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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
BIBLIOTECA ESCOLAR:
DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Katiane Crescente Lourenço
Dissertação apresentada como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em Letras, na
área de concentração de Teoria da Literatura, pelo
Programa de Pós-Graduação da Faculdade de
Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul.
Dr. Vera Teixeira de Aguiar
Orientador
Porto Alegre
2010
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AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior CAPES, pela
concessão da bolsa de pesquisa;
À Profª Vera Teixeira de Aguiar, pela orientação criteriosa durante o trabalho, com
colocações que foram essenciais para a minha qualificação profissional. Obrigada pela
atenção e pelo carinho.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), pelas referências durante as disciplinas, que foram e
estão sendo muito importantes para a minha formação.
À Secretaria de Educação, Esporte e Lazer de São Leopoldo, pela acolhida e pelo
interesse que demonstraram na realização do Curso de Formação. Em especial, à secretária
Maria Luiza da Cunha Sedrez e à coordenadora pedagógica Leocádia Inês Schoffen, pela
aceitação da pesquisa. Agradeço também à Lucrécia Raquel Fuhrmann e Sandra Lanzoni, pela
atenção e apoio dispensadas e por estarem presentes em todos os encontros do Curso,
representando a SMED.
Às professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares de São Leopoldo, pela
recepção e pela troca durante o Curso, pois foram momentos muito significativos para mim.
Ao Celso Sisto e à Paula Mastroberti, pela disponibilidade de ministrarem uma
palestra às professoras durante o Curso.
À Profª Simone Assumpção, por incentivar a minha continuidade acadêmica.
À Talita Félix Schneider, pela amizade e pelo apoio.
A todos os meus familiares, pela compreensão durante o trabalho, com destaque para
os meus pais, Pedro João Crescente e Elga Ana Crescente.
Em especial, ao meu marido, Luís Fernando Lourenço, que esteve presente com suas
opiniões, apoiando e compartilhando deste momento tão importante para a minha formação
profissional.
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“Os livros, penso que são
Como portas encantadas,
Que levam a lindas terras,
Onde moram anões e fadas.
Lugares longe e tão belos
Aonde eu não podia ir,
Mas, agora, com esta porta
É só ter cuidado e... abrir.”
(Adelaide Love)
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RESUMO
Este trabalho tem como finalidade apresentar a criação de uma proposta para a
formação do mediador de leitura literária fundada nos resultados de uma experiência empírica
de pesquisa, por meio de um Curso de Formação, tendo como amostra 25 professoras
responsáveis pelas bibliotecas escolares do município de São Leopoldo/RS. O Curso de
Formação, Biblioteca escolar: da mediação à prática de leitura, apresentou diversas
temáticas, por meio de oficinas, palestras, debates e grupos de estudos, com o intuito de
sensibilizar as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares a repensarem a sua prática.
Como material de pesquisa, adotaram-se as produções feitas pelas professoras, bem como as
observações registradas durante o Curso, as quais permitiram identificar os seguintes itens,
em relação ao mediador: perfil de entrada, qualificação e perfil de saída. A partir de então,
formularam-se as conclusões dessa experiência, verificando-se, assim, as contribuições do
Curso de Formação para o desempenho profissional do grupo envolvido no processo. A
fundamentação teórica do trabalho e do Curso disse respeito aos estudos sobre o histórico e os
gêneros da literatura infantil, bem como da leitura no ambiente escolar, com destaque para o
papel do mediador de leitura na formação de leitores.
Palavras-chave: Biblioteca escolar. Formação do professor. Mediação de leitura.
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ABSTRACT
This paper intends to present a proposal for the training of a literary reading mediator
based on the results of an empiric research experience through Courses, having 25 librarian
teachers from São Leopoldo, RS, as sample. The course School Library: from mediation to
practice presented various themes in workshops, lectures, debates and study groups, aiming
to sensitize librarian school teachers to rethink their practice. As research material, teachers’
writings and observations made along the courses, were used, and those allowed one to
identify the following items, related to mediator: entrance profile, qualification and exit
profile. From that on, the implications of this experience were analyzed, and the contribution
of the Course for the professional performance of the group involved in the process was
verified. The theoretical groundings for this paper and for the Course are related to Children
literature genre and history, as well as to school environment, with highlights for the role of
the reading mediator in readers’ training.
Key-words: School Library. Teacher training. Reading mediation.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................10
1 A LEITURA PARA CRIANÇAS ................................................................................14
1.1 A LITERATURA INFANTIL EM SEU PERCURSO ...............................................14
1.2 OS GÊNEROS DA LITERATURA INFANTIL .........................................................21
1.2.1 A tradição das narrativas populares .........................................................................21
1.2.2 O mundo encantado dos contos de fadas .................................................................24
1.2.3 A ilustração nos livros de imagens e nas narrativas curtas ......................................27
1.2.4 O lúdico na poesia infantil .......................................................................................30
1.3 AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS.........................................................................36
2 A LEITURA E A BIBLIOTECA ESCOLAR ............................................................39
2.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA LEITURA ........................................................................39
2.2 A LEITURA NA ESCOLA .........................................................................................45
2.3 O ESPAÇO DA BIBLIOTECA ESCOLAR ................................................................48
2.4 O PAPEL DO MEDIADOR DE LEITURA ...............................................................52
2.5 A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO ...............................................................55
3 A PESQUISA EMPÍRICA............................................................................................60
3.1 A DELIMITAÇÃO DO CORPUS ...............................................................................60
3.2 O CURSO DE FORMAÇÃO: INSTRUMENTOS E ETAPAS DA PESQUISA ......64
4 OS MEDIADORES E SUA VOZ ................................................................................71
4.1 AS PRÁTICAS DE LEITURA: EXPERIÊNCIAS VIVIDAS ....................................71
4.2 A LEITURA NA ESCOLA E NA BIBLIOTECA ......................................................76
4.3 AS IMPRESSÕES EM RELAÇÃO AO CURSO .......................................................85
4.4 A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS ...................................................................88
5 A MEDIAÇÃO LITERÁRIA ......................................................................................92
5.1 O MEDIADOR COMO LEITOR ...............................................................................92
5.2 O MEDIADOR COMO FORMADOR DE LEITORES..............................................96
8
CONCLUSÃO...................................................................................................................105
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................111
APÊNDICES ....................................................................................................................119
APÊNDICE A - Modelo de autorização para as professoras ............................................120
APÊNDICE B - Modelo de autorização para as escolas....................................................122
APÊNDICE C - Modelo de ficha de observação ...............................................................124
APÊNDICE D - Observações dos encontros do Curso ......................................................126
APÊNDICE E - Modelo de produção textual inicial e final "Na biblioteca dos meus
sonhos, as crianças..."..............................................................................141
APÊNDICE F - Cronograma do Curso de Formação ........................................................143
APÊNDICE G - Modelo de produção textual "Participando deste Curso, eu busco...".....147
APÊNDICE H - Material teórico sobre literatura infantil..................................................149
APÊNDICE I - Material prático sobre os contos populares ..............................................156
APÊNDICE J - Material prático sobre os livros de imagens e as narrativas curtas ..........159
APÊNDICE K - Modelo de produção textual "Na minha escola, a leitura..." ...................162
APÊNDICE L - Material teórico sobre a leitura na escola ...............................................164
APÊNDICE M - Material teórico sobre os contos de fadas...............................................168
APÊNDICE N - Modelo de produção textual "Na biblioteca da minha escola, eu...".......180
APÊNDICE O - Material teórico sobre a biblioteca escolar .............................................182
APÊNDICE P - Material teórico sobre as histórias em quadrinhos...................................189
APÊNDICE Q - Modelo de questionário - obras trabalhadas............................................200
APÊNDICE R - Material teórico sobre os critérios para selecionar um livro infantil .......202
APÊNDICE S - Modelo de questionário - interesses e hábitos de leitura..........................208
APÊNDICE T - Material teórico sobre a poesia infantil....................................................210
APÊNDICE U - Material teórico para a elaboração de um projeto de leitura ...................219
APÊNDICE V - Modelo de produção textual avaliativa "O que mais me marcou no Curso
foi..." ........................................................................................................222
ANEXOS ...........................................................................................................................224
ANEXO A - Autorização da SMED para uso do material.................................................225
ANEXO B - Análises de obras infantis..............................................................................227
ANEXO C - Projetos de leitura elaborados pelas professoras ...........................................235
9
ANEXO D - Respostas do questionário - interesses e hábitos de leitura...........................242
ANEXO E - Respostas da produção textual "Na minha escola, a leitura..."......................258
ANEXO F - Respostas da produção textual "Na biblioteca da minha escola, eu..."..........264
ANEXO G - Respostas do questionário - obras trabalhadas..............................................271
ANEXO H - Respostas da produção textual "Participando deste Curso, eu busco..." .......278
ANEXO I - Respostas da produção textual "O que mais me marcou no Curso foi..."......283
ANEXO J - Respostas da produção textual inicial "Na biblioteca dos meus sonhos, as
crianças..." ......................................................................................................288
ANEXO K - Respostas da produção textual final "Na biblioteca dos meus sonhos, as
crianças..." ......................................................................................................293
10
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como enfoque a criação de uma proposta para a formação do
mediador
1
de leitura literária, fundada nos resultados de uma experiência empírica de
pesquisa, tendo como amostra as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares
municipais de São Leopoldo.
Esse estudo se justifica, na medida em que se entende a importância da mediação de
leitura na escola, por meio de atividades como a contação de histórias, pois é através de uma
história envolvente que as crianças irão adquirir o gosto pela leitura, desenvolverão a
imaginação e enriquecerão a linguagem, tornando-se, assim, leitores. Portanto, é necessário
que os professores responsáveis pelas bibliotecas escolares sejam mediadores de leitura,
oportunizando às crianças contato com obras literárias de qualidade. Nesse sentido, é
fundamental que o professor seja um leitor, para que, assim, possa incentivar a leitura na
escola.
Como a temática é a formação do mediador de leitura literária, fez-se um
levantamento no Banco de Teses da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) em várias Instituições de Ensino Superior no Brasil
2
, e, por meio dessa
pesquisa, verificou-se que trabalhos envolvendo a questão da mediação de leitura literária,
porém nenhum, especificamente, com o profissional responsável pela biblioteca escolar.
Assim, levando-se em conta o foco da pesquisa, destacam-se os cinco mais relevantes que
envolveram a questão da mediação de leitura.
A dissertação Leitura e escritura: olhares sobre mediação, de José Wanderley Alves
de Sousa, orientada por Neide Medeiros Santos, foi defendida na Universidade Federal da
Paraíba, em 1997. A pesquisa trata da contextualização da situação atual dos mediadores de
1
Entende-se como mediador aquele que realiza um trabalho significativo de leitura com crianças e jovens, como
o professor responsável pela biblioteca, o bibliotecário, o professor titular da turma e demais agentes culturais.
2
Universidades pesquisadas: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal Fluminense (UFF),
Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul (UFMS), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Universidade Federal do Paraná
(UFPR), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Universidade Estadual de Maringá (UEM),
Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS),
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
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leitura formados pelos Cursos de Licenciaturas, Letras e Pedagogia, do Centro de Formação
de Professores - CEP, da Universidade Federal da Paraíba, sediado em Cajazeiras, cidade do
Alto Sertão Paraibano, apresentando o relato de uma experiência desenvolvida numa oficina
de leitura e produção textual com esses profissionais.
A dissertação Leitura de literatura e sua relação com a consciência social do sujeito,
de Baiard Ibaté Brocker da Rosa, orientada por Vera Teixeira de Aguiar, foi defendida na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em 2004. Nessa pesquisa, o autor
analisa a relação entre a leitura de literatura e a constituição do sujeito social, tendo como
público-alvo um grupo de formação de mediadores de leitura, organizado pelo Programa de
Políticas Públicas de Leitura da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Destacou em sua
análise a necessidade de uma adequada mediação entre o texto literário e o seu receptor, por
meio do planejamento de ações que visem à promoção da leitura de literatura.
A dissertação A formação do leitor em cidades de pequeno porte: o caso Luiziana, de
Isaias Munis Batista, orientada por Alice Áurea Penteado Martha, foi defendida na
Universidade Estadual de Maringá, em 2004. Nessa pesquisa é feito um estudo, com base na
Sociologia da Leitura, sobre como têm atuado as instâncias mediadoras de leitura no contexto
escolar e extraescolar, na cidade de Luiziana. O levantamento foi feito por meio de
questionários e entrevistas; de posse dos registros, procedeu-se à análise da situação,
evidenciando os pontos de influência das instâncias mediadoras de leitura.
A dissertação Leitura e envolvimento: a escola, a biblioteca e o professor na
construção das relações entre leitores e livros, de Carlos Eduardo de Oliveira Klebis,
orientado por Lilian Lopes Martin da Silva, foi defendida na Universidade Estadual de
Campinas, em 2006. Nessa pesquisa o autor procurou investigar os determinantes de algumas
práticas de leitura entre sujeitos e textos no interior das escolas e bibliotecas escolares, com o
objetivo de melhor compreender as práticas escolares voltadas à formação de leitores,
buscando investigar as reais condições em que se dá a construção das relações entre leitores e
livros na escola pública.
A tese Um CLIC para perpetuar a felicidade clandestina: reflexões sobre mediação de
leitura, de Cristine Lima Zancani, orientada por Vera Teixeira de Aguiar, foi defendida na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em 2008. Nessa pesquisa o objeto de
estudo foi a mediação de leitura, a partir da figura do mediador que atua no CLIC, projeto de
pesquisa inserido no Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Foram feitas
entrevistas com os mediadores e as respostas foram examinadas relacionando as histórias de
12
leitura dos mediadores com as histórias do CLIC, visando contribuir para a criação de
parâmetros para a formação e atuação de mediadores.
A partir desses estudos, entende-se a necessidade de se repensar a prática de mediação
de leitura do profissional que está à frente de uma biblioteca escolar. Acrescente-se que esse
estudo sobre a formação de mediadores de leitura relaciona-se com a linha de pesquisa
Teorias Críticas da Literatura, que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Letras da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, na Área de Concentração de Teoria
da Literatura, dado esse que legitima e justifica a pesquisa proposta.
Os objetivos da pesquisa dizem respeito à criação de uma proposta para a formação do
mediador de leitura literária, tendo como foco os professores responsáveis por bibliotecas
escolares, instigando-os a repensarem a sua prática e a conscientizarem-se do papel
fundamental que exercem na formação de leitores; bem como à análise do perfil dos
profissionais responsáveis pelas bibliotecas escolares municipais de São Leopoldo.
As questões que norteiam a pesquisa são as seguintes: Qual a base teórica no
planejamento das atividades das professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares? Com
quais obras literárias as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares trabalham? Como
as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares veem sua prática como mediadoras de
leitura? Que atividades são desenvolvidas na biblioteca escolar para a formação de leitores?
Como qualificar a ação dos mediadores de leitura no espaço da biblioteca escolar?
Para isso, o primeiro capítulo faz um estudo sobre a teoria, a história e os gêneros da
literatura infantil, abrangendo os contos populares, os contos de fadas, os livros de imagens,
as narrativas curtas, a poesia infantil e as histórias em quadrinhos; pois se entende a
importância desses estudos para quem se propõe a mediar atividades de leitura com crianças e
jovens. Dentre os teóricos que embasaram esse capítulo, estão Jesualdo Sosa, Nelly Novaes
Coelho, Vera Teixeira de Aguiar e Regina Zilberman.
No segundo capítulo é feito um estudo partindo de uma perspectiva sociológica da
leitura, tendo como foco o ambiente escolar, e uma abordagem do espaço da biblioteca
escolar, para se chegar ao papel do mediador de leitura na formação de leitores. A base teórica
diz respeito aos escritos de Ezequiel Theodoro da Silva, Teresa Colomer, Michèle Petit, Isabel
Solé, Roger Chartier, Magda Soares, entre outros. Esse capítulo é fundamental para a análise
dos resultados da experiência empírica.
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O terceiro capítulo apresenta a metodologia da pesquisa, que é bibliográfica e de
campo, tendo como amostra 25 professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares
municipais de São Leopoldo, que fizerem parte do Curso de Formação Biblioteca escolar:
da mediação à prática de leitura. O método utilizado na pesquisa é de caráter qualitativo,
tendo como base os seguintes instrumentos: as produções textuais feitas pelas professoras e as
observações registradas pela pesquisadora durante o Curso. Tais informações serão
organizadas por categorias, de acordo com a temática enfocada nas produções.
O quarto capítulo diz respeito à análise dos dados referentes às produções textuais
feitas pelas professoras responsáveis pelas bibliotecas e as observações registradas durante o
Curso, tendo como base as categorias elaboradas. Vale ressaltar que, para que haja uma
comprovação dos resultados obtidos, são descritas as respostas das professoras.
Finalmente, o quinto capítulo tratará da interpretação dos resultados à luz do
referencial teórico, comparando os estudos realizados com as respostas dadas, verificando,
assim, se houve um crescimento teórico e prático das professoras, por meio da participação no
Curso. A partir dessas análises são confrontadas as questões norteadoras com os dados
obtidos a fim de se chegar às conclusões da pesquisa. Assim, comparam-se os perfis de
entrada e saída e chega-se ao cerne desse trabalho, verificando se o Curso contribuiu para o
mediador realizar um trabalho significativo na biblioteca escolar. A partir dessas constatações,
podem-se traçar coordenadas que contribuam para a efetiva qualificação das práticas de
mediação.
14
1 A LEITURA PARA CRIANÇAS
Ah! tu, livro despretensioso, que, na sombra de
uma prateleira, uma criança livremente descobriu,
pelo qual se encantou, e, sem figuras, sem
extravagâncias, esqueceu as horas, os
companheiros, a merenda... tu, sim, és um livro
infantil, e o teu prestígio será, na verdade, imortal.
Cecília Meireles
Neste primeiro capítulo é apresentado o percurso histórico da literatura infantil, bem
como os gêneros que a compõe, como contos populares, contos de fadas, livros de imagens,
narrativas curtas e poesia infantil. As histórias em quadrinhos têm um capítulo à parte, por ser
considerado um material de leitura que está à disposição das crianças, porém não
especificamente dirigido a elas, mas que, cada vez mais, ganha espaço no âmbito da literatura
infantil.
Assim, trata-se de uma explanação da teoria, como forma de legitimar o Curso de
Formação Biblioteca escolar: da mediação à prática de leitura, que teve o intuito de
expor, de forma sucinta, a teoria sobre os temas referidos, priorizando as atividades práticas
com esses gêneros da literatura infantil.
1.1 A LITERATURA INFANTIL EM SEU PERCURSO
A literatura infantil surgiu entre os culos XVII e XVIII, com a ascensão da
burguesia na sociedade européia. Antes disso, as crianças eram tratadas como adultos em
miniatura, pois compartilhavam, junto com os adultos, da vida social, política e religiosa da
comunidade (ZILBERMAN, 2003). Esse crescimento econômico e político resultou numa
nova ordem social e cultural, a qual impunha um sujeito “apto para exercer seu trabalho com
eficiência e dele obter lucros” (AGUIAR, 2001, p. 23). Portanto, foi a partir desse novo
15
modelo burguês de família que a infância foi compreendida como um período de interesses
próprios:
Tudo o que se referia às crianças e à família tornara-se um assunto sério e digno de
atenção. Não apenas o futuro da criança, mas também sua simples presença e
existência eram dignas de preocupação – a criança havia assumido um lugar central
dentro da família (ARIÈS, 1981, p. 164).
Com essa valorização da infância, que particularizava a criança como um indivíduo
que merecia uma atenção especial, determinou-se sua dependência em relação aos adultos.
Portanto, a escola, por meio das suas ações pedagógicas, tornou-se o local onde a criança,
com sua falta de experiência e sua inocência natural, era preparada para os duros embates com
a realidade (ZILBERMAN, 2003).
Como a escola foi a aliada desse novo modelo, teve um duplo papel, o de introduzir a
criança na vida adulta e o de protegê-la contra as agressões do mundo exterior. Essa
aproximação também se deu pelo fato de os primeiros textos terem sido produzidos por
pedagogos e por professores com o intuito educativo de preconizar valores (ZILBERMAN,
2003).
Jean-Jacques Rousseau defende a ideia de que “a natureza quer que as crianças sejam
crianças antes de serem homens”, pois “a infância tem maneiras de ver, de pensar e de sentir
que lhe são próprias; nada é menos sensato do que querer substituir essas maneiras pelas
nossas” (1999, p. 86), ou seja, o autor critica os adultos que acreditavam que as “suas
maneiras” seriam as melhores para a criança, usufruindo, muitas vezes, da literatura infantil
para esse feito. Para Regina Zilberman:
O problema pode-se agravar quando o livro é introduzido na escola. Porque, nesse
caso, as forças se conjugam no projeto de doutrinar os meninos ou então seduzi-los
com a imagem que a sociedade quer que assumam a de seres enfraquecidos e
dependentes (2003, p. 24).
Com base nessa afirmação, entende-se por que a literatura infantil era caracterizada
pela escola como uma forma literária menor, pois era atrelada a uma função utilitária que a
fez ser mais pedagogia do que literatura, tornando problemática a relação entre a literatura e o
ensino (ZILBERMAN, 2003).
Como a literatura infantil surgiu e serviu à proposta burguesa de formar mentalidades
e de impor sua ideologia, “careceu de imediato de estatuto artístico, sendo-lhe negado a partir
de então um reconhecimento de valor estético, vale dizer, a oportunidade de fazer parte do
reduto seleto da literatura” (ZILBERMAN, 2003, p. 34).
16
No entanto, Jesualdo Sosa (1978) destaca os quatro elementos que levam a criança a
sentir prazer na leitura de livros infantis: o caráter imaginoso, que é o interesse da criança
por essa vida mais imaginativa do que real, através de desenhos ou ilustrações que mais
sugerem do que dizem, sendo essa “qualidade imaginosa” que afirmará, em primeira
instância, o máximo interesse da expressão para a criança; o dramatismo, que centraliza toda
a atenção da criança, pois ela tem esperança no drama vivido, expressando alegria ou aflição
no desenrolar das cenas da narrativa; a técnica do desenvolvimento, que é a maneira como o
autor desenvolve o entrecho dos acontecimentos, por meio das descrições das personagens; e,
por fim, a linguagem, que tem uma importância vital para a “degustação” da obra e resume a
habilidade do criador, pois é através de uma escrita agradável e simples, o que não significa
ser trivial, que o autor conquista o seu leitor.
Por sua vez, Cecília Meireles afirma que a “Literatura” é uma só, e a dificuldade está
em delimitar o que se considera, especialmente, do âmbito infantil. A autora ressalta que as
crianças é que deveriam fazer essa delimitação, expondo a sua preferência, pois “costuma-se
classificar como Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado, talvez,
assim classificar o que elas leem com utilidade e prazer. Não haveria, pois, uma Literatura
Infantil a priori, mas a posteriori (1984, p. 20). Nesse sentido, Lígia Cademartori é
categórica:
A principal questão relativa à literatura infantil diz respeito ao adjetivo que
determina o público a que se destina. A literatura, enquanto substantivo, não
predetermina seu público. Supõe-se que este seja formado por quem quer que esteja
interessado. A literatura com adjetivo, ao contrário, pressupõe que sua linguagem,
seus temas e pontos de vista objetivam um tipo de destinatário em particular, o que
significa que já se sabe, a priori, o que interessa a esse público específico (1987, p.
8).
Segundo Teresa Colomer, a polêmica sobre o caráter literário da literatura infantil diz
respeito a uma contradição: “os livros são escritos, comprados e avaliados por adultos” (2003,
p. 46). A autora salienta que houve teóricos que acreditavam numa seleção pela qualidade
literária e outros que preferiam textos que agradassem às crianças:
A tensão entre as duas posições extremas, quer dizer, entre a avaliação do texto ou
a consideração ao leitor, teve momentos de maior ou menor inclinação para um dos
dois los, mas mantém um equilíbrio estável, que dificilmente alguém pode
pretender anular totalmente um dos critérios. O problema, portanto, se apresenta
sempre sob forma de como selecionar os livros de maneira que exijam um esforço
de interpretação, mas sem que esta literatura se torne distante para aqueles que se
supõe sejam seus destinatários (2003, p. 46).
17
Assim, foi a partir dos anos setenta que “os esforços se centraram então, mais do que
em procurar marcas literárias, em definir os traços específicos da literatura para crianças”
(COLOMER, 2003, p. 51), por meio de histórias protagonizadas por crianças e por
determinados elementos que eram recorrentes na trama, como provas, viagens no tempo e
formas distintas de iniciação à idade adulta.
Diante dessas prerrogativas, a literatura infantil universal, mesmo com seu início
vinculado à pedagogia, apresentou obras que permaneceram pelas suas qualidades estéticas,
como os contos de fadas, recolhidos por Charles Perrault, e as adaptações de romances de
aventuras, como Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, e Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift
(LAJOLO; ZILBERMAN, 1984). Nas palavras de Bárbara de Carvalho:
A Literatura Infantil tem seu início através de Charles Perrault, clássico dos contos
de fadas, no século XVII. Naturalmente, o consagrado escritor francês não poderia
prever, em sua época, que tais estórias (sic), por sua natureza e estrutura, viessem
constituir um novo estilo dentro da Literatura, e elegê-lo o criador da Literatura da
Criança (1987, p. 77).
Já no século XIX Wilhelm e Jacob Grimm repetem o caminho bem-sucedido de
Perrault e recolhem os contos de fadas, alcançando êxito e convertendo a sua obra em
sinônimo de literatura para crianças, pois agradava aos pequenos leitores (LAJOLO;
ZILBERMAN, 1984). Ainda no século XIX, Hans Christian Andersen publicou outra grande
antologia de contos de fadas, que o consagrou como o verdadeiro criador da literatura infantil,
pois apresentou um diferencial em relação às obras de Perrault e às dos Irmãos Grimm:
É que Andersen, diferentemente de Perrault e dos irmãos Grimm, não se limitou a
recolher e recontar as histórias tradicionais que corriam pela boca do povo, fruto de
uma criação secular coletiva e anônima. Ele foi mais além e criou várias histórias
novas, seguindo os modelos dos contos tradicionais, mas trazendo sua marca
individual e inconfundível uma visão poética misturada com profunda melancolia
(MACHADO, 2002, p. 72).
Pode-se dizer que o século XIX foi, por excelência, o século de afirmação da literatura
infantil, pois, além dos contos de fadas, os clássicos universais foram considerados livros
marcantes, por desafiarem o tempo e continuarem vivos na imaginação de tantas crianças.
Destacam-se as seguintes obras: Alice no país das maravilhas, de Lewis Carrol; As aventuras
de Tom Sawyer, de Mark Twain; A ilha do tesouro, de Robert Louis Stevenson; As aventuras
de Pinóquio, de Carlo Collodi; Peter Pan, de James Barrie; e tantas outras que contribuíram
para a formação de leitores no mundo inteiro (LAJOLO; ZILBERMAN, 1984).
18
Segundo Italo Calvino, “os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer
por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos” (2007,
p. 12). E é na leitura ou na releitura de um clássico que podemos viajar para outros lugares,
vivenciar emoções de personagens e nos propiciar entender melhor o sentido de nossas
próprias experiências.
O melhor exemplo de clássico na literatura universal é Dom Quixote de La Mancha,
de Miguel de Cervantes, pois, mesmo que nem todos tenham lido, não tem quem não tenha
ouvido falar nas personagens Dom Quixote e Sancho Pança e em suas aventuras. Além disso,
esse romance apresenta um enredo que continua atual, pois se trata da defesa de valores como
a justiça e a paz. Segundo Nazira Salem, “esse romance foi traduzido para diversas línguas, e
mais tarde adaptado para as crianças, pois episódios como a luta contra os moinhos de vento,
o ataque ao teatro de fantoches, divertem deveras as crianças” (1970, p. 141).
Pode-se explicitar a importância do referido clássico e de outros tantos citados, por
meio da afirmação de Calvino, de que “um clássico é um livro que nunca terminou de dizer
aquilo que tinha para dizer” (2007, p. 11).
no Brasil, a literatura infantil, assim como a literatura infantil universal, não era
reconhecida como produção artística, e sim como uma literatura menor. Novamente, a escola
teve a tarefa de apresentar uma literatura infantil, tendo essa um caráter didático e sendo
usada para doutrinar as crianças:
Manifesta-se, através desse procedimento, com uma concretude rara na literatura
não-infantil, a imagem que de si mesma e de seu leitor faz a literatura infantil,
confirmando seus compromissos com um projeto pedagógico que acreditava
piamente na reprodução passiva de comportamentos, atitudes e valores que os
textos manifestavam e, manifestando, desejavam inculcar nos leitores (LAJOLO;
ZILBERMAN, 1984, p. 34).
A literatura infantil que circulava no Brasil era uma adaptação dos seguintes clássicos:
Robinson Crusoé (1885), Viagens de Gulliver (1888), As aventuras do celebérrimo Barão de
Munchahausen (1891), D. Quixote de la Mancha (1901) e os contos de Perrault, Grimm e
Andersen. Como havia uma ausência de material de leitura e de livros para a infância
brasileira, esses clássicos foram adaptados, pois se entendia a importância do hábito da
leitura para a formação do cidadão, “formação que, a curto, médio e longo prazo, era o papel
que se esperava do sistema escolar que então se pretendia implantar e expandir” (LAJOLO;
ZILBERMAN, 1984, p. 28).
19
Com o aumento dessas adaptações, começou a se pensar em uma literatura própria,
que valorizasse o nacional (COELHO, 1991). E foi por meio da leitura escolar que se difundiu
a exaltação ao civismo e ao patriotismo. As principais obras foram: Contos infantis, de Júlia
Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira (1886); Pátria, de João Vieira de Almeida (1889);
Contos pátrios, de Olavo Bilac (1904); Histórias da nossa terra, de Júlia Lopes de Almeida
(1907) (LAJOLO; ZILBERMAN, 1984).
No entanto, foi na década de 20 que ocorreu a grande virada da literatura infantil
brasileira, por meio da obra do escritor Monteiro Lobato, na qual a criança brasileira se
encontrou e pôde viver o seu mundo de imaginação (AGUIAR, 2001). Segundo Nelly Novaes
Coelho, coube a Monteiro Lobato “a fortuna de ser, na área da Literatura Infantil e Juvenil, o
divisor de águas que separa o Brasil de ontem e o Brasil de hoje”, encontrando o caminho
criador que a literatura infantil estava necessitando, pois “rompe, pela raiz, com as
convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e formas que o nosso século
exigia” (1991, p. 225). Assim, as crianças sentiam-se atraídas pelo seu texto, como reforça a
autora:
Seu sucesso irrestrito entre os pequenos leitores decorreu, sem vida, de um fator
decisivo: eles se sentiam identificados com as situações narradas; sentiam-se à
vontade dentro de uma situação familiar e afetiva, que era subitamente penetrada
pelo maravilhoso ou pelo mágico, com a mais absoluta naturalidade (1991, p. 227).
Monteiro Lobato, sem dúvida, é o maior clássico da literatura infantil brasileira, pois
ele não recriou seus contos baseando-se em outros; ele os criou, assim como construiu um
universo para as crianças, o Sítio do Picapau Amarelo, um cenário natural enriquecido pelo
folclore de seu povo (CARVALHO, 1987). Esse cenário apresentava várias personagens,
tendo como destaque Dona Benta, a qual contava histórias para as crianças, recuperando o
clima das antigas narrativas orais e assim encantando diversos leitores (AGUIAR, 2001).
Foi pelas mãos de Monteiro Lobato que, em 1921, publicou-se A menina do narizinho
arrebitado, cuja obra apresentava uma linguagem compreensível e atraente, pois rompia com
o padrão culto de então e introduzia a oralidade, tanto na fala das personagens, como no
discurso do narrador (AGUIAR, 2001).
os anos de 1930 e 1940 foram marcados por um intenso esforço de reorganização
política e de reconstrução econômica, com a Era Getuliana:
O panorama dos anos 30/40 mostra que, além dos livros de Lobato e das obras
clássicas traduzidas ou adaptadas, apenas alguns escritores, entre os que escreveram
20
na época, atingiram a desejável literariedade. No geral, predomina o imediatismo
das informações úteis e da formação cívica (COELHO, 1991, p. 241).
Nesse período, Monteiro Lobato teve seus “continuadores” que, como ele, produziram
uma literatura comprometida com intuitos políticos e vontade de mudar a sociedade,
utilizando-se, muitas vezes, do “maravilhoso” como elemento integrante do real. Destacam-
se: Viriato Correia, com Cazuza; Erico Verissimo, com Aventuras do avião vermelho, O urso
com música na barriga e A vida do elefante Basílio; e Graciliano Ramos, com A terra dos
meninos pelados (ZILBERMAN, 2005).
Nos anos 50 houve uma expansão gradual dos meios de comunicação de massa, com
destaque para a televisão. Nesse período, a literatura infantil brasileira apresentou obras que
repetiam à exaustão o modelo lobatiano de contar histórias, ocorrendo um retrocesso, no que
diz respeito à criatividade. nos anos 60 aconteceu uma espécie de preparação para a efetiva
renovação da década que viria a seguir, com uma produção promissora, mas que foi reprimida
pela revolução militar. Diante disso, “inúmeros escritores, e especialmente os de livros
infantis, recorreram à linguagem figurada como forma de exprimir o que não era permitido”
(AGUIAR, 2001, p. 27).
Nas décadas de 70 e 80, a produção literária brasileira foi marcada por profundas
transformações, pois apresentou personagens e enredos livres dos modelos exemplares, bem
como uma linguagem coloquial. Algumas obras se destacaram nesse período, como O
reizinho mandão, de Ruth Rocha; História meio ao contrário, de Ana Maria Machado;
Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque de Holanda; A casa da madrinha, Corda bamba, de
Lygia Bojunga Nunes; Uma ideia toda azul, de Marina Colasanti (LAJOLO; ZILBERMAN,
1984).
Deve-se considerar que, junto a edições de qualidade estética, surgiram obras que não
tinham compromisso com o leitor infantil, portanto, durante todo o percurso da literatura
infantil brasileira houve a tensão entre dois pólos: “pedagogismo e proposta emancipatória,
massificação e liberdade expressiva”. Tal afirmação comprova-se atualmente, pois, segundo
Vera Teixeira de Aguiar, “hoje, quantidade e qualidade coexistem na literatura infantil, na
qual grande produção de textos estereotipados compete com sucesso no mercado de bens
culturais”, situação que “não é tranquila para o leitor, que precisa se salvar do bombardeio dos
livros meramente comerciais para chegar ao bom texto” (2001, p. 34).
21
1.2 OS GÊNEROS DA LITERATURA INFANTIL
1.2.1 A tradição das narrativas populares
diversas narrativas infantis que surgiram de criações populares. A origem dessas
narrativas remonta à oralidade, que as fez se perpetuarem de geração em geração, como os
contos populares, os contos de fadas, as fábulas e as lendas. O conto popular é um relato que
“se diz e se transmite oralmente” (SIMONSEN, 1984, p. 5). Esse tipo de texto tem como
características apresentar-se em prosa ou em fórmulas rimadas, narrar acontecimentos
fictícios, protagonizados por seres humanos, seres sobrenaturais ou animais, com a finalidade
de divertimento.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, “o conto popular revela informação histórica,
etnográfica, sociológica, jurídica, social. É um documento vivo, denunciando costumes,
ideias, mentalidades, decisões, julgamentos. Para todos nós é o primeiro leite intelectual”
(1978, p. 243). Assim, a literatura oral é vasta e poderosa, pois compreende um público que
não guarda o nome do autor, apenas o enredo, o assunto e a ação. Ana Maria Machado
confirma essa ideia afirmando:
Quem contava um conto aumentava um ponto, acrescentava uma situação,
modificava um detalhe, repetia um elemento. Não foram obras de um único autor,
consciente de seu ofício, trabalhando elaboradamente em cima de uma ideia.
Durante muitos e muitos séculos, nem ao menos foram escritos. Sobreviveram e se
espalharam por toda parte graças à memória e à habilidade narrativa de gerações de
contadores variados, que dedicavam parte das longas noites do tempo em que não
havia eletricidade para entreter a si mesmos e aos outros contando e ouvindo
histórias (2002, p. 69).
Com base nisso, o conto reflete a importância da “ficticidade” como caráter distintivo,
pois é um relato que não afirma a realidade do que ele representa, mas, ao contrário, procura,
deliberadamente, destruir “a ilusão realista” (SIMONSEN, 1984). Portanto, a magia e o
encanto desses contos estão nessa maneira imprecisa de misturar-se realidade e fantasia,
sendo uma forma de ficção necessária para a construção pessoal e cultural das crianças
(COLOMER, 2003).
22
Além dos contos populares, a bula, narrativa moralizante, também se destinava ao
público infantil. No entanto, muitas foram as críticas em relação a esse tipo de narrativa ser
trabalhada no âmbito da literatura infantil. Em primeiro lugar, a fábula é uma “pequena
narração de acontecimentos fictícios, que tem dupla finalidade: instruir e divertir”
(CARVALHO, 1987, p. 42), ou seja, trata-se de uma pequena composição que se encerra com
uma moral. Fábula é uma palavra que vem do latim fabla, isto é, falar, que significa o mesmo
que fabular ou narrar fábulas, contos, lendas, tendo, como sentido geral, o contar (SOSA,
1978).
As ações das fábulas são protagonizadas por animais ou animais e homens, o que as
diferenciam do apólogo, que é protagonizado por seres inanimados, e da parábola, que é
protagonizada somente por seres humanos. A origem da fábula se perde no tempo, pois não há
como fixá-la. Acredita-se que tenha sido documentada desde Buda, e que muitas fábulas
atribuídas a Esopo já haviam sido divulgadas 1.000 anos antes, no Egito e na Índia
(CARVALHO, 1987). Esopo introduziu a fábula na Grécia, e Fedro, em Roma;
posteriormente, no século XVII, o francês Jean de La Fontaine reinventou a fábula e
introduziu-a definitivamente na literatura ocidental (COELHO, 2000).
A fábula apresenta-se como transmissora de conhecimentos, pois é por meio da moral
que se explicita o ensinamento pretendido. Contudo, a criança valoriza muito mais o
acontecimento dramático, do que a moral propriamente dita (SOSA, 1978). Rousseau (1999),
em sua obra Emílio ou da educação, fez uma análise do caráter moralizador das fábulas,
referindo-se à obra de La Fontaine. O autor afirma que as crianças são incapazes de entender
as fábulas e que seria até pior se as entendessem, pois a moral que apresentam é tão impura e
tão fora de propósito, que as conduziria mais ao vício do que à virtude. Essa afirmação vem
ao encontro da expressa por Bárbara Carvalho (1987), a qual ressalta que as fábulas clássicas
não foram escritas para a criança, pelo fato de apresentarem os animais transformados em
símbolos de má conduta, agindo como homens em suas manifestações negativas.
Por seu turno, Jesualdo Sosa afirma que, apesar do exagerado radicalismo, as
afirmações de Rousseau registraram de maneira extraordinária a verdade ou mentira científica
que é frequente nas fábulas. Portanto, “mais do que o aspecto moral, atribuir à fábula, no
aspecto científico, sem rigor de veracidade, propriedades, vícios ou defeitos, ou exagerar
virtudes dos animais, pode envolver certo perigo para o conhecimento infantil” (1978, p. 149).
Em relação à fábula moderna, essa apresenta um novo aspecto psicopedagógico, pois
os animais são animais e interessam às crianças, e tem Walt Disney como novo gênio, pois ele
23
criou e animou tipos inconfundíveis, como o “Pato Donald”, a mais universal de suas
personagens animais; e Mickey”, um camundonguinho honesto e engenhoso (CARVALHO,
1987). No Brasil, Monteiro Lobato atenção ao gênero em sua obra Fábulas, sendo
considerado o criador da fábula moderna, pois lhe deu nova vida, assim, aproximando-a da
realidade do leitor brasileiro:
O fabulário lobatiano é vivo, simples, cheio de movimento e bom humor. Ao lado
das incomparáveis adaptações de que se compõe seu livro de Fábulas, encontramos
também Fábulas novas, de sua criação, como “Os Dois Viajantes na
Macacolândia”, uma sátira de costumes. A Fábula “A Cigarra e as Formigas”
adquire uma concepção nova, de profunda penetração e sensibilidade, com
amplitude e visão intelectual, tornando-a simpática e humana, sem aquela
conceituação rígida de incompreensão e de hostilidade sistemática, que angustia e
deprime (CARVALHO, 1987, p. 166).
Outro texto muito apreciado pelo público infantil é a lenda, termo que vem do latim
“legenda” (legere = ler), que consiste no relato de acontecimentos em que o maravilhoso e o
imaginário superam o histórico e o verdadeiro. É transmitida e conservada pela tradição oral”
(COELHO, 2000, p. 171). Nas palavras de Jesualdo Sosa:
Assim, pois, nasce a lenda da propensão do espírito humano a explicar o
maravilhoso, aquilo que não compreende, do seu assombro diante dos fatos naturais
que desconhece. Por isso, a lenda, em seu princípio, não é senão a história das
primeiras lutas do homem, de sua ignorância e de sua ânsia por desvendar o
mistério que o rodeia e o aprisiona (1978, p. 109).
Caracterizada como um texto folclórico, a lenda prende a atenção do ouvinte, pois
esclarece a existência de vários costumes e crenças próprias de cada região, bem como
apresenta textos que são considerados verídicos pelo seu locutor, como pelo seu auditório,
integrando ao relato definições de tempo e de lugar (SIMONSEN, 1984). O sobrenatural é
característica indispensável na lenda, assim como um ambiente heróico, que é apresentado
principalmente nas lendas contadas pelos indígenas, que para tudo têm uma explicação, como
a origem das estrelas, manchas negras no céu, época das enchentes, chuvas, escuro da noite,
animais, rios (CASCUDO, 1978).
A introdução das lendas é marcada pelo distanciamento temporal dos acontecimentos,
como em O negrinho do pastoreio, de Simões Lopes Neto, que assim inicia: “Naquele tempo
os campos ainda eram abertos, não havia entre eles nem divisas nem cercas” (1973, p. 179).
Outro exemplo é na lenda A Mboitatá, do mesmo autor, que tem como início: “Foi assim:
num tempo muito antigo, muito, houve uma noite tão comprida que pareceu que nunca mais
haveria luz do dia” (1973, p. 133).
24
A caracterização das personagens que ocorre no desenrolar da lenda contribui para a
identificação da região original do relato. Pode-se observar que o conflito vivido pelas
personagens recebe a interferência do sobrenatural, como, por exemplo, na lenda O negrinho
do pastoreio, em que a sua madrinha, Nossa Senhora, aparece para ajudá-lo a encontrar os
cavalos, utilizando-se de uma vela benta que “ia pingando cera no chão: e de cada pingo
nascia uma nova luz, e já eram tantas que clareavam tudo” (LOPES NETO, 1973, p. 183).
A conclusão das lendas confirma a permanência da tradição nos dias atuais, como ao
final da lenda O negrinho do pastoreio, a qual diz que essa personagem, ainda hoje, encontra
os objetos perdidos, bastando acender-lhe uma vela, para que possa levar ao altar da Nossa
Senhora, sua madrinha (VALE, 2001).
Essa literatura que tem origem no popular ainda encanta na atualidade, devido a sua
qualidade artística, atestada pela sua universalidade e sua permanência (MACHADO, 2002).
Como já referido, no início dessa seção, o conto de fadas também teve sua origem na tradição
popular, contudo, por ser considerada uma narrativa que predomina no âmbito da literatura
infantil, será apresentado em capítulo subsequente.
1.2.2 O mundo encantado dos contos de fadas
O conto de fadas pertence ao maravilhoso, caracterizando-se por sua natureza
sobrenatural. No maravilhoso “os elementos sobrenaturais não provocam qualquer reação
particular nem nas personagens, nem no leitor implícito”, pois “não é uma atitude para com os
acontecimentos narrados que caracteriza o maravilhoso, mas a própria natureza desses
acontecimentos” (TODOROV, 1975, p. 59). Portanto, “no mundo maravilhoso do conto de
Fadas, todos os seres, animados ou inanimados, estão sob as leis do encantamento e da
magia” (CARVALHO, 1987, p. 62).
O conto de fadas originou-se entre os celtas, com heróis e heroínas, cujas aventuras
estavam ligadas ao sobrenatural e visavam à realização interior do ser humano. A palavra fada
vem do latim fatum, que significa destino, fatalidade (COELHO, 2000). É importante
salientar que, em sua origem, os contos de fadas não eram destinados às crianças, e sim, aos
25
adultos, com a função de expressar, de forma simbólica, os conflitos dos camponeses com os
senhores feudais. Porém, com o surgimento da burguesia, os contos começaram a ser
recontados para as crianças das novas famílias, sofrendo diversas adaptações, tendo como
objetivo “transmitir valores burgueses, conformando o jovem a um certo papel na sociedade”
(AGUIAR, 2001, p. 80).
Diante disso, a literatura infantil teve seu início no final do século XVII, na França,
com o escritor Charles Perrault, o qual reuniu os contos populares que circulavam em seu país
e publicou Os contos da Mãe Gansa, aproximando o público francês de sua obra, por meio da
personagem e Gansa. O autor foi reconhecido pelas suas versões imortais, como
Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida no bosque, O Pequeno Polegar, O Barba Azul,
As fadas, O Gato de Botas, Cinderela (COELHO, 2008).
Já no século XIX, na Alemanha, os Irmãos Grimm também reuniram uma coletânea de
narrativas maravilhosas relacionadas ao folclore alemão. Entre os mais conhecidos, que
circularam em tradução portuguesa, estão: A Bela Adormecida, Os músicos de Bremen,
Branca de Neve e os sete anões, Chapeuzinho Vermelho, A Gata Borralheira (COELHO,
2008). Ainda no século XIX, na Dinamarca, Hans Christian Andersen publicou outra grande
antologia, que “além de contos de fadas compilados nos países nórdicos, trazia também
novidades como O Patinho Feio, A Roupa Nova do Iimperador, Polegarzinha, A Pequena
Sereia, O Soldadinho de Chumbo, O Pinheirinho e tantas outras” (MACHADO, 2002, p. 72).
Lúcia Pimentel Goés destaca:
O maravilhoso em Andersen aparece mais que nos outros contistas. Nele o
maravilhoso não é apenas o pretexto, um elemento artificial a que se recorre para
reavivar o passado. Nele o maravilhoso é tudo, é sua própria alma, é um mundo
palpitante, vivo, é a sua própria vida (1984, p. 135).
Assim, os contos de Andersen faziam pensar, “sem ter perdido a simplicidade e o tom
comovedor que as coisas do povo têm” (GOÉS, 1984, p. 135), pois Andersen conheceu bem
os contrastes da abundância organizada, ao lado da miséria sem horizontes, pois pertenceu a
esta classe social, a da pobreza (COELHO, 1991).
Em relação a sua estrutura, o conto de fadas, como qualquer outro conto popular,
apresenta uma estrutura simples, com um mesmo desenvolvimento narrativo: “a situação
inicial apresenta as dificuldades materiais do cotidiano do oprimido que, com o
desenvolvimento da ação, é alterado pela interferência do elemento gico, permitindo a
emancipação do herói” (MAGALHÃES, 1984, p. 140). Para Aguiar, essa estrutura fixa e a
26
presença da fantasia nos contos de fadas transformou-os nos contos infantis por excelência “e
servem de modelo para todas as narrativas dirigidas à criança até os dias atuais” (2001, p. 81).
Nos contos de fadas as personagens são tipos, marcadas por um único traço, pois
atuam de forma extremamente exagerada, ou são excessivamente boas, ou medrosas, belas ou
tragicamente feias, ou perversas ou covardes ou valentes e nobres (GOÉS, 1984). Por seu
turno, o ambiente dos contos de fadas é caracterizado pela imprecisão, devido às expressões
iniciais, como se fosse uma senha de entrada (“Era uma vez”, “Num certo país”, “Há mil anos
atrás”), que sugerem às crianças “que o que se segue não pertence ao aqui e agora que nós
conhecemos” (BETTELHEIM, 1980, p. 78).
Segundo Aguiar, “a criança compreende a vida pelo viés do imaginário”, portanto o
livro infantil põe a criança em contato com o mundo, “oferecendo-lhe com isso a
possibilidade de entendê-lo melhor e de a ele adaptar-se” (2001, p. 83). Bruno Bettelheim
afirma que “os contos de fadas, à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a
criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, e também sugerem as
experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter” (1980, p. 32).
Diante dessa afirmativa, o autor analisa diversos contos de fadas, reconhecendo sua
importância para as experiências infantis. Por meio da leitura, a criança vê representados no
texto, simbolicamente, conflitos que enfrenta no dia-a-dia e encontra soluções porque a
história traz um final feliz. Em outras palavras, o conto de fadas dá à infância a certeza de que
os problemas existem, mas podem ser resolvidos. Bettelheim salienta que os contos de fadas
devem ser apresentados ao público infantil em sua versão original, pois a supressão de
qualquer um dos elementos que compõem o conto quebra a cadeia simbólica que está
implícita na íntegra da história:
Nunca se deve “explicar” os significados dos contos para as crianças. Todavia, a
compreensão do narrador quanto à mensagem do conto de fadas é importante para a
mente pré-consciente da criança. A compreensão do narrador sobre os vários níveis
de significado da estória (sic) facilita à criança extrair pistas dessas estórias (sic)
para entender melhor a si própria (1980, p. 190).
na segunda metade do século XIX, considerada “A Idade de Ouro” da literatura
infantil, surgem obras que introduzem o maravilhoso na própria realidade cotidiana, como
Alice no país das maravilhas, do inglês Lewis Carrol; Pinóquio, do italiano Carlo Collodi;
Peter Pan, do escocês James M. Barrie. Segundo Ana Maria Machado, “essa fantasia que
irrompe no quotidiano e que convive perfeitamente com o real é uma das marcas que permite
27
aos clássicos dessa época fundar a literatura infantil e lançar as sementes que irão consolidar
todo o fértil desenvolvimento do gênero, que virá em seguida” (2002, p. 120).
No Brasil, os contos de fadas foram traduzidos por Figueiredo Pimentel, ainda no
século XIX, sendo considerados os clássicos infantis mais conhecidos. Posteriormente,
autores brasileiros contemporâneos aprofundaram a visão crítica de suas obras, com paródias
dos contos tradicionais, mas, para que a criança entenda esse jogo literário, é indispensável
que conheça os contos de fadas tradicionais, pois só assim conseguirá identificar a que
contexto eles se referem e o que está “fora do lugar” na nova versão. Alguns dos mais
conhecidos são: Chapeuzinho amarelo, de Chico Buarque; A fada que tinha ideias, de
Fernanda Lopes de Almeida; O reizinho mandão, de Ruth Rocha; Onde tem bruxa tem fada,
de Bartolomeu Campos de Queirós; O fantástico mistério de feiurinha, de Pedro Bandeira;
História meio ao contrário, de Ana Maria Machado (MACHADO, 2002). Esses contos
apresentam uma “reestruturação do gênero que, sem afastar o leitor do maravilhoso, o conduz
a uma percepção de si mesmo e da sociedade que o circunda” (MAGALHÃES, 1984, p. 141).
De acordo com Ana Maria Machado, “os contos de fadas continuam sendo um
manancial inesgotável e fundamental de clássicos literários para os jovens leitores”, pois não
“saíram de moda, não” e continuam “a ter muito o que dizer a cada geração, porque falam de
verdades profundas, inerentes ao ser humano” (2002, p. 82).
1.2.3 A ilustração nos livros de imagens e nas narrativas curtas
Segundo Nelly Novaes Coelho, “nos anos 1980, surgem os livros de histórias sem
texto, cuja efabulação, é realizada exclusivamente através de imagens e conquistam de
imediato crianças e adultos” (2006, p. 52). A ilustração tem importância fundamental nesse
tipo de narrativa, pois os desenhos precisam sugerir, expressar emoções, narrar uma ação,
como afirma Regina Yolanda Werneck:
A ilustração confere ao livro, além do seu valor estético, o apoio, a pausa, e o
devaneio tão importantes numa leitura criadora. Chamamos de leitura criadora o
resultado da percepção única e individual, graças às combinações perceptivas que
se realizam e que fazem com que nunca uma pessoa descreva o que leu exatamente
como o outro (1983, p. 119).
28
Portanto, nos livros de imagens, a ilustração substitui a linguagem verbal, mas não os
elementos próprios da literatura, como a narrativa de personagens; um exemplo é Ida e volta
(1976), de Juarez Machado, pois o leitor consegue se guiar pelas imagens das marcas do pé,
que vão contando a história que se segue a cada gina, sendo considerada uma criação
inovadora e sugestiva (ZILBERMAN, 2005). Conforme Lígia Cademartori:
Através da imagem visual, os livros sem texto estimulam o interesse ativo da mente
em relação ao objeto. Recorrendo à percepção visual para chegar ao pensamento, os
signos visuais, através de suas propriedades, induzem conceitos. Considere-se que a
apreensão das formas é o meio de percepção mais espontâneo, sobre o qual se
constroem, posteriormente, os conceitos, o procedimento analítico, a reflexividade,
enfim. O desenvolvimento da apreensão visual é, portanto, uma etapa básica e
importante do desenvolvimento que a leitura requer (1987, p. 53).
Por essas vias, os livros Todo dia e De vez em quando, de Eva Furnari, apresentam
cenas que representam situações do cotidiano infantil, com imagens que fazem com que as
crianças se identifiquem com o texto, tornando-o, assim, atrativo ao público infantil
(CADEMARTORI, 1987). Com base nisso, Luís Camargo afirma:
A ilustração assim como qualquer imagem tem significados próprios,
independentemente do texto que ela acompanha. Não é incomum ler ou ouvir falar
da ilustração como se ela fosse apenas um prolongamento do texto, uma espécie de
eco, incapaz de “falar” por si própria. Essa hipótese leva o leitor a buscar na
ilustração apenas os significados do texto, o que empobrece a leitura, pois aquilo
que a ilustração “diz” e não está no texto não é percebido (2003, p. 274).
Nesse sentido, Luís Camargo (2003) ressalta que a imagem também pode
desempenhar funções como acontece com a linguagem
3
e, partindo disso, o autor apresenta as
seguintes funções da imagem: representativa, aquela que imita a aparência do objeto ao qual
se refere; descritiva, a que “detalha” a aparência do objeto representado; narrativa, quando
situa o objeto representado no tempo, por meio de transformações ou ações; simbólica, aquela
que informa para um significado sobreposto ao seu referente; expressiva, a que se dirige para
o emissor, revelando seus sentimentos e valores; estética, quando orientada para a sua forma,
constituída de dois tipos: sintático (configuração dos seus elementos visuais) e semântico
(utilização de “figuras de linguagem” que “enfatizam” ou “alteram” o significado da
imagem); lúdica, aquela orientada para o jogo; conativa, quando visa a influenciar o
comportamento do observador (as propagandas, a sinalização do trânsito); metalinguística,
quando se encaminha para o código (nesse caso, a linguagem visual); fática, aquela que se
dirige para o canal, ou seja, o suporte material da imagem; por fim, pontuação, aquela que
3
A linguagem configura-se de seis funções: expressiva, referencial, poética, fática, metalinguística e conativa
(CAMARGO, 2003).
29
orienta o texto no qual está inserida, sinalizando seu início, seu fim ou suas partes. Diante
dessas funções o autor resume:
A imagem pode representar, descrever, narrar, simbolizar, expressar, brincar,
persuadir, normatizar, pontuar, além de chamar a atenção para sua configuração,
para o seu suporte ou para a linguagem visual. Da mesma forma como ocorre na
linguagem verbal, as mensagens visuais podem combinar várias funções (2003, p.
279).
em relação às narrativas curtas, essas apresentam um texto e uma imagem que se
articulam de tal modo que se tornam de cil compreensão para pré-leitores e crianças recém-
alfabetizadas (VALE, 2001). Para Maria Alice Faria:
Quando o texto dos livros para crianças é formado apenas por algumas frases, a
ilustração adquire um papel relevante na estruturação da narrativa. Deve portanto
ser cuidadosamente analisada em suas sequências e cenas, na representação das
personagens e suas expressões (pessoais, de ação etc.), nos detalhes do espaço e do
tempo a fim de que as crianças acompanhem e a dominem plenamente a história e
as formas em que estão narradas (2004, p. 83).
Com uma linguagem simples, as narrativas curtas apresentam ilustrações que ocupam
quase toda a página. Outra característica desse tipo de texto é que, por apresentarem enredo
simples, “revelam episódios do mundo infantil ocorridos em curto período de tempo, em
espaço único e com poucas personagens, tendo como temas passeios, visitas, brincadeiras,
encontros com amigos ou com animais” (VALE, 2001, p. 48). Segundo Camargo, o livro
ilustrado é composto pelo texto e pelas ilustrações, revelando um texto híbrido, o qual exige
que seu leitor também seja híbrido, sendo capaz de ler palavras e imagens, “e não capaz de
ler os dois textos separadamente – o verbal e o visual –, mas a sua interação” (2003, p. 273).
Podem-se destacar as seguintes obras que caracterizam este tipo de narrativa curta: O
peru de peruca e O barulho fantasma, de Sônia Junqueira; Luciana em casa da vovó, A
margarida friorenta e Gato que pulava em sapato, de Fernanda Lopes de Almeida; O grande
rabanete, de Tatiana Belinky; Maria-vai-com-as-outras, de Sylvia Orthof. A maioria dessas
histórias apresenta-se em forma de diálogo e com pouca narração.
Para as crianças alfabetizadas, livros que apresentam textos de extensão média,
com tramas mais complexas, tendo personagens crianças ou animais, ocorrendo em espaços
diversos e com uma temporalidade variada. Também apresentam ilustrações agradáveis à
visão do leitor, que são complementares à história e contribuem para sua compreensão
(VALE, 2001). Os temas variam sobre as vivências infantis, aspectos ligados à interioridade
30
das personagens ou relações interpessoais. Como exemplo, temos Lúcia-já-vou-indo, de
Maria Heloísa Penteado.
1.2.4 O lúdico na poesia infantil
A poesia folclórica tem na espontaneidade a sua mais significativa particularidade,
pois, com sua origem popular, “nasce e se perpetua em meio às brincadeiras de roda, aos ditos
populares e na repetição das parlendas aprendidas com pais e avós” (ASSUMPÇÃO, 2001, p.
63). Apresenta um variado repertório, baseado nas manifestações populares, como acalantos,
parlendas, trava-línguas, cantigas de roda, adivinhas e quadras. Segundo Glória Pondé, a
poesia folclórica tem uma “função iniciatória aos processos poéticos, cuja simplicidade
característica desse tipo de manifestação popular muito se adequa ao modo de apreensão do
pequeno receptor” (1990, p. 127).
Acalantos significam “canção de ninar, cantiga para embalar meninos, de adormecer,
de berço ou de nanar no Brasil” (MELO, 1985, p. 23), sendo por meio da cantiga de berço, do
embalo e do aconchego das mães ou amas que a criança tem o primeiro contato com o mundo
da cultura. Um acalanto bem conhecido, de interpretação do cantor Dorival Caymmi e
descrito na obra de Veríssimo de Melo, é:
Boi, boi, boi,
Da carinha preta;
Pega essa menina.
Que tem medo de careta (1985, p. 26).
Outra manifestação folclórica é a parlenda, que, segundo Veríssimo de Melo (1985), é
assim classificada: brinco, mnemonia e parlenda propriamente dita. Os brincos são
poemas para entreter os bebês que estão sem sono ou que acordaram. Um exemplo é Serra-
Serra-Serrador, no qual “as mães ou amas seguram a criança em , no colo, e imitam o
movimento do serrador, cantarolando”:
Serra, serra,
Serra pau;
Serra esta menina
Que come mingau.
31
Serra o pau,
Serrador;
Serra esta menina
Que está com calor (MELO, 1985, p. 40).
As mnemonias têm a finalidade de fixar números ou nomes (MELO, 1985). Segundo
Simone Assumpção, “a mnemonia exige capacidade de memorização e, à medida que a
criança repete o poema, auxiliada pelos jogos sonoros que o compõem, vai aprendendo
sequências” (2001, p. 65). Portanto é a criança que recita os versos. Um dos exemplos é:
Um, dois, feijão com arroz,
Três, quatro, feijão no prato,
Cinco, seis, feijão pra nós três,
Sete, oito, feijão com biscoito,
Nove, dez, feijão com pastéis (MELO, 1985, p. 47).
E as parlendas propriamente ditas são aquelas recitadas pelas crianças, sendo elas
próprias que organizam as brincadeiras entre si, sem a interferência dos adultos. Pode-se
exemplificá-la com uma bem antiga, muito conhecida das meninas, em que elas vão recitando
a parlenda e despetalando uma rosa, enquanto pensam em seu namorado, “e assim até a última
pétala da flor, que será decisiva”:
Bem me quer,
Mal me quer,
Bem me quer,
Mal me quer, etc (MELO, 1985, p. 53).
Existe também um outro tipo de parlenda, o trava-línguas, que consistem em versos,
palavras ou expressões que, por meio da pronunciação difícil e da rápida repetição, provocam
uma deturpação dos termos e consequentemente o seu sentido de origem, como, por exemplo:
Num ninho de mafagafos,
Seis mafagafinhos há;
Quem os desmafagafizar
Bom desmafagafizador será (MELO, 1985, p. 72).
Outra manifestação folclórica são as quadras, caracterizadas como poemas de quatro
versos, tendo como tema principal o amor, em especial o amor contrariado:
Atirei um limão verde
Lá na torre de Belém;
Deu no cravo, deu na rosa,
Deu no peito de meu bem (BORDINI, 1986, p. 47).
32
também as cantigas de roda que “pertencem à tradição e, em virtude do apoio
musical, mostram um ritmo bem definido e sincopado” (PONDÉ, 1990, p. 134). Veja-se uma
das cantigas de roda das mais populares no Brasil inteiro:
Ciranda, Cirandinha
Vamos todos cirandar.
Vamos dar a meia volta,
Meia volta vamos dar;
Vamos dar a volta inteira,
Cavalheiro troca o par (...) (MELO, 1985, p. 208).
Restam as adivinhas, as quais propõem a decifração de um enigma (BORDINI, 1986).
Segundo Pondé, as adivinhas “constituem quase sempre um conjunto de analogias e
personificações”, dividindo-se em duas partes: a primeira, “redução de qualquer objeto da
natureza a uma personificação, isto é, um esboço de formação mítica” e a segunda, o
desenvolvimento desse mito em “analogias acidentais e imprevistas, e é nisso que consiste o
problema e a dificuldade da solução” (1990, p. 131), como, por exemplo:
Enche uma casa completa,
Mas não enche uma mão;
Amarrado pelas costas,
Entra e sai sem ter portão?
Resposta: Botão (1990, p. 132).
Assim, a poesia folclórica, por ser de fácil memorização e por apresentar um efeito
lúdico, tem a função de iniciar a criança nessa linguagem metafórica e polissêmica,
aproximando-a do discurso poético (PONDÉ, 1990).
A poesia escrita especialmente para o público infantil, por sua vez, teve sua origem
vinculada à noção de infância, no século XVIII, apresentando, como as demais obras da
época, um caráter pedagógico, com a transmissão de condutas morais, deveres cívicos ou
familiares (BORDINI, 1986). Uma das primeiras obras do gênero, no Brasil, Poesias infantis,
foi escrita em 1904 por Olavo Bilac.
Segundo Ana Gebara, a poesia infantil “não é espaço para posturas moralizantes ou
didatismos, nem veículo dos valores a serem preservados pela sociedade, ou grupo social a
que pertencem o autor e o leitor” (2002, p.35). Isso se confirma com a evolução que esse
gênero apresentou, pois foi no momento em que derrubou essas barreiras que conseguiu ser
aceito e apreciado pelas crianças:
Entre a poesia infantil tradicional e a contemporânea, uma diferença básica de
intencionalidade: a primeira pretendia levar o seu destinatário a aprender algo para
ser imitado depois; a segunda pretende levá-lo a descobrir algo à sua volta e a
33
experimentar novas vivências que, ludicamente, se incorporarão em seu
desenvolvimento mental/existencial (COELHO, 2000, p. 223).
Diante disso, é com o livro O menino poeta, que Henriqueta Lisboa rompe com a
“cadeia pedagogizante” da literatura para a infância, privilegiando o jogo lúdico das palavras
e, assim, atraindo o público infantil. A autora serviu-se do aproveitamento criativo do folclore
para o seu processo de criação poética, mantendo o ritmo característico das cantigas de roda e
das quadrinhas (AGUIAR; CECCANTINI, 2009), como no poema que segue:
Ciranda de mariposas
Vamos todos cirandar
ciranda de mariposas.
Mariposas na vidraça
são joias, são brincos de ouro (LISBOA, 1975, p. 129).
Esse rompimento dos esquemas tradicionais da poesia infantil brasileira teve como
grande marco a obra Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, que se caracterizou como uma
obra-prima, pela sensibilidade estética, o ludismo figurativo e o profundo humanismo
(COELHO, 2000). Essa característica da obra de Cecília Meireles vem ao encontro da
afirmativa de Ana Maria Lisboa de Mello, de que o escritor precisa assumir um ponto de vista
infantil na construção de seus poemas, “expressando as aspirações e os sentimentos da
criança” (2001, p. 69). A autora utiliza como exemplo o poema “O menino azul”, de Cecília
Meireles, o qual leva as crianças ao reino da fantasia, por meio do ilogismo e do lúdico que
provoca, percebido na sua última estrofe:
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Rua das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.) (MEIRELES, 2002, p. 32).
Vinícius de Moraes também nos brinda com sua poesia infantil, através da obra A arca
de Noé, contendo poemas que se caracterizam pelo lúdico, considerado elemento
indispensável para encantar as crianças. “A casa” é o poema que integra som e ritmo, sendo
considerado um dos mais conhecidos pelas crianças (COELHO, 2000):
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão (...) (MORAES, 1991, p. 19).
34
Portanto, os poemas de Cecília Meireles e Vinícius de Moraes inovam, pois “não
visam à doutrinação nem ao falso moralismo e operam com o ilogismo, atribuindo-lhe um
caráter de jogo” (PONDÉ, 1990, p. 123). Esses dois autores demonstram conhecer o universo
infantil e respeitá-lo, colocando-se ao mesmo nível das crianças.
Segundo Regina Zilberman (2005), nas últimas décadas evidenciou-se um crescimento
do gênero poético dedicado às crianças, com parâmetros mais livres e libertários. A autora
apresenta a relação cronológica dessa produção, entre os quais: O menino poeta (Henriqueta
Lisboa, 1943), A televisão da bicharada (Sidônio Muralha, 1962), Ou isto ou aquilo (Cecília
Meireles,1964), de pilão (Mario Quintana, 1968), A arca de Noé (Vinícius de Moraes,
1974), Boi da cara preta (Sérgio Capparelli, 1983), Classificados poéticos (Roseana Murray,
1984), É isso ali (José Paulo Paes, 1984), Poemas para brincar (José Paulo Paes, 1990), 33
Ciberpoemas e uma bula virtual (Sérgio Capparelli, 1996), Receita de olhar (Roseana
Murray, 1998), O fazedor de amanhecer (Manoel de Barros, 2001).
A poesia contemporânea caracteriza-se pela valorização da sonoridade e do ritmo das
palavras, considerados os elementos que atingem os sentidos ou a emoção das crianças
(COELHO, 2000). Assim, a “poesia permite expressar todo o valor emocional da palavra,
explorar todos os recursos metafóricos e descobrir toda a magia da língua, dando à criança
riqueza de linguagem, versatilidade, oferecendo-lhe, ainda, o gozo estético, o prazer inefável”
(CARVALHO, 1987, p. 224). Em outras palavras, Ligia Averbuck (1985) afirma que cabe à
poesia esse importante papel no crescimento da personalidade da criança, pois desenvolve a
sua sensibilidade estética, a sua imaginação e a sua criatividade, assim, estabelecendo uma
ponte entre a criança e o mundo.
Segundo Gebara (2002), atualmente é difícil encontrar uma criança que afirme não
gostar de poemas, sendo que a razão para essa empatia pode estar no encadeamento de sons,
na musicalidade e no fato de ainda não ter se tornado uma leitura obrigatória na escola, como
acontece com romances, contos, crônicas e outros. Ao contrário, a linguagem poética chama a
atenção da criança, pois a poesia é um convite para brincar com as palavras, como José Paulo
Paes nos apresenta em seu poema “Convite”:
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar se gastam
35
As palavras não:
quanto mais se brinca com elas
mais novas ficam (...).
Vamos brincar de poesia? (1990, p. 4).
Paes aborda o papel que a poesia representa, a brincadeira com as palavras; “o poeta
defende um ponto de vista, discorre sobre um assunto, buscando convencer o leitor”
(AGUIAR, 2001, p. 122), nesse caso, sobre a função da poesia. Isso se por meio da
valorização do lado lúdico da linguagem, que proporcionou a expansão da poesia endereçada
à infância (ZILBERMAN, 2005).
A proposta do poema infantil é “brincar descompromissadamente com as palavras,
criando efeitos que surpreendem pela novidade” (AGUIAR, 2001, p. 126), caracterizando-se
pelo nonsense, isto é, o ilogismo, que confunde as ideias e as deixa em aberto, não permitindo
ao leitor concatená-las com lógica. De acordo com Ana Mello, a poesia aguça a sensibilidade
do leitor, assim desenvolvendo a capacidade linguística da criança, por meio “do acesso e da
familiaridade com a linguagem conotativa, e refinamento da sensibilidade para a compreensão
de si própria e do mundo”, considerados dois motivos relevantes “para fazer do texto lírico
uma ponte imprescindível entre a criança e a vida” (2001, p. 73).
Como foi apresentado anteriormente, as narrativas de origem popular, os livros de
imagens, as narrativas curtas e a poesia infantil são pertencentes ao âmbito da literatura
infantil; portanto é importante destacar a questão da linguagem nesses textos. Para tanto,
Jaqueline Held descreve este mundo das palavras, com o qual a criança se depara na leitura de
diversos gêneros da literatura infantil, enfatizando que “o próprio da linguagem poética e
fantástica, o que a torna insubstituível na formação equilibrada de uma criança, é sua essência
multívoca”, pois oferece à criança ou prolonga nela, o sentido de uso gratuito e não utilitário,
da linguagem. Assim, “afirma e confirma que a linguagem, longe de ser apenas pressão
recebida de fora, é material para jogar, para sonhar, para rir, para acariciar, para virar e
revirar”, fazendo com que a criança desbloqueie o imaginário e recrie “a fascinação primeira
da palavra” (1980, p. 215).
36
1.3 AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
O marco inicial das histórias em quadrinhos foi no fim do século XIX, com o Menino
Amarelo (Yellow Kid), história criada pelo desenhista norte-americano Richard Outcault e
publicada semanalmente no jornal New York World. Ali nascia o primeiro herói dos
quadrinhos (MENDONÇA, 2003). No Brasil, a produção de histórias em quadrinhos se
limitou à publicação de quadrinhos estrangeiros, principalmente americanos. A primeira
revista brasileira dedicada às crianças chamou-se O Tico-Tico e surgiu em 1905, aliando
ludismo e intenções pedagógicas (CADEMARTORI, 2003).
A partir de 1960, os quadrinhos nacionais ganharam excelentes artistas, como: Ziraldo
e Maurício de Sousa. Ziraldo criou A Turma do Pererê, considerado o grande marco criativo
dos quadrinhos brasileiros, ao lado de Maurício de Sousa, que começou a desenhar as
histórias em quadrinhos em 1959, quando uma história do Bidu, sua primeira personagem, foi
aprovada pelo jornal. Em 1964, cria a principal figura de seu mundo infantil, Mônica, com a
qual ganha o prêmio “Yellow Kid”, espécie de Oscar dos quadrinhos, em 1971, no Congresso
Internacional de Lucca, na Itália (COELHO, 2006).
Nelly Novaes Coelho afirma que as histórias em quadrinhos de Maurício de Sousa se
apresentam como uma “estimulante diversão” para os pequenos, “diversão que facilmente
cairia no gratuito, não fosse a essencialidade dos valores que lhe dão suporte” (2006, p. 612).
Assim, as histórias em quadrinhos surgiram na periodicidade dos jornais e com o tempo
ganharam autonomia, devido ao sucesso de público alcançado, passaram a figurar em
publicações especializadas, os gibis (MENDONÇA, 2003).
Um subtipo de histórias em quadrinhos são as tiras, com histórias mais curtas, de
caráter sintético, podem ser sequenciais, por capítulos; ou fechadas, um episódio por dia
(MENDONÇA, 2003). Moacy Cirne destaca que no jornal, a tira com dois, três ou quatro
planos, em que o artista trabalha sobre esse espaço, “procurando criar no último quadro o
suspense necessário para que o leitor, no dia seguinte, volte à estória (sic)” (1972, p. 36).
Segundo Lígia Cademartori (2003), um dos principais trunfos da tira é o humor, através da
caricatura de gestos e situações e da resolução rápida da sequência, bem como o dito
contrariar radicalmente o mostrado.
37
Em relação à linguagem, as “histórias em quadrinhos constituem um sistema narrativo
composto por dois códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal”
(VERGUEIRO, 2007a, p. 31). Tem como elemento básico, a imagem desenhada, que se
apresenta com uma sequência de quadros, trazendo uma mensagem ao leitor. Essa sequência
interligada de instantes é essencial para a compreensão de uma determinada ação ou
acontecimento.
O balão é considerado uma das principais características criativas dos quadrinhos, é a
intersecção entre a imagem e a palavra. Waldomiro Vergueiro (2007a) apresenta os tipos de
balões, destacando aqueles: com linhas tracejadas, indicando que a personagem está falando
em voz muito baixa, de forma a não ser ouvida pelos demais; em formato de nuvem, com
rabicho elaborado como bolhas que dele se desprendem, indicando que as palavras contidas
são pensadas pela personagem; com traçado em zig-zag, indicando que uma voz procede de
um aparelho mecânico ou trata-se do grito de uma personagem; que levam para fora do
quadrinho, indicando que a voz está sendo emitida por alguém que não aparece na ilustração.
a legenda representa a voz onisciente do narrador da história, situando o leitor no
tempo e no espaço. É acondicionada em um retângulo colocado na parte superior do
quadrinho, pois deve ser lida em primeiro lugar, precedendo a fala das personagens
(VERGUEIRO, 2007a).
também as onomatopeias, que são signos convencionais que representam ou
imitam um som por meio de caracteres alfabéticos. Elas poderão “variar de autor para autor,
segundo sua procedência e preferências pessoais” (VERGUEIRO, 2007a, p. 63), com
destaque para as mais comuns: Bum! (Explosão); Crack! (Quebra); Pow! (Golpe ou Soco);
Smack! (Beijo); Bang! (Tiro), etc. Conforme Cirne, “o ruído, nos quadrinhos, mais do que
sonoro, é visual” (1972, p. 30).
Segundo Márcia Mendonça, “apesar de serem aceitas como objeto de leitura fora
das salas de aula, as HQs ainda não foram de fato incorporadas ao elenco de textos com que a
escola trabalha” (2003, p. 202). Com base nessa afirmativa, Vergueiro afirma que pais e
mestres desconfiavam das aventuras das histórias em quadrinhos, supondo que poderiam
afastar crianças e jovens de leituras “mais profundas”. Por isso, a entrada de quadrinhos na
sala de aula teve severas restrições, que aos poucos foram sendo atenuadas e extinguidas. O
autor salienta que ainda hoje não se pode afirmar que a barreira pedagógica contra as histórias
em quadrinhos tenha deixado de existir, pois “há notícias de pais que proíbem seus filhos de
lerem quadrinhos sempre que as crianças não se saem bem nos estudos ou apresentam
38
problemas de comportamento, ligando o distúrbio comportamental à leitura de gibis” (2007b,
p. 16).
Por seu turno, Cecília Meireles afirma que, em leituras “mais adiantadas, quando a
ilustração não exerça papel puramente decorativo, na ornamentação do texto, talvez se
devesse restringir às passagens mais expressivas ou mais difíceis de entender sem o auxílio de
imagem” (1984, p. 147), referindo-se, principalmente, às histórias em quadrinhos, as quais
considerava um perigo por não permitirem o exercício da imaginação. Em afirmação
contrária, Cademartori destaca:
Ocorre na história em quadrinhos um intercurso entre códigos. O verbal remete a
unidades que a visão apreende. A imagem sugere o que o verbal não diz. Entre o
visual e o verbal são estabelecidas interações mediadas por relações lógicas, e são
essas relações que, ao transpor o que é exclusividade de cada código, instituem o
plano da narratividade (2003, p. 51).
Conforme Mendonça (2003), a relativa facilidade na leitura das histórias em
quadrinhos “pode ser confundida com baixa qualidade textual, levando à falsa premissa de
que ler quadrinhos é muito fácil”. Quando na verdade, determinadas histórias necessitam de
estratégias sofisticadas de leitura, bem como um alto grau de conhecimento prévio, para que
possam ser entendidas.
Nesse sentido, verifica-se que, principalmente, nas últimas décadas do culo XX, os
meios de comunicação passaram a ser encarados de maneira “menos apocalíptica”, sendo
analisados em sua especificidade, como o cinema, o rádio, a televisão, os jornais, etc.
Inevitavelmente, as histórias em quadrinhos também passaram a ter um novo status,
“recebendo um pouco mais de atenção das elites intelectuais e passando a ser aceitas como
um elemento de destaque do sistema global de comunicação e como uma forma de
manifestação artística com características próprias” (VERGUEIRO, 2007b, p. 17).
39
2 A LEITURA E A BIBLIOTECA ESCOLAR
É o leitor que o sentido; é o leitor que confere a
um objeto, lugar ou acontecimento uma certa
legibilidade possível, ou que a reconhece neles; é o
leitor que deve atribuir significado a um sistema de
signos e depois decifrá-lo. Todos lemos a nós e ao
mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos
e onde estamos. Lemos para compreender, ou para
começar a compreender. Não podemos deixar de
ler. Ler, quase como respirar, é nossa função
essencial.
Alberto Manguel
Este capítulo faz um estudo sobre a sociologia da leitura, verificando as circunstâncias
de leitura, o tipo de leitor, bem como a influência que a obra exerce em seu destinatário. Parte,
então, para o foco principal desta pesquisa, que é a importância da mediação da leitura na
escola e na biblioteca, com destaque para a leitura literária.
A finalidade é apresentar, por meio da mediação da leitura literária na biblioteca
escolar e na sala de aula, o papel fundamental do mediador na formação de leitores. Sendo
assim, quando for referido o termo “mediador de leitura”, no decorrer da pesquisa, ele
abrangerá as seguintes expressões: professor responsável pela biblioteca, bibliotecário,
professor titular da sala de aula, contador de histórias, ou seja, todos aqueles que, no âmbito
escolar, se propõem a realizar atividades de incentivo à leitura, com o intuito de formar
leitores.
2.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA LEITURA
A sociologia da leitura tem o objetivo de estudar o público enquanto fator ativo do
processo literário, já que as mudanças de gosto e preferências interferem não apenas na
circulação, mas também no consumo dos textos (ZILBERMAN, 1989a). Diante disso,
40
entende-se o importante papel que cabe à escola, a qual é uma das maiores responsáveis pela
consagração ou pela desqualificação de obras e de autores, pois ao indicar os livros para
leitura, cumpre o papel de avalista e de fiadora “do que é literatura”, movimentando o sistema
literário (LAJOLO, 2001).
Historicamente, foi no início do século XIX que a literatura se caracterizou por uma
ruptura entre o escritor e o público, pois a partir do momento em que uma obra era publicada
seu autor não podia mais mudá-la em relação ao conteúdo, controlar a sua trajetória e ou lhe
definir os destinatários. Nesse sentido, Robert Escarpit afirma que não obras literárias, e
sim, fatos literários, ou seja, diálogos entre o escritor e seu público, pois o autor de um livro
pode ter intenções, convidar ao diálogo, mas não pode ter certeza de o conseguir. Portanto, “a
chave do fato literário está na existência ou não de uma opinião literária, ou seja, está na
tomada de consciência, por parte do público, dos próprios gostos, preferências, necessidades e
orientações” (1976, p. 31).
Antonio Candido, por sua vez, afirma que, do ponto de vista sociológico, uma
permanente relação entre a obra, o autor e o público, os quais formam uma tríade indissolúvel,
sendo que “o público sentido e realidade à obra, e sem ele o autor não se realiza, pois ele é
de certo modo o espelho que reflete a sua imagem enquanto criador”, logo, “o público é fator
de ligação entre o autor e a sua própria obra” (1980, p. 38). Portanto, “não convém separar a
repercussão da obra da sua feitura, pois, sociologicamente ao menos, ela está acabada no
momento em que repercute e atua” (1980, p. 21), visto que a arte é um sistema simbólico de
comunicação inter-humana. Em outras palavras, o texto não preexiste a sua leitura, pois é o
leitor que dá vida ao mundo formulado pelo escritor, como afirma Regina Zilberman:
A valorização da experiência estética, que confere ao leitor um papel produtivo e
resulta da identificação desse com o texto lido, enfatiza a ideia de que uma obra
pode ser julgada do ponto de vista do relacionamento com seu destinatário. Os
valores não estão prefixados, o leitor não tem de reconhecer uma essência acabada
que preexiste e prescinde de seu julgamento. Pela leitura ele é mobilizado a emitir
um juízo, fruto de sua vivência do mundo ficcional e do conhecimento transmitido.
Ignorar a experiência aí depositada equivale a negar a literatura enquanto fato
social, neutralizando tudo que ela tem condições de proporcionar (1989a, p. 110).
Com base nessa afirmação, a função social da arte advém da possibilidade de
influenciar o seu destinatário, quando veicula normas ou quando as cria. Por outro lado, a
obra literária é constituída de vazios a serem preenchidos pelo leitor. Assim, o texto é
incompleto, embora compreensível, pois ele nunca se esgota, seu significado se efetuando
quando o leitor ali deposita seu conhecimento e experiência. Nesse sentido:
41
O leitor dá vida à obra, mas é ela que lhe passa informações, conhecimento,
sabedoria. Também por esse ângulo as expectativas colocadas na leitura
compreendem-na como doadora, administrando benefícios a seus usuários. Esses
resultados podem não ser imediatamente mensuráveis, mas se reflete a longo prazo,
transformando o consumidor num ser elevado, enriquecido pela experiência
herdada dos livros (ZILBERMAN, 1989b, p. 16).
Para tanto, ao eleger um livro, o leitor exige um certo tipo de mensagem, ele presume
de antemão o seu conteúdo e espera obter algo de seu uso, como: diversão, informação,
enriquecimento espiritual, confirmação de suas ideias. Assim sendo, a leitura não é uma
operação mecânica, pois o leitor projeta sua experiência pessoal sobre a obra e assim um
sentido novo ao conteúdo que a obra quer transmitir (ROBINE, 1974). O que se pode
comprovar com a afirmativa de Diana Werkmeister, quando salienta que “a experiência de
‘viver’ uma vida emprestada durante a leitura modifica a nossa própria experiência de vida. O
leitor ‘doa’ às personagens durante a leitura a sua própria humanidade e imerge em um mundo
do qual voltará modificado” (1993, p. 59).
Segundo Luzia de Maria, “a leitura é a possibilidade de diálogo para além do tempo e
do espaço; é o alargamento do mundo para além dos limites de nosso quarto, mesmo sem
sairmos de casa”, pois é por meio da leitura, um ato aparentemente solitário, que podemos
explorar as mais variadas experiências, “quando não as podemos viver realmente” (2002, p.
25).
De acordo com Angela Rolla
4
(1996), há oito categorias de leitor, a saber: o não-leitor
é aquele que tem um comportamento avesso à leitura literária, pois não consegue acompanhar
um texto ficcional até o fim, e, lê, esporadicamente, periódicos para se informar de
acontecimentos recentes; o leitor apressado caracteriza-se como um sujeito ocupado que tem
pouco tempo para ler, e quando o faz, é para se informar e se atualizar; o leitor superficial é
aquele que lê, eventualmente, escolhendo os textos ao acaso, pois a leitura não é algo
prioritário na sua vida; o leitor compulsivo é considerado eclético, pois tudo que lhe cai
nas mãos, ocupando-se com a leitura em qualquer minuto livre que tiver; o leitor técnico faz
leituras técnicas referentes ao seu campo profissional, sendo que a leitura literária está
ausente, pois raramente ficção; o leitor escolar é aquele que com o objetivo de indicar
obras literárias aos seus alunos ou utilizar essas obras lidas em seu planejamento de trabalho,
lendo principalmente obras de literatura infanto-juvenil; o leitor profissional faz leituras com
o objetivo de analisar estilos, pois busca o valor estético das obras, sendo que a leitura
4
Ângela Rolla realizou uma pesquisa empírica, com professores, em sua tese de doutorado, defendida na
PUCRS, investigando a tipologia do leitor.
42
literária faz parte de seu cotidiano profissional; o leitor diletante é considerado um leitor
ingênuo, pois sem conhecimento prévio, mas por puro prazer, escolhendo as obras de
acordo com critérios pessoais e não possui bagagem teórica para avaliar as leituras que
realiza.
Além da tipologia de leitor, que se considerar as circunstâncias da leitura, com o
seguinte questionamento “Onde e quando se pode ler?”. Conforme Escarpit (1969), a vida
coletiva absorve o indivíduo de várias formas, desse modo, momentos de disponibilidade
de leitura na vida, que podem se resumir a três grandes categorias: os momentos vazios
irrecuperáveis, em que se faz a leitura em transportes, intervalos de trabalho; as horas
regulares de liberdade, como a leitura após o dia de trabalho, após a refeição e à noite,
enfatizando que essa última tem características particulares, pois são os livros de cabeceira
que refletem o gosto do leitor; e os períodos de não atividade, que permitem as leituras aos
domingos, dias de licença, doenças, porém nesses momentos a leitura concorre com outras
opções.
Nicole Robine (1974), por sua vez, salienta que o autor escreve para ser lido, para
comunicar, por isso a leitura é transmissão e comunicação. A autora enfatiza a leitura
silenciosa, considerando-a mais absorvente, porque mobiliza todo o ser, bem como requer um
isolamento, pois o leitor é aquele que dá o seu tempo para a leitura. De acordo com Roger
Chartier, foi no século XV que a leitura silenciosa tornou-se a maneira usual de ler, para os
leitores familiarizados com a escrita e de longa data alfabetizados. Com base nisso, o autor
destaca:
Saber ler é primeiramente a condição obrigatória para o surgimento de novas
práticas constitutivas da intimidade individual. A relação pessoal com o texto lido
ou escrito libera das antigas mediações, subtrai ao controle de grupos, autoriza o
recolhimento. Com isso, a conquista da leitura solitária possibilitou as novas
devoções que modificam radicalmente as relações do homem com a divindade.
Entretanto, saber ler e escrever permite também novos modos de relação com os
outros e os poderes (1991, p. 119).
Essa ideia de isolamento no ato de ler é reforçada por Isabel Solé, quando afirma que o
processo de leitura deve garantir ao seu leitor que consiga compreender o texto e ir
construindo uma ideia sobre o seu conteúdo. Assim, a leitura individual permite “parar,
pensar, recapitular, relacionar a informação com o conhecimento prévio, formular perguntas,
decidir o que é importante e o que é secundário” (1998, p. 32). Em outras palavras, Alberto
Manguel salienta:
43
Com a leitura silenciosa, o leitor podia ao menos estabelecer uma relação sem
restrições com o livro e as palavras. As palavras não precisavam mais ocupar o
tempo exigido para pronunciá-las. Podiam existir em um espaço interior, passando
rapidamente ou apenas se insinuando plenamente decifradas ou ditas pela metade,
enquanto os pensamentos do leitor as inspecionavam à vontade, retirando novas
noções delas, permitindo comparações de memória com outros livros deixados
abertos para consulta simultânea. O leitor tinha tempo para considerar e
reconsiderar as preciosas palavras cujos sons – ele sabia agora – podiam ecoar tanto
dentro como fora. E o próprio texto, protegido de estranhos por suas capas, tornava-
se posse do leitor, conhecimento íntimo do leitor, fosse na azáfama do scriptorium,
no mercado ou em casa (2006, p. 67).
Portanto, lido em silêncio, o livro torna-se companheiro de uma intimidade inédita.
Chartier (1991) destaca que, aos poucos, os livros foram transferidos de lugares de acesso
público da casa para lugares de mais intimidade, como o quarto do casal e a biblioteca, a qual
passa a ser um lugar de retiro, estudo e meditação solitária. O autor afirma também que a
leitura solitária induz ao abandono de que o romance é representante, pois todos os indícios
caracterizam a leitura do romance como aquela que “alimenta” sonhos perturbadores, que
“nutre” expectativas sentimentais e que exalta os sentidos, sendo associada à leitura
feminina
5
, que é vista pelos homens do século XVIII como o ato privado por excelência.
a leitura em voz alta é uma prática frequente no século XVII. Ela fortalece as
amizades, preenche as horas de folga, havendo reuniões em torno do livro entre amigos
seletos. A leitura em voz alta reforça também outro setor da vida privada: a intimidade da
família (CHARTIER, 1991). Por sua vez, Manguel salienta:
Ler em voz alta, ler em silêncio, ser capaz de carregar na mente bibliotecas íntimas
de palavras lembradas são aptidões espantosas que adquirimos por meios incertos.
Todavia, antes que essas aptidões possam ser adquiridas, o leitor precisa aprender a
capacidade básica de reconhecer os signos comuns pelos quais uma sociedade
escolheu comunicar-se: em outras palavras, o leitor precisa aprender a ler (2006, p.
85).
Para aprender a ler, é preciso que todos tenham acesso à leitura com igualdade de
possibilidades. Magda Soares é categórica quando diz:
Enquanto as classes dominantes veem a leitura como fruição, lazer, ampliação de
horizontes, de conhecimentos, de experiências, as classes dominadas a veem
pragmaticamente como instrumento necessário à sobrevivência, ao acesso ao
mundo do trabalho, à luta contra suas condições de vida (1988, p. 21).
5
Atualmente, segundo a pesquisa Retratos da leitura no Brasil (realizada no ano de 2007, em sua segunda
edição; pelo Ibope Inteligência, sob a coordenação do Diretor do Observatório do Livro e da Leitura, Galeno
Amorim, com o objetivo de traçar o panorama mais completo possível sobre o comportamento leitor dos
brasileiros) a leitura preferida das mulheres é a Bíblia, com 49% e o romance, com 44%; enquanto que para os
homens a percentagem referente à leitura do romance se reduz a 17%; assim, comprova-se que o romance
continua sendo um dos gêneros mais lidos entre as mulheres, mas não faz o mesmo sucesso entre os homens
(AMORIM, 2008).
44
Por seu turno, a pesquisa Retratos da leitura no Brasil revela que 26% dos brasileiros
entendem que a leitura significa conhecimento, enquanto que a mesma percentagem responde
não fazer a menor ideia do papel da leitura (AMORIM, 2008); desse modo se reforça a
afirmação de Magda da Soares, em relação a como as classes dominante e dominada veem o
significado da leitura.
Diante disso, Soares salienta que o acesso ao mundo da escrita para as camadas
populares não vai além da alfabetização. Posteriormente, dificulta-se o acesso à leitura, com a
mistificação do livro, como um objeto cultural de que se apropriam as classes dominantes;
assim, ler é um direito exclusivo dessa classe, que “ao povo permite-se que aprenda a ler,
não se lhe permite que se torne leitor(1988, p. 25). Portanto, as condições sociais de acesso
à leitura, em nossa sociedade capitalista, são diferenciadas, pois discriminam-se as camadas
populares pela sua concepção pragmática da leitura, enquanto que, para as classes
dominantes, ler é proposta de lazer e prazer, bem como de enriquecimento cultural. Com base
nisso, Ana Maria Machado afirma que a leitura é um direito básico e fundamental das novas
gerações, sendo que a cada um de nós deve ser dado o direito de conhecer as grandes obras
literárias do patrimônio universal, pois:
Ler literatura é uma forma de acesso a esse patrimônio, confirma que está sendo
reconhecido e respeitado o direito de cada cidadão a essa herança, atesta que não
estamos nos deixando roubar. E nos insere numa família de leitores, com quem
podemos trocar ideias e experiências e nos projetar para o futuro. Aceitar que numa
sociedade podemos ter gente que nunca vai ter a menor oportunidade de ter acesso
a uma leitura literária é uma forma perversa de compactuarmos com a exclusão.
Não combina com quem pretende ser democrático (2001, p. 137).
Nesse sentido, será por meio de uma distribuição mais justa desse bem simbólico, a
leitura, que haverá condição para uma plena democracia cultural
6
. Assim, entende-se a
importância que cabe à escola, por meio de educadores comprometidos com a formação de
leitores, a possibilidade de difusão e acesso
7
à leitura (SOARES, 2008), pois segundo Edmir
Perrotti, “se o país não lê, deve ler, custe o que custar, pois esta é a saída para os problemas
cruciais que enfrenta” (1990, p. 16), livrando a nossa população da incultura.
6
Democracia cultural é “entendida como distribuição equitativa de bens simbólicos, considerados estes como
aqueles que são fundamentalmente significações e só secundariamente mercadorias” (SOARES, 2008, p. 18).
7
Conforme a pesquisa Retratos da leitura no Brasil, o acesso aos livros, de acordo com a classe social, mostra
que 73% são comprados pela Classe A, enquanto que apenas 27% da Classe E pode comprar livros (AMORIM,
2008).
45
2.2 A LEITURA NA ESCOLA
O ensino da leitura está, historicamente, vinculado à escola, cabendo ao professor a
tarefa de incentivá-la em seus alunos, por meio de estratégias que os motivem. Entende-se que
a experiência infantil de contato com os livros deveria anteceder à idade escolar, que a criança
deveria descobrir o prazer da leitura muito antes de aprender a ler, mediante um ambiente
familiar de leitura. No entanto, embora a atuação dos pais seja fundamental, é para o professor
que convergem as maiores expectativas (AGUIAR, 1985). Segundo Teresa Colomer, “uma
criança tem o dobro de possibilidades de ser leitor se viveu essa experiência” (2007, p. 105).
Em pesquisa descrita por Richard Bamberger (2004), na obra Como incentivar o
hábito da leitura, percebe-se que uma dificuldade em criar interesses de leitura
permanente, por uma série de fatores: a falta de motivação das crianças para a leitura; o fato
de a leitura estar intimamente associada às atividades e exigências da escola e devido a outros
meios de entretenimento
8
, que são considerados, pela criança, mais atrativos. Em relação à
prática de leitura patrocinada pela escola, é importante ressaltar que essa precisa ocorrer num
espaço de maior liberdade possível, pois:
A leitura se torna livre quando se respeita, ao menos em momentos iniciais do
aprendizado, o prazer ou a aversão de cada leitor em relação a cada livro. Ou seja,
quando não se obriga toda uma classe à leitura de um mesmo livro, com a
justificativa de que tal livro é apropriado para a faixa etária daqueles alunos, ou que
se trata de um tema que interessa àquele tipo de criança (LAJOLO, 1997, p.108).
Com base nessa afirmação, é necessário que a cada um seja dado o direito de escolher
o que quer ler, segundo a sua curiosidade e seus interesses. Feita a escolha do livro, cabe ao
mediador propor atividades que façam o estudante “justificar suas decisões, falar dos assuntos
preferidos, contar como se deu seu encontro com o livro a ser lido” (AGUIAR, 1999, p. 253).
Para reforçar essa ideia de liberdade na escolha da leitura, Ana Maria Machado é categórica:
Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada cidadão, não é
um dever. É alimento do espírito. Igualzinho a comida. Todo mundo precisa, todo
mundo deve ter a sua disposição de boa qualidade, variada, em quantidades que
saciem a fome. Mas é um absurdo impingir um prato cheio pela goela abaixo de
qualquer pessoa. Mesmo que se ache que o que enche aquele prato é a iguaria mais
deliciosa do mundo (2002, p. 15).
8
Segundo a pesquisa Retratos da leitura no Brasil, dos brasileiros que foram questionados em relação ao que
mais gostavam de fazer em seus momentos de lazer, 77% respondeu que gosta de assistir televisão, enquanto que
a leitura apareceu em quinto lugar, com 35% da preferência (AMORIM, 2008).
46
Diante dessa metáfora utilizada pela autora, entende-se que se faz necessário à escola
repensar a sua prática de leitura, de forma a torná-la prazerosa, tanto fora, quanto dentro do
seu ambiente. Nesse sentido, é tarefa da escola mostrar as “portas de acesso” para a leitura,
com destaque para a leitura literária, até porque, graças à extensão da escolaridade, lê-se
muito, embora o que e para que se esteja longe de corresponder à literatura e a seus
possíveis benefícios. Sendo assim, caberia à escola, não apenas ensinar a ler, mas,
principalmente, formar leitores que, terminados os estudos, continuassem lendo (COLOMER,
2007).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) consideram que, para os alunos se
tornarem bons leitores, é necessário que se desenvolva o gosto e o compromisso com a leitura.
Para tanto, a escola precisará fazer com que eles se interessem e acreditem que por meio da
leitura conquistarão autonomia e independência. Portanto, uma prática de leitura que não
desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente” (BRASIL, 1997, p.
58).
Como já referido anteriormente, é a falta de motivação uma das maiores causas de
problemas da leitura, pois, quando as crianças sentem que os livros que lhe são oferecidos
nada têm de interessante, pouco incentivo para ler; porém, quando se interessam por uma
história, suas habilidades de leitura aumentam, porque o entendimento dos significados do
que estão lendo (KUHLTHAU, 2002). Por seu turno, Paulo Freire destaca que a compreensão
do texto, a ser alcançada por sua leitura crítica, implica a percepção das relações entre o texto
e o contexto, assim, afirma que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a
posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele” (2006, p. 11).
Para tanto, o ato de ler é “possuir elementos de combate à alienação e ignorância”, pois a
“pessoa que sabe ler e executa essa prática social em diferentes momentos de sua vida”
(SILVA, 1995a, p. 49) tem a possibilidade de posicionar-se criticamente diante à sociedade.
A aquisição de uma determinada língua implica o contato com a palavra do outro
desde os primeiros meses de vida, sendo considerada uma prática que não necessita ser
explicitamente organizada e socialmente dirigida, diferentemente do que ocorre com a escrita
e a leitura, que não podem ser objetos de um procedimento espontâneo de aquisição, pois
requerem ensino (BRESSON, 2001). Em outras palavras, Ezequiel Theodoro da Silva afirma:
Temos de entender de uma vez por todas que a leitura não é uma função que nasce
e se desenvolve devido a um dom, vocação ou talento de um indivíduo. Muito pelo
contrário: a leitura é uma prática social que, para ser efetivada, depende de
47
determinadas condições objetivas, presentes na sociedade como um todo (1991, p.
120).
Portanto, para que se possa contribuir na formação de leitores é necessário que todos
tenham acesso e convivam com livros e com mediadores que incentivem à leitura. De acordo
com os PCNs (BRASIL, 1997), para formar um leitor competente é fundamental que ele
compreenda o que lê, ou seja, identifique elementos implícitos, estabeleça relações entre o
texto que e outros textos lidos e saiba justificar e validar a sua leitura. Marisa Lajolo
intensifica essa ideia quando afirma que “ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações,
o sentido de um texto” (1985, p. 59), mas atribuir-lhe significação, relacionando-o com outros
textos que tenham sido significativos para a pessoa e reconhecer o tipo de leitura que seu
autor pretendia, tirando as suas próprias conclusões.
Muitas são as expressões que remetem para a importância da prática de leitura nas
escolas como “hábitos de leitura”, “prazer da leitura”, “gosto pela leitura”, “animação da
leitura”; os estudos que tematizam a questão têm o intuito de formar leitores habituais e
assíduos, tornando a leitura escolar produtiva para o aluno (COLOMER, 2007). Por sua vez,
Ezequiel Theodoro da Silva contesta esse discurso tão proclamado nas propagandas oficiais
do Governo, como “prazer da leitura”, enfatizando que o mesmo permanece, muitas vezes,
fora da sala de aula, visto que na escola prevalecem atmosferas controladoras e quantitativas,
que levam as crianças ao desprazer, à “desleitura”, pois “na escola, tudo tem que ser medido,
quantificado, repetido pelos toques das didáticas cartilhescas, deixando pouco ou nenhum
tempo ou espaço para a alegria, criatividade, fantasia e imaginação” (2003, p. 20). Para mudar
esse quadro, Colomer destaca que é preciso um planejamento para a leitura de livros na
escola, partindo de três pontos específicos:
A necessidade de proporcionar aos alunos um espaço habitado por livros, a
constatação de que existem certas formas de organizar as aprendizagens escolares
que favorecem especialmente a presença da leitura e a conveniência de planificar
articuladamente funções, tipos e atividades de leitura de livros na escola (2007, p.
117).
Com base nesses aspectos, entende-se a importância do espaço da biblioteca escolar na
formação do leitor, tendo como mediador um profissional dinâmico, pois caberá a ele
estabelecer a ponte entre a biblioteca e a comunidade escolar, no que se refere ao incentivo à
leitura literária (SILVA, 2009b).
48
2.3 O ESPAÇO DA BIBLIOTECA ESCOLAR
A biblioteca foi criada pela necessidade de se preservar e organizar os documentos
produzidos ao longo da história, portanto “havendo registros, haverá uma biblioteca, porque
os homens precisam repartir o pensamento criado, disseminando-o para garantir a posse do
conhecimento” (MILANESI, 2002, p. 11). Já no início do século XX, a biblioteca, além da
ideia de organização do saber, apresentou-se com uma nova função: a de sistematizar o acesso
às informações. Foi nesse período que se implantou, por lei, a pesquisa escolar, a qual levou
muitas crianças e adolescentes às bibliotecas públicas e escolares (MILANESI, 2002).
Segundo Max Butlen, a história das bibliotecas escolares está “marcada por longas e
repetidas lutas pelo reconhecimento e a mudança”, nesse sentido, fez-se preciso, “dar-se a
conhecer, legitimar-se, fazer com que se entendesse” (2002, p. 291) a necessidade
fundamental de uma biblioteca e de um bibliotecário. O responsável pela biblioteca escolar é
o bibliotecário, com curso superior em Biblioteconomia, mas, na maioria das vezes, é o
professor aposentado ou readaptado que assume essa função, tornando-se um guardião dos
livros e do espaço da biblioteca e protegendo-os dos leitores (SILVA, 1986b). No entanto,
espera-se que o profissional responsável pela biblioteca, que pode ser tanto o bibliotecário
como o professor, se torne um mediador de leitura, dispondo “as informações adequadas às
crianças e às suas circunstâncias de tal forma que elas fiquem interessadas pela ampliação do
conhecimento” (MILANESI, 2002, p. 60).
A biblioteca escolar, no contexto da educação brasileira, é desprezada e esquecida, não
recebendo o valor que mereceria das autoridades, pois nem sempre é “levada muito a sério” e
raramente é objeto de preocupação ou investimento (SILVA, 1991). Nesse sentido, as
bibliotecas escolares são consideradas depósitos de livros e de outros materiais que não estão
sendo usados pela escola. Além disso, uma atitude que pode vir a afastar os alunos desse
espaço são os regulamentos muito rígidos, com horários inflexíveis; o não acesso às estantes
para a escolha de livros; e, a “eterna preocupação com o silêncio”, criando uma certa antipatia
por esse ambiente (SILVA, 1995b). Com base nesses aspectos, Rovilson José da Silva
defende:
A biblioteca escolar trará benefícios para o contexto escolar se não for tratada como
peça decorativa, mas como um organismo vivo que emana para toda a comunidade
49
escolar possibilidades distintas de conhecer, de sedimentar o que se sabe, de
refletir e ampliar a compreensão de mundo dos alunos (2009b, p. 118).
Portanto, cabe acentuar que a estrutura é tão importante quanto o estímulo à leitura,
sendo os aspectos materiais também facilitadores do ato de ler. Contudo, segundo Waldeck
Carneiro da Silva (1995b), muitas bibliotecas escolares estão situadas em locais inadequados,
dividindo sala com outro setor da escola, revelando o baixo prestígio que possuem, o que
pode vir a desestimular a sua frequência. Assim, é preciso que a biblioteca escolar se
transforme em um espaço dedicado ao incentivo à leitura, por meio da promoção de
atividades criativas e de um serviço democrático de circulação (SILVA, 1985).
Os PCNs recomendam que cada escola disponha de uma boa biblioteca e que cada
classe dos ciclos iniciais tenha um canto de leitura. Também destacam a importância do
professor ser um leitor, pois, vendo o seu professor envolvido com a leitura, os alunos se
sentirão estimulados a usufruírem desse espaço e tornar-se-ão leitores. Sendo assim:
O papel da escola (e principalmente do professor) é fundamental, tanto no que se
refere à biblioteca escolar quanto à de classe, para a organização de critérios de
seleção de material impresso de qualidade e para a orientação dos alunos, de forma
a promover a leitura autônoma, a aprendizagem de procedimentos de utilização de
bibliotecas (empréstimo, seleção de repertório, utilização de índices, consulta a
diferentes fontes de informação, seleção de textos adequados às suas necessidades,
etc.), e a constituição de atitudes de cuidado e conservação do material disponível
para consulta. Além disso, a organização do espaço físico iluminação, estantes e
disposição dos livros, agrupamentos dos livros no espaço disponível, mobiliário,
etc. – deve garantir que todos os alunos tenham acesso ao material disponível. Mais
do que isso: deve possibilitar ao aluno o gosto por frequentar aquele espaço e, dessa
forma, o gosto pela leitura (BRASIL, 1997, p. 92).
Diante disso, entende-se a importância do livre acesso ao acervo, não se justificando o
ato de impedir o aluno de ter a liberdade de passear entre as estantes e escolher o livro que
mais o atrai. Ocorre que, muitas vezes, o acesso às estantes é vetado para que a biblioteca
possa manter as obras em bom estado de conservação. Como afirma Waldeck Carneiro da
Silva, “parece que alguns bibliotecários preferem um acervo intacto em vez do livre circular
de usuários por entre as estantes” (1995b, p. 59).
Com base nisso, um dos caminhos para tornar uma leitura prazerosa ou agradável é
“deixar as crianças escolherem os livros que desejam ler”, e “a autoescolha pode ser uma
ponte para a descoberta de livros que mais atraem, que mais seduzem as crianças e que
podem, por isso mesmo, provocar uma maior aproximação com os livros” (SILVA, 2003, p.
99). Em outras palavras, Teresa Colomer (2007) destaca a importância do acesso livre às
50
obras, que pode ocorrer com a ajuda de um mediador que saiba sugerir de acordo com as
capacidades e necessidades das crianças, encorajando-as a progredirem em suas leituras.
Atualmente, privilegiam-se as bibliotecas escolares como espaços multimidiais de
leitura e de animação cultural, pois se trata de formar um leitor polivalente. Para tanto, Max
Butlen destaca:
A biblioteca escolar multimídia deve favorecer a circulação livre e independente
das crianças no campo dos conhecimentos, no universo dos saberes, das
habilidades. Nesse sentido, a biblioteca coloca a questão do status da criança na
escola: sua autonomia supõe que lhe damos os meios ensinando a aceder
individualmente, utilmente e livremente aos conhecimentos e às informações.
Nesse sentido, a formação às práticas e à pesquisa documentária deve tornar-se,
progressivamente, um objetivo fundamental nas bibliotecas escolares (2002, p.
292).
Tal informação revela que, além da leitura variada de livros, revistas, jornais e gibis, a
biblioteca deverá oferecer os recursos de multimídia e assim dinamizar esse espaço, tornando-
o mais atraente para toda a comunidade escolar. O fato de a biblioteca dispor desses recursos,
que no passado eram considerados os “inimigos” da leitura, não diminuirá o gosto pela
leitura, pois “cada um tem o seu lugar, são usados em situações diferentes e com objetivos
diferentes; assim, a Internet na biblioteca, necessariamente, não levará à diminuição do
número de leitores de livros” (MILANESI, 2002, p. 63). Essa ideia é reforçada por Rovilson
José da Silva (2009b) quando afirma que o computador tornou-se um componente importante
para uso na biblioteca escolar, a qual deve oferecer ao aluno a possibilidade de realizar
atividades de investigação que podem ocorrer tanto por meio dos livros, quanto pelo meio
virtual.
Ezequiel Theodoro da Silva (1985) afirma que o professor responsável pela biblioteca
deve buscar meios de motivar os estudantes a frequentarem esse ambiente
9
, pois é necessário
“arregaçar as mangas” e parar com os lamentos e críticas, buscando desenvolver uma
proposta de trabalho que vise ao estímulo à leitura, assim melhorando a qualidade do ensino.
Com base nisso, entende-se o seguinte:
O que melhor caracteriza uma biblioteca não é a beleza de sua decoração, mas sim
a qualidade do seu acervo e a funcionalidade dos seus serviços. A qualidade do
acervo da biblioteca é estabelecida pelo atendimento às necessidades reais de
leitura dos usuários, voltadas à busca de conhecimento, recreação e fruição estética.
9
De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 3 em cada 4 brasileiros não vão à bibliotecas, em
percentagem, significa que 73% não usa esse espaço. Esse dado revela que as bibliotecas são frequentadas,
basicamente, durante a vida escolar, sendo que com o término desse período o uso diminui (AMORIM, 2008).
Tal dado revela a necessidade de se repensar o espaço da biblioteca, pois é preciso atrair os usuários para esse
ambiente, por meio de políticas de leitura, com o apoio da família, escola e poder público.
51
A funcionalidade dos serviços é definida pela própria dinâmica interna da
biblioteca, nos seus aspectos de seleção e aquisição de obras, agilização do
processamento técnico, sistema de empréstimos, etc. e pela sua capacidade em
atrair e aumentar o público leitor (1985, p. 143).
As atividades desenvolvidas na biblioteca escolar, por seu turno, precisam estar de
acordo com os interesses da clientela atendida, pressupondo uma articulação com o trabalho
desenvolvido pelo professor. Nesse sentido, Rovilson José da Silva (2009b) destaca a
importância de um planejamento para o bom funcionamento desse espaço: por meio de
atividades com horários pré-determinados, como a “Hora do conto” ou a orientação à
pesquisa, em que os alunos vão para a biblioteca com seu professor regente ou sob a
responsabilidade do profissional da biblioteca; e horários livres, em que o aluno frequenta a
biblioteca buscando a leitura de acordo com suas motivações. Para isso, ela deve
disponibilizar a abertura de seu espaço tanto na hora do recreio, quanto em horário inverso ao
da aula.
Em relação à “hora do conto”, entende-se que esse seja um momento de atividade na
biblioteca escolar que pode vir a contribuir para o incentivo à formação de leitores, “pois a
literatura presente na escola tem potencialidade para auxiliar no desenvolvimento mental e
pessoal da criança” (SOUZA; GIROTTO, 2009, p. 20). Além disso, a hora do conto reafirma
o espaço da biblioteca escolar como um local propício à atividade literária, pois as atividades
como contar e ouvir histórias incentivam à formação do leitor.
Para que a leitura aconteça de forma democrática na escola, essa precisa dispor de uma
biblioteca agradável, que seja “um espaço, no sentido real e metafórico, no qual se pode
sentir-se suficientemente protegido para poder ir e vir livremente, sem perigo, e entregar-se à
fantasia, e ter a mente em outra parte
10
(PETIT, 2001, p. 71). Portanto, para que a biblioteca
se torne um local em que a leitura livre prevaleça, é necessário que o mediador de leitura,
responsável por esse ambiente, torne o livro um objeto significativo para a criança; e isso
ocorrerá se esse também for significativo para ele.
10
Tradução da autora deste trabalho.
52
2.4 O PAPEL DO MEDIADOR DE LEITURA
É importante que a escola saiba aproveitar o espaço da biblioteca para promover
atividades que estimulem a leitura como a “hora do conto”, com um profissional que antes de
tudo seja um leitor. Michèle Petit (2001) destaca o papel fundamental que desempenha o
mediador de leitura, pois cabe a ele aproximar o público dos livros, recomendando-os e,
assim, iniciando o encontro das crianças com os livros, principalmente daquelas que, por
algum motivo, não dispõem de livros na sua casa e não tem pais que contam histórias;
portanto, o papel do mediador é incentivar o desejo de ler.
Em outras palavras, é fundamental que haja uma interação afetiva entre o mediador e o
usuário da biblioteca, para o desenvolvimento de uma relação positiva com a leitura, pois
fazer disseminar a leitura “não é simplesmente ‘encontrar’ o livro na prateleira e entregá-lo ao
leitor, mas orientar esse leitor no sentido de ler bem e ler mais” (SILVA, 1986a, p. 71).
Portanto, “assegurar o acesso dos estudantes a uma boa quantidade e diversidade de livros,
por si só, não assegura o êxito na formação do leitor” (SILVA, 2009a, p. 52); sem dúvida
representa uma conquista importante, mas é preciso se investir na mediação da leitura.
Segundo Isabel Solé, é necessário promover estratégias para a compreensão leitora,
pois o que se deseja é formar leitores autônomos, capazes de aprender a partir dos textos.
Nesse sentido, a autora destaca que o mediador de leitura deve conhecer previamente o
assunto da história que irá relatar e assim, preparar estratégias de compreensão, como propor
atividades que antecedam à leitura, bem como outras que se desenvolvam durante e depois da
mesma. Um exemplo de atividade que antecede à leitura seria a de verificar as hipóteses e as
previsões das crianças em relação ao tema, ao título e à capa da obra a ser contada, ou seja,
motivá-las para a leitura que virá a seguir. Portanto, “nenhuma tarefa de leitura deveria ser
iniciada sem que as meninas e meninos se encontrem motivados para ela, sem que esteja claro
que lhe encontram sentido” (1998, p. 91). Durante e depois da leitura, a autora salienta que é
preciso que se compreenda o texto, sendo que uma das estratégias seria a leitura
compartilhada, pois é por meio de questionamentos ou esclarecimentos sobre determinadas
dúvidas que o texto suscitou que se compreenderá o mesmo.
Renata Souza e Cyntia Girotto defendem a realização de atividades de pós-leitura
quando finda a contação, pois essas atuam no desenvolvimento das crianças e as preparam
53
para apropriações cada vez mais complexas. Assim, sugerem uma abordagem lúdica, pois,
partindo das histórias lidas ou contadas, “surgem relatos orais e escritos dos mediadores e das
crianças; desenhos; dramatização; modelagens; dobraduras e recortes; brincadeiras;
construção de maquetes; pinturas” (2009, p. 35), tornando a criança protagonista e
apresentando-a a diferentes linguagens.
artifícios que o contador de histórias pode utilizar para prender a atenção de seu
leitor, como se valer da pausa, provocando atitudes de ansiedade pelo que se segue,
aproveitar-se da gesticulação e da imitação de personagens do texto e, por último, conseguir
estabelecer contato com o auditório através de atitudes que provoquem uma boa recepção para
o conto, como, por exemplo, perguntas introdutórias referentes ao assunto do texto
(CHAVES, 1952).
Betty Coelho Silva (1990) apresenta recursos, dos quais o mediador de leitura pode
dispor na contação da história para as crianças, como: a simples narrativa, considerada a
mais autêntica expressão do contador de histórias, pois se processa por meio da voz e da
expressão corporal; com o livro, histórias que requerem sua apresentação, pois a ilustração as
complementa; com o flanelógrafo, entendido como um recurso visual muito prático para
aquelas histórias em que a personagem entra e sai de cena a todo o momento; com desenhos,
o que leva a uma maior participação dos ouvintes, pois cada um pode desenhar como imagina
que seja a personagem da história; e com interferências do narrador e dos ouvintes, visto
como um excelente recurso para a concentração de um número grande de ouvintes, pois, fazê-
los participar por meio da voz e/ou gestos, chama-os a prestarem mais atenção ao texto. Com
base nisso, Bettelheim afirma:
Para que uma estória (sic) realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e
despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a
imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções;
estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas
dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a
perturbam (1980, p.13).
Para a escolha das histórias é necessário que se leve em conta o interesse do ouvinte,
sua faixa etária, bem como a elaboração de um planejamento por parte do mediador, para
garantir-lhe segurança e naturalidade no momento da contação da história. É também
fundamental que o contador goste da história escolhida, que a compreenda, pois “se a história
não desperta a sensibilidade, a emoção, não iremos contá-la com sucesso” (SILVA, 1990, p.
14). Portanto, se o mediador não se diverte junto com as crianças no ato de narrar a história,
54
se não tem sensibilidade para captar as mensagens implícitas no texto, não conseguirá fazer as
crianças apreciarem esse momento da “hora do conto”. Para Solé:
Não devemos esquecer que o interesse também se cria, se suscita e se educa e que
em diversas ocasiões ele depende do entusiasmo e da apresentação que o professor
faz de uma determinada leitura e das possibilidades que seja capaz de explorar. (...)
Também convém levar em conta que a leitura “de verdade”, aquela que realizamos
os leitores experientes e que nos motiva, é a leitura na qual nós mesmos mudamos:
relendo, parando para saboreá-la ou para refletir sobre ela, pulando parágrafos...
uma leitura íntima, e por isso, individual (1998, p. 43).
Em outras palavras, “significa colocar mediadores em condições de planejar e executar
atividades de promoção/animação da leitura capazes de envolver completamente o leitor”,
(PERROTTI, 1990, p. 77), assim, atraindo, convencendo e interessando às crianças para os
prazeres da leitura, mediante a utilização de técnicas diversas que apelam para variados
sentidos. Portanto, Ezequiel Theodoro da Silva afirma:
Aos professores, profissionais cuja responsabilidade é formar e produzir leitores
por meio da educação escolarizada, a necessidade da leitura se impõe como mais
forte ainda. Isto porque, caso ele próprio não seja um leitor assíduo, rigoroso e
crítico, são mínimas ou nulas as chances de que possa fazer um trabalho condigno
na área da educação e do ensino da leitura. Não tendo ele um repertório, uma
história substancial de leitura, não tendo ele penetrado nas histórias contadas por
vários tipos de livros, é bem possível que ele assine pactos ininterruptos de
mediocridade com seus alunos, fingindo que ensina e lê, e os seus alunos fingindo
que aprendem e leem (2003, p. 28).
Com base nisso, Silva (2003) salienta que mediadores despreparados para a
orientação da leitura, sendo que, em muitos casos, a criança apresenta potencial e deseja
aprender a ler, porém, se diante de um profissional que é ele próprio um não-leitor, pois
não tem uma história de leitura e nem um repertório de livros visitados ao longo de sua
existência. Em contrapartida, entende-se que a questão da mediação é fundamental em relação
à promoção da leitura, pois, para oferecer obras de qualidade, é preciso as ter experimentado,
ou seja, para transmitir o amor pela leitura e, principalmente, pela leitura literária, é preciso
conhecê-la (PETIT, 2001).
Um dado relevante levantado por Rovilson José da Silva é a constante mudança de
profissional destinado a mediar a leitura na biblioteca escolar, mudança que desestrutura a
sedimentação das estratégias realizadas a cada ano nesse espaço, pois sempre um
recomeço, portanto:
A permanência do bibliotecário/professor na biblioteca será benéfica para a
comunidade escolar, pois as mudanças constantes nessa função desmobilizam,
desorganizam o trabalho realizado na escola. A biblioteca precisa de trabalho
55
contínuo que acumule ações pedagógicas promovedoras do conhecimento de sua
comunidade (2009b, p. 134).
Logo, o mediador de leitura precisa ser um leitor, pois a criança, antes de qualquer
coisa, necessita de exemplo, ou seja, é fundamental que a leitura seja apresentada a ela como
algo prazeroso e não por meio da obrigação. Assim, “um ponto crucial na formação do gosto
é preciso gostar para poder criar no outro o gosto, trabalho de emoção e afeto que pode
partir daqueles que se dispõem verdadeiramente” (AVERBUCK, 1985, p. 69).
2.5 A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO
Para a criança se interessar por uma determinada leitura, o professor precisa motivá-la,
mas, para isso, o professor deve ser um leitor. Ele precisa saber qual o objetivo pretendido,
quando quer que uma criança leia, devendo apresentar-lhe diversos títulos para que ela possa
escolher o que mais lhe agrada.
De acordo com Vera Teixeira de Aguiar (1985), é necessário que haja uma seleção de
livros para os estudantes do Ensino Fundamental, levando em conta suas preferências
literárias. Para isso, o professor pode basear-se em observações da realidade, debates com
grupos de leitores e pesquisas junto às bibliotecas, salas de leitura, livrarias e editoras, que
possam traçar um perfil do público quanto a seus interesses. Em outras palavras, Teresa
Colomer destaca:
Não dúvida de que se necessita progredir em saber o que agrada às crianças e
sobre o modo de fazer evoluir suas preferências. Mas, para isso, devemos escutá-las
falando sobre livros, -las formar e explicitar suas opiniões; e devemos também
saber o que opinam seus pais e seus professores, se eles leem como adultos e que
livros infantis valorizam, realmente, para seus filhos e alunos. Não se pode avançar
se não se tem claro o que permite progredir (2007, p. 136).
Para que um professor possa indicar um livro, ele precisa avaliar a qualidade do
material, como, por exemplo, analisar os níveis de adaptação dos componentes do texto à
56
realidade do leitor, verificando se a assimetria
11
está atenuada. Para auxílio dessa análise,
toma-se por base o texto Leituras para o Grau: critérios de seleção e sugestões, de Vera
Teixeira de Aguiar (1985), que nos afirma que a qualidade das obras deve ser pensada, a
partir dos seguintes níveis de adaptação:
assunto: o livro pode apresentar os mais variados assuntos, desde que sejam adaptados à
compreensão do leitor e significativos ao seu universo. É importante que o texto faça com que
o leitor reflita sobre a realidade e se posicione criticamente diante da mesma;
estrutura da história: em literatura infantil, se deve repetir o modelo do conto de fadas
tradicional, pois há uma maior aceitação por parte dos leitores iniciantes;
estilo: “o desempenho linguístico do escritor deve estar de acordo com as capacidades
cognitivas infantis, para que a comunicação entre ambos realmente se efetue” (1985, p. 88). É
importante, pois, que o texto apresente frases significativas, com um vocabulário coloquial,
mas sem a infantilização da linguagem;
forma: o texto deve apresentar uma linearidade início, meio e fim sem deter-se em
longas descrições, bem como evitar conceitos morais, pois tais recursos retardam a ação e
tornam a narrativa mais complexa e menos acessível aos pequenos leitores;
aspectos externos: a capa é um dos elementos que determina a escolha do livro pela
criança, devendo ser sugestiva e atraente, para despertar a sua curiosidade. O tipo de letra
deve ser bem legível. A espessura do livro deve levar em conta a faixa etária a que se destina.
A ilustração precisa chamar a atenção, e, para a criança menor é aconselhável que o número
de gravuras seja maior.
Segundo Richard Bamberger (2004), os critérios para analisar uma obra infantil
partem da caracterização das fases da leitura, que seguem as definições de Schliebe-Lippert e
A. Beinlich, as quais comprovam que o interesse das crianças por determinado assunto
relaciona-se à sua idade:
a) idade dos livros de gravuras e dos versos infantis (de 2 a 5 ou 6 anos): “a criança faz
pouca distinção entre o mundo interior e o exterior; experimenta o meio em que vive em
relação a si mesma (idade do pensamento mágico)” (2004, p. 33). É caracterizada como
egocêntrica. Os livros de gravuras são os oferecidos por apresentarem objetos simples, os
11
O conceito de assimetria é usado aqui no sentido de que os textos em literatura infantil são escritos para a
criança e lidos pela criança, contudo é o adulto quem escreve, divulga e compra. Portanto, cabe verificar, se esse
distanciamento (adulto/criança) está muito evidente.
57
quais são retirados do meio em que a criança vive. A seguir podem ser apresentados livros
que agrupam objetos, relacionados com várias coisas do meio. A criança também se interessa
por versos infantis, por causa do ritmo e do som;
b) idade do conto de fadas (de 5 a 8 ou 9 anos): é caracterizada como a idade do realismo
mágico, fase em que a criança é essencialmente suscetível à fantasia. É a idade dos contos de
fadas, lendas, mitos e fábulas. O gosto pelo texto poético, com rimas e ritmo, continuam os
mesmos;
c) idade das “histórias ambientais” ou da leitura “factual” (de 9 a 12 anos): é definida
como uma fase intermediária em que a criança começa a se orientar no mundo concreto.
Ainda existe um interesse pelos contos de fadas, mas o leitor começa a buscar histórias de
aventuras;
d) idade da história de aventuras é o momento do realismo aventuroso ou a “fase de
leitura não-psicológica orientada para o sensacionalismo” (de 12 a 14 ou 15 anos):
caracteriza-se como o período da pré-adolescência, no qual a criança toma consciência da
própria personalidade. Predominam demonstrações de agressividade e formação de grupos.
Os interesses dirigem-se para livros de aventuras, romances sensacionais, livros de viagens e
histórias sentimentais;
e) os anos de maturidade ou o “desenvolvimento da esfera estético-literária da leitura”
(de 14 a 17 anos): é considerada a fase da descoberta, pois o adolescente descobre o seu
mundo interior e o mundo dos valores. Os interesses de leitura variam em torno de livros de
aventuras, viagens, romances históricos, biografias, histórias de amor, literatura engajada etc.
Além das fases de leitura relacionadas à idade, Vera Teixeira de Aguiar e Maria da
Glória Bordini (1993) apresentam as relacionadas com a escolaridade, que são:
a) pré-leitura: compreende a pré-escola e o período preparatório da alfabetização. O
interesse é por histórias curtas e rimas, em livros em que predominam as gravuras, permitindo
a descoberta de sentido mais pela linguagem visual do que a verbal;
b) leitura compreensiva: compreende a e 2 ª séries do Ensino Fundamental. Os
interesses são por textos semelhantes aos da etapa anterior, agora decodificados pelo novo
leitor;
58
c) leitura interpretativa: compreende da 3ª à 5ª série do Ensino Fundamental. Nessa fase os
alunos conseguem interpretar as ideias do texto, permitindo que tenham acesso a leituras mais
complexas. Os interesses são por textos curtos com o apoio eventual da ilustração;
d) iniciação à leitura crítica: compreende a 6ª e a 7ª série do Ensino Fundamental. Além de
interpretarem os textos, os alunos conseguem posicionar-se diante deles. O interesse é por
livros de aventuras, com problemas que são resolvidos por grupos de jovens;
e) leitura crítica: compreende da série do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. A
preferência é por livros que abordam problemas sociais e psicológicos.
Com base nas fases de leitura descritas, de acordo com a faixa etária e a escolaridade,
vale ressaltar que “essas etapas não são necessariamente rígidas e podem se manifestar em
momentos diferentes na vida de cada um. O que importa é pensar que todo sujeito que se
torna leitor passa por essas fases e volta a elas quando sente necessidade” (AGUIAR, 2004, p.
25), pois a evolução da leitura depende de fatores psicológicos e sociais, modificando-se de
acordo com o amadurecimento do indivíduo.
Daí a necessidade de o mediador apresentar os livros aos estudantes de forma a
entusiasmá-los para a leitura, bem como ajudá-los na capacidade de fruição e saber “onde
estão”, pois, segundo Teresa Colomer, eles “não saltarão de repente de um tipo de corpus a
outro. Podem ficar deslumbrados, isso sim, ante o desempenho entusiasmado do professor e
de seus recursos para interpretar um texto” (2007, p. 67); porém, essa admiração não garante a
sua autonomia de fruição, por isso, o mediador precisa orientá-los, demonstrando que conhece
um variado repertório de textos. Conforme Ana Maria Machado:
Além de exemplo, outro motivo poderoso para fazer alguém ler: a curiosidade.
Ninguém resiste à tentação de saber o que se esconde dentro de algo fechado seja
a sabedoria do bem e do mal no fruto proibido, seja a caixa de Pandora, seja o
quarto do Barba Azul. Mas, para isso, é preciso saber que existe algo dentro. Se
ninguém jamais comenta sobre as maravilhas encerradas, a possível abertura deixa
de ser uma porta ou uma tampa e o possível tesouro fica sendo apenas um bloco
compacto ou uma barreira intransponível (2001, p. 149).
Sob essa ótica, é necessário para quem ser capaz de interrogar-se sobre sua própria
compreensão, estabelecer relações entre o que e o que faz parte do seu acervo pessoal, e
assim, questionar o seu conhecimento e modificá-lo, permitindo transferir o que foi aprendido
para outros contextos diferentes. Para tanto, é fundamental que o mediador deixe o leitor
avançar em seu próprio ritmo, elaborando a sua interpretação, por meio de uma leitura
silenciosa (SOLÉ, 1998). Tal ideia é reforçada por Teresa Colomer (2007), quando afirma que
59
é preciso que as crianças e os jovens tenham um tempo na escola para a prática da leitura
individual, pois é através dessa leitura autônoma e silenciosa que ocorrerá o desenvolvimento
de competências leitoras.
Além da leitura silenciosa, a leitura compartilhada merece destaque na escola, pois
“compartilhar a leitura significa socializá-la, ou seja, estabelecer um caminho a partir da
recepção individual até a recepção no sentido de uma comunidade cultural que a interpreta e
avalia” (COLOMER, 2007, p. 147). Portanto, a leitura é uma tarefa social, pois:
A criança que um livro o faz no seio de sua família, na aula ou na biblioteca,
comentando-o com os adultos e com outras crianças leitoras, imersa em múltiplos
sistemas ficcionais e artísticos que formam competências e conhecimentos que
podem passar para a sua leitura. A aprendizagem da literatura realiza-se, assim, em
meio a um grande desenvolvimento social de construção compartilhada do
significado (COLOMER, 2007, p. 139).
Diante disso, Max Butlen (2002) destaca o perfil desse leitor polivalente do século
XXI, com base em sete competências que deve preencher: ler em todas as modalidades, ler
em todos os tipos de suportes, ler todo tipo de textos e documentos, orientar-se nos lugares de
leitura, situar-se nos diferentes objetos de leitura, reconhecer-se em sua própria prática de
leitor e relacionar a atividade de leitura com os demais aspectos da língua.
Nesse sentido, cabe a esse leitor formar a sua autoimagem de leitor, aprendendo a
escolher os livros que deseja ler, criando expectativas, abandonando um livro que decepciona,
arriscando-se ao selecionar e levando emprestado aquele que lhe pareceu atraente
(COLOMER, 2007). Para tanto, Aguiar afirma:
A leitura é um jogo em que o autor escolhe as peças, as regras, monta o texto e
deixa ao leitor a possibilidade de fazer combinações. Quando ela faz sentido, está
ganha a aposta. Mas isso só acontece porque o leitor aceita as regras e se transporta
para o mundo imaginário criado. Se ele resiste, fica fora da partida. Ao mergulhar
na leitura, entra em outra esfera, mas não perde o sentido do real e está, a nosso
ver, a função mágica da literatura: através dela vivemos uma outra realidade, com
suas emoções e perigos, sem sofrer as consequências daquilo que fazemos e
sentimos enquanto lemos. Essa consciência do brinquedo que a arte é leva-nos a
experimentar o prazer de entrar em seu jogo (1999, p. 254).
Portanto, espera-se que o leitor formado seja crítico, consciente e criativo, que não se
ajuste inocentemente à realidade que está aí, mas que, por meio de suas práticas de leitura,
participe ativamente da transformação social (SILVA, 1991).
60
3
A PESQUISA EMPÍRICA
Abrindo espaço para o encontro significativo entre
alunos-leitores e as obras literárias, facilitando a
discussão e a apreciação dos significados
atribuídos aos textos, cruzando as interpretações,
etc..., dentro de um clima não-arbitrário, não-
dogmático e não-autoritário, estaremos fazendo
com que o gosto pela leitura realmente se
concretize.
Ezequiel Theodoro da Silva
O capítulo que segue descreve a metodologia utilizada no trabalho, que é a
bibliográfica e de campo. São apresentados os objetivos e as questões norteadoras da pesquisa
empírica, que teve como amostra 25 professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares do
município de São Leopoldo. Para tanto, foram elaborados os seguintes instrumentos, para a
análise dos dados: fichas de produção textual e a ficha de observação. Na mesma seção, são
descritas as etapas da pesquisa, bem como a organização do Curso de Formação oferecido às
professoras.
3.1 A DELIMITAÇÃO DO CORPUS
Com o intuito de criar uma proposta para a formação do mediador de leitura literária,
utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica e de campo. O estudo bibliográfico,
apresentado nos capítulos anteriores, levantou os pressupostos teóricos em relação ao
histórico e aos neros da literatura infantil, bem como traçou uma perspectiva sociológica
sobre a leitura na escola, destacando o papel do mediador na formação de leitores. Esses
pressupostos serão a base para a interpretação dos resultados da investigação empírica.
Na pesquisa de campo delimitou-se como foco o profissional que atua em bibliotecas
escolares, pois se entende a importância que ele exerce como mediador de leitura na formação
de leitores. Nesse sentido, é fundamental que o profissional seja um leitor e promova
atividades com obras literárias, incentivando o gosto pela leitura.
61
Como defende Michèle Petit, é necessário que haja uma aproximação entre
professores ou bibliotecários com os livros, pois eles precisam transmitir “sua paixão, sua
curiosidade, seu desejo de ler e de descobrir
12
(2001, p. 64) para as crianças e os jovens com
os quais trabalham. Tal ideia é reforçada por Marisa Lajolo, quando afirma que o professor
precisa ser um leitor, caso queira formar leitores, pois “um professor precisa gostar de ler,
precisa ler muito, precisa envolver-se com o que lê” (1997, p. 108), pois, assim, fará com
que seus alunos se tornem leitores.
Com atenção no profissional que atua em bibliotecas escolares, decidiu-se pela
amostragem na cidade de São Leopoldo, pelo fato de a autora da pesquisa ter sido responsável
pela formação pedagógica dos profissionais das bibliotecas escolares, no ano de 2005, quando
trabalhou na Secretaria de Educação, Esporte e Lazer de São Leopoldo (SMED). Outro fator
relevante é que, nesse mesmo ano, apresentou uma pesquisa empírica sobre as bibliotecas
escolares do município já citado, em seu Trabalho de Conclusão de Curso, para a obtenção do
título de Licenciado em Letras-Português pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS).
Diante desses dados, definiram-se como objetivos determinantes da pesquisa o de criar
propostas de leitura com obras literárias, como forma de contribuir para a prática de
mediadores de leitura, bem como o de analisar o perfil dos profissionais que atuam em
bibliotecas escolares municipais de São Leopoldo. Com base nisso, foi organizado um Curso
de Formação Biblioteca escolar: da mediação à prática de leitura, que foi apresentado,
em abril de 2008, à representante pedagógica da SMED, Lucrécia Raquel Fuhrmann, a qual
consultou a Coordenadora Pedagógica e a Secretária de Educação, desse órgão público, para,
então, firmar-se a parceria para a realização do Curso.
A participação dos profissionais que atuam em bibliotecas escolares no Curso de
Formação partiu de um convite enviado às escolas via SMED. A reunião ocorreu em maio de
2008, e dela, além do profissional responsável pela biblioteca, também participou um
representante da supervisão da escola. O intuito desse encontro foi o de apresentar a proposta
do Curso de Formação, bem como os objetivos da pesquisa, destacando que todos os
participantes receberiam certificados, os quais foram emitidos pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Por intermédio da SMED, as sessões ocorreram em
uma sala, localizada no centro da cidade, pertencente ao Círculo Operário Leopoldense
12
Tradução da autora deste trabalho.
62
(COL), o qual concedeu esse espaço no período de maio a novembro de 2008, às segundas-
feiras, no turno da manhã, nas datas previamente agendadas.
Com o convite feito, no encontro seguinte, que aconteceu em junho, havia 40
professoras responsáveis por bibliotecas escolares inscritas e participantes, sendo 33 de
escolas municipais de Ensino Fundamental, 4 de escolas municipais de Educação Infantil e 3
representantes da SMED.
Um dado relevante no que diz respeito às participantes do Curso, é que todas são
professoras e concursadas, logo, não são bibliotecárias, formadas em Biblioteconomia; assim,
serão referidas, durante o decorrer da pesquisa, como professoras responsáveis pelas
bibliotecas escolares ou mediadoras de leitura.
Das 40 professoras que participaram do Curso, se chegou a uma amostra de 25
professoras, tendo por base os seguintes critérios excludentes: 3, eram representantes da
SMED, portanto não atuavam em bibliotecas escolares; 9, por excesso de faltas
13
, o que
acarretou na não produção dos textos; e 3, por não apresentarem documentos, como
produções textuais e a autorização para o uso posterior do material pela pesquisadora. As 25
professoras que fazem parte da amostra são de escolas de Ensino Fundamental, portanto, não
há nenhuma representante de escola municipal de Educação Infantil.
As professoras
14
selecionadas não terão seus nomes mencionados e sim o nome da
escola na qual atuam. Por outro lado, foram solicitadas autorizações para as professoras
(Apêndice A), pois foram elas que responderam as produções textuais; autorizações
15
para as
escolas (Apêndice B), pelo uso dos nomes das mesmas; e para a SMED (Anexo A), como
forma de legitimar a pesquisa, pois esse órgão público é o responsável pelas unidades da rede
municipal de São Leopoldo.
Como forma de situar o leitor, seguem os nomes das escolas municipais de Ensino
Fundamental que fizeram parte da experiência, bem como o nome de suas respectivas
bibliotecas:
1) E.M.E.F. Barão do Rio Branco – Biblioteca Mundo Mágico
2) E.M.E.F. Dr. Borges de Medeiros – Biblioteca Mundo Mágico
13
Mesmo com o número de faltas excedido, cinco professoras continuaram participando do Curso, portanto
houve apenas quatro desistências.
14
Destaca-se a formação acadêmica das professoras selecionadas: cinco tem Magistério; seis estão cursando a
graduação em Pedagogia; oito possuem a graduação completa (nas áreas de Letras, Pedagogia e Biologia) e seis
concluíram a Especialização na área de Educação.
15
As autorizações das professoras e das escolas encontram-se em posse da autora do trabalho.
63
3) E.M.E.F. Castro Alves – Biblioteca Mundo Mágico
4) E.M.E.F. Henrique Maximiliano Coelho Neto – Biblioteca Coelho Neto
5) E.M.E.F. Franz Louis Weinmann – Biblioteca Mario Quintana
6) E.M.E.F. Irmão Weibert – Biblioteca Cecília Meireles
7) E.M.E.F. Prof. José Grimberg – Biblioteca Monteiro Lobato
8) E.M.E.F. Dr. Osvaldo Aranha – Biblioteca Cecília Meireles
9) E.M.E.F. Rui Barbosa – Biblioteca José Bento Monteiro Lobato
10) E.M.E.F. Senador Salgado Filho – Biblioteca William Rotermund
11) E.M.E.F. Zaira Hauschild – Biblioteca Érico Veríssimo
12) E.M.E.F. Dr. Paulo da Silva Couto – Biblioteca Monteiro Lobato
13) E.M.E.F. Prof. João Carlos Hohendorff – Biblioteca Visconde de Sabugosa
14) E.M.E.F. General Mário Fonseca – Biblioteca Anita Garibaldi
15) E.M.E.F. João Belchior Marques Goulart – Biblioteca Saci Pererê
16) E.M.E.F. Arthur Ostermann – Biblioteca Paraíso da Leitura
17) E.M.E.F. Clodomir Vianna Moog – Biblioteca Clodomir Vianna Moog
18) E.M.E.F. Senador Alberto Pasqualini – Biblioteca Visconde de Sabugosa
19) E.M.E.F. Prof ª Dilza Flores Albrecht – Biblioteca Mundo Mágico
20) E.M.E.F. Edgard Coelho – Biblioteca Fonte de Luz
21) E.M.E.F. Maria Edila da Silva Schmidt – Biblioteca Cantinho do Saber Monteiro Lobato
22) E.M.E.F. Prof. Álvaro Luís Nunes – Biblioteca Álvaro Luís Nunes
23) E.M.E.F. Santa Marta – Biblioteca “Abre-te Sésamo”
24) E.M.E.F. Loteamento Tancredo Neves – Biblioteca Mundo da Leitura – Monteiro Lobato
25) E.M.E.F. Padre Orestes Stragliotto – Biblioteca Mundo Mágico da Leitura
Em relação ao método utilizado na pesquisa, esse foi de caráter qualitativo, pois se
baseou nas análises das produções feitas pelas professoras, além das observações registradas
pela pesquisadora durante o Curso. Assim, o estudo foi descritivo, com o intuito de discutir os
dados obtidos, interpretando-os à luz da teoria exposta nos capítulos anteriores.
64
Por se tratar de uma pesquisa de campo, de caráter qualitativo, elaboraram-se as
seguintes questões norteadoras:
Qual a base teórica presente no planejamento das atividades das professoras
responsáveis pelas bibliotecas escolares?
Com quais obras literárias as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares
trabalham?
Como as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares veem sua prática como
mediadoras de leitura?
Que atividades são desenvolvidas na biblioteca escolar para a formação de leitores?
Como qualificar a ação dos mediadores de leitura no espaço da biblioteca escolar?
Conforme Maria Lucia de Moura et al., a “identificação das questões da pesquisa é o
ponto de partida nas pesquisas de natureza qualitativa. Neste caso, não são formuladas
hipóteses a serem testadas e sim as questões que se tentará responder com a investigação”
(1998, p. 42). Neste trabalho, as perguntas elaboradas foram respondidas, a partir da análise
dos dados obtidos na pesquisa empírica, de modo a se chegar a conclusões.
3.2 O CURSO DE FORMAÇÃO: INSTRUMENTOS E ETAPAS DA PESQUISA
Para a coleta de dados foram escolhidos os seguintes instrumentos: as fichas de
produção textual
16
e a ficha de observação (Apêndice C). As fichas de produções textuais
tinham o caráter de uma entrevista, pois as respostas eram pessoais. No entanto, ao invés de
uma pergunta aberta, havia uma frase incompleta que dava início à redação da resposta.
Segundo Moura et al., trata-se de um tipo de entrevista livre, pois “as entrevistas
inestruturadas ou livres não requerem um roteiro prévio de perguntas, sendo compostas
apenas de estímulos iniciais, ditados pelos objetivos da pesquisa” (1998, p. 78).
Nas observações descritas pela ministrante (Apêndice D), o registro dos
comentários das professoras durante os encontros. Esse era feito de forma espontânea, pois o
16
Os modelos das fichas das produções textuais serão apresentados na descrição dos encontros.
65
objetivo era anotar as opiniões relevantes das participantes. Sendo um tipo de observação que
se caracteriza como uma “observação assistemática”, pois, segundo Marina Marconi e Eva
Lakatos:
A técnica da observação não estruturada ou assistemática, também denominada
espontânea, informal, ordinária, simples, livre, ocasional e acidental, consiste em
recolher e registrar os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios
técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas (2002, p. 89).
A aplicação desses instrumentos se deu durante o Curso, o qual foi composto por doze
encontros, de três horas, cada um, totalizando uma carga horária de 36 horas.
Em relação às etapas da pesquisa, destacam-se, como a primeira, os estudos teóricos
realizados sobre os temas apresentados nos capítulos anteriores. Esses estudos foram a base
para o planejamento do Curso de Formação e continuaram durante toda a pesquisa, pois
fundamentaram as análises dos dados recolhidos no processo.
A realização do Curso, compreendida como a segunda etapa da pesquisa, intercalou
teoria e prática, considerando os estudos sobre o tema, os objetivos propostos e as
informações que estavam sendo levantadas junto ao material produzido pelas participantes.
Nesse sentido, as produções textuais recolhidas continham, de um lado, elementos para se
delinear o perfil do grupo e, de outro, as respostas quanto à recepção do Curso e ao
aproveitamento dele.
Havia encontros que tinham o caráter de apresentar a teoria, de forma sucinta, de
modo a discuti-la por meio de debates em grupos de estudos; e outros, que tinham a finalidade
de apresentar os gêneros da literatura infantil, de maneira lúdica e prazerosa, por meio de
atividades práticas. Em todos os encontros, iniciava-se e terminava-se com uma história ou
poema, a fim de relacionar um encontro com o outro, pois esses textos eram escolhidos de
acordo com o gênero trabalhado (texto inicial) e aquele que viria a ser estudado (texto
final). Obedecendo a essa organização, segue-se a descrição dos encontros, com suas datas e
temáticas.
O primeiro encontro ocorreu no dia 19 de maio de 2008 e, como já foi referido
anteriormente, tratou-se de uma reunião-convite, na qual se apresentou a proposta do Curso.
Iniciou-se com a recitação do poema “Livros”, de Adelaide Love. Após, como forma de
conhecer as participantes, solicitou-se a primeira produção textual, “Na biblioteca dos meus
sonhos, as crianças...” (Apêndice E), que teve o objetivo de conhecer o perfil das professoras
responsáveis pelas bibliotecas escolares, pois elas teriam que se posicionar, colocando a
66
imagem que tinham de uma biblioteca ideal. Com a produção feita, apresentou-se a
sistemática dos encontros, com sua programação e seu cronograma (Apêndice F). Para
finalizar essa reunião, foi recitado, de forma interativa, o poema “Caixa mágica de surpresa”,
de Elias José. A escolha dos poemas, lidos na ocasião, foi no sentido de sensibilizar as
professoras a participarem do Curso, pois os dois referem-se à importância do livro.
O segundo encontro ocorreu no dia 16 de junho de 2008 e tinha como foco a teoria.
Iniciou-se com o conto “Felicidade clandestina”, de Clarice Lispector, o qual retoma a
questão da importância do livro. Após, foi solicitada a segunda produção textual,
“Participando deste Curso, eu busco...” (Apêndice G), com o intuito de conhecer quais eram
as expectativas das participantes em relação ao Curso. Em seguida, apresentou-se o material
teórico, em PowerPoint, sobre o histórico da literatura infantil, bem como as principais obras
da literatura infantil universal e brasileira (Apêndice H), seguindo-se um debate sobre esse
assunto, provocado por questões norteadoras. Ao final, foi feita a leitura do conto popular “O
caso do espelho”, recontado por Ricardo Azevedo, que o próximo encontro trataria desse
gênero.
O terceiro encontro, que ocorreu no dia 30 de junho de 2008, tinha como foco a
atividade prática e foi dividido em dois momentos, com o primeiro, intitulado “Narrativa
Infantil I: lendas e contos populares” (Apêndice I), apresentando sugestões práticas com o
conto “O homem que enxergava a morte”, de Ricardo Azevedo. O segundo momento,
“Narrativa Infantil II: livros de imagens e narrativas curtas (Apêndice J), oferecendo
sugestões práticas de leitura da história Zuza e Arquimedes, de Eva Furnari. O objetivo do
encontro foi apresentar, de forma prática, os gêneros referidos, sugerindo atividades para o
momento da contação de histórias. Nesse encontro, propôs-se, como atividade extraclasse, a
escrita de um conto popular que as professoras conhecessem, bem como a ilustração do
mesmo, para posterior publicação
17
.
O quarto encontro ocorreu no dia 14 de julho de 2008, e tinha como intuito discutir a
teoria. Iniciou-se com a história O segredo da lagartixa, de Lecticia Dansa e Salmo Dansa,
por se tratar de uma narrativa curta, remetendo ao último encontro. Após, foi solicitada a
terceira produção textual, “Na minha escola, a leitura...” (Apêndice K), com o objetivo de
conhecer de que forma a leitura estava sendo trabalhada nas escolas. Em seguida, formaram-
se grupos de estudos, os quais receberam um excerto referente à leitura na escola e à formação
17
Como as professoras demonstraram entusiasmo em realizar essa atividade e apresentaram contos populares
muito interessantes, ficou decidido que os contos seriam digitados; as ilustrações, scanneadas, e se apresentaria
o resultado em formato de livro, o qual está sendo organizado pela autora da pesquisa.
67
do leitor, bem como uma questão para nortear a discussão. Realizada essa, as professoras
apresentaram ao grupo suas conclusões. Como forma de continuar o debate, foi exposto o
material teórico, em PowerPoint, sobre os assuntos discutidos (Apêndice L). Para finalizar,
contou-se a história “O príncipe desencantado”, de Flávio de Souza.
O quinto encontro ocorreu no dia 05 de agosto de 2008, e foi um passeio cultural à
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), para assistir às palestras O
livro e o sujeito: interações híbridas de corpo inteiro, com a escritora Paula Mastroberti, e
Sobre a arte de contar histórias, com o escritor Celso Sisto. A finalidade foi de aproximar
as professoras de escritores que realizam atividades de mediação de leitura com crianças,
jovens e adultos, enfatizando a importância de se ter outros olhares sobre os temas que
compõem o Curso de Formação.
O sexto encontro ocorreu no dia 18 de agosto de 2008 e teve como foco a atividade
prática. Nesse dia, iniciou-se com uma parte teórica, em PowerPoint, sobre os contos de fadas
(Apêndice M), que se seguiu com a parte prática, intitulado “Narrativa Infantil III: contos de
fadas tradicionais e modernos”. O objetivo foi o de apresentar e comentar as versões originais
e modernas dos contos de fadas. As histórias selecionadas foram: Chapeuzinho Vermelho,
versões de Charles Perrault e dos Irmãos Grimm, e as versões modernas: Chapeuzinho
vermelho de raiva, de Mário Prata e Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque; O príncipe-rã
ou Henrique de Ferro, dos Irmãos Grimm e a versão moderna Sapo vira rei vira sapo ou A
volta do Reizinho Mandão; O patinho feio, de Hans Christian Andersen e a versão moderna O
patinho feio e outras histórias malucas, de Jon Scieszka. As sugestões práticas apresentadas
na ocasião podem ser aproveitadas para qualquer uma das obras referidas.
O sétimo encontro ocorreu no dia de setembro de 2008 e ateve-se à teoria. Iniciou-
se com a história Os três porquinhos, de Joseph Jacobs, e a sua versão moderna A verdadeira
história dos três porquinhos, de Jon Scieszka. Após, foi solicitada a quarta produção textual,
“Na biblioteca da minha escola, eu...” (Apêndice N), com o objetivo de verificar qual a rotina
de trabalho das professoras na biblioteca escolar e como cada uma se vê nessa tarefa. Em
seguida, apresentou-se um material teórico, em PowerPoint, sobre a biblioteca escolar e a
“hora do conto” (Apêndice O), durante o qual houve muito debate. Como história final, foi
apresentada, em PowerPoint, a história em quadrinhos “Contos que não estão na Carochinha”,
de Maurício de Sousa.
O oitavo encontro ocorreu no dia 22 de setembro de 2008 e privilegiou a atividade
prática. No primeiro momento foi discutida a teoria sobre as histórias em quadrinhos
68
(Apêndice P), em PowerPoint, e, em seguida, sugestões de atividades com elas. As histórias
escolhidas tiveram como base as personagens de Maurício de Sousa e a bruxinha de Eva
Furnari. O segundo momento foi reservado para relato, por parte das professoras
participantes, de seu trabalho à frente da biblioteca escolar, mas apenas 6 se propuseram a
apresentá-lo. Ao final dessa sessão, foi solicitado que trouxessem livros infantis, aqueles que
mais gostaram de contar, para o próximo encontro.
O nono encontro ocorreu no dia 06 de outubro de 2008 e priorizou a teoria. Iniciou-se
com a história O bonequinho do banheiro, de Ziraldo. Após a leitura, as participantes
responderam a um questionário referente ao livro que trouxeram (Apêndice Q). O objetivo da
pesquisa foi o de conhecer as obras que as professoras já tinham trabalhado com seus alunos e
que deram bons resultados. Em seguida, elas formaram grupos e escolheram uma obra para
fazer uma análise dos aspectos positivos e negativos da mesma (Anexo B). Após a discussão,
os grupos apresentaram os resultados do estudo, e concluiu-se sobre os critérios para a seleção
de um livro infantil, levando em conta os aspectos teóricos, apresentados em PowerPoint,
referentes ao assunto (Apêndice R). Nesse dia, foi feito um segundo questionário, esse
relacionado aos interesses e hábitos de leitura (Apêndice S), com o objetivo de conhecer, mais
diretamente, o perfil leitor das professoras participantes do Curso. Para finalizar, foi recitado
o poema “O menino que carregava água na peneira”, de Manoel de Barros. Elas foram
convidadas a decorarem uma poesia infantil para o próximo encontro.
O décimo encontro ocorreu no dia 20 de outubro de 2008 e teve como foco a atividade
prática. Iniciou-se com a recitação do poema “Convite”, de José Paulo Paes, o qual foi
entregue como marcador de página. Esse encontro foi organizado em dois momentos, o
primeiro relacionado à poesia folclórica, teorizando e partindo para a prática com diversas
sugestões como trava-línguas, parlendas, adivinhas, quadras etc. Num segundo momento, foi
apresentado um material teórico, em PowerPoint, sobre a poesia autoral
18
e, após, sugestões
práticas para os poemas: “A ngua do nhem” e “Leilão de jardim”, de Cecília Meireles; “O
pato”, de Vinícius de Moraes; “Paraíso”, de José Paulo Paes; “Receita de espantar a tristeza”,
de Roseana Murray. Para finalizar, contou-se a história A caligrafia de Dona Sofia, de André
Neves, da qual fazem parte várias poesias. Encerrou-se com o “Sarau poético” das
professoras.
O décimo primeiro encontro ocorreu no dia 12 de novembro de 2008 e constituiu-se
no segundo passeio cultural, esse, à Casa de Cultura Mario Quintana, na Biblioteca Lucília
18
Os materiais teórico e prático sobre a poesia folclórica e autoral encontram-se no Apêndice T deste trabalho.
69
Minssen. As professoras participaram da Contação de histórias, do Grupo Cataventus. O
objetivo foi proporcionar contato com profissionais que contam histórias para crianças, jovens
e adultos, utilizando diversas estratégias: sem recurso material, com fantoches, com álbum
seriado, de forma interativa e outras. Após, foram convidadas a visitarem a Feira do Livro de
Porto Alegre. Solicitou-se que trouxessem, novamente, uma obra infantil para o próximo
encontro.
O décimo segundo encontro ocorreu no dia 24 de novembro de 2008 e foi o momento
de finalização das atividades. Iniciou-se com o poema Livro: a troca”, de Lygia Bojunga,
como modo de retomar a importância do livro. Em seguida, se discutiu o texto teórico “O
professor como promotor da leitura”, de Vera Maria Tietzmann Silva (2008), que foi lido
previamente. Depois, as participantes foram divididas em grupos para a elaboração de um
projeto de leitura, com base no material teórico exposto, em PowerPoint (Apêndice U),
relacionado com a obra que trouxeram, e apresentaram seus projetos (Anexo C). Nessa sessão
realizaram novamente a produção textual que iniciou o Curso, “Na biblioteca dos meus
sonhos, as crianças...
19
”, retomando a questão sobre como veem a biblioteca ideal. Para que se
verificasse o que acharam do Curso, elas realizaram outra produção textual, “O que mais me
marcou no Curso foi...” (Apêndice V), em que puderam colocar sua opinião sobre a pesquisa.
Encerraram-se as atividades com a história Atrás da porta, de Ruth Rocha, como forma de
retomar o início do Curso, pois essa história destaca a importância da leitura.
O Curso apresentou essa organização pelo fato de se entender a importância das
professoras conhecerem o histórico da literatura infantil, bem como os seus gêneros,
teoricamente e de forma prática, para, então, escolherem com qualidade e propriedade as
histórias que serão contadas, tanto na biblioteca como em sala de aula. Um dado
imprescindível disse respeito à questão da leitura e da sua mediação, pois é fundamental que
as práticas de leitura sejam discutidas e repensadas de forma a organizar um trabalho
significativo na escola.
A terceira fase da pesquisa disse respeito à apresentação dos resultados referentes às
produções textuais feitas pelas professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares de São
Leopoldo e às observações registradas durante o Curso. Nessa etapa, definiram-se as
categorias para a análise dos dados, que foram as seguintes:
1ª categoria: as práticas de leitura: experiências vividas;
19
O modelo desta produção textual final é o mesmo da produção textual inicial, que se encontra no Apêndice E,
deste trabalho.
70
2ª categoria: a leitura na escola e na biblioteca;
3ª categoria: as impressões em relação ao Curso;
4ª categoria: a biblioteca dos meus sonhos.
A primeira categoria, “as práticas de leitura: experiências vividas”, referiu-se ao
questionário, em que as professoras tiveram que responder dez questões relacionadas ao
hábito e ao interesse de leitura. O intuito foi de conhecer o perfil leitor das professoras
participantes.
A segunda categoria, “a leitura na escola e na biblioteca”, referiu-se às produções
textuais “Na minha escola, a leitura...”, “Na biblioteca da minha escola, eu...”, ao questionário
“Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto? Quais os motivos que
você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?”, e à apresentação em
grupo sobre os critérios para selecionar uma obra infantil. Nessa categoria buscou-se verificar
a questão da leitura no âmbito escolar.
A terceira categoria, “as impressões em relação ao Curso”, referiu-se às produções
textuais “Participando deste Curso, eu busco...” e “O que mais me marcou no Curso foi...”,
nas quais as participantes colocaram as suas impressões a respeito do Curso, bem como a
avaliação dele.
A quarta categoria, “a biblioteca dos meus sonhos”, referiu-se às produções inicial e
final do Curso, que apresentaram o mesmo estímulo, “Na biblioteca dos meus sonhos, as
crianças...”, em que as professoras tiveram que colocar como seria uma biblioteca ideal.
Verificaram-se, assim, os perfis de entrada e saída das mediadoras, no que tange a sua visão
sobre a biblioteca escolar.
Na quarta etapa da pesquisa, chegou-se aos resultados obtidos na etapa anterior, no
que diz respeito à interpretação dos dados, tendo por base o referencial teórico. Por fim, na
última etapa da pesquisa, foram formuladas as conclusões da mesma, confrontando as
questões norteadoras, com os resultados da experiência empírica, inferindo-se, assim, as
contribuições do Curso de Formação para o desempenho profissional do grupo envolvido no
processo.
71
4
OS MEDIADORES E SUA VOZ
Muitas crianças que vivem à margem do sistema
social necessitam da palavra e das histórias para
poder sobreviver. E as crianças que vivem
instaladas na maior passividade consumista
necessitam da palavra e das histórias para resgatar-
se. “Alguém” deve continuar dizendo quais
palavras e que histórias podem exercer melhor essa
missão e como se podem oferecer à infância.
Teresa Colomer
Neste capítulo se reúnem os resultados referentes às produções textuais feitas pelas
professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares do município de São Leopoldo e às
observações registradas durante o Curso. Para tanto, definiram-se as categorias para a análise
dos dados, que foram as seguintes: 1ª) as práticas de leitura: experiências vividas; 2ª) a leitura
na escola e na biblioteca; 3ª) as impressões em relação ao Curso; 4ª) a biblioteca dos meus
sonhos. Essas categorias foram organizadas levando-se em conta as temáticas das produções,
de modo a cumprir os objetivos definidos para a pesquisa. As observações da pesquisadora,
quando pertinentes, são mencionadas no decorrer das análises, respeitando o momento em que
foram feitas. O Curso foi dividido em doze encontros, os quais foram descritos no capítulo
anterior. No entanto, algumas atividades, mencionadas, são descritas, por serem
consideradas relevantes para as categorias dessa seção.
4.1 AS PRÁTICAS DE LEITURA: EXPERIÊNCIAS VIVIDAS
Nesta categoria são apresentados os dados obtidos por meio de um questionário, que
teve o objetivo de analisar os interesses e hábitos de leitura das professoras participantes do
Curso, bem como o de conhecer a formação leitora dessas profissionais que atuam nas
bibliotecas escolares. Seguem as perguntas do mesmo:
1) O que você faz nos seus momentos de lazer?
72
2) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual
seria? Por quê?
3) Quais as obras que marcaram sua vida?
4) Como é feita a sua escolha de leitura?
5) Em que lugar você gosta de ler?
6) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
7) Em que período do dia você lê?
8) Como você lê (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só;...)?
9) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
10) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você já leu,
porém, você teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros,
quais seriam?
A apresentação dos dados se dividiu em duas partes, sendo que a primeira questão foi
excluída dessa divisão e analisada inicialmente, pois tinha o objetivo de verificar se a leitura
era referida nos momentos de lazer das professoras. Em relação às partes, a primeira enfocou
os interesses de leitura, referindo-se às questões: dois, três, nove e dez; a segunda verificou os
hábitos de leitura, referindo-se às questões: quatro, cinco, seis, sete e oito. As respostas
20
dadas pelas participantes encontram-se no Anexo D deste trabalho.
Na primeira questão o foco foi conhecer o que as professoras gostavam de fazer em
seus momentos de lazer, observando se a leitura era referida e em que posição se encontrava.
Das vinte e cinco professoras, vinte e uma citaram a leitura, como sendo uma atividade
realizada em momentos de lazer. Dessas vinte e uma, seis a colocaram em primeiro lugar;
nove, em último; e as outras seis, entre as demais atividades, como se verifica pelos relatos:
“Gosto muito de olhar filmes. Ler, adoro gibis, fazer palavras cruzadas”; “Brinco com meus
filhos, passeio, leio – jornais, revistas e livros, ando de bicicleta”; “Tomo chimarrão, converso
c/ os amigos, passeio, assisto filmes, leio”; “Leituras (revistas, jornais, livros espirituais...).
Visitas, bater papo e tomar chimarrão”
21
. Depois da leitura, as atividades mais citadas foram:
20
Optou-se por digitar todas as respostas dadas pelas professoras, para que todo o material produzido pudesse
ficar disponibilizado no mesmo volume do trabalho. As produções e os questionários originais encontram-se em
posse da autora da pesquisa.
21
As citações dos questionários e das produções textuais das professoras foram reproduzidas fielmente,
independente dos possíveis erros neles contidos.
73
passear ou brincar com os filhos, conversar com os amigos e tomar chimarrão. Entende-se
que, pelo fato de as participantes realizarem atividades de mediação de leitura, o ato de ler
deva ser algo prazeroso em suas vidas. Portanto, essa primeira questão norteará as demais,
pois se sabe que é um grupo que, aparentemente, gosta de ler, e é por meio das próximas
respostas que se poderá confirmar esse dado.
Em relação aos interesses de leitura, as professoras, num primeiro momento, tiveram
que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária; a finalidade foi a de
conhecer a personalidade dessas profissionais, ou seja, com quem elas se identificavam e o
porquê.
As personagens infantis foram as mais citadas, com dezesseis referências: Branca de
Neve, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, Magali, Emília e outras; as personagens adultas
tiveram cinco referências, entre elas: Ana Terra, Dona Benta, D. Quixote; duas citaram
autores: Ziraldo e Ricardo Azevedo, destacando que apreciam as suas obras; e duas não
responderam. Os motivos das identificações
22
refletem as características das personagens, que
remetem às experiências pessoais das participantes.
A professora que se identificou com a Chapeuzinho Vermelho destacou que tinha
muito medo do lobo. Já aquela que se reconheceu na personagem Bela, de A bela e a fera,
salientou a sua fragilidade e sua coragem.
Três professoras escolheram a personagem Emília e deram as seguintes respostas: uma
destacou o fato de a personagem ser agitada e falante, além de aventureira; outra, a
importância que teve em sua infância e a terceira, a sinceridade da boneca. Aquela que se
identificou com Dona Benta afirmou que gostaria de “contar histórias e poder ‘conviver’ com
as personagens”, como ela fazia.
Uma professora identificou-se com a personagem da história Menina bonita do laço de
fita afirmando que “é uma das poucas personagens negra que tem sua cor valorizada, sem
preconceito”. Outra se reconheceu na personagem Magali, das histórias em quadrinhos de
Maurício de Sousa, salientando que também adora comer fora de hora.
Houve duas professoras que escolheram a personagem Ana Terra e tiveram respostas
semelhantes, pois destacaram o fato de essa personagem ser batalhadora, guerreira e enfrentar
muitos obstáculos, como acontece seguidamente com elas, no seu dia-a-dia.
22
Serão relatadas algumas das identificações consideradas mais relevantes.
74
Com base nas respostas dadas pelas professoras, percebe-se que elas se identificaram
com personagens que, de alguma forma, refletiram as suas próprias vivências. Em vista disso,
entende-se que o leitor que se identifica com determinada personagem sente e vive uma outra
experiência que se assemelha com a sua. Daí depreende-se a importância do processo de
identificação para a formação do leitor. Na verdade, ele busca no texto respostas a questões
que são suas. A possibilidade de se encontrar no texto garante a continuidade da leitura e a
referência que a personagem passa a ter para o sujeito.
Em relação às obras que marcaram suas vidas, várias foram citadas, com destaque para
a literatura juvenil e infantil. Das vinte e cinco professoras, nove citaram obras de literatura
juvenil, como: O menino de asas, A ilha perdida, O pequeno príncipe, O mistério do cinco
estrelas, Crônicas de Nárnia e outras; nove, obras de literatura infantil, com ênfase nos contos
de fadas: Cinderela, Branca de Neve, Os três porquinhos, Chapeuzinho Vermelho. As outras
sete professoras citaram: romances, autoajuda e obras espíritas.
Percebe-se, pelas respostas dadas, que as obras que marcaram a vida das professoras
pertencem à literatura infantil e juvenil. Nesse sentido, remete-se a duas hipóteses: de que
foram leituras presentes na infância e na adolescência das participantes ou que são leituras
significativas para o seu universo de trabalho, pois elas exercem atividades de mediação de
leitura com esse público. Nos dois casos, presume-se que uma carência de leitura por parte
dessas mediadoras, uma vez que o livro de literatura em geral quase não foi citado.
No momento em que tiveram que se referir ao livro que gostariam de ganhar, houve
muita diversidade, sobressaindo o romance, sendo que também foram citadas obras de
autoajuda, literatura infantil, espírita e poesia, conforme os relatos: “Um livro de romance ou
um livro com histórias que tenham mensagem (para refletir)”; “Gostaria de ganhar um livro
de romance”. Nessa questão, tem-se a suposição de que elas podem ter feito alusão a uma
leitura mais individual, bem como prazerosa, pois o romance prevaleceu, sendo considerado
um tipo de leitura feminina
23
.
Quando foi proposto que elas entrassem pela última vez na biblioteca em que estavam
todos os livros que haviam lido e que teriam que salvar alguns poucos de um incêndio
fictício, também houve diversidade nas respostas, prevalecendo a literatura juvenil e infantil.
Também foram mencionados os livros espíritas, o romance, a autoajuda, e houve quatro
pessoas que não especificaram a obra. Nessa questão a possibilidade do Curso de
23
A leitura do romance está ligada à intimidade do quarto, remetendo à leitora as suas emoções, ou seja, é um
ato privado.
75
Formação ter influenciado nas respostas, pois as obras infantis e juvenis foram muito referidas
e várias professoras estavam buscando essa leitura profissional para a preparação das
atividades que desenvolviam na biblioteca. Portanto, esses livros mencionados revelam o
gosto e as preferências de leitura das mediadoras em relação ao momento em que estavam
vivendo, sendo que, nos dias atuais, possivelmente, outros poderiam ser referidos.
Em relação aos hábitos de leitura, as professoras destacaram como era feita a sua
escolha de leitura, sendo que, das vinte e cinco, treze escolhem pelo tema ou assunto, com
destaque para os livros de autoajuda e literatura infantil, como afirmaram: “Gosto muito de
romances históricos, mas atualmente estou escolhendo mais os livros infantis, pois logo penso
em contar a história para os meus filhos”, “Pelo assunto, se alguém indicou e fiquei curiosa
para lê-lo, se gosto do filme e resolvo ler o livro. Se li numa revista que ele vendeu bem”,
“Sempre dou uma olhada nos livros e após leio a contracapa p/ ver do que trata a obra, se
gosto, leio”; oito responderam que por indicação; duas, pelo título; e duas, pelos mais
vendidos. Tais respostas revelam que as professoras estavam escolhendo livros para uma
leitura mais individual, como os de autoajuda; e outras pensando numa leitura mais
profissional, como os de literatura infantil.
Um dado muito relevante refere-se ao tempo dedicado à leitura, sendo que, das vinte e
cinco professoras, treze não o indicaram, justificando que, pelo fato de trabalharem o dia todo,
não tem um tempo específico para ler e, portanto, leem quando possível, como afirma uma
delas: “Muito pouco, leio muito p/ a faculdade e infelizmente não tenho lido outras obras.
Claro estou lendo p/ os alunos e minha filha”; enquanto que doze colocaram que leem,
diariamente, semanalmente ou mensalmente, conforme os relatos: “Uma ou duas horas por
dia, quando não estou muito cansada. Nas férias leio muito mais”; “Mais ou menos duas horas
por semana”; Leio, aproximadamente, um livro por mês depende da disponibilidade de
tempo e do ‘tamanho da obra’”. Sabe-se que o ato de ler requer tempo, ou seja, a pessoa
precisa dar o seu tempo para a leitura, com base nisso constatou-se que várias professoras
alegaram uma falta de tempo para ler; o que remete à primeira questão, na qual vinte e uma
referiram a leitura como uma das atividades que realizavam em seus momentos de lazer.
Nesse sentido, pode-se supor que, para algumas, poucos momentos de lazer ou, na escala
de valores da vida moderna, a leitura nem sempre ocupa a primeira posição no cotidiano
dessas mediadoras.
O lugar preferido para a leitura foi o quarto, com dezesseis referências, conforme os
relatos: “No quarto. Sentada na cama”, “Em casa, na cama, antes de dormir”; o segundo, mais
76
citado, foi o jardim, com quatro referências; três citaram a sala e duas não especificaram. Tais
respostas vieram ao encontro do momento de leitura preferido das participantes, que foi a
noite, antes de dormir, com vinte e uma referências, conforme salientaram “à noite, depois
que os filhos dormem”; “Normalmente, à noite, após chegar da faculdade”; duas citaram que
leem pela manhã; uma, à tarde e uma não especificou o período do dia, dizendo que em
qualquer hora, quando tempo. Todas as professoras especificaram que leem de forma
silenciosa, sendo que doze, complementaram a sua resposta, enfatizando que precisam estar
sozinhas no momento da leitura, o que se pode comprovar pelos depoimentos: “Só e
silenciosa, sem nada ligado senão eu me desconcentro com facilidade”; “Leitura silenciosa
não gosto de barulho quando estou lendo”. Essa preferência pelo quarto e no período da noite
remete a uma leitura íntima, individual e silenciosa, caracterizando-se como uma prática de
leitura da vida contemporânea.
Diante das afirmações apresentadas, evidenciou-se que, em relação aos interesses de
leitura, as professoras estão intimamente ligadas às obras infantis e juvenis, tanto como
identificação de personagens, quanto como obras que marcaram suas vidas e as que seriam
salvas caso houvesse um incêndio fictício, o que remete à ideia de que o foco de interesse das
mediadoras está em leituras ligadas à sua prática profissional. Já em relação aos hábitos de
leitura verificou-se que a maioria lê no quarto, à noite e silenciosamente. Contudo, o fato de
nem todas especificarem o tempo dedicado à leitura, dificultou saber se há uma regularidade
no ato de ler.
4.2 A LEITURA NA ESCOLA E NA BIBLIOTECA
A segunda categoria referiu-se às produções textuais “Na minha escola, a leitura...”,
“Na biblioteca da minha escola, eu...”, ao questionário “Qual a obra que as crianças mais
gostaram de ouvir na hora do conto? Quais os motivos que você destacaria para as crianças
terem gostado de ouvir essa obra?”, e à apresentação, em grupo, sobre os critérios para
selecionar uma obra infantil. Nessa categoria buscaram-se verificar e analisar quais eram as
ações feitas em relação à leitura no âmbito escolar.
77
A produção textual “Na minha escola, a leitura...
24
” teve o objetivo de identificar quais
eram as atividades desenvolvidas em relação à leitura na escola; no mesmo encontro em que
fizeram essa produção, também foram feitos grupos de estudos para discutir questões
referentes à leitura e à formação do leitor.
Das vinte e cinco professoras, quinze relataram que um trabalho conjunto entre a
professora responsável pela biblioteca e os professores titulares das turmas, buscando uma
parceria nas atividades relacionadas à formação do leitor, como se pode comprovar pelas
afirmações: “Na minha escola a leitura é trabalhada tanto na biblioteca (hora do conto) quanto
na sala de aula”; “A maioria dos professores fazem um momento de leitura pelo menos uma
vez por semana na sua sala de aula”; “A hora do conto está deixando de ser um trabalho
isolado da sala de aula, o professor regente e o professor da biblioteca pensam juntos como, o
quê, por quê e como continuar com a leitura em sala de aula”. No entanto, sete professoras
destacaram que as atividades relacionadas à leitura ficam a cargo apenas da responsável pela
biblioteca: “Na minha escola a leitura acontece preferencialmente pela professora responsável
pela biblioteca. São pouquíssimos os professores que trabalham leitura na sala de aula”; “Pelo
que posso observar esta é trabalhada apenas na hora do Conto. Percebo também que o que é
trabalhado fica somente restrito a biblioteca”. Já três professoras responderam que não
ocorrem atividades de leitura na biblioteca e sim, na sala de aula, com o professor. Tais
situações comprovam a importância de haver um diálogo entre o professor responsável pela
biblioteca e o professor titular da turma, para que possam realizar um planejamento conjunto
de atividades relacionadas à leitura, pois é fundamental que os alunos percebam que os seus
mediadores de leitura valorizam esse momento, por meio da continuidade do trabalho
desenvolvido tanto por um quanto pelo outro.
Algumas professoras mencionaram as dificuldades enfrentadas na realização de
atividades com a leitura no ambiente escolar, destacando que são raros os professores que
frequentam a biblioteca e que a leitura deveria ser mais trabalhada na escola, pois fica restrita
apenas às atividades feitas na biblioteca, conforme as afirmações: “São raros os professores
que vão até a biblioteca pedir algum livro para ler para os alunos. Normalmente trabalham
textos retirados de livros didáticos”; “Penso que deveria ser mais trabalhada pelos professores
e também pela família”; “Poderia ser mais trabalhada. Não vejo um empenho dos alunos em
ler. E acho que as professoras deveriam incentivar mais a leitura, oportunizando aos alunos
um momento para isso”. Tais relatos intensificam o papel essencial que cabe ao professor
24
As respostas das professoras, em relação a esse estímulo, encontram-se no Anexo E deste trabalho.
78
responsável pela biblioteca na promoção de atividades que motivem alunos, professores,
equipe diretiva e demais funcionários da escola, fazendo-os participarem ativamente de ações
para o fomento à leitura, por meio de palestras, debates e oficinas.
Percebeu-se que a retirada de livros na biblioteca é prioridade nas escolas, pois em
vinte e quatro ocorrem empréstimos, sendo que, na grande maioria, semanalmente; e nas
outras, quinzenalmente, devido ao grande número de alunos. Vale ressaltar que a única escola
em que não ocorre a retirada de livros destacou que é pelo fato de ser uma escola nova,
inaugurada em 2008, e que ainda não faz parte da lista do Programa Nacional de Bibliotecas
Escolares, do Ministério da Educação, situação que será regularizada em breve.
Um dado relevante é que escolas em que o interesse dos alunos em frequentar a
biblioteca está crescendo, como se pode comprovar pelas afirmações: “Noto que os alunos
demonstram prazer quando estão na biblioteca (...) Muitos sentem-se estimulados através da
leitura realizada pela professora e por colegas e aos poucos vão ‘criando’ hábito/gosto pela
leitura”; “No recreio também muitos alunos procuram a biblioteca, para ler”. Acredita-se na
importância da retirada de livros para fazer circular o acervo disponível na biblioteca e, assim,
propor, posteriormente à leitura individual, situações de leitura compartilhada. Entende-se que
para formar leitores é preciso que o aluno tenha acesso aos livros, por meio de atividades na
biblioteca e pelo empréstimo, pois é com esse contato que ocorrerá o encontro com a
literatura, fazendo com que o leitor descubra os livros que mais lhe agradam, revelando,
assim, o seu gosto por esta ou aquela história. Quando ocorre o encontro, a motivação para a
leitura tende a crescer como se pode perceber que já está acontecendo em algumas escolas.
É fundamental salientar que em seis escolas ocorrem atividades de mobilização para a
formação do leitor, entre elas: a biblioteca permanecer aberta durante o recreio; o projeto de
leitura envolvendo toda a escola, em que uma vez por semana os alunos, os professores, a
equipe diretiva e os funcionários realizam uma leitura; a semana do livro, conforme o relato
da professora: “Na semana do livro sempre é realizado atividades diferenciadas, por exemplo,
esse ano, ‘Monteiro Lobato’ e um dos seus personagens, ‘Visconde’, visitaram as salas de
aula contando um pouco da biografia do Monteiro, foi realizado uma hora do conto especial
com a ‘Emília’ para todas as turmas”; o projeto para integrar a comunidade com a biblioteca,
no qual ouve-se o que a comunidade pensa sobre a biblioteca e organiza-se um planejamento
com as ideias que são levantadas. Essas ações, dentre outras relatadas, visam a uma
valorização da atividade com a leitura pela escola, o que remete à ideia de que as escolas
79
analisadas estão tendo um olhar para essa questão, sendo que o papel do mediador é
fundamental nesse movimento.
Nesse mesmo encontro, as professoras reuniram-se em cinco grupos e cada um
recebeu um excerto sobre um dos temas “leitura na escola” e formação do leitor”, com as
seguintes questões para nortear a discussão: “De que forma se pode motivar os alunos para a
prática de leitura? Qual a sua opinião em relação às leituras obrigatórias na escola? De que
maneira a leitura vem sendo incentivada na sua escola? O que é preciso, ou seja, quais os
fatores fundamentais para a formação do leitor? Quais os motivos de a leitura ser tão pouco
valorizada pelos alunos?”. Em relação à motivação, o grupo ressaltou que o professor precisa
ser um leitor e desenvolver atividades de contação de histórias, bem como haver o
envolvimento das famílias nas ações relacionadas à leitura. O grupo que discutiu as leituras
obrigatórias criticou esse tipo de prática, destacando que a escolha de leitura precisa partir do
interesse do aluno, respeitando as suas diferenças. Outro grupo ressaltou que as atividades
como a “hora do conto”, a retirada de livros, os saraus e a semana cultural com autores são
maneiras de se incentivar a leitura na escola. em relação aos fatores fundamentais para a
formação do leitor destacaram o incentivo, o prazer e o planejamento, por parte do professor,
com objetivos claros. Os motivos destacados para a leitura ser tão pouco valorizada disseram
respeito à distância que entre as atividades desenvolvidas na biblioteca e na sala de aula, o
desconhecimento do acervo literário por parte dos docentes e discentes e a leitura ser
trabalhada como pretexto. Houve muita discussão em relação ao valor que a biblioteca tem
para a escola, sendo que várias professoras afirmaram que o seu trabalho na biblioteca não é
valorizado. Daí a necessidade do diálogo entre o profissional responsável pela biblioteca e os
professores titulares das turmas, pois todos deveriam trabalhar juntos na elaboração de
atividades para incentivar à leitura tanto dentro da escola como fora dela, aproximando a
família dessas ações.
Em seguida, propôs-se que as professoras completassem a seguinte frase: “Para formar
um leitor é preciso...”, tendo os seguintes sujeitos: o professor, a família e a escola. Em
relação ao professor, elas responderam que esse precisa: incentivar, importar-se com a leitura,
ser um leitor, emocionar e ter comprometimento. Com a família sendo o sujeito, elas
afirmaram que a mesma precisa priorizar e ter consciência da importância da leitura. Para a
escola, elas ressaltaram que acreditam que ler e escrever deveria ser compromisso de todas as
áreas, ou seja, é preciso o envolvimento de todos na questão da leitura, por meio de
estratégias; também destacaram que é necessário priorizar a leitura e discutir o projeto
80
político-pedagógico da escola. Questionadas se haveria mais “alguém” com o compromisso
de formar leitores, elas disseram: os próprios alunos, pois depende deles a questão da leitura;
e o poder público, destacando a necessidade de uma política para a formação de leitores, com
repasse de verbas e atualização constante do acervo. Sem dúvida, as professoras têm
consciência da importância do envolvimento de todos na questão da leitura, com destaque
para o professor, que precisa ser leitor; e para a escola, que precisa oferecer acesso aos livros,
por meio dos empréstimos, pois, muitas vezes, a carência de incentivo na família é pelo fato
de não terem acesso a esse bem cultural, que é o livro.
A produção textual “Na biblioteca da minha escola, eu...
25
” teve a finalidade de
conhecer as atividades desenvolvidas pelas professoras no espaço da biblioteca escolar. Nesse
encontro, também foram feitas reflexões sobre os temas “biblioteca escolar” e “hora do
conto” (contação de histórias).
No que tange às atividades relacionadas à leitura na biblioteca escolar, o destaque foi a
“hora do conto”, pois, das vinte e cinco professoras, dezenove responderam que ocorre essa
atividade na biblioteca, sendo que, em doze, semanalmente; e em sete, quinzenalmente. Em
três escolas são outras professoras
26
que realizam essa atividade; e em outras três, não há
atividades de “hora do conto”. Nas escolas em que ocorre “hora do conto”, o tempo varia de
30 minutos até 1 hora. Novamente, nessa produção, foi destacada a importância da retirada de
livros. Dentre as dezenove professoras que realizam “hora do conto”, onze responderam que
fazem um planejamento para esse momento, sendo que dez descreveram as atividades que
realizam após a leitura da história, como desenhos, dobraduras, dramatizações e brincadeiras,
utilizando-se dos seguintes recursos: retroprojetor, fantoches, cineminha, avental com
gravuras, ilustrações; como descreveu uma das professoras: “A hora do conto sempre é
planejada anteriormente, se possível uso alguma técnica para contação (avental, fantoche,
retro, dvd), após realizo algum trabalho”; “Procuro sempre ler os livros antes de trabalhar,
para contar, mudando a voz, fazendo gestos...”. Outras professoras ressaltaram a preparação
para esse momento: “Procuro na semana anterior a contação, planejar, escolher a história a ser
contada me familiarizar com a mesma para que a narrativa torne-se mais atraente”; “Procuro
realizar um trabalho criativo, dinâmico, divertido, voltado ao interesse dos alunos e em
parceria com a professora regente”. Tais depoimentos revelam a importância de um
25
As respostas das professoras, em relação a esse estímulo, encontram-se no Anexo F deste trabalho.
26
Em uma escola é a professora do Projeto Ambiental que realiza essa atividade; em outra, é a professora do
projeto, mas não especificou qual projeto; e numa terceira, são as professoras titulares das turmas.
81
planejamento para a elaboração de atividades com leitura desenvolvidas na biblioteca,
demonstrando o comprometimento das professoras com esse momento.
Três professoras expuseram as suas dificuldades na biblioteca escolar, uma delas
afirmando que precisa substituir professores que faltam: “Atuo como bibliotecária, mas
muitas vezes, preciso substituir professor em sala de aula deixando de lado o trabalho de
biblioteca”; outra ressaltando que o espaço da biblioteca é utilizado para as aulas de reforço
escolar e também como sala de vídeo, conforme relato: “Atualmente, estamos sem o espaço
da biblioteca para a Hora do Conto pois, os estudos de recuperação estão ocorrendo nesse
local, por isso realizo a atividade nas salas de aula, da melhor maneira possível”; por fim, uma
destacando que a biblioteca localiza-se num espaço pequeno demais para ocorrer a “hora do
conto”, afirmando: “Eu faço a hora do conto na própria sala de aula deles e acho que isso às
vezes desestimula, pois eu tenho que insistir para que eles parem de copiar o que está no
quadro para que possam entrar no clima da hora do conto”. Diante dessas situações
comprova-se o desprestígio que o espaço da biblioteca e o profissional que nela atua têm para
algumas escolas, sendo que essa visão precisa mudar, por meio de um mediador que apresente
a leitura como algo essencial para todos, bem como o ambiente da biblioteca como um espaço
fundamental dentro da escola.
A pesquisa escolar foi destacada por sete professoras que salientaram que, tanto para
os alunos como para a comunidade, a biblioteca escolar está sempre aberta. Uma das
professoras afirmou: “Organizo as pesquisas que os alunos necessitam fazer separando livros,
revistas, todos os materiais, p/ facilitar e ajudar p/ um bom trabalho dos alunos”. Percebe-se
que houve poucas referências à pesquisa, contudo sabe-se que essa atividade é muito
frequente nas escolas e que precisa ser pensada tanto pelo professor que a solicitou como para
o profissional que é responsável pela biblioteca, no sentido de auxiliar os alunos, pois não
pode se restringir a uma simples cópia do material.
As leituras individuais e compartilhadas também foram citadas entre as atividades
desenvolvidas na biblioteca escolar, conforme os relatos: “Leitura compartilhada de peça de
teatro com direito a comentários sobre o texto e explicações. Quanto maiores, os alunos são
incentivados a seguir as leituras sozinhos, ou seja, começamos narrativas cada vez mais
longas e eles se organizam por interesse em continuar”; “Os alunos mostram, contam ou
releem os livros retirados na semana anterior”. Sabe-se da importância da retirada de livros
para estimular uma leitura individual e compartilhada entre as crianças e seus familiares; e
entre as crianças e seus colegas. Assim, cabe ao mediador de leitura organizar estratégias para
82
que a leitura individual aconteça tanto dentro como fora da escola; bem como promover a
leitura compartilhada, para que se possa ouvir o que os alunos têm a dizer sobre as leituras
que realizam.
Durante a apresentação do material teórico sobre a biblioteca escolar e a contação de
histórias, houve muita discussão quanto ao papel da biblioteca na escola. Elas lamentaram o
fato de terem que substituir os professores que faltam, pois precisam fechar a biblioteca.
Outras, em contrapartida, elogiaram o envolvimento da escola com a leitura, afirmando que
nunca precisaram entrar em sala de aula, pois impuseram algumas regras e se posicionaram
em relação ao seu trabalho. Tais situações demonstram a diversidade dos encaminhamentos
com a leitura entre as escolas analisadas. Vale ressaltar que as trocas de experiências e as
discussões durante o Curso estão fazendo com que muitas participantes tomem uma posição
crítica diante da escola em que atuam, colocando suas opiniões nas reuniões pedagógicas,
para que se valorize o momento da biblioteca como uma atividade importante dentro do
currículo escolar.
Além da produção textual, utilizou-se o questionário, como instrumento para analisar a
questão da leitura no âmbito da escola. As professoras responderam ao questionário
27
no
mesmo encontro em que foram discutidas questões referentes aos critérios para seleção de
livros infantis e atividades práticas na biblioteca escolar. As perguntas do questionário foram
as seguintes: “Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na ‘hora do conto’? Quais
os motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?”.
O gênero narrativo foi referido por vinte e quatro professoras, sendo que apenas uma
fez referência ao livro de imagem, com a obra Lobo negro, de Antoine Guilloppé, em que
destacou “A novidade do livro sem escrita gráfica, onde as páginas eram viradas lentamente e
as hipóteses de leitura eram confirmadas ou não, divertindo ‘cada leitor’ num desafio de erro
e acerto pessoal e coletivo”. É importante ressaltar que a poesia não esteve presente em
nenhum relato de atividade, o que remete à ideia de que se trata de um gênero pouco usual nas
escolas; inclusive em um dos depoimentos sobre a contribuição do Curso para a sua formação,
uma professora afirmou: “Hoje estou com outro olhar em relação à poesia, pois eu tinha
dificuldades de fazer uso dela nas minhas Horas do conto. Hoje simpatizo mais com elas”.
Das narrativas que as professoras citaram destacam-se: os contos de fadas, os contos
populares e as narrativas curtas. Verificou-se que as professoras utilizam narrativas que fazem
27
As respostas das professoras, em relação ao questionário referido, encontram-se no Anexo G deste trabalho.
83
parte de suas preferências de leitura, confirmando os depoimentos dados anteriormente,
relacionados aos seus interesses.
Em relação ao porquê de as crianças terem gostado das histórias, as respostas
variaram, prevalecendo a questão do tema e das ilustrações, seguida daquela referente aos
recursos utilizados pela mediadora para contá-la, das atividades de pós-leitura realizadas, da
interação das crianças durante a contação e do mediador gostar da história escolhida, como
relataram algumas professoras: “O fato da história ter me encantado, então você conta com
uma empolgação diferente”; “Acredito que por eu ter também gostado da obra, na hora em
que contei esta tenha atraído a atenção deles, pois acredito que para a história ser atrativa o
contador precisa ter escolhido ela e ter gostado, o contar por contar, não atrai pois fica solto
sem gosto”; “Outro motivo que prendeu a atenção do grupo foi a forma de apresentação que
fiz utilizando avental e figuras em e.v.a., bem como, a própria ilustração do livro, que é rica
em detalhes e cores”; “Quanto a fala dos animais, fiz a imitação, dei vida a cada personagem”.
Diante de tais relatos, revelou-se a importância de um planejamento por parte do mediador,
pois a criança percebe quando houve uma preparação para contar a história, encantando-se
com a narração e com os recursos utilizados pelo contador.
Nesse mesmo encontro, após responderem ao questionário, as professoras reuniram-se
em grupos e receberam obras selecionadas pela ministrante, para que pudessem avaliá-las
segundo os aspectos positivos e negativos que apresentassem. A escolha das obras, entre
narrativas e poemas, seguiu um critério de qualidade, estando presentes obras de valor
literário ao lado de outras que não apresentam qualidade estética. As obras poéticas escolhidas
foram: A televisão da bicharada, de Sidónio Muralha; e Palavras, muitas palavras..., de Ruth
Rocha; a primeira apresentando características literárias, como o ludismo e o ilogismo,
enquanto que a segunda tendo o intuito pedagógico de ensinar as letras do alfabeto. As
narrativas também foram escolhidas seguindo alguns critérios: uma com caráter moralizante,
A moranga e a chuva, que faz parte de uma coleção, na qual não referência ao autor; outra
é uma adaptação dos contos de fadas, A bela e a fera; e ainda, uma narrativa emancipatória, A
margarida friorenta, de Fernanda Lopes de Almeida, que apresenta o final em aberto, levando
à discussão do mesmo; e um livro de imagens, Ida e volta, de Juarez Machado, que se
caracteriza por conter ilustrações sugestivas e dinâmicas.
Percebeu-se que houve algumas controvérsias nos grupos durante a apresentação das
análises; por exemplo, o grupo que ficou com o livro de poemas de Sidónio Muralha foi muito
criterioso, pois quis discutir a interpretação dos poemas, quando na verdade o autor fez uma
84
brincadeira com as palavras. Assim, o ilogismo era uma característica positiva e foi
considerada como negativa quando se questionou o poema “Boa noite”: “zebra estará sempre
de pijama?”. No entanto, destacaram a sonoridade, o tema sobre animais e as ilustrações como
características positivas. O grupo que ficou com o livro de poemas de Ruth Rocha conseguiu
identificar o aspecto pedagógico da obra, destacou que é “parecido com uma cartilha” e
considerou as ilustrações como um aspecto positivo.
O grupo que analisou a história A moranga e a chuva identificou a característica
moralista da obra, pois destacou a questão da vingança da personagem; e ressaltou, como
aspecto positivo, a ilustração. o grupo que ficou com a adaptação do conto de fadas,
priorizou a interpretação do texto, considerando-o um bom livro, pois trabalha a questão dos
valores; também ressaltou que há uma simplificação da obra, porém não se deteve em
questionar o seu caráter literário. O grupo que analisou a obra de Fernanda Lopes de Almeida
destacou como características positivas a mensagem do texto e as ilustrações, porém
afirmaram que às vezes, os alunos querem uma história mais dinâmica, dependendo da
situação, uma história calma dessas não agrada”, salientando que é uma história para a
Educação Infantil.
o grupo que ficou com o livro de imagens destacou como pontos negativos: “pouca
clareza no final; o final deve surpreender, coisa que não ocorre no livro. o deixa claro
quem é o personagem principal”, e ressaltou como positivo o suspense, as “imagens claras,
objetivas e sugestivas”. Portanto, há uma contradição nessas características, pois justamente o
que surpreende na obra é a sugestão que as imagens apresentam de quem é essa personagem.
Por fim, muitas professoras, nesse encontro, questionaram sobre o que fazer com os livros de
“R$1,99” e as “maletas
28
”. Diante disso, discutiu-se que são livros que até podem fazer parte
do acervo da biblioteca, mas não devem ser apresentados às crianças como obras literárias,
nem serem considerados literatura infantil. Portanto, a criança precisa ter contato com livros
de valor literário, sendo o mediador de leitura o responsável por apresentá-la a esses livros.
Em outro encontro, as professoras elaboraram, em grupos, projetos de leitura
29
com
uma obra literária
30
. Comprovou-se que as participantes estão preocupadas em desenvolver
28
As “maletas” contêm dez livros e, às vezes, um CD com as histórias. Geralmente são adaptações, de qualidade
duvidosa, de clássicos da literatura infantil, em que predominam ilustrações coloridas que têm a finalidade de
chamar a atenção das crianças.
29
Projeto de leitura no sentido de realizar um planejamento das atividades para a “hora do conto”, com o
seguinte roteiro: pré-leitura, refere-se à atividade introdutória ao texto; leitura-descoberta, trata-se da leitura da
história ou do poema; e pós-leitura, refere-se às atividades lúdicas a partir do texto lido.
30
Todas as professoras trouxeram um livro infantil e o grupo decidiu com qual deles faria o projeto.
85
atividades significativas para a “hora do conto”, de acordo com os projetos apresentados
31
,
pois criaram atividades diversificadas e criativas com as obras escolhidas. Sabe-se a
importância de o mediador organizar um planejamento em relação à história ou o poema que
irá contar, para que possa decidir os recursos ou as estratégias que utilizará no momento da
contação.
4.3 AS IMPRESSÕES EM RELAÇÃO AO CURSO
A terceira categoria, “as impressões em relação ao Curso”, referiu-se às produções
textuais “Participando deste Curso, eu busco...” e “O que mais me marcou no Curso foi...”,
nas quais as professoras colocaram as suas impressões a respeito do Curso, bem como a
avaliação do mesmo.
A produção textual “Participando deste Curso, eu busco...
32
teve o objetivo de
verificar as expectativas das professoras em relação ao Curso que estava iniciando.
De acordo com o levantamento das respostas dadas pelas participantes, vinte e três
salientaram que buscavam adquirir novos conhecimentos, como relataram algumas:
“Aprimorar o meu conhecimento na literatura infantil para poder tornar a biblioteca um
espaço ainda mais interessante e agradável”, “Aprofundar os conhecimentos sobre as leituras
que podem dar subsídios a um melhor assessoramento de nosso ‘leitor em construção’ (que
somos todos também... sempre)”; quatorze responderam que buscavam “sugestões de
Literatura Infantil para serem trabalhadas na hora do conto (novidades)”; nove destacaram
sobre o despertar nas crianças e nos jovens o gosto pela leitura, enfatizando que esperavam
“renovar ideias, sugestões de atividades, um maior conhecimento sobre como trabalhar com
os alunos o gosto pela leitura”; cinco informaram a importância da troca de experiências entre
as colegas, destacando que “as trocas que ocorrem nestes encontros são muito importantes,
pois vem enriquecer o nosso trabalho”, “Estes encontros devem ter sempre, em todas as
disciplinas, pois pouco se reúnem para trocar ideias nas escolas”; outra referiu-se aos passeios
que seriam realizados: estou entusiasmada com os passeios, pois não conheço nenhum
31
Como já referido anteriormente, os projetos de leitura encontram-se no Anexo C deste trabalho.
32
As respostas das professoras, em relação a esse estímulo, encontram-se no Anexo H deste trabalho.
86
deles”. Diante desses relatos verificou-se que as professoras estavam buscando uma
oportunidade para aprimorarem seus conhecimentos, bem como enriquecerem o trabalho que
desenvolvem à frente da biblioteca escolar.
Houve professoras que salientaram a importância de tornar o espaço da biblioteca mais
interessante e atrativo para seus usuários, como afirmou uma delas: “quero que o espaço e o
tempo da biblioteca sejam úteis para o aluno e prazeroso também”; outra destacou a
valorização do seu trabalho enquanto responsável pela biblioteca, conforme relato: “a
oportunidade de participar de um curso específico para a área da biblioteca me deixa muito
feliz, pois valoriza o nosso trabalho e nos qualifica para tal”, ressaltando: “já que todas somos
professoras de escola, estar na biblioteca, aos olhos de alguns colegas, é não estar exercendo a
função de educar, simplesmente estar ocupando um cargo temporário e de menor valor. Eu
me orgulho de poder exercer essa função e levar aos alunos o valor da leitura e dos livros, que
muitos não tem acesso em casa”. Essa busca por reconhecimento demonstra que a
necessidade de uma formação continuada, pois é a partir dos estudos teóricos e práticos sobre
a questão da leitura que o profissional responsável pela biblioteca escolar poderá legitimar a
sua prática perante os demais docentes da escola em que atua.
Na produção textual “O que mais me marcou no Curso foi...
33
”, realizada no último
encontro, foi uma maneira de comprovar se o Curso correspondeu às expectativas das
professoras.
As participantes destacaram que gostaram muito da diversidade de sugestões que
foram apresentadas, afirmando que “o curso foi ótimo, muito enriquecedor, repleto de
novidades, principalmente práticas e com um gostinho de quero mais no acréscimo da
bibliografia”; “Acredito que cresci muito durante o curso e mais importante: pretendo levar
este conhecimento para a ‘contação de histórias’. As oficinas me ajudaram muito”; “Saber
que muitas pessoas comungam com a gente sobre a importância do ler, de contar histórias e
valorizam as pessoas que estão nas escolas fazendo isto, pois muitas vezes nos sentimos
desvalorizadas até pelas próprias colegas que acham que bibliotecária não faz nada”. Também
ressaltaram o planejamento e o conhecimento da ministrante no desenvolvimento do Curso,
conforme relatou uma delas: Gostei muito também da organização e do planejamento da
professora, penso que isso contribuiu bastante para o sucesso do trabalho”. Comprovou-se que
a organização e o planejamento do Curso veio ao encontro do que as professoras esperavam,
enriquecendo o seu trabalho como mediadoras de leitura.
33
As respostas das professoras, em relação a esse estímulo, encontram-se no Anexo I deste trabalho.
87
Diante das atividades proporcionadas, salientaram a importância da teoria e da prática,
que estiveram sempre presentes no decorrer do Curso, como afirmou uma participante: “Acho
que a parte teórica foi muito importante, pois teoria e prática tem que andar juntas para
podermos saber o que queremos fazer e onde chegar”. Algo bastante significativo, segundo as
professoras, foram as trocas de experiências oportunizadas pelo Curso, conforme relataram:
“Pra mim este curso foi muito importante. Um momento de troca de experiências ajuda no
nosso dia-a-dia em sala de aula, enriquece a nossa prática e convivência com os alunos”; “Me
surpreendi, pois geralmente os cursos fogem da realidade das nossas escolas, e este curso foi
muito proveitoso do início ao fim e com materiais acessíveis”; “A troca de experiências com
as demais colegas. Mas principalmente a parte teórica que foi apresentada durante todo o
curso, pois muitos assuntos eu desconhecia”. A importância de intercalar teoria e prática, sem
“fugir” da realidade das escolas, foi prioridade no planejamento do Curso, confirmando-se a
sua eficácia, pois sabe-se que as sugestões foram aproveitadas ao máximo, pelas participantes,
nos encaminhamentos de atividades com a leitura literária na biblioteca escolar.
As professoras também destacaram a importância que os passeios tiveram para sair da
rotina, como afirmou uma participante: “Adorei os passeios que realizamos; o encontro com a
Paula e o Celso foi maravilhoso; o passeio à Feira do Livro (onde fiz um ‘rancho’ de livros) e
a contação de histórias das contadoras da Cataventus foi ótimo”; “Cada encontro acrescentou
muito; os passeios de estudos (PUC/ CASA MARIO QUINTANA) foram verdadeiros
PRESENTES para alma de quem participou”. Outra professora destacou o envolvimento do
grupo: “Gostei muito do grupo também, que mostrou estar interessado na busca de melhorias
no seu trabalho”. Por fim, ressaltaram que adoraram ouvir as histórias contadas durante o
Curso, pois ser ouvinte fez com que lembrassem de seus momentos de infância. Com base
nessas afirmações percebe-se que as atividades propostas pelo Curso agradaram as
participantes, assim, revelando a importância da formação continuada para o aprimoramento
de práticas de mediação de leitura.
88
4.4 A BIBLIOTECA DOS MEUS SONHOS
A quarta categoria, a biblioteca dos meus sonhos”, referiu-se às produções inicial
34
e
final
35
do Curso, as quais apresentaram o mesmo estímulo, “Na biblioteca dos meus sonhos,
as crianças....”, em que as professoras tiveram que colocar como seria uma biblioteca ideal.
Verificaram-se, assim, os perfis de entrada e saída das mediadoras no que tange à sua visão
sobre a biblioteca escolar.
No primeiro encontro, as professoras fizeram a produção textual antes mesmo da
apresentação do programa do Curso, pois o que se pretendia era verificar a ideia que elas
tinham em relação a uma biblioteca ideal. Já a segunda versão dessa produção foi realizada no
último encontro, com a perspectiva de comparar como era a biblioteca ideal descrita no início
e no final do Curso, verificando se o mesmo contribuiu para a prática da mediação de leitura
na biblioteca escolar.
Na primeira produção, das vinte e cinco professoras, quinze destacaram como sendo
importante o momento da contação de histórias na biblioteca escolar, pois as crianças têm a
liberdade de sonhar, bem como “viajarem no mundo encantado das fantasias que encontram
nas histórias e contos”. Uma das participantes afirmou: “além do momento da ‘contação de
histórias’ pelo professor, a criança teria um momento para as suas leituras pessoais onde em
algumas oportunidades ela também contasse ou fizesse a leitura de alguma história”; outra
destacou: “na biblioteca dos meus sonhos, as crianças têm espaço para interagir com a
mesma, lendo, jogando, pesquisando, participando de atividades diversificadas, como a Hora
do Conto, além de terem acesso à uma diversidade de livros e de gêneros literários”; “Teria
um espaço aconchegante, sem interrupção, principalmente, na hora da contação de histórias”.
na última produção esse número aumentou para vinte e duas referências, conforme
destacou uma delas: “Os alunos sentem-se à vontade, interagindo na Hora do Conto com
prazer”; outra reforçou: “A hora do conto é muito legal, as histórias são maravilhosas e a
professora é muito criativa”; e por fim, uma ressaltou que “durante as horas do conto os
alunos conseguem ‘viajar’ num mundo de imaginação e fantasia, refletindo e aproveitando
este momento ao máximo”. Portanto, percebe-se que houve um aumento significativo em
34
As respostas das professoras, em relação a esse estímulo, encontram-se no Anexo J deste trabalho.
35
As respostas das professoras, em relação a esse estímulo, encontram-se no Anexo K deste trabalho.
89
relação à importância da prática da contação de histórias do início para o final do Curso,
comprovando a contribuição do mesmo para o enriquecimento e o comprometimento das
professoras no planejamento de atividades para a “hora do conto”.
No que tange à questão da liberdade na escolha dos livros nas estantes, ou seja, a
possibilidade de acesso das crianças para procurar o livro que querem levar para casa,
verificou-se que, na primeira produção, apenas três professoras referiram-se a esse dado como
importante, como afirmou uma delas, de que as crianças “tem a oportunidade de manusear os
livrinhos, escolhê-los nas estantes, tendo um espaço bem convidativo, aconchegante”. Na
última produção, doze professoras destacaram a importância de as crianças escolherem os
livros com a maior liberdade possível, conforme o relato: “Podem ter acesso (mexer) no
acervo literário para escolher o livro (livre) e levá-lo para casa”; outra destacou: “leem livros
escolhidos de acordo com seus gostos”. Tais resultados apontam para um avanço em relação à
liberdade das crianças de escolherem o livro que mais lhes agradam para a leitura.
Na primeira produção doze destacaram a importância de as crianças encontrarem um
ambiente motivador, aconchegante e lúdico, como afirmou uma delas: “A biblioteca deve ser
um espaço descontraído, porém, com uma magia que envolva a criança para um mundo
diferente. Um ambiente motivador à leitura”. Na última produção esse número aumentou para
quinze referências, como ressaltou uma participante: “Encontram um ambiente alegre,
favorável à imaginação e à criatividade”; outra destacou: “Nos meus sonhos a biblioteca é um
lugar encantador, mágico. as crianças entram e viajam na imaginação, encantam-se com os
livros e com o que elas podem ‘ver’ através deles”. Diante desses dados, verificou-se que as
professoras, desde o início, perceberam a importância de um ambiente sugestivo e dinâmico
para a biblioteca escolar. Contudo, esse ambiente se tornará motivador se possuir um
mediador comprometido com atividades de incentivo à leitura.
Além do espaço acolhedor, na primeira produção elas destacaram questões de ordem
material, como os recursos necessários para um trabalho na biblioteca, o cuidado com os
livros, a variedade e a atualização do acervo, conforme afirmou uma delas: “Estão rodeadas
de livros de todos os tamanhos, também têm muitas fantasias para vestir, fantoches, folhas,
tintas, lápis de cor... muitos Cds e DVDs de histórias e músicas e também microfone para
poder falar”; outra ressaltou que “existem muito exemplares para que todos tenham acesso”;
“Leem, ouvem histórias, contam histórias, inventam histórias, reinventam, tem variados
materiais a sua disposição – tem espaço físico e materiais adequados”. Tais afirmações
disseram respeito a uma preocupação com questões materiais, que também são essenciais para
90
o funcionamento de uma biblioteca escolar. Contudo, deve-se levar em conta que, além de ter
vários recursos, é necessária a presença de um profissional capacitado e que seja leitor à
frente da biblioteca escolar, para mediar à leitura de forma significativa.
Alguns dados pertinentes foram ressaltados pelas professoras na primeira produção
textual do Curso como: “Uma biblioteca que nunca feche, nem na hora do recreio, nem no
planejamento da professora responsável, para que os alunos sempre que queiram possam ir até
lá”; “Os professores também costumam retirar livros para ler e frequentemente sugerem livros
para serem adquiridos”; “Que professoras de classe e da administração dessem ou
reconhecessem a importância da biblioteca dentro da escola e, principalmente, para os alunos.
Mas como, na realidade, não é bem assim espero através da formação criar algumas
alternativas que possam melhorar meu trabalho”. Percebe-se que se tratava de um grupo que
compreendia a importância de seu trabalho, bem como de atividades significativas na
biblioteca escolar, pois desde o início priorizou o espaço motivador de uma biblioteca ideal.
Na última produção, prevaleceram questões referentes ao ambiente convidativo da
biblioteca, independente dos recursos, com histórias envolventes, como afirmou uma das
participantes: “tem a oportunidade de fazer parte de um ambiente prazeroso, envolto de
criatividade, ludicidade e liberdade de expressão”; outra reforçou essa ideia: “terão momentos
agradáveis de descobertas, de valorização do imaginário, onde poderão criar, ouvir, contar
histórias”. Deve-se considerar que na produção final, elas estavam interessadas em apresentar
atividades diversificadas para a formação do leitor.
Na primeira produção, as professoras destacaram, com oito referências, que esperam
receber na biblioteca alunos leitores que apreciem a leitura, como afirmou uma delas: “Na
biblioteca dos meus sonhos, as crianças adoram ler os mais variados livros, frequentam a
biblioteca não só no turno que estudam, mas também no contraturno”; outra salientou: “Todos
têm prazer em ler e pedem mais e mais livros novos”. na última produção esse número
aumento para quatorze, conforme afirmou uma professora: “meu maior sonho seria receber na
biblioteca crianças curiosas e felizes por poder usufruir deste espaço, tão especial”, outra
destacou que as crianças “são apaixonadas pela leitura, a todo momento são instigadas pelos
professores da importância da leitura na vida delas”. Tais afirmações demonstram que elas se
sentiriam muito mais motivadas se percebessem o interesse dos alunos pela leitura, contudo
sabe-se que o prazer pela leitura requer um incentivo contínuo, portanto não se pode
esmorecer diante das dificuldades que se encontram nos encaminhamentos das práticas de
leitura.
91
A questão da importância do mediador era algo primordial, pois se pretendia que as
professoras repensassem a sua prática. Contudo, na primeira produção, apenas cinco fizeram
referência à importância do seu trabalho, como destacou uma delas: “há também uma
professora com vontade de fazê-las felizes neste espaço”; outra reforçou essa ideia, com esta
afirmação: “professoras responsáveis que gostassem realmente do trabalho”. Na última
produção esse número ficou em sete, com os seguintes depoimentos: “A bibliotecária é
simpática, disposta a ajudar e principalmente leitora, que possa indicar livros e trocar
experiências com os alunos”; “Sempre irão me encontrar pronta a levá-los na viagem dos
contos de fadas”. Diante disso, entende-se que é preciso que as professoras percebam a
importância que exercem na mediação da leitura e que repensem diariamente a sua prática.
Com base nos resultados apresentados percebe-se que as professoras responsáveis
pelas bibliotecas escolares de São Leopoldo compreendem a importância da contação de
histórias e da liberdade dos alunos na escolha do livro que querem retirar. Contudo, é
necessário que repensem a sua prática como mediadoras, pois precisam ser um exemplo de
leitura para os usuários que frequentam a biblioteca.
92
5 A MEDIAÇÃO LITERÁRIA
Por dever do ofício e por exigência ética, cabe a
esses dois profissionais professor e bibliotecário
ler e fazer ler. Repetindo: cabe ler e fazer ler.
Isto quer dizer que, para abraçar qualquer uma
dessas duas profissões, o sujeito tem que ser leitor,
encarnando em si as práticas de leitura como um
valor absoluto e, por ter que fazer ler, tem que
projetar e inculcar esse valor em todos os membros
da sua comunidade através de projetos, programas
e ações.
Ezequiel Theodoro da Silva
Nesta seção se expõem os eixos da pesquisa, tendo como base os resultados
apresentados no capítulo anterior, com o intuito de interpretá-los à luz do referencial teórico.
Para tanto, a mesma se divide em duas partes: a primeira, “O mediador como leitor”, tem
como enfoque os dados relacionados às experiências de leitura das professoras participantes; a
segunda, “O mediador como formador de leitores”, diz respeito ao papel do professor quanto
à formação de leitores, por meio da apresentação das atividades desenvolvidas nas escolas,
com enfoque no espaço das bibliotecas escolares, bem como suas impressões e a avaliação
referente às contribuições do Curso para a sua formação como mediadoras de leitura.
5.1 O MEDIADOR COMO LEITOR
Entende-se a importância do mediador de leitura, que no caso da pesquisa empírica é o
professor responsável pela biblioteca escolar, ser um leitor, pois, segundo Ezequiel Theodoro
da Silva, o professor precisa ser um leitor caso queira ensinar um aluno a ler, “isto porque os
nossos alunos necessitam do testemunho vivo dos professores no que tange à valorização e
encaminhamento de suas práticas de leitura” (1995a, p.109).
93
Michèle Petit afirma que “todas as pessoas que trabalham com a leitura deveriam
pensar um pouco em sua própria trajetória leitora
36
(2001, p. 17). Nesse sentido, quando
questionadas sobre o seu início como leitoras, as professoras
37
destacaram que sua principal
influência foi na escola, com os professores; poucas se referiram à família, justificando que
não havia livros em casa.
Esse dado vem de encontro àqueles da pesquisa Retratos da leitura no Brasil, que
verificou que 49% dos brasileiros tiveram as suas mães como aquelas que mais os
influenciaram na leitura e 30% responderam o pai, ou seja, o ambiente familiar obteve um
percentual considerável. os professores foram citados por 33% dos entrevistados
(AMORIM, 2008). Tais resultados demonstram que prevaleceu entre as participantes do
Curso uma leitura inicial ligada a uma educação formal, pois ocorreu no ambiente escolar;
os brasileiros leitores entrevistados estão ligados a uma educação informal, pois foi no
ambiente familiar que tiveram seu primeiro contato com a leitura. Nesse sentido, é importante
ressaltar o papel fundamental que cabe à escola e à família na formação de leitores.
No momento em que as participantes referiram-se às personagens com que elas se
identificavam, a maioria reconheceu-se em personagens pertencentes à literatura infantil.
Diante desses resultados, verifica-se a importância que essas obras tiveram na vida das
mediadoras, o que remete à ideia de que “todos os livros favorecem a descoberta de sentidos,
mas são os literários que o fazem de modo mais abrangente”, sendo que “a literatura dá conta
da totalidade do real, pois, representando o particular, logra atingir uma significação mais
ampla” (BORDINI; AGUIAR, 1993, p. 13). Nas palavras de Ezequiel Theodoro da Silva:
Fruir o texto literário e crescer pessoalmente ou transformar-se politicamente são
partes de um mesmo ato. Ao leitor do texto literário cabe, então, não
compreender, mas também imaginar como a realidade poderia ser diferente; não
compreender, mas transformar e transformar-se; não transformar, mas sentir o
prazer de estar transformado (1995a, p. 26).
Com base nessa afirmação, comprova-se que o grupo em questão se identificou com
leituras feitas durante a infância ou início da adolescência, o que reflete um momento de
formação de sua identidade, pois foram livros decisivos em relação a como elas se veem no
mundo e no conhecimento de si mesmas (WERKMEISTER, 1993). Portanto, ao interagir com
a obra literária, o sujeito utiliza-se das suas próprias experiências acumuladas, seja de leitura
ou de vida.
36
Tradução da autora deste trabalho.
37
Como nem todas as professoras responderam a esse questionamento, que foi feito oralmente, esse dado não foi
apresentado no capítulo anterior.
94
Tal ideia é reforçada por Teresa Colomer, quando afirma que a forma pela qual o leitor
literário “percebe a relação entre a experiência refletida na obra e a sua própria é essencial”,
pois na leitura uma mescla de suas experiências literárias e vitais. Assim, “seu próprio
conhecimento das analogias que o texto estabelece com o mundo primário e das relações entre
o texto e as outras manifestações do mundo da ficção, o levam a estabelecer seu significado
próprio e único” (2003, p. 133).
Nesse sentido, a leitura ajuda a pessoa a construir-se, a descobrir-se, a fazer-se um
pouco mais autora de sua vida (PETIT, 2001). Daí que “os bons livros, aqueles dos quais
gostamos ou pelos quais nos apaixonamos, são exatamente aqueles que nos mostram as
coisas, nos desenrolam ideias que não tínhamos visto ainda, até o momento da leitura”
(SILVA, 2003, p. 60), pois o que se busca durante esse ato é uma significação pessoal.
Essa busca por um sentido ficou evidente quando as mediadoras citaram as obras que
marcaram suas vidas, prevalecendo obras pertencentes à literatura infantil e infanto-juvenil, o
que remete a duas hipóteses, apresentadas anteriormente, de que foram livros significativos
para a infância e a adolescência das mediadoras, pois muitas obras indicadas são consideradas
clássicos da literatura universal; ou que são leituras que fazem parte de sua prática
profissional, pois trabalham com esse público na biblioteca escolar.
Esses apontamentos quanto às obras infantis e infanto-juvenis repetiram-se no
momento em que as participantes indicaram àquelas que salvariam em caso de incêndio
fictício, considerando que, nesse caso, um dado que pode ter influenciado nas respostas foi o
fato de as mediadoras estarem participando do Curso de Formação, o qual fez diversas
referências bibliográficas. Tal fato pode tê-las instigado a lerem mais essas obras para a
elaboração de atividades práticas na biblioteca escolar, pois muitas professoras mostraram-se
encantadas com àquelas que não conheciam, como destaca uma delas: “Passei a conhecer
alguns livros que eu não conhecia, ideias e sugestões que eu pudesse usar na minha escola,
enfim, adorei estes momentos”.
Tais resultados indicam que as participantes são leitoras do tipo escolar, pois realizam
uma leitura com o objetivo de indicar obras literárias aos seus alunos ou utilizar essas obras
lidas em seu planejamento de trabalho, lendo, principalmente, obras de literatura infanto-
juvenil (ROLLA, 1996). Sob essa perspectiva, constatou-se que as professoras são leitoras
que se preocupam com a sua prática, remetendo a uma leitura profissional, pois elas estão
lendo livros que irão auxiliá-las no seu trabalho. Acredita-se que o profissional que se dedica
a mediar uma atividade com a leitura conheça um repertório variado de obras literárias,
95
portanto, é fundamental que as professoras analisadas avancem em suas leituras,
ultrapassando as obras infanto-juvenis, pois “a cada novo texto que lemos, a cada novo
conhecimento que adquirimos, a cada experiência que vivemos, melhores leitores nos
tornamos” (MARIA, 2002, p. 22).
De acordo com os hábitos de leitura apresentados, a maioria das participantes à
noite, no quarto e silenciosamente, “remetendo o leitor a si mesmo, a seus pensamentos ou as
suas emoções, na solidão e no recolhimento” (CHARTIER, 1991, p. 151). Tal afirmação
comprovou-se no momento em que citaram a obra que gostariam de ganhar, pois a maioria
referiu o romance, considerado o representante dessa leitura íntima. Alberto Manguel destaca
que o ato de ler no quarto é uma qualidade especial de privacidade, pois “ler na cama é um ato
autocentrado, imóvel, livre das convenções sociais comuns, invisível ao mundo” (2006, p.
180).
Com base nisso, verificou-se que, de acordo com as circunstâncias de leitura, as
professoras leem nas horas regulares de liberdade, ou seja, leem à noite, o que remete a
características particulares, pois são os “livros de cabeceira” que refletem o gosto do leitor
(ESCARPIT, 1969). Nesse sentido, Roger Chartier (1991) destaca que é por meio da leitura
silenciosa, considerada um ato de intimidade individual, que o leitor se permite refletir, pois,
ao praticá-la, abre horizontes inéditos; por isso, a escolha do quarto, sendo considerado o
lugar mais íntimo da casa.
Um dado que gerou controvérsia foi em relação ao tempo dedicado à leitura, pois a
maioria das respondentes apontou que leem em seus momentos de lazer ou à noite. Contudo,
esse dado não foi confirmado quando se referiram ao tempo dedicado à leitura literária, pois
um número considerável de professoras não especificou esse tempo, o que remete à ideia de
que elas sabem a importância da leitura, mas nem todas conseguem praticá-la de forma
assídua, conforme este relato: “Quando gosto do que estou lendo, fico contando os minutos
para retornar a leitura. O que falta é tempo”. Percebe-se que a falta de tempo foi uma maneira
de justificar a ausência de leitura, o que leva a crer que devido aos apelos da sociedade atual,
como a família, o trabalho, o estudo e demais atividades, faz com que as mediadoras não
consigam o tempo suficiente que a leitura requer. Portanto, na escala de valores de cada
professora, a leitura nem sempre ocupa a primeira posição.
A situação é preocupante, pois cabe ao professor ser uma “imagem” de leitura. A
criança ou o jovem, se identificando com uma pessoa que gosta de ler, terá influenciado
favoravelmente o desenvolvimento de sua leitura. Com base nisso, é necessário que o
96
professor responsável pela biblioteca escolar, bem como o professor titular da turma, tenham
lido um número suficiente de livros literários, para que possam apresentá-los aos alunos e,
assim, animá-los para a prática da leitura (BAMBERGER, 2004). Por isso, enfatiza-se a
importância do mediador ser um leitor, pois “é muito difícil que alguém que não sinta prazer
com a leitura consiga transmiti-lo aos demais” (SOLÉ, 1998, p. 90), como relata umas das
participantes: “os professores que gostam de ler conseguem transmitir aos alunos o gosto pela
leitura”.
5.2 O MEDIADOR COMO FORMADOR DE LEITORES
Para formar leitores é preciso ser leitor; para tanto se faz necessário que o mediador de
leitura apresente propostas de atividades com o livro que levem à formação de um leitor
polivalente, competente e crítico. Com base nisso, os objetivos dessa pesquisa foram de
verificar como era realizada a formação do leitor literário no ambiente da biblioteca escolar,
bem como de sugerir estratégias para essa formação.
Entende-se que a leitura literária, segundo Magda Soares, “democratiza o ser humano
porque mostra o homem e a sociedade em sua diversidade e complexidade, e assim nos torna
mais compreensivos, mais tolerantes compreensão e tolerância são condições essenciais
para a democracia cultural” (2008, p. 31). Sob essa perspectiva, Michèle Petit (2001) afirma
que todos devem ter acesso aos bens culturais, pois a quem se priva desse, se “rouba” algo.
Portanto, cada pessoa tem direitos culturais, como o direito ao saber, ao imaginário, à fantasia,
ou seja, o direito de apropriar-se de bens culturais que contribuam, em cada idade da vida, na
construção e no descobrimento de si mesmo.
Daí a necessidade de a leitura estar presente no âmbito escolar, dado que foi
comprovado na análise dos resultados, pois verificou-se que as escolas municipais de São
Leopoldo realizam diversas ações para o fomento à leitura. Contudo, há que se ponderar sobre
algumas situações apresentadas. Primeiramente, a maioria das participantes destacou que
um trabalho significativo com a leitura em sua escola, por meio da parceria entre as atividades
desenvolvidas na biblioteca e na sala de aula, conforme um dos relatos: “Está cada vez mais
97
presente nas salas de aula, após várias reuniões e combinações ficaram combinadas algumas
medidas que os professores precisam adotar, como reservar um horário no planejamento além
da hora do conto, para leitura em sala de aula”. No entanto, outro grupo ressaltou as
dificuldades no encaminhamento de atividades de incentivo à leitura, pois essas ficam a cargo
apenas da professora responsável pela biblioteca, o que se comprovou com a seguinte
afirmação: “Tem professores que desenvolvem trabalhos que incentivam e despertam o gosto
pela leitura mas, por outro lado, professores que ‘cobram’ a leitura como material para
produção de fichas de leitura e estudo gramatical; a própria direção da escola considera a
biblioteca apenas ‘um plus a mais’”.
Deve-se considerar que a biblioteca escolar não pode ser apenas um complemento,
mas precisa transformar-se “num recurso básico para as decisões curriculares, permitindo a
atualização pedagógica dos professores, a aprendizagem significativa dos estudantes e a
participação da comunidade em termos de indagações várias” (SILVA, 1991, p. 112). Nas
palavras de Rovilson José da Silva:
A biblioteca da escola deve estar organizada de modo que proporcione aos alunos e
aos demais membros da comunidade escolar a busca pela leitura. Além disso, ela
coopera com as ações da escola, pois fornece aos estudantes espaço para pesquisa e
estudos nos momentos de aprendizagem. Para tanto, faz-se necessário estabelecer
uma ação pedagógica integrada entre a biblioteca e a sala de aula, e entre a
biblioteca e a comunidade (2009b, p. 116).
Nesse sentido, cabe ao responsável pela biblioteca conhecer as habilidades de leitura
das crianças com as quais trabalha, e ao professor da turma conhecer os livros que estão
disponíveis na biblioteca (KUHLTHAU, 2002). Sob essa ótica, o interesse do mediador por
seus alunos é um elemento importante na formação do gosto pela leitura, pois “ele precisa
aprender a compreender a criança, seus antecedentes sociais e culturais (pais, amigos etc.) e,
acima de tudo, mostrar interesse pela leitura pessoal de cada uma, animando-a a continuar por
seus próprios esforços” (BAMBERGER, 2004, p. 62).
Como defende Waldeck Carneiro da Silva (1995b), o profissional que está à frente de
uma biblioteca precisa conhecer seus usuários, ou seja, suas necessidades informativas,
observando seus interesses e gostos. Por outro lado, o autor ressalta:
Na verdade, a visão do bibliotecário como responsável pela biblioteca escolar é
discutível, podendo ser aperfeiçoada pela ideia de que toda a comunidade escolar
tem responsabilidades para com a sua biblioteca. Logo, não se trata de um espaço
de responsabilidade exclusiva do bibliotecário, mas de todos os usuários, como
aliás deve ser qualquer biblioteca. Parece-nos importante ressaltar esse aspecto,
visto que, em certos casos, o bibliotecário chega a agir como se fosse o “dono” da
98
biblioteca, decidindo sozinho, agindo como se ninguém mais pudesse interferir na
dinâmica (ou “estática”) da biblioteca (1995b, p. 75).
Diante disso, é fundamental que o profissional responsável pela biblioteca escolar crie
uma relação de “unidade” com os demais professores da escola, bem como com a equipe
diretiva. Acredita-se que todos devam ter os mesmos objetivos em relação à leitura, ou seja,
formar leitores em todas as faixas etárias, não se restringindo apenas às crianças, mas
incluindo os jovens, os educadores e os demais profissionais que trabalham na escola. Sob
essa perspectiva, a biblioteca escolar deve buscar uma ação que se articule com o trabalho do
professor.
As dificuldades destacadas pelas mediadoras, ainda em relação ao trabalho com a
leitura, foram as de que raros são os professores que se interessam pelas atividades
desenvolvidas na biblioteca, bem como não uma valorização dos profissionais que atuam
nesse ambiente, pois muitas vezes precisam substituir os professores que faltam, fechando a
biblioteca e seus serviços, como se esse espaço fosse algo supérfluo na escola, quando, na
verdade, deveria ser prioritário na vida escolar. Portanto, é preciso reverter esse quadro, sendo
que cabe ao mediador desenvolver mecanismos que atraiam a comunidade da escola para a
tarefa “de pensar e fazer uma biblioteca escolar atuante, eficiente e capaz de enriquecer o
trabalho docente e a aprendizagem do aluno” (SILVA, 1995b, p. 63), e, assim, buscar uma
valorização do espaço e do profissional que nele atua.
Outra dificuldade, apontada por uma das participantes, foi o fato de realizar a “hora do
conto” na sala de aula, pois a biblioteca é muito pequena. Tal situação não é comum nas
outras escolas, pois apenas essa professora apresentou descontentamento pela área da
biblioteca escolar em que atua. Por outro lado, Rovilson José da Silva afirma que “as
bibliotecas escolares brasileiras estão dispostas em espaços que não oferecem segurança e
conforto para receber pelo menos uma turma de alunos, pois o ambiente é pequeno, o
mobiliário está incompleto, sendo composto pelas sobras de outras salas de aula” (2009b, p.
119), por isso é necessário que se estabeleçam parâmetros mínimos para se estruturar uma
biblioteca de forma a torná-la um espaço de multimídia. Na verdade, mesmo o grupo de
participantes não se pronunciando, a grande maioria das bibliotecas escolares de São
Leopoldo foram projetadas para serem salas de aula, ou seja, não foram construídas com a
finalidade de serem bibliotecas, ficando a cargo da equipe diretiva definir qual a sala que
reservará para essa função.
99
Um dado relevante foi o grande número de professoras realizando atividades de “hora
do conto” na biblioteca escolar, assim priorizando a formação do leitor. Muitas mediadoras
destacaram o compromisso com essa atividade desenvolvida na biblioteca, como afirma uma
delas, enfatizando que ela e suas “colegas bibliotecárias, cada uma no seu turno, está
aplicando uma sistemática adotada desde o início do ano, a partir de um projeto desenvolvido
com as ideias da comunidade escolar: planejar a hora do conto com cada professor que tra
sua turma, conforme a necessidade e temática pertinente”. Esse depoimento reforça a ideia de
que é fundamental ouvir o que as crianças, os jovens, os professores e a família pensam em
relação à leitura, como defende Teresa Colomer (2007), afirmando que mais do que descobrir
por que as crianças ou os jovens não leem, trata-se de ouvir o que pensam sobre livros e
leitura para conhecer quais as dificuldades e estímulos que parecem ser importantes.
A atividade da “hora do conto”, desenvolvida no espaço da biblioteca escolar é um
momento profícuo do trabalho com a literatura infantil, oportunizando à criança avanços
significativos na sua aprendizagem, bem como um trabalho conjunto entre a biblioteca e a
sala de aula. Portanto, a contação de histórias pode acontecer de diversas formas e com o uso
de diversos recursos e técnicas, pois a diversificação é importante para enriquecer essa
atividade e cativar o leitor em formação (SOUZA; GIROTTO, 2009), como comprova o
relato de uma das mediadoras: “Sempre tento fazer algo diferente e que desperte neles a
curiosidade sobre os livros”.
Daí a necessidade de, ao trabalhar os livros de literatura com as crianças e os jovens, o
mediador imaginar e desenvolver atividades usando a música, o teatro, a dança, a fotografia,
as artes plásticas e, assim, aguçar a sensibilidade do grupo envolvido, por meio da fruição de
objetos artísticos de diferentes gêneros (SILVA, 2003). Muitas destacaram a importância de
uma preparação prévia ao momento da “hora do conto”, revelando a necessidade de o
mediador planejar e realizar atividades significativas relacionadas à leitura, conduzindo os
educandos a se tornarem leitores.
Além da “hora do conto”, a biblioteca precisa abrir espaço para uma leitura
compartilhada, em que os alunos possam socializar as leituras que realizam de forma
individual, tanto em casa, como na escola. Teresa Colomer ressalta a importância desse
momento:
Compartilhar as obras com outras pessoas é importante porque torna possível
beneficiar-se da competência dos outros para construir o sentido e obter o prazer de
entender mais e melhor os livros. Também porque permite experimentar a literatura
100
em sua dimensão socializadora, fazendo com que a pessoa se sinta parte de uma
comunidade de leitores com referências e cumplicidades mútuas (2007, p. 143).
Contudo, verificou-se que menos da metade das respondentes fizeram referência à
leitura compartilhada de obras lidas, bem como àquela individual e silenciosa. Entende-se a
importância de as mediadoras reservarem um espaço para essas leituras no ambiente da
biblioteca escolar, propiciando após uma leitura individual, um momento para compartilhar
com os outros as suas descobertas, tornando possível ouvir as crianças e os jovens em relação
às leituras que realizam.
Ao descreverem um trabalho significativo que tenham realizado na biblioteca escolar
prevaleceu, entre os relatos, o gênero narrativo, sendo que apenas uma professora citou o livro
de imagens e nenhuma fez referência à poesia. Por meio desse último dado, pode-se supor que
a poesia está sendo pouco trabalhada nas escolas. Segundo Lígia Averbuck (1985), existem
muitas dúvidas entre os professores sobre a atividade com a poesia no contexto escolar, pois
esse gênero abre a possibilidade da participação do aluno, mexendo com a sua sensibilidade,
bem como desenvolvendo a sua criatividade, situações que dependem da apresentação que o
professor faz do texto. Portanto, é preciso que o mediador seja sensível ao texto poético,
deixando a imaginação dos alunos se “movimentar” livremente, o que faz com que muitos
educadores não utilizem essa literatura, pois não se sentem à vontade com a mesma,
demonstrando insegurança nos encaminhamentos das atividades.
Em relação aos critérios para selecionar uma obra infantil, percebeu-se que o grupo
estava preocupado com questões de caráter interpretativo, não valorizando a brincadeira com
as palavras na poesia e as personagens e suas ações na narrativa, pois assim a literatura
exercita o caráter emancipativo próprio da arte em geral. Nesse sentido, é preciso que se leve
em conta os níveis de adaptação dos componentes do texto à realidade do leitor, bem como as
fases da leitura, referidas em capítulo anterior, pelas quais todo o leitor passa, em algum
momento de sua formação.
É importante destacar que, participando do Curso, o grupo de professoras buscava
adquirir novos conhecimentos, bem como sugestões para trabalhar com a literatura infantil na
escola, conforme um dos relatos: “Um maior conhecimento teórico e prático dentro desta área
que deve ser tão criativa, pois o bibliotecário deve estar em constante atualização e reflexão
de sua atuação junto aos educandos e aos educadores também”. Outro aspecto levantado pelas
mediadoras foi o de conhecer estratégias para despertar nas crianças e nos jovens o gosto pela
leitura, como afirmou uma delas: “Tornar a hora do conto um momento de prazer onde a
101
criança tenha participação ativa”. Esse dado precisa ser levado em conta, pois, segundo
Ezequiel Theodoro da Silva:
A criança nasce com um potencial físico e psíquico para ler o mundo e quaisquer
símbolos que expressam a cultura; a transformação dessa criança em “leitor”
depende do conjunto de estímulos sócio-ambientais ao qual ela responde e com o
qual ela se identifica no transcorrer da sua vida (1986a, p. 62).
Os estímulos que o autor aponta precisam ser realizados pelo professor que está à
frente de uma biblioteca escolar, o qual deve ser um “espelho” de leitura. Portanto, cabe a
esse profissional explorar o aspecto prazeroso e lúdico das atividades relacionadas ao ato de
ler, despertando o interesse e o gosto na criança pelo livro, pela leitura, enfim, pela frequência
ao espaço em que atua (SILVA, 1995b).
Em relação à questão sobre como seria a biblioteca dos sonhos das professoras,
partindo do estímulo feito no início e no final do Curso, o intuito foi de observar as
contribuições do mesmo para o crescimento profissional das mediadoras. Com base nas
respostas, constatou-se que na primeira produção foi dada importância ao ambiente
convidativo e motivador que uma biblioteca escolar precisa oferecer, como se pode
comprovar pelo depoimento: “As crianças precisam sair satisfeitas e entrar sempre com uma
expectativa diferente”. Outro aspecto levantado foi relacionado aos recursos necessários para
o funcionamento de uma biblioteca escolar, pois as crianças precisam encontrar “nas estantes
todos os livros que desejam para ler”. Pode-se verificar que o grupo participante do Curso
conseguiu perceber, desde o início do mesmo, a importância de um ambiente convidativo para
a biblioteca, contudo, não fez as referências esperadas ao papel do mediador nesse espaço.
na última produção, que retomou o estímulo inicial “Na biblioteca dos meus
sonhos, as crianças...”, o aspecto do ambiente foi referido, mas prevaleceu a questão da “hora
do conto” dentro desse ambiente motivador, bem como a livre escolha por parte dos alunos
das obras que desejam retirar, e, novamente, a questão do mediador não foi referida como o
desejado. O aspecto mais relevante, da última produção, disse respeito à liberdade que
crianças e jovens devem ter no momento da escolha das obras que desejam ler, por meio da
retirada. Nesse sentido, as participantes salientaram a importância de tal postura, dado
fundamental para descobrir os gostos e as preferências do leitor.
De acordo com Waldeck Carneiro da Silva, “nada justifica impedir a liberdade de
passear entre as estantes, o que proporciona uma desejada intimidade entre leitor e obra,
sobretudo quando se trata, como no caso da biblioteca escolar, de leitores em formação”
102
(1995b, p. 105), até porque “o excesso de zelo do profissional da biblioteca para com o acervo
ofusca da sua memória a ideia de que as obras estão ali exatamente para que sejam
consultadas” (1995b, p. 60). Pode-se afirmar:
Uma biblioteca não precisa (e não pode) ser um lugar de excessiva ordenação,
normatização ou resguardo. Mas um lugar de variedade, do diverso, do plural, do
desigual que, colocando em convivência diferentes autores, materiais, recursos,
nacionalidades, se revela, de certa forma desordenado (SILVA, 2009a, p. 62).
Assim, entende-se que a razão de ser de uma biblioteca escolar está intimamente
ligada ao empréstimo de seu acervo, portanto todos os alunos e os professores, têm o direito
de escolher o livro que desejam ler, com liberdade de circular entre as prateleiras, manusear
os livros e se sentirem estimulados a retirá-los livremente e não por obrigação (SILVA,
2009b). Teresa Colomer reforça a importância da retirada de livros, afirmando que é
necessário estabelecer laços entre a escola e as famílias, pois “os livros que vão e vêm da
escola para a casa, através do empréstimo, permitem agregar os familiares à leitura
compartilhada” (2007, p. 150), sendo esse um caminho explorado em muitos programas de
leitura.
Deve-se considerar, portanto, que cabe à escola empenhar-se para estimular as
crianças e os jovens “à busca espontânea de informações para sanar suas próprias dúvidas, por
isso, a biblioteca deve oportunizar que o aluno possa frequentá-la, independente da orientação
do professor, obedecendo à sua vontade de saber, de investigar, de ler” (SILVA, 2009b, p.
129). Nesse sentido, o acervo da biblioteca escolar deve oferecer suporte aos conteúdos
discutidos em sala de aula, bem como proporcionar aos alunos o acesso aos materiais que
atendam suas necessidades e que despertem sua curiosidade pessoal.
O espaço da biblioteca escolar foi destacado como devendo ser um ambiente
acolhedor e atrativo para os seus usuários, conforme depoimento: “Preciso motivar o corpo
docente para que os professores estimulem e deem a atenção devida à leitura, na biblioteca”.
Com base nesse relato, Waldeck Carneiro da Silva (1995b) ressalta a importância de os
professores não só darem o exemplo aos alunos, mas se tornarem efetivos leitores e
frequentadores da biblioteca, pois a natureza do seu trabalho requer que estejam em constante
atualização, bem como desenvolvendo práticas de leitura para a formação de leitores.
Conforme Aguiar e Bordini:
Para que a escola possa produzir um ensino eficaz da leitura da obra literária, deve
cumprir certos requisitos como: dispor de uma biblioteca bem aparelhada, na área
da literatura, com bibliotecários que promovam o livro literário, professores leitores
103
com boa fundamentação teórica e metodológica, programas de ensino que
valorizem a literatura, e, sobretudo, uma interação democrática e simétrica entre
alunado e professor (1993, p. 17).
Ficou evidente que as professoras perceberam a importância da “hora do conto” para a
formação de leitores, a qual teve destaque na última produção, como ressaltou uma delas:
“Adoram esse local, retiram muitos livros e apreciam a hora do conto”. Segundo Isabel Solé,
é necessário o seguinte:
Promover atividades significativas de leitura, para as quais tenha sentido e os
alunos possam -lo o fato de ler, é uma condição necessária para conseguir o
que nos propomos. Promover atividades em que os alunos tenham que perguntar,
prever, recapitular para os colegas, opinar, resumir, comparar suas opiniões com
relação ao que leram, tudo isso fomenta uma leitura inteligente e crítica, na qual o
leitor a si mesmo como protagonista do processo de construção de significados.
Estas atividades podem ser propostas desde o início da escolaridade, a partir da
leitura realizada pelo professor e da ajuda que proporciona (1998, p. 173).
Essa preparação do mediador é fundamental, sendo que muitas professoras destacaram
que gostariam que seu trabalho fosse valorizado pela escola. No entanto, poucas se referiram
à importância do mediador quando descreveram a “biblioteca dos sonhos”, sendo que o
objetivo principal da pesquisa era fazê-las repensarem a sua prática enquanto mediadoras.
Claro que algumas conseguiram perceber a importância que o responsável pela biblioteca tem
em relação ao andamento dos trabalhos nesse ambiente escolar, conforme os relatos:
“Possuem uma professora que gosta de livros, de contar histórias e, principalmente, gosta do
que faz”; “Descobri a importância que a bibliotecária pode ter na formação de leitores”.
Portanto, importa que um mediador tenha um repertório variado de leitura, conheça o acervo
com o qual trabalha e seja um leitor.
A avaliação em relação ao Curso foi muito pertinente, pois as professoras relataram
que gostaram muito de participar, destacando a diversidade de sugestões, bem como o seu
planejamento. Um dado relevante disse respeito às opiniões levantadas sobre a teoria e a
prática, apresentadas no Curso, que enfatizaram a importância de ambas estarem juntas nos
encaminhamentos da leitura na escola, conforme um dos relatos: “Através deste curso pude
em vários momentos fazer esta conexão teoria e prática e constatar ou reforçar a importância
do meu trabalho na escola”. Outra questão levantada foi o fato de terem apreciado as histórias
que foram contadas, como afirma uma delas: “Que me marcou foram as reflexões que
fizemos, as histórias que ouvimos, os passeios que fizemos, as ideias que trocamos, os livros
que conhecemos”, o que evidencia a contribuição do Curso para as mediadoras que dele
participaram.
104
Por fim, destaca-se que as descrições realizadas demonstraram que a biblioteca dos
sonhos, isto é, a biblioteca ideal, pode e deve se tornar realidade, sendo necessário que
disponham de um espaço e de um mediador que promova a leitura de forma autônoma, com
atividades diversificadas envolvendo as obras literárias, sendo necessário o comprometimento
por parte da escola, do mediador e do poder blico, pois essa biblioteca ideal precisa se
tornar real.
105
CONCLUSÃO
Para transmitir o gosto pela leitura é preciso ser leitor e sentir prazer no ato de ler, pois
só alguém que é leitor pode formar leitores, ou seja, é só por meio do exemplo que as crianças
e os jovens se sentirão motivados para a leitura. Nesse sentido, entende-se a importância do
papel do mediador no incentivo e no acesso à leitura para a comunidade à qual a escola
pertence.
Diante disso, verifica-se a necessidade de se investir na capacitação de mediadores de
leitura. Foi a partir dessa ideia que se pensou na pesquisa aqui realizada, que disse respeito à
criação de uma proposta para a formação do mediador de leitura literária, por meio de um
Curso de Formação, com enfoque no profissional responsável pela biblioteca escolar. Daí se
chega aos objetivos principais desse trabalho, que foram o de criar essa proposta prática e o de
analisar o perfil desses mediadores, escolhendo como amostra 25 professoras responsáveis
pelas bibliotecas das escolas municipais de São Leopoldo.
Com esses objetivos, partiu-se para o planejamento do Curso, que compreendeu tanto
atividades teóricas quanto práticas para a formação do profissional em questão. Como forma
de legitimar essa pesquisa, iniciou-se pelos estudos sobre o histórico e os gêneros da literatura
infantil, os quais constituíram o primeiro capítulo desse trabalho, com o intuito de contribuir
para a elaboração do Curso de Formação. Acredita-se que é fundamental para o sujeito que se
propõe a mediar atividades com leitura que conheça os diversos gêneros literários e, assim,
possa diversificar os encaminhamentos das práticas de leitura.
A fundamentação teórica estendeu-se ao segundo capítulo, que buscou estudos sobre a
função social da leitura, com destaque para os seus encaminhamentos no ambiente escolar.
Também ressaltou a importância do espaço da biblioteca escolar nas atividades de promoção
da leitura, por meio da “hora do conto”, e, principalmente, o papel do mediador na formação
de leitores. Tais dados foram fundamentais para o planejamento do Curso e enriqueceram o
conhecimento do profissional responsável pela biblioteca, levando-o a interrogar-se sobre a
função que exerce como mediador de leitura. Vale ressaltar que, a partir das discussões dos
temas referidos, durante o Curso de Formação, verificou-se um crescimento teórico e crítico
das participantes, por meio dos debates e dos grupos de estudos que foram promovidos.
106
Dando continuidade ao desenvolvimento da pesquisa, no terceiro capítulo descreveu-
se a metodologia utilizada, que foi bibliográfica e de campo, pois, após os estudos teóricos,
partiu-se para a organização e a elaboração do Curso de Formação. Havia 40 professoras
participantes e delimitou-se, de acordo com critérios descritos, uma amostra de 25
profissionais. Na primeira sessão apresentou-se a descrição dos doze encontros, informando
sobre a presença de teoria e prática, uma vez que toda a programação do Curso foi pensada e
elaborada de forma a contribuir para práticas significativas de mediação. Os instrumentos da
pesquisa foram as produções textuais, feitas pelas participantes durante os encontros, e as
observações, registradas pela pesquisadora. A partir das respostas dadas nas produções,
criaram-se categorias, com a finalidade de contribuir para um melhor entendimento do
material coletado. As categorias referiram-se aos seguintes eixos: as práticas de leitura das
mediadoras, a leitura na escola e na biblioteca, as impressões em relação ao Curso e como
seria a biblioteca dos sonhos das participantes.
Durante as análises, que foram descritas e discutidas no quarto capítulo, tendo como
base as categorias criadas, verificaram-se os perfis de entrada e saída das mediadoras, bem
como se conheceram as atividades relacionadas à leitura desenvolvidas nas escolas. Nas
análises foram transcritas as respostas das professoras, como forma de dar “voz as suas
afirmações, no sentido de comprovar o que estava sendo analisado.
Os resultados obtidos foram interpretados à luz do referencial teórico, no quinto
capítulo, o qual foi decisivo para se compreender a importância de práticas de leitura
permanentes nas escolas para a formação do leitor. Nesse sentido, confirmou-se que não
depende apenas do professor responsável pela biblioteca os encaminhamentos com atividades
de leitura na escola, mas de toda a sua comunidade, por meio de um trabalho conjunto entre a
biblioteca e a sala de aula. Outro dado relevante é que para a formação do leitor, além de um
mediador, que necessariamente precisa ser leitor, é importante que também se tenha um
espaço amplo para receber seus usuários; com um acervo de qualidade, à disposição de todos;
e ações públicas de leitura.
Em relação à base teórica das professoras, uma das questões norteadoras dessa
pesquisa, constatou-se que elas estavam interessadas em estudar mais a respeito da literatura
infantil, bem como da leitura na escola e de como formar leitores, pois afirmaram, no início
do Curso, que buscavam conhecimento teórico e prático. Tal dado demonstra que elas
estavam preocupadas com a sua formação, pois também destacaram a importância de
participar de um Curso específico para o profissional responsável pela biblioteca escolar e,
107
assim, interagir com diversos assuntos pertinentes a sua formação. Portanto, verificou-se que
algumas não tiveram a oportunidade de estudar, em suas graduações, os assuntos abordados
no Curso. Em contrapartida, havia aquelas que conheciam a teoria, possibilitando realizar
uma troca de ideias, que enriqueceu o trabalho de todos os envolvidos no processo. Nesse
sentido, acredita-se que o Curso contribuiu para o crescimento teórico e prático das
participantes.
Nos relatos evidenciou-se que as obras literárias mais trabalhadas são as narrativas,
havendo pouco espaço para a poesia, o livro de imagens e as histórias em quadrinhos.
Destaca-se a importância que foi a apresentação de todos os gêneros literários infantis, pois,
após a prática de cada um deles, as professoras comentavam que haviam trabalhado, em suas
escolas, as sugestões propostas e que as crianças estavam demonstrando interesse em
participar das atividades de “hora do conto”, como salientou uma das participantes, que disse
que não sabia como era interessante o trabalho com a poesia. outra agradeceu ter tido
contato com os livros de imagens, afirmando que nunca havia imaginado o sucesso que eles
faziam com as crianças e os jovens. E uma terceira revelou que nem havia pensado no fato de
trabalhar com as histórias em quadrinhos na escola. Portanto, comprovou-se a eficácia da
programação do Curso, que veio ao encontro das expectativas das professoras, pois essas
adquiriram mais conhecimentos em sua prática de mediação, conforme os depoimentos já
citados.
Uma das questões norteadoras dizia respeito a como as professoras viam sua prática à
frente de uma biblioteca escolar. Poucas foram aquelas que, como referido anteriormente,
descreveram a questão do mediador de leitura, como sendo aquele sujeito com um repertório
variado de histórias, leitor e comprometido com o seu trabalho. Esperava-se que mais
professoras fossem citar a função fundamental que exercem, contudo destacaram mais a
questão do ambiente atrativo e dinâmico. No entanto, esse terá tais características se tiver
um mediador competente. Vale ressaltar que muitas professoras destacaram que gostariam de
ser mais valorizadas em seu ambiente de trabalho e que a partir do Curso de Formação elas
estavam mais otimistas, pois esse estava legitimando a sua prática perante a escola.
Em relação às atividades desenvolvidas nas bibliotecas pelas participantes, destaca-se
sua preocupação em realizar um planejamento para a “hora do conto”, uma vez que afirmaram
ler as histórias com antecedência para, então, contá-las. Assim, ficou claro que estavam
realizando ou tentando realizar práticas comprometidas com a leitura, certas da validade de
um planejamento para realização de atividades relacionadas a ela. É importante que, além da
108
“hora do conto”, as mediadoras organizem atividades de leitura individual e compartilhada
para a formação de leitores autônomos. Sabe-se que por meio de uma leitura individual e
compartilhada elas podem estar resgatando um ambiente de leitura em família, principalmente
com a retirada de livros.
Deve-se considerar que as professoras participantes são leitoras comprometidas com
sua prática profissional, pois a maioria destacou, nas questões referentes ao interesse de
leitura, que as obras que salvariam em caso de um incêndio fictício, aquelas que marcaram
suas vidas e aquelas em que se reconhecem enquanto personagens são as de literatura infantil
e infanto-juvenil. Tal fato remete a duas hipóteses: de que foram obras importantes na
infância e na adolescência das participantes ou que são obras utilizadas em sua prática
profissional. Pode-se dizer que, pelo fato de estarem participando de um Curso de Formação,
que referiu diversas obras infantis e juvenis, a maioria estava encantada com as sugestões
apresentadas, dado que pode ter influenciado as respostas para essas questões, pois eram
leituras significativas para o momento em que estavam vivendo. Tal dado pode ter se
modificado atualmente, ou seja, outros livros seriam salvos, outros podem estar marcando
suas vidas e elas podem estar se reconhecendo em outras personagens. Contudo, entende-se
que, independente de momento, as leituras das professoras precisam encaminhar-se para
leituras mais fecundas, que contemplem a literatura em geral.
Em relação aos hábitos de leitura, as mediadoras destacaram que leem à noite, antes de
dormir e no quarto, remetendo a uma leitura mais individual, situação que pode não estar
ocorrendo com frequência, pois a maioria relatou que não tem tempo para se dedicar a uma
leitura pessoal, prevalencendo leituras ligadas ao seu universo de trabalho, como as obras
infantis e juvenis. Diante disso, verifica-se que uma carência de leituras de literatura em
geral, até porque essa foi pouco referida durante a pesquisa.
Tal situação pode levar a pesquisa adiante, em relação à formação leitora dos docentes,
tanto dos responsáveis pelas bibliotecas, como dos titulares das turmas, os quais realizam
atividades de mediação de leitura, propondo um Curso específico para o professor, que vise
ao enriquecimento de seu repertório enquanto leitor, bem como de sua prática de mediação.
Com base em todas as produções realizadas e descritas anteriormente, salientam-se
as produções inicial e final do Curso, referentes à biblioteca dos sonhos, com respostas que
demonstraram uma evolução do grupo em relação à questão da liberdade de acesso à leitura.
Cabe destacar que, na produção inicial, prevaleceram questões referentes ao ambiente da
biblioteca e aos recursos disponíveis nesse espaço, bem como a de um ambiente convidativo
109
para a “hora do conto”. na produção final, sobressaiu a “hora do conto”, com destaque ao
acesso livre às estantes de livros. Portanto, ficou evidente para o grupo a importância de as
crianças terem liberdade de escolher a obra que desejam levar, até porque uma biblioteca
tem sentido por meio dos empréstimos que realiza, pois é nesse movimento dos livros que as
obras circulam e a leitura se efetiva.
Destaca-se que o município de São Leopoldo está realizando ações para a promoção
da leitura, via Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer de São Leopoldo (SMED),
por meio do projeto “Leituração”, que leva os escritores às escolas, como forma de aproximar
autores e leitores. É importante destacar que a cidade de São Leopoldo é um dos primeiros
municípios a criar a Lei do Livro e da Leitura, com diversas diretrizes para o fomento à
leitura, como a organização da Feira do Livro da cidade, que no ano de 2009 contou com uma
capacitação para os mediadores de leitura. Portanto, acredita-se que cada vez mais a questão
da leitura está ganhando espaço na cidade em que se encontram as bibliotecas analisadas.
Outro dado relevante a se destacar é que das vinte e cinco professoras que participaram da
amostra, dezenove permanecem à frente da biblioteca escolar de sua escola, evidenciando,
assim, um comprometimento pelo seu trabalho.
Diante dos resultados obtidos, verificou-se que o objetivo da criação da proposta para
a capacitação de mediadores foi alcançada, uma vez que, no momento em que as professoras
avaliaram o Curso, destacaram que esse as agradou, pois aprimoraram seus conhecimentos
com os assuntos abordados, sendo que alguns foram considerados novidades por algumas
participantes. Inclusive, ressaltaram que gostariam que o Curso tivesse continuidade no ano
seguinte, comprovando, assim, o seu aproveitamento. Em relação ao segundo objetivo, que
disse respeito à análise dos perfis das mediadoras, comprovou-se que é um grupo que está
buscando aperfeiçoamento na área da leitura, como se pode perceber pela continuidade do seu
trabalho.
Nesse sentido, cabe a esse professor em formação, continuar buscando enriquecimento
para sua prática enquanto leitor e mediador de leitura, pois as práticas de leitura precisam ser
frequentemente aprimoradas, para que se possam formar leitores críticos. Fica a certeza de
que o Curso contribuiu para que a mediação ocorresse de forma significativa nas escolas,
conforme os relatos das professoras. Por isso, a experiência realizada pode ser repetida em
outras situações, uma vez que ela permite que se tracem alguns parâmetros para a formação
do mediador de leitura no âmbito da biblioteca escolar. Tal tarefa implica um conhecimento
da realidade desse profissional, com respeito a suas experiências leitoras, suas expectativas de
110
trabalho e suas dificuldades; uma intervenção que reúna teoria e prática, de modo a qualificar
seu trabalho; e uma mobilização que o sensibilize para a leitura, alargando seus horizontes
culturais. Assim, ele poderá exercer sua atividade junto às crianças com convicção, pois
quem é leitor pode formar leitores.
111
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APÊNDICES
APÊNDICE A –
Modelo de autorização para as professoras
AUTORIZAÇÃO
Eu, _________________________________________, professora responsável pela
Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental
_______________________________________, RG ______________________, autorizo o
uso das imagens e produções por mim realizadas durante o Curso de Formação: Biblioteca
escolar: da mediação à prática de leitura, apenas identificado pelo nome da escola, para
publicação e apresentação pela mestranda Katiane Crescente Lourenço, do Programa de Pós-
Graduação em Letras, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Porto Alegre, 24 de novembro de 2008.
___________________________________
Assinatura da Professora
APÊNDICE B –
Modelo de autorização para as escolas
AUTORIZAÇÃO
Eu, ___________________________________________, Diretor (a) da Escola
Municipal de Ensino Fundamental __________________________________________, RG
______________________, autorizo o uso do nome da escola na publicação e apresentação
da pesquisa sobre a Biblioteca Escolar da mestranda Katiane Crescente Lourenço, do
Programa de Pós-Graduação em Letras, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS).
Porto Alegre, 24 de novembro de 2008.
_____________________________ ___________________________________
Carimbo da escola Assinatura do Diretor (a)
APÊNDICE C –
Modelo de ficha de observação
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Data:
Observações:
APÊNDICE D –
Observações dos encontros do Curso
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Data: 19/05/2008 encontro do Curso de Formação Reunião-convite para apresentação da sistemática das
oficinas.
Observações:
As professoras responderam a produção textual inicial “Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...”.
Após, foi feita a apresentação da programação e do cronograma do Curso de Formação.
No momento de relatar o seu início como leitora muitas destacaram que seu início ocorreu na escola,
pois não tinham livros em casa. As referências de leitura foram os livros da Coleção Vagalume, como O menino
de asas, Um cadáver ouve rádio, também citaram O pequeno príncipe, Poliana, O cachorrinho Simba. Durante
essa lembrança, de primeiro contato com a leitura, algumas colocaram suas frustrações, por exemplo, uma delas
relatou que foi obrigada a ler na 4ª série a obra Vidas Secas; outra, já em relação ao seu trabalho como
mediadora, destacou que não havia preparado bem uma história e contou sem ter lido antes, tratava-se da história
O soldadinho de chumbo, ela e as crianças choraram no final.
Elas participaram da leitura coletiva do poema “Caixa mágica de surpresa”, de Elias José. Ao final
dessa reunião-convite muitas professoras realizaram a sua inscrição para o Curso, e, como mais de uma
professora, por escola, queria participar, ficou decidido que seria uma representante de cada escola que
participaria.
Percebe-se que houve muito interesse das professoras em relação ao Curso, pois algumas afirmaram que
estavam ansiosas em realizar uma formação específica para a biblioteca.
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FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Data: 16/06/2008 encontro do Curso de Formação Debate sobre o histórico e os gêneros da literatura
infantil universal e brasileira.
Observações:
As professoras responderam a produção textual “Participando deste Curso, eu busco...”. Depois da
história inicial contada, escreveu-se a expressão Literatura infantil, no quadro, para que elas dissessem em uma
palavra o que essa expressão significava para elas. Seguem as palavras ditas: inocência, faz-de-conta, Monteiro
Lobato, sonho, prazer, imaginação, criança, magia, encantamento, fantasia, lúdico, livro, renovação, história,
criar, valores, incentivo à leitura. Depois, debateu-se sobre as palavras referidas. As professoras foram muito
participativas, colocavam suas ideias e muitas vezes davam exemplos de situações que ocorriam nas suas
práticas.
Uma professora afirmou que estava adorando a forma objetiva que estava sendo apresentada a parte
teórica.
Ao final desse segundo encontro, foram apresentadas algumas questões para serem debatidas, como:
“Quais os autores e as obras mais trabalhadas pelos professores na sua escola? Qual o nero literário mais
trabalhado na sua escola? Quais os livros mais procurados pelos alunos na sua escola? Quais os autores que as
crianças da sua escola já tiveram contato? Que obras vocês imaginam que as crianças mais gostam de ler? Vocês
acham que as professoras gostam de ler?”.
Diante dessas questões, várias foram as repostas pertinentes, por exemplo, em relação aos autores e as
obras mais trabalhadas citaram: Pedro Bandeira, Elias José, Ziraldo, Ruth Rocha, Monteiro Lobato, Mario
Quintana, Vinícius de Moraes, Esopo e outros. O gênero literário mais trabalhado disse respeito à narrativa,
prevalecendo os contos; e também citaram a poesia. Os livros mais procurados pelos alunos são antologias
poéticas, histórias de terror, histórias de amor e as coleções que pertencem as “maletas”. Nas escolas de São
Leopoldo as crianças tiveram contato com vários autores, como: Fabrício Carpinejar, Gládis Barcellos, Carlos
Urbim, Léia Cassol e outros. As professoras participantes imaginam que as crianças gostem de histórias que as
aproximem da realidade e que as surpreendam. Em relação ao tipo de leitura feito pelas professoras, elas
relataram que, em suas escolas, o corpo docente aprecia livros de autoajuda, jornal e leituras de apoio ao seu
trabalho. Também destacaram que muitas colegas docentes não frequentam a biblioteca escolar.
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Data: 30/06/2008 encontro do Curso de Formação Atividade prática sobre as narrativas populares, livros
de imagens e narrativas curtas.
Observações:
Acredita-se que as professoras estavam gostando do andamento do Curso, pois participavam
assiduamente de todas as atividades propostas. Nesse dia, fizemos brincadeiras com mímicas sobre os provérbios
e todas foram muito criativas nas apresentações. Poucas conheciam a história popular que foi contada. Elas
elogiaram as sugestões e se comprometeram em fazer o “tema” para o próximo encontro, que é trazer um conto
popular que escutaram de familiares, digitado e ilustrado, para confeccionarmos o livro de contos populares do
grupo.
No segundo momento nenhuma conhecia a história de imagem que foi contada, gostaram tanto, que até
bateram palmas no final. Após, fizemos as dobraduras como atividade de s-leitura e elas adoraram. Estão
muito empolgadas com o Curso.
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Data: 14/07/2008 – 4º encontro do Curso – Grupos de estudos sobre a leitura na escola e a formação do leitor.
Observações:
As participantes responderam a produção textual “Na minha escola, a leitura...”. Durante a apresentação
do material teórico, houve muita queixa das professoras pelo fato de não serem valorizadas pela escola, pois
precisam substituir professores que faltam. Algumas destacaram que gostariam de poder contar com auxiliares
para ajudarem na organização do acervo, ou até mesmo bibliotecários com formação para a catalogação do
material, pois, muitas vezes, não sabem como devem proceder nessa tarefa.
Não gostariam de ter que fechar a biblioteca para a substituição de professores que faltam. Como é um
grupo de 40 professoras a discussão “cresceu” com essa afirmação. Contudo, uma professora relatou que é
preciso que se converse com a equipe diretiva e se explique a importância do momento da “hora do conto” para
incentivar à leitura dos alunos da escola, afirmando que nunca precisou entrar em sala de aula.
Uma delas ressaltou que não entende porque querem criar bibliotecas nas comunidades, se as escolas
dispõem de bibliotecas, as quais deveriam ser utilizadas também pela comunidade na qual a escola está inserida.
Também destacaram a importância da família para a formação do leitor.
Nesse mesmo encontro, as professoras reuniram-se em cinco grupos e cada um recebeu um excerto
sobre um dos temas “leitura na escola” e “formação do leitor”, com as seguintes questões para nortear a
discussão: “De que forma se pode motivar os alunos para a prática de leitura? Qual a sua opinião em relação às
leituras obrigatórias na escola? De que maneira a leitura vem sendo incentivada na sua escola? O que é preciso,
ou seja, quais os fatores fundamentais para a formação do leitor? Quais os motivos de a leitura ser tão pouco
valorizada pelos alunos?”.
Em relação à motivação, o grupo ressaltou que o professor precisa ser um leitor e desenvolver
atividades de contação de histórias, bem como haver o envolvimento das famílias nas ões relacionadas à
leitura. O grupo que discutiu as leituras obrigatórias criticou esse tipo de prática, destacando que a escolha de
leitura precisa partir do interesse do aluno, respeitando as suas diferenças. Outro grupo ressaltou que as
atividades como a “hora do conto”, a retirada de livros, os saraus e a semana cultural com autores são maneiras
de se incentivar a leitura na escola. em relação aos fatores fundamentais para a formação do leitor destacaram
o incentivo, o prazer e o planejamento, por parte do professor, com objetivos claros. Os motivos destacados para
a leitura ser tão pouco valorizada disseram respeito à distância que entre as atividades desenvolvidas na
biblioteca e na sala de aula, o desconhecimento do acervo literário por parte dos docentes e discentes e a leitura
ser trabalhada como pretexto. Houve muita discussão em relação ao valor que a biblioteca tem para a escola,
sendo que várias professoras afirmaram que o seu trabalho na biblioteca não é valorizado.
Em seguida, propôs-se que as professoras completassem a seguinte frase: “Para formar um leitor é
preciso...”, tendo os seguintes sujeitos: o professor, a família e a escola. Em relação ao professor elas
responderam que esse precisa: incentivar, importar-se com a leitura, ser um leitor, emocionar e ter
comprometimento. Tendo como sujeito a família, elas afirmaram que a mesma precisa priorizar e ter consciência
da importância da leitura. Para a escola, elas ressaltaram que acreditam que ler e escrever deveria ser
compromisso de todas as áreas, ou seja, é preciso o envolvimento de todos na questão da leitura, por meio de
estratégias; também destacaram que é necessário priorizar a leitura e discutir o projeto político-pedagógico da
escola. Questionadas se haveria mais “alguém” com o compromisso de formar leitores, elas disseram: os
próprios alunos, pois depende deles a questão da leitura; e o poder público, destacando a necessidade de uma
política para a formação de leitores, com repasse de verbas e atualização constante do acervo.
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Data: 05/08/2008 encontro do Curso de Formação Passeio Cultural à Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul – para as palestras O livro e o sujeito: interações híbridas de corpo inteiro, com a escritora
Paula Mastroberti e Sobre a arte de contar histórias, com o escritor Celso Sisto.
Observações:
Todas as professoras ficaram maravilhadas com as palestras, queriam mais, segundo elas. Foram muito
participativas, pois perguntavam quando tinham dúvidas e participavam dos estímulos dos palestrantes.
Compraram muitos livros literários dos escritores, bem como o livro teórico Era uma vez... na escola:
formando educadores para formar leitores, da Profª Dr. Vera Teixeira de Aguiar.
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Data: 18/08/2008 – 6º encontro do Curso de Formação – Atividades práticas com os contos de fadas tradicionais
e modernos
Observações:
Estava chovendo muito nesse dia e o barulho da chuva atrapalhou um pouco a oficina. O PowerPoint
não funcionava e a oficina iniciou sem ele, até que vieram arrumar o computador para ser utilizado e essa
movimentação também atrapalhou o andamento do trabalho. Foram muitas atividades elaboradas para esse dia,
contudo foi possível a realização de todas.
As professoras gostaram muito de ouvir os originais de vários contos de fadas que não conheciam, bem
como os contos modernos.
Elas solicitaram que fossem encaminhadas, via e-mail, as referências das obras de Perrault, dos Irmãos
Grimm e de Andersen. Gostaram muito das sugestões de atividades com os contos de fadas.
Foram questionadas sobre quais eram os contos de fadas que mais gostavam e prevaleceram: Branca de
Neve e os sete anões, Cinderela, João e Maria, Rapunzel, O patinho feio.
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Data: 01º/09/2008 encontro do Curso de Formação Debate sobre a biblioteca escolar e a contação de
histórias (“hora do conto”)
Observações:
Realizou-se a produção textual “Na biblioteca da minha escola, eu...”. Após, foi apresentado um
material teórico sobre o papel da biblioteca escolar e a importância da contação de histórias para a formação de
leitores.
Houve muita discussão durante a apresentação desse material teórico, por meio de questionamentos
referentes às relações entre biblioteca e escola. Elas lamentaram o fato de terem que substituir os professores que
faltam, pois precisam fechar a biblioteca. Outras, em contrapartida, elogiaram o envolvimento da escola com a
leitura, afirmando que nunca precisaram entrar em sala de aula, pois impuseram algumas regras e se
posicionaram em relação ao seu trabalho. Tais situações demonstram a diversidade dos encaminhamentos com a
leitura entre as escolas analisadas.
Algumas professoras ressaltaram que não sabem o que fazer com os livros que voltam rasgados.
Sugeriu-se que elas criassem uma exposição com os livros danificados, tendo como título, por exemplo,
“Confissões do livro”, para que as crianças pudessem visualizar como os livros retornavam para a biblioteca.
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Data: 22/09/2008 – 8º encontro do Curso de Formação – Atividade prática sobre as histórias em quadrinhos.
Observações:
As professoras gostaram muito das atividades propostas envolvendo as histórias em quadrinhos,
participando com questionamentos. Discutiram que se torna muito caro para as escolas trabalhar com as histórias
em quadrinhos, pois precisariam utilizar o retroprojetor para realizar a atividade, pelo fato de as escolas do
município não terem o recurso do PowerPoint. Várias relataram que não haviam trabalhado ainda com as
histórias em quadrinhos e afirmaram que veem poucas colegas trabalhando com esse gênero na escola.
Foi discutida a história do Chico Bento “Livros, livros...” em que se chamou a atenção para a liberdade
de escolha do livro que se deseja ler no ambiente da biblioteca, referindo-se a importância do livre acesso às
estantes.
Num segundo momento seis professoras se inscreveram para relatar um trabalho significativo que
haviam feito na biblioteca, uma não conseguiu apresentar, por falta de tempo, ficando para o próximo encontro.
A primeira que apresentou é professora responsável pela biblioteca da E.M.E.F. Arthur Ostermann, ela
relatou que contou a história O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, fazendo ligação com a história
O menino do dedo verde, de Maurice Druon, destacando questões relacionadas à amizade e à natureza, por meio
de atividade envolvendo uma produção textual.
A segunda é professora responsável pela biblioteca da E.M.E.F. Álvaro Luís Nunes, ela relatou o
trabalho com a história A vida do meu jeito, de Leia Cassol, apresentando a confecção de um livro gigante, que
utilizou para a contação de histórias com os alunos.
A terceira é professora responsável pela biblioteca da E.M.E.F. Clodomir Vianna Moog, ela destacou as
atividades que a biblioteca promove na escola, como a Semana do Folclore e a Semana da Poesia, com
atividades envolvendo todas as turmas da escola.
A quarta é professora responsável pela biblioteca da E.M.E.F. Henrique M. Coelho Neto, ela relatou o
trabalho que realizou com a história Charalina, de Nelson Albissú. Ela levou uma chaleira e disse que ia contar a
história daquele objeto, apresentando ao grupo da mesma maneira que contou aos alunos de sua escola.
A quinta é professora responsável pela biblioteca da E.M.E.F. Paulo Beck, ela apresentou o trabalho
com a história A bailarina da caixa de música que virou borboleta. Depois de contar a história colocou uma
caixinha de música para tocar e relatou que confeccionou com as crianças caixinhas de música.
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Data: 06/10/2008 – 9º encontro do Curso de Formação – Grupo de estudos para analisar obras infantis.
Observações:
Nesse encontro, as professoras responderam ao questionário sobre uma obra que haviam trabalhado na
biblioteca escolar. Após reuniram-se em grupos e receberam obras selecionadas pela ministrante, para que
pudessem avaliá-las segundo os aspectos positivos e negativos que apresentassem. A escolha das obras, entre
narrativas e poemas, seguiu um critério de qualidade, estando presentes obras de valor literário ao lado de outras
que não apresentam qualidade estética.
As obras poéticas escolhidas foram: A televisão da bicharada, de Sidónio Muralha; e Palavras, muitas
palavras..., de Ruth Rocha; a primeira apresentando características literárias, como o ludismo e o ilogismo,
enquanto que a segunda tendo o intuito pedagógico de ensinar as letras do alfabeto. As narrativas também foram
escolhidas seguindo alguns critérios: uma com caráter moralizante, A moranga e a chuva, que faz parte de uma
coleção, na qual não referência ao autor; outra é uma adaptação dos contos de fadas, A bela e a fera; e ainda,
uma narrativa emancipatória, A margarida friorenta, de Fernanda Lopes de Almeida, que apresenta o final em
aberto, levando à discussão do mesmo; e um livro de imagens, Ida e volta, de Juarez Machado, que se caracteriza
por conter ilustrações sugestivas e dinâmicas.
Percebeu-se que houve algumas controvérsias nos grupos durante a apresentação das análises; por
exemplo, o grupo que ficou com o livro de poemas de Sidónio Muralha foi muito criterioso, pois quis discutir a
interpretação dos poemas, quando na verdade o autor fez uma brincadeira com as palavras. Assim, o ilogismo
era uma característica positiva e foi considerada como negativa, pois questionou-se o poema “Boa noite”: “zebra
estará sempre de pijama?”. No entanto destacaram a sonoridade, o tema sobre animais e as ilustrações como
características positivas. O grupo que ficou com o livro de poemas de Ruth Rocha conseguiu identificar o
aspecto pedagógico da obra, destacou que é “parecido com uma cartilha”, consideraram as ilustrações como
sendo um aspecto positivo.
O grupo que analisou a obra A moranga e a chuva identificou a característica moralista da mesma, pois
destacou a questão da vingança da personagem, bem como ressaltou, como aspecto positivo, a ilustração; já o
grupo que ficou com a adaptação do conto de fadas, priorizou a interpretação do texto, pois considerou-o um
bom livro, destacando que trabalha a questão dos valores, porém ressaltou que uma simplificação da obra,
contudo não se deteve em questionar o seu caráter literário; o grupo que analisou a obra de Fernanda Lopes de
Almeida destacou como características positivas a mensagem do texto e as ilustrações, no entanto, consideraram
que “às vezes, os alunos querem uma história mais dinâmica, dependendo da situação, uma história calma dessas
não agrada”, salientando que é uma história para a Educação Infantil.
o grupo que ficou com o livro de imagens destacou como pontos negativos: “pouca clareza no final;
o final deve surpreender, coisa que não ocorre no livro. Não deixa claro quem é o personagem principal”, e
destacou como positivo o suspense, as “imagens claras, objetivas e sugestivas”. Portanto, uma contradição
nessas características, pois justamente o que surpreende na obra é a sugestão que as imagens apresentam de
quem é essa personagem. Por fim, muitas professoras, nesse encontro, questionaram sobre o que fazer com os
livros de “R$1,99” e as “maletas”. Diante disso, discutiu-se que são livros que até podem fazer parte do acervo
da biblioteca, mas não considerados pertencentes à literatura infantil. Portanto, a criança precisa ter contato com
livros de valor literário, sendo o mediador de leitura o responsável por apresentá-las a esses livros.
Também responderam ao questionário sobre interesses e bitos de leitura, como forma de conhecer o
perfil leitor das professoras participantes.
No final desse encontro, a professora responsável pela biblioteca da E.M.E.F. Dilza Flores Albrecht
relatou a sua experiência, destacando o projeto desenvolvido pela biblioteca que tem o objetivo de integrar a
comunidade com a biblioteca, no qual ouve-se o que a comunidade pensa sobre a biblioteca e organiza-se um
planejamento com as ideias que são levantadas.
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Data: 20/10/2008 – 10º encontro do Curso de Formação – Atividade prática com a poesia infantil.
Observações:
As participantes gostaram das atividades propostas. Contudo, nem todas quiseram participar do Sarau
Poético, sendo que apenas dez recitaram poemas. Várias não conheciam algumas das obras trabalhadas nesse
encontro, como: Receitas de olhar, de Roseana Murray; com crê e Poemas para brincar, de José Paulo Paes;
e A caligrafia de Dona Sofia, de André Neves.
Queriam uma cópia de todos os poemas trabalhados. A grande maioria relatou que costuma trabalhar
mais com a poesia folclórica. Houve uma professora que destacou que um dos seus trabalhos com a poesia foi
publicado pelos cadernos da Unisinos, referente à poesia As borboletas, de Vinicius de Moraes.
Uma professora solicitou a indicação de livros de qualidade e foram passados os sites, para consulta, do
Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e o da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
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Data: 12/11/2008 – 11º encontro do Curso de Formação – Passeio à Casa de Cultura Mario Quintana – Contação
de histórias do Grupo Cataventus.
Observações:
Neste dia participaram da contação de histórias do Grupo Cataventus, que apresentou diversos recursos
disponíveis para realizar uma “hora do conto”, como:
1) Contaram a história “O sapo e a princesa”, de Luís Fernando Veríssimo, sem nenhum recurso material.
2) Contaram a história “Medo do escuro”, com fantoches de estrelas.
3) Contaram a história “Era uma vez uma velha”, com o recurso do avental, em que os personagens iam sendo
afixados de acordo com o desenvolvimento da história.
4) Contaram a história “A margarida friorenta”, com o recurso do álbum seriado.
5) Contaram a história “Os músicos de Bremen”, dos Irmãos Grimm, com a participação do público, pois a cada
nova personagem elas convidavam alguém da plateia.
As contadoras de histórias ficaram a disposição das professoras para questionamentos e destacaram a
importância de se vestir na frente da criança, caso utilizem fantasias, para não assustá-las.
As professoras perguntaram quem preparava os materiais que elas utilizavam e elas responderam que há
uma equipe para isso e, às vezes, o próprio contador.
Outra professora questionou como as histórias eram escolhidas e elas responderam que o contador
escolhe a história a seu gosto.
As contadoras do Grupo Cataventus informaram que as escolas podem participar dessa atividade de
contação de histórias, indo à Casa de Cultura Mario Quintana, tendo como ingresso a doação de 1 Kg de
alimento; ou o Grupo pode ir até a escola, assim não cobrariam ingresso, apenas o transporte e o almoço.
Após essa atividade, fomos à Feira do Livro de Porto Alegre e todas tiveram liberdade de circular para
comprar os livros de seu interesse. Percebi que muitas professoras estavam comprando livros de qualidade,
dirigindo-se às bancas de editoras conceituadas.
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Data: 24/11/2008 – 12º encontro do Curso de Formação – Grupos de estudos sobre projetos de leitura na escola.
Observações:
As professoras se organizaram em grupos para a elaboração de um projeto de leitura tendo como base as
obras que trouxeram. Depois fizeram a apresentação e percebeu-se que muitas tiveram o cuidado de organizarem
atividades dinâmicas e criativas.
Após foi feita a discussão do texto teórico, que foi lido previamente pelas professoras, elas destacaram a
importância da leitura de mundo, em que uma delas se lembrou das histórias que seu pai contava para o seu
filho. Outra destacou que é fundamental saber ouvir os alunos. Houve uma professora que referiu que a
personagem Dona Benta era uma verdadeira contadora de histórias, pois encantava seus netos com histórias sem
utilizar recurso nenhum. Outra ressaltou a importância de se identificar com as histórias, remetendo a
experiências vividas, fazendo, assim, com que descubramos novas leituras.
Realizaram as produções textuais final e avaliativa do Curso. Muitas demonstraram interesse para que o
Curso continuasse no próximo ano. Acredita-se que o mesmo tenha alcançado os seus objetivos.
APÊNDICE E –
Modelo de produção textual inicial e final “Na biblioteca dos meus sonhos, as
crianças...”
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Nome da escola: ___________________________________________________________
Nome da biblioteca: ________________________________________________________
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
APÊNDICE F –
Cronograma do Curso de Formação
BIBLIOTECA ESCOLAR:
DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE
LEITURA
Dr. Vera Teixeira de Aguiar (Coordenadora)
Katiane Crescente Lourenço (Ministrante)
Objetivos:
Fundamentar e analisar conceitos sobre leitura
e formação do leitor;
sensibilizar para a importância da “hora do
conto” na formação de leitores;
proporcionar atividades lúdicas com as obras
literárias, por meio de projetos de leitura, como
forma de contribuir para a prática dos
professores responsáveis pelas bibliotecas;
refletir sobre o espaço da biblioteca, tornando-o
um ambiente atrativo aos alunos.
Realização:
Início: maio de 2008.
Término: novembro de 2008.
Horário: segunda-feira, das 8h às 11h
(encontros quinzenais)
Duração: 36h
PROGRAMA:
1º Encontro: MAIO (19/05/08)
Atividade prática: Oficina
1ª entrevista/observação: produção textual: “Na
biblioteca dos meus sonhos, as crianças...”
Sistemática das oficinas;
Contação de história.
2º Encontro: JUNHO (16/06/08)
Debate
Literatura infantil: origem;
Literatura infantil universal;
Literatura infantil brasileira.
3º Encontro: JUNHO (30/06/08)
Atividade prática: Oficina
Narrativa Infantil I: lendas e contos populares;
Narrativa Infantil II: livro de imagens e narrativas
curtas.
4º Encontro: JULHO (14/07/08)
Grupo de estudos
Leitura na escola;
Formação do leitor.
5º Encontro: AGOSTO (05/08/08)
Passeio cultural: Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Palestras:
O livro e o sujeito: interações híbridas de
corpo inteiro, com a escritora Paula
Mastroberti.
Sobre a arte de contar histórias, com o
escritor Celso Sisto.
6º Encontro: AGOSTO (18/08/08)
Atividade prática: Oficina
Narrativa Infantil III: contos de fadas tradicionais
e modernos.
7º Encontro: SETEMBRO (1º/09/08)
Debate
Reflexões sobre a biblioteca escolar;
Contação de histórias: “hora do conto”.
8º Encontro: SETEMBRO (22/09/08)
Atividade prática: Oficina
Histórias em quadrinhos.
Relato de experiências das professoras.
9º Encontro: OUTUBRO (06/10/08)
Grupo de estudos
Critérios para seleção de livros infantis.
Questionário: interesses e hábitos de leitura.
10º Encontro: OUTUBRO (20/10/08)
Atividade prática: Oficina
Poesia infantil.
11º Encontro: NOVEMBRO (12/11/08)
Passeio cultural: Casa de Cultura Mario
Quintana – Biblioteca Lucília Minssen
Contação de histórias com o Grupo Cataventus
12º Encontro: NOVEMBRO (24/11/08)
Grupo de estudos
Atividade prática: projetos de leitura.
Texto teórico para discussão.
APÊNDICE G –
Modelo de produção textual “Participando deste Curso, eu busco...”
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Nome da escola: ___________________________________________________________
Data: ____________________________________________________________________
Participando deste Curso, eu busco...
APÊNDICE H –
Material teórico sobre literatura infantil
HISTÓRICO DA
LITERATURA INFANTIL
A origem e a
função da literatura infantil
A literatura infantil surgiu entre os séculos XVII e
XVIII, com a ascensão da burguesia na
sociedade europeia.
Antes disso, as crianças eram tratadas como
adultos em miniatura.
A valorização da infância gerou maior união
familiar, mas também um controle do
desenvolvimento intelectual da criança.
“A infância tornou-se, assim, a partir dessa
época, o centro das atenções, e as novas
instituições, como a escola moderna, não
divulgavam as ideias vigentes, mas também
condicionavam a criança para desempenhar
seu papel na sociedade. Nesse contexto, a
literatura infantil surgiu e serviu à proposta
burguesa de formar mentalidades, de impor
sua ideologia”
(AGUIAR, 2001, p. 23).
O papel da escola foi o de introduzir a criança
na vida adulta e o de protegê-la contra as
agressões do mundo exterior.
Esta aproximação se deu pelo fato de os
primeiros textos terem sido produzidos por
pedagogos e por professores com o intuito
educativo de preconizar valores.
“O problema pode-se agravar quando o livro é
introduzido na escola. Porque, nesse caso, as
forças se conjugam no projeto de doutrinar os
meninos ou então seduzi-los com a imagem que
a sociedade quer que assumam – a de seres
enfraquecidos e dependentes”
(ZILBERMAN, 2003, p. 24).
Segundo Jean-Jacques Rousseau, “a infância
tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que
lhe são próprias; nada é menos sensato do que
querer substituir essas maneiras pelas nossas”
(1999, p. 86), ou seja, os adultos acreditavam
que as “suas maneiras” seriam melhores para a
criança, usufruindo, muitas vezes, da literatura
infantil para esse feito.
A literatura infantil foi considerada uma literatura
menor, porque careceu de imediato de um
estatuto artístico, ou seja, não era reconhecida
em termos de valor estético.
Isso ocorreu devido a sua associação com a
pedagogia, já que as histórias eram elaboradas
para se converter em instrumento dela.
Jesualdo Sosa (1978) destaca quatro
elementos que constituem a base de
sustentação da literatura infantil:
1. Caráter imaginoso;
2. Dramatismo;
3. Técnica do desenvolvimento;
4. Linguagem.
1. Caráter imaginoso: é o interesse da criança
por esta vida mais imaginativa do que real, por
meio de desenhos ou ilustrações que mais
sugerem do que dizem, sendo essa “qualidade
imaginosa” que afirmará, em primeira instância,
o máximo interesse da expressão para a
criança.
2. Dramatismo: que centraliza toda a atenção da
criança, pois essa tem esperança nesse drama
vivido.
3. Técnica do desenvolvimento: é a maneira
como o autor desenvolve o entrecho dos
acontecimentos, através das descrições das
personagens.
4. Linguagem: que tem uma importância vital
para a degustação da obra e resume, de certo
modo, a habilidade do criador, pois é através
de uma escrita agradável e simples, não
significando ser trivial, que o autor conquista o
seu leitor.
Cecília Meireles descreveu que a Literatura é
uma só e a dificuldade está em delimitar-se o
que se considera especialmente do âmbito
infantil. A autora ressalta que as crianças é que
deveriam fazer essa delimitação, através de sua
preferência. “Costuma-se classificar como
Literatura Infantil o que para elas se escreve.
Seria mais acertado, talvez, assim classificar o
que elas leem com utilidade e prazer. Não
haveria, pois, uma literatura infantil a priori, mas
a posteriori” (1984, p. 20).
A literatura infantil universal
Tem seu início vinculado à pedagogia. Porém,
há obras que permaneceram pelas suas
qualidades estéticas:
Contos de fadas, recolhidos por Charles
Perrault;
Adaptações de romances de aventuras, como
Robinson Crus, de Daniel Defoe, e Viagens
de Gulliver, de Jonathan Swift.
no século XIX os Irmãos Grimm repetem o
caminho bem-sucedido de Perrault e editam a
coleção de contos de fadas, alcançando êxito e
convertendo a sua obra em sinônimo de
literatura para crianças, pois agradava aos
pequenos leitores.
“Os contos de Perrault, como os de Grimm e de
Andersen, são conhecidos das crianças antes
das letras do alfabeto: eles se antecipam à
alfabetização, porque fazem parte da vida
afetiva da criança“ (CARVALHO, 1984, p. 79).
Ainda no século XIX, Hans Christian Andersen
publicou outra grande antologia de contos de
fadas, que o consagrou como o verdadeiro
criador da literatura infantil, pois apresentou um
diferencial em relação às obras de Perrault e às
dos Irmãos Grimm:
“É que Andersen, diferentemente de Perrault e
dos Irmãos Grimm, não se limitou a recolher e
recontar as histórias tradicionais que corriam
pela boca do povo, fruto de uma criação secular
coletiva e anônima. Ele foi mais além e criou
várias histórias novas, seguindo modelos dos
contos tradicionais, mas trazendo sua marca
individual e inconfundível – uma visão poética
misturada com profunda melancolia”
(MACHADO, 2002, p. 72).
Pode-se dizer que o século XIX foi, por
excelência, o século de afirmação da literatura
infantil, pois, além dos contos de fadas, os
clássicos universais foram considerados livros
marcantes, por desafiarem o tempo e
continuarem vivos na imaginação de tantas
crianças.
Destacando-se as seguintes obras: Vinte mil
léguas submarinas, de Júlio Verne; As
aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain; As
aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi; A ilha
do tesouro, de Robert Louis Stevenson; e tantos
outros que contribuíram para a formação de
leitores no mundo inteiro (ARROYO, 1988).
“Os clássicos são livros que, quanto mais
pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são
lidos de fato mais se revelam novos,
inesperados, inéditos” (CALVINO, 2007, p.12)
“Um clássico é um livro que nunca terminou de
dizer aquilo que tinha para dizer”
(CALVINO, 2007, p. 11)
A literatura infantil brasileira
Assim, como a literatura infantil universal, a
literatura infantil brasileira, não era reconhecida
como produção artística, sendo considerada
uma literatura menor.
Coube à escola a tarefa de apresentar uma
literatura infantil, tendo esta um caráter didático
e sendo usada para doutrinar as crianças.
A literatura infantil que circulava, no Brasil, era
uma adaptação dos seguintes clássicos
universais: Robinson Crusoé (1885), Viagens de
Gulliver (1888), As aventuras do celebérrimo
Barão de Munchhausen (1891) e os clássicos
de Perrault, Grimm, e Andersen.
Com o aumento destas adaptações começou a
se pensar numa literatura própria, que
valorizasse o nacional.
E foi por meio de uma leitura escolar, que
difundiu-se a exaltação ao civismo e ao
patriotismo.
As principais obras foram: Contos infantis, de
Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira
(1886); Pátria, de João Vieira de Almeida
(1889); Contos pátrios, de Olavo Bilac (1904);
Histórias da nossa terra, de Júlia Lopes de
Almeida (1907).
Na década de 20 ocorreu a grande virada da
literatura infantil brasileira, através da obra do
escritor Monteiro Lobato, na qual a criança
brasileira se encontrou e pôde viver o seu
mundo de imaginação.
“A Monteiro Lobato coube a fortuna de ser, na
área da Literatura Infantil e Juvenil, o divisor de
águas que separa o Brasil de ontem e o Brasil
de hoje. Fazendo a herança do passado imergir
no presente, Lobato encontrou o caminho
criador que a Literatura Infantil estava
necessitando. Rompe, pela raiz, com as
convenções estereotipadas e abre as portas
para as novas ideias e formas que o nosso
século exigia”
(COELHO, 1991, p. 225).
As crianças sentiam-se atraídas pelo seu texto.
“Seu sucesso irrestrito entre os pequenos
leitores decorreu, sem dúvida, de um fator
decisivo: eles se sentiam identificados com as
situações narradas; sentiam-se à vontade
dentro de uma situação familiar e afetiva, que
era subitamente penetrada pelo maravilhoso ou
pelo mágico, com a mais absoluta naturalidade”
(COELHO, 1991, p. 227).
“A inspiração maior e básica de Lobato foi a
própria criança, os motivos e os ingredientes de
sua vivência: suas fantasias, suas aventuras,
seus objetos de jogos e brinquedos, suas
travessuras e tudo o que povoa a sua
imaginação... Reencontrou a criança, amealhou
toda a riqueza e criatividade de seu mundo
maravilhoso e construiu um universo para ela,
num cenário natural, enriquecido pelo folclore
de seu povo, aspecto indispensável à obra
infantil” (CARVALHO, 1984, p. 133).
Foi pelas mãos de Monteiro Lobato, que em
1921, publicou-se A menina do Narizinho
Arrebitado, cuja obra apresentava uma
linguagem compreensível e atraente.
“Usando uma linguagem criativa, Lobato rompeu a
dependência com o padrão culto: introduziu a
oralidade tanto na fala das personagens como
no discurso do narrador. Em seus textos, o
discurso flui espontaneamente, com o resgate
da situação original que dá sentido ao processo
comunicativo. A criação de uma personagem-
narradora – Dona Benta, que conta as histórias
para as crianças – recupera o clima das antigas
narrativas orais”
(AGUIAR, 2001, p. 25).
Nas décadas de 50-60, a literatura infantil
assumia um caráter conservador, ocorria um
retrocesso, no que diz respeito à criatividade,
pois apresentava-se como instrumento
pedagógico a serviço de uma ideologia.
nas décadas de 70-80 foi marcada por
profundas transformações, pois apresentou
personagens e enredos livres dos modelos
exemplares, bem como uma linguagem
marcada pelo coloquialismo.
Algumas obras que marcaram o período de 70-
80: O reizinho mandão, Marcelo, marmelo,
martelo (Ruth Rocha), O soldado que não era
(Joel Rufino dos Santos), História meio ao
contrário (Ana Maria Machado), Chapeuzinho
Amarelo (Chico Buarque de Holanda), Os
colegas, A casa da madrinha, Corda bamba
(Lygia Bojunga Nunes) e Uma ideia toda azul
(Marina Colasanti).
Durante todo o percurso da literatura infantil
houve a tensão entre dois pólos: pedagogismo e
proposta emancipatória, massificação e
liberdade expressiva.
“Hoje, quantidade e qualidade coexistem na
literatura infantil, na qual grande produção de
textos estereotipados compete com sucesso no
mercado de bens culturais. Contudo, a
emergência de autores criativos e críticos
garante a excelência de algumas obras. A
situação, entretanto, não é tranquila para o
leitor, que precisa se salvar do bombardeio dos
livros meramente comerciais para chegar ao
bom texto” (AGUIAR, 2001, p. 34).
O TRADICIONAL
1. Espírito individualista
2. Obediência absoluta à Autoridade
3. Sistema social fundado na
valorização do ter e do parecer,
acima do ser
4. Moral dogmática
5. Sociedade sexófoba
6. Reverência pelo passado
7. Concepção de vida fundada na
visão transcendental da condição
humana
8. Racionalismo
9. Racismo
10. A Criança: “adulto em miniatura”
(COELHO, 1997, p.19)
O NOVO
1. Espírito solidário
2. Questionamento da Autoridade
3. Sistema social fundado na
valorização do fazer como
manifestação autêntica do ser
4. Moral da responsabilidade ética
5. Sociedade sexófila
6. Redescoberta e reinvenção do
passado
7. Concepção de vida fundada na
visão cósmica/ existencial/
mutante da condição humana
8. Intuicionismo fenomenológico
9. Antirracismo
10.A Criança: ser-em-formação
(“mutantes” do novo milênio)
Referências
AGUIAR, Vera Teixeira de (Coord.) et al. Era uma vez ...
na escola: formando educadores para formar leitores.
Belo Horizonte: Formato, 2001.
ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira. São
Paulo: Melhoramentos, 1988.
CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A literatura
infantil: visão histórica e crítica. 3.ed. São Paulo: Global,
1984.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria,
análise, didática. 6.ed. São Paulo: Ática, 1997.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da
literatura infantil e juvenil. 4.ed. São Paulo: Ática, 1991.
LAJOLO, Marisa, ZILBERMAN, Regina. Literatura
infantil brasileira: história & histórias. São Paulo: Ática,
1984.
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos
universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
MEIRELES, Cecília. Problemas da literatura infantil. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.
SOSA, Jesualdo. A literatura infantil. São Paulo: Cultrix,
1978.
ZILBERMAN. Regina. A literatura infantil na escola.
11.ed. São Paulo: Global, 2003.
ZILBERMAN, Regina, MAGALHÃES, Ligia Cademartori.
Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São
Paulo: Ática, 1982.
APÊNDICE I –
Material prático sobre os contos populares
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Narrativa infantil I: lendas e contos populares
Objetivos da oficina:
Conhecer a origem dos contos populares, das lendas e das fábulas;
Sugerir atividades de contação de histórias com esses gêneros literários.
Desenvolvimento:
Definição dos termos:
- Conto popular: é um relato que “se diz e se transmite oralmente”. Este tipo de texto tem como
características apresentar-se em prosa ou em fórmulas rimadas, narrar acontecimentos fictícios,
protagonizados por seres humanos, seres sobrenaturais ou animais, com a finalidade de divertimento.
- Lenda: O termo lenda vem do latim legenda, legere = ler, que constitui uma narrativa anônima de matéria
supostamente histórica ou verdadeira, guardada pela tradição (oral ou escrita). A lenda caracteriza-se como o
assombro e o temor que o homem primitivo tinha diante de acontecimentos que não compreendia e foi
através dos relatos que explicavam o surgimento do universo, que se criou esta modalidade de narrativa.
- Fábula: é uma pequena narração de acontecimentos fictícios, que tem dupla finalidade: instruir e divertir,
ou seja, trata-se de uma pequena composição que se encerra com uma moral. Fábula é uma palavra que vem
do latim fari = falar e do grego phaó = dizer, contar algo. As ões das fábulas são protagonizadas por
animais, vegetais, objetos e seres humanos, o que as diferenciam do apólogo, protagonizado por objetos
inanimados e da parábola, protagonizada somente por seres humanos.
Contação de História:
Pré-leitura:
- Técnica do cochicho: os alunos serão divididos em grupos de cinco e irão contar alguma história que
envolva uma superstição ou alguma lenda que tenham escutado em seu universo familiar. Após, o grupo
escolherá a história que mais se destacou para ser contada ao grande grupo.
Leitura-descoberta:
- Leitura do conto: “O homem que enxergava a morte”, de Ricardo Azevedo.
- Os alunos serão divididos em grupos e cada grupo receberá uma questão para nortear as discussões sobre o
conto lido:
a) Como a morte está sendo apresentada no conto?
b) Como a morte “aparece” na vida do homem?
c) Quais os momentos em que a morte se sente enganada?
d) Qual foi o último pedido que o homem fez à morte? Ele foi atendido? Comente.
Pós-leitura:
- As crianças terão que coletar histórias populares de seus avós, pais ou parentes e relatar para a turma. Após,
deverão entregar para a mediadora uma cópia da história que mais gostaram de ouvir, a qual será revisada e
ilustrada. As histórias irão compor um livro, com o título: As histórias que as crianças contam, o qual
poderá vir a fazer parte do acervo da biblioteca escolar.
- As crianças serão divididas em grupos e cada grupo receberá um provérbio para apresentar em forma de
mímica para que os grupos possam descobrir a qual provérbio se refere. Outra sugestão é criar uma história
tendo como base um provérbio. Alguns exemplos de provérbios: Chorar sobre o leite derramado; Tomar
chá de cadeira; Quem não tem cão caça com gato; Em boca fechada não entra mosquito.
- Tendo por base a obra Meu livro de folclore, de Ricardo Azevedo, será feita a leitura do texto: Monstrengos
da nossa terra. Após, cada aluno poderá criar o seu monstrengo, seguindo este roteiro: Como ele é? O que
ele faz? O que fazer para se proteger? Após a criação, cada um apresenta o seu monstrengo para o grande
grupo, que poderá ser por meio de uma leitura, de um desenho ou outra forma de expressão. Outra sugestão
é pedir anteriormente aos alunos que tragam materiais recicláveis para a confecção do fantoche de seu
monstrengo.
- Criação do Baú da imaginação popular, o qual será composto por diversos textos de origem popular, como:
lendas, provérbios, parábolas, superstições, contos populares, etc. Os alunos terão que coletar este material
que comporá o baú, através de pesquisas com parentes e amigos. O resultado desta atividade é que a turma
terá muitos textos diversificados para a leitura na sala de aula ou na biblioteca.
- Jogos dramáticos: dramatizar uma história em grupos, por meio de mímica. Cada grupo receberá um modelo
diferente para criar a sua história, como: começa triste e termina alegre; história começa na floresta e
termina na delegacia; história muda, mas que no final um personagem fale: “Chega!”; história que tenha
os seguintes personagens: um saci, um cachorro, uma menina. As crianças terão um tempo de quinze
minutos para preparar esta apresentação.
Textos de estudo:
BUSATTO, Cléo. Contar e encantar: pequenos segredos da narrativa. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A literatura infantil: visão histórica e crítica. 5.ed. São Paulo:
Global, 1987.
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura oral no Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1984.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. 7. ed. São Paulo: Moderna: 2000.
COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991.
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva,
2002.
SIMONSEN, Michèle. O conto popular. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
SOSA, Jesualdo. A literatura infantil. São Paulo: Cultrix, 1978.
VALE, Luiza Vilma Pires. Narrativas infantis. In: SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). Literatura e
alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: ARTMED, 2001. p. 43-49.
WORNICOV, Ruth et al. Criança-leitura-livro. São Paulo: Nobel, 1986.
Textos de aplicação:
AZEVEDO, Ricardo. Armazém do folclore. São Paulo: Ática, 2006.
AZEVEDO, Ricardo. Contos de enganar a morte. São Paulo: Ática, 2005.
AZEVEDO, Ricardo. Histórias de bobos, bocós, burraldos e paspalhões. Porto Alegre: Projeto, 2001.
AZEVEDO, Ricardo. Meu livro do folclore. 7. ed. São Paulo: Ática, 2004.
ESOPO. Fábulas de Esopo. São Paulo: Companhia das letrinhas, 1994.
FAGUNDES, Antonio Augusto. Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul. 8. ed. Porto Alegre: Martins Livreiro,
2003.
FRENCH, Vivian. As fábulas ferinas de Esopo. São Paulo: Brinque-book, 1998.
LA FONTAINE, Jean de. Fábulas. 4. ed. Rio de Janeiro: Revan, 1997.
LOBATO, Monteiro. Fábulas. 50. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MACHADO, Ana Maria. Histórias à Brasileira: Pedro Malasartes e outras. São Paulo: Companhia das
Letrinhas, 2004.
LOPES NETO, Simões. Contos Gauchescos e Lendas do Sul. Porto Alegre: L&PM, 2002.
TULCHINSKI, Lúcia. Fábulas de Jean de La Fontaine. São Paulo: Scipione, 2005.
APÊNDICE J –
Material prático sobre os livros de imagens e as narrativas curtas
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Narrativa infantil II: livro de imagens e narrativas curtas
Objetivos da oficina:
Conhecer as características dos livros de imagens e das narrativas curtas;
Sugerir atividades para a contação de histórias com esses gêneros literários.
Desenvolvimento:
Livro de imagens: considerada uma obra inovadora, são histórias contadas por meio de uma linguagem
visual, com imagens que “falam”; não utilizam o texto verbal (ou com brevíssimas falas). São obras que
ampliam a percepção visual e o autodesenvolvimento da criança.
Narrativas curtas: apresentam um texto e uma imagem que se articulam de tal modo que se tornam de fácil
compreensão, por meio de uma linguagem simples, a maioria é em forma de diálogo. Progressivamente,
aumenta-se a extensão dos textos e diminui o espaço tomado pelas imagens, com uma trama um pouco mais
complexa. São obras que apresentam temas que se relacionam com vivências infantis, aspectos ligados à
interioridade das personagens ou relações interpessoais.
Contação de História:
Pré-leitura:
- A mediadora trará uma caixa surpresa com uma meleca (brinquedo infantil) dentro. Os alunos serão
convidados a colocar suas mãos na caixa para descobrirem o objeto tocado.
- Após esta atividade, a capa do livro será apresentada aos alunos, os quais serão instigados a responderem às
seguintes questões:
a) Quem são Zuza e Arquimedes?
b) Quem é este homem que está chegando?
c) O que pode ter dentro deste baú? Será que o mesmo que tinha na caixa que vocês colocaram a mão?
d) Que lugar é este que a capa está mostrando?
Leitura-descoberta
- A mediadora instiga os alunos a contarem junto com ela a história Zuza e Arquimedes, de Eva Furnari, com
o recurso do “cineminha”. Após a contação de história, apresentar o livro, mostrando a sequência das cenas
dispostas pela autora.
- Discussão oral sobre os temas que a obra apresenta: medo, curiosidade, brincadeira de mau gosto, respeito,
limites, vingança.
- Produção Textual: os alunos serão divididos em grupos, sendo que cada grupo receberá algumas gravuras da
história, essas estarão numeradas, para criarem um texto, usando o discurso direto ou indireto. Em seguida,
cada grupo apresentará as suas produções, conforme a sequência da história, afixando-as num painel, o qual
ficará exposto na sala.
Pós-leitura:
- Será solicitado que a turma se divida em dois grupos ou mais, e esses deverão dramatizar a história,
acrescentando-lhe mais personagens, ou seja, mais curiosos, para que, assim, possamos também ter
surpresas, através da criatividade dos grupos.
- Confecção da dobradura de um baú, utilizando uma folha branca, cola e tesoura. Dentro deste baú, que terá
um bolsinho”, as crianças colocarão os seus medos, os quais sairão quando forem superados pelas
crianças. Afixar os baús num painel: Os medos da turma...
- Confecção da dobradura de um “álbum-sanfona”: criar histórias com imagens de revistas, gravuras ou
desenhos.
Textos de estudo:
CAMARGO, Luís. Para que serve um livro com ilustrações? In: JABOBY, Sissa. (Org.). A criança e a produção
cultural do brinquedo à literatura. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2003. p. 273-301.
FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004.
VALE, Luiza Vilma Pires. Narrativas infantis. In: SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). Literatura e
alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: ARTMED, 2001. p. 43-49.
ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
WERNECK, Regina Yolanda. O problema da ilustração no livro infantil. In: KHÉDE, Sônia Salomão (Org.).
Literatura infanto-juvenil: um gênero polêmico. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. p. 147-154.
Textos de aplicação:
ALMEIDA, Fernanda Lopes de. A curiosidade premiada. 29.ed. São Paulo: Ática, 2006.
ALMEIDA, Fernanda Lopes de. A margarida friorenta. 24.ed. São Paulo: Ática, 2004.
ALMEIDA, Fernanda Lopes de. Gato que pulava em sapato. 18.ed. São Paulo: Ática, 2005.
AZEVEDO, Ricardo. Do outro lado da janela. São Paulo: Moderna, 1992.
BELINKY, Tatiana. O grande rabanete. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2002.
FÉLIX, Monique. O ratinho e os opostos. São Paulo: Melhoramentos, 1992.
FRANÇA, Mary; FRANÇA, Eliardo. Fogo no céu.2.ed. São Paulo: Ática, 1979.
FURNARI, Eva. Amendoim. São Paulo: Paulinas, 1983.
FURNARI, Eva. Filó e Marieta. São Paulo: Paulinas, 2000.
FURNARI, Eva. Todo dia. 2.ed. São Paulo: Ática, 1984.
FURNARI, Eva. Truks. São Paulo: Ática, 1992.
FURNARI, Eva. Zuza e Arquimedes. São Paulo: Paulinas, 2000.
IACOCCA, Liliana; IACOCCA, Michele. Farra no formigueiro. 8.ed. São Paulo: Ática, 2006.
JUNQUERIA, Sonia. O barulho fantasma. 10.ed. São Paulo: Ática, 2006.
JUNQUERIA, Sonia. O peru de peruca. São Paulo: Ática, 1988.
LIMA, Graça. Noite de cão. Rio de Janeiro, Salamandra, 1991.
MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. 7.ed. São Paulo: Ática, 2005.
MACHADO, Juarez. Ida e volta. 10.ed. Rio de Janeiro: Agir, 2001.
NEVES, André. Seca. São Paulo: Paulinas, 2000.
ORTHOF, Sylvia. Maria-vai-com-as-outras. 21.ed. São Paulo: Ática, 2005.
ORTHOF, Sylvia. Se as coisas fossem mães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
PENTEADO, Maria Heloísa. Lúcia-já-vou-indo. 28.ed. São Paulo: Ática, 2004.
SALLUT, Elza. A casinha do tatu. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2002.
APÊNDICE K –
Modelo de produção textual “Na minha escola, a leitura...”
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Nome da escola: ___________________________________________________________
Data: ____________________________________________________________________
Na minha escola, a leitura...
APÊNDICE L –
Material teórico sobre a leitura na escola
LEITURA NA ESCOLA
Questões para debate:
“Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver,
muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o
compromisso com a leitura -, a escola terá de mobilizá-
los internamente, pois aprender a ler (e também ler para
aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a
leitura é algo interessante e desafiador, algo que,
conquistado plenamente dará autonomia e
independência. Precisará torná-los confiantes, condição
para poderem se desafiar a ‘aprender fazendo’. Uma
prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de
ler não é uma prática pedagógica eficiente” (BRASIL,
1997, p. 58).
De que forma se pode motivar os alunos para a
prática de leitura?
É importante frisar também que a prática de leitura
patrocinada pela escola precisa ocorrer num espaço de
maior liberdade possível. A leitura só se torna livre
quando se respeita, ao menos em momentos iniciais do
aprendizado, o prazer ou a aversão de cada leitor em
relação a cada livro. Ou seja, quando não se obriga toda
uma classe à leitura de um mesmo livro, com a
justificativa de que tal livro é apropriado para a faixa
etária daqueles alunos, ou que se trata de um tema que
interessa àquele tipo de criança” (LAJOLO, 1997, p.
108).
Qual a sua opinião em relação às leituras
obrigatórias na escola?
Pela via da escola, o aluno pode contactar com outros
segmentos sociais que o aproximam dos livros e, para
isso, professores, supervisores, orientadores, enfim,
todo o pessoal que se ocupa da educação deve estar
aberto ao convívio para além das paredes da sala de
aula. Nessas ocasiões, a cada um é dado o direito de
escolha daquilo que quer ler, segundo seus interesses,
curiosidades e possibilidades. A partir daí, podem-se
propor atividades em que o estudante tenha que
justificar suas decisões, falar dos assuntos preferidos,
contar como se deu seu encontro com o livro a ser lido”
(AGUIAR, 2001, p. 253).
De que maneira a leitura vem sendo incentivada na
sua escola?
Aos professores, profissionais cuja responsabilidade é
formar e produzir leitores por meio da educação
escolarizada, a necessidade da leitura se impõe como
mais forte ainda. Isto porque, caso ele próprio não seja
um leitor assíduo, rigoroso e crítico, são mínimas ou
nulas as chances de que possa fazer um trabalho
condigno na área da educação e do ensino da leitura.
Não tendo ele um repertório, uma história substancial de
leitura, não tendo ele penetrado nas histórias contadas
por vários tipos de livros, é bem possível que ele assine
pactos ininterruptos de mediocridade com seus alunos,
fingindo que ensina e lê, e os seus alunos fingindo que
aprendem e leem” (SILVA, 2003, p. 28).
O que é preciso, ou seja, quais os fatores
fundamentais para a formação do leitor?
A análise da situação em que se encontra a leitura
comprova a ineficácia da escola, pois o aluno manifesta
seu desinteresse por essa atividade, evidenciando a
distância que se estabelece entre a ação pedagógica e
o alcance do comportamento desejado. O pretenso leitor
assume o papel de decodificador e de eventual
intérprete, sem almejar o desenvolvimento de atitudes
crítico-reflexivas, e limita suas experiências com textos
literários às exigidas pela escola, enquanto se restringe,
na vida cotidiana, à leitura de jornais e revistas”
(SARAIVA, 2001. p. 23).
Quais os motivos de a leitura ser tão pouco
valorizada pelos alunos?
Leitura na escola –
formação do leitor
O ensino da leitura está historicamente vinculado à
escola, cabendo ao professor a tarefa de promover a
leitura em seus alunos.
“Sabemos que a experiência infantil de contato com os
livros deve anteceder à idade escolar. Podemos dizer
que a criança deve descobrir o prazer da leitura muito
antes de aprender a ler. Tais informações remetem à
importância do ambiente familiar na formação do hábito
de leitura. Mas, embora a atuação dos pais seja
fundamental, é para o professor que convergem as
maiores expectativas”
(AGUIAR, 1993, p. 86).
Através de pesquisa descrita por Richard Bamberger,
em sua obra Como incentivar o hábito da leitura (2004),
percebe-se que há uma dificuldade em criar interesses
de leitura permanentes, por uma série de fatores como:
a falta de motivação das crianças para a leitura; o fato
de a leitura estar intimamente associada às atividades e
exigências da escola e devido a outros meios de
entretenimento, que são considerados, pela criança,
mais atrativos.
Segundo Ruth Wornicov et al. (1986), a escola tem a
responsabilidade de “introduzir a criança no mundo dos
livros”, para tanto, precisa fazer com que a criança goste
de ler. Porém, a escola promove atividades de leitura de
forma impositiva e desestimuladora, tornando-a “um
simples mecanismo sem nada acrescentar de
importante à vida e ao crescimento do leitor”. Para
mudar esse quadro, é importante que a escola repense
suas práticas de leitura, de forma a torná-la prazerosa,
tanto fora, quanto dentro do ambiente escolar.
“Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um
direito de cada cidadão, não é um dever. É alimento do
espírito. Igualzinho a comida. Todo mundo precisa, todo
mundo deve ter a sua disposição – de boa qualidade,
variada, em quantidades que saciem a fome. Mas é um
absurdo impingir um prato cheio pela goela abaixo de
qualquer pessoa. Mesmo que se ache que o que enche
aquele prato é a iguaria mais deliciosa do mundo”
(MACHADO, 2002, p. 15).
“Não se deve esquecer que interesse também se cria,
se suscita e se educa e que em diversas ocasiões ele
depende do entusiasmo e da apresentação que o
professor faz de uma determinada leitura e das
possibilidades que seja capaz de explorar. Também
convém levar em conta que a leitura “de verdade”,
aquela que realizamos os leitores experientes e que nos
motiva, é a leitura na qual nós mesmos mudamos:
relendo, parando para saboreá-la ou para refletir sobre
ela, pulando parágrafos... uma leitura íntima, e por isso,
individual” (SOLÉ, 1998, p. 43).
“É o leitor que lê o sentido; é o leitor que confere a um
objeto, lugar ou acontecimento uma certa legibilidade
possível, ou que a reconhece neles; é o leitor que deve
atribuir significado a um sistema de signos e depois
decifrá-lo. Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta
para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos
para compreender, ou para começar a compreender.
Não podemos deixar de ler. Ler, quase como respirar, é
nossa função essencial” (MANGUEL, 1997, p. 19).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) (BRASIL, 1997), para formar um leitor
competente, é necessário que esse compreenda o que
lê, ou seja, identifique elementos implícitos, estabeleça
relações entre o texto que lê e outros textos já lidos e
saiba justificar e validar a sua leitura.
“Aprender a ler significa também aprender a ler o
mundo, dar sentido a ele e a nós próprios, o que, mal ou
bem, fazemos mesmo sem ser ensinados. A função do
educador não seria precisamente a de ensinar a ler,
mas a de criar condições para o educando realizar a sua
própria aprendizagem, conforme seus próprios
interesses, necessidades, fantasias, segundo as dúvidas
e exigências que a realidade lhe apresenta. Assim, criar
condições de leitura não implica apenas alfabetizar ou
propiciar acesso aos livros. Trata-se, antes, de dialogar
com o leitor sobre a sua leitura, isto é, sobre o sentido
que ele dá, repito, a algo escrito, um quadro, uma
paisagem, a sons, imagens, coisas, ideias, situações
reais ou imaginárias”
(MARTINS, 1982, p. 34).
Para formar um leitor
é preciso...
O PROFESSOR:
A FAMÍLIA:
A ESCOLA:
__________ :
Referências
AGUIAR, Vera Teixeira de. Leitura literária na escola. In:
EVANGELISTA, Aracy Alves Martins et al.
Escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e
juvenil. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
AGUIAR, Vera Teixeira de. Leituras para o 1º grau:
critérios de seleção e sugestões. In: ZILBERMAN,
Regina (Org.). Leitura em crise na escola: as
alternativas do professor. 11.ed. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1993.
AGUIAR, Vera Teixeira de, BORDINI, Maria da Glória.
Literatura: a formação do leitor – alternativas
metodológicas. 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1993.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da
leitura. 7.ed. São Paulo: Ática, 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da
Educação Fundamental. PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS – ngua Portuguesa.
Brasília: MEC/SEEF, 1997.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do
mundo. 3.ed. São Paulo: Ática, 1997.
MACHADO, Ana Maria. Os clássicos universais desde
cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo:
Companhia das letras, 1997.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed.São
Paulo: Brasiliense, 1994.
SARAIVA, Juracy Assmann. A situação da leitura e a
formação do leitor. In: SARAIVA, Juracy Assmann
(Org.). Literatura e alfabetização: do plano do choro ao
plano da ação. Porto Alegre: ARTMED, 2001. p. 23-27.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Conferências sobre
leitura. Campinas: Autores Associados, 2003.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6.ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1998.
WORNICOV, Ruth et al. Criança-leitura-livro. São Paulo:
Nobel, 1986.
APÊNDICE M –
Material teórico sobre os contos de fadas
OS CONTOS DE FADAS E O
IMAGINÁRIO INFANTIL
Origem dos contos de fadas
A origem dos contos de fadas remonta à
oralidade, que os fez perpetuar de geração em
geração.
Quem contava um conto aumentava um ponto,
acrescentava uma situação, modificava um
detalhe, repetia um elemento. Portanto, a
sobrevivência desses contos se deu pelo fato de
muitos contadores terem difundido as narrativas
de geração em geração, por meio da literatura
oral.
O conto de fadas originou-se entre os celtas,
com heróis e heroínas, cujas aventuras estavam
ligadas ao sobrenatural e visavam a realização
interior do ser humano.
A palavra fada vem do latim fatum, que significa
destino, fatalidade, oráculo.
Os contos de fadas não eram destinados às
crianças; eram destinados aos adultos com a
função de expressar, de forma simbólica, os
conflitos entre os camponeses com os senhores
feudais. Porém, com o surgimento da burguesia,
os contos começaram a ser recontados para as
crianças das novas famílias, sofrendo diversas
adaptações, tendo como objetivo “transmitir
valores burgueses, conformando o jovem a um
certo papel na sociedade”
(AGUIAR, 2001, p. 80).
Charles Perrault
(1628-1703)
A literatura infantil teve seu início no final do
século XVII, na França, com o escritor Charles
Perrault, poeta e advogado de prestígio na
Corte, o qual reuniu os contos populares que
circulavam em seu país e publicou Os contos da
Mãe Gansa. O autor foi reconhecido pelas suas
versões imortais, como Chapeuzinho Vermelho,
A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar, Barba
Azul, As Fadas, O Gato de Botas, Cinderela.
As histórias narradas por Perrault eram
adaptações literárias que traziam ao final
conceitos morais em forma de verso. Essa
perspectiva promove, desde a fase inicial, na
chamada literatura infantil a existência de um
teor pedagógico associado ao lúdico.
Irmãos Grimm:
Jacob (1785-1863) e Wilhelm
(1786-1859)
Já no século XIX, na Alemanha, os Irmãos
Grimm também reuniram uma coletânea de
narrativas maravilhosas relacionadas ao folclore
alemão, redescobrindo o mundo maravilhoso da
fantasia e dos mitos que desde sempre seduziu
a imaginação humana (VALE, 2001).
A pesquisa dos Irmãos Grimm tinha por objetivo
realizar um levantamento de elementos
linguísticos para fundamentação dos estudos
filológicos da língua alemã, bem como preservar
um patrimônio literário tradicional do povo
alemão e colocá-lo ao alcance de todo mundo.
Na tradição oral, as histórias compiladas não
eram destinadas ao público infantil e sim aos
adultos. Foram os Irmãos Grimm que
dedicaram-nas às crianças por sua temática
mágica e maravilhosa. Fundiram, assim, esses
dois universos: o popular e o infantil.
Os mais conhecidos, que circularam em
tradução portuguesa, foram: A Bela
Adormecida, Os Músicos de Bremen, Os Sete
Anões e a Branca de Neve, O Chapeuzinho
Vermelho, A Gata Borralheira.
Hans Christian Andersen
(1805-1875)
Era filho de um sapateiro, e sua família morava
num único quarto. Apesar das dificuldades, ele
aprendeu a ler desde muito cedo e adorava
ouvir histórias. A infância pobre deu a Andersen
a chance de conhecer os contrastes de sua
sociedade, o que influenciou bastante as
histórias infantis e adultas que viria a escrever.
Ainda no século XIX, Andersen publicou outra
grande antologia de contos de fadas, que o
consagrou como o verdadeiro criador da
literatura infantil, pois apresentou um diferencial
em relação às obras de Perrault e às dos Irmãos
Grimm:
“É que Andersen, diferentemente de Perrault e
dos Irmãos Grimm, não se limitou a recolher e
recontar as histórias tradicionais que corriam
pela boca do povo, fruto de uma criação secular
coletiva e anônima. Ele foi mais além e criou
várias histórias novas, seguindo modelos dos
contos tradicionais, mas trazendo sua marca
individual e inconfundível – uma visão poética
misturada com profunda melancolia”
(MACHADO, 2002, p. 72).
Em suas histórias Andersen buscava sempre
passar padrões de comportamento que
deveriam ser adotados pela sociedade,
mostrando inclusive os confrontos entre
poderosos e desprotegidos, fortes e fracos. Ele
buscava demonstrar que todos os homens
deveriam ter direitos iguais.
Exemplos: O Patinho Feio, A Roupa Nova do
Imperador, Polegarzinha, A Pequena Sereia, O
Soldadinho de Chumbo, A Pequena Vendedora
de Fósforos. Esses contos mostravam a poesia
e a melancolia com que o escritor tratava o
sofrimento infantil, pois suas obras não
apresentavam intenções didáticas e sim
criações emancipatórias para a leitura infantil.
Por meio da sua contribuição para a literatura
infantil, a data de seu nascimento, 2 de abril, é
hoje o Dia Internacional do Livro Infanto-
Juvenil. Além disso, o mais importante prêmio
internacional do gênero leva seu nome.
Novos contos de fadas
Já na segunda metade do século XIX,
considerada “A Idade de Ouro” da literatura
infantil, surgem os novos contos de fadas que,
em lugar do maravilhoso feérico, impõem o
maravilhoso fantástico, absurdo ou do
nonsense, como a obra Alice no país das
maravilhas, do inglês Lewis Carrol. Outro
exemplo é Pinóquio, do italiano Carlo Collodi,
que funde o sobrenatural dos contos de fadas
com o racionalismo realista dos contos
exemplares.
Estrutura do Conto de Fadas
Apresenta uma estrutura simples, com um
mesmo desenvolvimento narrativo: a situação
inicial apresenta as dificuldades materiais do
cotidiano do oprimido que, com o
desenvolvimento da ação, é alterado pela
interferência do elemento mágico, permitindo a
emancipação do herói.
A estrutura dos contos apresenta:
Situação inicial: dificuldade vivida pelo herói,
geralmente representada por problemas
vinculados à realidade, produzindo
desequilíbrio à tranquilidade;
Conflito: gerado pela ruptura do herói em
busca da solução do problema a ser
resolvido. Herói desliga-se da proteção do lar
e mergulha no desconhecido;
Processo de solução: superação de
obstáculos e perigos, conta com a ajuda de
elementos da fantasia;
Sucesso final: volta à realidade como meio
de transcender para uma nova vida.
Essa estrutura com começo, meio e fim bem
nítidos, são de fácil compreensão para a
criança, atendendo as características de seu
pensamento mágico (AGUIAR, 2001).
Os problemas que desencadeiam a narrativa
partem da realidade e desequilibram a
tranquilidade inicial. O desenvolvimento é a
busca de soluções, no plano da fantasia, com a
introdução de elementos mágicos. A
restauração da ordem acontece no desfecho da
narrativa, quando há uma volta ao real
(AGUIAR, 2001).
O ambiente do conto de fadas é caracterizado
pela imprecisão, devido às expressões iniciais,
como se fosse uma senha de entrada: “Era uma
vez”, “Num certo país”, “Há mil anos atrás”, que
sugerem às crianças que o que se segue não
pertence ao aqui e agora que nós conhecemos.
O imaginário nos
contos de fadas
A imaginação é um aspecto essencial da mente
da criança, e é por meio dela que sua
consciência elabora, num primeiro momento, os
dados da realidade circundante.
A criança compreende a vida pelo viés da
imaginação, portanto o livro infantil põe a
criança em contato com o mundo, oferecendo-
lhe com isso a possibilidade de entendê-lo
melhor e de a ele adaptar-se.
Liev Vygotsky (1982) afirma que a atividade
criadora da imaginação se encontra em relação
direta com a riqueza e a variedade da
experiência acumulada pelo homem, pois essa
experiência é a base para a construção da
fantasia. Quanto mais rica for a experiência
humana, tanto maior será o material de que irá
dispor sua imaginação.
Bruno Bettelheim (1980) fez um estudo sobre a
psicanálise dos contos de fadas e reconheceu
as suas contribuições para o desenvolvimento
da personalidade da criança, pois, por meio da
linguagem simbólica desses contos, a criança
se identifica com os problemas apresentados e
consegue solucionar os seus, como o medo da
morte, o medo do abandono, sentimentos de
culpa, raiva e inveja.
Diana Corso (2006) confirma essa ideia, pois a
sobrevivência do conto de fadas consiste em
seu poder de simbolizar e “resolver” os conflitos
psíquicos inconscientes que ainda dizem
respeito às crianças de hoje.
Bettelheim (1980) analisa diversos contos de
fadas, reconhecendo sua importância para as
experiências infantis. Por meio da leitura, a
criança vê representados no texto,
simbolicamente, conflitos que enfrenta no dia-a-
dia e encontra soluções porque a história traz
um final feliz. Em outras palavras, o conto de
fadas dá à infância a certeza de que os
problemas existem, mas podem ser resolvidos.
Tendo por base as diversas análises feitas, o
autor acrescenta que os contos de fadas devem
ser apresentados ao público infantil em sua
versão original, pois a supressão de qualquer
um dos elementos que compõem o conto
quebra a cadeia simbólica que está implícita na
íntegra da história.
“É para isso que o homem conta histórias – para
tentar entender a vida, sua passagem pelo
mundo, ver na existência alguma espécie de
lógica. Cada texto e cada autor lidam com
elementos diferentes nessa busca, e vão
adequando formas de expressão e conteúdo de
um jeito que mantém uma coerência interna
profunda que lhe dão sentido. Mexer neles é
alterar esse sentido”
(MACHADO, 2002, p.75).
Contos de fadas modernos
Autores brasileiros contemporâneos
aprofundaram a visão crítica de suas obras, com
paródias dos contos tradicionais, mas, para que
a criança entenda esse jogo literário, é
indispensável que conheça os contos de fadas
tradicionais, pois só assim conseguirá identificar
a que contexto eles se referem e o que está
“fora do lugar” na nova versão.
Exemplos: Chapeuzinho amarelo, de Chico
Buarque; A fada que tinha ideias, de Fernanda
Lopes de Almeida; O reizinho mandão e O rei
que não sabia de nada, de Ruth Rocha; Onde
tem bruxa tem fada, de Bartolomeu Campos de
Queirós; O fantástico mistério de feiurinha, de
Pedro Bandeira; História meio ao contrário, de
Ana Maria Machado, sendo esses alguns dos
mais conhecidos.
Essas criações são conhecidas como contos de
fadas modernos, porque, embora mantenham o
maravilhoso, conduzem o leitor a uma
percepção crítica de si mesmo e da sociedade
que o circunda.
Além das paródias, novas histórias são criadas,
caracterizando-se como contos de fadas
modernos, pois apresentam elementos
fantásticos ou mágicos, como por exemplo: A
bolsa amarela, de Lygia Bojunga Nunes, “em
que os dilemas infantis se resolvem com o apoio
da magia”, e Uma ideia toda azul, de Marina
Colasanti, no qual percebe-se “a ênfase no
tratamento de questões femininas, numa ótica
diferente daquela dos contos de fadas
tradicionais” (AGUIAR, 2001, p. 82).
Atividade prática: contos de
fadas tradicionais e modernos
Pré-leitura:
Confeccionar um castelo de dobradura:
produção de texto sobre o castelo e seus
personagens.
Questionar qual o conto de fadas o aluno
mais gosta de ouvir ou com qual personagem
ele mais se identifica.
Ouvir as várias versões que os alunos
conhecem da história que será contada.
Leitura-descoberta:
Contar as histórias e comentá-las.
Questionar oralmente as obras para a
compreensão e interpretação das mesmas.
Chapeuzinho vermelho
A versão de Charles Perrault (1697) tem um
caráter de fábula moral, pois ensina que quem
transgride as regras se expõe ao perigo e é
punido.
Na versão dos Irmãos Grimm (1857) ocorre uma
continuação da história, caracterizando-a como
um conto de fadas, pois apresenta um final feliz.
Mesmo apresentando finais diferentes, o início
das narrativas é semelhante.
Alise do Conto:
O conto caracteriza-se pela perda da inocência,
bem como destaca a curiosidade sexual infantil.
A figura do pai é apresentada de forma oposta:
Lobo: externalização dos perigos de
sentimentos edípicos reprimidos;
Caçador: função resgatadora e protetora.
Há uma conversa de sedução entre a menina e
o lobo.
O medo é representado pela escuridão na
barriga do lobo.
A cor vermelha significa emoções violentas,
incluindo as sexuais.
Na versão de Perrault, Chapeuzinho é vítima de
sua ingenuidade.
Na versão de Grimm, Chapeuzinho é bastante
ativa, pois enche a barriga do lobo de pedras, e
também aprendeu duas lições: ouvir
conselhos/obedecer a ordens e passar a
desconfiar do outro/ser mais precavida.
Segundo Bettelheim, “a inocência infantil de
Chapeuzinho morre quando o lobo se revela e a
engole. Quando sai do estômago do lobo, ela
renasce num plano superior de existência,
relacionando-se de modo positivo com os pais,
não mais como criança, ela volta à vida como
uma jovem donzela” (1980, p. 219).
Chapeuzinho Amarelo
(Chico Buarque)
A cor amarela caracteriza o medo.
O lobo ocupa a posição de dominador, com
suas características de maldade e
agressividade.
Chapeuzinho ocupa a posição de dominada,
com suas características de ingenuidade e
impotência.
O medo é que determina essas posições.
Mostra-se a desconstrução dessas imagens, o
deslocamento dos sentidos, por meio das pistas
que se evidenciam na base linguística.
Chapeuzinho enfrenta o medo, surgindo a
Chapeuzinho Amarelo, forte e dominadora e a
imagem do lobo de fraco e dominado.
Chapeuzinho inverte as palavras, transformando
cada medo que tinha em brincadeira.
O Príncipe-Rã ou
Henrique de Ferro
(Irmãos Grimm)
O conto é conhecido também como: O Rei Sapo
ou ainda O Príncipe Sapo.
Na versão popular, a princesa beija o sapo.
Na narrativa original, a princesa arremessa o
sapo contra a parede.
O conto caracteriza-se pela perda da inocência
infantil, pois a princesa voltou do passeio
comprometida com um sapo asqueroso.
Há uma repulsa infantil ao sexo.
A princesa é obrigada a crescer, pois precisa
assumir os compromissos que fez.
O pai une a filha ao futuro marido quando exige
que ela assuma a promessa que fez.
Há o início da vida sexual.
A princesa tem nojo de compartilhar a sua
intimidade com aquele ser viscoso.
Há o gesto de violência, pois o animal
transforma-se em homem.
A transformação é provocada por um ato de
violência e não de amor.
Sapo vira rei vira sapo
ou A volta do Reizinho Mandão
(Ruth Rocha)
Há uma desconstrução da sequência original,
tendo no início uma paródia com o poema
modernista de Manuel Bandeira.
O rei caracteriza-se como mal-educado e
autoritário.
Cria leis absurdas, o que nos remete a obra: O
reizinho mandão, da mesma autora.
Há um descontentamento por parte do rei e a
perda do poder.
No parágrafo final percebe-se que a história se
repete, pois o rei vira sapo novamente e está
procurando uma princesa para beijá-lo.
Novamente a autora convoca o leitor à
permanente vigilância diante da hipótese do
retorno dos governantes opressivos e
indesejados.
O patinho feio
(Hans Christian Andersen)
O patinho tem sentimentos de inadequação e de
rejeição na família.
Há uma angústia pela separação.
O conto retrata a jornada interior do herói.
Representa a angústia da criança pequena, que
se sente num ambiente hostil.
Há duas fantasias assustadoras, a dos pais,
com medo de ter o filho trocado por outro; e a
dos filhos, descobrirem-se adotivos.
O patinho feio vivia sempre com os diferentes.
O feio é aquele que não se encaixa na
normalidade; fora do padrão.
O patinho realiza várias fugas, pois não se
sentia bem recebido.
As estações do ano estão bem definidas: inicia
com o Verão – Outono – Inverno – Primavera.
No momento do congelamento ocorre um
amadurecer, pois o patinho precisa reconhecer-
se e então estará pronto para encontrar os seus
iguais.
O conto é considerado um alter-ego do próprio
Andersen, como uma descrição alegórica da
infância difícil que esse autor de origem humilde
passou.
Pós-leitura:
Criar uma versão atual da história;
Criar uma história do ponto de vista do
malvado: contos invertidos;
Criar novos finais para a mesma história;
Transformar a história escrita em história em
quadrinhos;
Produzir um texto: “Se eu tivesse uma
varinha mágica....”;
Realizar uma leitura compartilhada: leitura do
conto pelos alunos – por meio de frases;
Apresentar os diversos contos de fadas, por
meio de anúncios publicitários;
Escolher um conto de fadas tradicional ou
moderno e apresentar o livro em 1ª pessoa,
como se fosse a personagem, o aluno poderá
se caracterizar para essa atividade;
Criar um júri: contra e a favor da personagem
em questão;
Certificar-se de que ninguém leu o livro,
mostrar apenas a capa e deixar que inventem
a história (Ilustração e Título como únicas
informações). Após, todos leem as histórias
que escreveram para os colegas e depois o
mediador faz a leitura da história original;
Realizar uma salada de contos: personagens
de vários contos passam para outras histórias
ou se encontram;
Questionar os alunos, oralmente, após a
leitura da história: Como a história começa?
Qual o problema que acontece na história?
Como o problema é resolvido? Como a
história termina?;
Assistir ao filme Shrek, fazendo uma
comparação entre o herói do filme e o herói
dos contos de fadas.
“Os contos de fadas continuam sendo um
manancial inesgotável e fundamental de
clássicos literários para os jovens leitores. Não
saíram de moda, não. Continuam a ter muito o
que dizer a cada geração, porque falam de
verdades profundas, inerentes ao ser humano”
(MACHADO, 2002, p. 82).
Referências
Textos de estudo:
AGUIAR, Vera (Coord). Era uma vez na escola: formando
educadores para formar leitores. Belo Horizonte:
Formato: 2001.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
COELHO, Nelly Novaes. O Conto de Fadas: símbolos
mitos – arquétipos. São Paulo: Paulinas, 2008.
CORSO, Diana, CORSO, Mário. Fadas no divã:
psicanálise nas histórias infantis. Porto Alegre: Artmed,
2006.
KHÉDE, Sonia Salomão. Personagens da Literatura
Infanto-Juvenil. São Paulo: Ática, 1986.
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos
universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
PROPP, Vladimir. Morfologia do conto maravilhoso. Rio
de Janeiro: Forense-Universitária, 1984.
RODARI, Gianni. Gramática da fantasia. São
Paulo : Summus, 1982.
VALE, Luiza Vilma Pires. Narrativas infantis. In:
SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). Literatura e
alfabetização: do plano do choro ao plano da ação.
Porto Alegre: ARTMED, 2001.
VYGOSTKY, Liev. La imaginación y el arte em la
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ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura
infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
Textos de Aplicação:
ANDERSEN, Hans Christian. O patinho feio. In:
Histórias maravilhosas de Andersen. Trad. Heloisa Jahn.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1995.
BUARQUE, Chico. Chapeuzinho amarelo. Rio de
Janeiro: Berlendis & Vertecchia, 1979.
GRIMM, Jacob & Wilhelm. O rei Príncipe-Rã ou
Henrique de Ferro. In: Contos de Grimm – Volume 2.
São Paulo: Ática, 2003.
GRIMM, Jacob & Wilhelm. Chapeuzinho Vermelho. In:
Contos de Grimm Volume 2. São Paulo: Ática, 2003.
PERRAULT, Charles. Chapeuzinho Vermelho. In:
Contos de Perrault. Trad. Fernanda Lopes de Almeida.
São Paulo: Ática, 2005.
ROCHA, Ruth. Sapo vira rei vira sapo ou A volta do
reizinho mandão. Rio de Janeiro: Salamandra, 1983.
ROCHA, Ruth. O reizinho mandão. São Paulo: Quinteto
Editorial, 1997.
ROCHA, Ruth. Procurando firme. São Paulo: Ática,
1996.
SCIESZKA, Jon. A verdadeira história dos três
porquinhos. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.
SCIESZKA, Jon. O patinho feio e outra histórias
malucas. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997.
SOUZA, Flávio de. Príncipes e princesas, sapos e
lagartos: histórias modernas de tempos antigos. São
Paulo: FTD, 1989.
TATAR, Maria. Contos de fadas: edição comentada e
ilustrada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004.
APÊNDICE N –
Modelo de produção textual “Na biblioteca da minha escola, eu...”
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Nome da escola: ___________________________________________________________
Data: ____________________________________________________________________
Na biblioteca da minha escola, eu...
APÊNDICE O –
Material teórico sobre a biblioteca escolar
BIBLIOTECA ESCOLAR
Reflexões sobre a
Biblioteca Escolar
A biblioteca foi criada pela necessidade de se
preservar e organizar os documentos
produzidos ao longo da história.
no início do século XX, a biblioteca, além da
ideia de sistematizar o saber, se apresentou
com uma nova função: a de sistematizar o
acesso às informações.
Os PCNs recomendam que cada escola
disponha de uma boa biblioteca e que cada
classe dos ciclos iniciais tenha um canto de
leitura.
A biblioteca escolar, no contexto da educação
brasileira, é desprezada e esquecida, não
recebendo o valor que mereceria pelas
autoridades, ou seja, “não é levada a sério” e
raramente se investe em sua estrutura (SILVA,
1991).
As bibliotecas escolares são consideradas
depósitos de livros e de outros materiais que
não estão sendo usados pela escola.
A estrutura é tão importante quanto o estímulo à
leitura. Waldeck Carneiro da Silva (1995b)
afirma que muitas bibliotecas escolares estão
situadas em locais inadequados, dividindo sala
com outro setor da escola, revelando o baixo
prestígio que possuem, sendo que isso pode vir
a desestimular a sua frequência.
COMO É O ESPAÇO FÍSICO DA
BIBLIOTECA NA SUA ESCOLA?
O responsável pela biblioteca escolar é o
bibliotecário, formado em Biblioteconomia, mas
na maioria das vezes, é o professor que assume
essa função.
Os PCNs destacam a importância do professor
ser um leitor, pois vendo o seu professor
envolvido com a leitura, os alunos se sentirão
estimulados a usufruírem do espaço da
biblioteca e tornar-se-ão leitores.
Ezequiel Theodoro da Silva reforça essa ideia
quando afirma que um professor precisa ser um
leitor caso queira ensinar um aluno a ler. Isso
“porque nossos alunos necessitam do
testemunho vivo dos professores no que tange
à valorização e encaminhamento de suas
práticas de leitura” (1995a, p. 109).
“Por dever do ofício e por exigência ética, cabe
a esses dois profissionais – professor e
bibliotecário – ler e fazer ler. Repetindo: cabe ler
e fazer ler. Isto quer dizer que, para abraçar
qualquer dessas duas profissões, o sujeito tem
que ser leitor, encarnando em si práticas de
leitura como um valor absoluto e, por ter que
fazer ler, tem que projetar e inculcar esse valor
em todos os membros da sua comunidade
através de projetos, programas e ações”
(SILVA, 2003, p. 91).
QUAL A OPINIÃO DE VOCÊS EM
RELAÇÃO A ESSAS AFIRMAÇÕES
SOBRE O PROFESSOR
RESPONSÁVEL PELA BIBLIOTECA?
Uma atitude que pode vir a afastar os alunos da
biblioteca escolar são os regulamentos muito
rígidos, com horários inflexíveis, o não acesso
às estantes para a escolha dos livros e a “eterna
preocupação com o silêncio”, criando uma certa
antipatia por esse ambiente (SILVA, 1995b).
É fundamental o papel da escola, e
principalmente o do professor, no que se refere
a biblioteca escolar “para a organização de
critérios de seleção de material impresso de
qualidade e para a orientação dos alunos, de
forma a promover a leitura autônoma”
(BRASIL, 1997, p. 92), e assim, possibilitar aos
alunos que tenham acesso ao material
disponível, bem como criar o gosto por
frequentar esse espaço.
Waldeck Carneiro da Silva acredita que o
acesso ao acervo deva ser livre, não se
justificando o ato de impedir o aluno de ter a
liberdade de passear entre as estantes e
escolher o livro que mais lhe atrai. Salienta
ainda que muitas vezes o acesso às estantes é
vetado para que a “biblioteca possa manter as
obras em bom estado de conservação. Logo,
parece que alguns bibliotecários preferem um
acervo intacto em vez do livre circular de
usuários por entre as estantes” (1995b, p. 59).
Um dos caminhos para tornar uma leitura
prazerosa ou agradável é “deixar as crianças
escolherem os livros que desejam ler”. Sendo
que “a autoescolha pode ser uma ponte para a
descoberta de livros que mais atraem, que mais
seduzem as crianças e que podem, por isso
mesmo, provocar uma maior aproximação com
os livros” (SILVA, 2003, p. 99).
Para Marisa Lajolo (1997) “a prática de leitura
patrocinada pela escola precisa ocorrer num
espaço de maior liberdade possível. A leitura só
se torna livre quando se respeita, ao menos em
momentos iniciais do aprendizado, o prazer ou a
aversão de cada leitor em relação a cada livro”
(1997, p. 108).
COMO OCORRE A RETIRADA DE
LIVROS NA SUA ESCOLA?
Silva (1993) afirma que o professor responsável
pela biblioteca deva buscar meios de motivar os
alunos a frequentar esse ambiente, quando
afirma que “é necessário arregaçar as mangas”
e parar com os lamentos e críticas, buscando
desenvolver uma proposta de trabalho que vise
ao estímulo à leitura, assim melhorando a
qualidade do ensino.
Para que a biblioteca torne-se um local em que a
leitura livre prevaleça, é necessário que o
responsável pela biblioteca, bibliotecário ou
professor, torne o livro um objeto significativo para
o aluno, e isso só ocorrerá se esse também for
significativo para ele. Portanto, Ana Mariza
Filipouski (1993) afirma que a criança se identifica
com seus familiares, bem como com o professor e
acaba tomando-os como padrões de identificação,
portanto, se faz necessário que adultos leitores
apresentem o livro como algo importante em suas
vidas e assim estimulem o gosto pela leitura.
“O que melhor caracteriza uma biblioteca não é
a beleza de sua decoração, mas sim a
qualidade do seu acervo e a funcionalidade dos
seus serviços. A qualidade do acervo da
biblioteca é estabelecida pelo atendimento às
necessidades reais de leitura dos usuários,
voltadas à busca de conhecimento, recreação e
fruição estética. A funcionalidade dos serviços é
definida pela própria dinâmica interna da
biblioteca, nos seus aspectos de seleção e
aquisição de obras, agilização do
processamento técnico, sistema de
empréstimos, e pela sua capacidade em atrair e
aumentar o público leitor” (SILVA, 1985, p. 143).
Reflexões sobre a
Hora do Conto
Contar histórias é um ofício remoto, que se
perpetua de geração em geração, por meio da
literatura oral.
“A arte de ler, como a de contar histórias, é
adquirida através da experiência e da prática. É
muito mais do que uma interpretação
inexpressiva, monótona do texto. A leitura de
histórias é semelhante à dramatização, na
medida em que estimula a imaginação do
ouvinte. Os resultados fazem valer o esforço
despendido” (KUHLTHAU, 2002, p. 50).
Segundo Bruno Bettelheim para uma história
prender a atenção da criança, deve entretê-la e
despertar a sua curiosidade. “Mas para
enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a
imaginação: ajudá-la a desenvolver seu
intelecto e a tornar claras suas emoções; estar
harmonizada com suas ansiedades e
aspirações; reconhecer plenamente suas
dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir
soluções para os problemas que a perturbam”
(1980, p. 13).
Fanny Abramovich afirma que para ler uma
história às crianças, “não se pode fazer isso de
qualquer jeito, pegando o primeiro volume que
se vê na estante... E aí, no decorrer da leitura,
demonstrar que não está familiarizado com uma
ou outra palavra, empacar ao pronunciar o
nome dum determinado personagem ou lugar,
mostrar que não percebeu o jeito como o autor
construiu suas frases e ir dando as pausas nos
lugares errados, fragmentando um parágrafo
porque perdeu o fôlego ou fazendo ponto final
quando aquela ideia continuava, deslizante, na
página ao lado...” (1997, p. 18).
Portanto, é fundamental que o contador, que
pode ser tanto o bibliotecário, como o professor
responsável pela biblioteca, conheça
previamente o assunto da história que irá
relatar, “para que possa iniciá-la levantando
suposições das crianças sobre o tema, pode
partir do título e, assim, gerar um clima de
suspense em relação a história. É através de
um ambiente agradável e convidativo que a
criança sentirá prazer em frequentar a biblioteca
e ouvir as histórias na hora do conto”.
(KUHLTHAU, 2002, p. 29)
“Para a escolha de histórias é necessário que
se leve em conta o interesse do ouvinte, sua
faixa etária, bem como a elaboração de um
planejamento por parte do contador, para
garantir-lhe segurança e assegurar-lhe
naturalidade no momento da contação da
história” (SILVA, 1990, p. 13).
Celso Sisto afirma que para contar bem uma
história é necessário “evitar o didatismo e a lição
de moral; os estereótipos da palavra e dos gestos;
o maniqueísmo e os preconceitos; o óbvio, o
modismo e o lugar comum. Em geral, na escola, a
escolha de um texto para ser contado tem, quase
sempre, o poder de determinar conteúdos a serem
estudados. Mas, quando a história contada vem
em função de instaurar um espaço lúdico, ela pode
gerar um outro tipo de expectativa: não mais a da
cobrança, mas a do encantamento” (2005, p. 23).
“A grande ‘dica’ para ser um bom narrador de
contos é ler muito; os livros, as placas, os
gestos, as pessoas, a vida que vai em cada
coisa. E não ter pressa: o contador de histórias
tem que ter paixão pela palavra pronunciada e
contar a história pelo prazer de dizer (que é
muito diferente de ler uma história!)”
(SISTO, 2005, p. 21).
Há artifícios que o contador de história pode
utilizar para prender a atenção de seu leitor,
como valer-se da pausa, provocando atitudes
de ansiedade pelo que se segue, aproveitar-se
da gesticulação e da imitação de personagens
do texto e, por último, conseguir estabelecer
contato com o auditório através de atitudes que
provoquem uma boa recepção do texto e a
simpatia pela história (CHAVES, 1952).
“A escolha do local é fundamental para o
sucesso da narrativa. Ele deve ser calmo e
permitir que as pessoas fiquem bem
acomodadas. Não se deve concorrer com
outros ruídos ou com outras ‘atrações’, por
exemplo: ruídos de trânsito, pessoas
conversando, pessoas passando. As crianças
têm um poder de concentração muito pequeno e
qualquer fato fora do normal desviará a atenção,
ficando difícil para o narrador retomar o fio
condutor da história” (DOHME, 2000, p.37).
É importante que a escola saiba aproveitar o
espaço da biblioteca escolar para promover
atividades que estimulem a leitura como a hora
do conto, com um profissional que antes de tudo
seja um leitor. Marisa Lajolo afirma que “um
professor precisa gostar de ler, precisa ler
muito, precisa envolver-se com o que lê” (1997,
p. 108), pois, só assim, fará com que seus
alunos se sintam motivados a ler.
“A leitura é um jogo em que o autor escolhe as
peças, dá as regras, monta o texto e deixa ao
leitor a possibilidade de fazer combinações.
Quando ela faz sentido, está ganha a aposta.
Mas isso só acontece porque o leitor aceita as
regras e se transporta para o mundo imaginário
criado. Se ele resiste, fica fora da partida. Ao
mergulhar na leitura, entra em outra esfera, mas
não perde o sentido do real e aí está, a nosso
ver, a função mágica da literatura: através dela
vivemos uma outra realidade, com suas
emoções e perigos, sem sofrer as
consequências daquilo que fazemos e sentimos
enquanto lemos. Essa consciência do brinquedo
que a arte é leva-nos a experimentar o prazer
de entrar em seu jogo” (AGUIAR, 1999, p. 254).
“Ah, como é importante para a formação de
qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias...
Escutá-las é o início da aprendizagem para ser
um leitor, e ser leitor é ter um caminho
absolutamente infinito de descoberta e de
compreensão do mundo...”
(ABRAMOVICH, 1997, p.16).
Referências
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bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
AGUIAR, Vera Teixeira de. Leitura literária na escola. In:
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polêmico. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.
APÊNDICE P –
Material teórico sobre as histórias em quadrinhos
HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS
Origem das
Histórias em Quadrinhos
O marco inicial das histórias em quadrinhos foi
em 1894, com o Menino Amarelo (Yellow Kid),
história criada pelo desenhista norte-americano
Richard Outcault e publicado semanalmente no
jornal New York World.
No Brasil, a produção de histórias em
quadrinhos se limitou à publicação de
quadrinhos estrangeiros, principalmente
americanos.
A primeira revista brasileira dedicada às
crianças chamou-se O Tico-Tico e surgiu em
1905.
A partir de 1960, os quadrinhos nacionais
ganharam excelentes artistas, como: Ziraldo e
Maurício de Sousa.
Ziraldo criou A Turma do Pererê.
Maurício de Sousa começou a desenhar as
histórias em quadrinhos em 1959, quando uma
história do Bidu, sua primeira personagem, foi
aprovada pelo jornal.
Em 1960, saíram tiras diárias de Bidu,
Cebolinha e Piteco.
Em 1964, criou a principal figura de seu mundo
infantil, Mônica. Depois surgiram as demais
personagens: Cascão, Chico Bento, Magali, etc.
“Em 1970, através da Editora Abril, Maurício de
Sousa lança a revista Mônica e seu sucesso
transpõe as fronteiras do país. No Congresso
Internacional de Lucca, Itália, 1971, Mônica
ao seu criador o troféu “Yellow Kid” – o prêmio
máximo do Congresso, uma espécie de Oscar
dos quadrinhos” (COELHO, 2000, p. 219).
As histórias em quadrinhos surgiram na
periodicidade dos jornais e com o tempo
ganharam autonomia, devido ao sucesso de
público alcançado, e passaram a figurar em
publicações especializadas, os gibis.
Tiras
“As tiras são um subtipo de HQ: mais curtas (até
4 quadrinhos) e, portanto, de caráter sintético,
podem ser sequenciais (‘capítulos’ de narrativas
maiores) ou fechadas (um episódio por dia)”
(MENDONÇA, 2003, p. 198).
Segundo Lígia Cademartori (2003), um dos
principais trunfos da tira é o humor, através da
caricatura de gestos e situações e da resolução
rápida da sequência, bem como o dito contrariar
radicalmente o mostrado.
A linguagem das histórias em
quadrinhos
É um sistema narrativo composto por dois
códigos que atuam em constante interação: o
visual e o verbal.
A imagem desenhada é o elemento básico das
histórias em quadrinhos. Ela se apresenta como
uma sequência de quadros que trazem uma
mensagem ao leitor, normalmente uma
narrativa, seja ela ficcional ou real”
(VERGUEIRO, 2007, p. 32).
Quadrinho ou vinheta
“O quadrinho ou vinheta constitui a
representação, por meio de uma imagem fixa,
de um instante específico ou de uma sequência
interligada de instantes, que são essenciais
para a compreensão de uma determinada ação
ou acontecimento” (VERGUEIRO, 2007, p. 35).
Balões
O balão é a intersecção entre imagem e
palavra.
“Aqueles que marcam o discurso direto têm
contorno contínuo, com um apêndice mais ou
menos ziguezagueante que atribui a fala a uma
personagem. Esse tipo de sinal equivale a um
‘digo que’” (CADEMARTORI, 2003, p. 48).
Há outros tipos de balões, segundo
Vergueiro (2007):
Linhas tracejadas: indicam que a
personagem está falando em voz muito
baixa, de forma a não ser ouvida pelos
demais (Balão do cochicho);
Em formato de nuvem, com rabicho
elaborado como bolhas que dela se
desprendem: indica que as palavras contidas
são pensadas pela personagem (Balão
pensamento);
Com traçado em zig-zag (semelhante a
uma descarga elétrica): indica uma voz que
procede de um aparelho mecânico ou o
grito de uma personagem;
Levando para fora do quadrinho: indica que
a voz está sendo emitida por alguém que
não aparece na ilustração.
Legenda
Representa a voz onisciente do narrador da
história, situando o leitor no tempo e no espaço.
É acondicionada em um retângulo colocado na
parte superior do quadrinho, pois deve ser lida
em primeiro lugar, precedendo a fala das
personagens.
Onomatopeias
São signos convencionais que representam ou
imitam um som por meio de caracteres
alfabéticos.
Segundo Waldomiro Vergueiro, as
onomatopeias poderão “variar de autor para
autor, segundo sua procedência e preferências
pessoais” (2007, p. 63).
O autor destaca as mais utilizadas:
Explosão: Bum!
Quebra: Crack!
Choque: Crash!
Queda na água: Splash!
Pingos de chuva: Plic!Plic!Plic!
Sono: ZZZZZZZZZZZZZZ!
Golpe ou Soco: Pow!
Metralhadora: Rá-tá-tá-tá-tá-tá!
Beijo: Smack!
Tiro: Bang!
Histórias em quadrinhos
na escola
Segundo Márcia Mendonça, “apesar de já
serem aceitas como objeto de leitura fora das
salas de aula, as HQs ainda não foram de fato
incorporadas ao elenco de textos com que a
escola trabalha” (2003, p. 202).
Waldomiro Vergueiro (2007) afirma que pais e
mestres desconfiavam das aventuras das
histórias em quadrinhos, supondo que poderiam
afastar crianças e jovens de leituras “mais
profundas”. Por isso, a entrada de quadrinhos
na sala de aula teve severas restrições, que aos
poucos foram sendo atenuadas e extinguidas.
O autor salienta que ainda hoje não se pode
afirmar que a barreira pedagógica contra as
histórias em quadrinhos tenha deixado de
existir, pois “há notícias de pais que proíbem
seus filhos de lerem quadrinhos sempre que as
crianças não se saem bem nos estudos ou
apresentam problemas de comportamento,
ligando o distúrbio comportamental à leitura de
gibis” (VERGUEIRO, 2007, p. 16).
Mendonça destaca que a relativa facilidade na
leitura das histórias em quadrinhos “pode ser
confundida com baixa qualidade textual,
levando à falsa premissa de que ler quadrinhos
é muito fácil” (2003, p. 202). Quando na
verdade, determinadas histórias necessitam de
estratégias sofisticadas de leitura, bem como
um alto grau de conhecimento prévio, para que
possam ser entendidas.
Os PCNs (BRASIL, 2000) salientam a
necessidade de ser colocada à disposição dos
alunos a diversidade de gêneros textuais que
circulam na sociedade. Esse é um dos
princípios básicos do ensino de língua materna.
Portanto, “inevitavelmente, também as histórias
em quadrinhos passaram a ter um novo status,
recebendo um pouco mais de atenção das elites
intelectuais e passando a ser aceitas como um
elemento de destaque do sistema global de
comunicação e como uma forma de
manifestação artística com características
próprias” (VERGUEIRO, 2007, p. 17).
As personagens de
Maurício de Sousa
Nelly Novaes Coelho afirma que as histórias em
quadrinhos de Maurício de Sousa se
apresentam como uma “estimulante diversão”
para os pequenos, “diversão que facilmente
cairia no gratuito, não fosse a essencialidade
dos valores que lhe dão suporte” (2006, p. 612).
Maurício de Sousa apresenta personagens que
não se esgotam na dimensão do “infantil” ou do
meramente lúdico, pois essas circulam num
espaço com valores especificamente
significativos para a criança (COELHO, 2006).
As principais personagens de Maurício de
Sousa são:
Mônica
Foi criada em 1963, baseada na filha do
escritor, com o mesmo nome, quando ela tinha
4 anos.
Representa uma menina forte, decidida, que
não leva desaforo para casa mas, ao mesmo
tempo, tem momentos de feminilidade. Ela está
sempre acompanhada de seu coelho de pelúcia,
dando-lhe todo o carinho, o qual também serve
de "arma" contra os meninos.
Segundo Diana Corso (2006), Mônica resolve
quase todos os seus problemas na base da
força, o que é muito comum em certos
momentos da vida da criança, quando precisa
demarcar seu território pessoal.
Cebolinha
Foi criado em 1960. Cebolinha era o apelido de
um garoto de cabelos espetados que existiu
mesmo, em Mogi das Cruzes, e trocava as
letras quando falava.
É uma personagem curiosa e imaginativa.
Sua atividade central é criar planos infalíveis
para se apossar do coelho de pelúcia da
Mônica, porém quase sempre leva a pior em
seus confrontos com ela.
Fala trocando os rr por ll, mas sem nenhum
complexo de inferioridade.
Cascão
Cascão nasceu em 1961, baseado nas
recordações de infância do próprio Maurício.
Tratava-se de um menino que jogava no time de
futebol do irmão do escritor e que vivia sempre
sujo de terra.
A personagem tem medo de água.
Segundo Diana Corso, “ter medo é uma coisa
muito séria para os pequenos, e é bom ver que
não são os únicos com medos inexplicáveis”
(2006, p. 205).
Magali
Magali também é baseada em outra filha do
escritor, que era muito comilona.
A personagem também é comilona, porém é
elegante e feminina.
Seu único sofrimento, que vez por outra a
preocupa, é a dor de barriga.
É uma das criações mais simpáticas e
conhecidas da turma.
Chico Bento
Chico Bento, criado em 1961, teve como modelo
um tio-avô de Maurício, sobre quem ele ouvia
muitas histórias contadas pela sua avó.
É o caipira, mas sem nenhum estereótipo que
enfatize a lentidão de pensamento. Pelo
contrário, apresenta um misto de ingenuidade e
esperteza.
Diana Corso faz uma crítica a obra de Maurício
de Sousa pelo fato de deixar a vida escolar sob
responsabilidade apenas da personagem Chico
Bento, destacando que a “Turma da Mônica
propriamente dita não vai à escola, o que a
distancia em termos de realidade do grosso de
seu público, que está em idade escolar. Ou seja,
a maioria dos leitores de Maurício não tem seu
cotidiano narrado nessas histórias” (CORSO,
2006, p. 211).
Nelly Novaes Coelho afirma que “as histórias
em quadrinhos de Maurício de Sousa são das
que podem servir como passagem, para as
crianças, da convivência com a linguagem
visual das imagens para a convivência com a
linguagem escrita própria da literatura, que o
mais cedo possível elas devem descobrir”
(2006, p. 614).
Atividades práticas com as
Histórias em Quadrinhos
Pré-leitura:
Questionar os alunos:
• Vocês costumam ler histórias em
quadrinhos?
• Qual a de que vocês mais gostam?
• Qual sua personagem preferida? Por quê?
• Onde encontramos as histórias em
quadrinhos?
Leitura-descoberta:
Apresentar a história em quadrinhos no
retroprojetor ou PowerPoint, pois é
interessante mostrar os quadrinhos um a um.
Ler a história em quadrinhos: “Mônica em: A
Caronista”, de Maurício de Sousa.
Questionar oralmente as crianças sobre a
história contada, para compreensão e
interpretação da mesma.
Pós-leitura:
Criar hipóteses: mostrar o 1º e o 2º
quadrinhos e deixar as crianças criarem o
final da história, por meio do desenho, da
escrita ou oralmente.
(Sugestão: Tira do Chico Bento).
Encher os balões: as crianças serão divididas
em grupos e cada grupo irá receber uma
história em quadrinhos com as falas dos
balões apagadas e terão que preencher,
imaginando o que as personagens estão
conversando. Após, cada grupo apresenta a
sua história e então será revelada a história
original no retroprojetor.
(Sugestão: Cebolinha)
Organizar as histórias embaralhadas: cada
grupo irá receber uma história em quadrinhos
embaralhada e terá que montar a ordem
correta. Concluída a montagem, cada grupo
apresenta como ficou a sua história. Após, a
professora vai contando a história original,
quadro a quadro, afixando-os no mural. Então,
descobrir-se-á o grupo que mais se aproximou
da versão original.
(Sugestão: A Bruxinha e o Gregório, de Eva
Furnari)
Realizar a brincadeira da mímica com as
onomatopeias.
Solicitar as crianças que criem novas
onomatopeias, por exemplo: uma buzina
insistente; uma moeda que cai no chão; uma
folha de papel sendo rasgada; etc.
Criar a sua personagem: Onde ela mora? O que
ela gosta de fazer? Ela tem amigos? Ela é má?
... Após criar uma história em quadrinhos com
as aventuras dessa personagem.
Referências
Textos de estudo
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da
Educação Fundamental. PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS – ngua Portuguesa.
Brasília: MEC/SEEF, 2000.
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JACOBY, Sissa (Org.). A criança e a produção cultural:
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COELHO, Nelly Novaes. Dicionário Crítico da Literatura
Infantil e Juvenil Brasileira. 5.ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2006.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria,
análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.
CORSO, Diana, CORSO, Mário. Fadas no divã:
psicanálise nas histórias infantis. Porto Alegre: Artmed,
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MENDONÇA, Márcia Rodrigues de Souza. Um gênero
quadro a quadro: a história em quadrinhos. In:
DIONISIO, Angela Paiva et al. neros textuais &
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RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro (Orgs.). Como
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São Paulo: Contexto, 2007.
Sites: www.monica.com.br/mauricio-site/
www.monica.com.br/index.htm
Textos de aplicação
FURNARI, Eva. A Bruxinha e o Godofredo. São Paulo:
Global, 1994.
FURNARI, Eva. A Bruxinha e o Gregório. o Paulo:
Ática, 1999.
FURNARI, Eva. O amigo da bruxinha. 2. ed. São Paulo:
Moderna, 2002.
FURNARI, Eva. Traquinagens e estripulias. São Paulo:
Global.
SOUSA, Maurício de. Mônica em: A caronista. In:
SOUSA, Maurício de. Almanaque da Mônica. Rio de
Janeiro: Globo, 2000. n. 81
SOUSA, Maurício de. Almanaque do Chico Bento. Rio
de Janeiro: Globo, 2002. n. 72
SOUSA, Maurício de. Chico Bento em: Livros, Livros...
In: SOUSA, Maurício. Almanaque do gibizinho da
Mônica. Rio de Janeiro: Globo, abril 2001. n. 39
APÊNDICE Q –
Modelo de questionário – obras trabalhadas
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Nome da escola: ___________________________________________________________
Data: ____________________________________________________________________
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
APÊNDICE R –
Material teórico sobre os critérios para selecionar um livro infantil
CRITÉRIOS PARA
SELEÇÃO DE LIVROS
INFANTIS
Para a criança se interessar por uma
determinada leitura, o professor precisa
incentivá-la, mas, para isso, o professor deve
ser um leitor. Ele precisa saber qual o objetivo
pretendido, quando quer que uma criança leia,
apresentando-lhe diversos títulos para que ela
possa escolher o que mais lhe agrada.
Quais critérios utilizar para a
seleção de obras infantis, que
garantam à criança se
interessar pelas histórias e a
buscar novas?
Para Mara Ferreira Jardim, “é necessário que o
professor esteja munido de conhecimentos
teóricos sobre a importância e a função da
literatura infantil na formação da criança. É
preciso, também, que ele tenha estabelecido
objetivos claros para o trabalho que irá
desenvolver. De posse desses requisitos, pode,
então, partir para a análise das obras que
pretende selecionar” (2001, p. 75).
Para que o professor possa indicar um livro, ele
precisa avaliar a qualidade do material, como,
por exemplo, analisar os níveis de adaptação
dos componentes do texto à realidade do leitor,
verificando se a assimetria está atenuada
(AGUIAR, 1985).
Para auxílio dessa análise, tomemos por base o
texto Leituras para o 1º Grau: critérios de
seleção e sugestões, de Vera Teixeira de Aguiar
(1985), que nos afirma que a qualidade das
obras deve ser pensada, a partir dos seguintes
níveis de adaptação:
Assunto: o livro pode apresentar os mais
variados assuntos, desde que sejam
adaptados à compreensão do leitor e
significativos ao seu universo. É importante
que o texto faça com que o leitor reflita sobre
a realidade e se posicione criticamente diante
da mesma.
Estrutura da história: em literatura infantil,
se deve repetir o modelo do conto de fadas
tradicional, pois há uma maior aceitação por
parte dos leitores.
Estilo: o desempenho linguístico do escritor
deve estar de acordo com as capacidades
cognitivas infantis, para que a comunicação
entre ambos realmente se efetue. É
importante que o texto apresente frases
significativas, com um vocabulário coloquial,
mas sem a infantilização da linguagem.
Forma: o texto deve apresentar uma
linearidade – início, meio e fim – sem deter-se
em longas descrições, bem como evitar
conceitos morais, pois tais recursos retardam
a ação e tornam a narrativa mais complexa e
menos acessível aos pequenos leitores.
Aspectos externos: a capa é um dos
elementos que determina a escolha do livro
pela criança, devendo despertar a sua
curiosidade. O tipo de letra deve ser bem
legível. A espessura do livro deve levar em
conta a faixa etária a que se destina. A
ilustração precisa chamar a atenção do aluno
e, para a criança menor é aconselhável que o
número de gravuras seja maior.
“A ilustração desempenha um papel importante
no livro infantil e é um dos seus traços
caracterizadores (livros ditos para adultos
raramente recorrem a ela). Assim sendo, é
preciso que o professor, em sua análise, se
detenha em tal aspecto. A ilustração estimula o
raciocínio e a criatividade do leitor, por isso os
desenhos devem sugerir mais do que já está
expresso no enunciado verbal, evitando a mera
descrição gráfica do texto”
(JARDIM, 2001, p. 76).
Segundo Mara Ferreira Jardim, “a primeira
interação da criança com o livro se dá através
das impressões visuais e táteis: a capa, o
tamanho, o formato, o peso, a espessura, a
qualidade do papel, o número de páginas, o
equilíbrio entre ilustração e texto, o tamanho e o
tipo de letras usados, as técnicas de ilustração e
as cores. Tais características podem atrair ou
afastar o leitor infantil, mais suscetível a esses
aspectos que o adulto” (2001, p. 75).
Segundo Richard Bamberger (2004), os critérios
para analisar uma obra infantil partem da
caracterização das fases da leitura, que seguem
as definições de Schliebe-Lippert e A. Beinlich,
as quais comprovam que o interesse das
crianças por determinado assunto relaciona-se
à sua idade:
Idade dos livros de gravuras e dos
versos infantis (de 2 a 5 ou 6 anos): a
criança faz pouca distinção entre o mundo
interior e exterior. Só experimenta o meio
em que vive em relação a si mesma. É
caracterizada como egocêntrica. É a idade
do pensamento mágico. Os livros de
gravuras são os oferecidos por
apresentarem objetos simples, os quais
foram retirados do meio em que a criança
vive. A seguir podem ser apresentados
livros que agrupam objetos, relacionados
com várias coisas do meio. A criança
também se interessa por versos infantis,
por causa do ritmo e do som.
Idade do conto de fadas (de 5 a 8 ou 9
anos): é caracterizada como a idade do
realismo mágico, fase em que a criança é
essencialmente suscetível à fantasia. É a
idade dos contos de fadas, lendas, mitos e
fábulas. O gosto pelo texto poético, com
rimas e ritmo, continuam os mesmos.
Idade das “histórias ambientais” ou da
leitura “factual(de 9 a 12 anos):
caracterizada como uma fase intermediária
em que a criança começa a se orientar no
mundo concreto. Ainda existe um interesse
pelos contos de fadas, mas o leitor começa
a buscar histórias de aventura.
Idade da história de aventuras - realismo
aventuroso ou a “fase de leitura não-
psicológica orientada para o
sensacionalismo” (de 12 a 14 ou 15 anos):
caracteriza-se como o período da pré-
adolescência, no qual a criança toma
consciência da própria personalidade.
Predominam demonstrações de
agressividade e formação de grupos. Os
interesses dirigem-se para livros de
aventuras, romances sensacionais, livros de
viagens e histórias sentimentais.
Os anos de maturidade ou o
“desenvolvimento da esfera estético-
literária da leitura” (de 14 a 17 anos): é
considerada a fase da descoberta, pois o
adolescente descobre o seu mundo interior
e o mundo dos valores. Os interesses de
leitura variam em torno de livros de
aventuras, viagens, romances históricos,
biografias, histórias de amor, literatura
engajada, etc.
Vocês acham que essas fases
de leitura relacionadas à idade
ainda permanecem?
Além das fases de leitura relacionadas à idade,
Vera Teixeira de Aguiar e Maria da Glória
Bordini (1993) nos apresentam as relacionadas
com à escolaridade do aluno, que são:
Pré-leitura: compreende a pré-escola e o
período preparatório da alfabetização. O
interesse é por histórias curtas e rimas, em
livros em que predominam as gravuras,
permitindo a descoberta de sentido mais pela
linguagem visual do que a verbal.
Leitura compreensiva: compreende a 1ª e
2 ª séries do Ensino Fundamental. Os
interesses são por textos semelhantes aos
da etapa anterior, agora decodificados pelo
novo leitor.
Leitura interpretativa: compreende da 3ª à 5ª
série do Ensino Fundamental. Nessa fase os
alunos conseguem interpretar as ideias do texto,
permitindo que tenham acesso a leituras mais
complexas. Os interesses são por textos curtos
com o apoio eventual da ilustração.
Iniciação à leitura crítica: compreende a 6ª
e 7ª séries do Ensino Fundamental. Além de
interpretarem os textos, os alunos
conseguem posicionar-se diante deles. O
interesse é por livros de aventuras, com
problemas que são resolvidos por grupos de
jovens.
Leitura crítica: compreende da 8ª série do
Ensino Fundamental ao Ensino Médio. A
preferência é por livros que abordam
problemas sociais e psicológicos.
Vocês acham que essas fases
de leitura relacionadas à
escolaridade ainda
permanecem?
Segundo Mara Ferreira Jardim, os interesses
dos alunos em relação à leitura também podem
ser determinados pelo sexo do leitor, pois
“meninos tendem a se identificar com histórias
em que atuem heróis masculinos, ocorrendo o
inverso entre as meninas” (2001, p. 78).
Portanto, o professor deve buscar um certo
equilíbrio em suas escolhas, apresentando
opções para ambos os sexos.
Segundo Ruth Wornicov et al. (1986), o
verdadeiro juiz de uma narrativa literária é seu
próprio leitor, pois é por meio da receptividade
da criança perante a obra e essa atendendo aos
seus anseios que a criança demonstrará
interesse em lê-la. Ao professor, cabe o papel
de selecionar obras de literatura infantil, sem
que essas transmitam padrões morais ou de
comportamentos.
De acordo com Aguiar (1985), é necessário que
haja uma seleção de livros para os estudantes
do Ensino Fundamental, levando em conta suas
preferências literárias. Para isso, o professor
pode basear-se em observações da realidade,
debates com grupos de leitores e pesquisas
junto a bibliotecas, salas de leitura, livrarias,
editoras, que possam traçar um perfil do público
quanto a seus interesses.
Referências
Textos de estudo:
AGUIAR, Vera Teixeira de. Leituras para o 1º grau:
critérios de seleção e sugestões. In: ZILBERMAN,
Regina (Org.). Leitura em crise na escola: as
alternativas do professor. 11.ed. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1985. p. 86-106.
AGUIAR, Vera Teixeira de, BORDINI, Maria da Glória.
Literatura: a formação do leitor – alternativas
metodológicas. 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1993.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da
leitura. 7.ed. São Paulo: Ática, 2004.
JARDIM, Mara Ferreira. Critérios para análise e seleção
de textos de literatura infantil. In: SARAIVA, Juracy
Assmann (Org.). Literatura e alfabetização: do plano do
choro ao plano da ação. Porto Alegre: ARTMED, 2001.
p. 75-79.
WORNICOV, Ruth et al. Criança-leitura-livro. o Paulo:
Nobel, 1986.
Textos de aplicação:
ALMEIDA, Fernanda Lopes de. A margarida friorenta.
24.ed. São Paulo: Ática, 2004.
Classic Stars. A Bela e a Fera. Todo Livro, s/d.
Coleção Fantasia dos Vegetais. A moranga e a chuva.
Espanha: DCL, 1997.
MACHADO, Juarez. Ida e volta. Rio de Janeiro: Agir,
1985.
MURALHA. Sidónio. A televisão da bicharada. 9.ed. São
Paulo: Global, 1997.
ROCHA, Ruth. Palavras, muitas palavras... Palmares:
Quinteto Editorial, 1985.
PINTO, Ziraldo Alves. As aventuras do bonequinho do
banheiro. 2.ed. São Paulo: Melhoramentos, 2000.
APÊNDICE S –
Modelo de questionário – interesses e hábitos de leitura
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Nome da escola: ___________________________________________________________
Data: ____________________________________________________________________
Questionário:
1) O que você faz nos seus momentos de lazer?
2) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual
seria? Por quê?
3) Quais as obras que marcaram sua vida?
4) Como é feita a sua escolha de leitura?
5) Em que lugar você gosta de ler?
6) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
7) Em que período do dia você lê?
8) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
9) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
10) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você já leu,
porém, você teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros,
quais seriam?
APÊNDICE T –
Material teórico sobre a poesia infantil
POESIA INFANTIL
A poesia folclórica tem na espontaneidade a sua
mais significativa particularidade, pois, com sua
origem popular, “nasce e se perpetua em meio
às brincadeiras de roda, aos ditos populares e
na repetição das parlendas aprendidas com pais
e avós” (ASSUMPÇÃO, 2001, p. 63).
Apresenta um variado repertório, baseado nas
manifestações populares, como acalantos,
parlendas, trava-línguas, cantigas de roda,
adivinhas e quadras.
Segundo Veríssimo de Melo (1985):
Acalantos: significam “canção de ninar,
cantiga para embalar meninos, de adormecer,
de berço”, sendo por meio da cantiga de
berço, do embalo e do aconchego das mães
ou amas que a criança tem o primeiro contato
com o mundo da cultura. Exemplo:
Boi, boi, boi,
Da carinha preta;
Pega essa menina.
Que tem medo de careta.
Parlendas são assim classificadas:
brincos: poemas para entreter ou aquietar
meninos, sendo os primeiros ouvidos na
infância. Exemplo:
Serra-Serra-Serrador
(as mães ou amas seguram a criança em pé, no
colo, e imitam o movimento do serrador,
cantarolando):
Serra, serra, serra pau;
Serra esta menina que come mingau.
Serra o pau, Serrador;
Serra esta menina que está com calor.
mnemonias: têm a finalidade de fixar
números ou nomes. Exemplo:
Um, dois, feijão com arroz,
Três, quatro, feijão no prato,
Cinco, seis, feijão pra nós três
Sete, oito, feijão com biscoito,
Nove, dez, feijão com pastéis.
parlendas propriamente ditas: que são
ditas ou recitadas pelas próprias crianças,
como a antiga brincadeira, muito conhecida
das meninas. Exemplo:
Bem me quer,
Mal me quer,
Bem me quer,
Mal me quer, ...
E assim até a última pétala da flor que será
decisiva.
lenga-lengas: nonsense. Exemplo:
Amanhã é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Chifra a gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo...
Trava-línguas: consistem em versos,
palavras ou expressões que, por meio da
pronunciação difícil e da rápida repetição,
provocam uma deturpação dos termos.
Exemplo:
O padre Pedro partiu a pedra no prato de prata.
A pedra partiu o prato de prata do padre Pedro.
Quadras: são caracterizadas como poemas
de quatro versos. Exemplos:
Subi na serra do fogo
Com sapato de algodão
O sapato pegou fogo
E eu voltei de pé no chão.
Cantigas de roda: são brincadeiras que as
crianças aprendem cantando e
desenvolvendo movimentos corporais de
acordo com o ritmo da música. Exemplo:
Palma, palma, palma
Pé, pé, pé
Roda, roda, roda
Caranguejo peixe é
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo só é peixe
Na enchente da maré.
Adivinhas: propõem um problema, muitas
vezes em forma rimada. Exemplo:
Nasci n’água,
N’água me criei;
Se na água me botarem,
N’água morrerei?
Atividades Práticas
Pré-leitura:
Solicitar às crianças que perguntem aos
seus pais ou familiares sobre brincadeiras
folclóricas que eles costumavam fazer em
sua infância, como cantigas de roda, trava-
línguas, quadras, parlendas e outras de que
eles lembrem. As crianças deverão registrar
em seus cadernos.
Leitura-descoberta e Pós-leitura:
Apresentar para a turma o que os pais
gostavam de brincar na sua infância.
Realizar a brincadeira da caixa-surpresa: a
professora coloca várias adivinhas dentro
da caixa, a qual vai passando pela roda e,
ao som de um sinal, a caixa pára e a
criança retira um papel contendo uma
adivinha para responder. Caso não consiga
acertar, ela deverá pagar uma prenda.
Entregar um trava-língua para cada criança
e essa terá 5 minutos para ensaiá-lo para
apresentar à turma. Caso alguma criança
“tropece” na leitura, todos deverão dizer
“tropeçou” e passar para a próxima.
Brincar com as cantigas de roda,
dramatizando-as. Exemplo: “A canoa virou”:
canta-se a música com as crianças em
roda. No momento que falar o nome da
criança, essa fica de costas e continua
rodando até que todas sejam chamadas.
Então, canta-se a segunda estrofe, quando
todas se viram para a posição inicial.
Trazer uma caixinha enfeitada contendo
quadras populares. Cada criança retira uma
quadra para ler aos colegas. Após, cria uma
nova quadrinha e coloca-a dentro de um
balão colorido. Enche-se o balão e todos
jogam seus balões para cima e pegam um de
outra cor que não a sua. Estouram o balão e
leem a quadrinha que receberam para os
colegas.
Ler as parlendas, por meio de uma leitura
compartilhada: os meninos leem um verso e
as meninas o seguinte.
a poesia escrita especialmente para o
público infantil teve sua origem vinculada à
noção de infância, no século XVIII,
apresentando, como as demais obras da época,
um caráter pedagógico, com a transmissão de
condutas morais, deveres cívicos ou familiares
(BORDINI, 1986).
Uma das primeiras obras do gênero no Brasil,
Poesias infantis, foi escrita em 1904, por Olavo
Bilac.
A poesia infantil “não é espaço para posturas
moralizantes ou didatismos, nem veículo dos
valores a serem preservados pela sociedade, ou
grupo social, a que pertencem o autor e o leitor”
(GEBARA, 2002, p. 35).
“Entre a poesia infantil tradicional e a
contemporânea, há uma diferença básica de
intencionalidade: a primeira pretendia levar o
seu destinatário a aprender algo para ser
imitado depois; a segunda pretende levá-lo a
descobrir algo à sua volta e a experimentar
novas vivências que, ludicamente, se
incorporarão em seu desenvolvimento
mental/existencial” (COELHO, 1997, p. 201).
Nas últimas décadas, evidenciou-se um
crescimento do gênero poético dedicado às
crianças, com parâmetros mais livres e
libertários. Regina Zilberman (2005) apresenta
uma breve relação cronológica dessa produção:
O menino poeta (Henriqueta Lisboa, 1943); A
televisão da bicharada (Sidônio Muralha, 1962);
Ou isto ou aquilo (Cecília Meireles,1964); Pé de
pilão (Mario Quintana, 1968); A Arca de Noé
(Vinicius de Moraes, 1974); Boi da Cara Preta
(Sérgio Capparelli, 1983);
Classificados poéticos (Roseana Murray, 1984);
Lua no Brejo (Elias José); Olha o bicho (José
Paulo Paes, 1989); Poemas para brincar (José
Paulo Paes, 1990); Lé com Cré (José Paulo
Paes, 1993); 33 Ciberpoemas e uma Fábula
Virtual (Sérgio Capparelli, 1996); Receita de
olhar (Roseana Murray, 1998), O fazedor de
amanhecer (Manoel de Barros, 2001).
“A valorização do lado lúdico da linguagem
propiciou a expansão da poesia endereçada à
infância, a partir dos anos 80. Introduzindo, nos
versos e nas estrofes, a perspectiva da
diversão, do jogo e da brincadeira, o gênero
poético pôde se livrar dos problemas que
experimentou principalmente na primeira
metade do século XX”
(ZILBERMAN, 2005, p. 129).
A poesia contemporânea caracteriza-se pela
valorização da sonoridade e do ritmo das
palavras, considerados os elementos que
atingem os sentidos e as emoções das crianças
(COELHO, 1997).
“Para o leitor-criança, o ritmo é o aspecto do
poema que mais lhe chama a atenção, antes
mesmo do domínio da linguagem,
considerando-se que, já no berço, ele teve
contato com a musicalidade das cantigas de
ninar” (MELLO, 2001, p 73).
A proposta do poema infantil é “brincar
descompromissadamente com as palavras,
criando efeitos que surpreendem pela novidade”
(AGUIAR, 2001, p. 126). Ele pode caracterizar-
se pelo nonsense, isto é, o ilogismo, que
confunde as ideias e as deixa em aberto, não
permitindo ao leitor concatená-las com lógica.
Atividades práticas
Convidar as crianças a brincarem de poesia
com o poema “Convite”, de José Paulo Paes
(o mediador recita o poema antes de começar
as atividades com as poesias).
“A língua do nhem”
(Cecília Meireles)
Pré-leitura
Falar com as crianças na língua do “nhem”.
Depois perguntar-lhes se querem aprender
essa nova língua.
Leitura-descoberta
Recitar o poema.
Questionar as crianças:
• Por que a velhinha resmungava?
• Quais eram os animais que começavam a
resmungar junto com a velhinha?
Pós-leitura:
Questionar as crianças:
Como é um gato resmungando? E um cachorro? E
um pato? E uma cabra? E uma galinha?
Dramatizar a poesia com os “resmungos” dos
animais.
“Leilão de jardim”
(Cecília Meireles)
Pré-leitura
Pedir às crianças que descrevam como é o
jardim de sua casa ou da casa de algum
familiar.
Questionar as crianças:
Vocês sabem o que significa a palavra leilão?
O que um poema com o título “Leilão de jardim”
vai tratar?
Leitura-descoberta
Recitar o poema utilizando o recurso do
flanelógrafo, inserindo cada personagem que
o poema for apresentando. Como esse ficará
exposto, após a leitura, poderá ser retomado
com as crianças o que há no jardim do
poema para ser leiloado.
Pós- leitura
Produzir um poema tendo por base a
estrutura do poema “Leilão de jardim”, porém
com outro ambiente da casa, por exemplo:
leilão do quarto, leilão da sala, etc. Cada
criança apresenta em forma de leilão o seu
texto, para ver quem se interessa pela
compra.
Confeccionar, em grupos, uma maquete
apresentando o leilão do poema. Outra
possibilidade é cada criança confeccionar sua
maquete individual do leilão, referente à
atividade anterior.
“O pato”
(Vinícius de Moraes)
Pré-leitura
Solicitar às crianças que contem uma
travessura que já tenham feito.
Dizer o título do poema e propor às crianças
que imaginem quais as travessuras que um
pato pode ter feito.
Leitura-descoberta
Recitar o poema e expô-lo no mural da
biblioteca.
Criar uma ilustração para a travessura que o
pato fez que mais gostou.
Pós-leitura
Cantar com a crianças a música e criar
gestos, dramatizando o poema.
Criar uma história com outro animal que
também faça várias travessuras. Após, quem
quiser pode ler para a turma.
“Paraíso”
(José Paulo Paes)
Pré-leitura
Questionar os alunos sobre qual a cantiga de
roda que eles mais apreciam.
Dizer aos alunos que fará a leitura de um
poema que lhes lembrará uma cantiga de
roda. Antes, dizer que o seu título é “Paraíso”
e deixar que eles suponham a qual cantiga se
refere.
Leitura-descoberta
Recitar o poema.
Pós-leitura
Questionar as crianças:
• Qual a cantiga de roda lhes lembrou esse
poema? Com a resposta “Se esta rua fosse
minha”, cantar com elas essa cantiga.
Fazer uma comparação entre o poema e a
música, por meio dos seguintes
questionamentos:
• O poema de José Paulo Paes trata de
questões atuais, quais são elas?
• Qual a sua opinião a respeito dessas
questões que o autor aborda?
“Receita de espantar a tristeza”
(Roseana Murray)
Pré-leitura
Distribuir uma folha de papel e pedir às
crianças que desenhem uma fisionomia de
alguém muito triste. Após, deverão
apresentar o seu desenho dizendo o motivo
dessa tristeza.
Leitura-descoberta
Recitar o poema.
Questionar as crianças:
• Por que o poema apresenta esse título?
• O que é uma receita?
Pós-leitura
Criar uma receita para espantar a tristeza
daquela personagem criada por elas na
atividade de pré-leitura.
Apresentar as receitas para a turma.
Apresentar os títulos dos outros poemas que
compõem o livro e criarem juntos uma
Receita para ler livros.
“A caligrafia de Dona Sofia”
(André Neves)
Pré-leitura:
Trazer um poema de que gostem muito para
ler para os colegas (Sarau Poético).
Leitura-descoberta
Ler a história.
Pós-leitura
Confeccionar um marcador de página
poético. Cada um escreve em seu marcador
o poema que mais gosta e após far-se-á um
amigo secreto, para que cada um receba um
marcador de presente.
Referências
Textos de estudo:
ASSUMPÇÃO, Simone. Poesia folclórica. In: SARAIVA,
Juracy Assmann (Org.). Literatura e alfabetização: do
plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre:
ARTMED, 2001. p. 63-68.
AGUIAR, Vera Teixeira de (Coord.) et al. Era uma vez ...
na escola: formando educadores para formar leitores.
Belo Horizonte: Formato, 2001.
BORDINI, Maria da Glória. Poesia infantil. São Paulo:
Ática, 1986.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria,
análise, didática. 6.ed. São Paulo: Ática, 1997.
GEBARA, Ana Elvira Luciano. A poesia na escola:
leitura e análise de poesia para crianças. São Paulo:
Cortez, 2002.
MELLO, Ana Maria Lisboa de. Lírica e poesia infantil. In:
SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). Literatura e
alfabetização: do plano do choro ao plano da ação.
Porto Alegre: ARTMED, 2001. p. 69-73.
MELO, Veríssimo de. Folclore infantil. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1985.
ZILBERMAN. Regina. Como e por que ler a literatura
infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
Textos de Aplicação:
AZEVEDO, Ricardo. Armazém do folclore. São Paulo:
Ática, 2006.
AZEVEDO, Ricardo. Meu livro de folclore. São Paulo:
Ática, 2004.
MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. 6.ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
MORAES, Vinícius de. A arca de Noé. 2.ed. São Paulo:
Companhia das Letrinhas, 2002.
MURRAY, Roseana. Receitas de olhar. São Paulo: FTD,
1997.
NEVES, André. A caligrafia de Dona Sofia. 2.ed. São
Paulo: Paulinas, 2007.
NÓBREGA, Maria José; PAMPLONA, Rosane. Enrosca
ou desenrosca?: adivinhas, trava-línguas e outras
enroscadas. São Paulo: Moderna, 2005.
NÓBREGA, Maria José; PAMPLONA, Rosane. Salada,
saladinha: parlendas. São Paulo: Moderna, 2005.
PAES, José Paulo. Poemas para brincar. São Paulo:
Ática, 1990.
Sugestões:
CAMARGO, Dilan. Brincriar. Porto Alegre: Projeto, 2007.
MURRAY, Roseana. Classificados poéticos. Minas
Gerais: Miguilim, 1984.
PAES, José Paulo. Lé com Cré. SãoPaulo: Ática, 1994.
SILVESTRIN, Ricardo. É tudo invenção. São Paulo:
Ática, 2003.
APÊNDICE U –
Material teórico para a elaboração de um projeto de leitura
PROJETOS DE LEITURA
Estratégias de leitura
Segundo Isabel Solé (1998) é necessário
ensinar estratégias para a compreensão leitora,
pois o que se deseja é formar leitores
autônomos, capazes de aprender a partir dos
textos.
“Para isso, quem lê deve ser capaz de
interrogar-se sobre sua própria compreensão,
estabelecer relações entre o que lê e o que faz
parte do seu acervo pessoal, questionar seu
conhecimento e modificá-lo, estabelecer
generalizações que permitam transferir o que foi
aprendido para outros contextos diferentes”
(SOLÉ, 1998, p. 72).
Pré-leitura
Ativar conhecimentos prévios: “O que eu sei
sobre este texto?”
Levantar hipóteses sobre: capa, título,
ilustração.
Apresentar o autor e o ilustrador.
Incentivar a recepção do texto (brincadeiras,
jogos com palavras retiradas do texto,
produção textual partindo da ilustração ou do
título, etc).
Leitura-descoberta
Ler o texto escolhido.
Questionar as crianças sobre o texto, para a
compreensão do mesmo.
Ler oralmente, dramatizando.
Ler silenciosamente.
Verificar o acerto das hipóteses levantadas.
Pós-leitura
Levantar e discutir as ideias suscitadas pelo
texto, para sua interpretação.
Promover atividades criativas baseadas na
leitura.
Referências
AGUIAR, Vera Teixeira de, BORDINI, Maria da Glória.
Literatura: a formação do leitor – alternativas
metodológicas. 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto,
1993.
NUNES, Lygia Bojunga. Livro: um encontro com Lygia
Bojunga Nunes. Rio de Janeiro: Agir, 1988.
ROCHA, Ruth. Atrás da porta. Rio de Janeiro:
Salamandra, 1997.
SARAIVA, Juracy Assmann (Org.). Literatura e
alfabetização: do plano do choro ao plano da ação.
Porto Alegre: ARTMED, 2001.
SARAIVA, Juracy Assmann e MÜGGE,
Ernani. Literatura na escola: propostas para o ensino
fundamental. Porto Alegre : Artmed, 2006.
SILVA, Vera Maria Tietzmann. Literatura Infantil
Brasileira: um guia para professores e promotores de
leitura. Goiânia: Cânone Editorial, 2008.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6.ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1998.
APÊNDICE V –
Modelo de produção textual avaliativa “O que mais me marcou no Curso foi...”
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
CURSO DE FORMAÇÃO
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA MEDIAÇÃO À PRÁTICA DE LEITURA
Nome da escola: ___________________________________________________________
Data: ____________________________________________________________________
O que mais me marcou no Curso foi...
ANEXOS
ANEXO A –
Autorização da SMED para uso do material
ANEXO B –
Análises de obras infantis
ANEXO C –
Projetos de leitura elaborados pelas professoras
ANEXO D –
Respostas do questionário – interesses e hábitos de leitura
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Leio. Passeio. Vou ao cinema, converso com amigos etc.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Sei lá no momento o que veio na minha cabeça é Branca de Neve, talvez é por que na época gostaria de
ser ela.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
A última grande lição – Comer, rezar e amar – A mulher escondida na professora.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Geralmente por indicação de colegas e amigos.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Sentada no sofá da sala.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Uma ou duas horas por dia, quando não estou muito cansada. Nas férias leio muito mais.
g) Em que período do dia você lê?
À noite.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Autoajuda, romance, livros sobre Educação.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Todos que eu gostei muito de ler e que de certa forma contribuíram para meu crescimento profissional e
pessoal.
2. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Passeio com meus filhos, vou ao cinema, leio, ouço música.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Seria a Menina Bonita do laço de fita, porque é uma das poucas personagens negra que tem a sua cor
valorizada, sem preconceito.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
O meu pé de laranja lima – Clarissa – Éramos seis – O retrato – Sete ossos.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Pelo tema/assunto: mistério, romance, fatos reais, livros com mensagens p/ reflexão.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Sentada ou deitada no meu quarto ou na sala.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Depende. Às vezes, uma ou duas semanas.
g) Em que período do dia você lê?
Normalmente, à noite, após chegar da faculdade.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Em ambiente calmo, leio silenciosamente.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Um livro de romance ou um livro com histórias que tenham mensagem (para refletir).
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Maneco caneco chapéu de funil. Vidas secas. A Bíblia.
3. Escola de Ensino Fundamental – Castro Alves
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Passear, toma chimarrão, assistir um bom filme, ler.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Ziraldo. As obras dele sempre me cativam p/ a leitura.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Uma professora muito maluquinha – O menino maluquinho.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Sempre dou uma olhada nos livros e após leio a contracapa p/ ver do que trata a obra, se gosto, leio.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Na cama.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Mais ou menos duas horas por semana.
g) Em que período do dia você lê?
À noite.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Silenciosa, só.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Conto ou romance.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
O pequeno príncipe. Carta errante, avó atrapalhada e menina aniversariante. O menino maluquinho.
4. Escola de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Brinco com meus filhos. Gosto de passear com eles. Quando estou sozinha gosto de pintar.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Ana Terra. Porque ela é uma mulher batalhadora, guerreira, que não deixa se abater por nada. Acho que
eu sou um pouco assim.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
A ferro e fogo (Josué Guimarães) – O tempo e o vento – O continente (Erico Veríssimo).
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Gosto muito de romances históricos, mas atualmente estou escolhendo mais os livros infantis, pois logo
penso em contar a história para os meus filhos.
e) Em que lugar você gosta de ler?
No quarto. Sentada na cama.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Quando começo o livro e estou determinada a terminar a leitura, procuro dedicar um tempo diário.
Depende muito do “tempo” livre naquele dia.
g) Em que período do dia você lê?
À noite, depois que os filhos dormem.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
No momento, um belo livro infantil.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Minha Bíblia Infantil. Os livros dos meus filhos.
5. Escola de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Leio; filmes; computador.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Cinderela. Porque gosto de livros onde as princesas são injustiçadas e depois são valorizadas.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
A bela adormecida – Pequeno Príncipe.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Livros espíritas. Comportamentais.
e) Em que lugar você gosta de ler?
No quarto.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Depende do tempo que disponho, às vezes, duas horas (o máximo).
g) Em que período do dia você lê?
À noite; fim de semana.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Comportamental. Romance. Suspense.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Bordado encantado. Tapete mágico. Contos de fadas. Um conto por dia (coleção).
6. Escola de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Sempre que tenho uma tarde livre, meus netos (8 e 5 anos) vão para minha casa. Fazemos as tarefas da
escola, leio histórias, desenhamos, lanchamos. Às vezes, vamos à pracinha. Sempre há leitura.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
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c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Diles (ganhei de uma mãe de aluno, pela importância que ela acreditou que eu tive na relação
professora-aluno com seu filho) – Violetas na janela.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Não tenho um critério gido, sei o que não gosto. Leio sempre livros que são mais vendidos, às
vezes, me arrependo, mas leio. No momento estou lendo O vendedor de pipas. Sou péssima para memorizar
títulos.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Sempre sozinha, geralmente no meu quarto, a qualquer hora que eu tenha disponibilidade. Na praia, leio
em uma área que fica nos fundos da casa, esqueço da vida...
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Mais ou menos duas semanas.
g) Em que período do dia você lê?
Em época escolar, geralmente, à noite. Férias: após o almoço (depois de arrumar a cozinha, é claro).
Leio quase toda a tarde, e antes de dormir.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Romance com narrativas variadas: suspense, que fale de acontecimentos que envolvam fatos reais.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Matuto. Violetas na janela. Todos relativos a este nero (mesmo sendo católica, não sou espírita, mas
gosto de ler acontecimentos envolvendo tramas familiares).
7. Escola de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Gosto de conversar com os vizinhos, tomar chimarrão, ler e ou dormir.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Magali, porque adoro comer fora de hora.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Branca de Neve – Os três porquinhos.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Por indicação ou depende do meu estado de espírito.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Ao ar livre ou em qualquer lugar, desde que a leitura seja interessante, acordo de madrugada e leio um
pouco na cama.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Quando gosto do que estou lendo, fico contando os minutos para retornar a leitura. O que falta é tempo.
g) Em que período do dia você lê?
Quando dá tempo em qualquer hora.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Só e silenciosa, sem nada ligado se não eu me desconcentro com facilidade.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Suspense e romance.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
O cesto onde estão todos os livros de Erico Veríssimo e Machado de Assis e outros que gosto como
Ruth Rocha.
8. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Osvaldo Aranha
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Vou passear com a família.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Ricardo Azevedo, gosto das suas obras, principalmente as “engraçadas”.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
O monge e o executivo, é o que me veio em mente neste momento.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Gosto de leituras que acrescentam algo para minha vida, lições de vida, que me fazem pensar como
tenho vivido e contribuído p/ algo nesta vida.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Na cama, sentada.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Muito pouco, leio muito p/ a faculdade e infelizmente não tenho lido outras obras. Claro estou lendo p/
os alunos e minha filha.
g) Em que período do dia você lê?
À noite ou final de semana, à tardinha. Leio p/ minha filha de 5 anos.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa, num ambiente silencioso. Para minha filha leio em voz alta, claro, lembrei-me que
também é uma leitura que faço.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
O mesmo citado na questão 4 ou então qualquer que me surpreenda, gosto de ser surpreendida na
leitura.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Difícil esta pergunta, mas o meu instinto materno me faz pensar que salvaria os livros infantis de minha
filha.
9. Escola de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Tomo chimarrão, converso c/ os amigos, passeio, assisto filmes, leio.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Branca de Neve, porque sempre gostei da história e da roupa dela.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
O pequeno príncipe.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Muitas vezes por indicação, outras pelo que o título sugere.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Em casa, na área (na rede), deitada (no quarto). Na escola, na biblioteca.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
O tempo que for necessário, às vezes, começo várias leituras ao mesmo tempo.
g) Em que período do dia você lê?
De manhã (sempre) o jornal e outros na biblioteca e à noite em casa.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Só, em silêncio.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
De autoconhecimento, espírita, poesia – adoro poesia.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Toda coleção “literatura em minha casa”. Bom dia todas as cores. Crônicas de Nárnia. O menino
maluquinho. Os clássicos. Menina bonita do laço de fita. Nito, o menino bonito. Festa no céu. O gato pirado.
Zoom. Lendas. Folclore. Todos infantis... E muitos outros que agora não lembro.
10. Escola de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Gosto muito de olhar filmes. Ler, adoro gibis, fazer palavras cruzadas.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Gostaria de ser Dona Benta do Sítio do Pica-pau Amarelo, contar histórias e poder “conviver” com os
personagens.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Tive quando pequena um livro O coelhinho Dengoso, lembro até hoje desta história eu adorava ler e
reler a mesma.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Costumo me informar dos livros mais vendidos e entre eles procuro o que mais me agrada, sempre
compro livros e costumo colocar no início a data que comecei a ler e também quando terminei a leitura.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Gosto de ler no quarto, quando estou sozinha e no silêncio.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Quando a história me prende costumo ler muito rápido, e sempre que posso leio um pouco até durante o
dia, mas geralmente leio rápido, não saberia dizer exatamente quanto tempo mas não demoro muito não.
g) Em que período do dia você lê?
À noite, pois trabalho o dia todo e como estou na biblioteca de manhã às vezes consigo ler lá, mas de
uma coisa não abro mão ler o jornal antes de sair de casa.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa não gosto de barulho quando estou lendo.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
No momento queria ganhar – A menina que roubava livros.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Claro que iria escolher os que mais gostei, Monteiro Lobato com certeza estaria contemplado no meu
salvamento.
11. Escola de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Assisto filmes. Leio.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Carolina – A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Erico Veríssimo – Joaquim Manuel de Macedo.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Título. Ilustração. Material utilizado (papel de qualidade). Conteúdo desejado. Estilo.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Na cama.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Depende do tempo disponível. Se o livro for interessante (dois dias); semanas, mês. Leio mais nas
férias.
g) Em que período do dia você lê?
À noite.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Romance.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Romances. Livros poéticos. Atualmente estou lendo muito – livros evangélicos.
12. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Descanso com a família nos fins de semana e leio quando estou sozinha.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Sinceramente não consigo mencionar nenhuma.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Não consigo citar nenhuma. Em cada fase de leitura que tive me senti marcada: os gibis, a coleção do
Cachorrinho Samba, os romances, as revistas, livros científicos.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Indicação de amigos. Sinopse. Qualidade do material.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Na praia (férias), no quarto (cama).
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
O tempo que for necessário para a compreensão.
g) Em que período do dia você lê?
À noite (durante o ano letivo). Nas férias, em todas as oportunidades.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Sozinha, silenciosamente.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Livro sempre é O presente, adoro todos que ganho: poesia, narrativa, suspense,...
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Que horror! Eu não saberia por onde começar. Acho que eu correria e abraçaria tantos quantos pudesse.
13. Escola de Ensino Fundamental – João Carlos Hohendorff
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Brinco com meus filhos, passeio, leio – jornais, revistas e livro, ando de bicicleta.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Cinderela. Devido a magia e o romantismo da fábula serem a “cara dela”. (meiga, amada, indefesa, etc.)
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Cinderela – A bela e a fera – Chapeuzinho Vermelho e O menino do dedo verde.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Adoro fábulas (até hoje, e as leio para meus filhos) e escolho por assuntos de interesse. Por necessidade
espiritual. Autoajuda, pedagógico.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Na cama, na rede, embaixo de uma árvore, na namoradeira.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Aproximadamente 6 horas semanais (leitura minha). Também leio com meus filhos e para eles mais ou
menos uma hora por dia.
g) Em que período do dia você lê?
À noite, e dia – tardes em finais de semana.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Minha leitura particular – silenciosa. Para meus filhos em voz alta ou em grupo.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Adoro “contos de fadas”!
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
A casa sonolenta. O menino do dedo verde. A bela adormecida no bosque. Feliz ano velho. O pequeno
príncipe. As 100 melhores histórias da mitologia. A velhinha que dava nome as coisas. João e Maria. Os três
porquinhos.
14. Escola de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Gosto de curtir a natureza em companhia da família, ler um bom livro.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Pocahontas, devido ao seu espírito aventureiro, corajoso e ético.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Cinderela Branca de Neve Obras de Monteiro Lobato, e atualmente, os livros espíritas, obras de
Alan Kardec, Violetas na janela, Muitos são os chamados, poucos os escolhidos.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Escolho livros que estejam relacionados ao espiritismo e literatura infantil p/ me aproximar do
mundinho das crianças.
e) Em que lugar você gosta de ler?
No jardim ou no quarto (antes de dormir).
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Atualmente, trabalhando 40 horas, cursando faculdade e “atendendo” três filhos, não tem sobrado muito
tempo, mas leio sempre que possível.
g) Em que período do dia você lê?
Geralmente à noite, depois que as crianças dormem.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa e individual.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Um livro espírita.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Obras de Monteiro Lobato e poesias de Cecília Meireles.
15. Escola de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Leio e assisto televisão. Nas férias, quando posso, viajo.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Chapeuzinho vermelho, porque passei muito tempo tendo medo do lobo, até descobrir que ele era
simplesmente um bolo.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Rapunzel – Cinderela – Chapeuzinho vermelho.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Pela sugestibilidade do título, pela apresentação e, se conheço, pelo nome do autor.
e) Em que lugar você gosta de ler?
No meu quarto, em algum lugar ao sol, em qualquer lugar agradável e confortável.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
O máximo de tempo de que disponho, nem que seja pequenos intervalos entre uma e outra leitura
essencial para meu trabalho e/ou formação.
g) Em que período do dia você lê?
Quando posso, muitas vezes quando estou em algum ônibus ou trem, à noite, antes de dormir.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Só, leitura silenciosa, mas não necessariamente no silêncio.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Literatura infantil.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Todos os que eu pudesse carregar, de Literatura Infantil, Infanto-Juvenil e Literatura Brasileira.
16. Escola de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Canto, danço, visito os parentes, leio, viajo para praia ou serra.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
A fada madrinha – a que faz de 1 abóbora 1 carruagem, a que ajuda a Cinderela a realizar seu sonho, só
que eu queria ter 1 varinha mágica para facilitar a minha vida.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
A Branca de Neve (filme também) A bela adormecida O mistério do cinco estrelas A serra dos
dois meninos Coleção Angélica (de Anne e Lerge Golon) Se houver amanhã (Sidney Sheldon) também
li muito Harold Robbins, Danielle Steel (Segredo de uma promessa) Castro Alves (obras completas e
biografia).
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Pelo assunto, se alguém indicou e fiquei curiosa para -lo, se gosto do filme e resolvo ler o livro. Se li
numa revista que ele vendeu bem.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Em casa, na cama, antes de dormir.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Leio muito, principalmente sobre Arte, História da Arte por causa da faculdade de Artes Visuais que eu
faço. Os últimos livros que li de literatura é O código da Vinci e O poder da mente.
g) Em que período do dia você lê?
À noite, antes de dormir e sempre acabo dormindo “em cima” do livro pois trabalho 40h e estudo à
noite e chego em casa mais ou menos às 23h.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa e sozinha, faço comentários c/ familiares, amigos e colegas.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Aventura tipo Piratas do Caribe, ou autoajuda sobre Poder da mente, tipo O segredo, Seicho no ie, etc.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Bíblia sagrada. O poder da mente – Masaharu Taniguchi. O poder da oração – Lauro Trevisan. O código
da Vinci (gostei muito, mais que do filme).
17. Escola de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Leio. Fico com meu filho. Passeio. Assisto televisão.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Ana Terra – porque acho que ela representa a garra da mulher brasileira, que enfrenta muitos obstáculos
no seu dia-a-dia.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Gina – Ana Terra e o Capitão Rodrigo Violetas ma Janela Como driblar a raiva O menino de asas
– A ilha perdida – Pais brilhantes, professores fascinantes.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Procuro muito minhas leituras pelo momento que estou vivendo. Sinto vontade de ler algo que me diga
alguma coisa.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Em casa, num lugar sossegado, prefiro na rua numa cadeira confortável.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Depois que tive filho, meu tempo está mais limitado, geralmente, ou seja, nos últimos tempos tenho lido
para mim no domingo pela manhã, algumas horas, menos do que eu gostaria.
g) Em que período do dia você lê?
Prefiro pela manhã, mas às vezes leio à noite.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
A minha leitura, do meu interesse, é silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Neste momento gostaria de um livro de espiritualidade.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Violetas na janela. Ana Terra. A ilha perdida. Robinson Crusoé. Por que os homens fazem sexo e as
mulheres fazem amor. O irmão que veio de longe. Os miseráveis.
18. Escola de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Passeio com a minha família; assisto um bom filme ou sempre que posso leio um livro.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Emília, devido a sua inocência e sinceridade.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Alguns livros de Machado de Assis e Jorge Amado.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Através de comentários em jornais, revistas sobre o livro ou sobre troca de ideias com amigos.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Gosto de ler ao ar livre.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Durante a semana uma hora, finais de semana um pouco mais.
g) Em que período do dia você lê?
Durante a semana à noite e fins de semana à tarde.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leio através de leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Gostaria de ganhar um livro de romance.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Sempre há uma esperança. O direito de ser feliz. Buda.
19. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Eu adoro cinema, teatro, música e boa bebida. Convivo ao máximo com meu filho, brincamos,
passeamos, lemos, olhamos tv.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
D. Quixote ou Sancho.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Mitologia em geral – primeiras estórias (Guimarães Rosa) – Dom Casmurro (Machado de Assis)
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Por indicação, conhecimento prévio.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Em meu lugar de estudo ou na cama.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Meia hora por dia, quando dá. Para meu livro de escolha particular.
g) Em que período do dia você lê?
Para meu gosto: à noite.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Atualmente, boa literatura infantil.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Lobisô. Lobo negro. O sapato que miava. Continente I. Primeiras estórias. Orgulho e preconceito.
20. Escola de Ensino Fundamental – Edgard Coelho
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Leio, passeio, assisto filmes, curto minha família...
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
A Bela. Por ser uma pessoa ao mesmo tempo frágil e corajosa.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Éramos seis – Meu pé de laranja lima...
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Muitas vezes por indicação.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Num local silencioso, sozinha.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Atualmente, devido a faculdade muito pouco tempo.
g) Em que período do dia você lê?
À noite.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Espírita, romance.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
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21. Escola de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Nos momentos de lazer, quando possível, saio para passeios, às vezes, “sem rumo certo”. Em outros,
leio.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Clara Luz, por ser uma “fada que tinha ideias”; é uma personagem criativa, crítica, em busca de novas
descobertas...
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Os três porquinhos – Branca de Neve – João e Maria – Chapeuzinho Vermelho – Cinderela – Gulliver
Robinson Crusoé – Peter Pan,... O mundo de Sofia.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Às vezes leio mais de um livro ao mesmo tempo. Procuro livros para formação na área em estou
atuando (teorias) bem como, a literatura em si (infantil infanto/juvenil romances) e ainda, livros de
autoajuda.
e) Em que lugar você gosta de ler?
No ônibus; na escola; embaixo de uma árvore; em casa, em um cômodo reservado.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Leio, aproximadamente, um livro por mês depende da disponibilidade de tempo e do “tamanho da
obra”.
g) Em que período do dia você lê?
No ônibus, durante as idas e vindas para a escola. À noite, em casa.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa e só.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Um livro de literatura infanto-juvenil.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Todos aqueles que marcaram minha vida (item 3); livros de Rubem Alves, como: O medo da
sementinha; O patinho que não aprendeu a voar; Como nasceu a Alegria; entre outros. Muitos também de
Ruth Rocha sendo alguns: A árvore do Beto; Como se fosse dinheiro (Catapimba e sua turma); A escola de
vidro; O menino que aprendeu a ver; Bom dia todas as cores. Salvaria também livros como: A pequena
vendedora de fósforos; Contos de Grimm, Andersen e Perrault; A fada que tinha ideias; A casa na floresta;
Videiras de Cristal; alguns livros de Zibia Gasparetto; Chico Xavier... e, todos de Brian Weiss.
22. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Ouço música, leio e não faço nada.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Fada, porque todas são lindas.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Pollyana – A fada que tinha ideias – O menino do dedo verde – Livros de autoajuda e espíritas.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Por indicação e gosto.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Em casa, em silêncio.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Depende do livro, se há interesse, leio rápido.
g) Em que período do dia você lê?
À noite.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Sozinha.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Autoajuda.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Dramas, espíritas e autoajuda. Alguns infantis que li no tempo de escola.
23. Escola de Ensino Fundamental – Santa Marta
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Assisto filmes, leio, adoro estar com os amigos jogando conversa fora.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
A Emília, do Sítio do Picapau Amarelo. Porque ela é agitada e falante, além de ser aventureira.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
O Pequeno Príncipe – O mistério do Cinco Estrelas – Crônicas de Nárnia.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Gosto de livros que tem relação com a História; aventura, suspense.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Deitada em meu quarto e/ou na praia.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Depende do livro, mas levo em média um mês. E assim que, termino um, já pego outro e vou lendo com
muita calma.
g) Em que período do dia você lê?
À noite ou durante o dia quando estou escolhendo uma obra para trabalhar com os alunos.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
De aventura.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
A coleção do Harry Potter.
24. Escola de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Gosto de sair com a família; brincar c/ o filho.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Emília, é que marcou minha infância com as aventuras no Sítio.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Sítio do Picapau Amarelo. Patinho feio. Pequeno Príncipe.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Por interesse de momento.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Bem confortável, no sofá ou rede.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Depende do livro, se gosto muito, quase engulo o livro.
g) Em que período do dia você lê?
No final de semana, normalmente à tarde. (filho dorme, marido joga).
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa. Gosto de ler para meu filho.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
Gosto de livros de autoajuda. Poesia.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
Acho difícil escolher, tentaria o maior número possível. O pequeno príncipe e muitos outros.
25. Escola de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
a) O que você faz nos seus momentos de lazer?
Leituras (revistas, jornais, livros espirituais...). Visitas, bater papo e tomar chimarrão.
b) Se você tivesse que se apresentar tendo como modelo uma personagem literária, qual seria? Por quê?
Cinderela, pelo romantismo e também o bem prevalece.
c) Quais as obras que marcaram sua vida?
Cinderela. Polyana.
d) Como é feita a sua escolha de leitura?
Capa, resumo da obra (verso) ou introdução.
e) Em que lugar você gosta de ler?
Na mesa da sala de jantar.
f) Quanto tempo você dedica à leitura de um livro literário?
Todo tempo possível à noite mais ou menos 1 a 2 horas.
g) Em que período do dia você lê?
Todo momento na escola se está lendo, seja para selecionar algo para os alunos ou p/ hora do conto,
mas leitura pessoal à noite em casa.
h) Como você lê? (leitura silenciosa ou em voz alta; em grupo ou só; ...)
Leitura silenciosa e de preferência sozinha e num ambiente silencioso.
i) Se fosse ganhar um livro, de que tipo gostaria?
De romance.
j) Houve um incêndio fictício na biblioteca onde estariam todos os livros que você leu, porém, você
teria a chance de entrar uma última vez para salvar alguns poucos livros, quais seriam?
A velhinha maluquete. Cinderela. A bela e a fera. Chapeuzinho vermelho. O reizinho mandão.
ANEXO E –
Respostas da produção textual “Na minha escola, a leitura...”
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
Na minha escola, a leitura...
É trabalhada com os alunos através de textos, jornais, livros, revistas. Penso que deveria ser mais
trabalhada pelos professores e também pela família.
Tenho observado que os alunos demonstram bastante interesse pela biblioteca, frequentemente solicitam
livros de Monteiro Lobato e Erico Veríssimo que muitas vezes são citados pelos professores.
Os professores que gostam de ler conseguem transmitir aos alunos o gosto pela leitura.
2. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
Na minha escola, a leitura...
É trabalhada tanto na biblioteca (hora do conto) quanto na sala de aula. Os professores da hora do conto
e do projeto da escola procuram trabalhar temas que são trabalhados também em sala de aula, abrangendo os
alunos da educação infantil a 5ª série do Ensino Fundamental.
Noto que os alunos demonstram prazer quando estão na biblioteca e realizam atividades de audição ou
leitura de contos, fábulas, poesias, músicas, literaturas variadas,... Muitos sentem-se estimulados através da
leitura realizada pela professora e por colegas e aos poucos vão “criando” hábito/gosto pela leitura.
Na biblioteca, toda semana os alunos fazem a devolução e retirada de livros, onde estes dirigem-se e
escolhem nas estantes os livros do seu gosto (gibis, literatura infantil, poesia, enciclopédia, revistas,...)
3. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Castro Alves
Na minha escola, a leitura...
As professoras da minha escola estão bem engajadas no trabalho com leitura e escuta dos alunos.
Tem uma professora da quarta série, que após retirarem os livros os alunos leem e fazem uma produção
e devem ainda contar a história para os colegas.
Outras estão trabalhando com a poesia (o que os alunos adoram) e após eles lerem, devem criar uma
poesia e apresentar para os colegas.
As histórias em quadrinhos estão chamando bastante atenção dos alunos (adoram ler).
4. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
Na minha escola, a leitura...
Possui um momento privilegiado.
Além das leituras realizadas em sala de aula e das retiradas de livro semanal para leituras em casa, as
turmas estão realizando um momento de leitura individual na biblioteca. Cada aluno faz a leitura do material
(livro, revista, enciclopédia) que mais lhe interessa.
O momento da leitura, como é chamado pelos alunos menores, está sendo um momento muito
interessante e produtivo. Inicialmente alguns alunos não participavam integralmente da proposta, porém, com o
passar dos dias, as solicitações dos colegas e professora as turmas foram se acostumando e, atualmente, o
“momento da leitura” é algo que tem dado muito certo.
5. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
Na minha escola, a leitura...
- é incentivada pelos professores, não só da biblioteca, mas as regentes das turmas também.
- As atividades, geralmente, são iniciadas através de uma história (pequenos)
- Os maiores retiram livros, que após são feitos resumos, poesias, vocabulários.
- Os livros são retirados de acordo com os gostos, mas sempre querem retirar o da história que foi
contada.
- Na sala do EVAM, fazem desenhos ou escrevem a história novamente.
- Acho que poderia ser bem mais explorado pelas professoras, usando a história como textos...
6. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
Na minha escola, a leitura...
Como trabalho apenas pela manhã e na biblioteca não tenho uma visão geral de como isso se
desenvolve.
Sei de algumas situações por conversas informais de algumas colegas: 4ª série li algumas poesias
criadas pelos alunos (com ilustrações) após a profª ter lido a poesia que falava em bombons. Os alunos fizeram
as poesias onde era necessário aparecer a palavra citada. Achei excelente por ser a 1ª vez.
Com as séries (3), na biblioteca, os alunos escolheram um livro (livre) e podiam fazer um resumo do
mesmo ou escolher um conto. Trabalhei bastante com: autor, ilustrador, adaptação. Ainda não terminaram, nem
todos fizeram ou conseguiram fazer.
Vejo que as turmas trabalham, mas não sei exatamente como fazem.
7. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
Na minha escola, a leitura...
Acontece de forma muito legal. Quando não tenho que assumir turmas em sala de aula, trago os alunos
para a biblioteca, durante um período por semana para cada turma. A professora titular acompanha este momento
dando orientação, apoiando os alunos na escolha dos livros.
Uma vez por mês me encarrego de realizar uma Hora do Conto nas turmas de 5ª a 8ª, também
aproveitando o momento para realizar uma atividade mais descontraída, onde aproveito o momento para
incentivá-los a ler.
No recreio também muitos alunos procuram a biblioteca, para ler.
8. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Dr. Oswaldo Aranha
Na minha escola, a leitura...
No geral, precisa ainda ter objetivos mais claros, que vão além do ler para trabalhar questões
ortográficas. Precisamos parar para pensar que tipo de leituras estamos oferecendo aos nossos alunos: têm
alguma função social? Para que serve? Tem lógica? Enfim, percebo, principalmente nas séries iniciais que são
trabalhados textos para enfatizar determinadas letras e as interpretações feitas sobre eles normalmente as
respostas estão no texto ou são de cunho pessoal, mas dificilmente ajudam a entendê-lo.
São raros os professores que vão até a biblioteca pedir algum livro para ler para os alunos. Normalmente
trabalham textos retirados de livros didáticos. Precisamos avançar e acredito que isto aconteça através de uma
formação continuada e que em reuniões pedagógicas possamos estar refletindo sobre estas questões.
9. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
Na minha escola, a leitura...
É feita também em sala de aula. A maioria dos professores fazem um momento de leitura pelo menos
uma vez na semana na sua sala de aula.
Alguns deixam esta prática tão importante para a “hora do conto”, que é quinzenal.
E outros, aproveitam até as aulas de P2 para fazer um “pouquinho” de leitura.
10. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
Na minha escola, a leitura...
A leitura na minha escola é trabalhada não só por mim na biblioteca, mas também nas salas de aula, não
digo que todas trabalhem, mas a grande maioria, elas contam histórias na sala de aula, as crianças retiram livros
na biblioteca.
Os alunos da área frequentam também a Biblioteca com bastante frequência para leitura e retirada de
livros, e eles possuem também em seu horário o conteúdo de Produção Textual, onde a professora trabalha muito
bem a literatura com eles, portanto acredito que a nossa escola esteja fazendo um bom trabalho na busca de
formação de leitores.
11. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
Na minha escola, a leitura...
Está sendo desenvolvida da seguinte forma: Projeto Hora do Conto; incentivo a retirada de livros da
biblioteca. Projeto Ler é Saber. Leitura em sala de aula posteriormente são realizados trabalhos.
12. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
Na minha escola, a leitura...
É incentivada através da retirada de livros na biblioteca, o que ocorre semanalmente. Além disso,
muitos professores realizam leituras de livros para os alunos. Ainda são lidos os fascículos do projeto Ler é
Saber recebidos pela SMED.
13. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Prof. João Carlos Hohendorff
Na minha escola, a leitura...
É incentivada em todos os ambientes. Temos hora do conto com as profes do projeto, as professoras das
séries iniciais trabalham com contação de histórias em sala de aula, os profes de português fazem trabalhos com
livros lidos pelos alunos. Tem um horário específico para cada turma ir à biblioteca, incentivando assim, a
retirada de livros. Na semana do livro infantil sempre é realizado atividades diferenciadas, por exemplo, esse
ano, “Monteiro Lobato” e um dos seus personagens, “Visconde”, visitaram as salas de aula contando um pouco
da biografia do Monteiro, foi realizado uma hora do conto especial com a “Emília” para todas as turmas, e no dia
do livro foi realizada uma feira do livro escolar e cada turma teve 45 minutos dedicados à leitura na sala de aula.
Cada ano é realizado isso de forma diferenciada, ano passado, por exemplo o horário de leitura das turmas foi na
cancha, onde montamos um local “adequado” para leitura, com tapetes, cadeiras confortáveis, redes, e até um
espaço para desenho e pintura para os menores.
Também, sei fatos isolados, a professora de português, das séries está trabalhando autores
específicos, trabalha o autor, suas obras, a maneira de escrever, o tipo de texto e os alunos leem as diferentes
obras dos mesmos.
14. Escola Municipal de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
Na minha escola, a leitura...
Está passando por um momento de destaque. Além da hora do conto, da retirada de livros para a leitura
em casa como também para a leitura em sala de aula, iniciamos um projeto onde, uma vez por semana, durante
30 minutos, cada aluno leva um livro, uma revista, um jornal e realiza a leitura. Todos, na escola, participam:
alunos, professores, equipe diretiva, funcionários.
Temos outro projeto que está em fase de desenvolvimento, mas em breve será aplicado, diz respeito a
“criação” de poesias, envolvendo alunos de 4ª e 5ª série.
15. Escola Municipal de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
Na minha escola, a leitura...
Parece ser um fator de status social que, certamente, tem sido muito bem trabalhado pelos professores
tanto das séries iniciais, quanto pelos da área de Língua Portuguesa, provavelmente. A razão disso é que posso
observar o grande interesse que as crianças e jovens demonstram pela retirada de livros. A maior parte das
crianças que frequenta a biblioteca lê, em média, um livro por semana. Esse fato serve para comprovar, em
primeiro lugar, que os professores de todas as séries e, acredito eu, que principalmente os da séries iniciais, têm
sabido muito bem como criar bons leitores e, em segundo lugar, que eles próprios se dão conta da importância do
ato de ler para desenvolverem-se autonomamente como cidadãos.
16. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
Na minha escola, a leitura...
Poderia ser mais trabalhada.
Não vejo um empenho dos alunos em ler. E acho que as professoras deveriam incentivar mais a leitura,
oportunizando aos alunos um momento para isso. Também perdeu-se o hábito de realizar a leitura oral em
conjunto (comum na época em que eu cursava as séries iniciais – anos 70).
Os alunos de hoje preferem assistir um filme do que ler um livro. Os livros que eles m mais acesso
para adquirir (maletinhas) o baratos e de baixíssima qualidade, são resumo de histórias infantis conhecidas,
muitas vezes com péssimas ilustrações. Voltando ao ler, quando os alunos vão retirar os livros na biblioteca,
procuram coisas novas e como nossa biblioteca está com poucos exemplares bons, desestimula a leitura.
Também os alunos de 5ª série se interessam por enciclopédias antigas com muitas ilustrações com vários
assuntos sobre Ciências, História, Geografia, carros, aviões e ed. sexual (tem 1 coleção sobre Sexualidade que é
muito retirada a partir da série). Não existe a Hora da Leitura como a Hora do Conto, mas acho que poderia
haver um momento desses, desde o ano até ano/4ª série). Este ano a biblioteca ficou mais apertada, pois
recebemos 3 computadores da POSITIVO, o que prejudicou a retirada de livros.
Eles gostaram da hora do conto em que trabalhei O menino do dedo verde, O pequeno príncipe, A
formiguinha e a neve e isso despertou a curiosidade neles para lerem estes livros, por exemplo.
17. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
Na minha escola, a leitura...
Esta cada vez mais presente nas salas de aula, após várias reuniões e combinações ficaram combinadas
algumas medidas que os professores precisam adotar, como reservar um horário no planejamento além da hora
do conto, para leitura em sala de aula. A biblioteca fornece vários materiais p/ os professores, livros, revistas,
gibis, e eles podem ir trocando de tempo em tempo. A supervisão tem feito um acompanhamento junto do
professor p/ ver se realmente estão ocorrendo o momento da leitura.
Também os alunos que necessitam do reforço no contraturno, estão sendo bem trabalhados com a
questão da leitura.
Percebo que está havendo uma melhora gradual na leitura dos nossos alunos, mas ainda tem muito as se
fazer, pois temos uma realidade onde nosso aluno somente na escola, então o investimento precisa ser cada
vez melhor, pois se queremos alunos leitores, precisamos incentivar a leitura sempre e muito.
18. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
Na minha escola, a leitura...
Pelo que posso observar esta é trabalhada apenas na hora do Conto. Percebo também que o que é
trabalhado fica somente restrito a biblioteca.
19. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
Na minha escola, a leitura...
... Era muito descolada da sala de aula.
No ano passado, a biblioteca resolveu ouvir a comunidade escolar sobre seu trabalho, perguntar o que a
comunidade quer, pensa e questionar as rotinas que se estabeleceram no decorrer dos anos e que nunca nos
perguntamos de onde vinham ou o que se pretendia através desta rotina.
O trabalho foi organizado em forma de projeto e se criaram instrumentos de pesquisa para serem
aplicados nos diversos segmentos da comunidade escolar.
As respostas foram tabuladas e organizadas mais qualitativamente que quantitativamente, apontando
diversas ideias que foram discutidas e interpretadas, tentando-se chegar a um consenso apresentado para o grupo
de professores.
Dado importante: a biblioteca foi apresentada pela maioria como um lugar de pesquisa, em segundo
lugar, hora do conto e, em terceiro, empréstimo de livros.
Em relação à organização dos trabalhos desenvolvidos na biblioteca apontou-se muito da necessidade
de “diálogo permanente” entra ela e o corpo de professores.
Assim a hora do conto está deixando de ser um trabalho isolado da sala de aula, o professor regente e o
professor da biblioteca pensam juntos como, o quê, por quê e como continuar com a leitura em sala de aula.
Então, a leitura é um espaço compartilhado e ininterrupto, onde a ida à biblioteca é uma das etapas, as
temáticas e a estrutura dos livros tratados na biblioteca são uma escolha feita a partir daquilo que está
acontecendo em cada sala de aula – isto em seu ideal.
20. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Edgard Coelho
Na minha escola, a leitura...
É proporcionada através da retirada de livros quinzenalmente, onde o aluno escolhe o livro que quer
levar para casa para ler e fica com ele por uma semana, sendo permitida a renovação por mais uma semana no
caso de o aluno não ter conseguido concluir a leitura do livro.
Também quinzenalmente, intercalado com a Hora do Conto, é realizada a “Hora da leitura”, onde os
alunos se dirigem a biblioteca e estão disponibilizados livros, revistas e jornais para que os alunos realmente
dediquem alguns minutos do seu dia à leitura.
21. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
Na minha escola, a leitura...
A leitura lá na escola é bastante incentivada por alguns professores mas, isso não é regra. Na biblioteca,
no turno da manhã, reservo sempre uma parte do tempo para que os alunos escolham livros conforme suas
preferências para leitura ali; uma vez por semana, as turmas retiram livros para leitura em casa. Também, tem
professores que desenvolvem trabalhos que incentivam e despertam o gosto pela leitura mas, por outro lado,
professores que “cobram” a leitura como material para produção de fichas de leitura e estudo gramatical; a
própria direção da escola considera a biblioteca apenas “um plus a mais”.
22. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
Na minha escola, a leitura...
Acontece preferencialmente pela professora responsável pela biblioteca.
São pouquíssimos os professores que trabalham leitura na sala de aula (aquela leitura com cobrança,
valendo nota, acontece), mas a leitura pelo prazer de ler, são poucos os professores que trabalham.
A leitura na minha escola, parece, ao meu ver, é responsável pela “bibliotecária”.
Como este ano, até agora não estamos fazendo uso do espaço biblioteca, pois tem aula manhã e tarde,
nenhuma professora me pediu livros para serem lidos na sala de aula.
Acho que a leitura não pode, e nem deve, acontecer somente na biblioteca, mas sim, no pátio, no início
ou fim de aula, enfim...
23. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Santa Marta
Na minha escola, a leitura...
É uma preocupação constante. Muitos professores estão realizando projetos em sala de aula para o
estímulo da leitura. Procuram sugestões de atividades e estar sempre informados do acontece com sua turma na
HORA DO CONTO.
24. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
Na minha escola, a leitura...
A leitura é considerada o ponto essencial para a formação do cidadão que queremos, sendo assim
trabalhamos muito tentando incentivá-los pois lendo e compreendendo esta leitura o aluno irá conseguir sanar
suas dificuldades em qualquer disciplina, conseguirá fazer também uma leitura de mundo (do que ouve e vê)
sabendo diferenciar o que é certo e errado, e se tornar um cidadão crítico.
Incentivamos a leitura não importa o que eles gostem de ler. (gibis, livros, revistas).
25. Escola Municipal de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
Na minha escola, a leitura...
Acontece em todos os espaços em que os alunos se encontram, ou seja, na sala de aula com seus
respectivos professores, nos Estudos de Recuperação, na biblioteca... enfim, todos estão se organizando para que
aconteça este momento.
Apesar da escola estar ainda se organizando, (ela foi inaugurada este ano, 05/04/08) a hora do conto e a
promoção da leitura está inserida no trabalho diário dos professores. Não uma espera que a bibliotecária
trabalhe a leitura, todos se mostram preocupados em oportunizar este momento.
ANEXO F –
Respostas da produção textual “Na biblioteca da minha escola, eu...”
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
Na biblioteca da minha escola, eu...
- Desenvolvo o trabalho da seguinte maneira:
Trabalho com a hora do conto quinzenalmente com as turmas de Educação Infantil, ano, série e 4ª
série.
Geralmente para contar histórias aos alunos pesquiso nos livros do FNDE, ou na escola onde trabalho
no turno da tarde “Pedrinho”, o objetivo é levar para os alunos histórias que sejam interessantes.
Depois da história sempre sobra um tempo que aproveito para os alunos recontarem a história,
dramatizarem, ou fazerem um trabalho de recorte, pintura, colagem ou um trabalho escrito sobre a mesma.
Geralmente são escolhidos livros considerando a faixa etária dos alunos. Também procuro recursos
variados para contar a história e torná-la ainda mais interessante aos alunos. Os recursos utilizados são:
retroprojetor, teatro ou bonecos de fantoches, cineminha, etc. Os alunos maiores, às vezes, têm que criar a
história e depois representá-la com fantoches. É bem interessante, os alunos participam e gostam muito.
Para as turmas de 5ª séries todas as semanas são entregues livros e eles fazem trabalhos com a
professora em sala de aula.
Além deste trabalho que é realizado com os alunos também sou responsável pela organização da
biblioteca e para alcançar e divulgar entre os professores livros e materiais para serem trabalhados com os
alunos.
No turno da tarde tem uma colega qe trabalha em conjunto comigo e realiza o mesmo trabalho.
2. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
Na biblioteca da minha escola, eu...
Trabalho com a Hora do Conto e retirada e devolução de livros. Cada turma da Educação Infantil à
série (no turno da manhã) tem semanalmente 1 hora de hora do conto. Procuro desenvolver atividades de acordo
com a turma (faixa etária), selecionando livros e técnicas que sejam o mais interessante possível.
Durante a retirada e devolução os alunos se dirigem as estantes e escolhem os “livros” que gostam
(gibis, literatura infantil/juvenil, contos, revistas, enciclopédias, romances,...)
A bibliotecária do turno da tarde repete os mesmos procedimentos e compartilhamos as atividades
possíveis, já que ela atende os alunos da Educação Infantil ao 3º ano.
3. Escola de Ensino Fundamental – Castro Alves
Na biblioteca da minha escola, eu...
Faço troca de livros dos alunos todas as semanas, organizo as pesquisas que os alunos necessitam fazer
separando livros, revistas, todos os materiais, p/ facilitar e ajudar p/ um bom trabalho dos alunos.
Organizo os livros nas prateleiras.
Sempre seleciono os livros p/ os alunos das 1ª e 2ª séries p/ retiradas.
Algumas turmas quando vão fazer retirada, ficam um tempo na biblioteca olhando os livros e após
retiram.
Os alunos maiores sempre pedem sugestões do que ler, por isso sempre dou uma lida na contracapa dos
livros, para poder indicar.
Apoio nos momentos que os alunos assistem DVD na biblioteca, sendo sempre c/ horário marcado c/
antecipação.
4. Escola de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
Na biblioteca da minha escola, eu...
Brinco, pinto, viajo e faço rima. Encontro histórias, amigos, fadas e bandidos. Nela eu posso sonhar,
escrever e com as histórias me maravilhar, fazer arte.
A biblioteca da minha escola é toda colorida, espaçosa e bem arejada. É um espaço bem gostoso de
ficar. Nela ouvimos histórias, fazemos leituras, trabalhos, pesquisas... adquirimos conhecimento.
A biblioteca da minha escola é usada para tudo um pouco. É por isso que ela é uma maravilha.
5. Escola de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
Na biblioteca da minha escola, eu...
- Organizo livros, revistas.
- Faço registro de entradas e saídas.
- Faço retirada de livros a cada sete dias.
- Tenho hora do conto a cada sete dias, com 6 turmas, por uma hora.
- Sempre procuro desenvolver técnicas diferenciadas como: dobraduras, recortes, desenhos, etc.
- Nas quintas é dia de pesquisa para alunos do contraturno.
- Recolho livros das salas diariamente.
- Estou catalogando os livros no computador (minibiblioteca – programa).
- Coloco livros à disposição dos professores de acordo com datas, exemplo: folclore, 7 de setembro,
Páscoa,...
- Procuro incentivar a leitura para todos alunos.
- Me sinto muito bem dentro dela.
6. Escola de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
Na biblioteca da minha escola, eu...
Trabalho com a Hora do conto desde o 1º ano até a 5ª série, no turno da manhã. (são 10 turmas)
Seleciono o material de acordo com as turmas atendidas naquele dia. Geralmente para as séries,
escolho um conto ou uma história que “penso” estar mais de acordo com seus interesses.
Às vezes a professora pede algo, em especial, então leio, faço uma atividade relativa ao texto e ela
continua durante a semana.
Procuro escolher o texto, histórias de acordo com a faixa etária.
Para as crianças até 4ª série, acho fácil trabalhar, tenho mais dificuldade com as 5ªs. Também trabalho
com leitura livre.
7. Escola de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
Na biblioteca da minha escola, eu...
Atuo como bibliotecária, mas muitas vezes preciso substituir professor em sala de aula deixando de lado
o trabalho de biblioteca. Não temos secretária na escola e também sou destinada a esta função, pois não é culpa
da escola, pois, existem setores que são prioridades e não podem ficar sem atendimento.
Quando posso ficar na biblioteca, trabalho com ajuda em pesquisas de alunos e comunidade. Faço a
troca de livros uma vez por semana ou quando dá. Realizo a hora do conto de a 8 ª série uma vez por mês, o
que ultimamente não tem acontecido por falta de tempo. Uma vez por semana, tinha ficado determinado que o
professor (1 disciplina por semana), levaria os alunos até a biblioteca durante um período para pesquisa, ou
simplesmente leitura, explorando materiais da sua disciplina. Neste caso eu atuo como auxiliadora do professor e
alunos.
Gostaria que a minha biblioteca fosse valorizada, pois ela é linda e tem muito material para ser
explorado.
Ás vezes fica desorganizada, pois cada um entra e pega o que precisa, deixando fora de ordem.
Acabamos perdendo o controle.
8. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Osvaldo Aranha
Na biblioteca da minha escola, eu...
Desenvolvo atividades quinzenalmente, pois “dividimos” o horário com o EVAM (sala de informática).
Então, uma semana é de Biblioteca (todos os alunos, em seu horário específico da semana vão para a biblioteca,
50 minutos) e a outra semana têm o EVAM.
Começo a aula sempre com o conto, que varia muito, às vezes é de livro, outras vezes é história que não
consigo o livro, mas leio da folha ou conto sem ler. Os gêneros também variam. Após o conto realizo uma
atividade e em seguida, terminada a atividade, os alunos retiram livros como empréstimo, podendo ficar com ele
por uma semana.
Na semana que não trabalho de biblioteca com os alunos, este espaço pode ser utilizado pelos
professores e também para pesquisa.
Enfim, normalmente, em todas as aulas acontece uma contação de história, que às vezes também pode
ser o aluno, ou grupo de alunos, contando e criando histórias. Na maioria das vezes os alunos realizam uma
atividade artística sobre o conto e no final realizam a escolha de livros para levar.
Procuro sempre planejar atividades que eles consigam realizar neste tempo de 50 min, mas se não
terminarem eles podem levar para terminar em sala de aula.
9. Escola de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
Na biblioteca da minha escola, eu...
A hora do conto acontece semanalmente, a metade da turma vem pra biblioteca enquanto a outra metade
vai pra informática no período de 40 minutos. Durante este período, os alunos podem ler, assistir pequenos
filmes, escutar histórias, recontar as histórias através de desenhos, usando fantoches ou simplesmente contando o
que mais gostaram... às vezes proponho uma leitura em duplas, outras, em grande grupo, cada um lendo um
parágrafo. Alguns alunos gostam de jogar (montar palavras), outros gostam de “mexer”, olhar os livros nas
prateleiras, uns pedem o jornal pra ler naquele momento.
Eu tenho um planejamento, porém deixo, permito que todos fiquem à vontade, desde que estejam
envolvidos com a leitura.
Nos últimos minutos, eu peço que façam a retirada, ou, a troca de livrinhos com registro, onde sugiro
alguns títulos, ou busco algum título que eles pedem nas estantes.
Isto tudo acontece quando não tenho que substituir.
10. Escola de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
Na biblioteca da minha escola, eu...
A hora do conto na escola ocorre de quinze em quinze dias, alternando com a hora de informática. Foi
feito um horário para cada turma com duração aproximada de 45 minutos.
A contação da história em si ocorre a partir de uma apresentação prévia da mesma para os alunos, onde
leio o nome da mesma, autor, ilustrador e por parte deles ocorre algumas colocações ou melhor especulações
sobre o que ocorre na narrativa. Procuro na semana anterior a contação, planejar, escolher a história a ser contada
me familiarizar com mesma para que a narrativa torne-se mais atraente.
Depois que conto a história faço um comentário com os alunos sobre a mesma, eles falam sobre o que
mais gostaram, etc e também é feita alguma atividade relacionada com o que eles ouviram, às vezes sim às
vezes, não, esta é feita de diferentes formas, oral, ilustrativa, dobradura, etc.
A maioria das crianças gostam desta hora do conto e demonstram este gostar.
* Uma observação eles gostam das histórias tradicionais do que as mais atuais.
11. Escola de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
Na biblioteca da minha escola, eu...
Registro os livros novos, distribuo livros para os professores de Língua Portuguesa para serem lidos
pelos alunos. Atendo pesquisas diariamente. Hora do conto é realizada através de um Projeto Ambiental feito por
outra professora. Substituo professores que faltam. Na biblioteca também ocorrem: reforço escolar e sala de
vídeo (falta de espaço). Leciono para uma turma de 5ª série, Língua Portuguesa. No recreio, atendo os alunos
que desejam ler naquele período. Empresto livros somente para aqueles alunos que querem ler e sentem
necessidade, não usando um horário específico para retirada dos mesmos.
12. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
Na biblioteca da minha escola, eu...
Atendo os alunos diariamente para a retirada de livros e a realização de pesquisas solicitadas pelos
professores.
Não estamos realizando a hora do conto por causa desses atendimentos, pois, além desses, também
fazemos as cópias xerox solicitadas pelos professores da escola e da comunidade em geral e, quando necessário,
a substituição de algum professor em sua sala de aula.
Toda a organização dos livros (retirada, registro e empréstimo) tanto dos didáticos quanto dos de
literatura fica ao nosso encargo. Todas as turmas retiram e devolvem os livros de literatura semanalmente.
Recebemos os alunos, os professores e a comunidade em geral para a pesquisa na qual eles se interessam ou são
necessárias para o trabalho em sala de aula.
13. Escola de Ensino Fundamental – Prof. João Carlos Hohendorff
Na biblioteca da minha escola, eu...
Separo os materiais que as professoras pediram, atendo os alunos que estão fazendo trabalhos,
separando livros para a pesquisa e auxiliando-os no computador. A impressão desses trabalhos também ficam
por minha conta.
Cada turma de 1º ano à 8ª série tem um horário específico para virem à biblioteca retirar e/ou trocar seus
livros de literatura.
Por serem muitas turmas, a hora do conto não é realizada pelas bibliotecárias e sim pelas profes do
projeto.
Além do que foi descrito anteriormente, a bibliotecária organiza a biblioteca, registra livros novos, faz a
devida manutenção nos livros que estão estragados.
14. Escola de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
Na biblioteca da minha escola, eu...
Procuro realizar um trabalho criativo, dinâmico, divertido, voltado ao interesse dos alunos e em parceria
com a professora regente.
As atividades são planejadas antecipadamente e existe bastante flexibilidade entre a bibliotecária e a
professora da turma. A hora do conto acontece a cada quinze dias, sendo intercalada com a retirada de livros.
Normalmente a rotina da biblioteca é seguida. Quando não é possível, pois preciso substituir alguma colega que
faltou, desenvolvo o trabalho com o aluno durante o meu dia de planejamento. Estou muito satisfeita por estar
atuando na biblioteca da escola, pois é um trabalho muito gratificante e interessante (prazeroso).
15. Escola de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
Na biblioteca da minha escola, eu...
Estou organizando os horários para iniciar as atividades de Hora do Conto, provavelmente ainda nesta
semana. Como trabalho somente vinte horas, essa atividade será desenvolvida somente no turno da tarde, com as
turmas de primeiro e segundo ano.
16. Escola de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
Na biblioteca da minha escola, eu...
Faço apenas a retirada de livros, pois ela é muito pequena e este ano recebemos 3 computadores da
POSITIVO que foram instalados reduzindo ainda mais o espaço. Em fevereiro de 2008 organizei 2 estantes
pequenas para colocar os livros infantis que eram destinados à retirada, pois não havia um local para eles.
Antes ele ficavam na estante grande junto com os livros didáticos e isso me incomodava. Espero que tudo
melhore com a nova escola que será construída.
Agora os alunos ficam perguntando quando haverá mais retiradas, mas já não p/ fazer semanalmente
como era antes.
Eu faço a hora do conto na própria sala de aula deles e acho que isso às vezes desestimula, pois eu tenho
que insistir para que eles parem de copiar o que está no quadro para que possam entrar no clima da hora do
conto.
A limpeza da biblioteca também não está me agradando, pois a pessoa responsável varre o chão. E
eu, tendo rinite, tenho que, às vezes, me indignar e tirar de tudo com 1 paninho molhado ou espanador (o que
não é bom pro meu nariz KKK).
O acervo não é vasto então procuro livros na E.M.E.F. Olímpio V. Albrecht (onde trabalho à tarde) e na
Feevale (onde estudo) para realizar as horas do conto.
Não me acho uma pobre coitada, nem injustiçada, pois este é uma realidade que muitas escolas podem
estar passando é apenas um relato do meu cotidiano e de como está organizada a biblioteca. Tento fazer o melhor
que posso com o que tenho.
17. Escola de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
Na biblioteca da minha escola, eu...
Sigo uma rotina de ações com os menores, que são as seguintes:
- os alunos mostram, contam ou releem os livros retirados na semana anterior.
- em seguida eu realizo uma atividade com a turma (história).
- último momento os alunos devolvem o livro e fazem a escolha p/ próxima semana.
com as turmas de e séries, o espaço fica mais livre p/ que eles leiam, procuro sempre fazer
alguma sugestão de leitura, também conto algumas histórias, poesias e eles também podem fazer a leitura de
assuntos que gostaram.
E também faço retirada de livros com eles.
18. Escola de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
Na biblioteca da minha escola, eu...
Realizo o Projeto Hora do Conto, com os alunos de ano a série. Cada aula tem duração de
cinquenta minutos.
As histórias são apresentadas de diferentes maneiras como: através da leitura; oral; com teatro; filmes.
Sempre que tempo, os alunos realizam atividades relacionadas com a história. Seja esta atividade de
pintura, desenho livre, criação de histórias em quadrinhos individual ou em duplas; confecção de fantoches...
Os alunos maiores gostam muito de contarem histórias ao seu contrário, através de uma história
conhecida por eles.
A hora do conto é realizada semanalmente.
19. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
Na biblioteca da minha escola, eu...
E minhas colegas bibliotecárias, cada uma no seu turno, está aplicando uma sistemática adotada desde o
início do ano, a partir de um projeto desenvolvido com as ideias da comunidade escolar: planejar a hora do conto
com cada professor que trará sua turma, conforme a necessidade e temática pertinente. São observados nível de
compreensão, oferecendo assim maior possibilidade de aproveitamento de história contada, baseada na qual o
professor da turma seguirá com o trabalho em sala de aula.
Depois um pouco de técnica pessoal procurando criar expectativa para a leitura, curiosidade, aguçando a
atenção; objetos figuras, músicas e depois comentários, discussão perguntas “difíceis” para ver quem entendeu a
história.
Gostamos também de ampliar os desafios, como as “perguntas difíceis” com “encontre entre os livros o
texto que foi trabalhado”, que normalmente é um poema, dele não se revela título ou autor pensando também
nas turmas de área, pois realizamos hora do conto até a oitava série.
Leitura compartilhada de peça de teatro com direito a comentários sobre o texto e explicações.
Quanto maiores, os alunos são incentivados a seguir as leituras sozinhos, ou seja, começamos narrativas
cada vez mais longas e eles se organizam por interesse em continuar.
São diversas tentativas que se baseiam na inventividade do professor regente junto comigo, de acordo
com o que possa realmente, o mais possível, mobilizar os grupos. Às vezes dá certo, outras não.
20. Escola de Ensino Fundamental – Edgard Coelho
Na biblioteca da minha escola, eu...
Chego pela manhã, organizo os materiais que serão utilizados na hora do conto e em seguida busco as
turmas que terão hora do conto neste dia. Geralmente a hora do conto acontece nos 1ºs períodos da manhã. Após
organizo os livros para aguardar as turmas que terão retiradas e guardo os livros devolvidos. Quando não estou
com alunos, utilizo o tempo disponível registrando materiais, arrumando livros que precisam de reparos e
pesquisando histórias para usar na hora do Conto.
21. Escola de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
Na biblioteca da minha escola, eu...
Na Biblioteca Monteiro Lobato, atendo as turmas de s anos a série, com projeto Hora do Conto,
que ocorre semanalmente, com carga horária de 30 min. por turma. Quando tempo disponível, promovo
momentos de leitura livre para que as crianças possam manusear os livros e escolher a leitura que mais lhe
agradar, conforme Cecília Meireles, a verdadeira literatura infantil é aquela que o aluno, a criança escolhe.
Além disso, as turmas, de 2ºs anos a 5ª séries tem horário semanal para retirada de livros.
Atualmente, estamos sem o espaço da biblioteca para a Hora do Conto pois, os estudos de recuperação
estão ocorrendo nesse local, por isso realizo a atividade nas salas de aula, da melhor maneira possível. Também
estou iniciando o projeto “Vila Progresso: o encanto dos contos que o povo conta” trazendo pessoas da
comunidade para a contação de história e, a Leitura em Família através da Sacola Ambulante, apesar dos
empecilhos que venho encontrando.
22. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
Na biblioteca da minha escola, eu...
Conto história. Este ano iniciou dia 19/08. O atraso se deu devido a falta de professoras, e eu tendo que
entrar em sala.
Agora, atendo 23 turmas, das 7h30min às 11h30min, e das 13h15min às 17h15min. o turmas do
ano à 4ª série. Procuro sempre ler os livros antes de trabalhar, para contar, mudando a voz, fazendo gestos...
Os alunos gostam, pois faço da biblioteca um ambiente gostoso e acolhedor.
Na biblioteca da minha escola eu faço meus alunos viajarem no mundo da fantasia e saírem da hora do
conto, sempre com a vontade de continuar trabalhando a história na sala de aula.
Atendo a metade da turma, e a outra metade vai para o EVAM. Fotografo bastante e me sinto realizada
com o trabalho que desenvolvo.
23. Escola de Ensino Fundamental – Santa Marta
Na biblioteca da minha escola, eu...
Desenvolvo a HORA DO CONTO, quinzenalmente, com 45 minutos de duração. Neste momento,
procuro fazer atividades que envolvam a parte literária, mas de uma forma descontraída. Os alunos veem até a
Biblioteca para escutar histórias, também ler histórias que eles próprios escolham, produzir histórias coletivas,
realizar brincadeiras e atividades diversas a partir das histórias, além de momentos em que eles viram os
“contadores de histórias” (que aliás eles gostam muito).
Como o tempo em que participam da Hora do Conto é pouco, muitas vezes começamos as atividades e
vamos finalizá-las 2 ou 3 encontros depois.
24. Escola de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
Na biblioteca da minha escola, eu...
Faço a hora do Conto toda semana (mas muitas vezes tenho que substituir), as crianças retiram livros,
também semanalmente.
A hora do conto sempre é planejada anteriormente, se possível uso alguma técnica para contação
(avental, fantoche, retro, dvd), após realizo algum trabalho ou somente conversação ou dramatização.
Os trabalhos algumas vezes são p/ ilustração; dobraduras, fantoches, etc.
Algumas turmas gostam de fazer teatro então tento adaptar alguma história ou eles criam as histórias
usando fantoches.
Sempre tento fazer algo diferente e que desperte neles a curiosidade sobre os livros.
25. Escola de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
Na biblioteca da minha escola, eu...
Na medida do possível, procuro conversar antes com as professoras das turmas para inteirar-me do
assunto trabalhado em sala de aula para buscar uma “história”, “conto”, que possa ir de encontro com o trabalho
desenvolvido para que não fique um atividade fragmentada.
Busco também histórias diferentes das que eles conhecem e que tratam temas que envolvem a
convivência e socialização, solidariedade, amizade, o diferente, etc...
Durante a contação na biblioteca gostam de ficar sentados nas almofadas e interagem com a história,
muitos alunos confeccionam desenhos, ou (fazem) constroem com sucatas o personagem ou aquele que mais
gostaram da história.
ANEXO G –
Respostas do questionário – obras trabalhadas
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
- A Formiguinha e a Neve
- Clássicos da Literatura Infantil
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Os alunos puderam interagir durante a história.
Porque eles se identificam com os personagens.
2. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Tudo por um pacote de amendoim
Autoras: Gládis Maria Ferrão Barcellos e Carolina Manfro de Oliveira
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- Primeiramente destaco as ilustrações do livro;
- A sequência de acontecimentos com os personagens;
- A interação dos alunos na sequência dos fatos da história.
- A expectativa de como seria o final da história;
- Além do livro, acompanhamento da história no flanelógrafo, com os personagens sendo, fixados na ordem
em que apareciam na história.
3. Escola de Ensino Fundamental – Castro Alves
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
História dos Três porquinhos
“Os três porquinhos”
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Acredito que os motivos das crianças gostarem desta história é de vivenciarem um suspense do lobo, do
medo. Os alunos se realizam quando o lobo é derrotado. E também fazem uma relação com vida deles com a
família, pois trabalha a relação com os irmãos e a união deles. Ilustração bonita, colorida.
4. Escola de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
A casa sonolenta (Audrey Wood)
Ilustração: Don Wood
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
* Sonoridade da escrita
* O colorido das páginas
* As figuras muito engraçadas.
O motivo principal: brincamos de representar a história no tapete da biblioteca. Eles gostaram muito de
“tentar” fazer com que 6 personagens ficassem amontoados um em cima do outro, em silêncio, dormindo. Foi
muito engraçado.
Depois dessa brincadeira fizemos o desenho de cada personagem, recortamos e montamos em cima de
uma grande cama de papel pardo.
5. Escola de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
O domador de monstros (Ana Maria Machado)
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- Trabalhar com medos.
- Todas as pessoas, um dia, tiveram medo de sombras na parede, no quarto, ...
- Eles veem que o medo não é só deles.
- Uma maneira diferente de ver o medo.
- Como enfrentá-lo.
- Cada um inventou o seu monstro, após as professoras também fizeram trabalhos sobre a história.
6. Escola de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
A vendedora de fósforos
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- Em 1º lugar eu destacaria a forma de apresentação: li as duas versões. (livro e conto retirado de um site)
- Do 1º ano à 3ª série, li o livro que acaba com final feliz.
- De 4ª a 5ª série, li os dois (final feliz e o conto onde a menina morre)
- Fizemos uma análise primeiramente individual de cada leitura com personagens, atitudes e finais;
- Após trabalhamos na comparação de ambos.
Mas o que mais entusiasmou as turmas foi o poder de criar, modificar ambos os finais.
Fiquei feliz pois a maioria das crianças discutiu muito sobre a parte moral da história.
Foi um trabalho que quando terminou eles manifestaram alegria por ter realizado.
7. Escola de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
O baú secreto da vovó
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Não trabalhei com os pequenos e sim de a 8ª. Adoram a história e posteriormente envolvi-os numa
atividade, onde eu trouxe um baú com vários objetos e criaram histórias na sequência em que iam pegando
os objetos de dentro do baú. Trabalhamos as memórias e fizemos uma exposição de objetos antigos.
8. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Osvaldo Aranha
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
1) Murucututu, a grande coruja da noite – Marcos Bagno
2) Zé Burraldo – Ricardo Azevedo
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
1) Os alunos menores adoraram acredito por ter mistério, um pouco de magia, expectativa, suspense ... As
ilustrações agradaram.
2) Deram muita risada, os maiores gostam de histórias engraçadas e de aventura.
Também lembrei-me que gostaram de “Marcelo, marmelo, martelo” Ruth Rocha, principalmente dos
nomes diferentes que o menino dá as coisas. Gostaram de fazer o trabalho com rimas.
9. Escola de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Bom dia todas as cores
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- As cores
- Os bichinhos
- A história nos ensina que não devemos ser “Maria vai com as outras”. Que não podemos mudar porque
os outros querem....
10. Escola de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
O macaco e a boneca de cera
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Penso que eles tenham gostado da história porque o animal protagonista teve atitudes muito “espertas”, mas
que no decorrer e no final da mesma ele pagou caro por querer ser espertalhão.
Além disso acredito que por eu ter também gostado da obra, na hora em que contei esta tenha atraído a
atenção deles, pois acredito que para a história ser atrativa o contador precisa ter escolhido ela e ter gostado, o
contar por contar, não atrai pois fica solto sem gosto.
11. Escola de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Contos africanos
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Os alunos ficaram bastante concentrados ouvindo com atenção a narração feita pela professora.
No final da leitura, os alunos comentaram sobre a criatividade do livro, a imaginação e surpresa do
desfecho.
12. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Quem decifrou o código Leonardo?
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Essa obra foi contada para os alunos em partes (capítulos). A cada aula eu lia uma parte da obra e os alunos
participavam efetivamente da leitura, decifrando os códigos, realizando as descobertas e interferindo na
solução do caso.
Esse trabalho foi realizado ao longo de uns dois meses, mesmo assim, continuava despertando o interesse
dos alunos até a sua conclusão.
É importante ressaltar que a obra não foi simplesmente lida pela professora e ouvida pelos alunos. Ora era
lida, ora contada, ora apresentada por imagens, ora decifrada pelos alunos. Enfim, foi realizada de forma
interativa.
13. Escola de Ensino Fundamental – Prof. João Carlos Hohendorff
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Não foi a obra que mais gostaram, e sim uma das que mais gostaram; Ovelha negra, eu? Liliane Silva
Greuner
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Por conhecerem a autora já que ela já fez uma hora do conto na escola;
Devido a autora ter comentado desta obra;
Pelo conteúdo da narrativa; a mensagem que passa é muito importante e muito comentada atualmente.
É uma literatura bem acessível, fácil de se entender, eles logo captaram a mensagem e adoraram as imagens.
14. Escola de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Coleção Monteiro Lobato / Sítio do Picapau Amarelo e seus personagens.
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- histórias criativas que estimulam a imaginação;
- as crianças se identificam com os personagens;
- linguagem simples, acessível, de fácil entendimento;
- histórias que “prendem” a atenção;
- a obra envolve assuntos como: a fantasia, os medos infantis, ética e valores, amizade, família, diversão,
cultura geral...
15. Escola de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
O Rei Maluco e a Rainha Mais Ainda de Fernanda Lopes de Almeida.
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- Personagens: uma menina e uma formiga falante e intrometida
- Apresentação gráfica e ilustrações do livro
- Conteúdo da história propriamente dita (embora o livro não tenha sido contado na sua totalidade ainda).
16. Escola de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
A obra não li de um livro, pois era muito extenso e fiz um resumo foi o Pequeno Príncipe, mas um livro que
os alunos gostaram muito foi “Ovelha negra, eu?”, de Liliane Silva Greuner.
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
O Pequeno Príncipe pelo álbum seriado que estava muito chamativo, colorido, pela história tratar de
assuntos como: amizade, morte, viagem pelos planetas.
Já no livro “Ovelha negra, eu?” tratamos sobre a fofoca, a interpretação errônea do que ouvimos, os apelidos
que os colegas colocam uns nos outros, deu bastante base para estas discussões. Também realizamos um
trabalho de construir uma maquete do Sítio do Seu Aristides com todas as ovelhas e outros animais.
17. Escola de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
O catador de pensamentos (Monika Feth – Antoni Boratynski)
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- Ser uma história que brinca, que usa muito da imaginação.
- O tema da história ser diferente, mas ao mesmo tempo que faz parte do dia-a-dia de todos.
- O colorido do livro.
- O fato da história ter me encantado, então você conta com um empolgação diferente.
- Foi uma história que permitiu uma pré-leitura, leitura descoberta e um pós leitura muito gostoso de fazer com
eles.
- Ser uma história com acontecimentos bem narrados e bem ilustrados.
18. Escola de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Nós – autora Eva Furnari
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Os motivos que me chamaram a atenção pela preferência das crianças foram:
Na história a menina, personagem principal, era muito atrapalhada. E cada vez que algo acontecia aparecia
um em um das partes de seu corpo. Percebi que isso causava nas crianças bastante expectativas e
curiosidade de como acabaria a história.
19. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Lobo negro (Antoine Sinlloppé)
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
É um livro de imagens com o qual trabalhei até a 8ª série, nas séries finais.
Os alunos compunham a leitura junto comigo e meu enfoque era a estrutura narrativa. Creio que, em
primeiro lugar, a clareza das imagens, num jogo branco e preto chamou muito a atenção dos alunos,
recalcado pelo mistério e terror que foram “induzidos” a vivenciar diante da expectativa que as imagens
sugerem. Entre o branco e preto também, lê-se claro/escuro, ou o que aparece e o que não aparece,
aumentando o suspense.
Outro motivo muito importante foi a novidade do livro sem escrita gráfica, onde as páginas eram
viradas lentamente e as hipóteses de leitura eram confirmadas ou não, divertindo “cada leitor” num desafio
de erro e acerto pessoal e coletivo.
Quis também fazer relações com jogo mental que se monta quando se lê, segundo Kaufmann.
Outra coisa que lhes ficou bem marcada foi a importância da antecipação de detalhes que vão culminar
em fatos que vão redirecionar o enredo.
A surpresa do final acaba por não ser tão inusitada, pois todos faziam uma pré-leitura de que a
professora do conto não traria uma história sangrenta e cruel!!
Gostaria de ressaltar as imagens como verdadeiras obras de arte, onde se explora a imagem
cinematográfica.
20. Escola de Ensino Fundamental – Edgard Coelho
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Os Três porquinhos (contos fantásticos das trigêmeas).
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- Por ser uma versão um pouco diferente da tradicional (que eles conheciam).
- Por ser uma versão moderna. Mais próxima da realidade que eles vivem.
21. Escola de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Como nasceu a alegria, de Rubem Alves.
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Em primeiro lugar, destaco a história em si, que traz o tema INCLUSÃO; (... Num lindo e grande
jardim, onde todas flores são igualmente belas, porém muito vaidosas e por isso infelizes, nasce
FLORINHA, que, ao nascer, rasga uma de suas pétalas em um espinho tornando-se “diferente”.) é uma
história muito linda, vale conferir!
Outro motivo que prendeu a atenção do grupo foi a forma de apresentação que fiz utilizando avental e
figuras em e.v.a., bem como, a própria ilustração do livro, que é rica em detalhes e cores.
22. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Viviana – Rainha do Pijama (Steve Webb) – Salamandra.
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
- É um livro para ler e brincar;
- Livro colorido;
- Têm surpresas;
- Trabalha a curiosidade das crianças;
- Fala de animais;
- Tem questionamentos;
- Trabalha mapas, localização – Geografia
- Correspondências;
- Pode ser dramatizado;
* Enfim, é um livro muito bacana e faz com que as crianças fiquem totalmente ligados na história.
23. Escola de Ensino Fundamental – Santa Marta
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
Uma história que as crianças e os adolescentes, gostam muito de ouvir é “O dragão que era lagarto”, de
Flávio de Souza.
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Esta história é um conto de fadas muito moderno e divertido, por esse motivo desperta a imaginação do
aluno. Além de que, a obra tem poucas Figuras, ou seja, ilustrações, e assim, precisam imaginar, criar tanto
as personagens quanto o ambiente em que ocorre a narrativa.
Vários aspectos da história remetem o leitor para a sua realidade, o que aproxima-o mais ainda com o
conto. Principalmente, o adolescente.
24. Escola de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
O homem que amava caixas
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
Essa obra foi uma das que mais eles gostaram, ouve outras também, mas eu escolhi esta por ter causado
neles muita reflexão sobre os sentimentos e o podemos fazer para conseguir demonstrá-los. Após
confeccionamos coisas com caixas, observamos o que poderíamos guardar nelas, para quem dá-las. Foi
muito produtivo, após trabalhei a poesia “Caixinha mágica”, da Roseana Murray.
25. Escola de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
Qual a obra que as crianças mais gostaram de ouvir na hora do conto?
A velhinha maluquete (Ana Maria Machado)
Quais motivos que você destacaria para as crianças terem gostado de ouvir essa obra?
A história – enredo;
As ilustrações;
Quanto a fala dos animais, fiz a imitação, dei vida a cada personagem;
E o principal, o que a história ensina (o que se promete se deve cumprir); procuro sempre dialogar com os
alunos do que fala a história, fazendo relação com nossas ações no dia-a-dia.
ANEXO H –
Respostas da produção textual “Participando deste Curso, eu busco...”
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
Participando deste Curso, eu busco...
- adquirir novos conhecimentos
- melhorar minha prática
- sugestões de Literatura Infantil para serem trabalhadas na hora do conto (novidades)
- despertar no aluno o gosto e o interesse pela leitura.
2. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
Participando deste Curso, eu busco...
Enriquecer o meu trabalho na biblioteca através das sugestões de atividades e técnicas trabalhadas,
levando o educando a tornar-se mais participativo, curioso, questionador frente ao “mundo da leitura”.
3. Escola de Ensino Fundamental – Castro Alves
Participando deste Curso, eu busco...
Um maior conhecimento para trabalhar com os alunos na biblioteca.
Acredito que este trabalho deve ser feito com respeito, compromisso e carinho, para podermos passar a
importância da leitura na vida das pessoas.
4. Escola de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
Participando deste Curso, eu busco...
Aprimorar o meu conhecimento na literatura infantil para poder tornar a biblioteca um espaço ainda
mais interessante e agradável.
Tenho formação em Letras e sempre gostei muito de brincar com a literatura infantil com meus alunos.
Mas, refletindo sobre as ações em sala de aula e, atualmente, na biblioteca, sei que é necessário renovar e buscar
“novidades” sempre.
Busco: * sugestões de trabalho;
* técnicas de contação de histórias;
* renovação do conhecimento;
* prazer na participação.
5. Escola de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
Participando deste Curso, eu busco...
- Aprender novas técnicas de contar.
- Maneiras ou outras maneiras de incentivar à leitura.
* Como ensinar os alunos:
- manusear os livros
- escolher conforme os gostos
- conhecer novos autores, novos livros, revistas, ...
- gostar de ler.
6. Escola de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
Participando deste Curso, eu busco...
Informações a respeito de coisas novas e ou já esquecidas.
Motivação para continuar o trabalho e, principalmente, aprender, através do próprio curso, como
transmitir o que estou fazendo para o meu grupo da escola. Preciso motivar o corpo docente para que os
professores estimulem e deem a atenção devida à leitura, na biblioteca.
Quero conhecer, saber e vivenciar coisas referentes à literatura (de novo: motivação infantil e pré-
adolescente)
Já estou entusiasmada com os passeios, pois não conheço nenhum deles. Só vou à Feira do Livro (P.A.)
7. Escola de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
Participando deste Curso, eu busco...
Venho buscar novas ideias para que eu possa usar em sala de aula e na biblioteca, pois tenho turmas de
Hora do Conto de a séries e às vezes me sinto perdida, pois, minha área é currículo, onde me sinto mais à
vontade, mas tento improvisar e a maioria das vezes me saio bem.
A troca de experiências é muito bom, temos aberto novos horizontes, aperfeiçoando nossos
conhecimentos e enriquecendo a aprendizagem do educando.
Estes encontros devem ter sempre, em todas as disciplinas, pois pouco se reúnem para trocar ideias nas
escolas.
8. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Osvaldo Aranha
Participando deste Curso, eu busco...
Ajuda para deixar a biblioteca mais interessante. Busco conhecimento para entender a real função de um
bibliotecário de escola pública. Enfim, quero que o espaço e o tempo da biblioteca sejam úteis para o aluno e
prazeroso também. Gostaria de estar refletindo sobre as minhas ações e enriquecendo minha experiência.
9. Escola de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
Participando deste Curso, eu busco...
Melhorar o meu trabalho na biblioteca, fazendo com que os alunos participem efetivamente. Quero
também, aprender mais sobre contação de histórias e formação de leitores.
10. Escola de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
Participando deste Curso, eu busco...
Ampliar minha visão na contação de histórias, formas de trabalhar outras leituras e um melhor
aproveitamento da hora do conto.
As trocas que ocorrem nestes encontros são muito importantes, pois só vem enriquecer o nosso trabalho.
11. Escola de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
Participando deste Curso, eu busco...
Participando deste curso eu busco aprender mais sobre mundo maravilhosa da literatura.
Desejo me atualizar, conhecendo “dicas” de novos autores e livros.
Solicito uma listagem de novos livros para orientar os alunos quando da escolha feita por eles, assim
sugerir algo que desperte a imaginação, criatividade, prazer, valores...
12. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
Participando deste Curso, eu busco...
Conhecimento.
A oportunidade de participar de um curso específico para a área da biblioteca me deixa muito feliz,
pois valoriza o nosso trabalho e nos qualifica para tal.
que todas somos professoras de escola, estar na biblioteca, aos olhos de alguns colegas, é não estar
exercendo a função de educar, simplesmente estar ocupando um cargo temporário e de menor valor. Eu me
orgulho de poder exercer essa função e levar aos alunos o valor da leitura e dos livros, que muitos não tem
acesso em casa.
Acredito que com o curso estarei melhor preparada para exercer meu trabalho e, dessa forma, envolver
ainda mais meus colegas e os alunos da escola.
Parabéns pela iniciativa!
Tomara que possamos contribuir com a tua formação no mestrado também. Conta comigo!
13. Escola de Ensino Fundamental – Prof. João Carlos Hohendorff
Participando deste Curso, eu busco...
Aperfeiçoamento para o meu trabalho, sugestões de atividades, sugestões de literatura. Troca de
experiência entre colegas.
14. Escola de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
Participando deste Curso, eu busco...
O aperfeiçoamento, o conhecimento de novas técnicas, novas formas de trabalhar e envolver o leitor no
mundo mágico e prazeroso da leitura.
15. Escola de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
Participando deste Curso, eu busco...
A cada dia, aprender algo mais para poder oferecer àqueles com os quais trabalho e que desse trabalho
dependem para desenvolver suas aptidões a fim de construírem seu próprio destino e, sempre que possível,
melhorar o daqueles que o rodeiam.
16. Escola de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
Participando deste Curso, eu busco...
Embasamento teórico, novas ideias, sugestões de atividades, reflexão da minha prática, contribuir para
disseminar o gosto pela leitura nos alunos, ampliar minha visão sobre a leitura e a importância da contação de
histórias.
17. Escola de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
Participando deste Curso, eu busco...
Renovar ideias, sugestões de atividades, um maior conhecimento sobre como trabalhar com os alunos o
gosto pela leitura.
Melhor conhecimento sobre as diferentes literaturas.
18. Escola de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
Participando deste Curso, eu busco...
Trocas de ideias, experiências vivenciadas por meus colegas.
Busco também adquirir novos conhecimentos no campo da literatura para poder depois transmitir para
meus alunos este conhecimento adquirido.
19. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
Participando deste Curso, eu busco...
Aprofundar os conhecimentos sobre as leituras que podem dar subsídios a um melhor assessoramento
de nosso “leitor em construção (que somos todos também... sempre).
... Buscar formas de organizar este espaço de leitura para que seja bem estimulante e tenha um
significado na vida do aluno e da escola.
Pensar a escola – biblioteca / Língua Portuguesa – linguagens culturais, visuais, auditivas?
Criança escreve? Criança lê?
Como não ter medo dos livros?
Libertar as amarras de leitura com intenção didática-pedagógica.
Melhorar o acervo com novas sugestões...
20. Escola de Ensino Fundamental – Edgard Coelho
Participando deste Curso, eu busco...
Novas ideias, alternativas. Tornar a hora do conto um momento de prazer onde a criança tenha
participação ativa.
21. Escola de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
Participando deste Curso, eu busco...
Ampliar conhecimentos sobre literatura, organização de bibliotecas escolares e, principalmente, sobre
técnicas de narrativas e contação de histórias, para “prender” e encantar meus alunos.
22. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
Participando deste Curso, eu busco...
* Conhecer mais sobre literatura;
* Conhecer mais autores;
* Manusear livros;
* Ouvir histórias;
* Tirar o máximo proveito dos passeios;
* Subsídios para o meu trabalho na Biblioteca;
* Informações sobre como fazer o meu aluno gostar de ler e apreciar mais a Hora do Conto:
* APRENDER MUITO!
23. Escola de Ensino Fundamental – Santa Marta
Participando deste Curso, eu busco...
Um maior conhecimento teórico e prático dentro desta área que deve ser tão criativa, pois o
bibliotecário deve estar em constante atualização e reflexão de sua atuação junto aos educandos e aos educadores
também.
24. Escola de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
Participando deste Curso, eu busco...
Eu busco o aperfeiçoamento do meu trabalho, acho que a troca entre colegas é muito rica também, e
com certeza quero continuar trabalhando com biblioteca e vai ser muito importante esses momentos de estudo.
25. Escola de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
Participando deste Curso, eu busco...
Conhecimentos, técnicas e sugestões de leituras específicas para o desenvolvimento do trabalho na
biblioteca da escola.
Busco no entanto, o saber fazer para aplicar adequadamente no dia-a-dia com os alunos. Que se torne
um trabalho prazeroso para ambas as partes – aluno – professor – bibliotecária...
ANEXO I –
Respostas da produção textual “O que mais me marcou no Curso foi...”
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
O que mais me marcou no Curso foi...
O curso como um todo. Todas as aulas foram bastante produtivas, consegui aproveitar muitas coisas que
aprendi aqui no Curso, na minha prática em sala de aula.
Gostei muito também da organização e do planejamento da professora, penso que isso contribuiu
bastante para o sucesso do trabalho.
Sinto que a todo momento houve uma preocupação com a teoria, estabelecendo relação com a prática.
Gostei muito da contação de histórias e da nossa visita à PUC. Enfim, tudo.
Parabéns! Obrigado pelo esforço e dedicação! Sucesso!
2. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
O que mais me marcou no Curso foi...
Basicamente, todos os encontros do curso foram bastante proveitosos. Desde os encontros c/ mais
teorias, e principalmente, as oficinas práticas e os passeios realizados.
Gostei muito das atividades práticas de narrativas (lendas, contos populares e de fadas), histórias em
quadrinhos, poesia... As atividades em grupos e posteriores apresentações nos presentearam com uma, infinidade
de sugestões de atividades e histórias que podem ser trabalhadas na biblioteca.
Adorei os passeios que realizamos; o encontro com a Paula e o Celso foi maravilhoso; o passeio à Feira
do Livro (onde fiz um “rancho” de livros) e a contação de história das contadoras da Cataventus foi ótimo.
Foi muito válida também a troca de experiência com as colegas do curso.
3. Escola de Ensino Fundamental – Castro Alves
O que mais me marcou no Curso foi...
As diferentes maneiras e hipóteses para se trabalhar com o aluno.
Um acervo muito grande de livros e sugestões.
Demonstrou muita segurança e conhecimento em apresentar este Curso de Formação.
Katiane, parabéns, pelo teu trabalho, tenho certeza que tive um grade crescimento em relação ao meu
trabalho. Te agradeço de coração.
4. Escola de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
O que mais me marcou no Curso foi...
Em primeiro lugar, amei as contações de histórias. Passei a conhecer alguns livros que eu não conhecia,
ideias e sugestões que eu pudesse usar na minha escola... enfim, adorei estes momentos.
A troca de ideias entre o grupo de colegas também foi muito interessante. Acho que devemos nos
organizar para continuarmos com alguns encontros no próximo ano.
Retomar e relembrar textos teóricos sobre a leitura e contação de histórias também foi muito
interessante, tanto que, hoje estou com um outro olhar em relação a poesia, pois eu tinha dificuldades de fazer
uso dela nas minhas Horas do conto. Hoje já simpatizo mais com elas. Todo curso foi maravilhoso!
5. Escola de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
O que mais me marcou no Curso foi...
- maneiras diferentes de “contar”.
- utilização de histórias em quadrinhos.
- trocas de materiais (histórias, técnicas,...)
- dedicação da Profª Katiane, tom de voz, calma,...
Obrigada por tudo.
6. Escola de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
O que mais me marcou no Curso foi...
Descobrir a importância que a bibliotecária pode ter na formação de leitores.
“Adorei” o curso, não faltei a nenhum dia.
Gostei muito do que “aprendi” sobre histórias infantis, coisas que não sabia sobre os textos originais.
Acredito que cresci muito durante o curso e mais importante: pretendo levar estes conhecimentos para a
“contação de histórias”. As oficinas me ajudaram muito.
7. Escola de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
O que mais me marcou no Curso foi...
Pra mim este curso foi muito importante. Um momento de troca de experiências ajuda no nosso dia-a-
dia em sala de aula, enriquece a nossa prática e convivência com os alunos.
Gostaria que para o próximo ano, tivesse continuidade, com esses encontros e também algumas oficinas
de hora do conto.
O que mais me marcou neste curso com certeza, foi a dedicação e paciência da Katiane, dando abertura
e tirando dúvidas que antes me deixava insegura.
8. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Osvaldo Aranha
O que mais me marcou no Curso foi...
Que a formação continuada em serviço nos ajuda a (re) pensar sobre nossa prática e buscar novas ações,
enfim é aquele movimento de ação-reflexão-ação.
Através deste curso pude em vários momentos fazer esta conexão teoria e prática e constatar ou reforçar
a importância do meu trabalho na escola.
9. Escola de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
O que mais me marcou no Curso foi...
A seriedade e envolvimento da Katiane. Em todos os momentos se dispôs a nos ajudar, pontuando o que
era mais importante, trazendo informações – leituras necessárias e muitas sugestões pro nosso dia-a-dia.
Parabéns pelo teu trabalho, amiga! É de pessoas assim que as nossas escolas precisam.
10. Escola de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
O que mais me marcou no Curso foi...
A vivência e a troca de experiências, as histórias contadas, as diferentes formas de fazer a contação.
Gostei muito de voltar a ouvir histórias, ser apenas a ouvinte foi muito bom me trouxe um pouco de nostalgia as
lembranças de infância quando sentava na frente de meu avô com meu irmão e ficávamos ouvindo as histórias
que ele nos contava.
Saber que muitas pessoas comungam com a gente sobre a importância do ler, de contar histórias e
valorizam as pessoas que estão nas escolas fazendo isto, pois muitas vezes nos sentimos desvalorizadas até pelas
próprias colegas que acham que bibliotecária não faz nada.
11. Escola de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
O que mais me marcou no Curso foi...
A forma criativa da contação de histórias. Tudo foi um riquíssimo aprendizado para mim. Foi um curso
agradável e prazeroso.
Se houver outro, com certeza farei porque aprendi muito neste ano, tudo foi valioso, maravilhoso,
excelente, etc.
Agradeço a você por tudo.
12. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
O que mais me marcou no Curso foi...
O envolvimento e o conhecimento da Katiane, sempre muito interessada e preocupada em ensinar tudo
(e não é pouco) o que sabe e aprender sempre mais.
O curso foi ótimo, muito enriquecedor, repleto de novidades, principalmente práticas e com um
gostinho de quero mais no acréscimo da bibliografia.
Esse curso foi muito marcante e inovador, por sua base teórica e envolvimento prático nas atividades.
Parabéns pela iniciativa! Quero mais...!
13. Escola de Ensino Fundamental – Prof. João Carlos Hohendorff
O que mais me marcou no Curso foi...
O planejamento, o domínio do conteúdo e a didática da professora. Adorei todas as histórias que foram
contadas e a maneira que foram trabalhadas. Ampliei meus conhecimentos, principalmente nos contos de fadas.
Teve várias sugestões de atividades, todas muito bem boladas e interessantes.
A maneira que foi conduzido o curso pela ministrante (professora Katiane) foi ótima. O domínio do
conteúdo e a maneira que nos foi passado me instigou a procurar atividades e leituras sobre o assunto tratado.
Estava ótimo o curso!
Iniciativas como esta deveriam ser “sempre” propiciadas a nós.
14. Escola de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
O que mais me marcou no Curso foi...
... a interação do grupo durante as trocas de experiências, bem como as atividades propostas e realizadas
que vieram de encontro às minhas expectativas, acrescentando aquele algo a mais que faz a diferença.
15. Escola de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
O que mais me marcou no Curso foi...
A alegria e descontração com que foram realizadas todas as atividades e, especialmente, saber que o ato
de ler já não é mais considerado uma “mania”, como muitas vezes ouvi dizer, mas um verdadeiro prazer, que
encanta e enleva os seres, proporcionando alegria e bem-estar.
16. Escola de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
O que mais me marcou no Curso foi...
TUDO!
A teoria foi muito proveitosa, me deu novas ideias e me animou para caprichar mais.
As visitas serviram para ampliar meus conhecimentos e fugir da rotina.
As trocas de experiência foram valiosas.
Todo o curso para mim foi ótimo.
Parabéns Katiane, és uma pessoa muito competente. Espero sempre manter contato contigo. Obrigado.
17. Escola de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
O que mais me marcou no Curso foi...
- Momentos de reflexão sobre a minha atuação enquanto formadora de leitores.
- A participação das oficinas em Porto Alegre, aprendi muito.
- Todos os momentos, as sugestões trazidas, as discussões de teorias, as falas das colegas, me
proporcionaram aprendizado.
-Saio do curso com muita vontade de aprender mais sobre como ajudar a tornar os alunos leitores de
verdade (críticos), penso que cada etapa do meu aprendizado me faz uma pessoa melhor e por consequência
uma professora muito mais preocupada com a minha atuação junto aos alunos da escola em que trabalho.
18. Escola de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
O que mais me marcou no Curso foi...
A troca de experiências com as demais colegas. Mas principalmente a parte teórica que foi apresentada
durante todo o curso, pois muitos assuntos eu desconhecia.
O curso fez com que eu revisse, a importância do contador de histórias, do sonhador, de sua importância
junto aos alunos.
19. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
O que mais me marcou no Curso foi...
Entre muitas coisas foi a seriedade de enfoque em todas as suas partes: tanto de embasar no teórico,
como mostrar a prática, permitir a troca entre os diversos trabalhos de cada participante e de acreditar na função
pedagógica destes trabalhos, realizando o curso com muita organização, compromisso e alegria afetiva.
Parabéns! Adorei.
20. Escola de Ensino Fundamental – Edagard Coelho
O que mais me marcou no Curso foi...
A simplicidade que os temas foram tratados e a diversidade de atividades que podem ser exploradas a
partir de uma contação de histórias. Me surpreendi, pois geralmente os cursos fogem da realidade das nossas
escolas, e este curso foi muito proveitoso do início ao fim e com materiais acessíveis.
21. Escola de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
O que mais me marcou no Curso foi...
A qualidade apresentada pela ministrante e o comprometimento da mesma para com o que foi proposto.
Katiane “TRANSPIRA” o amor pela leitura e dessa forma, contagia a todos.
Cada encontro acrescentou muito; os passeios de estudos (PUC/ CASA MARIO QUINTANA) foram
verdadeiros PRESENTES para a alma de quem participou.
Só tenho a dizer, MIL VEZES:
MUITO OBRIGADA!
22. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
O que mais me marcou no Curso foi...
A simplicidade da Katiane.
O que mais me marcou, foi o aprendizado que levarei comigo para toda a vida.
A cumplicidade entre as colegas.
Os momentos de integração.
Que me marcou foram as reflexões que fizemos, as histórias que ouvimos, os passeios que fizemos, as
ideias que trocamos, os livros que conhecemos.
O que me marcou em cada encontro foi a calma da Katiane.
23. Escola de Ensino Fundamental – Santa Marta
O que mais me marcou no Curso foi...
O comprometimento da cursista em nos trazer subsídios para o nosso trabalho diário. Além de que,
prática e teoria andaram juntas durante todo o curso, o que é muito importante, pois muitas vezes, não temos
tempo para a nossa formação.
Gostei muito do grupo também, que mostrou estar interessado na busca de melhorias no seu trabalho.
24. Escola de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
O que mais me marcou no Curso foi...
Os agradáveis momentos de troca, que com certeza enriqueceram o meu trabalho.
Acho que a parte teórica foi muito importante, pois teoria e prática tem que andar juntas para podermos
saber o que queremos fazer e onde chegar.
25. Escola de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
O que mais me marcou no Curso foi...
A interação com colegas, as histórias que ainda não conhecia, as maneiras que se tem de trabalhar a
mesma história, indicações bibliográficas e os “passeios” em que conheci autores e contadores de história.
Enfim o curso foi muito interessante e importante para repensar e planejar a biblioteca para 2009.
ANEXO J –
Respostas da produção textual inicial “Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...”
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Adoram ler os mais variados livros, frequentam a biblioteca não no turno que estudam mas também
no contraturno. A Biblioteca é bem ampla e possui um acervo de livros riquíssimo. Os alunos além de ler
costumam criar histórias.
Os professores também costumam retirar livros para ler e frequentemente sugerem livros para serem
adquiridos.
2. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Tem a oportunidade de manusear os livrinhos, escolhê-los nas estantes, tendo um espaço bem
convidativo, aconchegante (com tapete, almofadas, com poucas classes e cadeiras) para a leitura.
E além do momento da “contação de histórias” pelo professor, a criança teria um momento para as suas
leituras pessoais, onde em algumas oportunidades ela também contasse ou fizesse a leitura de alguma história.
Acredito que o ambiente da biblioteca deveria ser “um mundo de faz-de-conta”, um lugar que levasse os
leitores a uma viagem, com ilustrações, personagens pintados nas paredes, ou seja, um ambiente
motivador/convidativo a leitura.
3. Escola de Ensino Fundamental – Castro Alves
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Vivenciam momentos mágicos de sonhos, pois ao entrarem em contato com os livros, histórias, filmes
que são oportunizados e compartilhados vivenciam novos valores para sua formação.
4. Escola de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Leem, brincam, escrevem, produzem, sonham.
No espaço da biblioteca elas ficam descontraídas para viajarem no mundo encantado das fantasias que
encontram nas histórias e contos. A cada nova página, os olhinhos brilham, encantados com as histórias que
ouvem ou encontram nas estantes.
A biblioteca deve ser um espaço descontraído, porém, com uma magia que envolva a criança para um
mundo diferente. Um ambiente motivador à leitura, diferente da sala de aula, diferente do quarto de casa,
diferente ... Para isso devemos nós, ser responsáveis por esse “diferente”.
5. Escola de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Quando escutam as histórias:
- Entram num mundo de imaginação, de sonhos;
- Representam personagens;
- Mostram seu “eu” interior;
- Contam “problemas” relacionados com as histórias;
- Gostam desses momentos;
- Interagem nas histórias por meio de gestos, cantos, imitações, vozes,...
- Manifestam sua criatividade através de diversas técnicas;
- Retiram livros, semanalmente, com isto estimulando a leitura dos mesmos.
6. Escola de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Teriam um espaço aconchegante, sem interrupção, principalmente, na hora da contação de histórias.
Haveria livros para todas as faixas etárias, livros que pudessem ser retirados pelas e 5ª séries, livros
para leitura livre e acima de tudo que as professoras responsáveis gostassem realmente do trabalho.
Que professoras de classe e da administração dessem ou reconhecessem a importância da biblioteca
dentro da escola e, principalmente, para os alunos.
Mas como, na realidade, não é bem assim espero através da formação criar algumas alternativas que
possam melhorar meu trabalho.
7. Escola de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Gostam de estar lá, inclusive na hora do recreio sempre está lotada.
Procuro deixá-los livros para pesquisar e atividades junto à seus professores titulares, orientando na
medida do possível e sugerindo ideias de leitura e na hora do Conto participam com muito entusiasmo, até
mesmo os alunos de 5ª a 8 ª séries.
Espero estar contribuindo para o aprendizado dos alunos em suas pesquisas, refletindo posteriormente
nas atividades em sala de aula no dia-a-dia.
8. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Osvaldo Aranha
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Estão rodeadas de livros de todos os tamanhos, também têm muitas fantasias para vestir, fantoches,
folhas, tintas, lápis de cor... Há muitos CDs e DVDs de histórias e músicas e também microfone para poder falar.
Mas há também uma professora com vontade de fazê-las felizes neste espaço.
9. Escola de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Entram e são livres para ler, contar e ouvir histórias, assistir filmes (desenhos).
É um lugar que elas devem ficar à vontade para criar, discutir assuntos de seu interesse e se informar.
Deve ser um momento prazeroso, onde elas se sintam bem e queiram voltar sempre.
Nesta biblioteca, as crianças podem escolher um livro pra levar emprestado e ficar com ele durante duas
semanas, quando será devolvido pra escolher outro.
Esta biblioteca não é a dos meus sonhos, ela existe. É a biblioteca José Bento Monteiro Lobato, no Rui.
10. Escola de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Deveriam demonstrar o gosto pela leitura, apreciar as histórias contadas, ter prazer em ocupar um
espaço tão importante da escola que lhes é oportunizado.
Que eles retirassem os livros por conta própria e não por que foram mandados pela professora.
Apenas no olhar dos pequenos podemos observar a delícia que é contar uma história pois eles vivem e
se deliciam com ela, pena é que com o passar dos anos isso se perca e para os alunos ler torna-se um tormento.
11. Escola de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Deveriam ter um espaço para si. Atualmente, o espaço da biblioteca está dividido em reforço escolar
(2ª, 3ª, 4ª, 5ª), nas sextas-feiras ocorrem a hora do vídeo.
12. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Sonham!
Com essa palavra eu poderia encerrar minha resposta, pois quando as crianças conseguem abrir um livro
e com sua leitura sonhar eu acredito que a principal função da leitura consegue se realizar.
Os alunos que frequentam a biblioteca procuram nela algo diferente do que veem no seu dia-a-dia
familiar e escolar, portanto elas precisam encontrar livros que a enriqueçam e que a motivem à leitura, além
disso, elas querem explorar suas novas ideias e viajar para um mundo às vezes mágico, às vezes real.
Outro interesse que as crianças procuram a biblioteca é para nela encontrar um espaço onde possam
estudar, pesquisar e sentir que ali também encontram o conhecimento, pois, para eles, os livros contém aquilo
que eles buscam. Em suas casas, muitas vezes, não há livros, ou estes não são valorizados.
Enfim, a criança precisa poder sonhar com o que conhece ou não!
13. Escola de Ensino Fundamental – Prof. João Carlos Hohendorff
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Têm livros com temas atuais à disposição, em grande quantidade vontade), tem literaturas clássicas à
sua escolha e estas são trabalhadas em sala de aula, portanto deve haver um número bom de livros de cada tema.
Também tem literaturas simples, fáceis, gostosas de se ler, para simplesmente lerem, sem compromisso
nenhum, apenas para adquirir o hábito da leitura.
Os livros infantis são bons, mágicos, de boa qualidade para que não estraguem logo nas mãos dos
pimpolhos.
Livros classificados para cada faixa etária, porém à escolha de cada aluno. Cada aluno sabe o tipo de
livro que quer ler, que mais chame a sua atenção, que desenvolva a imaginação.
Tem material de pesquisa para os alunos poderem fazer seus trabalhos de aula.
Um espaço com tapete e almofadas para a hora do conto.
Uma biblioteca que nunca feche, nem na hora do recreio, nem no planejamento da professora
responsável, para que os alunos sempre que queiram possam ir até lá.
Enfim, um ambiente gostoso, mágico e agradável para todos.
14. Escola de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Mergulham no mundo da fantasia, do faz-de-conta, deixando aflorar os sentimentos mais secretos,
envolvendo-se na magia e no prazer da leitura.
15. Escola de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Vão à procura de histórias que alimentem seus sonhos infantis.
Lá, cada qual com a sua fantasia, alimenta-se dos sonhos que lhes ofereço. Não importa seu tamanho,
nível cognitivo ou classe cultural uma biblioteca é, para mim, uma grande fábrica de fantasias, destinada a
suprir tudo o que uma criança precisa para construir o adulto que ela um dia será.
A biblioteca dos meus sonhos é uma fábrica de felicidade que tem por matéria-prima a alegria que os
livros podem oferecer, os ideais que eles podem alicerçar e as bases éticas e morais que podem construir.
16. Escola de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Vão retirar livros toda a semana e levam pra casa e devolvem os livros lidos em ótimo estado na data
marcada, empolgados para comentar a leitura.
Têm uma vez por semana a hora da leitura em que eles sentam-se em círculo para ler por
aproximadamente 30 minutos.
Encontram nas estantes todos os livros que desejam para ler.
O ambiente é amplo, colorido, enfeitado e acolhedor.
Todos têm prazer de ler e pedem mais e mais livros novos.
Tem vários recursos multimídia (tv, vídeo, telão, dvd, rádio, projetor de slides, flanelógrafo, avental,
tapete de contação, fantoches, álbuns seriados, rádios, cds, etc)
17. Escola de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Leem, ouvem histórias, contam histórias, inventam histórias, reinventam, tem variados materiais a sua
disposição – tem espaço físico e materiais adequados.
18. Escola de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Têm a liberdade de criar; de se expressar; de questionar; de argumentar e principalmente de sonhar. De
levar a imaginação a todos os cantos do seu mundo real, onde poderá concluir que o sonho possa se tornar
realidade.
Através dos diferentes tipos de leitura, na biblioteca dos meus sonhos, eu como educador posso
conduzir as minhas crianças a serem cidadãos críticos e conscientes do papel que têm dentro da sociedade.
19. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
E os adolescentes constroem um espaço de aconchego e alegria onde se encontram com o mundo das
ideias ricas, grandes, inesperadas, surpreendentes, fortes, emocionantes, divertidas, irônicas, cativantes... É um
lugar de mistério e descoberta, sempre aberta, onde nos encontramos também, alunos, monitores, professores,
onde procuramos as respostas de nossas perguntas que nos levarão a cada vez mais perguntas e a possíveis
criações. É um lugar para desenvolver aspectos que a comunidade escolar cultua com objetivo de ajudar na
formação leitora de nossas crianças e adolescentes.
20. Escola de Ensino Fundamental – Edgard Coelho
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Teriam todos os livros que pudessem imaginar, materiais para confecção de trabalhos, cadeiras
confortáveis, um ambiente colorido, aconchegante, estimulante, roupas e fantoches para apresentação de
teatros...
21. Escola de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Leem por prazer buscam o conhecimento, a magia e o encanto neste mundo maravilhoso da literatura.
Os livros são tratados com respeito e com carinho, manuseados por mãos delicadas, de crianças curiosas que
buscam poesias, lendas, contos de fadas!
22. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Tem que sentir-se à vontade, felizes, descontraídas...
A professora deve receber as crianças com entusiasmo e alegria.
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças devem viajar no mundo encantado dos contos de fadas;
devem interagir, devem falar, sugerir e até contar histórias...
As crianças precisam sair satisfeitas e entrar sempre com uma expectativa diferente.
Na biblioteca dos meus sonhos, minhas crianças me fazem virar criança também!
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças devem levar esse “encantamento” para a sala de aula.
23. Escola de Ensino Fundamental – Santa Marta
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Têm espaço para interagir com a mesma, lendo, jogando, pesquisando, participando de atividades
diversificadas, como a Hora do Conto, além de terem acesso à uma diversidade de livros e de gêneros literários.
24. Escola de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Deveriam ter oportunidade de não só ouvir histórias, mas também de participar delas, criar suas próprias
histórias e fazer deste espaço um lugar onde elas pudessem viver um mundo de magia, encantamento e que a
criança que existe em cada um deixasse para trás a dor e sofrimento que vivem no seu cotidiano. Ou p/ alguns
ser ainda mais feliz.
Gostaria que neste espaço as crianças encontrassem suporte para todas as suas dúvidas, conhecessem o
mundo e o acontece nele e isto só seria possível se tivéssemos bibliotecas bem equipadas.
25. Escola de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Gostam muito de ler, observar as gravuras (ilustrações) e reinventar a história.
Existe muitos exemplares para que todos tenham acesso.
Uma permanente atualização de livros, tanto infantil, como infanto-juvenil; pesquisa...
A biblioteca deve ser um lugar de trocas de ideias de alunos e professores...
Um lugar mágico onde a imaginação prevalece.
ANEXO K –
Respostas da produção textual final “Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...”
1. Escola de Ensino Fundamental – Barão do Rio Branco
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
São apaixonadas pela leitura, a todo momento são instigadas pelos professores da importância da leitura
na vida delas. Visitam a biblioteca sempre que tiverem desejo. Assistem a hora do conto e também tem espaço
para contar suas histórias. A biblioteca também é um espaço de reflexão e produção de textos, poesias, letras de
música, teatro, etc.
2. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Borges de Medeiros
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Interagem e mergulham com voracidade no mundo da leitura. Viajam na imaginação, na fantasia, no
faz-de-conta e estão abertos a novas descobertas.
Demonstram respeito e valorização pelo espaço da biblioteca e pelos livros.
Evidenciam gosto e prazer na leitura de todos os gêneros literários.
3. Escola de Ensino Fundamental – Castro Alves
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Assistem a hora do conto, participam da retirada e troca de livros, assistem filmes, também fazem
pesquisa, às vezes, vão ensaiar alguma pela de teatro, ou música.
Auxilio os professores em dispor o material para pesquisa dos alunos.
Passar aos alunos e professores a importância da conservação e cuidados que devemos ter com a
biblioteca.
4. Escola de Ensino Fundamental – Henrique Maximiliano Coelho Neto
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Viajam, brincam, se divertem e riem. Lá elas discutem, se distraem, contam experiências... são autoras,
fazem produções, criam artes.
O local da biblioteca é um espaço onde acontecem muitas atividades diferentes. Como professora desta
biblioteca quero que as crianças que frequentam este espaço, sejam leitores frequentes, curiosos, alegres,
encantados.
Vou procurar fazer com que este espaço seja cada vez mais valorizado.
5. Escola de Ensino Fundamental – Franz Louis Weinmann
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
- usam a imaginação entrando num mundo de sonhos.
- dramatizam as histórias.
- conseguem desabafar seus problemas.
- fogem da realidade, por alguns momentos.
- leem livros escolhidos de acordo com seus gostos.
- “aprendem” a “gostar” de ler.
6. Escola de Ensino Fundamental – Irmão Weibert
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Possuem uma professora que gosta de livros, de contar histórias e, principalmente, gosta do que faz.
Podem ter acesso (mexer) no acervo literário para escolher o livro (livre) e levá-lo para casa. Esta
interação com os livros deverá ajudá-los, certamente, a que venham a gostar de ler.
Tem um acervo razoável para seu uso. Encontram um ambiente alegre, favorável à imaginação e à
criatividade. Devem encontrar (ter) momentos prazerosos.
7. Escola de Ensino Fundamental – Prof. José Grimberg
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Os alunos sentem-se à vontade, interagindo na Hora do Conto com prazer. Aumentou o interesse pela
leitura após algumas indicações, vejo que é um lugar em que os alunos gostam de estar, mesmo no recreio,
recebo bastante alunos interessados em pesquisas e outras leituras.
8. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Osvaldo Aranha
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Continuam sendo o centro de minhas atenções. é o nosso ponto de encontro, mas nem sempre
ficamos nela, pois exploramos outros espaços e nem sempre trabalhamos com livros. Porém, sempre os
interesses e necessidades da faixa etária e da cultura do grupo, do contexto é que conduzem as aulas. Tudo isto
para que possamos formar leitores e adeptos ao vasto mundo da leitura. Para tanto nesta biblioteca também
deverá ter nas prateleiras bons livros p/ que os alunos encontrem ali o que desejam levar p/ casa e quem sabe
seduzir outros leitores na família, entre amigos,...
9. Escola de Ensino Fundamental – Rui Barbosa
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Entram e ficam à vontade, contam histórias, criam histórias, leem, escutam as histórias que são
contadas, participam com alegria das atividades que são propostas naquele momento e saem falando: - Até a
próxima, professora!
10. Escola de Ensino Fundamental – Senador Salgado Filho
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Ouviriam as histórias e também participariam das mesmas, partindo delas o entusiasmo da interação, ao
meu ver e falando em relação à minha realidade, os alunos maiores da minha escola que participam da hora do
conto dão pouco valor a este momento.
Portanto meu maior sonho seria receber na biblioteca crianças curiosas e felizes por poder usufruir deste
espaço, tão especial.
11. Escola de Ensino Fundamental – Zaira Hauschild
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Possam ouvir muitas histórias e imaginá-las. Ler maravilhosos livros (acervo riquíssimo). Que as
crianças possam adquirir bons livros de baixo custo. Ter um espaço só seu confortável com sofá, tapete e não ter
que dividi-lo com reforço escolar, pesquisa, hora do vídeo e com as crianças que perturbam a aula e são
colocadas lá para trabalharem conteúdos.
12. Escola de Ensino Fundamental – Dr. Paulo da Silva Couto
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Sonham!
Nos meus sonhos a biblioteca é um lugar encantador, mágico. as crianças entram e viajam na
imaginação, encantam-se com os livros e com o que elas podem “ver” através deles.
Da boca das crianças sai um “oh” suspirado, nos olhos brilha uma estrela e na mente “voam” e
“povoam” seres reais e imaginários, lugares reais e encantados, além da vida deles que se reinventa.
Nessa biblioteca não precisa haver horários, nem regras, somente a vontade de estar na presença do
livro preferido ou daquele no qual a curiosidade fala mais alto.
Enfim, sentir-se à vontade...
13. Escola de Ensino Fundamental – Prof. João Carlos Hohendorff
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Podem ir e vir à vontade, pois a biblioteca está sempre aberta, é um ambiente agradável, amplo,
colorido, limpo e com tapetes e almofadas para a hora do conto. A hora do conto é muito legal, as histórias são
maravilhosas e a professora é muito criativa. As crianças adoram ouvir as histórias, participar das atividades e
trocar os livros.
O acervo da biblioteca é imenso, tem livros para todos os gostos, os lançamentos que estão sendo
falados na mídia já estão lá, e vários exemplares, para que todos tenham acesso.
Tem até Internet, para a pesquisa dos alunos, sem contar que todo o acervo está catalogado, em um
programa no computador que quando um aluno pede um livro específico, o professor sabe achá-lo facilmente ou
dizer se está ou não retirado.
A bibliotecária é simpática, disposta a ajudar e principalmente leitora, que possa indicar livros e trocar
experiências com os alunos.
14. Escola de Ensino Fundamental – General Mário Fonseca
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
... tem a oportunidade de fazer parte de um ambiente prazeroso, envolto de criatividade, ludicidade e
liberdade de expressão, que estimula a imaginação e incentiva a formação de leitores e apreciadores do mundo
literário.
15. Escola de Ensino Fundamental – João Belchior Marques Goulart
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Adoram esse local, retiram muitos livros e apreciam a Hora do Conto. Os pequenos trocam os livros
infantis quase que diariamente. Os grandes (da série em diante) não retiram e leem, como também pedem
sugestões de leitura e gostam de saber que eu conheço a história, para trocarem ideias a respeito do mesmo.
Os pequenos escolhem livros com muita gravura; os maiores escolhem os de suspense, mistério ou
terror. Mas sempre, quando devolvem os livros (especialmente os maiores), eles gostam de tecer algum
comentário sobre o tema lido, e demonstram seu fascínio pela leitura.
Mas, o melhor de tudo, é que esse sonho é uma realidade. A grande maioria dos alunos gosta mesmo
de ler.
16. Escola de Ensino Fundamental – Arthur Ostermann
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Chegam no espaço que é amplo, arejado, bem iluminado, sentam-se no tapete, pegam as almofadas e
ouvem com toda a atenção as histórias que conto para elas. Depois, num outro dia eles vão, passeiam entre as
estantes dos livros e escolhem aquele que levarão para ler em casa. E, pontualmente na data marcada, devolvem
muito empolgados “loucos” para pegar mais um livro.
Nesta biblioteca há muitos recursos: álbuns seriados, rádio, fantoches, para enriquecer as horas do
conto.
E durante as horas do conto os alunos conseguem “viajar” num mundo de imaginação e fantasia,
refletindo a aproveitando este momento ao máximo.
17. Escola de Ensino Fundamental – Clodomir Vianna Moog
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Ouvem história, contam histórias, leiam, participam de histórias, interagem com autores, sonham,
imaginam outros mundos, reinventam e inventam histórias, brincam riem,...
Aprendem a fazer do livro um amigo para a vida toda.
18. Escola de Ensino Fundamental – Senador Alberto Pasqualini
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Possam ter um espaço de troca de experiências.
Na biblioteca dos meus sonhos quero um lugar, onde o aluno venha sonhar e se possível tornar
realidade suas esperanças.
Para ser a Biblioteca dos meus sonhos, ela necessariamente não precisa ter toda um infraestrutura
“sonhada é claro”. Quero com certeza na Biblioteca dos meus sonhos ajudar na formação de pessoas conscientes
de suas decisões.
19. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Dilza Flores Albrecht
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
E os adolescentes se encontram com um prazer tão humano: o gosto pela narrativa ou “antinarrativa”,
querem englobar “tudo” o que trata de livros e que versa a relações entre eles. Um espaço aberto em todos os
momentos de onde parte uma “doença” que se espalha por toda a escola: relação livre com livros, entre livros,
entre leitores, entre “não-leitores” e/ou ouvintes.
Cantos e recantos com suas especificidades, necessidades, ideias novas: relaxar no tapete, pesquisar nas
enciclopédias, percorrer uma organização que permita encontrar o que se deseja, encontrando-se também em si,
na escola, no mundo.
O conhecimento através desta forma tão humana e por isso, principalmente, tão prazerosa: relação de
ideias que prendam à sua liberdade, autonomia e livre iniciativa na construção do seu conhecimento.
A biblioteca dos meus sonhos é aquela que consegue incentivar esta autonomia, fazendo tentativas a
partir dos desejos e expectativas da comunidade que atende.
Ah! Nossa vitória: na biblioteca dos meus sonhos os professores também se sentem atraídos como as
crianças e os adolescentes.
Também é um espaço dentro da escola que pode seguir atendendo quem já da escola sair ou quem não
conseguiu entrar.
Na biblioteca dos meus sonhos até bibliotecário tem tempo de ler para si.
20. Escola de Ensino Fundamental – Edgard Coelho
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Teriam a disposição materiais para transportar para a realidade o mundo de imaginação que vivem no
momento em que ouvem a história. Que os livros nela existentes tivessem “qualidade” e variedade para atender
todos os tipos de leitores.
21. Escola de Ensino Fundamental – Maria Edila da Silva Schmidt
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Chegam em busca de livros para ler, pesquisar; para deleitar-se nas horas de folga. A leitura não é
obrigação, dever... é PRAZER.
É nessa biblioteca, que pedem para ouvir histórias para contar suas histórias e “mergulhar” nesse
mundo, onde o imaginário é de extrema importância para a formação do SER HUMANO.
22. Escola de Ensino Fundamental – Prof. Álvaro Luís Nunes
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Devem sentir-se bem à vontade.
As crianças vão ouvir, contar e ler muitas histórias.
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças sempre irão me encontrar pronta a levá-los na viagem dos
contos de fadas.
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças encontrarão livros de todos os tipos e histórias variadas.
Na biblioteca dos meus sonhos vou ter um espaço para retirada de livros, um espaço para pesquisa e um
espaço para contação de histórias.
23. Escola de Ensino Fundamental – Santa Marta
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Interagem com o espaço e suas atividades num todo. A biblioteca deveria ser um lugar onde educando e
professor pudessem ter acesso e disponibilidade de descobrir “novos mundos”.
24.Escola de Ensino Fundamental – Loteamento Tancredo Neves
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Terão momentos agradáveis de descobertas, de valorização do imaginário, onde poderão criar, ouvir,
contar histórias (histórias escritas e vividas).
Eles estarão em um ambiente agradável, rico em materiais, onde poderão procurar o que é de seu
interesse.
Que a biblioteca seja um local de livre acesso para que o aluno possa criar e recriar.
25. Escola de Ensino Fundamental – Padre Orestes Stragliotto
Na biblioteca dos meus sonhos, as crianças...
Adoram ler e criar novas histórias, tem acesso as diversas histórias, das mais antigas as mais modernas,
compreendem e interagem com as histórias lidas, valorizam os autores e são incentivadas a serem autores.
São visitadas por autores de histórias que já conhecem e de outras que não conhecem.
Respeitam e conservam o acervo existente.
Aquisição periódica de atualização de acervo tanto para o infantil até ao auxílio do professor.
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