de prosperidade e de grande fluxo de pessoas, enquanto os roubos e furtos são
característicos das fases de crise política e econômica.
Entre 1921 e 1926 aumentou a presença de lavradores na cidade, permanecendo
significativa o número de ferroviários e comerciantes. A novidade nesta segunda etapa de
vida da comunidade três-lagoense foi o significativo número de mulheres “domésticas”, de
militares, fazendeiros, trabalhadores rurais e funcionários públicos. Também, as atividades
relacionadas a serviços urbanos, que estiveram praticamente em falta nos primeiros cinco
anos, traduziam, o que é óbvio, a formação urbana. Assim sendo, no início da década de
1920, o tipógrafo, açougueiro, músico, costureira, hoteleiro, padeiro, todos eles
preencheram o crisol humano (MENDONÇA, 1991, p. 420).
No período de 1927-32 a população se estabilizou, mantendo em destaque as
atividades de ferroviários, lavradores, militares, comerciantes, domésticas e funcionários
públicos. Após 1931, novas profissões urbanas apareceram, algumas muito significativas,
como por exemplo, a de motorista. Neste tempo, o carro passava a circular nesta região,
que antes era somente cerrado. Entre 1933-38 o número de lavradores cresce, tomando o
espaço de destaque quantitativo no mercado de trabalho, que antes era dos comerciantes e
ferroviários. Apenas em 1944 surge a profissão de guarda-noturno, o que resultou da onda
de assaltos à época (MENDONÇA, 1991, p. 421).
Ainda em fins da década de 1930, os negócios de criação de gado e agricultura
eram beneficiados pelo transporte disponibilizado por meio da NOB, permitindo o
crescimento da população e do número de trabalhadores rurais, tanto em Três Lagoas
quanto em seus distritos, como: Água Clara, Garcias, Vestia, Xavantina, e Alto Sucuriú
(CATTANIO, 1976, p. 15).
Em torno da cidade de Três Lagoas, o comércio atacadista, “o alto comércio”, as
casas fornecedoras de gêneros de primeira necessidade, a rede de serviços, a feira de gado,
o mercado, a mesa de rendas, a estação de viação férrea, as praças e igrejas eram todos
pontos de fluxo (MENDONÇA, 1991, p. 100).
Pelegrina (2000, p. 41), frisa que até 1947, as principais fontes de capital de giro de
Três Lagoas eram a pecuária, a estrada de ferro e a guarnição militar. O comércio, mesmo
pequeno, favorecia a uma enorme região, mas de pequena densidade demográfica. A
prefeitura pouco tinha a oferecer, a não ser zelar as ruas, capinando o mato. Pelegrina não
deixou de admirar o crescimento de Três Lagoas: “Depois de quarenta e cinco anos, volto à
cidade e, ao vê-la com tanta pujança, exclamo:- Três Lagoas quem te viu quem te vê!”.
Em 1920 chegaram os primeiros protestantes batistas à cidade, sendo eles