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proposta aqui será a de estabelecer o “ciberespaço” como a nova infra-estrutura
material da comunicação digital que surge da interconexão mundial dos computadores
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para, então, entender a “cibercultura” como o conceito que “especifica o conjunto de
técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e
de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY,
1999, p.17). Os vetores centrais da cibercultura são: a aceleração da interconectividade
global, a efervescência das comunidades virtuais e a constituição de uma inteligência
coletiva universal.
Nesse sentido, são os novos dispositivos informacionais
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e comunicacionais
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presentes na realidade do ciberespaço, os maiores portadores das mutações culturais
expressas no paradigma da cibercultura. Trata-se de um novo espaço de comunicação,
de sociabilidade, de organização e de transação, mas também um novo mercado da
informação e do conhecimento que fortalece um estilo de relacionamento quase
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“Um computador conectado ao ciberespaço pode recorrer às capacidades de memória e cálculo de
outros computadores da rede (que, por sua vez, fazem o mesmo), e também a diversos aparelhos
distantes de leitura e exibição de informações. Todas as funções da informática são distribuíveis e, cada
vez mais, distribuídas. O computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um componente
universal da rede universal calculante. Suas funções pulverizadas infiltram cada elemento do tecno-
cosmos. No limite, há apenas um único computador, mas é impossível traçar seus limites, definir seu
contorno. É um computador cujo centro está em toda parte e a circunferência em lugar algum, um
computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante, inacabado: o ciberespaço em si” (LÉVY, 1999, p.44).
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Existem dois tipos de dispositivos informacionais originados no ciberespaço: o mundo virtual e a
informação em fluxo. O mundo virtual representa o princípio da imersão, onde as informações são
apresentadas ao cibernauta de forma contínua no espaço de seu percurso. A informação em fluxo
representa dados em permanente modificação, dispersos entre memórias e interconexões, que podem
ser percorridos, filtrados e apresentados ao cibernauta de acordo com as suas instruções através de
programas ou de ferramentas de auxílio à navegação (LÈVY, 1999).
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O dispositivo comunicacional estabelece o tipo de relação dos participantes da comunicação. Podemos
distinguir três grandes categorias de dispositivos comunicacionais: um-todos, um-um e todos-todos. A
imprensa, o rádio e a televisão são meios de comunicação um-todos: para um emissor há um grande
número de receptores passivos e dispersos. O telefone, por exemplo, já possibilita relações recíprocas
entre emissor e receptor, mas, no entanto, os contatos são ponto a ponto (comunicação um-um). O
ciberespaço, por sua vez, torna disponível um dispositivo comunicacional original, na medida em que
permite a formação de comunidades cooperativas: comunicação todos-todos (LÈVY, 1999).