RESUMO
Melinis minutiflora (Poaceae) é uma espécie de origem africana que tem causado
grandes problemas em ambientes naturais no Brasil. Ela é uma espécie exótica invasora
muito agressiva e de difícil controle. Em Juiz de Fora, MG, ela domina uma área de
clareira antrópica no interior da Reserva Biológica Municipal Santa Cândida. Este
trabalho teve como objetivos avaliar o potencial de regeneração dessa clareira, através
da caracterização do banco de sementes e da chuva de sementes e avaliar o potencial de
diferentes métodos de restauração ecológica baseados na nucleação. O banco de
sementes foi quantificado em 12 amostras sob árvores (SP) e 12 em locais abertos, sob
capim (SC), com dimensões de 25x25x3cm. A quantificação das sementes foi feita
através da germinação, acompanhada por 4 meses em casa de vegetação. No interior da
clareira foram capinados 10 transectos de 2,5x15m, onde foram instaladas 10 parcelas
com os seguintes tratamentos: controle (sem capina), capina (regeneração autóctone),
capina e transposição de solo (regeneração alóctone), monitoramento da chuva de
sementes (coletores de 1m²) e plantio de mudas, todos monitorados durante 12 meses.
As amostras para a transposição do solo foram coletadas sob a vegetação do entorno da
clareira, em 10 parcelas de 1,0x0,5x0,1m aleatoriamente alocadas, essas foram
espalhadas em 10 parcelas de 1,0x1,0m. Foram plantadas mudas de Schinus
therebinthifolius, Trema micrantha e Virola bicuhyba em 3 diferentes tratamentos, com
5 repetições, compondo parcelas com apenas uma muda (P1); parcelas com 3 mudas
da mesma espécie (P2) e parcelas com 3 mudas, sendo uma de cada espécie (P3). O
banco de sementes apresentou uma densidade média de 12.646,67 ± 9.428,06
sementes/m
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, sendo que 93% eram da família Poaceae. Não houve diferença
significativa na densidade do banco de sementes entre amostras oriundas de SP e SC.
SP apresentou menor diversidade (H’ = 0,22) que SC (H’ = 0,39). Em ambas as
condições houve o predomínio de espécies herbáceas. Na chuva de sementes foram
amostrados 140.701 diásporos com predominância de espécies anemocóricas e
herbáceas, sendo que 93% dos diásporos pertencem a M. minutiflora. Na regeneração
autóctone foi amostrada, no último mês de monitoramento, uma densidade de 57,2 ±
52,4 plantas/m², foram identificadas 39 espécies, com a predominância de herbáceas,
sendo que as mais abundantes, depois de M. minutiflora, foram Borreria alata, Sida
glaziovii e Crotalaria pterocaula. Na transposição do solo, a densidade média
amostrada no último mês de monitoramento foi de 46,7 ± 41,8 plantas/m², sendo
reconhecidas 66 espécies, com a predominância de herbáceas, e poucos representantes
de espécies arbóreas como Apuleia leiocarpa, Cecropia sp, Croton urucurana, e Trema
micrantha. Mudas de S. therebinthifolius e T. micrantha apresentaram um bom
crescimento em altura e diâmetro, que não diferiram estatisticamente entre P1, P2 e P3.
A taxa de mortalidade foi nula para S. therebinthifolius, de 20% para T. micrantha, em
especial no tratamento P2, e de 88% para V. bicuhyba. Todos os tratamentos, com
exceção do plantio de mudas, apresentaram a dominância de espécies herbáceas e a
forte presença de M. minutiflora, mostrando que o manejo do capim-gordura é
necessário para acelerar a regeneração na clareira.
Palavras-chave: capim-gordura, regeneração natural, plantas nativas.