Download PDF
ads:
IZABEL MASSAKO TAKAHIRA DELGADO
APLICABILIDADE DAS ARGILAS DO MUNICÍPIO DE
SAPOPEMA E CURIÚVA (PR) NA INDÚSTRIA CERÂMICA
ARTESANAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO CONTEXTO
SÓCIOECONÔMICO
Londrina
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
I
ZABEL MASSAKO TAKAHIRA DELGADO
APLICABILIDADE DAS ARGILAS DO MUNICÍPIO DE
SAPOPEMA E CURIÚVA (PR) NA INDÚSTRIA CERÂMICA
ARTESANAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO CONTEXTO
SÓCIOECONÔMICO
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado em Geografia, Meio Ambiente e
Desenvolvimento da Universidade Estadual de
Londrina.
Orientador: Prof. Dr. José P. P. Pinese
Londrina
2005
ads:
Catalogação na publicação elçaborada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da Universidade de Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
D352a Delgado, Izabel Massako Takahira.
Aplicabilidade das argilas do município de Sapopema e Curiúva (PR)
na indústria cerâmica artesanal e suas implicações no contexto
sócioeconômico / Izabel Massako Takahira Delgado. – Londrina, 2005.
102f. : il.
Orientador: José Paulo Peccinini Pinese.
Dissertação (Mestrado em Geografia e Meio Ambiente) –
Universidade Estadual de Londrina, 2005.
Bibliografia: f.77-81.
1.Argila –Artesanato – Teses. 2.Sapopema (PR) – Geoquímica – Teses.
3.Curiuva (PR) – Geoquímica – Teses. 4.Artesanato – Aspectos sociais –
Teses. 5.Artesanato – Aspectos econômicos – Teses. I.Pinese, José Paulo
Peccinini. II.Universidade Estadual de Londrina. III. Título.
IZABEL MASSAKO TAKAHIRA DELGADO
APLICABILIDADE DAS ARGILAS DO MUNICÍPIO DE
SAPOPEMA E CURIÚVA (PR) NA INDÚSTRIA CERÂMICA
ARTESANAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO CONTEXTO
SÓCIOECONÔMICO
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. José Paulo P. Pinese.
Universidade Estadual de Londrina
______________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Alice Yatiyo Asari
Universidade Estadual de Londrina
______________________________________
Prof
.
Dr. Antonio A. Silva Alfaya
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 28 de novembro de 2005.
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus queridos marido e filha,
MARTINS e LÍVIA, pelo amor e paciência,
Ofereço aos meus pais,
TANO e YOKICHI TAKAHIRA
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. José Paulo P. Pinese, Prof. Dr. Antonio A. Silva Alfaya e a Prof
a
.
Dr
a
. Alice Yatiyo Asari pela orientação e apoio durante a execução deste trabalho;
Ao Departamento de Geociências da UEL através de seus técnicos, coordenadores
e professores;
À Minerais do Paraná – Mineropar, pela cessão de mapas geológicos do Estado e
outros dados da sua biblioteca;
Ao pesquisador e Dr. Luciano Cordeiro de Loyola, da Mineropar;
Ao Centro de Pesquisa do Governo de Nagasaki (Ceramic Research Center of
Nagasaki) que efetuou as análises, no qual não seria possível a conclusão deste
trabalho, em especial ao Mestre e Amigo, Professor Kunio Oogushi;
Aos amigos José Carlos e Patrícia, pela amizade e companheirismo em todas as
horas.
A Prefeitura Municipal de Sapopema, e em particular a “ Dona Vera “ um
agradecimento especial.
Ao Sr Jorge Ferreira de Melo e Dona Dejanira pela entrevista concedida.
A Professora Maria Cherlovski criadora do projeto “Oficina de Cerâmica” e ao
professor Ubirajara De Senatore por oferecer a oportunidade de participar do projeto
como supervisora.
A Mônica Carafa Lira por ceder fotografias do artesanato de goiabeiras.
DELGADO, Izabel Massako Takahira. Aplicabilidade das argilas do município de
Sapopema e Curiúva (PR) na indústria cerâmica artesanal e suas implicações
no contexto socioeconômico. 2005 99f. Projeto de Mestrado em Geografia, Meio
Ambiente e Desenvolvimento). Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina,
2005.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal a caracterização do material argiloso da
região ceramista do Município de Sapopema, Estado do Paraná, e a verificação do
potencial cerâmico daquele material mineral, para fins comerciais, visando a
dinamização da economia local naquela região. As argilas coletadas foram
caracterizadas através de análises morfológicas, granulométricas, químicas,
mineralógicas e micromorfológicas. Foram realizadas as análises por Difração de
Raios-X (DRX), Retração linear de queima e Adsorção de água. Tais resultados,
permitiram avaliar o grau de refratariedade, estabilidade de queima, determinar a
composição dos elementos químicos e sua quantidade, indicando que tipos de
material deverão ser adicionados em uma determinada composição para a obtenção
de uma massa cerâmica com menor retração linear de queima, menor ou maior
absorção d’água ou menor percentual de perda ao fogo. Este conhecimento
técnico-científico da matéria prima, culminará na diminuição dos desperdícios desse
material, permitindo maior diversificação dos produtos, minimização de custos e
principalmente a melhoria na qualidade do produto. Outro aspecto abordado neste
trabalho foi a questão ambiental. A mineração de argila e lenha são os principais
fatores do impacto ambiental negativo da atividade oleira. Desse modo, o presente
trabalho, sugere soluções e alternativas que visem aliar o compromisso com o
desenvolvimento local e integrado daquela região, seguindo a reais potencialidades
da mesma, notadamente a atividade ceramista, e buscando formas mais eficaz de
exploração dos recursos naturais.
Palavras-chave: Mineralogia. Argila. Cerâmica Artesanal. Socioeconômica.
DELGADO, Izabel Massako Takahira. Applicacability of the mineral clay to utilize
in workmanship ceramic manufacturing of Sapopema and Curiúva (PR) and its
implications in the social economy context. 2005. 99f. Project of Master in
Geography, Environment and Development. Universidade Estadual de Londrina –
UEL, Londrina, 2005.
ABSTRACT
The propose of this study has for objective the characterization of the clay material
of the ceramist regions of the Sapopema city, in Paraná State, and the verification of
the ceramic potencial of that mineral material, for commercial ends, aiming at the
dynamization of the local economy in that region. Clays collected had been
characterized through morphologic, grain sized, chemical, mineralogical and
micromorphologic analysis. The analysis of chemistry for X-RAY Diffraction Analysis
(DRX), Expansion Termal and Drying Shrinkage Curve. Such results will allow to find
the degree of refractory, stability of burning, to determine the composition of the
chemical elements and its amount, being indicated that types of material will have to
be added in one determined composition for the attainment of a ceramic clay with
lesser retraction linear retraction of burning, minor or greater absorption of water or
percentile minor of loss to the fire. Whith the technician-scientific knowledge of
substance cousin, reduction of substance wastefulnesses will occur a cousin, will
have greater diversification of products, degradatios of costs and mainly the
improvement in the product quality. Another item to be developed in this work is the
environment question. The clay mining and firewood are the main factors of the
negative environment impact of the activity potter. We intend thus, with the present
work, to consider solutions and alternatives that they aim integrated at to unite the
commintment with the development local and integrated of that region, following the
real potentialities of the same one, the deramist activity, and being searched forms
more efficient of exploration of natural resources.
Keywords: Mineralogy. Clay. Crafts Ceramics. Social economy.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Foto da comunidade, onde a população fixou-se primeiramente no
bairro Lajeado Liso na década de 1930. .............................................15
Figura 2: Familiares de Dejanira Melo atravessando o Rio Tibagi......................15
Figura 3: Os tropeiros na década de 1940, levando os porcos para a cidade
de Castro. ............................................................................................16
Figura 4: O tropeiro, que cavalgava a frente para montar acampamento...........17
Figura 5: Gráfico extraído do Relatório da Mineropar (1998)..............................24
Figura 6: Mapa de localização da região investigada. ........................................38
Figura 7: Mapa político com a localização dos pontos de coletas. .....................39
Figura 8: Mapa hipsométrico com os pontos de coletas.....................................39
Figura 9: Local do Ponto-1 em Sapopema..........................................................40
Figura10: Segundo local de coleta, Ponto-2 em Curiúva.....................................41
Figura 11: Ponto-3 de coleta, onde foi coletada a amostra 3A em Curiúva..........42
Figura 12: Ponto-3 e o local de coleta do material 3B em Curiúva. ......................43
Figura 13: Coluna litoestratigráfica de Sapopema e região. .................................46
Figura 14: Degradação ambiental decorrente de mineração de argila. ................54
Figura15: Área em atividade de extração, com significativa degradação. ..........55
Figura16: Imóvel no centro da figura, prejudicado pelo risco ambiental. .............56
Figura 17: Difratograma de raios-x da fração argila da amostra coletada no
Ponto-1. Estão assinalados Q - SiO
2
, que são os picos acentuados
e H-Al
2
Si
2
O
5
(OH)
4
.2H
2
O......................................................................60
Figura 18: Difratograma de raio-X da fração argila da amostra coletada no
Ponto-2. Estão assinalados Q - SiO2 , que são os picos mais
acentuados e K -Al2O3.2SiO2.2H2O que são as caulinitas. ...............60
Figura 19: Difratograma de raio-X da fração argila da amostra coletada no
Ponto-3A. Estão assinaladas como Q - SiO2 que são picos mais
acentuados e S - K2 O3.Al2O3.6SiO2.2H2O , a presença do
elemento potássio na argila segundo Loyola (1992) indica argila
ilítica.....................................................................................................61
Figura 20: Difratograma de raio-X da fração argila da amostra coletada no
Ponto-3B. Estão assinaladas como Q – SiO2 e K –
Al2O2.2SiO2.2H2O que indica a presença de caulinita na argila........61
Figura 21: Argila do Ponto-1 de coleta..................................................................62
Figura 22: Argila do Ponto-2 de coleta..................................................................63
Figura 23: Argila do Ponto-3. Coleta 3A................................................................63
Figura 24: Argila do Ponto-3. Coleta 3B................................................................64
Figuras 25 e 26: Curvas de secagem do Ponto-1....................................................64
Figuras 27 e 28: Curvas de secagem do Ponto-2....................................................65
Figuras 29 e 30: Curvas de secagem do Ponto 3A..................................................66
Figuras 31 e 32: Curvas de secagem do Ponto3B...................................................67
Figura 33: Amostras das argilas que foram queimadas a 1250
0
C........................68
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
......................................................................................................11
1.1 O
MUNIPIO DE
S
APOPEMA
...................................................................................13
1.2 T
RADIÇÃO E
C
ULTURA
:
DOIS COMPARATIVOS CULTURAIS NA CERÂMICA
......................19
1.3 P
ERFIL
S
ÓCIOECONÔMICO NA
P
RODUÇÃO DA
C
ERÂMICA EM
S
APOPEMA E EM
OUTRAS REGIÕES DO
P
ARANÁ
........................................................................23
2 METODOLOGIA
...................................................................................................27
2.1 P
ROCEDIMENTOS LABORATORIAIS
..........................................................................27
2.2. A
NÁLISES
F
ÍSICAS
...............................................................................................27
2.3 A
NÁLISES
M
INERALÓGICAS
....................................................................................28
2.3.1 Preparo das amostras.....................................................................................28
2.3.2 Difratometria de raios-X ..................................................................................28
2.3.3 Retração linear de queima e Adsorção de água..............................................30
3 REVISÃO TEÓRICO-CONCEITUAL
....................................................................31
3.1 O
S AMBIENTES
,
A FORMAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES E A FORMAÇÃO DAS
ARGILAS
.......................................................................................................31
3.1.1 Argilas.............................................................................................................32
3.1.2 Os principais argilo-minerais...........................................................................33
3.2 F
ELDSPATOS
........................................................................................................34
3.3 D
IAGRAMAS DE
F
ASES
T
ERNÁRIOS
- D
IAGRAMA
T
RIANGULAR
...................................35
4 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ...............................................................36
4.1 L
OCALIZAÇÃO
G
EOGRÁFICA
...................................................................................36
4.1.1 Localização da área de coleta das amostras e situação do local de
extração......................................................................................................36
4.2 A
SPECTOS GEOLÓGICO
-
GEOMORFOLÓGICOS DO
P
ARANÁ
.........................................43
4.2.1 Grupo e Formações Geológicas – Características ..........................................47
4.3 C
LIMA
..................................................................................................................49
4.4 H
IDROGRAFIA
.......................................................................................................51
4.5 V
EGETAÇÃO
.........................................................................................................51
4.6 I
MPACTO AMBIENTAL NA EXTRAÇÃO DE ARGILA
.........................................................52
5 RESULTADO E DISCUSSÃO ..............................................................................59
5.1 C
OMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS ARGILAS ESTUDADAS
.....................................................59
5.2 M
INERALOGIA
.......................................................................................................59
5.3 R
ESULTADOS DOS ENSAIOS DE
R
ETRAÇÃO
L
INEAR DE
Q
UEIMA E
A
DSORÇÃO DE
Á
GUA
...........................................................................................................61
6 CONCLUSÕES
.....................................................................................................70
REFERÊNCIAS .......................................................................................................72
ANEXOS..................................................................................................................76
A
NEXO
1....................................................................................................................77
11
1 INTRODUÇÃO
A cerâmica constitui um enorme potencial econômico tanto para
grandes empresas como para pequenas empresas familiares. Com a finalidade de
melhorar os ganhos das comunidades menos beneficiadas foram realizadas “as
oficinas de cerâmica” em Sapopema – PR, que constitui um projeto cultural aberto à
comunidade; um núcleo de aprendizagem, trabalho, acompanhamento e um espaço
voltado para a produção de um artesanato regional.
O Município de Sapopema localiza-se no nordeste do Estado do
Paraná, na mesorregião do Norte Pioneiro, estando limitado pelos municípios de
São Jerônimo da Serra e Curiúva. Geologicamente, esta área encontra-se na borda
leste da Bacia do Paraná, onde afloram as formações sedimentares paleozóicas
Terezina e Serra Alta (PROMON,1985). Tais formações são constituídas por
folhelhos e argilitos avermelhados ou esbranquiçados, dando origem após sua
decomposição a um solo argiloso. Os municípios se localizam na região onde
ocorre a mudança do Segundo para o Terceiro Planalto (veja Maack,1968).
Sapopema é uma região muita rica em belezas naturais e
principalmente em depósitos de argila, contudo o aproveitamento desses recursos é
muito limitado, não havendo diversidade de produtos e em conseqüência a renda
auferida com a atividade é muito reduzida. Com a finalidade de otimizar o material, o
presente trabalho teve como objetivo a aplicabilidade das argilas das jazidas de
Sapopema. Para efetivar a pesquisa mineralógica realizaram-se levantamentos “in
loco” e os mapeamentos sobre a ocorrência dos depósitos de argilas.
Concomitantemente foi elaborado um levantamento criterioso de
procedência de demarcação, para coleta e análise do material. Foram realizadas as
análises de Difração de Raios-X (DRX), Contração por Secagem e Curva de
Expansão Térmica.
Tais resultados permitiram constatar o grau de refratariedade,
estabilidade de queima, determinação de composição básica das argilas, indicando
que tipo de material deve ser adicionado em uma determinada composição para a
obtenção de uma massa cerâmica com menor retração linear de queima, menor ou
maior absorção d’água ou menor percentual de perda ao fogo. Com o conhecimento
técnico-científico da matéria-prima, espera-se que ocorra á diminuição dos
12
desperdícios de matéria prima, com maior diversificação dos produtos, possibilitando
o rebaixamento de custos e principalmente a melhoria na qualidade do produto.
Outra questão abordada neste trabalho foi a análise ambiental. A
extração mineral de argila e a utilização da lenha são os principais fatores do
impacto ambiental negativo da atividade oleira. A mineração de argila e a extração
de lenha causam grandes danos ecológicos, com destruição da fauna, da flora e da
camada fértil do solo, bem como provoca a erosão das margens dos cursos d’água e
compromete a paisagem. Para alterar esse quadro de ameaça ao meio ambiente,
propôs-se a realização de trabalhos de conscientização da comunidade,
desenvolvendo palestras sobre a importância da revitalização do solo de áreas
degradadas pela extração de argila e propor novas alternativas de manejo e
exploração das jazidas para produção de cerâmica que contemple a preservação
ambiental.
Com a intenção de melhor entender o processo que tem levado ao
não desenvolvimento de uma cerâmica tradicional, apesar da abundância de matéria
prima, este trabalho apresenta dois capítulos levantando questões sobre dois temas:
um breve histórico de Sapopema e um comparativo de duas realidades culturais
Sapopema e Vitória do Espirito Santo, onde ambas tem a cerâmica como fonte de
renda. Assim, foram lançadas algumas hipóteses:
. Algum elemento químico em excesso estaria causando fraturas nos
artesanatos;
. A granulometria da argila seria a causa das fraturas.
Assim, tendo em vista que a qualidade do material cerâmico depende
fortemente dos componentes e das características físicas, químicas e mineralógicas,
tem-se como principais objetivos do presente estudo:
Caracterizar mineralogicamente as argilas coletadas;
Através da sua caracterização, obter a otimização no uso do material;
. Verificar a qualidade da argila, efetuando a queima em alta
temperatura, visando verificar ou grau de refratariedade;
. Analisar os aspectos sócio-econômicos das comunidades cerâmicas
de Sapopema;
. Analisar a paisagem identificando os impactos ambientais advindos
dessa mineração;
13
. Obter uma cerâmica de melhor qualidade, promovendo assim uma
melhor remuneração para o artesanato de Sapopema.
1.1 O M
UNICÍPIO SAPOPEMA
O município de Sapopema, localizado no Norte Velho do Estado do
Paraná, dista a trezentos quilômetros de Curitiba. Posicionado entre Curiúva, São
Jerônimo da Serra e Congonhinhas. Sua área territorial é de 678 Km
2
, altitude de
759 m, representando 0,34% do Estado e faz parte da microrregião do Norte
Pioneiro. O Índice de Desenvolvimento Humano-Municipal (IDH-M) é de 0,699 de
Desenvolvimento Humano/PNUD (2000).
O IDH-M é um índice que reflete as condições de três variáveis
básicas para uma boa qualidade de vida: expectativa ao nascer, a escolaridade e o
Produto Interno Bruto (PIB). Esses valores são expressos em uma escala que varia
de 0,0 a 1,0. O IDH menor que 0,500 é considerado de baixo desenvolvimento, entre
0,500 e 0,799 médio e acima de 0,800 alto índice de desenvolvimento. Sapopema
está entre a escala de entre 0,500 e 0,799, classificando-a com índice médio de
desenvolvimento.
Criado através da lei Estadual n
0
4245, de 25 de julho de 1960, e
instalado em 28 de outubro de 1961, foi desmembrado de Curiúva e São Jerônimo
da Serra segundo Portal (2005).
O município deve seu nome a uma árvore que era muito comum na
região e que hoje está extinta devido aos desmatamentos sem limite que “acabaram”
com a maior parte da vegetação natural do Estado. A população total do município
segundo o ultimo censo do IBGE em 2000 era de 6872 habitantes, sendo que
53,68% reside no meio rural e 46,32% em área urbana.
Seu terreno é formado por sedimento pré-vulcânico. Muito rico em
belezas naturais e matérias primas como urânio, carvão, xisto, calcário, argila e há
muito tempo atrás, diamantes. Segundo o ex-prefeito Jorge Ferreira de Melo,
atualmente, Sapopema tem como economia predominante a criação de gado e a
produção de cerâmica, basicamente tijolos e telhas para construção civil. Sapopema
teve uma economia variada e sempre vinculada aos rios e pequenos córregos.
14
Primeiramente com os índios e depois com os primeiros colonizadores que extraíram
muito ouro no Rio Tibagi. No período dos Jesuítas, extraia-se muito diamante e para
esse trabalho utilizava-se mão- de-obra escrava. Os índios, nesse período, foram
expulsos ou dizimados da região. Existem registros arqueológicos em uma fazenda
onde os jesuítas fundiam o ouro. Agora, pouco resta, depois que as terras foram
adquiridas por latifundiários, que destruíram esses sítios arqueológicos para os
transformarem em pastagem de gado.
O segundo ciclo foi o garimpo de diamantes, encontrado em tal
volume que chegavam a ser trocados por escravos, que eram os que de fato
trabalhavam no garimpo. De acordo com o ex-prefeito de Sapopema Sr. Jorge
Ferreira de Melo, apesar do fim do ciclo do diamante ter encerrado a muitos anos,
até pouco tempo atrás ainda existiam famílias que habitavam em balsas e
exploravam o rio à procura de diamantes.
O período seguinte foi o da suinocultura, que se desenvolveu na
década de 1920 e se estendeu até a década de sessenta. Nessa época chegaram
os primeiros imigrantes italianos e espanhóis (Figura 1). Fixaram-se á margem do rio
Lajeado Liso que é atualmente conhecido como bairro do Lajeado Liso.
A alimentação desses colonos no início, era o milho e a caça, como
porco do mato, veado pardo e anta. A cidade mais próxima era Castro e segundo o
prefeito quando precisavam ir ao médico, a população se deslocava até esta cidade.
15
Fonte: Acervo da família de Dejanira Melo.
Figura 1: Foto da comunidade, onde a população fixou-se primeiramente no bairro
Lajeado Liso na década de 1930.
Fonte: Acervo da família de Dejanira Melo.
Figura 2: Familiares de Dejanira Melo atravessando o Rio Tibagi.
16
Na década de 1930 eles utilizavam canoas para atravessar o rio
Tibagi, visando chegar a outra margem, em Ortigueira, pois não havia pontes
(Figura 2).
O meio de transporte utilizado na época era o cavalo e a carroça.
O milho era o alimento principal e cultivado o suficiente para
alimentar os porcos e as famílias. A maior parte era triturada em “ monjolo ”, muito
comum na região devido à grande quantidade de minas e córregos, além dos
grandes rios como o Tibagi e o Lajeado Liso. Apesar da grande produção, uma parte
era deixada na plantação para que os porcos fossem soltos e alimentados como
criação extensiva. Para comercializá-los os tropeiros (Figuras 3 e 4), chegavam a
viajar mais de quarenta dias.
Fonte: Acervo da família de Dejanira Melo.
Figura 3: Os tropeiros na década de 1940, levando os porcos para a cidade de
Castro.
Segundo o ex-prefeito Sr. Melo, os porcos eram conduzidos a pé
devido a fragilidade do animal e podiam ser conduzidos somente até 10 horas,
passando esse horário, corria-se o risco de perder o animal devido ao calor.
17
Os colonos que comercializavam esses animais eram conhecidos
nesse período como “ safristas “ , segundo Wachowicz (1988).
Esse ciclo encerrou-se quando a banha de porco deixou de ser o
óleo de cozimento principal, substituído pelo óleo vegetal em 1960.
Fonte: Acervo da família Dejanira Melo.
Figura 4: O tropeiro, que cavalgava a frente para montar acampamento.
Em 1963, ocorreu um grande incêndio que praticamente acabou com
a cultura agrícola local. De acordo com o Sr. Jorge Ferreira de Melo, ex-prefeito de
Sapopema, a cidade foi coberta por uma névoa muito densa que permaneceu o dia
inteiro. Passado esse dia, começou uma longa estiagem que fez secar toda a
pastagem. Um agricultor iniciou uma queimada que fugiu ao controle e se espalhou
por toda a cidade e região, alcançando até Ortigueira. Muitas pessoas e animais
morreram. As famílias falidas começaram, aos poucos, a vender suas propriedades
a grandes latifundiários que introduziram o gado e que permanecem até hoje.
A população de Sapopema atualmente está diminuindo. Segundo o
ex-prefeito Sr. José Ferreira de Melo, muitos moradores estão migrando para outras
cidades em busca de empregos.
18
A cidade necessita de um projeto que possa gerar empregos e
diminuir o êxodo para outras cidades. Dois bons caminhos podem ser o ecoturismo
e o artesanato regional, devido às suas belezas naturais e a imensa quantidade de
jazidas de argila na região.
Uma das possibilidades decorre do projeto de extensão da
Universidade Estadual de Londrina. Um projeto elaborado pela ceramista e artista
plástica Maria Scherlovski que tem como objetivo introduzir junto à comunidade de
Sapopema a cerâmica artesanal, o qual possibilitará uma alternativa de renda para
comunidades carentes. Esse projeto de extensão onde atuo como supervisora é
atualmente coordenada pelo artista plástico Ubirajara de Senatore que atua como
docente no departamento de Artes.
O projeto inicialmente começou com produções de pequenas peças
como copos, porta canetas, parta clips e muitos outros objetos que não
necessitavam de grande domínio técnico na confecção. Conforme o avanço do
projeto foi proposto produção de peças maiores e um estudo para tentar desenvolver
um estilo cerâmico que caracterizasse a cidade. O fato da cidade não ter uma
tradição cerâmica o desenvolvimento efetivo do projeto será demorado. Pois a arte
popular nasce da tradição, do ato de passar os conhecimentos de geração em
geração, muito diferente da produção de um artista plástico.
O público que freqüenta a oficina é bem variado, a maioria são
pessoas de baixa renda e escolaridade, a idade também varia muito, a faixa de
idade varia entre 8 a 40 anos.
As pessoas que compõem o grupo da oficina são alunos das escolas
públicas crianças e adolescentes, donas de casa de diversa faixa etária e alguns
funcionários da Prefeitura de Sapopema. Dentro desse grupo há pessoas que já
possuem habilidades e mais tempo de projeto no manuseio da argila. Como o grupo
é grande e diversificado, essas pessoas com mais habilidades são escolhidas para
orientar outros grupos iniciantes no projeto. O objetivo final é estender o projeto para
os bairros mais distantes para que todos possam ter acesso.
19
1.2 TRADIÇÃO E CULTURA: DOIS COMPARATIVOS CULTURAIS NA CERÂMICA
A origem da cerâmica é imprecisa e compreende um vastíssimo
grupo de produtos nascidos com a civilização primitiva. Quando o homem pré-
histórico descobre o fogo e a sua capacidade para endurecer o “barro”, todo um
mundo de possibilidades se abre perante ele, porém será só no Neolítico, que é o
período em que o homem se torna sedentário, que a cerâmica vai se desenvolver e
se difundir como atividade.
Antes desse período a argila fora usada para modelagem de figuras
antropomórficas ou zoomórficas de caráter religioso ou mágico. Com a evolução do
homem a argila passou a ser aplicada em outros setores, como na construção de
tijolos, telhas, pisos, revestimentos; atualmente é utilizada em peças de alta
tecnologia como as naves espaciais.
É perceptível que a argila é um dos recursos naturais muito
presentes no cotidiano do homem, tendo importância enquanto elemento
fundamental para a economia e acima de tudo pela questão social e cultural.
Analisando os diferentes povos e culturas percebem-se como a cerâmica e o
homem estão intimamente ligados, destacando-se culturas, ricas ou não conforme
as potencialidades e a generosidade da argila, onde elas se desenvolveram.
A evolução da cerâmica está intimamente ligada à tradição, a
transferência de conhecimento ou assimilação da mesma. Quando se analisa outras
culturas com tradição na cerâmica como a chinesa, a inglesa, a japonesa percebe-
se como ela está presente no dia-a-dia, levando a concluir que, é possível o
tradicional e o moderno conviverem juntos sem ocorrer um rompimento cultural.
Segundo Lévi-Strauss (1976):
A cultura forja todo nosso pensamento, nossa imaginação e nosso
comportamento. Ela é ao mesmo tempo, o veículo da nossa
transmissão do comportamento social, uma fonte dinâmica de
transformação, de criatividade, de liberdade e do despertar de
oportunidades de inovação. Tanto para grupos, quanto para
sociedades, cultura representa energia, inspiração, autonomia e
capacitação, conhecimento e consciência da diversidade.
20
Ao analisar duas culturas na qual uma foi imposta e outra se integrou
assimilando a cultura já existente, percebe-se que, no passado, predominaram
diferentes formas de evolução. No caso em foco, a cerâmica é uma atividade
comum nos dois municípios (Goiabeiras e Sapopema) que tem sua história
fortemente associada à argila, e hoje se desenvolve uma atividade econômica
intimamente associada a este material. Serão expostos a seguir, de forma não
aprofundada, dois casos distintos relacionados a essa prática econômica, e
analisada como a condução dessas atividades pode gerar renda.
O primeiro exemplo refere-se ao município de Sapopema, no norte
do Estado do Paraná, e o segundo ao município de Vitória, no Espírito Santo.
Em Sapopema os primeiros pioneiros que chegaram na região eram
descendentes de imigrantes portugueses, italianos e espanhóis. Primeiro se
instalaram na região próxima ao rio Lajeado Liso.
Como esses pioneiros chegaram com intuito de desbravar o local não
houve uma preocupação quanto á assimilação ou contato com o povo que ocupava
o local anteriormente. Os pioneiros tomaram posse das terras, expulsando do local
os antigos donos das terras que eram os poucos índios que ali permaneciam.
Segundo Dona Dejanira de Melo (comunicação pessoal) os índios, saqueavam as
fazendas na tentativa de reaver as terras perdidas, mas muitas vezes eram mortos
ou até caçados pelos novos donos das terras. Nada foi assimilado pela cultura
dominante restando apenas sítios arqueológicos, que mostram indícios que houve
uma cultura forte tempos atrás na região.
Atualmente em Sapopema não existe tradição quanto à produção de
artesanato em cerâmica, apesar de inúmeras jazidas de argila. O que há são
algumas olarias que produzem tijolos e telhas para construção civil.
O segundo exemplo Goiabeiras, antigo distrito do município de Vitória
no Espírito Santo, tornando bairro em decorrência da valorização imobiliária da Praia
do Camburi, desencadeada em meados de 1980.
A região onde se encontra a área de moradia das famílias, cujas
mulheres se dedicam nas suas horas livres à confecção manual das panelas de
barro, área é recortada pelo mangue da Ilha da Limeira, que no mesmo período
(1980) sofreu o impacto das transformações que o crescimento urbano impunha. A
área de moradia é contígua à Universidade Federal de Espírito Santo, bem próximo
do aeroporto e da Praia de Camburi (Perota, 1996).
21
No local onde se concentram as “paneleiras”, conhecido como
Goiabeira Velha, percebe-se essa mesma paisagem urbana representada de duas
maneiras distintas. Em uma delas sobressai a de permanência, que revela o
universo de produção artesanal em sua íntima forma de dependência com os
recursos naturais: a argila, que dá a forma, o corante e o impermeabilizante vegetal
(tanino) que é obtido do mangue e a madeira para a queima das peças a céu aberto,
herança do passado indígena.
Uma das mais antigas tradições da ilha mostra o espírito de um povo
que herdou dos índios há mais de 400 anos a arte de transformar o barro em
panelas. Do barro, as paneleiras criaram uma tradição tipicamente capixaba e
perpetuaram a cultura passando de geração em geração. As formas das cerâmicas
são variadas, mas de todas elas uma forma é símbolo da identidade cultural: a
frigideira para moqueca com que sobrevivem se mantêm várias famílias há muitas
gerações. Segundo Perota (1996) a designação das peças, revela, em alguma
medida, a maneira de transmissão do conhecimento – panela-mãe, as maiores e
panelas-filhas, os menores. De mãe para filha é como se repassa a arte de fazer
panelas.
As miscigenações de colonizadores com as populações nativas
resultaram numa cultura muito rica e fortemente enraizada na região. As mesmas
formas e características das cerâmicas são mantidas até hoje e sua produção é
conhecida nacionalmente. A população de Vitória cresceu e a comunidade criou
uma associação onde as paneleiras cuidam da manutenção do barreiro, da
divulgação do artesanato e da preservação da cultura popular. Essa estruturação é
resultado de várias lutas e reivindicações. Atualmente recebe apoio da empresa
Vale do Rio Doce e da prefeitura.
Essa organização e mobilização das paneleiras fortaleceram muito
mais a identidade do grupo, ganhando força política, o que pode representar a
garantia da preservação da cultura popular local.
Em Sapopema, a continuidade da cultura cerâmica, não ocorreu da
mesma forma como em Vitória no Epírito Santo, pois em relatórios de alguns autores
feito nesse período percebe-se as dificuldades que ocorreram no período de
colonização no Brasil.
22
Segundo Bigg-Winter, Thomas Plantagenet (1872-1875) o
engenheiro inglês que percorreu a Província do Paraná nesse período, em uma das
páginas de seu relatório faz o seguinte observação:
“A barreira intransponível da ignorância mútua das línguas ainda
subsistia com toda a sua força e daí, como era de se esperar, não se perceber o
menor sinal ou sintoma de uma amalgamação futura do dois povos”.
Tal fato que se observou em uma visita feita em São Jerônimo da
Serra-Paraná nas missões que já havia se instalado há alguns anos. Outro fator
muito importante observado, segundo Bigg-Winter, Thomas Plantagenet (1872-
1875).
Os índios Kaingang eram ainda um povo distinto e separado quanto
no dia em que se estabeleceram, pela primeira vez na colônia,
quinze anos antes. Os seus vizinhos brasileiros apenas lhe
permitiam a presença na vizinhança, mas ninguém sonhava em
empregá-los como trabalhadores em qualquer espécie de serviço.
Nesse processo percebe-se a perda de ambas as partes para o
crescimento e desenvolvimento da comunidade. As realidades culturais não
apresentam a mesma face, elas estão em constantes mudanças, e a comunicação
se torna um fator muito importante para a efetivação do conhecimento e assimilação
cultural.
Segundo Claval (1995),
A comunicação, que tende a homogeneizar o espaço, encontra com
efeito de três obstáculos: 1) a distância atrapalha o direcionamento
das informações; 2) as trocas são interrompidas freqüentemente nos
limites das áreas onde as mesmas convenções de comunicação são
empregadas, os limites lingüísticos, por exemplo; 3) por causa dos
valores reconhecidos e dos códigos morais adotados, certos grupos
recusam o contato ou são construídas de identidades tão fortes que
rejeitam a maior parte das informações que recebem.
A comunidade lingüística ajuda, igualmente, à tomada de consciência
coletiva Laponce (1984). Uma área cultural é primeira uma realidade objetiva; torna-
se freqüentemente uma representação compartilhada. Sem escrita é difícil evitar a
fragmentação local e constituir sociedades ampliadas, englobando numerosos
23
efetivos. Quando uma extensão é ampliada, após um conflito ou uma conquista, as
tendências à degradação predominam quase sempre imediatamente Claval (1995).
As sociedades sem escrita são muito fluidas e por conseqüência sua
ideologia é voluntariamente conservadora. A falta de testemunhos escritos faz com
que as pessoas não tenham consciência da mudança e que a comunidade não
aceite qualquer tipo de mudança em sua cultura. Todos esses fatores talvez tenham
contribuído para a não interação da comunidade indígena com a nova cultura,
restando a eles apenas se refugiar cada vez mais no interior da floresta. Os que
permaneceram por não perceber a mudança vivem à margem da sociedade.
Apesar de serem apenas dois exemplos dentro de um vasto universo,
busca-se defender que, onde houve a integração da cultura pré-existente com
influências externas, o resultado foi bem mais positivo do que a imposição de uma
cultura alheia ao ambiente e que chega como “dona da verdade”.
O lado positivo fica por conta de Goiabeiras, verdadeiro exemplo de
artesanato sustentável onde cada artesão tem a preocupação de, praticar uma
extração, tanto de argila como o tanino sem prejudicar o manguezal, possibilitando
o desenvolvimento de um artesanato com reconhecimento nacional e muita
qualidade e acima de tudo preservando o meio ambiente.
1.3 P
ERFIL SOCIOECONÔMICO DA PRODUÇÃO DE CERÂMICA EM SAPOPEMA E OUTRAS
REGIÕES DO
PARANÁ
Segundo as pesquisas elaboradas pela MINERAIS DO PARANÁ
(Mineropar, 1998), visando detectar a real situação do setor cerâmico no Paraná,
levanto-se dados referentes aos fatores de empregabilidade, geração de empregos
e renda. As áreas pesquisadas abrangem as seguintes microrregiões do Paraná:
. Região 1 – Médio-Baixo Rio Ivaí, abrangendo 10 municípios e 61
empresas, sendo 19 pesquisadas;
. Região 2 – Costa-Oeste, abrangendo 25 municípios e 82 empresas,
sendo 24 pesquisadas;
. Região 3 – Eixo Prudentópolis-Imbituva, abrangendo 7 municípios e
76 empresas, sendo 29 pesquisadas;
24
. Região 4 – Norte Pioneiro, abrangendo 28 municípios e 93
empresas, sendo 26 pesquisadas.
As argilas na cerâmica, de modo geral, são classificadas em três
tipos: plásticas, chamadas de argilas gordas, que são aquelas de alta plasticidade;
não-plásticas, chamadas de magras; e as de barranco, originárias de uma formação
geológica sedimentar. Os dois primeiros são encontrados normalmente em várzeas
de rios, sendo transportados ou formados no próprio local em que são encontrados.
Nas olarias, em 54% dos casos, fazem-se misturas de argilas para obter a melhor
mistura para a fabricação das peças cerâmicas.
Segundo a MINERAIS DO PARANÁ – MINEROPAR
(MINEROPAR,1998), somando-se 26,5% das empresas que exploram jazidas
arrendadas, cedidas ou não identificáveis quanto a condição de uso e 9,2% que
compram argila resulta, em 35,7% das empresas que não dispõem de jazidas
próprias (Figura 5).
FONTE: Pesquisa de Campo - MINEROPAR
GRÁFICO 1 - CONDIÇÃO DE USO DAS JAZIDAS - JUL-NOV 1996
Própria
A
rrendada
Compra barro
Cedida
Outra
Não-declarado
0 10203040506070
%
Figura 5: Gráfico extraído do Relatório da Mineropar (1998).
De acordo com a pesquisa efetuada pela Mineropar (1998) apenas
45% das jazidas possuem algum tipo de documentação que legalize a atividade de
extração mineral. Esses dados, demonstram que não existe preocupação legal com
o principal insumo das olarias; destas jazidas em exploração, 64% são próprias e
26,5% são arrendadas.
25
Somente 10,2% das empresas fazem pré-beneficiamento de matéria
prima. E somente 2% das empresas fazem análises periódicas na forma de controle
da mistura na pilha de estocagem. O restante das olarias adota procedimentos
empíricos, associados à experiência dos responsáveis pela mistura e manuseio das
argilas, 52% das empresas que fazem controle sobre o produto acabado, 46%
fazem uma classificação visual e os 6% restantes realizam controles mais
adequados. E, somente 21,4% das empresas fazem um controle de qualidade no
atendimento ao consumidor.
Os problemas que mais se destacam é a comercialização e a falta de
mão-de-obra qualificada. Apenas 9,2% das empresas fazem controle de custos
regularmente, acarretando muitas vezes em déficit financeiros.
Quanto a comercialização 67% das empresas fazem vendas indiretas (escambo).
Para 73% das empresas, na região em que estão localizados consome toda a
produção e para 68% das empresas, os maiores compradores são os atacadistas de
material de construção.
O perfil dos proprietários das olarias são muito parecidos nas quatro
regiões, segundo a Mineropar (1998). Em empresas com até dez empregados, são
pessoas da família, alguém que herdou a empresa ou trabalhava em outras olarias.
A existência das olarias mostra uma realidade de extremos, há
empresas com 40 anos e um grande número de novas olarias buscando novas
alternativas de produção e produtos.
Em relação aos empregados a renovação da mão de obra é uma
constante, sendo que os mais jovens assumem serviços considerados menos
difíceis, e os mais experientes ficam como encarregados, forneiros, queimadores ou
classificadores. Devido ao serviço pesado, as pessoas que trabalham nessa
atividade não permanecem por muito tempo nesse tipo de emprego. A forma de
contrato mais comum é a de mensalista e outros como horistas.
Segundo pesquisas da Mineropar (1998) os empregados
permanecem em média 3,5 anos; têm cerca de 30 anos de idade e têm salário
médio de R$223,00 reais (o salário mínimo na época era de 130,00 reais). As
principais funções dentro de uma olaria são ocupadas por pessoas contratadas sem
treinamento e experiência anterior. Os tipos de serviços são manuais e são
aprendidos na prática do trabalho da olaria. Apenas as funções como a queima e o
26
controle do equipamento que faz a mistura das argilas (maromba) é feita por
funcionários mais experientes.
O nível geral de escolaridade dos empregados é bem baixo, onde
mais da metade não tem o primeiro grau completo, provavelmente devido ao horário
de trabalho. A maioria dos jovens trabalha durante o dia e à noite. Segundo a
MINERAIS DO PARANÁ – MINEROPAR (MINEROPAR, 2001) a média anual de
produção de argila para produção de cerâmica é de 79368 toneladas em
Sapopema. Na região em questão a produção ainda é muito pequena comparada a
outras regiões do Estado do Paraná.
27
2 METODOLOGIA
2.1 P
ROCEDIMENTOS LABORATORIAIS
Foram determinados três pontos de coleta, o Ponto-1, o Ponto-2 e o
Ponto-3. No Ponto-3 devido a diferença muito grande na coloração do material
argiloso foram coletadas duas amostras no mesmo talude, e foram nomeados como
Ponto 3A e 3B.
Para coletas das amostras foi usado um GPS (Global Position
System) da marca Garmin Etrex de navegação e um mapa do IBGE da região de
Sapopema. Foram coletadas aproximadamente 4,5 Kg de argila para cada amostra.
O material coletado foi enviado ao Japão para o Centro de Pesquisa
em Cerâmica do Governo de Nagasaki, e onde foram efetuados as análises
morfológicas, químicas e mineralógicas. Foram realizadas análises de Difratometria
raio-X, Amostragem por secagem e Curva de expansão térmica.
2.2 A
NÁLISE FÍSICA
As amostras foram coletadas e enviadas para o Centro de Pesquisa
em Cerâmica em Nagasaki no Japão. Todas as análises foram efetuadas no
laboratório do Centro de Pesquisa.
A granulometria foi determinada por peneiramento e pelo método de
densiometria baseado na sedimentação das partículas. Após o resultado foram
obtidas três frações: areia, silte e argila, ocorrendo a predominância de silte.
28
2.3 ANÁLISES MINERALÓGICAS
As amostras foram encaminhadas para o Ceramic Research Center
of Nagasaki (Centro de Pesquisa em Cerâmica de Nagasaki), laboratório que
pertence ao Governo de Nagasaki – Japão, que é um centro especializado em
análise e pesquisa de argilas para uso cerâmico industrial, artesanal e de alta
tecnologia. Todas as análises foram efetuadas pelo professor e pesquisador Kunio
Oogushi do Centro de Pesquisa. As análises permitiram identificar as fases dos
materiais que compõem as argilas coletadas, de forma que possam ser
caracterizadas e otimizadas.
2.3.1 Preparo das amostras
As amostras de argilas coletadas sofreram um tratamento prévio para
eliminação de materiais mais grosseiros e matéria orgânica. Inicialmente a fração
areia foi separada por peneiramento e o silte + argila foi separada por sifonação.
Após o término do tratamento o material foi colocado em um equipamento com
campo magnético, onde foi extraído o excesso de ferro.
2.3.2 Difratometria de raios-X
A difração de raio-X é a técnica que desvenda a estrutura cristalina
da substância nas argilas, permitindo identificação das fases cristalinas das argilas.
Aplicável a substâncias principalmente minerais.
O mecanismo da difração consiste no processo de emissão do feixe
de radiação onde os raios incidem sobre um cristal do composto ou em um pó de
uma determinada substância cristalina, ocorrendo a penetração do raio na rede
cristalina, que irão resultar em diferentes difrações.
29
A análise da difração é efetuada por um dispositivo que irá captar os
raios difratados e traçar o espalhamento destes, definindo o desenho e o formato da
rede cristalina ou estrutura que refletiu e difratou os raios X. Segundo Gomes (1984),
os argilo-minerais devido a sua granulometria menor que 2 mícrons, não são
atingidos pelos métodos clássicos de estudos e a difração é o método que fornece
melhor investigação destes. Os minerais apresentam algumas características físicas
que as tornam identificáveis com a difração, características como os espaçamentos
interplanares, densidade, índice de refração, ângulo óptico, etc.
A medida das distâncias interplanares e das intensidades relativas
dos picos nos difratogramas é a primeira fase na identificação dos minerais. Obtidos
os valores, esses são comparados com difratogramas-padrão, e então levados a
tabelas especialmente preparadas para identificação de minerais, compostos
químicos ou quaisquer fases em geral. Para Gomes (1984), os difratogramas-padrão
são justificáveis para determinados estudos específicos como argilo-minerais,
minerais de urânio, minerais de manganês. Segundo o autor é dispendiosa e lenta a
confecção de padrões, mas necessária.
Os argilo-minerais apresentam diversas características como
camadas mistas, propriedades expansivas, grandes espaçamento interplanares,
grande variação da cristalinidade, fazendo com que dificulte a análise qualitativa e
muito mais a quantitativa. Em função disso é grande a dificuldade de produzir
padrões artificiais. Segundo Gomes (1984), os laboratórios dentro da geologia de
argilas optaram pelo uso de análises semiquantitativas em que, em vez de
apresentarem a quantidade absoluta de argilos-minerais, determinam as
quantidades relativas em parte por 10. Esse procedimento é utilizado por
universidades de diversos países como nos laboratórios dos EUA, França e no
Brasil.
A análise semiquantitativa baseia-se na leitura do difratograma da
leitura dos picos de difração. Para a ilita, leitura direta da intensidade de pico; para a
caulinita, a intensidade é dividida por 2. Para a clorita, determina-se uma média
entre os picos 001 (14 angstron) e 002 (7 angstron), traçando-se uma reta de um
pico a outro, lendo-se a intensidade sobre a reta traçada, na posição 8,8° (20), ou
seja, 10 angstron. As esmectitas, vermiculitas, e camadas mistas têm suas
intensidades determinadas diretamente nos picos respectivos, ainda que esses não
sejam pontiagudos e simétricos. Os valores são calculados relativamente em partes
30
por 10, exemplo, a argila de Candiota (RS) associada ao carvão, é formada por K
(caulinita)-7 e I ou I-M (ilita ou ilita-esmectita)-3. Os números 7 e 3 significam partes
por 10.
2.3.3 Contração por Secagem e Curva de Expansão Térmica
O método consiste em determinar as características cerâmicas dos
corpos de prova após a queima e após secagem.
A preparação da argila consiste na secagem moagem e queima. Na
secagem as argilas retiradas da embalagem e em que se encontravam e para serem
fragmentadas espalhadas sobre o tabuleiro de madeira, cobertos com papel e
postas para secar ao sol. A argila é considerada seca quando esmagada com a mão
ou com um martelo de madeira não apresente mais plasticidade.
Na moagem as argilas são trituradas em moinhos de bolas até atingir
um tamanho que passe totalmente em peneira n
úmero oitenta. Após o
peneiramento, é retirado o excesso de água, deixando apenas o suficiente
para modelar as amostras. As amostras modeladas são colocadas para secar
em uma estufa onde permanecerá por 24 horas e em seguida é efetuada a
queima para os estudos das características dos corpos cerâmicos.
As características cerâmicas determinadas são: variação das
dimensões lineares; porosidade aparente e absorção de água.
31
3 REVISÃO TEÓRICO-CONCEITUAL
3.1 O
S AMBIENTES, A FORMAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES E A FORMAÇÃO DAS
ARGILAS
Segundo Popp (1987), ao longo do ciclo de transformações das
rochas, a somatória dos conjuntos de fenômenos que ocorrem sob a influência dos
agentes externos (ciclo exógeno) originou as rochas sedimentares. Este ciclo tem
início através do intemperismo, que decompõe quimicamente ou desintegra
mecanicamente as rochas transformando em sedimentos ou solos.
As rochas sedimentares são originadas pelo agrupamento de um ou
mais tipos de materiais inconsolidados como: sedimentos, fragmentos de rochas,
precipitados químicos, materiais orgânicos, que se acumulam nas depressões
oceânicas e continentais denominadas Bacias Sedimentares e posteriormente
sofrem compactação – litificação, formando rochas sedimentares como
conglomerados, calcários, entre outras.
As rochas sedimentares deixam registros nos ambientes onde foram
depositadas. Os arenitos são indicativos de desertos ou praias; os folhelhos
argilosos, de águas não muito agitadas. Outros tipos de rochas sedimentares são os
calcários formados pela precipitação de carbonatos dissolvidos nas águas, ou por
conchas e esqueletos de organismos que se depositam no fundo da plataforma
continental e na planície abissal, segundo Loyola (1992).
Os dois tipos principais de sedimentos que resultam do ciclo exógeno
são os sedimentos químicos e os sedimentos clásticos. No processo do transporte
desses materiais os elementos são separados uns dos outros pelos agentes de
transporte em função do tamanho e da dureza das partículas.
Popp (1987) frisa que os sedimentos formados são representados
por argila, silte, areia fina, areia grossa, grânulos, cascalho fino, cascalho grosso e
matacões.
32
3.1.1 Argilas
A definição de argila pode ser considerada sob vários aspectos. Sob
o aspecto geológico é o constituinte dos sedimentos geológicos mais difundidos e
com tamanho de partículas abaixo de 4 microns (0,004mm) e sob o aspecto químico
e mineralógico as argilas são constituídas essencialmente por silicatos hidratados de
alumínio, ferro e magnésio denominados argilos-minerais (Berg, 1970). O termo
argila não tem significado genético: é usado para materiais que são o resultado do
intemperismo, da ação hidrotermal ou que se depositam como sedimentos fluviais,
marinhos, lacustres ou eólicos.
A argila é uma rocha constituída essencialmente por minerais
argilosos, podendo conter outros minerais, os minerais não argilosos, além de
matéria orgânica e outras impurezas e, caracterizada fisicamente por possuir
conteúdo elevado de partículas, quando pulverizada e misturada com água em
quantidade adequada, torna-se plástica. Outra característica seria após a secagem,
torna-se consistente e rígida e após a queima em temperatura elevada, se superior a
1000°C adquire grande dureza.
Nos minerais argilosos os elementos mais freqüentes são o silício,
alumínio, ferro, magnésio, potássio e sódio, no estado iônico, assemelham-se a
esferas que se arranjam em modelos estruturais tridimensionais. Essas esferas são
as unidades construtoras dos minerais argilosos.
O tamanho das partículas de argila é uma característica muito
importante, pois influencia em muitas outras propriedades como, plasticidade,
tensão ou modo de ruptura à seco. Uma capacidade importante das argilas é a troca
de cations, onde a deficiência de cargas no retículo cristalino devido a troca de
cátions na estrutura é compensada com a adsorção de cátions na superfície do
cristal do argilo mineral. Esta propriedade é muito importante na desfloculação de
massas cerâmicas. Quanto aos minerais que contêm na estruturas das argilas são
diversos: quartzos, feldspatos, micas, minerais de ferro e materiais orgânicos.
33
3.1.2 Os principais argilo-minerais
Os argilo-minerais são essencialmente silicatos de alumínio
hidratados. Ocorre também um pouco de potassa (K
2
O) em argilas ilíticas e
quantidades variáveis de cal (CaO), soda (Na
2
O), magnésia (MgO) e ferro (tanto
FeO e Fe
2
O
3
) em argilas montmorilloníticas. Segundo Loyola (1992) quase todos
estão presentes nas análises, mas eles vêm em parte de outros constituintes, além
das argilas, tais como flocos de mica e carbonatos de cálcio e ferro.
De acordo com os relatórios da Mineropar (1998), alguns materiais
argilosos também contêm carbono (sob a forma de restos orgânicos) e enxofre
(como sulfeto de ferro e sulfato de cálcio). O quartzo responde por parte do SiO
2
,
nas análises. A perda ao fogo representa a proporção, em peso, da amostra de
argila seca que é eliminada como material volátil pelo aquecimento à temperatura de
1000
0
C. A composição química de sedimentos argilosos pode ser tão importante
quanto as propriedades físicas das espécies de argilo-minerais presentes, quando
se está sendo avaliada sua adequação para finalidades diversas.
Os principais tipos de argilo-minerais utilizados nas massas
cerâmicas são a caulinita, ilita, montmorillonita e argilas do grupo da clorita, que são
argilas magnesianas. A caulinita é um dos principais argilo-minerais . A
montmorillonita como a ilita têm formulas que incluem cátions solúveis (K
+
, Na
+
,
Mg
2+
), mas a caulinita é simplesmente um silicato de alumínio hidratado. Se o
processo de intemperismo continuar o tempo suficiente para que todos os cátions
solúveis sejam dissolvidos ou lixiviados, então a caulinita é o produto final.
As argilas cauliníticas são divididas em relativamente plásticas e não
plásticas. As argilas não-plásticas são usualmente originadas de depósitos residuais,
onde os argilo-minerais tendem a ser maiores e bem mais cristalizados. As argilas
plásticas geralmente são cauliníticas sedimentares, não tão bem cristalizadas e de
granulação mais fina, e têm um índice de plasticidade mais alto: elas têm mais água
de adsorção, parcialmente porque elas têm mais imperfeições estruturais e
parcialmente porque as partículas menores têm área de superfície maior em relação
ao seu volume.
Segundo Loyola (1992) o tipo de argilo-mineral produzido é
determinado parcialmente pela natureza do mineral primário e parcialmente pela
34
intensidade de intemperismo químico, que eventualmente leva à formação de
caulinita. Os processos em vigor no ambiente deposicional também podem alterar a
composição dos argilo-minerais.
As micas e os argilo-minerais tem a estrutura baseada em folhas ou
camadas de tetraedros de silicatos, por isso são denominados filossilicatos (silicatos
em folhas) ou lilicatos em camadas. Nas micas e argilo-minerais, o alumínio e os
íons hidroxila também fazem parte das folhas ou camadase pode-se considerá-las
como folhas de silicato de alumínio hidratado. Estas são empilhadas umas sobre as
outras e ligadas de maneiras diferentes para formar cada um dos tipos principais de
argilo-minerais.
3.2 F
ELDSPATOS
O grupo de minerais primários de maior volume, formadores de rocha
são os feldspatos, chegando a ocupar 60% do volume da crosta terrestre Suguio
(1998). Os feldspatos são os constituintes mais importantes dos pegmatitos simples
e são comuns nos filões. São constituintes principais nas maiorias dos gnaisses e
xistos e ocorrem também em muitas rochas geradas por metamorfismo termal,
regional e dinâmico. Embora os feldspatos sejam susceptíveis de alteração e
meteorização, eles estão presentes nos sedimentos arenosos, onde aparecem sob a
forma de grãos detríticos e/ou autígenos, sendo de importância secundária apenas
em sedimentos pelíticos e principalmente carbonáticos.
O perfeito entendimento das relações entre feldspato é apenas
atingido com a caracterização química e estrutural, aspectos dependentes da
temperatura e pressão de cristalização e da história termal e deformacional
subseqüente. Ele pode ser de alta temperatura quando preserva a estrutura de
geração de alta temperatura e de baixa temperatura quando as estruturas de alta
temperatura sofrerem modificação lenta e total para formas de baixa temperatura, ou
quando cristalizar em ambientes de baixa temperatura (cristalização plutônica). Os
feldspatos podem ocorrer também em estados estruturais correspondentes a
temperaturas intermediárias. Cristalizam-se nos sistemas monolítico e triclínico,
porém apresentam similaridades, principalmente quanto ao hábito da divisibilidade.
35
Todos apresentam clivagens perfeitas em duas direções formando ângulos de 90°
ou próximo deste valor, dureza em torno de 6 e a densidade relativa entre 2,55 e
2,76.
No processo de substituição parcial do Si pelo Al resultam três
grupos principais: os feldspatos potássicos, os feldspatos sódico-calcicos e o
feldspato de bário. Todos com estruturas idênticas consistindo em cadeias
arqueadas de anéis de quatro membros que se estendem na direção do eixo a,
unidas por ligações iônicas através de íons de K, Na, Ca ou Ba. O contorno
quadrado em blocos de cadeias, conferido pelos anéis de quatro membros, encontra
sua expressão morfológica na clivagem em ângulo reto ou praticamente reto e no
hábito pseudotetragonal característico dos feldspatos.
3.3 D
IAGRAMAS DE FASES TERNÁRIOS – DIAGRAMA TRIANGULAR
No processo de otimização de argilas, as análises químicas são
fundamentais para a caracterização dos elementos e da quantidade destes. Muitas
vezes as matérias primas encontradas não estão em condições de serem
aproveitadas para determinadas funções dentro da cerâmica. Para obter uma
otimização efetiva do material argiloso, na cerâmica são aplicados os Diagramas de
Fases Ternários onde os elementos são calculados em porcentagem de acordo com
a função que o material argiloso irá compor na cerâmica. O feldspato adicionado a
massa cerâmica cumpre a função de aumentar a faixa de fusão e facilitar a queima.
Elementos como a sílica e a alumina que compõem a massa cerâmicas tem
temperatura de fusão muito elevada.
Segundo Suguio (1998), seria o método de plotar composições em
termos de quantidades relativas de três componentes, envolvendo um triângulo onde
cada vértice representa um componente puro (100%). As distâncias perpendiculares
de um ponto a cada um dos três lados (em um triângulo eqüilátero) representarão as
quantidades relativas de cada um dos três componentes. Sistemas com três
componentes apresentam quatro varáveis: pressão, temperatura e concentração de
dois componentes (fixando um terceiro).
36
4 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO
4.1 L
OCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A área do município de Sapopema situa-se no nordeste do Estado do
Paraná, com uma área de 677,6146 Km², altitude de 720m, latitude sul 23º54’39’’
longitude (W-GR) e 50º34’49’’ de longitude oeste de Greenwich (Figura 6). O quadro
morfológico da área pesquisada está inserido no comportamento conhecido por
segundo planalto paranaense, onde as principais feições de relevo encontram-se
esculpidas em sedimentos paleozóicos da Bacia do Paraná.
A bacia sedimentar do Paraná, situada no centro-leste da América do
Sul, abrange uma área de 1.600.000 km², distribuídos pelos territórios do Brasil
(1.000.000 km²), da Argentina (400.000 km²), do Uruguai e do Paraguai (100.000
km² de extensão cada).
Em território brasileiro, a Bacia do Paraná abrange grandes áreas no
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul e parte dos estados de Minas Gerais e Goiás, atingindo quase 2.000 km de
extensão (Petri & Fúlfaro, 1983). O município de Sapopema é delimitado por
Ortigueira, São Jerônimo da Serra, Congonhinhas e Curiúva.
4.1.1 Localização da área de coleta das amostras e situação do local de
extração
A área de coleta encontra-se no município de Sapopema e no
município vizinho Curiúva – PR (Figuras 6, 7 e 8). Localiza-se no flanco leste da
Bacia do Paraná, apresentando em superfície o predomínio de sedimentos de Idade
Permiana entrecortados por diques e soleira de diabásio de idade juro-cretácea
(PROMON,1984).
A Formação Irati e a Formação Palermo compõem a maior parte do
local estudado, segundo a Mineropar (2001).
37
Trata-se de uma área de exploração de argila para produção de
tijolos. As argilas situam-se a cerca de 1m a 2m abaixo da superfície, sendo
necessária a remoção da vegetação e do solo.
Foram coletadas amostras em três pontos. O Ponto-1 está localizado
no município de Sapopema, o Ponto-2 e o Ponto-3 sequencialmente no município de
Curiúva.
Todos os três locais de coleta estão próximos à rodovia do Cerne
(PR- 090).
O rio Barra Grande que está bem próximo aos pontos de coleta dos
Pontos-2 e 3, faz a divisa entre os municípios de Sapopema e Curiúva.
Foram coletadas uma amostra no Ponto-1 e Ponto-2, e no Ponto-3
foram coletadas duas amostras. No mapa da figura 6, estão localizados os principais
municípios, rios e rodovias próximos á região estudada.
38
50º 30`
23º 30`
24º 00` 24º 00`
24º 30`
50º 00`50º 30`
24º 30`
MAPA DE LOCALIZÃO
Santa Cecília
do Pavão
Congonhinhas
Pinhalão
Ibaiti
Figueira
Bom Jesus
do Iguape
São Jerônimo
da serra
Sapopema
Curiuva
Alecrim
Ventania
Telem ac o
Borba
Tibagi
R
i
o
d
o
T
i
g
r
e
S
t
a
.
B
á
r
b
a
r
a
R
i
o
R
i
b
.
d
o
E
n
g
a
n
o
R
i
b
.
d
o
R
u
m
o
R
i
o
L
a
r
a
j
i
n
h
a
o
u
R
i
o
d
o
P
e
i
x
e
P
i
r
a
í
d
o
S
u
l
I
a
p
ó
R
i
o
R
i
o
T
i
b
a
g
i
R
i
o
T
i
b
a
g
i
R
i
b
.
B
a
r
r
a
G
r
a
n
d
e
L
a
g
e
a
d
o
L
i
s
o
P
R
-
2
2
n
B
R
-
1
5
3
B
R
-
3
7
6
P
R
-
2
d
o
C
e
r
n
e
R
o
d
o
v
i
a
(
P
R
-
0
9
0
)
P
R
-
7
6
PLANTA DE SITUÃO
ESCALA
606121824 Km
ESTRADAS
RIO
CIDADE
VILAS
Fonte: PROMON (1984).
Figura 6: Mapa de localização da região investigada.
39
No mapa Político (Figura 7) e no mapa Hipsométrico (Figura 8), estão
localizados os pontos de coleta das argilas.
520000 525000 530000 535000 540000 545000 550000 555000 560000 565000 570000 575000
7330000
7335000
7340000
7345000
7350000
7355000
7360000
7365000
7370000
7375000
Sapopema
Curiúva
Pontos de Coleta
0 10000 20000 30000 40000
MAPA POLÍTICO
Ponto 1
Ponto 2
Ponto 3
Figura 7: Mapa político com a localização dos pontos de coletas.
Pontos de Coleta
ORGANIZAÇÃO:
Jo Carlos G. Martins Júnior
jcgmj@pop.com.br
0 5000 10000 15000 20000
560
610
660
710
760
810
860
910
960
540000 542000 544000 546000 548000 550000 552000
7346000
7348000
7350000
7352000
7354000
7356000
MAPA 01 - HIPSOMÉTRICO E LOCALIZAÇÃO DAS COLETAS
Ponto 01
Ponto 02
Ponto 03
m
Figura 8: Mapa hipsométrico com os pontos de coletas.
40
Nas Figuras 7 e 8 em que se fez a plotagem dos locais de coleta
utilizou-se o software Spring 4.1. Sistema de Processamento de Imagens
Georeferenciadas, além do módulos SCARTA e IMPIMA.
O primeiro ponto de coleta, o Ponto-1 está localizado paralela à
rodovia do Cerne à PR-090, numa jazida atualmente desativada (Figura 9).
Foto: Autor.
Figura 9: Local do Ponto-1 em Sapopema.
O material exposto apresenta característica inadequada para
produção de cerâmica, devido a sua granulometria que é muito grossa, com
presença de cascalho. A camada para extração de argila não atinge 2m, sendo que
a maior parte da argila ainda está em forma de rochas.
Para aproveitamento desse material seria necessário passá-lo em um
processo de moagem até obter a granulometria abaixo de 4 microns, ideal para
utilização por olarias. É economicamente inviável para uma olaria, devido ao gasto
em maquinários e principalmente energia.
41
O segundo local de coleta (Figura 10) encontra-se a 1km da rodovia
e bem próximo à margem do Ribeirão Barra Grande em Curiúva (figura 6). A jazida
identificada como Barreiro Bezerra está em plena atividade. A área está bem
degradada sem um controle ambiental. A camada de argila deste local em alguns
pontos chega a atingir 6m de espessura, tem uma coloração mesclada de tons
amarelo, laranja, branco e alguns pontos vermelhos. No solo, onde estão presentes
as raízes dos vegetais, na maioria dos pontos atinge 1m e poucas vezes 0.5 m.
Fonte: Autor.
Figura10: Segundo local de coleta, Ponto-2 em Curiúva.
42
Foto: Autor.
Figura 11: Ponto-3 de coleta, onde foi coletada a amostra 3A em Curiúva.
O terceiro local de coleta, o Ponto-3 (Figura11) também está próximo
a rodovia, a uma distância de 300m e está localizado em Curiúva, aproximadamente
1,5 Km após atravessar o limite do Município. Nesse local foram obtidas duas
amostras: 3A e 3B, devido a diferença muito grande na coloração e textura.
O local de coleta da amostra 3B está numa distância de 10 m da
coleta 3A e ambos pertencem ao mesmo talude (Figura 12).
43
Fonte: Autor.
Figura 12: Ponto-3 e o local de coleta do material 3B em Curiúva.
Os locais de coleta das amostras de argila 3A e 3B apresentam
colorações bem distintas, apesar de pertencerem ao mesmo talude.
A argila da amostra 3B tem uma coloração branca e em algumas
partes cinza enquanto que a amostra da argila 3A apresenta uma coloração rosada,
levemente avermelhada.
4.2 A
SPECTOS GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICOS DO PARANÁ
Os trabalhos desenvolvidos sobre a Geologia do Estado do Paraná
são extensos, existindo dados na literatura desde o período do Brasil colonial até a
época atual. As primeiras investigações de caráter geológico no Paraná foram feitas
por Friedrich Sellow, membro da Academia Real de Ciências de Berlim em 1828 e
que foram descritas nos trabalhos de Weiss. Wagner (1876) investigou a região de
Guarapuava e as localidades onde ocorre carvão de pedra e calcário. Derby (1878)
44
estabeleceu as primeiras informações a respeito da idade geológica dos sistemas
ocorrentes: devonianos, pré-carboníferos e triássicos. Oliveira (1927) em seu estudo
chegou a conclusão que apenas os gnaisses e os xistos micáceos, antibolísticos,
talcosos e cloritosos são realmente arqueanos.
Porém, as principais informações geológicas, no entanto, aparecem
ser as publicadas por Maack (1968). Segundo o autor, o Paraná se constitui de cinco
principais paisagens naturais: o Litoral, a Serra do Mar, o Primeiro Planalto, o
Segundo Planalto e o Terceiro Planalto. As possibilidades de ocorrências de argilas
com potencial industrial nessas paisagens amplas se dá, principalmente no litoral,
Primeiro Planalto, Segundo Planalto.
Segundo Berg (1970), no litoral em geral, as argilas encontram-se em
extensas planícies de aluvião e pântanos que margeiam as enseadas de ingressão.
No Primeiro Planalto, as argilas jazem em depósitos de 5m a 20m de espessura,
com cores esverdeadas, roxas e pardo-avermelhadas, em sedimentos recentes
como no caso das argilas de várzea e argilitos da bacia de Curitiba.
No Segundo Planalto, os folhelhos e argilas ao longo de diques de
diabásio são as principais fontes de argilas. No Terceiro Planalto, as condições
geológicas de formação são menos favoráveis à ocorrência de argilas
industrializáveis, pois rochas básicas ocupam toda a extensão, deixando exposto o
Arenito Botucatu.
A decomposição e conseqüente laterização de basaltos no Terceiro
Planalto deram origem às argilas lateríticas com formação de hidróxidos de alumínio
e ferro ao lado da caulinita. Segundo Berg (1970) o material com essa composição
mineralógica não tem aplicação industrial, mas oferecem boas condições para
utilização agrícola. Spitznen, Pereira Jorge e Garcia estudaram a aplicabilidade de
caulins primários, da região de Araucária, Campo Largo, em indústria de papel.
Caulins de Araucária e São Luiz do Purunã foram analisados em trabalho de
Visconti, Nicoti Goulart de Andrade, sobre Caulins brasileiros. Angeleri, Souza
Santos, Paiva Neto, Souza Santos e Nascimento estudaram “filitos cerâmicos”, sob
aspecto cerâmico e mineralógico, e em seus trabalhos incluíram a amostra do
Município de Campo Largo que revelou tratar-se de material de composição
semelhante a um caulim contaminado por quantidade apreciável de mica e quartzo.
Os trabalhos mais recentes sobre características cerâmicas,
composição mineralógica e outros usos tecnológicos de argilas paranaenses são os
45
de Berg (1970) que estudou a série de argilas de várias localidades paranaenses,
permitindo assim concluiu sobre a aplicabilidade das argilas estudadas em diversos
ramos da indústria. Atualmente, a Mineropar tem realizado diversas pesquisas e
levantamentos do potencial da matéria-prima para cerâmica em vários municípios.
A área de Sapopema localiza-se no flanco leste da Bacia do Paraná,
apresentando em superfície predomínio de sedimentos de Idade Permiana
entrecortados por diques e soleira de diabásico de Idade Juro-cretácea
(Departamento Nacional da Produção Mineral, 1983). Os sedimentos permianos são
representados majoritariamente pela Formação Serra Alta na faixa leste e Formação
Teresina nas faixas centro-oeste e norte; os sedimentos da Formação Irati afloram
apenas no canto SE.
Na coluna geológica seguem-se as formações, em ordem crescente
de idade, Irati, Palermo, Rio Bonito e o Grupo Itararé.
A Formação Teresina é de origem deltáica e a Formação Serra Alta
foi depositada, provavelmente, em ambiente marinho.
Essas formações são constituídas por folhelhos e argilitos
avermelhados ou esbranquiçados, originando-se de suas decomposições um solo
argiloso e pouco espesso. As porções aflorantes das soleiras, representadas
predominantemente pelos solos de alteração de suas rochas, formam contornos
irregulares na porção centro sul e leste. As principais estruturas geológicas estão
relacionadas ao arqueamento de Ponta Grossa que ocasionou profundas alterações
nos ambientes de deposição durante o Permiano inferior. A presença do que se
convencionou chamar de “enxame de diques” é uma característica que se encontra
associada a esse arco.
O mapeamento geológico realizado pela (CPRM, 1979), indica a
ocorrência de falhamentos definidos e prováveis, preenchidos ou não por diques,
além da ocorrência de diques encaixados em fraturas os quais se destacam no
terreno pela sustentação que impõem ao relevo na forma de extensos espigões. De
acordo com o relatório da Promon (1984), a seqüência sedimentar detectada nos
trabalhos de superfície e de sondagem permitiu a identificação das seguintes
formações (da mais recente para a mais antiga),conforme pode ser visualizada na
Figura 13.
46
Formação Rio do Rasto;
Formação Teresina;
Formação Serra Alta;
Formação Irati;Formação Palermo;
Formação Rio Bonito;
Grupo Itararé.
Fonte: Promon, 1984.
Figura 13: Coluna litoestratigráfica de Sapopema e região.
47
4.2.1. Grupo e Formações Geológicas – características
Grupo Itararé – Idade Carbonífero-Permiano Inferior
De acordo com Schineider, et al (1974) e Petri & Fúlfaro (1983) o
Grupo Itararé compreende uma seqüência sedimentar caracterizada por depósitos
de diamictitos polimíticos em matriz areno argilosa depositados em ambientes
glaciais e periglaciais.
Seu contato discordante com a Formação Rio Bonito faz-se através
de sedimentos arenosos e conglomeráticos. Não aflora na região.
Formação Rio Bonito – Idade Permiano Médio
A Formação Rio Bonito é composta predominantemente de
sedimentos clásticos-arenitos, siltitos e folhelhos, que apresentam contato
concordante com a unidade acima; possui espessuras da ordem de 100 metros e
não aflora na região. As características litoestratigráficas dessas unidades permitem
sua subdivisão em dois membros: Membro Triunfo e Membro Paraguaçu.
O Membro Triunfo compõe a porção basal da Formação Rio Bonito e,
da base para o topo, iniciando por arenitos finos a muito finos, se enriquece em
frações pelíticas – siltitos, folhelhos carbonosos, folhelhos e argilitos. Intercalado aos
folhelhos carbonosos tem-se o nível de carvão fosco com a presença de lâminas
delgadas de vitrênio e nódulos de pirita; as intercalações estéril na camada de
carvão possuem uma distribuição espacial bem definida no jazimento. As
características desse membro são de ambiente fluvio-deltáico representado por
áreas paludais interdistributárias.
O Membro Paraguaçu, posicionado acima do Membro Triunfo,
predomina na Formação Rio Bonito, sendo constituído majoritariamente por silitos
associados a arenitos calcíferos, margas, argilitos e folhelhos.
As rochas do Membro Triunfo devem ter sido depositadas em
ambientes flúvio-deltaíco e ocorridos durante o Permiano Médio Schineider et al
(1974).
48
Formação Palermo – Idade Permiano Médio
Essa formação abrange quase toda a extensão da Bacia Sedimentar
do Paraná, aflorando nos Estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná,
São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. As maiores espessuras da Formação
Palermo se encontram no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina que chega a
atingir 150 metros. Segundo a Mineropar (2001), as sondagens indicam que sua
espessura em Sapopema é em torno de 90 metros; não aflora na região.
Quanto a sua origem existe uma controvérsia no que diz respeito a
sua origem; de acordo com a Mineropar (2001) esta formação foi formada em
ambientes de plataforma epinerítica e planície litorânea; mas, segundo Schineider,
et al (1974) esta unidade se formou em ambiente marinho transgressivo, com águas
rasas e baixo nível de ação de ondas. Esta unidade é composta principalmente por
siltitos e arenitos finos aos quais se associam argilitos, folhelhos e margas/calcários.
Formação Irati – Idade Permiano Superior
A Formação Irati alcança espessura da ordem de 40 metros. Seu
intervalo basal é constituído por folhelhos intercalados por calcário e siltito, enquanto
seu termo superior apresenta folhelhos pierobetuminosos associados a calcários
dolomíticos, folhelhos e siltitos argilosos. O contato com a unidade sobrejacente é
concordante. Segundo Schineider, et al (1974) a Formação Irati apresenta
ocorrência generalizada em toda a Bacia do Paraná.
Formação Serra Alta – Idade Permiano Superior
Argilitos finamente micáceos e homogêneos, secundários parte
folhelhos e siltitos dominam o pacote litológico dessa unidade. A formação Serra Alta
abrange os Estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Sua espessura
regional é de 70 metros: aflora na porção leste/sudeste e sua relação de contato
com a formação acima é concordante e gradacional. Pode-se afirmar que sua
formação se depositou em ambiente marinho, abaixo do nível de ação das ondas.
49
Formação Teresina – Idade Permiano Superior
A Formação Teresina possui como litologia predominante argilitos e
siltitos que se alternam com siltitos arenosos e arenitos muito finos. Seu contato com
a Formação Rio do Rasto é concordante e transicional. A maior espessura
registrada nas sondagens é de 340 metros. Constitui a unidade com maior área
aflorante, dominando toda a região centro-oeste, norte e parte sul de Sapopema.
Formação Rio do Rasto – Idade Permiano Superior
Esta unidade aflora no centro NW da área de Sapopema, formando a
vertente da Serra Grande. É constituída por sedimentos predominantemente
clásticos com predomínio de siltitos intercalados por argilitos, folhelhos e arenitos
finos.
Rochas Intrusivas Básicas
As rochas intrusivas que se encontram na área sob forma de diques
e soleiras estão relacionadas ao magmatismo básico que ocorreu na bacia durante a
Idade Juro-Cretácea. Os diques encontram-se preenchendo fraturas e posicionam-
se segundo diferentes direções, com ligeira tendência para NW-SE. A principal
soleira encontra-se encaixada predominantemente na zona de contato entre as
Formações Serra Alta e Irati apresentando espessura constante de 60 metros. Em
superfície, as maiores áreas aflorantes dessa intrusão estão circundadas pela
Formação Serra Alta.
4.3 C
LIMA
Segundo a classificação de Nimer (1977), o clima da área está
compreendido no domínio mesotérmico brando superúmido sem estação seca. Este
clima é caracterizado por um inverno bastante sensível, possui pelo menos um mês
50
com temperatura inferior a 15ºC. Essa região é de alta pluviosidade, que se distribui
regularmente ao longo do ano, onde atinge uma precipitação média de 1.250mm.
A concentração máxima de chuva em três meses consecutivos é
percebida no verão, correspondente aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. No
inverno refere-se aos meses com menor índice de precipitação pluviométrica.
Os índices pluviométricos foram obtidos no Posto de Usina Figueira, situado a 20
Km de distância da área de Sapopema. O quadro a seguir traz a pluviometria da
região de Sapopema.
O Quadro 1 mostra o comportamento pluviométrico desta região,
caracterizando os índices de pluviosidade, em Média e Índice Mensal Absoluto.
MÉDIA (mm)
Í
ndice Mensal Absoluto
(mm)
ANUAL MÍN MÁX MÁX MÍN
1450 22 250 378 0
Período 15 anos Jun-Jul Nov-Jan Dez Vários
Fonte: Relatório da PROMON (1984).
Quadro 1: Índice Pluviométrico.
A temperatura média anual é de 18-20ºC, com média térmica do mês
mais quente (janeiro) de 22-24ºC e do mês mais frio (julho) de 13-15ºC, quando ha
ocorrência de geadas. No Quadro 2 apresenta-se as médias de temperatura na área
de estudo e se evidencia a temperatura anual, mês mais quente, mês mais frio,
máximas e mínimas térmicas.
TEMPERATURA MÉDIA
Anual (ºC) Mês + quente (ºC) Mês + frio (ºC) MÁX MÍN
18 22/23 14/15 26/27 14/15
Período 1978 Fev Jul
Fonte: Relatório da PROMON (1984).
Quadro 2: Temperatura média local.
51
4.4 HIDROGRAFIA
Segundo Promon (1984), a drenagem local pode ser classificada
como subdendrítica a subretangular; localmente o controle geológico/estrutural
sobre a drenagem manifesta-se com maior intensidade nas áreas das principais
continuidades. Os principais cursos d’água que cortam a área de Sapopema são:
. Ribeirão do Veado: localizado na faixa centro-oeste,desloca-se
segundo o rumo W, assumindo posteriormente o rumo (NE), as medições da vazão
existentes são suficientes para sua primeira estimativa, que é inferior a 0,5 m³/s,
próximo de sua confluência com o rio do Peixe;
. Ribeirão Corredeira: localiza-se na porção sul da área, desloca-se
inicialmente, no rumo geral E; e, posteriormente, NE; as medições existentes
permitem estimar uma vazão média inferior a 1,0 m³ /s;
. Ribeirão das Pedras: situado a sul do limite meridional da área, este
ribeirão desloca-se grosseiramente segundo o rumo E. Sua vazão não é conhecida;
. Rio do Peixe ou Laranjinha: posicionado a E da área e deslocando-
se grosseiramente no rumo N, este rio representa o principal coletor regional,
recebendo os ribeirões do Veado e da Corredeira. Sua vazão média anual, medida
na Usina Figueira, é de 10,0 m³/s.
4.5 V
EGETAÇÃO
Segundo Promon (1984), no tocante a vegetação, a outrora
subcaducifolia subtropical com araucária encontra-se completamente devastada,
substituída normalmente por pastagem de criação bovina e secundariamente por
culturas agrícolas.
A cobertura vegetal na região de Sapopema é atualmente
representada por matas-galeria ao longo dos cursos d’agua, capões de mato
isolados e pastos para criação de gado, que é a principal atividade econômica do
52
local. A atividade agrícola é reduzida, limitando-se a pequenas culturas sazonais e
de subsistência.
4.6 I
MPACTO AMBIENTAL NA EXTRAÇÃO DE ARGILA
Segundo Farias (2002) no Brasil, a mineração de um modo geral,
está submetida a um conjunto de regulamentações, onde os três níveis de poder
estatal possuem atribuições com relação à mineração e o meio ambiente.
Os órgãos que têm a responsabilidade de definir as diretrizes e
regulamentações, bem como atuar na concessão, fiscalização e cumprimento da
legislação mineral e ambiental para o aproveitamento dos recursos minerais em
nível federal são Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério de Minas de Energia
(MME), Secretaria de Minas e Metalurgia (SMM/MME), Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), Serviço Geológico do Brasil – CPRM (Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais), Agência Nacional de Águas (ANA), Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e o Centro de Estudos de Cavernas (CECAV).
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), é exigido para o licenciamento
ambiental de qualquer atividade de aproveitamento de recursos minerais e tem sua
definição, normas e critérios básicos, e diretrizes de implementação estabelecidos
pela Resolução do CONAMA N
º 1/86. O EIA, ao ser elaborado obrigatoriamente por
técnicos habilitados, deve estar consubstanciado no Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), o qual é submetido ao órgão de meio ambiente estadual competente,
integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), para análise e
aprovação. Nesta etapa, o RIMA deve ser tornado público para que a coletividade ou
qualquer outro interessado tenha acesso ao projeto, a seus eventuais impactos
ambientais e possa conhecê-los e discuti-los livremente, inclusive em audiência
pública. A aprovação do EIA/RIMA é o requisito básico para que a empresa de
mineração possa pleitear o Licenciamento Ambiental do seu projeto de mineração.
53
A obtenção de Licenciamento Ambiental (LA) é obrigatória para a
localização, instalação ou ampliação e operação de qualquer atividade de mineração
objeto dos regimes de concessão de lavra e licenciamento.
De acordo com o Decreto nº 97.632/69, os empreendimentos de
mineração estão obrigados, quando da apresentação do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), a submeter o Plano de
Recuperação de Área Degradada (PRAD) a provação do órgão estadual de meio
ambiente competente. O Estado e o Município também têm poder constitucional
para legislar sobre mineração e meio ambiente.
Os principais impactos ambientais oriundos da mineração podem ser
englobados em quatro categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora
e compactação (subsidência) do terreno.
Nas jazidas onde foram coletadas as argilas, é perceptível o descaso
com os cuidados ambientais, pois as áreas se encontram completamente
degradadas. No primeiro local onde foi coletada a argila apesar de temporariamente
desativado não houve nenhum tipo de preocupação quanto a recuperação do local
impactado. O local está com buracos imensos, próximo a PR – 090 e próximo a
residências.
Destaca-se que nenhum projeto está em curso em tais localidades.
Os locais onde foram extraídos as argilas, estão próximo aos rios, o que alastra
ainda mais esses problemas.
Na Figura 14, fica evidente o início de processo erosivo, onde todo o
material “corre” em direção a um pequeno córrego e alimenta o rio Barra Grande. As
Figuras 14,15 e 16 evidenciam o processo de degradação paisagística causado pela
atividade na área em questão.
54
Fonte: Autor.
Figura 14: Degradação ambiental decorrente de mineração de argila.
Um outro detalhe que se percebe no local é a total falta de limite de
extração chegando a ser preocupante. Há locais onde foram retiradas as argilas
deixando um espaço mínimo para o suporte de rede elétrica. As áreas onde já foram
extraídas as argilas aparecem completamente degradadas sem cobertura vegetal.
Na Figura 15 em que está localizado o Ponto-2 verifica-se que está bem próximo ao
Rio Barra Grande (Figura 6 da página 35).
55
Fonte: Autor.
Figura15: Área em atividade de extração, com significativa degradação.
Observações locais mostram que um sítio localizado ao lado da
jazida apresenta um imóvel prejudicado não só pelos danos ambientais, mas
também pelo risco de perda de sua residência devido a o limite de extração,
praticamente nas imediações da casa do proprietário (Figura 16).
Segundo Farias (2002) nota-se a falta de uma real integração
intergovernamental e, também, entrosamento com a sociedade civil para a
elaboração de uma política mineral no País, que venha estabelecer parâmetros e
critérios para o desenvolvimento sustentável da atividade mineral, garantindo sua
permanência e continuidade face o seu papel exercido na construção da sociedade,
dentro das normas e condições que permitam a preservação do meio ambiente.
Uma das dificuldades do governo está na delimitação das fronteiras
de responsabilidade entre os três poderes (União, Estado e Município), com vistas à
área de competência para atividade mineral. Há incompatibilidade entre as
disposições das leis de zoneamento municipais e a vocação mineral das zonas
estabelecidas na legislação municipal de uso do solo.
56
Fonte: Autor.
Figura16: Imóvel no centro da figura, prejudicado pelo risco ambiental.
Os impactos ambientais causados pela mineração, associados à
competição pelo uso e ocupação do solo, geram conflitos sócio-ambientais pela falta
de metodologias de intervenção, que reconheçam a pluralidade dos interesses
envolvidos em Farias (2002).
Segundo Sanchez (1994), do ponto de vista da empresa, existe uma
tendência de avaliar os impactos causados pela mineração unicamente sob as
formas de poluição que são objeto de regulamentação pelo poder público, que
estabelece padrões ambientais: poluição do ar e das águas, vibrações e ruídos.
Segundo o autor, é necessário que o empreendedor informe-se sobre as
expectativas, anseios e preocupações da comunidade, do governo – nos seguintes
níveis – do corpo técnico e dos funcionários da empresas, isto é, das partes
envolvidas e não só daquelas do acionista principal.
A mineração difere de outras atividades industriais, pois ela possui
uma rigidez locacional. A extração é feita onde está o minério. Isso gera polêmicas
entre mineradores e ambientalistas. Segundo os especialistas a solução da questão
passa por estudos que contemplem os benefícios e problemas gerados pela
mineração local versus benefícios e problemas decorrentes da mineração não local.
57
Segundo o engenheiro agrônomo Ribeiro (2004), o planejamento é
essencial na atividade de recuperação, porque permite a identificação de áreas
problemáticas antes que elas apareçam. De acordo com ele,
Os planejamentos devem se iniciar com os estudos ambientais
antes dos distúrbios causados pela mineração. São eles que irão
descrever as condições ambientais antes das atividades minerarias.
São eles que formam as bases para a determinação dos impactos e
da própria recuperação através de técnicas economicamente
adequadas.
Para uma boa reabilitação das áreas mineradas, o Plano de Gestão
Ambiental é primordial, pois ele é a garantia de que boa parte dos impactos
ambientais poderá ser revertida.
Segundo Ribeiro (2004) existem duas técnicas distintas para a
recuperação dos solos: restauração e reabilitação. A restauração reveste-se de um
conjunto de tratamentos que visam recuperar a forma original de um ecossistema.
Ela é recomendada para ecossistemas raros e ameaçados e demandam mais tempo
e maiores recursos. A reabilitação são tratamentos (métodos aplicados) que buscam
uma ou mais funções dos ecossistemas, que podem ser basicamente econômica
e/ou ambiental. Baseia-se na remodelagem dos contornos topográficos, reposição
da camada fértil do solo e posterior revegetação.
A estratégia de recuperação dos solos degradados, segundo o autor,
deve basear-se numa metodologia que promova não apenas a utilização de
espécies de rápido crescimento, mas que também sejam capazes de fixar nitrogênio
e carbono ao solo e aumentem a disponibilidade dos demais nutrientes.
Para a cobertura do solo as espécies de gramíneas/leguminosas as
recomendadas são rápido recobrimento do solo sem que estas ofereçam
competição com outras mudas. O uso das espécies nativas, além de conservar a
biodiversidade regional, representa importantes vantagens técnicas e econômicas.
Para locais onde se exige uma recuperação mais rápida e que reduza os efeitos
negativos em curto tempo, é comum a utilização de espécies como eucalipto, pinus,
bracatinga e as acácias em processos puros, embora isso não seja correto.
58
Existem vários métodos e técnicas para recuperação de áreas
degradadas pela mineração, mas poucas empresas têm responsabilidade ecológica
e geralmente isso não acontece.
Segundo Farias (2002), o Brasil é composto por 95% de pequenas e
médias minerações. Entretanto, o cálculo do número de empreendimentos de
pequeno porte é uma empreitada complexa devido ao grande número de empresas
que produzem na informalidade, aliada as paralisações freqüentes das atividades,
que distorcem as estatísticas. Esses tópicos acabam dificultando o trabalho dos
órgãos ambientalistas de fazer perceber a importância de um projeto ambiental.
59
5 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os pontos de coletas são apresentados sequencialmente do Ponto-1
que é o primeiro ponto de coleta, o segundo ponto o Ponto-2 e o terceiro ponto o
Ponto-3. O Ponto-3 no mapa hipsométrico foi referenciada como apenas um ponto
apesar de ter duas amostras coletadas, pois a distância entre esses dois pontos não
ultrapassa os 30 metros.
5.1 A
S FASES QUÍMICAS DAS ARGILAS ESTUDADAS
Dentre as fases cristalinas analisados nas argilas e que se encontram
em maior quantidade, verificou-se a presença de (SiO
2
) em todas as argilas
coletadas e (Al
2
O
3
).
A fase de Fe
2
O
3
não difere muito nas argilas, exceto a argila do
Ponto-3B que nas análises pelo aspecto físico sempre apresenta branco,
possivelmente pela presença de (TiO
2
), e mesmo após á queima de 1250
0
C não
houve alteração de cor.
Nas análises a presença de K
2
O é maior na argila coletada no Ponto-
3A que é indício de argila ilítica.
Os outros óxidos (MgO, CaO, MnO) ocorrem em quantidades muito pequenas.
5.2 M
INERALOGIA
Os difratogramas, obtidos da fração argila dos pontos de coletas,
encontram-se nas Figuras 17 e 18.
A mineralogia encontrada nos perfis é simples, representada por caulinita e ilita.
A caulinita foi identificada em todas as argilas analisadas. No Ponto-
3A na análise de difratometria foi identificada a presença de argila ilítica (potássio).
60
De acordo com a Mineropar (1998), nas argilas da formação Palermo, Rio Bonito,
Serra Alta, Irati são predominantes as argilas ilíticas.
2
Figura 17: Difratograma de raios-x da fração argila da amostra coletada no Ponto-1.
Estão assinalados Q - SiO
2
, que são os picos acentuados e H-
Al
2
Si
2
O
5
(OH)
4
.2H
2
O.
2
Figura 18: Difratograma de raio-X da fração argila da amostra coletada no Ponto-2.
Estão assinalados Q - SiO2 , que são os picos mais acentuados e K -
Al2O3.2SiO2.2H2O que são as caulinitas.
61
2
Figura 19: Difratograma de raio-X da fração argila da amostra coletada no Ponto-
3A. Estão assinaladas como Q - SiO2 que são picos mais acentuados e
S - K2 O3.Al2O3.6SiO2.2H2O , a presença do elemento potássio na
argila segundo Loyola (1992) indica argila ilítica.
2
Figura 20: Difratograma de raio-X da fração argila da amostra coletada no Ponto-
3B. Estão assinaladas como Q – SiO2 e K – Al2O2.2SiO2.2H2O que
indica a presença de caulinita na argila.
5.3 R
ESULTADOS DOS ENSAIOS DE RETRAÇÃO LINEAR DE QUEIMA, E ADSORÇÃO DE ÁGUA.
Nas figuras 21, 22, 23 e 24 as argilas apresentam elevada perda ao
fogo, ocorrida pela eliminação de água e adquire estabilidade dimensional
aproximadamente a partir de 950
0
C e são indicativos de argilas que apresentam
refratariedade ou seja suportam altas temperaturas de queima, característica de
62
argilas cauliníticas. Segundo Loyola (1992) as argilas cauliníticas tem a formação de
fase vítrea mais lenta e gradua, o que quer dizer que apresentam “ranges” intervalos
de queima mais amplos e maior estabilidade.
-1.5
-2.0
-3.0
-1.0
0.0
0.6
+00
E
x
pansã
o
%
EXPANS
-0.5
-2.5
30.0 200.0 400.0 600.0 800.0 950.0
+00
Temperatura / ºC
Figura 21: Argila do Ponto-1 de coleta.
63
0.0
-0.1
-0.3
0.2
0.4
0.5
0.6
+00
E
x
pansã
o
%
0.1
EXPANS
0.3
-0.2
30.0 200.0 400.0 600.0 800.0 950.0
+00
Temperatura / ºC
Figura 22: Argila do Ponto-2 de coleta.
-2.0
-2.5
-3.0
-1.0
-0.5
0.0
0.6
+00
E
x
pansã
o
%
-1.5
EXPANS
30.0 200.0 400.0 600.0 800.0 950.0
+00
Temperatura / ºC
Figura 23: Argila do Ponto-3. Coleta 3A.
64
- 0.1
- 0.2
- 0.3
0.2
0.3
0.5
0.4
0.6
+00
30.0 200.0 400.0 600.0 800.0 950.0
+00
Temperatura / ºC
E
x
pansã
o
%
0.0
0.1
EXPANS
Figura 24: Argila do Ponto-3. Coleta 3B.
Nas figuras 25 e 26 Ponto-1, 27 e 28 Ponto-2, 29 e 30 Ponto 3A e 31
e 32 Ponto-3B estão representados as curvas de secagem.
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
50.0
Figuras 25 e 26: Curvas de secagem do Ponto-1.
65
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
50.0
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
Figuras 27 e 28: Curvas de secagem do Ponto-2.
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
66
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
Figuras 29 e 30: Curvas de secagem do Ponto 3A.
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
67
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
Figuras 31 e 32: Curvas de secagem do Ponto3B.
0.0
0.0
10.0 20.0 30.0 40.0
2.0
4.0
8.0
10.0
14.0
6.0
12.0
Nas análises das quatro argilas coletadas, as curvas de gresificação
são as mesmas, basicamente apresentam o mesmo comportamento. Em geral, há
uma relação entre a retração linear de queima, absorção de água e resistência
mecânica de um material cerâmico. Segundo Loyola (1992) quanto maior a retração
linear de queima, menor a absorção de água e maior a resistência mecânica.
68
De acordo com as curvas de gresificação, pode se determinar a
temperatura de queima das cerâmicas. As argilas coletadas foram todas queimadas
a uma temperatura de 1250
0
C (Figura 33) e não apresentaram nenhum tipo de
deformidade estrutural.
Argila Ponto-1 Argila Ponto-2 Argila Ponto-3A Argila Ponto-3
Figura 33: Amostras das argilas que foram queimadas a 1250
0
C.
Todas as amostras mantiveram a coloração natural após a queima, à
exceção a argila coletada no Ponto-1 que tem uma coloração marrom escura devido
ao alto teor de óxido de ferro na argila.
A argila do Ponto-1 tem diversas propriedades: retração forte o que
faz com que diminua muito de tamanho após a queima e uma granulometria maior
tornado-a inviável para o trabalho em artesanato cerâmico.
Quanto as amostras de outros pontos de coleta todas apresentam uma
granulometria muito fina.
Com todas as análises efetuadas nas amostras pode-se dizer que
cada uma das matérias-primas testadas atinge uma estabilidade térmica, ou seja,
invariabilidade de retração linear de queima, a partir da temperatura aproximada de
69
1250
0
C. Nesta temperatura, as seguintes propriedades são obtidas: resistência e
baixa absorção de água.
Por outro lado, a argila de granulometria muito fina retém muita água,
e isso tem um efeito negativo para a cerâmica feita manualmente, pois no processo
de secagem o corpo cerâmico não consegue perder água de forma homogênea,
dificultando o processo de secagem e tendo como conseqüências trincas e fissuras
nas peças (Veja anexo 1).
Argilas com essas características são próprias de indústrias de
cerâmica estrutural, pois na cerâmica industrial a argila é prensada e compactada
fazendo com as partículas minúsculas da cerâmica se aglutinem melhor.
70
6 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos, pode-se dizer que as matérias-
primas analisadas são argilas cauliníticas, apresentando elevada refratariedade
devido aos teores de caulinita. Se por um lado isso representa estabilidade de
queima, por outro significa que outras matérias-primas deverão ser adicionadas em
uma determinada composição, para obtenção de uma massa cerâmica com menor
retração linear de queima, menor adsorção de água e que apresente menor
percentual de perda de fogo.
Quanto a argila do Ponto-1 sua classificação recai na Formação
Palermo do Grupo Guatá (MINEROPAR, 2001). De acordo com os resultados das
análises efetuadas com a argila do Ponto-1, conclui-se que o material desse local é
inviável à produção de cerâmica artesanal, devido a sua granulometria, ou seja, alta
quantidade da fração silte, o que dificulta a produção do artesanato. Para otimizar
seu uso, seria necessário trabalhar esta argila no moinho de bolas (equipamento em
forma de tambor, internamente revestido de ágatas), onde se obteria a redução da
fração silte. Esse tipo de tratamento, encarece o produto final devido aos custos com
energia.
As argilas dos Ponto-2, Ponto-3A e 3B pertencem a Formação Rio
Bonito também inserida no Grupo Guatá (MINEROPAR, 2001). Segundo os
resultados das análises efetuadas com as argilas desses três pontos, concluímos
que a qualidade pode ser considerada boa, embora apresente granulometria muito
fina, característica que influi no tempo de secagem do artefato e que dependendo do
tamanho do produto perdem-se meses nesse processo. Outro fator negativo,
decorrente da granulometria fina seria o excesso de adsorção de água que causa
quebras no processo de secagem, ocorrendo perda do produto final.
A otimização dessas argilas seria através da adição de materiais anti-
plásticos. As matérias-primas indicadas são argilas de granulometria maior,
designado de chamote que é resultado da própria argila queimada e moída ou areia
de granulometria fina (areia de construção). Todos esses materiais citados
permitirão a perda homogênea da água que compõe o corpo cerâmico. As argilas
coletadas no Ponto-2, Ponto-3A e 3B são boas para produção de cerâmica, porém é
necessário a adição de material anti-plástico.
71
As análises indicam que a argila é caulinítica, uma característica muito boa para a
cerâmica, pois indica maior estabilidade para a peça no processo de queima
permitindo assim, maior controle quanto ao tamanho do artesanato e obtendo-se
produto de melhor qualidade.
A atividade mineradora na área investigada gera uma série de
impactos ambientais. A recomendação quanto ao controle ambiental deverá atender
o Decreto da República Nº 97.632, Artigo 3º. Nesse caso, um plano de recuperação
deverá ser apresentado com um projeto de revegetação abordando os seguintes
itens: recomposição topográfica do relevo (se for uma área de preservação
permanente), preparo do solo, seleção de espécies, semeadura e plantio,
manutenção, recuperação da fauna e monitoramento ambiental.
Uma vez sanada a questão de que a argila do ponto 1 não deve ser
usada na cerâmica local e de que os artesões/mineradores não invistam na
prospecção de argilas de coloração avermelhada (ponto 1, veja figura 24), o projeto
da oficina em cerâmica poderá seguir em frente, se estendendo além de Sapopema,
levando as populações menos favorecidas da região uma atividade adicional ou
mesmo única, no custeio de suas famílias.
Entretanto, é necessário que no futuro próximo, essa atividade
cerâmica venha acompanhada da exploração de argilas com base em critérios
técnicos, de maneira a otimizar o material retirado bem como minimizar os impactos
ambientais decorrentes desta exploração.
72
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Enio G.de, NICOTI, Blanche N. F. de, VISCONTI, Yonne S..
Contribuição ao estudo dos caulins: morfologia tubular de certos caulins
brasileiros. Rio de Janeiro: INT, 1955.
ADILSON, Valença. Goiabeiras 5 coleção elmo elton. Vitória: Publicação da
Secretaria Municipal de Vitória - ES,1999.
AGA – 2003. http://hiq.aga.com.br. Página visitada em 12/05/2004.
BERG, Egon Antonio Torres. Estudos tecnológicos de argilas do Estado do
Paraná. São Paulo: Escola Politénica da Universidade de São Paulo, 1970. 133p
Tese de Doutorado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
BIGG-WINTER, PLANTAGENET Thomas, 1845-1890. Novo caminho no Brasil
Meridional: a província do Paraná, três anos de vida em suas florestas e
campos – 1872 / 1875 – Tradução, introdução e notas de Temístocles Linhares,
nota biográfica de Newton Correia. Rio de Janeiro, Jardim Olympio, Curitiba –
Paraná, 1974.
CALZAVARA, Eliseu et al. MINEROPAR. Minerais do Paraná S.A. Análise
preliminar do depósito de carvão de Sapopema. Curitiba: MINEROPAR: COPEL,
1982. 39p.
CLAVAL, Paul. A Geografia Cultural. UFSC, Florianópolis, 1995.
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS. Projeto Sapopema.
CPRM: PROES,1979.1V.
CHAVARRIA, Joaquim. La Cerámica. Editorial Estampa,Ltda., Lisboa, 1997.
CHITI, Jorge Fernandez. História de la Cerámica. República Argentina: Del Taller
Condorhuasi, 1975.
DERBY, O. A.. Geologia da região diamantífera da Provincia do Paraná. Museu
Nacional. Arquivos, v.III, Rio de Janeiro, 1978.
73
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL. Reflexão sísmica
experimental para carvão em Sapopema-Pr. Brasília: CPRM, 1983.33p
FARIAS, Carlos Eugênio Gomes. Relatório preparado para o CGEE. Outubro de
2002.
FRICKE, Johann. A cerâmica. Lisboa: Habitat, 1981.
GOMES, Celso Barros. Técnicas analíticas instrumentais aplicadas à geologia.
São Paulo: Edgard Blucher : PROMINÉRIO,1984.
GUILHERME, Albino. Programa de Capacitação e Recursos Humanos na
Indústria Cerâmica do Paraná. Mineropar/Sert. Curitiba, PR. 1998.
IBGE – http://www.ibge.gov.br\. Home page.Internet. Página acessada em
28/05/2004.
LAPONCE, Jean. A. Langue et territorie. Québec. Press de l´Université de Saval,
1984.
LEVÍ-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Universitário,
1976.
LOYOLA.L.C. et al. Programa de treinamento para produtores de Cerâmica
vermelha do oeste paranaense. Curitiba: SEBRAE/MINEROPAR, 1992.
MAACK, R.. Geografia Física do Paraná. Curitiba, Badespan/UFPR/IBPT, 1968.
MINEROPAR. Atlas Geológico do Paraná. Governo do Estado do Paraná, Curitiba,
2001.
MINEROPAR. Argilas e sua importância para a cerâmica estrutural. Governo
do Estado do Paraná, Curitiba, 1998.
NIMER, E.. Clima. In: Geografia do Brasil – Região Sul, volume 5. IBGE. Rio de
Janeiro, 1977.
74
OLIVEIRA, E.P. Geologia e recursos minerais do Estado do Paraná. Monografia
do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, Rio de Janeiro, 1927.
PEROTA, Celso. Dar de comer panelas de barro de goiabeiras. Vitória: Sala do
Artísta Popular, 1996.
___________. Memória viva. Vitória: Joca Simoneti, 1997.
PETRI, S.; FÚLFARO,V.J. Geologia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1983.
POPP, J.C. Introdução ao estudo da estratigrafia e interpretação de ambientes
de sedimentação. Curitiba, Scientic ed Labor, 1987.
Portal – 2005. http://www.portalmunicipal.org.br. Página visitada em 10/03/2005.
PUKASIEWICZ, G. M. Anderson. Tecnologia dos Processos de Fabricação IV –
Materiais Cerâmicos. Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Ponta
Grossa, Paraná, 2001.
PROMON, Wardell Armstrong. Projeto conceitual mina de carvão de Sapopema.
Curitiba: COPEL, 1984. 175p, anexos.
RIBEIRO, Adriano G.. Brasil Mineral – Edição Especial Mineração e Meio
Ambiente – numero 228 – Junho de 2004.
RODRIGUES, Cláudia. A nobreza que vem do barro. D. O. Leitura. São Paulo,
novembro, n.7, Imprensa Oficial, 1999.
__________ . Arte que nasce do fogo. D. C. Leitura. São Paulo, julho, n.6,
Imprensa Oficial, 2001.
SANCHEZ, L.E. Projetos de recuperação: usos futuros e a relação com a
comunidade. In: I Encontro de Mineração no Município de São Paulo. Anais.
São Paulo: Secretaria das Administrações Regionais da Prefeitura de São Paulo,
1994. p. 53-73.
SANTOS, P. S.. Ciência e tecnologias das argilas.Edgar Blucher Editora Ltda, São
Paulo, 1989.
75
SCHINEIDER,R.L.; MÜHLMANN, H; TOMMASI, E.; MEDEIROS, R.A.; DAEMON,
R.F.; NOGUEIRA; A.A.. Revisão estratigráfica da Bacia do Paraná. In: XXVIII
Congresso Brasileiro de Geologia. Porto Alegre, RS, 1974.
SIMPSON, Penny, KITTO Lucy, SODEOKA, Kanji. The Japonese Pottery
handbook. Kodansha international. Japan,1979.
SILVA, Luiz Mauro. Projeto Sapopema: Relatório final de pesquisa, alvarás 4180/81
e 5082/83 texto e anexos. CPRM,1984.52p, anexos.
SUGUIO, Kenitiro. Dicionário de geologia sedimentar e áreas afins. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
UNICAMP – 2003. http://www.iqm.unicamp.br/ca/tecat.html. Página visitada em
21/10/2003.
WACHOWICZ, Ruy C. Norte Velho, Norte Pioneiro. Curitiba: Editora Vicentini Ltda,
(s.n.), 1987.
WACHOWICZ. Ruy C. História do Paraná. Curitiba: Editora Gráfica Vicentini Ltda,
1988.
WAGNER, L.. Relatório camadas carboníferas e fósseis devonianos, Curitiba,
1876.
76
ANEXOS
77
ANEXO 1
Aqui estão representados defeitos mais comuns que apresentavam
as peças de cerâmica. Apesar do controle na queima, período de secagem, controle
da espessura das peças, respeito ao período de envelhecimento da argila não foi
possível obter bons resultados no final do processo de produção.
Foto: Autor.
78
Foto: Autor.
Foto de uma peça com um tipo de trinca muito comum com cerâmica
modelada com a argila de Sapopema. São trincas que giram em torno de 3 a 4 mm,
e muitas peças também “explodem” não agüentando o processo de dilatação e
retração da argila no processo de queima.
79
Foto: Autor.
Essas são algumas produções onde foram acrescentadas um
elemento que diminui a plasticidade, o chamote.
O chamote é a própria cerâmica queimada, quebrada, moída e
adicionada à nova argila para diminuir o grau de retração da mesma. Como o
chamote tem o mesmo componente da argila dificilmente ocorrerá rejeição.
80
Foto: Autor.
Este artesanato também contém em sua massa material antiplástico.
O chamote que está contido na argila, além de diminuir a retração, aumenta também
a resistência da peça, conferindo-lhe maior resistência.
81
Foto: Autor.
Outras peças em que foi adicionado o chamote. Elas apresentam
colorações diferentes devido à quantidade de óxido de ferro contido em sua massa e
também ao local de onde foi extraída. O titânio em grau maior também confere a
cerâmica uma cor mais clara.
82
Foto: Autor.
Essa outra peça apresenta uma coloração escura e clara devido a
chama do forno, as partes mais escuras são onde o fogo e a temperatura foram
mais intensos e atingiram diretamente a peça.
83
Foto: Autor.
Outra peça também com material antiplástico acrescentado, e
apresenta alguns pequenos defeitos. Um exemplo deles aparece na tampa em
forma de um pequeno buraco. Isso é conseqüência de material orgânico que aderiu
à massa cerâmica e o ceramista não retirou no momento de fazer o acabamento na
peça.
84
Foto: Autor.
Foto para verificação dos aspectos físicos. O material colhido no
Ponto-3B apresenta uma coloração esbranquiçada e textura muito fina, com
algumas manchas marrons. Essas manchas são partes da argila que sofreram
oxidação, devido a uma fenda existente no local.
85
Foto: Autor.
Essa argila colhida no Ponto-3B apresenta um aspecto meio cinza
com presença de material orgânico, que lhe confere a coloração mais escura.
86
Foto: Autor.
Nessa imagem tirada do Ponto-3B a oxidação do ferro contido na
argila é mais intensa. Apesar da argila ser aparentemente branca, percebe-se pela
oxidação a presença de muito óxido de ferro no seu composto.
87
Foto: Autor.
Essa imagem é do Ponto-3A, no mesmo talude que compõe o Ponto-
3B, mas a argila já apresenta nesse local uma coloração mais rosada e oxidada.
88
Foto: Autor.
Essa imagem é do Ponto-2, apresenta uma coloração alaranjada
muito forte. Essa cor se mantém após a queima da argila.
89
Foto: Autor.
Foto do forno onde são efetuadas as queimas das cerâmicas.
90
Foto: Autor.
Foto da oficina de cerâmica, local onde ocorre todo o processo de
produção artesanal da cerâmica desde a criação até a queima.
O processo de queima a lenha é bem lento, diminuindo o índice de
quebras e trincas em peças cerâmicas.
91
Foto: Autor.
Esse forno foi construído com tijolos refratários. No processo de
queima o material utilizado para gerar calor é a lenha que, muitas vezes, é
constituída de materiais de resto de construção.
92
Fotos do acervo da Prefeitura do Município de Sapopema.
Foto da área central de Sapopema.
Foto do Pico Agudo em Sapopema ,o rio Tibagi e a margem direita do rio localiza-se
o Município de Ortigueira.
93
Vista panorâmica do Pico Agudo que oferece uma boa alternativa para trilhas
ecológicas.
94
Foto do Salto das Orquídeas em Sapopema, também uma ótima alternativa para
desenvolver o turismo ecológico.
95
Foto do rio Tibagi, na margem direita está Sapopema e do lado esquerdo Ortigueira.
96
Foto cedida pelo Centro de Pesquisa da Província de Nagasaki.
Foto do Centro de Pesquisa do Governo de Nagasaki – Ceramic Research Center of
Nagasaki, onde foram efetivadas as análises de Difração de raios-X, Curva de
expansão e queima em alta temperatura.
97
Local de coleta de argila para oficinas de Goiabeiras.
Produção de cerâmica de Goiabeiras.
Fotos da cerâmica de goiabeiras, produzidas e cedidas por Mônica Carafa Lira.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo