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outra mulher trabalha no Colégio. Havia também um casal de crianças de
aproximadamente cinco anos e uma adolescente de 18 anos com o filho de 8
meses. Nessa família, apenas a mãe e a filha falavam Português. As crianças
falavam Xytswa, a língua predominante na região. Não há como não
estabelecer comparações com o nosso ambiente. Mas ao mesmo tempo, há
um sentimento inexplicável no ar. Um sentimento de pertença àquele lugar,
como se eu não fosse estranha ali. É verdade que o fato das Irmãs já estarem
em Mapinhane desde 1994 faz de nossa recepção mais calorosa e habitual, já
que os moradores estão acostumados com a chegada e partida de
missionários.
A História de Mapinhane foi relatada por Dércio Bambamba, um morador
de Mapinhane, em carta de próprio punho. Preferi transcrevê-la integralmente
para manter fidelidade ao texto original:
Mapinhane, antigamente localidade e atualmente posto
administrativo, herdou o nome Mapinhane do seu rei, que era
chamado Nwobinhane. Então, pela chegada dos colonialistas
portugueses durante o reinado de Nwabinhane, o local herdou o
nome do seu régulo, ou rei. Os portugueses perguntaram qual era o
nome do rei e, como eles não conseguiram pronunciar bem o nome
Nwabinhane, eles escreveram Mapinhane, o que facilitou a
pronúncia. Esse posto administrativo de Mapinhane compreende
atualmente três localidades: Belane, Muabsa e Mapinhane Sede.
Antigamente, como localidade do reinando de Mapinhane
compreendiam cerca de 35 zonas que partiam desde Cheline (ao
norte) até Inhassoro (ao sul). Mapinhane Vila, que acolhe e é centro
de recepção de várias culturas vindas de outras vilas, cidades,
províncias e até do estrangeiro, devido a existência duma Escola
Secundária da Igreja Católica, que é dirigida por Irmãs Agostinianas
Missionárias. Essa escola acolhe alunos vindos de várias províncias e
partes do país, enquanto as outras escolas primárias acolhem alunos
vindos doutras regiões e zonas rurais. A vila é, portanto, sujeita a
uma grande aculturação, pelo grande fluxo de pessoas de outras
culturas.Atualmente têm-se desenvolvido na Vila várias atividades
que possam empregar os habitantes deste posto administrativo, como
o comércio, que abrange quase tudo, a agricultura, que compreende
a produção de hortículas como couve, cebola, alho, alface, repolho,
cenoura e tomate. Produz-se também amendoim e nos arredores dos
rios cana doce, utilizada para a fabricação de tontonto (bebida
tradicional que quimicamente é misturada a álcool etílico ou etanol).
O posto administrativo é dividido em localidades, zonas, bairros,
círculos e células, onde estão organizados os seus dirigentes que
coordenam e colaboram com o governo nos programas de
desenvolvimento, ordem e segurança do país. É constituído de várias
congregações religiosas, das quais a Igreja Católica da Paróquia de
São José de Mapinhane. Ela oferece bolsas de estudos aos alunos
que não conseguem pagar as mensalidades na Escola Secundária
Padre Gerardo Gumiero. Essas bolsas são oferecidas igualmente
pelos padres da Consolata e pelas Irmãs Agostinianas Missionárias.
A atual organização social compreende o chefe do posto