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Raquel Eloísa Eisenkraemer
ARMADILHAS COGNITIVAS:
A CONSTRUÇÃO DE MEMÓRIAS VERDADEIRAS E FALSAS DURANTE A
LEITURA
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Letras Mestrado, Área de Concentração em Leitura e
Cognição, Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras.
Orientador: Prof. Dr. Rosângela Gabriel
Santa Cruz do Sul, novembro de 2008
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Raquel Eloísa Eisenkraemer
ARMADILHAS COGNITIVAS:
A CONSTRUÇÃO DE MEMÓRIAS VERDADEIRAS E FALSAS DURANTE A
LEITURA
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Letras Mestrado, Área de Concentração em Leitura e
Cognição, Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Letras.
Rosângela Gabriel
Doutora em Lingüística Aplicada – PUCRS
Professora Orientadora (Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC)
Lilian Milnitsky Stein
Doutora em Psicologia Cognitiva (University of Arizona – Estados Unidos)
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS
Onici Claro Flôres
Doutora em Lingüística e Letras (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS)
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC
Santa Cruz do Sul, 24 de novembro de 2008
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Para aqueles que fazem parte da minha história,
que estão sempre presentes nas ruas e becos escuros da memória,
uma “velha cidade de traições”.
(A expressão grifada é do conto O homem célebre, de Machado de Assis, 1882.)
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AGRADECIMENTOS
Cada pessoa que passa em nossa vida é única: sempre deixa um pouco de si
e leva um pouco de nós. Há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram
nada (O Pequeno Príncipe).
Agradeço aos professores e colegas do Programa de Pós-Graduação em
Letras Mestrado, pelo ensinamento e amizade e, em especial, à Dra. Rosângela
Gabriel, pela orientação dedicada, pela sabedoria transmitida no estímulo às minhas
próprias descobertas; pelo encorajamento na realização deste trabalho e sua
disposição em "abrir portas", acreditando em meu potencial desde a pesquisa de
monografia da graduação.
Aos professores Dr. Ronie Alexsandro Teles da Silveira, do Departamento de
Ciências Humanas da UNISC, Dr. Onici Claro Flôres e Dr. Lilian Rodrigues da Cruz,
do Programa de Pós-Graduação em Letras da UNISC, pela leitura da proposta inicial
e pelos comentários realizados.
Ao bolsista do Programa de Pós-Graduação em Letras Mestrado, Jorge
Schmidt, pelo auxílio no desenvolvimento de software para a coleta de dados, e ao
professor Ms. Renato Michel, do Núcleo de Pesquisa Social/NUPES da UNISC, pela
ajuda na tabulação dos dados e análise estatística.
Àqueles que contribuíram com seus conhecimentos em outras línguas,
inclusive a inglesa, a espanhola e a francesa, permitindo meu acesso à leitura de
artigos estrangeiros.
Aos alunos das instituições educacionais que se dispuseram a realizar as
tarefas da coleta de dados.
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a concretização deste
sonho. Que os versos do dia-a-dia formem os mais belos poemas da poesia da
vida... Muito obrigada a todos!
5
Lembrança autêntica é gratuita e instantânea.
Lembrança insistente é saudade.
Lembrança recorrente é insegurança.
Lembrança onipresente é obsessão.
Falta de memória não inibe a profusão de lembranças.
(Autor desconhecido)
6
RESUMO
O interesse nos estudos da falsificação da memória, na capacidade de recordar
eventos que na realidade não ocorreram vem crescendo. Quando conversamos com
outras pessoas, ou somos interrogados sugestivamente, ou lemos ou vemos a
cobertura da mídia sobre algum evento, e até mesmo, quando experienciamos
algum fato de fundo emocional forte, estamos sujeitos a informações enganosas,
que têm o potencial de invadir nossas recordações. A que ponto podemos confiar
nas memórias construídas a partir da leitura? Esta pesquisa visou investigar como
as falsas memórias podem surgir na leitura e qual a sua relação com o
conhecimento prévio dos leitores. Foram coletados dados em dois grupos: um
formado por vinte acadêmicos de Letras (denominado CP+: Conhecimento Prévio
Maior) e outro por vinte alunos da Educação de Jovens e Adultos/EJA, do Ensino
Fundamental (CP-: Conhecimento Prévio Menor). Os sujeitos leram um texto,
realizaram uma tarefa de distração e, em seguida, resolveram um teste de memória
de reconhecimento imediato constituído de questões de múltipla escolha (ME) e de
verdadeiro e falso (VF), ambos envolvendo itens-alvo (AL), distratores críticos (DC) e
distratores não-relacionados (DNR). Os dados coletados foram tratados através de
análise qualitativa e quantitativa (ANOVA). Os resultados apontaram diferenças no
índice de falsas memórias entre os grupos e entre o tipo de atividade proposto. Nas
questões de ME, a média de aceitação de itens AL foi semelhante para CP- e CP+.
a média de aceitação de DC no grupo CP+ foi muito acima que no grupo CP-,
isso quer dizer que houve mais falsas memórias no grupo CP+; a média de
aceitação de DNR por CP- foi muito maior. Nas questões VF, a média de aceitação
de AL é semelhante nos dois grupos; quanto à aceitação de DC, a média de falsas
memórias cai no grupo CP+ e aumenta no grupo CP-, além disso, aumenta a média
de aceitação de DNR do grupo CP+ em relação às questões de ME, assim, nessas
atividades, CP+ demonstrou uma maior média de respostas sem base mnemônica
que no outro bloco. O conhecimento prévio do leitor parece interferir na emergência
de falsas memórias num maior ou menor nível, dependendo de quanto esse
conhecimento prévio está relacionado ao tema da leitura.
Palavras-chave: memória, falsas memórias, conhecimento prévio, leitura,
compreensão textual.
7
ABSTRACT
There is a growing interest in the study of memory falsification the capacity of
recalling events that did not actually occur. When we talk with people, hear inducing
questions, read or hear media coverage about events, or even when we experience
strong emotions, we are subject to false information with the potential to interfere in
our memories. Up to what extent can we trust our memories built from readings?
This research seeks to investigate how false memories can be created from reading
and their relation with the reader’s previous knowledge. Data were collected from two
groups: one made up of twenty college students majoring in languages, and the
other made up of young adults getting their late elementary education. The subjects
read a text, performed a distracting activity, and immediately after were submitted to
a memory quick recollection test made up of multiple-choice (ME) and false vs. true
(VF) questions referring to target items (AL), critical distracting items (DC), and
unrelated distracting items (DNR). The data collected were analyzed qualitatively and
quantitatively through ANOVA. The results show differences in the false memory
levels across the groups and kinds of activities proposed. The average acceptance of
AL items in ME questions was similar for CP- (level of previous knowledge for
subjects without college education) and CP+ (level of previous knowledge for
subjects with college education). The average acceptance of DC in the CP+ group
was well above that of the CP-. This means that there were more false memories in
the CP+; the DNR acceptance average in the CP- group was significantly higher. In
VF questions the average AL acceptance is similar for the two groups; but for DC
acceptance the false memories average drops in the CP+ group and increases in the
CP- group. In addition, the DNR acceptance average increases in the CP+ group.
Therefore, in these activities CP+ demonstrated a higher average of answers without
mnemonic basis than the other group. We conclude that the reader's previous
knowledge seems to interfere in the emergence of false memories in a higher or
lesser degree, depending on how related this previous knowledge is to the subject of
the text.
Keywords: memory, false memories, previous knowledge, reading, reading
comprehension.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
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Formação da memória e sinapses ..............................................................
Operações básicas da memória ..................................................................
Esquema da estrutura da memória humana ...............................................
Caminhos e processos da memória ............................................................
Localização do lobos (lóbulos) cerebrais ....................................................
Distribuição dos sujeitos participantes da coleta de dados .........................
Tela para a tarefa do Resumo do texto .......................................................
Exemplo de questão de Múltipla Escolha ...................................................
Exemplo de questão de Verdadeiro e Falso ...............................................
Etapas do Teste de Memória ......................................................................
Distribuição das categorias entre as questões de Múltipla Escolha e
Verdadeiro e Falso ......................................................................................
Demonstrativo do número de respostas aceitas para cada tipo (AL, DC e
DNR) nas questões de Múltipla Escolha – Grupo CP- ................................
Demonstrativo do número de respostas aceitas para cada tipo (AL, DC e
DNR) nas questões de Verdadeiro e Falso – Grupo CP- ...........................
Demonstrativo do número de respostas aceitas para cada tipo (AL, DC e
DNR) nas questões de Múltipla Escolha – Grupo CP+ ...............................
Demonstrativo do número de respostas aceitas para cada tipo (AL, DC e
DNR) nas questões de Verdadeiro e Falso – Grupo CP+ ..........................
Correspondência para as variáveis usadas pela ANOVA ...........................
Síntese da aceitação dos itens AL, DC e DNR nas questões de Múltipla
Escolha ........................................................................................................
Síntese da aceitação dos itens AL, DC e DNR nas questões de
Verdadeiro e Falso ......................................................................................
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LISTA DE TABELAS
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Resultado das questões de Múltipla Escolha do Grupo CP- ......................
Resultado das questões de Verdadeiro e Falso do Grupo CP- ..................
Resultado das questões de Múltipla Escolha do Grupo CP+ .....................
Resultado das questões de Verdadeiro e Falso do Grupo CP+ .................
Medidas descritivas para as questões de ME ............................................
Testes multivariados ...................................................................................
Comparação entre os tipos de resposta .....................................................
Medidas descritivas para as questões de VF .............................................
Comparação entre os tipos de resposta .....................................................
Resumo dos resultados (proporção) ...........................................................
Resumo dos resultados (número de respostas) .........................................
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152
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
1 COGNIÇÃO ........................................................................................................ 16
2 MEMÓRIA .......................................................................................................... 23
2.1 Breve histórico dos estudos sobre memória ................................................... 24
2.2 Descrevendo a memória ................................................................................. 32
2.2.1 Modelos teóricos de estudo da memória ..................................................... 39
2.2.2 Tipos de memória ......................................................................................... 41
2.3 Armadilhas da memória: memórias verdadeiras e falsas ............................... 54
2.3.1 Lembrando do que não aconteceu: as falsas memórias .............................. 57
2.3.2 Taxionomia das falsa memórias ................................................................... 60
2.3.2.1 Falsas memórias espontâneas e sugeridas .............................................. 62
2.3.2.2 Memória literal e de essência .................................................................... 65
2.3.2.3 Memória semântica e episódica na análise das falsas memórias ............ 66
2.3.3 Modelos teóricos de estudo das falsas memórias ....................................... 69
2.3.3.1 Modelo construtivista ou teoria dos esquemas ......................................... 70
2.3.3.2 Modelo do monitoramento da fonte de informação ................................... 72
2.3.3.3 Modelo da teoria do traço difuso ............................................................... 73
2.3.4 Processos de recuperação da memória ....................................................... 75
2.3.4.1 Procedimento DRM ................................................................................... 77
3 LINGUAGEM ..................................................................................................... 79
3.1 Leitura: um enigma cognitivo .......................................................................... 82
3.2 Compreensão em leitura, contexto e construção de sentidos ........................ 86
3.2.1 Compreensão textual: construção do modelo situacional de Kintsch .......... 94
3.3 Memória na leitura: conhecimento prévio ....................................................... 98
4 A CONSTRUÇÃO DE MEMÓRIAS VERDADEIRAS E FALSAS DURANTE A
LEITURA: UMA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA .................................................... 102
4.1 Problemas de pesquisa ................................................................................... 103
4.2 Objetivos ......................................................................................................... 104
4.2.1 Geral ............................................................................................................. 104
4.2.2 Específicos ................................................................................................... 105
4.3 Hipóteses ........................................................................................................ 105
4.4 Metodologia de coleta e tratamento dos dados .............................................. 106
4.4.1 Sujeitos ......................................................................................................... 107
4.4.2 Constituição dos instrumentos para coleta dos dados .................................
4.4.3 Procedimentos para coleta dos dados .........................................................
108
115
11
4.5 Apresentação e discussão dos dados ............................................................. 117
4.5.1 Grupo 1: CP- (Conhecimento Prévio Menor) ...............................................
4.5.1.1 Resumo e Reescrita dos sujeitos ..............................................................
4.5.1.2 Questões de Múltipla Escolha ...................................................................
4.5.1.3 Questões de Verdadeiro e Falso ...............................................................
4.5.2 Grupo 2: CP+ (Conhecimento Prévio Maior) ...............................................
4.5.2.1 Resumo e Reescrita dos sujeitos ..............................................................
4.5.2.2 Questões de Múltipla Escolha ...................................................................
4.5.2.3 Questões de Verdadeiro e Falso ...............................................................
4.5.3 Comparação intergrupos: CP- versus CP+ .................................................
4.5.3.1 Resumo e Reescrita dos sujeitos ..............................................................
4.5.3.2 Questões de Múltipla Escolha ...................................................................
4.5.3.3 Questões de Verdadeiro e Falso ...............................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................
REFERÊNCIAS .....................................................................................................
ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................
117
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163
177
ANEXO B – Texto para testagem .........................................................................
ANEXO C – Print screen do software para coleta de dados (Instrumento para o
Teste de Memória) ................................................................................................
178
179
12
INTRODUÇÃO
Recentemente, temos tomado conhecimento de casos, principalmente
relacionados à área jurídica e psicoterápica, referentes a, por exemplo, réus e
pacientes, que admitem ter feito algo que não fizeram ou que simplesmente não
aconteceu. A psicóloga cognitiva Elizabeth Loftus (1989; 1993; 1995; 1996; 1997;
1998; 2003a; 2003b) dedica-se anos a estudos que descrevem a criação de
falsas memórias, ou seja, à elaboração e análise de fenômenos em que pessoas se
apropriam de histórias e fatos alheios a si, a partir da sugestão de informações por
outros, e até mesmo através de autosugestão, referindo-as como se houvessem
acontecido.
Na teorização a respeito da memória, cada evocação de uma lembrança tende
a ocasionar um novo armazenamento, que, por sua vez, pode ser arquivado
juntamente com o contexto de cada situação rememorada; a memória, então, não é
reprodutiva, ela é um mecanismo de reconstrução, que engloba aspectos
perceptivos, ativos e objetivos, e também sentimentais, imaginários e pessoais,
como a própria trajetória de nossos pensamentos ao longo da nossa vida; além
disso, ela pode codificar as informações de forma fragmentada, distribuída,
armazenando-as em várias áreas do cérebro (SQUIRE; KANDEL, 2003; JAFFARD,
2006; FIELDS, 2006a; FUSTER, 2006; IZQUIERDO, 2002, 2004b; KINTSCH, 1998).
Assim, a informação original sofre alterações, quer dizer, é enriquecida com detalhes
e informações adicionais, os quais a corrigem, centram, reescrevem ou
reconfiguram, e até mesmo preenchem lacunas informativas com passagens que
simplesmente não foram vivenciadas. E é justamente nesse momento que se criam
as falsas memórias.
13
A memória é fundamental para as atividades cognitivas e para a própria
sobrevivência. Schacter (2003, p. 12) argumenta que a “memória desempenha um
papel tão abrangente no nosso cotidiano”, mas nos damos conta disso quando
um “incidente provocado por um esquecimento ou distorção exige a nossa atenção”.
É enorme nossa capacidade de estarmos sempre expandindo nossas realizações
humanas e mudanças culturais; de nosso encéfalo capturar o que aprendemos e
ensinamos, apesar de o encéfalo humano não ter aumentado de forma significativa
desde o Homo sapiens; e também da capacidade de criarmos um evento que nunca
existiu, transformando realidade, pensamento e sentimento.
A corroboração de um evento por uma pessoa pode ser uma técnica poderosa
para induzir a uma falsa memória; na verdade, o fato de afirmar ter visto uma
pessoa fazendo algo errado, por exemplo, pode ser suficiente para conduzir outra a
uma falsa conclusão. Uma falsa evidência, por vezes, induz um indivíduo a aceitar a
culpa por um crime que não cometeu e, até mesmo, a desenvolver recordações para
apoiar os seus sentimentos de culpa. Daí o grande interesse sobre o estudo de
falsas memórias para a área jurídica; mas, além dos casos arrolados no âmbito
judiciário, as pesquisas também trazem dados ocorridos na área médica. Pessoas
que tiveram experiências de quase morte, decorrentes de coma profundo, parada
cardíaca, etc., por vezes, “retornam” à vida com relatos de “lembranças” do “outro
mundo”, de visões de uma “luz no fundo do túnel”, do encontro com parentes,
amigos, enfim. Os estudiosos discutem se tais rememorações poderiam ser
consideradas como falsas memórias.
Loftus (1997, 2007) alerta para a necessidade de os profissionais do âmbito
terapêutico, sejam eles psicólogos, psiquiatras ou qualquer outro profissional da
saúde mental, bem como os defensores ou acusadores jurídicos, estarem atentos à
sua capacidade de influenciar a lembrança de eventos e a manterem a moderação
em situações nas quais a imaginação é usada como auxílio para recuperar
memórias presumivelmente perdidas. Assim, conforme a pesquisadora, a prática de
submeter um indivíduo a múltiplas entrevistas, com o propósito de obter um relato
mais fidedigno dos fatos, pode ser falaciosa. A sugestão de informações tem a força
de alterar e transformar um evento real. Assim, até que ponto podemos confiar em
14
nossas lembranças? Se temos boa memória, tendemos a confiar em nossas
lembranças, mas os mecanismos que as elaboram pedem cautela.
No âmbito da Psicologia Experimental e da Psicologia Cognitiva, considera-se
que as falsas memórias sejam geradas de duas formas alternativas: ou emergem
espontaneamente ou de maneira autosugerida. As memórias espontâneas resultam
do processo normal de compreensão, isto é, são fruto de distorções mnemônicas
endógenas. as memórias induzidas decorrem de informações sugeridas por
alguém, sendo assumidas pelo sujeito como verdadeiras ou vivenciadas.
A indução a uma falsa memória pode se dar tanto através de uma interação
oral quanto através da interação com o texto escrito. Num ato de leitura, o leitor, por
falta de conhecimento prévio, pode não saber quase nada a respeito de determinado
domínio de estudo ou sobre um dado modo de produção. Para obter uma
compreensão global e efetiva do que lê, no entanto, ele buscará preencher as
lacunas com informações familiares, nem sempre compatíveis com as idéias
enunciadas no texto. Posteriormente, se questionado sobre o texto lido, poderá
lembrar-se de determinada informação como sendo dada no texto. No entanto, essa
informação, de fato, poderá ser “inventada” ou inferida, e em tal situação se
caracterizaria a emergência de uma falsa memória. Além disso, outras pessoas
podem influenciar o leitor afirmando, por exemplo, que certas informações constam
em um dado texto, e ele, a partir daí, teria sua visão retrospectiva fortemente
influenciada por esses informantes, reconfigurando o texto lido, tornando-se, então,
autor de um novo texto, que não mais seria aquele originado de sua leitura inicial. O
mesmo pode acontecer com sujeitos detentores de vasto domínio de conhecimento,
que podem expandir as idéias de um texto, agregando-lhe seu conhecimento prévio,
adicionando, possivelmente, falsas memórias ao dito no texto.
Até o presente momento não conhecemos nenhum estudo que trate desse tipo
de falsa memória, emergente a partir da leitura. Em vista disso, este estudo visa a
relacionar, teórica e empiricamente, os conceitos advindos das áreas da Psicologia
Experimental e da Psicologia Cognitiva à questão da leitura, não apenas à questão
das lembranças de fatos (narrativas autobiográficas), como descritos nas pesquisas
existentes, mas à relação do conhecimento prévio com as memórias a partir da
15
leitura. Uma das nossas pretensões é, pois, investigar o papel do conhecimento
prévio para a leitura e a possibilidade de formulação de inferências devido à falta ou
ao excesso desse conhecimento, o que poderá ocasionar o surgimento de falsas
memórias, uma vez que a leitura ativa a memória e busca uma associação com o
conhecimento prévio, sendo essas memórias apropriadas ou não aos elementos
lingüísticos e extralingüísticos em que se basearam.
O presente estudo, do primeiro ao terceiro capítulo, apresenta um compilado
teórico não-exaustivo acerca das pesquisas existentes sobre as temáticas memória
e linguagem, relacionando-as aos aspectos cognitivos; sendo que, dessa forma,
abordaremos desde o processo de leitura, compreensão em leitura e construção de
sentidos, modelo situacional (KINTSCH, 1998), conhecimento prévio e inferências,
aos aspectos das memórias (verdadeiras e falsas). o quarto capítulo descreve a
metodologia traçada para aplicar a teoria abordada à construção de memórias
verdadeiras e falsas durante a leitura. Em seguida, ainda no quarto capítulo, são
apresentados e analisados os resultados. A conclusão traz considerações sobre os
instrumentos utilizados e fornece uma avaliação das hipóteses à luz do referencial
teórico utilizado.
16
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