março
para as fêmeas maduras e julho para as fêmeas desovadas (Figura 1.10). As
fêmeas imaturas foram mais abundantes nos meses de outubro e dezembro,
e as meas em maturação nos meses de janeiro, julho e agosto. Nos meses
de janeiro e fevereiro ocorreram mais fêmeas maduras e as desovadas foram
mais abundantes nos meses de janeiro e março (Figura 1.11).
Mês
Comprimento Total (cm)
mea imatura
Jan Mar Mai Jul Set Nov
4
5
6
7
8
9
10
Fêmea em maturação
Jan Mar Mai Jul Set Nov
mea madura
Jan Mar Mai Jul Set Nov
4
5
6
7
8
9
10
mea desovada
Jan Mar Mai Jul Set Nov
Média Média±Erro padrão
Figura 1.10. Média mensal do comprimento total por estágio de maturação gonadal
de fêmeas de X. kroyeri capturadas na Praia Central em Anchieta durante o ano de
2008.
0
20
40
60
80
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano
Número de indivíduos
Fêmea imatura Fêmea em maturação Fêmea madura Fêmea desovada
Figura 1.11. Distribuição mensal dos estágios de maturação gonadal de fêmeas de X.
kroyeri capturadas na Praia Central em Anchieta durante o ano de 2008.
O tamanho de primeira maturação foi estimado em 4,5 cm para os
machos e 6,9 cm para as fêmeas (Figura 1.12). A partir do comprimento total
de 8,0 cm, todos os camarões machos e fêmeas coletadas eram adultos.
6,9 cm
4,5 cm
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
2 3 4 5 6 7 8 9
Classes de Comprimento Total (cm)
Frequêmcia acumulada (%)
Macho
mea
Figura 1.12. Freqüência acumulada (%) de machos e fêmeas adultos de X. kroyeri,
por classe de comprimento total, capturados na Praia Central em Anchieta durante o
ano de 2008.
As distribuições anuais de freqüência de comprimento total,
considerando-se simultaneamente os valores estimados para machos e
fêmeas do tamanho de primeira maturação, mostraram que o esforço da
pesca artesanal na Praia Central em Anchieta está concentrado no estoque
de machos adultos (90,4% do total de machos) e fêmeas juvenis (63,6% do
total de fêmeas) (Figuras 1.6).
A relação peso/comprimento total foi caracterizada por um crescimento
alométrico positivo (a > 1) para machos e fêmeas e a relação comprimento do
cefalotórax/comprimento total foi caracterizada por um crescimento alométrico
negativo (a < 1). Ambas relações apresentaram um alto valor de coeficiente
de determinação () tanto para machos como para fêmeas (Figuras 1.13 e
1.14).
Figura 1.13. Relação linear do peso logaritimizado e do comprimento total
logaritimizado de fêmeas (A) e machos (B) de X. kroyeri capturados na Praia Central
em Anchieta durante o ano de 2008.
y = 2.6095x - 1.6202
r
2
= 0.9508
N = 582
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
Ln Comprimento Total (cm)
Ln Peso (g)
Macho
B
y = 2.5255x - 1.5353
r
2
= 0.9500
N = 684
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
Ln Comprimento Total (cm)
Ln Peso (g)
mea
A
Figura 1.14. Relação comprimento do cefalotórax e do comprimento total de fêmeas
(A) e machos (B) de X. kroyeri capturados na Praia Central em Anchieta durante o
ano de 2008.
y = 0.2747x - 0.0534
r
2
= 0.9051
N = 582
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0
Comprimento Total (cm)
Comprimento Cefalotórax (cm)
Macho
B
y = 0.296x - 0.1603
r
2
= 0.9296
N = 684
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0
Comprimento Total (cm)
Comprimento Cefalotórax (cm)
mea
A
DISCUSSÃO
A proporção sexual é uma informação importante para caracterizar a
estrutura populacional, auxiliar no cálculo do potencial reprodutivo e na
estimativa do tamanho do estoque de uma espécie (VAZZOLER 1996). Neste
estudo, verificou-se uma proporção sexual equivalente (1:1) entre machos e
fêmeas de X. kroyeri. Essa proporção variou durante os meses de coleta
apresentando diferenças significativas em alguns meses corroborando com
NAKAGAKI & NEGREIROS-FRANSOZO (1998) que indicaram que as proporções
sexuais do X. kroyeri ao longo do ano variam devido a mortalidade por sexo,
migrações, utilização diferenciada de habitats, recursos alimentares e
períodos reprodutivos.
COELHO & SANTOS (1993), analisando a proporção sexual média anual de
X. kroyeri nos desembarques na região de Tamandaré (PE) constataram que
a população manteve o equilíbrio de 1:1, embora com abundância média das
fêmeas (54,6%) superior à dos machos (45,4%). BRANCO (2005) estudando X.
kroyeri na Armação do Itapocoroy (SC) constatou a mesma proporção de 1:1
entre machos e meas considerando o total de exemplares capturado e uma
variação significativa em relação aos meses de setembro/96 e novembro/96
tendendo para as fêmeas e fevereiro/97 para os machos.
Em Anchieta, constatou-se o predomínio de machos e meas na classe
de 6,0 a 7,0 cm de comprimento total. BRANCO (2005), na Armação do
Itapocoroy, indicou o predomínio de machos na classe de 7,0 e 9,0 cm e de
fêmeas nas classes de 5,0 a 7,0 cm e 12,0 a 13,0 cm de comprimento. Para
COSTA et al. (2005) as condições ambientais diversificadas, como
temperatura, salinidade e qualidade e quantidade de nutrientes, em distintas
áreas geográficas podem intervir em diferenças no comprimento total dos
camarões.
Fêmeas e machos de X. kroyeri apresentaram amplitudes de
comprimento diferentes em Anchieta sendo as fêmeas maiores que os
machos, corroborando os dados encontrados por BOSCHI (1963) que concluiu
que as fêmeas de Penaeidae sempre alcançam comprimento total superior ao
dos machos. Outros autores como PÉREZ FARFANTE (1978), HOLTHUIS (1980),
RODRIGUES et al. (1993), NAKAGAKI & FRANSOZO (1998), BRANCO et al. (1999),
BRANCO (2005) e CASTRO et al.(2005) também confirmam o comprimento total
maior das fêmeas em relação aos machos de X. kroyeri.
Em Anchieta, os machos juvenis apesar de ocorrerem em todas as
estações, foram mais abundantes no verão e outono e os machos maduros no
outono e inverno, sendo estes predominantes em relação aos machos juvenis.
As meas juvenis predominaram em todas as estações do ano. As meas
adultas foram mais freqüentes no verão e no outono, apesar de não
suplantarem em mero as fêmeas juvenis. BRANCO (2005) observou as
maiores freqüências de juvenis durante o verão e outono apesar de registrar a
ocorrência destes ao longo de todas as estações exceto a primavera. VIEIRA
(1947) e BRANCO (2005) indicaram a inexistência de migrações de
recrutamento no estoque adulto, possibilitando a ocorrência simultânea de
juvenis e adultos na mesma área de coleta o que está de acordo com os
dados deste trabalho.
Avaliando o estágio de maturação gonadal de X. kroyeri capturados em
Anchieta foi possível inferir o período de maior atividade reprodutiva
considerando a ocorrência de fêmeas em maturação, maduras e desovadas.
Em Anchieta, essas fêmeas ocorreram ao longo de todo o ano sugerindo um
amplo período de reprodução não coincidindo com os trabalhos de Vieira
(1947), Neiva & Wise (1967) e Tremel (1968) que apresentam, para a região
Sudeste e Sul, os meses entre setembro e março como o período de intensa
reprodução de X. kroyeri.
Em Santa Catarina, BRANCO (2005) em um trabalho realizado com a
mesma espécie, reportou dois picos de desova, um em dezembro e outro
entre abril e julho, o que não está em consonância com os dados de Anchieta.
Entretanto, este mesmo autor cita que as informações existentes sobre a
reprodução de X. kroyeri são contraditórias, embora os autores concordem
com a ocorrência de exemplares com gônadas maduras ao longo de todo o
ano, sugerindo um amplo período de desova.
Avaliando o estágio de maturação gonadal de X. kroyeri capturados em
Anchieta foi possível inferir o período de recrutamento considerando a
ocorrência de juvenis. Em Anchieta, o recrutamento ocorreu ao longo do ano
discordando dos trabalhos de SANTOS & COELHO (1996, 1998) e SANTOS & IVO
(2000) que confirmam a existência de dois picos de recrutamento e afirmam
existir uma divergência quanto ao período de recrutamento de X. kroyeri.
A estimativa do tamanho da primeira maturação gonadal é fundamental
para o gerenciamento racional dos estoques de camarões, pois determina o
tamanho mínimo de captura e o dimensionamento das malhas das redes
(BRANCO 2005). Em Anchieta, apesar do diâmetro da malha de rede ser
inferior ao comprimento total da primeira maturação de machos e fêmeas, o
fator preponderante no aumento da taxa de captura de juvenis foi à grande
concentração de matéria orgânica vegetal capturada (folhas, galhos e
propágulos de mangue), representando 34,15% de todo o arrasto.
A ocorrência dessa matéria orgânica vegetal contribuiu na olbiteração da
malha da rede e diminuição da seletividade, o que pode influenciar no
sucesso reprodutivo da espécie uma vez que indivíduos imaturos estão sendo
capturados em grande número. O comprimento da primeira maturação
gonadal encontrado para Anchieta foi inferior aos valores encontrados para
Pernambuco, Ceará, São Paulo e Santa Catarina (Tabela 1.1).
Tabela 1.1. Comprimento da primeira maturação gonadal de X. kroyeri. CT
(Comprimento Total), CC (Comprimento da carapaça), (macho) e (fêmea).
Local
CT (cm)
CC (cm)
Autor
Pernambuco
- 1,98 () Coelho& Santos (1993)
Ceará - 2,50 () Mota Alves & Rodrigues (1977)
São Paulo - 2,0 ( e ) Vieira (1947)
Santa
Catarina 7,3 () 7,9 () 1,42 () 1,60 () Branco (2005)
Anchieta-ES
4,5 () 6,9 () 1,18 () 1,88 () Presente estudo
A sobreposição do tamanho da primeira maturação gonadal com as
curvas de distribuição de freqüência de comprimento permitiu determinar o
estrato da população em que a pesca vem atuando com maior intensidade
(jovem ou adulto) (BRANCO 2005). Em Anchieta a pesca é mais efetiva sobre a
população de machos adultos e de fêmeas imaturas o que pode causar um
desequilíbrio no pico de reprodução, diminuindo as chances de cópula e o
recrutamento de fêmeas. A pesca de X. kroyeri na região de Caravelas (BA),
explora o estoque juvenil (SANTOS & IVO 2000) corroborando os dados deste
trabalho, entretanto BRANCO et al. (1999) na Armação do Itapocoroy (SC),
apontou a exploração de adultos.
A população de X. kroyeri de Anchieta apresentou uma relação do
comprimento da carapaça/comprimento total alométrica negativa o que
demonstra uma diminuição da taxa de crescimento da carapaça á medida que
o individuo se desenvolve. a relação do peso/comprimento foi
caracterizado por um crescimento alométrico positivo indicando um aumento
na taxa de engorda á medida que o individuo se desenvolve. Os camarões
Penaeidae apresentam uma tendência de crescimento alométrico diferenciado
entre os sexos (BRANCO 2005), esse padrão foi observado em diversas
populações, entretanto o crescimento isométrico tamm foi registrado para a
espécie (Tabela 1.2).
Tabela 1.2. Variações no tipo de crescimento em diferentes espéceis de Penaeidae.
Espécie
Crescimento
Local
Autor
A. longinaris
alométrico Mar del Plata BOSCHI (1969)
F. paulensis
alométrico Desembarcados em Santos
MELLO (1973)
F. paulensis
alométrico Sudeste e Sul do Brasil ZENKER & AGNES (1977)
X. kroyeri
alométrico São Paulo
SEVERINO-RODRIGUES
et al. (1993)
X. kroyeri
alométrico Santa Catarina
B
RANCO
et al
.
(1999)
X. kroyeri
isométrico Santa Catarina BRANCO (2005)
X. kroyeri
alométrico Anchieta (ES) Presente estudo
O período de defeso imposto pela legislação (Instrução Normativa
IBAMA n
o
189/2008) ocorre entre 15 de novembro a 15 de janeiro e 1º de abril
a 31 de maio, abrangendo parcialmente o período de reprodução e
recrutamento de X. kroyeri em Anchieta sugerido neste trabalho (ao longo do
ano). O defeso imposto pela legislação engloba também as espécies de
camarão-rosa (F. paulensis, F. brasiliensis e F. subtilis), camarão-branco (L.
schmitti), camarão-santana (Pleoticus muelleri) e o camarão-barba-ruça (A.
longinairs) sendo uma forma de abranger ao máximo os períodos de
reprodução e recrutamento dessas espécies. Monitoramentos de longo prazo
serviriam para verificar as variações anuais e sazonais e poderiam determinar
com uma maior exatidão o período de defeso de cada espécie para a região
gerando dados mais confiáveis para a gestão deste recurso.
CONCLUSÃO
A proporção macho:fêmea na população de X. kroyeri capturado pela
frota camaroeira de Anchieta foi de 0,85:1 não diferindo significativamente do
esperado (1:1). Os indivíduos capturados apresentaram uma amplitude de
variação do comprimento total entre 2,96 cm a 9,96 cm sendo a classe de 6,0
a 7,0 cm a mais abundante. As meas são maiores que os machos e o
tamanho da primeira maturação das fêmeas foi estimado em 6,9 cm e 4,5 cm
para os machos.
A relação peso/comprimento total foi caracterizada por um crescimento
alométrico positivo para machos e meas e a relação comprimento do
cefalotórax/comprimento total foi caracterizada por um crescimento alométrico
negativo.
Em Anchieta a população de X. kroyeri apresentou um amplo período de
reprodução e de recrutamento corroborando parcialmente com a Instrução
Normativa IBAMA n
o
189/2008. O diâmetro da malha da rede de pesca
utilizada em Anchieta é menor que o comprimento da primeira maturação de
machos e meas, entretanto o fator responsável no aumento da captura de
juvenis foi a elevada taxa de matéria orgânica vegetal capturada (34,15%)
comprometendo o sucesso reprodutivo e o recrutamento de X. kroyeri.
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CAPÍTULO 2
Fauna acompanhante da pesca artesanal do
camao Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862)
(Crustacea, Penaeidae) em Anchieta, Espírito
Santo, Brasil.
RESUMO
A pesca de arrasto do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri é
uma arte predatória, desestabilizadora das comunidades bentônicas e ocorre
freqüentemente em criadouros de espécies de interesse econômico. Com o
objetivo de estudar fauna acompanhante da pesca de arrasto de X. kroyeri
explotado pela frota pesqueira de Anchieta, Espírito Santo, foram realizadas
coletas mensais com uma hora de duração durante o período de janeiro a
dezembro de 2008. Foi registrado o número de espécies, o peso total de cada
espécie por arrasto e o peso total do arrasto. Para a Ictiofauna e a
Carcinofauna foram analisados o comprimento padrão e largura da carapaça
a fim de caracterizar os impactos da pesca de X. kroyeri nesses grupos. Foi
capturado um total de 320,91 kg de arrasto, composta de 101 espécies. A
diversidade de Shannon variou de 1,74 a 2,76 e a riqueza de 23 a 50. O lixo
foi o grupo mais abundante, entretanto considerando apenas os grupos
zoológicos, a Carcinofauna e a Ictifauna foram os principais grupos. As
famílias Sciaenidae e Portunidae se destacaram tanto em biomassa quanto
em número de espécies. A pesca de arrasto capturou uma grande biomassa
de espécies de ocorrência regular, entretanto espécies de ocorrência sazional
e ocasional como, por exemplo, Macrodon ancylodon, Odontognathus
mucronatus e Chaetodipterus faber que são espécies de interesse econômico
no Estado do Espírito Santo, também são afetados por esta atividade de
pesca. O descarte registrado na pesca artesanal do camarão X. kroyeri foi
elevado devido à grande quantidade de juvenis e exemplares de pequeno
porte, fato agravado pela ocorrência de Lixo Orgânico que contribuiu para a
obliteração da malha da rede, causando redução na seletividade. Para cada
quilograma da espécie-alvo foram capturados 8,15 kg de fauna
acompanhante.
INTRODUÇÃO
A pesca em águas marinhas é atividade comercial praticada ao longo de
todo litoral do Brasil, que se estende por mais de 8.500 km, considerando os
recortes litorâneos (GEO BRASIL 2002). A pesca é predominantemente de
características artesanais e os artefatos utilizados incluem vários tipos de
redes, linhas e armadilhas (PAIVA 1997, DI BENEDITTO 2001). No estado do
Espírito Santo, observa-se uma grande variedade de artefatos de pesca
distribuídas por toda a sua costa, destacando-se duas regiões características
em termos de forma de produção: a região norte menos desenvolvida,
empregando diversos artefatos e sem produção expressiva e a região sul,
mais desenvolvida, que utiliza artefatos de pesca direcionados a espécies-
alvo específicas e com maior valor comercial (FREITAS-NETTO & DI BENEDITTO
2007).
A maioria dos métodos de pesca captura alguma parcela de fauna
acompanhante e a pesca de arrasto é o método que apresenta as maiores
taxas dessa fauna (ALVERSON et al. 1994). A pesca com rede de arrasto
dirigida a camarões é considerada eficiente na obtenção da espécie-alvo, mas
captura uma fauna acompanhante extremamente diversa (GRAÇA-LOPES et al.
2002b, BRANCO & FRACASSO 2004b, BRANCO & VERANI 2006). Essa fauna
acompanhante ou “bycatch” é constituída por espécies capturadas
incidentalmente, que não são o objetivo da pesca, apresentam tamanho
reduzido, na maior parte juvenis, sendo devolvida ao mar com danos ou
mortos (LEWISON et al. 2004). A participação da fauna acompanhante no
produto dos arrastos é freqüentemente elevada, superando
consideravelmente a quantidade de camarão em condições de
comercialização (COELHO et al. 1986).
Os impactos causados pela pesca de arrasto atingem não o extrato
juvenil das espécies capturadas na fauna acompanhante (BRANCO & VERANI
2006, LOEBMANN & VIEIRA 2006), mas tamm interferem na megafauna
marinha. LEWISON et al. (2004) registram a grande incidência de capturas
incidentais da megafauna marinha (mamíferos marinhos, tartarugas e aves).
FREITAS-NETTO & DI BENEDITTO (2008) citam que as espécies Pontoporia
blainvillei e Sotalia guianensis são os cetáceos mais vulneráveis a atividade
de pesca na costa do Espírito Santo. LOBO (2007) estimou que de 5.000 a
10.000 tartarugas são mortas anualmente no mundo por ficarem
emaranhadas nas redes de pesca.
A fauna acompanhante da pesca de arrasto de camarão é constituída
principalmente por peixes, crustáceos, moluscos, equinodermos e cnidários,
dentre outros (VIEIRA et al. 1996, SEVERINO-RODRIGUES et al. 2002 , BRANCO &
VERANI 2006). SLAVIN (1983) considera que a proporção mundial por arrasto
em peso camarão/peixe é de 1:5 kg em águas temperadas e de 1:10 kg em
águas tropicais. O grande volume desta fauna é constantemente rejeitado ou
subaproveitado no Brasil, diferente de outros países como a Índia que
aproveita cerca de 96% (ROTHSCHILD & GULLAND 1982).
O descarte prolongado e a captura excessiva da fauna acompanhante
podem contribuir para a perda de alimento e biodiversidade (CLUCAS 1997),
redução da biomassa e comprometimento da produtividade dos estoques
pesqueiros (MURRAY et al. 1992), além de alterar as relações entre
predador/presa e aumentar o suprimento de alimento para decompositores,
modificando a estrutura e função das comunidades bentônicas (SAILA 1983,
ALVERSON et al. 1994).
A remoção de espécies do ecossistema marinho pode ter efeitos
variados na função do ecossistema (LOBO 2007), mas a conseqüência mais
óbvia da captura da fauna acompanhante é o declínio das populações ali
presentes (LEWISON et al. 2004). Além do desequilíbrio causado pelas redes
de arrasto, alguns agravantes aumentam o impacto, como é o caso do lixo
presentes nos arrastos e que contribuem para a obliteração das malhas da
rede, causando redução na seletividade, aumento no consumo de combustível
e desgaste do barco (BRANCO & VERANI 2006).
Embora o problema da fauna acompanhante seja um assunto global, o
conhecimento das ramificações potenciais de sua remoção no ecossistema
marinho é ainda incipiente e o impacto dos arrastos na composição percentual
das espécies que integram essa fauna, varia em função da área de pesca,
profundidade e época do ano (CARRANZA-FRASER & GRANDE 1982, RUFFINO &
CASTELLO 1992/1993). As modificações causadas pela pesca de arrasto
excessiva podem ser irreversíveis (LOBO 2004) e estudos quali-quantitativos
da fauna acompanhante são de fundamental importância para se avaliar o
impacto desta atividade no ecossistema.
OBJETIVO GERAL
Caracterizar a fauna acompanhante da pesca de arrasto do
Xiphopenaeus kroyeri (camarão sete-barbas) explotado pela frota pesqueira
de Anchieta, no litoral sul do Estado do Espírito Santo, Sudeste do Brasil.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar os grupos componentes da fauna acompanhante com
relação a biomassa, riqueza absoluta e a proporção da biomassa de X. kroyeri
/grupos da fauna acompanhante.
Verificar o impacto do arrasto na Ictiofauna e Carcinofauna
acompanhante da pesca de X. kroyeri .
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O município de Anchieta abrange uma área de aproximadamente 420
km² e localiza-se no litoral Centro-Sul do Espírito Santo (ES), 80 km ao sul de
Vitória (capital do Estado). Anchieta destaca-se, além do potencial turístico,
pelas atividades mineração e pelas práticas da maricultura e pesca artesanal.
A área estudada compreende a praia Central (249’10 S e 40°39’00"W)
(Figura 1.1) caracterizada por ser uma região relativamente exposta, com
vento predominante do quadrante Sudeste (NALESSO et al. 2008), maré com
amplitude de 1,9 m, sendo a mínima de -0,2 m e a máxima de 1,7 m (DHN
2008), com influência do Rio Benevente, um importante carreador de
nutrientes para a praia. A pluviosidade gira em torno de 1.200 mm/ano
(FERREIRA JUNIOR et al. 2008) sendo o verão chuvoso e a temperatura da água
anual variando entre 23,7 a 27,5 °C (SÁ et al. 2007).
A frota pesqueira da Praia Central é constituída por 40 barcos de
madeira de 8 a 9 metros de comprimento e as embarcações utilizam uma rede
de arrasto, diferente de outras regiões do Brasil que utilizam duas redes de
arrasto ao mesmo tempo.
Figura 2.1 Área de estudo, localizada na Praia Central em Anchieta (ES). A área
destacada compreende a região onde foram realizadas coletas.
COLETA DOS DADOS
As amostras foram coletadas mensalmente entre o período de janeiro e
dezembro de 2008 ao longo do campo de pesca das embarcações
camaroneiras de Anchieta. Durante o período do defeso as amostragens
foram realizadas com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais e Renováveis IBAMA (Licença de coleta número
13489-1) baseada na Instrução Normativa IBAMA n
o
154/2007 (Anexo 1).
Cada coleta constituiu-se de um arrasto com duração de 1 hora entre as
profundidades de 6 a 8 m. Os arrastos foram realizados por uma embarcação
da frota local através de redes de arrasto de fundo em forma de funil, com
dimensões aproximadas de 8 m de comprimento e 6 m de largura na boca do
funil. A malha apresentou variações no diâmetro ao longo do comprimento da
rede e na porção terminal (ensacador) possuia 25 mm entre nós opostos. A
velocidade média da embarcação foi de 2 nós.
Todo o material coletado foi acondicionado em caixa de isopor com gelo
e levado ao laboratório para triagem e identificação. Em laboratório o material
foi separado por grupos taxonômicos (Xiphopenaeus kroyeri, Carcinofauna,
Malacofauna, Echinofauna, Ictiofauna, Cnidofauna, Bryozoa e Outros) e Lixo
(Orgânico e Inorgânico). Dentro do grupo Outros estão inseridos as ascídias e
esponjas. Foi considerado Lixo Orgânico restos de folhas, galhos e algas e
para Lixo Inorgânico copos plásticos, garrafas pet, latas de alumínio e tampas
de garrafa.
O material coletado foi classificado com chave de identificação
especializada. Para o grupo Crustácea utilizou-se MELO (1996), COSTA et al.
(2003); para Mollusca, RIOS (1994); Echinoderma, NETTO et al. (2005); Peixes,
FIGUEIREDO (1977), FIGUEIREDO & MENEZES (1978, 1980, 2000) e MENEZES &
FIGUEIREDO (1980, 1985).
Para cada arrasto os componentes da fauna acompanhante foram
analisados quanto ao número de espécies, peso total de cada espécie por
arrasto, peso total do arrasto. As espécies mais representativas da
Carcinofauna foram analisadas quanto à largura cefalotoráxica (LC), número
de indivíduos e estadio de maturação. A largura total da carapaça da
Carcinofauna é a largura cefalotoráxica entre a base dos espinhos laterais
(BAPTISTA-METRI et al. 2005). Para os estágios de maturidade morfológica, a
identificação ocorreu de acordo com WILLIAMS (1974), sendo que os juvenis
apresentam o abdome aderido aos esternitos torácicos.
As espécies mais representativas da Ictiofauna foram mensuradas com
relação ao comprimento padrão (CP) (LAGLER et al. 1977, BOOKSTEIN et al.
1985) e número de indivíduos. As características morfológicas foram
mensuradas sempre com o espécime deitado sobre seu flanco direito. O
comprimento total não foi utilizado como medida, pois os longos raios
filamentosos existentes na nadadeira caudal se quebram facilmente
(MENEZES, 1980). Adotou-se como critério na separação entre juvenis e
adultos da espécie Chloroscombrus chrysurus o comprimento padrão de 9 cm
(COSTA et al. 2005), para o gênero Stellifer spp. o comprimento padrão de 10
cm (COELHO et al. 1985) e para Paralonchurus brasiliensis o comprimento
padrão de 15 cm (CUNNINGHAN & DINIZ FILHO 1995). A Ictiofauna e a
Carcinofauna, de acordo com a ocorrência nas coletas, foram classificada em
três categorias: regular (9 a 12 meses); sazonal (6 a 8 meses) e ocasional (1 a
5 meses) (ANSARI et al. 1995).
Para medir a biomassa foi utilizada uma balança de 0,01 g de precisão e
para aferir o comprimento dos indivíduos utilizou-se um paquímetro de 0,05
mm de precisão.
ANÁLISE DOS DADOS
A riqueza absoluta e a diversidade de Shannon foram calculadas
mensalmente conforme LUDWIG & REYNOLDS (1988).
- Índice de diversidade de Shannon H’= - Σ [(ni/n) . ln (ni)]
Onde n = é a biomassa total de indivíduos; ni = é a biomassa de
indivíduos da espécie i no arrasto.
A regra de Sturges foi utilizada para determinar as classes de
comprimento padrão da Ictiofauna e da largura da carapaça da Carcinofauna
acompanhante da pesca de arrasto de X. kroyeri.
RESULTADOS
Fauna acompanhante
Um total de 320,91 kg de arrasto foi capturado em 12 arrastos ao longo
de 2008 sendo composta por 101 espécies, 57 famílias e 86 gêneros (Anexo
2). Os grupos Lixo e a Carcinofauna foram os mais abundantes em biomassa
(109,6 e 84.9 kg respectivamente) enquanto a Cnidofauna, Malacofauna
(ambos com 6,8 kg), Echinofauna (3,6 kg) e o grupo Outros (0,1 kg)
apresentaram as menores biomassas. A biomassa do camarão X. kroyeri foi a
quinta mais importante com 31,1 kg (Figura 2.2).
Lixo
Carcinofauna
Ictiofauna
Bryozoa
Cnidofauna
Outros
Malacofauna
Echinofauna
X. kroyeri
0
20
40
60
80
100
120
Biomassa (kg)
Figura 2.2. Biomassa por grupo capturado na pesca de arrasto de X. kroyeri na Praia
Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
O grupo Outros as ascídias ocorreram em janeiro e as esponjas
ocorreram em agosto. A Cnidofauna acompanhante foi mais abundante nos
meses de julho e agosto e menores nos meses de abril e setembro. A
Echinofauna apresentou a maior biomassa nos meses de abril, maio e junho e
a menor no mês de julho. a Malacofauna o mês de março foi o de maior
biomassa e junho e outubro a menor. Bryozoa ocorreu principalmente nos
meses de janeiro e fevereiro sendo esses meses os de maior biomassa. A
espécie alvo (X. kroyeri) apresentou os meses de inverno com os maiores
valores de biomassa, com exceção do mês de dezembro quando a biomassa
atingiu o maior valor devido ao período de defeso da espécie (Tabela 2.2).
Tabela 2.2. Distribuição mensal da biomassa (kg) dos grupos e das principais
espécies dos grupos capturados na pesca de arrasto de X. kroyeri na praia Central
de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Grupo
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
Outros
0,02
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0.08
0,0 0,0 0,0 0,0
Cnidofauna
0,3 0,5 0,2 0,1 0,5 0,4 1,9 1,2 0,1 0,6 0,2 0,8
Renila reniformis
0,0 0,0 0,2 0,1 0,4 0,3 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,1
Água-viva 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,9 1,2 0,0 0,5 0,0 0,7
Echinfauna
0,0 0,2 0,3 0,5 0,8 0,6 0,0 0,2 0,1 0,0 0,4 0,3
Astropecten marginatus
0,0 0,2 0,3 0,5 0,8 0,5 0,0 0,2 0,1 0,0 0,3 0,3
Malacofauna
1,0 1,4 3,4 0,0 0,1 0,0 0,0 0,6 0,0 0,0 0,0 0,1
Aplysia sp.
1,0 1,4 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0
Ostra 0,0 0,0 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0
Bryozoa
13,9
22,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,2 0,0
Chartella papyracea
13,9
22,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0
X. kroyeri 1,0 0,5 2,45 0,6 2,3 4,5 2,5 2,3 1,9 1,4 1,4 12,5
A Carcinofauna e a Ictiofauna foram responsáveis por mais de 60% da
fauna acompanhante excluindo o grupo Lixo. A Ictiofauna apresentou a maior
riqueza absoluta com 54 espécies, seguido da Carcinofauna com 21 espécies.
Esses dois grupos representam 75% das espécies capturadas na fauna
acompanhante. Os grupos Bryozoa e Echinofauna apresentaram as menores
riquezas absolutas com 2 e 3 espécies respectivamente contribuindo com 5%
da riqueza da fauna acompanhante. O grupo Bryozoa se destacou em relação
a biomassa sendo o terceiro grupo zoológico mais importante (Tabela 2.2).
Tabela 2.2. Biomassa (kg) e porcentagem relativa da biomasa (%) por grupo
zoológico capturado, exceto a espécie alvo, na pesca de arrasto de X. kroyeri na
praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Grupos
Riqueza absoluta
Biomassa (kg)
%
relativa da biomassa
Carcinofauna 21 84,9 42,0
Ictiofauna 54 41,6 20,6
Bryozoofauna 2 36,4 18,0
Outros 6 22,1 10,9
Cnidofauna 8 6,8 3,4
Malacofauna 6 6,8 3,3
Echinofauna 3 3,6 1,8
Total
100
202,2
100%
A riqueza absoluta e o índice de diversidade de Shannon (H’)
apresentaram variações ao longo do ano, os maiores valores ocorreram nos
meses de junho e setembro enquanto julho apresentou os menores valores
para riqueza e diversidade (Figura 2.3).
0
10
20
30
40
50
60
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Riqueza absoluta
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Diversidade Shannon
Riqueza Shannon
Figura 2.3. Variação dos valores de riqueza absoluta e diversidade de Shannon da
fauna acompanhante capturada na pesca de arrasto de X. kroyeri na praia Central de
Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Grupo Outros
As esponjas foram as principais representantes deste grupo,
constituiram 74,79% da biomassa do grupo. As esponjas apresentaram a
maior riqueza absoluta dentro do grupo, com 4 taxa (Tabela 2.3).
Cnidofauna
Neste grupo os hidrozoários representaram 50% da riqueza do grupo,
entretanto duas taxa corresponderam a mais de 80% da biomassa
(Scyphozoa e Renila reniformis) (Tabela 2.3). O taxon Scyphozoa gua-viva)
ocorreu em cinco meses (julho, agosto, outubro, novembro e dezembro) e
apresentou maior biomassa nos meses de julho e agosto. Já Renila reniformis
ocorreu em praticamente todos os meses (exceto janeiro) sendo os meses de
maio e junho os de maior biomassa (Tabela 2.2).
Tabela 2.3. Espécies por grupo, biomassa (kg) e porcentagem relativa da biomasa de
cada grupo (%) por taxon constituinte dos grupos, capturada na pesca de arrasto de
X. kroyeri na praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Grupo
Tá
xon
Biomassa
(
kg
)
Biomassa
relativa
(%)
Outros
Ascídia roxa 0,026 25,06
Esponja marrom 0,002 2,10
Esponja roxa 0,068 64,92
Esponja verde 0,004 3,37
Esponja vermelha 0,005 4,40
Cnidofauna
Água-viva 4,278 63,07
Renila reniformis
1,285 18,94
Gorgonia 0,621 9,15
Hidrozoário sp1 0,265 3,90
Anêmona 0,225 3,31
Hydrozoário sp2 0,094 1,38
Hydrozoário sp4 0,013 0,19
Hydrozoário sp3 0,004 0,06
Echinofauna
Astropecten marginatus
3,430 94,23
Luidia senegalensis
0,200 5,49
Ophiuroide 0,010 0,27
Malacofauna
Aplysia
sp
.
3,800 57,4
Ostra 2,540 38,4
Loligo sanpaulensis
0,130 2,0
Lunarca ovalis
0,100 1,5
Cymatium
sp.
0,040 0,6
Loligo
sp
0,010 0,2
Bryozoa
Chartella papyracea
36,180 99,50
Bryozoário sp1 0,190 0,5
Echinofauna
A Echinofauna foi representada por três Famílias (Astropectinidae,
Luidiidae e Ophiuroidea) com uma taxon em cada família. A espécie
Astropecten marginatus da Família Astropectinidae apresentou a maior
abundância do grupo correspondendo com 94,2 % de toda a biomassa
(Tabela 2.3). A espécie foi mais abundante nos meses de maio e abril e julho
foi o mês de menor abundância (Tabela 2.2).
Malacofauna
A malacofauna foi representada por cinco famílias e seis taxa sendo
duas espécies pertencentes a família Loliginidae (Loligo sanpaulensis e Loligo
sp.) e os principais taxa da malacofauna com relação a biomassa foram
Aplysia sp. seguido de Ostreidae representando mais de 95 % de toda a
biomassa do grupo (Tabela 2.3).
Bryozoário
Duas espécies de bryozoários foram capturadas ao longo do período de
estudo sendo Membraniporopsis tubigera a principal em relação a biomassa
(Tabela 2.3).
Grupo Lixo
O grupo Lixo apresentou a maior massa dentre os grupos capturados na
pesca de arrasto de X. kroyeri em Anchieta sendo constituído por 97,3% de
Lixo Orgânico e 2,7% de Lixo Inorgânico. O mês de fevereiro apresentou a
maior biomassa de Lixo Orgânico (47, 3 kg) e julho a menor massa (0,2 kg)
o Lixo Inorgânico apresentou maior massa nos meses de fevereiro e maio
(ambos com 0,5 kg) e menor nos meses de abril, junho, julho, outubro e
dezembro (todos com 0,1 kg) (Figura 2.4).
0
10
20
30
40
50
60
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Biomassa (kg)
Lixo Inorgânico
Lixo Orgânico
Figura 2.4. Variação mensal da biomassa de lixo orgânico e Inorgânico capturado na
pesca de arrasto do camarão sete-barbas (X. kroyeri) na praia Central de Anchieta
(ES) durante o ano de 2008.
Ictiofauna
A Ictiofauna foi o terceiro grupo em relação a biomassa (41,6 kg) sendo
os meses de maior biomassa dezembro (6,2 kg), maio (5,7 kg) e setembro
(5,6 kg) enquanto julho (0,4 kg) e novembro (0,6 kg) os de menor (Figura 2.5).
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Biomassa (kg)
Figura 2.5. Variação mensal da biomassa da Ictiofauna capturado na pesca de
arrasto do camarão sete-barbas (X. kroyeri) na praia Central de Anchieta (ES)
durante o ano de 2008.
A fauna íctia foi representada por 23 famílias e 54 espécies sendo o
grupo com maior riqueza absoluta. Este grupo apresentou cinco famílias
(Sciaenidae, Clupeidae, Carangidae, Engraulidae e Paralichthyidae) que se
destacaram sendo responsável por 51% das espécies. A família Sciaenidae
(11 espécies) foi a que apresentou a maior riqueza com 20,4% das espécies e
a maior biomassa representando 30,8% do grupo. As famílias Sciaenidae,
Diodontidae, Carangidae, Pristigasteridae e Clupeidae foram responsáveis por
78% da biomassa do grupo (Tabela 2.4).
Tabela 2.4. Biomassa (kg), porcentagem relativa da biomasa (%), número de
espécies e porcentagem relativa das Falias (%) da Ictiofauna capturada na pesca
de arrasto de X. kroyeri na praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Família
Espécies
Espécies (%)
Biomassa (kg)
Biomassa (
%)
Sciaenidae 11 20,4 12,850 30,876
Diodontidae 2 3,7 8,030 19,295
Carangidae 4 7,41 5,910 14,201
Pristigasteridae
1 1,85 3,410 8,194
Clupeidae 5 9,26 2,260 5,430
Tetraodontidae 2 3,7 1,260 3,028
Gempylidae 1 1,85 1,250 3,004
Engraulidae 4 7,41 1,090 2,619
Achiridae 3 5,56 1,000 2,403
Cynoglossidae 1 1,85 0,970 2,331
Haemulidae 2 3,7 0,780 1,874
Muraenidae 1 1,85 0,610 1,466
Paralichthyidae
4 7,41 0,540 1,298
Ophichthidae 1 1,85 0,320 0,769
Rhinobatidae 1 1,85 0,320 0,769
Stromateidae 1 1,85 0,300 0,721
Triglidae 1 1,85 0,218 0,524
Scombridae 3 5,56 0,190 0,457
Trichiuridae 1 1,85 0,179 0,429
Gerreidae 1 1,85 0,060 0,144
Ephippidae 1 1,85 0,030 0,072
Serranidae 1 1,85 0,030 0,072
Lutjanidae 1 1,85 0,010 0,024
Syngnathidae 1 1,85 0,001 0,002
Dentre as 54 espécies da Ictiofauna, 76% têm ocorrência ocasional (41
espécies), 15% regular (8 espécies) e 9% sazonal (5 espécies). Apesar do
grande número de espécies ocasionais, cinco espécies de ocorrência regular
se destacaram tanto em biomassa quanto em mero de indivíduos,
Chilomycterus spinosus (Diodontidae), Chloroscombrus chrysurus
(Carangidae), Stellifer sp. (Sciaenidae), Paralonchurus brasiliensis
(Sciaenidae), Pellona harroweri (Pristigasteridae) que perfazem 58,8 % da
biomassa do grupo (Tabela 2.5). Para estas cinco espécies foi avaliado o
possível impacto que a pesca de X. kroyeri exerce sobre elas.
Tabela 2.5. Biomassa (kg), porcentagem relativa da biomasa (% kg) número de
indivíduos (N), porcentagem relativa de indivíduos (% N), meses de ocorrência
(Ocor.) e categoria de ocorrência por espécie da Ictiofauna capturada na pesca de
arrasto de X. kroyeri na Praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Família
Espécie
kg
% kg
N
% N
Ocor.
Categoria
Diodontidae
C
hilomycterus spinosus
6,86
16,48
250 8,26 9 regular
Carangidae
Chloroscombrus chrysurus
5,78
13,88
808 26,69
9 regular
Sciaenidae
Stellifer sp.
4,61
11,08
487 16,09
11 regular
Sciaenidae
Paralonchurus brasiliensis
3,83
9,19 258 8,52 10 regular
Pristigasteridae
Pellona harroweri
3,41
8,20 219 7,23 10 regular
Clupeidae
Opisthonema oglinum
1,38
3,32 101 3,34 4 ocasional
Sciaenidae
Isopisthus parvipinnis
1,36
3,26 80 2,64 8 sazonal
Gempylidae
Gempylus serpens
1,25
3,00 2 0,07 1 ocasional
Diodontidae
Chilomycterus reticulatus
1,17
2,82 1 0,03 1 ocasional
Cynoglossidae
Symphurus tessellatus
0,97
2,32 71 2,35 9 regular
Tetraodontidae
Lagocephalus laevigatus
0,82
1,98 15 0,50 6 sazonal
Sciaenidae
Macrodon ancylodon
0,81
1,96 120 3,96 7 sazonal
Achiridae
Trinectes paulistanus
0,79
1,91 34 1,12 9 regular
Haemulidae
Conodon nobilis
0,76
1,83 55 1,82 5 ocasional
Clupeidae
Harengula clupeola
0,74
1,77 25 0,83 2 ocasional
Sciaenidae
Larimus breviceps
0,63
1,50 75 2,48 10 regular
Muraenidae
Gymn
othorax ocellatus
0,61
1,46 1 0,03 3 ocasional
Sciaenidae
Menticirrhus littoralis
0,49
1,17 21 0,69 4 ocasional
Sciaenidae
Micropogonias furnieri
0,48
1,16 13 0,43 5 ocasional
Tetraodontidae
Sphoeroides testudineus
0,44
1,05 18 0,59 6 sazonal
Engraulidae
Centengraulis edentulus
0,43
1,04 14 0,46 5 ocasional
Sciaenidae
Cynoscion leiarchus
0,40
0,96 52 1,72 1 ocasional
Engraulidae
Lycengraulis grossidens
0,35
0,85 9 0,30 4 ocasional
Rhinobatidae
Rhinobatos percellens
0,32
0,77 1 0,03 1 ocasional
Ophichthidae
Ophichthus gomesii
0,32
0,76 6 0,20 1 ocasional
Stromateidae
Peprilus paru
0,30
0,73 17 0,56 2 ocasional
Paralichthyidae
Etropus crossotus
0,26
0,62 32 1,06 3 ocasional
Engraulidae
Anchoa filifera
0,22
0,52 10 0,33 2 ocasional
Triglidae
Prionotus punctatus
0,22
0,52 62 2,05 2 ocasional
Achiridae
Achirus declives
0,20
0,47 11 0,36 1 ocasional
Trichiuridae
Trichiurus lepturus
0,18
0,43 3 0,10 2 ocasional
Sciaenidae
Menticirrhus americanus
0,13
0,32 3 0,10 1 ocasional
Scombridae
Sco
mberomorus brasiliensis
0,12
0,30 1 0,03 1 ocasional
Paralichthyidae
Citharichthys macrops
0,12
0,29 12 0,40 3 ocasional
Paralichthyidae
Paralichthys orbignyamus
0,10
0,25 8 0,26 1 ocasional
Carangidae
Selene vomer
0,10
0,23 17 0,56 6 sazonal
Clupeidae
Odontognathus mucronatus
0,09
0,22 9 0,30 4 ocasional
Engraulidae
Anchoa spinifer
0,09
0,21 42 1,39 2 ocasional
Sciaenidae
Nebris microps
0,06
0,15 15 0,50 4 ocasional
Gerreidae
Eucinostomus gula
0,06
0,15 6 0,20 1 ocasional
Paralichthyidae
Syacium papillosum
0,06
0,13 1 0,03 1 ocasional
Scombridae
Scomberomorus sp. 1
0,05
0,12 1 0,03 1 ocasional
Sciaenidae
Ctenosciaena gracilicirrhus
0,05
0,11 7 0,23 2 ocasional
Serranidae
Diplectrum formosum
0,03
0,08 1 0,03 1 ocasional
Ephippidae
Chaetodipterus faber
0,03
0,07 15 0,50 5 ocasional
Carangidae
Selene setapinnis
0,03
0,07 3 0,10 2 ocasional
Clupeidae
Sardinella janeiro
0,02
0,06 1 0,03 1 ocasional
Haemulidae
Orthopristis ruber
0,02
0,05 2 0,07 1 ocasional
Scombridae
Scomberomorus
sp. 2
0,02
0,05 1 0,03 1 ocasional
Continuação…
Família
Espécie
kg
% kg
N
% N
Ocor.
Categoria
Clupeidae
Chirocentrodon bleekerianus
0,02
0,05 5 0,17 4 ocasional
Achiridae
Achirus lineatus
0,01
0,03 2 0,07 2 ocasional
Carangidae
Oligoplite
s saliens
0,01
0,02 1 0,03 1 ocasional
Lutjanidae
Lutjanus synagris
0,01
0,01 1 0,03 1 ocasional
Syngnathidae
Microphis lineatus
0,00
0,00 2 0,07 1 ocasional
Pellona harroweri apresentou a maior média de comprimemnto padrão
(9,1 cm) e Chilomycterus spinosus a menor (5,0 cm), além disso, todas as
cinco espécies apresentaram uma grande ocorrência de juvenis com destaque
para a espécie Chloroscombrus chrysurus (99,3%) (Tabela 2.6 e Figura 2.6).
Tabela 2.6. Porcentagem de juvenis, comprimento padrão (média ± desvio padrão),
comprimento padrão nimo e máximo e mês de maior biomassa das principais
espécies da Ictiofauna capturada na pesca de arrasto de X. kroyeri na Praia Central
de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Espécie
Juvenil
(%)*
CP
média
±
DP
(cm)
Mín
M
áx
(cm)
Maior Biomassa
Chilomycterus spinosus
- 5,0±1,21 2,8 – 11,1 Maio
Chloroscombrus c
hrysurus
99,3 7,0±0.98 2,5 – 11,3 junho e outubro
Stellifer
sp.
96,7 6,5±2,10 3,1 – 17,0 fevereiro e dezembro
Paralonchurus brasiliensis
97,6 8,3±3,20 2,3 – 20,7 Dezembro
Pellona harroweri
- 9,1±1,50 3,6 – 12,6 Dezembro
* Com base nos trabalhos de COSTA et al. 2005; COELHO et al. 1985 e CUNNINGHAN & DINIZ
FILHO 1995
Figura 2.6. Distribuição de freqüências por classes de comprimento padrão das cinco
principais espécies da Ictiofauna capturadas na pesca de arrasto de X. kroyeri na
Praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Carcinofauna
A Carcinofauna ocupou a segunda posição entre os grupos em relação a
biomassa (a espécie-alvo, X. kroyeri, não foi incluída na Carcinofauna). Os
meses dezembro e abril apresentaram a maior biomassa e outubro a menor
(Figura 2.7). Este grupo é bastante diverso, sendo constituído por 15 famílias
e 21 espécies com destaque para as famílias Portunidae (Tabela 2.7).
C. spinosus
= 250
0
20
40
60
80
100
120
140
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Número de indivíduos
C. chrysurus
= 808
Juvenil Adulto
0
50
100
150
200
250
300
350
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Stellifer spp.= 487
Juvenil Adulto
0
20
40
60
80
100
120
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Número de indivíduos
P. brasiliensis
= 258
Juvenil Adulto
0
10
20
30
40
50
60
70
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
P. harroweri
= 219
0
20
40
60
80
100
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Classes de CP (cm)
Número de indivíduos
0.0
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0
12.0
14.0
16.0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Biomassa (kg)
Figura 2.7. Variação mensal da biomassa da Carcinofauna capturada na pesca de
arrasto de X. kroyeri na Praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Com relação a biomassa, quatro famílias se destacaram sendo
responsáveis por 98% da biomassa. Portunidae foi responsável por 70% da
biomassa do grupo, Calappidae por 12% e Penaeidae e Leucosiidae, ambas
com 8% (Tabela 2.7).
Tabela 2.7. Biomassa (kg), porcentagem relativa da biomasa (%) número de
espécies e porcentagem relativa das Famílias (%) da Carcinofauna capturadas na
pesca de arrasto de X. kroyeri na Praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de
2008.
Família Espécie
Espécie
(%)
Biomassa
(kg)
Biomassa
(%)
Portunidae 3 14.3 61.37 69.969
Calappidae 1 4.8 10.25 11.686
Penaeidae 2 9.5 7.43 8.471
Leucosiidae 2 9.5 7.25 8.266
Hippolytidae 1 4.8 0.66 0.752
Sicyoniidae 1 4.8 0.22 0.251
Majidae 1 4.8 0.17 0.194
Anomura 1 4.8 0.14 0.160
Xanthidae 2 9.5 0.08 0.091
Palaemonidae
2 9.5 0.07 0.080
Squillidae 1 4.8 0.04 0.046
Alpheidae 1 4.8 0.01 0.011
Raninidae 1 4.8 0.01 0.011
Sergestidae 1 4.8 0.005 0.006
Porcelanidae 1 4.8 0.001 0.001
Das 21 espécies, 43% apresentaram ocorrência ocasional, 38%
ocorrência regular e 19% sazonal. Três espécies de ocorrência regular se
destacaram em relação a biomassa, representando mais de 80% do grupo,
sendo duas da família Portunidae (Callinectes ornatus e Callinectes danae) e
uma da Calappidae (Hepatus pudibundus) (Tabela 2.8). Para estas três
espécies foi avaliado o possível impacto que a pesca de X. kroyeri exerce
sobre elas.
Tabela 2.8. Biomassa (kg), porcentagem relativa da biomasa (% kg), meses de
ocorrência (Ocor.) e categoria de ocorrência por espécie da Carcinofauna capturado
na pesca de arrasto de X. kroyeri na Praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de
2008.
Família
Espécie
kg
% kg
Ocor.
Categoria
Portunidae
Callinectes ornatus
52,0409 59,3329 12 regular
Calappidae
Hepatus pudibundus
10,2463 11,6820 12 regular
Portunidae
Callinectes danae
9,3152 10,6204 11 regular
Leucosiidae
Persephona punctata
6,6574 7,5902 11 regular
Penaeidae
Farfantepenaeus paulensis
4,3247 4,9307 11 regular
Penaeidae
Litopenaeus schimitti
3,1057 3,5409 11 regular
Hippolytidae
Exhippolysmata oplophoroides
0,6597 0,7521 12 regular
Leucosiidae
Persephona crinita
0,5893 0,6719 8 sazonal
Sicyoniidae
Sicyonia dorsalis
0,2173 0,2477 10 regular
Majidae
Libinia ferreirae
0,1706 0,1944 2 ocasional
Anomura Ermitão 0,1405 0,1602 7 sazonal
Palaemonidae
Nematopalaemon schmitti
0,0615 0,0701 4 ocasional
Xanthidae
Panopeus
sp.
0,0598 0,0682 1 ocasional
Squillidae
Squilla neglecta
0,0444 0,0507 4 ocasional
Xanthidae Xanthidae 0,0217 0,0247 1 ocasional
Portunidae
Portunus spinimanus
0,0137 0,0156 1 ocasional
Raninidae
Raninoides loevis
0,0092 0,0104 2 ocasional
Palaemonidae Palaemonidae 0,0076 0,0087 6 sazonal
Alpheidae Alpheidae 0,0073 0,0083 6 sazonal
Sergestidae
Acetes americanus
0,0046 0,0052 3 ocasional
Porcelanidae Porcelanidae 0,0004 0,0004 1 ocasional
A população de C. ornatus e apresentou um predomínio de juvenis em
relação aos adultos, e nas populações de H. pudibundus e C. danae os
adultos foram mais abundantes nos espécimes capturados (Tabela 2.9 e
Figura 2.8).
Tabela 2.9. Número de indivíduos, comprimento pado (média ± desvio padrão),
comprimento padrão mínimo e máximo e o mês de maior biomassa das principais
espécies da Carcinofauna capturada na pesca de arrasto de X. kroyeri na Praia
Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Espécie
N
Juvenis
média ± DP (cm
)
Min
Máx (cm)
Maior Biomassa
Callinectes ornatus
4401 76,4 3,9±1,44 0,9 - 9,0 março e dezembro
Hepatus pudibundus
513 10,1 4,3±0,82 2,0 - 6,6 abril
Callinectes danae
97 11,3 5,7±0,89 3,2 - 8,1 dezembro
Figura 2.8. Distribuição de freqüências por classes de Largura da Carapaça (LC) das
principais espécies da Carcinofauna capturadas na pesca de arrasto de X. kroyeri na
Praia Central de Anchieta (ES) durante o ano de 2008.
Callinectes ornatus
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Número de indivíduos
Adulto
Juvenil
Hepatus pudibundus
0
50
100
150
200
250
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Número de indivíduos
Adulto
Juvenil
Callinectes danae
0
10
20
30
40
50
60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Classes de LC (cm)
Número de indivíduos
Adulto
Juvenil
Proporção Xiphopenaeus kroyeri : fauna acompanhante
As proporções entre os grupos e a espécie alvo (X. kroyeri)
apresentaram variações ao longo dos meses amostrados, levando-se em
consideração apenas a biomassa total de cada grupo e a biomassa total de X.
kroyeri, a maior proporção encontrada foi entre camarão/Lixo e a menor foi
entre camarão/Echinofauna. A proporção entre o camarão/Ictiofauna foi de
1:1,34, e camarão/Carcinofauna de 2,73; em relação a proporção
camarão/fauna acompanhante foi de 1:8,15 (Tabela 2.10).
Tabela 2.10. Proporção entre biomassa de X. kroyeri e os grupos da fauna
acompanhante capturados na pesca de arrasto na Praia Central de Anchieta (ES)
durante o ano de 2008.
Grupos Proporção
X. kroyeri
: Echinofauna
1:0,12
X. kroyeri
: Malacofauna
1:0,22
X. kroyeri
: Cnidofauna
1:0,22
X. kroyeri
: Outros
1:0,003
X. kroyeri
: Bryozoa
1:1,17
X. kroyeri
: Ictiofauna
1:1,34
X. kroyeri
: Carcinofauna
1:2,73
X. kroyeri
: Lixo
1:3,52
X. kroyeri
: Fauna acompanhante
1:8,15
DISCUSSÃO
Fauna Acompanhante
No geral, macroinvertebrados e peixes demersais são capturados em
conjunto nos arrastos de fundo, mas abordados isoladamente, conforme o
interesse e a especialização do pesquisador (BRANCO et al. 1998), dificultando
a comparação e o conhecimento real do impacto da pesca de arrasto na
comunidade de invertebrados e peixes demersais.
Na praia Central em Anchieta, foi capturado um total de 101 taxa,
WASSENBERG & HEILL (1989) registraram 240 espécies na pesca camaroeira
na Austrália enquanto GRAÇA-LOPES et al. (2002b) registraram, para o litoral de
São Paulo, 83 taxa na pesca de pequeno porte dirigida a X. kroyeri e 145 taxa
na pesca industrial dirigida a mesma espécie. Para GREENWOOD (1975) ocorre
um aumento na abundância, diversidade e riqueza de espécies com a
redução da latitude, sendo que as zonas tropicais atingem a maior diversidade
faunística.
A participação dessa fauna no produto dos arrastos é freqüentemente
elevada, superando consideravelmente a quantidade de camarão em
condições de comercialização (ROBERT et al. 2007, BRANCO & VERANI 2006,
GOMES & CHAVES 2006, LOEBMANN & VIEIRA 2006). Em Anchieta, a
Carcinofauna e a Ictiofauna representaram mais de 60% da biomassa da
fauna acompanhante, considerando apenas os grupos zoogicos da fauna
acompanhante e excluindo a espécie alvo. Considerando todos os grupos
capturados no arrasto, o lixo orgânico foi o mais representativo. Em geral, a
composição dos grupos que integram a fauna acompanhante de camarões,
pode variar em função da área de pesca, profundidade e época do ano
(CARRANZA-FRASER & GRANDE 1982, RUFFINO & CASTELLO 1992/1993) (Tabela
2.11).
Tabela 2.11. Comparação das porcentagens relativas por grupo constituinte da pesca
de arrasto do X. kroyeri.
Grupo
Presente
trabalho
B
RANCO
&
F
RACASSO
(2004)
B
RANCO
&
V
ERANI
(2006)
(Anchieta) (Santa Catarina) (Santa Catarina)
Lixo 34,15 8,70 9,76
Carcinofauna 26,46 16,40 16,73
Ictiofauna 12,97 38,70 39,57
Bryozoa 11,33 - -
X. kroyeri
9,70 11,40 10,00
Cnidofauna 2,11 18,90 18,1
Malacofauna 2,11 4,20 4,34
Echinofauna 1,13 1,80 1,5
Outros 0,04 - -
Com relação a riqueza de espécies, Anchieta apresentou a Ictiofauna e a
Carcinofauna como principais grupos, corroborando com os dados de GRAÇA
LOPES et al. (2002b) (Tabela 2.12). HAIMOVICI & HABIAGA (1982), TAKEDA &
OKUTANI (1983), MOREIRA et al. (1988), SEVERINO-RODRIGUES et al. (2002) e
BRANCO & VERANI (2006) também citam esses dois grupos como os principais
constituintes da fauna acompanhante da pescade camarão.
Tabela 2.12. Comparação da riqueza absoluta de espécies por grupo constituinte da
fauna acompanhante da pesca do X. kroyeri.
Grupos
Presente trabalho
Graça
L
opes
et al
(2002b)
Carcinofauna 21 32
Ictiofauna 54 187
Bryozoa 2 -
Outros 6 14
Cnidofauna 8 -
Malacofauna 6 25
Echinofauna 3 -
Grupo Outros
O grupo Outros capturado em Anchieta foi representado principalmente
por esponjas que representaram 74,79% da biomassa do grupo. As esponjas
são citadas como constituintes da fauna acompanhante da pesca de camarão
por SANTOS et al. (2006).
Cnidofauna, Echinofauna, Malacofauna e Bryozoa
Para a Malacofauna, Echinofauna, Cnidofauna e Bryozoa, apesar de sua
diversidade e importância na rede trófica das áreas pesqueiras, não existem
estudos disponíveis no litoral brasileiro que analisem o impacto da pesca
nessa comunidade. Algumas espécies desses grupos são relatadas em
estudos da fauna bentônica como ESTEVES (1998), AMARAL et al. (2003) e
CAPÍTOLI & BEMVENUTI (2004) que citam esses organismos como parte
constituinte do zoobentos marinho. BRANCO & VERANI (2006) destacam a
Cnidofauna como o segundo grupo em termos de biomassa relativa da fauna
acompanhante, em Anchieta este grupo ocupou a sexta posição.
Na Cnidofauna, Malacofauna, Echinofauna e Bryozoa, duas espécies
merecem destaque em Anchieta, Astropecten marginatus (estrela cinza) e
Membraniporopsis tubigera (bryozoario). A primeira por estar na lista de
espécies ameaçadas de extinção (MMA 2004, MACHADO et al. 2008) e a
segunda por ser uma espécie exótica com origem na Nova Zelândia e que
foi registrada do estado de Santa Catarina até o Espírito Santo (GORDON et al.
2006).
Grupo Lixo
O grupo Lixo apresentou a maior massa dentre os grupos capturados em
Anchieta, sendo constituído por 96,6% de Lixo Orgânico e 3,4% de Lixo
Inorgânico. A alta concentração de lixo em Anchieta, constituído
principalmente por folhas, galhos e propágulos de árvores de mangue, é
devida a presença do Rio Benevente que carreia todo esse material do
manguezal. O Lixo Orgânico (incluindo as algas) e inorgânico representou
9,76% da massa acompanhante da pesca de X. kroyeri na Armação do
Itapocoroy (SC) (BRANCO & VERANI 2006). Estes mesmo autores citam que o
Lixo Orgânico e Inorgânico presente nos arrastos constituem um agravante a
mais na pesca do camarão, visto que contribui na obliteração das malhas da
rede, causando redução na seletividade, aumento no consumo de combustível
e desgaste do barco.
Ictiofauna
A Ictiofauna presente nos arrasto de camarão é diversificada e
apresentou uma elevada biomassa. Em Anchieta a família Sciaenidae
destacou-se tanto em mero de espécies como em biomassa, assim como
nos trabalhos de VAZZOLER (1975), COELHO et al. (1986), PAIVA-FILHO &
SCHMIEGELOW (1986), PAIVA-FILHO et al. (1987), RUFFINO & CASTELLO
(1992/1993) e VIANNA & ALMEIDA (2005), que citam a dominância dos
Sciaenidae, em número de espécies e de exemplares, nos arrastos dirigidos à
pesca de camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. As espécies dessa
família são comuns em águas rasas com fundos de areia ou lama, coincidindo
com o tipo de substrato da área de pesca, onde atua a frota do X. kroyeri
(MENEZES & FIGUEIREDO 1980).
As famílias Sciaenidae, Clupeidae, Carangidae, Engraulidae,
Paralichthyidae representaram mais de 50% das espécies da Ictiofauna,
enquanto Sciaenidae, Diodontidae, Carangidae, Pristigasteridae e Clupeidae
representando 78% da biomassa do grupo. Branco & Verani (2006) cita em
seu trabalho na Armação do Itapocoroy (SC), que as famílias Sciaenidae,
Carangidae e Clupeidae destacam-se em relação a riqueza de espécies.
Durante todo o período de coleta em Anchieta, cinco espécies
(Chilomycterus spinosus, Chloroscombrus chrysurus, Stellifer sp.,
Paralonchurus brasiliensis e Pellona harroweri) de ocorrência regular se
destacaram, sendo responsáveis por 58,8% da biomassa da Ictiofauna.
COELHO et al. (1986), para o litoral de São Paulo, destacaram quatro espécies
da família Sciaenidae representando mais de 60,0% do total de exemplares, já
PAIVA-FILHO & SCHMIEGELOW (1986), na Baia de Santos, destaca que três a
quatro espécies da Ictiofauna representaram 50,0% da biomassa. na barra
de Rio Grande, Rio Grande do Sul, a biomassa de seis espécies
correspondeu a valores entre 72,4% e 83,4% das capturas (RUFFINO &
CASTELLO 1992/1993). BRANCO & VERANI (2006) citam cinco espécies (Stellifer
spp. Paralonchurus brasiliensis, Isopisthus parvipinnis, Pellona harroweri e
Trichiurus lepturus) dominantes na Ictiofauna na Armação do Itapocoroy.
Slavin (1983) menciona que mundialmente, independente da família,
aproximadamente 50% da fauna acompanhante presente nos arrastos de
camarão é representado por três a cinco espécies e 75% por sete a dez
espécies corroborando os dados encontrados em Anchieta.
Das cinco principais espécies da Icitofauna, houve o predomínio de
indivíduos de pequeno porte e juvenis, de 76% a 99,3% de ocorrência,
constatando que a pesca do X. kroyeri em Anchieta exerce uma alta pressão
sobre o estoque juvenil da Ictiofauna. A pesca artesanal de X. kroyeri atua
com maior intensidade sobre os juvenis, sendo estes devolvidos ao mar com
danos ou mortos (COELHO et al. 1986, GRAÇA-LOPES et al. 2002, GODEFROID et
al. 2004, LEWISON et al. 2004). Os descartes da Ictiofauna nas pescarias
dirigidas aos camarões são responsáveis por aproximadamente um terço dos
27 milhões de toneladas descartadas anualmente nas pescarias mundiais
(ALVERSON et al. 2004).
A pesca em Anchieta atua principalmente sobre as espécies de
ocorrência regular, entretanto outras espécies como Macrodon ancylodon
(ocorrência sazonal), Odontognathus mucronatus (ocorrência ocasional) e
Chaetodipterus faber (ocorrência ocasional), tamm estão susetíveis a
presão de pesca por serem espécies de interesse econômico no Espírito
Santo. As espécies da Ictiofauna classificadas como ocorrência ocasional
representaram 76% do total, semelhante aos dados de BRANCO & VERANI
(2006) que relacionam este fato à transição das espécies na área de pesca.
BOSCHI (1969), CARRANZA-FRASER & GRANDE (1982) e SAUL & CUNNINGHANN
(1995) citam que este padrão pode ser atribuído, em parte, às características
hidrográficas da região, que acarretam alterações no sedimento, temperatura,
salinidade e instabilidade das regiões costeiras, e tamm aos eventos do
ciclo de vida das espécies.
Embora alguns autores (CARRANZA-FRASER & GRANDE 1982; SAUL &
CUNNINGHANN 1995 e BRANCO & VERANI 2006) utilizem a classificação das
espécies em regular, sazonal e ocasional, as espécies estão em constante
movimento dentro da área de pesca. O fato de uma espécie não ter sido
amostrado em um determinado mês não implica que a espécie não ocorreu
nesse mês, tornando essa classificação subjetiva.
Carcinofauna
A participação da Carcinofauna nos descartes da pesca de arrasto do X.
kroyeri é alta (HILL & WASSENBERG 2000) e relatada em diversos trabalhos
(Quadro 2.1). Em Anchieta foi o principal grupo zoológico capturado
representando 26,4% do total da biomassa.
Quadro 2.1. Comparação da riqueza de espécies e de famílias da Carcinofauna
constituinte da fauna acompanhante da pesca do X. kroyeri.
Autor
Local
Espécies
Famílias
Presente Estudo Anchieta - ES 21 15
MANTELATTO & FRANSOZO (2000) Ubatuba - SP 50 10
S
EVERINO
-
R
ODRIGUES
et al.
(2002)
Praia de Perequê - SP 41 20
BRANCO & FRACASSO (2004b) Armação do Itapocoroy - SC 28 15
SAMPAIO & FAUSTO-FILHO (1984) Enseada do Mucuripe - CE 18 -
BRANCO & LUNARDON-BRANCO (1993) Matinhos - PR 11 4
S
ANTOS
et al.
2000
Lagoa do Peixe - RS 11 -
Dentre as 15 Famílias que ocorreram em Anchieta, a Portunidae
destaca-se por apresentar uma elevada biomassa nos arrastos, foi
responsável por 70% da biomassa do grupo, semelhante ao estado do Ceará
(80,9%) (SAMPAIO & FAUSTO-FILHO 1984), o Paulo (84,2%) (MANTELATTO &
FRANSOZO 2000), Paraná (86,9%) (LUNARDON-BRANCO & BRANCO 1993) e em
Santa Catarina (93,2%) (BRANCO et al. 1998).
Callinectes ornatus, C. danae e H. pudibundus se destacaram com
relação a abundância e biomassa da Carcinofauna. Essas mesmas espécies
dominaram em todo o litoral da Armação do Itapocoroy (BRANCO & FRACASSO
2004b). No Balneário Shangri-Lá (PR), C. danae foi o segundo portunídeo
mais abundante no rejeito do X. kroyeri sendo descartado juntamente com C.
ornatus (ALVERSON et al. 1994). H. pudibundus é considerado por
FRACASSO & BRANCO (2005) e SEVERINO-RODRIGUES et al. (2002) como
principal representante da família Calappidae na fauna acompanhante da
pesca do camarão.
Callinectes ornatus apresentou a maior biomassa da Carcinofauna,
entretanto os juvenis representaram 76,4% da população. BRANCO &
FRACASSO (2004a) apresenta C. ornatus como espécie mais abundante da
Carcinofauna da Armação do Itapocoroy (SC). BAPTISTA et al. (2003) no
Balneário de Shangri-Lá (PR) confirmam a ocorrência maior de juvenis na
população deste siri. MANTELLATO & FRANSOZO (1998) e NEGREIROS-FRANSOZO
et al. (1999) observaram um padrão contínuo de recrutamento em Ubatuba
(SP) para a espécie C. ornatus aumentando assim a quantidade de juvenis na
população. BRANCO & FRACASSO (2004a) registraram para a Armação do
Itapocoroy, que a pesca de arrasto do X. kroyeri atua, principalmente, sobre
os siris adultos, mas uma parcela considerável de juvenis é vulnerável a essa
atividade.
A pesca de X. kroyeri em Anchieta incide no estoque adulto de H.
pudibundus, resultado semelhante ao da Armação do Itapocoroy (SC) cuja
pesca artesanal de X. kroyeri, tem causado maior impacto sobre os
exemplares adultos (FRACASSO & BRANCO 2005). Apesar de o apresentar
interesse comercial imediato, H. pudibundus desempenha importante papel
ecológico no ambiente marinho (FAUSTO-FILHO 1967), sendo freqüentemente
registrados nos levantamentos faunísticos das regiões norte (SAMPAIO &
FAUSTO-FILHO 1984) e sudeste do Brasil (MANTELATTO & FRANSOZO 1994,
REIGADA & NEGREIROS-FRANSOZO 1999, HEBLING & RIEGER 2003). Essa espécie
apresenta importância média na composição da fauna acompanhante no
litoral paulista, sendo rejeitado tanto na pesca artesanal como industrial de X.
kroyeri (GRAÇA-LOPES et al. 2002).
O siri Callinectes danae apresentou uma elevada biomassa coincidindo
com os arrastos do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (LOEBMANN & VIEIRA
2006). No Balneário Shangri-lá, C. danae é o segundo portunídeo mais
abundante no rejeito do camarão X. kroyeri, sendo descartado juntamente
com C. ornatus e diversas espécies de peixes jovens, caracterizando o
expressivo impacto dessa modalidade pesqueira (ALVERSON et al. 1994). Em
Anchieta, os indivíduos adultos dominaram, semelhante ao Balneário de
Shangri- (PR) (BAPTISTA-METRI et al. 2005). CHACUR & NEGREIROS-
FRANSOZO (2001) citam que os indivíduos jovens são encontrados em áreas
estuarinas, onde os pescadores não atuam, o que explica a prevalência de
captura dos adultos.
SEVERINO-RODRIGUES et al. (2002), BRANCO & FRACASSO (2004a) e
FRACASSO & BRANCO (2005) em razão da freqüência de ocorrência nas
amostras citam que Callinectes ornatus, Callinectes danae e Hepatus
pudibundus podem ser consideradas como as espécies típicas da
Carcinofauna acompanhante da pesca desse camarão em águas rasas do
litoral paulista. Em razão disso, suas populações o tamm as mais
passíveis de risco de desequilíbrio, como conseqüência de captura incidental.
A pesca de arrasto do X. kroyeri em Anchieta captura uma grande
porcentagem de espécies de ocorrência ocasional (43%), entretanto o impacto
desta pesca é mais efetivo sobre as espécies de ocorrência regular, que
representaram mais de 95% da biomassa do grupo. A elevada incidência de
espécies ocasionais nos arrasto de camarão tamm foi documentada por
BRANCO & FRACASSO (2004b) que registraram aproximadamente 64% da
Carcinofauna como espécies ocasionais. BOSCHI (1969), CARRANZA-FRASER &
GRANDE (1982) e SAUL & CUNNINGHANN (1995) citam que este padrão pode ser
atribuído, em parte, às características hidrográficas da região, que acarretam
alterações no sedimento, temperatura, salinidade e instabilidade das regiões
costeiras, e tamm aos eventos do ciclo de vida das espécies.
Proporção Xiphopenaeus kroyeri : fauna acompanhante
Para cada quilo de X. kroyeri foi capturado 8,15 quilos de fauna
acompanhante em Anchieta (sem considerar o lixo), coincidindo com os dados
de COELHO et al. (1985). Esta proporção 1:8,15 é inferior ao proposto por
CONOLLY (1986), que cita uma proporção de 1:11 kg. A proporção X.
kroyeri:Ictiofauna em Anchieta foi inferior ao proposto por SLAVIN (1983) que
registrou uma proporção mundial de 1:5 kg em águas temperadas e de 1:10
kg em águas tropicais (Tabela 2.13).
Tabela 2.13. Comparação entre X. kroyeri e os grupos da fauna acompanhante na
pesca de arrasto do presente estudo com outros autores. (A) BRANCO & FRACASSO
(2004b), (B) CONOLLY (1986), (C) COELHO et al. (1988), (D) GRAÇA-LOPES et al.
(2002), (E) PAIVA-FILHO & SCHMIEGELOW (1986).
Grupo
Presente
estudo A B C D E
X. kroyeri
: Echinofauna
1:0,12 1:0,16
- - - -
X. kroyeri
: Malacofauna
1:0,22 1:0,37
- - - -
X. kroyeri
: Cnidofauna
1:0,22 1:1,66
- - - -
X. kroyeri
: Outros
1:0,003 - - - - -
X.
kroyeri
: Bryozoa
1:1,17 - - - - -
X. kroyeri
: Ictiofauna
1:1,34 1:3,39
- - - -
X. kroyeri
: Carcinofauna
1:2,73 1:1,44
- - - -
X. kroyeri
: Lixo
1:3,52 1:0,76
- - - -
X. kroyeri
: Fauna acompanhante
1:8,15 1:7,78
1:11,0
1:1,25
1,26:1
1:1,08
A grande biomassa e diversidade da fauna acompanhante da pesca de
arrasto do camarão foram documentadas por vários autores (ROBERT et al.
2007, BRANCO & VERANI 2006, GOMES & CHAVES 2006, LOEBMANN & VIEIRA
2006, BRANCO & FRACASSO 2004, SEVERINO-RODRIGUES et al. 2002, GRAÇA-
LOPES et al. 2002). Uma série de destinos a este rejeito está sendo abordada
no Brasil como forma de aproveitamento da fauna, como por exemplo, SANTOS
et al. (2007) que utiliza os peixes da fauna acompanhante como alimento para
pós-larva de Litopenaeus vannamei e no cultivo da tilápia (Oreochromis niloticus).
BRANCO (2001) cita a importância deste recurso no incremento da alimentação
de aves marinhas no sul do Brasil. Apesar das iniciativas, a fauna
acompanhante ainda é um transtorno e o uma matéria-prima, pois o preço
de mercado que poderia ser atingido por essa fração da produção não
viabilizaria os custos de sua manutenção a bordo, transporte e desembarque,
principalmente em embarcações pequenas que o dispõem de espaço
suficiente de porão, nem sistema de frigorificação, reservando espaço e gelo
para a produção mais nobre, o camarão e a fração comercializável da fauna
acompanhante (GRAÇA-LOPES et al. 2002).
As soluções propostas pela FAO (Food and Agriculture Organization of
the United Nations) para minimizar a captura incidental ainda não são
utilizadas em larga escala. Equipamentos como o dispositivo para excluir
tartarugas (TED – Turtle Excluder Device), o dispositivo para redução de
fauna acompanhante (BRD – Bycatch Reduce Device) e o dispositivo de
exclusão de juvenis e lixo (JTED - Juvenile and Trash Excluder Device)
deveriam ser obrigatórios em todas as pescas de arrasto. Além disso, a
criação de zonas de exclusão de pesca e reservas marinhas funcionaria como
áreas de amortecimento de pesca e fonte de animas para repovoamento das
áreas de atividade pesqueira. Outra alternativa seria o incentivo a maricultura
para incremento de renda desses pescadores fazendo com que diminua o
tempo de pesca e aumente a renda do pescador sem necessidade de
aumentar o esforço de pesca. Em Anchieta, a atividade de maricultura por
parte de alguns pescadores camaroeiros como incremento de renda.
Conclusão
A fauna acompanhante na pesca dirigida ao X. kroyeri está representada
por 100 espécies, 85 gêneros e 57 famílias. O lixo orgânico (folhas, galhos,
propágulos e algas) dominou em biomassa, a Carcinofauna ocupou a
segunda posição, seguido da Ictiofauna.
Em Anchieta ocorreu o predomínio de espécies da Família dos
Sciaenidae seguindo o padrão registrado nas pescarias de camarões das
regiões Sudeste-Sul do Brasil. Callinectes ornatus, Hepatus pudibundus e
Callinectes danae foram as principais espécies da Carcinofauna sendo C.
ornatus a espécie dominante tanto em biomassa quanto em mero de
espécimes nos arrastos.
O descarte registrado na pesca artesanal de X. kroyeri foi elevado
devido à grande quantidade de juvenis e exemplares de pequeno porte, fato
agravado pela ocorrência de Lixo Orgânico que contribuiu para a obliteração
da malha da rede, causando redução na seletividade. Para cada quilograma
da espécie-alvo o capturados, aproximadamente 8,15 kg de fauna
acompanhante.
A pesca de arrasto em Anchieta é uma atividade impactante por capturar
um grande número de juvenis e espécimes de pequeno porte, tanto da
espécie alvo quanto de espécies sem valor econômico e a utilização de
artefatos de pesca como TED, BRD e JTED poderiam reduzir a captura dessa
fauna incidental e deveriam ser testados em Anchieta.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em Anchieta a população de X. kroyeri apresentou o período de
reprodução e recrutamento ao longo do ano estando parcialmente de acordo
com o período de defeso da Instrução Normativa IBAMA n
o
189/2008. A pesca
do X. kroyeri atua sobre o estoque de fêmeas juvenis e de machos adultos o
que pode comprometer a atividade de pesca em Anchieta.
A fauna acompanhante em Anchieta apresentando uma biomassa e
diversidade elevada de fauna acompanhante. Foi constitda por um grande
número de indivíduos juvenis o que pode causar um decréscimo no potencial
do estoque desovante e no rendimento das pescarias.
A pesca de arrasto do X. kroyeri é considerada predatória e não seletiva
e que assume dimensões preocupantes especialmente quando se depara
com o número elevado de juvenis que são devolvidos mortos ao mar.
ANEXO 1
97
ANEXO 2
98
Anexo 2: Biomassa mensal das espécies da fauna acompanhante capturada na pesca de arrasto do camarão Xiphopenaeus
kroyeri em Anchieta, Espírito Santo durante o ano de 2008.
Táxon
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Total
Tal
ófita
Alga 10.034
3.969
0.434
0.143
0.597
0.186
0.177
5.472
0.335
0.000
0.634
0.028
22.010
Ascidiacea
Massa roxa 0.026
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.026
Bryozoa
Bryozoário 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.074
0.000
0.000
0.116
0.005
0.194
Membraniporopsis tubigera
13.905
22.220
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.054
0.000
36.178
Cnidaria
Renillidae
Renila reniformis
0.000
0.044
0.173
0.057
0.444
0.276
0.013
0.039
0.085
0.013
0.080
0.061
1.285
Scyphozoa
Água-viva 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
1.885
1.185
0.000
0.525
0.015
0.667
4.278
Anthozoa
Anêmona 0.050
0.043
0.004
0.037
0.018
0.005
0.000
0.021
0.022
0.003
0.011
0.009
0.225
Gorgoniidae
Gorgonia 0.203
0.265
0.007
0.014
0.027
0.022
0.001
0.003
0.012
0.000
0.064
0.004
0.621
99
Hydrozoa
Hidrozoário sp1 0.000
0.118
0.013
0.003
0.002
0.057
0.035
0.000
0.017
0.005
0.002
0.013
0.265
Hydrozoário sp2 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.009
0.085
0.000
0.000
0.094
Hydrozoário sp3 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.004
0.000
0.000
0.000
0.004
Hydrozoário sp4 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.013
0.000
0.000
0.013
Crustacea
Sergestidae
Acetes americanus
0.000
0.002
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.001
0.001
0.000
0.000
0.000
0.005
Alpheidae
Alpheus
sp.
0.000
0.002
0.000
0.001
0.000
0.000
0.000
0.000
0.001
0.002
0.000
0.000
0.007
Portunidae
Callinectes danae
0.059
0.161
0.205
0.443
1.698
0.494
0.776
0.195
0.263
0.000
0.359
4.661
9.315
Callinectes ornatus
2.234
5.494
6.765
6.420
5.758
2.543
1.539
5.675
2.736
0.698
1.740
7.640
49.243
Continuação...
Táxon
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Total
Portunus spinimanus
0.000
0.000
0.014
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.014
Anomura
Ermitão 0.000
0.000
0.015
0.031
0.012
0.011
0.000
0.021
0.000
0.000
0.040
0.011
0.140
100
Hippolytidae
Exhippolysmata oplophoroides
0.014
0.026
0.001
0.010
0.186
0.054
0.035
0.028
0.018
0.007
0.078
0.204
0.660
Penaeidae
Farfantepenaeus paulen
sis
0.331
1.499
0.789
0.459
0.389
0.047
0.057
0.032
0.025
0.017
0.000
0.680
4.325
Litopenaeus schimitti
1.080
0.254
0.739
0.195
0.006
0.064
0.044
0.012
0.026
0.300
0.000
0.384
3.106
Xiphopenaeus kroyeri
1.032
0.530
0.245
0.623
2.299
4.534
2.516
2.276
1.864
1.354
1.398
12.454
31.125
Calappidae
Hepatus pudibundus
0.315
1.169
1.198
2.343
0.875
0.701
0.198
0.879
1.152
0.145
0.523
0.750
10.246
Majidae
Libinia ferreirae
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.091
0.000
0.000
0.079
0.000
0.000
0.000
0.171
Palaemonidae
Nematopalaemon schmitti
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.001
0.000
0.000
0.000
0.001
0.000
0.059
0.062
Macrobrachium
sp.
0.000
0.005
0.000
0.002
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.008
Xanthidae
Panopeus 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.060
0.000
0.000
0.000
0.060
Xanthidae 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.022
0.000
0.000
0.000
0.000
0.022
Leucosiidae
Persephona crinita
0.060
0.065
0.066
0.076
0.000
0.226
0.014
0.031
0.052
0.000
0.000
0.000
0.589
Persephona punctata
0.012
0.299
0.864
1.646
0.917
1.034
0.242
0.491
1.121
0.027
0.000
0.005
6.657
101
Porcelanidae
Porcelanidae 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.001
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.001
Raninidae
Raninoides loevis
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.005
0.005
0.000
0.000
0.009
Sicyoniidae
Sicyonia dorsalis
0.035
0.069
0.017
0.038
0.000
0.003
0.022
0.018
0.011
0.000
0.005
0.000
0.217
Squillidae
Squilla neglecta
0.010
0.000
0.010
0.007
0.000
0.000
0.000
0.000
0.018
0.000
0.000
0.000
0.044
Continuação...
Táxon
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Total
Echinoderma
Astropectinidae
Astropecten marginatus
0.034
0.249
0.338
0.529
0.842
0.513
0.008
0.181
0.081
0.029
0.336
0.295
3.434
Luidiidae
Luidia senegalensis
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.096
0.000
0.000
0.032
0.000
0.069
0.000
0.197
Ophiuroidea
Ophiuroide 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.011
0.000
0.011
Mollusca
102
Aplysiidae
Aplysia
sp.
1.034
1.409
1.067
0.000
0.000
0.000
0.000
0.258
0.000
0.000
0.029
0.000
3.797
Loliginidae
Loligo sanpaulensis
0.000
0.000
0.000
0.024
0.013
0.000
0.019
0.019
0.007
0.014
0.000
0.034
0.131
Loligo
sp.
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.013
0.013
Arcidae
Lunarca ovalis
0.000
0.000
0.010
0.015
0.019
0.016
0.002
0.000
0.003
0.003
0.013
0.017
0.099
Ostreidae
Ostra 0.000
0.000
2.231
0.006
0.004
0.000
0.000
0.301
0.000
0.000
0.000
0.000
2.541
Cymatiidae
Cymatium
sp.
0.000
0.000
0.008
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.030
0.000
0.000
0.000
0.038
Postura 0.000
0.000
0.070
0.000
0.072
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.142
Ostheichtyes
Achiridae
Achirus declives
0.196
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.196
Achirus lineatus
0.009
0.000
0.002
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.011
Trinectes paulistanus
0.000
0.086
0.046
0.102
0.000
0.113
0.034
0.084
0.026
0.000
0.006
0.294
0.793
Carangidae
Chloros
combrus chrysurus
0.000
0.000
0.004
0.016
0.195
1.748
0.000
0.520
1.253
1.706
0.009
0.326
5.776
103
Oligoplites saliens
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.009
0.000
0.000
0.009
Selene setapinnis
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.025
0.000
0.000
0.000
0.005
0.000
0.000
0.030
Selene vomer
0.024
0.001
0.000
0.002
0.004
0.000
0.000
0.000
0.012
0.000
0.000
0.051
0.095
Continuação...
Táxon
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Total
Clupeidae
Harengula clupeola
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.692
0.044
0.000
0.000
0.000
0.736
Odontognathus mucronatus
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.022
0.034
0.028
0.000
0.006
0.090
Opisthonema oglinum
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.514
0.000
0.407
0.429
0.033
0.000
0.000
1.383
Pellona harroweri
0.061
0.095
0.004
0.018
0.000
0.027
0.000
0.269
0.831
0.384
0.010
1.713
3.412
Sardinella janeiro
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.024
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.024
Chirocentrod
on bleekerianus
0.000
0.008
0.004
0.000
0.000
0.001
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.006
0.020
Cynoglossidae
Symphurus tessellatus
0.108
0.000
0.054
0.251
0.000
0.015
0.000
0.085
0.101
0.013
0.000
0.341
0.967
Diodontidae
Chi
lomycterus reticulatus
0.000
0.000
0.000
1.174
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
1.174
Chilomycterus spinosus
0.416
0.263
0.315
0.050
3.992
0.568
0.000
0.526
0.633
0.000
0.094
0.000
6.857
Engraulidae
104
Anchoa filifera
0.000
0.000
0.000
0.011
0.000
0.000
0.000
0.000
0.208
0.000
0.000
0.000
0.218
Anchoa spinifer
0.000
0.069
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.020
0.000
0.000
0.089
Centengraulis edentulus
0.000
0.029
0.000
0.111
0.000
0.063
0.000
0.000
0.000
0.058
0.000
0.172
0.433
Lycengraulis grossidens
0.000
0.048
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.027
0.108
0.000
0.000
0.170
0.352
Ephippidae
Chaetodipterus faber
0.000
0.014
0.003
0.000
0.004
0.003
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.008
0.031
Gempylidae
Gempylus serpens
1.248
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
1.248
Gerreidae
Eucinostomus gula
0.000
0.064
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.064
Haemulidae
Conodon nobilis
0.400
0.184
0.169
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.005
0.005
0.763
Orthopristis ruber
0.000
0.000
0.021
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.021
Lutjanidae
Lutjanus synagris
0.000
0.000
0.005
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.005
Muraenidae
Gymnothorax ocellatus
0.090
0.412
0.108
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.610
Continuação...
105
Táxon
Jan
Fev
Mar
Abr
M
ai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Total
Ophichthidae
Ophichthus gomesii
0.316
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.316
Paralichthyidae
Citharichthys macrops
0.000
0.024
0.092
0.000
0.000
0.000
0.000
0.006
0.000
0.000
0.000
0.000
0.122
Etropus crossotus
0.000
0.022
0.218
0.000
0.000
0.017
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.258
Paralichthys orbignyamus
0.105
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.105
Syacium papi
llosum
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.056
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.056
Sciaenidae
Larimus breviceps
0.025
0.100
0.202
0.043
0.054
0.058
0.000
0.022
0.048
0.061
0.000
0.014
0.626
Micropogonias furnieri
0.000
0.000
0.020
0.000
0.000
0.000
0.000
0.101
0.107
0.158
0.098
0.000
0.484
Stellifer sp.
0.000
0.786
0.310
0.059
0.342
0.311
0.135
0.456
0.631
0.153
0.222
1.208
4.612
Ctenosciaena gracilicirrhus
0.000
0.000
0.000
0.004
0.000
0.044
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.048
Cynoscion leiarchus
0.399
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.399
Isopisthus parvipinnis
0.000
0.327
0.000
0.003
0.004
0.055
0.031
0.170
0.366
0.201
0.000
0.202
1.359
Macrodon ancylodon
0.000
0.047
0.000
0.025
0.267
0.108
0.174
0.064
0.000
0.000
0.000
0.130
0.815
Menticirrhus americanus
0.133
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.133
Menticirrhus littoralis
0.000
0.000
0.000
0.163
0.119
0.085
0.000
0.000
0.119
0.000
0.000
0.000
0.486
Paralon
churus brasiliensis
0.000
0.480
0.589
0.141
0.061
0.051
0.000
0.203
0.545
0.351
0.144
1.260
3.826
106
Nebris microps
0.000
0.000
0.000
0.000
0.004
0.000
0.000
0.000
0.008
0.012
0.000
0.039
0.064
Scombridae
Scomberomorus brasiliensis
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.123
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.123
Scomberomorus sp. 1
0.049
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.049
Scomberomorus sp. 2
0.021
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.021
Serranidae
Diplectrum formosum
0.000
0.000
0.032
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.032
Stromateidae
Peprilus paru
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.130
0.000
0.174
0.000
0.000
0.000
0.000
0.304
Syngnathidae
Microphis lineatus
0.000
0.001
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.001
Continuação...
Táxon
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Total
Tetraodontidae
Lagocephalus laevigatus
0.000
0.000
0.000
0.000
0.666
0.006
0.000
0.000
0.053
0.009
0.040
0.051
0.824
Sphoeroides testudineus
0.206
0.000
0.013
0.004
0.032
0.000
0.000
0.069
0.000
0.000
0.000
0.112
0.437
Trichiuridae
107
Tri
chiurus lepturus
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.041
0.000
0.000
0.000
0.000
0.137
0.179
Triglidae
Prionotus punctatus
0.005
0.000
0.213
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.218
Chondrichtyes
Rhinobatidae
Rhinobatos percellens
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.321
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.321
Porífera
Demospongiae
Esponja marrom 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.002
0.000
0.000
0.000
0.000
0.002
Esponja roxa 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.028
0.000
0.040
0.000
0.000
0.000
0.000
0.068
Esponja verde 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.004
0.000
0.000
0.000
0.000
0.004
Esponja vermelha 0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.000
0.005
0.000
0.000
0.000
0.000
0.005
Lixo
Inorgânico 0.330
0.544
0.268
0.089
0.470
0.121
0.057
0.265
0.237
0.055
0.428
0.140
3.003
Orgânico 3.942
47.307
1.945
6.340
4.095
3.595
0.164
1.131
3.881
1.003
6.538
4.678
84.619
Total
38.55
88.80
19.92
21.73
24.48
19.18
8.22
22.58
17.74
7.51
13.17
39.06
320.95
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