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PELOS CAMINHOS DA AVALIAÇÃO: UMA POSSIBILIDADE DE
RECONSTRUIR A ESCOLA NUMA PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA
TARGÉLIA FEREIRA BEZERRA DE SOUZA ALBUQUERQUE
TESE DE DOUTORADO
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2003
ORIENTADORA: PROFª. DRª. MERE ABRAMOWICZ
RESUMO
A presente pesquisa ao assumir que a avaliação é uma prática social,
portanto, é política, se vincula ao projeto de escola, explicitando seus
compromissos com as lutas pela democratização da sociedade: digna, fraterna
e justa. Ela demonstra que, quando a escola decide problematizar (mexer na) a
avaliação, trabalhando coletivamente com educadores e educandos, fazendo
um chamamento às famílias para participarem do processo de reconstrução de
sua proposta avaliativa, recria, fundamentalmente, o seu projeto pedagógico,
consolidando o diálogo crítico e as relações democráticas na escola.
Ao colocar os pés no chão de uma escola de Ensino Fundamental da
cidade de Curitiba-PR, durante dois anos consecutivos, desenvolvendo
inicialmente uma metodologia etnográfica e em seguida, caracterizando-se
como pesquisa-ação, a investigação desvelou o movimento da avaliação na
tessitura curricular, demonstrando como uma reflexão crítica – coletiva – do
currículo e da avaliação abre caminhos para a criação de um novo
conhecimento solidariedade-emancipação. A pesquisa convoca a ética (em
Dussel e Freire, especialmente) para o centro dos debates sobre a qualidade
da escola e da avaliação educacional/escolar, anunciando princípios
norteadores da avaliação à luz do pensamento freireano.
Compreendendo a avaliação numa perspectiva de totalidade social e
cultural, discute a questão da avaliação como estratégia de Gestão
Educacional, adentrando nas relações entre Estado – Mercado – Educação e
Avaliação, problematizando a função reguladora da avaliação e anunciando
uma perspectiva emancipadora. Comprova que ética e avaliação são fortes
elos pedagógicos em defesa da plena existência humana, da vida na escola,
da escola promotora da melhor qualidade social. Pelos Caminhos da Avaliação,
a escola vai passo-a-passo se conhecendo melhor e fazendo a sua autocrítica,
promovendo rupturas na ritualização avaliativa; democratizando saberes,
espaços e fazeres e investindo nas condições objetivas necessárias à
concretização de uma avaliação emancipadora.
A pesquisa demonstrou que, a escola como organização aprende a se
reconstruir democrática, fundamentada numa ética comunitária, em que o
diálogo crítico é o elo mais forte de ligação pedagógica entre escola:
educadores, educandos e as famílias, reafirmando o compromisso com a
formação plena do ser humano – significado real da sua existência.