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chefes de família como prováveis proprietários dos inúmeros rebanhos
existentes, dos utensílios de metal, artigos de luxo e, finalmente, o gado
humano: os escravos.
5. Família monogâmica: Nasce da família sindiásmica, porém baseia-se no
predomínio do homem, no período compreendido entre o estado médio e o
superior da barbárie; destaca-se uma solidez muito maior dos laços conjugais,
que já não podem ser rompidos por vontade de qualquer das partes, só o
homem tem o direito de rompê-los. A este, da mesma forma, se dá o direito à
infidelidade conjugal, ocorrendo o oposto com a mulher. Esta, para o homem,
não passa da mãe de seus filhos legítimos, aquela que cuida da casa e vigia as
escravas. Dela, ainda, exige-se que tolere tudo, inclusive os relacionamentos
entre o marido e as escravas, transformadas por ele em concubinas. A
monogamia foi a primeira forma de família que não surge por condições
naturais, mas sim econômicas, perpetuando a superioridade da propriedade
privada sobre a comum, primitiva. (CANEVACCI, 1981 p. 56 a 57).
De acordo com Engels (1946), o surgimento da família monogâmica está ligado ao
aparecimento da propriedade privada. Diz o autor que, pela ordem matrilinear que
imperava nas sociedades antigas, enquanto os filhos pertencessem à mãe de forma
exclusiva, o homem não teria para quem deixar seus bens. Assim, em proveito de seus
filhos, o homem transforma a ordem matrilinear de herança (estabelecida na família
Punaluana) em herança paterna, estabelecida na família Sindiásmica. Obviamente,
para isso acontecer, é abolido o direito materno, sendo este substituído pela filiação
masculina, garantida pela fidelidade feminina. Daí a importância da virgindade e da
fidelidade conjugal da mulher, para a sucessão do patrimônio.
Até o século X da era cristã, as preocupações com a divisão do patrimônio familiar
não tinham grande expressão. Mas, a partir do século XIV, mudanças aconteceram na
família. Rodrigues e Abeche (2005) citando Poster (1979) dizem que este autor pontua
quatro modelos familiares:
1. Família aristocrática/patriarcal: as casas da aristocracia européia, no
antigo regime monárquico, consistiam num agrupamento que ia de 40 até mais
de 200 pessoas. Comportavam uma mistura de parentes, dependentes e
clientes; as relações pautavam-se em excessiva hierarquia, e os papéis eram
fixados por rígidas tradições. Os grandes castelos eram lugares públicos e