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A RETA, A CURVA E O SOM
A integrAção dA AcústicA Ao projeto A pArtir do Arquiteto
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Apesar das tentativas individuais de inserir a acústica na elaboração do projeto, ela ainda é
insuciente. Falta material didático proposto com linguagem clara e ilustrado com situações de
projeto que estabeleçam a conexão entre os fenômenos sonoros e a arquitetura.
Abordar a questão sonora em qualquer tempo do projeto é sempre positivo. Porem, quanto mais
precocemente isto for feito, melhor. A necessidade de adoção da ventilação natural nos edifícios
impõe uma discussão paralela sobre o som. Porém, este é um, entre tantos outros aspectos
signicativos, que entrelaçam a acústica às decisões do projeto, e que necessitam ser aplicados
desde o início dos estudos. Por outro lado, no cronograma do curso, quando a acústica é abordada
na disciplina de conforto ambiental, o estudo preliminar do projeto de escola já está numa etapa
avançada, dicultando a revisão da proposta e a colaboração dos especialistas no tempo adequado.
Nas respostas dos arquitetos, durante as entrevistas, destacam-se duas grandes preocupações:
o usuário e a qualidade do espaço. Todos, indistintamente, querem, de alguma maneira, oferecer
o melhor espacialmente para alunos, professores e visitantes. Preocupam-se com os elementos
climáticos, com as características do sítio, com a identidade do edifício e seu papel político na
formação do aluno, com suas dimensões, com a segurança dos discentes e com os espaços de vivência.
Entretanto, nenhum se referiu ao som, elemento substancial na qualidade espacial de escolas.
Na abordagem sobre o objetivo do projeto, os arquitetos mesclam preocupações com o indivíduo e
com as soluções na arquitetura a m de tornar os espaços adequados e estimulantes para os usuários.
E novamente referem-se apenas ao sol, a luz e aos ventos como os elementos ambientais que precisam
ser bem solucionados no projeto. Não há reconhecimento do som como um dos componentes do
tripé de conforto ambiental. Exatamente como os alunos e professores, os arquitetos só valorizam
dois sentidos : visão e tato.
Quanto à contratação de consultores, diferentes prossionais são relacionados, porém o único
arquiteto que mencionou a acústica, apenas informa que tem ciência de que existem consultores
dessa área, mas que não trabalhou com nenhum. Inicialmente alguns pensam em prossionais da
área pedagógica. Porém, ca muito evidente, a partir da lista de consultores descrita, que a estrutura
e as instalações em geral que priorizadas. As respostas não deixam transparecer se os arquitetos
não contratam um consultor em acústica porque dominam o tema ou porque a desconsideram. No
entanto, tomando por base respostas anteriores, parece que não contratam porque não vêm relação
signicativa com o som. Se o tema fosse, por exemplo, teatro a associação seria imediata.
Os projetos citados como referência foram ilustrativos para compreendermos o que os arquitetos
valorizam nos projetos. Dos exemplos citados, podemos entender, por analogia, que prezam a
expressão formal e a tecnologia, a permeabilidade, a durabilidade e a exibilidade dos espaços.
Algumas escolhas também indicam que, para alguns arquitetos, a acústica não faz parte do elenco
que qualica uma boa arquitetura.
Os projetos de arquitetos europeus e americanos citados trazem como marca comum a aplicação
de novos conceitos formais e pedagógicos. Nos europeus, por vêzes, a funcionalidade se sobrepõe à
forma. No entanto, por pertencerem a culturas muito diferentes da nossa, ca difícil estabelecer um
comparativo no campo sonoro, porque o comportamento dos usuários se modica radicalmente.
Inclusive a legislação urbana e edilícia é muito mais rigorosa quanto à questão sonora. Porém,
observa-se que são arquiteturas que se voltam mais para o interior do lote criando uma atmosfera
independente do entorno. As dimensões dos terrenos são mais generosas e as localidades, em
muitos casos, menos adensadas. De certa maneira, todas essas características parecem ser desejadas
pelo arquiteto.
Ao perguntarmos aos arquitetos sobre o melhor projeto de escola desenvolvido por cada um deles,
nossa intenção era ter, em alguma resposta, a qualidade sonora da edicação destacada, entre outros
predicados do edifício. Porém, apenas um, entre os cinco respondentes mencionou a acústica,