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28,1% dos entrevistados tendo cursado além do sexto ano do ensino fundamental. Além
disso, 83,6% da amostra afirmava ter repetido pelo menos um ano letivo e 89,2% dos
entrevistados não estavam estudando no período em que cometeram a contravenção.
Assim, não é errado atribuir a esta população fracasso escolar, pois comumente estão
deslocados do ano letivo que cronologicamente teriam condições para cursar.
Aproximadamente 30% dos indivíduos entrevistados são reincidentes, e quase a
metade da população (49,3%) possui algum familiar que cumpriu pena ou medida
sócio-educativa. A razão do cumprimento da atual medida é distribuída em: 54,6%
assalto, 12,6% furto, 10,4% homicídio, 7,7% tentativa de homicídio, 6% latrocínio,
2,7% tráfico e 6% outros delitos. Chama a atenção que 23,8% dos crimes não são
apenas transgressões da lei, mas atos violentos que comprometem a integridade física
das vítimas, como homicídio ou a tentativa de homicídio e latrocínio.
Algumas comorbidades são comuns a psicopatia, como a hiperatividade, e
déficit de atenção (Finger, Marsh, Mitchell, Reid, Sims, Budhani, Kosson, Chen,
Towbin, Leibenluft, Pine, & Blair, 2008). No Questionário Sócio Demográfico e de Uso
de Substâncias (QSD-US), os adolescentes foram questionados se haviam em algum
momento consultado com psicólogo ou psiquiatra. 68,1% respondeu negativamente e
apresentaram média de escore 22,30 no PCL:YV. Já o grupo que afirmou ter consultado
algum profissional de saúde mental, composto por 31,9% da amostra, obteve maior
média nos escores do PCL:YV, 25,05. Quando questionados sobre o motivo, as
respostas mais comuns eram: “sou muito agitado” ou “por causa dos nervos”. Este dado,
entretanto, não foi significativamente estatístico.
Foi explorado no QSD-US se os indivíduos haviam sofrido algum tipo de
acidente em que tiveram traumatismo craniano, com que idade e qual a severidade. Tal
fato apresentou uma correlação baixa entre acidentes em que os entrevistados bateram a
cabeça e escores de psicopatia (r=0,199; p<0,01). A etiologia da psicopatia pode
também abranger na sua etiopatogenia problemas neurológicos. Existem diversos
estudos que apontam uma hipoatividade no córtex pré frontal e no ventromedial-pré
frontal, além de uma redução no tamanho e atividade do córtex anterior cingulado e das
amígdalas cerebrais (Boes, Tranel, Anderson, & Nopoulos, 2008; Finger, et al 2008;
Huebner, Vloet, Marx, Konrad, Fink, Herpertz, Herpertz-Dahlmann, 2008). Alguns
destes sintomas podem ser decorrentes de lesões cerebrais causadas por traumatismos.
As médias entre grupos obtidas do escore total do PCL:YV mostram que os
indivíduos que nunca bateram a cabeça apresentaram escores menores que os demais.