Download PDF
ads:
Rodrigo Pereira Guimarães
Avaliação Clínica e Radiográfica de Revisão
Femoral com Enxerto Impactado
(Técnica Exeter)
Tese apresentada ao Curso de Pós-graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do título de Doutor em
Medicina.
São Paulo
2009
Rodrigo Pereira Guimarães
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Avaliação Clínica e Radiográfica de Revisão
Femoral com Enxerto Impactado
(Técnica Exeter)
Tese apresentada ao Curso de Pós-graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do título de Doutor em
Medicina.
Área de concentração: Ciências da Saúde
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luiz Checchia
Co-orientador: Prof. Dr. Emerson Kiyoshi Honda
São Paulo
2009
ads:
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Guimarães, Rodrigo Pereira
Avaliação clínica e radiográfica de revisão femoral com enxerto
impactado “técnica exeter”./ Rodrigo Pereira Guimarães. São Paulo, 2009.
Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.
Área de Concentração: Ortopedia e Traumatologia
Orientador: Sérgio Luiz Checchia
1. Artroplastia de quadril 2. Prótese de quadril 3. Transplante ósseo 4.
Cimentos para ossos
BC-FCMSCSP/56-09
Antes da batalha um nativo de Trácia disse
que os arqueiros persas eram tão numerosos que,
quando disparavam seus arcos, a massa de flechas bloqueava o sol.
Dienekes, no entanto, completamente impassível diante da força do exército persa,
Simplesmente comentou:
“Ótimo, combateremos então à sombra”.
HERÓDOTO, História
À minha mãe Rejane,
à minha esposa Sley,
aos meus filhos Vitória e Henrique
pelo apoio, confiança e lealdade.
Obrigado!
AGRADECIMENTOS
À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na pessoa do D.D. Prove-
dor Dr. Kalil Rocha Abdalla, que nos proporcionou os meios indispensáveis à execução deste
trabalho.
À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, na pessoa do seu D.D.
Prof. Dr. Ernani Geraldo Rolim pela oportunidade de meu desenvolvimento intelectual.
Ao Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo, Pavilhão “Fernandinho Simonsen”, representado pelo seu D.D. Prof. Dr. Osmar Avanzi,
pelo apoio, confiança e estímulo constantes.
À coordenadora de Cursos de Stricto Sensu Profa. Dra. Carmen Lucia Penteado Lan-
cellotti, pela oportunidade de desenvolvimento deste projeto.
À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Profa. Dra.
Ivoty Alves dos Santos Sens pelo apoio.
Ao Prof. Dr. Emerson Kiyoshi Honda, pela amizade nos acertos e erros.
Ao Prof. Dr. Nelson Keiske Ono, pelo estímulo e apoio constante.
À Prof
a
Dra. Patrícia Maria de Moraes Barros Fucs, pela paciência com os menores.
Ao Prof. Dr. Rudelli Sérgio Andréa Aristide, pelo pioneirismo e apoio.
Ao Prof. Dr. Marcelo Tomanik Mercadante, pela perspicácia na análise dos nossos dias.
Ao Prof. Dr. Cláudio Santili, pelo incentivo.
Ao Prof. Dr. José Soares Hungria Neto, pela capacidade de enfrentar as dificuldades.
Ao Dr. Ricardo Cury, Dr. Ricardo Cardenuto e Dr. Cassiano Bannwart, pela confian-
ça.
Ao Dr. Walter Riciolli, pelo companheirismo.
À Mirtes Dias Souza, pela dedicação e compreensão.
À Telma Barbosa , Lucila Canova e Alessandro Basile, por estarem sempre ao meu lado.
Aos estagiários e residentes do “Pavilhão Fernandinho”, pelo companheirismo.
Sumário
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Considerações iniciais 2
1.2. Revisão da literatura 6
2. OBJETIVOS 42
2.1. Geral 43
2.2. Específicos 43
3. CASUÍSTICA E MÉTODO 44
3.1. Casuística 45
3.2. Método 45
3.2.1. Protocolo de avaliação pré e pós-operatória e técnica cirúrgica 45
3.2.2. Protocolo para coleta de dados 47
3.2.3. Análise estatística dos dados 48
4. RESULTADOS 50
4.1. Resultados descritivos pré-operatórios 51
4.1.1. Sexo, idade, lado e tempo de acompanhamento 51
4.1.2. Indicação da artroplastia de revisão 52
4.1.3. Avaliação pré-operatória segundo critérios de D’Aubigné e Postel,
quanto a dor, marcha e mobilidade 53
4.1.4. Classificações de Paprosky e Gustilo-Pasternak de lesões ósseas pré-
operatórias 54
4.2. Resultados descritivos intra-operatórios 55
4.2.1. Via de acesso cirúrgico 55
4.2.2. Dados quanto a fraturas femorais intra-operatórias 56
4.3. Resultados descritivos pós-operatórios 56
4.3.1. Dor, marcha e mobilidade 56
4.3.2. Complicações pós-operatórias 58
4.3.3. Avaliação radiográfica 58
4.4. Resultados gerais: descrição e análise inferencial 59
4.4.1. Dor, marcha e mobilidade no pré e pós-operatório 59
4.4.2. Dor em relação a sexo e idade 61
4.4.3. Dor em relação ao motivo da revisão 61
4.4.4. Dor em relação aos critérios de Paprosky e Gustilo-Pasternak 62
4.4.5. Dor e avaliação radiográfica pós-operatória 63
4.4.6. Marcha em relação a sexo e idade 64
4.4.7. Marcha em relação ao motivo da revisão 64
4.4.8. Marcha em relação aos critérios de Paprosky e Gustilo-Pasternak 65
4.4.9. Marcha em relação à avaliação radiográfica 66
4.4.10. Mobilidade em relação a sexo 67
4.4.11. Mobilidade e motivo da revisão 68
4.4.12. Mobilidade em relação aos critérios de Paprosky e Gustilo-Pasternak
68
5. DISCUSSÃO 71
6. CONCLUSÕES 78
7. ANEXOS 80
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93
Fontes Consultadas 102
Resumo 104
Abstract 106
1.INTRODUÇÃO
2
1. INTRODUÇÃO
1.1. Considerações iniciais
A artroplastia total do quadril, em função da melhora que proporciona à quali-
dade de vida dos pacientes acometidos de artropatias, está entre os procedimentos ortopédicos
mais realizados,
1,2
. Na sua evolução utilizaram-se diversos tipos de próteses, com diferentes
formas e materiais, desenvolveram-se os métodos não-cimentados de fixação e vários tipos de
enxertos ósseos foram experimentados, principalmente nas cirurgias de revisão
3
. A haste poli-
da, em cunha e totalmente cimentada foi desenvolvida e realizada pela primeira vez em 1965,
no Princess Elizabeth Orthopaedic Hospital, na cidade de Exeter, que deu nome à técnica
4
.
As avaliações iniciais da era moderna das artroplastias primárias, indicavam necessi-
dade de re-operação por falha mecânica em cerca de 1% a 2%
5-7
dos casos, freqüência que,
posteriormente, em função da melhora na avaliação clínica, atingiu até 19% dos pacientes. Já
as evidências radiográficas revelam até 29% de casos de soltura asséptica
8-12
. Como definição,
adotando a proposta de Olerud e Karlström
12
, a falha na artroplastia é a necessidade de cirur-
gia de revisão com troca dos componentes ou com ressecção artroplástica e a soltura asséptica
é a combinação entre sinais radiográficos de migração dos componentes e/ou radiolucência
progressiva entre a prótese e o osso ou entre o cimento e o osso, com recorrência da dor e
função insatisfatória
13,14
.
Diante da evolução da cirurgia do quadril, também a artroplastia de revisão passou
a ser realizada com maior freqüência e revisões de repetição vêm sendo necessárias em 5% a 9%
dos pacientes
11,15
. Embora 45% deles mostrem alterações radiográficas sugestivas de soltura qua-
tro anos e meio após a primeira revisão, apenas 21% apresentam soltura sintomática da prótese
1
.
Apesar do aperfeiçoamento dos materiais de implante e das técnicas cirúrgicas
a cirurgia de revisão constitui cerca de 17% de todos os procedimentos realizados em cirurgia
3
do quadril e até 29% das artroplastias primárias exigem pelo menos uma revisão
8,16,17,18
. Al-
guns autores associam idade e condições clínicas entre os fatores que levam a artroplastia à
soltura
19
. As artroplastias nos jovens, mesmo com bom estoque ósseo
20
, m revisões indica-
das em cerca de 5% a 9% dos casos
4
.
Avanço a registrar, na cirurgia de revisão, é o desenvolvimento de técnicas o-
peratórias e de materiais que propiciaram conjunto de alternativas quanto ao tipo de prótese, à
técnica de fixação e características dos enxertos, quando necessários. Na avaliação radiográ-
fica evolutiva deve-se verificar: acomodação da haste, características da manta de cimento,
presença de radiolucência entre a haste e o cimento e entre o cimento e o osso, indicadores de
formação cortical e de trabeculado ósseo
21
.
Apesar dos excelentes resultados obtidos em longo prazo com as próteses atu-
ais, as artroplastias de revisão, muitas vezes decorrentes de soltura femoral
18
, despertaram a
atenção dos diversos autores para o tipo de haste e o método de fixação a serem empregados
nestes procedimentos. A indicação mais comum para a revisão da artroplastia do quadril é a
soltura asséptica dos componentes implantados. Cumpre notar que estudos mais antigos rela-
tavam soltura asséptica como causa de revisões em 74% a 86% dos casos
22
e os mais recentes
reportam cerca de 50%
23,24
.
A soltura asséptica dos componentes implantados na cirurgia primária é fenô-
meno cuja conseqüência maior é a osteólise secundária à reabsorção óssea, que se manifesta
com muita freqüência no fêmur proximal. O desaparecimento completo ou de parte do seg-
mento acometido dificulta a reconstrução articular, uma vez que a falta do arcabouço ósseo
aumenta a instabilidade da nova prótese implantada e compromete a evolução da cirurgia de
revisão
23,25
.
Com intuito de aumentar a durabilidade das artroplastias de revisão, desenvol-
veram-se inúmeras técnicas, entre elas as revisões cimentadas, as endopróteses não conven-
4
cionais, as próteses não cimentadas com fixação distal, as reconstruções com enxerto estrutu-
ral e as reconstruções com enxerto impactado, dentre outras
26,27
.
Alguns estudos
28,29
indicam o uso das hastes femorais não cimentadas com poro-
sidade em sua superfície, quando se objetiva a fixação distal, ao passo que outros autores têm
conseguido reconstrução satisfatória com uso das próteses não convencionais
30
, enxerto estrutu-
ral
31,32
, enxerto osteoarticular total
32,33
, ou enxerto segmentar
34
. Bons resultados também decor-
rem do emprego de enxertos impactados nas hastes cimentadas
21,35-37
.
O aprimoramento dos bancos de ossos, com novos métodos de criopreservação
e o refinamento das técnicas operatórias têm aumentado significativamente a oferta, o uso e a
eficácia dos enxertos
38,39
, permitindo grandes progressos nas técnicas cirúrgicas para ressec-
ção dos tumores e reconstrução local
30,40
e para as revisões de artroplastias com perda grave
de estoque ósseo
41
. O enxerto ósseo, assim como qualquer outro tecido ou órgão, tem caráter
imunogênico, que, associado aos efeitos osteoindutor e osteocondutor, proporcionam signifi-
cativas possibilidades de variação na evolução individual dos enxertos, assim como na sua
união ao hospedeiro
42
. Em paralelo, diferentes tipos de enxerto vêm sendo propostos para uso
nas artroplastias de revisão
43-46
.
Todavia, Moreland e Bernstein
47
relatam que os componentes femorais cimen-
tados em revisões de artroplastias do quadril têm falhado em alcançar a durabilidade das ar-
troplastias primárias e, por outro lado, o uso de hastes não-cimentadas nas revisões tem sido
associado com falta de osteointegração, dor persistente na coxa, presença de stress shielding e
osteólise tardia grave
17,48-51
. Logo, pode-se dizer que ambos os procedimentos têm vantagens
e apresentam complicações. Quanto ao ato operatório é fundamental levar em conta que a via
de acesso é normalmente mais extensa que na cirurgia anterior, nas hastes cimentadas a remo-
ção do cimento é difícil e a seleção da prótese de revisão depende de planejamento pré-
operatório e é decisão complexa, exigindo particular cuidado na escolha do método para subs-
5
tituir o estoque ósseo perdido
26,52
.
Tomando como referência a trajetória evolutiva das técnicas e materiais no tra-
tamento da soltura de prótese de quadril e considerando a falta de consenso teórico e prático
sobre o tema, realizou-se o presente estudo, com o propósito de fortalecer as investigações
sobre a eficácia da técnica de revisão cimentada, com enxerto impactado, haste femoral polida
e em cunha, técnica Exeter.
6
1.2 REVISÃO DA LITERATURA
7
1.2. Revisão da literatura
Nesta parte do estudo, pretende-se buscar, na literatura especializada, os fun-
damentos teóricos para justificativa de eleição da técnica e análise da casuística, em confor-
midade com os objetivos da investigação. Com esse intuito, abordam-se os seguintes aspec-
tos: a) critérios de avaliação funcional e radiográfica do quadril, submetido a artroplastia pri-
mária e revisão e b) resultados de outras investigações em que se realizou acompanhamento
de pacientes submetidos a essas cirurgias.
A esse respeito, é pertinente recordar que, já nos idos de 1954, D’Aubigné e
Postel
53
apresentaram uma proposta de avaliação funcional do quadril, segundo a qual dor,
mobilidade e capacidade para deambulação são graduadas com notas de zero a seis, sendo seis
o normal. Na apreciação do resultado relativo, que resulta da diferença entre os valores pré e
pós-operatórios, confere-se peso dois para a dor e para a capacidade de deambulação e peso
um para a mobilidade articular.
Passados quase 20 anos, Charnley
54
modificou os critérios de avaliação de
D’Aubigné e Postel
53
. Na avaliação de 582 quadris submetidos a artroplastia de baixa fricção,
propôs graduação de um (mais grave) a seis (melhor resultado), com mesmo peso na avalia-
ção dos critérios dor, marcha e mobilidade; avalia mobilidade pela soma dos valores nos três
planos de direção padrão (flexo-extensão, abdução-adução e rotação externa-interna) e prefi-
xos alfabéticos baseados nas características clínicas dos pacientes são acrescentados à gradua-
ção numérica, a saber:
“A”: apenas o quadril avaliado tem influência na marcha;
“B”: dois quadris envolvidos;
“C”: alterações físicas além do quadril interferem na marcha.
Um ano mais tarde, Charnley e Cupic
5
avaliaram 185 artroplastias em 120 pa-
8
cientes operados entre novembro de 1962 e dezembro de 1963, ocasião em que foi utilizado
no acetábulo o polietileno de alta densidade. Os autores afirmam que, quando a avaliação ra-
diográfica mostra-se normal, é raro encontrar motivos de falha clínica, como dor, nas artro-
plastias do quadril.
McCollum et al.
15
estudaram 32 pacientes submetidos a artroplastia total do
quadril na vigência de protrusão acetabular. Os autores usaram enxerto de cabeça femoral, da
crista ilíaca e de banco de tecidos para preenchimento dos defeitos. O enxerto córtico-
esponjoso colocado na região do defeito era impactado contra o acetábulo, sendo então reco-
berto com uma tela de cromo-cobalto-molibdênio (Vitallium
®
). Após essa reconstrução, o a-
cetábulo era cimentado na posição correta. Em acompanhamento médio de 57 meses, nenhum
paciente apresentou progressão da protrusão acetabular, nem foi observada diferença na in-
corporação quando comparados os três tipos de enxerto. A avaliação radiográfica mostrou in-
tegração do enxerto três meses após a operação.
Roffman et al.
55
realizaram osteotomia femoral em nove cães, utilizando haste
intramedular para estabilização da lesão e enxerto envolto em cimento ósseo ao redor da oste-
otomia. Idêntico procedimento; porém sem o cimento, foi usado no fêmur contra-lateral (con-
trole). Avaliações radiográficas foram realizadas na 2
a
e na 4
a
semanas pós-operatórias e, a
partir daí, uma vez a cada mês: sinais de união óssea entre o enxerto e o osso hospedeiro fo-
ram observados entre o sexto e o décimo mês. A avaliação histológica mostrou união fibrosa e
óssea entre o enxerto e o osso hospedeiro, evidenciando que o osso mantém a capacidade os-
teogênica, mesmo na presença de cimento ósseo. Não houve diferença histológica significati-
va entre os procedimentos com ou sem cimento.
Roffman et al.
56
realizaram novo estudo experimental com oito cães, nos quais
realizaram cirurgia de Girldlestone. Promoveram, então, fratura-explosão acetabular, que foi
recoberta com o enxerto ósseo oriundo da cabeça femoral. O acetábulo foi, em seguida, fe-
9
chado com cimento ósseo. Avaliações radiográficas foram feitas na primeira e na quarta se-
manas pós-operatórias e ,depois, mensalmente, evidenciando união óssea entre o enxerto e o
hospedeiro após seis meses. Os animais foram submetidos à avaliação histológica após seis e
dez meses; nestas ocasiões, traves ósseas já se estendiam do tecido normal para o enxerto e
estavam presentes múltiplos osteócitos, osteoblastos e osteoclastos, comprovando a viabilida-
de do tecido enxertado. Os achados morfológicos levaram à conclusão de que o cimento ósseo
não impediu o fenômeno da osteogênese.
Slooff et al.
57
analisaram 43 pacientes submetidos à artroplastia do quadril,
com uso de enxerto ósseo para tratamento de protrusão acetabular. Os autores não observaram
quaisquer complicações no acompanhamento médio de 26 meses (6 a 68 meses): todos os pa-
cientes apresentavam-se sem dor e com o enxerto consolidado; apenas um doente reclamava
de quadro álgico, em função de alterações femorais. Em cinco casos, foi evidenciada linha de
radiolucência menor que 1 mm entre cimento e enxerto, resultado considerado normal. Em
todos os casos, desenvolveu-se estrutura homogênea entre o segundo e o quarto mês após a
cirurgia, sem presença de protrusão ou de reabsorção óssea.
O’Neill e Harris
58
ponderaram que a causa mais comum de falha na artroplastia
total de quadril é a soltura de um ou dos dois componentes artroplásticos. O único sinal radio-
gráfico que comprova a soltura é a migração da prótese, embora o componente possa estar solto,
sem que haja migração. A grande maioria dos pacientes submetidos a artroplastia total do qua-
dril apresenta alguma zona radiolucente entre o cimento e o osso, mesmo nos casos de artro-
plastias fixas. A probabilidade de soltura aumenta à medida que evoluem a extensão e a largura
da linha de radiolucência. Segundo os autores, a probabilidade de soltura aumenta quando a li-
nha é continua ao redor da prótese e apresenta espessura maior que 2 mm. Naquele mesmo tra-
balho, avaliaram pacientes submetidos à cirurgia de revisão realizada entre janeiro de 1977 e
abril de 1981 e relataram que todos os componentes cujo exame radiográfico evidenciava sinais
10
de soltura estavam, de fato, soltos; todavia, cinco componentes aparentemente fixos estavam
soltos, refletindo sensibilidade radiográfica de 89% e especificidade de 92%.
Callaghan et al.
3
avaliaram 146 quadris em 143 pacientes que apresentavam fa-
lhas mecânicas nas artroplastias totais do quadril, tais como soltura asséptica, fratura do com-
ponente, luxação recidivante ou fratura da diáfise femoral. Sete pacientes não foram localiza-
dos, restando 139 quadris em 136 pacientes que participaram do estudo dos resultados de re-
visões realizadas entre 1979 e 1982.
Relataram que a cortical femoral foi perfurada em 19 (13%) fêmures e não
houve fraturas intra-operatórias. A evolução radiográfica de dois a cinco anos após a revisão
mostrou acomodação da haste femoral em 18 casos (13%), medida desde a margem inferior
do colar até o ponto mais proximal do pequeno trocanter; radiolucência femoral progressiva
foi vista em 35 casos. O trabalho conclui que o número de falhas nas revisões diminui quando
há adequado planejamento pré-operatório, o qual deverá contemplar: demanda de reposição
do estoque ósseo, reconstrução anatômica, melhores técnicas operatórias e de cimentação (a-
nestesia hipotensiva, limpeza do trabeculado com lavagem sob pressão e pressurização do ci-
mento) e novos modelos de prótese.
Halley e Wroblewski
20
avaliaram 49 artroplastias de Charnley realizadas em
pacientes com 30 anos ou menos, com tempo de evolução mínimo de 10 anos e máximo de
15,5 anos. Referiram que acomodação entre 1 mm e 2 mm (dois casos) pode resultar numa
nova posição de estabilidade final, que permite melhor distribuição de forças proximal e distal
à haste. Relataram que o paciente jovem com estoque ósseo adequado e degeneração no qua-
dril pode apresentar resultado satisfatório a longo prazo, após reconstrução articular, mas pro-
vavelmente necessitará de, pelo menos, um procedimento de revisão durante a vida, ao passo
que o paciente com estoque ósseo inadequado provavelmente apresentará falha do procedi-
mento mais precoce.
11
Mjöberg et al.
59
avaliaram 20 pacientes submetidos à artroplastia total do qua-
dril totalmente cimentada, para tratamento de artrose. Em acompanhamento de até dois anos,
foram realizadas avaliações radiográficas pós-operatórias (aos quatro meses, um e dois anos),
baseadas em duas incidências com ângulo de 40º entre elas; a marcação óssea foi feita com
esferas de tântalo. Nos 20 quadris avaliados, três hastes apresentaram migração significativa
ao término do acompanhamento. Maior migração ocorreu até os quatro meses, e após este pe-
ríodo a migração foi lenta. A migração femoral variou de 0,3 mm a 0,6 mm. Foi observada
radiolucência entre o cimento e o osso em quatro casos, o que não ocorreu entre o cimento e a
haste. Não foram verificadas fraturas no cimento. Em todos os componentes femorais, reab-
sorção abaixo do colar de 2 mm a 4 mm foi observada até o quarto mês pós-operatório, sem
evoluir nas reavaliações posteriores. Segundo os autores, a migração inicial desta série prova-
velmente deveu-se à necrose térmica causada pela polimerização do cimento.
Engh et al.
60
estudaram os resultados de artroplastias totais do quadril com has-
te porosa para fixação biológica em 307 pacientes acompanhados por dois anos, dos quais 89
foram reavaliados após cinco anos. Também procederam à avaliação histológica de 11 espé-
cimes retirados de cadáveres. Para os autores, a fixação por osteointegração ocorre quando
não há acomodação ou linha radiopaca ao redor da haste. A instabilidade da haste, por sua
vez, é evidenciada quando há acomodação progressiva e linha radiopaca circundando a haste
de forma divergente. Referem que em 12 casos, ocorreu fratura femoral durante a introdução
da haste não cimentada. Os resultados mostram que a colocação do implante sob pressão na
região do istmo é fundamental para que haja boa fixação e que a instabilidade inicial da haste
reduz a possibilidade de osteointegração.
Em outro estudo, Goldberg e Stevenson
61
chamam atenção para a expansão do
uso do enxerto ósseo nas cirurgias de revisão do quadril e concluem que a evolução clínica do
enxerto, que serve como fator osteogênico e mecânico de suporte (osteocondutor), depende de
12
alguns fatores como: tipo de fixação, localização e características do receptor. Seus achados
sugerem igualmente que o enxerto é inicialmente reabsorvido, processo que pode ser acelera-
do caso se trate de enxerto esponjoso e trocado por osso hospedeiro. Já o osso cortical perma-
nece por longos períodos como matriz que tem osso viável e osso necrótico. Os autores acres-
centam que o enxerto ósseo deve ser indicado para o tratamento de fraturas graves, tumores e
na revisão de artroplastias.
Os autores concluem que, embora o enxerto autólogo tenha melhor evolução
clínica que o homólogo, cuja integração é mais lenta, ele é indicado com freqüência em fun-
ção da grande quantidade de osso necessária. O enxerto homólogo traz consigo fatores imu-
nogênicos, podendo resultar em grandes taxas de falha clínica. Alicerçados nesse pressuposto,
alguns autores têm submetido este tipo de enxerto ao congelamento com o intuito de reduzir a
sua imunogenicidade. Mesmo assim, a taxa de falha pode chegar a 25%
62,63
.
Kavanagh e Fitzgerald
1
avaliaram 45 pacientes submetidos à segunda revisão
de artroplastia total (acompanhados por 41 meses) e sete pacientes à terceira revisão (por 34
meses). Cumpre registrar que, após a segunda revisão, 28 pacientes não apresentavam dor ou
esta era mínima, enquanto apenas seis referiram dor grave. Linha de radiolucência foi perce-
bida em 34 desses 45 fêmures, que se mostrou progressiva em oito quadris. Foi observada a-
comodação em oito hastes femorais. Foi verificada provável soltura do componente femoral,
caracterizada pela presença de acomodação femoral, fratura do cimento, radiolucência com-
pleta entre osso e cimento maior que 2 mm ou radiolucência entre a haste e o cimento em 13
quadris. Ainda entre os pacientes submetidos a duas revisões, houve uma fratura intra-
operatória e dois casos de infecção profunda; doze apresentaram um ou mais episódios de lu-
xação. Ocorreu fratura da diáfise femoral em dois pacientes que necessitaram de janela para
retirada do cimento. Nos casos em que ocorreu, a soltura radiográfica foi relativamente preco-
ce (18 meses), o que permitiu aos autores inferir que, quando não há sinais de soltura nesse
13
período, provavelmente a evolução do paciente será satisfatória.
Nesse mesmo trabalho, entre os pacientes submetidos à terceira revisão, seis
não apresentavam dor ou esta era insignificante; seis hastes apresentaram radiolucência na
interface osso-cimento, mas em duas delas a linha não era progressiva. Cerca de metade dos
pacientes submetidos à segunda ou à terceira revisão apresentou evolução satisfatória; todavi-
a, o prognóstico após múltiplas revisões parece ser reservado devido à alta freqüência (30%)
de provável soltura radiográfica no fêmur. Os pacientes submetidos a três revisões apresenta-
ram claudicação e necessitaram de apoio para marcha.
Mallory
25
realizou ampla revisão de literatura, na qual ressalta que a causa
mais importante e mais freqüente de deficiência óssea no fêmur proximal é a osteólise secun-
dária à reabsorção associada à soltura. Aponta como desafios a seleção e realização da via de
acesso, difícil remoção do cimento femoral, seleção do adequada do implante na substituição
e escolha da melhor técnica para suprir a grande perda óssea. A ocorrência de osteólise asso-
ciada ao stress shielding pode revelar que o envelope ósseo é frágil e predisposto a fraturas e
fragmentação. Refere que a perda do fenômeno de interpenetração do cimento e as alterações
do fêmur proximal comprometido resultam na necessidade do uso de hastes longas, com fixa-
ção no istmo. Ressalta que os bons resultados estão diretamente relacionados com a experiên-
cia do cirurgião e com a escolha da técnica adequada para o procedimento.
Dohmae et al.
64
quantificaram as mudanças na força de ligação entre o cimento
e o osso em artroplastias (primeiras e segundas revisões). Com esse intuito, avaliaram oito
espécimes de fêmures humanos frescos, os quais foram cortados transversalmente em seg-
mentos de 2 cm; um lado do segmento foi fechado para permitir a cimentação sob pressão pe-
lo lado contra-lateral. Para a realização desse estudo, os autores partiram de alguns pressupos-
tos relatados na literatura, destacando o fato de que a soltura asséptica constitui a complicação
mais freqüente após artroplastias cimentadas, que apresentam taxas de falha de 9% a 29% em
14
acompanhamentos que oscilam de 2,1 a 8,1 anos e essa diferença pode ser devida à diminui-
ção de estabilidade na interface cimento-osso que, por sua vez, usualmente decorre de dois
fatores:
(1) a soltura, que pode levar à perda de malha óssea endosteal, criando uma
superfície lisa, o que diminui a penetração do cimento nas revisões;
(2) a diminuição da espessura cortical resulta em micromovimentos acima do
normal, que pode levar ao aumento de sobrecarga.
Ambos os fatores podem levar à micro-separação entre o cimento e o osso e
acelerar o processo de soltura da prótese.
Outros pressupostos referem-se ao fato de que:
- o uso de lavagem sob pressão pode aumentar a força de ligação em 200%,
enquanto esse aumento é de 100% quando se utiliza apenas cimento pressurizado;
- o uso de pressurização do cimento pode aumentar a pressão dentro do canal
em 71%;
- pode ocorrer formação de lacunas preenchidas com ar no cimento durante a
polimerização, o que sugere que é necessária pressão controlada negativa para prevenir enfra-
quecimento da manta de cimento por essas bolhas.
- o enfraquecimento da manta de cimento pode acarretar igualmente o enfra-
quecimento da ligação entre o cimento e o osso.
Assim, os resultados deste trabalho experimental de Dohmae et al. indicaram
redução da interface de força de ligação para 20,6% em relação a artroplastia primária, na
primeira revisão e para 6,8% na segunda.
Fowler et al.
4
avaliaram os primeiros 426 pacientes operados no Princess Elizabe-
th Hospital com a técnica Exeter. Segundo a análise dos autores, a presença de colar na haste
femoral deixa dúvidas em relação à sua capacidade de transmitir carga para colo femoral in
15
vivo, ao passo que os implantes femorais em dupla cunha e polidos têm a capacidade de pres-
sionar o cimento contra o endósteo durante a introdução da haste. Os autores observaram que,
ao longo de 17 anos de evolução das hastes Exeter, o achado radiográfico mais interessante
foi a migração distal da haste femoral na manta de cimento sem ruptura dessa manta, o que
acontece pelas características físicas da haste e do cimento. O movimento distal da haste ocor-
re evidentemente pela modelagem do cimento e representa uma adaptação entre o cimento e a
haste. Também verificaram que a acomodação da haste é de fundamental importância para a
transmissão de carga na parte proximal do fêmur.
Gustilo e Pasternak
48
avaliaram 57 quadris submetidos a revisões por falha do
componente femoral cimentado que apresentava soltura, utilizando prótese com haste de titâ-
nio e enxerto ósseo. Com base na perda óssea e na instabilidade, propuseram classificação
para a soltura do componente femoral:
Tipo I: mínima lise endosteal ou afinamento cortical;
Tipo II: alargamento do canal proximal, afinamento cortical de 50% ou mais e,
em alguns casos, defeito da parede lateral, com circunferência intacta;
Tipo III: defeito na parede medial, envolvendo o pequeno trocanter;
Tipo IV: perda óssea em toda a circunferência proximal, que varia em distância
abaixo do pequeno trocanter.
Hungerford e Jones
65
procederam à revisão da literatura referente ao papel da
soltura asséptica nos resultados em longo prazo das próteses primárias e nas revisões cimen-
tadas. Observaram que, na cirurgia de revisão, a fibrose e as partículas de polimetilmetacrilato
devem ser totalmente removidas, expondo a superfície endosteal adequada para a fixação da
prótese de revisão, pois, quando a membrana (fibrose) e os debris não são removidos, o ci-
mento não penetra adequadamente no trabeculado ósseo. A natureza hostil da membrana de
partes moles desestabiliza a interface cimento-osso.
16
Os autores chamaram atenção para o fato de a perda óssea ao redor do cimento
ser a principal conseqüência da soltura da prótese cimentada primária ou de revisão o que, por
sua vez, leva à perda do trabeculado e ao aspecto liso endosteal, deixando o osso tubular. Nas
próteses não cimentadas com superfície totalmente rugosa, que promovem fixação distal, ob-
serva-se a ocorrência do stress shielding.
Gates et al.
66
compararam os resultados publicados por McCollum et al.
15
com
os dados de acompanhamento médio de 12,8 anos da mesma amostra. Observaram que o uso
do enxerto para o tratamento de protrusão acetabular na artroplastia impede consideravelmen-
te a evolução da protrusão (90%) e que a taxa de soltura foi semelhante à dos pacientes sub-
metidos à artroplastia primária que não apresentavam protrusão.
Engh et al.
67
realizaram avaliação radiográfica da fixação biológica de compo-
nentes femorais não cimentados, com superfície porosa, de modo a determinar a especificida-
de e a sensibilidade de sinais de osteointegração em casos de fixação histológica confirmada
após remoção do implante. Partiram da premissa de que somente o acompanhamento clínico é
insuficiente para a avaliação de estabilidade das artroplastias cimentadas e não cimentadas,
uma vez que componentes instáveis podem não produzir sintomas precoces, enquanto hastes
osteointegradas podem produzi-los eventualmente. Também se fundamentaram no fato de já
estar confirmado o valor preditivo de alguns sinais radiográficos: no caso de próteses cimen-
tadas, por exemplo, partiram do conhecimento de três sinais de instabilidade bem definidos: a
radiolucência osso-cimento, a radiolucência cimento-prótese e à migração da haste.
Para a análise de seus achados, estabeleceram algumas definições: adotaram
fixação do implante como termo histológico e definiram fixação ótima como osteointegração.
Entenderam que, para que se confirme a osteointegração, é necessário que o implante seja re-
movido durante a autópsia ou reoperação. Estabilidade, por sua vez, foi definida como termo
mecânico que significa ausência de movimento perceptível entre o implante e o osso durante a
17
carga. A migração da prótese, por sua vez, foi definida como mudança na distância vertical
entre o ombro da prótese e o topo do grande trocanter superior ou igual a 2 mm. Admitiram
que mudança na posição do implante menor que 2 mm não deve ser considerada, pois pode
representar variação normal da forma de medição.
Rothman e Cohn
68
revisaram os resultados de trabalhos científicos sobre artro-
plastias cimentadas e não cimentadas e chamaram a atenção para o fato de a grande maioria
dos estudos com grandes amostras sugerir que as artroplastias primárias cimentadas são exce-
lentes por constituir fixação imediata pela interpenetração do cimento no osso, mas que essa
fixação diminui com o tempo. Por outro lado, nas artroplastias primárias não cimentadas há
tendência de aumentar a osteointegração a medida do passar do tempo, pois a fixação da pró-
tese não é imediata, motivo pelo qual parece constituir tratamento racional para pessoas mais
jovens, mas não para idosos. Já em casos de revisões, as técnicas cimentadas não são tão satis-
fatórias, e as técnicaso cimentadas ainda precisam de mais estudos que confirmem sua efi-
cácia, embora sejam promissoras.
Retpen et al.
22
analisaram 400 revisões cimentadas realizadas entre 1987 e 1989,
das quais 61 tiveram que ser revisadas pela segunda vez em 1991. Dessas, 18 também foram
revisadas pela terceira vez com técnica cimentada. Os resultados indicaram que cerca de 80%
das primeiras revisões ocorrem por soltura asséptica, que também é causa principal das segun-
das e terceiras revisões; e encontraram as luxações como segunda causa mais freqüente para as
revisões. Por fim, concluiu-se que o aumento do risco de nova revisão está associado com a
qualidade do trabeculado ósseo, em geral reduzido, o que impede, em certa instância, a interpe-
netração do cimento, conferindo pouca estabilidade primária.
Roberson
69
ponderou que a perda de suporte ósseo cortical ao redor da prótese
femoral, processo multifatorial, representa um dos mais difíceis problemas de reconstrução e
costuma provocar complicações como fraturas femorais, pseudo-artroses do grande trocanter
18
e soltura da prótese. Sugerem que osteólise por reação a pequenas partículas de debris é a cau-
sa mais freqüente de perda óssea cortical, embora outros fatores também contribuam para a
diminuição da massa óssea, dentre os quais se destacam a ação da haste solta contra o osso, o
stress shielding; a remoção do cimento de uma prótese solta e a osteólise secundária à infec-
ção crônica. Referem que o tipo de material da prótese (polietileno, polimetilmetacrilato e me-
tal) parece também influenciar o início da osteólise, mas ainda não estão claros os mecanis-
mos que modulariam essa resposta biológica.
Salientou que o planejamento pré-operatório da revisão de uma artroplastia com
perda óssea deve incluir a identificação da etiologia do quadro, a classificação da soltura e a lo-
calização e o grau de perda óssea. As radiografias pré-operatórias devem ser realizadas no mí-
nimo em dois planos e mostrar toda a haste, assim como a porção distal do cimento. Também é
fundamental a avaliação do afinamento cortical, a presença e a localização dos defeitos, o diâ-
metro do canal medular e o nível de discrepância entre os membros.
Gie et al.
45
avaliaram 56 quadris em acompanhamento de 18 a 49 meses e
relataram os resultados do uso de enxerto homólogo impactado e cimento para a fixação
da haste femoral nas revisões com perda de estoque ósseo. Indicaram que perda de esto-
que ósseo secundária aos efeitos adversos das partículas de debris e à instabilidade mecâ-
nica, principalmente nos jovens, configura-se como o maior desafio na cirurgia de revisão.
Apesar do curto tempo de acompanhamento, observaram que o resultado pós-operatório
das artroplastias de revisão com enxerto impactado é totalmente diferente do das revisões
apenas cimentadas, e que os resultados funcionais relativos à remissão dos sintomas são
comparáveis aos das artroplastias primárias. Também concluíram que a remodelação e o
realinhamento trabecular permitem inferir que o osso está vivo e integrado.
Referiram que a mesma técnica com enxerto impactado tem sido usada em ca-
sos de defeitos corticais, resultando em formação de nova cortical e de medular adjacente.
19
Com base nesse resultado, recomendaram a realização de novas pesquisas para esclarecimen-
to dos achados histológicos e radiográficos bem como da biomecânica. Afirmam que o ali-
nhamento trabecular que costuma aparecer no lugar do enxerto ósseo denota que a carga está
direcionada para o enxerto durante a cicatrização e que a carga e a compressão do enxerto po-
dem ser importantes para a substituição do osso enxertado por osso do hospedeiro; além disso,
a localização do enxerto entre o cimento e o metal da tela deve garantir estabilidade imediata.
A acomodação da haste polida, em cunha e sem colar, parece contribuir para o aumento da
estabilidade à torsão. Essa geometria da haste reduz o movimento entre a haste e o cimento e
entre o cimento e o osso, aumentando o fator compressivo local.
Em outro artigo de atualização publicado no mesmo ano, Gie et al.
46
defende-
ram que a indisponibilidade de instrumental adequado para a realização das revisões prova-
velmente acarretou complicações ligadas a técnica, observadas em estudos anteriores. Entre
essas dificuldades, apontaram para a correta orientação do novo canal medular e para a for-
mação adequada e a impactação do invólucro ósseo formado pelo enxerto. Sugeriram, então, a
criação do tubo femoral para a completa contenção do enxerto, e para isso seria imprescindí-
vel a perfeita exposição dos defeitos. Além disso, propuseram alguns cuidados a serem consi-
derados no planejamento operatório, tais sejam:
- a posição da rolha (bone plug) a pelo menos 2 cm abaixo da área lítica (a área
de maior osteólise) distal;
- a análise minuciosa do tamanho do implante e da sua posição em relação ao
fêmur;
Também recomendaram atenção especial para a retirada da haste, uma vez que
a presença de cimento residual obstruindo o canal proximal pode causar fratura femoral e que
a cerclagem é fator profilático para fratura do fêmur.
Ling et al.
70
relataram o caso de um paciente do sexo masculino de 64 anos
20
que, em 1979, foi submetido a artroplastia primária com haste Exeter não polida. Em 1984,
apresentou lise endosteal na zona 2 de Gruen. À nova exploração cirúrgica, o exame histoló-
gico revelou granuloma de corpo estranho; a janela cortical foi preenchida com cimento ós-
seo. No entanto, não foi encontrado qualquer crescimento bacteriano em diversas culturas.
Após dois anos, o paciente apresentou fratura femoral e, na impossibilidade de afastar infec-
ção, foi retirada a haste e o cimento, substituidos por uma artroplastia de ressecção de Girdles-
tone. Em 1988, cerca de um ano após a retirada da prótese, o paciente foi submetido a nova
cirurgia com reconstrução femoral e enxerto ósseo com tela.
Em julho de 1991, o paciente faleceu de causa não relacionada às cirurgias e o
fêmur foi retirado para estudo. O estudo radiográfico mostrou regeneração óssea, com textura
normal da cortical; a análise histológica revelou que o osso estava organizado em três zonas:
a) cortical: completamente mineralizada com organização trabecular e cerca de 90% de osso
novo; b) intermediária: tecido desorganizado, com variação no tipo de células encontradas,
matriz osteóide e células gigantes e c) profunda: com trabéculas de osso morto, envolvido por
cimento, mas com pontes de vários tipos de tecidos entre o osso vivo e o morto. Segundo os
autores, a possível explicação para esses achados é a de que o osso regenerado mantém conta-
to com a superfície do cimento e com o trabeculado ósseo morto, criando uma grande área de
descarga do peso. Apesar da difícil quantificação, houve indícios de tecido viável na região.
Kärrholm et al.
71
estudaram os micro-movimentos das hastes femorais em
artroplastias totais de quadril em 60 pacientes e 64 quadris. Partiram do pressuposto de
que a estabilidade precoce do implante reduziria o risco de falha dos componentes cimen-
tados e não cimentados. Também consideraram que a acomodação dos componentes femo-
rais cimentados ocorreria nos primeiros seis meses após a cirurgia e que a não ocorrência
desse fenômeno nesse período indicaria provável estabilidade. Todavia, encontraram que
quatro das cinco próteses cimentadas que afundaram 2,5 mm ao longo de dois anos após a
21
cirurgia tinham afundado menos que 1 mm no primeiro ano de evolução, o que levou os
autores a sugerirem que a falha da fixação não seria causada apenas por fatores intra-
operatórios, como trauma ou técnica cirúrgica, mas poderia estar relacionada à forma do
implante e à liga usada na confecção da haste.
Partindo do preceito de que a salvação do quadril em pacientes com grande
perda óssea proximal pode ser extremamente difícil, que a ressecção artroplástica pode ser
funcionalmente insatisfatória nesses casos, por causar encurtamento do membro e redução da
capacidade de deambulação e que a reconstrução femoral com próteses convencionais pode
ser mais complicada pela falta de estoque ósseo proximal, Malkani et al.
40
avaliaram retros-
pectivamente 50 artroplastias totais do quadril com uso de enxerto estrutural de fêmur proxi-
mal em pacientes com grave perda óssea. Observaram alta taxa de luxação (22%), três casos
de infecção profunda e cinco casos (11%) de soltura femoral, mas, ainda assim, indicaram es-
te tipo de cirurgia como alternativa à ressecção artroplástica.
Moreland e Bernstein
47
avaliaram uma série consecutiva de 187 revisões de
quadril realizadas com haste porosa, entre junho de 1984 até julho de 1991, com tempo médio
de acompanhamento de cinco anos (de dois a dez anos). O estudo apoiou-se na concepção de
que, em revisões de artroplastias do quadril, os componentes femorais cimentados não apre-
sentam a mesma durabilidade que nas artroplastias primárias e o uso de hastes não cimenta-
das, por sua vez, pode resultar em falta de osteointegração, dor persistente na coxa, presença
do stress shielding e osteólise tardia grave. Na série avaliada, observaram stress shielding a-
penas nos casos em que houve osteointegração (144 quadris), e não houve piora após dois a-
nos de evolução. É pertinente ressaltar que intensidade maior do stress shielding associou-se
com maior diâmetro de haste implantada.
Elting et al.
21
acompanharam 67 pacientes consecutivos submetidos a artro-
plastia de revisão, com enxerto por tempo médio de 31 meses. No período, cinco faleceram
22
e foram excluídos do estudo. Segundo os autores, a variabilidade da técnica radiográfica, o
uso de diferentes telas e fios de reconstrução, a diferença do tempo entre os exames e a au-
sência de critérios radiográficos padronizados tornaram as avaliações das imagens seriadas
relativamente difíceis. Os autores encontraram acomodação em 27 casos, em 10 dos quais
maior que 2 mm; em dois casos, a acomodação mostrou-se maior que 8 mm, mas os pacien-
tes se apresentavam bem depois de dois anos da cirurgia. Houve migração não progressiva
da manta de cimento e do enxerto ósseo, que ocorreu em quatro casos (com média de 1,7
mm) e radiolucência entre componente femoral e manta de cimento em oito pacientes
(14%), sempre nas zonas de Gruen 1 ou 7. Em 63% dos casos, verificou-se reparação corti-
cal e formação de trabeculado; em 20%, reparo e remodelamento cortical; em 9%, incorpo-
ração trabecular; em 4%, remodelamento trabecular; em 2%, reparo cortical; e em 2% não
foram observadas modificações.
Referem que, o sucesso final do enxerto ósseo, caracterizado pela osteointe-
gração, envolve critérios biológicos e mecânicos que incluem: presença de células viáveis pa-
ra a formação do osso, estrutura para osteocondução, suprimento sangüíneo adequado, estabi-
lidade, micromovimentos e ação das proteínas morfogenéticas. Além disso, os movimentos
inevitáveis provenientes da haste femoral promovem fatores mecânicos essenciais para osteo-
condução. Corroboraram, ainda, os achados de Verdonschot e Hiskes
72
, segundo os quais a
adaptação lenta do cimento possibilita a acomodação da haste, sem fratura. Por fim, observa-
ram que, com o amadurecimento do enxerto impactado, o aspecto simétrico da incorporação
trabecular é conseqüência da pressão cíclica radial que acontece durante a marcha.
Nelissen et al.
29
avaliaram biópsias ósseas de quatro pacientes que necessita-
ram reoperação para remover cerclagem do trocanter de 11 a 27 meses após revisão femoral
realizada com enxerto impactado e cimento. Ao exame histológico, foram identificadas três
zonas relativamente alteradas: a) uma porção mais profunda, contendo cimento ósseo, tecido
23
fibroso e trabeculado ósseo parcialmente necrótico, com evidência de remodelação óssea; b)
uma faixa intermediária, com trabeculado ósseo viável e formação de nova cortical com pe-
quenas partículas de osso cimentado e, por fim, c) uma camada externa cortical viável. Obser-
varam tecido fibroso ao redor de alguns fragmentos de enxerto ósseo incorporado, mas não
evidenciaram qualquer membrana fibrosa contínua; nesta camada, tampouco foram identifi-
cadas partículas de cimento. Esses resultados demonstraram remodelação óssea e reposição
pelo menos parcial de estoque ósseo na porção proximal do fêmur, após revisão de artroplas-
tia com enxerto impactado e cimento.
Na discussão desses achados, os autores
31
referiram que, enquanto diferentes
tipos de reconstrução restauram as funções articulares, o uso de enxerto impactado é o único
método disponível que permite a reposição de estoque ósseo do fêmur proximal, mesmo que o
cimento ósseo
31
possa interferir na revascularização e na integração do enxerto. Relatam que
os enxertos estruturais podem trazer alguma melhora aos pacientes, mas que não há integra-
ção ao hospedeiro, ratificando, assim, os achados de Head et al.
31
Também citaram que os re-
sultados das revisões cimentadas sem uso de enxerto têm mostrado resultados pouco satisfató-
rios
31
, com falha entre 17% e 60%
31,65
.
Mulroy et al.
73
avaliaram 35 quadris de 33 pacientes submetidos à revisão com
cimentação de segunda geração, com o propósito de analisar os resultados de longo prazo,
definido como tempo médio de acompanhamento de 15,1 anos (de 14,2 a 17,5 anos). Cimen-
tação de segunda geração inclui o uso de rolha para oclusão do canal, pistola de cimentação,
misturador de cimento, introdução retrógrada de cimento, lavagem pulsátil e pressurização. A
análise clínica e radiográfica evidenciou necessidade de nova revisão por soltura asséptica
femoral em 26% dos casos. Segundo os autores, esses achados apóiam a premissa de que o
uso das técnicas de cimentação de segunda geração reduz a ocorrência de soltura asséptica
após revisão femoral.
24
Partindo do princípio de que a revisão de artroplastia deve visar tanto a reposi-
ção de estoque ósseo proximal quanto a prevenção de nova perda óssea, Emerton et al.
74
ava-
liaram 23 quadris em 22 pacientes com perda óssea femoral proximal importante com indica-
ção para revisão, na qual se utilizaram enxerto autólogo retirado da crista iaca ou do trocan-
ter maior e prótese não cimentada. Em três anos de acompanhamento, não observaram deslo-
camento da prótese, nem necessidade de novas revisões. A dor definida pela classificação de
Charnley passou de 2,1, no pré-operatório, para 5,1 na última avaliação. Em 18 casos, houve
evidência radiográfica de incorporação do enxerto, sendo observada, ainda, cicatrização de
áreas de lise óssea distal.
Slooff et al.
75
realizaram 10 artroplastias de revisão cimentada entre março de
1991 e novembro de 1992, com uso de enxerto moído impactado, com tempo médio de acom-
panhamento foi de 24 meses (14 a 34 meses). Os resultados preliminares do estudo foram dis-
cutidos pelos autores mediante comparação de relatos da literatura, segundo os quais a soltura
asséptica dos componentes cimentados ou não cimentados de artroplastia total de quadril é a
complicação mais freqüente de longo prazo, usualmente acompanhada por perda do estoque
ósseo. A migração do implante durante o processo de soltura e os procedimentos para remo-
ção da prótese e do cimento durante a revisão acarretam perda e destruição óssea. Além do
tipo e do tamanho do enxerto utilizado, a estabilidade da fixação, a quantidade de contato en-
tre o enxerto e o hospedeiro, o grau de antigenicidade e a qualidade de revascularização influ-
enciam na integração do enxerto. Referem que o osso esponjoso permite rápida invasão vas-
cular e pode promover incorporação rápida, completa e uniforme, diminuindo a fraqueza me-
cânica, quando comparado com enxerto cortical.
Outros pesquisadores concordaram que a consolidação óssea deve ser definida
pela presença clara de trabéculas, cruzando a junção entre o enxerto ósseo e o hospedeiro
76
. Por
25
sua vez, a incorporação do enxerto só deve ser considerada quando a radiodensidade do enxerto
é idêntica à do osso hospedeiro e quando o trabeculado se mostra contínuo entre as duas regi-
ões. Por fim, afirmaram que a maior vantagem do enxerto moído impactado está na sua boa a-
daptação às irregularidades do osso hospedeiro, ao contrário do enxerto estrutural, que contém
grande quantidade de gordura medular o que reduz a incorporação do enxerto.
Malkani et al.
77
mostraram, em estudo experimental, que a estabilidade axial
do componente femoral obtida após revisão com uso de enxerto impactado e nova cimentação
tem pouca diferença da obtida com a mesma haste em artroplastia primária cimentada. Se-
gundo os autores, o enxerto impactado promove estabilidade imediata do implante, tratando-
se de técnica operatória que restaura a integridade do fêmur proximal.
Ling
78
, ao comentar esses achados, afirmou que a obtenção de estabilidade i-
mediata do implante, que é o objetivo mecânico da cirurgia in vivo, é procedimento tecnica-
mente difícil, que exige cuidados e atenção detalhada mas que se torna mais fácil quando o
tubo cortical está intacto. Embora se acredite-se que a restauração da integridade do fêmur
proximal só possa ser esperada quando o enxerto começar a ser revascularizado e substituído
pelo osso hospedeiro, o que não ocorre se a estabilidade não for alcançada na cirurgia, o autor
afirmou que a estabilidade imediata, todavia, não garante a revascularização adequada, nem a
substituição do enxerto pelo hospedeiro.
Masterson et al.
79
avaliaram as radiografias pós-operatórias de 35 pacientes
submetidos à cirurgia de revisão do quadril com enxerto impactado. Do total de 476 zonas de
Gruen que puderam ser claramente identificadas nas radiografias, em 90 não havia diferença
entre a densidade do enxerto e a do cimento. Das 386 zonas restantes, 154 (39,9%) mostraram
ausência do cimento, e 23 (6%) apresentaram manta de cimento menor que 2 mm. Das 208
zonas com manta de cimento maior que 2 mm, 152 evidenciavam bolhas no cimento. Foram,
ainda, identificados sete pacientes com acomodação maior que 10 mm nos primeiros seis me-
26
ses e em quatro deles a fratura de cimento era evidente. Em cinco casos, as radiografias em
perfil evidenciaram perda de anteversão femoral.
No estudo em exame, os autores também estudaram quatro fêmures de cadáve-
res em que se utilizou a mesma técnica operatória com enxerto impactado e prótese cimenta-
da: os achados da avaliação de 48 zonas de Gruen confirmaram presença de deficiências na
manta de cimento; apenas nove zonas mostraram manta de cimento uniforme com pelo menos
2 mm. Concluíram que a técnica cirúrgica deveria ser modificada para assegurar manta de ci-
mento adequada e resultados clínicos consistentes, já que acreditam que a longevidade das
artroplastias totais do quadril é otimizada apenas quando se consegue manta de cimento ade-
quada e regular e que uma manta de cimento fina tem alto risco de fragmentação, geração de
partículas e osteólise.
Meding et al.
24
realizaram 37 revisões de artroplastia em que foi utilizado enxer-
to impactado femoral, entre março de 1992 e novembro de 1993, e avaliaram os resultados em
acompanhamento médio de 30 meses (de 24 a 42 meses). Na grande maioria dos casos, a revi-
são foi indicada por soltura asséptica. As complicações incluíram dois casos de perfuração da
diáfise femoral e quatro casos de fratura femoral, tratadas com cerclagem. Dois casos foram no-
vamente revisados por soltura asséptica após fratura femoral. Cerca de 60% dos pacientes não
apresentaram acomodação da haste; no restante, a média de acomodação foi de 10,1 mm (de 4
mm a 21 mm). Foi observada migração de cimento em relação ao enxerto em 12 pacientes
(35%), com média de 11,3 mm (de 4 mm a 31 mm). A complicação mais freqüente associada
com a fratura femoral nas revisões com enxerto impactado foi a soltura da haste. Os autores
concluíram que cimento inserido sob pressão aumenta a estabilidade primária da haste e do en-
xerto com a vantagem de reconstruir o fêmur proximal.
Kärrholm et al.
80
sugeriram que análise radioestereométrica para mensuração
dos micromovimentos da prótese femoral nas artroplastias totais de quadril pode ser usada
27
como primeiro passo na radiográfica clínica para reduzir o número de pacientes expostos a
risco de falha do tratamento. Os autores encontram que a magnitude da acomodação nos dois
anos pós-operatórios pode ser o melhor preditor da necessidade de revisão precoce, mais do
que características demográficas do paciente ou do tipo de cirurgia (primária ou de revisão).
Brewster et al.
81
teceram diversos comentários a partir de sua experiência com
estudos in vitro, usando enxerto moído de cabeça femoral com objetivo não apenas de eluci-
dar a prática atual, mas também subsidiar o desenvolvimento de novas técnicas e materiais
para artroplastias totais de quadril. Assim, afirmaram que, após a remoção do implante solto e
da membrana que circunda o osso, o endósteo torna-se liso e a efetiva interpenetração entre
cimento e osso pode não acontecer. Embora grandes enxertos estruturais acetabulares e femo-
rais de doadores tenham sido utilizados para solucionar este problema e apesar de haver a
consolidação do enxerto, geralmente não ocorre a revascularização adequada. Segundo os au-
tores, nos casos de revisões de artroplastias, os defeitos ósseos devem ser preenchidos por en-
xerto picado, promovendo estabilidade inicial adequada e estrutura para revascularização e
incorporação desse enxerto.
Evidenciaram
81
, também, que a resistência contra falha por cisalhamento o-
corre por dois fatores: atrito e interpenetração do cimento. O ângulo de resistência ao cisa-
lhamento depende mais da distribuição homogênea das partículas e menos da sua forma; a
interpenetração promove estabilidade aos fragmentos individuais, resistindo ao cisalhamen-
to naquela porção. Com base nesses resultados, eles sugeriram que o osso para enxerto moí-
do, ainda quando congelado, não altera a forma da partícula e que pode ser usado o osso os-
teoporótico de pacientes submetidos a artroplastia por fratura do colo femoral, uma vez que
a forma ou a resistência mecânica do enxerto moído não tem diferença significativa do en-
xerto de cabeça femoral com osteoartrose. Notaram, ainda, que menos osso e mais gordura
são obtidos no osso osteoporótico, mas a forma do enxerto é satisfatória para impactação.
28
Por fim, afirmaram que a estabilidade mecânica da prótese, colocada em reconstrução com
uso de enxerto moído impactado, pode ser maior quanto mais homogêneo e efetivamente
impactado for o enxerto. Portanto, o tamanho absoluto da partícula seria menos importante
que sua homogeneidade.
Jazrawi et al.
82
descreveram dois casos de falha na revisão de artroplastia do
quadril com uso de enxerto impactado. No primeiro caso, após mais de três anos do procedi-
mento de revisão, o paciente apresentou fratura da haste femoral e do fêmur na mesma altura,
provavelmente pela boa incorporação do enxerto distal e reabsorção do enxerto proximal, o que
levou ao efeito “limpador de pára-brisa”. No segundo caso, cerca de dois anos depois de revisão
da artroplastia, o paciente apresentou fratura de parte proximal do fêmur com dobradura de par-
te distal da haste, provavelmente também por falta de suporte proximal. Os autores referiram
que a técnica com enxerto impactado requer reconstrução do defeito do calcar femoral associa-
da ao uso de cerclagem e placa para garantir a estabilidade do procedimento.
Leopold et al.
2
avaliaram 29 pacientes submetidos à revisão do componente
femoral realizada com enxerto impactado, cimento e haste de Harris entre agosto de 1991 e
dezembro de 1993. Dos 25 pacientes avaliados com acompanhamento de quatro anos, 22
(88%) tinham boa função no quadril. Entre as complicações intra-operatórias, houve fratura
do fêmur em quatro pacientes (14%) e perfuração femoral em dois (7%). Na avaliação pós-
operatória foram observadas duas lesões no nervo ciático que retrocederam; uma luxação
seis meses após a cirurgia que não recidivou; e um caso de síndrome compartimental na
musculatura glútea contralateral. A freqüência de complicações graves foi grande: seis paci-
entes (22%) com fratura ou perfuração intra-operatória. Os autores acharam evidências con-
vincentes de remodelação óssea em seis (29%) pacientes, freqüência menor que a de acha-
dos de outros autores. Concluíram que o enxerto impactado parece mais apropriado para
pacientes com perda óssea proximal grave, diáfise cortical afinada e alargamento do canal
29
maior que 18 mm.
Citaram que, segundo Marston et al.
83
e Madey et al.
84
, a acomodação pode ser
tolerada por muitos tipos de hastes femorais nas artroplastias totais primárias com cimento,
mas que, de acordo com os achados de Berry et al.
85
, a acomodação acentuada da haste pode
cursar com falha da revisão. Também comentaram as freqüências importantes de acomodação
relatadas por Eldridge et al.
36
, assim como a alta taxa de ocorrência de fraturas femorais intra-
operatórias descritas por Meding et al.
24
, apesar de todos os resultados preliminares encoraja-
dores publicados na literatura.
Em artigo de atualização sobre o uso de enxerto impactado em revisão de en-
xerto femoral, publicado em 2000, Leopold e Rosenberg
86
chamaram a atenção para dois im-
portantes problemas que limitam a possibilidade de comparação entre as séries clínicas descri-
tas no que diz respeito à impactação de enxerto nas revisões de artroplastia: a inconsistência
dos critérios de inclusão e o enorme número de variáveis que podem afetar a evolução do pa-
ciente operado com esta técnica. Citaram que ainda não está perfeitamente esclarecida a im-
portância da acomodação, particularmente das hastes polidas e em cunha, e que, embora a a-
comodação tenha sido admitida como fator preditivo de soltura asséptica, nem sempre aco-
modação das hastes polidas significa falha do implante. Preconizaram o uso do enxerto im-
pactado nas revisões femorais apenas nos casos em que há grande perda de estoque ósseo.
Leopold et al.
27
também conduziram ampla revisão da literatura acerca do uso
de enxerto autólogo nas revisões de artroplastia total do quadril. Relataram que, apesar das
técnicas para armazenamento de enxerto ósseo terem sido descritas já no final dos anos de
1940 e de segmentos ósseos terem sido utilizados em tumores desde o início da década de
1960, apenas nos últimos 25 anos os enxertos de doadores têm sido usados em cirurgias não
oncológicas de reconstrução de quadris. Também observaram que a maior parte dos relatos
indica que, nas revisões de artroplastia, a osteólise femoral regride com a colocação de haste
30
não cimentada estável, desde que se use enxerto impactado. Assim, sugeriram que o enxerto
impactado permanece como opção importante, pois parece restaurar de fato o estoque ósseo,
conforme descrito em algumas séries. Já nas técnicas com colocação cimentada da haste, é o
seu formato que vai permitir que haja nova estabilização quando ocorre acomodação, em fun-
ção da usinagem fria, sem quebra do cimento. Referiram, ainda, que alguns autores
29
observa-
ram que a acomodação da haste em cunha promove força de compressão axial no enxerto.
Boldt et al.
87
relataram os resultados de 181 revisões cimentadas de quadril
com uso de enxerto ósseo impactado, dentre as quais, 79 com haste de Charnley ou Elite não
polidas. Os pacientes foram avaliados por cintilografia, radiografia e critérios clínicos em
tempo médio de acompanhamento de quatro anos (de 1,8 a 8,1 anos). A avaliação radiográfica
evidenciou incorporação e consolidação óssea em 97% dos casos, com aparecimento do tra-
beculado ósseo em 72%. Os 30 exames cintilográficos mostraram 29 revascularizações. Ocor-
reu acomodação femoral de 4 mm a 6 mm em sete casos (9%) e de 6 mm a 8 mm em dois ca-
sos (3%). Não houve correlação estatística entre a acomodação e a lesão pré-operatória.
Pekkarinen et al.
88
avaliaram 68 quadris em 65 pacientes tratados com revisão
femoral entre 1993 e 1995. Observaram nove fraturas diafisárias durante cirurgia, seis no a-
companhamento pós-operatório (três diafisárias e três trocantéricas), e três casos de acomoda-
ção maior que 10 mm com instabilidade rotacional. Associaram a alta taxa de complicações às
características da técnica, pois não ficou clara a associação dessas complicações com as carac-
terísticas da lesão pré-operatória nem com a evolução dos pacientes. O uso de fios, telas ou
placas preveniram fraturas femorais. Defeitos próximos à extremidade distal da haste se mos-
traram particularmente perigosos. Sugeriram que quando a técnica de enxerto impactado é
utilizada, deve-se proteger a diáfise femoral. Também recomendaram, como alternativa, o uso
de haste longa com fixação intramedular distal com ou sem uso de enxerto impactado.
Höstner et al.
89
estudaram 23 fêmures frescos de porcos preparados com retira-
31
da da gordura e do trabeculado medular para simular uma artroplastia de revisão. No Grupo 1
(dez fêmures), procederam à retirada de gordura do enxerto e usaram técnica tradicional de
impactação. No Grupo 2 (seis fêmures), realizaram retirada de gordura do enxerto e impacta-
ção rotacional. No Grupo 3 (sete fêmures), a gordura do enxerto não foi retirada e foi realiza-
da impactação tradicional. No mesmo estudo, avaliaram 24 pacientes submetidos à artroplas-
tia de revisão, também divididos em dois grupos. O Grupo 1 foi formado de 14 pacientes
submetidos a técnica tradicional de impactação e retirada de gordura do enxerto, e o Grupo 2
foi composto de dez pacientes submetidos a técnica de impactação rotacional e retirada de
gordura do enxerto. Os resultados experimentais e in vivo mostraram que o enxerto que teve a
gordura retirada apresentou maior estabilidade, levando os autores a concluir que a retirada de
gordura melhora a estabilidade porque aumenta o efeito de impactação das partículas, incre-
mentando a fricção entre elas. Sugerem que a estabilidade pós-operatória precoce ocorre em
conseqüência da técnica cirúrgica e da qualidade do enxerto usado.
Tokgozoglu et al.
90
publicaram série de 25 pacientes submetidos a artroplastia
de revisão do quadril com enxerto de banco de tecidos. Todos eles, após acompanhamento de
24 meses, apresentaram integração do enxerto, com reconstrução de fêmur proximal, sem o-
corrência de acomodação, migração ou soltura.
Blackley et al.
43
relataram os resultados da avaliação de 60 pacientes submeti-
dos a reconstrução proximal com enxerto em bloco em revisões com perda de estoque ósseo
proximal maior que 5 cm. Em acompanhamento de nove anos e quatro meses, as avaliações
radiográficas evidenciaram reabsorção periférica do enxerto em 13 casos (27%). Ocorreram
cinco infecções, três pseudo-artroses, duas luxações e três casos de soltura asséptica, somando
treze casos de complicação. Os autores comentaram que a perda óssea em toda a circunferên-
cia proximal maior que 5 cm pode tornar as técnicas convencionais de revisão difíceis, quan-
do não impossíveis, principalmente se não puder ser alcançada fixação distal adequada. A par-
32
tir dos seus resultados, partilharam da preocupação de outros autores
12
sobre o uso de enxerto
em bloco na reconstrução do fêmur proximal, mediante a possibilidade de reabsorção do en-
xerto, que pode levar a falhas tardias.
Ornstein et al.
91
realizaram artroplastia de revisão em 22 pacientes, com acom-
panhamento de dois anos, dos quais 18 casos foram estudados. Aos cinco meses de acompa-
nhamento, três pacientes apresentaram fratura do fêmur na ponta da haste. Ao final de dois anos
de acompanhamento, todas as hastes apresentaram migração média de 2,5 mm (de 1,4 a 4,3
mm), mas não houve correlação entre a lesão óssea inicial e a medida de migração. Segundo os
autores, a haste Exeter em dupla cunha, polida e sem colar permite acomodação gradual do im-
plante pela deformidade plástica da manta de cimento. Na discussão desses achados, os autores
referiram estudo de Franzén et al.
92,93
, em que foi encontrada migração distal de 0,4 mm até 4,9
mm, similar, portanto, à de artroplastia primária, em cinco componentes femorais um ano após
revisão de artroplastia.
Böhm e Bischel
94
implantaram 129 hastes de Wagner em 123 pacientes entre
outubro de 1988 e outubro de 1997. A via de acesso utilizada foi transfemoral em 60 pacien-
tes, transglútea em 48, via dorsal em 17, transtrocanteriana em 3, e posterior em 7. Enxerto
ósseo foi utilizado em 50 casos. O tempo médio de acompanhamento foi de 4,8 anos (de 2 a
11,1 anos). Avaliaram a incorporação do enxerto pela observação da formação do trabeculado
entre o osso hospedeiro e o enxerto ósseo. Definiram reabsorção óssea como a clara redução
da densidade ou o desaparecimento do osso transplantado. Observaram uma fratura completa
e uma incompleta da parte distal do fêmur durante a implantação da haste e cinco fraturas pe-
riprotéticas na evolução pós-operatória. Seis hastes foram revisadas novamente por mau posi-
cionamento, instabilidade ou infecção profunda.
Na ultima avaliação radiográfica, observaram que 113 quadris (88%) apresen-
tavam algum grau de recuperação óssea; houve crescimento da lesão óssea em quatro quadris
33
(3%), e em 12 (9%) não houve mudanças. A acomodação média foi de 5,9 mm (de zero a 45
mm). Não houve correlação entre incorporação óssea e idade, sexo, peso corporal, número de
cirurgias prévias, presença de diabete, nem uso de cortisona, antiinflamatórios, álcool ou ci-
garro.
Gross et al.
95
revisaram as técnicas empregadas e os resultados encontrados
pelo seu grupo em artroplastias de revisão com uso de enxertos estruturais e enxertos moí-
dos. Relataram que o enxerto moído deve ser usado em defeitos contidos, e o enxerto estru-
tural deve ser usado em defeitos segmentares com resultados menos previsíveis. Afirmaram
que a restauração de estoque ósseo é objetivo importante nas revisões de artroplastia de
quadril, principalmente no tratamento de pacientes que necessitarão de novas cirurgias ao
longo da vida.
English et al.
96
realizaram artroplastia em 53 pacientes submetidos previamen-
te à cirurgia de Girldlestone por a infecção em prótese. Apenas três dos 53 casos mostraram
acomodação maior que 2 mm. Dois pacientes apresentaram fratura abaixo da haste, foram tra-
tados com fixação interna e apresentaram boa evolução. Em um paciente que apresentou in-
fecção, a haste afundou mais que 15 mm. Ao discutirem resultados clínicos com evolução
semelhante aos das artroplastias primárias, justificaram o uso de enxerto impactado nas revi-
sões de artroplastias infectadas do quadril realizadas em dois tempos. Sugeriram que a técnica
de impactação deve ser preconizada para os casos de revisão, pois acarreta baixo índice de
infecção e de acomodação da haste.
Ornstein et al.
97
estudaram 144 artroplastias de revisão realizadas entre janeiro
de 1994 e dezembro de 1999, 108 das quais se referiam à troca de prótese com uso de enxerto
e cimentação. Durante as cirurgias, houve 21 fraturas: 12 proximais, nove diafisárias e oito
fraturas do grande trocanter. Perfurações corticais aconteceram em sete quadris. Um paciente
apresentou lesão do nervo ciático. Em um caso ocorreu infecção que foi tratada com a retirada
34
da prótese após seis meses. No primeiro ano de acompanhamento, ocorreram nove fraturas
diafisárias e nove episódios de luxação. Sugeriram que as fraturas femorais podem ser evita-
das pelo aprimoramento da técnica cirúrgica e pelo o uso de equipamento adequado. Afirma-
ram, ainda, que o uso de enxerto picado impactado deve ser considerado devido à sua capaci-
dade de reverter a perda óssea, apesar de estar associado a alto risco de fratura femoral.
Piccaluga et al.
98
estudaram 59 procedimentos em 57 pacientes submetidos à
revisão de componente femoral entre agosto de 1987 e fevereiro de 1999. Os pacientes foram
acompanhados por tempo médio de 56,7 meses (de 24 a 144 meses). Ocorreu fratura femoral
no momento da impactação do enxerto em um caso, que foi tratado com cerclagem e teve boa
evolução. Em dez casos, perfuração do canal femoral foi inferida pela extrusão do cimento
para fora do canal vista nas radiografias pós-operatórias. Todos os pacientes tiveram boa evo-
lução. Na última avaliação radiográfica, realizada em 56 reconstruções (54 pacientes), a haste
femoral estava fixa, com acomodação menor que 5 mm e sem radiolucência progressiva em
52 casos. Dois pacientes assintomáticos apresentaram soltura da haste com acomodação maior
que 13 mm e 20 mm, respectivamente, após 12 meses. A média de acomodação foi de 1,2 mm (de
zero a 20 mm). Já nos casos de falha de reconstrução, essa média foi de 12,5 mm.
Os autores comentaram que o receio inicial em relação à integração nos casos
de uso de enxerto impactado tem diminuído devido aos relatos favoráveis de remodelação e
restauração do estoque ósseo, que indicam que o enxerto mantém sua capacidade osteogênica
mesmo quando em contato com o cimento e apesar da reação exotérmica. Também assegura-
ram que o uso de instrumental apropriado permite ao cirurgião alcançar a cimentação ideal, o
que é essencial na evolução de revisão. Relataram, por fim, que a complicação mais importan-
te associada à técnica de impactação de enxerto é a fratura femoral, que pode ocorrer no mo-
mento da luxação do quadril, na colocação da rolha óssea, ou durante a impactação do enxerto
propriamente dita. Preconizaram o uso de fios de cerclagem e de telas metálicas para evitar o
35
aparecimento de fraturas, que podem ocorrer meses ou anos após o procedimento, parece estar
associado à falha na reconstrução distal da deficiência óssea, em geral ligado, por sua vez, à
falta de proteção da haste ou quando há falha na incorporação do enxerto proximal.
Van Doorn et al.
99
observaram correlação importante entre a avaliação de Gus-
tilo e Pasternak e a acomodação da haste Exeter, correlação essa que não foi evidenciada com
o uso de haste Elite Plus. A haste em dupla cunha polida pode ser mais suscetível a deficiên-
cias no fêmur proximal pelo seu caráter expansivo associado à acomodação.
As investigações de Cabanela et al.
100
partiram do princípio de que, quando a
perda óssea é cavitária, pode acometer metáfise e diáfise, e o canal femoral pode estar alarga-
do, caso em que o método de enxerto ósseo impactado e cimentação se torna atraente. Apesar
de ser desejável uma cortical ininterrupta, o defeito cortical segmentário não contra-indica a
técnica, pois a perda óssea pode ser recuperada. Nessa direção, avaliaram 57 revisões femo-
rais com enxerto ósseo impactado e cimentação realizadas em 54 pacientes entre 1993 e 1997.
Em acompanhamento médio de 6,3 anos (de 3 a 9,3 anos), a avaliação radiográfica de longo
prazo não evidenciou sinais de soltura em nenhuma das 48 próteses que cumpriram o período
de avaliação. A acomodação da haste foi de zero a 3 mm em 44 quadris; entre 4 mm e 6mm
em dois quadris; em um caso houve acomodação grave associada com infecção. Em 42 paci-
entes, a avaliação radiográfica evidenciou remodelamento ósseo. Em seis casos, ocorreu fratu-
ra de diáfise femoral, sempre próxima da extremidade distal da haste, o que constitui a com-
plicação mais freqüente. Argumentaram que a pequena acomodação observada na série pode
estar relacionada com detalhes cuidadosos da técnica utilizada, alegando que a impactação
rigorosa é essencial para a estabilidade, facilita a incorporação do enxerto e diminui a acomo-
dação da haste. Assinalaram que a fratura pós-operatória precoce é a conseqüência mais co-
mum de defeito preexistente ou de defeito criado durante a revisão. Também relacionaram a
grande melhora da dor à excelente estabilidade mecânica alcançada com o procedimento.
36
Concluíram que, apesar de o córtex femoral medial proximal ser essencial, pequenas deficiên-
cias podem ser aceitas se for reconstruído um envelope satisfatório. Dispensaram atenção es-
pecial aos detalhes técnicos e referiram que o uso de hastes longas pode reduzir a incidência
de complicações, como as fraturas femorais tardias.
Engh et al.
101
desenvolveram estudo para identificar preditores clínicos de stress
shielding femoral e comparar o quadro clínico de pacientes com e sem esse remodelamento ós-
seo. Para tanto, analisaram radiografias de 208 quadris submetidos a artroplastias primárias cu-
jos pacientes foram seguidos por tempo médio de 13,9 anos (de 2 a 18 anos). Compararam, en-
tão, os achados radiográficos de 48 pacientes que apresentavam o stress shielding com os de
160 que não o apresentavam, e os achados revelaram maior freqüência de remodelamento em
mulheres, pacientes com baixo índice cortical, e em pacientes com hastes mais longas. Nenhum
caso de soltura femoral, fratura periprotética ou perda de superfície porosa foi observado entre
os pacientes que apresentaram stress shielding, dos quais 13% precisaram de revisão da artro-
plastia, contra 21% dos pacientes sem o remodelamento.
A partir desses resultados, os autores discordaram de estudo anterior
50
que su-
geriu haver risco maior de fraturas periprotéticas femorais e impossibilidade ou grande difi-
culdade de revisão da artroplastia na presença de stress shielding.
Sporer e Paprosky
18
citaram que a escolha do implante usado durante a recons-
trução femoral é freqüentemente baseada na quantidade de perda de estoque ósseo encontrada
na cirurgia, e que muitos cirurgiões optam pela haste totalmente porosa e não cimentada nas
revisões, com o objetivo de conseguir uma fixação diafisária, uma vez que as revisões cimen-
tadas apresentam resultados insatisfatórios em longo prazo.
Relataram que a alta taxa de falha mecânica nas revisões primariamente cimen-
tadas parece decorrer da diminuição da força de ligação na interface entre o osso e o cimento,
e que a fixação satisfatória da haste não cimentada requer estabilidade axial e rotacional além
37
de necessitar de contato íntimo da haste com o osso hospedeiro para minimizar os micromo-
vimentos e promover a osteointegração. Segundo os autores, os resultados insatisfatórios das
hastes longas porosas não cimentadas são atribuídos à impossibilidade de alcançar estabilida-
de inicial e de eliminar os micromovimentos. Portanto, o enxerto ósseo constitui alternativa
para pacientes com perda óssea, já que tem potencial de restaurar o estoque ósseo e pode ser
usado em canais largos e superfície endosteal irregular.
Böhm e Bischel
102
relataram que mais de 50.000 revisões de artroplastia são
realizadas a cada ano em todo mundo, e que 70% a 80% são por soltura asséptica. Também
ratificaram as afirmações de que a perda óssea proximal é um dos maiores desafios nas cirur-
gias da reconstrução do quadril
43,69
. Basearam, então, seus estudos sobre dois fundamentos:
- a premissa de Gorab et al.
103
, segundo a qual o uso de hastes longas não ci-
mentadas femorais deve ser preconizado em função das altas taxas de falha nas revisões ci-
mentadas,
- e os achados de Böhm e Banzhaf
104
indicando que a presença de stress shiel-
ding no fêmur proximal tem sido causa de preocupação no uso de hastes com porosidade em
toda a sua extensão.
Estudaram, então, 129 revisões consecutivas não cimentadas com haste de
Wagner realizadas entre outubro de 1988 e setembro de 1997. Durante as cirurgias, ocorreu
uma fratura periprotética e uma no fêmur distal. Perfurações ósseas ocorreram em 36 dos 60
pacientes submetidos à abordagem transfemoral, mas não ocorreram alterações na estabilida-
de. Seis fraturas periprotéticas ocorreram durante acompanhamento de 2,9 anos, e a probabili-
dade dessa fratura aumentou 5,6% nos casos acompanhados por 14 anos. Foi evidenciada neo-
formação óssea em 36% dos casos. A idade, o sexo, o peso corporal, a quantidade de cirurgias
prévias, a presença de diabete, e o uso de cortisona, álcool e fumo não influenciaram a restau-
ração óssea. A média de acomodação foi de 5,9 mm (de zero a 4 mm), e foi maior nas abor-
38
dagens transfemorais e nos defeitos mais graves.
Discutiram seus achados à luz de uma série de relatos publicados por outros
autores
105
que, já em 1990, haviam relatado que a maior vantagem do uso do cimento é a es-
tabilidade imediata pela interpenetração entre o cimento e o osso. Dohmae et al.
64
também já
haviam preconizado que, nas revisões cimentadas, há explícita diminuição na força de interli-
gação entre cimento e osso, o que resulta em aproximadamente 21% da força nas cirurgias
primária e em 7% da força em cirurgias de revisão secundária. A diminuição na força de liga-
ção na interface entre o cimento e o osso, nas revisões, provavelmente seja responsável por
resultados insatisfatórios com soltura precoce. Argumentaram que a passagem do cimento por
perfuração cortical está relacionada com aumento da taxa de acomodação e de falha nas revi-
sões, e que grande perda de estoque ósseo tem pior prognóstico, o que leva a restringir as re-
visões cimentadas aos defeitos ósseos contidos.
A partir de minuciosa revisão da literatura, Morgan et al.
106
propuseram que o
objetivo de qualquer técnica de revisão é promover reconstrução estável e durável, apesar da
perda óssea. Nos casos mais graves, megapróteses e enxertos estruturais oferecem opções de
salvação, mas estão associados com altas taxas de complicações, que incluem luxação, dis-
função muscular, infecção profunda e pseudo-artrose. Citaram trabalhos que confirmaram que
o enxerto impactado e cimento reconstituem o fêmur proximal deficiente ao mesmo tempo em
que promovem fixação estável de prótese femoral.
Ponderaram que a complicação mais comum da técnica de enxerto impactado
femoral é a fratura intra-operatória (que varia 5% a 24% nas diversas séries), que geralmente
ocorre durante a impactação do enxerto, ou a fratura pós-operatória, razão pela qual é funda-
mental localizar os defeitos cavitários e segmentares que necessitam de reforço com tela metáli-
ca ou enxerto estrutural. Telas e enxertos estruturais podem reforçar o fêmur e reduzir o risco de
fraturas que podem levar à falha da reconstrução e à necessidade de reoperação para estabilizar
39
o componente femoral. Por outro lado, presença do implante, das telas, do enxerto estrutural e
de outros materiais pode dificultar a vizibilização radiográfica da manta de cimento.
Assinalaram, ainda, que a taxa de luxação (3% a 13%) é mais alta nas revisões
com enxerto impactado do que nas artroplastias primárias.
Lie et al.
16
apresentaram os resultados de 4762 revisões de artroplastia sem in-
fecção prévia registradas na Noruega entre outubro de 1987 e março de 2003. Dessas revi-
sões, 2860 (60%) envolviam o fêmur. Em relação à sobrevida e a resultados clínicos, a artro-
plastia de revisão mostrou resultados inferiores aos da artroplastia primária. A probabilidade
de uma prótese primária necessitar de revisão foi de 11,4% em dez anos, e a de uma revisão
necessitar de outra cirurgia foi de 25,6%. Os piores resultados foram observados nos casos de
revisões cimentadas sem enxerto e de revisões não cimentadas com enxerto.
Frei et al.
107
realizaram osteotomia de colo em seis fêmures de cadáver huma-
no, na qual removeram o osso esponjoso da região metafisária proximal, criaram defeitos na
diáfise e, assim, simularam perda óssea cavitária. Em seguida, utilizaram enxerto impactado e
procederam à cimentação retrógrada com pressurização antes de introduzir a haste femoral.
Realizaram cortes transversais no fêmur a cada 6 mm para avaliação desses segmentos.
Para esse estudo experimental, partiram do fato de que as condições mecânicas
e biológicas assim como as forças de impactação necessárias para alcançar um invólucro ós-
seo seguro do enxerto numa revisão de quadril ainda não são conhecidas, o que explica tanto a
variabilidade observada no quadro clínico quanto à ocorrência de fraturas.
Verificaram que a porosidade do enxerto proximal na zona 1 foi significativa-
mente maior que na zona 4 de Gruen. A correlação de força de impactação com a porosidade
do enxerto indicou que, quanto maior a força de impactação, maior a densidade do invólucro
do enxerto. Nas zonas 2 e 6 quase toda a área foi preenchida com cimento ósseo. A resistência
40
da interface cimento-enxerto é muito maior que a do cimento puro com a superfície óssea lisa.
Clohisy et al.
23
analisaram retrospectivamente 451 revisões realizadas entre
agosto de 1996 e setembro de 2003. Dados completos foram alcançados em 386 pacientes e
439 revisões. Relataram que a artroplastia do quadril permanece como uma das mais efetivas
cirurgias em termos de custo-benefício realizadas, pois o sucesso clínico até dez anos é maior
que 90%. Mas a falha tardia permanece um problema que resulta na cirurgia de revisão, cuja
freqüência aumenta proporcionalmente ao avanço da idade da população e ao número maior
de artroplastias que são realizadas. A soltura asséptica foi a causa mais comum de revisão ob-
servada em 50% dos casos. Foi registrada instabilidade em 14% dos casos. Osteólise em pró-
tese fixa foi aparente em 13% dos casos.
Graham e Stockley
41
avaliaram retrospectivamente os pacientes em que foi uti-
lizado enxerto estrutural femoral proximal, entre abril de 1992 e novembro 1998. Do total de
33 pacientes e 34 revisões, foram avaliados 24 pacientes em tempo médio de acompanhamen-
to de 53 meses (de 16 a 101 meses). Na seleção dos tipos de prótese, as hastes passavam no
mínimo 5 cm da área de lesão. Consideraram a união enxerto-hospedeiro completa quando as
radiografias em incidência frente e perfil não evidenciaram a linha de radiolucência.
Relataram que dois casos necessitaram de nova revisão: um por soltura aceta-
bular e outro por infecção tardia. Um paciente desenvolveu dor persistente e foi submetido à
nova cirurgia com colocação de enxerto de ilíaco na junção do enxerto com hospedeiro. Hou-
ve reabsorção óssea em um caso que não necessitou de revisão. Não houveram luxações. Em
13 revisões, as radiografias revelaram união do enxerto-hospedeiro, sem linha radiolucente;
em sete, evidenciou-se linha radiolucente localizada; e em cinco não houve união, mas os pa-
cientes estavam assintomáticos.
Mahoney et al.
108
avaliaram retrospectivamente 41 pacientes que foram subme-
tidos à artroplastia de revisão entre junho de 1993 e abril de 1998. Um paciente faleceu, res-
41
tando 43 quadris que foram acompanhados por tempo médio de 4,7 anos. A acomodação mé-
dia foi de 0,84 mm, variando de zero a 7,2 mm. Mas não houve correlação entre a acomoda-
ção da haste e a melhora observada na avaliação clínica. Tampouco houve diferenças entre os
tipos de haste utilizados. Não foi observada relação entre a acomodação e a lesão pré-
operatória. Ocorreram três fraturas intra-operatórias e uma pós-operatória.
Os autores referiram que, na sua experiência, a técnica com enxerto impactado
e haste cônica, polida e sem colar é reprodutível, e mostraram bons resultados em 97% dos
casos no acompanhamento estudado.
Gokhale et al.
109
avaliaram 57 quadris em 54 pacientes com soltura asséptica
que foram revisados com enxerto ósseo impactado. Em acompanhamento médio de 32 meses,
houve incorporação completa do enxerto em 77% dos pacientes entre 12 e 18 meses, e não se
encontrou associação entre o tipo de haste e a incorporação. A acomodação média da haste foi
de 2,7 mm média (de zero a 11 mm) até dois anos. Cinco próteses migraram mais que 5 mm,
sendo que a menor migração ocorreu nos três primeiros meses. Referiram que o enxerto im-
pactado na extremidade distal da prótese é responsável por 70% da estabilidade. Recomenda-
ram que enxerto deva ser moído (homogêneo) para que suas propriedades sejam mantidas cons-
tantes. Qualquer mudança na densidade do enxerto impactado pode causar modificações no
grau de compactação.
Argumentaram que a estabilidade do implante depende da técnica cirúrgica e da
qualidade óssea do doador. Também salientaram que canais largos em diâmetro acomodam partí-
culas grandes de enxerto, que são responsáveis pela promoção de maior estabilidade no conjunto
cimento-enxerto ósseo. Por fim, sugeriram que a fratura periprotética, que é uma complicão
freqüente nas revisões com enxerto impactado, pode ser evitada com boa exposição operatória, o
que diminui os esforços torsionais, e com o uso de cabos, fios de cerclagem ou enxerto estrutural.
42
2.OBJETIVOS
43
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
Comparar os resultados das avaliações clínicas e radiográficas das revisões de
artroplastias femorais com enxerto impactado, haste polida e em cunha, técnica Exeter, em
pacientes operados pelo grupo de Cirurgia do Quadril da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo.
2.2. Específicos
1. Descrever o perfil de pacientes submetidos à técnica de revisão Exeter, to-
mando como referência: idade, sexo, lado, existência e tipo de fratura no pré ou pós-
operatório ou luxação no pós-operatório.
2. Comparar os achados clínicos (dor, marcha e mobilidade) e radiográficos
pré-operatórios (avaliações de Paprosky femoral, Gustilo-Pasternak femoral), com resultados
clínicos e radiográficos do pós-operatório de pacientes submetidos à técnica de revisão Exe-
ter, com acompanhamento mínimo de dois anos.
44
3.CASUÍSTICA E MÉTODOS
45
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS
3.1. Casuística
Esta pesquisa, protocolada sob o número 094/05 no Comitê de Ética e Pesquisa
(CEP) da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (Anexo 1), teve como popu-
lação 216 pacientes com soltura de prótese de quadril submetidos à revisão no período de de-
zembro de 1994 a agosto de 2006, no Grupo de Quadril do Pavilhão “Fernandinho Simonsen”
da Santa Casa de São Paulo.
Somente foram incluídos os pacientes submetidos a revisão femoral com uso
de enxerto ósseo; por esse motivo, excluíram-se 48 pacientes que sofreram apenas revisão a-
cetabular, 5 por revisão femoral sem enxerto, 12 por perda de acompanhamento, 9 por evolu-
ção menor que 24 meses, 11 por infecção pós-operatória, 2 por óbito com menos de 24 meses
de evolução e 11 cujos acetábulos apresentavam evidências radiográficas de soltura. A partir
dessas exclusões, a amostra ficou constituída de 118 pacientes.
3.2. Método
3.2.1. Protocolo de avaliação pré e pós-operatória e técnica cirúrgica
Nossos pacientes submetidos à artroplastia são acompanhados rotineiramente
no ambulatório com retornos periódicos, quando são avaliados por critérios clínicos e radio-
gráficos. O diagnóstico de algum motivo que indique necessidade da troca da prótese, como,
por exemplo, soltura ou desgaste, leva o paciente a realizar exames pré-operatórios de rotina,
avaliação clínica e anestésica e assim que está liberado para o procedimento ortopédico, o pa-
ciente entra na programação cirúrgica do grupo.
46
Como rotina do serviço de anestesiologia, os pacientes são submetidos à anes-
tesia peridural contínua associada à anestesia geral. Os doentes são posicionados em decúbito
lateral. A via de acesso de eleição foi a posterior em 112 cirurgias, osteotomia extendida em
cinco e osteotomia trocantérica em um.
Todos os pacientes foram submetidos à revisão femoral, com reconstrução do
estojo ósseo com enxerto impactado, uso de hastes polidas com formato em cunha (Exeter
®
),
cimentação de terceira geração, técnica Exeter
3
.
Com objetivo de diminuir o tempo operatório, melhorar a qualidade da recons-
trução femoral obtida, otimizar o uso do material de implante e principalmente prever e pre-
venir complicações intra-operatórias, todos as cirurgias foram planejadas pré-
operatoriamente.
O ato cirúrgico consiste na via de acesso, retirada dos componentes femoral e
acetabular que exigiam troca, reconstrução do estojo femoral com telas metálicas, quando ha-
via grande perda do estoque ósseo e modificação da sua forma original. Para reconstituir bio-
logicamente o novo canal femoral, enxerto homólogo foi colocado e impactado gradualmente
(anexo 3). Para garantir impactação eficiente, a porção distal do canal femoral foi ocluída com
um tampão (bone-plug) que faz conexão com um fio guia que centraliza os impactores. Os
impactores têm o formato da prótese original, porém discretamente mais largos, o que permite
uma camada de cimento ortopédico de 2 mm de espessura (anexo 4). Enxerto ósseo moído
proveniente de banco de tecidos foi impactado vigorosamente e a cimentação retrógrada de
terceira geração foi utilizada. As hastes Exeter polidas em cunha, com centralizador distal,
foram introduzidas.
47
3.2.2. Protocolo para coleta de dados
O protocolo de avaliação da técnica Exeter foi padronizado pelo Grupo de Ci-
rurgia do Quadril do Pavilhão "Fernandinho Simonsen" da Santa Casa de São Paulo (Anexo 2).
Das informações constantes do referido protocolo, interessaram para análise, neste estudo, os
dados relativos à avaliação clínica e radiográfica pré-operatória; os motivos da indicação para
cirurgia; os procedimentos e avaliações intra-operatórios e as avaliações pós-operatórias.
As avaliações clínicas incluíram a classificação de D'Aubignè e Postel
53
, modi-
ficada por Charnley
54
para dor, marcha e mobilidade, incluindo critérios alfabéticos A, B e C
(Anexo 2) .
Nas avaliações pré-operatórias, foram realizadas radiografias nas incidências
frente da pelve e perfil do lado acometido e interessou avaliar presença de lise endosteal, de-
feito cortical, fratura do cimento (nas respectivas regiões de Gruen
110
), fratura periprotética e
stress shielding.
A técnica radiográfica foi padrão do serviço de ortopedia com distância de 1
metro entre o chassi e a ampola de raios X.
Escolheram-se as classificações de Gustilo e Pasternak
48
e de Paprosky para as
avaliações intra-operatórias, pois contribuem para entender a gravidade estrutural da lesão, e
posteriormente correlacioná-las com o tamanho da reconstrução, a quantidade de enxerto uti-
lizada, as complicações associadas ao procedimento e a avaliação dos dados pós-operatórios.
De acordo com a gravidade, na classificação de Gustilo e Pasternak, os pacientes são distribu-
ídos nos tipo I, II, III e IV e na classificação de Paprosky, nos graus: 1, 2A, 2B, 2C e 3. Esses
critérios estão descritos no Anexo 2.
Os dados intra-operatórios incluíram: componentes revisados, qualidade do os-
so, o tipo de componente femoral removido, materiais utilizados na reconstrução femoral (te-
48
las, cerclagem, entre outros), classificação da qualidade da pressurização do cimento, fraturas
intra-operatórias e informações sobre as próteses utilizadas.
As avaliações clínicas e radiográficas pós-operatórias foram realizadas 30 dias,
três, seis, 12 e 24 meses após a cirurgia. No período pós-operatório também foi avaliada even-
tual presença de luxação, recidiva de luxação, além da integração do enxerto, ocorrência de
óbito, presença de espessamento cortical e de acomodação de haste. A integração do enxerto,
foi definida como a formação de cortical onde havia defeito observado nas radiografias pré-
operatórias e confirmada durante a cirurgia e que foi preenchida por enxerto, assim como apa-
recimento de trabeculado típico das regiões metafisárias e medularização nas regiões diafisá-
rias à semelhança da estrutura óssea normal. A não integração foi definida como a ausência
dos critérios anteriormente descritos e nos casos em que foi impossível visibilizar as regiões
preenchidas por enxerto pela presença de telas ou outro material de síntese classificamos a
integração como duvidosa. A acomodação da haste em relação ao cimento foi medida na rela-
ção do ombro da prótese femoral com o cimento que recobre a região, isto em radiografias
seriadas; quando não havia cimento que permitisse avaliação, foi medida a acomodação da
haste, pela sua extremidade distal, dentro do centralizador. A estabilidade de todo o conjunto,
haste, cimento e enxerto, foi avaliada quanto à mudança de posição, conforme comparação
com as radiografias do pós-operatório imediato. Por fim, procurou-se verificar a associação
entre esses resultados radiográficos e a avaliação clínica.
3.2.3. Análise estatística dos dados
Os resultados foram descritos como freqüências absolutas e relativas, quando
se tratava de dados demográficos e de avaliações pré e pós-operatórias. A idade e o tempo de
49
acompanhamento foram descritos com uso de medidas resumo (médias, medianas, desvio pa-
drão, mínimo e máximo).
As medidas de dor, marcha e mobilidade no pós-operatório foram comparadas
entre os sexos com o uso do teste de Mann-Whitney. O teste de razão de verossimilhança foi
utilizado para verificar associação dessas medidas com a indicação da artroplastia de revisão.
A comparação entre pré e pós-operatório quanto às medidas de dor, marcha e mobilidade foi
realizada por meio do uso do teste de Wilcoxon pareado. Foram também calculadas as corre-
lações de Spearman entre dor, marcha e mobilidade com as demais medidas para se verificar
se houve diferença no pré e no pós-operatório (fontes consultadas).
Foi adotado nível de significância de 95% (p <
0,05).
Para a avaliação dos resultados e sua correlação com dados pré e intra-
operatórios, adotou-se, a partir da classificação de D'Aubignè-Postel para dor, marcha e mobi-
lidade, critério descrito na Tabela 1.
Tabela 1. Critério de avaliação clínica de dor marcha e mobilidade, utilizado neste estudo
Classificação de D'Aubignè-Postel Resultado considerado
5-6 Bom
3-4 Regular
1-2 Ruim
50
4.RESULTADOS
51
4. RESULTADOS
4.1. Resultados descritivos pré-operatórios
4.1.1. Sexo, idade, lado e tempo de acompanhamento
Conforme dados constantes na Tabela 2, na composição da amostra predomi-
naram mulheres (60,2%) em relação aos homens (39,8%). Quanto à idade, os pacientes esta-
vam num intervalo compreendido entre 25 e 84 anos, sendo a média de 62,5 anos. Na verifi-
cação quanto ao quadril, 65 pacientes (55,1%) foram acometidos do lado direito e 53 (44,9%),
do lado esquerdo. Nesta amostra, o tempo de acompanhamento variou de 24 meses na avalia-
ção mínima, com média de 70,41, máxima de 134 meses.
52
Tabela 2. Resultados descritivos pré-operatórios, quanto a sexo, idade, lado e tempo de a-
companhamento
Variáveis Resultados
n %
Sexo
Homens 47 39,8%
Mulheres 71 60,2%
Total 118 100,0%
Idade
Mínima 25
Máxima 84
Média + desvio padrão 62,5 + 13,53
Lado
Direito 65 55,1%
Esquerdo 53 44,9%
Total 118 100,0%
Acompanhamento
Mínimo 24 meses
Máximo 134 meses
Media 72 meses
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.1.2. Indicação da artroplastia de revisão
Na Tabela 3, são apresentados os achados relativos aos motivos que levaram à
indicação da revisão da artroplastia de quadril. A esse respeito, os resultados indicam predo-
mínio da soltura dos dois componentes em 58 pacientes (49,2%), seguida de infecção em 26
pacientes (22%) e de soltura do componente femoral em 17 pacientes (14,4%). Em 16 situa-
ções (13,6%) em que a indicação de revisão foi soltura acetabular, os componentes femorais
com hastes em monobloco foram trocados por apresentarem cabeça riscada (tipo Charnley),
por mal posicionamento do componente femoral, alongamento do membro ou porque o Servi-
ço não teve disponível as cabeças para a troca nas hastes modulares.
53
Tabela 3. Distribuição da amostra segundo a indicação da revisão
Indicação da revisão Resultados
Soltura dos dois componentes 58 49,2%
Infecção 26 22,0%
Soltura femoral 17 14,4%
Soltura acetabular 16 13,6%
Fratura da prótese femoral 1 0,8%
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.1.3. Avaliação pré-operatória segundo critérios de D’Aubigné e
Postel, quanto à dor, marcha e mobilidade
Nos períodos imediatamente anteriores às cirurgias, 107 pacientes (90,7%) a-
presentavam queixa de dor, que variava de um a três conforme os critérios de D’Aubigné e
Postel e 11 pacientes (9,3%) restantes foram classificados como quatro. Quanto à marcha no
mesmo período, 109 pacientes (91%) situavam-se entre um e três, ao passo que, na mobilida-
de, 92 pacientes (80%) foram graduados entre três e cinco (Tabela 4).
54
Tabela 4. Distribuição da amostra segundo critérios propostos por D’Aubigné e Postel na a-
valiação pré-operatória
Variáveis Resultados
n %
Dor
1
17 14,4%
2
44 37,3%
3
46 39,0%
4
11 9,3%
5
0 0
6
0 0
Total 118 100,0%
Marcha
1
34 28,8%
2
49 41,5%
3
26 22,0%
4
7 5,9%
5
2 1,7%
6
0 0
Total
118 100,0%
Mobilidade
1
11 9,3%
2
9 7,6%
3
21 17,8%
4
41 34,7%
5
30 25,4%
6
6 5,1%
Total
118 100,0%
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.1.4. Classificações de Paprosky e Gustilo-Pasternak de lesões ós-
seas pré-operatórias
Como revelam os dados expostos na Tabela 6, tomando-se como referência os
parâmetros estabelecidos por Paprosky, observamos 13 (11,0%) pacientes no grau 1, 50
(42,4%) pacientes enquadrados na escala de graduação 2A, 14 e 13 (11%) pacientes respecti-
vamente nos graus 2B e 2C e, no grau 3, 28 (23,7%) pacientes.
Por outro lado, quando o processo avaliativo baseou-se na classificação formu-
lada por Gustilo-Pasternak, o grau I teve a inclusão de 2 pacientes, representando 1,7% dos
55
casos, no grau II observamos 42 pacientes (35,6%), no III 47 pacientes (39,8%) e restando 27
pacientes (22,9%) classificados como grau IV.
Tabela 5. Distribuição dos pacientes conforme as classificações de Paprosky e
de Gustilo-Pasternak
Variáveis Resultados
Paprosky N %
1
13 11,0%
2A
50 42,4%
2B
14 11,9%
2C
13 11,0%
3
28 23,7%
Total
118 100,0%
Gustilo-Pasternak
I
2 1,7%
II
42 35,6%
III
47 39,8%
IV
27 22,9%
Total
118 100,0%
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.2. Resultados descritivos intra-operatórios
4.2.1. Via de acesso cirúrgico
O acesso posterior foi escolhido em 112 operações (94,9%). Em cinco casos de
hastes não cimentadas, optou-se por osteotomia extendida e em um paciente foi utilizada a via
lateral com osteotomia do trocanter maior (Tabela 5).
56
Tabela 6. Distribuição dos pacientes segundo vias de acesso cirúrgico
Vias de acesso Resultados
Osteotomia extendida 5 4,2%
Lateral com osteotomia trocantérica 1 0,8%
Posterior 112 94,9%
Total 118 100,0%
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.2.2. Dados quanto a fraturas femorais intra-operatórias
Dos 118 pacientes submetidos à cirurgia de revisão, observamos a ocorrência
de fraturas femorais no intra-operatório, em sete ocasiões, que correspondendo a 5,93% dos
operados.
4.3. Resultados descritivos pós-operatórios
4.3.1. Dor, marcha e mobilidade
As avaliações relativas à condição dos pacientes no pós-operatório foram reali-
zadas após mínimo de 24 e máximo 134 meses de acompanhamento e estão relacionadas na
Tabela 6. Quanto à dor, 114 (96,6%) pacientes apresentavam-se no grau 6, três (2,5%) no
grau 5 e apenas um (0,8%) foi classificado no grau 3. Em paralelo, na avaliação da marcha, 97
(82,2%) dos doentes estavam entre 5 e 6, 17 (14,4%) entre os graus 3 e 4 e 4 (3,4%) no grau
2. Nesse indicador, não houve doente no grau 1. Quanto à classificação alfa numérica de
Charnley, 61 (51,7%) encontravam-se no nível A; 35 (29,7%) no B e 22 (18,6%) foram avali-
ados no nível C.
No quesito mobilidade, o padrão de distribuição foi mantido com mais de 90%
dos doentes entre 5 e 6, 6% no grau 4 e os dois restantes estavam divididos nos graus 1 e 3
(Tabela 7).
57
Tabela 7. Distribuição da amostra segundo critérios propostos por D’Aubigné e Postel, modi-
ficados por Charnley, na avaliação pós-operatória para dor marcha e mobilidade
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
Dor N %
1
0 0
2
0 0
3
1 0,8%
4
0 0
5
3 2,5%
6
114 96,6%
Total 118 100,0%
Marcha
1
0 0
2
4 3,4%
3
3 2,5%
4
14 11,9%
5
55 46,6%
6
42 35,6%
Total
118 100,0%
Mobilidade
1
1 0,8%
2
0 0
3
1 0,8%
4
7 5,9%
5
52 44,1%
6
57 48,3%
Total
118 100,0%
Charnley
A
61 51,7%
B
35 29,7%
C
22 18,6%
58
4.3.2. Complicações pós-operatórias
No que se refere a complicações pós-operatórias, foram encontrados os seguin-
tes resultados: três pacientes (2,5%) apresentaram fratura, quatro (3,4%) foram a óbito por
motivos alheios ao procedimento cirúrgico (mais de 24 meses de evolução), nove (7,6%) a-
presentaram luxação posterior e dois (1,7%) luxação anterior (Tabela 8).
Tabela 8. Distribuição das complicações dos pacientes submetidos à revisão femoral de acor-
do com os achados pós-operatórios
Complicações
Período pós-operatório
mínimo 24 meses
Fratura 3 2,5%
Óbito 4 3,4%
Luxação
Posterior 9 7,6%
Anterior 2 1,7%
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.3.3. Avaliação radiográfica
Os achados radiográficos pós-operatórios dos pacientes, descritos na Tabela 9,
foram os seguintes: quanto à acomodação da haste, 28 (23,7%) tiveram acomodação de 1 mm,
18 (15,3%) acomodação de 2 mm e 13 (11,0%) acomodação de 3 mm ou mais. Não foi verifi-
cada acomodação da haste em 50% dos pacientes. A integração femoral esteve presente em
115 pacientes (97,5%) e foi duvidosa em 3 casos (2,5%).
59
Tabela 9. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os achados
radiográficos nas avaliações pós-operatórias
Variáveis Pós-operatório 24 meses
n = 118
Acomodação da haste
Ausente 59 50,0%
1 mm 28 23,7%
2 mm 18 15,3%
> 3 mm 13 11,0%
Integração femoral
Duvidosa 3 2,5%
Integrado 115 97,5%
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4. Resultados gerais: descrição e análise inferencial
4.4.1. Dor, marcha e mobilidade no pré e pós-operatório
Na Tabela 10, estão comparados e descritos os achados relativos aos resultados
da avaliação dos pacientes para dor, marcha e mobilidade no período pré-operatório e, no mí-
nimo, 24 meses após a operação, conforme classificação de D'Aubignè-Postel, modificado por
Charnley.
60
Tabela 10. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os acha-
dos da avaliação comparativa pré-operatória e pós-operatória, conforme a classi-
ficação de D'Aubignè-Postel, modificada por Charnley
Classificação de Avaliação
D'Aubignè-Postel,
modificado Charnley
Pré-operatória pós-operatória
Dor
1
17 14,4% 0 0
2
44 37,3% 0 0
3
46 39,0% 1 0,8%
4
11 9,3% 0 0
5
0 0 3 2,5%
6
0 0 114 96,6%
Total
118 100% 118 100%
p < 0,001
Marcha
1
34 28,8% 0 0
2
49 41,5% 4 3,4%
3
26 22,0% 3 2,5%
4
7 5,9% 14 11,9%
5
2 1,7% 55 46,6%
6
0 0 42 35,6%
Total
118 100% 118 100%
p < 0,001
Mobilidade
1
11 9,3% 1 0,8%
2
9 7,6% 0 0
3
21 17,8% 1 0,8%
4
41 34,7% 7 5,9%
5
30 25,4% 52 44,1%
6
6 5,1% 52 48,3%
Total
118 100% 118 100%%
p < 0,001
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
As medidas pré-operatórias de dor, marcha e mobilidade estão correlaciona-
das: conforme mostra a Tabela 11, quanto melhor o resultado dor, melhores a marcha e mo-
bilidade (p < 0,001).
61
Tabela 11. Correlação de Spearman entre as medidas no pré-operatório
Correlação Dor pré-operatória Marcha pré-operatória
Marcha pré-operatória r 0,706
p < 0,001
Mobilidade pré-operatória r 0,501 0,410
p < 0,001 < 0,001
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4.2. Dor pós-operatória em relação a sexo e idade
Com relação à dor, 117 pacientes (99,2%) apresentaram bom desempenho na
avaliação de 24 meses, sendo que apenas um foi classificado como regular. Os resultados fi-
nais com relação à dor foram semelhantes para homens e mulheres, não se detectando qual-
quer associação entre esse indicador e a idade (Tabela 12).
Tabela 12. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resul-
tados finais para dor, conforme sexo e idade
Variáveis Resultado
Bom
n = 117
Regular
n = 1
Sexo
Feminino 70 59,4% 1 0,8%
Masculino 47 39,8% 0 0
p = 0,534
Idade
Média 65 72
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4.3. Dor pós-operatória em relação ao motivo da revisão
Apenas um paciente na avaliação do critério dor foi classificado como regular;
neste, a indicação cirúrgica na época fora soltura asséptica acetabular. Os outros pacientes es-
tavam classificados como bons (Tabela 13).
62
Tabela 13. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resul-
tados finais para dor, conforme a indicação para revisão
Dados da indicação operatória Resultado Estatística
Bom
n = 117
Regular
n = 1
Indicação
Fratura periprotética 1 0,8% 0 0
Infecção 26 22,0% 0 0
Soltura asséptica acetabular 15 12,8% 1 0,8%
Soltura asséptica femoral 17 14,4% 0 0
Soltura asséptica de ambos 58 49,2% 0 0 p = 0,542
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4.4. Dor pós-operatória em relação aos critérios de Paprosky e
Gustilo-Pasternak
Os defeitos ósseos pré-operatórios conforme os critérios preconizados por Pa-
prosky indicaram que apenas um caso classificado como 2C foi regular, enquanto os 117 res-
tantes foram considerados bons. Fato semelhante ocorreu quando se levou em consideração os
resultados da classificação segundo Gustilo-Pasternak, quando um paciente, classificado co-
mo grau III, foi regular (Tabela 14).
Tabela 14. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resul-
tados finais para dor, conforme os critérios de Paprosky e Gustilo-Pasternak
Lesão pré-operatória Resultado Análise estatística
Bom
(n = 117)
Regular
(n =1)
Classificação de Paprosky
1
13 11,0% 0 0
2A
50 42,4% 0 0
2B
14 11,9% 0 0
2C
12 10,2% 1 0,8% r = -0,086
3
28 23,7% 0 0 p = 0,352
Classificação de Gustilo-Pasternak
I
2 1,7% 0 0
II
41 35,0% 0 0
III
47 39,4% 1 0,8% r = -0,104
IV
27 23,1% 0 0 p = 0,264
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
63
Os resultados da avaliação pela classificação de
Gustilo-Pasternak eso correlacio-
nados com a classificação de Paprosky de acordo com o teste de Spearman (r = 0,775; p < 0,001)
.
4.4.5. Dor pós-operatória e avaliação radiográfica pós-operatória
Nas avaliações radiográficas pós-operatórias (Tabela 15), quanto à integração
femoral, 117 pacientes evidenciaram bom resultado em relação à dor; desses, 115 apresenta-
vam integração do enxerto, enquanto em dois esta era duvidosa. Apenas um doente foi classi-
ficado como tendo dor regular, e neste caso, a integração foi duvidosa.
Em relação à acomodação da haste femoral, 117 casos estavam classificados
como bons e apenas um como regular; neste caso, não se constatou acomodação da haste.
Tabela 15. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resulta-
dos finais para dor, conforme os dados das avaliações radiográficas pós-operatórias
Resultado Análise estatística
Bom
(n = 117)
Regular
(n = 1)
Integração femoral
duvidosa 2 1,6% 1 0,8% r = - 0,275
Integrado 115 97,5% 0 0 p = 0,003
Acomodação da haste
Não 58 49,2% 1 0,8% r = 0,175
1 mm 28 23,7% 0 0 p = 0,058
2 mm 18 15,3% 0 0
> 3 mm 13 11% 0 0
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
64
4.4.6. Marcha pós-operatória em relação a sexo e idade
Com relação à marcha, 97 (82,2%) pacientes apresentaram resultados bons e
17 (14,4%) obtiveram resultados regulares, enquanto que os demais quatro (3,4%) tiveram
resultados ruins. De forma coerente com o que se constatou em outros indicadores, também
nesse caso não houve diferenças entre os resultados no que concerne ao sexo e à idade dos
pacientes (Tabela 16).
Tabela 16. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resulta-
dos finais para marcha, conforme sexo e idade
Variável Resultado Análise estatística
Bom
n = 97
Regular
n = 17
Ruim
n = 4
Sexo
Feminino 57 48,3% 10 8,5% 4 3,4%
Masculino 40 33,9% 7 5,9% 0 0 p = 0,177
Idade
r = -0,131
Média + DP 62,5+14,3 66,0+11,7 56,1+12,7 p = 0,157
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4.7. Marcha pós-operatória em relação ao motivo da revisão
Quando se confrontou o motivo da indicação para cirurgia com o resultado da
avaliação da marcha com, no mínimo de 24 meses de pós-operatório (Tabela 17), verificou-se
predominância dos casos bons (82,4%) e regulares (14,3%). Vale acrescentar que 21 casos
revisados por motivo de infecção foram graduados como bons; no mesmo grupo, houve cinco
casos regulares. Dos quatro casos classificados como ruins, dois tiveram na indicação da revi-
são apenas soltura acetabular, como se explicita na tabela abaixo.
65
Tabela 17. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resul-
tados finais para marcha, conforme a indicação para revisão
Dados da indicação Resultado Análise estatística
operatória Bom
n = 97
Regular
n = 17
Ruim
n = 4
Indicação
Fratura periprotética 1 0,8% 0 0 0 0
Infecção 21 17,8% 5 4,2% 0 0
Soltura acetabular 14 11,9% 0 0 2 1,6%
Soltura femoral 14 11,9% 2 1,6% 1 0,8%
Soltura de ambos 47 40% 10 8,5% 1 0,8% p = 0,432
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4.8. Marcha pós-operatória em relação aos critérios de Paprosky e
Gustilo-Pasternak
Quando se avaliou o desempenho dos pacientes referentes à marcha, a partir de
critérios preconizados por Paprosky, classificamos entre bons resultados 46 pacientes com
lesões do tipo 2A, 19 do tipo 3 e 13 do tipo 2B, constituindo a maioria, classificamos entre
resultados regulares, seis pacientes tipo 3, quatro pacientes 2A e 2C, Quatro pacientes foram
classificados como resultados ruins, sendo que três apresentavam lesão 3 e um 2C.
Aplicando-se os parâmetros de Gustilo-Pasternak aos pacientes classificados
como bons quanto à marcha, constatou-se que 39 situavam-se no grau III e 38 no grau II, se-
guidos pelo grau IV em 18 casos. No grupo avaliado como de evolução regular, houve sete no
grau IV, seis no grau III e Quatro no grau II. Quatro casos evoluíram como ruins e estavam
divididos entre os graus III e IV (Tabela 18).
66
Tabela 18. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resulta-
dos finais para marcha, conforme os critérios de Paprosky e Gustilo-Pasternak
Lesão pré-operatória Resultado Análise estatística
Bom
(n = 97)
Regular
(n = 17)
Ruim
(n = 4 )
Paprosky
1 11 9,3% 2 1,6% 0 0
2A 46 39% 4 3,4% 0 0
2B 13 11% 1 0,8% 0 0
2C 8 6,8% 4 3,4% 1 0,8% r = -0,145
3 19 16,1 6 5,1% 3 2,5% p = 0,118
Gustilo-Pasternak
I 2 1,6% 0 0 0 0
II 38 32,2% 4 3,4% 0 0
III 39 33,0% 6 5,1% 2 1,6% r = -0,170
IV 18 15,2% 7 5,9% 2 1,6% p = 0,066
4.4.9. Marcha pós-operatória em relação à avaliação radiográfica
Na avaliação radiográfica da incorporação do enxerto, houve 115 integrados:
destes 97 apresentavam marcha boa, 15 regular e três ruim; dos três casos que apresentavam
integração duvidosa, dois evidenciaram marcha regular e um ruim.
Quanto à acomodação da haste, 59 não afundaram, sendo que 48 evidenciaram
boa marcha, sete em nível regular e 4 tinham marcha ruim. Das hastes que migraram 1mm, 24
apresentavam marcha boa e quatro regular, enquanto que, nas migrações de 2 mm, verifica-
ram-se 14 bons resultados e quatro regulares. Finalmente, quando à acomodação da haste foi
de 3mm ou mais, 11 pacientes demonstraram boa marcha e dois marcha regular (Tabela 19).
67
Tabela 19. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com a avalia-
ção radiográfica após mínimo de 24 meses pós-operatório em relação à marcha
Resultado Análise estatística
Pós-operatória Bom
(n = 97)
Regular
(n = 17)
Ruim
(n = 4)
Incorporação do enxerto
Após 24 meses 97 82,2% 15 12,7% 3 2,5%
Duvidosa 0 0 2 1,6% 1 0,8%
r = -0,266
Acomodação da haste
p = 0,004
Não 48 40,6% 7 5,9% 4 3,4%
1 mm 24 20,3% 4 3,4% 0 0
2 mm 14 11,8% 4 3,4% 0 0 r = 0,124
> 3 mm 11 9,3% 2 1,6% 0 0 p = 0,182
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4.10. Mobilidade pós-operatória em relação a sexo
Quando se confrontou a mobilidade em relação à variável sexo, dos 109 paci-
entes classificados que revelaram boa mobilidade, 66 eram mulheres e 43 homens; os oito que
revelaram mobilidade regular dividiram-se igualmente entre homens e mulheres; o único caso
de mobilidade ruim era do sexo feminino (Tabela 20).
Tabela 20. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resulta-
dos finais para mobilidade, conforme sexo e idade
Resultado Análise estatística
Bom
(n = 109)
Regular
(n = 8)
Ruim
(n = 1)
Sexo
Feminino 66 55,9% 4 3,4% 1 0,8%
Masculino 43 36,4% 4 3,4% 0 0 p = 0,963
Idade
r = 0,123
Média + DP p 0,186
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
68
4.4.11. Mobilidade pós-operatória e motivo da revisão
Quando se avaliou a mobilidade pós-operatória em função da indicação para ci-
rurgia, detectou-se que a soltura asséptica de ambos os componentes prevaleceu nos casos clas-
sificados como bons (52 pacientes) e nos regulares (seis pacientes). Além disso, encontraram-se
26 doentes com evolução satisfatória em que a causa da revisão foi infecção e, no único caso de
evolução insatisfatória, a indicação decorreu de soltura asséptica acetabular (Tabela 21).
Tabela 21. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resul-
tados finais para mobilidade, conforme a indicação para revisão
Dados da indicação
operatória
Resultado Análise estatística
Bom
(n = 109)
Regular
(n = 8)
Ruim
(n = 1)
Indicação
Fratura periprotética 1 0,8% 0 0 0 0
Infecção 26 22,0% 0 0 0 0
Soltura asséptica acetabular 15 12,7% 0 0 1 0,8%
Soltura asséptica femoral 15 12,7% 2 1,6% 0 0 p = 0,401
Soltura asséptica de ambos 52 44,0% 6 5,1% 0 0
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
4.4.12. Mobilidade pós-operatória em relação aos critérios de Pa-
prosky e Gustilo-Pasternak
Conforme se observa na Tabela 22, quando se tomou como fundamento da ava-
liação a Classificação de Paprosky, no grau 1, ficaram 14 pacientes, um com mobilidade regular
e treze com boa mobilidade, no grau 2A, em que se concentrou a maioria, houve 48 com bons
resultados e dois regulares. Além desses, 14 bons resultados foram encontrados no grau 2B, 13
no grau 2C, sendo 12 com boa mobilidade e o único caso com mobilidade ruim da série, final-
mente o grau 3, que concentra 22, classificados como bons e cinco como regulares. Quando se
avaliou o desempenho conforme a tabela classificatória de Gustilo-Pasternak, identificou-se
69
maior freqüência de casos bons nos graus II e III, com 41 e 46 pacientes respectivamente, sete
casos regulares estavam no grau IV e o caso com mobilidade ruim foi do grau III, os dois paci-
entes classificados como grau I apresentaram boa evolução na mobilidade (Tabela 22).
Tabela 22. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com os resul-
tados finais para mobilidade, conforme os critérios de Paprosky e Gustilo-
Pasternak
Lesões pré-operatórias Resultado Análise
estatística
Bom
(n = 109)
Regular
(n = 8)
Ruim
(n = 1)
Classificação de Paprosky
1 13 11,0% 1 0,8% 0 0
2A 48 40,6% 2 1,6% 0 0
2B 14 11,8% 0 0 0 0
2C 12 10,1% 0 0 1 0,8% r = -0,069
3 22 18,6% 5 4,2% 0 0 p = 0,455
Classificação de Gustilo-Pasternak
I 2 1,6% 0 0 0 0
II 41 34,7% 1 0,8% 0 0
III 46 38,9% 0 0 1 0,8% r = -0,178
IV 20 16,9% 7 5,9% 0 0 p = 0,054
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
No que concerne aos resultados da avaliação radiográfica em relação com a
mobilidade, merecem relevo os seguintes achados: dos 115 pacientes com integração do en-
xerto femoral, 108 apresentavam boa mobilidade e sete mobilidade regular, os três restantes,
em que a integração foi duvidosa, foram classificados, como: bom, regular e ruim.
Quando comparamos acomodação da haste com mobilidade, apresentaram
bons resultados 52 pacientes sem acomodação, 28 pacientes até 1mm, 17 pacientes até 2mm e
12 pacientes com mais de 3mm de afundamento, nos categorizados como regular observamos
seis pacientes sem afundamento, um com afundamento até 2mm e um com afundamento aci-
ma de 3 mm, já nos classificados como resultado ruim quanto a mobilidade, tivemos apenas
um doente e este não evidenciava afundamento da haste femoral (Tabela 23).
70
Tabela 23. Distribuição dos pacientes submetidos à revisão femoral de acordo com a avalia-
ção radiográfica após mínimo de 24 meses pós-operatório em relação à mobilida-
de
Dados das avaliações pós-
operatórias
Resultado Análise
estatística
Bom
(n = 109 )
Regular
(n = 8)
Ruim
(n = 1)
Incorporação do enxerto
Após 24 meses 108 91,5% 7 5,9% 0 0
Duvidosa 1 0,8% 1 0,8% 1 0,8% r = -0,144
p = 0,120
Acomodação da haste
Não 52 44,0% 6 5,1% 1 0,8%
1 mm 28 23,7% 0 0 0 0 r = 0,094
2 mm 17 14,4% 1 0,8% 0 0 p = 0,310
> 3 mm 12 10,1% 1 0,8% 0 0
Fonte: SAME Santa Casa São Paulo
71
5.DISCUSO
72
5. DISCUSSÃO
Neste capítulo, são discutidos os resultados clínicos e radiográficos pré, intra e
pós-operatórios, que permitem inferir acerca da evolução dos pacientes mediante emprego da
técnica Exeter de revisão de quadril, nos indicadores dor marcha e mobilidade, segundo pa-
râmetros definidos por D’Aubigné e Postel modificados por Charnley. A seguir, apresentam-
se comentários sobre o perfil dos pacientes no que concerne à idade, sexo e outras informa-
ções pré-operatórias.
Na análise do perfil dos pacientes, o critério idade era o que mais nos parecia
capaz de levar a diferenças nos resultados, entretanto isso não foi confirmado nesta amostra.
Além disso, a despeito de a amostra ter sido formada predominantemente por mulheres
(60,2%), os dados descritivos pré, intra e pós-operatórios não evidenciaram diferença signi-
ficativa por influência da variável sexo, e tampouco com relação à idade. Vale chamar a a-
tenção para os estudos de Böhm e Bischel
94
,
102
que afirmam não ter havido diferença na inte-
gração dos enxertos quando levaram em consideração idade, sexo, peso corporal, número de
cirurgias prévias, presença de diabete, nem uso de cortisona, antiinflamatórios, álcool ou fu-
mo. Este resultado pode ser explicado se considerarmos que a técnica de revisão foi aplica-
da igualmente independente do gênero e que a substituição articular quando alcança o equi-
líbrio mecânico minimiza os efeitos negativos da degeneração articular permitindo função
próxima do normal, independente das características demográficas. É interessante ressaltar
que, apesar da importância desse achado, ainda é raro observar atenção especial a estes da-
dos na literatura especializada.
Quanto às informações mais relevantes obtidas no pré-operatório, do ponto de
vista clínico e radiológico, nossos resultados apenas confirmam o que tem sido descrito quase
de forma unânime na literatura. As causas de falha que levaram a revisão das artroplastias foram
73
em cerca de 50% das situações em fuão da soltura asséptica dos componentes. Vale chamar a
atenção que já nas primeiras avaliações das artroplastias se indicavam necessidade de revisão
da prótese por falha mecânica em cerca de 1% a 2%
5-7
dos casos, o que em função da melhora
da análise clínica e radiográfica, atingiu até 19% dos pacientes, já as avaliações radiográficas
indicavam até 29% de casos de soltura asséptica
8-12
. Dohmae et al.
64
confirmam os achados
acima descritos, referindo que as atroplastias primárias apresentam taxas de falha que chega a
29% em acompanhamentos que oscilam de 2,1 a 8,1 anos. Já os estudos de Retpen et al.
22
, que
avaliaram artroplastias revisadas uma e duas vezes, comprovaram que em qualquer dessas situ-
ações sempre predomina a soltura asséptica.
Esses resultados não surpreendem e são verificados no cotidiano da prática do cirurgião
de quadril.
Quando usamos e comparamos as Classificações de Paprosky e Gustilo-
Pasternak para perda do estoque ósseo, buscávamos encontrar, se havia diferença, qual das du-
as seria mais fidedigna em relação a antecipar resultados, porém observamos que ambas são
correlatas e que os graus, desde o mais benigno ao que descreve lesão mais grave, em cada clas-
sificação, acaba por corresponder a resultado pós-operatório semelhante. Logo quando bem a-
plicadas Gustilo-Pasternak e de Paprosky oferecem os mesmos subsídios ao cirurgião ortopedis-
ta.
Quando falamos de complicações intra-operatórias, consideramos muito im-
portantes os achados descritos por Mallory
25
na revisão de literatura, que chama a atenção pa-
ra deficiência óssea no fêmur proximal resultado da osteólise secundária a soltura da prótese e
deixa claro que a realização da via de acesso, a remoção do cimento, a escolha da melhor téc-
nica para suprir a grande perda óssea, são grandes desafios. Concordamos e observamos na
prática que o stress shielding, citado pelo autor, corresponde a um envelope ósseo proximal
muito frágil e finaliza ressaltando que os bons resultados estão diretamente relacionados com
74
a experiência do cirurgião e com a escolha da técnica adequada para o procedimento.
Diante do que foi exposto, já é de se esperar que as cirurgias de revisão sejam
sempre difíceis e as complicações freqüentes, ressaltando que a maioria dos autores
2,24,79
re-
serva o uso de enxertos impactados para as revisões mais difíceis. Roberson
69
, além de con-
cordar com o que foi exposto, ressalta necessidade da realização de radiografias em dois pla-
nos para definir melhor a quantidade de perda do estoque ósseo, que do nosso ponto de vista é
fundamental no planejamento pré-operatório.
Confirmam o que foi descrito até aqui, Leopold et al.
2
quando descrevem em
29 revisões, seis pacientes (22%) com fratura ou perfuração intra-operatória, Pekkarinen et
al.
88
que observaram nove fraturas diafisárias durante a cirurgia e seis no acompanhamento
pós-operatório (três diafisárias e três trocantéricas) em 68 quadris tratados. Concordamos com
esses autores que relatam que a alta taxa de complicações é também em função das caracterís-
ticas da técnica empregada.
No nosso ponto de vista, acertam Callaghan et al.
3
, Ornstein et al.
97
que apesar
de terem apresentado algumas complicações, ressaltam que as falhas nas revisões diminuem
com o planejamento pré-operatório e com Gie et al.
46
que são taxativos em dizer que há ne-
cessidade de instrumental adequado para a realização das revisões .
Observando estes preceitos e tendo como rotina o planejamento pré-operatório
em todos os casos, nesta nossa série observamos baixa incidência de fraturas 5,93%, que está
de acordo com os achados de Cabanela e colaboradores
100
, que além do planejamento preco-
niza o uso de medidas profiláticas, como o uso de cerclagem de proteção, reparação eficaz das
lesões com telas e uso de material de osteossíntese adequado para cada caso. É de particular
interesse acrescentar que a baixa incidência de fraturas confirmou-se na avaliação no pós-
operatório, o que reforça a recomendação dos cuidados referidos como prevenção de compli-
cações.
75
Não houve óbitos relacionados ao procedimento cirúrgico neste estudo.
Comparando a avaliação do pré-operatório com o período posterior à cirurgia,
os resultados indicam significativa e positiva diferença em todos os parâmetros avaliados:
com relação à dor, no pré-operatório, 90,7% dos pacientes apresentavam-se limitados com dor
incapacitante, ao passo que, no pós-operatório, 99,2% dos pacientes passaram a ser classifica-
dos como bom resultado, fato semelhante ocorreu quando avaliada marcha, onde 70,3% dos
pacientes apresentavam-se classificados como padrão ruim e que passaram, 82,2% avaliados
como resultado bom no pós-operatório, não foi diferente quando analisamos a mobilidade pré-
operatória onde 69,4% dos pacientes foram classificados como padrão regular ou ruim e no
pós-operatório, 92,4% dos pacientes foram classificados como padrão bom.
Para analisar este achado, é interessante refletir sobre as conclusões de More-
land e Bernstein
47
, quando mencionaram que o uso de hastes não-cimentadas carece de eficá-
cia nas revisões, e que as avaliações dos pacientes evidenciam falta de osteointegração, dor
persistente na coxa, presença de stress shielding e osteólise tardia grave
17,48,49,51
. Em contra-
partida, encontra-se respaldo aos resultados positivos da presente investigação no estudo de
English et al.
96
quanto à dor, que mostram resultados clínicos com evolução semelhante aos
das artroplastias primárias. Vale ressaltar que Slooff et al.
57
que publicou trabalho precursor
no uso de enxerto impactado e já referia esta característica da evolução.
Tampouco se evidenciou correlação entre achados radiográficos pré-
operatórios e evolução regular dos pacientes em relação à dor.
Na avaliação radiográfica pós-operatória, a atenção foi concentrada na estabi-
lidade do implante, pela medição do grau de acomodação da haste e integração do enxerto.
A acomodação da haste foi avaliada de forma criteriosa, uma vez que acredi-
tamos, em concordância com Fowler et al.
4
, ser a migração distal da haste femoral na manta de
cimento de fundamental importância para a transmissão de carga na parte proximal do fêmur.
76
A esse respeito, cumpre relembrar que Meding
24
reporta taxas de 5,6% a 13%
de acomodação superior a 2 mm. Por sua vez, Engh et al.
67
referem que acomodação da haste
maior que 2 mm em casos de próteses cimentadas indica sinal inequívoco de instabilidade,
podendo refletir piores resultados tanto das artroplastias primárias, quanto das revisões.
Outros autores
21,96
, todavia, sugerem que efeitos deletérios sobre a estabilidade
só devem ocorrer com acomodações maiores da haste, considerando-os positivos quando atin-
gem até 3 mm. Porém, outros estudiosos não encontraram qualquer relação entre os resultados
clínicos e à acomodação da haste
108
, independentemente do tipo de haste utilizada
109
.
Neste estudo observamos cerca de 50% dos casos sem afundamento e cerca de
40% com migração entre 1 e 2mm, achamos que mesmo quando não há acomodação da haste
mensurável, ocorre estímulo do fêmur proximal e não houve qualquer diferença estatistica-
mente significante quanto ao grau de afundamento e os resultados avaliados.
No quesito incorporação do enxerto, acreditamos que quanto mais rápida ocor-
ra, tanto melhores sejam os resultados clínicos.
Consideramos, em acordo com Gie et al.
45
, que há integração do enxerto
quando observamos remodelamento e realinhamento trabecular e nos casos de defeito corti-
cal, aparecimento de osso com características de osso maciço no lugar deste defeito.
A literatura
15,29,55,56,59,109
aponta taxas integração de 57% a 90% em avaliações
realizadas de três a 18 meses após a cirurgia. Alguns autores encontraram taxas e tempos se-
melhantes comparando diferentes tipos de enxertos, e também considerando a utilização ou
não de cimento ósseo. Outros
29
alegam que a taxa é maior e o tempo menor para incorporação
dos enxertos picados e impactados e que estes possuem propriedades únicas para reposição de
estoque ósseo no fêmur proximal. Por outro lado, Goldberg
61
aponta melhor evolução clínica
para os enxertos autólogos e integração mais lenta para os homólogos, ainda que recomende
os enxertos homólogos para os casos em que há necessidade de preenchimento de grandes
77
falhas ósseas.
Finalmente, como ressaltam Morgan et al.
106
, o uso de enxerto impactado na
Técnica de Exeter pressupõe uma curva de aprendizagem importante e o cirurgião deve con-
siderar as numerosas variáveis a serem controladas na expectativa do sucesso clínico.
Conferimos nossa boa taxa de integração do enxerto, 97,5% dos casos, a utili-
zação dos instrumentais adequados, uso do enxerto preparado de forma homogênea e corre-
ta e respeito à técnica cirúrgica, que conferiram estabilidade mecânica ao procedimento, em
linha com, Slooff et al.
75
Gross et al.
95
Piccaluga et al.
98
Cabanela et al.
100
, entre outros.
78
6.CONCLUSÕES
79
6. CONCLUSÕES
Não houve diferença entre os doentes operados pela técnica de Exeter de acor-
do com idade, sexo ou lado operado, existência e tipo de fratura no pré ou pós-operatório ou
luxação no pós-operatório, tampouco com relação à indicação da cirurgia de revisão, com re-
lação às avaliações de dor, marcha e mobilidade.
Os resultados das avaliações de Gustilo-Pasternak e de Paprosky são correlatos.
Ocorre melhora das três principais avaliações clínicas, dor, marcha e mobilida-
de, independentemente das medidas das diferentes escalas de classificação de lesão e das ca-
racterísticas sócio-demográficas comparando-se o pré e o pós-operatório em acompanhamento
de no mínimo dois anos.
80
7.ANEXOS
81
7. ANEXOS
Anexo 1. Aprovação da pesquisa pelo Comitê em Ética e Pesquisa da Irmandade da Santa Ca-
sa de Misericórdia de São Paulo.
82
Anexo 2. Protocolo para coleta de dados.
83
84
85
86
87
88
89
90
Anexo 3.Radiografias
Radiografias pré e pós-operatória imediata, abril 1996
Pós-operatório 13 anos e cinco meses, formação de osso ao redor da tela.
91
Radiografias pré e pós-operatória imediata, março 1995, defeito logo distal à tela.
Pós-operatório 13 anos e um mês, formação de cortical, substituindo defeito inicial
92
Anexo 4.Instrumental
Tampão distal, com fio guia dos impactores
Martelo deslizante dos impactores
Jogo de impactores femorais
93
8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
94
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Kavanagh BF, Fitzgerald RH Jr. Multiple revisions for failed total hip arthroplasty not as-
sociated with infection. J Bone Joint Surg Am. 1987;69(8):1144-9.
2. Leopold SS, Berger RA, Rosenberg AG, Jacobs JJ, Quigley LR, Galante JO. Impaction al-
lografting with cement for revision of the femoral component. A minimum four-year follow-
up study with use of a precoated femoral stem. J Bone Joint Surg Am. 1999;81(8):1080-92.
3. Callaghan JJ, Salvati EA, Pellicci PM, Wilson PD Jr., Ranawat CS. Results of revision for
mechanical failure after cemented total hip replacement, 1979 to 1982. A two to five-year fol-
low-up. J Bone Joint Surg Am. 1985;67(7):1074-85.
4. Fowler JL, Gie GA, Lee AJ, Ling RS. Experience with the Exeter total hip replacement
since 1970. Orthop Clin North Am. 1988;19(3):477-89.
5. Charnley J, Cupic Z. The nine and ten year results of the low-friction arthroplasty of the
hip. Clin Orthop Relat Res. 1973(95):9-25.
6. Collis DK. Femoral stem failure in total hip replacement. J Bone Joint Surg.
1977;59(8):1033-41.
7. Pellicci PM, Wilson PD, Sledge CB, Salvati EA, Ranawat CS, Poss R. Results of revision
total hip replacement. 9
th
Open Scientific Meeting of the Hip Society [Proceedings]. St. Louis:
Mosby; 1981. p. 57-68.
8. Johnston RC, Crowninshield RD. Roentgenologic results of total hip arthroplasty. A ten-
year follow-up study. Clin Orthop Relat Res. 1983;(181):92-8.
9. Salvati EA, Wilson PD Jr., Jolley MN, Vakili F, Aglietti P, Brown GC. A ten-year follow-
up study of our first one hundred consecutive Charnley total hip replacements. J Bone Joint
Surg Am. 1981;63(5):753-67.
10. Stauffer RN. Ten-year follow-up study of total hip replacement. J Bone Joint Surg Am.
1982;64(7):983-90.
11. Sutherland CJ, Wilde AH, Borden LS, Marks KE. A ten-year follow-up of one hundred
consecutive Müller curved-stem total hip-replacement arthroplasties. J Bone Joint Surg Am.
1982;64(7):970-82.
12. Olerud S, Karlström G. Recurrent dislocation after total hip replacement. Treatment by
fixing an additional sector to acetabular component. J Bone Joint Surg Br. 1985;67(3):402-5.
13. Ianotti JP, Balderston RA, Booth RE, Rothman RH, Cohn JC, Pickens G. Aseptic loosen-
ing after total hip arthroplasty. Incidence, clinical significance, and etiology. J Arthroplasty.
1986;1(2):99-107.
14. Rothman RH, Cohn JC. Cemented versus cementless total hip arthroplasty. A critical re-
view. Clin Orthop Relat Res. 1990(254):153-69.
95
15. McCollum DE, Nunley JA, Harrelson JM. Bone-grafting in total hip replacement for ace-
tabular protrusion. J Bone Joint Surg Am. 1980;62(7):1065-73.
16. Lie SA, Havelin LI, Furnes ON, Engesaeter LB, Vollset SE. Failure rates for 4762 revi-
sion total hip arthroplasties in the Norwegian Arthroplasty Register. J Bone Joint Surg Br.
2004;86(4):504-9.
17. Hedley AK, Gruen TA, Ruoff DP. Revision of failed total hip arthroplasties with unce-
mented porous-coated anatomic components. Clin Orthop Relat Res. 1988;(235):75-90.
18. Sporer SM, Paprosky WG. Revision total hip arthroplasty: the limits of fully coated stems.
Clin Orthop Relat Res. 2003(417):203-9.
19. Hozack WJ, Rothman RH, Booth RE Jr, Balderston RA, Cohn JC, Pickens GT. Survivor-
ship analysis of 1,041 Charnley total hip arthroplasties. J Arthroplasty. 1990;5(1):41-7.
20. Halley DK, Wroblewski BM. Long-term results of low-friction arthroplasty in patients 30
years of age or younger. Clin Orthop Relat Res. 1986;(211):43-50.
21. Elting JJ, Mikhail WE, Zicat BA, Hubbell JC, Lane LE, House B. Preliminary report of
impaction grafting for exchange femoral arthroplasty. Clin Orthop Relat Res. 1995;(319):159-
67.
22. Retpen JB, Varmarken JE, Röck ND, Jensen JS. Unsatisfactory results after repeated revi-
sion of hip arthroplasty. 61 cases followed for 5 (1-10) years. Acta Orthop Scand.
1992;63(2):120-7.
23. Clohisy JC, Calvert G, Tull F, McDonald D, Maloney WJ. Reasons for revision hip sur-
gery: a retrospective review. Clin Orthop Relat Res. 2004;(429):188-92.
24. Meding JB, Ritter MA, Keating EM, Faris PM. Impaction bone-grafting before insertion
of a femoral stem with cement in revision total hip arthroplasty. A minimum two-year follow-
up study. J Bone Joint Surg Am. 1997;79(12):1834-41.
25. Mallory TH. Preparation of the proximal femur in cementless total hip revision. Clin Or-
thop Relat Res. 1988;(235):47-60.
26. Kavanagh BF, Ilstrup DM, Fitzgerald RH Jr. Revision total hip arthroplasty. J Bone Joint
Surg Am. 1985;67(4):517-26.
27. Leopold SS, Jacobs JJ, Rosenberg AG. Cancellous allograft in revision total hip arthrop-
lasty. A clinical review. Clin Orthop Relat Res. 2000;(371):86-97.
28. Bobyn JD, Mortimer ES, Glassman AH, Engh CA, Miller JE, Brooks CE. Producing and
avoiding stress shielding. Laboratory and clinical observations of noncemented total hip arth-
roplasty. Clin Orthop Relat Res. 1992;(274):79-96.
29. Nelissen RG, Bauer TW, Weidenhielm LR, LeGolvan DP, Mikhail WE. Revision hip
arthroplasty with the use of cement and impaction grafting. Histological analysis of four cas-
es. J Bone Joint Surg Am. 1995;77(3):412-22.
96
30. Malkani AL, Sim FH, Chao EY. Custom-made segmental femoral replacement prosthesis
in revision total hip arthroplasty. Orthop Clin North Am. 1993;24(4):727-33.
31. Head WC, Malinin TI, Berklacich F. Freeze-dried proximal femur allografts in revision
total hip arthroplasty. A preliminary report. Clin Orthop Relat Res. 1987;(215):109-21.
32. Nelson IW, Bulstrode CJ, Mowat AG. Femoral allografts in revision of hip replacement. J
Bone Joint Surg Br. 1990;72(1):151-2.
33. Gitelis S, Heligman D, Quill G, Piasecki P. The use of large allografts for tumor recon-
struction and salvage of the failed total hip arthroplasty. Clin Orthop Relat Res.
1988;(231):62-70.
34. Gross AE, Lavoie MV, McDermott P, Marks P. The use of allograft bone in revision of
total hip arthroplasty. Clin Orthop Relat Res. 1985;(197):115-22.
35. Allan DG, Lavoie GJ, McDonald S, Oakeshott R, Gross AE. Proximal femoral allografts
in revision hip arthroplasty. J Bone Joint Surg Br. 1991;73(2):235-40.
36. Eldridge JD, Smith EJ, Hubble MJ, Whitehouse SL, Learmoth ID. Massive early subsi-
dence following femoral impaction grafting. J Arthroplasty. 1997;12(5):535-40.
37. Flugsrud GB, Ovre S, Grogaard B, Nordsletten L. Cemented femoral impaction bone
grafting for severe osteolysis in revision hip arthroplasty. Good results at 4-year follow-up of
10 patients. Arch Orthop Trauma Surg. 2000;120(7-8):386-9.
38. Friedlaender GE. Immune responses to ostheocondral allografts. Current knowledge and
future directions. Clin Orthop Relat Res. 1983;(174):58-68.
39. Friedlaender GE, Goldberg VM. Bone and cartilage allografts: biology and clinical appli-
cations. Illinois: The American Academy of Orthopaedic Surgeons; 1991.
40. Malkani AL, Settecerri JJ, Sim FH, Chao EY, Wallrichs SL. Long-term results of proxim-
al femoral replacement for non-neoplastic disorders. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(3):351-6.
41. Graham NM, Stockley I. The use of structural proximal femoral allografts in complex re-
vision hip arthroplasty. J Bone Joint Surg Br. 2004;86(3):337-43.
42. Friedlaender GE. Bone allografts: the biological consequences of immunological events. J
Bone Joint Surg Am. 1991;73(8):1119-22.
43. Blackley HR, Davis AM, Hutchison CR, Gross AE. Proximal femoral allografts for re-
construction of bone stock in revision arthroplasty of the hip. A nine to fifteen-year follow-up.
J Bone Joint Surg Am. 2001;83-A(3):346-54.
44. Chandler H, Clark J, Murphy S, et al. Reconstruction of major segmental loss of the prox-
imal femur in revision total hip arthroplasty. Clin Orthop Relat Res. 1994;(298):67-74.
97
45. Gie GA, Linder L, Ling RS, Simon JP, Slooff TJ, Timperley AJ. Impacted cancellous al-
lografts and cement for revision total hip arthroplasty. J Bone Joint Surg Br. 1993;75(1):14-
21.
46. Gie GA, Linder L, Ling RS, Simon JP, Slooff TJ, Timperley AJ. Contained morselized
allograft in revision total hip arthroplasty. Surgical technique. Orthop Clin North Am.
1993;24(4):717-25.
47. Moreland JR, Bernstein ML. Femoral revision hip arthroplasty with uncemented, porous-
coated stems. Clin Orthop Relat Res. 1995;(319):141-50.
48. Gustilo RB, Pasternak HS. Revision total hip arthroplasty with titanium ingrowth prosthe-
sis and bone grafting for failed cemented femoral component loosening. Clin Orthop Relat
Res. 1988;(235):111-9.
49. Harris WH. Will stress shielding limit the longevity of cemented femoral components of
total hip replacement? Clin Orthop Relat Res. 1992;(274):120-3.
50. Harris WH, Krushell RJ, Galante JO. Results of cementless revisions of total hip arthrop-
lasties using the Harris-Galante prosthesis. Clin Orthop Relat Res. 1988;(235):120-6.
51. Turner TM, Urban RM, Summer DR, Galante JO. Revision, without cement, of aseptical-
ly loose, cemented total hip prostheses. Quantitative comparison of the effects of four types of
medullary treatment on bone ingrowth in a canine model. J Bone Joint Surg Am.
1993;75(6):845-62.
52. Johansson JE, McBroom R, Barrington TW, Hunter GA. Fracture of the ipsilateral femur
in patients with total hip replacement. J Bone Joint Surg Am. 1981;63(9):1435-42.
53. D'Aubigne RM, Postel M. Function al results of hip arthroplasty with acrylic prosthesis. J
Bone Joint Surg Am. 1954;36-A(3):451-75.
54. Charnley J. The long-term results of low-friction arthroplasty of the hip performed as a
primary intervention. J Bone Joint Surg Br. 1972;54(1):61-76.
55. Roffman M, Silbermann M, Mendes DG. Viability and osteogenicity of bone graft coated
with methylmethacrylate cement. Acta Orthop Scand. 1982;53(4):513-9.
56. Roffman M, Silbermann M, Mendes DG. Incorporation of bone graft covered with me-
thylmethacrylate onto acetabular wall. An experimental study. Acta Orthop Scand.
1983;54(4):580-3.
57. Slooff TJ, Huiskes R, van Horn J, Lemmens AJ. Bone grafting in total hip replacement for
acetabular protrusion. Acta Orthop Scand. 1984;55(6):593-6.
58. O'Neill DA, Harris WH. Failed total hip replacement: assessment by plain radiographs,
arthrograms, and aspiration of the hip joint. J Bone Joint Surg Am. 1984;66(4):540-6.
98
59. Mjöberg B, Selvik G, Hansson LI, Rosenqvist R, Onnerfält R. Mechanical loosening of
total hip prostheses. A radiographic and roentgen stereophotogrammetric study. J Bone Joint
Surg Br. 1986;68(5):770-4.
60. Engh CA, Bobyn JD, Glassman AH. Porous-coated hip replacement. The factors govern-
ing bone ingrowth, stress shielding, and clinical results. J Bone Joint Surg Br. 1987;69(1):45-
55.
61. Goldberg VM, Stevenson S. Natural history of autografts and allografts. Clin Orthop Relat
Res. 1987;(225):7-16.
62. Parrish FF. Allograft replacement of all or part of the end of a long bone following exci-
sion of a tumor. J Bone Joint Surg Am. 1973;55(1):1-22.
63. Mankin HJ, Fogelson FS, Thrasher AZ, Jaffer F. Massive resection and allograft trans-
plantation in the treatment of malignant bone tumors. N Engl J Med. 1976;294(23):1247-55.
64. Dohmae Y, Bechtold JE, Sherman RE, Puno RM, Gustilo RB. Reduction in cement-bone
interface shear strength between primary and revision arthroplasty. Clin Orthop Relat Res.
1988;(236):214-20.
65. Hungerford DS, Jones LC. The rationale of cementless revision of cemented arthroplasty
failures. Clin Orthop Relat Res. 1988;(235):12-24.
66. Gates HS 3rd, McCollum DE, Poletti SC, Nunley JA. Bone-grafting in total hip arthrop-
lasty for protrusio acetabuli. A follow-up note. J Bone Joint Surg Am. 1990;72(2):248-51.
67. Engh CA, Massin P, Suthers KE. Roentgenographic assessment of the biologic fixation of
porous-surfaced femoral components. Clin Orthop Relat Res. 1990;(257):107-28.
68. Rothman RH, Cohn JC. Cemented versus cementless total hip arthroplasty. A critical re-
view. Clin Orthop Relat Res. 1990;(254):153-69.
69. Roberson JR. Proximal femoral bone loss after total hip arthroplasty. Orthop Clin North
Am. 1992;23(2):291-302.
70. Ling RS, Timperley AJ, Linder L. Histology of cancellous impaction grafting in the fe-
mur. A case report. J Bone Joint Surg Br. 1993;75(5):693-6.
71. Kärrholm J, Malchau H, Snorrason F, Herberts P. Micromotion of femoral stems in total
hip arthroplasty. A randomized study of cemented, hydroxyapatite-coated, and porous-coated
stems with roentgen stereophotogrammetric analysis. J Bone Joint Surg Am.
1994;76(11):1692-705.
72. Verdonschot N, Huiskes R. Creep behavior of hand-mixed Simplex P bone cement under
cyclic tensile loading. J Appl Biomater. 1994;5(3):235-43.
73. Mulroy WF, Harris WH. Revision total hip arthroplasty with use of so-called second-
generation cementing techniques for aseptic loosening of the femoral component. A fifteen-
year-average follow-up study. J Bone Joint Surg Am. 1996;78(3):325-30.
99
74. Emerton ME, Alfaro J, Murray DW, De Steiger R, McLardy-Smith PD. Calcar recon-
struction with a proximally loading total hip arthroplasty. J Bone Joint Surg Br.
1996;78(Suppl 1):71.
75. Slooff TJ, Buma P, Schreurs BW, Schimmel JW, Huiskes R, Gardeniers J. Acetabular and
femoral reconstruction with impacted graft and cement. Clin Orthop Relat Res.
1996;(324):108-15.
76. Conn RA, Peterson LFA, Stauffer RN, Ilstrup D. Management of acetabular deficiency:
Long term results of bone grafting the acetabulum in total hip arthroplasty. Orthop Trans.
1985;9:451-4.
77. Malkani AL, Voor MJ, Fee KA, Bates CS. Femoral component revision using impacted
morsellised cancellous graft. A biomechanical study of implant stability. J Bone Joint Surg
Br. 1996;78(6):973-8.
78. Ling RS. Femoral component revision using impacted morsellised cancellous graft. J
Bone Joint Surg Br. 1997;79(5):874-5.
79. Masterson EL, Masri BA, Duncan CP. The cement mantle in the Exeter impaction allo-
grafting technique. A cause for concern. J Arthroplasty. 1997;12(7):759-64.
80. Kärrholm J, Herberts P, Hultmark P, Malchau H, Nivbrant B, Thanner J. Radiostereome-
try of hip prostheses. Review of methodology and clinical results. Clin Orthop Relat Res.
1997;(344):94-110.
81. Brewster NT, Gillespie WJ, Howie CR, Madabhushi SP, Usmani AS, Fairbairn DR. Me-
chanical considerations in impaction bone grafting. J Bone Joint Surg Br. 1999;81(1):118-24.
82. Jazrawi LM, Della Valle CJ, Kummer FJ, Adler EM, Di Cesare PE. Catastrophic failure
of a cemented, collarless, polished, tapered cobalt-chromium femoral stem used with impac-
tion bone-grafting. A report of two cases. J Bone Joint Surg Am. 1999;81(6):844-7.
83. Marston RA, Cobb AG, Bentley G. Stanmore compared with Charnley total hip replace-
ment. A prospective study of 413 arthroplasties. J. Bone Joint Surg. 1996;78(2):178-84.
84. Madey SM, Callaghan JJ, Olejniczal JP, Goetz DD, Johnston RC. Charnley total hip arth-
roplasty with use of improved techniques of cementing. The results after a minimum of fifteen
years of follow-up. J Bone Joint Surg Am. 1997;79(1):53-64.
85. Berry DJ, Harmsen WS, Ilstrup DM. The natural history of debonding of the femoral
component from the cement and its effect on long-term survival of Charnley total hip re-
placements. J Bone Joint Surg Am. 1998;80(5):715-21.
86. Leopold SS, Rosenberg AG. Current status of impaction allografting for revision of a fe-
moral component. Instr Course Lect. 2000;49:111-8.
87. Boldt JG, Drabu KJ, Dilawari P, Agarwall S. Results of revision total hip arthroplasties
using impaction bone grafting with non-polished stems. J Bone Joint Surg Br. 2000;82(B):78.
100
88. Pekkarinen J, Alho A, Lepistö J, Ylikoski M, Ylinen P, Paavilainen T. Impaction bone
grafting in revision hip surgery. A high incidence of complications. J Bone Joint Surg Br.
2000;82(1):103-7.
89. Höstner J, Hultmark P, Kärrholm J, Malchau H, Tveit M. Impaction technique and graft
treatment in revisions of the femoral component: laboratory studies and clinical validation. J
Arthroplasty. 2001;16(1):76-82.
90. Tokgozoglu AM, Senaran H, Atilla B, Alpaslan AM. Does freeze-dried allograft work in
impaction grafting of the femur in revision total hip arthroplasty? J Bone Joint Surg Br.
2001;83(B):176.
91. Ornstein E, Atroshi I, Franzén H, Johnsson R, Sandquist P, Sundberg M. Results of hip
revision using the Exeter stem, impacted allograft bone, and cement. Clin Orthop Relat Res.
2001(389):126-33.
92. Franzén H, Mjöberg B, Önnerfält R. Early loosening of femoral components after ce-
mented revision. A roentgen stereophotogrammetric study. J Bone Joint Surg Br.
1992;74(5):721-4.
93. Franzén H, Toksvig-Larsen S, Lidgren L, Onnerfält R.. Early migration of femoral com-
ponents revised with impacted cancellous allografts and cement. A preliminary report of five
patients. J Bone Joint Surg Br. 1995;77(6):862-4.
94. Böhm P, Bischel O. Femoral revision with the Wagner SL revision stem: evaluation of
one hundred and twenty-nine revisions followed for a mean of 4.8 years. J Bone Joint Surg
Am. 2001;83-A(7):1023-31.
95. Gross AE, Blackley H, Wong P, Saleh K, Woodgate I. The role of allografts in revision
arthroplasty of the hip. Instr Course Lect. 2002;51:103-13.
96. English H, Timperley AJ, Dunlop D, Gie G. Impaction grafting of the femur in two-stage
revision for infected total hip replacement. J Bone Joint Surg Br. 2002;84(5):700-5.
97. Ornstein E, Atroshi I, Franzén H, Johnsson R, Sandquist P, Sundberg M. Early complica-
tions after one hundred and forty-four consecutive hip revisions with impacted morselized
allograft bone and cement. J Bone Joint Surg Am. 2002;84-A(8):1323-8.
98. Piccaluga F, González Della Valle A, Encinas Fernández JC, Pusso R. Revision of the
femoral prosthesis with impaction allografting and a Charnley stem. A 2- to 12-year follow-
up. J Bone Joint Surg Br. 2002;84(4):544-9.
99. van Doorn WJ, ten Have BL, van Biezen FC, Hop WC, Ginai AZ, Verhaar JA. Migration
of the femoral stem after impaction bone grafting. First results of an ongoing, randomised
study of the exeter and elite plus femoral stems using radiostereometric analysis. J Bone Joint
Surg Br. 2002;84(6):825-31.
100. Cabanela ME, Trousdale RT, Berry DJ. Impacted cancellous graft plus cement in hip
revision. Clin Orthop Relat Res. 2003;(417):175-82.
101
101. Engh CA, Jr, Young AM, Engh CA, Sr, Hopper RH Jr. Clinical consequences of stress
shielding after porous-coated total hip arthroplasty. Clin Orthop Relat Res. 2003;(417):157-
63.
102. Böhm P, Bischel O. The use of tapered stems for femoral revision surgery. Clin Orthop
Relat Res. 2004;(420):148-59.
103. Gorab RS, Covino BM, Borden LS. The rationale for cementless revision total hip re-
placement with contemporary technology. Orthop Clin North Am. 1993;24(4):627-33.
104. Böhm P, Banzhaf S. Acetabular revision with allograft bone. 103 revisions with 3 recon-
struction alternatives, followed for 0.3-1.3 years. Acta Orthop Scand. 1999;70(3):240-9.
105. Rothman RH, Cohn JC. Cemented versus cementless total hip arthroplasty. A critical
review. Clin Orthop Relat Res. 1990;(254):153-69.
106. Morgan HD, McCallister W, Cho MS, Casnellie MT, Leopold SS. Impaction allografting
for femoral component revision: clinical update. Clin Orthop Relat Res. 2004;(420):160-8.
107. Frei H, Mitchell P, Masri BA, Duncan CP, Oxland TR. Allograft impaction and cement
penetration after revision hip replacement. A histomorphometric analysis in the cadaver fe-
mur. J Bone Joint Surg Br. 2004;86(5):771-6.
108. Mahoney CR, Fehringer EV, Kopjar B, Garvin KL. Femoral revision with impaction
grafting and a collarless, polished, tapered stem. Clin Orthop Relat Res. 2005;(432):181-7.
109. Gokhale S, Soliman A, Dantas JP, et al. Variables affecting initial stability of impaction
grafting for hip revision. Clin Orthop Relat Res. 2005;(432):174-80.
110. Gruen TA, McNeice GM, Amstutz HC. “Modes of failure” of cemented stem-type fe-
moral components: a radiographic analysis of loosening. Clin Orthop Relat Res.
1979;(141):17-27.
102
FONTES CONSULTADAS
103
Fontes consultadas
1. Agresti A. Categorical data analysis. New York: Wiley; 1990.
2. Bussab WO, Morenttin PA. Estatística básica, 4
a
ed. São Paulo: Atual; 1987.
3. Conover WJ. Practical nonparametric statistics, 2
nd
ed. New York: Wiley; 1980.
104
RESUMO
105
Resumo
Considerando a falta de consenso teórico e prático sobre técnicas e materiais no tratamento
cirúrgico da soltura de prótese de quadril, realizou-se o presente estudo, com o propósito de
descrever resultados de avaliações clínicas e radiográficas das revisões de artroplastias femo-
rais com enxerto impactado, haste polida e em cunha (técnica Exeter), em pacientes operados
pelo grupo de Cirurgia do Quadril da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A população
compreendeu 118 pacientes com soltura de prótese de quadril submetidos à revisão entre de-
zembro de 1994 e agosto de 2006, todos pela mesma técnica e acompanhados por no mínimo
dois anos. Dados relativos à avaliação clínica e radiográfica pré-operatória, os motivos da in-
dicação para cirurgia, os procedimentos e avaliações intra-operatórios e as avaliações pós-
operatórias foram coletados. A maior parte das revisões foi realizada por motivo de soltura da
prótese (49,2%) e infecção (22,0%). As complicações pós-operatórias mais importantes foram
fratura (em 3 pacientes, ou 2,5% da amostra) e luxação posterior (9 casos, 7,6%). Integração
femoral estava presente na maioria absoluta (97,5%). Não houve diferença entre os doentes
operados de acordo com idade, sexo, lado operado, existência e tipo de fratura no pré ou pós-
operatório ou luxação no pós-operatório, tampouco com relação à indicação da revisão, com
relação às avaliações de dor, marcha e mobilidade. As medidas pré-operatórias de dor, marcha
e mobilidade estavam correlacionadas: quanto melhor o resultado para dor, melhores a mar-
cha e mobilidade (p < 0,001). Todos os pacientes tiveram melhora desses indicadores compa-
rando-se o pré com o pós-operatório (p < 0,001). Ocorre, portanto, melhora de dor, marcha e
mobilidade com a cirurgia de revisão de artroplastia, independentemente das medidas das di-
ferentes escalas de classificação de lesão e das características sócio-demográficas, comparan-
do-se o pré e o pós-operatório em acompanhamento de no mínimo dois anos.
106
ABSTRACT
107
Abstract
Considering the lack of theoretical and practical consensus concerning materials and tech-
niques used on the surgical treatment of the failure of fixation of total hip replacement, the
present study was developed in order to describe the results of clinical and radiological evalu-
ations of total hip arthroplasty surgery revision with impacted bone graft and polished tapered
stem (Exeter technique) in patients operated by the Hip Surgery Group of Santa Casa de Mi-
sericórdia de São Paulo. The study included 118 patients with failure of fixation of total hip
replacement submitted to revision between December 1994 and August 2006. The same tech-
nique was used in all cases and the minimum follow up period was of 2 years.
Data related to the clinical and radiological preoperative evaluation, the reason of surgery indi-
cations, the procedures and the intraoperative evaluations were collected. Most of the revisions
were indicated due to failure of fixation of total hip replacement, present in 99,2% of the cases
and to infection, present in 22,0% of the cases. The most important postoperative complications
were fracture (present in three patients, 2,5% of the cases) and posterior dislocation (present in 9
patients, 7,6% of the cases). Femoral integration was present in 97% of the cases.
There was no statistical difference among the operated patients concerning age, sex, operated
side, presence and kind of fracture on pre or postoperative, dislocation on postoperatory,
causes of revision indication, pain, gate and mobility.
The preoperative measures of pain, gate and mobility were correlated: patients with better re-
sults for pain had better results for gate and mobility as well (p < 0,001). All the patients had
better results for pain, gate and mobility when comparing pre and postoperative (p < 0,001).
In conclusion, the hip arthroplasty revision surgery provides an improvement of pain, gate and
mobility for patients with different lesion classifications and social-demographic characteris-
tics when comparing preoperative and postoperative follow up period of at least two years.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo