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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
A SAÚDE DA MULHER TRABALHADORA NO
SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE: UM ESTUDO
DE CASO.
FERNANDA NUNES GAMA
CARATINGA
Minas Gerais - Brasil
Agosto de 2009
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ii
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
A SAÚDE DA MULHER TRABALHADORA NO
SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE: UM ESTUDO
DE CASO.
FERNANDA NUNES GAMA
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte
das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Meio Ambiente e
Sustentabilidade, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
CARATINGA
Minas Gerais - Brasil
Agosto de 2009
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iii
Sistema de Bibliotecas - UNEC
Ficha Catalográfica
618.145
G184s
2009
iv
FERNANDA NUNES GAMA
A SAÚDE DA MULHER TRABALHADORA NO
SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE: UM ESTUDO
DE CASO.
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte
das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Meio Ambiente e
Sustentabilidade, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
APROVADA: 24 de Agosto de 2009.
Examinadores:
_____________________________ ________________________________
Prof. Dr. Amaury Paulo de Souza Prof. Dr. Luciano José Minette
________________________ ________________________________
Prof. Dr. Meubles Borges Júnior Prof. Dr. Marcos Alves Magalhães
(Orientador) (Co-orientador)
v
Dedicatória
Ao meu marido Edvane meu companheiro nesta trajetória, soube compreender, como
ninguém, a fase pela qual eu estava passando e a minha filha Larissa, tudo na minha vida, pela
paciência compreensão e incentivo durante toda esta jornada e pela tolerância de ser muitas
vezes trocados pelo trabalho. Presença constante no desenvolvimento de todas as minhas
atividades. Amo vocês.
vi
BIOGRAFIA
FERNANDA NUNES GAMA nasceu em 28 de novembro de 1969, na
cidade de Cataguases, Estado de Minas Gerais.
Graduou-se em Enfermagem e Obstetrícia no ano de 1992, pela
Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF.
Especialista em Administração Hospitalar (2006) pela Universidade São
Camilo em Belo Horizonte e em Gestão e Investimentos em Projetos de Saúde
pela Escola de Saúde Pública de Belo Horizonte.
Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais UNILESTE
MG e Gerente de Atenção à Saúde no município de Coronel Fabriciano.
Em julho de 2007 iniciou o Programa de Mestrado Profissional em Meio
Ambiente e Sustentabilidade, no Centro Universitário de Caratinga UNEC,
com pesquisa na linha de Sociedade, Ambiente e Saúde.
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, meu Pai, incondicional nesta jornada, por me guiar e
ter me acolhido durante toda a caminhada com a oportunidade de chegar até
aqui.
Agradeço especialmente a meus pais, que com seu amor me
proporcionaram oportunidades e momentos importantes, que me ensinaram
tudo que sei e fizeram de mim a pessoa que sou hoje. Exemplos de vida
orgulho de ser sua filha.
Agradeço às minhas irmãs, Alessandra, Patrícia por acreditarem na minha
capacidade e torcerem por mim.
A Solange Avelar por ser amiga acima de tudo, por rir e chorar comigo,
por tentar achar uma solução para o que acaba não sendo solucionável e pela
sua paciência infinita e sua crença absoluta na capacidade de realização a mim
atribuída foram, os elementos propulsores desta dissertação.
A Patrícia Guedes, por sempre incentivar o meu trabalho, sempre
colocando vírgulas e trocando as de lugar. Obrigada amiga.
Às minhas amigas Jussara Botto, Célia, durante as nossas idas e vindas
a Caratinga, dividimos muitas vezes nossos anseios, medos, inquietudes e
momentos de alegria e a Gisele, pelo apoio e carinho que demonstrou durante
todo esse tempo.
viii
As minhas amigas no trabalho sempre segurando as pontas nas minhas
ausências: Juliana, Verônica e claro não poderia esquecer da Milla minha
afilhada querida que sempre me incentivou.
A minha sogra Maria, sem ela eu não teria a tranqüilidade de viajar e
saber que minha filha estaria bem. Obrigada pela paciência e pelo carinho. A
senhora foi muito importante mais uma vez.
Ao Prof. Dr. Meubles Borges Junior, orientador desta dissertação, por
todo empenho, sabedoria, compreensão e, acima de tudo, exigência. Gostaria
de ratificar a sua competência, participação com discussões, correções,
revisões de lâminas, sugestões que fizeram com que concluíssemos este
trabalho.
Agradeço ao Professor Dr. Marcos Magalhães, meu co-orientador que
sempre se dispôs a me esclarecer sobre diversas questões.
Aos Enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde da Secretaria Municipal
de Saúde de Coronel Fabriciano, agradeço a maneira atenciosa e dedicada
que auxiliaram na coleta dos exames e na busca constante da promoção da
saúde a mulher. E a todas as instituições e respectivos representantes que
colaboraram para elaboração deste trabalho.
Às alunas Rayssa, Glenda, Ana Tereza, Iara, Keila, que pacientemente
durante todo o período estiveram escutando as mulheres e coletando os
dados para a concretização desta pesquisa.
A todos os meus amigos e amigas que sempre estiveram presentes me
aconselhando e incentivando com carinho e dedicação.
As mulheres que participaram desta pesquisa, pois sem elas nenhuma
dessas páginas estaria completa.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
execução dessa Tese de Mestrado.
A todos os professores, colegas e funcionários do Programa de Pós
Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade do Centro Universitário de
Caratinga (UNEC) que compartilharam estes dois anos de convivência.
Agradeço ao Centro Universitário do Leste de Minas Gerais UNILESTE -
MG, a Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano e a Secretaria Municipal de
Saúde em especial ao Secretário Municipal Rubens Almeida Castro pelo apoio
no desenvolvimento do curso.
ix
RESUMO
GAMA, FERNANDA NUNES. Centro Universitário de Caratinga, Agosto de
2009. A saúde da mulher trabalhadora no sistema público de saúde: um
estudo de caso. Orientador: D.Sc. Meubles Borges Junior.Co-orientador: D.Sc.
Marcos Alves Magalhães.
No município de Coronel Fabriciano/MG, as ações de prevenção dos cânceres
de colo de útero e mama foram intensificadas com a implantação de um
Programa para detecção precoce destes cânceres para mulheres
trabalhadoras na rotina do atendimento de 6 Unidades Básicas de Saúde, que
funcionam no horário especial de 19h às 21h, facilitando assim seus acessos,
proporcionando a integralidade da assistência e a equidade, de acordo com os
princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde. Foi desenvolvida uma
pesquisa descritiva com abordagem quanti-qualitativa, usando a técnica de
estudo de caso e para coleta de dados, a entrevista semiestruturada. Esta
pesquisa teve como objetivo geral avaliar a percepção dessas mulheres
atendidas pelo Programa ―Viva Mulher Trabalhadora -Um toque de saúde” em
relação a saúde e o significado em relação a prevenção dos cânceres de
mama e colo de útero, e como objetivos específicos, traçar o perfil dessas
mulheres, identificar a percepção dessas mulheres em relação a saúde; o que
essas mulheres trabalhadoras pensam sobre o câncer de colo de útero e
x
mama e seus fatores de risco; analisar os sentimentos dessas mulheres
trabalhadoras do município em relação ao exame de prevenção de câncer de
colo de útero e mama; e verificar como essas mulheres trabalhadoras
percebem o Programa de prevenção dos cânceres de colo de útero e mama,
implantado no município de Coronel Fabriciano. Em uma amostra de 85
mulheres trabalhadoras que participaram do Programa, a predominância de
trabalhadoras situou-se na faixa etária de 25 a 59 anos (55,5%); apresentam
carga horária diária de trabalho acima de 7 horas (83,3%); com renda familiar
de 1 salário mínimo (54%); são casadas ou possuem união estável (72%);
escolaridade de nível médio (55,3%); 81% tiveram dois ou menos partos, o
sentimento das mulheres sobre o exame, onde predomina o medo e a
vergonha foram abordadas. O Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um
Toque de Saúde‖ pode ser avaliado como uma ação positiva na prevenção dos
cânceres de colo de útero e mama.
Palavras-chave: Câncer do colo-uterino; Câncer de Mama; Prevenção de
câncer; Diagnóstico precoce; Saúde da mulher.
xi
ABSTRACT
GAMA, FERNANDA NUNES. Centro Universitário de Caratinga, of August
2009. The health of women working in the public health system: a case
study. Advisor: DSc Meubles Borges Junior. Co-advisor DSc Marcos
Magalhães Alves.
In the city of Coronel Fabriciano/MG, the actions to prevent the womb colon and
breast cancer were intensified with the implantation of a program to early
detection of these cancers in women working in 6 Units of Basic Health, which
are open on the special time from 7p.m to 9p.m, facilitating their accesses,
making possible the full assistance and the equality of it, according to the
doctrinarian principles of the Sistema Único de Saúde”. A descriptive reseach
has been developed with a quanti-qualitative approach, using the tecnique of
case studies and, in order to collect data, semi-structured interviews. The main
goal of this research was to evaluate the perseption of these women towards
health, what do these women think about the womb colon and the breast
cancers and its risk factors, analyse the feelings of these women concearning
the prevention exams of these cancers and to verify how these women see the
prevention program of these cancers, installed by the City Hall in Coronel
Fabriciano. In a sample of 85 women who took part in the program, most part of
xii
them are from 25 to 59 years of age ( 55,5% ), work more than 7 hours a day
hours ( 83,3% ), have family earnings of 1 minimum salary ( 54% ), they are
married or have a legalized union situation ( 72% ), have high school ( 55,3% ),
81% had two or less childbirths. The feeling of these women about the
examination, where shame and fear leads, were aproached. The Program “Viva
Mulher Trabalhadora Um Toque de Saúde” can be evaluated as a positive
action in the prevention of the womb colon and breast cancers.
Key-words: womb colon cancer, breast cancer, Cancer Prevention. Early
diagnostic, Women´s Health.
xiii
CONTEÚDO
RESUMO...........................................................................................................
ix
ABSTRACT.......................................................................................................
xi
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................
01
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................
05
2.1.O Sistema Único de Saúde (SUS)......................................................
2.2. Atenção Básica..................................................................................
09
2.2.1 Implementação da atenção básica............................................
11
2.3 Pacto de Saúde ..................................................................................
16
2.4. As Políticas de Atenção Integral à Saúde da Mulher.........................
18
2.5. Acolhimento e Humanização: Princípios para uma Política de Ação
Integral da Saúde da Mulher.............................................................................
23
2.6. O Câncer e a saúde da mulher..........................................................
25
2.6.1 Fatores de Risco de Natureza Ambiental..................................
27
2.6.2. Câncer de mama......................................................................
28
2.6.3 Câncer de Colo de útero...........................................................
33
2.6.4. O exame papanicolaou............................................................
37
3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................
40
3.1.Cenário do Estudo................................................................................
41
3.2.Programa Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde‖...........
43
3.3. Tipo de pesquisa.................................................................................
45
3.4. População e amostra...........................................................................
46
3.5 Estratégias para a coleta de dados.....................................................
46
xiv
3.5.1. Entrevistas ..............................................................................
47
3.6. Tratamento de dados ..........................................................................
48
3.7. Aspectos éticos....................................................................................
49
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................
50
4.1. Perfil das entrevistadas........................................................................
50
4.2. Dados de saúde...................................................................................
56
4.2.1 Conceito de Prevenção..........................................................
57
4.2.2. Significado de câncer de colo de útero e mama......................
58
4.2.3. Conhecimento dos fatores de risco para o câncer de colo de
útero..................................................................................................................
59
4.2.4. Auto-exame das mamas...........................................................
62
4.3. Dados sobre a percepção do exame de preventivo de ncer de
colo de útero.....................................................................................................
66
4.3.1. Periodicidade da realização do exame e qual profissional
realizou..............................................................................................................
67
4.3.2. Sentimento das mulheres na realização do exame para
prevenção do câncer cérvico-uterino e de mama.............................................
69
4.4. Dados sobre a avaliação do problema.................................................
75
4.4.1. Adesão das mulheres ao exame preventivo.............................
75
4.4.2. Conhecimento do programa, horário de atendimento e a
forma que recebeu a informação.......................................................................
77
5. CONCLUSÃO...............................................................................................
80
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................
82
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................
83
APÊNDICE I Roteiro para entrevista..............................................................
92
APÊNDICE II Solicitação para realização da pesquisa..................................
93
APÊNDICE III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido à pesquisa......
94
ANEXO I Termo de Aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa..............
95
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela1:
Leis e normas que regulamentam o SUS.................................
07
Tabela 2:
Recomendações do INCA para programas de rastreamento
do câncer de mama no Brasil...................................................
31
Tabela 3:
População distribuída em setores regionais.............................
41
Tabela 4:
Distribuição de frequência e percentagem da procura das
mulheres pelo Programa Viva Mulher Trabalhadora, por mês
do ano, idade e estado civil e número de filhos........................
51
Tabela 5:
Distribuição das usuárias por categoria profissional, carga
horária diária, renda e escolaridade..........................................
54
xvi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:
Anatomia da mama...................................................................
29
Figura 2:
Exame realizado pela própria mulher com o objetivo de
detecção precoce de nódulo mamário......................................
32
Figura 3:
Anatomia do colo do útero........................................................
33
Figura 4:
Coleta de amostra de material citológico do colo de útero
para exame preventivo de câncer.............................................
38
Figura 5:
Fachada das UBS que realizam o Programa ―Viva Mulher
Trabalhadora Um Toque de Saúde‖......................................
43
xvii
LISTA DE SIGLAS
AEM Auto Exame das Mamas
AISM Atenção Integral à Saúde da Mulher
CIB‘s - Comissões Intergestoras Bipartites
CIT‘s - Comissões Intergestoras Tripartites
CMS - Conselho Municipal de Saúde
CNS - Conferência Nacional de Saúde
DATASUS - Departamento de Informática do SUS
ECM Exame Clínico das Mamas
ESF - Estratégia Saúde da Família
FMS - Fundo Municipal de Saúde
GM - Gabinete do Ministério
HPV - Vírus Papiloma Humano
INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social
INCA - Instituto Nacional do Câncer
MS - Ministério da Saúde
NOAS - Norma Operacional da Assistência à Saúde
NOB - Norma Operacional Básica
xviii
PAB - Piso de Atenção Básica
PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
PNAB - Política Nacional de Atenção Básica
PNAISM - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
PNCCUM - Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de
Mama
PMCF - Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano
PPI - Programação Pactuada Integrada
PSF - Programa de Saúde da Família
SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade
SINASC - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SINAN - Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação Compulsória
SIA - Sistema de Informações Ambulatoriais
SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica
SIH - Sistema de Informações Hospitalares
SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização
SISCOLO - Sistema de Informações do Câncer do Colo do Útero
SMS - Secretaria Municipal de Saúde
SUS - Sistema Único de Saúde
UBS - Unidade Básica de Saúde
1. INTRODUÇÃO
A Política de Saúde da Mulher tem como primeiro objetivo indicar os
recursos mínimos necessários, mas abrangentes, à saúde daquelas que, além
de ser a maioria da população brasileira, cuidam, monitoram e acompanham a
saúde de outros elementos da família, vizinhança e comunidade
(ALEXANDRE, 2007).
Os processos saúde-doença incidentes na população feminina
manifestam relação com a qualidade de vida de cada classe social e com o
desenvolvimento regional diferenciado e reconhecido no Brasil. A Política de
Saúde da Mulher deve, portanto, ser reeditado mediante a situação
epidemiológica específica de cada região do país seguindo as diretrizes do
Sistema Único de Saúde (SUS), viabilizando e causando impacto no processo
saúde-doença da população feminina da área (BRASIL, 2004).
Mediante a concepção sobre o que é saúde da mulher, conceberam-se
políticas para proteger sua saúde e preservar sua função social. No Brasil, a
saúde da mulher foi incorporada às políticas públicas nacionais nas primeiras
2
décadas do século XX, mantendo-se limitadas até a década de 1970 somente
no que tange a gravidez e parto (ALEXANDRE, 2007).
Em 1984, o Ministério da Saúde (MS), elaborou o Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que marcou uma nova forma
de eleição de prioridades assistenciais à população feminina no Brasil e foi
integrado aos princípios e diretrizes propostas pelo SUS. Incorporaram-se
ainda ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação
que englobavam o todo do ciclo de vida da mulher (BRASIL, 2004).
O alcance positivo de alguns indicadores como, aumento no número de
consultas no pré-natal e nos exames cérvico-uterino, foi possível pelo
estímulo e planejamento de ações inseridos no PAISM, como, o Controle de
ncer de Colo de Útero e Mama Viva Mulher estabelecido pelo MS/
Instituto Nacional do Câncer (INCA), que permanece atual e está de acordo
com as recomendações dos principais programas internacionais. É dirigido às
mulheres com idade entre 25 a 59 anos prioritamente e inclui o diagnóstico
precoce, através do exame cérvico-uterino, também conhecido como
Papanicolaou e exames das mamas, além do tratamento adequado do tumor
(ALEXANDRE, 2007; BRASIL 2006 a).
Em 2004, o MS lançou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher (PNAISM), com o compromisso de implementar ações de saúde que
contribuem para garantia dos direitos humanos das mulheres e para redução
da morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis. O Viva Mulher
Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama
(PNCCUM) tem, portanto, como objetivo, reduzir a mortalidade e as
repercussões físicas, psíquicas e sociais desses cânceres na mulher brasileira,
por meio da oferta de serviços para prevenção e detecção em estágios iniciais
da doença e de suas lesões precursoras e do tratamento e reabilitação das
mulheres (COSTA, 2004).
Dentre os desafios para se alcançar a integralidade na assistência à
saúde da mulher na Atenção Básica no Brasil, encontramos às ações de
controle de cânceres do colo do útero e de mama. O câncer está entre as
principais causas de morte na população feminina, e a mudança de hábitos,
3
aliada ao estresse gerado pelo estilo de vida do mundo moderno,
contribuem diretamente na incidência desta doença (BRASIL, 2006 a).
A morbi-mortalidade por câncer do colo de útero e mama é alta nas
mulheres brasileiras. Com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no
mundo, o câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais comum
entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil
mulheres por ano (BRASIL, 2006 b).
A forma mais eficaz de controle desse tipo de tumor é diagnosticar
precocemente, tratar as lesões precursoras (neoplasias intra-epiteliais) e as
lesões tumorais invasivas em seus estágios iniciais, quando a cura é possível
em praticamente 100% dos casos (BRASIL, 2006 b; BRASIL, 2003).
Portanto o principal desafio dos governos municipais é avançar em
direção à concretização dos preceitos do SUS nos serviços e nas ações que
assegurem o direito à saúde, como uma conquista que se realiza em cada
estabelecimento, equipe e prática sanitária (BRASIL, 2004).
Dentro desse contexto, a atenção básica no município de Coronel
Fabriciano é grarantida por meio de doze Unidades Básicas de Saúde (UBS),
uma equipe de Saúde da Família (SF) e uma equipe de Agentes Comunitários
de Saúde (ACS)
O programa Viva Mulher Trabalhadora - Um Toque de Saúde foi
implantado pela Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano (PMCF), por meio
da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e oferece exames clínicos das mamas
e o exame cérvico-uterino, é destinado às mulheres trabalhadoras do
município. Propõe resgatar a mulher que está inserida no mercado de trabalho,
e que por muitas vezes fica impossibilitada de acessar os serviços de saúde
pública por incompatibilidade de horários ocasionando uma vulnerabilidade por
parte desse grupo populacional no que tange a prevenção do ncer de mama
e colo de útero.
Um dos aspectos de relevância tange na busca ativa destas usuárias,
sendo aqui considerada como um instrumento essencial para minimizar o
quantitativo de mulheres que deixavam de realizar os referidos exames de
prevenção considerando o modelo assistencial de saúde publica estabelecido
pelas diretrizes nacional de saúde associada a observância das mulheres que
se encontram em seus locais de trabalho, decorrente da nova estrutura familiar,
4
da sociedade, e por isto não realizavam seu controle anual de exames
oncológicos.
Considerando a natureza do problema em estudo, foi desenvolvida uma
pesquisa descritiva com abordagem quanti-qualitativa, usando a técnica de
estudo de caso que teve como objetivo geral: Avaliar a percepção das
mulheres atendidas pelo Programa ―Viva Mulher Trabalhadora -Um toque de
saúde” em relação a saúde e o significado em relação a prevenção dos
cânceres de mama e colo de útero.
Pretende-se especificamente:
traçar o perfil das mulheres que utilizam o Programa ―Viva Mulher
Trabalhadora Um toque de saúde” ;
os motivos que as levam a utilizar esse serviço;
identificar a percepção dessas mulheres em relação a saúde;
conhecer o que essas mulheres trabalhadoras pensam sobre o câncer
de colo de útero e mama e seus fatores de risco;
analisar os sentimentos dessas mulheres trabalhadoras do município em
relação ao exame de prevenção de câncer de colo de útero e mama;
verificar como as mulheres trabalhadoras percebem o Programa de
prevenção dos cânceres de colo de útero e mama, implantado no município de
Coronel Fabriciano.
5
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. O Sistema Único de Saúde (SUS)
No Brasil, o movimento da reforma sanitária e as conclusões da
Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada em 1986, são exemplos de
compreensão da saúde como resultante de um processo de produção social
que expressa a qualidade de vida, sendo condicionada e/ou determinada por
fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e
biológicos (ALMEIDA, 1996).
O Movimento Sanitário Brasileiro, após anos de muita batalha, imprime
importantes avanços na Política Nacional da Saúde, quando na cada 1980,
na realização da VIII CNS consegue consagrar os princípios da Reforma
Sanitária como diretrizes hegemônicas para o SUS (BUENO e MERHY, 1997).
O processo de construção do SUS nada mais é do que o resultado de
embates políticos e ideológicos travados ao longo dos anos sendo, portanto,
fruto de uma longa trajetória de lutas. Assim, a busca do entendimento histórico
da evolução das políticas de saúde no Brasil, contribui para uma melhor
6
compreensão do momento atual e do próprio significado do SUS (BRASIL,
2007).
Segundo Brasil (2006 b), a saúde é considerada na sua complexidade,
colocando-se como um bem econômico não restrito ao mercado, como forma
de vida da sociedade, e direito que se afirma enquanto política, com as
dimensões de garantias de acesso universal, qualidade, hierarquização,
conforme estabelece a Constituição da República Federativa do Brasil,
promulgada em 5 de outubro de 1988.
Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, passa a vigorar o
SUS, que estabelece como diretrizes de organização o acesso universal, a
eqüidade, o controle social, a gestão única em cada nível de governo e a
responsabilidade do Estado, enquanto dever, pela saúde do cidadão (BUENO
e MERHY, 1997).
Segundo Andrade, 2001 é uma nova formulação política e organizacional
para o reoordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecida pela
Constituição de 1988 e posteriormente às leis que a regulamentam.
O SUS está definido na Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990 - Lei
Orgânica da Saúde (LOS), como:
“o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder
Público, incluídas as instituições públicas federais, estaduais e
municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de
insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de
equipamentos para saúde, garantida, também, a participação
complementar da iniciativa privada no Sistema Único de Saúde. São
princípios doutrinários do Sistema único de Saúde a Universalidade,
Equidade e Integralidade (BRASIL, 2006 c).
O arcabouço legal do SUS se traduz por meio de leis, normas
operacionais e inúmeros decretos e resoluções, porém, se destacam algumas
descritas na Tabela 1.
7
TABELA 1: Leis e normas que regulamentam o SUS
LEIS E
NORMAS
COMPETÊNCIA
DATA
Constituição
Federal
Título VIII, da Ordem Social, Capítulo I, Seção II.
05/10/1988
Lei nº 8080
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes, e dá outras providências.
19/09/1990
Lei nº 8142
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do
Sistema Único de saúde SUS e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde
e dá outras providências.
28/12/1990
Norma
Operacional
Básica NOB
01/91
Cria a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), o Sistema
de Informação Hospitalar (SIH) e o Fator de Estímulo à
Municipalização (FEM).
07/01/1991
Norma
Operacional
Básica NOB
01/93
Define procedimentos e instrumentos operacionais objetivando
ampliar e aprimorar as condições de gestão, no sentido de
efetivar o comando único do SUS nas três esferas de governo.
Cria: as Comissões Intergestores, formas de habilitação dos
municípios. Representou um avanço no processo de
descentralização das ações e dos serviços de saúde ma
construção do SUS.
24/05/1993
Norma
Operacional
Básica
NOB/96
Vem aperfeiçoar a gestão dos serviços de saúde no país e a
própria organização do sistema, visto que o município passa a
ser, de fato, o responsável pelo atendimento das
necessidades e das demandas de saúde da sua população e
das exigências de intervenções saneadoras em seu território,
apontando, também, para uma reordenação do modelo de
atenção à saúde.
06/11/1996
Norma
Operacional
da Assistência
à Saúde SUS
NOAS
01/2001
Assegura o comando único sobre o sistema, incorpora a
microregionalização a partir de uma base legal, amplia a
atenção básica, resgata o processo de Programação Pactuada
e Integrada (PPI) avança na utilização do per capta como
forma de repasse de recursos, instrumentaliza e regula a
relação gestor-gestor e permite processos de pactuação de
referências, permitindo maior controle pelos gestores.
26/01/2001
Fonte: Brasil, 2002 a.
8
O primeiro nível de atenção do Modelo Assistencial proposto pelo SUS é
a Atenção Básica. Por isso, em tese deve ser ofertado por todos os municípios,
de forma isonômica, com qualidade e suficiência para toda a sua população.
Caracteriza-se por se desenvolver um conjunto de ações que abrangem a
promoção, prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação. Como forma
de organização do sistema, a Atenção Básica se constitui como o primeiro
contato de usuário com o SUS. Orienta-se pelos princípios da universalidade,
acessibilidade ao sistema, continuidade, integralidade, responsabilização,
humanização, vínculo, equidade e participação social (BRASIL, 2006 c).
O SUS enfatiza que produzir saúde implica na organização de processos
de trabalho que operem em diferentes planos de cuidado, os quais co-existem
num mesmo território de saúde, grupo e/ou sujeito; sem perder de vista o
imperativo da integralidade para uma ação sanitária efetiva. Assim, produzir
saúde numa perspectiva de construção de qualidade de vida e de emancipação
dos sujeitos implica em rever os modos de organização dos serviços de
atenção à saúde e na articulação com outros serviços e políticas sociais de
forma a interferir nos determinantes sociais da saúde, nas condições de vida e
nos comportamentos e modos de vida dos indivíduos e coletivos que podem
propiciar saúde e bem-estar ou processos de dor e sofrimento que deterioram a
Saúde (BRASIL, 2006 d).
Em 2006, foi publicada a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), na
qual é conferido um papel importante à Promoção da Saúde no conjunto de
ações sobre a responsabilidade da Atenção Básica e, em especial, da
Estratégia Saúde da Família (ESF) (BRASIL, 2006 a).
Mudanças ocorridas no sentido da universalização e da reorganização da
rede e das ações básicas em saúde sob responsabilidade municipal podem
servir indiretamente para a avaliação do processo de descentralização da rede
de serviços de saúde ocorrida no Brasil nos últimos anos da década de 1990.
que se considerar dentro do contexto de implantação da descentralização
que a grande maioria dos municípios, no limiar do novo milênio, não consegue
sequer organizar uma rede de Atenção Básica ou pelo menos encontra grande
dificuldade para isso. Assim, qualquer sucesso na implantação ou melhoria
9
dessa rede de serviços parece um passo fundamental para o fortalecimento do
SUS no país.
2.2. Atenção Básica
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no
âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a
manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em
equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais
assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente
no território em que vivem essas populações (BRASIL, 2004; 2006 c).
Segundo Brasil 2004, a Atenção Básica utiliza tecnologias de elevada
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde
de maior frequência e relevância em seu território, sendo o contato preferencial
dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da
universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do nculo e
continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da
equidade e da participação social, assim como os princípios do SUS.
Considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e
na inserção sócio-cultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e
tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam
comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável. A Atenção
sica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua
organização de acordo com os preceitos do SUS (BRASIL, 2004; 2006 c).
A ESF propõe a reorganização das práticas de saúde que leve em conta
a necessidade de adequar as ações e serviços à realidade da população em
cada unidade territorial, definida em função das características sociais,
epidemiológicas e sanitárias. Busca uma prática de saúde que garanta a
promoção à saúde, à continuidade do cuidado, a integralidade da atenção, a
prevenção e em especial, a responsabilização pela saúde da população, com
ações permanentes de vigilância em saúde (BRASIL, 2002 a).
10
A ESF tem como principal desafio promover a reorientação das práticas e
ações de saúde de forma integral e contínua, levando-as para mais perto da
família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. Incorpora e
reafirma os princípios básicos do SUS - universalização, descentralização,
integralidade e participação da comunidade mediante o cadastramento e a
vinculação dos usuários. O atendimento é prestado pelos profissionais das
equipes saúde da família (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem,
agentes comunitários de saúde, dentistas e auxiliares de consultório dentário)
na Unidade sica de Saúde (UBS) ou nos domicílios. Essa equipe e a
população acompanhada criam vínculos de co-responsabilidade, o que facilita
a identificação, o atendimento e o acompanhamento dos agravos à saúde dos
indivíduos e famílias na comunidade (BRASIL, 2006 c).
A promoção da saúde é um componente fundamental dos projetos
terapêuticos e das linhas de cuidado de patologias ou ciclos de vida. No
enfoque individual ou familiar, a promoção da saúde atua no sentido de
proporcionar autonomia aos sujeitos fornecendo-lhes informações, habilidades
e instrumentos que os tornem aptos para escolhas de comportamentos,
atitudes e relacionamentos interpessoais produtores de saúde (BRASIL, 2006
a).
Ainda segundo Brasil (2006 a), deve-se, inserir a promoção da saúde na
linha de cuidado voltado para as patologias crônicas como os nceres, a
hipertensão arterial e o diabetes, entre outros, implica, necessariamente, em
propiciar ao sujeito autonomia para escolha de modos de viver mais saudáveis
com relação à alimentação, atividade física, uso de substâncias nocivas à
saúde como o tabaco e o álcool, entre outras tantas escolhas. A promoção da
saúde deve estar articulada com a Vigilância em Saúde no sentido de
identificar as situações de vulnerabilidade e de dar respostas às necessidades
sociais e de saúde da população.
A Vigilância em Saúde, entendida como uma forma de pensar e agir, tem
como objetivo a análise permanente da situação de saúde da população e a
organização e execução de práticas de saúde adequadas ao enfrentamento
dos problemas existentes. É composta pelas ações de vigilância, promoção,
prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, devendo constituir-se em
11
um espaço de articulação de conhecimentos e técnicas vindos da
epidemiologia, do planejamento e das ciências sociais, é, pois, referencial para
mudanças do modelo de atenção (BRASIL, 2007).
Segundo Brasil (2006 c), a Vigilância em Saúde além de promover ações
de prevenção e controle das doenças transmissíveis que mantém importante
magnitude e/ou transcendência em nosso país, é necessária para ampliar a
capacidade de atuação de novas situações que se colocam sob a forma de
surtos ou devido ao surgimento de doenças inusitadas.
Para a operacionalização dos serviços dentro da Atenção Básica foi
necessário a criação de leis que norteassem os trabalhos e garantissem os
repasses financeiros em cada nível de assistência e governo: federal, estadual
e municipal.
2.2.1. Implementação da Atenção Básica
Um dos instrumentos fundamentais do processo de reforma da saúde foi,
sem dúvida, a regulamentação da Lei nº. 8.080 e da Lei nº. 8.142, de 1990, que
tratam das normas gerais de funcionamento do SUS, especialmente das
transferências intergovernamentais de recursos financeiros para a área. Porém,
somente três anos após a criação da Lei Orgânica da Saúde é que os critérios
para o repasse dos recursos do governo federal para os estados e os
municípios tornaram-se efetivos e sistemáticos, por meio da Norma
Operacional sica (NOB) editada pela Presidência do Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS), através da Resolução
258, de 7 de janeiro de 1991 do SUS (BUENO e MERHY, 1997).
Segundo os mesmos autores a instituição das NOB‘s como instrumentos
reguladores desse processo, na sua primeira versão - a NOB/91 - apresenta
dois importantes retrocessos em relação a certas expectativas legais abertas
na LOS quando não consegue regulamentar o seu artigo 35, construindo as
diretrizes do financiamento a partir do pagamento por procedimentos e de
forma convenial, e transformando os sistemas estaduais e municipais de saúde
em meros prestadores de serviços, cerceando suas prerrogativas de gestão
nos distintos níveis de governo.
12
A NOB/93 entra em vigor no ano seguinte, estabelecendo um processo
flexível, gradual e negociado para assegurar viabilidade política à
operacionalização da descentralização. Neste sentido, estabeleceu
responsabilidades, requisitos e prerrogativas para a gestão local do SUS,
incluindo estados e municípios, sob três modalidades: gestão incipiente, gestão
parcial e gestão semiplena. Instituiu ainda novas instâncias colegiadas as
Comissões Intergestoras Bipartites (CIBs) e as Comissões Intergestoras
Tripartites (CIT's) que se configuravam como arenas de pactuação. Sob a
regulamentação da NOB/93, a descentralização, no entanto, caminhou a
passos lentos (LUCCHESE, 1996). O mesmo autor destaca que até o final de
1997, 57% dos municípios estavam enquadrados na gestão incipiente ou
parcial e apenas 2% na condição de gestão semiplena. Apesar disso, um dos
méritos da NOB/93 foi, sobretudo, o de tornar a descentralização atrativa para
estados e municípios, configurando, enfim, uma estrutura legal montada pari
passu
1
.
O processo de descentralização se acelera a partir de 1996, quando são
implementadas medidas de incentivo, sobretudo, na NOB/96, para que os
municípios assumam a gestão da rede de serviços locais de saúde, numa
política deliberada do governo central em prol da municipalização. A NOB/96
altera as modalidades da gestão local do SUS, que passam a ser apenas duas:
plena de atenção básica e plena do sistema de saúde (MENDES, 2004).
Podemos dizer que a diferença básica entre essas duas modalidades de
gestão é o fato de que, na plena da atenção básica o poder público municipal
tem governabilidade apenas sobre a rede de atendimento básico; gestão
plena do sistema de saúde, o município é que gerencia todo o atendimento à
saúde no seu território, inclusive a rede hospitalar pública e privada
conveniada, tendo para tanto repasse direto de recursos do MS para o Fundo
Municipal de Saúde (FMS), sem intermediação da esfera estadual. Uma das
questões nevrálgicas do ponto de vista do gestor federal foi especificar
1
Pari passu é uma expressão latina que siginifica "ao passo de", "simultaneamente", "a par",
"ao mesmo tempo", e por extensão também "verdadeiramente", "sem parcialidade"
(MENDES,2004).
13
mecanismos de regulação de forma a garantir não algum controle sobre
essas transferências, mas torná-las minimamente atrativas (MENDES, 2002).
A partir de 1998, ano em que a NOB/96 efetivamente entra em vigor,
uma alavancagem importante no ritmo e no alcance do processo
descentralizador. De fato, no final do ano de 2000, 99% dos municípios
brasileiros encontravam-se enquadrados em alguma das duas modalidades de
gestão definidas pelo MS, sendo que deste total 89,50% (4.928 municípios)
estavam habilitados na condição plena de atenção básica (LEVCOVITZ et al.,
2001).
A principal estratégia do governo ao enfatizar e garantir prioridade ao
atendimento básico em saúde se consolida em 1998, com a introdução do Piso
de Atenção Básica (PAB), criado pela Portaria Gabinete do Ministério/MS
n.1882, de 18/12/97. O PAB altera a lógica de repasse de recursos federais
para o sistema de prestação de ações médico-sanitárias e se constitui uma
medida decisiva na perspectiva da descentralização financeira do sistema de
saúde no Brasil, incentivando os municípios a assumirem, progressivamente, a
gestão da rede básica de serviços de saúde (BRASIL, 1997).
A implantação do PAB traz como principal novidade a transferência
regular e automática, com repasse federal feito diretamente aos municípios. A
condição de habilitação ao PAB é definida pela NOB/96, e obriga a criação do
Fundo Municipal de Saúde (FMS), dando relativa autonomia e crescente
responsabilidade ao gestor municipal. Esse novo mecanismo dissocia a
produção do faturamento, característica central do sistema anterior. Isto é, por
meio do sistema de pagamento por serviços previamente prestados, os
municípios mais pobres e, portanto, sem uma infra-estrutura adequada de
unidades e de estabelecimentos de saúde vinham sendo prejudicados, que
comparados aos municípios mais desenvolvidos, recebiam do SUS valores
menores, porém coerentes, por um lado, com a precariedade da rede de saúde
existente no local e, por outro, com a quantidade de procedimentos e
atendimentos realizados (LEVCOVITZ et al., 2001).
O antigo sistema, por meio do faturamento com base no número de
atendimentos e de procedimentos realizados, perpetuava um modelo de pós-
pagamento, incentivando a lógica do aumento crescente de procedimentos e
14
um superfaturamento dos serviços prestados. Procedimentos mais caros
usualmente predominavam sobre os mais simples, atuando como um
desestímulo à adoção de medidas preventivas e de promoção à saúde. O PAB
introduz outra lógica no financiamento da assistência à saúde, dissociando
produção e faturamento. Assim, as prefeituras passam a receber regular e
diretamente recursos para investir naqueles procedimentos definidos como
prioritários e fundamentais para um programa de prevenção e promoção à
saúde, consultas médicas e odontológicas, exames de pré-natal, vacinas,
vigilância sanitária, etc. (BRASIL, 2004; 2006 c).
Em síntese, o PAB traz algumas inovações importantes na medida em
que incentiva que uma parcela dos recursos federais, ainda que muito
pequena, seja diretamente alocada para o custeio de procedimentos básicos
em atenção primária, em uma clara tentativa de organizar a porta de entrada
da rede municipal de saúde. O resultado esperado é a capacitação das SMS
para responderem pelo desenvolvimento de programas, ações e
procedimentos de atenção básica e de medidas de promoção e prevenção em
saúde, ampliando o acesso à saúde. Assim, a expectativa é que o PAB pode
alavancar uma lenta e gradual mudança no modelo assistencial, introduzindo
melhorias nas condições de acesso e na qualidade do atendimento prestado na
rede pública (BRASIL, 2004).
Vale destacar que as mudanças do PAB são introduzidas pari passu aos
incentivos ao desenvolvimento de um conjunto de outras medidas: ações de
VS e da implantação SF e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS). Para os municípios mais pobres e inteiramente dependentes dos
repasses federais, esses incentivos o cruciais, que eles apresentam
capacidade técnica limitada para planejar, organizar e montar uma estrutura de
serviços. Os municípios maiores e com maior capacidade técnica reivindicam
maior autonomia na aplicação dos recursos, mas são igualmente dependentes
dos repasses federais (PIOLA e BIASOTO JR, 2001).
Observa-se, portanto que as NOB´s produziram resultados positivos, com
um incremento da oferta de serviços municipais, aumento da capacidade
institucional nos estados e nos municípios e uma expressiva transferência de
recursos federais para estados e municípios. Por outro lado, surgiram
15
problemas, onde destacam-se as dificuldades de gestão eficaz, a difusão das
responsabilidades pela saúde dos cidadãos, o incremento dos custos de
administração do SUS, a atomização dos serviços com deseconomias de
escala
2
e de escopo
3
, a incorporação tecnológica irracional, a imposição de
barreira de acesso a usuários e a baixa qualidade dos serviços (BRASIL,
2001).
Para superar esses problemas instituiu-se a Norma Operacional da
Assistência à Saúde (NOAS) SUS 01/01, em 26 de janeiro de 2001, com o
objetivo de promover maior eqüidade na alocação de recursos e no acesso da
população às ações e serviços de saúde em todos os níveis de atenção
(BRASIL, 2001). A macroestratégia contemplaria um planejamento integrado
de maneira a conformar sistemas funcionais de saúde, ou seja, redes
articuladas e cooperativas de atenção, referidas a territórios delimitados e
populações definidas e dotadas de mecanismos de comunicação que
garantissem o acesso às ações e serviços de níveis de complexidade
necessários para a resolução de seus problemas de saúde, otimizando os
recursos disponíveis (LUCCHESE, 1996).
As NOAS têm sido fortemente influídas pelo lugar hegemônico do MS, ou
seja, pelo locus institucional da assistência à saúde. É emblemático que a
primeira, a NOB 01/91, e a última, a NOAS SUS 01/02, tenham como objeto a
assistência à saúde.
Oliveira (1999) esclarece que um poderoso mecanismo de indução
utilizado pelo Governo Federal para priorizar a Atenção Básica é a adoção da
SF e PACS. O Governo Federal lança mão de diversos meios para tornar
atraente para os governos locais a adesão a tais programas. O principal
incentivo é o financeiro, decisivo para o cálculo político dos gestores municipais
em prol da adesão. Ademais, dada a condição de programa estratégico, o MS
2
Economia de escala nos serviços de saúde: a divisão do trabalho; a alta relação entre custos
fixos/custos variáveis; a natureza singular das tecnologias de saúde, força de trabalho ou de
insumos; e as economias de custo as de capital (BRASIL, 2001).
3
As economias de escopo ocorrem quando um determinado serviço de saúde aumenta a
variedade dos equipamentos que podem ser utilizados numa mesma função (BRASIL, 2001).
16
vem empenhando esforços no sentido de fornecer suporte técnico e de gestão
para a execução das ações previstas.
Os recursos públicos são escassos e finitos, é crucial determinar onde
investir e o que universalizar e disponibilizar como atividade, programa e
serviço, tamanhos são os descompassos e vicissitudes entre os princípios do
SUS e sua execução como política pública em um país, sendo então
necessário insistir e enfrentar com políticas blicas adequadas. Portanto, a
pergunta-chave é em que medida a política de reorganização da atenção
básica e a pequena mudança na alocação de recursos advinda da
implementação da descentralização no setor tem sido suficiente para modificar
o padrão de desigualdade no acesso aos bens e serviços de saúde, dado pela
própria heterogeneidade e desigualdade social existente no país. Questões
determinantes como o aumento dos custos e o declínio da qualidade dos
serviços, características gerais (e globais) do setor saúde, remetem
diretamente a centralidade da discussão para a prioridade nos investimentos
em programas de promoção e de atenção básica, tendo em vista a
necessidade de universalização da atenção primária em saúde (MENDES,
2002).
Com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de
gestão visando alcançar uma maior eficiência e qualidade das respostas no
SUS, em 2006, os Secretários de Saúde juntamente com o Ministério da Saúde
sentiram a necessidade de criar mecanismos ou reformulações nas políticas
públicas de saúde para melhorar a qualidade da assistência prestada à saúde
na Atenção Básica, implantando o Pacto de Saúde: possibilidades de avanço
na Reforma Sanitária.
2.3. Pacto de Saúde
O Pacto de Saúde é um esforço das três esferas de governo (municipal,
estadual e federal) para, juntamente com o Conselho Nacional de Saúde,
rediscutir a organização e o funcionamento do SUS. O objetivo principal deste
Pacto é avançar na implantação dos princípios constitucionais referentes à
saúde no Brasil de promover inovações nos processos e instrumentos de
17
gestão, visando alcançar maior eficiência e qualidade das respostas do SUS
redefinindo assim as responsabilidades de cada gestor em função de
necessidades de saúde da população na busca da equidade social (FADEL et
al., 2009). Tanto a implantação quanto a consolidação desta nova política
pública de saúde vem exigindo um esforço muito grande da sociedade
organizada. Isso prova que o SUS ainda enfrenta problemas. Considerando-se
que os seus princípios e diretrizes devem permanecer da forma como foram
propostos na Constituição, vemos que as normatizações apresentam limites
que impedem avanços estruturais.
O Pacto de Saúde define as responsabilidades sanitárias dos gestores
municipais, estaduais e federal. O processo de habilitação de estados e
municípios - que definia os tipos de ações de saúde que cada ente da
federação estava qualificado para desempenhar - foi extinto. A partir de agora,
cada um - estados, municípios, Distrito Federal e União - adere ao processo
com a assinatura de um termo de compromisso de gestão, que estabelece as
responsabilidades e as capacidades de cada ente na oferta das ações e dos
serviços de saúde. O termo determina, ainda, o alcance de metas nacionais e
regionais, segundo as prioridades do Pacto pela Vida (BRASIL, 2006 e).
O Pacto de Saúde tem três componentes: o Pacto pela Vida, o Pacto de
Gestão do SUS e o Pacto em Defesa do SUS. O primeiro estabelece um
conjunto de compromissos prioritários, com metas pactuadas para a redução
da mortalidade infantil e materna, o controle das doenças emergentes ou
endemias, como a dengue e a hanseníase, tuberculose, malária, influenza,
hepatite, AIDS, a redução das timas por câncer de colo de útero e da mama,
saúde do idoso, promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica.
Com o estabelecimento dessas metas, um compromisso comum de gestores
do sistema de saúde será reforçado e isso facilitará o controle da sociedade
sobre o desempenho do sistema (FADEL et al., 2009).
O Pacto de Gestão do SUS defini as diretrizes e responsabilidades entre
os gestores em cada eixo de ação: Descentralização, Regionalização,
Financiamento do SUS, Planejamento no SUS, Programação Pactuada
Integrada (PPI), Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial,
18
Participação e Controle Social, Gestão do Trabalho na Saúde e Educação na
Saúde (BRASIL, 2006 f).
O Pacto em Defesa do SUS tem como objetivo discutir o sistema a partir
dos seus princípios fundamentais. Pode-se dizer que se trata de repolitizar o
debate em torno do SUS para reafirmar seu significado e sua importância para
a cidadania brasileira (SCHNEIDER et al., 2007).
Sendo uma das prioridades do Pacto pela Vida, a redução das vítimas por
câncer de colo de útero e da mama e o perfil epidemiológico da população
feminina em cada região do Brasil, conceberam-se políticas para proteger sua
saúde e preservar sua função social. No Brasil ela foi incorporada nas
primeiras décadas do século XX.
2.4. As Políticas de Atenção Integral à Saúde da Mulher
A saúde depende de vários fatores, como uma boa relação com o meio
ambiente em que se vive e ter boas condições de trabalho, moradia, renda,
alimentação, descanso e diversão. Para as mulheres, a vida pode ser mais
difícil devido às desigualdades nas relações de trabalho, que, em geral,
ganham menos do que os homens, apesar de muitas trabalharem mais do que
eles. Além disso, grande parte das mulheres assume uma sobrecarga de
responsabilidades com a casa e com os filhos. Essa situação se agrava frente
à situação de pobreza e discriminações de raça e etnia (no caso de mulheres
pobres, negras e outros grupos). Mesmo assim, as mulheres vivem mais tempo
do que os homens, apesar de adoecerem também com maior freqüência. As
doenças nas mulheres têm maior relação com as discriminações que sofrem e
com suas condições de vida, que com fatores relacionados ao seu próprio
organismo (COSTA, 2004). A mulher é vista na sociedade brasileira como
subordinada ao homem forte, que a protege e sustenta. As principais
obrigações femininas são a maternidade, a manutenção da boa saúde e a
educação da prole. O conceito mais aceito e exposto sobre o que é saúde da
mulher aborda aspectos da biologia e da anatomia do corpo feminino, sendo
visto apenas sob a óptica da reprodução e maternidade, seu principal atributo
(PRAÇA, 2007).
19
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM)
deve atender à população feminina brasileira acima de 10 anos de idade,
ampliando as ações para grupos historicamente alijados das políticas públicas
nas suas especificidades e necessidades, como as mulheres trabalhadoras
rurais, as negras, na menopausa, na terceira idade, com transtornos mentais,
com deficiência, lésbicas, indígenas e as presidiárias (BRASIL, 1988).
Em termos de políticas públicas, a atenção à saúde da mulher no Brasil,
até 1983, com o surgimento do PAISM, que passou a constituir o modelo
assistencial, tido como capaz de atender as necessidades globais da saúde
feminina, propondo atividades de assistência integral clínico-ginecológica e
educativas às mulheres, voltadas para o acompanhamento do pré-natal, parto
e puerpério, adolescência e terceira idade, controle de doenças de transmissão
sexual, do câncer cérvico uterino e mamário e assistência para contracepção e
concepção, este conceito implica o rompimento com a visão tradicional acerca
desse tema, sobretudo no âmbito da medicina, que centralizava o atendimento
às mulheres nas questões relativas à reprodução (CAVALCANTE, 2004).
O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de
descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a
integralidade e a equidade da atenção, num período em que, paralelamente no
âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que
embasaria a formulação do SUS (BRASIL, 2004).
Paradoxalmente, entretanto, o PAISM constituiu-se também na primeira
vez em que o Estado brasileiro propôs e implantou oficial, explicitamente, e
efetivamente um programa que incluía o planejamento familiar dentre suas
ações, ou seja, que contemplava o controle da reprodução embora de modo
parcial (OSIS, 1994).
Com forte atuação no campo da saúde, o movimento de mulheres
contribuiu para introduzir na agenda política nacional, questões, até então,
relegadas ao segundo plano, por serem consideradas restritas ao espaço e às
relações privadas. Tratava-se de revelar naquele momento as desigualdades
nas condições de vida e nas relações entre os homens e as mulheres, os
problemas associados à sexualidade e à reprodução, as dificuldades
relacionadas à anticoncepção e a prevenção de doenças sexualmente
20
transmissíveis e a sobrecarga de trabalho das mulheres responsáveis pelo
trabalho doméstico e de criação dos filhos (ÁVILA e BANDLER, 2000).
As diretrizes gerais do Programa previam a capacitação do sistema de
saúde para atender as necessidades da população feminina, enfatizando as
ações dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes nesse grupo;
estabeleciam também a exigência de uma nova postura de trabalho da equipe
de saúde em face do conceito de integralidade do atendimento; pressupunham
uma prática educativa permeando todas as atividades a serem desenvolvidas,
de forma que a clientela pudesse apropriar-se ...dos conhecimentos
necessários a um maior controle sobre sua saúde” .O conceito de atenção
integral à saúde da mulher redimensiona o significado do corpo feminino no
contexto social, expressando uma mudança de posição das mulheres. Ao situar
a reprodução no contexto mais amplo de atenção à saúde da mulher, o PAISM
rompeu com a lógica que, desde muito tempo, norteou as intervenções
sobre o corpo das mulheres, deixavam de ser vistas apenas como parideiras, e
o cuidado de sua saúde não deveria mais restringir-se ao pré-natal, parto e
puerpério (BRASIL, 1996 b).
No passado, as ações dirigidas à detecção precoce do câncer do colo do
útero, no Brasil, caracterizaram-se, na maioria das vezes, por estratégias
isoladas e pontuais, observando-se má organização e articulação dos serviços,
dificuldade de acesso aos cuidados, falta de recursos materiais e humanos,
desconhecimento pela usuária e pelos profissionais de saúde, crenças e
atitudes desfavoráveis. Consequentemente, havendo ineficiência em captar o
grupo alvo, não foi registrado impacto sobre o quadro de morbimortalidade
(BRASIL, 2001).
O Viva Mulher - Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do
Útero e de Mama foi criado em 1997 com o objetivo de reduzir a mortalidade e
as repercussões físicas, psíquicas e sociais desses cânceres na mulher
brasileira, por meio da oferta de serviços para prevenção e detecção em
estágios iniciais, tratamento e reabilitação. Desta forma, as diretrizes e
estratégias traçadas para o Programa contemplam a formação de uma rede
nacional integrada, com base em um núcleo geopolítico gerencial, sediado no
município, que permitirá ampliar o acesso da mulher aos serviços de saúde.
21
Além disso, a capacitação de recursos humanos e a motivação da mulher para
cuidar da sua saúde fortaleceram e aumentaram a eficiência da rede formada
para o controle do câncer (BRASIL, 2001).
Ainda de acordo com Brasil 2001 as principais estratégias para o controle
desta doença, no Brasil, baseiam-se na disponibilização do exame cérvico-
uterino (Papanicolaou) para as mulheres entre 25 e 59 anos de idade, no
tratamento adequado da doença e de suas lesões precursoras em 100% dos
casos e no monitoramento da qualidade do atendimento à mulher, nas suas
diferentes etapas.
Devido a crescente necessidade por informações na área da saúde criou-
se novos sistemas de informação em saúde. Ao lado de sistemas amplamente
utilizados pelo MS como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), o Sistema de
Informação sobre Agravos de Notificação Compulsória (SINAN), o Sistema de
Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), o Sistema de informação do
Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), o Sistema de Informações
Ambulatoriais (SIA-SUS) e mais recentemente o Sistema de Informação da
Atenção Básica (SIAB), vêm se juntando iniciativas mais recentes como o
Sistema de Informações do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO). Esse sistema
foi desenvolvido pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS), em
parceria com o INCA,e destina-se ao armazenamento de informações do
PNCCCU, reunindo dados de identificação da mulher, informações
demográficas e epidemiológicas, além dos laudos padronizados dos exames
citopatológicos e histopatológicos e de um módulo de monitoramento do
processo de seguimento daquelas com lesões pré-neoplásicas e cânceres,
sendo assim um importante aliado no gerenciamento do Programa (BRASIL,
2006 c).
Enfatizando o Programa da Saúde da Mulher na Atenção Básica,
priorizando o controle, cura, prevenção e o resgate das condições saudáveis
da mulher; uma das condições que possibilita esse resgate é a realização do
exame ginecológico cérvico-uterino e mamas periodicamente (PREFEITURA
MUNICIPAL DE BETIM, 2007).
22
No Brasil, a estimativa sobre a incidência de câncer de mama e colo de
útero, superam os demais tipos de câncer na população feminina, onde muitas
vezes levam essas mulheres ao óbito. Apesar do conhecimento cada vez maior
nesta área, a abordagem mais efetiva para o controle do câncer de mama e
colo do útero continua sendo o rastreamento do exame PCCUM, pois a sua
realização periódica permite reduzir a mortalidade por esses dois tipos de
câncer na população de risco (BRASIL, 2001).
O câncer de mama é uma doença em ascensão em todas as partes do
mundo. As maiores incidências ocorrem em países industrializado. No Brasil, já
representa a principal neoplasia maligna nas regiões sul, sudeste e nordeste. A
freqüência do câncer de mama eleva-se continuamente com o aumento da
faixa etária (BRASIL/INCA, 2003).
O câncer cervical é responsável por 6% dos tumores em geral, 23,7% dos
tumores ginecológicos e 471.000 casos novos no ano no mundo, sendo o
terceiro em ordem de freqüência tanto no Brasil quanto em Minas Gerais.
Observado esses dados que comprovam a alta prevalência do câncer de
mama e do colo uterino, sendo um dos principais agravos à saúde da mulher,
se coloca a necessidade da elaboração de políticas de saúde mais eficientes e
complementação das existentes, e também uma melhor capacitação dos
profissionais que atuam na saúde da mulher (FRANCO e MAGALHÃES, 2003).
A ampliação do papel dos governos subnacionais na formulação e
implementação de políticas públicas nos últimos anos foi acompanhada pela
inclusão de novos temas no campo de atuação dos governos estaduais e
locais. Entre esses novos temas, inclui-se a questão de gênero (COELHO,
2003).
Tal incorporação nem sempre significa, no entanto, aderência à agenda
de gênero ou incorporação da perspectiva de gênero entendido como uma
ação que promove a redução de desigualdades entre homens e mulheres.
programas que, embora focalizem as mulheres ou a elas dirijam módulos
específicos, acabam por reiterar desigualdades de gênero, reafirmando uma
posição tutelada e subordinada da mulher tanto no espaço público como no
privado (CARRANZA, 1994).
23
Segundo o mesmo autor o alinhamento dos programas a uma das
vertentes da agenda de gênero nem sempre ocorre. Por exemplo, no caso dos
programas de geração de emprego e renda, a priorização das mulheres é
defendida tanto pelos que enfatizam o impacto desse apoio no combate à
pobreza como pelos que enfatizam a busca da autonomia das mulheres,
vítimas da pauperização.
As políticas e programas analisados parecem sugerir que, entre a
invisibilidade das mulheres e de suas necessidades e demandas e uma ação
governamental resultante de uma consciência de gênero, que incorpore a
perspectiva de gênero de forma sistemática e generalizada, um terreno
intermediário, associado a um processo incremental de transformação, em que
alguns temas da agenda de gênero e algumas das abordagens propostas por
movimentos e entidades de mulheres são incorporados, de forma gradual,
abrindo talvez caminho para transformações mais profundas (FERREIRA,
1994).
Apesar dos avanços e das conquistas do SUS, nos últimos vinte anos,
ainda existem grandes lacunas nos modelos de atenção e gestão dos serviços
no que se refere ao acesso e ao modo como a usuária é acolhida nos serviços
de saúde pública, o que causa uma dificuldade nas ações de promoção de
saúde e prevenção de doenças, por isso é importante trabalhar com
acolhimento e humanização facilitando o acesso aos serviços de saúde.
2.5. Acolhimento e Humanização: Princípios para uma Política de Ação Integral
da Saúde da Mulher
A história das mulheres na busca pelos serviços de saúde, expressa, com
freqüência, discriminação e frustrações que aparecem como fonte de tensão e
mal-estar psicofísico. A humanização e a qualidade da atenção, que norteiam a
atual proposta, devem promover o reconhecimento e o respeito aos direitos
humanos das mulheres, dentro de um marco ético que garanta a saúde integral
e o bem-estar (HITA, 1998).
Humanizar e qualificar a atenção em saúde implica compartilhar os
saberes e reconhecer os direitos. Qualificar a atenção em saúde significa ter
24
como referência um conjunto de aspectos diferenciados de indivíduo a
indivíduo, como as questões psicológicas, sociais, biológicas. Sexuais,
ambientais e culturais o que significa superar o biologicismo e a medicalização,
e adotar o conceito de saúde integral e as práticas advindas das experiências
das usuárias do serviço de saúde (ALEXANDRE, 2007).
A humanização é um processo amplo, demorado e complexo, e não tem
padrões ou características generalizáveis, pois em se tratando de seres
humanos, cada profissional, cada equipe, cada instituição deverá buscar seu
processo de humanização, e todas as instâncias devem estar envolvidas e
motivadas no mesmo sentido: profissionais, gestores e formuladores de
políticas de saúde.
Para Bedin, Ribeiro e Barreto, 2005, p.12, “humanizar, caracteriza-se
em colocar a cabeça e o coração na tarefa a ser desenvolvido,
entregar-se de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir com
ciência e paciência as palavras e os silêncios. O relacionamento e o
contato direto fazem crescer, e é neste momento de troca, que
humanizo, porque assim posso me reconhecer e me identificar como
gente, como ser humano.”
Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a,
agasalhar, receber, atender, admitir. O acolhimento como ato ou efeito de
acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um
estar com e um estar perto de, ou seja, uma atitude de inclusão (BRASIL, 2006
a).
O acolhimento evidencia as dinâmicas e os critérios de acessibilidade a
que os usuários estão submetidos. Pode ser utilizado como um dispositivo
interrogador das práticas cotidianas, permitindo captar ruídos nas relações que
se estabelecem entre usuários e trabalhadores com o fim de alterá-las, para
que se estabeleça um processo de trabalho centrado no interesse do usuário.
Assim, o acolhimento constitui-se em tecnologia para a reorganização dos
serviços, com vistas à garantia de acesso universal, resolutividade e
humanização do atendimento (MERHY, et al., 1999).
Matumoto (1998) apresenta o acesso aos serviços como uma primeira
etapa a ser vencida pelo usuário quando parte em busca da satisfação de uma
necessidade de saúde. A partir das relações que se estabelecem no
25
atendimento, surge o acolhimento relacionado à utilização dos recursos
disponíveis para a solução dos problemas dos usuários.
O acolhimento na saúde, como produto da relação trabalhadores de
saúde e usuários, vai além da recepção, atenção, consideração, refúgio,
abrigo, agasalho (FERREIRA, 1994). Passa pela subjetividade, pela escuta das
necessidades do sujeito, passa pelo processo de reconhecimento de
responsabilizações entre serviços e usuários, e abre o começo da construção
do nculo. Componentes fundamentais para um re-inventar a qualidade da
assistência, é a construção de uma nova ótica no modo de ver a doença e o
sofrimento, como responsabilidade social, novos valores de solidariedade,
compromisso e construção da cidadania (MERHY, et.al., 1999). Como a UBS
constitui-se na porta de entrada da mulher para o programa de detecção
precoce do câncer de colo de útero e mama, é importante ela estar bem
preparada para a recepção e sensibilização da usuária, nos mais variados
aspectos, incluindo a organização do espaço físico, sinalização da unidade e
previsão do material de consumo.
2.6. O Câncer e a saúde da mulher
A relação direta do câncer com os hábitos de vida, fatores ambientais e
exposição temporal justifica a coincidência de seu início com o surgimento da
humanidade 400 anos a.C. Hipócrates foi o primeiro a definir a palavra câncer
como algo maligno, posteriormente, há 200 anos (COELHO e KOWALSKI,
2003).
Tecidos e órgãos do corpo humano são formados por células, que se
dividem, amadurecem e morrem, renovando-se a cada ciclo. O câncer se
desenvolve quando células anormais deixam de seguir esse processo natural,
sofrendo mutação o que pode provocar danos em um ou mais genes de
uma única célula (BRASIL/INCA, 2003).
Câncer é uma doença que ocorre nas lulas quando um mecanismo
normal de controle do crescimento e proliferação é inadequado, resultando em
alterações morfológicas distintas nesta e em aberrações nos padrões teciduais.
É o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
26
crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e
órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.
Dividindo-se rapidamente, estas lulas tendem a ser muito agressivas e
incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células
cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno
significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam
vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente
constituindo um risco de vida. Outras características que diferenciam os
diversos tipos de câncer entre si são a velocidades de multiplicação das células
e a capacidade de invadirem tecidos e órgãos vizinhos ou distantes
(metástases) (NETTINA, 2007).
Câncer sempre foi uma palavra assustadora para todas. Quando recebem
este diagnóstico, muitos tem a reação de quem acabou de ser condenado a
morte. Apesar das informações e dos grandes avanços terapêuticos obtidos na
área, nos últimos anos, a primeira reação é de desespero (LIU, 2005).
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao
organismo, estando ambas inter-relacionadas, estas podem interagir de
diversas formas, aumentando com isso a probabilidade de transformações
anormais (malignas) nas células normais. As causas externas relacionam-se ao
meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e
cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-
determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das
agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas,
aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais
(PINHO e FRANÇA-JÚNIOR, 2003).
De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores
ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer
de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns
vírus podem causar leucemia. Outros estão em estudo, tais como alguns
componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são ainda completamente
desconhecidos. O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a
sua suscetibilidade à transformação maligna. Isso, somado ao fato de as
células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes
27
fatores de risco para câncer, explica em parte o porquê de o ncer ser mais
freqüente nesses indivíduos. Os fatores de risco ambientais de câncer são
denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a
estrutura genética (DNA) das células (MALDONADO et al., 1997).
2.6.1. Fatores de Risco de Natureza Ambiental
Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente
ou podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada
ao meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco.
Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente
ocupacional (indústrias químicas e afins) o ambiente de consumo (alimentos,
medicamentos) o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida) (PINHO e
FRANÇA-JÚNIOR, 2003).
As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os
'hábitos' e o 'estilo de vida adotados pelas pessoas, podem determinar
diferentes tipos de câncer. Muitos componentes da alimentação têm sido
associados com o processo de desenvolvimento do câncer, principalmente
câncer de mama, cólon (intestino grosso) reto, próstata, esôfago e estômago
(NETTINA, 2007).
Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos
períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula
cancerosa necessita para crescer, se multiplicar e se disseminar. Esses
alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Neste grupo estão
incluídos os alimentos ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras,
molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas,
lingüiças, mortadelas, dentre outros (PINELLI, 2002).
Alguns fatores como tipo de alimentação, o sedentarismo, o tabagismo, a
sobrecarga de responsabilidades aumento considerável do número de
mulheres chefe de família a competitividade, o assédio moral e sexual no
mundo do trabalho, m relevância destacada na mudança do perfil
epidemiológico da situação e doença das mulheres, entre elas, os cânceres
(SMELTZER e BARE 2002).
28
Sabe-se que os fatores de risco são probabilidades de que um fato
indesejado ocorra com isso fatores carcinogênicos atuam sobre pessoas
predispostas para desenvolvimento onde condições desencadeadoras de
câncer de colo e mama. História familiar é um importante fator de risco para o
câncer de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau
(mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade. A idade é outro
importante fator de risco, havendo um aumento rápido da incidência com o
aumento da idade. A menarca precoce (idade da primeira menstruação), a
menopausa tardia (após os 50 anos de idade), a ocorrência da primeira
gravidez após os 30 anos e a nuliparidade (não ter tido filhos), constituem
também fatores de risco para o câncer de mama (BRASIL/INCA, 2009).
os fatores de risco do câncer de colo de útero são os fatores sociais,
ambientais e os hábitos de vida, tais como baixas condições socioeconômicas,
a multiplicidade de parceiros, idade precoce na primeira relação sexual,
multiparidade e a história de infecções sexualmente transmitidas
principalmente pelo Vírus Papiloma Humano (HPV)
4
que possui altas cargas
virais e grande responsabilidade no aparecimento de novos casos. A infecção
pelo HPV é essencial, mas não suficiente para a evolução do câncer. Em
situações de imunossupressão, tabagismo, corticoterapia, AIDS, entre outros a
incidência está aumentada (NETTINA, 2007).
2.6.2. Câncer de mama
A mama feminina está intimamente relacionada com a essência da
mulher. As mamas são marcadores físicos das transições de um estágio de
vida para outros, embora a função primária das mamas seja a lactação, são
consideradas um símbolo de beleza e sexualidade (RICCI, 2008).
Ainda de acordo com o mesmo autor, as mamas são formadas por um
conjunto de glândulas, que tem como função principal a produção de leite.
4
HPV: É a sigla em inglês para papiloma vírus humano. Os HPV são vírus da família
Papilomaviridae, capazes de provocar lesões de pele ou mucosa. Na maior parte dos casos, as
lesões têm crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente (NETTINA, 2007).
29
Desenvolve-se no embrião na região anterior do tórax, entre a segunda e
sexta costela, na chamada ―linha do leite‖, que se estende da axila à região
inguinal, onde podem persistir formando as chamadas mamas acessórias na
idade adulta. É constituída por um conjunto de 15 a 20 unidades funcionais
conhecidas como lobos mamários, representados por 20 ductos terminais que
se exteriorizam pelo mamilo. Apresentam a forma cônica ou pendular, variando
de acordo com as características biológicas corporais e com a idade da
pessoa.
As mamas são constituídas de gordura, tecido conectivo e tecido
glandular que contém lóbulos e ductos. Os lóbulos são as estruturas
anatômicas onde o leite é produzido. Uma rede de ductos conecta os lóbulos
ao mamilo. O tecido mamário se estende (sob a pele) até a região da axila. Um
sistema de linfonodos é responsável pela drenagem linfática da mama,
principalmente os linfonodos axilares e da cadeia mamária interna onde pode
ser verificada na Figura 1. As mamas se localizam anteriormente aos músculos
peitoral maior, serrátil anterior e oblíquo externo (NETTINA 2007).
FIGURA 1: Anatomia da mama
Fonte: Brasil, 2006 g.
O câncer de mama como doença tem sua origem na Antiguidade, período
em que foi inicialmente descrito pelos egípcios há quase 3 mil anos (2500 a
200 a.C.) e posteriormente relatado por gregos e romanos, com registros desde
a Idade Média até os tempos modernos (BERGAMASCO e TSUNECHIRO,
2006).
30
Com cerca de 1 milhão de novos casos por ano, o câncer de mama
representa a neoplasia mais freqüente e é a maior causa de morte entre as
mulheres no Brasil. (PEREIRA, 2006). Os dados epidemiológicos disponíveis
atualmente permitem considerar o câncer de mama como um problema de
saúde pública no Brasil (BERGAMASCO e TSUNECHIRO, 2006).
O câncer de mama é a maior causa de morte entre as mulheres no Brasil.
Esse tipo de câncer é um dos mais temidos entre as mulheres, uma vez que a
mama apresenta importante significado estético, sexual e social em nossa
sociedade. O câncer de mama pode ocorrer em qualquer parte da mama, mas
é mais comum no quadrante superior externo, onde mais tecido mamário.
Em geral as lesões são insensíveis, fixas, rígidas e com bordas irregulares
(PEREIRA, 2006).
O câncer de mama é uma das lesões malignas provavelmente mais
temida pelas mulheres, devido à sua alta freqüência e, sobretudo pelos seus
efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria
imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas
acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente
(BRASIL/INCA, 2009).
O câncer de mama representa nos países ocidentais uma das principais
causas de morte em mulheres. O câncer de mama permanece como segundo
tipo de câncer mais freqüente no mundo e o primeiro entre as mulheres
(BRASIL/INCA, 2001).
O câncer de mama apresenta-se como um tumor de consistência dura, de
limites mal definidos, de tamanhos que podem variar de 1 até vários
centímetros de diâmetro, de acordo com o tempo de evolução. Pode estar com
a mobilidade preservada ou aderido à pele, ao gradil costal ou a ambos. A pele
que recobre a mama pode estar íntegra, ulcerada pelo tumor ou apresentar-se
como uma casca de laranja (BERGAMASCO e TSUNECHIRO, 2006).
A distribuição dos casos novos de câncer segundo localização primária é
bem heterogênea entre estados e capitais do país; o que fica bem evidenciado
ao observar-se a representação espacial das diferentes taxas brutas de
incidência. As regiões Sul e Sudeste, de uma maneira geral, apresentam as
maiores taxas, enquanto que as regiões Norte e Nordeste mostram as menores
31
taxas. As taxas da região Centro-Oeste apresentam um padrão intermediário.
Na região Sudeste o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres
com um risco estimado de 68 casos novos por 100 mil (BRASIL/INCA 2009).
Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tumor na
mama, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir alterações na pele
que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações ou um aspecto
semelhante a casca de uma laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis
na axila (GERCK, 2007).
As formas mais eficazes para detecção precoce do câncer de mama são
o Exame Clínico das Mamas (ECM) e a mamografia. Quando realizado por
médicos ou enfermeiros, o ECM pode detectar tumor de até 1 (um) centímetro,
se superficial (BERGAMASCO e TSUNECHIRO, 2006).
A mamografia é um exame radiológico realizado com um mamógrafo, o
qual comprime a mama nos eixos crânio-caudal e médio lateral que permite
mostrar lesões em fase inicial, muito pequenas (de milímetros). Nele, a mama é
comprimida de forma a fornecer melhores imagens, e melhor capacidade de
diagnóstico (GERCK, 2007).
O INCA não estimula o Auto Exame das Mamas (AEM) como estratégia
isolada de detecção precoce do câncer de mama, devido os nódulos de
tamanhos inferiores a 1 cm não serem detectados com o AEM, entretanto, os
profissionais da saúde da mulher recomendam o exame das mamas pela
própria mulher como parte das ações de educação para a saúde que
contemplem o conhecimento do próprio corpo (BERGAMASCO e
TSUNECHIRO, 2006).
Conforme pode se observar na Tabela 2 o INCA faz recomendações para
os programas de rastreamento do câncer de mama no Brasil.
TABELA 2. Recomendações do INCA para programas de rastreamento do
câncer de mama no Brasil
Idade
AEM
ECM
Mamografia
< 35
Mensal
a cada 2 anos
só se houver suspeita
35-39
Mensal
a cada 2 anos
só se houver suspeita
40-49
Mensal
Anual
risco alto ou suspeita
50 ou +
Mensal
1-2 vezes ao ano
risco alto ou suspeita
Fonte: BRASIL, 2004.
32
O AEM é realizado pela própria mulher com o objetivo de detectar
precocemente nódulos mamários conforme a Figura 2. Deve ser realizado
entre o e o dia após o fim da menstruação, afirmam Smeltzer e Bare
(2002). Para aquelas mulheres que não menstruam, deve ser escolhido um dia
do mês para realização deste exame. Cabe ao profissional ensinar a mulher
como fazer o auto-exame (inspeção em frente ao espelho, palpação na posição
ereta e supina e expressão do complexo aréolo-papilar), na primeira vez que
esta procura o serviço de saúde para exames ginecológicos, para que, daí em
diante, crie-se o hábito de examinar as mamas, perceber a textura normal do
tecido e possíveis alterações (BARROS, 1988).
FIGURA 2: Exame realizado pela própria mulher com o objetivo de detecção precoce de nódulo
mamário.
A: No espelho: coloque as mãos para o alto observe: formato, tamanho e contorno de mamas.
B: Com o braço atrás da nuca, coluna reta e com a ponta dos dedos percorra todas as áreas
da mama em movimentos circulares de fora para dentro, procurando por espessamentos ou
caroços. Use a mão direita para examinar a mama esquerda e vice-versa. C: Movimentos
circulares da parte externa superior da mama (perto da axila) em direção ao mamilo, de modo
firme, mas delicado. D: Na expressão mamilar, observe a presença de secreções. E: As axilas
devem ser examinadas do mesmo modo que as mamas. Realize movimentos circulares da
mama para axila, observando a presença de caroços na região. F: Deitada, repita os passos.
A B C
D E F
33
2.6.3 Câncer de Colo de útero
O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está situado no
abdome inferior, por trás da bexiga e na frente do reto e é dividido em corpo e
colo. Essa última parte é a porção inferior do útero e se localiza dentro do canal
vaginal. O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o chamado
canal cervical ou endocérvice, que é revestido por uma camada única de
células cilíndricas produtoras de muco - epitélio colunar simples. A parte
externa, que mantém contato com a vagina, é chamada de ectocérvice e é
revestida por um tecido de várias camadas de células planas epitélio
escamoso e estratificado. De acordo com Nettina (2007), entre esses dois
epitélios, encontra-se a junção escamocolunar JEC -, que é uma linha que
pode estar tanto na ecto como na endocérvice, dependendo da situação
hormonal da mulher Figura 3.
FIGURA 3: Anatomia do colo do útero
Fonte: http://www.ginecologiaeprevencao.com.br/anatomia.htm. Acesso em: 15 de Janeiro de
2009.
O câncer do colo do útero é uma afecção progressiva e caracterizada por
alterações intra-epiteliais cervicais progressivas que podem evoluir para um
processo invasor num período que varia de 10 a 20 anos. Possui etapas bem
definidas e lenta evolução, podendo ser interrompido a partir de um diagnóstico
precoce e tratamento oportuno a custos reduzidos (BRASIL, 2006 g).
34
O câncer cérvico-uterino vem sendo alvo de atenção da comunidade
científica por ter elevadas taxas de morbimortalidade na população feminina,
relacionado nos países em desenvolvimento com o perfil epidemiológico das
mulheres, à freqüência dos fatores de risco e, sobretudo ao grau de
implementações de ações efetivas de curto e longo prazo em todos os níveis
de saúde (NARCHI, JANICAS e FERNANDES, 2007).
Em países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos
varia de 59 a 69%. Nos países em desenvolvimento os casos são encontrados
em estádios relativamente avançados e, conseqüentemente, a sobrevida média
é de cerca de 49% após cinco anos. A média mundial estimada é de 49%
(BRASIL, 2006 g).
Com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo, o câncer
do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres,
sendo responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano.
Sua incidência é cerca de duas vezes maior em países menos desenvolvidos
comparado com os mais desenvolvidos. A incidência por câncer do colo do
útero torna-se evidente na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco aumenta
rapidamente até atingir seu pico geralmente na faixa etária de 45 a 49 anos. O
número de casos de câncer do colo do útero no Brasil no ano de 2008 foi de
18.680, com um risco estimado de 19 casos a cada 100 mil mulheres
(BRASIL/INCA, 2009).
A incidência do câncer de colo do útero é conseqüência da exposição das
mulheres a fatores de risco, sendo os mais importantes para o
desenvolvimento do câncer do colo do útero: infecção pelo Papiloma Vírus
Humano (HPV) - sendo esse o principal fator de risco; início precoce da
atividade sexual; multiplicidade de parceiros sexuais; tabagismo, diretamente
relacionados à quantidade de cigarros fumados; baixa condição sócio-
econômica; imunossupressão; uso prolongado de contraceptivos orais e
higiene íntima inadequada. Sabe-se hoje que para o surgimento do câncer do
colo do útero a condição necessária é a presença de infecção pelo HPV.
Aproximadamente todos os casos de câncer do colo do útero são causados por
um dos 15 tipos oncogênicos do HPV. Destes, os tipos mais comuns são o
HPV16 e o HPV18 (DOMINGOS et al., 2007).
35
A infecção pelo HPV apresenta uma prevalência em torno de 20 a 40%
entre as mulheres jovens, estando a carcinogênese associada ao tipo viral (alto
risco oncogênico), à sua persistência e integração no genoma da célula
hospedeira, bem como à carga viral (SANTOS et al., 2003). Apenas certos
tipos de HPV estão associados com câncer cervical e 4 tipos (16, 18, 31 e 45)
respondem por 80% de todos os casos (BOSCH et al., 1995).
A lesão precursora do câncer cervical é a displasia ou carcinoma in situ
que pode se transformar em tumor invasivo. Esse processo, em geral, é muito
lento. Estudos demonstraram que, em pacientes com carcinoma in situ não
tratados, de 30 a 70% vão desenvolver câncer invasivo em um período de 10 a
12 anos. Em cerca de 10% dos casos, no entanto, a evolução pode se
restringir a um ano. O prognóstico depende muito da extensão da doença no
momento do diagnóstico. Com base em dados coletados em 96 centros
oncológicos brasileiros, concluiu-se que entre 1995 e 2002 45,5% das
pacientes com câncer de colo uterino encontravam-se nos estádios III ou IV no
momento do diagnóstico inicial (THULE e MENDONÇA, 2005).
A prevenção primária do câncer de colo uterino passa por cuidados e
informações incentivando à mulher a adotar hábitos saudáveis de vida, ou seja,
estímulo à exposição aos fatores de proteção, como, o uso de preservativos, a
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a orientação sexual,
desestimulando a promiscuidade, alimentação saudável, prática de atividade
física, evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas e não fumar. Em nível
secundário de prevenção, está o exame ginecológico periódico, ou preventivo
(Papanicolaou), que é recomendado pela OMS para o rastreamento, reduzindo
a incidência e a mortalidade da doença (BRASIL, 2006 g).
Toda mulher que tem ou teve atividade sexual deve submeter-se a
exame preventivo periódico, especialmente se estiver na faixa etária dos 25
aos 59 anos de idade. Inicialmente, um exame deve ser feito anualmente e,
caso dois exames seguidos (em um intervalo de 1 ano) apresentarem resultado
normal, o exame pode passar a ser feito trianual (BRASIL/INCA, 2001).
Até a década de 1990, o exame Papanicolaou convencional constituiu-se
na principal estratégia utilizada em programas de rastreamento voltados ao
controle do câncer do colo do útero. Novos métodos de rastreamento como
36
testes de detecção do DNA do HPV e inspeção visual do colo do útero
utilizando ácido acético (VIA) ou lugol (VILI) são apontados, em vários estudos,
como eficazes na redução das taxas de mortalidade por câncer do colo do
útero. No Brasil, o exame citopatológico é a estratégia de rastreamento
recomendada pelo Ministério da Saúde prioritariamente para mulheres de 25 a
59 anos (BRASIL, 2006 g).
Apesar do conhecimento cada vez maior nesta área, a abordagem mais
efetiva para o controle do câncer do colo do útero, continua, sendo o
rastreamento por meio do exame preventivo. É estimado que uma redução de
cerca de 80% da mortalidade por este câncer pode ser alcançada por meio do
rastreamento de mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos com o teste de
Papanicolaou e tratamento das lesões precursoras com alto potencial de
malignidade ou carcinoma in situ. Para tanto é necessário garantir a
organização, integralidade e a qualidade do programa de rastreamento, bem
como o seguimento das pacientes (ROCHA e ARAÚJO, 2001).
Comparado a outras neoplasias, o câncer cérvico-uterino apresenta uma
característica importante: longo tempo está disponível um exame para o
rastreamento da doença o teste de Papanicolaou capaz de detectá-la em
fase pré-maligna ou incipiente. A grande redução da incidência e da
mortalidade, observada desde o início dos anos 60 na maioria dos países
desenvolvidos, tem sido atribuída à prática de rastreamento periódico com o
teste de Papanicolaou (ROCHA e ARAÚJO, 2001).
No Brasil, apesar de introduzido na rede blica de serviços, a
aproximadamente 25 anos, integrando programas regionais bem sucedidos e
fazer parte do Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de
Saúde (SIA/SUS) desde 1994, o exame (Papanicolaou) ainda é oferecido às
mulheres de forma oportunista, quando estas comparecem à UBS para
atendimento, principalmente para cuidados materno-infantil. Pesquisa realizada
pelo Ministério da Saúde em 15 capitais brasileiras e Distrito Federal, de 2002
a 2003, mostrou uma variação de 73,4% (João Pessoa, Paraíba) a 92,9%
(Vitória, Espírito Santo) de mulheres com idade igual ou superior a 15 anos,
relatando ter feito pelo menos um exame nos últimos três anos. A principal
estratégia utilizada para detecção precoce/rastreamento do câncer do colo do
37
útero é a realização da coleta de material para exames citopatológicos cervico-
vaginal e microflora, conhecido popularmente como exame preventivo do colo
do útero; exame de Papanicolaou; citologia oncótica; PapTest. De acordo com
a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura 80% e é realizado
dentro dos padrões de qualidade, modifica efetivamente as taxas de incidência
e mortalidade por esse câncer (BRASIL, 2006 g).
Apesar das ações de prevenção e detecção precoce desenvolvidas no
Brasil, dentre elas o Programa Viva Mulher-Programa Nacional de Controle do
Câncer do Colo do Útero e de Mama, as taxas de incidência e mortalidade têm-
se mantido praticamente inalteradas ao longo dos anos. Estas taxas podem
estar associadas ao aumento e a melhoria do diagnóstico que melhora a
qualidade da informação e dos atestados de óbitos. Por sua vez, dentre as
causas, o diagnóstico tardio pode estar relacionado com: a dificuldade de
acesso da população feminina aos serviços de saúde; a baixa capacitação de
recursos humanos envolvidos na atenção oncológica, principalmente em
municípios de pequeno e médio porte; a capacidade do sistema público em
absorver a demanda que chega às unidades de saúde; a dificuldade dos
gestores municipais e estaduais em definir e estabelecer uma linha de
cuidados que perpasse todos os níveis de atenção - atenção básica, média
complexidade e alta complexidade e de atendimento - promoção, prevenção,
diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos (BRASIL, 2006 g).
2.6.4. O exame Papanicolaou
O estudo pioneiro, realizado por Georgios Papanikolaou
5
na década de
1930, resultou em um procedimento que possibilitou a descoberta de lesões
precursoras dez anos antes da manifestação do câncer propriamente dito no
tecido cervical (MOTTA, 2008).
5
Georgios Nicholas Papanikolaou foi o pioneiro na citologia e detecção precoce do câncer.
38
O exame citopatológico (Papanicolaou) é o exame preventivo do câncer
do colo do útero. É uma cnica de coleta de material citológico do colo do
útero, sendo coletada uma amostra de células da parte externa, ectocérvice, e
outra da parte interna, endocérvice conforme pode ser verificado na Figura 4.
A B
C D
FIGURA 4: Coleta de amostra de material citológico do colo de útero para exame preventivo de
câncer.
A: Coleta de material ectocérvical; B: Esfregaço ectocervical C: Coleta de material
endocérvical; D: Esfregaço endocervical
Fonte: BRASIL, 2006 g
Para a coleta do material, é introduzido um espéculo vaginal e procede-se
à escamação ou esfoliação da superfície externa e interna do colo por meio de
uma espátula de Ayre
6
e a de uma escova endocervical
7
. O objetivo do exame
é detectar células cancerosas ou anormais. O exame pode também identificar
condições não cancerosas como infecção ou inflamação. A evolução de uma
lesão de baixo grau para um carcinoma invasivo pode levar 10 a 15 anos. É
tempo suficiente para uma intervenção que poderá mudar o curso da vida da
mulher (MALDONADO,et al., 1997).
Normalmente o exame não é doloroso, mas um desconforto variável pode
acontecer, de acordo com a sensibilidade individual de cada paciente. Para
6
Instrumento confeccionado de madeira com 18 cm de comprimento tendo uma extremidade
arredondada e a outra afilada (BRASIL, 2006 g).
7
Escova com haste de 22 cm de comprimento e na extremidade fixado 03 cm de cerdas
macias em formato cônico com ápice no pólo superior (BRASIL, 2006 g).
39
realização do exame preventivo do colo do útero e a fim de garantir a qualidade
dos resultados recomenda-se: não utilizar duchas ou medicamentos vaginais
ou exames intravaginais, como por exemplo, a ultrassonografia, durante 48
horas antes da coleta; evitar relações sexuais durante 48 horas antes da
coleta; anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anteriores ao
exame; o exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de
sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico, deve-se aguardar o dia
após o término da menstruação (BRASIL, 2006 g).
Após a realização do exame é importante verificar o resultado e se o
exame acusou:
Negativo para câncer: se esse for o primeiro resultado negativo, é necessário
fazer novo exame preventivo após um ano. Se houver um resultado negativo
no ano anterior, o exame preventivo deverá realizado após 3 anos;
Alteração Neoplasia Intra-epitelial escamosa Cervical (NIC), alterações
epiteliais sugestivas de infecção por HPV. (NIC I): repetir o exame após 6
meses ;
outras alterações (NIC II e NIC III): o profissional médico deverá decidir a
melhor conduta, será necessário fazer novos exames, como a colposcopia;
infecção pelo HPV: o exame deverá ser repetido após 6 meses (BRASIL,
2006 g).
Independente desses resultados é possível que a mulher possa ter
alguma outra infecção que será tratada, devendo seguir o tratamento
corretamente. Muitas vezes é preciso que o seu parceiro também receba
tratamento. Nesses casos, é bom que ele ao serviço de saúde receber as
orientações diretamente dos profissionais de saúde.
40
3. MATERIAL E MÉTODOS
Para atingir os objetivos formulados, o trabalho foi conduzido em etapas
conforme será descrito a seguir. Toda a execução foi permeada pela revisão
bibliográfica.
Iniciou-se a pesquisa a partir de análise da literatura existente acerca do
câncer de colo de útero e mama, formas de prevenção e fatores de risco,
aproximando-se de informações que ajudaram a elaborar os instrumentos de
levantamento de dados: roteiro de entrevistas. Em seguida realizou-se um
levantamento da rede assistencial de saúde do município em estudo, sua
localização e características socioeconômicas.
Optou-se por realizar um estudo de caso, pois, o estudo de caso constitui
uma estratégia de pesquisa apropriada quando se pretende responder
questões do tipo como ou porque, e permite o uso de diferentes formas de
coleta de dados.
3.1. Cenário do Estudo
41
A pesquisa foi realizada no município de Coronel Fabriciano, que está
localizado na região metropolitana do Vale do Aço, distando 198 km de Belo
Horizonte, se enquadra na condição de cidade de prestação de serviços nas
áreas do comércio, lazer, educação e cultura, tendo uma área de 222,08 km
2
,
uma população estimada de 105.971 habitantes, sendo 98% residente em área
urbana (PREFEITURA DE CORONEL FABRICIANO, 2009).
A população está distribuída administrativamente em 7 setores regionais
de acordo com a Tabela 3.
TABELA 3: População distribuída em setores regionais.
Setor
Regional
Bairros
População
1
Centro
Centro, Santa Helena, Professores, Nossa Senhora da
Penha, Todos os Santos, Manoel Domingos, Nazaré,
Santa Teresinha, Bom Jesus.
11.639
2
Caladinho
Caladinho, Aparecida do Norte, Jacinto das Neves,
Universitário, Morada do Vale, Industrial Novo Reno,
Pomar, Barbosa, Pedreira, Nova Tijuca.
17.251
3
Amaro
Lanari
Amaro Lanari, Mangueiras, Santa Teresinha II, Ponte
Nova, Aldeia do Lago.
11.367
4
São
Domingos
Giovanini, Belvedere I, Belvedere II, Distrito Industrial,
Juscelino Kubitschek, Vila Bom Jesus, Santo Eloy,
Florença (Horto Cascudo), Melo Viana, Olaria, São
Domingos, Recanto Verde.
21.732
5
Santa Cruz
Santa Cruz, Sílvio Pereira I, São Geraldo, Santa Rita, Sílvio
Pereira II, Santa Inês, São Vicente (Xadrez), Santa Luzia,
Pedra Linda, José da Silva Brito, Córrego Alto.
18.740
6
Floresta
Floresta, Surinan, Alipinho, Planalto, Santo Antônio,
Gávea, Manoel Maia, Frederico Ozanan, Judith Bhering,
Jardim Primavera, Tranquilão, Caladão/Potyra, Contente,
São Cristóvão, Residencial Fazendinha.
14.499
7
Cocais
Cocais de Baixo, Cocais de Cima e adjacencias.
2.744
Fonte: Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano, 2009.
42
No Município, 89,71% da população é atendida por rede de esgoto,
98,4% por rede de água e 93,1% tem o lixo coletado. Tem como forma de
abastecimento de água em domicílios particulares a seguinte distribuição: água
tratada (20.868); poço ou nascente (4.106); outras formas (805). O acesso à
água tratada e fluoretada é um fator primordial para a redução de diversas
morbidades. Nas áreas de serviços públicos, Coronel Fabriciano é sede
regional de importantes órgãos do Estado, como a Superintendência
Regional de Ensino, a Gerência Regional de Saúde, a 40ª Coordenadoria
Regional do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais, a
Administração Fazendária, a Agência da Receita Federal. A rede municipal de
saúde é garantida por doze UBS; uma equipe da Estratégia de Saúde da
Família; uma equipe do Programa de Agentes Comunitários de Saúde; dezoito
consultórios odontológicos, destes, seis instalados em UBS, doze em escolas
municipais / estaduais. Em 2007, foram implantadas no município três equipes
de Saúde da Família (SF) em regiões de maior vulnerabilidade social, mas
ocupa o mesmo espaço físico das UBS (PREFEITURA MUNICIPAL CORONEL
FABRICIANO, 2009).
As UBS são assim distribuídas: UBS Centro, UBS Santa Terezinha, UBS
Mangueiras, UBS Amaro Lanari, UBS Caladinho, UBS JK, UBS São Domingos,
UBS Nossa Senhora do Carmo, UBS Floresta, UBS Santa Cruz, Saúde da
Família Caladão e PACS Cocais, Serviço de Fisioterapia, um Centro de
Atenção Psicossocial II, um Laboratório de Análises Clínicas, um Centro de
Especialidades Odontológicas, um Centro de Especialidades e Programas de
Saúde, Setores de Vigilância Sanitária e Controle de Endemias, Vigilância
Epidemiológica, e uma Farmácia Popular do Brasil.
Na Figura 5 destacam-se as fachadas das UBS que realizam o Programa
―Viva Mulher Trabalhadora – Um Toque de Saúde”
43
FIGURA 5 - Fachada das UBS que realizam o Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um
Toque de Saúde‖
A: Unidade de Saúde do bairro Centro; B: Unidade de Saúde do Bairro Caladinho; C: Unidade
de Saúde do Bairro Floresta; D: Unidade de Saúde do Bairro o Domingos; E: Unidade de
Saúde do Bairro Santa Cruz; F: Unidade de Saúde do Bairro Mangueiras.
Fonte: Autora.
A organização dos serviços de saúde no Município de Coronel Fabriciano
está norteada nos princípios e diretrizes do SUS. O modelo técnico assistencial
implantado tem como meta desenvolver ações prioritárias no Pacto pela Vida.
3.2. Programa ―Viva Mulher Trabalhadora – Um toque de Saúde”
O Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde” foi
idealizado e implantado pela equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde
de Coronel Fabricano no ano de 2006, como estratégia para aumentar a
cobertura de coleta de exame rvico-uterino e do ECM e, desta forma, atingir
a meta pactuada com a Secretaria de Estado da Saúde por meio do Programa
A B
C D
E F
44
Viva Mulher, que era de colher 480 exames por s. A proposta foi
apresentada, discutida com o Secretário Municipal de Saúde, Prefeito e
enfermeiras responsáveis pelas UBS. Logo após a apresentação e discussão,
a proposta foi aprovada a concebida como uma ação de governo.
De início, o Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde”
funcionou, no período de fevereiro a novembro de 2006, em oito UBS, dentre
as doze existentes no município. Estas UBS foram escolhidas por possuírem
maior área de abrangência populacional e, além disso, ter o acesso facilitado
pela localização geográfica e disponibilidade de transporte urbano nas suas
proximidades. No horário de 19 às 21h, na segunda quarta-feira do mês, uma
das oito UBS, escolhida iria ofertar exames de prevenção de câncer de mama
e colo de útero (Papanicolaou) às mulheres trabalhadoras do município,
aquelas que saem de casa para o trabalho quando a UBS inicia suas
atividades e fecha antes mesmo de seu retorno à sua residência.
A cada mês, oito mulheres eram atendidas e, portanto, oito exames de
detecção precoce de câncer de mama e colo de útero (Papanicolaou)
realizados mensalmente somando sessenta e quatro até o final de 2006. A
coleta dos exames era realizada pelas enfermeiras da rede municipal de
saúde, após orientações sobre o auto-exame das mamas e a importância do
retorno para buscar o resultado do Papanicolaou.
No final do ano de 2006, a equipe técnica da Secretaria Municipal de
Saúde de Coronel Fabriciano avaliou o impacto do Programa em relação à
cobertura pactuada com Programa Viva Mulher, considerando principalmente,
a adesão das mulheres trabalhadoras ao Programa. Verificou-se que havia um
número considerável de mulheres que saíam de diferentes bairros para
procurar a UBS que estava ofertando o exame naquele mês, o que justificava a
ampliação do atendimento em mais de uma UBS por mês. Então no ano de
2007 o Programa foi estruturado passando a ser desenvolvido mensalmente
em seis UBS. No período de janeiro a dezembro de 2007, foram então
ofertados trezentos e sessenta exames de detecção precoce de câncer de
mama colo de útero (Papanicolaou), sendo que cada UBS ofertou cinco
exames por mês, o que aumentou consideravelmente a cobertura do município
e, consequentemente, possibilitou a prevenção do agravo e a promoção da
45
saúde da mulher, indo de encontro ao que é preconizado pelas políticas
públicas de saúde.
No ano de 2008 o Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de
Saúde” continuou sendo desenvolvido em seis UBS, com a oferta de cinco
exames por s em cada uma delas, perfazendo um total de trinta exames
mensais.
Foram utilizadas como meio para divulgação do Programa, out-door,
entrevistas em rádios e televisão local, panfletos, folders e carro de som.
3.3. Tipo de Pesquisa
Considerando a natureza do problema em estudo, foi desenvolvida uma
pesquisa descritiva com abordagem quanti-qualitativa, usando a técnica de
estudo de caso.
Bressan (2000), diz que no método de estudo de casos podem se obter
evidências a partir de diferentes fontes de dados entre as quais destacam-se a
entrevista e a observação.
Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva, têm como objetivo a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma de suas características
mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados, tais como o questionário e a observação participante e as pesquisas
quantitativas são aquelas onde os dados obtidos mediante levantamento
podem ser agrupados em tabelas, possibilitando sua análise estatística
podendo as variáveis do estudo ser quantificadas (GIL, 2002).
A abordagem qualitativa foi escolhida por ser a mais apropriada para
analisar os relatos das mulheres que vivenciam o exame de prevenção do
câncer de mama e colo de útero, de modo a atingir a realidade em que estas
vivem, podendo assim conhecer suas percepções à cerca dos sentimentos
vivenciados e identificando os motivos que as levam à adesão ou não da
realização do exame.
46
3.4. População e Amostra
De acordo com a proposta deste estudo, foram informantes da pesquisa
mulheres com idade entre 18 e 60 anos que procuraram o serviço de saúde por
meio de um programa de prevenção de câncer de colo de útero e mama o
Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde”.
É importante destacar que o programa de Prevenção do Câncer de Colo
de Útero (PCCU) e de Mama é um programa consolidado que pertence ao
grupo de programas de controle de cânceres do SUS e que se enquadra no
foco da prevenção primária.
O critério de seleção das entrevistadas foi tão somente o fato de estarem
agendadas naquela Unidade de Saúde, no horário de 19 h para realizar o
exame, entretanto, o grupo de informantes foi constituído a partir do desejo de
participar da pesquisa, após a informação sobre o objetivo da mesma.
Por se tratar de um Programa voltado para mulheres trabalhadoras, foi
respeitada toda e qualquer categoria profissional.
Do total de cento e vinte mulheres agendadas (100%), oitenta e cinco
(70,9%) participaram da pesquisa, treze (10,8%) não concordaram e vinte e
duas (18,3%) não compareceram para a realização do exame.
3.5. Estratégias para a coleta de dados
Para coleta de dados, foi utilizada como procedimentos básicos a
entrevista semiestruturada.
A entrevista semi-estruturada é considerada como uma estratégia que a
partir de certos questionamentos importantes para a pesquisa possibilita por
meio da construção de um roteiro básico, maior liberdade de respostas pelo
informante, sem perder de vista o foco colocado pelo pesquisador.
A entrevista é um instrumento básico para a coleta de dados permitindo a
captação imediata e corrente da informação desejada, o aprofundamento dos
dados, correções, esclarecimentos e adaptações que se tornarem necessárias,
além de ser uma das fontes de dados mais importantes para o estudo de caso
(BRESSAN, 2000).
47
Para se construir os instrumentos de coleta de dados, buscou-se
determinar as variáveis mais significativas em relação à prevenção do câncer
de mama e colo de útero.
3.5.1 Entrevistas
As entrevistas foram individuais, em ambiente fechado e pouco sujeito a
interrupções, com duração aproximadamente de 30 minutos e para facilitar o
registro dos dados, foram gravadas o que possibilitou a melhor obtenção de
informações.
Durante as entrevistas utilizou-se um instrumento semi-estruturado
(APÊNDICE I) com questões iniciais de identificação pessoal que incluíam
idade, estado civil, número de filhos, escolaridade, profissão/ocupação, carga
horária diária e renda. Esses dados foram coletados com o intuito de
contextualizar o sujeito e facilitar novos contatos.
Em um segundo momento a pesquisa analisou a percepção das mulheres
em relação ao significado atribuído ao conhecimento das mulheres sobre o
câncer de colo de útero e mama. Em seguida o foco passa para a prevenção,
destacando o conhecimento das mulheres entrevistadas sobre o que é e as
formas de prevenção do câncer, se elas realizam exames ginecológicos
periodicamente, se tem conhecimento sobre os fatores de risco, se tem o
hábito de realizar o auto-exame das mamas?
Outra categoria observada nas entrevistas foi o conhecimento sobre o
exame de preventivo (Papanicolaou), qual a importância e a periodicidade com
que essas mulheres realizam o exame. Foi ainda abordado questões acerca
dos sentimentos que as mulheres têm ao fazer o exame de preventivo.
Finalmente, as entrevistada foram abordadas sobre o Programa ―Viva
Mulher Trabalhadora‖, o que elas conheciam do Programa, como receberam as
informações, como é o atendimento realizado fora do horário convencional das
UBS e o que poderia ser feito para melhorar a adesão das mulheres ao exame
ginecológico.
Os dados foram coletados na segunda quartafeira dos meses de
setembro a dezembro de 2008 no horário entre 19 às 21h, aproveitando o
48
momento em que as mulheres estavam aguardando o atendimento do exame
ginecológico e preventivo.
Por se tratar de uma pesquisa onde a coleta dos dados ocorreram nas
UBS e que as mulheres tinham os mesmos horários de atendimento , não foi
possível a pesquisadora coletar os dados sem colaboradores. Para suprir essa
limitação foi realizada uma seleção de graduandos do Curso de Enfermagem
do Centro Universitário do Leste de Minas (UNILESTE MG) que tivessem
cursado as disciplinas Saúde Coletiva e Saúde da Mulher. Após a seleção de 8
graduandos foi realizada capacitação com duração de 8 horas, informando os
objetivos da pesquisa, para que os mesmos realizassem a entrevista e
tivessem o cuidado de não influenciar nas respostas, sabendo ouvir e a partir
daí fazer os questionamentos em relação ao objetivo da pesquisa.
3.6. Tratamento de dados
Após a coleta de dados, as entrevistas foram identificadas e transcritas
para posteriormente terem seu conteúdo classificado e analisado com base em
categorias de análise definidas nas mesmas. Para tratamento do material,
utilizou-se a técnica de análise de conteúdo.
Com a transcrição do material obtido foram realizadas leituras atentas e
criteriosas de cada depoimento e das descrições das observações, recorte de
trechos de falas, elaborou-se os núcleos de sentido: Dados de identificação
como idade, estado civil, nível de escolaridade, número de filhos, profissão,
renda e carga horária para contextualizar a amostra; dados em relação a saúde
onde buscou se conhecer os conceitos de prevenção, o entendimento em
relação ao câncer de colo de útero e mama, o significado destas doenças e os
fatores de risco para estes tipos de cânceres, e verificou-se os hábitos se
saúde em relação ao AEM; sobre a percepção do exame, periodicidade do
exame, conhecimento em relação ao exame preventivo, periodicidade, e
sentimentos em relação ao exame; acessibilidade ao serviço; qualidade do
programa em estudo. Após a organização de todos os grupamentos, procedeu-
se à análise dos temas, o que, basicamente, compõe a descrição dos
49
resultados obtidos, confrontando-os com revisão bibliográfica facilitando o
entendimento e a interpretação dos mesmos.
3.7. Aspectos éticos
A pesquisa foi desenvolvida de acordo com a Resolução Nº 196 de
10/10/1996 do Conselho Nacional de Saúde (Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo seres humanos).
À Secretaria Municipal de Saúde de Coronel Fabriciano foi encaminhada
em Fevereiro de 2009 uma carta para a autorização da pesquisa nas UBS
(APÊNDICE II), às participantes foi entregue o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE III), que constava de informações sobre a pesquisa,
seus objetivos, sigilo das informações, uso do gravador, assegurado o
anonimato e o direito de retirar o consentimento no momento em que o
desejassem.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres
humanos no Centro Universitário de Caratinga (ANEXO I). E para garantir o
anonimato das mulheres que participaram da pesquisa, as mesmas foram
denominadas por nome de flores e pedras preciosas.
50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No presente tópico, apresentam-se os resultados obtidos mediante as
análises dos dados, de acordo com os objetivos propostos nesta investigação.
Os resultados referem-se às entrevistas semi-estruturadas realizadas junto a
mulheres que procuram o serviço público de saúde por meio do programa para
prevenção de câncer de colo de útero e mama ―Viva Mulher Trabalhadora
Um toque de Saúde”.
4.1. Perfil das entrevistadas
Com a intenção de favorecer a contextualização dos sujeitos, os dados
serão apresentados distribuídos por freqüência e percentagem da procura das
mulheres pelo Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde‖, por
atendimentos mensais, idade, estado civil, número de filhos, profissão, carga
horária, renda, objetivando uma leitura ampla, possibilitando assim a utilização
de diferentes viés e pilares do tema abordado.
Observou-se que no decorrer da pesquisa de campo a adesão das
usuárias ao programa, foi maior nos meses de setembro e outubro, totalizando
51
62,3% da amostra (Tabela 4) e decrescente, nos meses subsequentes como
novembro e dezembro, totalizando 33,7%. A redução da procura ao programa
nos meses de novembro a dezembro pode ser atribuída à priorização da
utilização desse tempo, antes disponível para o cuidado com saúde, com
atividades complementares de serviços para o aumento da renda familiar, uma
vez que com a chegada das festas natalinas e de confraternização do final do
ano, existe uma necessidade criada pelo capitalismo de compras de presentes,
bens de consumo, alimentos, ornamentos para a festa, entre outros.
TABELA 4: Distribuição de frequência e percentagem da procura das mulheres
pelo Programa Viva Mulher Trabalhadora, por mês do ano, idade e estado civil
e número de filhos.
Mês
Frequência
Percentagem
Setembro
27
31,8
Outubro
26
30,5
Novembro
21
24,7
Dezembro
11
13,0
Total
85
100,0
Faixa etária
Frequência
Percentagem
≤ 24
22
25,5
25 - 59
47
55,5
≥60
16
19,0
Total
85
100,0
Estado Civil
Frequência
Percentagem
Solteiro
17
20,0
Casada/unida
61
72,0
Divorciada/separada
6
7,0
Viúva
1
1,0
Total
85
100,0
Número de filhos
Frequência
Percentagem
0 a 2
69
81,2
3 a 6
13
15,3
Sem filhos
3
3,5
Total
85
100,0
A faixa etária mais prevalente entre as entrevistadas foi entre 25 a 59
anos (55,5%), seguida pela faixa etária menor ou igual a 24 anos (25,5%).
52
Destaca-se que o Programa Nacional de Prevenção do Câncer de Colo de
Útero preconiza a faixa etária entre 25 e 59 anos para realização do exame,
uma vez que o pico de incidência de câncer invasor ocorre na faixa etária entre
35 anos e 49 anos de idade e o do carcinoma in situ situa-se entre 25 e 40
anos (BRASIL, 2001a).
Apesar disso, o INCA e o Ministério da Saúde preconizam que toda
mulher, independente da sua idade, que tem ou teve atividade sexual deve
submeter-se ao exame preventivo do câncer do colo uterino periodicamente,
conduta ratificada pela OMS (WHO, 2007).
O câncer de colo uterino é tido como afecção progressiva e caracterizado
por alterações intraepiteliais cervicais que podem se desenvolver para um
estágio invasivo ao longo de uma a duas décadas. Possuindo etapas bem
definidas e de lenta evolução, o câncer de colo de útero pode ser interrompido
a partir de um diagnóstico precoce e tratamento oportuno a custos reduzidos.
Mesmo assim, os índices são alarmantes. A cada ano, são diagnosticados
500.000 casos desse câncer, que, mundialmente, consiste na segunda
principal causa de morte por câncer em mulheres (BRISTOW e TRIMBLE,
2006).
Ressalta-se ainda que, indiferente da idade, todas as mulheres que
agendam o exame preventivo o submetidas ao ECM, que é realizado com a
finalidade de detectar anormalidades na mama ou avaliar sintomas referidos
por pacientes visando à detecção de câncer de mama palpável num estágio
precoce de evolução, bem como se constitui em uma oportunidade para o
profissional de saúde educar a população feminina sobre este tipo de ncer,
seus sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a composição e
variabilidade da mama normal. Segundo Brasil (2006 g), 5% dos cânceres da
mama são detectados por ECM em pacientes com mamografia negativa,
benigna ou provavelmente benigna. As técnicas do ECM variam bastante em
seus detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual (estática e
dinâmica), a palpação das mamas e dos linfonodos e a expressão mamilar.
A amostra constituiu-se por 72% de mulheres casadas ou que mantém
união estável, correspondendo aos dados apresentados para a região em
estudo segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002).
53
Esse dado pode ser considerado relevante, uma vez que na ocorrência da
doença, pode haver comprometimento da qualidade de vida das mulheres e de
seus familiares, levando-se em conta ainda, que poderá ser essa mulher a
mantenedora do sustento e esteio das relações familiares e seu parceiro dividir
com ela dificuldades financeiras, emocional, psicológica e mesmo os trabalhos
domésticos.
As mulheres sem parceiros fixos, geralmente solteiras, divorciadas,
viúvas, e sem vivência familiar, corresponde a 28% da amostra. Constituem
fator de risco aumentado a predisposição para o surgimento do câncer de colo
de útero, por favorecer a multiplicidade de parceiros. Além disso, sem o uso
adequado de preservativos propiciam o aumento de doenças sexualmente
transmissíveis. Por outro lado, não se pode concluir como verdadeiro que
mulheres casadas tenham um só parceiro.
Ainda de acordo com as informações contidas na Tabela. 4, mais de 80%
das entrevistadas possuem até 2 filhos, sendo que o total de mulheres sem
filhos corresponde a menos de 4% da amostra. Apesar de sentir-se mais
responsável do que o homem pelo cuidado com a casa e os filhos, a mulher de
hoje, diferente da mulher de décadas passadas, deseja ou precisa trabalhar, ao
mesmo tempo em que deseja ser mãe. Esse novo cenário reflete no número de
filhos, ou seja, a mulher que trabalha fora passa a ter menos filhos que a
mulher dona de casa. Por outro lado, nos últimos tempos, cada vez mais a
mulher foi ampliando suas fronteiras para além do espaço doméstico no qual
se limitava a cumprir as funções da casa. A mulher vem cada vez mais
conquistando o espaço público ao sair para trabalhar, para estudar, para se
divertir, tendo que se reorganizar, para enfrentar cobranças em relação ao seu
papel na família como ‗mulher-esposa‘ e ‗mulher-mãe‘.
É importante conhecer a ocupação, carga horária diária de trabalho,
renda e escolaridade das mulheres submetidas a entrevista (Tabela 5),
relacionando com o nível socioeconômico.
54
TABELA 5: Distribuição das usuárias por categoria profissional, carga horária
diária, renda escolaridade.
Profissão
Frequência
Percentagem
Artesã
3
3,6
Auxiliar de serviços gerais
11
12,9
Atividades domésticas
19
22,3
Auxiliar de escritório
4
4,7
Balconistas
17
20,1
Cabeleireira
4
4,7
Comerciante
11
12,9
Costureiras
4
4,7
Do lar
10
11,8
Estudantes
2
2,3
Total
85
100,0
Carga horária
Frequência
Percentagem
4 a 6
10
11,7
7 a 8
47
55,3
≥ 9
28
33,0
Total
85
100,0
Renda
Frequência
Percentagem
0 a 1
48
54,0
2 a 3
33
39,0
≥ 4
4
7,0
Total
85
100,0
Escolaridade
Frequência
Percentagem
Ensino Fundamental
36
42,4
Ensino Médio
47
55,3
Graduação
2
2,3
Total
85
100,0
De acordo com os resultados apresentados Tabela 5, 55,3% das
mulheres trabalham de 7 a 8 horas diárias, e as atividades que mais se
destacaram foram as atividades domésticas representando 22,3%, balconista
20,1%, serviços gerais e comerciantes, juntas totalizaram 25,8%. Destaca-se
ainda que 33% das entrevistadas apresentam carga horária maior ou igual a 9
horas e apenas 11% carga horária entre 4 a 6 horas.
A mulher chega então ao século XXI com um acúmulo de tarefas e, entre
as conquistas aparentes, ainda é a responsável pelo bom andamento das
55
relações familiares, dificultando-lhes, quase sempre, o desempenho
profissional. Quando se trata da conciliação entre carreira e família, a
responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos pesa sobre as mulheres, a
dupla jornada de trabalho (no emprego e em casa), em muitos casos torna
difícil o acesso às unidades de saúde em razão da falta de tempo, ou seja, em
muitas situações o horário de trabalho dessas mulheres é incompatível com o
horário de funcionamento das UBS.
Quanto à renda familiar, o grupo estudado recebe, em média, um salário
mínimo, representando 54,0% das entrevistadas, este dado evidencia, ainda,
que a renda dessas mulheres encontra-se abaixo da média brasileira per capta,
uma vez que as principais características da distribuição do rendimento das
pessoas economicamente ativas no Brasil, de 2007 para 2008, eram
correspondentes a 2,32 salários mínimos, conforme revelado pela Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)-2009, divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009).
A situação socioeconômica das mulheres é destacada como um dos
fatores mais importantes a influenciar o comportamento preventivo. Entretanto
apesar de vários trabalhos relacionarem a baixa renda com o aumento
significativo da prevalência da não realização do exame preventivo, o
Programa é destinado prioritariamente as mulheres de baixa renda.
As mulheres que integram seguimentos de maior renda e com maior
escolaridade apresentam maior probabilidade de realizarem os exames
preventivos e a medida que diminui o nível socioeconômico, aumenta
significativamente a prevalência de mulheres sem cobertura pelo exame
Papanicolaou (CÉSAR et al., 2003). Em um estudo realizado por França Jr.
(2003) sobre os motivos para a realização ou não do exame preventivo, na
cidade de São Paulo, detectou que o baixo nível sócio econômico pode
dificultar o acesso ao serviço de saúde devido às barreiras geográficas, tais
como: distância ao serviço de saúde, dificuldade de transporte, burocracia e
tempo gasto no agendamento dos exames E existia uma associação muito
íntima entre o baixo nível de escolaridade e renda familiar, fazendo com que
essas mulheres sejam mais suscetíveis ao acometimento do câncer de colo de
útero.
56
Questionadas sobre a escolaridade 42,4% das mulheres entrevistadas,
afirmaram menos de 4 anos de estudo, correspondendo ao Ensino
Fundamental incompleto. A baixa escolaridade pode estar associada ao baixo
poder aquisitivo das participantes do estudo. Todavia, no estudo, 2,3% das
entrevistadas apresentaram curso superior. Ressalta-se que, o público alvo
atendido no Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde” é
composto, em sua maioria, por mulheres trabalhadoras que tem acesso
exclusivamente ao serviço de saúde público e que mulheres com nível de
escolaridade superior, geralmente possuem um poder aquisitivo melhor,
procurando desse modo serviços particulares ou convênios de seguro saúde.
A baixa escolaridade, assim como, os baixos salários não contradizem
os estudos que afirmam que a procura por exames preventivos se por
pessoas com maior escolaridade e com maior nível de renda, pois aqui se trata
de um estudo de caso que busca atender as mulheres trabalhadoras, que tem
acesso exclusivamente ao serviço público de saúde.
Por se tratar de um estudo de caso, específico de um programa voltado
exclusivamente para usuárias que utilizam os serviços de saúde pública, este
trabalho não pode inferir sobre a renda e a escolaridade. O Programa ―Viva
Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde”, funciona exclusivamente no
período noturno, as UBS são próximas de suas residências para contemplar as
mulheres que trabalham durante o dia, contribuindo assim, para a prevenção
das doenças, favorecendo o auto-cuidado, pois, muitas vezes, a mulher não
procura os serviços durante o dia não por desinteresse, mas por falta de tempo
devido as atividades de trabalho, dificultando assim o acesso dessas mulheres
nas ações de prevenção dos cânceres de mama e colo de útero.
4.2. Dados de saúde
A prevenção e os riscos do câncer de colo de útero e de mama foram
discutidos junto às entrevistadas, por se considerar que é necessário conhecer
como as ações envolvidas no Programa Viva Mulher, da Secretaria de Estado
de Saúde de Minas Gerais, são percebidas pelas mulheres; qual o
entendimento da lógica de praticarem e buscarem por as ações de prevenção,
57
enfim entender em que nível de necessidade se encontram as práticas de
prevenção, entre elas o Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de
Saúde”, para as mulheres entrevistadas:
4.2.1 Conceito de Prevenção
Percebe-se nos relatos expressos pelas entrevistadas que, a prevenção,
significa para elas algo que impeça a doença de aparecer, ou seja, alguma
ação que evite, interceda, até mesmo estacione o processo de adoecimento.
Eu acho que significa uma coisa super grande como diz o próprio
nome prevenir... às vezes começa com uma infecção e quando vai
ver o negócio se expandiu... tem que estar fazendo, acho que é
super importante. (Brilhante, 35 anos, casada)
Importante e necessário. Todas as mulheres deveriam fazer... acho
que é uma satisfação, mesmo porque eu gosto de cuidar da minha
saúde.... (Acácia, 29 anos, solteira)
Para mim é uma segurança, é uma forma de ficar atenta se tiver
algum problema. Para mim é segurança mesmo... (Rubi 32 anos,
casada)
Acho que é um cuidado que toda mulher deve ter porque o câncer, ou
qualquer outra doença infecciosa ta aí, pode acontecer com qualquer
pessoa... acho que é um procedimento necessário para prevenir....
(Topázio, 33 anos, solteira)
Previnir é, sei é tanta coisa que a gente vê... Diz que tem que fazer
exame, não beber, não fuma... para o câncer de útero e esse exame
aí... e de mama tem também a mamografia, aquela que a gente faz
em outro lugar no posto não faz não... (Turmalina, 34 anos, casada)
... eu acho que tem que fazer prevenção sim é necessário. Inclusive
amigas minhas que não fizeram, tiveram até que arrancar o útero, por
um descuido bobo às vezes... começa com dor, com problemas e
foi se agravando... eu acho importante fazer mesmo. Eu sou a
favor de prevenir a saúde... (Safira, 27 anos, solteira)
Pode-se observar pela resposta das entrevistadas que o conceito de
prevenção vai de encontro ao apresentado por Rouquayrol e Goldbaum (1999),
que definem prevenção em Saúde Pública como uma ação antecipada, que
58
tem por objetivo, interceptar ou anular a evolução da doença. Apresentam
também a prevenção como ações abrangentes e antes de serem técnicas,
educativas, deveriam se dar no palco das decisões político-econômicas, por
entenderem que as ações dos profissionais de saúde se tornam mais eficientes
a partir do momento em que estas situações estejam de acordo com as
necessidades das comunidades envolvidas. Segundo, Nutbean (1996), em se
tratando de enfermidades específicas, a prevenção é uma estratégia para
reduzir os fatores de risco ou reforçar fatores pessoais que diminuam a sua
suscetibilidade à enfermidade.
Quando se pensa no processo saúde/doença, prevenção e
comportamento preventivo de saúde, no que se refere ao cuidado individual
concorda-se que a apropriação pelos indivíduos dos saberes sobre saúde
como risco e danos, exames, terapias e práticas voltadas à preservação e
recuperação da saúde, valendo-se dos veículos de comunicação, torna o
próprio sujeito responsável por decisões e ações que, direta ou indiretamente,
afetam sua saúde, e um dos privilégios para prevenção é poder intervir a fim de
evitar um mal maior (BATISTA et al., 2006).
4.2.2. Significado de câncer de colo de útero e mama
Percebe-se que as entrevistadas não são vazias de conteúdo sobre o
conceito de doenças, pelo contrário, as pessoas constroem seus
conhecimentos, chegando senão junto, mas muito próximas da essência do
significado delas, conseguindo, inclusive, dar exemplos pertinentes e concretos
do conhecimento.
Acho que o câncer é ....na mama começa com um caroço que pode
doer ou não, ele mexe ou também pode não mexer, e do colo do
útero é quando a gente começa apresentar sangue na vagina ou
então ―escorrimento‖, não sei muito bem explicar só sei que não
quero ter.(Topázio, 33 anos, solteira)
Câncer na mama eu sei explicar agora de útero acho que não sei vou
tentar...na mama é quando aparece um carocinho que dói e saí
secreção no bico do seio agora do útero acho que o feridas na
vagina.... não gosto nem de falar nisso. (Safira, 27 anos, solteira)
59
O câncer de útero pode começar a aparecer quando a gente começa
a sentir dor no da barriga, corrimento e infecção, na mama
começa com um caroço. (Diamante, 30 anos, solteira)
Quando começa aparecer ferida na vagina, e essa ferida vai
aumentando se a gente não cuidar. O câncer da mama também
aparece com um carocinho e vai aumentando. (Pérola, 55 anos,
separada)
Eu acho que o ncer de colo de útero aparece junto com verrugas
na vagina, acho que é causada por um vírus esqueci o nome, mas
ouvi falar, fala até que tem vacina é verdade? .... De mama é um
carocinho que vai aumentando. (Orquídea, 44 anos, separada)
Eu não sei falar, sei que se descobrir no início tem cura os dois,
por isso faço o exame sempre, tenho pavor até de falar esse nome.
(Papoula, 26 anos, solteira)
As mulheres entrevistas demonstraram em seus relatos que elas tem
conhecimento da forma mais simples sobre o que é o câncer, e fica
evidenciado também o medo que as mesmas tem destas doenças.
Essas falas exigem uma reflexão maior. As mulheres que procuram os
serviços de saúde, ou seja, as que efetivamente acreditam na prevenção,
sabem pouco sobre o câncer de mama e colo de útero. A participação dos
profissionais de saúde na atividade de informar e educar a comunidade em e
para a saúde mostra-se extremamente importante. As ações educativas, para
serem eficazes e provocadoras de mudança de atitudes precisam ser
envolventes e ter comprometimento do profissional.
O saber sobre o câncer, o que é, como se desenvolve, os fatores de risco
e a importância da realização de exames preventivos e a detecção precoce da
doença e o poder discutirem e refletir sobre essas informações são ações que
instrumentalizam a mulher para tomar decisões sobre sua vida e sua saúde.
4.2.3. Conhecimento dos fatores de risco para o câncer de colo de útero e
mama
Questionadas sobre o conhecimento dos fatores de risco para o câncer
de colo de útero e mama, todas as entrevistadas relataram ter informação
60
sobre esses fatores de risco, contudo, ao serem analisadas as falas, observou-
se a desinformação acerca dos fatores de risco, tratamento, recidivas, e sobre
a relação do papilomavírus humano (HPV) com o câncer de colo de útero.
Não sei quase nada sobre essa doença, a não ser que é uma DST.
(Begônia, 37 anos, casada)
Já tinha ouvido falar em condiloma, mas não sabia que era uma DST,
hoje só sei isso. (Gardênia, 32 anos, casada)
É uma doença de rua, pode dar complicações, mas não sei quais, se
previne usando camisinha. (Hortência, 39 anos, casada)
Se pega com sabonete, toalha, no nascimento e em relações sexuais
sem preservativo. Sei que é necessário fazer cauterização ao
perceber as verrugas. (Brilhante, 35 anos, casada)
É uma doença que se transmite por via sexual, o tratamento é por
cauterização, será que volta? (Ágata, 33 anos, casada)
Anticoncepcional, por isso que não tomo, prefiro usar camisinha.
(Diamante, 30 anos, solteira)
Quando a gente não tem filhos e não dá de mamá.... (Opala, 27 anos,
solteira)
A história natural do câncer de colo de útero também está fortemente
relacionada à presença de infecção, sendo a associação deste com o HPV.
Além disso, outros fatores de risco para esta doença, como o início precoce
da atividade sexual, a multiplicidade de parceiros sexuais, a exposição às
doenças sexualmente transmissíveis, o tabagismo, a baixa condição
socioeconômica, a higiene íntima inadequada e o uso prolongado de
contraceptivos orais.
Ao se perguntar sobre os fatores de risco para o câncer de mama,
percebeu-se na fala das mulheres na faixa etária entre 39 a 59 anos, de modo
geral, dificuldade em expressar, ou desconhecimento, fato este constatado nas
falas das entrevistadas:
61
...fator de risco, o que é isso mesmo... ah, você não pode me ajudar
né, acho que é quando aparece um carocinho.....é isso mesmo ?
(Pérola, 55 anos, separada)
Sei sim, é quando a gente faz o exame em casa e acha um nódulo
ou então quando sai um líquido no bico do seio. (Berilo, 49 anos
casada)
...bem não sei explicar muito bem não, acho que é quando a mulher
não tem filhos, não amamenta e toma remédio para não
engravidar....aí fica mais fácil pegar a doença. (Esmeralda, 42 anos,
casada)
Quando uma pessoa na família tem a outra também vai ter....
(Orquídea, 44 anos, separada)
Porém, na faixa etária entre 29 e 38 anos, onde a incidência de câncer de
mama é menor, as mulheres estudadas demonstraram maior conhecimento do
sobre os fatores de risco, destacando-se as seguintes falas:
Um dos fatores de risco que conheço é quando a mulher não
amamenta, fuma, tem uma vida sem fazer atividade física e também
na mulher mais velha que o risco é maior. (Sempre Viva, 25 anos,
casada)
Cigarro, bebida, não ficar grávida e não dar de mamar e tamm
quando tem alguém na família com essa doença. (Rosa, 23 anos,
solteira)
Muitos eu não sei te informar, mas acho que o fator de herança.....
aquilo que passa de uma pessoa da família para outra... e também
cigarro, uso de anticoncepcional durante muito tempo, não ter filhos e
não amamentar. (Papoula, 26 anos, solteira)
Mulheres com história de menarca precoce, primeiro filho em idade
avançada, obesidade na pós-menopausa, câncer de ovário, densidade
mamária elevada, doença mamária benigna, exposição ao tabaco, a radiações
ionizantes e pesticidas / organoclorados apresentam aumento no risco de
desenvolver câncer de mama. Além disso, mulheres que tiveram câncer em
62
uma das mamas apresentam um elevado risco de desenvolver a doença na
mama contra-lateral (FLETCHER, 2002).
Vários fatores de risco são identificados para o câncer de mama e do
colo do útero e a grande maioria deles está relacionada aos cuidados com a
saúde e ao estilo de vida. Dentre eles destacam-se os sociais, ambientais e os
hábitos de vida. O conhecimento das mulheres em relação aos fatores de risco
favorece comportamentos satisfatórios frente à realização de exame
Papanicolau e ao ECM, contrapondo-se à falta de informação, o que torna as
mulheres mais distanciadas do serviço de saúde bem como à adoção de
hábitos saudáveis de vida.
4.2.4. Auto-exame das mamas
A maioria das entrevistadas, ou seja, 70,5% (60 mulheres) referiram que
fazem o auto-exame das mamas; enquanto 29,5% (25 mulheres) relataram que
não realizam esse exame.
Visto o medo que essas mulheres têm de ter um câncer da mama, muitas
vêem como finalidade do auto-exame das mamas a possibilidade de evitar o
aparecimento do câncer e de outros problemas. Quando questionadas sobre o
que é auto-exame das mamas e se tem o hábito de realizá-lo as entrevistadas
se manifestaram da seguinte forma:
Encalca o peito para saber se tem caroço, faço 2 vezes por mês.
(Margarida, 42 anos casada)
Exame para procurar doença, faço quando lembro, assim de 3 em 3
meses com certeza, mas acho que tem que ser todo mês. (Orquídea,
44 anos, separada)
Através do exame, saber se tem nódulo, câncer, alguma coisa, o dia
certo pra fazer é quando termina a menstruação, faço todo mês.
(Copo de Leite, 35 anos, solteira)
É a procura de alguma coisa diferente, um caroço, uma coisa
dolorida, faço sim, não sei se faço certo, mas tenho muito medo de
ter a doença. (Berilo, 49 anos casada)
63
Fico caçando no peito se acho alguma glândula, como ensinam na
televisão, no posto e pra falar a verdade eu não faço não, nem lembro
é tanta coisa que tenho que fazer....quando lembro é quando sinto
alguma coisa me incomodando. (Turquesa, 40 anos, casada)
Eu já ouvi falar que pode nascer um caroço e ser um câncer. Muita
gente diz que não dói e quando vem saber, é tarde. O auto-exame
deve levantar o braço, ficar apalpando, até procurar alguma coisa. Eu
sempre faço auto-exame. Faço de mês em mês, mas não tem dia
certo. Faço no dia que me lembro ou quando a mama está mais
doída...Eu acho ruim tocar o seio, porque eu tenho medo. Medo de
encontrar alguma coisa. (Jade, 33 anos, casada)
Pode-se notar através das falas das entrevistadas dúvidas relacionadas
a periodicidade e à realização do auto-exame das mamas. A periodicidade na
realização para o exame para Ferreira e Oliveira (2006) está relacionada a
fatores do cotidiano, como afazeres socialmente necessários realizados pelas
mulheres como funções de serem mães, donas de casa e trabalhadoras.
É importante destacar que o AEM não deve ser visto como estratégia
isolada de detecção precoce do câncer de mama. Ele deve fazer parte das
ações de educação para a saúde que contemplem o conhecimento do próprio
corpo. Afinal, o diagnóstico precoce é a maior garantia e sucesso no tratamento
do câncer de mama, e a mulher presta relevante contribuição na detecção
precoce, quando realiza o auto-exame sistematicamente (ARAÚJO, OLIVEIRA
e BARBOSA, 2004).
Um das entrevistas destacou-se ao citar, corretamente, as três etapas
do AEM, que consiste em inspeção, palpação e expressão mamilar, ao
declarar:
É um exame de toque na mama que eu posso fazendo em casa.
Agora que minha menstruação não vem mais, eu costumo fazer
sempre no início de cada mês. Primeiro, eu olho meus seios no
espelho, depois palpo debaixo do chuveiro e deitada na cama. Por
último, espremo os bicos pra ver se sai algum líquido, de dentro.
Sei também que nesse exame eu posso encontrar caroço, mas isso
não quer dizer que seja câncer de mama. caroços grandes, sem dor e
que não se mexem, algumas manchas de cor avermelhadas e pele
do seio áspera, tipo podem ser sinais de que eu esteja com a
doença. (Agua Marinha, 52 anos, casada)
64
Nota-se que a entrevistada possui bom conhecimento em relação ao
AEM, pois em sua fala, relatou os tempos do mesmo, além de escolher um dia
fixo no mês para realizar o auto-exame, corroborando com Bergamasco e
Tsunechiro (2006) que afirmaram que as mulheres que não menstruam,
menopausadas ou submetidas à histerectomia, ou ainda gestantes e nutrizes
devem realizar a escolha arbitrária de um dia do mês para realização mensal
do AEM.
Observa-se ainda que, a entrevistada destaca possíveis achados
durante a realização do AEM. Alguns achados anormais são encontrados nas
mamas ao realizar-se o auto-exame como: o mamilo invertido; a proeminência
venosa aumentada; o fibroadenoma (nodosidade mamária benigna) e o
aspecto de casca de laranja apresentado pela pele da mama. (SMELTZER e
BARE, 2006).
Segundo Brasil (2006 g), apesar do AEM, quando utilizado
isoladamente, não ser efetivo para a redução da mortalidade pelo câncer de
mama, este exame ajuda a mulher a conhecer melhor o seu próprio corpo e
uma vez observada alguma alteração, auxilia na procura pelo serviço de saúde
para avaliação por um profissional de saúde para rastreamento e diagnóstico.
As mulheres pesquisadas relataram ainda, o medo da instalação de uma
doença degenerativa e mutilante, como o câncer de mama:
Prevenir contra o câncer é muito bom, principalmente das mamas,
porque vi falar que tem que tirar se tiver alguma doença acho
que eu ia ficar muito triste, quase sem vontade de viver, todo mundo
me olhando, acho que não agüentaria, faço mensalmente. (Jade, 33
anos, casada)
É uma doença no seio, devido a um caroçinho que aparece e a gente
tem que ter o cuidado de fazer o exame do toque e procurar um
especialista, caso encontre alguma coisa estranha. Eu imagino assim,
porque senão posso até ter que fazer cirurgia e acho que ficar sem
uma parte do corpo... meu seio acho que não ia conseguir me olhar
no espelho e nem sair mais de casa. (Jaspe, 45 anos, casada)
Os relatos das mulheres entrevistadas validam Bergamasco e
Tsunechiro (2006) ao afirmarem que a percepção das primeiras evidências da
doença (câncer de mama), bem como sua constatação, são etapas iniciais
65
experimentadas pela mulher e a interpretação desta experiência é
determinante de seus sentimentos, comportamentos e atitudes ante a doença e
suas interações com a família e com as pessoas de seu convívio.
Observa-se que o medo e a idéia de mutilação permeiam o universo dos
sentimentos destas mulheres em relação ao câncer de mama, visto o valor que
é dado por nossa sociedade ao corpo e para a mulher significa mais que uma
amputação, repercute em todo o seu ser, sua auto-estima, seus
relacionamentos e em sua imagem corporal.
As técnicas de tratamento do câncer de mama sofreram grandes
mudanças nos últimos 20 anos, as cirurgias estão mais conservadoras e as
terapias complementares procuram causar o menor efeito secundário possível.
Também se tornou imprescindível uma abordagem multidisciplinar destas
pacientes buscando não somente à cura do câncer mas, à recuperação das
pacientes em âmbito físico, psicológico e social, visando à melhora da
qualidade de vida (GIMENES e FÁVERO, 2000).
O câncer ainda tem conotações negativas e é representado pelas suas
conseqüências trágicas como a iminência presente do medo de morrer,
carregada de estigmas de discriminação e rejeição social, desde o meio
familiar até as perdas de atividades produtivas no nível físico, afetivo, familiar,
econômico, social, cultural (LINARD et al., 2002). Mantive, pois ainda existe
conotação negativa.
O diagnóstico de câncer é muitas vezes vivenciado com tamanha
intensidade que se assemelha à dor da perda de um ente querido. A ameaça
de mutilação pode ser devastadora, principalmente porque a mama é
considerada um símbolo da vida, do erotismo, da sedução e da beleza (BOFF,
1999). Porém, de acordo com Gimenes e Fávero (2000), as técnicas de
tratamento do câncer de mama sofreram grandes mudanças nos últimos 20
anos, com cirurgias mais conservadoras, terapias complementares que buscam
causar o menor efeito secundário possível e abordagem multidisciplinar das
pacientes, buscando não somente à cura do ncer, mas à recuperação
dessas mulheres em âmbito físico, psicológico e social, visando à melhoria da
qualidade de vida.
66
Diante desses fatos, o profissional de saúde deve incorporar à sua
práxis ações para o controle do câncer de mama, por meio do encorajamento
das mulheres na realização mensal do AEM.
4.3. Percepção do exame de preventivo de câncer de colo de útero
Quando questionadas sobre o conhecimento do exame preventivo
Papanicolaou e o ECM, 100% das entrevistadas relataram ter conhecimento,
que viram falar em televisão, entrevistas, receberam informações de
profissionais que trabalham nas Unidades de Saúde, inclusive ressaltaram
sobre a importância da realização dos mesmos, destacando-se as seguintes
falas:
Eu tenho visto na TV. Acho que foi muito importante o Ministério da
Saúde ter bancado este tipo de propaganda na TV, que é um meio de
comunicação de massa. Além disso, parece que tem camisetas que
aparecem com a divulgação; a gente sempre encontra folhetos nas
unidade de saúde. Acho que tem havido esforço de divulgar. Eu acho
que as campanhas lembram as mulheres para a prevenção.
(Alexandrita, 36 anos, casada)
Sim ouvi falar na TV, significa que antes prevenir do que remediar
tem aquele ditado que diz isso! Remediar sai muito mais caro do
que prevenir ... esse exame que eu fiz é uma maneira de prevenir,
que é o Papanicolau, e também da mama agora tem campanhas,
porque antes não tinha, o Papanicolau é uma prevenção do câncer,
se já tem começo da doença. (Jade, 33 anos, casada)
As últimas campanhas têm enfocado a questão do acesso aos
exames ... no começo, quando surgiram as campanhas, esta parte do
serviço público era deixada um pouco de lado...mas, nas últimas duas
campanhas, a gente tem notado melhora… (Camélia, 52 anos,
casada)
A realização do exame preventivo ou Papanicolaou é o primeiro passo
para o diagnóstico do câncer do colo do útero. A realização desse exame é
uma atividade implantada em todas as Unidades de Saúde, que é a porta de
entrada do Sistema de Saúde. Todas as mulheres que vão às UBS podem
realizar o exame na própria Unidade. Como já foi descrito anteriormente, a
67
coleta do material é feita por um profissional de saúde treinado para essa
atividade e não é necessariamente o médico. O resultado do exame também é
entregue na própria Unidade de Saúde, pelo profissional que realizou o exame.
Ressalta ainda que em uma pesquisa realizada em uma UBS na cidade de
Natal/RN, com 120 mulheres a respeito do conhecimento sobre o exame
preventivo, identificou-se que sentimentos como o medo e a vergonha foram às
principais causas atribuídas por 35 mulheres (42%) para a não realização do
exame papanicolaou (DAVIM, et al. 2005).
De acordo com Sant‘Anna (2000), quebrar o tabu, romper a vergonha e
falar sobre o câncer tornaram-se experiências bem vistas pela mídia. Nesta
época de desenvolvimento de campanhas, do despertar perante as vantagens
das atitudes preventivas, o paciente de câncer que se dispõe a falar sobre
como ele enfrenta a própria doença tende a ganhar um valor novo, antes pouco
conhecido.
4.3.1. Periodicidade da realização do exame preventivo e qual profissional
realizou.
Ao serem interrogadas sobre a periodicidade da realização do exame de
prevenção, das 85 entrevistadas, 55% das entrevistadas informaram realizá-lo
anualmente e 45% a cada 2 anos. Deste contingente, nove mulheres (33%)
procuram atendimento a partir de sintomas, conforme relatos de Azaléia e
Jasmim:
Um pouco é porque fazia cinco anos que não fazia o exame, quero
saber se está tudo bem. O certo tem que fazer todo ano. eu fui
deixando, deixando e agora tive que fazer. Não tenho medo que
tenha alguma coisa errada, porque eu não sinto nada, nada. Eu fiz
para ficar mais tranqüila. (Azaléia, 37 anos, casada)
Eu vim fazer por causa da dor que eu tenho ‗no pé da barriga e corria
por baixo‘... e também senti um caroço na minha mama.... e fazia dois
anos que não fazia ... Ah, sem dor não tinha feito. Eu vim ver se tem
alguma coisa errada. (Jasmim, 33 anos, solteira)
Em contrapartida, houve associação entre a realização anual do exame
de prevenção, bem como a ida ao ginecologista/enfermeiro, como um ato de
68
responsabilidade e compromisso com a saúde da mulher conforme
depoimentos:
Considero sim o exame importante, eu tenho que fazer, porque se eu
não fizer esse exame eu nunca vou saber o que eu tenho ... todos
os anos eu faço. (Violeta, 28 anos, casada)
Fiz exame em 2008... Tem mais ou menos um mês que a gente falou
(com vizinha) que tava na época da gente fazer, ela, marcou ...
Aí viemos juntos hoje fazer o exame... (Petúnia, 37 anos, casada)
Pode-se observar na pesquisa, portanto, adesão de 55% das usuárias
na realização anual do exame de prevenção, mesmo após recomendação do
Ministério da Saúde que o mesmo deve ser realizado criteriosamente com
intervalo trianual após a obtenção de dois resultados negativos consecutivos
realizados anualmente (BRASIL, 2006 g).
Para Rodrigues et al., (2001), a mulher também é motivada à realização
do exame de prevenção pela presença de supostos fatores de risco devido à
identificação de problemas, sentindo o câncer ginecológico como uma
patologia temível e ameaçadora pela qual pode ser vitimada.
Domingos et al., (2007), ressaltam que a manifestação de sintomas
indica intranqüilidade, e sua ausência, a possibilidade de ser saudável. Talvez
esteja um dos pontos importantes para construir caminhos que visem
aumentar a consciência da prevenção.
Eu tava bem nervosa, porque tava com corrimento, mais a
enfermeira ficou conversando comigo sobre o exame,que aquilo
poderia não ser nada, foi explicando como funciona ... Senti um
pouquinho de dor, uma ardência. A gente segura, mas não é tão
confortável assim, mas é preciso e a doutora pareceu saber o que
estava fazendo. (Agua Marinha, 52 anos, casada)
Eu fui fazer o exame porque estava com dor debaixo da barriga. A
enfermeira falou: A gente vai colher o exame, ah! mais eu não estou
preparada não, ai ela falou assim: não adianta você ficar assim
porque de um jeito ou de outro você vai ter que fazer, não precisa ter
vergonha, toda mulher passa por isso. (Sempre Viva 25 anos,
casada)
69
Foi bom, eu fui bem atendida, fiz o exame de prevenção, a enfermeira
conversou comigo, me explicou o porquê desse exame, que a gente
tem que estar fazendo, passou assim confiança, conversa, te
deixando assim à vontade, então foi uma coisa muito boa. (Flor de
Laranjeira, 37 anos, solteira)
A periodicidade da realização do exame Papanicolaou é indispensável
para a prevenção do câncer de colo uterino e de mama, pois quando se deixa
de realizá-lo com a freqüência preconizada pelo MS, a mulher compromete a
prevenção da doença e diminui a possibilidade do diagnóstico precoce. A
efetividade da detecção precoce do câncer de colo uterino por meio do exame
Papanicolaou, se associada ao tratamento desse câncer em seus estágios
iniciais, tem resultado na redução das taxas de incidência da doença, e
juntamente à detecção precoce do nódulo da mama por meio do ECM
(BRASIL/INCA, 2002).
4.3.2. Sentimento das mulheres na realização do exame para prevenção do
câncer cérvico-uterino e de mama
Observou-se durante a pesquisa que, apesar 73,5% das mulheres
relatarem aspectos negativos em relação ao exame, estas verbalizaram
reconhecer a importância de sua realização para a prevenção de doenças:
Todo mundo tem pudor. É uma coisa assim ... Ah sei lá! Eu to com
vergonha. A pessoa ta me vendo sem roupa tá me vendo ali, ‗daquele
jeito‘ mas ... Aí acaba e pronto. (Pérola, 55 anos, separada)
Eu ficava com vergonha de ficar com as pernas abertas pro médico.
(Onix, 27 anos, solteira)
Fui recebida pela enfermeira muito bem, ela falou para mim que
eu iria precisar fazer isso daí aí veio logo na minha cabeça, porque as
minhas colegas que fizeram falavam ... nossa, que era muito ruim e
se pudesse nunca iria para fazer, mas no momento que ela falou que
eu tinha que fazer, que era para ver se estava tudo bem, por dentro,
eu falei para ela, tudo bem! eu que comecei a passar pelo
ginecologista tarde, então gostei de ficar sabendo pelos exames,
quando chegaram, que estava tudo bem… (Agua Marinha, 52 anos,
casada)
70
Eu tenho em casa um folheto com as explicações para diagnóstico do
câncer de mama, mas não sabia como descobrir sobre câncer de
útero… (Citrino, 39 anos, casada)
Na primeira vez, eu olhei o médico, acho que foi onde eu me
descontrolei, o nervoso é tanto que batia a perna, eu não conseguia,
aí depois, eu falei, mas eu tenho que conseguir, mas depois o medico
conversou comigo, me explicou para o porquê era bom o exame e foi
me explicando tudo ... eu não me lembro se eu tampei o rosto com o
braço, acho que eu pus o braço em cima do olho, acho que foi eu
consegui me controlar ... daí então para mim foi normal, eu acho que
na hora da gente fazer o exame a gente fica ... nervosa, apreensiva ...
medo de ter alguma coisa horrível dentro da gente (Petúnia, 37
anos, casada)
Eu tinha certa idéia sobre a doença, que era fatal, mas que se
descoberta ainda no início era fácil de tratar, que era uma inflamação,
que doía muito… (Flor de Laranjeira, 37 anos, solteira)
Eu tenho medo, né, de fazer, eu fico com vergonha pra olhar pra cara
do médico depois e também tem uns que pode ser até meu filho.
(Ametista, 33 anos, casada)
... ah! medo assim de estar doente, porque o povo conta histórias de
gente doente, de como é horrível, e realmente é horrível mesmo,
mas, para mim, foi tudo bem ... porque eu fiquei sabendo como que
estava por dentro de mim, e sabendo que eu não tenho nada, então
valeu à pena. (Quartzo , 37 anos, casada)
O sentimento mais identificado no relato das mulheres da amostra, que se
submetem ao exame de prevenção de forma regular é a vergonha. A mulher
expõe seu corpo, aflorando este sentimento, podendo ser justificado pelo tabu
do sexo, proveniente da educação recebida, bem como da falta de informação.
D´Oliveira e Senna (1996) referem que, o modo como são realizados os
exames, a explicação do seu sentido, da sua necessidade e da sua
importância, e a descoberta dos obstáculos ao exame são fundamentais na
reprodução ou transformação desta realidade e de seus simbolismos, haja
vista, que o exame, muitas vezes, representa para algumas mulheres, uma
espécie de ritual de sacrifício purificador para o corpo sempre imperfeito e
pecador, por isso o surgimento de sentimentos como a vergonha e o medo,
resultantes da pouca ou nenhuma autonomia da própria mulher sobre seu
corpo.
71
La Taille (2002) não estabelece o lugar que a vergonha ocuparia na lista
de sentimentos, porém afirma que se trata de um sentimento de maior
importância tanto para se entender o ser humano de forma geral, quanto para
compreender seu juízo e comportamento morais. A quantidade de palavras que
se relacionam à vergonha e a riqueza de significado destas relações, por si só,
depõem a favor da importância deste sentimento na vida de cada indivíduo e
nas relações que mantêm com os outros membros da sociedade.
A vergonha pode ser estruturada no nível corporal, no social e no
existencial. A questão da vergonha, de acordo com autores como Lopes (1998)
é resultante de uma educação familiar formal e religiosa desenvolvida em uma
cultura patriarcal que restringiu e ainda restringe muitas mulheres, unicamente
a preocuparem-se com a reprodução e cuidado com os filhos e a família. Essa
educação repressora que a mulher recebeu ao longo dos tempos reprimiu sua
sexualidade e o seu encontro com a descoberta e exploração da genitália, e
isso de certa forma contribui em muito na questão da percepção que a mulher
tem sobre essa parte do seu corpo, criando assim sentimentos negativos em
relação ao seu corpo e à sua exposição que por muito tempo lhe foi negado.
Lopes (1998) pontua, em seu estudo, que os possíveis fatores para as
mulheres não realizarem o exame Papanicolau seriam: a vergonha; o
sentimento de que o exame não lhes é adequado; o seu não reconhecimento
como integrante do grupo de risco; o medo do exame; o desconhecimento da
importância do exame; a omissão dos profissionais da área da saúde em
estimular as mulheres para realização do exame; a objeção do companheiro; o
temor da doença; a inatividade sexual e o nível socioeconômico e cultural.
Compreende-se, a partir do autor, que a não realização do exame pelas
mulheres está marcada por determinações de diferentes naturezas (cultural,
social e econômica), sendo que a ação de saúde poderá não ter resolução,
nessas três dimensões. Contudo, mesmo considerando as limitações presentes
no contexto socioeconômico e sanitário atual, é importante evidenciar o papel
de ações preventivas e resolutivas que, efetivamente, proporcionem à mulher a
possibilidade de um cuidado, mas que, prioritariamente, lhe garantam o
entendimento de sua relevância, e de como e porque se prevenir do câncer de
colo uterino e mama.
72
Conforme constatado por Souza e Borba (2008), em um estudo de caso
realizado com 24 mulheres entre 18 e 60 anos, nas UBS de Fortaleza CE,
além da vergonha de mostrar o corpo, as mulheres manifestaram desconforto
durante a posição ginecológica, referendo-se ao fato de não ficarem despidas
nem mesmo para seu cônjuge.
Assim, buscou-se discutir a percepção das mulheres desta pesquisa,
sobre a experiência na realização do exame preventivo, bem como as
dificuldades que permeiam o campo da realização do exame Papanicolaou.
Entre os depoimentos, o exame preventivo foi avaliado como um exame
constrangedor, manifestado pelo desconforto devido à posição ginecológica e
também pela colocação do espéculo utilizado para coletar o material para
avaliação citopalológico, evidenciado nas seguintes falas:
É porque é uma posição constrangedora, eu acho horrível. (Petúnia,
37 anos, casada)
Sabe eu tenho nervoso do aparelho que colocam na gente, parece
um bico de pato, gelado, incomoda na hora de colocar, depois tudo
bem, mas até fazer o exame....não gosto muito da posição também, a
gente fica ali deitada e a pessoa embaixo, não sei nem o que
acontecendo. (Ametista, 33 anos, casada)
Para mim é um exame terrível. Por isso, eu passo um tempão sem
fazer eu não gosto mesmo, venho obrigada. Não vejo a hora de
acabar aquilo ali... A gente vem né, é obrigado todo ano é a mesma
coisa, mesmo sensação ruim... (Citrino, 39 anos, casada).
Por mais que você que é uma coisa importante, eu acho super
desagradável, principalmente a posição, o lençol que finge que
tampa, a perna dói, aquela cama é muito esquisita. (Zircão, 41 anos,
casada).
É incomodo, né? Eu o gosto não! É muito ruim mesmo, ficar com
as pernas abertas, não gosto. Mas a minha ginecologista é mulher...
faz tempo que eu faço com ela, agora vou fazer com enfermeira mas
se fosse uma pessoa assim, um médico ou enfermeiro, eu não ia ficar
meio tranquila, ia achar incomodo... ah, eu não gosto... (Azaléia, 37
anos, casada)
Moreira (1995) afirma que, os profissionais de saúde devem expor
somente a parte do corpo necessário para a realização do exame, utilizando
73
uma camisola confortável e lençol sobre as pernas para proporcionar uma
sensação de que a mulher não esteja exposta, evitar o trânsito desrespeitoso
de outros profissionais na sala de exame e encorajar a paciente tentando evitar
o medo e a vergonha. Ressalta ainda, a importância da apresentação dos
instrumentos a serem utilizados durante o exame, bem como a demonstração
da inserção do espéculo, compatível com a de seu genital, explicando que irá
expor somente a área necessária, familiarizando a mulher com a técnica
realizada e o ambiente da sala.
Estas afirmações corroboram com Maldonato et al. (1997) ao declarar
que a ciência e a arte são mescladas de modo que se distingue o bom
profissional daquele que é simplesmente um técnico competente. Uma boa
assistência só se torna possível quando o profissional atua não só com preparo
técnico, mas também, com intuição e empatia.
Apesar de não ter sido questionado sobre a preferência do sexo do
profissional para a realização do exame, em seus relatos pode-se destacar que
as mulheres preferem se submeter ao exame com profissionais do sexo
feminino, conforme observado nas falas abaixo:
Para mim é um exame muito difícil de fazer, principalmente com
homem, né? Agora com mulher parece que é mais tranqüilo, a gente
fica mais a vontade... uma vez sim um médico tava conversando com
estagiário e começaram a falar de uma festa que eles foram e
fiquei imaginando eu daquele jeito, eles olhando pra mim....e eu
ficava imaginando o que eles estavam pensando de mim né? ............
(Citrino, 39 anos, casada).
È uma sensação muito constrangedora para a mulher, ficar ali
naquela posição, então quando eu faço com enfermeira e eu faço
se for com ela, porque se for médico homem nem pensar...
(Ametista, 33 anos, casada).
É incomodo, né? Eu não gosto não! É uma situação bem chata
mesmo, ficar com as pernas abertas, perto de um homem, ainda mais
estes estudantes que ficam fazendo estágio aí, eles são muito
novinhos, tem cara de bebê, prefiro fazer com enfermeira ou médica
quando tem....se for pra fazer com homem, vou embora de fininho
e volto nas férias da escola... ah, eu não gosto mesmo... .
(Amarilis, 38 anos, casada)
74
Estes dados confirmam o estudo de Lopes et al. (1999), que constataram
que as mulheres preferem ser atendidas por profissionais de sexo feminino,
justificando a necessidade de serem ouvidas, entendidas desvelando a
possibilidade de diálogo, se sentindo mais à vontade para perguntar e
conversar com alguém da sua identificação. A mulher necessita receber
atenção integral, e ver a saúde como algo positivo, e assim a prática do exame.
Acredita-se que a realização do exame, por mulheres, se torne mais
humanizado para a mulher, por isso ser um desejo dela. Não se deve passar a
idéia que somente mulheres realizem este exame, mas que seja oferecido à
mulher que irá se submeter ao exame, a possibilidade de escolher com quem
deseja realizar e que independente de quem realize que respeite a mulher
enquanto ser integral.
É necessário que o profissional que assiste à mulher durante o exame
preventivo do ncer uterino seja possuidor de atributos como a empatia, calor
humano, simplicidade além de ser capaz de transmitir segurança e confiança à
cliente; devendo este imaginar-se como se fosse ela mesma (MOREIRA 1995).
Na pesquisa, outro sentimento manifestado pelas mulheres foi a
insegurança em relação ao resultado do exame e os motivos desta, destacado
nas seguintes falas:
... Sei que é importante, faz parte, mas ainda fico ansiosa com o
resultado...(Azaléia, 37 anos, casada)
É mais com o resultado que a gente preocupa... fora isso acho que
tem que fazer mesmo, até para gente é uma segurança... ...(Dália, 28
anos, separada)
Fico mais preocupada com o resultado que vai chegar , do que com a
posição na mesa (Ametista, 33 anos, casada)
Fico preocupada com o resultado, de ter alguma doença grave e não
ter com quem deixar meus filhos se precisar fazer tratamento (Jade,
33 anos, casada)
Tenho medo de ter um resultado ruim. É esse o meu medo agora, eu
vim nervosa .., eu tenho medo de ter alguma coisa. (Quartzo , 37
anos, casada)
75
O câncer é uma doença crônico-degenerativa que provoca muito pavor
nas mulheres. Assim, as mulheres também relataram que se sentem tranqüilas
após a realização do exame preventivo, por saber que não possuem essa
doença tão temida por todos. Os relatos que se seguem esclarecem esse
significado:
Fico tranqüila quando faço o exame e chega o resultado, pois fico
sabendo o que está acontecendo comigo. (Flor de Liz, 29 anos,
casada)
... A gente sente-se aliviada depois, fica menos preocupada, pois é
um problema que está dando tanto, tanta mulher ta morrendo por
causa dessa doença... (Amor-Perfeito, 43 anos, separada)
Lopes et al. (1998), em seus estudos realizados com mulheres sobre
prevenção de câncer cérvico-uterino afirmam que o medo da doença é um dos
principais motivos que levam as mulheres a não buscarem o resultado do
exame citológico.
4.4. Dados sobre a avaliação do problema
As mulheres entrevistadas foram questionadas sobre o que conheciam
sobre o Programa ―Viva Mulher Trabalhadora – Um toque de Saúde‖ que
funcionava nas UBS, seu horário de funcionamento e a forma de atendimento e
como as mesmas percebiam o Programa.
4.4.1. Adesão das mulheres ao exame preventivo
Observou-se na pesquisa que, a adesão das mulheres ao exame está
relacionada aos profissionais, identificada nos depoimentos por meio de
expressões como a educação, a simpatia, a confiança e a humanização e
também aos fatores como o preconceito, as crenças e os tabus que ainda
permeiam a prática do exame e podem dificultar a adesão destas mulheres ao
exame:
76
Ah! dessa última vez que eu fiz o exame, eu me lembro muito bem
dela sim, ela era uma pessoa humana, te deixava descontraída
(Petúnia, 37 anos, casada).
Elas me atendem maravilhosamente bem! A atenção, a educação, o
respeito, a gente chega e elas já vêm com o maior carinho, vêm
sorrindo, porque tem lugares, a pessoa te fala: oi fulana, elas já
chegam: oi tudo bem, vem com brincadeira, com elas se pode
brincar! (Amor-Perfeito, 43 anos, separada)
Venho fazer o exame com pessoas que tem educação, eles não o
brutos, eles atendem com paciência e põe paciência nisso, eles
escuta o que a gente fala (Pérola, 55 anos, separada)
Quando chego para fazer o exame sempre me levam para uma sala
confortável, passam um filme, explicando o exame e depois me
chama pelo nome vontade de fazer o exame, mas quando você
não é bem tratada passa muito tempo sem realizar o exame
(Brilhante, 35 anos, casada)
Cuidar da saúde de alguém é mais que construir um objeto e intervir
sobre ele, é considerar e construir projetos sobre eles é empenhar matéria,
espírito, corpo e mente, a atitude cuidadora precisa se expandir mesmo para a
totalidade das reflexões e ações no campo da saúde (AYRES, 2001).
Merighi et al. (2002), referem que uma prática humanizada de cuidar da
saúde é aquela que desenvolva a capacidade de interação, agindo não só com
preparo técnico, mas, também com a intuição e sensibilidade, condição que
certamente contribuiria para a qualidade da assistência prestada à mulher
durante a realização do exame e para a adesão ao mesmo.
A prevenção do câncer do colo de útero e de mama é uma atividade
inerente aos profissionais que atuam na Atenção Básica, definida como
estratégica no Pacto pela Vida, pelo Ministério da Saúde e assumida
formalmente por gestores municipais (BRASIL, 2006 g). A meta estabelecida
pelo Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo de Útero é de que
pelo menos 80% das mulheres brasileiras com idade entre 25 e 59 anos
realizem anualmente o exame de Papanicolau. (BRASIL/INCA, 2009). Assim,
os profissionais responsáveis pela realização desse exame, além do preparo
técnico, têm que agir com intuição e sensibilidade para maior adesão do
público alvo.
77
Como ressaltado por Campos (1997), o trabalho em saúde assenta-se a
todo o tempo sobre relações interpessoais, por isso as pessoas devem ser
respeitadas como a outra parte essencial da relação, uma vez que sem a
existência de usuários com necessidades, não existiriam profissionais de
saúde.
4.4.2. Conhecimento do programa, horário de atendimento, e a forma que
recebeu a informação
As mulheres trabalhadoras entrevistadas quando questionadas sobre o
conhecimento do Programa ―Viva Mulher Trabalhadora - Um toque de Saúde”,
91,3% das entrevistadas relatou que a mídia escrita e falada representou o
principal meio de conhecimento sobre o programa, direta ou indiretamente, ou
seja, ou viram por si mesmas informações sobre o exame de prevenção ou
receberam informações de parentes, amigas, colegas de trabalho que tiveram
acesso aos mesmos por meio de panfletos municipais, escutaram entrevistas
em rádios locais e também assistiram a palestras nas próprias UBS, conforme
pode ser observado nos relatos:
Minha prima comentou sobre o exame e sobre a importância do
mesmo e que estão se esforçando para que as mulheres se cuidem,
inclusive trabalhando durante a noite achei legal. (Amor-Perfeito,
43 anos, separada)
Vi um cartaz grande nas ruas, chamando as mulheres para realizar o
exame preventivo de câncer, achei que era no meu bairro, um
dia, fui no centro e a cidade estava cheia desses cartazes. (Brilhante,
35 anos, casada)
Escutei a entrevista de uma enfermeira no rádio, ela explicou que as
unidades de saúde estavam funcionando a noite para fazer o exame
preventivo das mulheres que trabalham e não tem como ir durante o
dia, ela explicou também os cuidados antes do exame e a
importância de fazer o exame 1 vez por ano, achei muito importante.
(Agua Marinha, 52 anos, casada)
Quando começou a unidade a funcionar a noite no meu bairro passou
um estudante de enfermagem, acho que o nome dele é...ele entregou
um folheto explicando o dia que ia ter no meu bairro, aí eu vim.
(Pérola, 55 anos, separada)
78
Vi um folheto com as informações sobre o exame e sobre o
atendimento durante a noite. (Ametista, 33 anos, casada)
Quando fui no culto lá na minha igreja, o pastor falou que as unidades
de saúde iam funcionar a noite para exame da mulher e que era pra
gente comparecer pois, senão não ia funcionar mais. (Citrino, 39
anos, casada)
Sei que este programa funciona para fazer exame preventivo de colo
de útero e mama. É porque as unidades de saúde funcionam quando
a gente ta trabalhando quase não tempo de fazer nada, ficou
muito mais fácil cuidar da minha saúde, acho até que tinha que dar
vacina nas crianças, porque o cartão de vacina do meu filho ta
atrasado, vacino quando tem campanha. (Petúnia, 37 anos,
casada)
O horário especial de atendimento entre 19 e 21 horas é apontado por
100% das entrevistadas como um fator decisivo para a realização do exame,
que se o horário não fosse esse, não teriam como deixar o trabalho ou as
tarefas de casa para realizá-lo, conforme pode ser observado nos relatos:
Este horário que o Posto funciona a noite foi muito bom, porque se
não fosse assim eu não ia fazer o exame esse ano, comecei a
trabalhar e não posso pedir para faltar no serviço. (Petúnia, 37 anos,
casada)
Eu queria pedir para o deixar acabar esse horário que o posto
funciona, queria tamm pedir para colocar vacina, tenho um filho de
2 anos e se tivesse vacina a noite, o cartão do meu filho não ia ficar
atrasado, ―ce‖ acredita que não dei a vacina que tinha que tomar com
1 ano e 3 meses. (Pérola, 55 anos, separada)
Quando me falaram que tava tendo exame a noite, eu o acreditei,
precisei vim aqui para confirmar, agora é a segunda vez que faço
exame, o ano passado foi do mesmo jeito, to muito satisfeita. (Jade,
33 anos, casada)
No bairro onde minha irmã mora não tem esse exame a noite, por
isso falei com ela e ela hoje também veio fazer o exame. Ela até falou
que vai pedir pra fazer tamm, a gente não pode deixar o serviço
que a gente custa tanto pra conseguir para fazer exame, só tenho
patrão e eles não entendem muito essas coisas de mulher, então
venho fazer de noite, é muito bom. (Acácia, 29 anos, solteira)
.
79
Na segunda metade do século XIX, começam a ocorrer mudanças no
papel das mulheres. Suas condições de vida vão se modificando e
contradizendo a definição de papéis exclusivos de mãe e esposa. Começavam
a fazer parte do número de trabalhadores empregados nas fábricas. As
mulheres das classes sociais mais altas mostravam vontade de ter atividades
fora do lar, começavam a trocar a vida fechada do mundo doméstico e estavam
cada vez mais presentes na vida blica, ter acesso à educação, aos debates
públicos, a se juntar à força de trabalho masculino. Casam-se mais tarde,
reduzem o número de filhos contrariando a posição de passividade, modéstia e
domesticidade (ROHDEN, 2001).
A mulher muda o seu comportamento a cada década, tornando-se cada
vez mais moderna e desafiadora para as leis culturais da sociedade. A mulher
conquistou seu lugar de destaque na sociedade, papel este que cada
segmento deve tornar concreto através da valorização e igualdade de direitos
nos variados aspectos. A figura feminina que antes era tão fragilizada foi
tomando consciência de sua força e capacidade, vencendo seus medos, suas
inseguranças e ocupando um espaço que antes não lhe era permitido.
Para a implantação do Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque
de Saúdeas enfermeiras das UBS foram contactadas, no ano de 2006 pela
equipe cnica da Secretaria Municipal de Saúde, passaram por um processo
de informação e sensibilização, enfatizando a importância da captação de
mulheres trabalhadoras que não utilizavam o serviço de saúde através de
ações externas como visitas domiciliares, escolas e reuniões com a
comunidade; realização de exames de prevenção dos cânceres de mama e
colo de útero em horário noturno entre 19 e 21h, fora do período normal de
funcionamento das UBS que é de 7 às 19h; divulgação e distribuição de
material próprio para o chamamento das mulheres: cartazes, folders, cartilhas;
apoio comunitário através da utilização de rádios locais e jornais locais,
confecção de faixas, cartazes, panfletos, filipetas, permitindo o repasse de
informações quanto ao horário alternativos para a realização dos exames.
80
5. CONCLUSÃO
O Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde‖, a partir
das condições dos meios sociais, econômicos, culturais, desenvolve nas
usuárias do programa atitudes de promoção de sua saúde, da sua família e
também da comunidade a qual pertence.
A pesquisa mostrou que por meio de um exame de detecção precoce dos
cânceres de mama e colo de útero significa para as mulheres algo que impeça
a doença de acontecer, ou até mesmo estacione o processo do adoecimento.
Os dados desta pesquisa mostram que 55,5% das mulheres pesquisadas
foi composta por jovens em plena fase reprodutiva, casadas, trabalhadoras,
com carga horária de até 8 horas diárias, com renda familiar predominante de 1
salário mínimo e realizam o exame preventivo de câncer de mama e colo de
útero anualmente.
Sentimentos destacados pelas mulheres entrevistadas em relação ao
exame preventivo de câncer de mama e colo de útero como vergonha,
desconforto e medo além da insegurança quanto aos resultados deste exame,
ainda permeiam o universo das emoções femininas, porém, a adesão ao
programa, verificado na pesquisa, demonstra a possibilidade de modificação
81
deste perfil por meio de acessibilidade e ões de educação em saúde
voltadas para grupos específicos, com profissionais capacitados que devem ser
orientadas a respeito de sua saúde e de seu comportamento, propiciando
dessa forma o auto-cuidado e o conhecimento de seu corpo.
Quanto ao acesso a consulta para realização do Papanicolaou, essa
dificuldade foi minimizada com a implantação do Programa ―Viva Mulher
Trabalhadora Um toque de Saúde‖ onde a percepção de 100% das mulheres
atendidas pelo Programa foi positiva, uma vez que mostraram-se satisfeitas
com os atendimentos recebidos, pois o programa beneficia as mulheres
trabalhadoras que não encontram tempo para a realização do exame dentro
dos horários convencionais de atendimento das UBS
O Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de saúde” facilita o
acesso, realiza ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, indo ao
encontro dos princípios do SUS e da Atenção Básica.
82
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um toque de Saúde foi
indicado pela Secretaria Municipal de Saúde de Coronel Fabriciano para
concorrer ao prêmio ODM Brasil, patrocinado pelo Banco do Brasil, que
incentiva ações, programas e projetos que contribuem efetivamente para o
cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, do Governo
Federal, que será avaliado em Fevereiro de 2010. Além de desenvolver
práticas bem-sucedidas, que seja referência de política pública para sociedade
e governos; reconhecer publicamente os esforços em favor dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio.
Sugere-se que este Programa seja implementado nas demais UBS do
município, juntamente com a adoção de outras ações de promoção de saúde
como imunização e pré-natal, e que as campanhas de divulgação sejam mais
intensificadas, juntamente com a sensibilização dos gestores envolvidos nesta
prática.
83
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: Editora
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Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Editora MS,
2006 b.
______ Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio a
Descentralização. Política Nacional de Promoção à Saúde e Atenção
Básica. Brasília: Editora MS, 2006 c.
______ Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à
Descentralização. Atenção Básica. Brasília: Editora MS, 2006 d.
______ Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à
Descentralização. Diretrizes Operacionais dos Pactos Pela Vida, em
Defesa do SUS e de Gestão. Brasília: Editora MS, 2006 e.
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Editora MS, 2006 f.
______ Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
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Atenção Básica nº. 13. Brasília: Editora MS, 2006 g.
______ Ministério da Saúde. Portaria nº 399. Divulga o Pacto pela Saúde
2006 Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do
Referido Pacto. Diário Oficial da União, 22 fev. 2006 h.
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Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a
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92
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
APÊNDICE I - Roteiro para entrevista
Projeto de pesquisa: Promovendo a saúde da mulher trabalhadora no sistema público de
saúde: um estudo de caso.
Pesquisadora: Fernanda Nunes Gama
Mês da entrevista_________________UBS_________________
I DADOS SOCIOECONÔMICOS
Nome (iniciais)______________________________ Idade: _________
Estado civil: ( ) Solteira ( ) Casada/Unida ( ) Divorciada/Separada ( ) Viúva
Nível escolar: ( ) Ensino fundamental ( )Ensino médio ( ) Graduação
Número de filhos: ( ) 0 a 3 ( ) 4 a 7 ( ) Sem filhos
Profissão: ________________ Você trabalha quantas horas por dia?___________
Faixa salarial: ( ) 0 a 1 ( ) 2 a 3 ( ) acima de 4
II- DADOS DE SAÚDE
O que você sabe sobre o câncer de colo de útero e mama? Você sabe o significado destas
doenças?
Tem conhecimento dos fatores de risco para o câncer uterino e de mama? Sim ( ) Não ( )
Quais?
Você tem o hábito de realizar o auto exame das mamas?
III DADOS SOBRE A PERCEPÇÃO DO EXAME
Como você explica o conceito de prevenção?
E as formas de prevenção do câncer de colo de útero e de mama?
Conhece o exame preventivo (Papanicolaou) ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual a importância da realização do mesmo?
Já realizou o exame preventivo? ( ) Sim ( ) Não
Com qual periodicidade? ( ) Anual ( ) 3 em 3 anos ( ) 5 em 5 anos ( ) Nunca se submeteu
Você poderia descrever quais sentimentos levam as mulheres a não realização do exame
preventivo?
IV DADOS SOBRE A AVALIAÇÃO DO PROBLEMA
O que você conhece sobre o programa ―Viva Mulher Trabalhadora Um Toque de Saúde‖?
Como recebeu as informações?
Como considera o atendimento realizado no Programa ―Viva Mulher Trabalhadora‖?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
Você acha que este horário de funcionamento das Unidades de Saúde favoreceu o
atendimento /coleta de exames? Por quê?
93
APÊNDICE II
De: Fernanda Nunes Gama
Para: Secretaria Municipal de Saúde de Coronel Fabriciano
Assunto: Solicitação para realização de Pesquisa
Prezado Senhor Secretário,
Na condição de pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação Meio
Ambiente e Sustentabilidade Mestrado Profissional do Centro Universitário de
Caratinga, venho por meio desta, solicitar a autorização de V.S.ª para
desenvolver a pesquisa com título provisório: Promovendo a saúde da mulher
trabalhadora no sistema público de saúde: um estudo de caso sob minha
responsabilidade. A escolha por desenvolver a pesquisa na referida instituição,
deve-se ao fato de já ter sido implantado no município o Programa ―Viva Mulher
Trabalhadora Um toque de Saúde”.
Para operacionalizar a pesquisa, pretendo aplicar um questionário
padronizado às mulheres residentes na cidade e que irão se submeter ao
exame durante o horário de atendimento do referido Programa.
Cabe ressaltar que se trata de um Trabalho de Conclusão de Curso, sendo
exigência parcial para a obtenção do título de Mestre.
Sendo para o momento, coloco-me à disposição para o que for necessário.
Obs.: contatos pelos telefones (31)3847.3648 (residencial) ou (31)9966.9867
(celular) e pelo e-mail: [email protected]
Fernanda Nunes Gama Mestranda
Autorizado por: _______________________________________________
Data:___/___/______.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
94
APÊNDICE III - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO À PESQUISA
Eu,.......................................................................................................................................,
autorizo a pesquisadora Fernanda Nunes Gama , pesquisadora responsável, do Programa de
Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade,do Centro Universitário de Caratinga, a
incluir-me como elemento da pesquisa Promovendo a saúde da mulher trabalhadora no
sistema público de saúde: um estudo de caso.
Estou ciente do conteúdo do projeto dessa pesquisa, o qual tem como objetivos:
conhecer o conceito de prevenção, a percepção sobre o entendimento em relação ao câncer
de colo de útero e mama, seus fatores de risco e a realização do auto-exame das mamas,
dados sobre o exame de preventivo do câncer de colo de útero e mama a periodicidade e a
importância da realização da mesma, enfatizando os sentimentos em relação ao exame e
analisar a adesão das usuárias à prevenção do câncer do colo do útero e de mama, no
programa Viva Mulher Trabalhadora, nas Unidades Básicas de Saúde, do município de Coronel
Fabriciano - Minas Gerais.
Também me foi informado que nessa investigação será aplicado, um questionário semi-
estruturado, no período de setembro à dezembro do corrente ano, estes serão aplicados a 120
mulheres residentes na cidade de Coronel Fabriciano que irão se submeter ao exame de
preventivo de câncer de colo de útero e mama nos diversos setores, durante o atendimento no
Programa Viva Mulher Trabalhadora Um toque de saúde.
O pesquisador me assegurou que o material por mim fornecido será utilizado apenas
para fins dessa pesquisa e para a publicação de seu resultado e que posso interromper, a
qualquer momento, a minha participação sem qualquer prejuízo, bem como impedir a utilização
desse material.
Além disso, me foi garantido que minha identidade será mantida em sigilo e que minha
participação não envolve qualquer custo financeiro, mas, caso ocorra, será ressarcido pelo
pesquisador.
Coronel Fabriciano Minas Gerais, ____ de __________________ de 2008.
________________________________ _____________________________
Assinatura do (a) participante RG
Termo de compromisso:
Comprometo-me a utilizar as informações fornecidas na entrevista obedecendo aos termos do
presente consentimento informado. Garanto ainda que os resultados sejam apresentados aos
(às) participantes que manifestarem o interesse na forma de entrega do artigo científico.
Data: ____/____/_____
Fernanda Nunes Gama Coren MG 58497
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