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A associação de agonistas dos receptores alfa-2 com cetamina e EGG,
usualmente, ocasiona mínima depressão respiratória durante à primeira hora, mas
em procedimentos com duração acima de 45 minutos os animais deveriam ser
intubados e receber suplementação com oxigênio (HALL et al., 2001). Isso limita o
uso dessa técnica em procedimentos longos, uma vez que o decúbito prolongado
associado à depressão respiratória e cardiovascular potencializa o risco de
hipoxemia. Isso pode explicar a diminuição gradativa da f e da Sp
O2
em TD.
Embora as alterações da f observadas neste estudo sejam similares às
reportadas por outros autores (MUIR et al., 1978; THURMON et al., 1986; YOUNG et
al., 1993), a diminuição da Sp
O2
foi mais acentuada no grupo PPU, chegando a
valores compatíveis com hipoxemia moderada. É difícil formular uma explicação
plausível para esse fenômeno, pelo número reduzido de animais, mas poderia se
pensar na possível interferência dos componentes do veículo, propilenoglicol e
álcool benzílico.
O propilenoglicol é usado como veículo em fármacos como lorazepam,
diazepam, etomidato, fenitoína, nitroglicerina, hidralazina, esmolol, fenobarbital,
trimetoprim-sulfametoxazole e clordiazepóxido (AL-KHAFAJI et al., 2002). Existem
relatos de intoxicação após a infusão de lorazepam, etomidato, nitroglicerina e
diazepam e as manifestações de toxicidade por propilenoglicol incluem depressão
do SNC, convulsões, arritmias cardíacas, insuficiência respiratória, hemólise e
falência renal (ARBOUR; ESPARIS, 2000). Em outro estudo, AL-KHUDHAIRI et al.
(1982) não observaram depressão dos centros respiratórios superiores, nem
alterações no sincronismo do ciclo respiratório, em cães que receberam
propilenoglicol, IV, em quantidades correspondentes ao veículo presente na dose de
20 mg/kg de diazepam.
Já o álcool benzílico é um álcool aromático, usado como preservativo
antimicrobiano em diversas soluções comerciais. Na década de 80 alguns
pesquisadores associaram medicações contendo álcool benzílico com acidose
metabólica severa, encefalopatia, depressão respiratória e morte em pacientes de
unidades neonatais. No entanto, alguns estudos avaliaram os efeitos de infusões
rápidas ou lentas deste composto em animais adultos de várias espécies sem
encontrar evidências de toxicidade. O álcool benzílico é oxidado para ácido
benzóico, conjugado com glicina no fígado e excretado como ácido hipúrico. Esta via
metabólica pode não ser funcional em neonatos, levando ao acúmulo de ácido