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pressões do mundo ao seu redor, sofre mudanças acentuadas na sua estrutura e no
seu cotidiano, colaborando para que outras mudanças advindas de suas novas
necessidades aconteçam no âmbito social.
A maior escolarização e profissionalização da mulher acarretaram o
alargamento das suas relações sociais e, como conseqüência, a intensificação de
críticas e questionamentos em relação ao seu processo de escolarização, à
submissão, aos limites estreitos impostos ao seu desenvolvimento dentro de grupos
sociais e as possibilidades de escolha profissional.
Todos esses aspectos aparecem em discussões, quer de grupos
feministas quer de outros que enfatizam o excesso de trabalho que recai sobre a
mulher que, agora, exerce atividade profissional, mas ainda é a responsável pelo
“bom andamento” da casa, dos filhos e do bem estar do marido. “É como se um
caldeirão estivesse no fogo, pronto para entrar em ebulição a qualquer momento”.
(BIASOLI-ALVES, 2000, p.237).
De acordo com Biasoli-Alves:
Assim com as transformações acorridas os valores tradicionais como
‘respeito’, ‘obediência’, ‘submissão’, ‘delicadeza’, ‘capacidade de doação’
entre outros, que eram considerados atributos da ‘boa moça’, foram
‘deixados para trás’, o que significa ‘deixar de estar na linha de frente’ da
educação da menina/moça, permanecendo de forma ‘encoberta’, enquanto
a mulher conquista o direito à educação e exercer atividade profissional
25
.
(BASOLI-ALVES, 2000, p.237).
Pode-se afirmar que houve alterações significativas e o
questionamento de muitos valores sociais, fazendo com que alguns velhos costumes
fossem negados enquanto que outros assumissem maior relevância.
25
BIASOLI-ALVES (2000, p.237), “Dados de uma pesquisa de Biasoli-Alves (1995) mostram, de
modo inequívoco, que os meninos na década de 1980, ainda estavam muito mais sujeitos a serem
fisicamente punidos, diferentemente do que acontecia com as meninas, que eram mantidas próximas
de suas mães e submetidas a um controle emocional, o que pode ser constatado através das
seguintes falas: ... que coisa mais feia! (Mulher de 43 anos), ... o que eu fiz, meu Deus, para
merecer... (Mulher, 48 anos); ... a gente te dá tudo o que você pede e ainda assim nada está bom...
(Mulher de 50 anos)”.
“Por outro lado, as mães relataram que perdem a paciência, gritam e, se a criança não obedece, elas
fazem algum tipo de ameaça. Os dados evidenciam que elas, hoje, mostram-se mais irritadas e
apressadas e querem que o filho cumpra com seus compromissos, sem trazer muitas dificuldades
para um cotidiano já conturbado. Também, não se pode negar que, de meados da década de 1970
em diante, está-se frente ao fenômeno da grande incerteza e insegurança dos pais quanto a melhor
maneira de educar os filhos. Não se trata agora da preocupação de que eles sejam ‘bem educados’,
‘respeitadores dos mais velhos’ para que a família receba elogios; a preocupação gira em torno do ‘vir
a ser’, do futuro e das conseqüências negativas de certas práticas de cuidado e educação”.